flávio felix ferreira. análise da gestão de resíduos sólidos em … · 2015. 8. 21. · 3...
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Universidade de Pernambuco
Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco – FCAP
Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável.
Flávio Felix Ferreira.
Análise da Gestão de Resíduos Sólidos em Supermercados
Independentes na Região Metropolitana do Recife:
Uma perspectiva Empreendedora.
Recife
2015
2
Flávio Felix Ferreira.
Análise da Gestão de Resíduos Sólidos em Supermercados
Independentes na Região Metropolitana do Recife:
Uma perspectiva Empreendedora.
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado Profissional em Gestão do
Desenvolvimento Local Sustentável da
Faculdade de Ciências da Administração de
Pernambuco-FCAP/UPE, como requisito para
obtenção do grau de Mestre.
Orientador: Profº Drº Múcio Luiz Banja Fernandes
Recife
2015
3
Flávio Felix Ferreira.
Análise da Gestão de Resíduos Sólidos em Supermercados
Independentes na Região Metropolitana do Recife:
Uma perspectiva Empreendedora.
DEFESA PÚBLICA em:
Recife, 12 de março 2015.
BANCA EXAMINADORA
1º. Examinador: Profº Drº Emanuel Ferreira Leite.
______________________________________________
2º Examinador: Profº Drº Fábio José de Araújo Pedrosa
_________________________________________________
3º. Examinador: Profª Drº Julierme Gomes Correia de Oliveira
__________________________________________________
4
À minha amada esposa Sílvia Felix, pelo
amor sempre presente, em todos os
momentos, por tantas orientações, pela
incansável determinação por estar de mãos
dadas comigo por esta jornada chamada
vida e aos meus filhos Flavio Filho e Felipe
Felix, pela felicidade e aprendizado que
trouxeram para minha vida. A Deus por ter
me presenteado com seres tão
maravilhosos.
5
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Profº Drº Múcio Luiz Banja Fernandes, por ter desde os primeiros dias
do Mestrado, demonstrado atenção ao meu projeto, se desdobrando no sentido de me
orientar, além disso ele de fato demonstrou o que é ser interdisciplinar, agradeço muito por
tudo, pela paciência para suportar até as fases difíceis que passei para a efetivação do
projeto, um orientador, um professor e um grande amigo que a vida me presenteou.
Ao Profº Drº Fábio Pedrosa, um dos mais brilhantes profissionais que conhecí, um
verdadeiro Mestre, no sentido de compreender e guiar pessoas para o desenvolvimento, ao
qual tenho uma eterna gratidão, pois sem suas contribuições este trabalho não se tornaria
possível, um grande amigo que dignifica a condição humana.
Ao Profº Drº Emanuel Leite, um guia de imenso valor, durante todo o caminhar deste
mestrado, sempre preciso e objetivo em suas considerações, sem dúvida um grande nome
do estudo do fenômeno empreendedor, motivado e determinado para gerar
desenvolvimento a partir de projetos práticos.
À minha esposa Sílvia Felix, pelo amor eterno, pelo apoio em todos os momentos desta
jornada chamada vida, à minha mãe Marlene Felix, pelo amor, por todos os esforços em
me conduzir em meus primeiros passos para a escola, determinada e consciente que o
conhecimento é nosso grande caminho e a todos os meus professores que em muitos
momento jogaram luz, para iluminar o caminho.
6
Somos o que fazemos, mas somos,
principalmente o que fazemos para mudar
o que somos.
(anônimo)
7
RESUMO
Todos nós temos de alguma forma contato com um supermercado, uma loja de
conveniência ou um supermercado, como são chamados os médios e pequenos
supermercados, um equipamento que atende às nossas necessidades diárias, na compra de
alimentos e na oferta de tantos outros serviços, estes supermercados estão inseridos em
nossos bairros, desta forma, também, produzem alguns impactos. Neste trabalho pudemos
conviver no dia-a-dia das operações de retaguarda destes empreendimentos, com a atenção
voltada para a produção, separação, coleta e gestão dos resíduos sólidos, associando os
entendimentos sobre Desenvolvimento Sustentável. Para desenvolver esta pesquisa,
convivemos no local onde os supermercados recebem as mercadorias, gerenciam e
destinam os resíduos que produzem em suas diversas operações. Com foco nos objetivos
de nossa pesquisa, questionamos, pesamos, medimos e tabulamos informações. Desta
forma, sob a proposta do Mestrado em Gestão Para o Desenvolvimento Local e
Sustentável, surgiu uma grande oportunidade de estudar o que ocorre e quais os possíveis
desdobramentos, desta operação, seus impactos e oportunidades em relação com o Plano
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), destacadamente com a relevância para os
municípios brasileiros que arcam com a maior parte do ônus da coleta pública de resíduos.
Neste contexto, o método utilizado consistiu em uma pesquisa área de recebimento e
descarte de mercadorias, durante 30 avaliamos: o descarte e as destinações que os
resíduos sólidos sofrem, pudemos também no convívio no ambiente, perceber como os
empreendedores deste setor, entendem as questões voltadas para o desenvolvimento
sustentável, particularmente, relacionando ao trato dos resíduos sólidos produzidos por
estes empreendimentos comparando com as necessidades descritas no PNRS e nas práticas
sustentáveis nas empresas, ambientalmente corretas, este resultados foram traduzidos em
10 elementos que foram avaliados na pesquisa e estão descritos na análise do dados.
Palavras-chave: Resíduos Sólidos, Gestão de Supermercados ,Empreendedorismo.
8
ABSTRACT
We all have some form of contact with a supermarket, a convenience store or a
supermarket, as they are called medium and small supermarkets, a device that meets our
daily needs, the purchase of food and offering many other services, these Supermarkets are
inserted in our neighborhoods, this will also produce some impacts. In this paper we live
on a day-to-day rearguard operations of these enterprises, with attention focused on the
production, separation, collection and solid waste management, associating the
understandings on Sustainable Development. To develop this search, where we live in
supermarkets receive the goods intended manage and produce waste which in its various
operations. Focusing on the goals of our research, we question, weigh, measure and
tabulate information. Thus, under the proposal of the Master in Management for Local
Development and Sustainable came a great opportunity to study what is happening and
what the possible consequences, of this operation, their impacts and opportunities in
relation to the National Solid Waste Plan (PNRS ), notably with relevance to the
municipalities who bear most of the burden of public waste collection. In this context, the
method used consisted of a research area of receipt and disposal of goods for 30 evaluated:
the disposal and destinations that solid waste suffering, could also living in the
environment, notice how the entrepreneurs of this sector, understand the issues focused on
sustainable development, particularly relating to the treatment of solid waste produced by
these projects compared to the needs described in PNRS and in sustainable practices in
business, environmentally friendly, this results have been translated into 10 elements that
were evaluated in the research and are described the analysis of the data.
Keywords: Solid Waste, Supermarkets Management, Entrepreneurship.
9
Lista de Figuras
Figura 1 – Supermercado PEGORER............................................................................ 38
Figura 2 – Supermercado CISCO................................................................................... 40
Figura 3 – Caixa eletrônico de Banco em Supermercado............................................. 41
Figura 4 – Supermercado JUNIOR................................................................................ 43
Figura 5 – Região Metropolitana do Recife.................................................................. 75
Figura 6 – Coletores para Resíduos Sólidos e código de cores................................... 84
Figura 7 – Modelo ilustrativo Selo Varejo Sustentável................................................. 103
10
Lista de Gráficos
Gráfico 1 – Participação da Produção Industrial.......................................................... 47
Gráfico 2 – Constituição do Segmento Varejista no Brasil........................................... 49
Gráfico 3 – Consumo das Famílias ............................................................................... 51
Gráfico 4 –Top 10 em faturamento............................................................................... 53
Gráfico 5 – Resumo dos volumes de R.S. produzidos pelos supermercados................ 81
Gráfico 6 – Tipo de separação....................................................................................... 82
Gráfico 7 – Forma de separação do RS.......................................................................... 83
Gráfico 8 –Existência de coletores para resíduos ......................................................... 84
Gráfico 9 – Método de Contabilização do RS ............................................................. 85
Gráfico 10 – Locais de descarte dos RS......................................................................... 86
Gráfico 11 –Acompanhamento da destinação do RS.................................................... 87
Gráfico 12 – Registro dos RS produzidos..................................................................... 88
Gráfico 13 – Comercialização do RS ............................................................................ 89
Gráfico 14 – Qual é o retorno Financeiro sobre o RS................................................... 90
Gráfico 14 – Percentuais por local de destinação do RS.............................................. 91
11
Lista de Quadros
Quadro 1 – Cenário econômico do setor supermercadista............................................. 45
Quadro 2 – PIB em milhões de dólares.......................................................................... 46
Quadro 3 – Ranking do PIB MUNDIAL 2013.............................................................. 51
Quadro 4 – PIB dos municípios do Estado de Pernambuco.......................................... 56
Quadro 5 –Construção Mundial de Estradas de Ferro.................................................. 59
Quadro 6 –Quantidade de Resíduos Sólidos para disposição....................................... 69
12
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Formato das lojas de supermercado................................................................... 22
Tabela 2 – Ranking dos 10 maiores supermercados do Mundo.......................................... 54
Tabela 3 – Produto Interno Bruto (Três períodos )............................................................... 57
13
Lista de Abreviaturas e Siglas
ABRAS Associação Brasileira de Supermercados
CBD Central Brasileira de Distribuição
CI Comitê Internacional
CMMAB Comissão Mundial do Meio Ambiente
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
FCAP Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco
GDLS Gestão pra o Desenvolvimento Local Sustentável
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
MMA Ministério do Meio Ambiente
NGA Núcleo de Gestão Ambiental da FCAP
OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OMC Organização Mundial do Comércio
ONG Organização Não Governamental
ONU Organização das Nações Unidas
PCS Produção e consumo Sustentáveis
PIB Produto Interno Bruto
PLO Projeto de Lei Orçamentária
PNRS Plano Nacional de Resíduos Sólidos
PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
RMR Região Metropolitana do Recife
SCN Sistema de Contas Nacionais
SEMAS Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade
UPE Universidade de Pernambuco
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................. ........................................................ 16
2 OBJETIVOS.................................................................................................................... ...................... 19
3 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................................................ 20
3.1 O SEGMENTO SUPERMERCADISTA E SUA HISTÓRIA......................................................... 20
3.2 O SIGNIFICADO DO SEGMENTO SUPERMERCADISTA........................................................ 26
3.3 O SEGMENTO SUPERMERCADISTA E SEU FORMATO EMPREENDEDOR..................... 23
3.4 AS POLITICAS PÚBLICAS E O EMPREENDEDORISMO......................................................... 26
3.5 COMO O SUPERMERCADO SURGIU NO MUNDO.................................................................... 28
3.6 A MODERNIZAÇÃO DO VAREJO SUPERMERCADISTA........................................................ 31
3.6.1 A MODERNIZAÇÃO DO VAREJO NO BRASIL....................................... 34
3.6.2 OS SUPERMERCADOS E A ERA DA SUSTENTABILIDADE................................................ 35
3.7 A EVOLUÇÃO DO SEGMENTO DAS ÚLTIMAS 3 DÉCADAS........................................................ 36
3.7.1 ELEMENTOS DA ESTRUTURA DO SETOR...................................................................... 36
3.7.2 DESAFIOS DO SEGMENTO SUPERMERCADISTA........................................................... 37
3.7.3 LANÇAMENTOS DE NOVOS PRODUTOS....................................................................... 37
3.7.4 AS REDES E LOJAS LOCAIS E O SETOR NO BRASIL........................................................ 38
3.7.5 AS QUESTÕES DO ENTORNO E O AMBIENTE PARA OS SUPERMERCADOS.............. 39
3.7.6 VOLUME DE VENDAS E SEU IMPACTO NO VOLUME DE RESÍDUOS.. ......................... 44
3.7.7 OS DADOS DA ABRAS.................................................................................................... ......... 47
3.7.8 CONSTITUIÇÃO DO SEGMENTO VAREJISTA NO BRASIL.............................................. 50
3.8 O APRENDIZADO EMPREENDEDOR............................................................................................... 59
3.9 OS INDICADORES DA ECONMIA E A SUSTENTABILIDADE..................................................... 61
3.10 MÉTODOS DE PESQUISAS – SUAS PRÁTICAS E RESULTADOS............................................... 62
3.11 GERIR O DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL............................................................ 62
3.12 FUNDAMENTOS DA SUSTENTABILIDADE.................................................................................. 64
3.13 CONCEITOS FUNDAMENAIS DE ECOLOGIA................................................................................ 65
3.14 A POLUIÇÃO POR MEIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS....................................................................... 67
3.15 PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS............................................................ .................... 67
3.16 PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDO E SEU ESCOPO FUNDAMENTAL...................... 69
3.17 POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCENTIVO.......................................................................................... 72
3.18 A TEORIA ECONÔMICA E A MAXIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO................................................ 73
4 METOLOGIA.................................................................................................................... ......... 75
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCUS DA PESQUISA.................................................................... 76
4.2 OPERACIONALIDADE DA PESQUISA..................................................................................... 77
4.2.1 – PESSOAS (QUALITATIVA )............................................................................................... 77
4.2.2 – MEDIÇÃO (COLETA QUANTITATIVA)........................................................................... 78
4.3 TÉCNICAS UTILIZADAS PARA A COLETA DE DADOS............................................................ 78
4.3.1 – ATIVIDADES PRÁTICAS DA COLETA – COMO FOI REALIZADA.............................. 79
4.3.1.1 – IDENTIFICAÇÃO DAS 10 LOJAS ........................................................................ 95
4.3.1.2 – PROCESSO DE COLETA DOS DADOS ............................................................... 79
4.3.1.3 DOCUMENTAÇÃO INDIRETA PARA COLETA DE INFORMAÇÕES........ 79
4.3.1.4 OBSERVAÇÃO DIRETA INTENSA PARA COLETA DE INFORMAÇÕES........ 79
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................................... ... 81
5.1 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS NOS SUPERMERCADOS......................................... 81
5.1.1 SOBRE A SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS 84
15
5.1.2 COMO FAZEM A SEPARAÇÃO............................ 84
5.1.3 REGISTRO DA EXISTÊNCIA DE COLETORES ................................................................. 86
5.1.4 OS MÉTODOS UTILIZADOS PARA A CONTAGEM DO R.S AÇÃO............................. 87
5.1.5 QUAIS OS LOCAIS DE DESCARTE DE RS UTILIZADOS PELOS SUPERMERCADOS.. 88
5.1.6 ACOMPANHAMENTO DA DESTINAÇÃO DADA AOS RESÍDUOS SÓLIDOS.............. 89
5.1.7 O REGISTRO QUANTITATIVO DAS OPERAÇÕES......................................................... 89
5.1.8 A COMERCIALIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS...................................................... 91
5.1.9 O RETORNO FINANCEIRO DA COMERCIALIZAÇÃO DE R.S...................................... 92
5.1.10 LOCAL DE DESTINAÇÃO DE R.S. UTILIZADOS PELOS SUPERMERCADOS.......... 93
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ ..................... 94
7 REFERÊNCIAS.................................................................................................................. ....................
16
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho é um resultado do estudo do tema sustentabilidade e educação
ambiental, aplicados a gestão e descarte de resíduos sólido, dentro do segmento
supermercadista, representado pelas redes locais e lojas independentes que representam
54% deste mercado, segundo dados do relatório da Associação Brasileira de
Supermercados (YAMADA 2014).
A necessidade de racionalizar recursos, vem se tornando, cada vez mais
importantes nas sociedades organizadas, no mundo contemporâneo, a escassez cada vez
mais acentuada e os problemas climáticos e ambientais que afetam todas as pessoas no
planeta, a exaustão dos recursos naturais, vem de fato acelerando o processo de entender e
se relacionar com a situação atual. O consumo consciente vem sendo um grande desafio e
também de oportunidades, assim como, o pós-consumo recebe especial atenção.
Com uma legislação cada vez mais restritiva à
geração de externalidades, vem aumentando a
preocupação com o pós-consumo dos produtos, isto é
quando os mesmos não têm mais vida útil ou se
tornaram obsoletos. Todos estes novos conceitos
levam hoje o setor produtivo mais progressista ou
mais competitivo a falar de ciclo completo dos
produtos, ampliando significativamente os níveis de
intervenção que busca maior sustentabilidade na
produção de bens e serviços.
(Relatório Cidades Sustentáveis – MME , 2014)
O debate constante sobre a necessidade de racionalizar recursos, da reutilização de
alguns, são constantes em todas as sociedades, nos dias de hoje, no entanto houve um
grande trajeto até chegarmos ao que vivemos hoje,.
A partir da conferência realizada em Estocolmo na Suécia em 1972 (UN – Conference
on the Human Enviroment), pudemos entender o grande primeiro passo na percepção da
necessidade de reaprender a conviver com os recursos naturais e com o próprio planeta, no
entanto durante a Rio-92, quando foi fortemente ampliando, o que havia ocorrido 5 anos
atrás, em 1987, com um relatório que trouxe um importante conceito, foram firmados
compromissos e metas para o Desenvolvimento Sustentável.
17
Desenvolvimento sustentável é aquele que busca as
necessidades presentes sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de atender suas
próprias necessidades.”
Desde aquela época esta definição ganhou inúmeras
citações na literatura. Porém, mais tarde ela passou a
ser interpretada em um sentido excessivamente amplo.
Em conseqüência disso, o termo “sustentabilidade” foi
muitas vezes utilizado para justificar qualquer
atividade, desde que ela reservasse recursos para as
gerações futuras. Mas num sentido mais rigoroso,
significa que todas as atividades realizadas devem
sofrer uma avaliação mais aprofundada para
determinar todos os seus efeitos sobre meio ambiente.
Se isso fosse feito, a maioria delas não passaria num
simples teste da sustentabilidade, pelo menos no longo
prazo.
(Revista Economia e Desenvolvimento, 2010)
Os mais diversos meios de comunicação, as instituições de ensino e as legislações
estatais, apresentam cenários em profunda mudança, tanto no aspecto da economia, quando
falamos do modelo produtivo global, assim como no consumo das pessoas no seu dia-a-
dia.
A discussão sobre as mudanças climáticas e a escassez de recursos tem ocupado
considerável espaço nos temas centrais em todo o mundo, assim como o adensamento
populacional nos centros urbanos, tudo isto, obriga o ser humano a repensar formas de
viver e de sobreviver dentro de um meio, cada vez mais escasso, onde os modelos de
relação com o meio ambiente são comprovadamente não aceitáveis. A preocupação em
estabelecer uma relação mais saudável e compatível, passa por muitas vias, este trabalho se
destina a cumprir uma parte desta discussão e contribuir na busca de viver cidades
sustentáveis com empresas sustentáveis.
Atualmente, metade da população mundial vive
em regiões urbanas. Segundo dados da organização
das Nações Unidas (ONU), esse índice será de 60%
em 2030 e chegará perto de 70% em 2050. No Brasil,
85% da população vivem em cidades. Na medida em
que as cidades vão crescendo em tamanho e
população, aumentam também as dificuldades em se
manter o equilíbrio espacial, social e ambiental em
seus territórios.
( Programa Cidades Sustentáveis – MMA , 2014)
18
Neste contexto as indústrias e toda a sua cadeia produtiva e de consumo, recebem
especial atenção, pois são os principais atores neste processo, de distribuição de bens e
consecutivamente, do descarte dos resíduos decorrentes, um que ocorre em todos os nossos
domicílios e outro que ocorre no processo de funcionamento dos aparelhos industriais, os
setores da economia, em nosso caso o setor supermercadista, responsável por movimentar
imenso volume de produtos comercializados em suas milhares de lojas, para termos uma
ideia, quando observamos os números do PIB de 2013, de R$ 4,84 bilhões de Reais (IBGE,
2013), deste montante 5,5% é gerado pelo setor supermercadista no Brasil, o que equivale
a R$ 266 bilhões, gerando uma distribuição de produtos incrivelmente ampla, para termos
uma ideia ao iniciarmos este estudo, 87% de toda produção de alimentos, produzida pelas
industrias, é distribuído pelos supermercados (Yamada,2014), gerando com isto um
volume muito grande de embalagens que são descartadas em todos os domicílios
brasileiros, todos os dias, inclusive do seu e do meu.
19
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
a. Analisar a produção e descarte de resíduos sólidos decorrente das atividades de
Redes locais de supermercados e lojas independentes na RMR
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
i. Qualificar o volume de Resíduos sólidos e orgânicos produzidos
pelas redes de supermercados investigadas.
ii. Quantificar o volume de resíduos sólidos e orgânicos produzidos
pelas redes de supermercados investigadas.
iii. Investigar o destino dado aos resíduos sólidos produzidos pelos
supermercados estudados na própria loja.
iv. Conhecer o destino dado aos resíduos produzidos pelos
supermercados através dos fornecedores.
v. Investigar a existência práticas de educação ambiental voltada para
os colaboradores da instituição quanto à gestão de resíduos sólidos.
20
3 REFERENCIAL TEÓRICO
HISTÓRIA DOS SUPERMERCADOS
3.1 O SEGMENTO DE SUPERMERCADOS – SUA HISTÓRIA.
O comércio, como outros setores da economia brasileira, enfrenta a crescente
competição internacional com a entrada de concorrentes estrangeiros no país. O
crescimento da competição entre as empresas do ramo, favorece o processo de
concentração de capitais, a exemplo do que já ocorre nos Estados Unidos, onde três
empresas detêm 75% do segmento de lojas de departamento para Diniz (2012), o mundo
vive a era dos supermercados, um instrumento que cada vez mais cresce em importância
no cenário econômico, que por sua vez, Diniz enfatiza:
E de fato, creio que não há outra expressão
para definir o momento que estamos vivendo no setor
de abastecimento. Hoje o número de supermercados
está se multiplicando em todo o País. Já existem
grandes redes e um grande número de comerciantes,
estão abrindo supermercados ou transformando seus
estabelecimentos em lojas de autoserviço.
(Diniz,2012)
A criação de estratégias de competição é uma exigência para o comércio. No
caso do segmento supermercadista, a opção tem sido oferecer um leque maior de serviços
e, principalmente, entrar no mercado das refeições prontas para competir com os bares e
restaurantes. O segmento das grandes lojas investe na focalização e na especialização,
substituindo as antigas lojas de departamentos que vendiam todo tipo de mercadoria (full
line), por lojas voltadas para linhas de produtos específicos.
Destaque-se que as formas encontradas no mesmo ramo para manter-se
competitivo são diversificadas e variam de acordo com as características da empresa, como
tipo e porte do estabelecimento. Este fato vai ao encontro da argumentação de Siqueira
(2000) de que os caminhos trilhados pelas empresas na busca de competitividade não só,
são heterogêneos, como podem articular estratégias virtuosas e preconizadoras.
O varejo brasileiro é totalmente diferente daquele de dez anos atrás. A
tendência de concentração do comércio em grandes redes é irreversível, e, além disso,
grupos internacionais estão adquirindo ou fundindo-se com varejistas brasileiros, fazendo
21
com que as empresas desses setores, tenham que adotar novas posturas mercadológicas,
visando seu crescimento/manutenção; nessa situação de alta competitividade, fato este
muitas vezes não bem compreendido pelo pessoal da área comercial dos fornecedores.
