fitoplÂncton como alimento para microcrustÁceos e ... · biomassa total da enchente foi de 36,59...

76
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA INTERIOR BADPI FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ROTÍFEROS NOS PERÍODOS DE SECA E ENCHENTE NO LAGO TUPÉ, MANAUS-AM RAIZE CASTRO MENDES Manaus - AM Março de 2017

Upload: others

Post on 21-Jul-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E

PESCA INTERIOR – BADPI

FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA

MICROCRUSTÁCEOS E ROTÍFEROS NOS PERÍODOS DE SECA

E ENCHENTE NO LAGO TUPÉ, MANAUS-AM

RAIZE CASTRO MENDES

Manaus - AM

Março de 2017

Page 2: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

RAIZE CASTRO MENDES

Fitoplâncton como alimento para microcrustáceos e rotíferos nos

períodos de seca e enchente no lago tupé, Manaus-AM

Orientador: Dr. Edinaldo Nelson dos Santos Silva

Coorientador: Dr. Bruno Machado Leão

Manaus - AM

Março de 2017

Dissertação apresentada ao Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia,

como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em

Ciências Biológicas com ênfase em

Biologia de Água Doce e Pesca

Interior.

Page 3: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

RELAÇÃO DA BANCA JULGADORA

Dr. Aline Lopes (Titular) Bióloga – Doutorado em Biologia (Ecologia) pelo Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia. Pesquisadora do grupo MAUA do Instituto Nacional

de Pesquisas da Amazônia (INPA)

Dr. Karla Ferreira de Souza Holanda (Titular) – Doutorado em Biologia de Água Doce

e Pesca Interior pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)

Dr. Maeda Batista dos Anjos (Titular) Bióloga – Doutorado em Biologia de Água Doce

e Pesca Interior pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – (IFAM)

Dr. Luís Fernando Alves (Suplente) – PhD em Química da água e produtividade

primária. Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)

Dra. Marle Angélica Villacorta Correa (Suplente) Bióloga - Doutorado em Biologia

de Água Doce e Pesca Interior pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Pesquisador Professora associada III da Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Page 4: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

Sinopse:

Estudou-se a biomassa de três frações de tamanho do fitoplâncton nos

períodos de seca e enchente no lago Tupé, Manaus - AM. Foi verificada a

relação fitoplâncton-zooplâncton direcionado a fração de tamanho de

fitoplâncton que está sendo mais consumida por zooplâncton.

Palavras-chave: Biomassa, picoplâncton, nanoplâncton, microplâncton,

microcosmo, clorofila-a, estrutura de tamanho

Page 5: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

Aos guias de minha vida Carlos Mendes, Marilene Castro, Nelson Silva e aos

moradores da RDS do Tupé

Page 6: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

i

AGRADECIMENTOS

A Deus que me deu o dom da vida. Aos meus pais Marilene Castro e Carlos Mendes que

me conceberam como filha e sempre me incentivaram a realizar meus projetos e meus

sonhos e, às minhas irmãs Rita de Cássia Mendes e Rayane Mendes que sempre estiveram

comigo.

Especialmente a Rose Castro e Rufino Oliveira que me apoiaram e continuam me

apoiando em cada passo que percorro. Aos meus avós e toda minha família que sempre

me apoiou em tudo, MUITO OBRIGADA!

Ao Dr. Edinaldo Nelson dos Santos Silva meu orientador e pai científico, que há cinco

anos me direciona em minha carreira acadêmica científica, sim, sou sua aluna mais

rebelde e a preferida. Meus agradecimentos sinceros por toda sua paciência e todo seu

apoio tanto científico quanto pessoal. Você tem o dom de nos motivar quando estamos

quase desistindo, você nos faz enxergar o que nós mesmos não enxergamos e o mais

importante, você foi o primeiro a acreditar em mim antes de mim mesma. Você mesmo

diz que um “Obrigada não paga nada” mesmo assim OBRIGADA!

Ao Dr. Bruno Machado Leão meu co-orientador que aceitou embarcar nessa comigo

desde o começo, OBRIGADA pelos “conselhos científicos” e por acreditar em minha

capacidade.

Ao Dr. Assad Darwich por ceder o Laboratório de Química da Água, onde passei um bom

tempo. Agradecer também ao Josedec, técnico do laboratório e a Carla que me ajudaram

muito para extração de clorofila e, ao Dr. Luis F. Alves por me ajudar todas as vezes que

bati em sua porta. Obrigada!

A Maiby Bandeira, obrigada por estar sempre comigo desde a graduação, obrigada pelo

apoio e amizade, passamos por muitos momentos juntas, temos personalidades diferentes,

mas na hora que o “bicho pega” nos unimos e uma é o apoio da outra, o Tupé que o diga.

Siga seus sonhos, eles te levarão aonde você quiser! OBRIGADA MENINA!

Ao meu namorado Renan Gomes do Nascimento, pense num menino inteligente que em

tão pouco tempo se tornou uma pessoa mais que especial em minha vida, amigo e

companheiro, sem você isso não teria graça. OBRIGADA por estar ao meu lado desde o

Page 7: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

ii

começo até este momento, por tornar este mestrado e a minha vida mais cheia brilho e

alegria, você merece os melhores caminhos, você vai longe!

A Natasha Rabelo, Elvis, Walter, Sophia, Iris, Fabi, Ghidini, Laura e aos recém-chegados

Rickson e Dominick, Gabriel, Juçara, Eloysa, Aline, Érica, Tayane, Elizandra, Jonilda,

Vanine e Hillary obrigada por terem nos aturado no Tupé, pela companhia e pelas

“zueiras” de sempre e também pelas nossas conversas no laboratório na hora do café,

somos uma gangue mesmo, vocês são muito especiais, OBRIGADA por todo apoio!

Aos colegas da turma de mestrado do BADPI 2015, especialmente Élio Borghezan e

Paola Rodrigues e aos colegas da turma de mestrado BADPI 2016, especialmente Josilene

Nascimento, Silvia Barros e Alany Gonçalves. Obrigada pelas conversas, por todo apoio

e pela amizade construída.

Não poderia deixar de agradecer grandemente aos moradores da RDS do Tupé em

especial seu Arnoldo e dona Glória que nos deram o maior apoio quando chegamos lá,

seu Lázaro, nunca me esquecerei de sua humildade e ajuda, você foi a nossa âncora por

um bom tempo. Ao Luíz, seu Raimundo e ao Pepe Rodrigues, aprendemos mais com você

do que você com a gente, obrigada por toda ajuda em vários meses e vários fins de

semana, por todo apoio, por toda paciência em nossas coletas e principalmente por sua

amizade

Finalmente agradecer ao INPA pela estrutura física, ao projeto BIOTUPÉ pela estrutura

oferecida na base do Tupé e ao CNPQ pela concessão da bolsa de mestrado.

Page 8: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

iii

“Lágrima que brota dos andes; Cordilheira

cristalina de esperança; Eldorado do povo

amazônida. Labirinto nativo de águas barrentas,

gigantes de encantos e lendas. Santuário de peixes

e mananciais, fertilizador de igarapés, lagos, furos

e paranás. Amazonas, das Amazonas, do repiquete,

da piracema, do pasto novo na vazante e vida nova

na enchente.

Amazonas, das Amazonas, da pororoca e bem

nutridos afluentes. Negro, magnífico, grandioso

Juruá Bravo Madeira, misterioso Xingú Rico

Trombetas, lendário Nhamundá Imponente Purus,

maravilhoso Tapajós E deslumbrante Jiapurá. ”

Marcos Lima e Inaldo Medeiros

Page 9: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

iv

RESUMO

O lago Tupé, localizado próximo a Manaus no Amazonas, é um lago de água preta de

elevada riqueza de espécies fitoplanctônicas e zooplanctônicas. Os organismos do

zooplâncton podem pertencer a diferentes categorias de tamanhos: microplâncton,

mesoplâncton e macroplâncton; já os organismos fitoplanctônicos podem pertencer ao

picoplâncton, nanoplâncton e microplâncton. Por terem tamanhos diferentes os

organismos zooplanctônicos podem estar se alimentando de tamanhos diferentes de

organismos fitoplanctônicos. O objetivo dessa pesquisa foi avaliar a importância de

diferentes frações do fitoplâncton como alimento para microcrustáceos e rotíferos

planctônicos nos períodos de seca (2015) e enchente (2016) no lago Tupé, Manaus-AM.

As coletas foram realizadas em dois meses da seca e dois meses da enchente no lago Tupé

(RDS do tupé). Como critério de amostragem utilizou-se a extensão da zona eufótica

estimada com auxílio de medidas de transparência por disco de Secchi. Um tubo de PVC

de 50 mm de diâmetro e 3 m de comprimento com uma válvula para retenção da água foi

inserido nessa extensão e seu conteúdo foi colocado em um balde, homogeneizada e

amostras de 2 L foram retiradas. Em laboratório, as amostras foram fracionadas para se

obter o pico, nano e microfitoplâncton e depois a biomassa de cada fração foi medida

através da clorofila-a. Um experimento foi colocado durante 24 horas no período de seca

e enchente no lago Tupé. Amostras de zooplâncton e fitoplâncton foram coletadas com

um tubo de PVC de 4 m de comprimento, depois foram levadas ao laboratório para serem

analisadas. Os organismos zooplanctônicos foram contados e medidos. A amostra de

fitoplâncton foi fracionada para se ter as diferentes frações de tamanho e, depois foi

medida a biomassa de cada fração. A biomassa total da seca foi de 27,03 µg/L e a

biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente

significativa entre a biomassa do pico nano e microfitoplâncton nos dois períodos. Na

seca e na enchente houve diferença estatisticamente significativa entre microplâncton e

mesoplâncton da amostra inicial e também da amostra final do experimento. A maior

densidade dos organismos foi encontrada no experimento do período de seca. Os

organismos zooplanctônicos não exerceram pressão de predação seletiva sobre apenas

uma das frações de tamanho do fitoplâncton, exerceram pressão de predação sobre as três

frações de tamanho do fitoplâncton. Estudos que levem em conta a pressão de predação

sofrida pelos organismos zooplanctônicos e destes sobre organismos fitoplanctônicos são

necessários para entender se os controles na cadeia trófica são top down ou bottom up.

Page 10: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

v

ABSTRACT

The lake Tupé, which is located near Manaus, in the Amazonas state, is a black-water

lake of great richness of phytoplanktonic and zooplanktonic species. The zooplanktonic

organisms may belong to different size categories: microplankton, mesoplankton, and

macroplankton; but the phytoplanktonic organisms may belong to picoplankton,

nanoplankton, and microplankton. Because of the size difference, the zooplanktonic

organisms might be feeding on phytoplanktonic organisms of different sizes. The goal of

this research was to evaluate the importance of phytoplankton different fractions as food

for microcrustaceans and planktonic rotifers in the low waters period (2015) and rising

waters (2016) at the lake Tupé, Manaus-AM. The samples were conducted in two months

at the low Waters period and two months in the rising Waters period at the lake Tupé

(Reserve of Sustainable Development of Tupé). As sampling criteria, the estimated photic

zone extension was used with the assistance of transparency measures by the Secchi disc.

A PVC tube of 50 mm in diameter and 3 m in length with a water retention valve which

was inserted in this extension and its content was placed in a bucket, homogenized and 2

L samples were taken. At the laboratory, the samples were fractionated in order to obtain

the picoplankton, nanoplankton, and microplankton and later the biomass of each fraction

was measured through the Chlorophyl-a. An experiment was placed at lake Tupé during

24 hours in the low Waters period and rising water period. The zooplanktonic and

phytoplanktonic samples were collected with a PVC tube of 4 m in length, later they were

taken to the laboratory to be analyzed. The zooplanktonic organisms. The zooplanktonic

organisms were counted and measured. The phytoplankton samples were fractionated in

order to obtain the differences in size fraction, and later, the biomass of each fraction was

measured. The total low Waters period biomass was 27,03 µg/L, and the total rising

Waters biomass was 36,59 µg ̸ L. There were no statistically significant differences

between the biomass of the picoplankton, nanoplankton and microplankton in the two

periods. The zooplanktonic organisms did not exercised selective predation pressure on

just one of the phytoplankton size fractions. Instead, they exercised predation pressure on

phytoplankton three size fractions.

Page 11: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

vi

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................... i

RESUMO ..................................................................................................................................... iv

ABSTRACT .................................................................................................................................. v

SUMÁRIO ................................................................................................................................... vi

LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO I .......................................................................................... viii

LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO II ......................................................................................... viii

LISTA DE TABELAS CAPITULO I ......................................................................................... viii

INTRODUÇÃO GERAL .............................................................................................................. 1

PERGUNTAS E HIPÓTESES ...................................................................................................... 7

OBJETIVOS ................................................................................................................................. 8

Geral .......................................................................................................................................... 8

Específicos ................................................................................................................................ 8

ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ...................................................................................... 8

Capítulo I ..................................................................................................................................... 14

Biomassa do pico, nano e microfitoplâncton em um lago de água preta da região

amazônica ................................................................................................................................... 15

RESUMO ............................................................................................................................... 15

ABSTRACT ............................................................................................................................ 16

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 16

MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 19

Área de estudo .................................................................................................................... 19

Amostragem ........................................................................................................................ 20

Fitoplâncton ........................................................................................................................ 21

Clorofila-a ............................................................................................................................ 22

Análise de dados ................................................................................................................. 23

RESULTADOS ...................................................................................................................... 23

Variáveis físicas e químicas ................................................................................................. 23

Biomassa e as características físicas e químicas da água .................................................... 25

Biomassa do pico, nano e microfitoplâncton no período de seca do lago Tupé ................ 26

Biomassa do pico, nano e microfitoplâncton no período de enchente do lago tupé ......... 26

Biomassa fitoplanctônica e características limnológicas do lago Tupé .............................. 28

Estrutura de tamanho do fitoplâncton ............................................................................... 29

Page 12: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

vii

Biomassa do fitoplâncton do lago Tupé .............................................................................. 30

CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 32

AGRADECIMENTOS .......................................................................................................... 33

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 34

Capítulo II ................................................................................................................................... 38

Predação por organismos planctônicos influencia a estrutura de tamanho das algas

fitoplanctônicas em um lago de água preta da Amazônia? ............................................... 39

RESUMO .............................................................................................................................. 39

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 40

MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 43

Área de estudo .................................................................................................................... 43

Experimento in situ ............................................................................................................. 44

Fitoplâncton ........................................................................................................................ 45

Clorofila-α ............................................................................................................................ 46

Zooplâncton ........................................................................................................................ 47

Análise de dados ................................................................................................................. 48

RESULTADOS ...................................................................................................................... 48

Tamanhos dos organismos zooplanctônicos na seca .......................................................... 48

Tamanhos dos organismos zooplanctônicos na enchente ................................................. 49

Densidade do zooplâncton .................................................................................................. 50

Biomassa do fitoplâncton .................................................................................................... 50

DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 51

Tamanho do zooplâncton ................................................................................................... 51

Densidade do Zooplâncton ................................................................................................. 52

Biomassa do fitoplâncton e a relação com zooplâncton .................................................... 54

CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 57

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 58

Page 13: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

viii

LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO I

Figura 1. Localização da RDS do Tupé e do lago Tupé, à margem esquerda do rio Negro,

próximo à cidade de Manaus. Fonte: biotupe.org

Figura 2. Lago Tupé em destaque os pontos de coleta dos períodos de seca e enchente.

Fonte: biotupe.org

Figura 3. Análise de componentes principais das variáveis físicas e químicas da seca e

enchente do lago Tupé. Os números representam os pontos de coletas semanais dos dois

períodos. FT= fósforo total, Orto= ortofosfato, NT= nitrogênio total, OD= oxigênio

dissolvido, OS= oxigênio saturado e clorofila= clorofila-a.

Figura 4. Estrutura de tamanho das frações de fitoplâncton da seca do lago Tupé

Figura 6. Estrutura de tamanho das frações de fitoplâncton da enchente do lago Tupé.

LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO II

Figura 1. Localização da RDS do Tupé e do lago Tupé, à margem esquerda do rio Negro,

próximo à cidade de Manaus. Fonte: biotupe.org

Figura 2. Lago Tupé, em destaque o único ponto de coleta (estação central) dos períodos

de seca e enchente. Fonte: biotupe.org

Figura 3(A). Microcosmo no período de seca

Figura 3(B). Microcosmo no período da enchente. Fotos: Castro-Mendes (2016);

Figura 3(C). Esquema da estrutura do microcosmo, forma de suspensão da planta e

disposição da estrutura no ambiente. Fonte: (Modificado) Couto, 2009

Figura 4. Densidade inicial e final dos grupos de zooplâncton do microcosmo no período

de Seca.

Figura 5. Densidade inicial e final dos grupos de zooplâncton do microcosmo no período

de Enchente.

LISTA DE TABELAS CAPITULO I

Tabela 1. Médias e desvios padrões das variáveis limnológicas do período de seca e

enchente no lago Tupé onde, D.P = desvio padrão; OD = oxigênio dissolvido e SO =

saturação de oxigênio.

Tabela 2. Médias e desvios padrões dos nutrientes do período de seca e enchente no lago

Tupé onde, D.P = desvio padrão; OD = oxigênio dissolvido e SO = saturação de oxigênio.

Tabela 3. Médias e desvios padrões dos diferentes tamanhos de fitoplâncton do período

de seca e enchente no lago Tupé

Page 14: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

ix

LISTA DE TABELAS CAPITULO II

Tabela 1. Valores mínimos, máximos, médias e desvios padrões dos tamanhos (µm) dos

organismos zooplanctônicos do período de seca do lago Tupé

Tabela 2. Valores mínimos, máximos, médias e desvios padrões dos tamanhos (µm) dos

organismos zooplanctônicos do período de enchente do lago Tupé

Tabela 3. Biomassa inicial e final das frações de fitoplâncton do microcosmo dos

períodos de seca e enchente do lago Tupé

Page 15: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

1

INTRODUÇÃO GERAL

Nos ambientes aquáticos amazônicos a dinâmica da oscilação do nível da água

(regime fluvial) foi classificada, com base na cota do rio Negro no Porto de Manaus como

seca, enchente, cheia e vazante (Bittencourt e Amadio 2007). Essa dinâmica pode alterar

as características químicas e físicas da água como temperatura, luz, nutriente e regime de

misturas, influenciando a comunidade fitoplanctônica (Reynolds 1997; Reynolds 2006;

Leão 2012). Além disso, essa dinâmica da oscilação do nível da água fez com que muitos

organismos zooplanctônicos como microcrustáceos e rotíferos desenvolvessem

adaptações ao longo do tempo para se estabelecer e ter sucesso nesses ambientes (Junk e

Wantzen 2004).

