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303 FLEBOTOMÍNEOS (DÍPTERA: PSYCHODIDAE) DE UMA FLORESTA PRIMÁRIA DE TERRA FIRME DA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE SILVICULTURA TROPICAL, ESTADO DO AMAZONAS, BRASIL. Artur Gomes DIAS-LIMA 1 , Eloy G. CASTÉLLON 2 ; Ítalo SHERLOCK 1 RESUMO - Estudos sobre o levantamento da fauna de flebótomos foram realizados numa floresta primária de terra firme da Estação Experimental de Silvicultura Tropical (EEST) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), durante os meses de outubro de 1998 a março de 1999. Utilizando-se de armadilhas luminosas CDC colocadas a 1m, 10m e 20 metros de altura do solo, foram coletados 7.409 flebótomos, pertencentes a dois gêneros, Lutzomyia (99,98 %) e Brumptomyia (0,02%), abrangendo 39 espécies. Dentro do gênero Lutzomyia, os subgêneros mais representados foram Nyssomyia, com 39,43%, e Psychodopygus com 22,68%. O número de flebotomíneos coletados foi crescente, a partir do início da estação chuvosa. Palavras-chave: flebotomíneos, leishmaniose, Amazônia. Sandflies (Diptera: Psychodidae) in a primary non-flooded forest of Experimental Station of Tropical Forestation, Amazonas State, Brazil. ABSTRACT - Studies about sand flies fauna were carried out in a non-flooded primary forest at the Experimental Station of Tropical Forest – National Institute of Amazon Research, be- tween October 1998 and March 1999. CDC light traps were placed at 1m, 10m and 20 meters above ground level. 7.409 phlebotomines were collected, belonging to the genera, Lutzomyia (99,98%) and Brumptomyia (0,02%), represented by 39 species. In the genus Lutzomyia, the more frequent subgenus was Nyssomyia, with 39,43%, followed by Psychodopygus with 22,68%. The number of sandflies collected was increased, from the beginning of the rainy station. Key-words: sandflies, leishmaniasis, Amazon. INTRODUÇÃO A continuidade dos levantamentos padronizados de flebótomos nas diversas regiões e ecossistemas da Amazônia é importante sob vários aspectos, não só para a entomologia médica, como por exemplo, a descoberta de novas leishmanias neotropicais, como também indicar áreas de conservação biológica. Além disso, a análise da diversidade 1 Laboratório de Parasitologia / Entomologia, Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz. Rua Waldemar Falcão, 121, Brotas, Salvador, BA, 40295-001, Brasil. 2 Coordenação de Pesquisas em Ciências da Saúde, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Av. André Araújo, 2936, Petrópolis, Manaus, AM 69011-970, Brasil. Fontes financiadoras: Coordenação do Curso de Pós-graduação – CCPG do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. das faunas de flebótomos pode indicar não somente regiões ecologicamente distintas, como também servir como base para detectar futuras mudanças a locais sujeitos a impactos ambientais, identificando áreas para conservação biológica (Barrett et al., 1991; 1996). A região Amazônica apresenta uma alta riqueza de espécies de flebótomos e altos índices de diversidade de ecótopos naturais na floresta de terra firme. Apesar disso, os estudos ACTA AMAZONICA 33(2): 303-316

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303Flebotpmíneos (diptera: psychodidae) de...

FLEBOTOMÍNEOS (DÍPTERA: PSYCHODIDAE) DE UMAFLORESTA PRIMÁRIA DE TERRA FIRME DA ESTAÇÃO

EXPERIMENTAL DE SILVICULTURA TROPICAL, ESTADO DOAMAZONAS, BRASIL.

Artur Gomes DIAS-LIMA1 , Eloy G. CASTÉLLON2; Ítalo SHERLOCK1

RESUMO - Estudos sobre o levantamento da fauna de flebótomos foram realizados numa florestaprimária de terra firme da Estação Experimental de Silvicultura Tropical (EEST) do InstitutoNacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), durante os meses de outubro de 1998 a março de1999. Utilizando-se de armadilhas luminosas CDC colocadas a 1m, 10m e 20 metros de altura dosolo, foram coletados 7.409 flebótomos, pertencentes a dois gêneros, Lutzomyia (99,98 %) eBrumptomyia (0,02%), abrangendo 39 espécies. Dentro do gênero Lutzomyia, os subgêneros maisrepresentados foram Nyssomyia, com 39,43%, e Psychodopygus com 22,68%. O número deflebotomíneos coletados foi crescente, a partir do início da estação chuvosa.Palavras-chave: flebotomíneos, leishmaniose, Amazônia.

Sandflies (Diptera: Psychodidae) in a primary non-flooded forest ofExperimental Station of Tropical Forestation, Amazonas State,

Brazil.