O segmento de supermercados no Brasil, emprega mais de 2 milhões de pessoas,
segundo levantamento da ABRAS (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
SUPERMERCADOS). Este segmento movimentou R$ 266 bilhões no ano de 2013 , é um
segmento com grande capacidade de gerar emprego, um grande empregador e está
inserido diretamente no plano estrutural de nossos bairros, interferem diretamente no fluxo
de ruas e avenidas, descartam seus resíduos em seus locais de atuação, este segmento é
formado por muitos EMPREENDEDORES, interagem com a sociedade, são prestadoras
de serviço, no sentido de trazer para a comercialização, produtos da alimentação diária e
consumo de uma forma geral, são contribuintes importantes na cadeia produtiva mundial,
ainda estão ligados diretamente a questões de saúde publica, quando falamos da qualidade
da conservação dos produtos que comercializam, o segmento supermercadista no Brasil,
tem sua data de inicio no ano de 1953, um modelo trazido dos Estados Unidos,
revolucionou no seu formato de autoatendimento, daí uma derivação de sua nomenclatura
“ autosserviço”. Por estes fatores, este segmento merece ser estudando e compreendido, no
sentido de promovermos e difundirmos práticas de geração de empregos com
sustentabilidade, de cidadania, contribuindo para uma vida mais harmoniosa, tanto com
sua cadeia de suprimento e fornecedores, assim como com a comunidade com a quais estão
envolvidas
Este segmento, como APLS ( Arranjos Produtivos Locais ), das lojas de até 4 check
outs ( 4 caixas de atendimento), sofre diretamente a forte pressão da força das grandes
redes internacionais, como CARREFOUR, COSINO-CBD e WAL-MART , esta ultima
dona de um faturamento na ordem de 600 bilhões de dólares por ano, cerca de 20% do no
PIB Brasileiro de 2011, mas ao mesmo tempo proporcionam um importante elo para a
indústria local, vender seus produtos, gerando outra reação em termos econômicos.
A revista SuperHiper(2014), trouxe o ranking de participação de mercados das 15
principais redes de supermercados que atuam no Brasil, que somam juntas
aproximadamente 92 bilhões de Reais em faturamento, ficando quase esta mesma soma,
para as demais redes locais e lojas independentes (com 6 ou menos lojas por bandeira),
22
faturando juntas aproximadamente 90 bilhões de Reais por ano e empregando mais de 1,6
milhões de pessoas de forma direta.
Este segmento está inserido no seio da sociedade, gerando muitas outras ações,
como uso do espaço urbano, despejo de resíduos em seu entorno, derivado de diversos
tipos diferentes de fornecedores, utilizando água em seu processo de manuseio de produtos
alimentícios e limpeza, entre outros fatores.
3.2 O SIGNIFICADO DO SEGMENTO SUPERMERCADISTA.
A definição abrangente de segmento supermercadista é o local onde são feitas
compras através do processo de alto-serviço, onde o consumidor se abastece de diversos
itens de consumo geral, as lojas são dispostas de forma a propiciar o abastecimento de
todos os itens necessários ao consumo diário de uma família; de forma geral as pessoas
trafegam por corredores, onde estão dispostos os produtos de forma a serem facilmente
pegos pelos consumidores que os colocam em seus carrinhos ou cestinhas e em seguida
passam nos caixas de pagamento. Os modelos de lojas de altoserviço, forma como também
é chamada a loja do segmento supermercadista, estão dispostas nas mais diversas formas, o
princípio é que o consumidor tenha ao seu alcance o maior número de itens, atendendo não
só às suas necessidades, como também gerando a compra por impulso, necessária para
fazer crescer o faturamento destas lojas e dar vazão a enorme quantidade de novos
produtos que são lançados sistematicamente por todas as indústrias, que tem seu principal
canal de vendas no segmento supermercadista, sendo desta forma o mais importante canal
para chegar no consumidor e conquistar a cobiçada participação de mercado. A tabela
abaixo, apresenta a classificação por tamanho de supermercados, os 3 tipos primeiros
descritos, foram os elementos constitutivos desta dissertação para o mestrado de GDLS.
23
Tabela 1: FORMATO DAS LOJAS DE SUPERMERCADOS NO BRASIL.
Formato de loja Área de
vendas (m2)
No. Médio
de itens
% de vendas
não alimentos
Número de
caixas Seções
Loja de
Conveniência 50 - 250 1000 3 1 a 2
Mercearia, frios e laticínios, bazar,
snacks.
Loja de
Sortimento
limitado
200-400 700 3 2 a 4 Mercearia, hortifruti, frios e laticínios,
bazar.
Supermercado
compacto 300 - 700 4.000 3 2 a 6
Mercearia, hortifruti, carnes e
aves,frios e laticínios,bazar.
Supermercado
convencional 700-2500 9.000 6 7 a 20
Mercearia, hortifruti, bazar, carnes e
aves, peixaria, padaria, frios e
laticínios
Superloja 3.000 -
5.000 14.000 12 25 a 36
Mercearia, hortifruti, bazar, carnes e
aves, peixaria, padaria, frios e
laticínios, têxtil e eletrônicos.
Hipermercado 7.000 -
16.000 45.000 30 55 a 90
Mercearia, hortifruti, carnes e aves,
peixaria, padaria, frios e laticínios,
bazar, peixaria, têxtil, eletrônicos
Loja de
depósito
4.000 -
7.000 7.000 8 30 a 50
Mercearia, hotifruti, carnes e aves,
têxtil, frios e laticínios, bazar e
eletrônicos.
Clube
atacadista
5.000 -
12.000 5.000 35 25 a 35
Mercearia, bazar, carnes e aves, têxtil,
frios e laticínios, e eletrônicos.
Fonte: ABRAS 2013
3.3 O SEGMENTO SUPERMERCADISTA E SEU FORMATO EMPREENDEDOR.
Para a compreensão deste cenário, iremos situar a economia de uma forma geral e
como este segmento se comporta dentro do aspecto geral, representando um elemento
estratégico na distribuição de produtos ao redor do mundo, m
m nos apoiamos na visão de Schumpeter, que relata a economia da seguinte forma:
24
O processo social, na realidade, é um todo
indivisível. De seu grande curso, a mão classificadora
do investigador extrai artificialmente os fatos
econômicos. A designação de um fato como
econômico já envolve uma abstração, a primeira entre
muitas que nos são impostas pelas condições técnicas
da cópia mental da realidade. Um fato nunca é pura ou
exclusivamente econômico; sempre existem outros
aspectos em geral mais importantes. Não obstante,
falamos de fatos econômicos na ciência exatamente
como na vida comum e com o mesmo direito; com o
mesmo direito também com que podemos escrever
uma história da literatura, mesmo apesar da literatura
de um povo estar inseparavelmente ligada a todos os
outros elementos de sua existência.
(Schumpeter, 1997)
Schumpeter (1997), em sua apresentação do fenômeno econômico, destaca que há
uma profunda interligação social, que não deve ser vista separadamente, das atividades
comuns da vida; economia é parte de um todo indivisível social.
O segmento supermercadista, foi formado a partir de diversas visões
EMPREEENDEDORAS, criação de um novo negócio, na alteração do formato de
mercearia com balcão, passando para o modelo de autoserviço, na forma de se relacionar
com a indústria, como fonte principal de escoamento e lançamento de novos produtos, na
inovação, que torna cada empreendimento com características distinta, a condição dos
supermercados como um clássico exemplo de EMPREENDEDORIMSO é um fato, mas
para contextualizar este setor dentro das características de um negócio empreendedor,
vamos destacar alguns pontos sobre as características de um segmento empreendedor.
Retomamos mais uma vez com Schumpeter (1997), que trabalhava 84 horas
semanais, dedicadas ao estudo da economia e ciências sociais, ele achava que não estava
produzindo o bastante, pois parte de seu tempo era dedicado a preparar aulas e orientar
alunos, contribuições estas que iriam de fato revolucionar o pensamento econômico, no
conjunto de seus trabalhos se destaca o seu trabalho sobre Ciclos Econômicos, ele afirma
que: “a função do empreendedor é reformar ou revolucionar o padrão de produção
explorando uma inovação ou, mais genericamente, uma possibilidade tecnológica não
tentada anteriormente para produzir uma nova commodity ou produzir uma commodity
velha de um jeito novo, abrindo uma nova fonte de materiais ou uma novo meio de venda
de produtos, reorganizando a indústria e outras coisas” (SCHUMPETER, J. A. Capitalism,
Socialism, and Democracy, Harper Publishers: 1947, USA, pp. 132-133, tradução livre do
blogueiro).
25
Em outra passagem da obra, Schumpeter (1997), destaca a figura do empreendedor:
“...na vida econômica, deve-se agir sem resolver todos os detalhes do que deve ser feito”.
Quando avaliamos o processo de criação de valor, de oferta de produtos dos
supermercados, percebemos que ele está ligado diretamente ao ato de criar novos
interesses, motivar consumos, sendo assim, as indústrias de uma forma geral não podem
pensar suas estratégias, sem pensar nos supermercados, como diz Schumpeter (1997): a
relação entre a inovação, a criação de novos mercados e a ação de empreendedor está
claramente descrita: “É, contudo, o produtor que, via de regra, inicia a mudança
econômica, e os consumidores, se necessário, são por ele ‘educados’; eles são, por assim
dizer, ensinados a desejar novas coisas, ou coisas que diferem de alguma forma daquelas
que têm o hábito de consumir”. Daí a prescrever a “destruição criadora”, ou seja, a
substituição de antigos produtos e hábitos de consumir por novos, foi um passo que
Schumpeter rapidamente deu ao descrever o processo do desenvolvimento econômico.
Se o segmento supermercadista não estivesse caracterizado pelo pensamento
Shupeteriano como Empreendedor, seria fácil aceitar esta denominação, pelas colocações
de nada menos que o Pai da Administração Moderna, Peter Drucker (2010): “A idéia
empreendedora básica pode ser uma mera imitação de algo que funciona bem em outro
país ou em outro setor”, com esta simplicidade avassaladora o Professro Drucker, em sua
definição de Empreendedorismo, coloca o Segmento de Supermercados como um
fenômeno Empreendedor, pela sua disseminação, a partir do já falado modelo Norte-
americano.
Ainda sobre a concepção de uma atividade empreendedora, tomemos a definição
feita por Julien apud Cole (1942), um dos mais antigos pesquisadores sobre o assunto
empreendedorismo, que o define da seguinte forma: “uma atividade que permite criar,
manter e fazer crescer uma empresa”, que é exatamente o que temos quando olhamos para
o segmento supermercadista, especialmente para os novos empreendimentos, para as redes
locais ou lojas independentes, que são foco de nossa pesquisa.
Outros autores também destacam, assim como Shcumpeter, a inovação, como fator
determinante para uma empresa empreendedora, mas também ampliam ainda mais este
conceito, como Gartner (1990), que diz: “o empreendedor está relacionado ao
comportamento que leva à criação de uma nova empresa”.
O segmento supermercadista, como vimos, reformulou práticas e também
processos, conforme define a OCDE ( ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E
26
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO), afirmando: “O empreendedorismo é uma
maneira de ver as coisas e um processo para criar e desenvolver atividades econômicas
com base em risco, criatividade e inovação de gestão, no interior de uma organização nova
ou já existente”.
A definição da OCDE não deixa dúvidas quanto a condição de
EMPREENDEDORISMO que caracteriza os segmento supermercadista, desta forma tem a
grande importância econômica pelas suas atividades mas também pelo importante papel
que presta na distribuição de alimentos e dos mais diversos itens de consumo humano.
O empreendedor é a pessoa que consegue fazer as
coisas acontecerem, pois é dotado de sensibilidade
para os negócios, tino financeiro e capacidade de
identificar oportunidades. Com esse arsenal,
transforma idéias em realidade, para benefício próprio
e para benefício da comunidade. Por ter criatividade e
um alto nível de energia, o empreendedor demonstra
imaginação e perseverança, aspectos que, combinados
adequadamente, o habilitam a transformar uma idéia
simples e mal-estruturada em algo concreto e bem-
sucedido no mercado.
( Chiavenato, 2010)
3.4 AS POLITICAS PÚBLICAS E O EMPREENDEDORIMSO NO SEGMENTO
DE SUPERMERCADOS
Para contextualizar a importância das políticas públicas no cenário de nosso estudo,
o segmento de supermercados, vamos discutir um pouco sobre o fenômeno empreendedor,
formulado por Schumpeter (1997), a partir da visão econômica do fluxo circular, onde o
economista Austríaco, associa ao rio que sempre corre no mesmo sentido, ou ao sistema
circulatório humano, no entanto , para uma análise de causas e efeitos , abandona esta linha
de pensar, pois estes canais e fluxos modificam-se ao longo do tempo, esta pertinente
observação é o momento de refletir como isto ocorre, como acontecem tais mudanças e
principalmente quais os fenômenos econômicos que impactam para estas mudanças, de
onde eles surgem, há uma ordem fixa ? Estas reflexões nos levam a perceber que é dentro
das organizações que muitas das necessárias mudanças ocorrem, o papel do gestor, a
cultura desenvolvida e as decorrentes práticas, revelam movimentos empreendedores no
sentido do desenvolvimento, Schumpeter (1997),”desenvolvimento apresentam-se com
mudanças, que ocorrem dentro das organizações, de suas atividades econômicas, pelas
27
movimentações que a organização faz”, esta revelação nos leva a estabelecer a importância
da formação, dos insumos, das pessoas, do tipo de educação que estas organizações estão
obtendo, sendo imediato o sentido de que as instituições publicas tem um imenso peso na
equação que resulta nas competências para que este fenômeno “desenvolvimento” se faça
realidade, ainda completamos que os papéis das políticas publicas são de vital importância,
para o desenvolvimento social, aqui tomado como um contexto integrado, empresa, meio
ambiente e Estado, sendo este último não apenas o poder coercitivo, como geralmente se
associa, e de fato, este braço da gestão publica é apenas um entre muitos. Abaixo
descrevemos as 5 condições que Schumpeter enumera, para as novas combinações
produtivas ou empreendedoras, que são :
a) Introdução de um novo bem ou de uma nova qualidade de um bem
b) Introdução de um novo método de produção que ainda não tenha sido testado
c) Abertura de um novo mercado em que o ramo particular da indústria ainda não
tenha entrado
d) Conquista de uma nova fonte de oferta de matéria prima ou de bens
semimanufatorados
e) Estabelecimento de uma nova organização de qualquer industria como a criação de
uma posição de monopólio ou a fragmentação de uma posição de monopólio.
No próximo capitulo, será feita uma revisão sobre o que vem acontecendo nos últimos
anos, sobre as questões da Sustentabilidade, de forma a estabelecer a linha que conduzirá
esta pesquisa para contribuir, tanto na educação ambiental assim como no entendimento
das práticas de sustentabilidade, aplicadas com relação aos resíduos sólidos, por parte dos
supermercados.
3.5 - COMO O SUPERMERCADO SURGIU NO MUNDO.
O Supermercado surge nos Estados Unidos, de forma diferente como veremos
no Brasil, nos EUA. Ele surge como uma resposta à crise econômica em uma tentativa de
diminuir custos, no entanto três fatores são importantes para a consolidação deste
segmento, estes fatores ocorreram a partir da década de 1920: O Primeiro foi à
implementação de um imposto com alíquota crescente de acordo com o numero de lojas da
empresa (SESSO, 2003), fator que prejudicou as grandes cadeias de mercearias que
28
praticavam margens de comercialização baixas por loja; O Segundo foi a diminuição da
vantagem de obter economias pecuniárias das cadeias, pois lojas independentes se uniram
em associações para obter maior volume de compras e maior poder de barganha junto aos
Fornecedores (SESSO 2003), Em 1912 surge a expressão autoserviço (self-service),
sistema no qual o cliente escolhe os produtos sem a ajuda de funcionários, foi utilizado
pela primeira vez na Califórnia no ano de 1912, esta expressão foi utilizada por
comerciantes, para definir o modelo de suas lojas (Abras, 1993). A origem do
supermercado modernos, no estilo autoserviço, data de 1915-1916, quando foram
inauguradas nos Estados Unidos, as primeiras lojas ALPHA BETA MARKETS e PIGGLY
WIGGLY, nos estados da Califórnia e Tenessee nos Estados Unidos (CONNOR, 1977), na
verdade, as lojas pioneiras no formato supermercado foram a King Kuller e a Big Bear,
inauguradas na década de 1930, também nos Estados Unidos. A denominação
supermercado (supermarket) surgiu da influência do cinema, no qual a palavra “super”
grandemente empregada (ABRAS, 1993).
Este modelo permitiu a redução de custos com mão-de-obra, eliminava os
pedidos por telefone e entregas em domicílio. A idéia era diminuir as margens de
comercialização e aumentar o giro das mercadorias. A implementação das novas idéias
promoveu a queda dos preços e a luta pelos clientes (CYRILLO,1987).
Inicialmente, os armazéns eram adaptados para funcionar com autoserviço,
assim, eram oferecidos aos clientes carrinhos e cestas para que os mesmos escolhessem e
comprassem os produtos, dentro da área de estoques das antigas lojas tradicionais e
pagassem na saída. Após constatar o sucesso da nova forma de comercialização, os
empresários abriram lojas semelhantes aos supermercados existentes hoje, com área de
venda relativamente menor que os armazéns anteriormente adaptados (CONNOR ,1997).
A partir da década de 1920, alguns fatores contribuíram para a expansão do
autoserviço. Inicialmente, foi implementado um imposto com alíquota crescente de acordo
com o número de lojas da empresa, fator que prejudicou as grandes cadeias de mercearias
que praticavam margens de comercialização baixas por loja. Outro fator importante foi a
diminuição da vantagem de obter economias pecuniárias das cadeias, pois lojas
independentes se uniram em associações para obter maior volume de compras e maior
poder de barganha junto aos fornecedores. Em seguida, o Patman Act determinou a
eliminação das diferenças de preços de comercialização dos fornecedores, extinguindo as
economias pecuniárias (CYRILLO, 1987), que traz uma grande mudança:
29
A lei federal aprovada nos Estados Unidos em
1936 para proibir a discriminação de preços. A Lei
Robinson-Patman é uma emenda à Lei Antitruste
Clayton 1914 e é suposto para impedir a concorrência
"desleal". O ato exige um negócio para vender seus
produtos com o mesmo preço, independentemente de
quem é o comprador e destinava-se a evitar que os
compradores de grande volume de ganhar uma
vantagem sobre os compradores de pequeno volume.
O ato só se aplica às vendas de bens tangíveis que são
concluídos dentro de um prazo razoavelmente perto e
onde as mercadorias vendidas são semelhantes em
qualidade. O ato não se aplica à prestação de serviços,
tais como serviço de telefonia celular, TV a cabo e
contratos de locação imobiliária.
(INVESTOPEDIA, 2014)
O Terceiro e decisivo fator para a expansão do setor supermercadista foi a
diminuição do poder aquisitivo da população Americana durante a Grande depressão (final
da década de 1920 e início da de 1930), obrigando os varejistas a implementar inovações
(CYRILLO, 1987). Durante este período, o supermercado surgiu como uma alternativa às
lojas convencionais do período com atendimento personalizado em balcão, pois o novo
formato de loja oferecia produtos a preços menores, tornando-se um grande atrativo para a
população que sofria forte diminuição do poder aquisitivo no período (CONNOR, 1997).
O novo equipamento atraiu principalmente clientes das grandes cadeias, os
quais possuíam menor poder aquisitivo. Os clientes de alta renda permaneceram em sua
maioria leais aos serviços personalizados das lojas independentes, como os pedidos por
telefone e as entregas a domicílio. Portanto rapidamente muitas lojas de grandes redes
foram transformadas em supermercado. Na década de 1930, a cadeia A&P substituiu 933
lojas de atendimento em balcão por 204 supermercados, a Kroger e a Safeway eliminaram
juntas 600 lojas substituindo-as por 61 supermercados (CYRILLO, 1987).
Devido ao fato do consumidor não ser assistido em suas escolhas como no
atendimento pessoal, o sistema de autoserviço deixava a decisão de compra totalmente
para o cliente, o qual passava a ser influenciado pelas embalagens, estimulando os gastos
com propaganda por parte da indústria (CONNOR, 1997).
No período da Segunda Guerra Mundial, apesar da dificuldade impostas a todas
as atividades, escassez de alimentos e mão-de-obra, o novo equipamento (como ficou
sendo chamado o modelo de supermercado), se consolidou como importante meio de
distribuição de alimentos e outros produtos (SESSO, 2003). Nesta fase, com a falta de
alimentos, as prateleiras vazias foram preenchidas com mercadorias não alimentícias para
30
melhorar a aparência do interior das lojas. Após a Guerra, os consumidores já haviam se
acostumado a adquirir os produtos não-alimentícios nos supermercados e as compras
esporádicas se tornaram habituais, logo as vendas destes produtos passou a representar
parte importante do faturamento dos supermercados (CYRILLO,1987).
Durante o período do pós-guerra, o aumento do poder aquisitivo da população
norte americana estimulou a indústria a aumentar o serviço e conveniências de seus
produtos. A existência de inúmeras possibilidades de combinações produto/serviço levou
as empresas a realizar um grande número de lançamentos de novos itens, passando a
enfrentar uma limitação inicial para a introdução do bem no mercado, que era o menor
espaço na prateleira dos supermercados, pois estes possuíam área de vendas, em média,
relativamente pequenas. As empresas varejistas reagiram ao problema aumentando o
tamanho das lojas, assim como oferecendo um número maior de itens, marcas e serviços
como estacionamento próprio, brinquedos para as crianças e carrinhos mais modernos
(CONNOR , 1997).
Na década de 1940-50, surgiram caixas registradoras mais rápidas e lojas ainda
maiores e mais modernas, oferecendo produtos de maior conveniência como carnes
embaladas. Posteriormente, nas décadas de 1960-70 fatores importantes como urbanização,
aumento da população e da renda per capita influenciou o aumento do tamanho das lojas e
motivaram as empresas a instalar lojas nos subúrbios, atingindo mercados ainda não
explorados (CONNOR, 1997). Os novos conceitos estabelecidos pelo autoserviço se
difundiram pelo mundo durante este período, divulgados principalmente pelos
fornecedores de equipamentos e mercadorias. Em 1955, o sistema era empregado em lojas
de 52 países (ABRAS, 1993).
No final da década de 1960, as inovações realizadas nas lojas, tais como
grandes estacionamentos, ar condicionado e venda de bens duráveis, causando o aumento
dos custos operacionais, levando muitas empresas ao prejuízo e levando à necessidade de
aumentar as margens de comercialização (CYRILLO, 1987).
A partir da década de 1970, a economia americana passou por controle de
preços, aumento das taxas de inflação e produtividade decrescente. As modificações
citadas provocaram a diminuição das margens praticadas pelas empresas, as lojas
independentes diminuíram seu número e participação nas vendas enquanto as redes
buscaram novos mercados e adotaram a estratégia de diminuição de custos. Terminava a
revolução dos Supermercados na economia norte americana e iniciava-se o período de
31
adoção de novas tecnologias, tais como caixas eletrônicos e transferência eletrônica de
informação (EDI), objetivando-se diminuição de custos operacionais. A competição entre
as maiores empresas se tornou mais forte, pois com a estagnação do consumo e menores
margens de comercialização o crescimento é possível apenas por meio da diminuição da
participação no mercado do concorrente (CONNOR & SCHICK, 1997).
Nas décadas de 1980/90, os supermercados passaram a enfrentar a concorrência
das lojas de conveniência, as quais são menores, de mais fácil acesso e com menor número
de itens, além de outros pontos de venda de alimentos que se tornaram importantes, como
postos de gasolina (CONNOR ,1997)
3.6 COMO O SUPERMERCADO SURGIU NO BRASIL.
A constituição do modelo de autoserviço, as lojas de supermercados como
conhecemos, ocorreu nos anos 50, as primeiras lojas foram montadas no Sudeste do Brasil,
passando logo em seguida se tornar um modelo abrangente como
Pode-se afirmar que o Varejo Brasileiro surgiu
apenas na segunda metade do século XIX. Até então,
as vendas eram exercidas por mascates que
percorriam os povoados e vilas negociando artigos
diferenciados. Isso porque os núcleos populacionais
de maior porte, como Rio de Janeiro ou Salvador, não
reuniam mais do que umas dezenas de milhares de
habitantes, muitos dos quais eram escravos. No
interior predominavam os complexos rurais, cuja
economia auto-sustentada lembrava o sistema
econômico feudal vigente na Europa medieval.