Devido à influência dessas oscilações do nível da água nas adaptações, dinâmica

de nutrientes, diferenças nos tipos de água, estudos vêm sendo realizados nas últimas

décadas sobre as comunidades fitoplanctônica e zooplanctônica na Amazônia. E ainda

muito se discute sobre o papel do fitoplâncton e do zooplâncton na cadeia trófica

(Ehrenberg 1843; Sioli 1984; Huszar 1994; Kociolek et al. 2001; Melo et al. 2005;

Ferreira Robertson 2009; Caraballo 2010; Calixto et al. 2011; Ghidini 2011; Vasquez

2011; Leão 2012; Couto 2013; Segundo 2013).

As cadeias tróficas em lagos de inundação têm sido caracterizadas de duas

formas: uma curta baseada no fitoplâncton com pouca ou nenhuma participação das

bactérias e protozoários e outra mais longa, que inclui mais um elo, representado pelas

bactérias e protozoários e pelo processo ligado a eles, chamada de alça microbiana (Azam

et al. 1983; Sherr e Sherr 1988; Caraballo 2010).

No entanto, um estudo realizado por Caraballo (2010) com o objetivo de

determinar o papel da alça microbiana na dinâmica trófica em um lago de várzea na

Page 16: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

2

Amazônia, concluiu que independente das vias pelas quais o carbono está circulando, a

fonte inicial de carbono para o zooplâncton é principalmente o fitoplâncton, com mínima

participação das bactérias heterotróficas.

De fato, sabe-se que espécies do zooplâncton têm a capacidade de explorar

diferentes recursos dependendo das condições ambientais, podem se alimentar de

fitoplâncton, detritos, bactérias e protozoários (Porter 1996; Burns e Schallenberg 2001).

Neste mesmo estudo Diaphanosoma spinulosum e Ceriodaphnia cornuta foram

estudadas de forma independente, através da técnica de isótopos estáveis de carbono e

nitrogênio, sendo observado em ambas, um consumo predominante de fitoplâncton.

Porém, dentre todas as fontes de energia disponíveis em lagos de inundação, as algas são

as melhores fontes de proteína, sendo altamente nutritivas e de rápida assimilação pela

maioria dos consumidores (Araújo-Lima et al.1986; Forsberg et al.1993). Segundo Junk

(1997) em lagos amazônicos menos produtivos o padrão a se encontrar é a qualidade do

fitoplâncton influenciando na densidade da comunidade zooplanctônica.

Com base nisso, a qualidade nutricional de três espécies de algas clorofíceas

fitoplanctônicas Scenedesmus quadricauda, Pediastrum duplex e Akistrodesmus gracillis

foi estudada por Hardy e Castro (2000) e o valor nutricional das algas foi avaliado pela

concentração de clorofila-α. As três espécies apresentaram alto valor nutricional,

particularmente S. quadricauda, que apresentou maior percentagem de carbono em

relação ao peso seco, sendo considerada como alimento adequado para organismos

filtradores. O mesmo foi encontrado nos trabalhos de Tavares e Matsumura-Tundisi

(1984); Jayatunga (1986); Matsumura-Tundisi e Tavares (1986); Hardy (1989); Rocha e

Matsumura-Tundisi (1990) e Diaz-Castro e Hardy (1998).

Page 17: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

3

As pesquisas sobre a qualidade nutricional de algas para organismos filtradores

permitiram o estudo de crescimento e história de vida de organismos do zooplâncton

como de Diaphanosoma spinulosum por Silva e Santos-Silva (2013) onde S. quadricauda

foi adequada para compor a dieta desta espécie de Cladocera desde o estágio de recém-

nascida até a sua reprodução.

Porém, vários aspectos devem ser considerados na relação alimentar

fitoplâncton-zooplâncton, dentre eles: o tamanho da partícula, a presença de substâncias

tóxicas e a energia aproveitada pelos organismos zooplanctônicos (Diaz-Castro 1988). O

tamanho da partícula, compatível com a capacidade de ingestão dos organismos

zooplanctônicos, vem sendo estudada desde que Brooks e Dodson (1965) propuseram a

hipótese de “eficiência de tamanho”, na qual afirmaram que: 1) Todos os herbívoros

planctônicos competem pelo mesmo tamanho de partícula alimentar; 2) Os organismos

zooplanctônicos de maior tamanho são mais eficientes em coletar partículas maiores; 3)

Quando a predação é de baixa intensidade os pequenos herbívoros planctônicos são

eliminados competitivamente por grandes formas (domínio de cladóceros e copépodes

calanóides grandes); 4) Quando a predação é intensa, a predação que depende do

tamanho, eliminará as grandes formas, permitindo que os pequenos organismos

zooplanctônicos (rotíferos e cladóceros), escapem da predação e se tornam dominantes.

Herbívoros de maior tamanho filtram, com mais eficiência, partículas maiores,

não deixando disponíveis essas partículas para herbívoros de menor tamanho, isso explica

o sucesso competitivo de algumas espécies em lagos com inundação. E se temos uma

eficácia no recolhimento de partículas maiores, isso também explica a maior abundância

de algas de menor tamanho (Caraballo 2010).

Page 18: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

4

O tamanho dos organismos zooplanctônicos foram classificados de acordo

Sieburth (1978) em microplâncton, composto por organismos com o tamanho de 20,1 a

200 µm, mesoplâncton com o tamanho de 201 a 2000 µm e macroplâncton composto por

organismos a partir de 2001 µm. Sabe-se que os rotíferos têm tamanho aproximadamente

entre 50 e 500 µm; já os microcrustáceos apesentam tamanho entre 0,2 e 3,0 mm (Dumont

e Negrea 2002).

Para o sucesso na filtragem de seu alimento, cladóceros, copépodes e rotíferos

são dotados de apêndices filtradores. Os copépodes calanoides por exemplo, coletam seu

alimento por filtração e os ciclopoides preferem macerar suas presas. O processo de

filtração depende dos apêndices bucais (maxila e maxílula) que atuam como filtros e, essa

estrutura dos apêndices bucais reflete no tipo de alimento (Nogrady et al. 1993; Dussart

e Defaye 1995)

Já os cladóceros filtram partículas de alimento a partir de uma corrente d’água

que flui através de apêndices torácicos branquiais e antênulas até serem ingeridas. Os

rotíferos filtram seu alimento através de um fluxo d’água gerado pela corona ciliada. Os

cílios da corona, em conjunto, fazem movimentos circulares trazendo a partícula de

alimento para dentro do corpo do organismo até chegar ao mástax, o alimento é então

triturado e digerido. (Nogrady et al.1993; Dumont e Negrea 2002; Holynska et al. 2003).

O tamanho máximo de partícula que pode ser ingerida foi estabelecido para

Cladocera. Da mesma maneira o tamanho máximo que pode ser ingerido pelos rotíferos

também parece estar diretamente relacionado ao tamanho do corpo (Pjler 1957;

Edmondson 1965). Assim, pequenas diferenças no comprimento do corpo podem ter

grandes efeitos sobre a taxa de filtração. A generalização de que organismos maiores

Page 19: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

5

realizam uma filtragem mais rápida do que pequenos organismos é também confirmada

(Nauwerck 1959; Haney 1973).

No estudo de Filleto et al. (2004) foi testado a influência de diferentes frações

de fitoplâncton no crescimento e reprodução de cladóceros no lago Monte Alegre no

sudeste do Brasil. Os recém-nascidos de cladóceros até a fase de reprodução foram

alimentados com diferentes tamanhos de partículas de fitoplâncton (microplâncton e

nanoplâncton). Em conclusão, afirmaram que o nanoplâncton é o mais adequado para a

maioria dos cladóceros e que o limite do tamanho das partículas ingeridas por esses

herbívoros depende do tamanho do corpo e das cerdas de filtragem.

Dessa maneira, levando em consideração esses aspectos da hipótese da

eficiência de tamanho e relação alimentar fitoplâncton-zooplâncton tornam-se

necessários estudos em ambientes lacustres na Amazônia por apresentarem uma grande

diversidade de espécies de organismos zooplanctônicos e fitoplanctônicos. O lago Tupé

por exemplo, um lago de água preta da região amazônica tem sido estudado em relação

às duas comunidades de fitoplâncton e zooplâncton.

Quanto ao zooplâncton para este lago existem estudos sobre composição riqueza

e abundância (Ghidini 2007; Brandorff e Hardy 2009; Ferreira e Robertson 2009; Calixto

et al. 2011; Ghidini 2011; Vasquez 2011; Segundo 2013; Nascimento 2015; Raid 2015).

Onde foi encontrado um total de 25 espécies de cladóceros, três espécies de copépodes

ciclopóides, 13 espécies de calanóides e 72 espécies de rotíferos planctônicos.

Sobre distribuição vertical e nictemeral (Ferreira 2013; Previattelli et al. 2005)

e o estudo de Ghidini (2007) sobre migração vertical nictemeral de Cladocera, verificou

que a maior biomassa é representada por espécies planctônicas e, ampliando os estudos

para determinar a diversidade de Cladocera e variação na composição e riqueza de

Page 20: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

6

espécies destes organismos durante a seca, enchente, cheia e vazante, observou que

algumas espécies de cladóceros planctônicos desaparecem durante a seca, reaparecendo

no período de cheia, isso levou estudos posteriores sobre ovos de resistência (Couto 2013;

Bandeira et al. 2014a; 2014b; Bandeira et al. 2016; Gomes 2016).

Já na comunidade fitoplanctônica para este lago existem alguns estudos sobre

composição (Melo et al. 2005a; 2005b; Leão 2012), taxonomia (Pereira 2009; Leão 2012)

migração vertical nictemeral, abundância, diversidade, equitabilidade e biovolume na

seca, enchente, cheia e vazante por Leão (2012) onde foram encontrados 94 táxons,

destacando as Chrysophyceae (35) com tamanho entre 2-10 µm seguida de

Chlorophyceae (17) com tamanho entre 2-14 µm e Bacillariophyceae (10) com tamanhos

entre 4-20 µm.

Segundo a classificação de Sieburth (1978) que ordena por categorias de

tamanho para os organismos fitoplanctônicos, o picoplâncton é constituído por

organismos que apresentam dimensões entre 0,02 a 2 µm, o nanoplâncton envolve

organismos com dimensões entre 2,1 e 20 µm e, o microplâncton com tamanho entre 20,1

e 200 µm.

Por apresentarem essa diferença quanto ao tamanho, estrutura e a forma, estudar

as populações da comunidade fitoplanctônica através da análise de clorofila- α por frações

de tamanho permite um estudo mais eficaz quanto da participação de cada fração da

biomassa comunitária, na dinâmica populacional e especialmente nas relações

fitoplâncton-zooplâncton nos ambientes aquáticos, servindo como ferramenta para o

entendimento da cadeia trófica (Rai 1982; Romero e Arenas, 1990).

Na Amazônia, as pesquisas com biomassa através de clorofila- α têm mostrado

que as maiores concentrações de fitoplâncton se encontram no período de seca,

Page 21: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

7

observando-se diminuição no período de cheia (Schmidt 1973; Fisher 1978; Schmidt

1976; Schmidt 1982; Camargo e Myai 1988; Huszar e Reynolds 1997; Putz e Junk 1997;

Ibanez 1998; Melo e Huszar 2000; Brito 2006).

Portanto, conhecendo a dinâmica do lago Tupé bem como a diversidade de

espécies de organismos planctônicos (fitoplâncton e zooplâncton) é importante e

necessário saber qual a biomassa de fitoplâncton nos diferentes períodos de inundação e

quais as frações de fitoplâncton que estão sendo mais consumidas pelos microcrustáceos

e rotíferos planctônicos. Isso nos permitirá ampliar o conhecimento e entender melhor

essa dinâmica da relação fitoplâncton-zooplâncton neste lago de água preta.

PERGUNTAS E HIPÓTESES

a) Qual a biomassa do picoplâncton, nanoplâncton e microplâncton nos períodos

de seca e enchente do lago Tupé?

H0: A biomassa dessas frações estudadas do fitoplâncton é maior no período de seca.

b) A biomassa do fitoplâncton varia entre os períodos de seca e enchente?

H0: A biomassa do fitoplâncton é homogênea nos períodos de seca e enchente

c) Qual fração do fitoplâncton está sendo mais consumida por microcrustáceos

e rotíferos planctônicos?

H0: O picoplâncton, nanoplâncton e microplâncton são consumidos homogeneamente

pelos microcrustáceos e rotíferos planctônicos.

Page 22: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

8

OBJETIVOS

Geral

Avaliar a importância de diferentes frações do fitoplâncton como alimento para

microcrustáceos e rotíferos planctônicos nos períodos de seca e enchente no lago Tupé,

Manaus-AM

Específicos

Verificar a biomassa do picoplâncton, nanoplâncton e microplâncton nos períodos

de seca e enchente;

Comparar a biomassa do picoplâncton, nanoplâncton e microplâncton entre os

períodos de seca e enchente;

Verificar se a biomassa dessas frações do fitoplâncton está relacionada com

algumas das características físicas e químicas da água mensuradas neste estudo;

Avaliar se os microcrustáceos e rotíferos planctônicos consomem o picoplâncton,

nanoplâncton e microplâncton de forma homogênea nos períodos de seca

enchente.

ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação está dividida em dois capítulos que se encontram em formato

de artigo científico, ambos formatados conforme as regras da revista Acta Amazônica. No

primeiro capítulo é sobre a variação da biomassa de três frações de tamanho do

fitoplâncton nos períodos de seca e enchente no lago Tupé. No segundo capítulo é

abordado a relação do fitoplâncton com o zooplâncton, e se o zooplâncton atua

preferencialmente sobre alguma fração de tamanho do fitoplâncton.

Page 23: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

9

REFERÊNCIAS

Araújo-Lima, C.A.R.M.; Forsberg, B.R.; Victoria, R.; Martinelli, L. 1986. Energy

Sources for detritivorous fishes in the Amazon. Science, 234: 1256-1258.

Bittencourt, M.M.; Amadio, S.A. 2007. Proposta para identificação rápida dos períodos

hidrológicos em áreas de várzea do rio Solimões-Amazonas nas proximidades de Manaus.

Acta Amazonica, 37(2): 303 – 308.

Brendonck, L.; De Meester, L. Egg banks in freshwater zooplankton: evolutionary and

ecological archives in the sediment. Hydrobiologia, 2003. 49: 65–84.

Brito, J.G. 2006. Influência do pulso de inundação sobre variáveis limnológicas de um

lago de várzea da Amazônia central, lago Catalão. Dissertação de mestrado do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia/Fundação Universidade do Amazonas. 191p.

Brooks, J.L., Dodson, S.I. 1965. Predation, body size, and composition of plankton.

Science, 150:28-35.

Burns, C.W.; Schallenberg, M. 2001. Calanoid copepods versus cladocerans: Consumer

effects on protozoa in lakes of different trophic status. Limnology, 46:1558-1565.

Calixto, L.S.F., Ghidini, A.R., Silva, E.A.; Santos-Silva, E.N. Distribuição espaço-

temporal da riqueza e abundância do zooplâncton no lago Tupé, baixo rio Negro,

Amazonas, Brasil. In: Biotupé: meio físico, diversidade biológica e sociocultural do

baixo rio Negro, Amazônia Central. Santos-Silva, E.N.; Scudeller, V.V. e Cavalcanti,

M.J. 3ed, Rizoma Editorial, Manaus, 203-233p.

Caraballo, P. 2010. O papel da alça microbiana na dinâmica trófica de um lago de várzea

na Amazônia Central. Tese (Doutorado em Ecologia) -Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia, Manaus. 232p.

Camargo, A.F.M.; Myai. K. 1988. Caracterização liminológica do lago Curuça: lago de

várzea do rio Trombetas (águas claras), Pará. Acta Limnologica, 2: 153-180.

Couto, C.A. 2013. Comunidade ativa e dormente de Cladocera (Crustacea:

Branchiopoda) no lago Tupé, Manaus-AM. Dissertação de Mestrado, Instituto Nacional

de Pesquisa da Amazônia/Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Amazonas. 86 p.

De Stasio, B.T. 1989. The seed bank of a freshwater crustacean: copepodology for the

plant ecologist. Ecology,70: 1377-1389.

Diaz-Castro, J.G.; Hardy, E.R. 1998. Life history of Moina micrura (Kurz) fed with three

algae species, in the laboratory. Amazoniana, 15 (1/2):25-34.

Dumont, H.J.; Negrea, S.V. 2002. Introduction to the Class Branchiopoda. Leiden,

Backhuys Publishers, 398p.

Edmondson, W.T. 1965. Reproductive rate of planktonic rotifers as related to food and

temperature in nature. Ecological Monographs, 35(1): 61-111.

Page 24: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

10

Esteves, F.A., 1998. Fundamentos de Limnologia. 2.ed. Interciência, Rio de Janeiro,

602p.

Ehrenberg, C.G. 1843. Verbreitung und Eifluss des mikroscopischen lebens in Sud und

Nordmerika. Durckerei der Koniglischen, Akad. Wiss. Berlin. 291-415p.

Ferreira, C.P.B.; Robertson, A.B. 2009. Composição e abundância de cladóceros

planctônicos no período diurno e noturno de um lago de água preta da Amazônia Central.

Programa de Iniciação Científica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazonia.

Filleto, C.; Ferrão-Filho, A. Arcifa, S.; Silva, L. 2004. Influence of phytoplankton

fractions on growth and reproduction of tropical cladocerans. Aquatic Ecology, 38:503-

514.

Fisher, T.R. 1978. Plâncton e produção primária em sistemas aquáticos da bacia da

Amazonia Central. Acta Amazonica, 8(4): 43-54.

Forsberg, B.; Araújo-Lima, C.A.R.M.; Martinelli, L.A; Victoria, L.; Bonassi, J.A. 1993.

Autotrophic carbono sources for fish of the central Amazon. Ecology, 74 (3): 643:652.

Furch, K.; Junk, W.J. 1997. Physicochemical Conditions in the Floodplains. In: Junk

(ed.). 1997. The Central Amazon Floodplain. Vol. 126. Springer-Verlag, Berlin

Heidelberg. Ecological Studies. 69-108p.