ABSTRACT - Studies about sand flies fauna were carried out in a non-flooded primary forestat the Experimental Station of Tropical Forest – National Institute of Amazon Research, be-tween October 1998 and March 1999. CDC light traps were placed at 1m, 10m and 20 metersabove ground level. 7.409 phlebotomines were collected, belonging to the genera, Lutzomyia(99,98%) and Brumptomyia (0,02%), represented by 39 species. In the genus Lutzomyia, themore frequent subgenus was Nyssomyia, with 39,43%, followed by Psychodopygus with 22,68%.The number of sandflies collected was increased, from the beginning of the rainy station.Key-words: sandflies, leishmaniasis, Amazon.

INTRODUÇÃO

A continuidade dos levantamentospadronizados de flebótomos nas diversasregiões e ecossistemas da Amazônia éimportante sob vários aspectos, não só para aentomologia médica, como por exemplo, adescoberta de novas leishmanias neotropicais,como também indicar áreas de conservaçãobiológica. Além disso, a análise da diversidade

1Laboratório de Parasitologia / Entomologia, Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz. RuaWaldemar Falcão, 121, Brotas, Salvador, BA, 40295-001, Brasil.

2Coordenação de Pesquisas em Ciências da Saúde, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Av. AndréAraújo, 2936, Petrópolis, Manaus, AM 69011-970, Brasil.

Fontes financiadoras: Coordenação do Curso de Pós-graduação – CCPG do Instituto Nacional de Pesquisasda Amazônia – INPA e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES.

das faunas de flebótomos pode indicar nãosomente regiões ecologicamente distintas, comotambém servir como base para detectar futurasmudanças a locais sujeitos a impactosambientais, identificando áreas paraconservação biológica (Barrett et al., 1991;1996).

A região Amazônica apresenta uma altariqueza de espécies de flebótomos e altosíndices de diversidade de ecótopos naturais nafloresta de terra firme. Apesar disso, os estudos

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com enfoque ecológico das espécies deflebótomos amazônicas, são limitadas aosvetores de leishmanias, e mesmo para estes, sãorelativamente raros (Pessoa, 2000).

Segundo Lainson & Shaw (1979) oconhecimento das flutuações das populaçõesdos flebótomos, permite orientar para que seevite freqüentar os seus habitats,principalmente durante os períodos do ano emque são mais abundantes, possibilitando assimo controle da transmissão para o homem.

Para a aplicação de medidas corretas decontrole da endemia é imperativa a realizaçãode observações sobre a bionomia e a ecologiadas espécies de flebótomos, tais como avariação na atividade estacional e horária,correlacionando-as com dados climáticos e comas fases lunares, a variação da distribuição hori-zontal e vertical, antropofilia e infecção natu-ral e experimental por leishmanias (Sherlock etal., 1996).

Estudos detalhados da dinâmica detransmissão, fatores de risco em populaçõeshumanas expostas, correlação de variáveisbióticas e abióticas com incidência e prevalênciade infecção e a evolução de efeitos de alteraçõesambientais, são extremamente necessárias paraa adoção de medidas práticas a fim de reduzira exposição do homem aos vetores (Barrett,1993).

Apesar do número considerável deespécies de flebótomos no Continenteamericano, apenas uma pequena percentagemdessas são suspeitas e/ou comprovadas vetorasde leishmanioses. Existem muitas evidênciasque algumas espécies de leishmanias podem sertransmitidas somente por certas espécies deflebótomos, pela íntima associação entrelipofosfoglicanos (LPGs) do parasito ereceptores de membrana dos vetores (Pimentaet al., 1994).

A Leishmaniose Tegumentar Americana(LTA) no Município de Manaus, Estado doAmazonas, tem acompanhado as ocupaçõespopulacionais na periferia da cidade e ao longode duas estradas (BR 174 Manaus - PresidenteFigueiredo e AM 010 Manaus-Itaquatiara) ondetem ocorrido freqüentes assentamentos deprojetos agrícolas e habitacionais, além deoutras atividades humanas. A maior prevalênciada doença acontece no período de novembro àabril, período com maiores índices

pluviométricos na região, e quando há aumentona população e atividade dos vetorestransmissores (Guerra et al., 2001).

O objetivo principal deste trabalho foirealizar um levantamento da fauna de flebótomos vetores de leishmanias, em uma florestaprimária de terra firme preservada de uma áreaendêmica de LTA e acompanhar a freqüênciade distribuição mensal desses dípteros durantea estação chuvosa, período de maior incidênciade casos de leishmanioses.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado na Estação Ex-perimental de Silvicultura Tropical (EEST) doInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia– INPA, localizada ao norte de Manaus, no Km45 da Rodovia BR 174 que liga Manaus à BoaVista, entre as coordenadas geográficas 2o 47’05”S; 60o 11’ 51” W (Figura 1).