(DINIZ, 2014)
A casa Mason se institui no Brasil por volta de 1871 no Rio de Janeiro, um
estilo de varejo luxuoso, para a alta sociedade, não podemos falar ainda do varejo como o
conhecemos (Souza , 2010), mas não podemos falar ainda de um modelo de supermercado
que viria a surgir aqui depois que foi criado nos Estados Unidos 1930 conforme relata
Diniz (2014), no entanto destaque-se outros importantes varejos que surgiram em no início
do século 20, como as Casas Pernambucanas, em 1906 e a Établissements Mestre et
Blatgé (Mesbla), em 1912, no Rio de Janeiro; assim como o Mappin Store, em 1913, em
São Paulo.
32
O primeiro supermercado que se tem registrado em Recife foi do Bompreço nos
anos 60, uma loja inaugurada em Casa Amarela, até então o modelo dominante de
comercialização de produtos eram as mercearias tradicionais, o modelo resistiu, mudando
seu perfil, no passado era o local das compras diárias de uma família, hoje são alguns
pontos nostálgico de um modelo que deu lugar aos supermercados.
A cena de um vendedor anotando os cálculos
na caderneta parece não fazer parte do cenário do
comércio atual, gerido por softwares. Chamar o
cliente pelo nome, então, é raro em uma época
dominada pelas relações impessoais no varejo. Mas
ainda há algumas mercearias espalhadas pela Região
Metropolitana do Recife que resistem à chegada das
grandes redes de supermercado. Os locais, também
chamados de vendas ou bodegas, continuam expondo
uma variedade de produtos que vão desde sabão a
iguarias da culinária popular.
(Jornal do Comércio – 17/08/2014)
Mesmo tendo sido modelos inovadores, estas lojas representavam um modelo já
existente na Europa e nos Estados Unidos, onde existiam há várias décadas diferente do
modelo de autoserviço que viria para revolucionar a forma de fazer negócios no varejo,
principalmente alimentar.
Em 1950 se instalou-se no Brasil o primeiro supermercado foi o Sirva-se, que
se instalou em São Paulo em 1953 e pertencia a Souza Cruz. Este empreendimento segue o
modelo de autoserviço, que fora inciado nos Estados Unidos na década de 1930:
Nos Estados Unidos os supermercados são a
forma absolutamente dominante de vendas a varejo há
muito. O primeiro verdadeiro supermercado norte-
americano data de 1930. Chamava-se “King Cullen
Supermarket” e foi fundado por Michael Cullen.
Gosto sempre de contar a historia da fundação desse
supermercado porque creio que ela define muito bem
qual deva ser a verdadeira filosofia dos
supermercados, porque nessa história está contido o
conceito de supermercado no qual acredito.
(Diniz, 2014)
Em São José dos Campos, São Paulo, iniciou-se também uma experiência
inovadora com a instalação de um supermercado sob patrocínio da Tecelagem Parahyba.
No Rio Grande do Sul, também em 1953, instalou-se o Supermercado Real, de Joaquim
Oliveira, em Porto Alegre. No Rio de Janeiro, o ano de 1955 marcou o surgimento das
33
primeiras lojas. Grandes Investimentos foram feitos: os Supermercados SISCO, por
exemplo, instalaram-se com a supervisão de um técnico americano vindo especialmente ao
Brasil para isso, este modelo vem a tomar realmente uma posição de maior destaque nos
anos 60; quando começa a ser o mais importante canal para o segmento de alimentos e no
decorrer das próximas décadas passaria a aumentar cada vez mais, o mix de produtos que
comercializaria.
Os Supermercados apresentavam um conceito novo para o brasileiro, que ao
mesmo tempo começava a entrar em contato com a modernidade da classe média e pelo
“American way of life”. O Brasil entrava na era desenvolvimentista, deixando para trás os
seus resquícios rurais e provincianos. Com o país jovem e confiante nas suas
potencialidades, o novo formato caiu no gosto do consumidor, que se adaptou rapidamente
às inovações trazidas pelo supermercado. Todavia, do ponto de vista institucional, foi
necessário aguardar por mais de uma década, para que o supermercado vivesse o seu
período de expansão ( Yamada, 2014).
Somente em 1968 os supermercados foram reconhecidos oficialmente como
uma categoria diferenciada de varejo de alimentos e com uma incidência tributária à parte.
Em 1968 surge a Lei Federal n. 7.208, que regulamentava a atividade de supermercados e
autoserviço. Da mesma forma, a carga tributária começava a ser aliviada com as mudanças
fiscais que eliminaram o IVC e introduziram o ICM, cuja incidência sobre o valor
adicionado era mais conveniente para os supermercados. Ao eliminar os impostos sobre a
transferência de mercadorias entre lojas, o ICM incentivou a indústria com multiplantas e o
comércio com diversas lojas.
Vieram também os incentivos creditícios à expansão das redes de
supermercados. Em 1971, o BNDES lançou o Programa de Modernização e Reorganização
da Comercialização (PMRC), que recebia recursos oficiais a taxas de juros muito reduzidas
e longos prazos de pagamento. Entretanto, somente os grandes empresários podiam ter
acesso a esses créditos. O elevado valor patrimonial exigido como garantia fazia com que
operadores com menos de seis lojas e baixo faturamento não possuíssem capacidade de
pagamento. Cyrillo acredita que somente as empresas com mais de cem empregados
estariam em condições de operar essas linhas (CYRILLO, 1987).
Hoje, os supermercados se apresentam, como o principal canal de distribuição
para as indústrias e o local onde os consumidores compram alimentos, os acessórios para
casa e para o carro. No Brasil o segmento também sofreu seus períodos de crise que
34
acompanharam as crises sofridas pelo Brasil, como nos anos 1980, também experimentou a
excepcional fase nos anos 1990, onde as grandes aquisições ocorreram, dando um grande
impulso a este segmento. Desde a implantação da primeira loja de autoserviço, a expansão
do setor supermercadista foi afetada pelas variáveis macroeconômicas das fases pelas quais
passou a sociedade brasileira, tais como inflação, mudanças de impostos, desenvolvimento
da indústria de alimentos, urbanização e planos de estabilização. Podemos então baseado
na literatura, dividir o histórico desenvolvimento dos supermercados no Brasil em 5 fases:
1953-65 Introdução dos Supermercados no Brasil;
1965-74 Rápida expansão do setor Supermercadista;
1975-85 Desaceleração do crescimento;
1986-94 Adaptação à crise econômica;
1995 - Modernização do Setor Supermercadista;
2000 – Multivarejo – uma nova configuração do segmento.
A partir do ano 2000, o setor passa por diversas redefinições, Serrantino (2000),
promovidas principalmente, pelo entendimento de seu formato, refletida pela grande onda
de aquisições que ocorreram no Brasil, as grandes redes internacionais, comprando as
redes locais, como Wal-Mart, Carrefour e Royal Ahold, que não imprimem seus modelos
de gestão para as suas novas aquisições.
3.6.1 A MODERNIZAÇÃO DO VAREJO NO BRASIL.
Tirando o seu paletó – e assim uniformizado –
começa o balconista o seu dia de trabalho. Sua
primeira tarefa é limpar e arrumar em seu setor de
balcão as mercadorias expostas à venda nas estantes,
vitrinas e mostruários; verificar as faltas existentes em
conseqüência das vendas do dia anterior e
providenciar o suprimento no estoque.
(Pinto, 1954)
Esse pequeno trecho inicial do livro de Costa Pinto oferece um retrato fiel da
rotina de um balconista em um estabelecimento do varejo na década de cinquenta. Embora,
em certos estabelecimentos comerciais brasileiros, a rotina permanece a mesma hoje, muita
coisa mudou desde aquela época, principalmente quanto falamos do segmento
supermercadista, no Brasil só nos anos cinqüenta, alguns elementos do varejo já
disseminados nas empresas americanas como, por exemplo:
Estrutura departamentalizada;
35
Autoserviço
Organização e gestão de Recursos Humanos;
Baixa margem e alta rotação de estoques.
As vendas de varejo em massa começaram a se tornar fatos comuns no Brasil
na virada da década de cinqüenta, com várias décadas de atraso em relação ao que se
observou nos Estadas Unidos. Na realidade, já havia estabelecimentos com um certo grau
de modernidade em relação ao varejo tradicional.
A estrutura e adequação ao modelo de alta performance, em custos, que leva o
Wal-Mart a ser a maior empresa do Mundo Revista Fortune (2013), toda modernização
trazida, foca em excelência operacional, utilizando toda tecnologia para gerar mais lucro e
otimizar as operações, a pauta ainda não aponta para questões ambientais, ou de
sustentabilidade, afinal de contas, mesmo porque este termo é utilizado a pouco tempo para
tratar as relações entre empresa e seus ambiente.
3.6.2 OS SUPERMERCADOS E A ERA DA SUSTENTABILIDADE.
Foi na década de 1970 que temos delineado o conceito de Sustentabilidade,
quando o clube de Roma publica em 1972, “ Os limites do crescimento”(Limits do grow),
que traz simulações matemáticas, do crescimento populacional, poluição e consequente
esgotamento dos recursos naturais da terra (Seiffert,2011), de uma forma geral o relatório
alerta sobre as situações complicadas com relação a escassez de recursos naturais. No
mesmo ano ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em
Estocolmo, Suécia, como relata Seiffert, 113 países e 250 organizações não
governamentais, passa a focar suas preocupações com os caminhos que a economia nos
levara, neste evento têm-se delineado o conceito de Sustentabilidade, afinal, quando
lançamos um breve olhar na história recente, vemos que os países em desenvolvimento
apresentavam alto nível de miséria, situações relativas a moradia, saneamento básico,
enfermidades infecciosas e a necessidade de desenvolvimento também econômico, no
entanto era preciso rever o formato.
36
3.7 – A EVOLUÇÃO DO SEGMENTO DAS ÚLTIMAS 3 DÉCADAS
3.7.1 ELEMENTOS DA ESTRUTURA DO SETOR
Estudos baseados nos acontecimentos que nortearam o Varejo e o segmento
Supermercadista nos últimos trinta anos, Marcos e Serrantino (2003), descrevem 7 (sete),
elementos fundamentais que compõem a estrutura do varejo, indispensáveis para
entendermos o varejo que hoje se apresenta no Brasil e no Mundo:
Multiexperiência
Multiunicidade
Multiparcerias
Multicanal
Multimobilidade
Multivarejo Nação
Multitalento
O Setor Supermercadista é formado por um conjunto de elementos, exigindo
múltiplas formações, por parte de seus profissionais, diversos níveis de capacitação e
formação profissional em diversas áreas, das funções de repositores de produtos até os
executivos que negociam com as grandes industrias, enfrentam também uma grande
rivalidade no setor em que atuam (SOUZA & SERRENTINO, 2003).
Segundo “Geofrey Covey, editor da revista Fortune, conhecimento, talento
humano e criatividade são definidos, como as únicas competências capazes de gerar
diferenciais competitivos sustentáveis em longo prazo. Segundo sua visão, a inovação
contínua e a reinvenção dos negócios só se desenvolvem em empresas com forte cultura
corporativa, liderança e processos voltados à atração, retenção e motivação de talentos que
se estimulam pela criatividade. A questão envolvendo gestão de talentos no varejo é
polêmica em todo o Mundo e tornou-se nos últimos anos em assunto merecedor de
constante atenção e aprofundados estudos, a principal razão para essa crescente
preocupação está associada à consciência da importância das pessoas na geração de
vantagens competitivas sustentáveis no varejo.
37
3.7.2 DESAFIOS DO SEGMENTO SUPERMERCADISTA
Um dos desafios para as empresas supermercadista no final dos anos 1990 foi
adequar o mix de produtos das lojas, principalmente para redes que atuam em diferentes
regiões, com populações de gostos e preferências heterogêneas. Além disso, formatar as
lojas de acordo com cada localidade, adaptando-se rapidamente ao mercado é um grande
desafio para estas empresas, a cultura, o clima organizacional relativo a aquisição de outras
empresas, com todo seu pessoal, sua cultura própria e quando falamos em cultura não se
pode deixar de falar na cultura da região na qual o supermercado está inserido, mesmo com
a Globalização com uma forte aliada a aproximar os costumes de consumo, por isto as
empresas multinacionais, grandes fornecedoras, tem se utilizado da padronização das
marcas e seu conhecimento Mundial para facilitar suas operações, isto está claramente
exemplificado na mudança de marca do absorvente feminino Sempre Livre, que tinha um
excelente posicionamento de mercado no Brasil, adquirido pela Procter & Gamble, foi
mudado para Always, que é uma marca Mundial da empresa.
3.7.3 LANÇAMENTOS DE NOVOS PRODUTOS.
A indústria de alimentos rapidamente reagiu às variações no consumo
analisadas anteriormente, tornando-se preocupada em atender aos anseios dos
consumidores sem perder atenção sobre as vendas e margens de comercialização, esta
passou a intensificar os lançamentos de novos produtos.
Os dados descritos por Deloitte (2014), quanto ao lançamento de produtos por
fabricantes de bens de consumo, apresentam um aumento de 26% do número de
lançamentos apenas no acumulado de janeiro a julho, os dados apresentados , foram
pesquisados pela ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING ( ESPM),
que enfatiza a estratégia das empresas em lançar produtos para atender à necessidade de
aumento de faturamento e conquista de clientes.
No período deste estudo, temos o registro de 2.352 novos produtos lançados e
postos á vendas nos supermercados e hipermercados, o que equivale a um aumento no
número de itens novos de 26%, foram 1.866 produtos novos lançados no mesmo período
do ano anterior. O estudo da ESPM , foi desenvolvido pela consultoria britânica Mintel,
38
revelando também uma expressiva redução no tamanho das áreas de vendas, com a
abertura de supermercados mais compactos, houve uma perda em termos de área, alguns
anos atrás as lojas mediam em média 10 m2 e atualmente medem entre 6 a 7 m2, o grande
desafio para toda a cadeia produtiva, de uma lado os fabricantes tentando vende mais, do
outro lado, os supermercados que precisam trabalhar seus espaços para poder atender a
novas demandas, no entanto como as gôndolas do supermercados, ou sejam, suas
prateleiras ficam cada vez menores, fica difícil administrar este aspecto. Os especialistas
sugerem um modelo gerencial de estoque que adote um processo de reposição mais rápido,
destaca Deloitte (2014), um Mix de produtos deve atender aos interesses dos clientes,
manter estoques reguladores que possa atender ás necessidades dos clientes mas ao mesmo
tempo, não gere grandes estoques, o que pode gerar produtos vencidos e danificados,
gerando resíduos que são indesejáveis.
3.7.4 AS REDES E LOJAS LOCAIS E O SETOR NO BRASIL.
As baixas barreiras à entrada em conjunto com um ambiente favorável
ocasionaram entre os anos 1996 e 2000 um aumento do número de lojas do setor
supermercadista de cerca de 40%. Os novos agentes participantes do mercado constituíam-
se notadamente de pequenas empresas nacionais e grandes redes varejistas multinacionais.
No período 1996/2000 foram abertos 17.496 novos pontos de venda, dos quais 78%
pertenciam a pequenas empresas BNDES (2000). Concomitantemente à entrada de
pequenas empresas, outras desapareceram devido à consolidação das maiores redes de
supermercados, levando à concentração do setor quando se analisam as participações do
faturamento bruto total. A legislação brasileira não impõe problemas à entrada de grandes
grupos varejistas estrangeiros no mercado. Porém, existem algumas barreiras de entrada
específicas da própria atividade e que são enfrentadas por todos os entrantes:
1. Fidelidade do consumidor
2. Menor conhecimento do mercado por parte da empresa entrante em relação
às estão no mercado.
3. Realização de contratos com fornecedores, devido ao desconhecimento das
peculiaridades do mercado.
4. Escolha correta da localização da loja, fator importante na escolha da loja
pelo consumidor.
39
5. Economias de escala, obtidas, entre outras formas, pela centralização do
abastecimento das lojas em um único centro de distribuição ou depósito, o
que somente pode ser obtida com um número de lojas que viabilizem a
manutenção,
6. Retaliação por parte dos competidores instalados, que podem praticar
preços inferiores ao praticados antes da entrada do novo competidor, ou
ainda realização de promoções.
Nos anos 1990 grandes empresas varejistas se instalaram no Brasil e no final da década
constituíram os maiores grupos do setor no país, este fato está ligado diretamente ao
momento em que todas as indústrias romperam paradigmas vigentes e aceitos, sobre as
atribuições do profissional de vendas, seguindo a onda dos anos 1980, onde vivemos o
estouro da era da qualidade, a busca das industrias está concentrada fortemente, na
capacidade de serem mais produtivas, em vender mais, com foco em resultados financeiros
(EXAMES – Maiores e Melhores 2005).
Desde o início de suas atividades, podemos dizer que os supermercados buscavam a
vantagem competitiva, como conceito de segmento, nas perspectiva bem apresentada por
Porter (2010) a diferenciação, ou algumas, como fator para se destacar.
Figura 1: Supermercado Pegorer São Paulo 1978.
Fonte: ABRAS (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS)
40
As redes e lojas de supermercados locais, possuem uma grande participação na história
deste segmento, no Brasil deram origem a grandes redes nacionais, mas as redes que
sempre tiveram atuação local, exercem até hoje suas influências, como a Rede Pegorer do
Rio de Janeiro, outras tiveram grande capilaridade atuando na periferias de grandes
cidades, enfim em todos os municípios Brasileiros. Em nossa região a rede Bompreço
começou como uma rede local que se expandiu a ponto de ser comprado pelo Wal-Mart, a
maior empresa do setor e do mundo em faturamento. De uma forma geral estes
empreendimentos exercem suas influencias em seu entorno.
3.7.5 AS QUESTÕES DO ENTORNO E O AMBIENTE PARA OS
SUPERMERCADOS
Neste início, contextualizar o que vem ocorrendo no planeta, como esforços dos
desdobramentos de grandes nomes, oriundos de séculos posteriores ao século 20, se faz
necessário, como manifestação de respeito ao trabalho de ecologistas e ambientalistas, que
se doaram, abraçando diversas causas de defesa da vida humana, no entanto a partir de
Estocolmo 1972, inicia-se uma nova fase no pensamento e nos movimentos globais, que
irão buscar conformidade para o uso racional do meio ambiente, para reparar danos
ambientais, sociais e econômicos, o saldo que fora deixado por décadas de abandono, são
repensados e o mais importante, emerge não um novo pensamento, mas inúmeras
motivações multidisciplinares que irão caminhando para um entendimento global,
atravessar a barreira apenas do ecologicamente correto, para a necessidade de repensar
modelos econômicos, isto afeta o órgão mais sensível do ser humano capitalista, o bolso,
as empresa precisam repensar a contabilidade, baseada no modelo Smithisoniano, que
segundo Goleman (2007), obedece a uma conceituação sobre a Lei do Trabalho, que diz o
seguinte : “Smith julgava que a lei natural incluía a lei do trabalho”. Consequentemente, o
ambiente externo podia suprir às pessoas os produtos necessários á sua subsistência em
troca de trabalho e, nessas condições, todos deveriam ter o direito de desempenhar
atividades para preservar a existência. O único papel do governo deveria ser promover a
existência da lei natural e possibilitar o seu livre funcionamento”.
A visão que toma consistência e que domina o funcionamento do capitalismo, reforça
uma verdadeira luta, o meio , as próprias pessoas, são recursos a serem usados, na verdade
41
o modelo é fundamentado na exaustão, na troca sem pormenores, para Smith: “ A
propensão ao comércio, ao escambo e à troca...é comum a todos os homens e não pode ser
encontrada em outra raça de animais“, este pensamento não é diferente das relações que
serão estabelecidas ao longo da história da humanidade posterior à publicação de “ A
Riqueza das Nações”, de Adam Smith em 1776, que levou 10 anos para ser escrito, afinal
Smith amigo de John Locke e David Hume, bebe fortemente do empirismos escocês e
amplia esta perspectiva para além das fronteiras da filosofia, querendo ou não, ele lança as
bases de um sistema capitalista que irá acompanhar a humanidade, ditando as regras como
as organizações lidam com as pessoas e com o meio ambiente.
Fig 2 : Os supermercados de periferia fazem parte da história do Brasil
Fonte: ABRAS ( ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS)
No contexto doa ambientes urbanos, temos a forte presença dos supermercados, como:
a Distribuidora de comestíveis Disco, foi o primeiro supermercado no Brasil, fundado em
1952, na cidade do Rio de Janeiro, figurou como a maior rede de supermercados no Brasil,
até os anos 1980 (ABRAS, 2010). Nos anos 1950 muitas empresas neste setor, foram
criadas, surge neste período, o BNDES, CASAS BAHIA, está ultima fundada por um
imigrante Holandês, afinal de contas o pós-guerra trouxe uma grande e necessária onde de
crescimento para uns e reconstrução para outros países.
Prestação de serviços para a comunidade em que se insere na localidade, o papel social
e dinâmico das pequenas lojas de supermercado, com serviços.
Os supermercados, ou supermercados chamados lojas independentes, conseguem trazer
uma gama de serviços para a sociedade, desta forma, se tornam um elemento de
42
diferenciação, agregar serviços se torna uma estratégia de competição, frente às grandes
redes, o entendimento das questões sociais, de dificuldade de mobilidade ou mesmo de
falta de recursos da população de baixa renda, para se deslocarem constantemente, faz
desta loja um atrativo para efetivar diversos serviços.
Fig 3 : Caixa Eletrônico de Bancos em supermercado.
Fonte: ABRAS (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS)
O Banco do Brasil, como muitos outros bancos criam parceria com os supermercados,
trazendo seus serviços para facilitar a vidas das pessoas, esta união de setores, de
atividades, gera facilidades, impacto na oferta de serviço gera mais qualidade de vida,
afinal de contas o dispêndio para ter acesso a banco é minimizado. Outras empresas
também se somaram ao contingente de serviços agregados, como agencias de correios,
lotéricas e outros.
Cortar o cabelo, fazer uma cópia de chave,
imprimir fotos digitais ou consertar um aparelho
eletrônico, efetuar um pagamento no caixa eletrônico.
Pode parecer pouco usual, mas são esses tipos de
serviços que os consumidores buscam cada vez mais
encontrar em supermercados. Uma pesquisa da
consultoria Gouvêa de Souza & MD mostra que 90%
dos consumidores vêem vantagens em encontrar nas
grandes redes de varejo serviços como os citados
acima, ainda que o preço seja mais elevado.
Exame (2014 – Edição 1079 – 10/12/14)
43
Mas não podemos dizer da prática de elementos sociais, como determinante na
concepção de que ali, se faz o desenvolvimento sustentável de que falamos, que se
contextualiza a partir de muitas observações, como abaixo relatado.
Mesmo atendendo a premissa da
sustentabilidade social, muitos destes supermercados,
não estão comprometidos ainda com as questões
ambientais, com a educação ambiental como a
conhecemos, com o conceito de desenvolvimento
sustentável.
Basta digitar em qualquer “buscador” na
Internet o temo “desenvolvimento sustentável” para
ver surgirem na nossa frente centenas de páginas.
Numa busca recente observou-se 756.000 endereços
relacionados a desenvolvimento sustentável em
poucos segundos.
(Scotto;Carvalho;Guimarães,2010).