Ghidini, A.R. 2007. Distribuição vertical nictimeral de Cladocera (Crustacea:

Branchiopoda) no lago Tupé, Rio Negro, Amazonas, Brasil. Dissertação de Mestrado,

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ Universidade Federal do Amazonas. 67 p.

Ghidini, A.R. Cladóceros (Crustacea: Anomopoda e Ctenopoda) associados a diferentes

hábitats de um lago de águas pretas da Amazônia Central, Lago Tupé, Amazonas, Brasil.

Tese de doutorado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA. 2011. 129p.

Haney, J.F. 1973. An in situ examina-tion of the grazing activities of natural zooplankton

communities. Arch. Hy-drobiol, 72:87-132.

Hardy, E. R. 1989. Effect of temperature, food concentration and turbidity on the life

cycle characteristics of planktonic cladocerans in a tropical lake. Central Amazon: Field

and experimental work. Ph.D. Thesis, University of London, London. 337p.

Hardy, E.R.; Castro, J.G.D. 2000. Qualidade nutricional de três espécies de clorofíceas

cultivadas em laboratório. Acta Amazonica, 30 (1): 39-47

Holynska, M.J.W. Reid.; Ueda, H. 2003. Genus Mesocyclops Sars, 1914. Copepoda:

Cyclopoida genero Mesocyclops and Thermocyclops (ed. By H. Ueda and J.W. Reid).

Guides to the Identification of the Microinvertebrates of the Continental Waters of the

World. Backhuys Publishers, Amsterdam 12-213p.

Huszar, V.L.M. 1994. Fitoplâncton de um Lago Amazônico impactado por rejeito de

bauxita (lago Batata, Pará, Brasil): estrutura da comunidade, flutuações espaciais e

temporais. Tese, UFSCar-PPG-ERN, São Carlos, 219 p.

Page 25: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

11

Huszar, V.L.M. e C.S. Reynolds, S. 1997. Phytoplankton periodicity and sequences of

dominance in an Amazonian food-plain lake (lago Batata, Pará, Brasil): response to

gradual environment chang. Hydrobiologia, 346: 169-181.

Ibañez, M.S.R. 1998. Phytoplankton composition ande abundance of a central

Amazonian foodplain lake. Hydrobiologia, 362: 79-83.

Jayatunga, Y.N. 1986. The influence of food and temperature on the life cycle

characteristics of planktonic cladoceran species from Kalawewa Reservoir, Sri Lanka.

Ph.D. Thesis, University of London, London. 41p.

Junk, W.J.; Bayley, P.B.; Sparks, R.E. 1989. The flood pulse concept in river-floodplain

systems. In: Dodge, D.P. (ed) Proceedings of the International Large River Symposium.

Canadian Special Publishing on Fisheries and Aquatic Sciences, 106: 110-127.

Junk, W.J., 1997. The Central Amazon Floodplain: Ecology of a Pulsing System. Springer

Publishers, Berlin, 525p.

Junk, W.J.; K.M. Wantzen. 2004. The flood pulse concept: New aspects, approaches, and

applications-an update. In welcome, R. S T. Petr (eds), Proceedings of the 2nd Large

River Symposium (LARS), Pnom Penh, Cambodia. Bangkok. RAP. Publication:

117:149.

Kociolek, J.P.; Lyon, D.; Spaulding, S. 2001. Revision of the American species of

Actinella. In: Jahn, R.; Kociolek, J. P.; Witkowski, A.; Còmpere, P. (Eds). Lange-

Bertalot-Festschrifts. Studies on Diatoms. A. R. G. Gartner Verlag K.G. p. 131-135.

Leão, M.B. 2012. Composição florística e flutuação especial e temporal do fitoplâncton

do lago Tupé, Amazonas, Brasil. Tese de doutorado, Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia/INPA. 158p.

Lopes, M.R.M.; Bicudo, C.E.M. 2003. Desmidioflórula de um lago da planície de

inundação do rio Acre, estado do Amazonas, Brasil. Acta Amazonica, 33:167-212.

Matsumura-Tundisi, T.; Sipauba-Tavarcs, L.H. 1986. Phytoplankton composition of

Broa reservoir and its utilization by Argyrodiaptomus furcatus (Copepoda-Calanoida).

In: Bicudo, CE; Teixeira, C; Tundisi, J.G. (Eds.) Algas: a Energia do Amanhã. Instituto

Occanografico da Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo, 183-188p.

Melo, S.; Rebelo, S.R. M.; Souza, K.F.; Menezes, M.; Torgan. L.C.2005a. Fitoplâncton.

In: Santos-Silva, E. N.; Aprile, F. M..; Scudeller, V. V.; Melo, S. (Orgs.). Biotupé: meio

físico, diversidade biológica e sócio-cultural. INPA, Manaus-AM. p. 80-94.

Melo, S.; Rebelo, S.R.M.; Souza, K.F.; Soares, C. C.; Sophia, M. G. 2005b. Desmídias

com ocorrência planctônica. In: Santos-Silva, E. N.; Aprile, F. M..; Scudeller, V. V.;

Melo, S. (Orgs.). Biotupé: meio físico, diversidade biológica e sócio-cultural. INPA,

Manaus-AM. p. 95-104.

Melo, S.; Huszar, V.L.M. 2000. Phytoplankton in na Amazonian flood-plain lake (Lago

Batata, Brasil): diel variation and species strategies. J. Plank. Research, 22(1): 63:76.

Page 26: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

12

Nauwerck, A. 1959. Zur Bestimmung der Filtrierrate limnischer Plankton-tiere. Arch.

Hydrobiol., Suppl. 25:83- 101

Nogrady, T.; Wallace, P. L.; Snell, T. W. 1993. Rotifera: biology, ecology and

systematics. In: Dumont, H. J. F. (cood). Guides to the identification of the

microinvertebrates of the Continental Waters of the world. Netherlands: SPB Academic

Publishing. V. l.

Segundo, W.P.F. 2013. Riqueza, composição, abundancia e distribuição de ciclopoides

nas regiões litoraneas e limnética do lago Tupé, Manaus, AM. Brasil. Dissertação de

Mestrado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. 54 p.

Pagano, M. 2008. Feeding of tropical cladocerans (Moina micrura, Diaphanosoma

excisum) and rotifer (Brachionus calyciflorus) on natural phytoplankton: effect of

phytoplankton size-structure. J Plankton Res, 30: 401–414.

Pejler, B. 1957. Taxonomical and eco-logical studies on- planktonic Rotifera from

northern Swedish Lapland. K Sven. Vetenskapsakad. Handl. Ser. 46:1-68.

Pereira, A.C. 2009. Pinnulariaceae (Bacillariophyta) de um lago de inundação

amazônico (lago Tupé, Amazonas, Brasil): taxonomia e distribuição espacial e sazonal.

Dissertação de Mestrado, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia/Universidade

Federal do Amazonas, Manaus, Amazonas. 102 p.

Porter, K.G. 1996. Integrating the microbial loop and the classic food chain into a realistic

planktonic food web. In: Food webs: Integrations of patterns and dynamics. Edited by G.

A. polis ande K. O. Winemiller. Chapman e Hall. USA.

Putz, R.; Junk, W.J. 1997. Phytoplankton and Periphyton. In: Junk (ed.). 1997. The

Central Amazon Floodplain. Vol. 126. Springer-Verlag, Berlin Heidelberg. Ecological

Studies.

Rai, H. 1982. Primary production of variours size fractions of natural communities in a

North German lake. Arch Hidrobiol, 95(3/4): 395-412.

Reynolds C.S. 1997. Vegetation processes in the pelagic: a model for ecosystem theory.

Excellence in ecology, vol. 9. Ecology Institute, Oldendorf. 371p.

Reynolds, C.S. 2006. Ecology of phytoplankton. Cambridge, Cambridge University

Press.

Rocha. Matsumura-Tundisi, T. 1990. Growth rate, longevity and reproductive

performance of Daphnia laevis Birgc, Daphnia gessneri Hcrbst and Daphnia ambigua

Scourficld in Laboratory cultures. Rev. Brasil. Biol.. 50(4):613-632.

Romero, M.C. e P.M. Arenas. 1990. Aporte relative de diferentes fracciones

fitoplanctônicas a la producción primaria y concentracion de clorofila, en la laguna de

chascomus (Prov. De Buenos Aires, Argentina). Rev. Brasil. Biol, 50(2): 327-333.

Schmidt, G.W. 1973 Primary Production of Phytoplancton in the three types of

Amazonian waters. Amazoniana , Bd. IV H.

Page 27: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

13

Schmidt, G.W. 1976. Primary production of phytoplankton in three types of Amazonian

waters. IV. On the primary productivity of phytoplankton in a Bay of the lower Rio Negro

(Amazonas, Brazil). Amazoniana, 5(4): 517-528.

Schimidt, G.W. 1982. Prymary production of phytoplankton in the three types of

Amazonian Waters. V. Some investigations on the phytoplankton and its primary

productivity in the clear water of the lower rio Tapajós, Pará, Brazil. Amazoniana, 7(3):

335-348

Sieburth, J.NcN., Smetacek, V., Lenz, J., 1978. Pelagic ecosystem structure:

Heterotrophic compartments of the plankton and their relationship to plankton size

fractions. Lbmol. Oceanogr., 23(6), 1978, 1256-1263

Sioli, H.1984. The Amazon and its main affluents: hidrography, morphology of the river

courses, and river types. In: Sioli, H. (eds). The amazon. Limnology and landscape

ecology of a mighty tropical river and its basin. Dr. W. Junk Publishers, Dordbrecht. p.

127-165.

Silva, O.H.; Santos-Silva, E.N. 2013. História de vida de Diaphanosoma spinulosum

Herbst, 1967 (Crustacea, Sididae) em laboratório. Programa Institucional de Bolsas de

Iniciação Científica. Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia.

Tavares, L.H.S; Matsumura-Tundisi, Τ. 1984. Feeding in adult females of

Argyrodiaptomus furcatus (Sars, 1901) Copepoda, Calanoida of Lobo Reservoir (Broa),

Sao Carlos, Sao Paulo, Brazil. In: Dumont, H.J; Tundisi, J.G. (Eds.). Developments in

Hydrobiology. Hydrobiology, 113:15-24.

Vásquez, E.R. 2011. Estrutura e Dinâmica de Rotíferos (ROTIFERA) Em Vários

Microhabitats de Um Lago de Água Preta (Lago Tupé), Na Amazônia Central, Brasil.

Tese de Doutorado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas.

119p.

Page 28: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

14

Capítulo I

BIOMASSA DO PICO, NANO E MICROFITOPLÂNCTON EM UM LAGO DE

ÁGUA PRETA DA REGIÃO AMAZÔNICA

Page 29: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

15

Biomassa do pico, nano e microfitoplâncton em um lago de água preta da região

amazônica

Raize CASTRO-MENDES* Edinaldo Nelson dos SANTOS-SILVA**

*Laboratório de Plâncton - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Manaus, Amazonas

Av. André Araújo, 2936, Aleixo, Manaus, Amazonas – CEP 69060-001

E-mail: [email protected]

** Laboratório de Plâncton - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Manaus, Amazonas

Av. André Araújo, 2936, Aleixo, Manaus, Amazonas – CEP 69060-001

E-mail:

1artigo formatado segundo as normas da revista Acta Amazonica.

RESUMO

A estrutura de tamanho de fitoplâncton no ambiente lacustre pode ser influenciada pela

luz, temperatura, nutrientes e por fatores envolvidos na fotossíntese. O fitoplâncton pode

ser classificado em três classes de tamanhos: picofitoplâncton, nanofitoplâncton e

microfitoplâncton. O objetivo desse estudo foi estimar a biomassa do pico, nano e

microfitoplâncton do lago tupé nos períodos de seca e enchente e, verificar se algumas

das características físicas e químicas da água, medidas neste estudo, influenciariam a

biomassa. As coletas foram realizadas em dois meses da seca (2015) e dois meses da

enchente (2016) no lago Tupé (RDS do tupé). Como critério de amostragem utilizou-se a

extensão da zona eufótica estimada com auxílio de medidas de transparência por disco de

Secchi. Esta extensão foi amostrada utilizando-se um tubo de PVC de 50 mm de diâmetro

e 3 m de comprimento com uma válvula para retenção da água. O volume coletado foi

colocado em um balde, homogeneizado e retirado dois litros. Em laboratório este volume

foi passado por filtros adequados para se obter o pico, nano e microfitoplâncton. A

biomassa de cada fração foi estimada através da clorofila-a. A biomassa total na seca foi

de 27,03 µg/L e a biomassa total na enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença

estatisticamente significativa (p>0,05) entre a biomassa do pico nano e microfitoplâncton

nesses períodos. O fósforo total pode ser o nutriente mais importante para o crescimento

de algas no lago Tupé. Não ter havido diferença entre a biomassa dos diferentes tamanhos

entre os dois períodos sugere que os fatores estudados estão atuando de forma similar e

combinada sobre estes organismos, não havendo, portanto, preponderância de um único

fator.

Palavras-chave: fitoplâncton, clorofila-a, Estrutura de tamanhos, Nitrogênio, Fósforo

Page 30: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

16

Biomass of pico, nano and microplankton in a black water river from the Amazon

region

ABSTRACT

The phytoplankton size structure in a lacustrine environment may be influenced by light,

temperature, nutrients and other factors involved in the photosynthesis. Phytoplankton

can be classified in three classes of sizes: Picophytoplankton, nanophytoplankton and

microphytoplankton. The goal of this study was to estimate pico, nano and

microphytoplankton biomasses in the Tupé lake at low waters period and high waters

period, and to verify if some of the physical and chemical characteristics of the water,

measured in this research, would influence the biomasses. The samples were taken in two

months at the low waters period and two months in the high waters period at the Tupé

lake (Sustainable Development Reserve of Tupé). As sampling criteria, was used an

extension of the euphotic zone, estimated with the assistance of transparency methods by

Secchi's disc. One tube of PVC of 50mm in diameter and 3m in lenght, with a valve for

water retention, was inserted in this extension and its content was placed in a bucket,

homogenized, then 2 L samples were taken. In laboratory, the samples were fractionated

in order to obtain the pico, nano and microphytoplankton, and later the biomass of each

fraction was measured through chlorophyll-a. The total low waters period biomass was

27,03 µg/L, and the total high waters period biomass was 36,59 µg ̸ L. There was not a

statistically significant difference (p>0,05) between the biomasses from pico,nano and

microphytoplankton. Not having found differences among the biomasses from different

sizes, between the two periods, suggests that the factors studied are acting in a similar and

combined way upon these organisms, not having, therefore, a prevalence of a single factor

Key-words: Phytoplankton, Chlorophyll-a, Size structure, Nitrogen, Phosphorus

INTRODUÇÃO

Algas são organismos autotróficos fotossintetizantes dotados obrigatoriamente

de clorofila-a, pigmento mais importante para fotossíntese e que apresenta papel central

no arranjo dos fotossistemas para captação de energia luminosa. A maioria das espécies

de algas dispõe de uma segunda clorofila que pode ser clorofila b, c ou d, consideradas

acessórias da clorofila-a no processo de fotossíntese (Round 1983; Lourenço 2006). Além

de alguns grupos apresentarem diferentes pigmentos acessórios, as espécies de algas

podem ter tamanhos diferentes (Pal e Choudhury 2014). Sieburth (1978), classificou os

organismos planctônicos em várias classes de tamanhos, incluindo as algas. Nomeou

Page 31: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

17

como picoplâncton as algas medindo de 0,2 a 2 µm, nanoplâncton de 2,1 a 20 µm e

microplâncton de 20,1 a 200 µm.

A estrutura de tamanho das algas pode ser afetada pela luz, temperatura,

nutrientes e predação (Bassoli e Rolandi 2006; Pal e Choudhury 2014). Também pode ser

afetada por fatores envolvidos no processo de fotossíntese, principalmente a radiação

solar esta, pode ser afetada pela inibição pela luz, saturação e limitação (Bassoli e Roland

2006). Quando a radiação solar atinge a superfície da água e vai diminuindo até 1 % de

luz incidente na superfície, essa região onde há luz fotossinteticamente ativa na coluna

d’água é chamada de zona eufótica. A turbidez pode atuar como um importante regulador

da disponibilidade de luz na coluna d’água. Um aumento na turbidez é causado

principalmente pela carga de partículas em suspensão e pela matéria coloidal na coluna

de água, incluindo partículas inorgânicas (por exemplo, sedimentos dispersos) e orgânicas

(fitoplâncton e zooplâncton). Assim, pode-se dizer que haverá uma diminuição

exponencial na disponibilidade de luz com a profundidade a uma taxa que é dependente

do teor de partículas da coluna de água (Pal e Choudhury 2014).

Quanto a temperatura, a sua variação está relacionada diretamente à radiação

solar, esse processo pode causar a estratificação térmica da coluna d’água. Se a região do

metalímnio coincidir com a zona eufótica, a maior concentração de fitoplâncton poderá

ser encontrada nessa camada (Tundisi e Tundisi 2008; Pal e Choudhury 2014).

Já os nutrientes nos ambientes aquáticos naturais podem ter distribuição

homogênea ou podem acumular-se em camadas mais profundas sob condições

estratificadas. No ambiente aquático o crescimento, produtividade e diversidade do

fitoplâncton podem ser controlados por nitrogênio e fósforo (Pal e Choudhury 2014). O

nitrogênio é um componente fundamental de três classes de substâncias estruturais das

células: proteínas, ácidos nucleicos e pigmentos fotossintetizantes, sendo importante para

Page 32: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

18

o crescimento das algas em seu metabolismo primário. O fósforo é importante para o

crescimento, pois transfere energia e constitui moléculas estruturais das células

(Lourenço 2006).

Outro fator que pode afetar a estrutura de tamanho do fitoplâncton é a predação

por organismos do zooplâncton. O fitoplâncton é considerado a base da cadeia alimentar

pois serve de alimento para organismos zooplanctônicos e estes transferem a energia a

outros níveis da cadeia trófica. Além disso, algumas espécies, principalmente de

clorófitas são importantes fontes de proteínas, de qualidade nutricional, valor nutricional

e palatáveis para organismos filtradores como cladóceros, copépodes e rotíferos (Tavares

e Matsumura-Tundisi 1984; Matsumura-Tundisi e Tavares 1986; Jayatunga 1986; Hardy

1989; Rocha e Matsumura-Tundisi 1990; e Diaz-Castro e Hardy 1998; Hardy e Castro

2000).