Este local foi escolhido por ser uma áreaendêmica para LTA (Figuras 2 e 3) cominúmeros casos registrados anualmente naFundação de Medicina Tropical do Amazonas- FMTAM (dados não publicados). Alémdisso, outros critérios utilizados foram alocalização próximo à Manaus, pela suacomposição vegetal, com presença de florestade terra firme preservada, pela sua composiçãofaunística e pela epidemiologia da doençaser pouco conhecida ao longo da rodovia BR174.

O clima da região, segundo a classificaçãode Köppen, é do tipo Am, que caracteriza azona tropical úmida. A temperatura médiaanual é de 27,6 oC, a precipitação anual éde 2478 mm e a umidade relativa do ar é de85 a 95%. A estação seca ocorre entre junho enovembro. Predomina na região o latossoloamarelo textura pesada a muito pesada,com sedimentos da formação Alter do Chãodo Cretáceo superior, consistindo de arenitoscaulínicos, argilitos, grauvacas e brechasintraformacionais. O relevo é onduladocom presença de platôs com extensão de 500à 1000 metros (Freitas & Higuchi, 1993).

A área é coberta por floresta tropicalúmida densa de terra firme, típica da parte cen-tral da região amazônica. O estrato superiordesta floresta é composto de árvores que

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Figura 1: Mapa da Amazônia Central Brasileira, mostrando a localização da Estação de SilviculturaTropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Amazonas, Brasil.

Figura 2 - Lesão de Leishmaniose Tegumentar Americana autóctone da rodovia BR-174 – AM,no braço de um paciente, registrado no Instituto de Medicina Tropical do Amazonas, no ano de1998.

variam de tamanho e que alcançam até 40metros de altura, onde predominam três famíliasbotânicas: Lecythidaceae, Leguminoceae eSapotaceae. Dentre as árvores, presentes naárea de estudos, de grande porte e com raízestabulares ou troncos com cascas, destacam-se:“Angelim-pedra” Dinizia excelsa (Ducke),Maçaranduba Manilkara huberi (Ducke)

Standl, e Castanha – de - macaco Carinianamicrantha Ducke.

O material biológico foi coletado noperíodo de seis meses, de outubro (menor re-gime hídrico) de 1998 à março (maior regimehídrico) de 1999, em excursões mensais queduraram cinco dias (quatro noites), durante afase de lua nova, no período indicado.

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Em uma área de floresta primária deterra firme (Figura 4) de aproximadamente 1hectare, foi realizada a coleta dos flebótomos,utilizando-se de 18 armadilhas luminosas CDC“miniatura” (Hausher’s Machine Works ®,New Jersey, EUA), sendo colocadasseis armadilhas a 1, 10 e 20 m de altura dosolo. As armadilhas foram colocadas durantequatro noites consecutivas por mês, nocrepúsculo, entre 17:00 e 6:00 horas do diaseguinte.

Inicialmente foi demarcada no platô uma

trilha principal de 100m de comprimento. Noinício e no final da trilha principal foramdelineados dois transectos paralelos, no sentidoSE-NO, com comprimento de 50m para direitae para esquerda (trilhas A,B,C e D) (Figura 5).No final destas trilhas, ou seja, nos transectosde 50m de ambos os lados e na trilha princi-pal, foram colocadas armadilhas à 1m, 10m e20m de altura.

Todas as espécies foram identificadas deacordo com a classificação de Young & Duncan(1994).

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Figura 3 - Lesão de Leishmaniose Tegumentar Americana em tratamento, na perna de umfuncionário da Estação Experimental de Silvicultura Tropical – INPA.

Figura 4 - Corte seccional transversal, demonstrando as características do relevo da área deestudo.

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RESULTADOS

Foram coletados um total de 7.409flebótomos de 39 espécies diferentes, agrupadasem dois gêneros, Brumptomyia, com 0,02% eLutzomyia, com 99,98% (Tabela 1). Do gêneroLutzomyia, foram coletadas espéciespertencentes a 11 subgêneros e 6 grupos.

O maior número de flebótomos coletadasestá presente no subgênero Nyssomyia, com39,43%, onde as espécies L. umbratilis e L.anduzei, contribuíram com 18,82 e 14,18%respectivamente, ou seja, juntas somaram 33%dos indivíduos coletados.

Outros subgêneros bem representadosforam Psychodopygus com 22,68% eTrichopygomyia com 10,69%. A presença daespécie L. trichopyga, com 10,47% do total dosflebótomos coletados, favoreceu arepresentatividade do subgênero Trichopy-gomyia. Dessa mesma forma, L. rorotaensiscom 7,35% foi bem representativa no grupoOswaldoi e L. infraspinosa (5,34%) nosubgênero Evandromyia.

As espécies menos representativas fo-ram as do gênero Brumptomyia, B. bragai e B.sp., do grupo migonei, L. pacae, do grupoverrucarum, L. sp., do grupo pilosa, L. pilosa,do subgênero Psychodopygus L. bispinosa, dosubgênero Micropygomyia, L. cayennensis efinalmente, do grupo aragaoi, L. inflata.

Das 39 espécies, foram coletadas fêmeasem maior número em relação aos machos (Tabela1), onde L. tuberculata, L. infraspinosa e L.rorotaensis, apresentaram as maiores diferençasentre machos e fêmeas coletadas. Nas espéciesrestantes, foi observada uma relação próximade 1 macho para cada fêmea coletada. Quantoa espécie L. umbratilis, a relação foi de duasfêmeas para cada macho coletado.

O ciclo de chuvas na Amazônia Centralbrasileira está dividido em duas estaçõesdistintas, sendo uma a estação chuvosa, que seinicia no mês de novembro e terminaaproximadamente no mês de abril. Quandocomeça a haver um declínio nos índicespluviométricos, inicia-se a estação seca, queabrange os meses de maio à outubro. Duranteo período da estação chuvosa, outros fatoresabióticos como temperatura (ºC) e umidaderelativa do ar (%), variam de forma peculiar,quando diminui a temperatura média e aumentaa umidade relativa, acontecendo o inverso du-rante a estação seca.

Quando comparamos uma frequência donúmero de casos acumulativos com adistribuição mensal dos flebótomos coletadosem nossa área de estudos (Figura 6), podemosobservar uma tendência ao aumento do númerode flebótomos concomitante ao aumento donúmero de casos, onde ambos ocorrem no inícioda estação chuvosa.

Figura 5 - Desenho experimental do local de coleta com armadilhas luminosas colocadas a 1, 10e 20 metros de altura, demonstrando a trilha principal e as trilhas secundárias A,B,C e D(transectos) com 50m.

S

N

T rilha B T rilha D

50m C D C 3

C D C 2

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50m

100m Trilha P rin cip al

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D istância T rilha A T rilha A C

100 m Trilha Principal

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Quanto a distribuição das quatroespécies do subgênero Nyssomyia (Figura 7)podemos observar uma certa similaridade nonúmero de flebótomos coletados das espéciesL. umbratilis e L. anduzei. Essas espécies fo-ram coletadas com frequência no mês deoutubro, e oscilaram nos meses subsequentes,sendo coletadas novamente com relativaabundância no mês de dezembro. A espécie L.olmeca nociva foi capturada com maiorfrequência em relação a L. flaviscutellata,apresentando um pico maior no mês dedezembro.

Dentre as espécies do subgêneroPsychodopygus (Figura 8), L. davisi foi aespécie mais abundante e L. geniculata a menosabundante. Quanto a frequência mensal, asespécies desse subgênero, oscilaram nos mesesde coleta, com picos no mês de dezembro. Asespécies L. amazonensis, L. squamiventrissquamiventris, L. ayrozai e L. paraensisapresentaram-se com maior frequência nosmeses de outubro e dezembro, sendo este ul-timo mês o de maior frequência. Quanto aespécie L. geniculata, apresentou-se de formadiferente das demais espécies do subgêneroPsychodopygus, aumentando a frequência de

indivíduos, a partir do mês de janeiro a março.Em relação a frequência mensal de outras

espécies coletadas com relativa frequência(Figura 9), L. trichopyga foi a mais abundantee L. dendrophyla a menos abundante. A espécieL. trichopyga apresentou dois picos marcantesde frequência, um menor no mês de outubro eum maior no mês de dezembro, diminuindoacentuadamente os indivíduos coletados apóseste mês. Manteve-se estável entre os mesesde janeiro a março, apesar de uma pequenaquantidade de indivíduos coletados.

As espécies L. rorotaensis e L.infraspinosa apresentaram uma quedaprogressiva na frequência de indivíduos, a partirdo mês de outubro, acentuando-se após o mêsde dezembro, e mantendo-se estáveis entre osmeses de fevereiro e março.

A espécie L. gomezi apesar de coletadaem pequeno número, revelou dois pequenospicos de frequência, um no mês outubro e outroem dezembro. As espécies L.tuberculata, L.furcata, L. shannoni e L. dendrophyla, apesarde terem sido coletadas em pequeno número,mostraram que estão distribuídas de uma formahomogênea ao longo dos meses de outubro amarço.

Figura 6 - Casos humanos mensais de Leishmaniose Tegumentar Americana - LTA - nosmunicípios de Manaus, Presidente Figueiredo (BR 174) e Itaquatiara (AM 010), durante o períodode 1985 à 1995, em relação a distribuição mensal dos flebotomíneos.

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Flebotomíneos

Casos acumulados

Fonte dos casos – FNS - AM

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Figura 8 - Frequência mensal das espécies do sub-gênero Psychodopygus, coletadas com armadilhasluminosas CDC na Estação Experimental de Silvicultura Tropical – INPA - AM, durante operíodo de outubro de 1998 a março de 1999.

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L. olmeca nociva

L. umbratilis

Figura 7 - Frequência mensal das espécies do sub-gênero Nyssomyia, coletadas com armadilhasluminosas CDC na Estação Experimental de Silvicultura Tropical – INPA - AM, durante operíodo de outubro de 1998 a março de 1999.

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DISCUSSÃO

Na região amazônica brasileira, estãoregistradas cerca de 157 espécies do gêneroLutzomyia, no qual estão incluídas as principaisespécies transmissoras de Leishmanioses naregião (Young & Duncan, 1994). Assim, das 41espécies de flebótomos coletadas na nossa áreade estudos, 29 delas (71%) picam o homem(com maior ou menor intensidade),principalmente dos subgêneros Nyssomyia ePsychodopygus, como demonstra o trabalho deYoung & Arias (1992).

Quando comparamos a fauna deflebótomos da área de estudos do presentetrabalho, com o trabalho realizado por Arias &Freitas (1982a), também em uma áreapreservada de floresta primária de terra firmeda Reserva Florestal Ducke - INPA, utilizandoarmadilhas luminosas CDC em diferentesalturas, encontramos 27 espécies em comum:L.amazonensis, L. anduzei, L. aragaoi, L.ayrozai, L. dendrophyla, L. dreisbachi, L.flaviscutellata, L. furcata, L. inpai, L. lutziana,L. migonei, L. monstruosa, L. olmeca nociva,L. pacae, L. paraensis, L. pilosa, L.rorotaensis, L. ruii, L. sericea, L. shannoni, L.squamiventris squamiventris, L. triacantha, L.trichopyga, L. trispinosa, L. tuberculata e L.umbratilis.

O Gênero Brumptomyia com 0,02%,

juntamente com as espécies do Grupo Aragaoi,foram pouco representativas em nossasamostras, pois são específicas de buracos detatus, e necessitam de tipos de armadilhasespecíficas para suas coletas (Young & Arias,1992). Resultados semelhantes foram obtidospor Arias & Freitas (1982 a) quando coletaramapenas 3 indivíduos de B. pintoi.

Outras espécies como L. inpai, L.lutziana, L. pacae, L. pilosa, L. triacantha, L.trispinosa e L. bispinosa, foram coletadas compouca frequência, semelhante ao trabalho deArias & Freitas (1982 a), que utilizaram osmesmos métodos de captura.

As espécies L. flaviscutellata e L olmecanociva, não foram coletadas na área de estudos,com tanta eficácia quanto as espécies L.umbratilis e L. anduzei, por não ser o métodode captura (armadilhas CDC) o mais utilizadopara as referidas espécies, que é através daarmadilha Disney.

Arias et al. (1987) demonstraram aimportância da espécie L. olmeca nociva,juntamente com L. flaviscutellata, como vetorasde L. amazonensis, demonstrando também apresença de casos humanos de leishmaniosecausados por L. amazonensis na região deManaus e na Rodovia BR 174. Apesar de existiruma capacidade de transmitir o parasito, L.olmeca nociva, juntamente com L. reducta,possuem um pequeno papel na ecologia e

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L. dendrophylaL. shannoni�����������L. furcata�����������L. tuberculataL. gomeziL. infraspinosaL. rorotaensisL. trichopyga

Figura 9 – Frequência mensal de espécies de flebotomíneos, coletadas com armadilhas luminosasCDC na Estação Experimental de Silvicultura Tropical – INPA - AM, durante o período deoutubro de 1998 a março de 1999.

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epidemiologia (Lainson & Shaw, 1999).Ready et al. (1983) citaram que L.

infraspinosa e L. pacae são fortementerodentofílicos; L. choti, L. trichopyga e L.aragaoi são comuns em buracos de tatus. L.anduzei, L. umbratilis, L. davisi, L. paraensis,L. ayrozai e L. squamiventris são antropófilase L. flaviscutellata é fortemente antropófíla.

As espécies L. ayrozai e L. davisi,recentemente foram envolvidas na transmissãode Leishmania naiffi Lainson & Shaw, 1989,agente responsável pela leishmaniose cutânea,na região do Amazonas e Pará (Lainson &Shaw, 1989).

No Equador, em área endêmica nafloresta primária e secundária, a maisimportante espécie antropofílica L. gomezi temsido considerada um suposto vetor deleishmaniose. Segundo Mendonza-León et al.(1997) as espécies Leishmania ( Viannia )colombiensis Kreutzer, Corredor, Grimaldi,Grol, Rowton, Young, Morales, McMahon-Pratt, Guzman & Tesh, 1991 e L. ( V )panamensis Lainson & Shaw, 1978, sãoveiculadas por L. gomezi. Ainda, segundoChristensen et al. (1983) no Panamá e Young& Rogers (1984) no Equador, a L. gomezi podetambém transmitir a L. braziliensis.

O principal vetor dentre os animaissilvestres para os humanos é a espécie L.umbratilis, com infecções relativamente poucofrequentes encontradas em L. anduzei (Lainson& Shaw, 1999).

Barrett (1993) demonstrou que L.umbratilis é normalmente a espécie dominanteem amostras de flebótomos coletados comarmadilhas de luz na floresta primária de terrafirme, na região de Manaus, ao norte do RioAmazonas, onde representou 36% dosflebótomos coletados em Balbina, Amazonas,a aproximadamente 60 Km da área do presenteestudo. Além disso, conforme os nossosresultados, o subgênero Nyssomyia (68%) foipredominante nas coletas em Balbina, seguidodo subgênero Psychodopygus (18,28%).

Em capturas feitas durante 63 semanasno interior de uma floresta primária, Arias &Freitas (1982b) obtiveram 50 diferentesespécies entre 21.026 indivíduos coletados, dasquais, aproximadamente70% das espéciescoletadas foram L. umbratilis e L. anduzei.

Recentemente no Norte do Estado doMato Grosso, estudos mostraram a presençade importantes vetores como L. umbratilis, L.whitmani e L. flaviscutellata. A espécie L.

umbratilis ocorreu em alta densidade, foi a maisantropofílica e foi encontrada naturalmenteinfectada por parasitos localizados na secçãoPeripilaria, caracterizados como L. braziliensis(Rangel et al., 1999).

A espécie L. umbratilis é o maiortransmissor da L. guyanensis ao norte dosistema fluvial do Rio Negro (Arias & Freitas,1978). Ao sul desse sistema, L. anduzei e L.umbratilis foram capturados, todavia ainda nãoforam encontradas infectadas com leishmanias,mas sim atacando o homem.

Os flebótomos do subgêneroPsathyromyia, L. dendrophyla, L. scaffi e L.shannoni foram pouco atraídos por armadilhasde luz em Balbina (Barrrett, 1993), o que estáde acordo com os resultados do presentetrabalho. Estas espécies, principalmente L.shannoni, tem sido associadas com atransmissão de Endotrypanum schaudinniMesnil & Brimont 1908, um tripanosomatídeoexclusivo de preguiças (Arias et al., 1985).

A espécie L. rorotaensis, a quinta aaparecer com maior frequência em nossascoletas, tem sido encontrada ocasionalmenteinfectada com tripanosomatídeos,provavelmente de répteis, como a lagartixaThecadactylus rapicaudus (Lainson & Shaw,1979). Estudos usando técnicas moleculares(KDNA) para a detecção de parasitos emflebótomos também demonstraram infecção porEndotrypanum em L. shannoni, L. umbratilise L. anduzei (Franco & Grimaldi, 1999).

No Pará, L. tuberculata foi coletada comuma espécie desconhecida de leishmania,assinalada no subgênero Viannia (Killick-Kendrick, 1990). Ainda, segundo este autor,16 tripanosomatídeos foram isolados de L.umbratilis, 1 de L. ayrozai e 13 de L.squamiventris squamiventris, porém não foramidentificados. A larga proporção de casos deleishmaniose cutânea no Brasil é devido aL.braziliensis e L. guyanensis, ambas comvetores que se alimentam no homem; aocontrário das infecções humanas causadas porL. lainsoni e L. naiffi relativamente raras, comseus vetores não atraídos para picar pessoas(Lainson & Shaw, 1999).

Uma oitava espécie, a L. deanei estariatambém presente na Amazônia, porém até omomento ainda não foi identificada como sendotransmissora da doença na população humana(Paes et al., 1998).

Outros flebótomos coletados e que sãoprováveis ou suspeitos vetores de leishmanias,

312 Dias-Lima et al.

foram os seguintes (Killick-Kendrick, 1990): L.furcata (Leishmania deanei Lainson & Shaw,1977); L. amazonensis, L. ayrozai, L. paraensise L. migonei (Leishmania braziliensis); L.tuberculata (Leishmania guyanensis); L. gomezi(Leishmania panamensis); L. ayrozai e L.paraensis (Leishmania naiffi).

A semelhança no número total deespécies coletadas, com 14% de L. anduzei (emrelação a 19% de L. umbratilis), na abundânciasazonal durante os meses de coleta, além doencontro de um dos exemplares infectados porflagelados, nos leva a argumentar sobre a realimportância da espécie no ciclo eco-epidemiológico da doença. A espécie L. anduzei,além das semelhanças morfológicas externas,parece ter um comportamento semelhante a L.umbratilis.