Cumprimos etapas de um longo processo histórico, nos anos 1980, podemos perceber
que entra em cena o conceito de desenvolvimento sustentável, quando a Comissão
Mundial de Meio Ambiente (CMMAD), formula um documento institulado “Our Common
Future”, (“Nosso Futuro Comum”), um esforço de muitos países e representações de
comunidades científicas de diversos países, esta comissão contextualiza anseios que foram
partilhados em 1972 na Conferência Mundial sobre Meio Ambiente Humano, um processo
que vai se consolidando aos poucos, no sentido de entender , de compreende a nossa
situação e as tendências para o futuro. Apenas em 1987, isto 15 anos após a Conferência
Mundial sobre Meio Ambiente Humano, um trabalho presidido pela então primeira
ministra da Noruega, Gro Harlen Brundtland, que cede seu nome para a comissão
Brundtland, o importante documento “Our Common Furute”, é publicado nos Estados
Unidos e na Inglaterra, neste ano e no anos seguinte, ou sejam em 1988 é publicado no
Brasil pela Fundação Getúlio Vargas, este documento traz a seguinte definição de
Desenvolvimento Sustentável: “ o desenvolvimento que é capaz de garantir as necessidade
do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras atenderem também às
suas” (CMMAD, 1988:P.9)
44
Fig 4: Esperantina – PI ( em loja de supermercado )
Fonte: Jonalesp.com
Como já destacamos, a prestação de serviços que os supermercados oferecem, vêm
facilitando muito a vida das pessoas, acesso ao caixas eletrônico, por exemplo, pode
facilitar e muito todas as atividades do dia-a-dia, não há hoje um local, onde não se
encontre algum serviço sendo oferecido, em lojas de periferia, as lojas se tornaram em
algumas ocasiões locais para pagar contar, sacar dinheiro, fazer um serviço adicional, a
ideia é criar mais facilidades para as pessoas de uma forma geral, isto também ocorre nas
cidades mais afastadas do centro, muitas vezes os supermercados, também chamados de
“supermercados”, são as únicas opções de abastecimento que as pessoas têm, pois as
grandes redes não fazem um trabalho para atender pequenas cidades, como por exemplo
ESPERANTINA – PI, no entanto o supermercado Junior, assim como outros
estabelecimentos espalhados nos mais de 5.500 municípios brasileiros fazem.
3.7.6 O VOLUME DE VENDAS E SEU IMPACTO NO VOLUME DE RESÍDUOS
PRODUZIDOS
A sociedade do consumo construída por uma história econômica que sempre
incentivou este formato de vida, uma economia aquecida faz com que o dinheiro circule,
gerando uma infinidade de atividades.
45
A economia de escala, vai apresentar um aparente interesse em alcançar uma maneira
sustentável, para os modelos econômicos dominantes, no entanto esta abordagem que
surge como uma reação ao interesse de se obter mais lucro com menor aplicação de
recursos, desta forma, o que fortalece a ideia primitiva de acumulação de capital
Em O Capital, Marx mostra como se processa, numa
economia capitalista, a acumulação de capital como o
dinheiro, o capitalista compra meios de produção e
força de trabalho. Por meio do processo de produção
obtém uma mercadoria cujo valor é superior à soma
dos valores dos meios de produção e da força de
trabalho utilizados nesse processo. Esse acréscimo de
valor é chamado de mais-valia, que, apropriada
parcial ou integralmente pelo capitalista, alimenta a
acumulação de capital. Em suma, a acumulação
capitalista se realiza pela compra, no mercado de
meios de produção e de força de trabalho e a venda,
também no mercado, da mercadoria que resultou do
processo de produção.
(Saes e Saes , 2014)
Pouca ou nenhuma preocupação com aspectos de sustentabilidade, as organizações, em
seus mais diversos setores econômicos, buscam as vantagens competitivas através de
vetores de maximização do lucro, do acumulo de capital. Perceber este aspecto nos faz
entender, quanto as empresas sempre estiveram determinadas a promover o seu
crescimento, o crescimento das economias nacionais, sem uma via de desdobramento que
pensasse em um equilíbrio entre a ecologia. Ainda não há uma diferença na máxima do
capitalismo, mas há muitos esforços para transformar alguns processos, em entender como
conviver melhor com a relação com a escassez de recursos.
A existência de economias de escala é a razão
que justifica a grande dimensão das empresas
pertencentes aos sectores de atividades com elevados
custos fixos. Por exemplo, uma refinaria de petróleo
necessita de equipamentos de grande dimensão e
complexidade tornando os custos fixos muito elevados
46
obrigados as empresas a produzir elevadas
quantidades de forma a diluírem esses custos fixos por
um número elevado de unidades, baixando assim o
custo médio de produção.
(Nunes, 2014)
Para falamos sobre resíduos sólidos vamos primeiramente entender o que é o resíduo
sólido, o RS, é o elemento principal do estudo desta pesquisa e sua relação dentro de um
segmento específico, o setor supermercadista, representado neste estudo pelas lojas
independentes e redes locais, que concorrem com as grandes redes de supermercados
globais. Esta realidade deu ênfase a muitos empreendedores no Brasil, no início das
atividades deste segmento, o grupo Bompreço, G barbosa e o Pão de Açucar são reflexos
deste processo, desta época, no entanto, nenhum deles conseguiu se manter como uma
empresa nacional, todos foram absorvidos pelos grandes gigantes do setor, o Wal-mart, o
grupo Royal Ahold e o grupo Casino, respectivamente dos Estados Unidos, Holanda e
França. Estes grandes conglomerados foram chegando ao Brasil e adquirindo diversas
empresas, médias e grandes, a resistência que se apresenta ao setor, são as empresas que
fazem parte de nosso estudo, pequenas redes locais e lojas independentes, que enfrentam a
agressividade do setor, o poder de barganha que estas grandes empresas têm com
fornecedores, este tópico não é parte de nosso estudo, mas é necessário que façamos uma
breve leitura do segmento, para perceber sua força.
O termo resíduo sólido, como entendemos no Brasil,
significa lixo, refugo e de outras descargas de
materiais sólidos, incluindo resíduos sólidos de
materiais provenientes de operações industriais,
comerciais e agrícolas e de atividades da comunidade.
(Souza, 2010)
Todos nós, de uma forma ou de outra, produzimos resíduos sólidos e orgânicos em
nossas atividades diárias, no entanto, a atividade comercial varejista, como os
supermercados, são também formadores de resíduos sólidos, derivados de suas operações
diárias. Este setor tem uma expressiva participação em nossa economia, com uma
participação de mais de 5% do PIB do Brasil (Yamada, 2014), desta forma o setor
47
supermercadista serve para a alocação de inúmeros produtos que são consumidos
diariamente, em todos os ambientes urbanos, desta forma este setor, se difere pela sua
abrangência , o comercio praticado pelos supermercados, envolve uma infinidade de itens
de consumo diário das famílias, das pessoas de um forma geral e vem apresentando
crescimento a cada ano.
Quadro 1 : Cenário econômico do setor supermercadista - ABRAS.
2012 2013 Variação
Faturamento R$ 242,9 bilhões R$ 264,8 bilhões 9%
Número de Lojas 83,6 mil lojas 85,2 mil lojas 1,90%
Número de check-outs 210,2 mil funcionários 215,9 mil chec-outs 2,70%
Número de funcionários 986,1 mil funcionários 1.008,0 mil funcionários 2.2%
Área de vends em m2 21,0 milhões 21,2 milhões 1,00%
Fonte : ABRAS - Depto. De Economia e Pesquisa Abras 2014.
Os números apresentados na Quadro 1, dizem respeito ao setor de supermercadista no
Brasil, quando avaliamos o faturamento de 264 bilhões de Reais, concluímos a importância
econômica, o setor representa cerca de 5% do PIB do país, um setor que vem apresentado
crescimento constantes, a importância deste setor, esta caracterizado no dia-a-dia de todas
as pessoa, ainda avaliando estes números, com base nos dados fornecidos pela ABRAS, o
setor que estudamos representa 54% do volumes comercializados neste setor
Quadro 2 : IBGE 2013-PIB em Milhões de USD.
1 Estados Unidos 15.653.366
2 China 8.250.241
3 Japão 5.984.390
4 Alemanha 3.336.651
5 França 2.875.000
6 Brasil 2.673.580
7 Reino Unido 2.585.779
8 Itália 1.980.448
9 Rússia 1.953.555
10 Índia 1.946.765 Fonte: IBGE 2013
48
3.7.7 OS DADOS DA ABRAS – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
SUPERMERCADOS E SUAS PERSPECTIVAS SETORIAIS
Ao cruzarmos os dados econômicos acima colocados, relembrando uma cifra de R$
264,8 bilhões de receita gerada em 2013, pelo setor supermercadista, indica um agressivo
volume posto na sociedade de produtos acabados, onde ¾ dos produtos industrializados
são vendidos no auto-serviço, ou seja, nos supermercados, percentualmente segundo o
relatório PLATAFORMA ABRAS (ABRAS 2013-2014), este volume é de 74,8%. O
infográfico a seguir descreve o detalhamento dos segmentos separadamente, no entanto,
para nossa análise este dado revela um alto grau de concentração de Resíduos Sólidos
decorrente das embalagens para acondicionamento no transporte e dentro do
estabelecimento, materiais estes que são descartados quando o produto é exposto na loja,
para venda, por conseguinte, ele é levado por todos nós consumidores para suas residências
ou estabelecimentos comerciais, onde são consumidos e mais uma vez os resíduos de suas
embalagens são descartadas, lembro que este descarte, pessoal ou por parte de empresas,
não esta presente na análise de nossa pesquisa, no entanto, o leitor irá perceber que os
dados coletados, nos revelarão um ligação direta com estes volumes, que são tratados no
âmbito dos programas de Gestão de Resíduos Sólidos, particularmente no seu
desdobramento final, na relação das pessoas e de seus municípios, o que extremiza em
importância, particularmente na época em que este trabalho chega a sua formatação final,
pois o ano de 2014, é limite para que os municípios aliem suas práticas de coleta e
destinação de Resíduos sólidos, conforme destaca a Lei 10.305/2010, que respalda o PNRS
(Plano Nacional de Resíduos Sólidos).
49
Gráfico 1 – Abras 2013
Fonte: Abras 2013
O volume colocado nos mercados, diariamente pela indústria representa 74% de tudo
que é comercializado dentro dos supermercados, neste aspecto, temos uma quantidade
enorme de embalagens que são colocadas para serem consumidas, no entanto é importante
perceber que as embalagens de entrega, também chamadas embalagens de embarque, que
levam os produtos da indústria até os pontos de vendas, o produto em si, tem sua
embalagem individual, de retenção, que contém o produto, por exemplo, uma garrafa de
refrigerante de 2l, é descartada pelo consumidor, no entanto, o invólucro plástico, que
envolve o palet, para ser transportado, com alguns pacotes de 6 unidades de refrigerantes é
descartado no supermercado, assim como o plástico que envolve as 6 garrafas, são um bom
exemplo do que é descartado no supermercado, pois o cliente em sua maioria leva apenas
algumas unidades, o supermercado tem que gerenciar este descarte, falamos apenas de um
item, um SKU (Stocking Unit), a unidade de venda, que todos nós conhecemos como
consumidores. Conhecemos os problemas que decorrem da coleta urbana em um país com
mais de 5,5 mil municípios, que estão submetidos á lei de resíduos sólidos, que estabelece
um prazo para uma grande mudança na gestão do trato dos resíduos produzidos, no
entanto, não está na temática deste trabalho, pesquisar sobre este imenso aspecto, o nosso
objetivo esta relacionado aos RS, no entanto na perspectiva do que é produzido no
supermercado, o que de uma forma direta também irá impactar no que os municípios
50
precisam fazer, pois nós temos cerca de 84 mil lojas de supermercados no Brasil, logo em
todos os 5.500 municípios brasileiros, temos um tipo de atividade supermercadista,
principalmente as redes locais, que estamos estudando neste projeto, pois as grandes redes
não chegam aos pequenos municípios do Brasil, cabe aos pequenos empreendedores
levarem os essências serviços para estas localidades.
Os municípios brasileiros, estão atrasados no cumprimento das diretrizes de
implantação do PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólidos), que regular a coleta e a
adequada destinação dos resíduos sólidos, neste sentido cada setor do comércio varejista,
tem uma participação na produção de resíduos, desta forma sendo co-autores deste
processo, podem contribuir para auxiliar em um trabalho conjunto para poder atender não
apenas às exigências do PNRS, mas principalmente contribuir para que as grandes
mudanças devem ocorrer.
No gráfico abaixo, podemos ver que os Hiper e supermercados ocupam 19,4% da
representatividade do segmento varejista, no entanto quanto tratamos de resíduos sólidos e
orgânicos, podemos destacar uma importância ainda maior, pois além de serem, comprados
com o líder desta pesquisa, o segmento de Veículos, motos e autopeças, um segmento de
menor valor agregado por unidade de venda, ou seja, alimentos e todos os utensílios
vendidos em supermercados têm menor valor agregado, gerando um imenso volume de
venda, o que decorre a utilização em maior escala de embalagens, que como a pesquisa
nos destacou ser o maior responsável por produzir resíduos, por descartar elementos pela
sua comercialização, quando em um supermercado se coloca para venda uma caixa de
leite, uma ou duas embalagens de transporte foram descartadas, normalmente plástico e
papelão.
51
3.7.8 CONSTITUIÇÃO DO SEGMENTO VAREJISTA NO BRASIL –
PRINCIPAIS SETORES.
Gráfico 2 – IBGE – PESQUISA ANUAL DE COMÉRCIO 2013
Fonte: IBGE –2013
Há uma quantidade enorme de produtos que são colocados no mercado diariamente,
estamos falando de uma capilaridade muito grande, pois os dados da ABRAS, registram
em 2013, um numero de 1,7 trilhão de Reais do consumo das famílias, o que está
relacionado de uma forma direta a produção de Resíduos sólidos, na verdade, como a
ABRAS vem experimentando um período de crescimento do consumo e das vendas, o
presidente da ABRAS, Fernando Yamada, também fundador e líder de uma das maiores
redes de supermercado do país, destaca que este crescimento não é para sempre, mas ainda
há muitas oportunidades do mercado.
O gráfico 2 , apresenta uma participação de 19,4% do segmento de Hiper e
Supermercados no comércio global do ano, ficando atrás apenas do segmento da indústria
automobilística e motos, que movimentam vendas de alto valor agregado, logo em temos
de volume podemos ter uma clara percepção do tamanho do segmento de nosso estudo.
52
A pesquisa do segmento supermercadista 20013, traz
uma novidade em relação às dos anos anteriores: além
do dado geral dos supermercados (perdas a preço de
custo divididas pelo faturamento líquido),
tradicionalmente apresentado, foram levantados
também as perdas nas principais seções dos
supermercados. “Com isso, foi possível observar que
a área mais crítica em termos de perdas é a de FLV
(frutas, legumes e verduras), que em 2012 registrou
perdas de 4,22%. Outra seção com índice de perdas
alto foi a de padaria, com 2,37% e açougue, com
2,24%”, “Há ainda áreas menos importantes em
termos de faturamento do setor, mas que apresentaram
resultados expressivos de perdas, como as de
perfumaria (1,49%) e bazar (1,42%)”, complementou.
(YAMADA , 2014 ).
Os dados fornecidos pela ABRAS, são importantes para apresentar os números do setor
e com isto, podemos também entender o que ocorre em algumas áreas, por exemplo, as
pequenas lojas de supermercados, que representam 54% da quantidade de lojas do
mercado, segundo a ABRAS, adotam uma politica de reduzir seus custos, reduzindo suas
perdas, que é uma forma de custo, bastante danosa para as contabilidades de muitas
empresa, a perda não oferece nenhuma possiblidade de retorno, sendo altamente
indesejável, neste sentido as redes locais e as lojas independentes de supermercados, que
representam 54% do total de lojas. Como pode ser visto nos dados fornecidos pela
ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados), veremos que os principais vilões
geradores de perdas, são FRUTAS, LEGUMES E VERDURAS, com perdas de 4,22%,
no entanto nas lojas avaliadas, nesta pesquisa, isto não ocorre, estas lojas , por serem
menor, possuem cozinhas, onde as refeições do funcionários são feitas, eles utilizam os
alimentos antes de se tornarem perdas, há na verdade uma verificação diária que retira as
verduras mais maduras, ocorre a mesma coisa com as lojas que têm padaria ou açougue, o
que gera uma pequena produção de resíduos orgânicos, todas as 10 lojas que foram
avaliadas, adotam esta conduta, logo seus resíduos orgânicos, saem do estabelecimento
com o resíduos da cozinha, não fazendo parte da operação de vendas de produtos, o que
poderá ser verificado na tabela resumo da pesquisa que foi realizada em 10 lojas na Região
Metropolitana do Recife.
53
Gráfico 3 – IBGE – Consumo da Famílias
Fonte: IBGE
Já o gráfico 3, traz claramente o crescimento do poder aquisitivo das famílias, após o
ano 2000, o país passa por uma mudança em seu panorama econômico, há o crescimento
também do setor supermercadista, isto traz algumas oportunidades e ameaças que foram
estudadas durante nossa pesquisa, nas perspectivas a que ela se destinou. À medida que o
PIB cresce, temos diretamente proporcional o crescimento do consumo das familias e
também diretamente proporcional a quantidade de resíduos produzidos, tanto no ambiente
de compra e venda, os supermercados, quanto também nos domicílios, o primeiro é nosso
locus da pesquisa, mas é necessário destacar que o ambiente domiciliar precisa ser
repensado.
Ao avaliar os números do setor supermercadista no BRASIL, percebemos que 54% do
volume negociado, estão concentrados em lojas independes ou supermercados locais,
denominados pela ABRAS, como “DEMAIS”, como pode ser visto no gráfico abaixo, logo
temos a percepção de um imenso volume de resíduos que são produzidos, criando uma
grande necessidade de aprendizado para gerir melhor os resíduos que são descartados, os
supermercados aqui caracterizados que são objeto de nossa pesquisa, podem influir
diretamente no plano municipal de resíduos sólidos, os municípios são formados de
domicílios, de atividades comerciais e industriais, cada uma tem sua parcela de
participação na formação de resíduos sólidos.
54
As questões de produção de resíduos tem uma relação direta com o aumento do
consumo das famílias, no entanto há imensos esforços no sentido de fazer com que as
pessoas consumam de forma mais adequada, fazer um consumo consciente, tem sido uma
bandeira intensa de todas as entidades que estão envolvidas com as práticas sustentáveis,
cada dia há esforços em torno da consciência do consumo, assim como o a produção
consciente, afinal de contas, as empresas impõem seus modelos de embalagem, motivadas
por aspectos ligados ao marketing e economia de escala, claro que quando se fala de
embalagem, falamos de algo necessário para os mais diversos produtos que fazem parte, do
consumo diário das famílias, mas há um esforço constante e global de se buscar forma de
lidar com esta realidade de forma mais amena, o Ministério do Meio Ambiente, tem
investindo em várias ações e programas para desenvolver estes hábitos.
Ao longo da última década, o conceito de PL
(Produção Limpa), foi ampliado devido às pressões de
organizações não governamentais (ONGs), dos
consumidores, da competição de mercado e de novos
instrumentos de políticas públicas. Passou a
incorporar novas variáveis, critérios e princípios
incluindo as questões sociais que estavam relegadas
em relação às ambientais. A evolução do conceito de
PL levou à idéia de "Produção e Consumo
Sustentáveis" (PCS), que reúne as duas pontas do
processo produtivo com impacto direto na
sustentabilidade.
(Ministério do Meio Ambiente – 2014)
Esta nova concepção de “Produção e Consumo Sustentável”, vem diretamente
fomentar a necessidade de aprendizado, tanto das pessoas, quanto das empresas, o desafio
das industrias, tem sido exigido por novas legislações, mas ao passo que se tornam
exigência dos consumidores, há um processo de mudança mais rápida, um exemplo é com
relação ás sacolas que são utilizados em supermercados, atualmente esta discussão foi um
pouco silenciada, alguns municípios não adotaram a exclusão de uso de sacolas plásticas
nos supermercados, para serem fornecidas aos clientes, mas este assunto ficou paralisado,
por exemplo a cidade de Jaboatão dos Guararapes implementou esta medida, mais com
pouca efetividade prática, este exemplo é apenas para ilustrar que os esforços devem ser
amplos, logo o consumo sustentável deve se tornar fundamental para mudanças mais
consistentes. O MMA ( Ministério do Meio Ambiente ), destaca a importância das duas
pontas que relacionam o processo produtivo, no nosso âmbito de pesquisa, o processo
55
produto, no caso dos supermercados é a geração de resíduos, sua gestão e destinação, o
setor supermercadista se encaixa nas proposta de modelos que o MMA , vem buscando,
com sue programas desenvolver e apoiar.
Os dados do gráfico abaixo apresenta o que já destacamos a importância quantitativa
do setor supermercadista, merecendo nosso destaque novamente ao numero de 54% no
volume de faturamento, que as lojas denominadas “Demais” ocupam.
Gráfico 4 : Ranking Fundação ABRAS/NIELSEN 2013.
Fonte: Fundação ABRAS/NIELSEN 2013.
O setor supermercadista tem uma grandes importância no dia-a-dia em nossas vidas,
tanto no Brasil quanto no Mundo, as 10 maiores redes, representam 1,2 trilhão de dólares,
sendo economicamente importantes, são o principal canal para as industrias colocarem
seus produtos para o consumo mundial de todas as pessoas, no entanto trazem também
consigo a produção de resíduos, o que foi destacado pela pesquisa que completa esta
dissertação em termos de importância e relevância do setor.
Para este entendimento vemos os ambientes de formação educacional, escolas,
faculdades e universidades corroboram para este disseminar de ideias e propostas, sendo
este trabalho busca ser resultado também deste diálogo. O entendimento aqui procurado,
com os objetivos traçados, não busca culpado ou inocente, mas busca o entendimento, que
cadeias produtivas não podem mais adotar, mera e simplesmente o conceito de
VANTAGEM COMPETITIVA, como modelo de diferenciação.
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Encontrar ações e programas de gestão e utilização dos Resíduos Sólidos, em grandes
redes, como as maiores é muito comum, fazem parte de indústria bilionárias, com imensa
visualização, têm uma imensa responsabilidade neste papel, no entanto entender como as
médias e pequenas, empresas conseguem dar conta deste assunto, é fundamental, pois
apesar de serem empresas menores, a soma de suas atividades representa 54% do volume
das atividades, logo tornam-se bastante significativas para esta mudança.
No sentido de ajudar na compreensão deste setor, a tabela abaixo destaca o faturamento
dos 10 maiores do Mundo, os maiores varejistas, dos quais destacamos o Walmart e
Carrefour, por suas amplas participações no mercado brasileiro, estas redes não são
objetivo de nossa pesquisa, pois não se caracterizam como redes locais ou lojas
independentes, no entanto entender a dimensão destas grandes corporações reforça ainda
mais a força econômica deste setor, para ilustrar o Walmart sozinho tem um faturamento
que representa 17,5% do PIB Brasileiro.
Tabela 1 : Ranking 10 maiores supermercados do Mundo – ABRAS/NIELSEN.
Fonte: ABRAS/NIELSEN.
O segmento supermercadista tem uma grande representatividade mundial, pela sua
distribuição e um modelo de negócios que existe em todos os países, a tabela 3 mostra o
ranking mundial e as grandes redes que dominam este setor. Tratamos um segmento e
importantes desdobramentos de sua atuação como ente econômico e social, acompanhados
por outros organismos, da iniciativa privada que também fomentam a discussão e trazem
ao seu da sociedade através de seu papel midiático, indicadores apresentados por
57
reconhecidas instituições de Pesquisa e ensino superior do nosso país; refiro-me
especificamente ao 14º relatório apresentado como guia Exame de Sustentabilidade
(Dezembro,2013) , que apresenta as 61 empresas mais sustentáveis do país e traz o ranking
das 20 empresas mais sustentáveis, esta cuja metodologia foi elaborada pelo Centro de
Estudos em Sustentabilidade (GVces), da Fundação Getúlio Vargas.
Esta pesquisa vem sendo desenvolvida a 7 anos, mostra a tendência em
parametrizarmos condutas, estabelecermos padrões, para que as empresas interajam com
o meio ambiente, com a sociedade na qual estão inseridas. Logo este trabalho tem esta
atuação, perceber dentro de um segmento tão empreendedor quanto os as redes de
supermercados e lojas independentes, como são tratados os resíduos sólidos, sua geração,
direcionamento e/ou tratamento.
Abaixo temos o PIB dos principais municípios do Estado de Pernambuco, por
faturamento, classificando assim por potencial de geração de demanda.
Quadro 4: PIB dos Municípios.
1 Recife 36 821 898
2 Ipojuca 11 595 851
3 Jaboatão dos Guararapes 9 480 125
4 Cabo de Santo Agostinho 6 006 252
5 Caruaru 3 872 947
6 Petrolina 3 786 065
7 Olinda 3 687 724
8 Paulista 2 805 476
9 Vitória de Santo Antão 1 950 780
10 Igarassu 1 470 899
11 Garanhuns 1 389 009
12 Abreu e Lima 1 025 853
13 Belo Jardim 974 696
14 Camaragibe 931 590
15 Serra Talhada 921 058
16 Goiana 872 238
17 Petrolândia 816 787
18 Santa Cruz do Capibaribe 766 084
19 Carpina 760 686
20 Itapissuma 739 543
Fonte: IBGE, 2014.
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O PIB dos principais municípios do Estado de Pernambuco, não apresenta
desenvolvimento, não podemos dizer que houve um processo real de desenvolvimento, o
Estado aspirou um leve crescimento, motivado por obras Federais, ações pontuais do
GOVERNO DO ESTADO, concentrada em algumas regiões, o avanço é restrito como
mostra o PIB, há uma necessidade de ações consistentes.
Um país em desenvolvimento que
simplesmente se abre ao mundo exterior não
colhe necessariamente os frutos da
globalização. Mesmo que seu PIB cresça, o
crescimento pode não ser sustentável, ou
sustentado. E, mesmo que o crescimento seja
sustentado, a maioria de seus habitantes pode
piorar de vida.
(Stiglitz,2010 )
Entre os muito bons pensadores contemporâneos, cabe um destaque ao Prêmio nobel
de economia Joseph Stiglitz, quando revela de forma direta, este panorama, ele
contextualiza e relembra as grandes corporações e suas ações devastadoras em busca da
soberania do crescimento das metas. Ao bebermos de tantos dialogadores neste tabuleiro
global, do aprendizado da sustentabilidade, vamos convergindo pensamentos, aqui se faz a
fusão com o pensamento de Fritjof Capra, em a teia da vida, o texto abaixo parece que fora
escrito sob a mesma escrivaninha que Stiglitz tece sua profunda critica ao sistema.
Quanto mais estudamos os principais problemas
de nossa época, mais somos levados a perceber que
eles não podem ser entendidos isoladamente. São
problemas sistêmicos, o que significa que estão
interligados e são interdependentes. Por exemplo,
somente será possível estabilizar a população quando
a pobreza for reduzida em âmbito mundial. A extinção
de espécies animais e vegetais numa escala massiva
continuará enquanto o Hemisfério Meridional estiver
sob o fardo de enormes dívidas. A escassez dos
recursos e a degradação do meio ambiente combinam-
se com populações em rápida expansão, o que leva ao
colapso das comunidades locais e à violência étnica e
tribal que se tornou a característica mais importante da
era pós-guerra fria. ( Capra, 2007)
59
Este texto do Capra,veio parar neste trabalho, como consequência de toda a
caminhada que foi sendo desenvolvida no Mestrado, a cabeça de cada um membro da
turma vinha de um processo polarizado, estudávamos Administração, Biologia, Direito,
Agronomia, Geografia ou Psicologia, enfim, a pluralidade é a primeira quebra de sentidos,
e dentro deste contexto não poderia deixar de falar de Capra, sobre o texto acima, que
revela, o que Bertalanfy nos anos 40 traz como um diálogo sistêmico, o médico alemão,
questiona a forma de vermos e vivermos as relações com o Mundo ao nosso redor,
ampliando o raio, nos faz ver além de nossas fronteiras, ele é igual na desigualdade.
Participar deste limiar é trazer um pouco de investigação sobre cenários específicos, no
sentido de ampliar, mas de forma sustentável, o debate é transversal, multidisciplinar e
interdisciplinar, uma matriz que abre a comunicação dialética de forma definitiva, a
produção não tem o pertencimento de um, mas vai se ligando aos fios que Capra descreve,
nada pode ser entendido isoladamente e alguns séculos de história, intimista na forma de
revelar um modelo, que decai de forma intensa e constante, cada passo dado conscientiza,
nós como os que consomem este imenso dialógo com nossos formadores e concretizamos
com a literatura que referencia este trabalho.
3.8 O APRENDIZADO EMPREENDEDOR, A FORMAÇÃO DO ECO-
EMPREENDEDOR E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
Estes elementos são determinantes para reformar o ambiente que levaria a explosão
capitalista que acompanharia as grandes nações capitalistas, que se firmaram ao longo do
século XX, mantendo um ritmo, que de uma forma geral acompanha com algumas
mudança de cenário, as relações econômicas ao longo do século XXI. A história que segue
o conturbado século XXI, vai reforçando concentração, grande desenvolvimento industrial
Na afirmativa de May (2010), pode ser percebido que a relação do homem, com o
seu meio, com o planeta, não poderia ter desdobramento diferente do que temos hoje, o
alto grau de complexidade social, que acorda tendo que reformular sua forma de pensar e
de agir, no entanto para mudar as situações postas ao longo dos últimos séculos, fica
difícil, principalmente quando os benefícios de alguns de seus atores são grandes, o
suficiente para lhes garantirem, sustentar a hipótese de não precisarem ter que mudar.
Imaginar economias e histórias que foram passadas de geração para geração, na formação
dominante, e logo, não é de se imaginar que não seja algo tão fácil, logo o processo de
60
mudança terá que passar pelo contar de outras histórias, não para convencer, mas para
ensinar, aprender e principalmente apreender, como nos colocava de forma clara, nas aulas
do mestrado o Professor Luis Márcio, da diferença entre CRESCIMENTO e
DESENVOLVIMENTO, este último é um estado e um estágio sustentável, quando
“tiramos o envolvimento”, deixamos de envolver e há o processo de desenvolvimento, isto
requer uma postura social, a compreensão do todo, muitas vezes difícil para um
empreendedor.
A busca de um mundo possível, tem sido perseguido por todas as pessoas, que
percebem a relação caótica que o homem vem historicamente travando com o seu meio de
subsistência, as economias se sucedem e revezam sua posição de liderança, os grupos de
países que dominam a economia global, o fazem, exaurindo os recursos naturais.
Quando avaliamos a explosão demográfica, com o crescimento tanto populacional
como da agricultura e a revolução industrial, Saes & Saes (2012), ele não deixa de destacar
a importância dos avanços tecnológicos, um resultado direto da revolução industrial,
criando uma verdadeira reação em cadeia, a necessidade de atender a todos os crescentes
volumes de produção, equipamento de toda ordem, foram inventados, a busca por fontes de
energia e material prima, imprime um ritmo intenso, sem preocupações com o meio
ambiente, com o planeta.
Um parâmetro quantitativo, que mostra no período da revolução industrial, a
construção de estradas de ferro, representa o crescimento da indústria de transporte, mas ao
mesmo tempo, mostra a expansão que alguns países imprimem, em suas economias, na
verdade as estrada de ferro são um grande indicador de como outra indústrias crescem, se
utilizando deste meio de transporte para consolidar suas relações comerciais, como foi o
caso da América do Norte.
Na América Latina, as estradas de ferro também passam a ser desenvolvidas a partir
de 1860, para escolar a produção de produtos de exportação de alimentos, o trigo da
Argentina e o café do Brasil, sendo assim, Saes & Saes (2012), revela uma economia
agrícola, servindo para suprir a demanda por alimentos de países industrializados e com
poder econômico, isto pode ser visto na figura abaixo, que apresenta o crescimento em
milhas das ferrovias, uma clara concentração do crescimento das ferrovias nos Estados
Unidos e na Europa.
61
Quadro 5: CONSTRUÇÃO MUNDIAL DE ESTRADAS DE FERRO.
REINO UNIDO
EUROPA
(MENOS
REINO
UNIDO)
ESTADOS
UNIDOS
RESTO DO
MUNDO
1840-1850 6.000 7.000 7.000 -
1850-1860 4.000 13.000 24.000 1.000
1860-1870 5.000 26.000 24.000 7.000
1870-1880 2.000 37.000 51.000 12.000
Fonte : Saes & Saes (2012, p.186)
3.9 OS INDICADORES DA ECONOMIA E O INÍCIO DA FORMAÇÃO DE
INDICADORES DE SUSTENTABILDIADE GLOBAL E A RELAÇÃO COM O
DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL
Entender o contexto em que estudamos a sustentabilidade é muito importante,
mesmo porque ao entender os diversos cenários em que se aplica esta palavra, podemos
perceber a sua diversidade, para efetivar caminhos é preciso saber onde estamos. Sendo
assim é importante um conjunto de indicadores para representar, da melhor forma possível
nossa realidade atual.
Estatísticas e indicadores que ajudem no
conhecimento da realidade que nos cerca desempenham
um papel muito importante sob diferentes aspectos:
orientam setores econômicos e sócias (governos,
empresas, sindicados, famílias, etc), nas suas ações, são
indispensáveis para os pesquisadores desenvolverem seus
trabalhos e, principalmente ajudam todos os cidadãos a
formar suas diferentes visões de mundo, acompanhar o
que se passa em suas sociedades e cobrar de seus
governantes e de suas elites as ações e comportamentos
que julgam necessário.
(Besserman , 2009)
Apesar de corresponder sobre a necessidade real de todas as comunidades , das
sociedades como Besserman destaca, ele neste momento não elenca algo que nos é
constitutivo, nós que ao adentramos no programa GDLS, assumimos a ação direcionada
ao estudo da LOCALIDADE, que se destaca em diferença, quando passamos a discutir e
agir na localidade.
62
3.10 MÉTODO DE PESQUISA – SUAS PRÁTICAS E RESULTADOS
COLETADOS
Analisamos a produção de resíduos sólidos que são produzidos em supermercados
de periferia na cidade de Recife, durante 30 dias, foram coletados números que irão nortear
as avaliações e discussões sobre o tema.
Uma avaliação quantitativa do que é produzido e qualitativa das ações gerenciais
dos responsáveis dos estabelecimentos que foram foco da pesquisa.
Foram 10 lojas, inseridas na região Metropolitana do Recife, nas quais, durante 30
dias foram separadas, pesadas e registradas as quantidades de resíduos produzidos nas
atividades diárias dos supermercados, investigando assim como todo o processo ocorre,
onde pudemos verificar o que fora proposto nos objetivos específicos, desta forma cada
questão do questionário, foram fornecendo dados que foram analisados e estão dispostos
no capítulo 5 – Análise dos Dados.Todos supermercados mantém material para este
trabalho, com balanças que são utilizadas para recebimento de mercadoria e também
balanças exclusivas para pesar os resíduos produzidos.
3.11 GERIR O DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL E A
COMPLEXIDADE DAS NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS NO
CONTEXTO AMBIENTAL E CLIMÁTICO
Viola (2000), acrescenta a este debate, a complexidade das negociações
internacionais para proteger o ambiente global, levando em conta a construção do regime
de mudanças climáticas, ele nos coloca um descurtinar de uma concepção política
institucional, que coloca cada país, como um ferrenho defensor das políticas de Gestão
adequada do meio ambiente, Viola chama de retórico este discurso, afinal ele é parte do
componente político das nações, ele destaca que todos os esforços para atenuar a condição
climática, sempre traz em seu contexto, os interesses de seus respectivos países, logo o
consenso precisa ser amplamente discutido e isto é algo que tem diversos desdobramentos,
a roda da economia como a conhecemos é composta de uma infinidade de atores, quando
63
olhamos para os dados da Revista Fortune, que traz o top 100, das maiores empresas em
faturamento no Mundo, percebemos um pouco da dimensão econômica e seus
desdobramentos, não podemos ignorar esta realidade, no entanto não podemos ignorar
nenhuma outra, principalmente a nossa existência no Planeta.
Quando falamos hoje de gestão ambiental, de sustentabilidade , estamos falando de
múltiplos esforços, estudos e ações para gerar condições para que a humanidade não se
depare no decorrer das próximas gerações com o utópico e indesejável inferno de Dante,
aqui na UPE (UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO), tomando como base o ano de
término desta dissertação, são 14 anos de criação e trabalho do NGA ( Núcleo de Gestão
Ambiental ), de muita contribuição neste saber que passa a nortear de forma mais intensa a
vida das pessoas e principalmente das organizações, leia-se os governos e por conseguinte
as empresas, apenas a partir da conferência em Estocolmo em 1972 na Suécia, motivando
um enorme processo, no qual nos inserimos.
Os problemas ambientais globais emergiram
na agenda internacional com a conferência de
Estocolmo sobre o Ambiente Humano, celebrada em
1972, mas somente adquiriram densidade própria
quando foi descoberto o buraco na camada de ozônio
sobre a Antártida, que levou à assinatura da
convenção de Viena para a proteção da camada de
Ozônio em 1985 e ao Protocolo de Montreal em 1987.
(Viola, 2000)
Apesar de pouco tempo na linha da história contemporânea, estes movimentos têm
um grande significado, afinal eles vão contribuir para um início, tardio ou não, o que se
discute esta relacionado ao aqui e agora, Viola (2000), destaca, que esta mudança pois em
cheque um panorama internacional de muito complexidade, ele apresenta-a como as
quatro grandes dimensões internacionais de clivagem (linha divisória de conflito) e
alinhamento, que tecem este contexto em que a questão de todas as pessoas estão inseridas,
o direto a viver, o direito a um planeta que consiga sustentar a vida humana.
O segmento supermercadista tem grande relevância econômica e a escolha do tema
se deu, na concepção de Gil (2002), através de fatores determinantes quanto a importância
do segmento de supermercados para a economia Global e para o Brasil, sendo responsável
por 5.5% em média do PIB nacional, um dos maiores empregadores do país, os
64
supermercados estão inseridos na maioria dos municípios da federação, inseridos em muito
municípios, sendo difícil imaginar um bairro, que não possua pelo menos um
estabelecimento deste segmento, executam uma atividade importante para a economia,
logo decorre de sua operação, um enorme volume de resíduos sólidos, contemplando de
forma plena um dos vieses do estudo de sustentabilidade que é fruto do programa GDLS,
fornecendo um terreno propício para estudar a produção, trato e destinação dos resíduos
sólidos, dentro das perspectivas deste mestrado, assim como do Plano Nacional de
Resíduos sólidos e seus desdobramento no Estado e na Região Metropolitana do Recife,
desta forma este trabalho pretende trazer contribuições no sentido de pesquisar, ajudar e
sugerir práticas sustentáveis de descarte de resíduos sólidos, reforçando o aspecto
econômicos destas práticas, sociais e ambientais.
3.12 FUNDAMENTOS DA SUSTENTABILIDADE
Fazer uma breve revisão das últimas décadas, sobre sustentabilidade, torna-se
necessário para conduzirmos o estudo e convergir sobre como o segmento
supermercadista, no sentido de contribuir com mudanças de comportamento gerencial com
relação às suas práticas. Afinal termos com sustentabilidade , desenvolvimento sustentável
, sustentabilidade empresarial ou responsabilidade corporativa, faz parte de diversas
literaturas, palestras e movimentos sobre o assunto, tendo as empresas uma forte
participação neste aspecto, começamos então falando do conceito de Sustentabilidade, que
são diversos, todos trazem em seu arquétipo, anseios e verdades sobre as necessidade que
este novo conceito pode e deve representar.
Sustentabilidade pode ser entendida, como um conjunto de processos que permita,
instrua e contribua para a equidade, respeito a vida, respeito ao planeta e todos os sistemas
que nele existem, criando condições para que o ser humano, partilhe da melhor forma desta
morada, baseado nos conceitos desenvolvidos a partir dos estudos da ONU, levando em
conta a trilogia: social, econômica e ecológica, para GUIMARÃES, S. ;CARPI JUNIR, M. ;
GODOY, M. ; TAVARES (2011), os conceitos de Sustentabilidade devem todos estarem
orientados desde os primeiros movimentos ocorridos em 1972, na conferencia promovida
pela Organização das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo na
Suécia, de fato todos andam em igual sentido na busca de educar e mudar a forma como o
Meio Ambiente vem sendo tratado.
65
Não colocar em risco a vida, de todos os seres que habitam uma sociedade assim
como seus recursos, que planeja, que se educa constantemente, pode ser entendida como
uma sociedade sustentável, foi sempre este o intuito da conferência de 1972, que deixou
para GUIMARÃES, S. ;CARPI JUNIR, M. ; GODOY, M. ; TAVARES (2011), dois valiosos
resultados:
Uma declaração de princípios de comportamento e responsabilidade que
deveria servir de orientação para as decisões relativas às questões ambientais.
Um plano de ação que convocava os países, os organismos das Nações Unidas e
a comunidade internacional a cooperarem no sentido da busca de soluções para
os problemas ambientais.
Deste encontro muitas outras ações se tornaram evidentes e difundidas em todos os
países, surgindo diversas inquietações, questionamentos e ideias acerca de novos modelos
de crescimento econômico, que dessem conta desta nova e irreversível consciência de uma
nova forma de viver com o planeta terra, buscar então modelos que falassem de equilíbrio
entre desenvolvimento e sustentabilidade, de forma a atacar os problemas graves e
crescentes de poluição, degradação do meio ambiente e escassez de recursos naturais, sem
esquecer a criação de locais inóspitos e desertificados, por exemplo, a partir do acumulo de
resíduos sólidos.
3.13 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ECOLOGIA E EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
Para termos uma visão mais apropriada do que vem acontecendo no mundo ,
devemos fazer uma breve mais importante retrospectiva, sobre aspectos que fizeram parte
de nossa formação escolar, um estudo da ecologia por exemplo, que tanto fascinou muitas
pessoas. GUIMARÃES, S. ;CARPI JUNIOR, M. ; GODOY, M. ; TAVARES (2011), falam do
conceito de ECOSSISTEMA como unidades naturais complexas constituídas por dois
grupos de componentes: os organismos vivos (plantas, animais e microrganismos), o que
corresponde a biota, o conjunto de seres vivos e os não vivos “abióticos”, que são
indissociáveis e dependentes uns dos outros, esta inter-relação, não deixa margem para
existências paralelas, para pensamentos e principalmente ações isoladas, tratando das
situações de forma separada, já foi o tempo que esta prática era aceita, ela define um
modelo que hoje não é mais compatível com a consciência que temos da vida, da ecologia,
66
dos ecossistemas, enfim da frágil relação da vida, com seu planeta e deste com os seres
vivos, afinal, quando conceituamos ecossistema, dentro do composto deste trabalho, que
está sendo vivido, dentro dos limites das organizações comerciais , que são os
supermercados, precisamos levar este conceito e seus constructos derivados, de respeito ao
meio ambiente, educação ambiental , gerenciamento, afinal temos que aceitar como prática
os aprendizados emergentes de viver nesta sociedade que hoje temos. Vivemos sempre em
uma linha tênue, de relacionamento sistêmico, onde ecologia tem um significado cada vez
mais relevante.
Por muitos anos, eu tenho apontado que a Ecologia
não é mais uma subdivisão da Biologia, mas tem
emergido de suas próprias raízes Biológicas para
tornar-se uma disciplina separada que integra
organismos, o ambiente físico e os seres humanos.
(Odun, 1976)
Desta forma Eugene Odun, um dos fundadores da ciência da ecologia, nos permite
apresentar através desta definição, podermos e devemos entender o ambiente dentro dos
contextos organizacionais, neste estudo, representado pelo segmento de supermercados,
como um ecossistema, dotado de toda a complexidade que o envolve, pois nas lojas , onde
se acumulam dezenas e centenas de pessoas, há diversos processos sistêmicos, inter-
relacionando o biótico e o abiótico, há transformação de muitos elementos por ação
sistemática, de processos de trabalho do homem, o abastecimento das lojas de
supermercados, revelam, uma intensa troca de produtos, em sua total diversidade, que
caracterizamos em nosso estudo, como os resíduos sólidos, uma relação diária de entrada e
saída , com volumes que satisfazem às múltiplas demandas, tanto as que atendem as
necessidades básicas, mas, muitas vezes impulsionadas por uma industria mercadológica
que leva o consumo a um extremo.
3.14 A POLUIÇÃO POR MEIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Para Souza (2010), a degradação por resíduos sólidos tem sido assunto merecedor
de atenção e ampla discussão, por meio de todas as pessoas, ele reforça sua colocação
destacando que o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revela que 157 mil
toneladas de lixo-domiciliar são produzidos todos os dias no Brasil ( resíduos sólido),
67
sendo este dado relevante por si , este número tem um impacto direto na qualidade de vida
de todas as pessoas que compões uma comunidade, sendo desta forma previsto na
constituição Brasileira, como uma obrigação do poder publico no trato deste grave
problema, conforme determina o art. 23, inciso VI, da Constituição Federal de 1988 “ser
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger
o Meio Ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas”; esta condição
determina uma ampla rede de operações e gerenciamento para atender a tamanho desafio.
Para o desenvolvimento de nosso trabalho, vamos qualificar bem as denominações
lixo e resíduos sólidos, o conceito de resíduo sólido é dado pelo art.1º da Resolução
CONAMA nº05/1993 – 1.
3.15 PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS
O Plano Nacional de Resíduos sólidos é o instrumento oficial do Estado Brasileiro,
para cumprir as metas que se fazem necessárias, indispensáveis para um pensamento e
prática econômica, alinhada com as tendências mundiais. O Plano de fato está de forma
multidisciplinar, ligado com todas as políticas do Estado, para conter o caos em que
chegamos em algumas áreas, em situações geradas pelo grande crescimento econômico,
mas também deflagrados por políticas públicas que não conseguiram sentir o efeito de
algumas das principais dimensões da Administração, formulada nos primeiros estudos da
Administração Científica, modernamente classificas como: PLANEJAMENTO,
ORGANIZAÇÃO, EXECUÇÃO e CONTROLE, sendo as empresas mercantis as
principais interessadas na economia capitalista, são também as que mais interagem com o
meio social no sentido de promover os processos da máquina social. Durantes as duas
ultimas décadas vivemos uma intensa mudança, na perspectiva de como devem as
organizações se comportar com relação ao meio ambiente.
As empresas são as principais usuárias dos recursos
naturais e responsável pelo desenvolvimento
econômico mundial, por este motivo vêm se
adequando e procurando novas alternativas para
transformar os resíduos, que na década de 80 era
tratada pela maioria delas como um custo indesejável,
em produtos nos quais se pode lucrar sendo uma
empresa ambientalmente responsável.
Maimon (1994).
68
Atuar no sentido de Administrar para este novo cenário, tem sido um desafio para todos os
gestores no Mundo inteiro, a escassez de recurso tem afetado todos os segmentos, as
exigências emergentes do planeta, levam a um único entendimento, o debate que se
acentuou a partir da década de 1970, passa a ter pauta na vida diária de todos os gestores,
de todas as pessoas, para incrementarem práticas de uso coerente para que se possa criar
um novo modelo que venha substituir, o modelo vigente que tem sido aplicado tem gerado
impactos que hoje não são mais aceitáveis.
O Plano Nacional de Resíduos Sólidos do Governo Federal está normatizado pela
Lei 12.305/2010, que estabelece condições e ações para estados e municípios
desenvolverem políticas focadas nesta matéria. De forma sistêmica, as ações locais
refletem os devidos desdobramentos das políticas públicas, associadas ás práticas
existentes na economia de uma forma geral. Neste sentido, o programa 2067 do Pano Mais
Brasil, vem fomentar a política pública observando as características regionais, aspecto
importante quando falamos de desenvolvimento sustentável.
Um estudo do Professor Celso Furtado revela que, até a Segunda Guerra Mundial,
a questão regional foi tratada com assunto relacionado apenas a questões agrícolas e
industriais, como ele descreve nos trabalhos de Von Thune (1816: 1966 apud Diniz, 2009),
Weber (1907: 1969 apud Diniz, 2009) e Losch (1933: 1954 apud Diniz, 2009) ou da oferta
de serviços e da consequente hierarquia das centralidades urbanas (Diniz, 2009). A questão
urbana ainda não havia emergido como um problema social e político, à exceção do que
ocorria nos Estados Unidos, uma preocupação com o Desenvolvimento Regional, como
bem retratam os trabalhos da Escola de Chicago (Park, 1926; Wirth, 1928; Munford, 1938,
apud Diniz, 2009).
A exemplo de economias globais, como a supra citada, o Brasil aponta como um
grande potencial no cenário econômico Global. O Brasil vem oscilando nas recentes
pesquisas, entre 6ª ou 7ª economia Mundial, mas sabemos que em termos de qualidade de
vida, há um hiato muito grande que nos separam de outras nações. Como exemplo, o IDH
de uma lista de 187 países, o Brasil ocupar o 85º lugar. Em uma escala que vai de 0 a 1, o
país atinge a pontuação de 0,73. Há muitas queixas por parte do Governo Brasileiro, que
alega que os dados utilizados para fazer a apuração são de 2005, não tendo sido
considerado o avanço que ocorreu nos últimos anos. No entanto, é perceptível a grande
diferença nas posições que o país ocupa, quando comparamos estes dois indicadores, o PIB
e o IDH (Jornal de Hoje, 2013).
69
3.16 O PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS – SEU ESCOPO
FUNDAMENTAL.
O PNRS tem uma abrangência interministerial, concebido a partir da Lei nº
12.305/2010 e regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010 que instituiu o comitê
interministerial – CI, o qual é composto por 12 ministérios, todos coordenados pelo
Ministério do Meio Ambiente. O PNRS tem uma vasta área de atuação e aplicação,
propiciando um diálogo transversal e ao mesmo tempo interdisciplinar, obedecendo a uma
composição de múltiplas possibilidades, pois os problemas derivados dos RS (resíduos
sólidos) estão associados a inúmeras dinâmicas de comportamentos e práticas, aceitos por
muitas décadas e até nos últimos séculos. O esforço para perceber todas esta dinâmica é de
fato o estudo da Educação Ambiental e da busca da Sustentabilidade, conhecimentos estes
que estão intimamente relacionados.
“A problemática ambiental – a poluição e
degradação do meio ambiente, a crise de recursos
naturais, energéticos e de alimentos- surgiu nas
últimas décadas do século XX como uma crise de
civilização, questionando a racionalidade
econômica e tecnológica dominantes. Esta crise
tem sido explicada a partir de uma diversidade de
perspectivas ideológicas, por um lado é percebido
como resultado da pressão exercida pelo
crescimento da população sobre os limitados
recursos do planeta, por outro, é interpretado como
efeito do acumulo de capital e do lucro”
(Leff ,2002)
Apoiado neste pensamento descrito por Leff, o Brasil aponta no sentido amplo das
perspectivas ao enfrentamento dos problemas decorrentes do RS, no entanto a discussão é
retórica e pode levar a uma falácia, caso seja visto como um todo. Então percebê-lo de
forma amplas e tratá-lo de forma fragmentada é o que vem sendo feito. O PNRS traz dados
conclusivos, que relatam mudanças estruturais necessárias para que se possa reduzir a
produção e destinação dos RS. A tabela abaixo nos apresenta um panorama da quantidade
de RS que são descartados por dia, sendo uma das metas do PNRS a manutenção deste
número nos patamares atuais e posterior redução, mas isto só pode ser feito se houver a
transformação destes resíduos, antes que sejam destinados aos locais. No entanto, hoje
temos um roll de equipamentos usados como destaca o PNSB, a seguintes possibilidades:
Aterros sanitários, Aterros controlados, Vazadouros a céu abeto (lixões), Unidades de
70
compostagem, Unidade de Triagem para reciclagem, Unidades de incineração, Vazadouros
em áreas alagáveis e Locais não fixos, estes são os ambientes catalogados no PNSB.cA
UNIDADE DE TRIAGEM PARA RECICLAGEM, recebia apenas 1,5% do total em
ton/dia de resíduos doméstico e urbanos produzidos em 2000, caindo este percentual para
1.4% em 2008. Apenas esta diferença percentual representa 18,8 tons/dia, no entanto,
estamos falando de uma produção diária de 188.814,90 tons/dia, em dados do PNSB
(Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – 2008), que revela a urgência de ações que
possam a cada dia, minimizar este impacto. Nada corre separadamente, o que vemos são
décadas de muito trabalho destinado a este assunto, de forma multi e transdisciplinar. A
tabela abaixo nos fornece dados sobre esta situação.
QUADRO 6: IBGE (2002), IBGE (2010b) - SI: sem informação.
Quantidade de resíduos e rejeitos encaminhados para disposição em solo.
DESTINO FINAL 2000 2008
Quantidade % Quantidade %
(t/d) (t/d)
Aterro Sanitário 49.644,50 35,4 110.044,40 58,3
Aterro Controlado 33.854,30 24,2 36.673,20 19,4
Vazadouros a céu aberto 45.484,70 32,5 37.360,80 19,8
Unidade de compostagem 6.364,50 4,5 1519,5 0,8
Unidade de triagem para reciclagem 2.158,10 1,5 2.592,00 1,4
Unidade de incineração 483,1 0,3 64,8 <0,1
Vazadouros em áreas alagáveis 228,1 0,2 35 <0,1
Locais não fixos 877,3 0,6 SI
Outra unidade 1.015,10 0,7 525,2 0,3
Total 140.109,70 188.814,90
Sabemos do múltiplo escopo de atuação do Estado para gerir políticas que levem o
Brasil ao objetivo descrito no PNRS, que de fato pertence a todos nós, um caminho sem
volta para uma mudança na relação com o Planeta. Há muitos ministérios que estão
envolvidos, o que concebe a ideia de sua importância e amplitude, no entanto, estaremos
tratando aqui de um mecanismo proporcionado pelo Plano Mais Brasil, que visa a melhoria
71
da condição de vida de todos os Brasileiros, no enfoque do Ministério do Meio Ambiente,
desdobrando-se na Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Pernambuco – SEMAS.
Entre os objetivos do Plano Nacional, destacamos o objetivo 0319 do programa
2067, registrado no PLO 2013, que estabelece a seguinte diretriz: “ampliar o acesso aos
serviços de manejo de resíduos sólidos urbanos de forma ambientalmente adequada,
induzindo a gestão consorciada dos serviços e a inclusão socioeconômica de catadores de
materiais recicláveis”. Sendo assim, este objetivo traz consigo metas que devem ser
alcançadas para que se possa efetivar o plano em questão e sendo este estudo sobre um
segmento que tem uma atividade bastante capilarizada, como foi apresentado na
demonstração de sua representatividade econômica. Estando situado em praticamente em
todos os bairros da federação, este programa é composto de metas, abaixo destacadas, que
promovem uma ferramenta inquestionável de gestão dos resíduos produzidos, como já foi
apresentado em estudo dessimétrico de resíduos produzidos, onde pudemos quantificar e
qualificar em amostra, o que este segmento produz , sendo então um cliente e fornecedor
da cadeia produtiva que se estabelece tanto no Plano Nacional de Resíduos, quanto no
programa em questão.
As metas que o programa trata são:
1 –Capacitar e fortalecer a participação da coleta seletiva de 60 mil catadores.
2 – Fomento a constituição e implementação de 120 consórcios públicos com atuação em resíduos sólidos.
3 – Fomento e fortalecimento 500 cooperativas/associações e redes de cooperação de catadores de materiais
recicláveis para atuação na coleta seletiva e nas cadeias da reciclagem.
4 –Incrementar 100 redes de comercialização de materiais recicláveis coletados pelas associações de catadores.
5 –Viabilizar infraestrutura para 280 mil catadores.
As metas acima destacadas estão alinhadas com o Plano Mais Brasil, sendo
determinante, para a aplicação das políticas públicas destinada a conter as ameaças que se
apresentam como desafio de conter os grandes problemas da emissão de resíduos sólidos,
que, hoje no Brasil, assumem grandes números. Quando avaliamos os dados podemos
perceber a necessidade de políticas e metas que minimizem estes impactos. É perceptível
que o problema da educação ambiental é transversal e complexo.
72
“A questão ambiental hoje cresce de
importância na consciência dos povos e entrou
irreversivelmente na agenda pública. Isso requer todo
um sistema novo de produção de estatísticas da qual
ainda estamos bem distante”
(Besserman, 2010)
A criação de políticas públicas, assim como um forte engajamento de todos os
setores da sociedade, produzem um novo tempero para reforçar discussões e ações para as
questões de sustentabilidade.
3.17 POLÍTICAS PÚBLICAS - QUE INCENTIVAM SINERGIA ENTRE
COOPERATIVAS E OUTRAS ATIVIDADES ECONÔMICAS
Ao analisarmos a história da humanidade, estudamos diversas formas de relações
sociais humanas. Neste artigo destacamos com especial atenção as cooperativas, conhecido
como um tipo especial de empresa, podendo esta atividade equilibrar dois objetivos
principais, por sua capacidade social diferenciada. A primeira é a capacidade que tem o
regime cooperativa de criar inclusão social, recebendo atenção especial da ONU, que
determinou 2012, como o ano do cooperativismo Mundial.
Em Pernambuco temos 238 cooperativas em funcionamento. Segundo dados
fornecidos pela OCB, as ações previstas no programa 2067 contribuem para criar uma
Estratégia Epistemológica para a construção de uma racionalidade ambiental (Leff 2002),
“que reafirma que a problemática ambiental não é ideologicamente neutra, nem é alheia a
interesses econômicos e sociais”. A geração de fenômenos de transformação de cultura, de
economia e social, emerge da relação estabelecida. Podemos entender que a atividade
econômica, em particular os supermercados, que são um dos beneficiários de parcerias
com cooperativas, será meio para viabilizar a mudança, pois, a grande quantidade de
resíduos que eles produzem, virá como retorno financeiro, primeiro pelo fato de retirarem
o encargo que são gerados pelo manuseio, separação e destinação dos RS, do
inconveniente provocado, do acumulo e problemas decorrente deste, passam a ser
transferidos na forma de insumo para as cooperativas de catadores. O lixo para um
determinado processo, passa a ser insumo, como o caso dos RS que decorrem das
operações diárias dos supermercados. Para os coletores, separadores e recicladores passam
a ser uma fonte de matéria prima, criando uma cadeia de produtividade, que também cria,
de uma forma prática, “a racionalidade ambiental”. Para Leff, a racionalidade ambiental,
73
neste sentido, serve de caminho inverso, ao passo que um novo processo se insere na
atividades econômicas, tendo claros objetivos de maximizar a produção e o lucro, mas de
forma ambientalmente sustentada. Há uma aplicação do que diz Leff, e um exemplo de
como uma política publica, um programa, uma meta pode e deve exercer influencias que
somem na grande mudança do contexto geral.
Como administrador, deve-se sempre retomar os princípios definidos no início do
século XX por Henry Fayol, que formulou os pilares da administração, que até hoje
conhecemos: PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, EXECUÇÃO e CONTROLE
(Maximiniano, 2010). As instituições públicas têm dificuldade em dar conta, de seus dois
últimos elementos: EXECUÇÃO e CONTROLE, o que pode ser minimizado pela
cooperação entre os setores privado e público. Deve-se destacar a cooperação, conforme
previsão contida no capítulo III da SUBEMENDA SUBSTITUTIVA GLOBAL DE
PLENÁRIO AO PROJETO DE LEI Nº 203, DE 1991, E SEUS APENSOS, que Institui a
Política Nacional de Resíduos Sólidos e dá outras providências. O esforço de reverter os
números apresentados na tabela 1, onde, por exemplo, apenas 8% dos municípios
brasileiros dispõem de coleta organizada através de cooperativas e associações. A
transcrição do CAPITULO III – dos INSTRUMENTOS, deixa clara a percepção e
orientação do PNRS, no sentido de criar diversas frentes para atingir as suas metas globais,
como podemos ler abaixo:
3.18 A TEORIA ECONÔMICA E MAXIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO.
A base econômica utilizada na construção deste trabalho, inicia-se pela visão,
chamada por historiadores como utilitarista de Jeremy Benthan. Na análise de Oliveira e
Gennari (2009), que destaca algumas ideias do economista Jeremy Bentham (1748-1832),
como por exemplo: o investimento público em obras para dirimir os malefícios do
desemprego em épocas de crise; no entanto há uma linha de pensamento destacada por
Oliveira e Gennari, que discorre sobre o hedoísmo que este citado economista defende. O
hedoísmo tem como ideia fundamental a de que o homem está sempre em busca do prazer
e evitando tudo que provoque a dor ou o sofrimento. Isto se revela na teoria econômica
com as teses de que os indivíduos estão sempre buscando maximizar o prazer e minimizar
74
a dor, sendo a elevação do consumo associado com a maximização do prazer, ficando desta
forma a privação a este consumo como o sofrimento.
Esta corrente econômica logo defende a ideia, incluindo-se Behthan, que exerce
uma grande influencia no século XIX, “a natureza colocou a humanidade sob o domínio de
dois mestres soberanos, a dor e o prazer. Segundo este escola, na concepção de Oliveira e
Genari (2009, p.89),” Só eles (a dor ou o prazer), podem mostrar o que devemos fazer. “O
princípio da utilidade reconhece esta sujeição e o aceita como fundamento de sua teoria
social”.
Para os precursores da Escola Clássica da
Economia, o valor de uma mercadoria se baseia em
sua utilidade e geralmente coincide com seu preço
de mercado, já que os consumidores estão sempre
em busca da maior satisfação possível, e tal
satisfação pode ser realizada com o consumo".
(Gennari, 2009).
A economia clássica dissemina a ideia da maximização da satisfação, em uma
economia global, que aponta seus holofotes para o crescimento mundial e o
desenvolvimento de uma indústria que se revela após a revolução industrial. Ainda, no
contexto das teorias que reforçaram a escola clássica, falamos um pouco sobre John Stuart
Mill (1806-1873). Ele certamente defende os princípios capitalistas, no entanto traz uma
concepção a respeito do trabalho que difere de seus pares. Mill acreditava que os
trabalhadores poderiam melhorar sua condição de vida pela criação de cooperativas de
produtores, o que dizem Oliveira e Gennari, no entanto os autores destacam que Mill,
considerado um reformista para sua época, defende a participação ativa do estado na
economia, em setores da economia, nos quais os indivíduos poderiam não ter interesse
específico quanto a empreendimentos, como a construção de estradas, hospitais, escolas,
portos, etc.
Um destaque do pensamento de Mill procurou contornar algumas contradições
sociais da sociedade de livre mercado, com o argumento de que “a imensa maioria está
condenada, desde o nascimento, a uma vida de trabalho duro, ininterrupto e interminável,
em troca de uma simples e, em geral, precária subsistência". Mill reforça na nossa
compreensão tanto a ideia de cooperativismo com a mão do Estado em áreas essenciais a
qualquer sociedade humana.
75
4 - METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada com sujeitos participantes do segmento supermercadista na
cidade do Recife, adotando uma metodologia de abordagem quali-quantitativa. Segundo
Minayo e Sanches (1993), a pesquisa qualitativa procura aprofundar a complexidade dos
fenômenos, trabalhando com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões.
No aspecto qualitativo vamos investigar especificamente se o supermercado tem processos
de tratamento do resíduo que é produzido diariamente em suas atividades, se causa
despesas ou lucro, se há parceria ou projeto gerencial implantado e, finalmente, saber se
não tendo um projeto, tem interesse de implementar uma rotina gerencial para inserir sua
atividade de manuseio e descarte de resíduos sólidos sustentável e quem sabe gerando
algum lucro para sua operação.
Quanto a pesquisa quantitativa, segundo Malhotra (2011), busca quantificar os
dados, aplicando alguma forma de análise estatística, neste caso ocorrerá o seguinte
procedimento, durante uma semana, a primeira semana do mês, durante todo o expediente
do supermercado, foram coletados, os números de volumes produzidos em kg de resíduos
sólidos, acompanhar a coleta e saber onde será destinado os volumes, responde se há
despesa ou lucro, identificando se o local de destinação representa o que propõe o PNRS,
fornecendo uma tabela percentual de volumes destinados e seus respectivos destinos,
podendo em seu desenvolvimento esta pesquisa apontar parcerias dentro do entorno do
supermercado para destinação sustentável destes resíduos.
Para Minayo e Sanches (1993) as duas abordagens são necessárias , no entanto em
muitas ocasiões são insuficientes para a compreensão total da realidade estudada, mas isto
depende dos aspectos que a pesquisa aborda. No contexto deste trabalho a abordagem
quali-quantitativa possibilitará ao pesquisador levantar dados quantitativos sobre a
produção de resíduos sólidos dentro dos supermercados e ao mesmo tempo, através da
análise qualitativa, percebemos a visão e entendimento dos gestores juridicamente
responsáveis pelos empreendimentos e destinação adequada do RS, podendo criar uma
fonte de matéria prima para diversos setores produtivos e evitando os aspectos que
decorrem do resíduos descartados de forma direta no meio ambiente. Logo a análise
qualitativa pretende investigar apenas como estes empreendedores estão envolvidos com os
programas de reciclagem e sustentabilidade, podendo ao seu final, produzir informações
76
que sejam uteis ao segmento de supermercados assim como para os grupos de interesse
nestes, como fonte de matéria prima para suas atividades.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCUS DA PESQUISA
O locus da pesquisa foram 10 lojas de supermercado de médio porte localizados na
Região Metropolitana do Reicfe, com fronteira limite com esta, correspondendo cada loja
ao perfil determinado pela ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados), lojas
independentes, que não pertencem a grandes redes, atendendo ao perfil de ter até 7
checkouts o que caracteriza este tipo de empreendimento, conforme demostrado e por fim
foram escolhidos lojas nas seguintes cidades que formam a Região Metropolitana do
Recife, definida pela LEI COMPLEMENTAR N° 14, sancionada pelo Presidente da
República em 08/06/73, que estão numeradas e destacadas no mapa abaixo, sendo esta
região formada por : Recife, Cabo, Igarassu, Abreu e Lima, Araçoiaba, Camaragibe,
Ipojuca, Itapessuma, Itamaracá, Jaboatão, Moreno, Olinda, Paulista e São Lourenço da
Mata, estas cidades foram as primeiras a constituírem a relação de região metropolitana,
sendo assim escolhidas para nosso estudo em função de acesso e disponibilidade para
viabilizar esta pesquisa.
Estão pontuados a quantidade de supermercados em cada cidade, que participaram
da pesquisa, totalizam 8 municípios para um total de 10 lojas, distribuídos da seguinte
forma: Abreu e Lima 1 loja, Camaragibe 1 loja, Igarassu 1 loja, Jaboatão 1 loja, Olinda 2
lojas, Paulista 1 loja e Recife 3 lojas.
77
4.2 OPERACIONALIDADE DA PESQUISA
4.2.1 – PESSOAS (QUALITATIVA)
Os entrevistados não foram identificados, foram responsáveis por fornecer informações
sobre tratamento e destinação de resíduos sólidos e orgânicos, decorrente da operação do
supermercado, conforme questionário estruturado em anexo, a pesagem e coleta dos dados
foram realizadas em cada unidade pesquisada, utilizando os mecanismos, que diariamente
são utilizados pelo estabelecimento, pesagem ou anotação por amostra, mesmo nestes
casos, todos os volumes foram pesados e colocados na tabela que se encontra no apêndice
deste trabalho. O responsável também informou o que a empresa vem praticando ou não
com relação a gestão e educação ambiental, também conforme o questionário estruturado
em anexo.
As informações foram coletadas diretamente nas lojas, através do formulário de pesquisa ,
fornecendo dados quantitativos.
78
a – Existe a separação dos resíduos sólidos em plástico, papel, vidro, metal e madeira ?
b – Para onde é destinado o resíduos?
c – Existe despesa com este descarte, a empresa tem algum lucro na comercialização destes
resíduos?
d – A empresa tem um processo de destinação em parceria com outra entidade para reciclar
ou destinar de forma adequada o resíduo, ou se não tem , há interesse de adotar um projeto
semelhante?
4.2.2 – MEDIÇÃO
PESAGEM – foi utilizada balança de precisão, atestada pelo INMETRO, balde para
pesagem e sacos apropriados, no entanto nas pré-visitas, foi percebido que os
supermercados possuíam balança para pesar os resíduos sólidos.
O mesmo procedimento foi utilizado para pesagem do resíduo orgânico, desta forma foram
realizadas as coletas de todos os números referentes ao resíduos que os estabelecimentos
produzem.
LOCAL – o trabalho de coleta se concentrou na área de recebimento e descarte dos
supermercados, todo resíduo produzido no estabelecimento foi então pesado e anotado em
planilha impressa, que a posteriori foram lançados em planilha eletrônica, produzindo os
gráficos e informações para este trabalho.
PERÍODO – Em todas as lojas, foram coletados os resíduos no período de 30 dias, tendo a
primeira coleta iniciado em 01 de junho 2014 e a última finalizada em 30 de julho de 2014.
As lojas acumulam o material e no final do dia é feita a destinação, neste momento o
pesquisador, não apenas acompanhava mas checava os dados, sendo a destinação e outros
aspectos decorrentes da operação, lançados no questionário, que podem ser vistos como
resultados da pesquisa no capítulo de CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Durante 30 dias foram feitas as coleta de dados diários de resíduos, lançados na
planilha. Os dados foram compilados em gráficos para apresentar os tipos de resíduos
descartados e suas quantidades, por dia da semana e as suas respectivas destinações, com o
objetivo de servir como um espelho deste segmento, identificando oportunidades para a
nossa busca como profissionais envolvidos com sustentabilidade, assim como, sugerir ser
79
possível alternativas para os empreendedores do segmento de supermercados,
particularmente redes locais e lojas independentes, inseridas nos bairros das cidades
brasileiras, como no caso deste estudo.
4.3 TÉCNICAS UTILIZADAS PARA A COLETA DE DADOS.
Podemos entender a coleta de dados na concepção de Lakatos e Marconi (2001),
como as habilidades de por os processos em prática, com objetivos de obter os propósitos
da pesquisa. As técnicas de coleta de dados disponíveis são: documentação indireta,
documentação direta, observação direta intensiva e observação direta extensiva
(LAKATOS E MARCONI, 2001). A observação direta e intensiva foi o que foi utilizado
pelo pesquisado no locus da pesquisa.
4.3.1 – ATIVIDADES PRÁTICAS DA COLETA – COMO FORAM REALIZADAS
As etapas da pesquisa foram divididas da seguinte forma:
4.3.1.1 – IDENTIFICAÇÃO DAS 10 LOJAS
O principio de escolha foi ter uma distribuição em bairros de diferentes cidades da RMR –
região metropolitana do Recife, como foi definido no item 4.1, tentando contemplar da
melhor forma possível esta amostra, contando com a conveniência e permissão para
permanência na área de descarte de resíduos, operacionalizando a pesagem e fazer as
anotações dos resíduos produzidos, geridos e descartados, através do formulário em anexo,
a escolha das lojas se deu pela disponibilidade e viabilidade material para ser realizada a
coleta de dados, conforme descrito em item anterior.
4.3.1.2 – PROCESSO DE COLETA DOS DADOS
Utilizando as balanças das próprias lojas, colocadas na área de recebimento e descarte de
mercadorias e resíduos, pois nas visitas que antecederam aos dias da pesquisa, foi
detectado que as lojas já faziam a pesagem de alguns dos resíduos, o que foi confirmado e
anotado pela pesquisa.
80
4.3.1.3 DOCUMENTAÇÃO INDIRETA PARA COLETA DE INFORMAÇÕES
Teve como finalidade, reunir todas informações relevantes ao tema estudado, ocorrendo
através de pesquisa bibliográfica , tendo como meta o aprofundamento da fundamentação
teórica que respaldam a pesquisa.
4.3.1.4 OBSERVAÇÃO DIRETA INTENSIVA PARA COLETA DE
INFORMAÇÕES
A observação direta intensiva foi desenvolvida através de questionário semiestruturado,
para permitir a adequação que o pesquisador julgar necessária, entretanto, focalizada no
problema, guiada por um roteiro de tópicos relativos a educação ambiental,
desenvolvimento sustentável e responsabilidade social empresarial. Esta ferramenta
também está descrita como modelo a ser utilizado, quando anteriormente falamos sobre o
questionário objetivo que o gestor do supermercado responderá sobre processos de
manuseio e destinação de resíduos, que ocorrem em seu estabelecimento, ao mesmo tempo
o questionário poderá apontar quem não tem um plano neste sentido e também quem tem
interesse de implementar um plano para o tratamento de seus resíduos sólidos.
81
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.
5.1 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS NOS SUPERMERCADOS NA REGIÃO
METROPOLITANA DO RECIFE.
Os dados decorrentes da pesquisa que foi realizada em lojas de supermercados
independetes, que são supermercados que possuem apenas uma loja e redes locais, situados
na região metropolitana do recife, coletados através de relatório em anexo, foi realizada a
partir de coleta direta dentro das lojas, com dados que são computados pelos gerentes ou
proprietários destes estabelecimentos, a maioria dos supermercados pesquisados
mantinham de alguma forma um tipo de controle, avaliamos estes números e comentamos
seus desdobramentos.
Cada item do questionário, forneceu um parâmetro classificatório, no entanto,
iremos iniciar pelos dados gerais da coleta, que foram obticos durante 30 dias corridos, na
área de descarte de mercadoria dos 10 supermercados pesquisados.
Tab 4 - RESUMO DE MASSA em Kg PRODUZIDOS NOS 10 SUPERMERMERCADOS – produzidos durante os 30 dias de coleta.
( 30 dias de atividades )
PLÁSTICO PAPEL E PAPELÃO VIDRO METAL ORGÂNICO
1 22 69 30 18 74
2 45 70 2 4 40
3 60 145 4 3 16
4 139 219 2 9 10
5 195 147 0 0 88
6 53 126 0 0 77
7 28 45 0 0 26
8 21 67 0 0 31
9 64 83 0 0 26
10 80 95 3 0 42
TOTAIS 685 997 11 16 356
A tabela 4, representa o trabalho de 30 dias, dentro de 10 lojas de supermercados,
separando, pesando e transcrevendo os dados para a pesquisa, os dados registram a massa
em Kg, que foi descartada nas operações destes estabelecimentos, destacando-se que a
parte que os supermercados destacam, são as embalagens de embarque e de transporte dos
produtos, por exemplo, uma caixa de recipientes com óleo de soja, tem como descarte
82
papelão e plástico, sendo o primeiro da embalagem de transporte, o papelão e a segunda o
plástico, refere-se a separação por dúzia, quando o fabricante opta por esta duas
embalagens, o que deve ficar evidente é que a embalagem de contenção, que entra em
contato com o produto, no caso do nosso exemplo, com o óleo de soja, não é descartada no
supermercado e sim, no local de seu consumo, as residências ou cozinhas de empresas
como restaurantes, hotéis, etc. Desta pesquisa, pudemos perceber uma grande concentração
de 48% de volume descartado de resíduos, isto em função das embalagens de embarque
produzida para o transporte da maioria dos produtos, ficando 33% para o volume de
plástico, produzido, principalmente da dupla embalagem que alguns produtos possuem,
uma caixa de creme dental, por exemplo, tem 144 unidades, são 12 dúzias, envolvidas por
plásticos, logo além da caixa de papelão, as embalagens de dúzias são desfeitas nos
supermercados, gerando mais resíduos, o terceiro colocado em termos de volume é o
resíduo orgânico, que decorre das operações com orti-fruti e alimentos perecíveis, como
carne, os resíduos orgânicos ocupam 17% do volume total, ficando apenas 0,5% para
vidro, que é uma embalagem não descartada nos supermercados, este número decorre
quebras de alguns itens, pelo manuseio dentro dos estabelecimentos ou mesmo no
recebimento e seu devido armazenamento, enfim, os dados colocam um quantitativo que
deve ser obervado e direcionado de forma adequada, se consideramso apenas para uma
projeção simples, quando falamos de 1.000 lojas de supermercados, podemos pensar em
um número 2 mil toneladas de resíduos descartados mensalmente, dos quais uma parte
significativa tem sua destinação para as coletas municipais, não deveria ser, pois o
empresário do setor, tem os benefícios econômicos dos produtos vendidos, sendo as
embalagens refugo das operações, comparando com a industria, que tem obrigação de
tratar este refuto, caberia aos supermercados a obrigação de tratar estes resíduos com
recursos próprios, passaremos a avaliar os desdobramentos da pesquisa a partir das outras
análises.
83
GRÁFICO 5 – VOLUME DE RESÍDUOS PRODUZIDOS EM 10 SUPERMERCADOS PESQUISADOS
Podemos perceber que os supermercados desta amostra, produzem algo em torno de 1
tonelada de papelão por mês, são 685 Kg de plástico, estes dois itens concentram
exatamente 81,45% do total de resíduos produzidos, são 1682 Kg de um total de 2065 Kg
de resíduos, apresentando uma concentração em dois tipos de resíduos, quanto a vidro e
metal que ocupam 0,53% e 0,77% isto chama a atenção pois é um número muito pequeno
com relação ao total de resíduos produzidos, que só se explica quando fazemos a análise
presencial das atividades destes supermercados, apesar de sabermos que há muito vidro e
metal, que são utilizados nas embalagens de inúmeros produtos, estes não são descartados
no supermercado, isto ocorre nas residências, onde os consumidores em seus domicílios
fazem uso dos produtos e descartam suas embalagens. O resíduo orgânico representa
17,24% do total, mas diz respeito ás atividades diárias do supermercado, sendo fruto da
operação interna de manuseio de alimentos na cozinha, não passando pela área de descarte
de resíduos do supermercado, afinal a maior parte destes supermercados tem cozinha que
prepara alimentos e faz o seu descarte diário de resíduos, não fazendo a separação de
embalagens de produtos consumidos, todo este volume é direcionado para a coleta pública
municipal, não passa pela análise de resíduos produzidos da atividade fim destes
empreendimentos, a exposição e comercialização de produtos, desta operação apenas o
plástico, papelão e papel são diretamente relacionados com o processo de descarte que
685 Kg
997 Kg
11 Kg 16 Kg
356 Kg
TOTAL COLETADO 2065 Kg
84
segue uma movimentação e direcionamento como constatam os outros elementos desta
pesquisa, que passaremos a avaliar agora.
5.1.1 SOBRE A SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS E ORGÂNICOS.
GRÁFICO 6 : TIPOS DE SEPARAÇÃO QUE SÃO FEITAS.
A primeira pergunta do questionário, avalia se o supermecado faz a coleta seletiva
de resíduos, como todas as atividades foram presenciaIs, pode-se perceber o tipo, mesmo a
informação sendo dada que sim, o supermercado faz a coleta seletiva, a investigação in
locus revelou o tipo de separação que era feito, tanto dos resíduos orgânicos, quanto dos
sólidos, neste aspecto, podemos afirmar de acordo com os números e a obsevação durante
30 dias: 10% dos estabelecimentos pesquisados não faz nenhum tipo de separação,
colocam todos os resíduos em recipientes plásticos ou tonéis, que são destinados em sua
totalidade para a coleta pública, por se tratarem de estrutura pequenas, este recipientes
ficam localizados nos fundos dos estabelecimentos, para facilitar o acesso aos profissionais
dos serviços de coletas das respectivas Prefeituras, que efetuam as coletas, no entanto
catadores de rua, muitas vezes se antecipam a esta coleta regular e retiram aquilo que os
interessa, papelão e plástico, particularmente, deixando os demais abertos e expostos,
muitas vezes espalhados em via pública, gerando entupimento de galerias e odores
desagradáveis, que são comuns nas áreas de trás dos supermercados; neste universo de
10% das lojas pesquisadas, pode ser percebido que não há nenhuma orientação ou
preocupação para a educação ambiental, para a separação gravimética, ou qualquer
compromisso social, como poderá ser visto em alguns outros casos, onde associações de
catadores têm pelo menos um conhecimento por parte dos empreendedores. Quanto à
sepáração gravimétirica, que levantamos em nossa contextualização, que leva em conta
como princípio básico, a separação de resíduos orgânicos dos sólidos e este ultimo,
85
separado de acordo com a cor respectiva, com seu recipientes adequado, não foi verificado
em nenhum
5.1.2 COMO FAZEM A SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS
GRÁFICO 7 : FORMAS DE SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NOS
SUPERMERCADOS PESQUISADOS.
A forma de separação que observamos, diz respeito a separação gravimétrica, que
classifica os produtos por escala conforme demostra a figura abaixo, cada recipiente tem
uma cor que se destina a um tipo de resíduo, o gráfico apresentado, indica os meios que
são hoje utilizados pelas lojas pesquisadas, onde foi apontado que nenhum dos
supermercados que foram objeto da pesquisa, faz a separação completa, sendo os tipos
encontrados : CONTAINER – um recipiente grande destinado aos resíduos de uma forma
geral, algumas vezes um tonel, outro meio o SACO PLÁSTICO, que é utilizado para
entrega direta para a coleta municipal convencional ou COLETORES DE LIXO, sendo
que este último não contemplam a escala gravimétrica. Durante o período que estivemos
acompanhando as operações de gestão dos resíduos, fica evidenciado que a forma de
separação atende na verdade a condição que o coletador necessita, no caso da coleta
publica, não há exigencia de uma separação gravimétrica, logo isto não é feito.
Fig 6 - Coletores para Resíduos Sólidos e código de cores.
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Fonte: http://preservesim.blogspot.com.br/2011/12/destinacao-de-residuos.html
5.1.3 REGISTRO DA EXISTÊNCIA DE COLETORES PARA
SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS E ORGÃNICOS.
O terceiro questionamento, revela de fato os formatos que estas empresas, utilizam para a
separação de seus resíduos,
GRÁFICO 8 : EXISTÊNCIA DE COLETORES PARA SEPARAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E ORGÂNICOS.
A unica separação encontrada nos supermerdados é para resíduos orgânicos e
sólidos, não há uma separação gravimétrica completa, isto se dá pela natureza da
operação, os supermercados recebem as mercadorias em embalagens de transporte, o
trabalho do supermercado é desfazer estas embalagens e separar os produtos na undades de
contenção ou venda, logo decorre que plástico e principalmente papelão são descartados e
geram os resíduos que são decorrentes da operação diária dos supermercados.
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5.1.4 OS MÉTODOS UTILIZADOS PARA A CONTAGEM E PESAGEM
DOS RESÍDUOS.
O quarto elemento da pesquisa destaca o método utilizado para contagem dos
resíduos sólidos e orgânicos nos supermercados.
GRÁFICO 9 : MÉTODO USADO USUALMENTE PELO SUPERMERCADO PARA CONTAR OS RESÍDUOS.
A pesagem é o modelo mais utilizado pelos supermercados, no entanto, como esta
atividade não apresenta muito retorno financeiro, os supermercados passa a acumular e
vender fardos de papelão, por exemplo, com peso pré determinado pelo volume, de forma
a agilizar o descarte dos resíduos, pois estes supermercados, de uma forma geral, não
possuem muito espaço para acumular os resíduos sólidos, sendo o descarte feito
praticamente todos os dias.
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5.1.5 QUAIS OS LOCAIS DE DESCARTE UTILIZADOS PELOS
SUPERMERCADOS
O quinto elemento pesquisado diz respeito ao LOCAL DE DESCARTE dos
resíduos sólidos produzidos no supermercado.
GRÁFICO 10 : LOCAIS DE DESCARTE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS E ORGÃNICOS.
Há uma grande concentração de destinação dos resíduos sólidos, produzidos nos
supermercados para catadores, pois estes se colocam a disposição dos estabelecimentos a
qualquer hora, para retirarem os resíduos, normalmente esta relação não traz retorno
financeiro para o estabelecimento, no entanto existem empresas que compram estes
resíduos. Apesar de termos um número bastante significativo, quanto ao supermercados
que destinam aos catadores, seus resíduos, é importante salientar que esta demanda ocorre
mais pela presença dos catadores, na áreas de descarte de material e não de uma orientação
gerencial para trabalhar com os catadores, mesmo não sendo um ponto de nossa análise,
pudemos ver que os catadores, são em geral pessoas à margem da sociedade, sem muitas
condições de trabalho, um trabalho que reflete a ausência de qualquer organização, pelo
menos não há evidências nos pontos de descarte de um trabalho organizado e orientado,
como é feito em algumas prefeituras no Brasil, com destaque ao trabalho desenvolvido em
Belo Horizonte, cujas ações de tratamento de resíduos e limpreza urbana encontram-se
descritas no Portal da Prefeitua de Belo Horizonte.
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5.1.6 ACOMPANHAMENTO DA DESTINAÇÃO DADA AOS RESÍDUOS.
O sexto ítem da pesquisa revelou se há um acompanhamento do CICLO DE SAÍDA E
DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS .
GRÁFICO 11 : O SUPERMERCADO ACOMPANHA A DESTINAÇÃO DOS RESIDUOS QUE ELE GERA
Quando a pesquisa foi se desenvolvendo, ficou evidente que o perfil dos estabelecimentos
que estávamos visitando ainda tem muitas deformidades com relação á gestão, muitas
vezes estes empreendimentos são fundados por negociantes, na essência da palavra, que
não aplicam modelos gerenciais, assim, com todas as dificuldade que passamos a perceber,
a falta de tempo, recursos e muitas vezes interesses apenas comerciais, eram elementos que
motivam o resultado acima, ou seja, não há acompanhamento da destinação dos resíduos,
afinal, apenas uma das 10 lojas pesquisadas, indicou que fazia o acompanhamento da
destinação do resíduos, pois ela é a única, que está situada no raio de ação de uma estação
de tratamento de resíduos, implantadas pela Prefeitura, mas principalmente nesta região,
por estar situado próximo a um dos maiores mercados públicos da RMR, o mercado de
Afogados, logo o empreendedor, proprietário deste supermercado, sabe a destinação que é
dada aos resíduos, todos os demais, não têm idéia da destinação que os resíduos têm.
5.1.7 O REGISTRO QUANTITATIVO DAS OPERAÇÕES
O sétimo ítem da pesquisa revelou OS REGISTROS QUANTITATIVOS DAS
OPERAÇÕES.
GRÁFICO 12 : O SUPERMERCADO FAZ UM REGISTRO DOS
VOLUMES DE RESÍDUOS QUE PRODUZ EM SUA OPERAÇÃO?
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Em um segmento de alta competitividade, como é o setor supermercadista que
movimentou em 2013, R$272,2 bilhões, um crescimento nominal em relação ao ano
anterior na ordem de 8,3% ( ABRAS/2013), traz também alta competivividade, neste
cenário os pequenos e médios empreendimentos, procuram se posicionar em termos de
custos, para suportarem a força das grandes redes que exercem forte pressão sobre os
empreendimentos menores. Neste cenário as pequenas e médias empresas não conseguem
executar algumas atividades de gerenciamento, sendo os registros de uma forma geral,
atividades muito negligenciadas, o que se evidenciou na pesquisa foi que as empresas
normalmente não mantêm um controle dos resíduos produzidos. Registrar é uma processo
que faz parte da função CONTROLE da Administração, a partir de anotações , podemos
sempre projetar melhorias, correções, sem o registro fica difícil fazer qualquer análise.
91
5.1.8 A COMERCIALIZAÇÃO DOS RESÍDUOS PELOS
SUPERMERCADOS.
O oitavo item da pesquisa SE HÁ A COMERCIALIZAÇÃO DOS RESÍDUOS por parte
do supermercado, com algum canal de destinação ou similar.
GRÁFICO 13: O SUPERMERCADO COMERCIALIZA O RESÍDUOS SÓLIDOS QUE
PRODUZ EM SUA OPERAÇÃO.
Como pode ser visto no gráfico, de uma forma geral todos os estabeleciemntos
pesquisados, comercializam algum tipo de resíduos, no entanto, o que fo percebido que
pela falta de sistematização dos processos, nem todos conseguem fazer isto com
frequência, em 1 dos estabelecimentos, o proprietário comentou que manteve por alguns
anos, uma unidade para prensar os resíduos sólidos, o interesse era gerar receita com a
venda deste resíduo, mas a operação se tornou complexa e fora do foco do
estabelecimento, esta percepção abriu a oportunidade de terceirizar este serviço, hoje as
cooperativas de catadores já fazem este tabalho, há na verdade a transferência do processo
que não é , como dissemos foco do supermercado de pequeno e médio porte.
A comercialização do resíduos é o fator que determina que esta operação seja feita, não há
neste estabelecimentos um programa claro que defina metas, em termos de questões
ambientais.
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5.1.9 O RETORNO FINANCEIRO DERIVADO DA
COMERCIALIZAÇÃO DOS RESÍDUOS PRODUZIDOS NO
SUPERMERCADO.
GRÁFICO 14 : QUANTO CONSEGUE EM MÉDIA DE RETORNO FINANCEIRO
PELA COMERCIALIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS.
Apenas 30% do total de supermercados pesquisados, obtem algum retorno sobre as
operaçõe de descarte de resíduos, na prática, pudemos perceber que este fato ocorre, mais
pela visão de seus gestores diretos, encarregados de lojas, que reforçam o interesse de
otimizar a operação financeira, captando algum recurso, pela venda , principalmente de
plástico e papelão, este dinheiro cobre algumas pequenas atividades operacionais do
supermercado, percebe-se uma grande oportunidade para criar um cadeia produtiva, que
busque o lucro e ao mesmo tempo faça parte de um programa de melhoria, na forma de
descarte dos resíduos.
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5.1.10 LOCAL DE DESTINAÇÃO UTILIZADO PELOS
SUPERMERCADOS.
O décimo questionamento nos traz respostas para a pergunta: Qual a destinação em
percentual dos resíduos sólidos e orgânicos produzidos e descartados por estes
supermercados pesquisados.
Este relato quantitativo era comprovado pelos gerentes e as pessoas que fazem a
operação dos resíduos. De fato, não há nenhuma preocupação especial com o que eles
chamam de lixo, na verdade o Município é o grande depositário dele, como podemos
perceber analisando os dados, de uma amostra de 10 supermercados, 50% destinam os
resíduos sólidos para a coleta do Município, 30% é destinada a catadores, muito mais pela
iniciativa dos mesmos, afinal para os catadores o papelão, principalmente é fonte de
material prima, para serem vendidos para reciclagem, não há destinação ao CTR (Centro
de tratamento de resíduos sólidos), ainda deste total 30% desconhecia a destinação.
GRÁFICO 15 : EM TERMOS PERCENTUAIS QUAL A DESTINAÇÃO QUE É
DADA AOS RESÍDUOS SÓLIDOS E ORGÂNICOS PRODUZIDOS NESTES
SUPERMERCADOS.
Uma constatação dos dados coletados na pesquisa, destaca que ainda é a coleta municipal
que recebe a maior carga, descartada pelos comerciantes, dos supermercados de médio e
pequeno porte, apesar de 30% dos supermercados pesquisados destinarem seus resíduos
sólidos para os catadores, 50% ainda fica sob encargo da coleta municipal, podemos
perceber uma grande oportunidade que pode gerar emprego e uma forma mais adequada
que desonera o Estado de atribuições com tratamento de resíduos.
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6 –CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cabe fazer uma breve avaliação da jornada, que foi seguida desde agosto de 2012,
até chegarmos ao momento de ousar tecer as considerações finais, não poderia deixar de
ser com uma revisita, na verdade um exercício delicioso de rememorar, o sol que entrava
pela sala, a ansiedade misturada a felicidade de estar ali, sentado, diante de tantos seres
maravilhosos e até então conhecidos pelas suas referências, pelas suas publicações e
titulações, mas ali começara uma jornada ainda mais intensa, sob a luz daquele dia
ensolarado, fomos percebendo a sutileza e o grande saber que estavam a partilhar, uma a
um, fomos construindo manhãs de descobertas, talvez seja desta parte que mais sinto falta,
o que mais nos constitui, parece não ser a jornada, mas cada instante que partilhamos,
quando pensamos que chegamos “lá”, percebemo o porvir, sei que este texto parce muito
com um agradicimento, mas não é , trata-se de reconhecimento, de relato, importante ,
principalmente no que fomos descobrindo ao longo dos estudos, o descortinar de teorias,
de estudos, de infindáveis discussões, resumidamente definido nas palavras do Professor
Fábio Pedrosa: “ Sejamos sempre observadores da natureza e principalmente da natureza
humana”, e assim fomos, estamos, caminhando, mas a presentça do Professor Fábio
Pedrosa, foi uma das mais presentes contribuições que tive, um verdadeiro Mentor e
dedicado Professor, tendo feito inúmeras leituras desta dissertação, corrigindo e indicando
caminhos, para a correta discussão do tema a concepção de descobertas, a revelação de um
Orientador, o Professor Múcio Banja, que sabia cada ponto que precisava ser definido,
mesmo percebendo uma pesquisa com uma visão muito quantitativa, ele não apenas
entendia, como cicunscreveu de forma brilhante , o que tomarámos como os objetivos, os
norteadores, de nossas perguntas, de nossa pesquisa, a clareza que foi trazida para esta
pesquisa tornou um pensamento de uma visão de minha vivência para uma visão ampla,
pela primeira vez podia começar a falar de um projeto que teria uma contribuição
profissional dentro da temática DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
As aulas começaram , grande mesa redonda, uma tábula, digna das histórias do Rei
Arthur, é desta forma que inicio esta considerações, este formato então me permite não ser
injusto,neste momento comtemplo os rostos, os gestos , as leituras, a ênfase e os
fragmentos que me forma dados, como notas das mais brilhantes e perspectivas avaliações,
agora a mética acadêmica, cederá espaço para um diálogo, transdiciplinar, como vocês me
ensinaram, como vocês meus professores e professoras me fizeram entender.
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A escolha de cada nome , na ordem de meus escritos, não será por valor, pois não
posso comparar aqueles que construiram comigo todo um conjunto de e saberes, adotarei a
ordem cronológica, então vou trazer o primeiro nome para mais uma vez me ajudar na
discussão de nossas considerações, minha professora Berenice Campelo, no ano de 1975 ,
me proporcionou a oportunidade de percorrer as ruas dos bairros do entorno da escola, com
um cartão perfurando, uma escala de poluição, avaliei duas indústria, avaliando a cor da
fumaça que saria pelas suas chaminés, se seguiram mais 8 panificadoras, uma delas ainda
presente no contexto de um deste bairros, aquele momento despertou a necessidade do
entendimento da ecologia, da educação ambiental, eu que até o ano anterior, só estava
ligado a estudar a fontossíntese, passei a ver a interação homem e sociedade, as indústrias e
o todas as atividades humanas, e quem diriam que 37 anos após esta dose de ecologia, eu
poderia vivenciar uma experiência de entendimento de um setor, o setor supermercadista e
de tantas indústrias que estão inseridas neste contexto, ao observas as chaminés, talvez
tenha se revelado o meu desejo de investigar as atividades de uma forma mais intensa.
Trouxe comigo o fragmento deste tempo, ao adentrar nos Mestrado a minha visão
era muito deterministica, dos anos como profissional na área de administração, estava
muito mais envolvido nas questões do “verde”, como marketing do que como “ a vida
humana no planeta terra”, a jornada se inciara com o Professor Luis Márcio Assunção, os
estudos sobre como as sociedades se arruman, as diversas influências.
Quando começamos os estudos de Educação ambiental, com a Professora Andréa
Karla, ai se consolidava de vez por todos os textos e atividades trazidas, praticando a
interdisciplinaridade, ela traz Bertalanfy e Capra, uma inter-relação onde de fato a
fundamentação da teoria sistêmica, se faz ampla e determinante, até então havia trabalhado
como Adminstrador de formação com os conceitos propostos na teoria sistêmica, mas a
disciplina faz o exercício prático de nos dizer que se não for sistêmico, não será
sustentável, é prova que as disciplinas que se isolaram, não trouxeram a contribuição para
os trabalhos.
Fritof Capra (2006), em sua contribuição para o pensamento sistêmico “vê o todo
como indisssociável; o estudo das parte não permite conhecer o funciomanento do
organísmo”, revela a necessidade de relacionamentos, da integração, ai começa a formigar
o sentimento que nortearia minha pesquisa, a definição passa pelo pente fino do Profer
Múcio Banja, com sua visão sistêmica, desde o primeiro momento ainda no processo
seletivo, busquei a orientação por sua visão ampla, o biólogo, com uma visão da vida
96
empresarial que me chama a atenção; chegamos na definição dos objetivos que revelou de
uma forma mais clara a pesquisa e que contribuição queria dar:
i. Qualificar o volume de Resíduos sólidos e orgânicos produzidos pelas redes
de supermercados investigadas.
ii. Quantificar o volume de resíduos sólidos e orgânicos produzidos pelas redes
de supermercados investigadas.
iii. Investigar o destino dado aos resíduos sólidos produzidos pelos
supermercados estudados na própria loja.
Ficou evidente o caráter objetivo de entender um grande aspecto do segmento que
estava sendo estudado, o segmento de supermerdados locais, sua interação , de forma
direta, a participação do setor, o que é feito , o que poderia ser entendido dos motivos e
este entendimento nos levaria a perceber algo, este momento que se seguiram a muitos
outros, delineava a marca de um trabalho que iria entender práticas, para só então delinear
sugestões, a discussão em educação ambiental, na disciplina , assim como em todos os
momentos do mestrado, foi crescendo o foco em educação ambiental, que na verdade ser
sustentável é um imenso conjunto de fatores, o que vamos fazendo ao longo de toda a
trajetória é aprendermos a viver e conviver melhor com o meio ambiente, assim acredito,
inspirado por todas as orientações de meus professores , mestres e mentores, que para esta
conversa, baseado na pesquisa e no contexto que vivemos, precisamos enxergar como
contribuir. Neste desejo, iniciei no primeiro dia de aula, no primeiro dia de convivência,
fui descobrindo que a pesquisa não era minha, mas ela vem se desenvolvendo a muitas
décadas, a cada texto, a cada evolução, tomava a consciencia que não iria mudar um setor,
nem entender o seu todo, mas a parte que mais pode contribuir para um mundo melhor;
logo descobri que deveria caminhar para saber o que pode ser mudando, naquele pedaço de
atividade economica e social.
Os dados e sua interpretação vieram de anos de vivência que tive dentro de grandes
indústria, passei 20 anos convivendo dentro de supermerdados, fechando negócios,
assinando contratos, fazendo os primeiros acordos de logística reversa, em industrias como
COLGATE , KOLYNOS E FABER-CASTELL. Agora quando pude conviver dentro deste
segmento como outra perspectiva,levei comigo saberes de diversos mentores, desta forma
a vivência que me revelou um outro lado, cada pesquisa vai revelando a necessidade de
aprendizado, o tanto que foi discutido de educação ambiental, nos torna promotores desta
necesidade, no entanto como revelaram os dados, não há na figura do empreeendedor deste
97
segmento, que ao mesmo tempo gera emprego, movimento mercadorias, gerando tributos
ao estado, a postura delineada em atos, em ações gerenciais, para as atividades de educação
ambiental, a amostra de 10 supermercados, sublinha um setor, que se destaca pela
permanente luta para sobreviver ao gigantismo do segmento, como fora pontuado no
transcorrer de toda constextualização, tendo o Wal-Mart como a maior empresa do Mundo
em faturamento. O empreendedor deste segmento, pode ter uma grande importancia
contábil, mas ainda não pratica o que ser pretende em termos de sustentabilidade, no
entanto, podemos destacar como consequencia deste trabalho um conjunto de
possibilidades, ao mesmo tempo que produzem uma quantidade de resíduos considerável,
se inserem dentro de contextos urbanos e podem fazer uso de práticas de gestão ambiental
para gerar economia e ampliar relacionamentos com seu entorno, afinal uma das
nomeclaturas que este pequeno estabelecimento, classificado pela ABRAS, como pequenas
redes locais ou lojas independentes recebe é: lojas de conveniência ou de vizinhança, na
minha percepção uma grande oportunidade para projetos de educação ambiental, uma porta
aberta, onde muitas pessoas, de uma forma ou de outra trafegam, dentro de seus bairros.
O relato dos dados quantitativos, foram descritos na análise destes elementos, mas
há muito mais que podemos aproveitar, abre-se uma grande oportunidade em termos de -
parceira público-privada, principalente para as Prefeituras, se acreditam que este canal, tem
uma força imensa para disseminar práticas sustentáveis, particularmente com relação ao
correto descarta de resíduos sólidos, com ênfase para vidros, plásticos e metal. Pois os
dados coletados e avaliados apresentaram uma grande oportunidade para criar uma cadeia
de relacionamentos, que pode gerar negócios fundamentados em desenvolvimento
sustentável, contribuindo para o Plano nacional de Resíduos sólidos, no que tange a
destinação de resíduos.
AS CONCLUSÕES E O ENTENDIMENTO DOS OBJETIVOS TRAÇADOS
No período que estivemos, dentro das atividades, houve a atenção concentrada no
foco de nossa pesquisa, no entanto, perceber as pessoas, seu ambiente de trabalho, suas
adversidades, foi necessário e digo fundamental para entender como os comportamentos se
moldam, mesmo que este não fosse um item direto de nossa análise, pudemos ainda mais
compreender ambientes que trabalham com limite de recursos e de pessoas, com um
volume de atividades muito grande, mas nem por isso deixamos de ter a atenção e
98
principalmente o desejo em aprender sobre sustentabilidade e particularmente gestão de
resíduos, no entanto não era parte de nossos objetivos, partilhar conhecimentos, mas
investigar a situação atual e após este período, temos destacado nestas conclusões de fatos
os objetivos que nortearam nossa pesquisa.
A primeira parte de nossa analise, durante a pesquisa, era qualificar o volume de
Resíduos sólidos que os supermercados pesquisados produziam, e isto, nos trouxe para a
primeira grande experiência prática, a convivência, não nos corredores iluminados e com
ar-condicionado que as lojas proporcionam, um ambiente colorido e que promove o bem
estar e a permanência, para gerar compras, convivemos com os fundos das lojas, o local
das operações, a doca de recebimento e saída de mercadorias, onde de uma forma geral,
não há muito luxo, mas de fato muito lixo, alguns com um grau de cuidado e dedicação
maior que o outro, mas de uma forma geral, um local de odores fortes, pela movimentação
de mercadorias, principalmente produtos estragados e resíduos das operações de limpeza
dos utensílios destes estabelecimentos, mas nosso foco, devia ser sempre lembrado,
medimos, pesamos e quantificamos o volume de resíduos sólidos por 30 dias em cada
estabelecimento, um objetivo que foi coberto, pudemos ver os tipos de resíduos produzidos
e os dados são relevantes destacando os principais itens deste nossa pesquisa, como visto
na análise dos itens, foi percebido que o vidro ocupa uma pequena participação dos itens
que são descartados na operação dos supermercados, este item, o vidro é um elemento de
descarte doméstico, que merece atenção em um estudo avançado da questão dos resíduos
sólidos descartados pelos domicílios, pelos usuários finais, os consumidores. Dentro desta
análise o papelão é o grande elemento junto com o plástico, pois compõem as embalagens
de transporte de todos os produtos comercializados.
O Segundo objetivo, após conhecermos a estratificação dos itens produzidos na
operação diária dos supermercados, seria a quantificação, sendo assim, um trabalho
cuidadoso de separar e pesar os resíduos fez parte de nossa rotina durante a pesquisa, na
verdade á medida que qualificamos já começamos o trabalho de quantificação dos
resíduos, tanto os orgânicos quanto os inorgânicos, esta fase se caracterizou um grande
desafio, era a fase mais operacional de nosso trabalho, afinal, o tratamento dado por alguns
locais pesquisados, como foi observado na pesquisa que 90% dos pesquisados faziam
apenas a separação dos resíduos sólidos dos orgânicos, isto criou uma imensa dificuldade
para o processo de separação que era preciso ser feito, para qualificar os resíduos, afinal de
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contas, não poderíamos quantificar de forma adequada se não tivéssemos a separação feita.
Para atingir este objetivo traçado, tivemos que superar as dificuldade que o setor apresenta
e uma característica que também seria descoberta no transcorrer da pesquisa, quanto ao
ambiente de trabalho, onde ocorre o recebimento de mercadoria e o descarte de resíduos,
os mesmos apresentam poucas condições de trabalho saudável, o odor forte de produtos
estragados é uma constante, o que não conseguimos perceber enquanto usuários dos
supermercados, mas experimente, ao passar por um supermercado procurar o local de
descarte, mesmo quem trafegar pela parte de fora, irá perceber que este ambiente é bastante
diferente do que encontramos no interior das lojas, e isto não diz respeito apenas, das
pequenas e médias lojas, que foram nosso foco da pesquisa, mas também as grandes lojas
de grandes redes, como Wal-Mart, Carrefour e CBD.
O terceiro objetivo traçado era Investigar o destino dado aos resíduos sólidos
produzidos pelos supermercados, esta análise nos fez além dos próprios dados, foram
revelados os dados, que tivemos oportunidade de avaliar e estão tabulados nos Resultados
e Discussão, números que indicam problemas, mas ao mesmo tempo apontam
oportunidades, práticas que podem ser desenvolvidas, sobre o que estamos querendo agora
pontuar, as pessoas, que formam estes estabelecimentos estudados, entendem a
importância da correta destinação, do uso correto de recursos, de uma forma geral, os
dados não revelam esta preocupação, quando observamos que 50% dos supermercados
destinam seus resíduos sólidos para a coleta pública municipal e 20% para locais
desconhecidos, o primeiro dado mostra uma boa oportunidade para catadores e
cooperativas que têm o resíduo sólido, como sua matéria prima, os dados também
revelaram que 30% é retirado por catadores, mas não há nenhuma atividade organizada
para isto, os catadores apenas chegam e recolhem, sem definição de critérios, na verdade
quem chegar primeiro leva, o que ocasiona uma grande desorganização na área de
descarte.
Após observamos os 3 objetivos específicos de nossa pesquisa, foi possível avaliar
o setor como um todo, os problemas atuais quanto à Gestão de Resíduos Sólidos em
Supermercados Independentes na Região Metropolitana do Recife, através dos dados sobre
esta Gestão ou a falta dela, mas também foi possível perceber oportunidades, diante das
ameaças, dos problemas derivados dos resíduos sólidos, em todo o território nacional,
afinal de contas o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, surgiu a mais de 10 anos, para
nortear as ações públicas e privadas no sentido de equacionar os problemas que existem,
100
como lixões, vazadouros a céu aberto, poluição de afluentes, etc. Nossa leitura, orientada
pelos objetivos destacados, nos possibilitou entender um pouco mais, tanto as ameaças
como as oportunidades, este setor pode contribuir com operações mais limpas:
qualificando os seus volumes de resíduos, quantificando os mesmos e promovendo
políticas mais adequadas de destinação, desta forma, a iniciativa privada, passa a ter um
papel importante no cumprimento de políticas públicas, neste caso do PNRS. Nossa
pesquisa contribui, compreendendo melhor o setor e sugerindo um processo de avaliação
continua que faça parte da dinâmica destes supermercados, não como uma fórmula, mas
como promotores da discussão que leva a melhoria continua, cada indicador que
estudamos, pode e deve ser adotado como medida de melhoria, através do NGA, propomos
a implantação do SELO SUPERMERCADO SUSTENTÁVEL, para medir ações que
gerem impactos positivos no trato dos resíduos sólidos que foram estudados neste setor.
Ao chegar a este momento da jornada, desenvolvida durante todo mestrado,
particularmente durante o desenvolvimento da pesquisa, podemos perceber o quanto temos
para caminhar, em muitos aspectos, mas falando particularmente de nossa capacidade de
promover uma sociedade mais adequada a todas as mudanças que nos são impostas e as
que nós mesmos nos impusemos. Vivemos durante a pesquisa um contato direto, com a
realidade, que costumamos chamar de “mercado”, onde as empresas operacionalizam a
economia capitalista, de consumo, de volumes, de descarte, de lucro, de geração de
empregos, são inúmeros os fatores que se desdobram das ações das empresas, neste
chamado mercado, no entanto, estar neste momento das operações de um segmento, como
o setor supermercadista, foi importante tanto para levantar os dados que trouxeram
respostas quantitativas para nossa dissertação, mas, foi imensamente importante para
entender que as empresas têm papéis muito importantes, na conjuntura econômica em que
vivemos.
O setor supermercadista foi destacado, em tamanho e importância, por geração de
receita e com isto de tributos, para o Estado, assim como na geração de empregos, direta e
indiretamente, afinal as empresas que produzem a mais variada gama de produtos, não
conseguiriam sobreviver, sem a presença deste modelo, o supermercado, como também
vimos, chamado de autosserviço, que é a grande vitrine de exposição de milhares de itens,
ou sku (stocking units), as unidades de venda, desde legumes, passando, por cereais,
carnes, leite, cereais, produtos de higiene e limpeza, entre outras categorias, este canal é o
maior meio de distribuição pra todos estes produtos. O setor também tem uma grande
101
importância, para nós, consumidores, pois representam o canal de compra que mais atende
ás necessidades diárias das pessoas, de uma forma ampla, podemos perceber a presença de
um ou mais, estabelecimentos deste, em nossas vidas, seja na compra do final do mês, ou
nas reposições do dia-a-dia, enfim entender um pouco desta dinâmica, reforçou em nossa
visão, enquanto pesquisador, um olhar mais concentrado para o setor de autosserviço,
destaco que estivemos apenas no formato de supermercado, mas a economia mundial
possui diversos outros setores, que ser posicionam como autosserviço e também estão
inseridos no contexto diário da vida de milhões de pessoas, no mundo inteiro, trazendo
todas as relações que tratamos e particularmente destacando, operando e transferindo uma
enorme quantidade de resíduos sólidos, que passam por processos e são descartados e
como no setor supermercadista transferido para as residências dos compradores, na forma
de embalagens, tais embalagens, normalmente de contenção dos produtos não foi motivo
de estudo de nosso mestrado, mas merece uma atenção muito particular em um
desdobramento.
Foi imensamente curioso, ao final, da concepção do referencial teórico, havíamos
percebido, ou melhor, reafirmado a importância e emergência, das questões ambientais,
destacando a educação ambiental, a correta destinação dos resíduos, o entendimento de
como a educação ambiental pode contribuir para que esta destinação melhore cada vez
mais.
Um aspecto sobre o varejo é a presença de pessoas, que se movimentam e se
relacionam para poderem ter acesso aos produtos, o supermercado é um bom exemplo
disto, esta atividade gera diversos relacionamentos, as pessoas são cercadas de cores, de
luzes, de formas e de pessoas, isto se acentua nos supermercados menores, que recebem o
nome de loja de vizinhança, onde as pessoas, normalmente são residentes do entorno.
Como nos shoppings centers que se dedicam a criar diversos ambientes, onde as pessoas
possam permanecer o maior tempo possível e gerem o maior consumo possível, criam
diferentes locais de convivência, o autosserviço também se utiliza da formação de um
espaço que crie atrações para as pessoas, com objetivos de gerar mais consumo, mais
negócios, geram consumo e colocam em movimento atitudes, hábitos de consumo, muitas
vezes motivadas por campanhas de grandes marcas, não esteve dentro das competências de
nossa pesquisa, analisar esta formação de consumo, no entanto é um fato, que a
composição do ambiente das lojas de supermercados, também podem, além de informar
promoções de marcas, intervir como ambientes de orientação de boas práticas de Educação
102
Ambiental e Sustentabilidade, práticas de higiene doméstica, não apenas pelas “possíveis”
virtudes de um novo detergente desengordurante, mas também da capacidade, talvez, deste
mesmo produto de ser completamente biodegradável, por fazer parte de uma empresa que
investe sistematicamente para atividades ambientais.
Durante a realização da pesquisa, pudemos perceber que o segmento
supermercadista, pode ser um ambiente de promoção de educação ambiental, sobretudo no
que diz respeito a campanhas educativas quanto ao correto descarte de resíduos sólidos,
assim também como outros fatores que levam a uma vida mais sustentável.
Há um longo caminho para ampliar a consciência social, quanto ao que devemos
fazer para ter um mundo melhor, a frase comum que todos nós devemos fazer nossa parte,
precisa dar lugar a um entendimento mais claro, sobre o que devemos fazer, como
sabemos, educar requer tempo, consistência e meios para que ela ocorra. O supermercado
pode ser um local que facilite campanhas de conscientização e aprendizado, como ocorre
nas campanhas promocionais e de marketing, que muitas empresas e o próprio
estabelecimento faz, com o objetivo que as pessoas comprem mais determinados produtos
e gerando maior volume de vendas, estes estabelecimentos podem vender ideias, promover
comportamentos, afinal é uma prática diária dos supermercados, na melhor das hipóteses,
informar ao cliente, direcionar, para marcas, podendo, a partir desta perspectiva, servir
como promotor de práticas, técnicas e comportamentos diários sobre Educação Ambiental,
desta avaliação surgiu a ideia do selo VAREJO SUSTENTÁVEL, que propusemos para
dar continuidade deste olhar que tivemos sobre 10 aspectos ligados à gestão do Resíduo
Sólido, mas agora, não com caráter investigativo, como uma prática de melhoria contínua,
desta forma retornar aos supermercados e propor um mecanismo de aferição da gestão
voltada para a sustentabilidade.
Agradecer aos que se dispuseram a conversar, que nos deixaram entrar em seus
estabelecimentos, principalmente no ano de 2014, quando tantos destes segmentos estavam
sendo altuados por problemas de refrigeração e conservação de alimentos, destaco a
sobriedade e o profissionalismo, destes 10 estabelecimentos que abrirem suas portas nos
disponibilizando tempo, informações e acesso a áreas muitas vezes críticas, cheias de
problemas e oportunidades e foi esta palavra oportunidade, no caso de melhoria de
processos, de entendimento de partilhamento que convenceu estes empreendedores a
parciparem da pesquisa, agora, agradeço não apenas com palavras, mas após me debruçar
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dois anos dentro do mestrado da UPE concentrado no projeto de Gestão para o
Desenvolvimento Local Sustentável, que elenco algumas sugestões de contribuições que
serão levadas a estes estabelecimentos no sentido de incentivar e desenvolver práticas
sustentáveis.
A primeira sugestão deste trabalho é a criação de um GUIA ANUAL DE
MEDIÇÃO DA SUSTENTABILIDADE para o varejo alimentar, tomando como base um
conjunto de indicadores que são calculados anualmente, com apoio da Universidade de São
Paulo e publicado pela revista EXAME, intitulado “ GUIA EXAME DE
SUSTENTABILIDADE” que destaca as 61 empresas mais sustentáveis do Brasil, nossa
idéia é uma união de duas instituições uma pública a UPE-FCAP o Mestrado GDLS com
apois do NGA ( Núcleo de Gestão Ambiental) e o NIPE ( Núcleo de Inovação e Projetos
Empreendedores), desenvolver e aplicar anualmente uma pesquisa chamada: PRÊMIO
VAREJO SUSTENTÁVEL de reconhecimento ambiental, um selo, que avaliará quatro
categorias :
1 – DIMENSÃO GERAL DA SUSTENTABILDADE – como estas empresas estão
desenvolvendo práticas gerais de sustentabilidade.
2 – DIMENSÃO AMBIENTAL – especificamente como cada empresa vem
aplicando práticas que estão promovendo ações ambientais.
3 – DIMENSÃO SOCIAL – o que a empresa vem fazendo em termos sociais .
4 – DIMENSÃO ECONÔMICA – também é importante saber como a empresa vem
criando condições para crescer,mas de forma sustentável.
O mais importante é que a ideia do PRÊMIO VAREJO SUSTENTÁVEL é gerar
sinergia de idéias e projetos, conhecimentos que sejam partilhados para a melhoria
continua, criar um canal de experiências entre as organizações fomentadoras e as empresas
inscritas para a a seleção, onde o verdadeiro prêmio será a promoção do desenvolvimento
sustentável.
Para isto, se formará um grupo multidisciplinar, composto por profissionais de
áreas diferentes, que anualmente julgaram este trabalho e publicarão o guia, meu objetivos
é convidar incialmente os membros desta banca, para comporem este projeto.
Para coletarmos informações, as empesas se inscreverão via site, apresentando suas
práticas de sustentabilidade, os membros irão conferir uma nota para cada item que
comporá, desta forma teremos sempre ganhadores por categoria, cujas idéias serão
104
partilhadas ao final no GUIA DO ANO, podendo ser replicadas para todos os
estabelecimenos.
Além de criar uma sinergia de conhecimentos, para auxiliar na implementação de
práticas sustentáveis, tambem será conferindo um selo para as 10 empresas mais
sustentáveis, que na verdade apresentaram alterações , praticas e ações que ajudam a
difundir sustentabilidade e auxiliar no nosso grande desafio da Gestão para o
Desenvolvimento Local Sustentável, particularmente naquilo que se destinou este
trabalho, investigar os aspectos do resíduo sólido, mas também ampliando sua avaliação
para o correto uso de nosso excasso bem “a água”, avaliarmos também práticas
comunitárias e ambientais que estes estabelecimenos praticam na cidade do Recife e sua
Região Metroplotitana, quem sabe até no Estado de Permambuco, em nosso Região e no
Brasil.
Há muito conhecimento sendo produzido no ambiente acadêmico, que podem ser
repassados para as empresas, utilizarem e de fato desenvolverem práticas para o real
desenvolvimento local sustentável, acredito que possamos contribuir para isto com este
GUIA ANUAL DE MEDIÇÃO DA SUSTENTABILIDADE.
Aproveitar o acesso , o que foi feito nesta pesquisa e continuar com os
supermercados uma pesquisa anual que possa orientar e incentivar os supermercados a
implantarem práticas sustentáveis, inovadores e eco-empreendedoras.
105
Figura 5: Modelo ilustrativo para o Selo Supermercado Sustentável do ano.
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