Na Amazônia são escassos os estudos abordando essa relação do fitoplâncton

com esses fatores, principalmente sobre biomassa do fitoplâncton, muito menos por

fração de tamanho. Schmidt (1973a; 1976b) estimou a biomassa fitoplanctônica de um

lago de água branca e de um lago de água preta e concluiu que, a menor biomassa e

consequentemente menor produtividade foi do lago de água preta em comparação com o

de água branca.

Mais especificamente o lago Tupé, localizado à margem esquerda do rio Negro

local do presente estudo, em relação ao fitoplâncton tem estudos taxonômicos e florísticos

(Cronberg 1987; Meyer et al. 1997; Melo et al. 2005a; 2005b; 2005b; Pereira 2009; Leão

2012), biovolume e variação sazonal e espacial (Leão 2012) e clorofila-a (Rai e Hill

1981). Rai e Hill (1981) estudando as características físicas e químicas do lago Tupé

descobriram um padrão entre a zona eufótica e a clorofila-a. Observaram que nas

diferentes profundidades do lago a distribuição da luz coincidia com a clorofila, ou seja,

Page 33: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

19

até onde havia luz (zona eufótica) nas diferentes profundidades, havia clorofila.

Confirmando que, até onde há penetração de luz, pode haver fotossíntese e

consequentemente a presença das microalgas.

Portanto, sabe-se que o lago é rico em espécies de organismos zooplanctônicos

filtradores (Ghidini 2009; Brandorff e Hardy 2009; Ferreira e Robertson 2009; Calixto et

al. 2011; Ghidini 2011; Vasquez 2011; Segundo 2013; Nascimento 2015; Raid 2015) e

também rico em organismos fitoplanctônicos. Também sabe-se que os organismos

zooplanctônicos são de variados tamanhos (Sieburth 1978; Geller e Muller 1981) e podem

exercer pressão de predação preferencial em diferentes frações de tamanho do

fitoplâncton, o que pode influenciar a biomassa total de cada uma dessas frações, além de

influenciar a estrutura de tamanho das comunidades, por isso é importante saber qual a

biomassa do pico, nano e microfitoplâncton do lago Tupé nos períodos de seca e enchente

e se algumas das características físicas e químicas da água do lago também influenciam

a biomassa e, assim, testar a hipótese de que a biomassa do pico, nano e microfitoplâncton

é homogênea nos períodos hidrológicos estudados e, consequentemente determinar

também a estrutura de tamanho da comunidade de algas planctônicas.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

O lago Tupé (3°2’36”S e 60°15’18”W) fica localizado na Reserva de

Desenvolvimento Sustentável do Tupé (RDS do Tupé), margem esquerda do rio Negro,

25 km do Porto de Manaus, Amazonas (Figura 1). É um lago de água preta, distrófico,

onde deságuam oito igarapés e está conectado ao rio Negro por um canal de 150 m de

comprimento. Quando o nível do rio Negro, no porto de Manaus, está abaixo da cota de

19 m a.n.m (acima do nível do mar), não há nenhuma influência deste sobre o lago e esse

Page 34: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

20

período para o lago é considerado seca. Quando o nível do rio Negro no porto de Manaus

está acima da cota de 19 m a.n.m, há influência do rio sobre o lago, o nível da água do

lago começa a subir alagando suas margens, esse período é considerado enchente (Aprile

e Darwich 2005).

Na enchente, a água do lago Tupé apresenta temperatura variando de 27,8 a 30,9

ºC, saturação do oxigênio 0,4 e 88,5 % (4,6 mg.L-1) e pH entre 3,05 e 4,67. Na seca a

temperatura da água varia entre 24,8 e 32,0 ºC, saturação de oxigênio 0,8 e 135, 6 % e pH

3,89 a 5,95 (Darwich et al. 2005).

Amostragem

As amostras foram coletadas semanalmente durante dois meses nos períodos de

seca (2015) e enchente (2016). Foram escolhidos três pontos de coleta garantindo que as

amostras fossem independentes, localizados na região central do lago (P1), no braço

secundário (P2) e no braço principal (P3) (Figura 2).

Fatores abióticos

Em cada ponto foram medidos através de uma sonda multiparâmetros (marca

YSI modelo 556 MPS) características químicas e físicas da água como pH, temperatura,

P3

P1

P2

Figura 1. Localização da RDS do Tupé e do lago Tupé, à

margem esquerda do rio Negro, próximo à cidade de

Manaus. Fonte: biotupe.org

Figura 2. Lago Tupé em destaque os pontos de coleta dos

períodos de seca e enchente. Fonte: biotupe.org

Page 35: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

21

condutividade elétrica, saturação de oxigênio e oxigênio dissolvido. A transparência da

água foi mensurada com disco de Secchi.

Para as dosagens de nutrientes (nitrogênio total, nitrito, nitrato, fósforo total e

ortofosfato) em cada ponto, foram coletadas amostras da água em frascos esterilizados de

100 ml, que foram colocadas, após a coleta, em caixa de poliestireno expandido com gelo

onde foram mantidas e levadas ao Laboratório de Plâncton do Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia (INPA). No laboratório as análises de nutrientes foram realizadas

pelo método de espectrofotometria.

Fitoplâncton

Para obter uma amostra representativa de organismos presentes na coluna d’água

tomou-se como critério amostrar em toda extensão da zona eufótica, que foi estimada

utilizando-se medida de transparência da água com o disco de Secchi. O valor obtido foi

multiplicado por três sendo o valor final admitido como extensão da zona eufótica, ou

seja, até onde há luz fotossinteticamente ativa na coluna d’água que é 1 % da luz incidente

na superfície (Esteves 1998).

Após a estimativa da extensão da zona eufótica, o fitoplâncton foi coletado com

um tubo de PVC de 4,5 m de comprimento e 5 cm de diâmetro com uma válvula para

reter a água acoplada em sua extremidade. O tubo foi introduzido verticalmente na coluna

d’água, até a extensão máxima da zona eufótica. Ao atingir a profundidade desejada o

movimento cessa e a válvula não permite a saída da água, propiciando assim uma amostra

integrada de toda a zona eufótica. Após isso, o tubo foi puxado para dentro do barco e seu

conteúdo despejado num balde. A água foi então, homogeneizada e amostras de 2L foram

retiradas. Os frascos foram envoltos com papel-alumínio e colocados em sacos plásticos

pretos para evitar qualquer influência da luz. A seguir foram devidamente etiquetados e

Page 36: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

22

acondicionados numa caixa de poliestireno expandida contendo gelo para serem

transportadas ao laboratório, onde foram colocadas em refrigerador até serem analisadas.

No Laboratório de Química da Água do INPA, 1L de cada amostra foi filtrado

sequencialmente por uma bateria de filtros com poros de 20 µm, 2 µm e 0,2 µm. O

primeiro filtro foi uma peneira confeccionada com malha 20 µm. Os outros dois filtros

eram de fibra de vidro. Com esse procedimento obteve-se as três frações (pico, nano e

micro) do fitoplâncton para a extração da clorofila α que foi usada como estimativa da

biomassa.

Clorofila-a

Foi usado concentração de clorofila-α como estimativa da biomassa, que foi

extraída e medida pelo método de espectrofotometria proposto por Lorenzen (1967), no

laboratório de Química da Água do INPA.

Os filtros de 2 µm e 0,2 µm com as frações do fitoplâncton foram

individualmente colocados no tubo de maceração onde foi adicionado 2 ml de acetona 90

%, a seguir um pilão foi inserido para iniciar a trituração do filtro, em seguida foi

adicionado mais 2 ml de acetona 90 %, até que o filtro ficasse macerado. Após a trituração

do filtro, o pilão foi lavado com 2 ml de acetona 90 %. Posteriormente, o conteúdo do

tubo de maceração foi colocado no tubo de ensaio e adicionado acetona 90 % até

completar 10 ml. O material retido na peneira de 20 µm, foi transferido diretamente para

o tubo e o material passou pelo mesmo procedimento utilizado para as frações de 2 µm e

0,2 µm.

Após esta etapa, o material de cada fração foi centrifugado por 20 minutos em

4000 rpm. O material sobrenadante foi colocado em cubetas com 1 cm de caminho óptico,

para as leituras das absorbâncias em espectrofotômetro, nos comprimentos de onda 663

Page 37: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

23

nm e 750 nm. Foi adicionado ao conteúdo do tubo 0,1 ml de ácido clorídrico (HCL) e

recentrifugado, por 5 minutos. Foi lido novamente em 663 nm750 nm.

Análise de dados

Os dados de biomassa foram checados quanto a normalidade por meio do teste

de Shapiro-Wilk. Para verificarmos se houve diferença estatisticamente significativa

entre a biomassa do picoplâncton, nanoplâncton e microplâncton e, para testar se os

valores obtidos da biomassa dessas três frações de tamanho entre os períodos de seca e

enchente foi homogênea, foi realizada a análise não paramétrica de Kruskall Wallis

considerando o nível de significância p<0,05. Para verificarmos se algumas das

características medidas da água estava relacionada a biomassa dessas frações do

fitoplâncton, foi realizado a análise de componentes principais (ACP). Foi utilizado o

programa estatístico BioEstat versão 5.3 para realização das análises.

RESULTADOS

Variáveis físicas e químicas

No período de seca a menor profundidade foi de 1,60 m no ponto 2 do lago e, a

maior profundidade de 4,20 m no ponto 3. Quando a cota do rio Negro atingiu 18,7 m, a

água do rio entrou no lago num processo lento alagando as margens, neste período que

chamamos de enchente, a menor profundidade foi de 8,2 m no ponto 2 e, maior

profundidade 10,8 m no ponto 3.

Os resultados das características físicas e químicas da água do lago Tupé

encontram-se na tabela 1. Na seca a temperatura variou de 30 a 34ºC, o oxigênio

dissolvido variou de 5,7 a 7,1 mg ̸ L, a saturação de oxigênio de 64,6 a 97%, a

condutividade elétrica de 4,9 a 12,9µS ̸ L, a transparência de 75 a 110 cm e o pH de 4,1

a 5,7. Na enchente a temperatura variou de 18 a 31ºC, o oxigênio dissolvido variou de 0,1

Page 38: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

24

a 3,6 mg ̸ L, a saturação de oxigênio 2,0 a 48,7%, a condutividade elétrica de 13 a 43,3µS ̸

L, a transparência de 97 a 120cm e o pH de 4 a 6.

A concentração dos nutrientes, nitrito, nitrato, nitrogênio total e ortofosfato e

fósforo total foi baixa no lago Tupé (tabela 2). A concentração de nitrato não foi

perceptível e nem detectada na seca, enquanto os valores de nitrito e nitrogênio total,

ortofosfato e fósforo total, foram registrados em valores muito baixos. A média de nitrito

foi menor na seca, enquanto nitrogênio total e ortofosfato tiveram médias semelhantes na

seca e na enchente. O fósforo total teve média maior na seca e menor na enchente.

Variáveis Seca Enchente

Pontos Min. Máx. Média D.P Min. Máx. Média D.P

Temperatura (ºC)

1 30,7 33,7 32,0 1,0184 28,8 31 29,9 0,706

2 31,3 34,5 33,2 1,1856 23,7 32.4 29,5 2,5773

3 31,8 33,7 32,4 0,9964 18,9 31,1 29,6 4,112

OD (mg/L)

1 5,4 7,1 6,02 0,5027 0,16 3,16 1,43 1,3664

2 5,74 7,1 6,25 0,4943 0,16 3,61 1,64 1,5862

3 5,38 6,9 6,24 0,5672 0,15 3,45 1,43 1,4311

SO (%)

1 64,6 97 82,3 9,2068 2,2 40,9 18,9 17,7393

2 78,2 96,6 87,0 6,4673 2,1 48,7 21,5 20,5916

3 67,3 91,1 81,8 9,0829 2 44,3 19,2 19,1814

Transparência (cm)

1 80 110 91,8 13,086 80 120 100,3 10,7429

2 75 95 85,0 7,0711 98 105 100,3 1,9955

3 10 100 80,2 29,769 90 100 98,3 3,5431

Cond. Elétrica (µS/L)

1 4,9 6,1 5,45 0,4892 12,9 41,4 18,9 9,8601

2 4,9 5,9 5,35 0,3423 13 40,9 19 9,7793

3 4,9 5,7 5,37 0,3196 13,1 43,3 19,4 10,6081

Tab. 1. Médias e desvios padrões das variáveis limnológicas dos períodos de seca e enchente no lago Tupé

onde, D.P = desvio padrão; OD = oxigênio dissolvido e SO = saturação de oxigênio.

Page 39: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

25

Nutrientes

(mg/L-1)

Seca Enchente

Min. Máx. Média D.P Min. Máx. Média D.P

Nitrito 0 0,02 0,005 0,0059 0 1,24 0,076 0,2584

Nitrato 0 0 0 0 0,05 0,15 0,097 0,0317

Nitrogênio Total 0,03 4,81 2,051 1,8704 0,01 4,84 2,011 1,4172

Ortofosfato 0 0,65 0,244 0,1734 0,03 0,55 0,25 0,1625

Fósforo Total 0 2,37 0,684 0,7769 0 1,24 0,076 0,2584

Biomassa e as características físicas e químicas da água

Na análise dos componentes principais (ACP) foram explicados 67 % dos

resultados amostrados nos dois primeiros eixos. Estiveram relacionados ao eixo 1 (53 %),

nitrito, nitrato, temperatura, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido. Estiveram

relacionados ao eixo 2 (14 %) ortofosfato, transparência e pH (figura 3). Os períodos de

seca e enchente foram separados, onde ortofosfato, temperatura e oxigênio dissolvido

estiveram relacionados ao período de seca. Já a transparência, nitrito, nitrato, pH e

condutividade elétrica estiveram relacionados ao período de enchente (figura 3).

Tab. 2. Médias e desvios padrões dos nutrientes do período de seca e enchente no lago Tupé.

Page 40: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

26

Biomassa do pico, nano e microfitoplâncton no período de seca do lago Tupé

O total da biomassa foi de 27,03 µg ̸ L, sendo o picoplâncton 6,28 µg ̸ L,

nanoplâncton 11,47 µg ̸ L e o microplâncton 9,28 µg ̸ L. A média do picoplâncton foi de

0,26 µg ̸ L, a do nanoplâncton 0,47 µg ̸ L e a do picoplâncton 0,38 µg ̸ L, esses valores

podem ser vistos na tabela 3. Não houve diferença estatisticamente significativa (p = 0,49)

entre o pico, nano e microplâncton do período de seca e, nem entre os pontos de coletas

(p = 0,85).

Biomassa do pico, nano e microfitoplâncton no período de enchente do lago tupé

Na enchente, o total da biomassa foi 36,59 µg ̸ L, sendo o picoplâncton 8,74

µg ̸L, nanoplâncton 14,74 µg ̸ L e o microfitoplâncton 13,11 µg ̸ L. A média do

picoplâncton foi de 0,36 µg ̸ L, a do nanoplâncton 0,61 µg ̸ L e a do microplâncton 0,54

Figura 3. Análise de componentes principais das variáveis físicas e químicas da seca e enchente do lago Tupé. Orto=

ortofosfato, OD= oxigênio dissolvido, Transp. = transparência, Cond. Elet. = condutividade elétrica e clorofila=

clorofila-a.

Page 41: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

27

µg ̸ L, esses valores podem ser vistos na tabela 3. Não houve diferença estatisticamente

significativa (p = 0,49) entre o pico, nano e microfitoplâncton do período de enchente e

nem entre os pontos de coletas (p = 0,25).

Tamanhos

(µg/L)

Seca Enchente

Min. Máx. Média D.P Min. Máx. Média D.P

Pico 0 2,18 0,26 0,57 0 1,64 0,36 0,44

Nano 0 6,28 0,47 1,36 0 3,00 0,61 0,95

Micro 0 3,00 0,38 0,66 0 4,64 0,54 1,02

Quanto a estrutura de tamanho do fitoplâncton, 2/3 da biomassa fitoplanctônica

pertenceu ao picoplâncton e ao nanoplâncton (figuras 3 e 4). No período de seca, 23 %

de picoplâncton, 34 % de microplâncton e 43 % de nanoplâncton. Na enchente, 24% de

picoplâncton, 36 % de microplâncton e 43% de nanoplâncton.

Tab. 3. Médias e desvios padrões dos diferentes tamanhos de fitoplâncton do período de

seca e enchente no lago Tupé

Figura 4. Estrutura de tamanho das

frações de fitoplâncton da seca do

lago Tupé.

Figura 5. Estrutura de tamanho das

frações de fitoplâncton da enchente

do lago Tupé.

Page 42: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

28

DISCUSSÃO

Biomassa fitoplanctônica e características limnológicas do lago Tupé

As características físicas e químicas da água do lago Tupé também foram

estudadas por Rai e Hill (1981) e Darwich et al. (2005). No lago Tupé seca e enchente

são períodos diferentes em relação a essas características (Tabela 1). Alguns grupos de

fitoplâncton são adaptados a viver nessas condições de ambientes de águas pretas como

as Desmídias, pois um dos fatores que contribui para sua ocorrência é o pH, se

desenvolvem melhor nesse tipo de ambiente e recebem a denominação acidobiôntes, ou

seja, adaptadas a viver em ambientes onde amplitude de pH é 4-5, como é o caso do lago

Tupé. As diatomáceas especialmente Eunotiaceae e Pinnulareaceae também são

adaptadas a viver em ambientes oligotróficos e com reduzidos valores de pH (Round

1983; Lourenço 2006). Outros grupos de algas que também são típicas de lagos húmicos

são do gênero Gymnodinium (Lepistõ et al. 2006). Assim, as condições do lago Tupé em

relação as características físicas e químicas da água podem favorecer o crescimento de

espécies desses grupos adaptados a viver nesse tipo de ambiente.

Quanto aos nutrientes, não há variação tornando seca e enchente períodos

similares (Tabela 2). Sabe-se que os nutrientes são potencialmente importantes para o

crescimento do fitoplâncton, tanto para as espécies de algas de água preta (Schmidt 1976;

Aprile e Mera 2007; Trevisam e Forsberg 2007), como para as espécies de água branca

(Schmidt 1973; Ibañez 1998). As pesquisas que abordaram a relação dos organismos

fitoplanctônicos em ambientes de água preta indicam uma forte relação entre os nutrientes

principalmente nitrogênio total e fósforo total e a biomassa do fitoplâncton (Trevisam e

Forsberg 2007). Aprile e Mera (2007) observaram que os elementos nitrogenados

(nitrogênio total, nitrito, nitrato e amônia) são os elementos que mais contribuem para o

crescimento das espécies fitoplanctônicas.