As diferenças entre machos e fêmeascoletadas com as armadilhas CDC, comoocorrido nos resultados deste trabalho, podemser atribuídas entre outras causas, à necessidademaior de dispersão das fêmeas do que osmachos para o repasto sanguíneo e a oviposição(Tabela 1). Chaniotis et al. (1971) citou algunsfatores que poderiam corroborar às diferençasna captura de machos e fêmeas, tais comofêmeas de certas espécies serem maisfacilmente atraídas do que machos, diferençasna taxa de mortalidade, sítios de repouso econtrole genético.

A composição florística das florestastropicais influenciam na composição faunísticados flebótomos, seja pela produção de efeitosdistintos no solo da floresta (Rutledge &Ellenwood, 1975) ou pelas característicaspeculiares dos troncos das árvores (Geoffroyet al., 1986; Cabanillas & Castellón, 1999). Aslarvas dos flebótomos, que se alimentam dematéria orgânica em decomposição, incluindopequenos organismos do solo (Hanson, 1968),certamente são afetadas por mudanças na faunaedáfica e alterações microclimáticas.

O comportamento das diferentesespécies de flebótomos varia de acordo com aestratificação vertical, ou seja, em relação asdiferentes alturas e ao nível do solo. Esse dadosobtidos no presente estudo, foram descritos notrabalho de Dias-Lima et al. (2002).

Os padrões eco-epidemiológicos dasdoenças tem sido influenciados pela perda deflorestas naturais tropicais causadas pelodesmatamento, favorecendo por exemplo

adaptabilidade de algumas espécies como L.flaviscutellata e Proechimys sp. à plantaçõesexóticas e o não estabelecimento de L.umbratilis, que preferencialmente sugamEdentados em florestas primárias de terra firmee que não se adaptam as copas das vegetaçõesexóticas (Walsh et al., 1993; Ready et al., 1983).Segundo Pessoa (2000) a fauna de flebótomosdendrobata e suas taxas de infecção natural portripanosomatídeos, diminui sensivelmente, apósa extração seletiva de madeira, sendo uma forteevidência de que este grupo de insetos sofreimpacto direto na sua população, quando ocorrea extração.

A LTA apresenta uma evidente variaçãosazonal, sendo a transmissão da doença maisintensa no período mais chuvoso, quando atemperatura, insolação, evaporação estão maisbaixas e a umidade alta, parecem ser maispropícias ao aumento da densidade dosflebótomos. Chuvas prolongadas têm açãomecânica direta, afetando as populações dosinsetos, como por exemplo os flebótomos, quese recolhem aos seus sítios de repouso paraproteção. Na estação seca, diminui aprecipitação e a umidade relativa do ar e dosolo. Quando as folhas caídas no solo estavamtotalmente secas e com o aumento datemperatura, houve pouquíssima captura deflebótomos. Esse fato pode explicar o insucessona captura com a armadilhas luminosas nosmeses de agosto e setembro (período de pré-coleta), fato também mostrado nos trabalhosde Arias & Freitas (1977) e Andrade (1998).A estação seca parece ser, por motivosbiológicos intrínsecos desse grupo de insetos,um período redução no nível populacional dosflebótomos. Uma outra hipótese é que os ovosdos flebótomos, postos em criadourosselecionados pelas fêmeas, ficam aguardandoum momento propício, com um limite mínimode umidade, para que haja eclosão das larvas.

Outros fatores como temperaturamínima noturna, chuvas, vento, fase lunar,altura de vôo e atraente sexual (feromônios),podem influenciar na abundância e atração dosinsetos pela luz. Dentre esses fatores, pudemosobservar que houve uma menor captura dosflebótomos nas noites em que ocorreram chuvasprolongadas, geralmente acompanhadas deventos e neblina. Todos esses fatores abióticosdevem ser melhor estudados para o melhorconhecimento das flutuações das populaçõesdos flebótomos.

313Flebotpmíneos (diptera: psychodidae) de...

Tabela 1 – Total, porcentagem e relação entre sexos dos flebotomíneos coletados com armadilhasluminosas CDC, na Estação Experimental de Silvicultura Tropical – INPA, durante o períodode outubro de 1998 à março de 1999.