Page 43: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

29

A concentração de nutrientes deve sempre ser medida quando se mede biomassa

de fitoplâncton, isso porque os nutrientes são importantes para o crescimento do

fitoplâncton e o valor da concentração de nutrientes mais o valor da biomassa podem

indicar o grau de trofia do ambiente lacustre. Considerando o teor da biomassa

fitoplanctônica e a concentração de fósforo total, o lago Tupé pode ser classificado como

um lago oligotrófico segundo a classificação para ambientes tropicais Salas e Martino

(2001).

Na análise dos componentes principais (PCA) os períodos de seca e enchente

ficaram separados (Figura 3). O ortofosfato, a temperatura e o oxigênio dissolvido

estiveram relacionados ao período de seca pois nessa época a água do lago Tupé não tem

qualquer influência da água do rio Negro, então o aporte de fósforo é proveniente dos oito

igarapés que alimentam o lago (Aprile e Siqueira 2009) e, a temperatura da água e a

concentração de oxigênio dissolvido foram maiores nesse período. A transparência,

nitrito, nitrato, pH e condutividade elétrica estiveram relacionados ao período de enchente

pois, nesse período a água do lago é influenciada pela água do rio Negro. Quando a água

do rio Negro entra no lago tupé há maior movimentação dos íons e o aumento na

condutividade elétrica. Devido a essa movimentação há o revolvimento dos nutrientes

contidos na serapilheira e no sedimento do fundo lago, oscilando a concentração de

nutrientes e pH.

Estrutura de tamanho do fitoplâncton

Para coleta de algas fitoplanctônicas a literatura ressalta que é necessária uma

rede de 20 µm de malha para análise qualitativa. Para análise quantitativa é mencionado

a coleta com um frasco na sub superfície da água. Essa metodologia vem sendo utilizada

na maioria das pesquisas relacionadas ao fitoplâncton, com inúmeras publicações de

artigos. Nesse estudo, foi utilizado uma metodologia diferente, e como principal

Page 44: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

30

conclusão do resultado relacionado a essa metodologia foi que 2/3 da biomassa total tanto

da seca quanto da enchente pertenceram ao picofitoplâncton e ao nanofitoplâncton.

Quando se coleta com a rede de 20 µm de malha pode ser que o tamanho dessa malha

seleciona apenas as algas pertencentes ao microfitoplâncton, dessa forma o pico e o

nanofitoplâncton passam despercebidos pela rede.

Da mesma forma em que se coleta com um frasco na sub superfície da água,

apenas as algas presentes ali na sub superfície são coletadas, “descartando” as espécies

que podem estar presentes em toda a extensão da zona eufótica. A coleta com o tubo de

PVC permitiu que se coletasse todas as possíveis espécies que poderiam estar presentes

em toda a extensão da zona eufótica, como também permitiu que todos os possíveis

tamanhos de algas fossem selecionados para análise.

Biomassa do fitoplâncton do lago Tupé

Na Amazônia, são poucos os estudos que envolvem a biomassa de fitoplâncton

pelo método de clorofila-a, muito menos abordando a biomassa por fração de tamanho.

O resultado sobre a biomassa foi diferente do que se era esperado, pois a maioria dos

estudos abordando o fitoplâncton afirmam que a maior riqueza e abundância de algas é

encontrada no período de seca, por causa da maior concentração de nutrientes (Melo et

al. 2005a; 2005b; Leão 2012), por esse motivo esperava-se ser encontrado o maior valor

de biomassa nesse período.

A biomassa do fitoplâncton foi baixa no lago Tupé em relação aos ambientes de

água branca que tem concentração de até 210 µg/L-1 (Ibañez 1998; Schmidt 1973). Pode-

se comparar a biomassa do lago Tupé com a biomassa do lago verde estudado por Alves

(1983). O lago Verde fica localizado a margem esquerda do rio Negro é um lago de terra

firme semelhante ao lago Tupé quanto a morfologia e também é alimentado por igarapés

Page 45: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

31

não deixando o lago secar totalmente na época de seca. O teor de clorofila-a foi

considerado baixo neste lago. Os valores médios de clorofila-a na zona eufótica oscilaram

entre 0,8 e 4,5 mg ⁄m3 com aumento no período de junho-dezembro 12,7 a 52,8 mg ⁄m3,

tal aumento foi relacionado ao desmatamento que proporcionou mais nutrientes para o

meio aquático. Rai e Hiil (1981) estudaram o lago tupé, na seca a biomassa variou de de

0,5 a 30 µg ̸ L. Já Schmidt (1976) verificou que a biomassa varia na zona de profundidade

entre 1 e 15 mg ⁄m3 e por unidade de superfícies da zona eufótica de 3 a 40 mg ⁄m3.

Considerando essas comparações, a biomassa do lago Tupé foi similar a biomassa

fitoplanctônica dos ambientes de agua clara (Alves 1983; Rudorff et al. 2007) e a outros

ambientes de água preta (Schimdt 1976; Rai e Hill 1981).

Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa do pico,

nano e microplâncton tanto no período de seca quanto no período de enchente, isso pode

ser explicado por dois principais fatores, primeiro em relação aos nutrientes, segundo em

relação a pressão de predação do zooplâncton. Como a concentração de nutrientes foi

baixa e não houve variação nos dois períodos, também não houve variação entre as

biomassas do pico, nano e microfitoplâncton.

O fato de não ter havido diferença estatisticamente significativa entre as três

frações de tamanhos do fitoplâncton também pode estar relacionado a predação do

zooplâncton. Os organismos zooplanctônicos (cladóceros, copépodes e rotíferos) do lago

Tupé podem não estar se alimentando apenas de uma fração de tamanho do fitoplâncton.

Os organismos zooplanctônicos podem estar se alimentando das três frações de tamanhos

ao mesmo tempo e a predação não influencia de nenhuma forma a estrutura de tamanho

de fitoplâncton no lago Tupé. Bailey-Watts (1986) especulou que a diminuição da

biomassa fitoplanctônica se dava por causa da diminuição do fósforo ou por causa da

predação de zooplâncton e, viu que quando havia presença de Daphnia sp. a biomassa de

Page 46: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

32

algas de tamanho pequeno diminuía. Berggreen (1988) observou que os diferentes

estágios de copépodes atuam sobre diferentes frações de tamanho de partículas de

fitoplâncton. Trevisam e Forsberg (2007) estudando 20 lagos tanto de água preta quanto

de água branca, afirmaram que a predação do zooplâncton não influencia na biomassa do

fitoplâncton. Esses e diversos outros trabalhos afirmam que o zooplâncton de diferentes

tamanhos pode atuar em tamanhos diferentes de fitoplâncton, fazendo com que

predominem no ambiente ou algas de tamanhos grandes ou algas de tamanho pequeno

influenciando dessa forma na estrutura de tamanho da comunidade de fitoplâncton. Sendo

o lago Tupé rico em espécies de cladóceros, copépodes e rotíferos sabe-se que os

cladóceros têm tamanhos diferentes (Ghidini 2009) porém, não se sabe dos tamanhos dos

outros grupos, muito menos se estão se alimentando do picofitoplâncton,

nanofitoplâncton ou microfitoplâncton, sendo assim é necessário um estudo mais

aprofundado envolvendo a relação fitoplâncton-zooplâncton para saber se estes

influenciam ou não no crescimento e na estrutura de tamanho do fitoplâncton.

CONCLUSÃO

Com os valores obtidos da biomassa fitoplanctônica e a baixa concentração de

nutrientes o lago Tupé pode ser classificado como um lago oligotrófico.

A variação do nível da água nos períodos de seca e enchente parece não

influenciar na biomassa fitoplanctônica do lago Tupé.

2/3 da biomassa total tanto da seca quanto da enchente pertenceram ao

picoplâncton e ao nanoplâncton, dessa forma, mais atenção deve ser dada a metodologia

de coleta do fitoplâncton.

Além dos nutrientes, a estrutura de tamanho do fitoplâncton pode estar sendo

influenciada por outro fator como a predação do zooplâncton.

Page 47: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

33

Novos estudos abordando a variação da biomassa fracionada em todos os

períodos seca, enchente, cheia e vazante devem ser feitos. Além de estudos que

comprovem que o zooplâncton tem pressão de predação sobre a biomassa fracionada de

fitoplâncton.

AGRADECIMENTOS

Esta pesquisa foi apoiada pelo Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia

(INPA) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Agradecer grandemente todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a

realização desta pesquisa em especial ao Dr. Edinaldo Nelson dos Santos Silva e aos

colegas e amigos do Laboratório de Plâncton do INPA.

Page 48: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

34

REFERÊNCIAS

Alves, L.F. 1983. Estudo sazonal da produção primária e fatores ecológicos num lago

de terra firme da Amazônia central (lago Verde/rio Negro). Dissertação de mestrado do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia / Fundação universidade do Amazonas,

Manaus, Amazonas. 132p.

Aprile, F.M.; Darwich, A.J. 2005. Modelos Geomorfológicos para o Lago Tupé. In:

Santos-Silva, E.N.; Aprile, F.M.; Scudeller, V.V.; Melo, S. (1ed) Biotupé: meio físico,

diversidade biológica e sócio-cultural. Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia,

Manaus, Amazonas, p. 3-17.

Aprile, F.M.; Darwich, A.J. 2009. Regime térmico e a dinâmica do oxigênio em um lago

meromítico de águas pretas da região amazônica., 13: 37-43.

Aprile, F.M.; Siqueira, G.W. 2009. Modelo de Fluxo de Fósforo Total para o Sistema

Hidrogeológico da Bacia do Lago Tupé, Amazônia Central. In: Santos-Silva, E.N.;

Aprile, F.M.; Scudeller, V.V.; Melo, S. (2ed) Biotupé: meio físico, diversidade biológica

e sócio-cultural. Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, p.

19-34.

Bailey-Watts, A.E. 1986. Seasonal variation in size spectra of phytoplankton assemblages

in Loch Leven, Scotland. Hydrobiologia, 138:25-41

Berggreen, U.; Hansen, B.; Kiorboe, T. 1988. Food size spectra, ingestion and growth of

the copepod during development: implications for determination of copepod production.

Marine Biology, 99: 341-352.

Bassoli, F. 2006. Produção Fitoplanctônica em ecossistemas límnicos brasileiros: síntese

e cenário atual. Dissertação de mestrado do Programa de Pós Graduação em Ecologia/

Universidade Federal do rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 132p.

Brandorff, G.O.; Hardy, E.R. 2009. Crustacean zooplankton of Lago Tupé, a neotropical

black water lake in the Central Amazon. In: Santos-Silva, E.N.; Aprile, F.M.; Scudeller,

V.V.; Melo, S. (2ed) Biotupé: meio físico, diversidade biológica e sócio-cultural.

Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, p. 37-52.

Calixto, L.S.F., Ghidini, A.R., Silva, E.A.; Santos-Silva, E.N. Distribuição espaço-

temporal da riqueza e abundância do zooplâncton no lago Tupé, baixo rio Negro,

Amazonas, Brasil. In: Biotupé: meio físico, diversidade biológica e sociocultural do

baixo rio Negro, Amazônia Central. Santos-Silva, E.N.; Scudeller, V.V. e Cavalcanti,

M.J. 3ed, Rizoma Editorial, Manaus, 203-233p.

Cronberg, G. 1987. Scaled chrysophytes from the tropics. Nova Hedwigia, 95: 191-232.

Darwich, A.J.; Aprile, F.M.; Robertson, B.A. 2005. Variáveis limnológicas: contribuição

ao estudo espaço-temporal de águas pretas amazônicas. In: Santos-Silva, E.N.; Aprile,

F.M.; Scudeller, V.V.; Melo, S. (3ed) Biotupé: meio físico, diversidade biológica e sócio-

cultural. Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, p. 19-33.

Diaz-Castro, J.G.; Hardy, E.R. 1998. Life history of Moina Micrura (Kurz) fed with three

algae species, in the laboratory. Amazoniana, 15(1/2): 25-34.

Esteves, F.A.1998. Fundamentos de Limnologia. 2.ed. Interciência, Rio de Janeiro, 602p.

Page 49: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

35

Ferreira, B.P.C.; Robertson, B.A. 2009. Composição e abundância de Cladóceros

planctônicos no período diurno e noturno de um lago de água preta da Amazônia Central.

XVII Jornada Científica PIBIC, 454-457.

Geller, W.; Muller, H. 1981. The filtration apparatus of cladocera: filter mesh-sizes and

their implications on food selectivity, Oecologia 49: 316-321.

Ghidini, A.R.; Santos-Silva, E.N. 2009. Biomassa de quatro espécies de cladocera

(Crustacea: Branchiopoda) e sua variação nictemeral no lago Tupé, Amazonas, Brasil In:

Santos-Silva, E.N.; Aprile, F.M.; Scudeller, V.V.; Melo, S. (3ed) Biotupé: meio físico,

diversidade biológica e sócio-cultural. Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia,

Manaus, Amazonas, p. 53-62.

Ghidini, A.R. 2011. Distribuição vertical nictemeral de Cladocera (Crustacea:

Branchiopoda) no lago Tupé, rio Negro, Amazonas, Brasil. Dissertação de mestrado do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ Programa de Pós Graduação em Biologia

de Água Doce e Pesca Interior, Manaus, Amazonas. 68p.

Hardy, E.R. 1989. Effect of temperature, food concentration and turbidity on the life cycle

characteristics of planktonic cladocerans in a tropical lake, Central Amazon: Field and

experimental word. Ph.D. Thesis. University of London, London. 337p

Hardy, E.R.; Castro, J.G.D. 2000. Qualidade nutricional de três espécies de clorofíceas

cultivadas em laboratório. Acta Amazonica, 30 (1): 39-47.

Ibañez, M.S.R. 1998. Phytoplankton composition and abundance of a central Amazonian

floodplain lake. Hydrobiologia, 362: 79-83.

Jayatunga, Y.N. 1986. The influence of foof and temperature on the life cycle

characteristics of planktonic cladoceram species from Kalawewa reservoir, Sri Lanka.

Ph.D. Thesis. University of London, London. 410p.

Leão, B.M. 2012. Composição florística e flutuação espacial e temporal do fitoplâncton

do lago tupé (amazonas, brasil). Tese de doutorado do Instituto Nacional de Pesquisas

da Amazônia/ Programa de Pós Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior,

Manaus, Amazonas. 68p.

Lepistõ, L.; Holopainen, A.L.; Vuoristo, H.; Rekolainen, S. 2006. Phytoplankton

assemblages as a criterion in the ecological classification of lakes in Finland. Boreal

Environment Research, 11: 35-44.

Lorezen, C.J. 1967 Determination of chlorophyll and phaeo-pigments:

spectrophotometric equations. Limnology and Oceanography. Vol. 12: 343-346.

Lourenço, S.O. 2006. Cultivo de microalgas marinhas: princípios e aplicações. 1da ed.

São Carlos: Rima, 588p.

Matsumura-Tundisi, T.; Tavares, L.H. 1986. Phytoplankton composition of Broa

reservoir and its utilization by Argyrodiaptomus furcatus (CopepodaCalanoida). In:

Bicudo, CE; Teixeira, C; Tundisi, J.G. (Eds.) Algas: a Energia do Amanhã. Instituto

Occanográfico da Universidade de São Paulo, São Paulo, pp. 183-188.

Melo, S.; Rebelo, S.R.M.; Souza, K.F.; Menezes, M.; Torgan, L.C. 2005. Fitoplâncton.

In: Santos-Silva, E.N.; Aprile, F.M.; Scudeller, V.V.; Melo, S. (3ed) Biotupé: meio físico,

diversidade biológica e sócio-cultural. Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia,

Manaus, Amazonas, p. 87-98.

Page 50: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

36

Melo, S.; Rebelo, S.R.M.; Souza, K.F.; Soares, C.; Sophia, M.G. 2005. Desmídias com

ocorrência planctônica. In: Santos-Silva, E.N.; Aprile, F.M.; Scudeller, V.V.; Melo, S.

(3ed) Biotupé: meio físico, diversidade biológica e sócio-cultural. Instituto Nacional de

pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, 99-108p.

Meyer, B.; Rai, H.; Cronberg, G. 1997. The thecal structure of Peridiniopsis amazonica

spec. nov. (Dinophyceae), a new cist-producing freshwater dinoflagellate from

Amazonian floodplain lakes. Nova Hedwigia, 65 (1-4): 365375.

Nascimento, I.O. 2015. Estrutura e dinâmica da comunidade de cladóceros planctônicos

em um ambiente lacustre sob a influência do rio Negro no início da enchente. Dissertação

de mestrado do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ Programa de Pós

Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior, Manaus, Amazonas. 23p.

Pereira, A.C. 2009. Pinnulariaceae (Bacillariophyta) de um lago de inundação

amazônico (lago Tupé, Amazonas, Brasil): taxonomia e distribuição espacial e sazonal.

Dissertação de mestrado do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ Área de

Concentração Biologia de Água Doce e Pesca interior, Manaus, Amazonas. 102p.

Rai, H.; Hill, G. 1981. Physical and chemical studies of Lago Tupé, a central Amazonian

blackwater “ Ria Lake”, Hidrobiol. Hydrogr, 66: 37-82.

Raid. S.A. 2015. Dinâmica da comunidade de copepoda (Crustacea, Maxillopoda) no

lago Tupé sob a influência do rio Negro, Manaus – AM. Dissertação de mestrado do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ Programa de Pós Graduação em Biologia

de Água Doce e Pesca Interior, Manaus, Amazonas. 52p.

Rocha, O.; Matsumura-Tundisi, T. 1990. Growth rate, longevity and reproductive

performance of Daphnia laevis Berge, D. gessneri Herbst and D. ambigua Scounfield in

laboratory cultures. Revta. Brasil. Biol., 50(4): 915-921.

Round, F.E. 1983. Biologia das algas. 2ed. London, Edward Arnold Limited, 263p.

Pal, R.; Choudhury, A.K. 2014. An introduction to phytoplanktons: Diversity and

Ecology. 1da ed. Ruma Pal e Choudhury, Índia, 175p.

Salas, H.J.; Martino, P. 2001. Metodologias simplificadas para la evaluación de

eutroficacion em lagos cálidos tropicales. Relatório CEPIS 60p.

Segundo, W.O.P.F. 2013. Riqueza, composição, abundância e distribuição de

ciclopóides nas regiões litorânea e limnética do lago Tupé, Manaus, AM, Brasil.

Dissertação de mestrado do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ Programa de

Pós Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior, Manaus, Amazonas. 54p.

Schmidt, G. W. 1973. Primary Production of Phytoplankton in the Three Types of

Amazonian Waters. III. Primary Productivity of Phytoplankton in a Tropical Flood-Plain

Lake of Central Amazonia, Lago do Castanho, Amazonas, Brasil. Amazoniana, 4(4): 379-

404.

Schmidt, G. W. 1973. Primary Production of Phytoplankton in the Three Types of

Amazonian Waters. III. Primary Productivity of Phytoplankton in a Tropical Flood-Plain

Lake of Central Amazonia, Lago do Castanho, Amazonas, Brasil. Amazoniana, 4(4): 379-

404.

Schmidt, G. W. 1976. Primary production of phytoplankton in three types of Amazonian

waters. IV. On the primary productivity of phytoplankton in a Bay of the lower Rio Negro

(Amazonas, Brazil). Amazoniana, 5(4): 517-528.

Page 51: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

37

Sieburth, J.NcN.; Smetacek, V.; Lenz, J. 1978. Pelagic ecosystem structure:

Heterotrophic compartments of the plankton and their relationship to plankton size

fractions. Lbmol. Oceanogr. 23(6):1256-1263.

Souza, K.F. 2012. Staurastrum meyen Ralfs (Conjugatophyceae, Desmidiaceae) da bacia

do rio Negro: taxonomia e distribuição geográfica. Tese de doutorado do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia/ Programa de Pós Graduação em Biologia de Água

Doce e Pesca Interior, Manaus, Amazonas. 276p.

Sioli, H. 1984. The Amazon and its main affluents: hidrography, morphology of the river

courses, and river types. In: Sioli, H. (eds). The amazon. Limnology and landscape

ecology of a mighty tropical river and its basin. Dr. W. Junk Publishers, Dordbrecht. 127-

165p.

Tavares, L.H.S. e Matsumura-Tundisi, T., 1984. Feeding in adult females of

Argyrbdiaptomus furcatus (Sars, 1901), Copepoda-Calanoida, of Lobo Reservoir (Broa),

São Carlos, São Paulo, Brazil. Hydrobiologia, 113: 15-23.

Tundisi, J.G.; Matsumura-Tundisi, T. 2008. Limnologia. Oficina de Textos, 632p.

Trevisam, G.V.; Forsberg, B.R. 2007. Relationships among nitrogen and total

phosphorus, algal biomass and zooplankton density in the central Amazonia lakes.

Hydrobiologia, 586: 357-365.

Vásquez, E. R. 2011. Estrutura e Dinâmica de Rotíferos (ROTIFERA) Em Vários

Microhabitats de Um Lago de Água Preta (Lago Tupé), Na Amazônia Central, Brasil.

Tese de Doutorado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas.

119pp.

Page 52: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

38

Capítulo II

PREDAÇÃO POR ORGANISMOS PLANCTÔNICOS INFLUENCIA A

ESTRUTURA DE TAMANHO DAS ALGAS FITOPLANCTÔNICAS EM UM

LAGO DE ÁGUA PRETA DA AMAZÔNIA?

Page 53: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

39

Predação por organismos planctônicos influencia a estrutura de tamanho das algas

fitoplanctônicas em um lago de água preta da Amazônia?

Raize CASTRO-MENDES* Edinaldo Nelson dos SANTOS-SILVA**

*Laboratório de Plâncton - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Manaus, Amazonas

Av. André Araújo, 2936, Aleixo, Manaus, Amazonas – CEP 69060-001

E-mail: [email protected]

** Laboratório de Plâncton - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Manaus, Amazonas

Av. André Araújo, 2936, Aleixo, Manaus, Amazonas – CEP 69060-001

E-mail:

1artigo formatado segundo as normas da revista Acta Amazonica.

RESUMO

Organismos do fitoplâncton podem pertencer às categorias de tamanho pico, nano e

microplâncton e organismos do zooplâncton ao micro, meso e macroplâncton. Por terem

tamanhos diferentes, os organismos zooplanctônicos podem se alimentar de diferentes

tamanhos do fitoplâncton. Objetivo foi avaliar se microcrustáceos e rotíferos planctônicos

consomem o picofitoplâncton, nanofitoplâncton e microfitoplâncton de forma

homogênea nos períodos de seca enchente do lago Tupé. Um experimento foi colocado

durante 24 horas no período de seca e enchente no lago Tupé. Amostras de zooplâncton

e fitoplâncton foram coletadas com um tubo de PVC de 4 m de comprimento, depois

foram levadas ao laboratório para serem analisadas. Os organismos zooplanctônicos

foram contados e medidos. A amostra de fitoplâncton foi fracionada em pico, nano e

microfitoplâncton para ser medida a biomassa de cada fração. Na seca e na enchente

houve diferença estatisticamente significativa entre microplâncton e mesoplâncton na

amostra inicial como na amostra final do experimento. A maior densidade de organismos

foi encontrada no experimento do período de seca. Os organismos zooplanctônicos não

exerceram pressão de predação seletiva sobre alguma das frações de tamanho do

fitoplâncton. Estudos que levem em conta a pressão de predação sofrida pelos organismos

zooplanctônicos e destes sobre organismos fitoplanctônicos são necessários para entender

se os controles na cadeia trófica são top down ou bottom up.

Palavras-chave: Picoplâncton; Nanoplâncton; Microplâncton; Microcosmo; Biomassa

Page 54: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

40

Predation by planktonic organisms influences the size structure of phytoplanktonic

algae in a black water lake in the Amazon?

Abstract

Phytoplanktonic organisms may belong to the size categories of picoplankton,

nanoplankton, and microplankton, while zooplanktonic organisms may belong to

microplankton, mesoplankton, and macroplankton. Because of their size differences, the

zooplanktonic organisms can feed on different size phytoplankton. The goal of this

research was to evaluate if planktonic microcrustaceans and rotifers consume the

picophytoplankton, nanophytoplankton, and microphytoplankton in a homogeneous way

at the low Waters period and rising Waters period at the lake Tupé. An experiment was

placed in lake Tupé during 24 hours at the low Waters period and rising Waters period.

Phytoplanktonic and zooplanktonic samples were collected with a PVC tube of 4 m in

length, then they were taken to the laboratory in order to be analyzed. The zooplanktonic

organisms were counted and measured. The phytoplankton sample was fractionated in

picophytoplankton, nanophytoplankton, and picophytoplankton in order to measure the

biomass of each fraction. In the low Waters period and rising Waters period, there were

statistically significant differences among microplankton and mesoplankton both in the

initial and final samples of the experiment. The biggest organism density was found in

the low Waters period experiment. The zooplanktonic organisms did not exercised

selective predation pressure upon some phytoplankton size fraction. Studies which take

into account the predation pressure suffered by the zooplanktonic organisms and their

pressure upon phytoplanktonic organisms are necessary to understand if the food chain

controls are top down or bottom up.

Key-words: Picoplankton; Nanoplankton; Microplankton; Microcosm; Biomass

INTRODUÇÃO

Vários fatores podem influenciar as comunidades de organismos

fitoplanctônicos e zooplanctônicos como, por exemplo, a oscilação do nível da água que

pode modificar a estrutura dessas comunidades aquáticas e que, ao longo do tempo,

fizeram com que os organismos desenvolvessem mecanismos de sobrevivência e

adaptabilidade (Junk et al. 1989; Bittencourt e Amadio 2007). Outro fator importante é a

predação. A comunidade de organismos zooplanctônicos pode ser influenciada pela

pressão de predação de larvas de Chaoborus sp. e peixes zooplanctófagos. Observando

essa pressão dos peixes sobre os organismos do zooplâncton, Brooks e Dodson (1965)

propuseram a hipótese “eficiência de tamanho” (size-eficience).

Page 55: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

41

A hipótese eficiência de tamanho supõe que a predação seletiva por vertebrados,

como peixes, pode excluir espécies de organismos zooplanctônicos de tamanho grande

de um lago e propiciar que apenas espécies pequenas predominem. A outra parte da

hipótese explica a ausência de pequenas espécies em associações de grandes espécies,

essas associações de grandes espécies são encontradas quando os predadores vertebrados

são ineficientes ou ausentes. A Hipótese da Eficiência de tamanho prevê que: a) Todos

os herbívoros planctônicos competem pelo mesmo tamanho de partícula alimentar; b) os

organismos zooplanctônicos de maior tamanho são mais eficientes em coletar partículas

maiores; c) quando a predação é de baixa intensidade os pequenos herbívoros

planctônicos são eliminados competitivamente por grandes organismos (domínio de

cladóceros e copépodes calanóides grandes); d) Quando a predação é intensa, a predação

que dependente do tamanho, eliminará as grandes formas, permitindo que os pequenos

organismos zooplanctônicos (rotíferos e cladóceros), escapem da predação e se tornam

dominantes.

Com base nas premissas dessa hipótese, pode-se usá-la para testar a relação

fitoplâncton-zooplâncton, pois da mesma forma que os peixes podem selecionar suas

presas pelo tamanho do corpo, os organismos zooplanctônicos também poderiam

selecionar certos grupos de algas por causa do tamanho.

Sabe-se que o fitoplâncton é a base da cadeia alimentar servindo de alimento

para os organismos do zooplâncton (Round 1973; Esteves 1998; Lourenço 2006). Além

disso, estudos em laboratório comprovaram que algumas espécies de cladóceros por

exemplo podem ter preferência por algumas espécies de algas por causa do seu maior

valor nutricional (Jayatunga 1986; Matsumura-Tundisi e Tavares 1986; Hardy 1989;

Rocha e Matsumura-Tundisi 1990; Diaz-Castro e Hardy 1998; Hardy e Castro 2000).

Page 56: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

42

No ambiente lacustre as espécies de algas podem ter tamanhos diferentes e, as

espécies de organismos que compõem o zooplâncton, potenciais predadores, também.

Sieburth (1978) classificou os organismos aquáticos por categorias de tamanhos sendo o

picoplâncton constituído por organismos que apresentam dimensões entre 0,02 a 2 µm, o

nanoplâncton envolve organismos com dimensões entre 2,1 e 20 µm, o microplâncton

com tamanho entre 20,1 e 200 µm, o mesoplâncton com tamanhos de 200,1 a 2000 µm e

o macroplâncton que é constituído por organismos com tamanho superior a 2000 µm. Os

organismos do fitoplâncton podem pertencer às categorias do picoplâncton, nanoplâncton

e microplâncton (Sieburth 1978; Lourenço 2006), já os do zooplâncton pertencem ao

microplâncton, mesoplâncton e macroplâncton (Sieburth 1978).

Geller e Muller (1981) mediram algumas espécies de cladóceros e copépodes e

viram que os tamanhos variam de espécie para espécie e os aparatos de filtragem de

partículas de alimento também. Já na Amazônia, Trevisam e Forsberg (2007) mediram

cladóceros de 20 lagos diferentes e encontraram organismos de tamanhos entre 0,17 mm

e 0,81 mm. Contudo, para os organismos do fitoplâncton na região amazônica ainda não

existem estudos que registraram os tamanhos das espécies, muito menos sobre a biomassa

das diferentes categorias de tamanho. Segundo Rai (1982) e Romero e Arenas (1990)

estudar as populações da comunidade de organismos fitoplanctônicos através da análise

de clorofila- α de diferentes categorias de tamanho permite um entendimento mais

completo sobre a participação de cada categoria de tamanho da biomassa comunitária, na

dinâmica populacional e especialmente nas relações fitoplâncton-zooplâncton nos

ambientes aquáticos, servindo como ferramenta para o entendimento da cadeia trófica.

Sobre o lago Tupé, um lago de água preta da região amazônica é sabido que

existem espécies de cladóceros de tamanhos diferentes (Ghidini 2009). Já os copépodes

e rotíferos também podem apresentar tamanhos variados, mas essa informação ainda não

Page 57: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

43

foi registrada para este lago. Também é conhecido que o lago Tupé tem alta riqueza de

espécies de algas (Melo et al. 2005a; 2005b; Pereira 2009; Leão 2012; Souza 2012)

quando comparada com os lagos de água branca (Ibañez 1998; Nogueira et al. 2010).

Nesse contexto, as espécies de organismos do zooplâncton podem atuar sobre os

organismos de diferentes tamanhos do fitoplâncton e, como consequência podem

influenciar a biomassa dessas classes de tamanho. Portanto, o objetivo deste estudo foi

avaliar se os microcrustáceos e rotíferos planctônicos consomem o picofitoplâncton,

nanofitoplâncton e microfitoplâncton de forma homogênea nos períodos de seca e

enchente do lago Tupé.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

O lago Tupé (3°2’36”S e 60°15’18”W) fica localizado na Reserva de

Desenvolvimento Sustentável do Tupé (RDS do Tupé), margem esquerda do rio Negro,

25 km do Porto de Manaus, Amazonas (Figura 1). É um lago de água preta, onde

deságuam oito igarapés e está conectado ao rio Negro por um canal que durante a seca

tem cerca de 20 m de largura por 0,5 m de profundidade e 150 m de comprimento. Quando

o nível do rio Negro, no porto de Manaus, está abaixo da cota de 19 m a.n.m (acima do

nível do mar), não há nenhuma influência deste sobre o lago e esse período para o lago é

considerado seca. Quando o nível do rio Negro no porto de Manaus está acima da cota de

19 m a.n.m, há influência do rio sobre o lago, o nível da água do lago começa a subir

alagando suas margens, esse período é considerado enchente. As profundidades máximas

variam entre 4,5 m no período de seca e 15 m no período da cheia. Na enchente a

temperatura da água no lago Tupé varia entre 27,8 e 30,9 ºC, saturação do oxigênio 0,4 e

88,5 % (4,6mg.L-1) e pH entre 3,05 e 4,67. Na seca a temperatura varia entre 24,8 e 32,0

ºC, saturação de oxigênio 0,8 e 135, 6 % e pH 3,89 a 5,95 (Darwich et al. 2005).

Page 58: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

44

Experimento in situ

Para avaliar o consumo de fitoplâncton por microcrustáceos e rotíferos

planctônicos foi realizado experimento in situ no período de seca (dezembro de 2015) e

no período de enchente (maio de 2016). O experimento foi realizado uma vez em cada

período em um ponto do lago durante 24 horas.

Segundo Odum e Barrett (2008), o microcosmo é sempre representado por

pequenas porções auto-contidas em garrafas, aquários e outros recipientes onde pode-se

simular em miniatura a natureza do ecossistema. No caso dessa pesquisa o microcosmo

consistiu de um saco plástico resistente de 60 L, preso entre dois aros de material

flutuante. O microcosmo foi colocado entre três varetas de madeira onde foi amarrado

através de cordas (Figura 3). No saco plástico foi colocado 60 L de água, contendo os

organismos planctônicos presentes naquele instante na água do lago. A coleta foi feita

utilizando o mesmo procedimento usado na coleta de fitoplâncton e zooplâncton

explicado a seguir. Neste mesmo instante foi coletado do lago, uma amostra de

zooplâncton e fitoplâncton que foram considerados como os organismos presentes no

ambiente no início do experimento, que aí permaneceu durante 24 horas e após esse

Figura 1.Localização da RDS do Tupé e do lago Tupé, à

margem esquerda do rio Negro, próximo à cidade de

Manaus. Fonte: biotupe.org

Figura 2. Lago Tupé, em destaque o único ponto de coleta

(estação central) dos períodos de seca e enchente. Fonte:

biotupe.org

Page 59: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

45

período a água do microcosmo teve seu volume medido daí foi retirado 1L para medir a

biomassa final das frações de tamanho utilizadas neste estudo e o restante foi filtrado

através de uma rede de plâncton de 55 µm. Estas amostras foram devidamente

acondicionadas para transporte e processamento no Laboratório de Plâncton do INPA.

s

Fitoplâncton

Para coletar água para análise da biomassa do nano, pico e microfitoplâncton e

dos organismos zooplanctônicos utilizados no experimento (tempo inicial T1) foi

estimado o limite da zona eufótica. Para isso foi medido a transparência da água utilizando

Figura 3: A) Microcosmo no período de seca e B) Microcosmo no período da enchente. Fotos: Castro-

Mendes (2016); C) Esquema da estrutura do microcosmo, forma de suspensão da planta e disposição

da estrutura no ambiente. Fonte: (Modificado) Couto, 2009

A B

C

Page 60: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

46

o disco de Secchi. O valor obtido foi multiplicado por três sendo o valor final admitido

como o limite da Zona Eufótica, ou seja, até onde há luz fotossinteticamente ativa na

coluna d’água que é 1% da luz incidente na superfície (Esteves 1998). Após a estimativa

da zona eufótica, o fitoplâncton foi coletado com um tubo de PVC de 4,5 m de

comprimento e 5cm de diâmetro com uma válvula acoplada em sua extremidade para

reter a água. O tubo foi introduzido verticalmente na coluna d’água, até o limite da zona

eufótica. Ao atingir a profundidade desejada o movimento cessa e a válvula não permite

a saída da água, propiciando assim uma amostra integrada de toda a zona eufótica. Após

isso, o tubo é puxado para dentro do barco e seu conteúdo despejado num balde. A água

foi homogeneizada e amostra (inicial) de 2L foi retirada. Após 24 horas, a água do

experimento foi novamente homogeneizada e a amostra final de 2L foi retirada do

experimento. Os frascos foram envoltos com papel-alumínio e colocados em sacos

plásticos pretos para evitar qualquer influência da luz. A seguir foram devidamente

etiquetados e acondicionados numa caixa de poliestireno expandido contendo gelo para

serem transportadas ao laboratório, onde foram colocadas em refrigerador até serem

analisadas. No laboratório de Química da Água do INPA, 1L de cada amostra foi filtrado

sequencialmente por uma bateria de filtros com poros de 20µm, 2µm e 0,2µm. O primeiro

filtro foi uma peneira confeccionada com malha 20µm. Os outros dois filtros eram de

fibra de vidro. Com esse procedimento obteve-se as três frações (pico, nano e micro) do

fitoplâncton para a extração da clorofila α, que foi usada como estimativa da biomassa.