SEICÉPSE LATOT % M F F:M-lauxesoãzaR

orenêg.1 aiymotpmurB 2 20,0 1 1otnip.B 2391,amilatsoCi 1 10,0 1 0 0:1

.B ps 1 10,0 0 1 1:0

.2 aiymoztuLorenêg 7047 89,9 4962 1174orenêg-bus aiymordnavE 1491,ariebagnaM 284 94,6 13 154

asonipsarfni.L 1491,ariebagnaM 693 43,5 9 783 34:1

apni.L 7791,sairA&gnuoYi 5 60,0 0 5 1:0

asourtsnom.L 4491,cnennobA&hcolF 18 90,1 22 95 7,2:1

5691,rodoehTioagarAopurg 74 36,0 51 23ioagara.L 2391,amiLatsoC 64 26,0 41 23 3,2:1

atalfni.L 4491,cnennobA&hcolF 1 10,0 1 0 0:1

hcabsierDopurg i 5691,rodoehT 98 2,1 0 85 13ihcabsierd.L 5491,onecsamaD&yesuaC 98 2,1 0 85 13 9,1:1

5691,rodoehTienogiMopurg 231 77,1 66 66enogim.L 0291,açnarFi 03 4,0 0 11 91 7,1:1

eacap.L 3491,cnenobbA&hcolF 3 40,0 2 1 5,0:1

aecires.L 4491,cnenobbA&hcolF 99 33,1 35 64 1:1,1

5691,rodoehTiodlawsOopurg 545 53,7 76 874sisneatoror.L 4491,cnenobbA&hcolF 545 53,7 76 874 1,7:1

5691,rodoehTasoliPopurg 2 20,0 0 2asolip.L 4491,yesuaC&onecsamaD 2 20,0 0 2 2:0

opurg muracurreV 5691,rodoehT 2 20,0 2 1.ps.L 2 20,0 2 1 5,0:1

orenêg-bus aiymoztuL 4291,açnarF 48 31,1 61 86izemog.L 1391,ucseluztiN 48 31,1 61 86 2,4:1

orenêg-bus aiymogyporcyM 2691,otterraB, 1 10,0 1 0sisnenneyac.L 1491,cnennobA&hcolF? 1 10,0 1 0 0:1

orenêg-bus aiymossyN 2691,oterraB 3292 34,93 3211 0081ezudna.L 2491,moobezoRi 1501 81,41 005 155 1,1:1

atalletucsivalf.L 2491,ariebagnaM 201 73,1 04 26 5,1:1

acemlo.L 2891,sairA&gnuoYavicon 573 60,5 231 342 8,1:1

silitarbmu.L 7791,ahiarF&draW 5931 28,81 154 449 1,2:1

orenêg-bus aitasserP 2491,ariebagnaM 47 99,0 91 55tohc.L 1491,cnennobA&hcolFi 74 36,0 7 04 7,5:1

asonipsirt.L 2491,ariebagnaM 72 63,0 21 51 2,1:1

orenêg-bus aiymoryhtasP 2691,otterraB 221 36,1 15 17alyhpordned.L 2491,ariebagnaM 94 66,0 31 63 6,2:1

anaiztul.L 2391,amiLatsoC 02 62,0 11 9 1:2,1

inonnahs.L 9291,rayD 35 17,0 72 62 1:1

orenêg-bus sugypodohcysP 1491,ariebagnaM 1861 86,22 505 27,11sisnenozama.L 4391,tooR 643 66,4 69 542 5,2:1

azorya.L 2491,ohnituoc&otterraBi 181 44,2 46 811 8,1:1

asonipsib.L 1591,gitreH&dlihcriaF 2 20,0 2 0 0:1

isivad.L 4391,tooR 865 66,7 161 704 5,2:1

atalucineg.L 1491,ariebagnaM 401 44,1 4 001 52:1

sisnearap.L 1491,amiLatsoC 381 64,2 96 411 6,1:1

sirtnevimauqssirtnevimauqs.L 2191,avieN&ztuL 792 0,4 0 901 881 7,1:1

orenêg-bus aiymepoicS 2691,otterraB 89 13,1 63 36atcudotamen.L 4891,sairA&gnuoY 28 01,1 52 75 3,2:1

ynnep.L 1891,satierF&sairAi 61 12,0 11 5 1:2,2

orenêg-bus aiymorohpohcirT 2691,otterraB 42 23,0 3 12iiur.L 2891,gnuoY&sairA 42 23,0 3 12 7:1

orenêg-bus aiymogypohcirT 2691,otterraB 397 96,01 246 151ieffilcitar.L satierF&ydaeR,sairA 71 22,0 71 0 0:1

agypohcirt.L 5491,cnennobA&hcolF 677 74,01 526 151 1:2,4

orenêg-bus aiymannaiV 1491,ariebagnaM 831 58,1 04 89atacruf.L 1491,ariebagnaM 28 01,1 93 34 1,1:1

atalucrebut.L 1491,ariebagnam 65 57,0 1 55 55:1

)sodacifitnedioãnsodacifinadsomotóbelf( 171 03,2 91 251

SOUDÍVIDNI 9047 %001 5962 2174 7,1:1

SEICÉPSE 93

314 Dias-Lima et al.

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Recebido: 24/08/2001

Aceito: 03/12/2002