Clorofila-α

Foi usado concentração de clorofila-α como estimativa da biomassa, que foi

extraída e medida pelo método de espectrofotometria proposto por Lorenzen (1967), no

laboratório de Química da Água do INPA. Os filtros de 2µm e 0,2 µm com as frações do

Page 61: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

47

fitoplâncton foram individualmente colocados no tubo de maceração onde foi adicionado

2ml de acetona 90%, a seguir um pilão foi inserido para iniciar a trituração do filtro, em

seguida foi adicionado mais 2ml de acetona 90%, até que o filtro ficasse totalmente

macerado. Após a trituração do filtro, o pilão foi lavado com 2ml de acetona 90%.

Posteriormente, o conteúdo do tubo de maceração no tubo de ensaio foi lavado e

adicionado acetona 90% até completar 10 ml. O material retido na peneira de 20µm, foi

transferido diretamente para o tubo e o material passou pelo mesmo procedimento

utilizado para as frações de 2µm e 0,2µm. Após, o material de cada fração foi centrifugado

por 20 minutos em 4000 rpm. O material sobrenadante foi colocado em cubetas com 1cm

de caminho óptico, para as leituras das absorbâncias em espectrofotômetro, nos

comprimentos de onda 663 nm e 750 nm. Foi adicionado ao conteúdo do tubo 0,1 ml de

ácido clorídrico (HCL) e recentrifugado, por 5 minutos. Foi lido novamente em 663

nm750nm. O cálculo da clorofila-a doi feito segundo Golterman et al. (1978).

Zooplâncton

Os organismos zooplanctônicos também foram coletados com o tubo de PVC e

colocados no microcosmo mencionado anteriormente na coleta do fitoplâncton.

Concomitantemente foi feito uma coleta dos organismos zooplanctônicos com uma rede

de 55 µm de malha para se obter amostra inicial do zooplâncton. A rede foi arrastada

verticalmente na coluna d’água, a amostra foi filtrada e acondicionada em frascos de 100

ml e fixada com formalina tamponada a 6%. Após 24 horas, o microcosmo foi desfeito e

os organismos zooplanctônicos que estavam no microcosmo foram filtrados na rede de

55 µm de malha para se obter amostra final do zooplâncton. Estas amostras foram

acondicionadas e transportadas para o Laboratório de Plâncton do INPA.

No Laboratório para contagem dos organismos zooplanctônicos cada amostra

foi fracionada até se obter 1/8 da amostra original. Para isso foi utilizado um fracionador

Page 62: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

48

de amostra tipo Folsom. Esta oitava fração da amostra foi concentrada e colocada em

placa de Petri com o fundo milimetrado para facilitar a contagem. Os rotíferos, cladóceros

e copépodes de cada amostra foram contados com auxílio de microscópio estereoscópico.

De cada amostra foram retirados ao acaso 15 indivíduos para serem medidos. Para isso

foi utilizado um microscópio composto munido de uma ocular milimetrada. Estes

indivíduos medidos foram classificados pelo tamanho segundo a classificação de Sieburth

(1978) onde, microplâncton compreende os organismos de 20µm a 200µm, o

mesoplâncton de 201µm a 2000µm e o megaplâncton os organismos maiores que

2000µm. A densidade foi expressa como organismos/m3, e para seu cálculo foi utilizada

a fórmula proposta por Tonolli (1971). Para determinar o volume filtrado no arrasto: Vf

= π.r2.h. Onde: r = raio do tubo de PVC (r = 2,5 cm), h = altura da coluna d’água. O

volume de água filtrada foi utilizado para determinar a densidade de indivíduos por m3

pela fórmula: Nº de indivíduos = n/Vf. Onde: n = número de indivíduos contados, Vf =

volume filtrado.

Análise de dados

Para verificarmos se havia diferença entre os tamanhos dos organismos

zooplanctônicos foi feito o teste G que é uma alternativa do X2 (Qui - quadrado). No teste

G o cálculo é baseado na relação entre os valores observados e esperados. Assumiu-se o

nível de significância G>3,84 e P<0,05. As análises estatísticas foram feitas no programa

estatístico BioEstat (Versão 5.3).

RESULTADOS

Tamanhos dos organismos zooplanctônicos na seca

Os cladóceros, copépodes e rotíferos foram classificados nas categorias de

tamanhos de microplâncton e mesoplâncton, não foram maiores que 2 mm. Na seca, o

Page 63: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

49

menor tamanho foi de um rotífero 33,2 µm e o maior tamanho foi de um copépode

Calanoida adulto 1079 µm. A maioria dos organismos zooplanctônicos foram

classificados como mesoplâncton (tabela 1). Houve diferença estatisticamente

significativa entre o microplâncton e o mesoplâncton G=39,8613 e P<0,0001 da amostra

inicial e também da amostra final do experimento G=41,7093 e P<0,0001. Não houve

diferença estatisticamente significativa entre o microplâncton inicial e o microplâncton

final G=0,1023 e P>0,05, assim como não houve diferença estatisticamente significativa

entre o mesoplâncton inicial e mesoplâncton final G=0,2203 e P>0,05.

Inicial Final

Zooplâncton (µm) Min. Máx. Média D.P Min. Máx. Média D.P

Cladocera 91,3 499 301,6 138,7 141,1 464,8 264,4 84,9

Náuplius 107 298,8 184,2 67,8 83 332 207,5 81,08

Copepodito 232,4 747 417 127,4 323,7 572,7 441 63,8

Cop. Adulto 290,5 1079 691,6 301,1 415 921,3 488,5 122,1

Rotifera 33,2 307,1 146,6 86,35 33,2 415 135,5 104,5

Tamanhos dos organismos zooplanctônicos na enchente

Na enchente, o menor tamanho foi de um náupliu de 49,8 µm e o maior tamanho

foi de um copépode Calanoida adulto 1120,5 µm. Os tamanhos pertenceram tanto ao

microplâncton quanto ao mesoplâncton (tabela 2). Houve diferença estatisticamente

significativa entre o microplâncton e mesoplâncton da amostra inicial G=71,3441 e

P<0,0001 e também da amostra final G= 83,231e P<0,0001. Assim como na seca, na

enchente não houve diferença estatisticamente significativa entre o microplâncton inicial

e microplâncton final G=0,196 e P>0,05 e nem entre o mesoplâncton inicial e

mesoplâncton final G= 2,8263 e P>0,5873.

Tab. 1.Valores mínimos, máximos, médias e desvios padrões dos tamanhos (µm) dos organismos

zooplanctônicos do período de seca do lago Tupé

Page 64: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

50

Inicial Final

Zooplâncton (µm) Min. Máx. Média D.P Min. Máx. Média D.P

Cladocera 132,8 664 253,8 148,9 166 224,1 253,9 19,8

Náuplius 99,6 232,4 146,6 40,1 49,8 182,6 133,9 38,6

Copepodito 207,5 456,5 350,2 72,1 207,5 498 393,4 77,7

Cop. Adulto 448,2 946,2 766,9 118 315,4 1120,5 650 210,6

Rotifera 99,6 141,1 121,1 13,23 91,3 149,4 120 15,32

Densidade do zooplâncton

A maior densidade dos organismos foi encontrada no experimento do período de

Seca. Na seca, os rotíferos tiveram maior número de organismos e, na enchente os

copépodes estiveram em maior número. Após 24 horas, tanto no período de seca quanto

de enchente houve um aumento na densidade dos três grupos de organismos

zooplanctônicos, porém na enchente o número de organismos foi mais baixo que na seca

Figuras 3 e 4).

Biomassa do fitoplâncton

Na seca, a biomassa inicial foi de 1,92 µg/L e a final foi de 1,09 µg/L. Na

enchente, a biomassa inicial foi de 2,91 µg/L e a final 0,81 µg/L. A biomassa inicial e

Tab. 2.Valores mínimos, máximos, médias e desvios padrões dos tamanhos (µm) dos organismos

zooplanctônicos do período de enchente do lago Tupé

Figura. 4. Densidade inicial e final dos

grupos de zooplâncton do microcosmo no

período de Seca.

Figura. 5. Densidade inicial e final dos grupos

de zooplâncton do microcosmo no período de

Enchente.

Page 65: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

51

final do pico, nano e microfitoplâncton encontram-se representadas na tabela 3. Tanto na

seca como na enchente após 24 horas houve diminuição na biomassa das três frações de

tamanho do fitoplâncton. Possivelmente as três frações de fitoplâncton foram consumidas

pelos organismos zooplanctônicos.

Biomassa (µg/L) Seca Enchente

Inicial Final Inicial Final

Picofitoplâncton 0,82 0,55 0 0,81

Nanofitoplâncton 0,55 0,27 0,54 0

Microfitoplâncton 0,55 0,27 2,37 0

DISCUSSÃO

Tamanho do zooplâncton

Os cladóceros de água doce têm tamanho de 0,2 a 3mm, os rotíferos geralmente

são pequenos variando de 100 a 1000 µm de comprimento, porém neste estudo foram

encontrados rotíferos de 33,1 µm. Já os copépodes variam de <1 mm a mais que 1mm,

neste estudo o maior copépode foi um Calanoida adulto de 1120,5 µm . Os tamanhos

encontrados no lago Tupé que pertenceram ao microplâncton e mesoplâncton estão de

acordo com o que foi encontrado por Gliwicz (1977), Gliwicz (1990), Ghidini (2009) e

Trevisan e Forsberg (2007).

O fato de ter sido encontrado indivíduos das classes de microplâncton e

mesoplâncton está relacionado a presença de certas espécies dominantes nesses períodos.

As espécies de cladóceros planctônicos mais abundantes no lago Tupé no período de seca

Tab. 3. Biomassa inicial e final das frações de fitoplâncton do microcosmo

dos períodos de seca e enchente do lago Tupé

Page 66: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

52

são Bosminopsis deitersi, esta espécie pertence ao micro e mesoplâncton, Moina minuta,

Ceriodaphnia cornuta e Diaphanosoma polyspina, ambas pertencem ao mesoplâncton e,

a mais abundante na enchente/cheia é Bosminopsis deitersi (Ghidini 2007; Brandorff e

Hardy 2009; Ghidini 2009; Calixto et al. 2011; Ghidini 2011). Ghidini (2009) verificou

a biomassa e tamanho das quatro espécies abundantes da seca e cheia do lago, e viu que

Bosminopsis deitersi e Moina minuta eram co-dominantes na seca e foram as que tiveram

maior biomassa e, na cheia a espécie mais dominante e com maior biomassa B. deitersi.

Tanto na seca quanto na enchente a espécie de ciclopoide mais abundante é Oitona

amazônica (Brandorff e Hardy 2009; Calixto et al. 2011; Segundo 2013; Raid 2015) e de

calanoida Aspinus acicularis (Raid 2015). Quanto aos rotíferos já foram registrados 72

espécies planctônicas (Calixto et al. 2011; Vásquez 2011). Possivelmente, estas mesmas

espécies podem ter feito parte do experimento (microcosmo), por isso os tamanhos

registrados estão de acordo com o que já foi encontrado no lago. Sabe-se que a maioria

dos tamanhos pertenceram mais ao mesoplâncton do que ao microplâncton, por esse

motivo pode-se especular que a maioria dos organismos que estiveram no microcosmo

foram organismos de tamanhos grandes, se alimentado de todas as partículas de alimento

disponíveis, não deixando de lado é claro que os pequenos se alimentaram de partículas

menores.

Densidade do Zooplâncton

Quando se compara os períodos de seca e enchente observa-se maior densidade

na seca. Maior densidade na seca já é um padrão registrado em outros trabalhos sobre

zooplâncton no lago (Brandorff e Hardy 2009; Ferreira e Robertson 2009; Calixto et al.

2011; Ghidini 2011; Vasquez 2011; Segundo 2013) a diminuição da densidade do período

de seca para enchente está relacionada a algumas modificações nas características

ambientais do lago, pois quando a água do rio Negro entra no lago aumenta seu volume,

Page 67: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

53

provocando efeito de diluição (Brandorff e Andrade 1978; Hamillton et al. 1990; Aprille

e Darwich 2005). Essa diminuição também pode estar relacionada à predação por

Chaoborus sp. (Santa-Rita e Santos-Silva 2009) e peixes planctófagos que entram no lago

nesse período de enchente (Previattelli et al. 2005; Soares e Yamamoto 2005). Os

rotíferos estiveram em maior densidade na seca pois é o grupo que tem maior riqueza e

abundância no lago em comparação com copépodes e cladóceros (Calixto et al. 2011;

Vasquez 2011). Trevisan e Forsberg (2007) estudando três tipos de lagos na Amazônia

tanto de água branca quanto de água preta verificou que 80% da abundância era de

rotíferos. Já o número de copépodes foi bem maior na enchente, isso ocorreu devido ao

maior número de náuplius encontrados. Segundo Melão (1997) verifica-se um período

mais longo da passagem de náupliu para copepodito I. Dois principais fatores devem ter

influenciado no desenvolvimento dos organismos em 24 horas, a temperatura e o

alimento. Houve concentração de alimento e o zooplâncton se alimentou das algas

(figuras 5 e 6). Cladóceros e rotíferos tem reprodução por partenogênese cíclica (Nogrady

et al. 1993) são r estrategistas se reproduzindo em grande quantidade e de maneira rápida.

Ghidini (2009) estudando as espécies de Cladocera mais abundantes do lago Tupé,

afirmou que a densidade de Bosmnopsis deitersi aumenta em 24 horas principalmente no

horário de 18 horas. Por outro lado, os copépodes calanóides e ciclopoides se reproduzem

por reprodução sexuada (Dussart e Defaye 2001) com elevada quantidade de ovos por

ninhada. Várias fêmeas com ovos dos três grupos foram encontradas nas amostras do

experimento, isso dar suporte de que vários organismos podem ter eclodido no

experimento, aumentando assim a densidade em 24 horas.

Page 68: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

54

Biomassa do fitoplâncton e a relação com zooplâncton

Foi observado que o método utilizado (microcosmo) de experimento “in situ”

foi adequado e, pode simular a realidade de algumas dinâmicas simples que acontecem

no ambiente lacustre. Esse método já foi utilizado em alguns estudos envolvendo

fitoplâncton e zooplâncton como os de Dodson (1974), Northcote et al. (1990), Gliwicz

e Lampert (1994), Armengol et al. (2001), Arcifa e Guagnonil (2003), DeMott e Donk

(2004), Filleto (2004), Castilho-Noll e Arcifa (2007), Bukovinszky1 et al. (2012),

Hansson et al. (2013).

A diminuição da biomassa após 24 horas indica que pode ter ocorrido predação

pelos organismos do zooplâncton sobre as três frações do fitoplâncton, isso ocorreu

devido à variedade de tamanhos encontrados desde náuplius e rotíferos pequenos a

grandes calanóides adultos como discutido anteriormente. Porém, Geller e Muller (1981)

afirma que quando um organismo cresce de tamanho corporal, isso não significa que as

cerdas de filtragem e aparato coletor de alimento crescem juntos, dessa maneira viu que

em algumas espécies de cladóceros as cerdas natatórias que “filtram” as partículas de

alimento permanecem do mesmo tamanho mesmo se aumenta o tamanho do corpo, mas

também afirma que em outras espécies o tamanho do aparato filtrador e das cerdas de

filtragem aumenta de tamanho quando o organismo cresce. A predação dos organismos

do zooplâncton sobre organismos fitoplanctônicos é corroborada pelos resultados

encontrados por Northcote et al. (1990) e Gliwicz e Lampert (1994).

Northcote et al. (1990) relatam que a predação de zooplâncton por fitoplâncton

ocorre com maior frequência quando o zooplâncton não é predado por peixes. Em seus

experimentos observaram que no microcosmo com a presença de peixes, tanto a

densidade quanto biomassa de fitoplâncton aumentou, pois não havia sido consumida

suficientemente pelos organismos do zooplâncton, já no segundo experimento sem peixes

Page 69: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

55

observou a diminuição na densidade e na biomassa de fitoplâncton. No lago Tupé na seca

não há presença de peixes zooplanctívoros em grande abundância (Soares e Yamamoto

2005), mas há presença de larvas de Chaoborus sp. (Santa-Rita e Santos Silva 2009).

Essas larvas foram observadas no microcosmo, porém a presença delas não foi em

densidade suficiente para impactar os organismos do zooplâncton e influenciar na sua

biomassa e tamanho, já na enchente os organismos do zooplâncton aparentemente não

impactaram as três frações de fitoplâncton, isso pode ter ocorrido por causa da densidade

baixa e porque os organismos do zooplâncton podem ter sido predados pelas larvas de

Chaoborus sp. no experimento. Segundo Castilho-Noll e Arcifa (2007) em experimentos

com microcosmos, algumas populações de zooplâncton, como Daphnia gessneri, podem

ser reguladas pela predação de invertebrados, particularmente por Chaoborus sp. em

lagos.

Por outro lado, Trevisan e Forsberg (2007) avaliando a pressão de predação dos

organismos do zooplâncton sobre os organismos do fitoplâncton viram que a maior

densidade de organismos do zooplâncton nos três sistemas lacustres estudados foi maior

em organismos de tamanho pequeno, concluindo que o fitoplâncton estava livre de grande

pressão de predação e foi capaz de aumentar a sua biomassa até o limite dos recursos

disponíveis e, afirmou que isso ocorre frequentemente nos sistemas tropicais onde as

formas pequenas dominam a comunidades do zooplâncton como Rotifera ou Bosmina sp.

(Nõges 1997). O indivíduo pequeno não é capaz de regular as relações entre os nutrientes

e a biomassa do fitoplâncton como verificado em sistemas temperados, onde o

fitoplâncton é suprimido pelos maiores crustáceos com maior capacidade competitiva

(Trevisan e Forsberg 2007).

Porém, Fileto et al. (2004) testou a influência de diferentes frações de tamanho

de fitoplâncton no crescimento e reprodução de cladóceros no lago Monte Alegre no

Page 70: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

56

sudeste do Brasil. Os cladóceros recém-nascidos até a fase de reprodução foram

alimentados com diferentes tamanhos de partículas de fitoplâncton (microplâncton e

nanoplâncton). Concluíram que o nanoplâncton foi adequado para a maioria dos

cladóceros e que o limite do tamanho das partículas ingeridas por esses herbívoros

depende do tamanho do corpo e das cerdas de filtragem. Caraballo (2011) pesquisando

duas espécies de cladóceros observou que Diaphanosoma spinolosum e Ceriodaphnia

cornuta cresceram quando alimentadas por todas as frações de partículas, sendo melhor

seu desempenho populacional na fração < 30 μm. E sugeriram que as frações diferentes

testadas produzem diferentes taxas de crescimento populacional e assinaturas isotópicas

nos cladóceros.

Quando Brooks e Dodson (1965) propuseram a hipótese “size eficience”

estavam se referindo a relação entre os peixes e o zooplâncton. Dodson (1974), testou a

hipótese eficiência de tamanho com o objetivo de demonstrar a forma como os pequenos

herbívoros planctônicos são excluídos através da predação seletiva por tamanho. Em dois

experimentos, no primeiro uma espécie de copépode foi introduzida junto a seus

predadores, uma espécie de salamandra e uma espécie de Chaoboros sp. e viu que o

copépode não foi predado por nenhum dos dois predadores. No segundo experimento,

introduziu uma espécie de copépode que se alimenta de cladóceros, junto a duas espécies

de cladóceros, uma espécie de tamanho grande (Daphnia middendorffiana) e uma espécie

de tamanho pequeno (Daphnia minnehaha), observou que após alguns dias havia

dominância da espécie de tamanho grande, ou seja, o copépode havia se alimentado

apenas da espécie de tamanho pequeno, deixando a espécie maior se reproduzir e

dominar. No lago Tupé, foi observado que há presença de espécies de organismos do

zooplâncton de tamanhos pequenos e grandes (micro e mesoplâncton) e que há espécies

de fitoplâncton de diferentes tamanhos. Também foi observado que os organismos do

Page 71: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

57

zooplâncton atuaram na biomassa das três frações de tamanho de fitoplâncton (figura 5),

dessa forma, não é possível afirmar que há dominância de espécies grandes ou pequenas

de fitoplâncton já que os organismos do zooplâncton predam igualmente as três frações

de tamanhos. Os resultados desse estudo estão de acordo somente com a primeira

premissa da hipótese “eficiência de tamanho”, que diz que todos os herbívoros

planctônicos competem pelo mesmo tamanho de partícula alimentar pois, no microcosmo

havia organismos zooplanctônicos de tamanhos pequenos e grandes, eles se alimentaram

de todas as frações de tamanho, competiram pelas mesmas partículas alimentares.

CONCLUSÃO

No lago Tupé, cladóceros, copépodes e rotíferos não afetaram a estrutura de

tamanho dos organismos do fitoplâncton e nem a biomassa total desses organismos. Além

disso não exerceram pressão de predação seletiva sobre alguma das frações de tamanho

dos organismos estudados.

É possível que em situações onde os organismos do zooplâncton estejam

sofrendo forte pressão de predação ou predação seletiva por tamanho, alterando assim sua

estrutura de tamanho ou densidade de alguma e suas frações de tamanho, o resultado da

predação sobre os organismos do fitoplâncton seja perceptível.

Estudos aprofundados que levem em conta a pressão de predação sofrida pelos

organismos do zooplâncton e destes sobre os organismos do fitoplâncton são necessários

para se entender se os controles na cadeia trófica são top down ou bottom up.

Page 72: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

58

REFERÊNCIAS

Aprile, F.M.; Darwich, A.J. 2005. Modelos Geomorfológicos para o Lago Tupé. In:

Santos-Silva, E.N.; Aprile, F.M.; Scudeller, V.V.; Melo, S. (1ed) Biotupé: meio físico,

diversidade biológica e sócio-cultural. Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia,

Manaus, Amazonas, p. 3-17.

Arcifa, M.S.; Guagnoni, W. 2003. A new modelo f enclosure for experiments in lentic

water. Acta Limnologica Brasiliensia, 16 (1): 76-79.

Armengol, X.; Boronat, L.; Camacho, A.; Wurtsbaugh, A. 2001. Grazing by a dominant

rotifer Conochilus unicornis Rousselet in a mountain lake: in situ measurements with

synthetic microspheres. Hydrobiologia, 446/447: 107-114.

Bittencourt, M. M.; Amadio, S.A. 2007. Proposta para identificação rápida dos períodos

hidrológicos em áreas de várzea do rio Solimões-Amazonas nas proximidades de Manaus.

Acta Amazonica, 37(2): 303 – 308.

Brandorff, G.O.; Andrade, E.R. 1978. The relationship between the water level of the

Amazon river and the fate of the zooplankton population in lago Jacaretinga. A várzea

lake in the central Amazon. Studies on Neotropical Fauna and Environment, 13: 63-70.

Brandorff, G.O.; Hardy, E.R. 2009. Crustacean zooplankton of Lago Tupé, a neotropical

black water lake in the Central Amazon. In: Santos-Silva, E.N.; Aprile, F.M.; Scudeller,

V.V.; Melo, S. (2ed) Biotupé: meio físico, diversidade biológica e sócio-cultural.

Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, 37-52p.

Brooks, J. L., Dodson, S. I. 1965. Pre-dation, body size, and composition of plankton.

Science 150:28-35.

Bukovinszkyl, T.; Verschoor, A.M.; Helmsing, N.R.; Bezemer, T.M.; Bkker, E.S.; Vos,

M.; Domis, L.N.S. 2012. The good, the bad and the plenty: interactive effects of food

quality and quantity on the growth of different Daphnia species. Plos One, 7: 1-8.

Calixto, L.S.F., Ghidini, A.R., Silva, E.A.; Santos-Silva, E.N. Distribuição espaço-

temporal da riqueza e abundância do zooplâncton no lago Tupé, baixo rio Negro,

Amazonas, Brasil. In: Biotupé: meio físico, diversidade biológica e sociocultural do

baixo rio Negro, Amazônia Central. Santos-Silva, E.N.; Scudeller, V.V. e Cavalcanti,

M.J. 3ed, Rizoma Editorial, Manaus, 203-233p.

Caraballo, P.; Sanchez-Caraballo, A.F.; Forsberg, B.; Leite, R. 2011. Crescimento

populacional e análise isotópica de Diaphanosoma spinolosum e Ceriodaphnia cornuta

(Crustacea: Cladocera), alimentadas com diferentes frações de seston natural. Maringá,

33: 11-19.

Castilho- Noll, M.S.M.; Arcifa, M.A. 2007. Mesocosm experimente on the impact of

invertebrate predation on zooplankton of a tropical lake. Aquatc Ecology, 41: 587-598.

Darwich, A.J.; Aprile, F.M.; Robertson, B.A. 2005. Variáveis limnológicas: contribuição

ao estudo espaço-temporal de águas pretas amazônicas. In: Santos-Silva, E.N.; Aprile,

F.M.; Scudeller, V.V.; Melo, S. (3ed) Biotupé: meio físico, diversidade biológica e sócio-

cultural. Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, 19-33p.

Page 73: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

59

Diaz-Castro, J.G.; Hardy, E.R. 1998. Life history of Moina Micrura (Kurz) fed with three

algae species, in the laboratory. Amazoniana, 15(1/2): 25-34.

Dodson, S.I. 1974. Zooplankton competition and predation; an experimental test of the

size efficiency hypothesis. Ecology, 55: 605-613.

Dussart, B.H.; Defaye, D. 2001. Introduction to the Copepoda. 2 edn. Backhuys

Publishers, Leiden. Frisch D., Green A.J. &amp; Figuerola J. High dispersal capacity of

a broad spectrum of aquatic invertebrates via waterbirds. Aquatic Sciences, (v) 69: 568-

574p.

Esteves, F.A.1998. Fundamentos de Limnologia. 2.ed. Interciência, Rio de Janeiro, 602

p.

Ferreira, C.P.B.; Robertson, A.B. 2009. Composição e abundancia de cladóceros

planctonicos no período diurno e noturno de um lago de água preta da Amazonia Central.

Programa de Iniciação Científica. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazonia.

Filleto, C.; Ferrao-Filho, A. Arcifa, S.; Silva, L. Influence of phytoplankton fractions on

growth and reproduction of tropical cladocerans. Aquatic Ecology, v. 38, n. 4, p. 503-514,

2004.

Geller, W.; Muller, H. 1981. The filtration apparatus of cladocera: filter mesh-sizes and

their implications on food selectivity, Oecologia 49: 316-321.

Ghidini, A.R.; Santos-Silva, E.N. 2009. Biomassa de quatro espécies de cladocera

(Crustacea: Branchiopoda) e sua variação nictemeral no lago Tupé, Amazonas, Brasil In:

Santos-Silva, E.N.; Aprile, F.M.; Scudeller, V.V.; Melo, S. (3ed) Biotupé: meio físico,

diversidade biológica e sócio-cultural. Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia,

Manaus, Amazonas, p. 53-62.

Ghidini, A.R. 2011. Distribuição vertical nictemeral de Cladocera (Crustacea:

Branchiopoda) no lago Tupé, rio Negro, Amazonas, Brasil. Dissertação de mestrado do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ Programa de Pós Graduação em Biologia

de Água Doce e Pesca Interior, Manaus, Amazonas. 68p.

Gliwicz, Z.M. 1977. Foode size selection and seasonal succession of filter feeding

zooplankton in an eutrophic lake. Ekologia Polska, 25: 179-225.

Gliwicz, Z.M. 1990. Food thresholds and body size in cladocerans. Nature, Vol.343: 638-

640.

Gliwicz, Z.M.; Lampert, W. 1994. Clutch-size variability in Daphnia: Body-size related

effects of egg predation by cyclopoid copepods. Limnology and Oceanography, 39: 479-

495.

Golterman, H.L.; Clymo, R.S.; Ohnstad, M.A.M. 1978. Methods for Physical and

Chemical Analysis of Freshwaters. Blackwell Scientific Publication, Oxford.

Hamilton, S.K.; Sippel, S.J.; Lewis, W.M.; Saunders, J.J.F.1990. Zooplankton abundance

and evidence for its reduction by macrophyte mats in two Orinoco floodplain lakes.

Journal of Plankton Research, Vol.12: 345-363.

Page 74: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

60

Hansson, L.A.; Brodersen, J.; Chapman, B.B.; Ekvall, M.K.; Hargeby, A.; Hulthén, K.;

Nicolle, A.; Nisson, P.A.; Skov, C.; Bronmark, C. 2013. A lake as a microcosm:

reflections on developments in aquatic ecology. Aquatic Ecology, 47: 125-135.

Hardy, E.R. 1989. Effect of temperature, food concentration and turbidity on the life cycle

characteristics of planktonic cladocerans in a tropical lake, Central Amazon: Field and

experimental word. Ph.D. Thesis. University of London, London. 337p.

Hardy, E.R.; Castro, J.G.D. 2000. Qualidade nutricional de três espécies de clorofíceas

cultivadas em laboratório. Acta Amazonica, 30 (1): 39-47.

Ibañez, M.S.R. 1998. Phytoplankton composition and abundance of a central Amazonian

floodplain lake. Hydrobiologia, 362: 79-83.

Jayatunga, Y.N. 1986. The influence of foof and temperature on the life cycle

characteristics of planktonic cladoceram species from Kalawewa reservoir, Sri Lanka.

Ph.D. Thesis. University of London, London. 410p.

Junk, W.J.; Bayley, P.B.; Sparks, R.E. 1989. The flood pulse concept in river-floodplain

systems. In: Dodge, D.P. (ed) Proceedings of the International Large River Symposium.

Canadian Special Publishing on Fisheries and Aquatic Sciences, 106: 110-127.

Lourenço, S.O. 2006. Cultivo de microalgas marinhas: princípios e aplicações. 1da ed.

São Carlos: Rima, 588p.

Leão, B.M. 2012. Composição florística e flutuação espacial e temporal do fitoplâncton

do lago tupé (amazonas, brasil). Tese de doutorado do Instituto Nacional de Pesquisas

da Amazônia/ Programa de Pós Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior,

Manaus, Amazonas. 68p.

Matsumura-Tundisi, T.; Tavares, L.H. 1986. Phytoplankton composition of Broa

reservoir and its utilization by Argyrodiaptomus furcatus (CopepodaCalanoida). In:

Bicudo, CE; Teixeira, C; Tundisi, J.G. (Eds.) Algas: a Energia do Amanhã. Instituto

Occanográfico da Universidade de São Paulo, São Paulo, pp. 183-188.

Melo, S.; Rebelo, S.R.M.; Souza, K.F.; Menezes, M.; Torgan, L.C. 2005. Fitoplâncton.

In: Santos-Silva, E.N.; Aprile, F.M.; Scudeller, V.V.; Melo, S. (3ed) Biotupé: meio físico,

diversidade biológica e sócio-cultural. Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia,

Manaus, Amazonas, p. 87-98.

Melo, S.; Rebelo, S.R.M.; Souza, K.F.; Soares, C.; Sophia, M.G. 2005. Desmídias com

ocorrência planctônica. In: Santos-Silva, E.N.; Aprile, F.M.; Scudeller, V.V.; Melo, S.

(3ed) Biotupé: meio físico, diversidade biológica e sócio-cultural. Instituto Nacional de

pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, 99-108p.

Melão, M.G.G. 1997. A comunidade planctônica fitoplâncton e zooplâncton e

produtividade secundária do zooplâncton de um reservatório oligotrófico. Tese de

Doutorado. São Carlos: UFSCar, 152 p.

Nogrady, T.; Wallace, P. L.; Snell, T. W. 1993. Rotifera: biology, ecology and

systematics. In: Dumont, H. J. F. (cood). Guides to the identification of the

Page 75: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

61

microinvertebrates of the Continental Waters of the world. Netherlands: SPB Academic

Publishing. V. l.

Nogueira, I.S.; Nabout, J.C.; Ibañez, M.S.R.; Bourgin, L.M. 2010. Determinants of beta

diversity: the relative importance of environmental and spatial processes in structuring

phytoplankton communities in an Amazonian floodplain. Acta Limnologica Brasiliensia,

22: 247-256.

Nõges, T., 1997, Zooplankton-phytoplankton interactions in lakes Võrtsjärv, Peipsi

(Estonia) and Yaskhan (Turkmenia). Hydrobiologia, 342/343: 175-183.

Northcote, T.G.; Arcifa, M.S.; Munro, K.A. 1990. An experimental study of the effects

of fish zooplanktivory on the phytoplankton of a Brazilian reservoir. Hydrobiologia, 194:

31-45.

Odum, E.p.; Barrett, G.W. 2008. Fundamentos de ecologia. (Tradução Pégasus Sistemas

e Soluções) São Paulo: Thomson Learning.

Pereira, A.C. 2009. Pinnulariaceae (Bacillariophyta) de um lago de inundação

amazônico (lago Tupé, Amazonas, Brasil): taxonomia e distribuição espacial e sazonal.

Dissertação de mestrado do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ Área de

Concentração Biologia de Água Doce e Pesca interior, Manaus, Amazonas. 102p.

Previattelli, D.; Santos-Silva, E.N.; Darwich, A.J. 2005. Distribuição vertical do

zooplâncton e sua relação com as variáveis ambientais. In: Santos-Silva, E.N.; Aprile,

F.M.; Scudeller, V.V.; Melo, S. (3ed) Biotupé: meio físico, diversidade biológica e sócio-

cultural. Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, 109-121p.

Rai, H. 1982. Primary production of variours size fractions of natural communities in a

North German lake. Arch Hidrobiol, 95(3/4): 395-412.

Raid. S.A. 2015. Dinâmica da comunidade de copepoda (Crustacea, Maxillopoda) no

lago Tupé sob a influência do rio Negro, Manaus – AM. Dissertação de mestrado do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ Programa de Pós Graduação em Biologia

de Água Doce e Pesca Interior, Manaus, Amazonas. 52p.

Rocha, O.; Matsumura-Tundisi, T. 1990. Growth rate, longevity and reproductive

performance of Daphnia laevis Berge, D. gessneri Herbst and D. ambigua Scounfield in

laboratory cultures. Revta. Brasil. Biol., 50(4): 915-921.

Romero, M. C. e P. M. Arenas. 1990. Aporte relative de diferentes fracciones

fitoplanctônicas a la producción primaria y concentracion de clorofila, en la laguna de

chascomus (Prov. De Buenos Aires, Argentina). Rev. Brasil. Biol. 50(2): 327-333.

Round, F.E. 1983. Biologia das algas. 2ed. London, Edward Arnold Limited, 263p.

Santa-Rita, A.M.; Santos-Silva, E.N. 2009. Abundância de Chaoborus sp. em três ciclos

nictemerais no lago tupé, manaus-am. XVIII jornada Científica Pibic, 439-442

Segundo, W.O.P.F. 2013. Riqueza, composição, abundância e distribuição de

ciclopóides nas regiões litorânea e limnética do lago Tupé, Manaus, AM, Brasil.

Page 76: FITOPLÂNCTON COMO ALIMENTO PARA MICROCRUSTÁCEOS E ... · biomassa total da enchente foi de 36,59 µg ̸ L. Não houve diferença estatisticamente significativa entre a biomassa

62

Dissertação de mestrado do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ Programa de

Pós Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior, Manaus, Amazonas. 54p.

Soares, M.G.M.; Yamamoto, K.C. 2005. Diversidade e composição da ictiofauna do lago

Tupé. In: Santos-Silva, E.N.; Aprile, F.M.; Scudeller, V.V.; Melo, S. (3ed) Biotupé: meio

físico, diversidade biológica e sócio-cultural. Instituto Nacional de pesquisas da

Amazônia, Manaus, Amazonas, 181-197p.

Souza, K.F. 2012. Staurastrum meyen Ralfs (Conjugatophyceae, Desmidiaceae) da bacia

do rio Negro: taxonomia e distribuição geográfica. Tese de doutorado do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia/ Programa de Pós Graduação em Biologia de Água

Doce e Pesca Interior, Manaus, Amazonas. 276p.

Sieburth, J.NcN.; Smetacek, V.; Lenz, J. 1978. Pelagic ecosystem structure:

Heterotrophic compartments of the plankton and their relationship to plankton size

fractions. Lbmol. Oceanogr. 23(6):1256-1263.

Trevisam, G.V.; Forsberg, B.R. 2007. Relationships among nitrogen and total

phosphorus, algal biomass and zooplankton density in the central Amazonia lakes.

Hydrobiologia, 586: 357-365.

Tonolli, V., 1971. Zooplankton - methods of collection. In Edmondson, W. T. & G. G.

Windberg (eds), A Manual on Methods for the Assessment of Secondary Productivity in

Fresh Waters. IBP by Blackwell Scientific Publishers, Oxford and Edinburgh.

Vásquez, E. R. 2011. Estrutura e Dinâmica de Rotíferos (ROTIFERA) Em Vários

Microhabitats de Um Lago de Água Preta (Lago Tupé), Na Amazônia Central, Brasil.

Tese de Doutorado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas.