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SUZANA STEFANELLO FISIOLOGIA PÓS-COLHEITA E PROPAGAÇÃO in vitro DE CULTIVARES DE Solanum sessiliflorum DUNAL MARINGÁ PARANÁ – BRASIL DEZEMBRO – 2008

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SUZANA STEFANELLO

FISIOLOGIA PÓS-COLHEITA E PROPAGAÇÃO in vitro DE

CULTIVARES DE Solanum sessiliflorum DUNAL

MARINGÁ PARANÁ – BRASIL DEZEMBRO – 2008

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ii

SUZANA STEFANELLO

FISIOLOGIA PÓS-COLHEITA E PROPAGAÇÃO in vitro DE

CULTIVARES DE Solanum sessiliflorum DUNAL

Tese apresentada à Universidade Estadual de Maringá, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento para a obtenção do título de Doutor.

MARINGÁ PARANÁ – BRASIL DEZEMBRO – 2008

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Catalogação na Publicação elaborada pela Biblioteca Universitária UNIOESTE/Campus de Toledo. Bibliotecária: Marilene de Fátima Donadel - CRB – 9/924

1. Cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) - Qualidade físico-quimica 2. Solanum sessiliflorum - Fisiologia pós-colheita 3. Solanum sessiliflorum - Propagação in vitro 4. Frutas tropicais I. Scapim, Carlos Alberto, Or. II.T

CDD 20. ed. 634.6 634.04 583.79

Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte.

(A autora)

Stefanello, Suzana

S816f Fisiologia pós-colheita e propagação in vitro de cultivares de Solanum sessiliflorum Dunal / Suzana Stefanello. -- Maringá, PR : [s. n.], 2008 xii ; 117 f.

Orientador: Dr. Carlos Alberto Scapim Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento) - Universidade Estadual de Maringá. Departamento de Agronomia, Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento.

1. Cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) - Qualidade físico-quimica 2. Solanum sessiliflorum - Fisiologia pós-colheita 3. Solanum sessiliflorum - Propagação in vitro 4. Frutas tropicais I. Scapim, Carlos Alberto, Or. II.T

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Aos meus pais, Nelci e Anésia, e meus irmãos, Moisés, Raquel e Catarina, grandes

incentivadores deste sonho.

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v

AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual de Maringá, pela possibilidade de realização do

curso de Doutorado em Genética e Melhoramento.

Ao professor doutor Carlos Alberto Scapim, pela orientação, pela confiança

e pelas valiosas sugestões.

Aos professores co-orientadores, doutora Maria Celeste Gonçalves Vidigal

e doutora Maria de Fátima Pires da Silva Machado, pela colaboração.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Genética e

Melhoramento pelos valiosos ensinamentos.

Ao Francisco José da Cruz, secretário do Programa de Pós-Graduação em

Genética e Melhoramento, pelo auxílio prestado.

Ao professor doutor Adilson Ricken Schuelter, pela co-orientação, pelo

constante estímulo e incentivo, ensinamentos e exemplo de perseverança.

Ao professor doutor Fernando Luiz Finger, pelas sugestões e por ter aberto

as portas de sua Instituição (UFV) e de seu laboratório para a realização deste

trabalho.

Ao professor doutor Ismar Sebastião Moschetta, pela colaboração na

confecção das lâminas e identificação de estruturas.

À professora doutora Giselda Maria Pereira, pelo valioso auxílio na análise

dos frutos.

À Universidade Paranaense, pela infraestrutura oferecida, e aos seus

funcionários, que das mais diversas maneiras colaboraram para a realização deste

trabalho.

Aos amigos, Lucimar, Suzymeire, Izabel, Paulo, Débora, Maria do Socorro,

Juliana e Vaníria, pelo auxílio nos momento difíceis.

À tia Lia e tia Vera, pela hospedagem.

Aos alunos e amigos do Programa de Pós-Graduação em Genética e

Melhoramento, pelos momentos maravilhosos que passamos juntos.

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vi

À Andressa, Jaqueline, Juliane e Patrícia, pela contribuição na execução das

análises laboratoriais.

Ao Senhor Wilson e Dona Keiko, meus pais número dois, pelo apoio

constante.

Ao Júnior, meu companheiro e amigo, pelo apoio, incentivo e paciência nos

momentos de ausência.

A todos os amigos que, embora não citados, foram importantes durante o

trajeto percorrido.

... se nada mais fizemos, não foi por falta de vontade, mas por limitação...

(Luiz Francisco Bianchini)

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vii

BIOGRAFIA

SUZANA STEFANELLO, filha de Nelci Segatto Stefanello e Anésia Rita

Osmari Stefanello, nasceu em 18 de outubro de 1972, em Faxinal do Soturno,

Estado do Rio Grande do Sul.

Concluiu o Ensino Fundamental na Escola Estadual Padre João Zanella, em

Nova Palma – RS, no ano de 1986. Na escola Estadual Tiradentes da mesma cidade,

em 1989, concluiu o Ensino Médio.

Em janeiro de 1996, diplomou-se em Ciências Biológicas pela

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em Santa Maria - RS.

Em março de 1998, iniciou o Curso de Mestrado em Recursos Genéticos

Vegetais, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC,

recebendo o título de Mestre em 06 de julho de 2000.

Desde fevereiro de 2000, é professora do Curso de Ciências Biológicas da

Universidade Paranaense, Toledo - PR.

Iniciou o curso de Doutorado em Genética e Melhoramento, nesta

Universidade, em março de 2005.

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viii

ÍNDICE

RESUMO ....................................................................................................................x

ABSTRACT............................................................................................................. xii

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................1

2. REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................4

2.1. O cubiu .............................................................................................................4

2.1.1. Origem e distribuição geográfica...............................................................4

2.1.2. Descrição botânica da espécie ...................................................................4

2.1.3. Condições de cultivo e utilização ..............................................................7

2.2. Fisiologia do amadurecimento e pós-colheita de frutos...................................8

2.2.1. Desenvolvimento de frutos ........................................................................8

2.2.2. Ação do etileno durante o amadurecimento de frutos ...............................9

2.2.3. Demais modificações durante o amadurecimento dos frutos ..................14

2.2.3.1. Coloração ..........................................................................................14

2.2.3.2. Firmeza..............................................................................................15

2.2.3.3. Acidez total titulável (ATT)..............................................................16

2.2.3.4. Sólidos solúveis totais (SST) e relação SST/ATT ............................17

2.3. Propagação de plantas in vitro........................................................................18

2.3.1. Aspectos gerais da cultura de tecidos vegetais ........................................18

2.3.2. Morfogênese ............................................................................................20

2.3.2.1. Embriogênese somática.....................................................................21

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................27

CAPÍTULO I - Amadurecimento de frutos de cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal)

tratados com Ethephon..............................................................................................39

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................42

2. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................44

2.1. Material vegetal e condições de cultivo .........................................................44

2.2. Determinação dos componentes físico-químicos dos frutos ..........................44

2.3. Determinação da atividade respiratória e da produção de etileno..................45

2.4. Análise estatística ...........................................................................................47

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ix

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................49

4. CONCLUSÕES.....................................................................................................69

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................70

CAPÍTULO II - Indução de embriogênese somática em cubiu (Solanum

sessiliflorum Dunal): efeito da fonte de explante e de substâncias reguladoras de

crescimento................................................................................................................75

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................79

2. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................81

2.1. Material vegetal e condições de cultivo .........................................................81

2.2. Determinação do efeito de reguladores de crescimento sobre hipocótilos e/ou

cotilédones.............................................................................................................82

2.3. Determinação do efeito de reguladores de crescimento sobre embriões

zigóticos.................................................................................................................83

2.4. Avaliações citoquímicas e estruturais ............................................................84

2.5. Análise anatômica ..........................................................................................85

2.6. Análise estatística ...........................................................................................85

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................86

3.1. Efeito de reguladores de crescimento sobre hipocótilos e/ou cotilédones .....86

3.2. Efeito de reguladores de crescimento sobre embriões zigóticos....................94

4. CONCLUSÕES...................................................................................................104

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................105

APÊNDICES...........................................................................................................112

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x

RESUMO

STEFANELLO, Suzana, D. Sc., Universidade Estadual de Maringá, dezembro de 2008. Fisiologia pós-colheita e propagação in vitro de cultivares de Solanum sessiliflorum Dunal. Professor Orientador: Dr. Carlos Alberto Scapim. Professores Conselheiros: Dr. Adilson Ricken Schuelter, Dra Maria Celeste Gonçalves Vidigal e Dra Maria de Fátima Pires da Silva Machado.

O cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) é uma solanácea arbustiva nativa da

região Amazônia que vem despertando interesse de pesquisadores e produtores em

outras regiões do Brasil. O presente trabalho teve como objetivo avaliar alterações

apresentadas por frutos de cubiu durante o amadurecimento pós-colheita após a

aplicação do Ethephon (ácido 2-cloroetilfosfônico), bem como o efeito de diferentes

fontes de explantes e substâncias reguladoras de crescimento sobre a morfogênese

in vitro. Para o estudo das alterações pós-colheita, frutos das variedades Santa Luzia

e Thais no estádio verde-maduro foram coletados, lavados e pulverizados com 1000

mg L-1 de Ethephon e o controle com água, sendo avaliados por um período de 12

dias. Ocorreu perda de firmeza do pericarpo dos frutos com o tempo de

armazenamento pós-colheita, com diminuição do pH, aumento da ATT e perda da

matéria fresca. A aplicação de Ethephon promoveu poucas mudanças na qualidade

interna dos frutos, porém foi eficiente no desverdecimento da casca. O

comportamento da respiração e da produção de etileno aponta para um modelo de

amadurecimento não-climatérico. Para avaliar a morfogênese in vitro, utilizou-se

como explantes hipocótilos e cotilédones obtidos de plântulas, bem como embriões

zigóticos imaturos. O meio de cultura utilizado foi o MS suplementado com

diferentes combinações de ácido naftalenoacético (ANA), ácido

diclorofenoxiacético (2,4-D), Kinetina (KIN) e Thidiazuron (TDZ). Após 30 dias de

cultivo, o percentual de explantes cotiledonares e de hipocótilo com calos foi de

100% para todas as concentrações de ANA testadas (5; 10 e 20 mg L-1). Intensa

proliferação de calos também foi verificada sobre cotilédones cultivados na

presença de 2,4-D (0,5; 1; 2 e 4 mg L-1) combinado com TDZ (0,125; 0,25; 0,5; 1 e

2 mg L-1) e hipocótilos na presença de 2,4-D (5; 10 e 20 mg L-1) e sacarose (15; 30

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xi

e 45 g L-1). Entretanto, não ocorreu a indução da rota embriogenética. Por outro

lado, diretamente sobre os cotilédones de embriões zigóticos imaturos cultivados

em meio de cultura MS suplementado com 5 e 10 mg L-1 de 2,4-D foram

observadas estruturas semelhantes a embriões somáticos. A análise anatômica

confirmou que as mesmas são estruturas independentes, com sistema vascular

fechado, evidenciando tratar-se de embriões somáticos. Sobre esses explantes,

formaram-se calos com células que apresentaram forte reação ao carmim acético e

que após subcultivo em meio isento de reguladores de crescimento, originaram

complexos ou massas celulares pró-embriogênicas. Apesar da baixa regeneração e

da produção assincrônica de embriões somáticos, foi possível a indução da rota

embriogenética para a espécie.

Palavras-chave: Solanum sessiliflorum, ácido 2-cloroetilfosfônico, qualidade físico-

química, cultivo in vitro, embriogênese somática, 2,4-D.

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xii

ABSTRACT

STEFANELLO, Suzana, D. Sc., Universidade Estadual de Maringá, December 2008. Postharvest physiology and in vitro propagation of Solanum sessiliflorum Dunal cultivars. Adviser: Carlos Alberto Scapim. Committee Members: Dr. Adilson Ricken Schuelter, Dra Maria Celeste Gonçalves Vidigal and Dra Maria de Fátima Pires da Silva Machado.

Cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) is a solanaceous shrub native to the

Amazon region that has been attracting interest from researchers and producers of

other Brazilian regions. This study aimed to evaluate changes of cubiu during

postharvest ripening after Ethephon (2- chloroethylphosphonic acid) application, the

effect of different explant sources and growth regulators on in vitro morphogenesis.

Fruits of varieties Santa Luzia and Thais were collected at the mature-green stage,

washed, sprayed with 1000 mg L-1 Ethephon as well as the control fruits with water

and evaluated for 12 days. There was loss of pericarp firmness with post-harvest

storage time, decrease in pH, increase in ATT and fresh matter loss. Ethephon

promoted a few changes in fruit internal quality, but was efficient in ungreening

fruit peel. Respiration pattern and ethylene production indicate a non-climacteric

ripening. To evaluate the in vitro morphogenesis of S. sessiliflorum Dunal to use

hypocotyl and cotyledon explants from seedlings and immature zygotic embryos

were plated on MS medium supplemented with different combinations of

naphthaleneacetic acid (NAA), dichlorophenoxyacetic acid (2,4-D), Kinetin (KIN)

and Thidiazuron (TDZ). After 30 days, the percentage of cotyledon and hypocotyl

explants with callus was 100% for all the tested NAA concentrations (5; 10 and 20

mg L-1). Intense callus proliferation was also found in cotyledons cultured in 2,4-D

(0,5; 1; 2 and 4 mg L-1) combined with TDZ (0,125; 0,25; 0,5; 1 and 2 mg L-1), and

hypocotyls in 2,4-D (5; 10 and 20 mg L-1) and sucrose (15; 30 and 45 g L-1) but the

embryogenic pathway could not be induced. However, embryo-like structures were

found directly on cotyledons of immature zygotic embryos growing on MS medium

supplemented with 5 and 10 mg L-1 2,4-D. Histological studies confirmed that these

structures were independent with no vascular connections with the parent tissues.

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xiii

New callus formation with cells showing strong reaction to carmine acetic were

found on these explants, which after subculture in growth regulator-free medium

originated pro-embryogenic clusters or masses. Results have shown that despite the

low regeneration and asynchronous production, induction of somatic embryogenesis

is possible for S. sessiliflorum Dunal.

Key-words: Solanum sessiliflorum, 2-chloroethyl phosphonic acid, physical-

chemical quality, in vitro culture, somatic embryogenesis, 2,4-D.

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1

1. INTRODUÇÃO

O cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) é uma solanácea arbustiva nativa da

Amazônia que foi domesticada por populações indígenas. Do ponto de vista

agronômico, apresenta potencialidades para a agroindústria, dada a sua rusticidade e

alta produção de frutos (Silva Filho et al., 1996).

Como a agroindústria busca culturas que possam ser exploradas de

múltiplas formas, o cubiu constitui uma importante matéria-prima capaz de atender

a este requisito. Pelos diversos modos de utilização e alta produção, o cubiu vem

despertando interesse de pesquisadores e produtores em outras regiões do Brasil,

como da Zona da Mata pernambucana (Silva Filho et al., 1996), mineira (Pires et al.,

2006) e também de Santa Catarina, onde a planta apresentou bons resultados e

viabilidade para o plantio em áreas livres de geada (Brancher e Tagliari, 2004).

Pires et al. (2006) verificaram que a composição química de frutos cultivados na

Zona da Mata mineira foi semelhante a de frutos da região amazônica e que houve

boa aceitação pelos consumidores.

Os frutos são bastante nutritivos, apresentando elevados teores de niacina

(Villachica, 1996; Marx et al., 1998) e ferro (Silva Filho et al., 2005), podendo ser

consumidos in natura ou utilizados na fabricação de sucos, doces, geléias, sorvetes

e molhos, na indústria cosmética (Silva Filho et al., 1996) e na medicina popular

como agente hipoglicemiante e hipocolesterolêmico (Silva Filho et al., 2003; Pardo,

2004). Pardo (2004) investigou o efeito do extrato de frutos de cubiu sobre a glicose,

o colesterol e os triglicerídeos de indivíduos adultos, de ambos os sexos, com idade

entre 34 a 68 anos. Os resultados mostraram que a utilização de 40 mL/dia de

extrato durante o período de três dias levou à diminuição do colesterol, dos

triglicerídeos e da glicose no sangue.

Apesar de o cubiu ser uma espécie com inúmeras potencialidades, com

destaque para o valor nutricional e a alta produtividade, são poucos os cultivos para

a produção em larga escala e, em outros locais do país, limitando-se, na maioria das

vezes, ao cultivo de fundo de quintal no interior da Amazônia. Em parte, esta

situação se deve à pouca divulgação das potencialidades da espécie. Por outro lado,

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2

é também evidente o escasso conhecimento disponível sobre práticas agrícolas

adequadas, o que restringe o desenvolvimento do cubiu como cultivo (Silva, 2007).

Ainda são escassas as informações a respeito das condições edafo-

climáticas da região sul sobre a qualidade dos frutos, seus constituintes químicos e a

fisiologia do amadurecimento em plantios comerciais, tornando a exploração

comercial bastante limitada. Poucos estudos têm sido realizados no sentido de

esclarecer o processo de amadurecimento dos frutos e não há estudos do

envolvimento do etileno exógeno na maturação.

A propagação do cubiu é normalmente feita por sementes. No entanto, por

ser uma espécie alógama (Storti, 1988; Luz et al., 2008), as plantas apresentam

elevada taxa de heterozigose, resultando em uma mistura de genótipos com

considerável variabilidade no que se refere ao tamanho e a qualidade dos frutos

(Silva Filho, 2002). Além disso, as sementes perdem a viabilidade com extrema

rapidez (Siva Filho, 1998) e a germinação das sementes é dependente das condições

de temperatura e dos substratos específicos usados para o plantio (Lopes e Pereira,

2005). Dessa forma, uma metodologia confiável deve ser estabelecida para fornecer

plantas homogêneas em quantidade suficiente para atender a demanda da produção

agroindustrial e permitir a conservação do germoplasma existente.

Com o desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos métodos de cultivo in

vitro, a cultura de tecidos tem se firmado como uma ferramenta cada vez mais

promissora, tanto na produção de plantas com características superiores, quanto nos

programas de melhoramento. A regeneração de plantas pode ocorrer via

organogênese ou embriogênese somática (Santos, 2003).

Protocolos de regeneração in vitro via organogênese já foram testados para

essa espécie (Hendrix et al., 1987; Cordeiro e Mattos, 1991; Boufleuher et al.,

2008), mas baixo número de plantas foram regeneradas. Uma alternativa para a

produção em larga escala de plantas e estudos básicos de fisiologia é a regeneração

via embriogênese somática. Entretanto, não há relatos da obtenção de plantas por

essa via para o cubiu.

Os estudos com cultura de tecidos permitirão, em um primeiro momento,

levantar as condições básicas para a indução da rota embriogenética, elucidando as

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melhores combinações de reguladores de crescimento e o potencial de diferentes

fontes de explantes, pois a regeneração de plantas por essa via não foi relatada.

Futuramente, com um protocolo estabelecido e reproduzível, os materiais

produzidos in vitro poderão ser utilizados para regenerar plantas transformadas

geneticamente.

Considerado a importância e as potencialidades da espécie, bem como a

carência de informações sobre a fisiologia pós-colheita e de uma metodologia

eficiente para a regeneração das plantas in vitro via embriogênese, o presente

trabalho teve por objetivos:

a) avaliar algumas alterações físico-químicas apresentadas por frutos de

duas variedades de cubiu durante o amadurecimento pós-colheita após a aplicação

de etileno (Ethephon);

b) determinar a taxa respiratória e a produção de etileno pós-colheita de

frutos de duas variedades de cubiu após a aplicação de Ethephon;

c) investigar a possibilidade de propagação da espécie, utilizando a cultura

de tecidos vegetais;

d) avaliar o efeito de diferentes fontes de explantes e substâncias

reguladoras de crescimento sobre a morfogênese in vitro, buscando estabelecer um

protocolo de regeneração de plantas via embriogênese somática;

e) realizar estudos anatômicos dos tecidos precursores da embriogênese

somática.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. O cubiu

2.1.1. Origem e distribuição geográfica

O cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) é uma Solanaceae nativa da

América Tropical, com provável origem na bacia Amazônica ou nas vertentes

orientais dos Andes do Peru, Equador e Colômbia, sendo encontrado de maneira

natural em locais com 200 a 1000 m de altitude (Wahlen et al., 1981).

Atualmente, pode ser encontrada em toda a Amazônia brasileira, peruana,

equatoriana, colombiana e venezuelana, tanto em condições subespontâneas como

na forma cultivada. É conhecida popularmente como “topiro”, no Peru e Venezuela;

“cocona”, na Colômbia e Venezuela; “tomate de índio e maná”, na Amazônia; e

“orinoco apple” ou “peach-tomato”, nos países de língua inglesa (Silva Filho, 1998;

Oliveira, 1999).

2.1.2. Descrição botânica da espécie

Solanum sessiliflorum Dunal é uma planta arbustiva, de crescimento rápido,

que pode alcançar até 2 m de altura, ereta, muito ramificada, com ciclo anual,

embora possa viver até três anos em condições favoráveis (Silva Filho, 1998). De

acordo com Volpato et al. (2004), o cubiu possui 2n=24 cromossomos, o que é

comparável às demais espécies da seção Lasiocarpa e às espécies diplódes do

genero Solanum.

Suas folhas são grandes (25-45 cm de limbo), largamente ovais, com

pecíolos relativamente mais curtos do que as lâminas da folhas. O caule, as folhas e

os frutos são recobertos por uma grande quantidade de tricomas, muitos deles

estrelados (Villachica, 1996; Silva Filho, 2002).

As flores possuem 4 a 5 cm de diâmetro, situadas em inflorescências curtas

(Villachica, 1996). As inflorescências são formadas por cinco a oito flores (Figura

1a), nas quais se desenvolvem de um a três frutos situados nos ramos entre cada

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grupo de três folhas (Silva Filho, 1998). Cada planta apresenta em média nove

inflorescências do tipo cimeira monocásica helicoidal. É considerada uma planta

andromonóica e as flores, tanto as hermafroditas como as estaminadas, não possuem

diferenças morfológicas marcantes, a não ser o estilete reduzido e o ovário

rudimentar nas flores estaminadas. A corola é formada por pétalas de coloração

branco-esverdeada, os estames são amarelos (Figura 1b). Na Amazônia, a floração

ocorre durante os meses de setembro a novembro (Storti, 1988), com início 4 ou 5

meses após a germinação (Silva Filho, 2002).

a b

c d

Figura 1 - Aspecto geral da planta de cubiu: a) inflorescência (Foto: Silva Filho, 1998); b) detalhe de uma flor; c) polinizador visitando as flores; d) frutos em diferentes estádios.

O tipo de reprodução sexuada da planta cubiu é ainda discutido entre os

pesquisadores. Pahlen (1977) caracterizou o cubiu como uma planta que se

autofecunda, pois plantas isoladas apresentaram boa produção de frutos, contudo

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não descartou a ocorrência de polinização cruzada, em função da presença de

abelhas sociais e solitárias visitando as flores.

Estudos da biologia floral de Solanum sessiliflorum var. sessiliflorum

levaram Storti (1988) a considerar o cubiu como uma planta alógama, pois

apresenta características que favorecem a polinização cruzada como presença de

anteras poricidas e floração assincrônica de plantas individuais, forçando o

polinizador a visitar várias flores de uma mesma planta ou em plantas diferentes.

Pizzinato (2006) verificou que plantas de cubiu das variedades Santa Luzia

e Thais cobertas com organza não produziram frutos. A organza impediu a visita

das flores pelos agentes polinizadores com as flores, sugerindo que o cubiu seja

uma espécie alógama.

Estudos recentes realizados por Luz et al. (2008) levaram os autores a

concluir que o cubiu é uma planta alógama, devido à ausência de frutos com

sementes produzidos por plantas cultivadas em casa-de-vegetação e cobertas com

organza, a qual impede a ação de polinizadores. Contudo, a evidência de que os

estigmas encontram-se receptivos e os grãos de pólen germinam quando as flores

encontram-se fechadas permite sugerir a possibilidade de ocorrência de

autofecundação.

O principal atrativo das flores para os insetos visitantes é o pólen. A espécie

é polinizada por abelhas (Figura 1c) que vibram durante a visita à flor sendo a

abelha Eulaema nigrita considerada como a polinizadora mais eficiente, pelo seu

comportamento, tamanho e freqüência (Storti, 1988; Luz et al., 2008).

Em uma mesma planta se encontram flores e frutos em diferentes estádios

(Figura 1d) de maturação (Villachica, 1996). Os frutos são do tipo baga, possuem

tamanho variável, polpa ácida (Storti, 1988), podendo apresentar formato redondo,

achatado, cordiforme ou cilíndrico (Silva Filho et al., 1996). A coloração varia entre

verde, quando imaturos; amarelos, quando maduros; e marron-avermelhados, no

estádio mais avançado de maturidade (Silva Filho, 1998).

A produção de frutos inicia aos sete meses após a semeadura (Marx et al.,

1998) e pode ultrapassar 100 toneladas por hectare, dependendo do material

genético e do manejo adotado (Villachica, 1996; Silva Filho et al., 1996). Cada

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fruto, cuja massa fresca pode variar de 20 a 450g, pode conter numerosas sementes

ovaladas e achatadas (Silva Filho, 1998). Lopes e Pereira (2005) encontraram 978

sementes em frutos de cubiu com menor massa fresca (22,66g) e 2215 sementes

naqueles com maior massa (58,84g).

2.1.3. Condições de cultivo e utilização

As condições ótimas para o cultivo de S. sessiliflorum são temperatura

média entre 18 a 30º C e umidade relativa de 85%, em regiões de clima quente e

úmido. Apesar da necessidade de luz, a espécie pode crescer na sombra, porém,

nesta condição, a produção de frutos é reduzida (Marx et al., 1998). O cubiu

normalmente é propagado por sementes. Geralmente, se realiza a semeadura em

bandejas de isopor e após trinta dias a repicagem das plântulas para recipientes mais

espaçosos, devendo o plantio definitivo ser efetuado entre 40 a 90 dias após a

semeadura. O espaçamento entre as plantas pode variar de acordo com a intensidade

do cultivo, a etnovariedade e o tipo de solo (Silva Filho, 1998). Geralmente, são

empregados espaçamentos de 1 m entre plantas e 1,5 m entre linhas (Silva Filho et

al., 2005).

A produção de frutos inicia aproximadamente sete meses após a semeadura

(Marx et al., 1998), com produção de frutos durante três meses (Silva Filho, 1998).

O rendimento por área depende da etnovariedade cultivada, da fertilidade do solo,

da densidade de plantio e do tipo de manejo (Silva Filho, 1998).

De acordo com Villachica (1996), a espécie possui uma alta diversidade

genética, manifesta na forma, tamanho, cor, pubescência, sabor e aroma dos frutos.

Há plantas que produzem frutos de formato redondo e tamanho pequeno (25 a 40 g),

de forma redonda a alargada e tamanho médio (40 a 100g) e, ainda, outras com

frutos de forma alargada a achatada e tamanho grande (140 a 250 g ou mais). Os

frutos de tamanho grande são preferidos para a fabricação de doces, enquanto os

frutos pequenos são utilizados na produção de sucos.

Os frutos de cubiu são bastante nutritivos, possuindo aroma e sabor

agradáveis. Os teores de fibras, proteínas, sais minerais e vitaminas de sua polpa

permitem as populações tradicionais da Amazônia utilizar o fruto como alimento,

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medicamento e cosmético (Silva Filho, 1998; Marx et al., 1998; Silva Filho et al.,

2005; Yuyama et al., 2007).

A polpa da placenta é ligeiramente mais ácida e mais saborosa que a polpa

aderida à casca. Devido à baixa relação sólidos/solúveis/acidez (3,5 a 6) o cubiu

apresenta reduzido grau de doçura, por isso o fruto é raramente consumido in

natura, exceto como complemento de bebidas alcoólicas (Silva Filho, 1998).

Como medicamento, o cubiu é utilizado no tratamento da anemia (devido

ao elevador teor de ferro), diabetes, ácido úrico e altos níveis de colesterol (devido

aos elevados teores de niacina) no sangue (Silva Filho et al., 1996; Silva Filho et al.,

2003; Pires et al., 2006). As folhas maceradas são utilizadas pelos índios para evitar

a formação de bolhas na pele no caso de queimaduras (Silva Filho, 2002). Os índios

utilizam o suco puro de cubiu para dar brilho aos cabelos (Silva Filho, 2002) e no

controle de piolhos (Silva Filho et al., 2003).

2.2. Fisiologia do amadurecimento e pós-colheita de frutos

2.2.1. Desenvolvimento de frutos

O fruto é resultante do desenvolvimento do ovário das flores ou

inflorescências das angiospermas, em conseqüência da fecundação do(s) óvulo(s)

nele contido(s). O fruto é a estrutura que representa o último estádio de

desenvolvimento do gineceu fecundado ou partenocárpico, o qual é constituído pelo

pericarpo e pela(s) sementes(s) (Barroso et al., 1999).

O desenvolvimento de um fruto, em função dos processos fisiológicos,

pode ser dividido nas fases de crescimento, maturação, amadurecimento e

senescência. Porém, como muitos processos são comuns entre as fases, há

dificuldades de distinção entre as mesmas (Watada et al., 1984).

O crescimento pode ser definido como a fase de desenvolvimento na qual

ocorre o incremento irreversível nos atributos físicos, com intensa divisão e

alongamento celulares. A maturação é a fase do desenvolvimento onde não há mais

aumento no tamanho e o fruto continua sua ontogenia, mesmo que destacado da

planta-mãe (Watada et al., 1984).

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O amadurecimento corresponde à fase final da maturação e envolve

diversos processos fisiológicos e bioquímicos que resultam em modificações da

estrutura e da composição química dos frutos (Wills et al., 1998) como redução da

firmeza, degradação e síntese de pigmentos, conversão do amido em açúcares,

alteração na composição e estrutura da parede celular, na atividade enzimática,

diminuição do conteúdo de ácidos orgânicos, dentre outras (Chitarra e Chitarra,

2005). As reações químicas e bioquímicas responsáveis por essas transformações

podem variar entre espécies, cultivares e entre frutos de uma mesma cultivar,

dependendo das condições de produção ou armazenamento (Chitarra e Chitarra,

2005).

Durante o amadurecimento, a composição e as propriedades texturais dos

frutos sofrem alterações. Isto faz com que seja necessário o correto conhecimento

das características de cada fruto, definidas por meio de testes físico-químicos, que

indicam as melhores tecnologias de conservação a serem aplicadas em pós-colheita

(Carmo, 2004). O amadurecimento é uma fase importante do desenvolvimento dos

frutos, pois os tornam palatáveis, comercialmente atrativos e capazes de satisfazer

os pré-requisitos dos consumidores. O período subseqüente é a senescência, durante

a qual há predomínio de processos degradativos (Chitarra e Chitarra, 2005).

Após a colheita, a continuidade dos processos metabólicos é dependente

das reservas acumuladas pelo fruto durante o desenvolvimento. O amadurecimento

é, geralmente, acompanhado pela mobilização de carboidratos e proteínas, sendo

que a intensidade destes processos pode ser regulada pelas condições ambientais

que o fruto é exposto, tais como temperatura e composição gasosa da atmosfera

(Purvis, 1997).

2.2.2. Ação do etileno durante o amadurecimento de frutos

O amadurecimento é regulado por reguladores de crescimento. Essas

substâncias são sintetizadas endogenamente, agem em baixas concentrações e

promovem respostas tanto no local de síntese quanto em locais distantes deste (Taiz

e Zeiger, 2004).

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Numerosas funções e diversas rotas biossintéticas vegetais são controladas

por cinco grupos de reguladores de crescimento: auxinas, citocininas, giberelinas,

ácido abscísico e etileno (Wills et al., 1998; Taiz e Zeiger, 2004).

O etileno (C2H4) é um hormônio encontrado na natureza na forma gasosa.

Ele controla muitos processos fisiológicos, incluindo o amadurecimento de frutos, a

abscisão, a senescência e as respostas a injúrias e estresses (Saltveit, 1999; Burg,

2004). O etileno pode promover diferentes respostas em função do estádio de

desenvolvimento, das condições ambientais e da espécie ou mesmo da variedade

(Lelièvre et al., 1997).

Os estudos com etileno tiveram grandes avanços em 1979 quando Adams e

Yang descobriram o ACC (ácido 1-aminociclopropano 1-carboxílico) como sendo o

precursor imediato do etileno, possibilitando a descrição da via biossintética (Taiz e

Zeiger, 2004; Bradford, 2008).

A via de biossíntese do etileno compreende a conversão do aminoácido

metionina a S-adenosilmetionina (SAM), que é precursora do ácido 1-

aminociclopropano-1-carboxílico (A CC) e este o precursor imediato do etileno. A

enzima ACC sintetase converte a SAM em ACC e a ACC oxidase transforma o

ACC em etileno (Taiz e Zeiger, 2004; Tian e Lu, 2006; Bradford, 2008) (Figura 2).

Tanto a síntese quanto a atividade destas enzimas são influenciadas por

fatores genéticos e condições ambientais como temperatura e concentrações de O2 e

CO2. As respostas dos tecidos à exposição ao etileno dependem da sensibilidade do

tecido, da concentração de etileno, da composição da atmosfera, da duração da

exposição e da temperatura (Wills et al., 1998).

De acordo com Lelièvre et al. (1997), considerável progresso tem ocorrido

na caracterização dos genes das enzimas biossintéticas chaves do etileno, a ACC

sintase e ACC oxidase, bem como no isolamento de genes envolvidos na via de

transformação do sinal do etileno, particularmente aqueles que codificam os

receptores de etileno (ETR - receptores associados ao retículo endoplasmático).

A transdução de sinais para o etileno tem sido revelada em estudos com

Arabidopsis thaliana, fornecendo importantes informações de como a informação é

recebida e processada nas células vegetais (Bleecker, 1999; Nath et al., 2006; Tian e

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Lu, 2006). A utilidade do etileno como um sinal depende da habilidade das células-

alvo para receber o estímulo e para traduzir essa informação em respostas físicas

apropriadas para cada tipo de célula (Bleecker, 1999).

Figura 2 – Rota biossintética do etileno e ciclo de Yang (Taiz e Zeiger, 2004).

A ação do etileno é dependente da sua ligação a receptores (Chow e

McCourt, 2006). O etileno liga-se ao receptor, localizado na membrana celular,

formando um complexo ativado que desencadeia um processo de reação em cascata.

Estas reações levam à modificação da expressão gênica, com conseqüentes

respostas fisiológicas e bioquímicas (Lelièvre et al., 1997; Tian e Lu, 2006).

O etileno intervém, em nível molecular, na indução da expressão de

numerosos genes, incluindo aqueles que codificam as enzimas celulases, 1,3-

glucanases, peroxidases e proteínas ligadas à defesa contra patógenos. A expressão

dos genes, durante o amadurecimento, parece ser regulada por meio de dois

caminhos: um etileno-dependente e outro etileno-independente. Genes envolvidos

com a biossíntese de pigmentos, como licopeno, aroma e metabolismo respiratório,

são considerados dependentes da biossíntese de etileno. Entretanto, em algumas

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espécies, genes que codificam clorofilases e ACC oxidase parecem ser

independentes de etileno (Taiz e Zeiger, 2004).

Os frutos que amadurecem em resposta ao etileno exibem antes da fase de

amadurecimento aumento característico da respiração chamado de climatério (Wills

et al., 1998). Estes frutos também apresentam pico na produção do etileno,

imediatamente antes do aumento da respiração. Por outro lado, os frutos não-

climatéricos não exibem aumento na síntese de etileno e na respiração (Taiz e

Zeiger, 2004).

A síntese de etileno em frutos climatéricos é autocatalítica, isto é, o etileno

atua na regulação das enzimas envolvidas na sua biossíntese e pequenas

concentrações (0,1 a 1 µL L-1), geralmente, são suficientes para desencadear a

resposta fisiológica (Lelièvre et al., 1997).

A classificação dos frutos em climatéricos e não-climatéricos pode ser feita

também se baseando na resposta ao tratamento com etileno (Wills et al., 1998). A

aplicação de etileno em frutos climatéricos induz os mesmos a produzir etileno

adicional. Quando frutos climatéricos e não-maduros são tratados com etileno, o

início do climatério é acelerado. No entanto, quando frutos não-climatéricos, como

frutos cítricos e uvas, são tratados da mesma forma, a magnitude do aumento

respiratório acontece em função da concentração do etileno, porém, o tratamento

não desencadeia a produção endógena do etileno nem acelera o amadurecimento

(Taiz e Zeiger, 2004), sendo este processo considerado como independente do

etileno (Lelièvre et al., 1997).

Segundo Lelièvre et al. (1997), aumentos na taxa respiratória e na síntese

de etileno têm sido observados em alguns frutos não-climatéricos tratados com

etileno, porém, ao suprimir-se o etileno, tanto a síntese de etileno quanto a taxa

respiratória voltaram aos padrões basais.

O comportamento da taxa respiratória dos frutos auxilia na determinação

do climatério, além de possibilitar o conhecimento da composição dos gases dentro

de embalagens durante o armazenamento (Song et al., 2002), permitindo a tomada

de decisões e buscando prolongar sua vida pós-colheita.

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Várias substâncias são capazes de liberar etileno nos tecidos vegetais e

destas a mais utilizada e efetiva é o ácido 2-cloroetil-fosfônico, conhecido

comercialmente como Ethrel, Ethephon ou CEPA. As respostas dos tecidos

dependerão da espécie ou cultivar, da dosagem do produto e das condições de

tratamento (aspersão ou imersão), da temperatura de armazenamento, da utilização

de embalagens ou da atmosfera modificada, dentre outras (Yah et al., 1998;

Cerqueira-Pereira et al., 2007).

O etileno tem sido usado com sucesso para antecipar e uniformizar o

amadurecimento pós-colheita de frutos. Em frutos climatéricos, como em

Mangifera indica cv Kent (Yah et al., 1998), o Ethephon geralmente provoca

mudanças externas, acelerando o amarelecimento da casca bem como mudanças na

qualidade interna. Por outro lado, frutos não-climatéricos, como Fortunella

margarita Swingle (Mota et al., 1997), Citrus sinensis cv ‘Baianinha’ e ‘Hamlin’

(Domingues et al., 2001) e cv Pêra (Nascimento et al., 2006), limões ‘siciliano’

(Jacomino et al., 2003), Ananas comosus cv. Pérola (Santana et al., 2004), quando

submetidos a tratamentos com Ethephon, mostram, na maioria dos casos, apenas

desverdecimento ou mudança da cor da casca, resultando na degradação da clorofila

e, em menor grau, na síntese e/ou aparecimento de carotenóides.

Algumas unidades de beneficiamento de frutas cítricas aplicam etileno no

interior de câmaras frias, utilizam-se do processo de desverdecimento para atingir a

coloração ideal de comercialização, inclusive com o benefício de antecipar o

período de distribuição nos mercados, sendo um processo pouco oneroso para o

distribuidor (Nascimento et al., 2006).

Segundo Hernández et al. (2004), o comportamento da curva da

intensidade respiratória dos frutos de cubiu coletados e armazenados a 15 ºC seguiu

o padrão típico de frutos não-climatéricos. Entretanto, observou-se leves

incrementos do 9º o 16º dia, os quais foram atribuídos ao início do processo de

degradação dos frutos. A intensidade respiratória aumentou notavelmente a partir do

19º dia como conseqüência da alta atividade metabólica desencadeada pelos

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processos de senescência e degradação. Porém, não há relatos sobre a síntese de

etileno nem sobre o efeito da aplicação de etileno sobre o amadurecimento em cubiu.

2.2.3. Demais modificações durante o amadurecimento dos frutos

O amadurecimento de frutos corresponde a uma série de transformações

bioquímicas, fisiológicas e estruturais que o tornam apto para ser consumido

(Lelièvre et al., 1997). Tais mudanças incluem a mudança de coloração, o

amaciamento do fruto devido à quebra enzimática da parede celular, a hidrólise do

amido, o acúmulo de açúcares, o desaparecimento de ácidos orgânicos e compostos

fenólicos, dentre outros (Taiz e Zeiger, 2004).

2.2.3.1. Coloração

Durante o amadurecimento, a maioria dos frutos apresenta mudança de

coloração. A mudança de coloração é um dos primeiros sinais perceptíveis do início

da maturação (Wills et al., 1998). A cor da casca dos frutos é um dos principais

atributos que o consumidor utiliza para avaliar a qualidade dos frutos, preferindo-se

os mais coloridos que são, geralmente, associados a elevados teores de açúcares e

reduzida acidez (Fioravanço et al., 2007).

Em frutos climatéricos, uma das modificações observadas durante o

processo de amadurecimento, em resposta ao aumento na produção de etileno, é a

mudança na coloração da casca (Wills et al., 1998). Em frutos não-climatéricos,

sugere-se que alguns aspectos do amadurecimento como a diferenciação da cor da

casca dos frutos pode requerer etileno (Chervin et al., 2004). A mudança da cor

ocorre geralmente devido a degradação de pigmentos clorofílicos, pelo aumento da

atividade das clorofilases e pela síntese de outros pigmentos (Wills et al., 1998).

A aplicação de etileno intensifica a cor da epiderme de grande parte dos

frutos. Em frutos cítricos e não-climatéricos como kunquat (Fortunella margarita

Swingle) (Mota et al., 1997) é comum observar o desverdecimento da casca após

tratamento com Ethephon, o qual promove a degradação da clorofila, sem alteração

nas características organolépticas físico-químicas. Em certos frutos, entre os quais a

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ameixa cv. Reubennel (Fioravanço et al., 2007) e o limão ‘siciliano’ (Jacomino et

al., 2003), essa mudança é importante, pois mostra a possibilidade de antecipar a

colheita e a comercialização e, conseqüentemente, a obtenção de melhores preços

no início da safra (cultivares precoces).

A mudança de coloração pode ser avaliada por meio de métodos sensoriais

ou subjetivos, os quais se baseiam na intensidade e nas variações da cor perceptíveis

ao olho humano, estabelecendo-se uma escala de coloração da casca ou da polpa. A

determinação também pode ser feita de maneira objetiva, ou seja, através de

equipamentos capazes de quantificar a luz refletida do produto, sendo este método o

mais confiável (Chitarra e Chitarra, 2005). As leituras dos valores podem ser

sistematizadas, adotando-se uma relação matemática entre os componentes da cor

(L, C, Hº), utilizando um colorímetro (Francis, 1980; Shewfelt et al., 1988;

McGuire, 1992). Este aparelho mede a luz refletida usando as coordenadas

cartesianas L, a e b, das quais se obtém unidades ou pontos de uniformidade visual

aproximada de um sólido de cor.

A coloração em frutos de cubiu varia entre verde, quando imaturo; amarelo,

quando maduro; e marrom-avermelhado no estádio mais avançado de maturidade

(Silva Filho, 1998). Segundo Silva Filho (2002), frutos com coloração amarela

estão no ponto ideal de maturação para consumo in natura e em outros

aproveitamentos na agroindústria. A perda da cor verde é conseqüência da

degradação da clorofila, a qual mascara pigmentos como carotenos e xantofilas

(Hernández et al., 2004).

2.2.3.2. Firmeza

A diminuição da firmeza durante o amadurecimento, ou seja, o

amaciamento do fruto após a mudança de cor é a transformação mais evidente que

ocorre durante a maturação e o amadurecimento. Além da importância do ponto de

vista econômico, pois afeta a qualidade do fruto, a firmeza tem efeito na resistência

ao transporte, na conservação e no ataque a microrganismos (Awad, 1993).

A perda de firmeza da polpa com a maturação, muitas vezes, ocorre devido

à perda de água dos tecidos e, conseqüente, diminuição da pressão de turgescência

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das células, quando os frutos são mantidos em ambiente com baixa umidade relativa

do ar, aliados à ação enzimática na lamela média e parede celular, muitas vezes

estimuladas pelo etileno (Awad, 1993).

O declínio da firmeza geralmente coincide com a dissolução da lamela

média, resultando na redução da adesão intercelular, despolimerização e

solubilização da hemicelulose e polissacarídeos pécticos da parede celular

(Brummell e Harpster, 2001; Saladié et al., 2007). Esses eventos são acompanhados

pelo aumento da expressão de numerosas enzimas degradantes da parede celular

como hidrolases, transglicosilases e liases (Harker et al., 1997; Brummell, 2006).

Vários autores relatam que a perda de firmeza pelos frutos está relacionada com o

aumento na atividade das enzimas poligalacturonases, celulases e β-galactosidases

(Serrano et al., 2001).

As substâncias pécticas são so principais componentes químicos dos

tecidos responsáveis pelas mudanças de textura dos frutos. As pectinas são

constituídas por uma cadeia linear de ácidos poligalacturônicos, unidos por ligações

α 1-4 de ácido galacturônico. Quando os grupos carboxílicos ácidos encontram-se

ligados ao cálcio, formam o pectato de cálcio, o qual é insolúvel e chamado

protopectina, sendo comum em frutos imaturos. Ocorrendo o amadurecimento,

ocorre a liberação do cálcio, a solubilização da protopectina das paredes celulares

por ação enzimática, procovando a modificação da textura (Chitarra e Chitarra,

2005).

2.2.3.3. Acidez total titulável (ATT)

A acidez em frutos é atribuída, basicamente, aos ácidos orgânicos que estão

dissolvidos nos vacúolos das células, tanto na forma livre quanto combinada com

sais. O teor de ácidos orgânicos, com algumas exceções, diminui com a maturação

dos frutos, em decorrência da sua utilização como substrato no processo respiratório

ou de sua conversão em açúcares (Chitarra e Chitarra, 2005).

O ácido orgânico predominante nos frutos de cubiu é o ácido cítrico (Silva

Filho, 1998). A acidez elevada dos frutos de cubiu contribui para o sabor do fruto e

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permite um fator de diluição elevado na formulação de sucos e, conseqüentemente,

maior rendimento industrial para esta finalidade (Silva Filho, 2002).

Durante o amadurecimento da maior parte dos frutos, há diminuição da

acidez e conseqüentemente aumento do pH (Chitarra e Chitarra, 2005). Segundo

Hernández et al. (2004), devido ao padrão respiratório não-climatérico, frutos de

cubiu armazenados a 15 ºC durante 24 dias apresentaram variação mínima na ATT,

com pequeno aumento até o 10º dia e posterior diminuição, com conseqüente

elevação do pH.

2.2.3.4. Sólidos solúveis totais (SST) e relação SST/ATT

Os sólidos solúveis indicam a quantidade de sólidos que se encontram

dissolvidos na polpa ou suco dos frutos. São constituídos principalmente por

açúcares e ácidos, sendo variáveis de acordo com a espécie, a cultivar, o estádio de

maturação e o clima (Chitarra e Chiatarra, 2005).

O teor de sólidos solúveis é característica de interesse para frutos

comercializados in natura, pois o mercado consumidor prefere frutos doces

(Chitarra e Chitarra, 2005).

Segundo Silva Filho (2002), o teor de STT em frutos de cubiu varia de 5 a

8 ºBrix. Porém, as condições ambientais onde as plantas são cultivadas podem

interferir neste valor, bem como se o amadurecimento ocorre na planta ou fora dela

(Silva Filho et al., 1996). Frutos de cubiu da variedade Santa Luzia cultivados no

estado do Espírito Santo atingiram o amadurecimento na planta e sua máxima

qualidade de consumo aos 90 dias após a antese, quando apresentavam casca com

coloração laranja intensa brilhante e 3,9 ºBrix (Souza et al., 2008).

Segundo Hernández et al. (2004), a cor, a firmeza e o teor de sólidos

solúveis totais constituem índices de colheita apropriados para o cubiu, ao contrário

das dimensões físicas como peso fresco e diâmetro as quais podem ser afetadas

pelas condições externas.

Jacomino et al. (2003) não verificaram efeito de tratamentos com Ethephon

sobre o teor de sólidos solúveis totais, acidez total titulável, perda de matéria fresca

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e percentagem de suco de frutos não-climatéricos de limões ‘siciliano’ armazenados

a 10 ºC.

A relação SST/ATT é utilizada para avaliar o sabor, sendo mais

representativa que a medida isolada de cada caráter. A relação SST/ATT é baixa em

frutos de cubiu, o que confirma o seu reduzido grau de doçura (Silva Filho, 2002).

2.3. Propagação de plantas in vitro

2.3.1. Aspectos gerais da cultura de tecidos vegetais

A cultura de tecidos vegetais, por definição, é o conjunto de técnicas

biotecnológicas que emprega o princípio da totipotencialidade, isto é, a capacidade

de gerar uma planta pluricelular completa a partir de uma célula diferenciada

(Santos, 2003). A regeneração de plantas por meio da cultura de tecidos baseia-se

no princípio da totipotência, proposto pelo fisiologista Haberlandt, que, em 1902,

enunciou que cada célula vegetal possuía o potencial genético para regenerar uma

planta inteira (Santos, 2003).

A produção comercial de plantas in vitro é uma prática bastante utilizada

em diversos países do mundo, inclusive o Brasil. Esta técnica apresenta importância

prática e potencial na agroindústria de espécies frutíferas, ornamentais, florestais e

olerícolas. Por meio desse método é possível produzir plantas uniformes, sadias e

em curto espaço de tempo e sob condições controladas de temperatura (Lee et al.,

1995; Kerbauy, 1997). Nesse contexto, a cultura de tecidos tem sido empregada

para diferentes fins, dentre eles em auxílio a programas de melhoramento genético,

na propagação de plantas cultivadas livres de vírus, bem como na produção em

larga escala de plantas para fins comerciais (Torres et al., 1998).

De maneira geral, o cultivo in vitro de plantas é influenciado pelo meio

nutritivo, tipos e condições fisiológicas dos explantes, genótipos, condições de

cultivo, tipo e concentração de reguladores (George, 1993).

A seleção e o desenvolvimento de um meio de cultura é fundamental para

qualquer trabalho com cultura de tecidos de plantas. Dentre os componentes

essenciais de meio de cultivo estão água, sais inorgânicos, vitaminas, fontes de

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carbono e os reguladores de crescimento (Cohen, 1995). O meio de cultura mais

utilizado para a indução da morfogênese in vitro tem sido o meio de MS (Murashige

e Skoog, 1962). A escolha do explante é de fundamental importância para a indução

de morfogênese, devido às diferentes respostas dos tecidos frente às combinações

hormonais e condições de cultivo in vitro. Geralmente, durante o desenvolvimento

de protocolos de regeneração e/ou estabelecimento de culturas in vitro, vários

ensaios são conduzidos inicialmente no sentido de determinar a melhor fonte de

explantes e combinações hormonais (Venkataiah et al., 2003).

Para o sucesso da propagação in vitro, é necessária a seleção de explantes

adequados, estabelecendo-se condições de desinfestação e cultura, o

estabelecimento das condições físicas e fisiológicas de desenvolvimento dos

explantes (Grattapaglia e Machado, 1998).

A morfogênese e o crescimento são regulados pela interação e balanço

entre os hormônios vegetais ou substâncias reguladoras de crescimento, adicionados

ao meio de cultura e pelos níveis endógenos produzidos nas células cultivadas in

vitro. A concentração ideal dos reguladores depende dos padrões de absorção,

translocação e metabolismo na planta. Desta forma, as concentrações efetivas de

cada regulador podem variar e precisam ser ajustadas de acordo com o tipo de

tecido ou órgão, do método de cultivo e do estádio da cultura (George, 1993).

Os hormônios vegetais são reguladores químicos de ocorrência natural que

produzem respostas metabólicas e fisiológicas, sendo efetivos em pequenas

quantidades e que, provavelmente, são os mais importantes mediadores na

transdução de sinais. O mesmo hormônio pode ocasionar respostas diferentes em

tecidos diferentes ou em diferentes fases de desenvolvimento de um mesmo tecido

(Taiz e Zeiger, 2004). Eles exercem ação por meio do reconhecimento de receptores

específicos em células responsivas, traduzindo sinais hormonais em eventos

bioquímicos e fisiológicos (Guerra et al., 1999). Para o cultivo in vitro, os

hormônios vegetais mais importantes são as auxinas e as citocininas, seguidos pelo

ácido giberélico e ácido abscísico (George, 1993).

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2.3.2. Morfogênese

O processo de desenvolvimento de uma planta refere-se ao crescimento

integrado das várias partes do corpo vegetal, envolvendo basicamente os processos

de divisão, expansão e diferenciação celular que culminam na formação de tecidos e

órgãos. Segundo Kerbauy (1999) e Peres (2002), a formação de novos órgãos in

vitro (morfogênese) resulta da interação dos processos de competência celular,

indução, determinação e diferenciação celular, os quais são influenciados e

determinados principalmente pela presença dos hormônios vegetais e agem como

sinais químicos para regular os processos de crescimento e morfogênese (Coenen e

Lomax, 1997).

As respostas morfogenéticas podem ocorrer via duas rotas de regeneração:

organogênese (regeneração de brotos e raízes) e embriogênese (regeneração de

plantas a partir de embriões somáticos) (Grattapaglia e Machado, 1998). Neste

contexto, várias espécies silvestres e cultivadas apresentam protocolo regenerativo,

sendo em sua maioria por organogênese, incluindo as espécies da família

Solanaceae como tomate (Fári et al., 2000), berinjela (Picoli et al., 2002) e o próprio

cubiu (Hendrix et al., 1987; Cordeiro e Mattos, 1991; Grunvald, 2004; Boufleuher

et al., 2008).

A organogênese refere-se à formação de estruturas monopolares como

raízes, folhas, brotos a partir de explantes ou de calos cultivados in vitro (Andrade,

2002; Carvalho e Vidal, 2003). A organogênese normalmente envolve a

regeneração de gemas a partir de grupos de células meristemáticas.

Se o explante já possuir células meristemáticas ou embriogênicas, ocorrerá

organogênese direta e embriogênese direta, respectivamente. Quando há

necessidade de desdiferenciação do explante, com a formação de calo prévio ao

estabelecimento das células competentes, ocorrerá organogênese ou embriogênese

indireta (Peres, 2002).

Ao longo do desenvolvimento embrionário iniciado a partir da fertilização, as

células vegetais seguem caminhos e diversificam suas características estruturais e

funcionais, a fim de que tecidos e órgãos sejam formados. Esse processo, chamado

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diferenciação celular, envolve mudanças altamente coordenadas que estão sob o

controle de mecanismos genéticos e ambientais (Santos, 2003).

No decorrer da via ontogenética, as células vão se tornando especializadas,

ou seja, há a canalização do desenvolvimento que leva à incapacidade progressiva

de alterar a programação genética conhecida como determinação celular (Kerbauy,

1999).

O conceito de determinação está diretamente relacionado com o de

competência celular, que é a capacidade da célula responder a sinais químicos ou

físicos específicos e direcionar o seu destino. Quanto mais determinada é uma

célula, menor é sua competência de responder a sinais externos e mais forte deverá

ser o mensageiro químico para que a célula tenha o seu destino alterado. Para que

ocorra a regeneração de plantas é necessário que o corra a desdiferenciação das

células (Santos, 2003). A desdiferenciação, que é mediada por substâncias

reguladoras de crescimento, leva as células a um estado novamente indiferenciado e,

portanto, capazes de mudar para diferentes vias ontogenéticas, ocorrendo uma

desprogramação fisiológica com reprogramação gênica (Sultan, 2000).

2.3.2.1. Embriogênese somática

A embriogênese somática é o processo por meio do qual células isoladas ou

um pequeno grupo de células somáticas dão origem a estruturas embrionárias

bipolares, sem conexão vascular com o tecido materno (Vicient e Martinez, 1998),

num processo morfogenético que se aproxima da seqüência de eventos

representativos da embriogênese zigótica (Tautorus et al., 1991; Zimmerman, 1993),

apresentando estádios de desenvolvimento embrionário similares (Vicient e

Martínez , 1998).

A embriogênese somática apresenta as seguintes vantagens e aplicações

sobre a organogênese: possibilita a obtenção de uma grande quantidade de

propágulos (embriões somáticos); permite um alto grau de automação do sistema,

com a possibilidade de baixar o custo efetivo da produção de plântulas em larga

escala; permite a produção dos propágulos de forma sincronizada (otimizando o

sistema); possibilita o armazenamento dos propágulos por um longo período por

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meio da criopreservação; auxilia na produção de sementes sintéticas; utilização de

culturas para o isolamento e fusão de protoplastos e, ainda, utilização das culturas

para a transformação genética (Guerra et al., 1999).

Para a regeneração de plantas via embriogênese somática são empregados

pelo menos dois diferentes meios de cultura: o primeiro é otimizado visando à

indução da embriogênese somática, enquanto o segundo meio de cultura objetiva

permitir o desenvolvimento dos embriões somáticos. As condições que favorecem a

primeira fase geralmente inibem a segunda. Os meios de cultura contendo altas

concentrações de sais, como o MS, por exemplo, são os mais indicados para a

formação de embriões somáticos (Guerra et al., 1999; von Arnold et al., 2002).

A embriogênese somática pode ser dividida em quatro etapas: 1) a indução

em meios de cultura com auxinas (mais freqüentes) e citocininas (menos freqüentes);

2) a multiplicação em meios contendo baixas concentrações de auxina; 3) a

maturação na presença de ABA e/ou agentes osmóticos e; 4) a germinação em

meios de cultura geralmente isentos de reguladores (Guerra et al., 1999; von Arnold

et al., 2002).

De acordo com Guerra et al. (1999), culturas induzidas com uma

substância com forte atividade auxínica podem provocar a formação de complexos

ou massas celulares pró-embriogênicas, as quais por processos de embriogênese

repetitiva, representados por fenômenos de clivagem ou gemação, resultam em

ciclos repetitivos de divisões celulares que geram, nas angiospermas, embriões

somáticos globulares (Figura 3, Ciclo A). Estádios iniciais de embriogênese

somática são reconhecíveis por células que apresentam conteúdo citoplasmático

denso e ausência geral de vacuolização (Emons, 1994). A remoção ou diminuição

drástica dos níveis de auxina exógena induz ao desenvolvimento contínuo dos

embriões pré-globulares e progressão para os demais estádios de embriogênese

(Guerra et al., 1999; von Arnold et al., 2002).

Após a indução, a estratégia é interromper os ciclos repetitivos de divisão

celular e fornecer estímulos fisiológicos, bioquímicos e ambientais para promover a

diferenciação celular, desenvolvimento e conversão dos embriões somáticos. Estes

pró-embriões são estimulados a seguir o desenvolvimento normal pela retirada das

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auxinas do meio de cultura, pela adição de ABA, citocininas e agentes que

provoquem estresse osmótico e o fornecimento de estímulos ambientais. O ciclo de

maturação gera embriões somáticos que podem ser convertidos à plântulas ou então

serem encapsulados para a obtenção de sementes sintéticas (Figura 3, Ciclo B)

(Guerra et al., 1999).

2,4-D

Embriogênese Repetitiva

Ciclo A

Maturação Ciclo B

Indução

Clivagem/ Gemação

Explante

Inibição à gemação

Maturação de Embriões

Semente sintética

Regeneração de Plântulas

Estabelecimento ex vitro

Conversão

Planta matriz

Reguladores +

Escuro

Cultura Embriogênica

Suspensão celular

-Pré-maturação - ABA

-Fontes de C -Agentes osmóticos

Pré-germinação

Figura 3 - Ciclos da embriogênese somática e a seqüência de eventos celulares da desdifenciação e diferenciação (Adaptado de Guerra et al., 1999).

Citocinina

Fonte de Carbono

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As auxinas são consideradas essenciais na indução do processo (Fehér et

al., 2002). Em condições in vitro, a embriogênese somática ocorre em explantes

cujas células são determinadas ou pré-embriogênicas, ou o processo se inicia com a

diferenciação de células, que se tornam competentes, e são determinadas para a

embriogênese (Fehér et al., 2003). As células que necessitam de um estímulo para

tornarem-se embriogênicas são denominadas “competentes para a embriogênese”

(Guerra et al., 1999).

A expressão da embriogênese somática segue dois padrões. O primeiro

corresponde à embriogênese somática direta na qual os embriões originam-se

diretamente do tecido do explante. Neste caso, o explante possui células pré-

embriogênicas determinadas, ou seja, células com alta competência para formar

embriões somáticos. Este padrão é comum em explantes provenientes de órgãos

reprodutivos como embriões zigóticos imaturos, inflorescências, cotilédones, dentre

outros. Nos tecidos reprodutivos, os genes responsáveis pelo desenvolvimento

embrionário estão mais ativos que nos demais tecidos da planta (Guerra et al., 1999;

Jiménez, 2005).

O segundo padrão corresponde à embriogênese somática indireta, condição

em que as células do explante não possuem competência para formar embriões.

Desta forma, vários ciclos celulares antecedem a indução das células embriogênicas.

Neste caso, as células do explante são chamadas de “células induzidas à

determinação embriogenética”, uma vez que a cultura adquire potencial

embriogênico devido às condições in vitro. Os vários ciclos celulares são, em geral,

induzidos por altas concentrações de auxinas, que resultam na formação de um calo.

De acordo com Guerra et al. (1999), a embriogênese indireta é característica de

explantes provenientes de tecidos mais diferenciados, os quais precisam sofrer

desdiferenciação antes de adquirirem competência para a rota embriogenética.

Uma vez formadas, as células pré-embriogênicas determinadas e as células

induzidas à determinação embriogenética são funcionalmente equivalentes e passam

a ser descritas como células embriogênicas (Parrot et al., 1991).

As células embriogênicas apresentam características que as distinguem das

demais células vegetais não embriogênicas. Morfologicamente, as células

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embriogênicas caracterizam-se pelo pequeno tamanho (20-30 µm), formato

isodiamétrico, citoplasma denso (Emons, 1994; Fehér et al., 2003; Stefanello et al.,

2005), parede celular delgada, núcleo grande e nucléolos visíveis (Guerra et al.,

1999; Ribas, 1999).

A presença de proteínas de reserva, grãos de amido e lipídios são outras

características das células com competência embriogenética (Merkle et al., 1995;

Ribas, 1999; Cangahuala-Inocente, 2002; Stefanello et al., 2005). Estas

macromoléculas fornecem energia para a intensa atividade mitótica e metabólica

observada durante o desenvolvimento dos embriões somáticos. Ao contrário, as

células não embriogênicas são maiores, apresentam formas variadas, espaços

intercelulares e menor quantidade de substâncias de reserva (Emons, 1994; Ribas,

1999). Além das características morfológicas, as células embriogênicas reagem

fortemente ao corante carmim acético, indicando a presença de glicoproteínas

associadas à rota embriogenética (Gupta e Durzan, 1987; Flores, 2006).

De acordo com Jiménez (2001), a embriogênese somática apresenta como

principal vantagem a multiplicação em larga escala de embriões, através de ciclos

repetitivos de divisão celular. Esta característica tem sido explorada para diversas

finalidades produção de hídridos somáticos, transformação genética, produção de

metabólitos in vitro, constituindo, também, uma estratégia para estudos básicos

relacionados com a fisiologia do desenvolvimento do embrião.

As metodologias para induzir embriogênese somática têm sido descritas

para muitas espécies de interesse econômico, em que os protocolos utilizados

envolvem mudanças no meio de cultura, estabelecimento de diferentes tipos e

concentrações de reguladores de conhecimento e outras condições de cultura (Titon

et al., 2007).

Em espécies da família Solanaceae há alguns relatos sobre a obtenção de

plantas por meio da embriogênese somática. Picoli et al. (2000) produziram alta

taxa de embriões somáticos (100%) a partir de cotilédones de berinjela (Solanum

melongera) cultivados em meio de cultura MS suplementado com diferentes

concentrações (2,5; 5,0; 7,5 e 10 mg L-1) de ácido naftalenoacético (ANA).

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Jayasrre et al. (2001) obtiveram a indução de embriogênese somática em

batata (Solanum tuberosum) a partir de folhas. Calos nodulares formados em meio

de cultura MS, suplementado com 2,4-D combinado com BAP (benzilaminopurina)

e após transferidos para meio de cultura MS contendo Zeatina e BAP resultaram na

indução de um grande número de embriões somáticos diretamente do centros

meristemáticos produzidos no tecido nodular. A maturação ocorreu nestes mesmos

meios de cultura, porém a conversão foi observada em meios isentos de reguladores

de crescimento vegetais.

Lopez-Puc et al. (2006) observaram a formação de embriões somáticos

diretamente sobre embriões zigóticos de Capsicum chinense em meio de cultura MS

suplementado com 2 mg L-1 de 2,4-D, com maturação dos embriões somáticos na

presença de ácido abscísico e germinação dos embriões com ácido giberélico.

Um protocolo de regeneração foi desenvolvido para Capsicum annuum L. a

partir de embriões zigóticos imaturos via embriogênese somática direta em meio de

cultura MS suplementado com 2,4-D (ácido diclorofenoxiacético), água de coco e

alta concentração de sacarose (Harini e Sita, 1993). A germinação dos embriões

ocorreu em meio de cultura suplementado com 1 mg L-1 de ácido giberélico.

Chandel e Katiyar (2000) obtiveram embriões somáticos a partir de folhas de

Lycopersicon esculentum Mill. utilizando Kinetina e ANA.

Problemas durante as etapas de desenvolvimento, maturação, germinação e

conversão dos embriões são comuns. De modo geral, as falhas na formação de

plantas ocorrem devido à presença de anormalidades nos embriões como, por

exemplo, a falta de desenvolvimento completo dos meristemas (Ribas, 1999),

variações no número de cotilédones e efeito residual das auxinas (Parrot et al.,

1991).

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CAPÍTULO I

Amadurecimento de frutos de cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) tratados

com Ethephon

RESUMO

Solanum sessiliflorum é uma solanácea nativa da Amazônia que apresenta

potencialidades para a agroindústria, dada a rusticidade e a alta produção de frutos.

A utilização adequada dos frutos é dependente do entendimento da fisiologia do

amadurecimento ainda desconhecido. Questões fundamentais da fisiologia pós-

colheita, como comportamento respiratório e a produção de etileno, foram pouco

exploradas. Estudos envolvendo a utilização de produtos que liberam etileno como

o Ethephon (ácido 2-cloroetilfosfônico) são essenciais para definir o ponto de

colheita e as técnicas de armazenamento para prolongar a vida pós-colheita de

frutos. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade pós-colheita de

frutos de cubiu (Solanum sessiliflorum) durante o amadurecimento após o

tratamento com Ethephon. Frutos das variedades Santa Luzia e Thais no estádio

verde-maduro foram coletados, lavados e pulverizados até o completo molhamento

com 1000 mg L-1 de Ethephon e o controle com água. A cada três dias, durante 12

dias foram realizadas análises da firmeza do pericarpo, pH, teor de sólidos solúveis

totais, acidez total titulável (ATT), umidade e cinzas. Foi avaliada a liberação de

C02 e etileno diariamente durante 12 dias, conjuntamente com a perda de matéria

fresca e evolução da cor, a cada três dias, durante 12 dias, sempre no mesmo grupo

de frutos. Foi empregado o delineamento experimental inteiramente casualizado. Os

dados foram submetidos à análise de variância e análise de regressão. Ocorreu perda

de firmeza do pericarpo dos frutos com o tempo de armazenamento pós-colheita,

com diminuição do pH, aumento da ATT e perda da matéria fresca. A aplicação de

Ethephon promoveu poucas mudanças na qualidade interna dos frutos, porém foi

eficiente no desverdecimento da casca, o que pode ser verificado pelos menores

valores do ângulo de cor e maiores da cromaticidade e luminosidade. O

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comportamento da respiração e da produção de etileno apontam para um modelo de

amadurecimento não-climatérico.

Palavras-chave: Solanum sessiliflorum, ácido 2-cloroetilfosfônico, qualidade

físico-química, etileno.

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Postharvest ripening of Ethephon-treated cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) fruits

ABSTRACT

Solanum sessiliflorum is a Solanaceae native from the Amazon region that has great

potential for agroindustry due to its rusticity and high yields. Cubiu utilization is,

however, dependent on understanding its physiology. Information on cubiu’s

postharvest physiology is still quite limited. Fundamental questions regarding the

postharvest physiology such as ethylene production and respiratory behavior have

been not been investigated. Studies involving the use of products that liberate

ethylene like Ethephon (2-chloroethyl phosphonic acid) are essential to determine

the stage if fruit at harvest and storage techniques to prolong the postharvest life.

The objective of the present work was to evaluate postharvest quality of cubiu

(Solanum sessiliflorum) fruits during ripening after Ethephon treatment. Fruits of

varieties Santa Luzia and Thais, were collected at green-mature stage, washed and

sprayed until run off with Ethephon (0 e 1000 mg L-1). Every three days, during 12

days, the following analyses were performed; pericarp firmness, pH, total soluble

solid content, total titratable acidity (ATT), water content and ashes. C02 and

ethylene was evaluated daily evaluated for 12 days, and the loss of fresh matter and

color evolution, every three days, during 12 days, always the same fruit group. The

experiment was arranged in a complete randomized design. Data were examined by

analysis of variance and regression analysis. There was loss of pericarp firmness

with time of postharvest storage, with decrease in pH, increase in ATT and loss of

fresh matter. Ethephon promoted small changes in internal quality of fruits, whereas

it was efficient for degreening the fruit peel, which can be verified by the lower

color angles and higher chromaticity and brightness. Respirations rates and ethylene

production suggest thar cubiu has non-climateric behavior.

Key words: Solanum sessiliflorum, 2-chloroethyl phosphonic acid, physical-

chemical quality, ethylene.

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1. INTRODUÇÃO

O cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) é uma solanácea arbustiva nativa da

Amazônia também conhecida como maná, topiro ou tomate de índio, a qual foi

domesticada pelas populações indígenas. A espécie é encontrada naturalmente na

Amazônia brasileira, peruana, equatoriana, colombiana e venezuelana (Silva Filho,

1998). A planta apresenta potencialidades para a agroindústria moderna, dada a sua

rusticidade e alta produção de frutos. Os frutos são de tamanho variável, sub-

globosos a ovóides, do tipo baga, vermelho-alaranjados quando maduros, de polpa

ácida com numerosas sementes achatadas (Storti, 1988), variando entre 30 a 400 g

(Marx et al., 1998).

Os frutos possuem elevados teores de niacina (Villachica, 1996; Marx et

al., 1998) e ferro (Silva Filho et al., 2005), sendo utilizados in natura ou nas mais

diversas formas, como em sucos, doces, geléias, sorvetes, molhos, cosméticos

(Pahlen, 1977; Silva Filho et al., 1999); e na medicina popular como agente

hipoglicemiante e hipocolesterolêmico (Silva Filho et al., 2003; Pardo, 2004).

Na Amazônia, a floração ocorre durante os meses de setembro a novembro

(Storti, 1988), com início 4 ou 5 meses após a germinação (Silva Filho, 2002). A

produção de frutos inicia 7 meses após a semeadura (Marx et al., 1998; Silva Filho

et al., 1999) e dependendo do genótipo produz 100 toneladas de frutos por hectare

(Villachica, 1996).

Nos últimos anos tem ocorrido crescente valorização do fruto no mercado

brasileiro (Silva Filho et al., 2005) e a planta tem sido levada para outras regiões,

incluindo a zona da mata pernambucana e algumas localidades da região sudeste

(Pires et al., 2006) e sul (Brancher e Tagliari, 2004). Porém, o efeito das condições

edafo-climáticas da região na qualidade dos frutos, nos constituintes químicos, no

tamanho e na massa dos frutos ainda são pouco conhecidos, tornando a exploração

comercial bastante limitada.

Silva Filho (2002) relatou grande variabilidade genética para forma,

tamanho, conteúdo de sólidos solúveis e produção de frutos de cubiu em populações

naturais da Amazônia. Hernández et al. (2004) relataram que frutos da Amazônia

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Colombiana apresentaram período de vida útil de 19 dias após a colheita a 15ºC e

padrão respiratório semelhante ao de frutos não-climatéricos. Porém, ainda há falta

de conhecimento sobre as características fisiológicas dos frutos, como a produção

de etileno, a sensibilidade ao etileno exógeno e seu efeito sobre as características

químicas de frutos durante o amadurecimento pós-colheita.

Estudos envolvendo a utilização de produtos que liberam etileno, como o

Ethephon, são úteis para distinguir frutos climatéricos e não-climatéricos, sendo

essencial para definir o ponto de colheita e técnicas de manipulação e

armazenamento que possam ser usadas para prolongar a vida pós-colheita

(Archbold e Pomper, 2003). Além disso, frutos não-climatéricos, não exibem

aumento na produção de etileno e na taxa de respiração, mas podem ser sensíveis ao

regulador de crescimento durante a fase pós-colheita (Lelièvre et al., 1997).

Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar as mudanças físico-

químicas e fisiológicas durante o amadurecimento de frutos de duas cultivares de

Solanum sessiliflorum após o tratamento com Ethephon.

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44

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Material vegetal e condições de cultivo

Foram colhidos frutos verde-maduros de plantas de cubiu das variedades

Santa Luzia e Thais cultivadas na área experimental da Universidade Paranaense

(UNIPAR), Toledo, PR (para determinação dos componentes físico-químicos) e da

Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa, MG (para quantificação de gases)

no ano agrícola 2006/2007.

A semeadura foi realizada em bandejas de poliestireno com 128 células,

contendo substrato para produção de mudas. Quarenta e cinco dias após a

semeadura, foi efetuada a repicagem das plântulas para sacos plásticos com

capacidade para 1 kg de mistura contendo solo: areia:esterco, na proporção 3:2:1.

Decorridos 150 dias, realizou-se o transplantio das mudas para condições de campo,

em covas de 0,2 x 0,2 m de largura por 0,2 m de profundidade. O espaçamento

utilizado foi de 1 m entre plantas e 1,5 m entre fileiras. A adubação de plantio

consistiu na aplicação de 1 kg de composto orgânico (esterco curtido de gado), 400g

do fertilizante Yorin e 50 g de NPK (08-20-20) por cova. Aos 15 dias após o

transplante, foi realizada a adubação de cobertura com 10 g de uréia por cova,

repetindo-se essa prática em intervalos de 15 dias até o momento em que as plantas

iniciaram o florescimento.

2.2. Determinação dos componentes físico-químicos dos frutos

Os frutos de ambas as variedades foram coletados no estádio verde-maduro

quando atingiram o máximo crescimento e sem alteração de cor visível. Os mesmos

foram acondicionados em bandejas e transportados para o Laboratório de

Biotecnologia, da Universidade Paranaense, Toledo, PR, onde foram imediatamente

lavados em água corrente e, em seguida, em solução de hipoclorito de sódio (0,5%

de cloro ativo). Posteriormente, foram realizadas três lavagens com água destilada.

Em seguida, os frutos foram pulverizados até o completo molhamento com água

destilada (controle) ou com Ethephon (1000 mg L-1). Após a secagem sobre papel

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45

toalha, os frutos foram colocados sobre as bancadas do laboratório, para que

pudessem amadurecer em temperatura média de 24 ± 3ºC.

A avaliação das características físicas do comprimento, diâmetro, massa

total, massa da polpa (epiderme dos lóculos, suco e sementes) e diâmetro do

pericarpo (polpa aderida a casca) foi realizada nos frutos de ambas as variedades no

estádio verde-maduro. As avaliações da firmeza do pericarpo e das características

químicas da polpa como pH, teor de sólidos solúveis totais (SST), acidez total

titulável (ATT), razão SST/ATT, umidade e cinzas foram realizadas em intervalos

de três dias durante 12 dias de armazenamento.

A firmeza foi estimada pelo amaciamento do pericarpo, em um ponto da

região mediana de cada fruto, utilizando-se a técnica não destrutiva de aplanação,

descrita por Calbo e Nery (1995). Os dados obtidos foram transformados em

unidades de força (MPa).

O teor de SST e o pH foram determinados por leitura direta em soluções de

polpa homogeneizada, em refratômetro (expressos em ºBrix) e em potenciômetro

previamente calibrado com os padrões de pH 4 e 7, respectivamente.

A ATT foi determinada em 10g da polpa trituradas com 90mL de água

destilada, tituladas rapidamente e sob agitação com solução de 0,01N de NaOH,

utilizando a fenolftaleína 1% como indicador. Os resultados foram expressos em g

de ácido cítrico por 100 g de amostra.

O teor de umidade da polpa (%) foi determinado por meio da perda de

massa da amostra aquecida a 105 ±1ºC, até a massa tornar-se constante. Estas

amostras foram incineradas em mufla a 550ºC e utilizadas na determinação do teor

de cinzas (% de resíduo mineral fixo). As análises da ATT, razão SST/ATT,

umidade e cinzas foram realizadas segundo metodologia da AOAC (1990).

2.3. Determinação da atividade respiratória e da produção de etileno

Foram coletados frutos de cubiu das variedades Santa Luzia e Thais no

estádio verde-maduro, os quais foram acondicionados em caixas e transportados até

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46

o Laboratório de Pós-colheita do Departamento de Fitotecnia da Universidade

Federal de Viçosa, Viçosa, MG.

No laboratório, depois de selecionados, os frutos sadios foram lavados,

primeiramente, em água corrente e em seguida, com solução de hipoclorito de sódio

(0,5% de cloro ativo). Em seguida, foi realizada a tríplice lavagem dos frutos em

água destilada.

Os frutos permaneceram sobre as bancadas do laboratório, sobre papel

toalha durante uma hora para secagem, e em seguida, foram submetidos a

pulverização até o completo molhamento com Ethephon (1000 mg L-1) e o controle

com água. Após a secagem, os frutos permaneceram à temperatura de 24ºC para o

acompanhamento do amadurecimento.

Foram realizadas análises de perda de matéria fresca e evolução da cor, a

cada três dias, durante 12 dias, sempre no mesmo grupo de frutos. A perda da

matéria fresca foi avaliada pesando-se cada fruto em balança semi-analítica. Os

resultados foram expressos em porcentagem, considerando-se a diferença entre a

massa inicial e o obtido a cada intervalo de tempo de amostragem.

A evolução da cor da casca durante o amadurecimento foi avaliada em

todos os frutos, tratados ou não com Ethephon. Para isso, foi utilizado um

colorímetro da Minolta (sistema L*, a*, b*), modelo CR-300, realizando-se três

leituras por fruto, em diferentes pontos da região equatorial, a partir dos parâmetros

luminosidade (L), cromaticidade (C) e cor da casca expressa em ângulo da cor (Hº).

O parâmetro L varia do claro ao escuro, sendo o valor 100 correspondente

à cor branca e o valor 0 (zero) à cor preta. O parâmetro C define a intensidade da

cor, assumindo valores próximos a 0 (zero) para cores neutras (cinza) e ao redor de

60 para cores vívidas. O aumento da luminosidade indica aumento no brilho da

casca durante a maturação, enquanto o aumento da cromaticidade representa cor

mais saturada e intensa. O ângulo de cor Hº expressa as diferenças de coloração da

casca, em que valores próximos a 110 correspondem a cor verde e próximos a 70 a

vermelha (McGuire, 1992).

A atividade respiratória e a produção de etileno foram determinadas a cada

24 horas, durante 12 dias. A atividade respiratória foi determinada pela

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quantificação da produção de CO2 dos frutos. Os frutos foram colocados,

individualmente, em frascos com capacidade de 590 mL, os quais foram

hermeticamente fechados. Após 30 e 90 minutos, respectivamente, foram retiradas

amostras de 1 mL da atmosfera interna dos frascos com o auxílio de seringa, para a

quantificação do CO2 e etileno liberados. As amostras foram injetadas em aparelho

de cromatografia gasosa (Shimadzu GC-14B) com coluna Porapak Q de 1,60 m de

comprimento. As temperaturas da coluna e do injetor foram 50°C e 100°C,

respectivamente. Para análise de CO2, foi utilizado um detector de condutividade

térmica a 140°C e corrente de 85 A. Foi realizada a detecção de etileno por meio de

detector de ionização de chama a 150°C. A taxa respiratória foi expressa em mg de

CO2 kg-1h-1 e a taxa de liberação de etileno em µL kg-1h-1.

2.4. Análise estatística

A avaliação das características físicas das variedades Santa Luzia e Thais

foi feita utilizando-se o delineamento inteiramente casualizado, com trinta

repetições. A unidade experimental constou de um fruto de cada variedade e os

dados foram submetidos à análise de variância.

O delineamento inteiramente casualizado, no esquema fatorial 2 x 2 x 5 (2

variedades, 2 concentrações de Ethephon e 5 períodos de avaliação), portanto, com

20 tratamentos foi utilizado para as demais caracterizações,. A unidade

experimental foi composta por três frutos de cada variedade, os quais constituíram a

unidade experimental. Os dados foram submetidos à análise de variância e de

regressão.

Para a análise da atividade respiratória e produção de etileno, foi utilizado

o delineamento inteiramente casualizado, organizado em esquema de parcelas

subdivididas com esquema fatorial na parcela principal (parcela: combinações de

variedade e Ethephon) e na subparcela o fator tempo, com três repetições. A

unidade experimental constou de três frutos para cada combinação de tratamento.

Os dados foram submetidos à análise de variância. Não foram possíveis os ajustes

de modelos matemáticos para estabelecer uma relação funcional entre as variáveis

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48

dependentes (etileno e CO2) e a variável independente (dias após a colheita). Dessa

forma, optou-se pela estatística descritiva e desvio padrão.

Todas as análises foram efetuadas com auxílio do programa computacional

SISVAR (Ferreira, 2000).

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49

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram observadas diferenças significativas (p<0,05) entre as duas

variedades de cubiu para as características físicas, exceto para a espessura do

pericarpo (Quadro 1, Apêndice Quadro 1A). Os frutos da variedade Santa Luzia

apresentaram formato ovalado (5,8 e 3,9 cm), com maior massa média (53,4 g) e

menor massa da polpa (18,2 g). Entretanto, os da variedade Thais apresentaram

formato alongado (6,3 e 3,9 cm) com menor massa média (47,3g) e maior massa da

polpa (28,9g).

Quadro 1 - Valores médios obtidos para as características físicas de frutos de Solanum sessiliflorum Dunal para as variedades Santa Luzia e Thais

Características Santa Luzia Thais CV (%) Comprimento (cm) 5,8 b 6,3 a 6,6

Diâmetro (cm) 3,9 a 3,7 b 7,3 Massa fresca total (g) 53,4 a 47,3 b 15,8

Espessura do pericarpo (cm) 0,5 a 0,5 a 19,2 Massa da polpa (g) 18,2 b 28,9 a 49,5

Médias seguidas da mesma letra, na linha, não diferem entre si pelo teste F, a 5% de probabilidade. Os dados representam a média de 30 repetições. CV = Coeficiente de Variação.

Estudos realizados por Silva Filho et al. (2005), buscando caracterizar e

avaliar o potencial de 28 diferentes etnovariedades de cubiu cultivadas em

condições da Amazônia, evidenciaram que as plantas produziram frutos com massa

fresca variando de 18,5 a 301g. De acordo com Silva Filho (2002), frutos pequenos,

com pericarpo menos espesso, semelhantes aos das variedades Santa Luzia e Thais,

são mais empregados para a produção de suco, por possuírem maior proporção de

polpa (epiderme dos lóculos, suco e sementes). Os frutos grandes, por outro lado,

por possuírem o pericarpo mais espesso são mais empregados nas indústrias de

doces e compotas.

Houve diferença significativa (p�0,05) para a interação variedades,

concentração de Ethephon e tempo de armazenamento para todas as variáveis-

resposta. Ttodos os desdobramentos foram realizados.

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50

Ocorreu perda de firmeza do pericarpo dos frutos de cubiu em função do

tempo de armazenamento pós-colheita, de forma exponencial, em todas as

combinações de variedades e concentrações de Ethephon, sendo mais acentuada nos

três primeiros dias e estabilizando a partir deste período (Figura 1).

Outro resultado obtido é que não foram verificadas diferenças

significativas (p>0,05) entre as variedades para cada combinação de tempo e

Ethephon, exceto na primeira avaliação realizada no tempo zero (Quadro 2,

Apêndice Quadro 2A). A maior firmeza inicial dos frutos da variedade Santa Luzia

sugere maior resistência à pressão e ao transporte. Os frutos da variedade Santa

Luzia também apresentaram maior queda inicial do que os frutos de Thais.

Também não foram observadas diferenças significativas na firmeza dos

frutos com a aplicação de Ethephon, para cada combinação de tempo e variedade

(Quadro 3, Apêndice Quadro 2A). O declínio da firmeza tem sido atribuído,

principalmente, à hidrólise de polissacarídeos da parede celular e à degradação

enzimática de componentes pécticos da lamela média (Chitarra e Chitarra, 2005).

Em trabalhos realizados por Hernández et al. (2004), por outro lado, não

foram observadas alterações marcantes na firmeza dos frutos de cubiu ao longo de

25 dias de armazenamento, porém os mesmos foram mantidos a 15ºC e com 80% de

umidade relativa.

Os teores de SST não variaram em função do tempo de armazenamento

pós-colheita, exceto nos frutos da variedade Santa Luzia tratados com Ethephon, os

quais tiveram pequena variação na forma da curva quadrática (Figura 1), com ponto

máximo de 6,8 dias e resposta máxima de SST de 3,97 ºBrix. Além disso, foram

verificadas diferenças significativas entre as variedades apenas no tempo zero

(Quadro 2).

Quando se avaliou o efeito das concentrações de Ethephon (Quadro 3,

Apêndice 2A), verificou-se que os frutos da variedade Thais não tratados (controle)

diferiram significativamente dos tratados (1000 mg L-1) apenas no 12º dia de

armazenamento, apresentando os maiores valores médios de SST (4,43 ºBrix).

Dessa forma, o Ethephon promoveu poucas mudanças significativas no teor de SST

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51

durante o amadurecimento e as variações nos teores podem ser atribuídas à variação

natural que ocorre nos teores dos diferentes frutos.

Figura 1 - Firmeza do pericarpo e teor de Sólidos Solúveis Totais (SST) de frutos de cubiu durante o armazenamento por 12 dias. SLC = Santa Luzia controle; SLE = Santa Luzia com Ethephon (1000 mg L-1); THC = Thais controle; THE = Thais com Ethephon (1000 mg L-1).

Os valores médios dos SST foram inferiores aos obtidos em outros trabalhos

com frutos de cubiu, entretanto, deve ser considerado que nesse trabalho o

amadurecimento aconteceu fora da planta-mãe.

61,03176,0ˆ

83,03586,0ˆ

87,05186,0ˆ

82,04074,0ˆ

21127,04

21785,03

21,02

21,01

==

==

==

==

-

-

-

-

rey

rey

rey

rey

x

x

x

x

61,03176,0ˆ

,035,0ˆ

87051,0ˆ

,4,0ˆ

21127,04

21785,03

2102

2101

==

==

==

==

-

-

-

rey

rey

rey

ry

x

x

x

x

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

SST

(o B

rix)

-------

82,3ˆ07,4ˆ

43

====

yyyy

85,001366,01854,0340,3ˆ

78,3ˆ22

2

1=-+=

==

rxxy

yy

0

0,2

0,4

0,6

0,8

0 3 6 9 12

Firm

eza

(MPa

)

Dias após a colheita

69,024374,01454,0ˆ

64,027328,01178,0ˆ

95,058537,01428,0ˆ

98,056244,00962,0ˆ

24

23

22

21

=+=

=+=

=+=

=+=

-

-

-

-

rey

rey

rey

rey

x

x

x

x-------SLC

SLE

THC

THE

SLC

SLE

THC

THE

61,03176,0ˆ

83,03586,0ˆ

87,05186,0ˆ

82,04074,0ˆ

21127,04

21785,03

21,02

21,01

==

==

==

==

-

-

-

-

rey

rey

rey

rey

x

x

x

x

61,03176,0ˆ

,035,0ˆ

87051,0ˆ

,4,0ˆ

21127,04

21785,03

2102

2101

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==

==

==

-

-

-

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rey

rey

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x

x

x

x

61,03176,0ˆ

,035,0ˆ

87051,0ˆ

,4,0ˆ

21127,04

21785,03

2102

2101

==

==

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-

-

rey

rey

rey

ry

x

x

x

x

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

SST

(o B

rix)

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

SST

(o B

rix)

-------

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43

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82,3ˆ07,4ˆ

43

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2

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yy

85,001366,01854,0340,3ˆ

78,3ˆ22

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0

0,2

0,4

0,6

0,8

0 3 6 9 12

Firm

eza

(MPa

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Dias após a colheita

69,024374,01454,0ˆ

64,027328,01178,0ˆ

95,058537,01428,0ˆ

98,056244,00962,0ˆ

24

23

22

21

=+=

=+=

=+=

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-

-

-

-

rey

rey

rey

rey

x

x

x

x

69,024374,01454,0ˆ

64,027328,01178,0ˆ

95,058537,01428,0ˆ

98,056244,00962,0ˆ

24

23

22

21

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=+=

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-

-

-

-

rey

rey

rey

rey

x

x

x

x-------SLC

SLE

THC

THE

SLC

SLE

THC

THE

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52

Quadro 2 - Valores médios para as características firmeza do pericarpo (FP), sólidos solúveis totais (SST), pH, acidez total titulável (ATT), relação SST/ATT (S/A), umidade (Um) e cinzas (Cz), das variedades Santa Luzia (SL) e Thais (TH) em função do tempo (0, 3, 6, 9 e 12 dias) e Ethephon (0 e 1000 mg L-1)

0 3 6 9 12

0 1000 0 1000 0 1000 0 1000 0 1000

FP SL 0,66 a 0,72 a 0,15 a 0,27 a 0,13 a 0,12 a 0,06 a 0,12 a 0,07 a 0,09 a

(MPa) TH 0,38 b 0,38 b 0,29 a 0,28 a 0,06 a 0,08 a 0,08 a 0,14 a 0,05 a 0,10 a

SST SL 3,68 a 3,38 b 3,57 a 3,65 a 3,74 a 4,11 a 4,03 a 3,83 a 3,89 a 3,62 a

(ºBrix) TH 4,10 a 4,10 a 3,68 a 3,60 a 4,01 a 3,94 a 4,13 a 3,70 a 4,43 a 3,78 a

pH SL 3,72 a 3,68 a 3,59 a 3,40 a 3,49 a 3,33 a 3,53 a 3,34 a 3,41 a 3,15 a

TH 3,68 a 3,68 a 3,61 a 3,57 a 3,59 a 3,37 a 3,24 b 3,29 a 3,23 a 3,18 a

ATT SL 1,29 a 1,42 a 1,42 a 2,09 a 1,95 a 2,07 a 1,75 b 2,05 a 2,11 a 2,05 a

(g/100g) TH 1,48 a 1,48 a 1,68 a 2,10 a 1,97 a 2,04 a 2,28 a 2,27 a 2,29 a 2,14 a

S/A SL 3,24 a 2,50 a 2,82 a 1,92 a 1,93 a 1,99 a 2,40 a 1,89 a 1,92 a 1,80 a

TH 3,22 a 3,22 a 2,52 a 1,89 a 2,25 a 1,98 a 1,82 a 1,68 a 1,96 a 1,81 a

Um SL 92,18 a 93,03 a 91,35 a 91,57 a 91,44 a 90,55 a 91,25 a 91,22 a 91,71 a 90,96 a

(%) TH 90,35 a 90,35 a 90,39 a 91,11 a 91,19 a 90,16 a 90,79 a 90,94 a 90,82 a 90,56 a

Cz SL 1,78 a 1,59 a 1,62 a 1,56 a 1,44 a 1,51 a 1,61 a 1,37 a 1,83 a 1,16 a

(%) TH 2,01 a 2,01 a 1,52 a 1,88 a 1,51 a 1,73 a 1,38 a 1,42 a 1,51 a 1,67 a

Médias seguidas da mesma letra, na coluna, comparando as variedades, para cada combinação de tempo e de Ethephon, não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.

Os valores médios dos SST foram inferiores aos obtidos em outros

trabalhos com frutos de cubiu. Silva Filho et al. (1989) analisaram doze introduções

de cubiu provenientes de diferentes partes da Amazônia e cultivadas em Manaus e

encontraram frutos com 4,5 a 6 ºBrix. Em torno de 70% das plantas de populações

naturais de cubiu da Amazônia cultivadas no Estado de Pernambuco por Silva Filho

et al. (1996) apresentaram 6 ºBrix, havendo inclusive uma população oriunda de

Borba (AM) que registrou 7 ºBrix, o maior nível de SST encontrado para a espécie

quando cultivada no Brasil. Os autores sugerem que as condições ambientais onde

foi conduzido o experimento favoreceram a expressão de genes que controlam este

caráter.

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53

Quadro 3 - Valores médios para as características firmeza do pericarpo (FP), sólidos solúveis totais (SST), pH, acidez total titulável (ATT), relação SST/ATT (S/A), umidade (Um) e cinzas (Cz), na presença (1000 mg L-1) ou não de Ethephon em função das variedades Santa Luzia (SL) e Thais (TH) e do tempo (0, 3, 6, 9 e 12 dias)

0 3 6 9 12

SL TH SL TH SL TH SL TH SL TH

FP 0 0,66 a 0,38 a 0,15 a 0,29 a 0,13 a 0,06 a 0,06 a 0,08 a 0,07 a 0,05 a

(MPa) 1000 0,72 a 0,38 a 0,27 a 0,28 a 0,12 a 0,08 a 0,12 a 0,14 a 0,09 a 0,10 a

SST 0 3,68 a 4,10 a 3,57 a 3,68 a 3,74 a 4,01 a 4,03 a 4,13 a 3,89 a 4,43 a

(ºBrix) 1000 3,38 a 4,10 a 3,65 a 3,60 a 4,11 a 3,94 a 3,83 a 3,70 a 3,62 a 3,78 b

pH 0 3,72 a 3,68 a 3,59 a 3,61 a 3,49 a 3,59 a 3,53 a 3,24 a 3,41 a 3,23 a

1000 3,68 a 3,68 a 3,40 a 3,57 a 3,33 a 3,37 a 3,34 a 3,29 a 3,15 a 3,18 a

ATT 0 1,29 a 1,48 a 1,48 b 1,68 a 1,95 a 1,97 a 1,75 a 2,28 a 2,11 a 2,29 a

(g/100g) 1000 1,42 a 1,48 a 2,09 a 2,10 a 2,07 a 2,04 a 2,05 a 2,27 a 2,05 a 2,14 a

S/A 0 3,24 a 3,22 a 2,82 a 2,52 a 1,93 a 2,25 a 2,40 a 1,82 a 1,92 a 1,96 a

1000 2,50 a 3,22 a 1,92 b 1,89 a 1,99 a 1,98 a 1,89 a 1,68 a 1,80 a 1,81 a

Um 0 92,18 a 90,35 a 91,35 a 90,39 a 91,44 a 91,19 a 91,25 a 90,79 a 91,71 a 90,82 a

(%) 1000 93,03 a 90,35 a 91,57 a 91,11 a 90,55 a 90,16 a 91,22 a 90,94 a 90,96 a 90,56 a

Cz 0 1,78 a 2,01 a 1,62 a 1,52 a 1,44 a 1,51 a 1,61 a 1,38 a 1,83 a 1,51 a

(%) 1000 1,59 a 2,01 a 1,56 a 1,88 a 1,51 a 1,73 a 1,37 a 1,42 a 1,16 b 1,67 a

Médias seguidas da mesma letra, na coluna, comparando os tratamentos com Ethephon, para cada combinação de tempo e variedade, não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.

Hernández et al. (2004) relataram que frutos de cubiu cultivados na

Amazônia Colombiana e armazenados a 15 ºC apresentaram oscilações nos SST ao

longo de 24 dias de armazenamento. Nos primeiros 6 dias, os frutos apresentaram 7

ºBrix, aumentando para 8 ºBrix aos 9 dias, tornando a diminuir para 7 ºBrix aos 12

dias, voltando a aumentar e decaindo para 7 ºBrix ao final de 24 dias. Segundo os

autores, frutos não-climatéricos como o cubiu não acumulam amido, utilizando os

acúcares solúveis.

Domingues et al. (2001) verificaram que a imersão de frutos não-

climatéricos como os de laranja (Citrus sinensis) cultivar Baianinha por 5 minutos

em solução contendo 1000 mg L-1 de Ethephon não proporcionou aumento

significativo no teor de SST. De modo similar, Santana et al. (2004) não

evidenciaram efeito significativo da imersão rápida (10 minutos) dos frutos de

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54

abacaxi Pérola em solução com 1000 mg L-1 de Ethephon no teor de SST. Frutos

não-climatéricos de Solanum muricatum Ait. apresentaram aumento no teor de SST

durante o amadurecimento dos frutos na planta. Entretanto, quando o

amadurecimento ocorreu fora da planta, alterações relativamente pequenas foram

observadas (Ahumada e Cantwell, 1996). Por outro lado, Oliveira Júnior et al.

(2004), analisando as alterações pós-colheita da fruta-de-lobo (Solanum lycocarpum

St. Hil.) durante o amadurecimento, verificaram aumento do teor de SST ao longo

de 20 dias de armazenamento em temperatura média de 22ºC.

O pH apresentou decréscimo linear em função do tempo após a colheita em

todas as combinações de variedades e de Ethephon, enquanto o teor médio de ATT

apresentou acréscimo linear em ambas as variedades não tratadas com Ethephon e

acréscimo exponencial quando tratadas com Ethephon, sendo mais acentuado nos

três primeiros dias (Figura 2). Os frutos da variedade Thais apresentaram maiores

teores de ATT, embora diferenças significativas entre as variedades somente

tenham sido observadas no 9º dia de armazenamento. Estas diferenças também

observadas neste período para o pH, tendo a variedade Thais apresentado menores

valores médios (Quadro 2). Os frutos da variedade Santa Luzia, que foram tratados

com Ethephon, diferiram dos não tratados com relação à ATT apenas no 3º dia de

armazenamento e quanto ao pH não foi detectada diferença quanto a pulverização

dos frutos com Ethephon (Quadro 3, Apêndice 2A).

Os resultados obtidos foram similares aos relatados por Hernández et al.

(2004), os quais demonstraram que frutos de cubiu apresentaram aumento da ATT

até o 10º dia de armazenamento a 15ºC, havendo após este período diminuição da

ATT e aumento do pH até o período de observação de 25 dias.

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55

Figura 2 - Valor do pH e Acidez Total Titulável (ATT) de frutos de cubiu durante o armazenamento por 12 dias. SLC = Santa Luzia controle; SLE = Santa Luzia com Ethephon (1000 mg L-1); THC = Thais controle ; THE = Thais com Ethephon (1000 mg L-1).

A ATT dos frutos após 12 dias de armazenamento a temperatura ambiente,

independentemente do tratamento ou não com Ethephon e da variedade, variou de

2,1 a 2,3 g de ácido cítrico/100g de polpa. Estes valores foram superiores à média

(1,47) obtida por Silva Filho et al. (1999) em frutos de 24 etnovariedades da

Amazônia brasileira, peruana e colombiana, coletados maduros, com coloração

amarela e amadurecidos na planta. Segundo Silva Filho (2002), o cubiu é

considerado um fruto ácido e a acidez elevada contribui para o sabor do fruto,

3,0

3,2

3,4

3,6

3,8

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

pH

3,0

3,2

3,4

3,6

3,8

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

pH

-------

-------

86,00375,0603,3ˆ

85,00222,0683,3ˆ2

2

21

=-=

=-=

rxy

rxy

86,00375,0603,3ˆ

85,00222,0683,3ˆ2

2

21

=-=

=-=

rxy

rxy

98,00428,0674,3ˆ

85,00423,0723,3ˆ2

4

23

=-=

=-=

rxy

rxy

98,00428,0674,3ˆ

85,00423,0723,3ˆ2

4

23

=-=

=-=

rxy

rxy

1

1,4

1,8

2,2

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

AT

T (g

/100

g)

1

1,4

1,8

2,2

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

AT

T (g

/100

g)

66,06639,0146,2ˆ

95,00741,0497,1ˆ

99,06511,0074,2ˆ

81,00655,0307,1ˆ

24

23

22

21

=-=

=+=

=-=

=+=

-

-

rey

rxy

rey

rxy

x

x

66,06639,0146,2ˆ

95,00741,0497,1ˆ

99,06511,0074,2ˆ

81,00655,0307,1ˆ

24

23

22

21

=-=

=+=

=-=

=+=

-

-

rey

rxy

rey

rxy

x

x-------

SLC

SLE

THC

THE

SLC

SLE

THC

THE

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56

permitindo um fator de diluição elevado na formulação de sucos e,

conseqüentemente, contribuindo em seu rendimento industrial para esta finalidade.

Apesar de ter ocorrido elevação da acidez e diminuição do pH com a

maturação, contrariando as observações da maioria dos frutos, elas foram de

pequena magnitude. Alterações pós-colheita similares foram observadas por

Oliveira Júnior et al. (2004) durante o amadurecimento de frutos de fruta-de-lobo

(Solanum lycocarpum St. Hil.), no qual a ATT aumentou e o pH diminuiu ao longo

de 18 dias de armazenamento em temperatura média de 22 ºC, sem o tratamento

com Ethephon.

Neres et al. (2004) observaram aumento linear do teor de ATT ao longo de

15 dias de armazenamento a 25ºC de frutos de jiló (Solanum gilo Raddi), indicando

que os ácidos orgânicos não são a principal fonte de energia, no período de

observação, para a respiração durante o processo de maturação, como pode ocorrer

em alguns frutos. Lima et al. (2003) também observaram aumento linear da ATT e

diminuição do pH de frutos de graviola (Annona muricata L.) colhidos na

maturidade fisiológica e armazenados a 23,4ºC por um período de seis dias. Os

autores do trabalho atribuíram este acúmulo, possivelmente, à reduzida utilização

dos ácidos orgânicos nas vias oxidativas normais. Lombardi et al. (2000) atribuíram

o aumento da acidez de pêras da cultivar Shinsseiki (Pyrus pirifolia) à elevada

desidratação sofrida pelos frutos, ocasionando maior concentração de ácido málico

no suco celular.

González et al. (2004), por outro lado, observaram decréscimo na ATT de

caquis após 8 dias de armazenamento a 25 ºC previamente imersos em solução com

500 mg L-1 de Ethephon (2 minutos), entretanto, não foram observados efeitos

significativos da aplicação do Ethephon. Frutos não-climatéricos de tangerineiras

ponkan (Citrus reticulata Blanco) também apresentaram tendência de queda na

acidez paralela ao aumento no pH com o decorrer de 20 dias de armazenamento sob

temperatura ambiente de 20 ºC, com ligeiro aumento no teor de SST (Lima et al.,

1999).

A razão SST/ATT diminuiu de forma linear em função do tempo de

armazenamento pós-colheita, exceto para a variedade Santa Luzia tratada com

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57

Ethephon, a qual se manteve estável (Figura 3). Não foram observadas diferenças

significativas entre as variedades para as combinações de Ethephon e tempo

(Quadro 2). A variedade Santa Luzia diferiu da variedade Thais quanto ao

tratamento com Ethephon apenas no 3º dia de avaliação (Quadro 3, Apêndice

Quadro 3A).

Santana et al. (2004) relataram que frutos de abacaxi, embora não-

climatéricos, apresentaram alterações relevantes nas suas propriedades químicas e

físico-químicas na fase pós-colheita. A acidez da polpa aumentou com o avanço do

período de armazenamento para frutos tratados com Ethephon e frutos testemunha,

resultando na redução progressiva da relação SST/ATT.

A diminuição na razão SST/ATT pode ser atribuída ao aumento da ATT ao

longo do amadurecimento fora da planta. A relação brix/acidez (SST/ATT) em

frutos de cubiu é baixa, confirmando seu baixo grau de doçura e sua pequena

utilização para o consumo in natura, conforme relatos de Silva Filho (2002).

A umidade não variou em função do tempo de armazenamento pós-colheita

em nenhuma combinação de variedades e Ethephon (Figura 3). Tendo por base os

resultados obtidos nesse trabalho, não existem evidências de diferenças

significativas (p>0,05) entres as variedades para as combinações de tempo e

Ethephon (Quadro 2), bem como com a aplicação de Ethephon para as combinações

de tempo e variedade (Quadro 3, Apêndice Quadro 3A). As variedades de cubiu

analisadas apresentaram elevados teores de umidade, com variação de 90,2 a 93 %.

Esses resultados evidenciaram que o fruto é suculento, corroborando com os

estudos realizados por Silva Filho (2002) e Yuyama et al. (2007), cujas variações

foram de 86,7 a 93,5% e 88,4 a 92,1%, respectivamente.

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58

Figura 3 - Razão Sólidos Solúveis Totais (SST) e Acidez Total Titulável (ATT) e umidade de frutos de cubiu durante o armazenamento por 12 dias. SLC = Santa Luzia controle; SLE = Santa Luzia com Ethephon (1000 mg L-1); THC = Thais controle; THE = Thais com Ethephon (1000 mg L-1).

A percentagem média de cinzas apresentou decréscimo linear em função do

tempo de armazenamento, exceto em frutos da variedade Santa Luzia não tratados

com Ethephon (Figura 4). Não foram detectadas diferenças entre as variedades para

as combinações de tempo e concentrações de Ethephon (Quadro 2).

0

1

2

3

4

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

SST

/ATT

0

1

2

3

4

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

SST

/ATT

02,2ˆ71,01024,0076,3ˆ

2

21

===-=

yyrxy

02,2ˆ71,01024,0076,3ˆ

2

21

===-=

yyrxy

58,01007,0718,2ˆ

85,01073,0998,2ˆ2

4

23

=-=

=-=

rxy

rxy

58,01007,0718,2ˆ

85,01073,0998,2ˆ2

4

23

=-=

=-=

rxy

rxy

62,90ˆ71,90ˆ28,91ˆ58,91ˆ

4321

========

yyyyyyyy

62,90ˆ71,90ˆ28,91ˆ58,91ˆ

4321

========

yyyyyyyy--------

--------

89

90

91

92

93

94

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

Um

idad

e (%

)

89

90

91

92

93

94

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

Um

idad

e (%

)

62,90ˆ71,90ˆ28,91ˆ58,91ˆ

4321

========

yyyyyyyy

62,90ˆ71,90ˆ28,91ˆ58,91ˆ

4321

========

yyyyyyyy--------

SLC

SLE

THC

THE

SLCSLE

THC

THE

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59

Figura 4 - Cinzas e perda da matéria fresca de frutos de cubiu durante o armazenamento por 12 dias. SLC = Santa Luzia controle; SLE = Santa Luzia com Ethephon (1000 mg L-1); THC = Thais controle; THE = Thais com Ethephon (1000 mg L-1).

Foi verificado que os frutos da variedade Santa Luzia não tratados com

Ethephon (Quadro 3, Apêndice Quadro 3A) diferiram significativamente dos

tratados com 1000mg L-1 de Ethephon apenas no 12º dia de armazenamento, porém

as maiores percentagens foram obtidas em frutos não tratados (1,83%). As cinzas

em alimentos referem-se ao resíduo inorgânico remanescente da queima da matéria

orgânica (Chitarra e Chitarra, 2005) e se tornam importantes quando há

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

Cin

zas (

%)

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

Cin

zas (

%)

99,06819,11947,38ˆ98,04881,14893,37ˆ

94,07925 ,19547,42ˆ93,02720,19540,37ˆ

24

23

22

21

=+=

=+=

=+=

=+=

rxy

rxy

rxy

rxy

99,06819,11947,38ˆ98,04881,14893,37ˆ

94,07925 ,19547,42ˆ93,02720,19540,37ˆ

24

23

22

21

=+=

=+=

=+=

=+=

rxy

rxy

rxy

rxy

0

4

8

12

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

Perd

a de

mat

éria

fres

ca (%

)

0

4

8

12

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

Perd

a de

mat

éria

fres

ca (%

)

99,06819,1195,38ˆ

98,04881,1489,37ˆ

94,07925 ,1951,42ˆ

93,02720,1954,37ˆ

24

23

22

21

=+=

=+=

=+=

=+=

rxy

rxy

rxy

rxy

99,06819,1195,38ˆ

98,04881,1489,37ˆ

94,07925 ,1951,42ˆ

93,02720,1954,37ˆ

24

23

22

21

=+=

=+=

=+=

=+=

rxy

rxy

rxy

rxy--------

--------88,00348,0646,1ˆ

65,1ˆ2

2

1=-=

==

rxy

yy

88,00348,0646,1ˆ

65,1ˆ2

2

1=-=

==

rxy

yy

65,00378,0970,1ˆ

54,00374,0811,1ˆ2

4

23

=-=

=-=

rxy

rxy

65,00378,0970,1ˆ

54,00374,0811,1ˆ2

4

23

=-=

=-=

rxy

rxy

SLC

SLE

THC

THE

SLC

SLE

THC

THE

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60

determinação dos minerais presentes nos frutos, o que não foi avaliado neste

trabalho.

Houve aumento linear para a perda de matéria fresca em razão do tempo de

avaliação em todas as combinações de variedades e de Ethephon (Figura 4).

Entretanto, as variedades não diferiram entre si (p>0,05) para as combinações de

tempo e Ethephon (Quadro 4, Apêndice Quadro 3 A). Frutos da variedade Santa

Luzia tratados com Ethephon apresentaram as maiores percentagens de perda ao

longo do tempo de armazenamento (Figura 4), mas somente foi encontrada

diferença significativa no 12º dia (Quadro 5), chegando a 11% de perda a partir da

massa inicial.

Quadro 4 - Valores médios para as características perda de matéria fresca (PMF), luminosidade (L), cromaticidade (C), ângulo de cor (Hº), das variedades Santa Luzia (SL) e Thais (TH) em função do tempo (0, 3, 6, 9 e 12 dias) e do Ethephon (0 e 1000 mg L-1)

0 3 6 9 12

0 1000 0 1000 0 1000 0 1000 0 1000

PMF SL 0 a 0 a 2,28 a 2,63 a 4,10 a 4,66 a 5,40 a 7,40 a 7,20 a 11,06 a

(%) TH 0 a 0 a 3,38 a 2,31 a 4,03 a 4,30 a 5,87 a 6,28 a 7,83 a 8,12 a

L SL 39,37 a 41,70 a 41,72 a 47,51 a 43,28 a 56,80 a 48,52 a 60,40 a 55,05 a 62,14 a

TH 38,55 a 38,25 a 40,79 a 42,49 b 46,18 a 49,09 b 50,60 a 53,72 b 55,96 a 57,87 a

C SL 25,67 a 28,96 a 28,47 a 37,29 a 32,36 a 54,22 a 41,82 a 63,49 a 55,13 a 66,78 a

TH 24,17 a 24,83 a 30,07 a 26,79 a 44,66 a 36,42 b 53,79 a 46,11 b 63,85 a 57,58 a

Hº SL 111,8 a 112,61 a 111,67a 105,02 a 103,3 a 86,74 a 92,75 a 76,49 a 80,47 a 75,38 a

TH 109,37 a 112,83 a 110,41a 105,73 a 98,98 a 89,00 a 86,07 a 79,13 a 74,35 a 68,30 a

Médias seguidas da mesma letra, na coluna, comparando as variedades, para cada combinação de tempo e de Ethephon, não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.

As análises da evolução da cor evidenciaram que a luminosidade (L) e a

cromaticidade (C) aumentaram linearmente com o tempo de armazenamento em

todas as combinações de variedades e concentrações de Ethephon (Figura 5), sendo

observadas diferenças entre as variedades no 3º, 6º e 9º dia de observação, com

valores de L superiores em frutos da variedade Santa Luzia e no 6º e 9º dia para os

valores de C (Quadro 4, Apêndice Quadro 4A). Também foram observadas

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61

diferenças significativas com relação ao tratamento ou não com Ethephon

(Apêndice Quadro 4A) e maiores valores de L e C foram obtidos em frutos da

variedade Santa Luzia tratados com 1000 mg L-1 de Ethephon a partir do 3º dia de

observação (Quadro 5, Figura 5), quando estavam com 50 % da superfície do

pericarpo amarela.

Quadro 5 - Valores médios para as características perda de matéria fresca (PMF), luminosidade (L), cromaticidade (C), ângulo de cor (Hº), de acordo com o Ethephon (0 e 1000 mg L-1) em função das variedades Santa Luzia (SL) e Thais (TH) e do tempo (0, 3, 6, 9 e 12 dias)

0 3 6 9 12

SL TH SL TH SL TH SL TH SL TH

PMF 0 0 a 0 a 2,28 a 3,38 a 4,10 a 4,03 a 5,40 a 5,87 a 7,20 a 7,83

(%) 1000 0 a 0 a 2,63 a 2,31 a 4,66 a 4,30 a 7,40 a 6,28 a 11,06 b 8,12

L 0 39,37 a 38,55 a 41,72 b 40,79 a 43,28 b 46,18 a 48,52 b 50,60 a 55,05 b 55,96 a

1000 41,70 a 38,25 a 47,51 a 42,49 a 56,80 a 49,09 a 60,40 a 53,72 a 62,14 a 57,87 a

C 0 25,67 a 24,83 a 28,47 b 26,79 a 32,36 b 36,42 b 41,82 b 46,11 a 55,13 b 57,58 a

1000 28,96 a 24,17 a 37,29 a 30,07 a 54,22 a 44,66 a 63,49 a 53,79 a 66,78 a 63,85 a

Hº 0 111,80 a 109,37 a 111,67 b 110,41 a 103,31 b 98,98 b 92,75 a 86,07 a 80,47 a 74,35 a

1000 112,61 a 112,83 a 105,02 a 105,73 a 86,74 a 89,00 a 76,49 a 79,13 a 75,38 a 68,30 a

Médias seguidas da mesma letra, na coluna, comparando os tratamentos com Ethephon, para cada combinação de tempo e variedade, não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.

Frutos verdes de cubiu apresentaram menor luminosidade (em torno de 40)

e cromaticidade (próximo de 25), enquanto frutos com 12 dias de maturação pós-

colheita e com coloração amarelo-avermelhada apresentaram maior luminosidade

(próximo de 60) e cromaticidade (em torno de 60), sendo afetados pelo tratamento

com Ethephon, o qual antecipou a mudança de coloração, que também ocorreu nos

frutos não tratados, mas de forma mais lenta (Figura 5).

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62

Figura 5 - Luminosidade (L) e Cromaticidade (C) de frutos de cubiu durante o armazenamento por 12 dias. SLC = Santa Luzia controle; SLE = Santa Luzia com Ethephon (1000 mg L-1); THC = Thais controle; THE = Thais com Ethephon (1000 mg L-1).

O ângulo de cor da casca (Hº) diminuiu de forma linear nos frutos de

ambas as variedades tratados com Ethephon. Entretanto, apresentou ajuste

quadrático naqueles não tratados com Ethephon durante o armazenamento pós-

colheita, com ponto máximo de 0,5 dias para a variedade Santa Luzia e de 1,3 dias

para a variedade Thais (Figura 6). Não foram observadas diferenças entre as

variedades (Quadro 4) e, de maneira geral, os maiores valores médios foram

observados em frutos não tratados com Ethephon, diferindo no 3º dia para a

30

40

50

60

70

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

L

--------

20

30

40

50

60

70

80

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

C

--------

99,06819,1195,38ˆ 24 =+= rxy 99,06819,1195,38ˆ 24 =+= rxy

99,04363,3691,224ˆ96,08374,2384,213ˆ

95,03947,3781,29ˆ

91,04090,2235,22ˆ

2

2

22

21

=+=

=+=

=+=

=+=

rxy

rxy

rxy

rxy

99,04363,3691,224ˆ96,08374,2384,213ˆ

95,03947,3781,29ˆ

91,04090,2235,22ˆ

2

2

22

21

=+=

=+=

=+=

=+=

rxy

rxy

rxy

rxy

98,04881,1489,37ˆ

94,07925,1955,42ˆ

93,02720,1954,37ˆ

23

22

21

=+=

=+=

=+=

rxy

rxy

rxy

98,04881,1489,37ˆ

94,07925,1955,42ˆ

93,02720,1954,37ˆ

23

22

21

=+=

=+=

= +=

rxy

rxy

rxy

30

40

50

60

70

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

L

30

40

50

60

70

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

L

--------

20

30

40

50

60

70

80

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

C

20

30

40

50

60

70

80

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

C

--------

99,06819,1195,38ˆ 24 =+= rxy 99,06819,1195,38ˆ 24 =+= rxy

99,04363,3691,224ˆ96,08374,2384,213ˆ

95,03947,3781,29ˆ

91,04090,2235,22ˆ

2

2

22

21

=+=

=+=

=+=

=+=

rxy

rxy

rxy

rxy

99,04363,3691,224ˆ96,08374,2384,213ˆ

95,03947,3781,29ˆ

91,04090,2235,22ˆ

2

2

22

21

=+=

=+=

=+=

=+=

rxy

rxy

rxy

rxy

98,04881,1489,37ˆ

94,07925,1955,42ˆ

93,02720,1954,37ˆ

23

22

21

=+=

=+=

=+=

rxy

rxy

rxy

98,04881,1489,37ˆ

94,07925,1955,42ˆ

93,02720,1954,37ˆ

23

22

21

=+=

=+=

= +=

rxy

rxy

rxySLC

SLE

THC

THE

SLC

SLE

THC

SLC

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63

variedade Santa Luzia e no 6º dia de observação para ambas as variedades (Quadro

5).

Os primeiros frutos a mudar de coloração foram os tratados com Ethephon

a partir do 3º dia de armazenamento em ambas as variedades, intensificando-se no

6º dia de armazenamento, quando apresentaram de 75 a 100 % da superfície da

casca amarela (Hº com valores em torno de 90). Após 12 dias de amadurecimento

pós-colheita, os frutos tratados com Ethephon de ambas as variedades apresentaram

coloração amarelo-avermelhada.

Figura 6 - Ângulo de cor da casca de frutos de cubiu durante o armazenamento por 12 dias. SLC = Santa Luzia controle; SLE = Santa Luzia com Ethephon (1000 mg L-1); THC = Thais controle; THE = Thais com Ethephon (1000 mg L-1).

A aplicação de Ethephon promoveu poucas mudanças na qualidade interna

dos frutos de cubiu, porém foi eficiente na aceleração da mudança da cor da casca, o

que pode ser verificado pelos menores valores do ângulo de cor e maiores valores

da cromaticidade e luminosidade nos frutos tratados com 1000 mg L-1, mostrando

que o etileno promoveu a degradação da clorofila. Segundo Hernández et al. (2004),

a perda da cor verde dos frutos de cubiu é conseqüência da degradação da clorofila

e aparecimento de pigmentos como carotenos e xantofilas que se encontram

mascarados.

99,08548,31253,114ˆ

98,02145,05718,08526,110ˆ2

4

223

=-=

=--=

rxy

rxxy

99,08548,31253,114ˆ

98,02145,05718,08526,110ˆ2

4

223

=-=

=--=

rxy

rxxy

93,04334,38493,111ˆ

99,02102,01970,05313,112ˆ2

2

221

=-=

=--=

rxy

rxxy

93,04334,38493,111ˆ

99,02102,01970,05313,112ˆ2

2

221

=-=

=--=

rxy

rxxy

60

70

80

90

100

110

120

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

60

70

80

90

100

110

120

0 3 6 9 12

Dias após a colheita

-------

93,04334 ,3849,111ˆ

99,021018,01970,0531,112ˆ2

2

221

=-=

=--=

rxy

rxxy

93,04334 ,3849,111ˆ

99,021018,01970,0531,112ˆ2

2

221

=-=

=--=

rxy

rxxy

99,08548,3125,114ˆ

98,021452,05718,0853,110ˆ2

4

223

=-=

=--=

rxy

rxxy

99,08548,3125,114ˆ

98,021452,05718,0853,110ˆ2

4

223

=-=

=--=

rxy

rxxy

SLC

SLE

THC

THE

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64

De modo similar, Domingues et al. (2001) concluíram que a aplicação pós-

colheita de Ethephon (1000 mg L-1) em laranjas-doces precoces acelerou a mudança

de coloração da casca, sem, entretanto, alterar a qualidade interna dos frutos. A

diminuição significativa no teor de clorofila da casca foi verificada três dias após o

tratamento com Ethephon. A imersão rápida (10 segundos) dos frutos de abacaxi

‘Pérola’, logo após a colheita, em soluções de Ethephon, nas concentrações de 500 a

2.000 mg L-1 também determinou amarelecimento mais rápido e uniforme da casca

dos frutos, praticamente sem alterar a qualidade interna dos frutos (Santana et al.,

2004). Os autores sugerem que o Ethephon penetra muito superficialmente (poucos

milímetros) na casca do fruto, em grande parte não atingindo a sua polpa, além de

não promover a produção endógena de etileno no abacaxi.

A atividade respiratória pós-colheita do cubiu sofreu pequenas variações

até o 4º dia após a colheita, em ambas as variedades e tratamentos com Ethephon

(Figura 7). Neste período, não houve diferenças significativas entre as variedades

para cada combinação de tempo e Ethephon e tratamentos com Ethephon para cada

combinação de variedade e tempo, o mesmo ocorrendo com a liberação de etileno

pelo Ethephon (Quadro 6).

A partir do 5º dia observou-se rápido aumento na atividade respiratória em

todas as combinações de variedades e Ethephon (Figura 7), tendo os frutos da

variedade Santa Luzia e Thais tratados com Ethephon apresentado diferenças

significativas na taxa respiratória, o que se repetiu do 8º ao 10º dia após a colheita

(Quadro 6).

O padrão respiratório obtido concorda com estudos anteriores conduzidos

por Hernández et al. (2004) os quais sugerem que a curva de intensidade

respiratória do cubiu segue o padrão típico dos frutos não-climatéricos. Os autores

atribuíram os pequenos incrementos na liberação de CO2 ao início dos processos de

degradação do fruto, incrementos estes, de pequena magnitude (em torno de 2 mg

kg-1h-1) que ocorreram durante o 9º e 16º dia de armazenamento a 15 ºC e 80% de

umidade relativa.

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65

Figura 7 - Taxa respiratória (CO2) e produção de etileno de frutos de cubiu durante o armazenamento por 12 dias. SLC = Santa Luzia controle; SLE = Santa Luzia com Ethephon (1000 mg L-1); THC = Thais controle; THE = Thais com Ethephon (1000 mg L-1). A seta indica o período onde os frutos apresentaram 100% de coloração amarela.

Os frutos de cubiu que receberam a aplicação de Ethephon apresentaram

pequenas variações não significativas (p>0,05) na produção de etileno até o 7º dia

(Figura 7, Quadro 6), porém após este período, frutos da variedade Santa Luzia

tratados com Ethephon exibiram aumento significativo na produção de etileno.

Porém, este aumento não parece estar relacionado ao climatério, pois coincidiu com

5

15

25

35

45

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Dias após a colheita

CO 2

(mg

k-1

h-1)

5

15

25

35

45

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Dias após a colheita

CO 2

(mg

k-1

h-1)

SLC

SLE

THC

THE

--------

SLC

SLE

THC

THE

--------

0

20

40

0

20

40

60

80

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Dias após a colheita

Etil

eno

(µL

kg

-1h

-1)

-------- SLC

SLE

THC

THE

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66

o aparecimento de podridão na base dos frutos, causada por microrganismos, o qual

possivelmente acelerou o processo de senescência e degradação. A baixa ação do

etileno é mais uma evidência para a natureza não-climatérica dos frutos de cubiu.

Segundo Jacomino et al. (2003), altas concentrações de etileno, associadas

ao longo tempo de exposição, podem predispor os frutos à incidência de podridão,

conforme observado com frutos de limão siciliano. A aplicação de Ethephon pode

ter efeito tóxico sobre os frutos. Os danos físicos aceleram a perda de água,

conduzem à contaminação por fungos nas superfícies danificadas e aumentam a

taxa respiratória.

Embora frutos não-climatéricos apresentem baixa produção de etileno isso

não implica que não haja interferência do etileno sobre a maturação e alguns

aspectos como a diferenciação da cor da casca podem requerer etileno (Nath et al.,

2006). Goldschmidt (1997) afirma que o etileno, mesmo em baixa concentração em

frutos não-climatéricos, está envolvido em eventos associados à maturação, dentre

eles o aumento da atividade das clorofilases e conseqüente degradação da clorofila.

Frutos que apresentem pericarpo rígido como os de cubiu podem reduzir a

penetração de gases e a perda de água. Santana et al. (2004) verificaram que a

utilização do Ethephon acelerou o amarelecimento de frutos do abacaxi cv. Pérola,

sem afetar a firmeza da casca nem os principais atributos (firmeza, coloração,

translucidez, teores de sólidos solúveis totais e de acidez total e a relação entre esses

teores) da polpa. Para os autores, o Ethephon penetrou muito superficialmente

(poucos milímetros) na cutícula ou casca de fruto, em grande parte não atingindo a

sua polpa, além de não promover a produção endógena de etileno.

Os autores do referido trabalho também verificaram que o modo de

aplicação determinou efeitos significativos sobre alguns atributos dos frutos de

abacaxi. Os tratamentos por pulverização pré-colheita conferiram, em média, menor

firmeza à casca dos frutos aos cinco e onze dias de armazenamento, quando

comparados aos tratamentos por imersão rápida (10 segundos) dos frutos em

Ethephon (500 a 2000 mg L-1).

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67

Quadro 6 - Valores médios obtidos para a taxa respiratória (C02) e produção de etileno de frutos de cubiu durante 12 dias de armazenamento em função do Ethephon (0 e 1000 mg L-1), das variedades Santa Luzia (SL) e Thais (TH) e do tempo (0 a 12 dias)

Tempo C02 (mg kg-1h-1) Etileno (µL kg-1h-1)

(dias) 0 1000 0 1000

0 SL 26,45 a A 22,74 a A 0,51 a A 0,52 a A

TH 20,55 a A 20,53 a A 0,51 a A 0,56 a A

1 SL 18,83 a A 21,87 a A 0,68 a A 5,71 a A

TH 18,80 a A 22,13 a A 0,59 a A 5,45 a A

2 SL 15,80 a A 20,10 a A 0,62 a A 2,99 a A

TH 16,93 a A 17,82 a A 0,52 a A 2,99 a A

3 SL 15,60 a A 17,11 a A 0,34 a A 2,11 a A

TH 15,92 a A 17,12 a A 0,21 a A 2,26 a A

4 SL 17,09 a A 21,21 a A 0,32 a A 2,71 a A

TH 16,98 a A 17,50 a A 0,28 a A 3,01 a A

5 SL 30,41 a B 36,71 a A 0,32 a A 4,58 a A

TH 30,21 a A 33,33 a A 0,31 a A 3,57 a A

6 SL 14,87 a A 19,09 a A 0,37 a A 4,83 a A

TH 13,67 a B 21,28 a A 0,34 a A 4,39 a A

7 SL 18,21 a A 19,35 a A 2,12 a A 11,14 a A

TH 10,88 b A 13,55 a A 0,88 a A 4,10 a A

8 SL 13,81 a B 23,25 a A 3,07 a B 28,09 a A

TH 16,39 a A 20,02 a A 3,32 a A 14,69 a A

9 SL 17,27 a B 32, 04 a A 3,03 a B 30,48 a A

TH 18,60 a A 21,09 b A 6,27 a A 18,51 a A

10 SL 18,40 a B 28,05 a A 7,80 a B 45,80 a A

TH 18,89 a A 18,46 b A 19,00 a A 23,40 a A

11 SL 19,53 a A 24,05 a A 12,96 a B 61,12 a A

TH 19,17 a A 15,83 b A 31,73 a A 28,30 b A

12 SL 17,77 b A 19,26 a A 13,37 a B 83,78 a A

TH 24,20 a A 18,18 a B 35,58 a A 30,53 b A

Médias seguidas da mesma letra minúscula, na coluna, e maiúscula, na linha, não diferem entre si pelo teste F a 5% de probabilidade.

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68

O modo de aplicação do Ethephon por aspersão e com tempo reduzido de

exposição pode ter influenciado nas respostas dos frutos de cubiu. Novos estudos

aumentando o tempo e forma de exposição e/ou o número de aplicações podem

auxiliar na elucidação e comprovação destes resultados.

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69

4. CONCLUSÕES

A variedade Santa Luzia apresentou maior firmeza no período inicial após

a colheita, evidenciando que a mesma resiste mais ao transporte.

A pulverização dos frutos de cubiu com 1000 mg L-1 de Ethephon

promoveu alterações na cor da casca dos frutos não alterando a intensidade

respiratória e a produção de etileno, havendo somente diminuição do ângulo de cor

e aumento da cromaticidade e da luminosidade, confirmando a fisiologia de

amadurecimento não-climatérica.

Em função da pequena alteração da qualidade interna durante o

amadurecimento pós-colheita, os frutos podem ser colhidos no estádio verde-

maduro e utilizados na agroindústria.

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70

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO II

Indução de embriogênese somática em cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal):

efeito da fonte de explante e de substâncias reguladoras de crescimento

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de reguladores de crescimento

e fontes de explante sobre a morfogênese in vitro de S. sessiliflorum Dunal,

buscando o estabelecimento de um protocolo para a embriogênese somática da

espécie. Como explantes, foram utilizados hipocótilos e cotilédones obtidos de

plântulas germinadas in vitro, bem como embriões zigóticos imaturos. O meio de

cultura utilizado foi o MS suplementado com diferentes combinações de ácido

naftalenoacético (ANA), ácido diclorofenoxiacético (2,4-D), Kinetina (KIN),

Thidiazuron (TDZ) e o cultivo inicial dos explantes ocorreu na ausência de luz. A

formação de calos iniciou uma semana após a inoculação em todos os explantes.

Após 30 dias de cultivo, o percentual de explantes cotiledonares e de hipocótilo

com calos foi o mesmo (100%) para todas a concentrações de ANA testadas (5; 10 e

20 mg L-1), independentemente da suplementação ou não do meio de cultura com

KIN (1 mg L-1). Intensa proliferação de calos também foi verificada sobre

cotilédones cultivados na presença de 2,4-D (0,5; 1; 2 e 4 mg L-1) combinado com

TDZ (0,125; 0,25; 0,5; 1 e 2 mg L-1) e hipocótilos na presença de 2,4-D (5; 10 e 20

mg L-1) e sacarose (15; 30 e 45 g L-1). Mesmo após alguns subcultivos dos calos em

meio isento de reguladores de crescimento, não ocorreu a indução da rota

embriogenética. Por outro lado, diretamente sobre os cotilédones de embriões

zigóticos imaturos cultivados em meio de cultura MS suplementado com 5 e 10 mg

L-1 de 2,4-D foram observadas estruturas semelhantes a embriões somáticos em

diferentes estádios de desenvolvimento. Pela análise anatômica, detectou-se

estruturas independentes, com sistema vascular fechado, evidenciando tratar-se de

embriões somáticos. Na superfície desses embriões, formaram-se calos com células

que apresentaram forte reação ao carmim acético e que, após subcultivo em meio

isento de reguladores de crescimento, originaram complexos ou massas celulares

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pró-embriogênicas. Estes complexos eram regiões de aparência friável, que sob

condições adequadas desenvolveram embriões em sua superfície. O isolamento

dessas regiões e transferência para meio de cultura MS sem reguladores de

crescimento permitiu o avanço dos pró-embriões para o estádio globular e

cordiforme. Apesar do baixo número de regenerantes e da produção assincrônica de

embriões somáticos, foi possível a indução da rota embriogenética para a espécie.

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Somatic embryogenesis in cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal): effect

of explant sources and growth regulators

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the effect of growth regulators

and explant sources on in vitro morphogenesis of S. sessiliflorum Dunal in order to

develop a protocol for somatic embryogenesis in the species. Hypocotyl and

cotyledon explants from in vitro germinated seedlings and immature zygotic

embryos were plated on MS medium supplemented with different combinations of

naphthaleneacetic acid (NAA), dichlorophenoxyacetic acid (2,4-D), Kinetin (KIN)

and Thidiazuron (TDZ), in the dark. Callus formation started in all tested explants a

week post inoculation. After 30 days, the percentage of cotyledon and hypocotyl

explants with callus was the same (100%) for all the tested NAA concentrations (5;

10 and 20 mg L-1), independently of supplementing the culture medium with KIN (1

mg L-1). Intense callus proliferation was also found in cotyledons cultured in 2,4-D

(0,5; 1; 2 and 4 mg L-1) combined with TDZ (0,125; 0,25; 0,5; 1 and 2 mg L-1), and

hypocotyls in 2,4-D (5; 10 and 20 mg L-1) and sucrose (15; 30 and 45 g L-1). Even

after several callus subcultures in growth regulator-free medium, the embryogenic

pathway could not be induced. However, embryo-like structures at various

developmental stages were found directly on cotyledons of immature zygotic

embryos growing on MS medium supplemented with 5 and 10 mg L-1 2,4-D.

Histological studies confirmed that these structures were independent with no

vascular connections with the parent tissues. New callus formation with cells

showing strong reaction to carmine acetic were found on these explantss, which

after subculture in growth regulator-free medium originated pro-embryogenic

clusters or masses. These clusters were regions of friable appearance that under

appropriate conditions developed embryos on their surfaces. The isolation of these

regions and transfer to MS medium without growth regulators allowed the

differentiation of pro-embryonic masses into globular and heart-shaped embryos.

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Results have shown that despite the low regeneration and asynchronous production,

induction of somatic embryogenesis is possible for S. sessiliflorum Dunal.

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1. INTRODUÇÃO

O cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) é uma solanácea nativa da

Amazônia que possui potencialidades para a agroindústria e elevada produtividade

de frutos (Silva Filho, 1998), os quais podem ser consumidos in natura, utilizados

no preparo de diversos alimentos (Silva Filho, 2002), como fitoterápicos (Silva

Filho et al., 2003) e, também, na fabricação de cosméticos (Silva Filho, 1998).

Apesar de ser de fácil cultivo no seu ambiente de origem, a germinação é

desuniforme e as sementes perdem sua viabilidade com extrema rapidez (Silva

Filho et al., 2005). Considerando-se estas dificuldades, torna-se fundamental o

desenvolvimento de estratégias alternativas, que tenham como propósito a

propagação clonal em larga escala de genótipos superiores quanto às qualidades

agronômicas, além de servir para proteger o germoplasma existente. Neste sentido,

diversas estratégias biotecnológicas têm se constituído em novas ferramentas

incluindo a cultura de células e tecidos vegetais e, mais recentemente, a engenharia

genética (Oksman-Caldentey e Inzé, 2004).

A aplicação dessas técnicas depende de fatores associados à indução e ao

controle da morfogênese em duas rotas de regeneração: a organogênese e a

embriogênese somática (Santos, 2003). A organogênese refere-se à formação de

estruturas monopolares como raízes, folhas, brotos a partir de explantes ou de calos

cultivados in vitro (Andrade, 2002). A embriogênese somática é o processo por

meio do qual células isoladas ou um pequeno grupo de células somáticas dão

origem a estruturas embrionárias bipolares, sem conexão vascular com o tecido

materno (von Arnold et al., 2002), num processo morfogenético que se aproxima da

seqüência de eventos representativos da embriogênese zigótica (Vicient e Martínez,

1998).

A embriogênese somática constitui uma importante ferramenta para a

propagação clonal em larga escala, além de ser um método importante para a

transformação genética, produção de sementes sintéticas e estudos básicos de

fisiologia (Guerra et al., 1999; Vicient e Martínez, 1998; Jiménez, 2005). A

produção de plantas a partir de embriões formados in vitro, a alta fidelidade

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genética das plantas e a elevada taxa de multiplicação tornam este modelo

morfogenético superior ao processo de regeneração via organogênese (Parrot et al.,

1991; Merkle, 1995).

Protocolos de regeneração in vitro via organogênese para esta espécie já

foram testados (Hendrix et al., 1987; Cordeiro e Mattos, 1991; Boufleuher et al.,

2008), porém com baixo número de plantas regeneradas. Uma alternativa para a

produção em larga escala de plantas e estudos básicos de fisiologia é a regeneração

via embriogênese somática. Entretanto, não há relatos da obtenção de plantas por

essa via para o cubiu, apesar das tentativas realizadas por Viganó (2006) e Viganó

et al. (2007).

Os referidos autores investigaram o efeito de ANA e 2,4-D e diferentes

fontes de explantes na indução de respostas morfogenéticas in vitro para a espécie.

Na presença de baixas concentrações destes reguladores, bem como na sua ausência

houve intensa formação de raízes sobre os explantes (folhas cotiledonares,

hipocótilo e folhas jovens) e em concentrações superiores ocorreu a indução de

calos sobre os explantes. Os calos produzidos eram branco-translúcidos, com

aspecto friável, porém não ocorreu a indução da rota embriogenética. A interação

com citocininas e outras fontes de explantes como embriões zigóticos não foram

testadas.

A formação de embriões somáticos depende de diversos fatores, dentre os

quais destacam-se o genótipo da planta, os explantes utilizados e o tipo, a

concentração e o tempo de exposição aos reguladores de crescimento adicionados

ao meio nutritivo (George, 1993; Jiménez, 2005). Dentre os reguladores de

crescimento, as auxinas são consideradas essenciais na indução do processo de

embriogênese somática (Fehér et al., 2002), pois são responsáveis pelo

estabelecimento da polaridade celular, essencial para a formação dos embriões

(Parrot et al., 1991).

Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de reguladores de

crescimento e de fontes de explantes sobre a morfogênese in vitro de S.

sessiliflorum Dunal, buscando o estabelecimento de um protocolo para a

embriogênese somática da espécie.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Material vegetal e condições de cultivo

Os testes laboratoriais foram conduzidos no Laboratório de Biotecnologia e

Cultura de Tecidos Vegetais da Universidade Paranaense, Campus Toledo, Toledo,

PR.

Hipocótilos e cotilédones excisados de plântulas, bem como embriões

zigóticos imaturos (EZ) de S. sessiliflorum variedade Santa Luzia foram utilizados

como explantes.

Os hipocótilos e os cotilédones foram obtidos de plântulas resultantes da

germinação de sementes in vitro em meio de cultura MS (Murashige e Skoog, 1962)

com metade da concentração de sais, sacarose (30 g L-1), agar (6,5 g L-1) e com 20

dias de cultivo.

Os EZ foram extraídos de sementes de plantas matrizes coletadas de frutos

verdes (em torno de 80 dias após a antese). Os frutos foram inicialmente lavados em

água corrente e, em seguida, manipulados em câmara de fluxo laminar, onde foram

desinfestados com solução de álcool 70% por 2 minutos e hipoclorito de sódio

(NaOCl) 1% por 20 minutos, sendo então lavados por três vezes em água destilada

e autoclavada. A extração dos EZ foi realizada com o auxílio de bisturi e a

visualização em estereomicroscópio.

Todos os explantes foram inoculados em placas de Petri (100 x 15 mm)

contendo 20 mL de meio de cultura basal. As culturas foram mantidas em sala de

crescimento, na ausência de luz, com temperatura de 25 ± 2 ºC. Para os subcultivos

que foram realizados na presença de luz, utilizou-se fotoperíodo de 16 horas, com

irradiância de aproximadamente 40 µmol m-2 s-1.

O meio de cultura basal utilizado foi baseado na formulação salina e

vitaminas do meio MS, suplementado com sacarose (30 g L-1) e agar (6,5 g L-1). O

pH do meio de cultura foi ajustado para 5,8 antes da autoclavagem.

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2.2. Determinação do efeito de reguladores de crescimento sobre hipocótilos e/ou cotilédones

a. Experimento com ANA e KIN

Segmentos de hipocótilo (1 cm) e cotilédones inteiros foram seccionados

com bisturi de plântulas obtidas de sementes germinadas in vitro e inoculados, em

posição horizontal, em placas de Petri contendo meio de cultura basal MS

suplementado com ANA (0; 5; 10 e 20 mg L-1) e KIN (0 e 1 mg L-1).

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, consistindo

num fatorial (duas fontes de explantes e oito combinações de reguladores),

totalizando 16 tratamentos, com três repetições por tratamento. A unidade

experimental consistiu de uma placa de Petri com 10 explantes, totalizando 30

explantes por tratamento.

A avaliação da percentagem de explantes com indução de calos, aspecto

dos calos (textura e coloração), formação de raízes e presença de estruturas

embriogênicas foi realizada após 30 dias e 60 dias. Após este período, os calos

passaram por dois subcultivos, cada um de 30 dias, em meio de cultura basal isento

de reguladores, sendo metade deles mantidos no escuro e metade transferidos para

fotoperíodo de 16 horas de luz, realizando-se avaliações visuais do desenvolvimento.

b. Experimento com 2,4-D e TDZ

Segmentos de hipocótilo (1 cm) obtidos de plântulas foram inoculados, em

posição horizontal, em placas de Petri contendo meio de cultura basal MS

suplementado com cinco concentrações de 2,4-D (0; 0,5; 1; 2 e 4 mg L-1) e seis

concentrações de TDZ (0; 0,125; 0,25; 0,5; 1 e 2 mg L-1), totalizando 30

tratamentos.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com trinta (30)

tratamentos e quatro repetições por tratamento. A unidade experimental consistiu de

uma placa de Petri com 10 explantes, totalizando 40 explantes por tratamento.

A avaliação do experimento foi realizada após 30 dias, avaliando-se a

percentagem de explantes com calos, raízes, aspecto dos calos (textura e coloração)

e a presença de estruturas embriogênicas.

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Os calos originados em hipocótilos foram transferidos para três meios de

cultura distintos, mantendo o meio basal MS completo, sendo um deles o mesmo

meio de indução, outro com metade da concentração de reguladores e o outro o

meio MS destituído de reguladores de crescimento. As culturas permaneceram no

escuro por 30 dias quando foram realizadas novas observações. Após este período,

todos os calos foram transferidos para o meio de cultura basal destituído de

reguladores de crescimento, permanecendo no escuro e sendo avaliados após 30 e

60 dias.

c. Experimento com 2,4-D e sacarose

Segmentos de hipocótilo (1 cm e ± 0,16g) foram seccionados de plântulas e

inoculados, em posição horizontal, em placas de Petri contendo meio de cultura MS

suplementado com cinco concentrações de 2,4-D (0; 2,5; 5; 10 e 20 mg L-1) e três

concentrações de sacarose (15; 30 e 45 g L-1), totalizando 15 tratamentos.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 15

tratamentos e quatro repetições por tratamento. A unidade experimental consistiu de

uma placa de Petri com 10 explantes, totalizando 40 explantes por tratamento

mantidos no escuro.

A avaliação do experimento foi realizada após 30 dias, avaliando-se a

percentagem de explantes com indução de calos, raízes, massa fresca de calos e

presença de estruturas embriogênicas.

Após 30 dias, os calos regenerados foram subcultivados no mesmo meio de

cultura, onde permaneceram 60 dias no escuro, quando foram novamente avaliados.

2.3. Determinação do efeito de reguladores de crescimento sobre embriões

zigóticos

a. Experimento com ANA e KIN

Embriões zigóticos foram utilizados como explantes para avaliar o efeito de

diferentes níveis de ANA e KIN na indução a embriogênese somática.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, testando-se a

adição do ANA (0; 2,5; 5 e 10 mg L-1) combinado com KIN (0 e 1 mg L-1) ao meio

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de cultura basal, acrescido de caseína hidrolisada (100 mg L-1), totalizando oito

tratamentos. Cada unidade experimental foi constituída de dez EZ dispostos em

uma placa de Petri, com quatro repetições.

Os dados referentes à percentagem de explantes com calos, presença de

raízes e presença de estruturas embriogênicas foram coletados por um período de 30

e 60 dias após a inoculação. Decorridos 60 dias de cultivo, os materiais foram

transferidos para o meio de cultura MS isento de reguladores de crescimento onde

permaneceram por 30 dias, sendo novamente avaliados.

b. Experimento com 2,4-D e KIN

Embriões zigóticos foram utilizados para avaliar o efeito de diferentes

níveis de 2,4-D e KIN na indução a embriogênese somática.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, testando-se a

adição do 2,4-D (0; 2,5; 5 e 10 mg L-1) combinado com KIN (0 e 0,1 mg L-1) ao

meio de cultura basal acrescidor de caseína hidrolisada (100 mg L-1), totalizando

oito tratamentos. Cada unidade experimental foi constituída de dez EZ dispostos em

uma placa de Petri, com quatro repetições.

Os dados referentes à percentagem de explantes com calos, formação de

raízes, porcentagem de explantes com embriões somáticos (ES) e número de ES por

rexplante foram coletados por um período de 30, 45, 60 e 75 dias após a inoculação.

Após este período, os materiais foram transferidos para o meio de cultura MS isento

de reguladores de crescimento onde permaneceram por mais 90 dias, em condições

de luminosidade, sendo subcultivados a cada 30 dias quando eram realizadas

avaliações visuais do desenvolvimento.

2.4. Avaliações citoquímicas e estruturais

As células dos calos foram caracterizadas por meio de análises

citoquímicas. Para isto, utilizou-se a dupla coloração com azul de Evans (0,1%) e

carmim acético (2%) (Durzan, 1988). Em microscópio óptico foram observados e

identificados os aspectos relevantes, realizando-se o registro fotográfico.

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2.5. Análise anatômica

Os estudos anatômicos foram realizados no Laboratório de Botânica do

Departamento de Biologia da UEM, utilizando-se material fixado. Com o intuito de

confirmar a expressão embriogenética, após 45 dias de cultivo no meio de indução

com 2,4-D, os materiais representativos foram fixados em solução de F.A.A. 50

(Johansen, 1940) e sua conservação feita em etanol 70% (Jensen, 1962). Esses

materiais foram destinados à preparação de lâminas permanentes, sendo incluídos

em 2-hidroxietilmeta-acrilato (historresina-Leica), segundo a técnica de Gerrits

(1991) e as indicações do fabricante.

Os blocos foram seccionados em micrótomo de rotação com 7 a 10 µm de

espessura e corados com azul de toluidina (O'Brien et al., 1964). As lâminas foram

montadas com resina sintética (Permount). As fotomicrografias foram obtidas em

microscópio fotônico Olympus BX50, com auxílio de câmera digital Canon Power

Shot A95 e captura de imagem pelo programa Zoom Browser EX.

2.6. Análise estatística

Os dados referentes à fonte de explantes e reguladores de crecimento foram

avaliados por meio de estatística descritiva, utilizando os valores da média e do

desvio padrão.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Efeito de reguladores de crescimento sobre hipocótilos e/ou cotilédones

a. Experimento com ANA e KIN

A formação de calos iniciou uma semana após a inoculação em ambos os

explantes testados, sendo visualizada, inicialmente, nas regiões seccionadas. Na

avaliação realizada aos 30 dias após a inoculação, 100% dos explantes (hipocótilos

e cotilédones) de todos os tratamentos formaram calos, com exceção dos

tratamentos sem suplementação com reguladores de crescimento, onde não ocorreu

a formação de calos. O percentual de explantes com calos foi o mesmo (100%) para

todas as concentrações de ANA testadas (5; 10 e 20 mg L-1), independentemente da

suplementação ou não do meio de cultura com KIN (1 mg L-1). Na avaliação

realizada aos 60 dias, verificou-se a formação de calos também sobre 40% dos

explantes cultivados em meio de cultura suplementada apenas com ANA.

Nos hipocótilos, os calos formaram-se sobre toda a superfície (Figura 1a),

ocorrendo também o surgimento de pequenas raízes adventícias sobre os explantes

(Figura 1b) e aumento do percentual de explantes com raízes com o tempo de

cultivo (Quadro 1). Os calos obtidos apresentaram aspecto semifriável-filamentoso,

com coloração amarelo-pálida.

Na maior parte dos explantes cotiledonares também ocorreu a calogênese

sobre toda a superfície dos mesmos após 30 dias de cultivo in vitro (Figura 1c).

Dois tipos de calos formaram-se sobre os explantes: um semifriável branco-

amarelado, porém com aspecto filamentoso e outro semicompacto, com a mesma

coloração, formado próximo à região seccionada, composto por agrupamentos de

células menores, aparentemente mais organizadas. Ocorreu intensa proliferação de

raízes nos explantes cotiledonares (Figura 1d), inoculados em meio de cultura isento

de reguladores de crescimento, atingindo 100% dos explantes aos 60 dias de cultivo

(Quadro 1).

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Quadro 1 - Percentual médio de explantes com indução de raízes a partir de hipocótilos (HIP) e cotilédones (COT) de S. sessiliflorum Dunal cultivados em meio MS suplementado com ANA (0; 5; 10 e 20 mg L-1) e KIN (0 e 1 mg L-1) aos 30 e 60 dias após a inoculação

SEM KIN COM KIN ANA (mg L-1) ANA (mg L-1)

0 5 10 20 0 5 10 20 HIP 30 33,3±5,8 13,3± 5,8 10 16,7± 5,8 10 ± 0 10 ± 0 23,3±11,5 23,3±20,8 60 33,3±5,8 30 ± 10 56,7±5,8 60 ± 10 23,3±15,5 26,7±11,5 46,7±30,6 56,7±15,3

COT 30 83,3±28,9 10 0 0 6,7 ± 5,8 3,3±5,8 0 0 60 100 16,67 ±5,8 0 0 20 ± 0 20±17,3 0 0

a b

SF

c d

SC

Figura 1 - Respostas morfogenéticas de S. sessiliflorum após 30 dias: a) formação de calo em hipocótilo (10 mg L-1 de ANA); b) formação de calo e raiz (seta) em hipocótilo (5 mg L-1 de ANA); c) calo semifriável (SF) e calo semicompacto (SC) em cotilédone; d) raízes formadas na região do pecíolo da folha cotiledonar em meio de cultura isento de reguladores. Barra: 2,5mm.

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Com a elevação nas concentrações do ANA, verificou-se aumento no

percentual de raízes formadas sobre os hipocótilos. Sobre os explantes cotiledonares

a rizogênese ocorreu em meios de cultura isentos de reguladores de crescimento ou

suplementados com 5 mg L-1 de ANA e foi ausente quando suplementados com 10

e 20 mg L-1 de ANA (Quadro 1). A elevada rizogênese na ausência de reguladores

indica que esses materiais possuem elevado conteúdo endógeno de auxinas, as quais

são responsáveis pela indução de raízes (Taiz e Zeiger, 2004).

Ao se subcultivar os calos provenientes de ambos os explantes em meio de

cultura isento de reguladores de crescimento e transferí-los para condições de luz,

ocorreu escurecimento gradual destes, não havendo crescimento dos mesmos ou

diferenciação de embriões. Os calos subcultivados no escuro apresentaram menor

escurecimento, mantendo a mesma textura, não sendo observadas estruturas

embriogênicas visíveis sobre nenhum deles. Isto é um indicativo da sensibilidade

desses materiais a luz, com provável liberação de compostos fenólicos (Grattapaglia

e Machado, 1998).

Os resultados obtidos com esse experimento diferem dos relatados por

Picoli et al. (2000) que induziram a formação de embriões somáticos sobre

cotilédones de berinjela (Solanum melongera) cultivados em meio de cultura MS

suplementado com diferentes concentrações de ANA (2,5; 5,0; 7,5 e 10 mg L-1). Os

autores também verificaram que a calogênese diminuiu linearmente com a

concentração de ANA, porém a indução da rota embriogenética ocorreu em todos os

tratamentos.

O efeito de auxinas (ANA, 2,4-D) e citocininas (BAP e KIN) na

regeneração in vitro de Solanum tuberosum, a partir de explantes foliares, foi

investigada por Shirin et al. (2007). Os autores verificaram que a maior

percentagem de explantes com calos (30%) foi obtida na presença de 1,5 mg L-1 de

ANA e 1 mg L-1 de BAP e que o 2,4-D (3 mg L-1) foi mais eficiente na indução de

calos que posteriormente induziram a rota organogenética.

b. Experimento com 2,4-D e TDZ

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Quando se avaliou o efeito do 2,4-D e do TDZ na regeneração a partir de

hipocótilos, foi verificado que a proliferação de calos apresentou percentual variável

e superior a 50% sobre os explantes cultivados em meio de cultura MS na ausência

de 2,4-D e na presença de diferentes concentrações de TDZ após 30 dias de cultivo

in vitro (Quadro 2). Os calos apresentaram-se semifriáveis, porém mais translúcidos

e de aspecto aquoso quando comparados aos formados sobre hipocótilos e

cotilédones cultivados na presença do ANA e descritos anteriormente.

Quadro 2 – Percentual médio de explantes que induziram calos a partir de hipocótilos de S. sessiliflorum, cultivados em meio MS suplementado com 2,4-D (0; 0,5; 1 e 2 mg L-1) e TDZ (0; 0,125; 0,25; 0,5; 1 e 2 mg L-1) após 30 dias de cultivo

TDZ (mg L-1)

0 0,125 0,25 0,5 1 2

0 0 78,25±6,5 66± 15,9 53,5±27,89 50,25±10,21 65,75±11,93

0,5 100 100 100 100 100 100

1 100 100 100 100 100 100

2 100 100 100 100 100 100

2,4-D

(mg L-1)

4 100 100 100 100 100 100

Nas menores concentrações de TDZ (0,125; 0,25 e 0,5 mg L-1) e na ausência

de 2,4-D além da formação de alôs também ocorreu a formação de brotações

adventícias nas extremidades dos explantes via organogênese direta (Figura 2a). Os

resultados obtidos diferem dos relatados por Furtado et al. (2007) onde apenas calos

foram induzidos sobre hipocótilo de Arachis hipogaea, não ocorrendo a formação

de brotos na presença de TDZ.

Na presença de 2,4-D, independente da concentração testada e da

suplementação ou não com diferentes concentrações de TDZ, foi observada a

formação de calos sobre 100% dos explantes (Quadro 2), tanto na extremidade

(Figura 2b) quanto sobre todo o explante (Figura 2c). Nos tratamentos com maiores

concentrações de 2,4-D (2 e 4 mg L-1), os calos eram compactos, com formato

arredondado, surgindo na superfície dos hipocótilos (Figura 2d, 2e).

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A percentagem de explantes, no qual ocorreu a indução de raízes

adventícias, variou, porém na maior parte dos tratamentos foi baixa, exceto nos

explantes cultivados na ausência de reguladores (Quadro 3). Neste período, não foi

observada a presença de estruturas embriogênicas sobre os explantes.

Quadro 3 – Porcentual médio de explantes onde ocorreu a indução de raízes a partir de hipocótilos de S. sessiliflorum, cultivados em meio MS suplementado com 2,4-D (0; 0,5; 1; 2 e 4 mg L-1) e TDZ (0; 0,125; 0,25; 0,5; 1 e 2 mg L-1) após 30 dias de cultivo

TDZ (mg L-1)

0 0,125 0,25 0,5 1 2

0 70,75±35,3 0 0 3,25±6,5 0 3,25±6,5

0,5 9,5±19 56,75±23,93 22±21,27 9,5±12,01 0 0

1 6,25±12,5 31,75±37,5 6,5±7,5 22±15,89 3,25±6,5 0

2 0 25,25±22,82 22,25±18,94 3,25±6,5 3,25±6,5 0

2,4-D

(mg L-1)

4 0 3,25±6,5 0 9,5±19 0 6,25±12,5

A manutenção nos meios de cultura da mesma concentração de TDZ (na

ausência de 2,4-D) durante o subcultivo levou as brotações a apresentarem

malformações. Por outro lado, a sua redução à metade ou sua retirada do meio de

cultura permitiu a proliferação e o alongamento das brotações (Figura 2 f).

A transferência dos calos regenerados nos demais tratamentos indutores,

com diferentes combinações de 2,4-D e TDZ para meios de cultura de subcultivo

com a mesma concentração de reguladores de crescimento, sua redução ou sua

ausência, primeiramente, na obscuridade (30 dias) e, posteriormente, em condições

de luminosidade (60 dias) permitiu que os mesmos proliferassem, porém não

ocorreu a indução da rota embriogenética.

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Figura 2 - Respostas morfogenéticas in vitro de hipocótilos: a) formação de brotos (0,125 mg L-1 TDZ); b) calos semifriáveis nas extremidades (0,5 mg L-1 2,4-D); c) calos semifriáveis sobre o explante (0,5 mg L-1 2,4-D + 0,5 mg L-1 TDZ); d) calos compactos (4 mg L-1 2,4-D); e) calos compactos (4 mg L-1 2,4-D + 2 mg L-1 TDZ); f) brotações formadas após 60 dias de cultivo (0,125 mg L-1 de TDZ). Barra: 0,25 mm.

a b

c d

e f

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Nas condições experimentais aqui testadas não ocorreu a indução da rota

embriogenética na presença TDZ. Os resultados obtidos nesse trabalho não

concordam com o que foi relatado por Panaia et al. (2004) e Jiménez (2005),

segundo os quais o TDZ está sendo considerado uma alternativa na regeneração de

embriões diretamente sobre explantes com tecidos diferenciados.

Entretanto, o cultivo dos explantes na presença de TDZ levou à formação

de brotações, o que concorda com os relatos de Huetteman e Preece (1993),

segundo os quais o TDZ é uma potente citocinina que pode estimular a formação de

calos e brotos adventícios. Segundo Cid (2000), as citocininas são fundamentais na

multibrotação de gemas axilares ou apicais de plantas lenhosas ou herbáceas, sendo

o TDZ bastante efetivo neste propósito. Segundo Howell et al. (2003), citocininas

como o TDZ promovem o aumento das divisões celulares e o desenvolvimento de

brotos.

c. Experimento com 2,4-D e sacarose

O percentual de calos formados sobre explantes de hipocótilos cultivados

em meio de cultura suplementado com concentrações de 2,4-D superiores (5; 10 e

20 mg L-1) as testadas anteriormente em combinação com diferentes concentrações

de sacarose (15; 30 e 45 g L-1) é apresentado na Quadro 4. Com exceção do

tratamento com ausência do 2,4-D, no qual não houve proliferação de calos, nos

demais tratamentos mais de 90% dos explantes formaram calos. Não foi observada

a formação de raízes sobre os explantes.

Quadro 4 - Percentual médio de explantes com indução de calos a partir de hipocótilos de S. sessiliflorum cultivados em meio MS suplementado com 2,4-D (0; 2,5; 5;10 e 20 mg L-1) e sacarose (15; 30 e 45 g L-1) após 30 dias de cultivo 2,4-D (mg L-1)

0 2,5 5 10 20

Sacarose 15 0 93,3 ± 5,77 92,5 ± 5 97,5 ± 5 95 ± 10

(g L-1) 30 0 100 96,7 ± 5,77 97,5 ± 5 97,5 ± 5

45 0 97,5 ± 5 92,5 ± 9,57 95 ± 10 100

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Com relação ao incremento da massa fresca dos calos in vitro, os maiores

valores foram obtidos quando os hipocótilos foram cultivados em meio de cultura

MS, suplementado com 30 g L-1 de sacarose na presença de 2,5 e 5 mg L-1 de 2,4-D

(Quadro 5). Os menores valores foram alcançados no tratamento com 20 mg L-1 de

2,4-D. Mesmo após dois subcultivos de 30 dias no mesmo meio de cultura de

indução, não ocorreu a indução da rota embriogenética.

Esses resultados corroboram com os relatados por Sousa et al. (2007) nos

quais observou-se que, com o incremento da concentração de sacarose no meio de

cultura, houve tendência de redução no acúmulo de massa fresca nos calos

formados sobre explantes de segmento nodal de Catharanthus roseus (L.) Don,

independente do balanço dos reguladores de crescimento (BAP e AIB).

Quadro 5 – Massa fresca de calos regenerados a partir de hipocótilos de S. sessiliflorum cultivados em meio MS suplementado com 2,4-D (0; 2,5; 5; 10 e 20 mg L-1) e sacarose (15; 30 e 45 g L-1) após 30 dias de cultivo. Massa do hipocótilo na inoculação: ± 0,16g

2,4-D (mg L-1)

0 2,5 5 10 20

Sacarose 15 - 0,96 ± 0,27 0,98 ± 0,46 0,95 ± 0,17 0,5 ± 0,03

(g L-1) 30 - 1,54 ± 0,19 1,8 ± 0,13 1,02 ± 0,28 0,48 ± 0,07

45 - 1,41 ± 0,37 1,07 ± 0,14 0,89 ± 0,31 0,64 ± 0,07

No presente trabalho, o aumento da concentração de sacarose no meio de

cultura não levou à indução de embriões sobre os explantes. Porém, tem sido relado

que a concentração de sacarose influencia nos processos de iniciação e

diferenciação dos embriões somáticos em algumas espécies. Sabe-se também que a

sacarose, utilizada nos meios de cultura como fonte de carbono, funciona como um

agente osmótico, influenciando no desenvolvimento de embriões somáticos. O

aumento da osmolaridade parece estar relacionado com a transição do ciclo

celular/diferenciação (Guerra et al., 1999). Alguns autores relatam que, assim como

os hormônios, os açúcares são essenciais durante o processo da diferenciação

celular (Paiva Neto e Otoni, 2003) e há evidencias de que haja uma sinalização

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específica pela sacarose durante a transcrição e tradução de mRNA em plantas,

incluindo a indução de genes, produção de proteínas, expressão e repressão de

genes (Coruzzi e Zhou, 2001).

3.2. Efeito de reguladores de crescimento sobre embriões zigóticos

a. Experimento com ANA e KIN

Os EZ imaturos inoculados em meio de cultura MS sem a suplementação

de ANA, independentemente da concentração de KIN, germinaram e formaram

plântulas completas a partir do 5º dia de cultivo, não ocorrendo proliferação de

calos no período de avaliação (Quadro 6).

A formação de calos ocorreu por volta do 7º dia de cultivo, principalmente

na região do eixo hipocótilo-radicular, sendo manifestada após a abertura dos

cotilédones e um pequeno alongamento do hipocótilo.

Quadro 6 – Porcentual médio de indução de calos a partir de EZ de S. sessiliflorum Dunal cultivados em meio MS suplementado com ANA (0; 5; 10 e 20 mg L-1) e KIN (0 e 1 mg L-1) 30 dias após a inoculação ANA (mg L-1)

0 5 10 20

0 0 85 ± 5,77 72,5 ± 9,57 47,5 ± 9,57

KIN

(mg L-1) 1 0 47,5 ± 9,57 50 ± 8,16 75 ± 5,77

O percentual médio de indução de calos a partir de EZ variou em função

das concentrações de KIN e ANA. Com o aumento das concentrações de ANA e na

ausência de KIN, ocorreu diminuição da proliferação de calos. O inverso foi

constatado na presença de 1 mg L-1 de KIN onde foi observado aumento na

proporção de calos formados (Quadro 6). Isso revela que a presença de KIN exerce

influência no crescimento de tecido caloso em explantes de cubiu.

Na maior parte dos explantes, a formação de calos in vitro ocorre apenas na

presença de auxinas. As auxinas são capazes de iniciar a divisão celular e controlar

os processos de crescimento e alongamento celular (George, 1993). Porém, em

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algumas espécies, a formação de calos é influenciada também pelas citocininas (Lu,

1993). Gamborg (1982) citado por Brunetta et al. (2006) relatou que é possível o

estabelecimento de uma cultura de calo a partir de qualquer planta e da maioria de

suas partes, empregando um meio nutritivo, acrescido de auxinas e citocininas.

Os calos formados apresentavam coloração esbranquiçada e aspecto

esponjoso, porém, mesmo após o subcultivo de 30 dias em meio isento de

reguladores, não ocorreu a indução da rota embriogenética.

b. Experimento com 2,4-D e KIN

O cultivo de EZ imaturos de S. sessiliflorum em meios de cultura

suplementado com 2,4-D, na ausência ou na presença de KIN, por um período de 30

dias, resultou na proliferação de calos sobre os mesmos (Quadro 7). Nos

tratamentos sem a suplementação com 2,4-D, tanto na presença quanto na ausência

de KIN (0,1 mg L-1), ocorreu a germinação de 100% dos EZ, a qual iniciou em

torno de uma semana após a inoculação.

A reação calogênica ocorreu principalmente na região do eixo hipocótilo-

radicular, sendo manifestada por volta do 7º dia de cultivo, após a abertura dos

cotilédones e um pequeno alongamento do hipocótilo (Figura 3a). Na avaliação

realizada aos 30 dias, observou-se o surgimento de pequenas protuberâncias,

principalmente sobre as folhas cotiledonares dos EZ inoculados nos meios de

cultura com as maiores concentrações (5 e 10 mg L-1) de 2,4-D (Figura 3b).

Quadro 7 - Percentual médio de calos formados sobre os embriões zigóticos inoculados em meio de cultura MS com 2,4-D (0; 2,5; 5 e 10 mg L-1) e KIN (0 e 0,1 mg L-1) aos 30, 45, 60 e 75 dias de cultivo

SEM KIN COM KIN 2,4-D (mg L-1) 2,4-D (mg L-1) Dias 0 2,5 5 10 0 2,5 5 10 30 0 100 75 ± 31,1 62,5 ± 9,6 0 95 ± 5,77 85 ± 10 70 ± 20 45 0 100 75 ± 31,1 62,5 ± 9,6 0 95 ± 5,77 87 ± 5 72,5 ± 15 60 0 100 87,5 ± 15 62,5 ± 9,6 0 100 95 ± 5,8 72,5 ± 15 75 0 100 87,5 ± 15 62,5 ± 9,6 0 100 95 ± 5,8 72,5 ± 15

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Figura 3 – Formação de estruturas similares a embriões somáticos em S. sessiliflorum: a) calo formado na região do eixo hipocótilo-radicular (seta); b) protuberâncias formadas sobre folhas cotiledonares de EZ após 30 dias de cultivo (10 mg L-1 de 2,4-D); c) estruturas globulares (G) e cordiformes (C) formadas após 45 dias; d) formação de calos sobre as estruturas após 60 dias de cultivo. Barra: 25 mm

Todos os explantes inoculados em meio de cultura suplementado com 2,5

mg L-1 de 2,4-D e isento de KIN formaram calo após 30 dias de cultivo, tendo

ocorrido o mesmo com os explantes inoculados nesse mesmo meio, porém com a

suplementação com KIN após 60 dias de cultivo (Quadro 7). Com o aumento da

concentração de 2,4-D ocorreu diminuição no percentual de calos formados sobre

os explantes, sendo superior nos meios sem a suplementação com KIN ao longo do

tempo de avaliação.

Na avaliação realizada aos 45 dias de cultivo, foram observadas as

primeiras estruturas similares a embriões somáticos (ES) em S. sessiliflorum.

Inicialmente, verificou-se a formação de estruturas globulares, de coloração branca

a b

c d

G C

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a amarelo-palha, diretamente sobre a epiderme adaxial dos cotilédones dos EZ

cultivados em meio de cultura MS, suplementado com 5 e 10 mg L-1 de 2,4-D na

ausência de KIN, e 10 mg L-1 de 2,4-D na presença de KIN (0,1 mg L-1). A maior

parte dos ES regenerados apresentava formato globular e formato de “coração”,

assemelhando-se aos ES nos estádios globular e cordiforme (Figura 3c).

Neste período, o maior percentual de explantes que apresentaram estruturas

similares a embriões foi encontrado no tratamento com 10 mg L-1 de 2,4-D na

ausência de KIN, sendo este também o tratamento onde foi verificado o maior

número de ES por explante. A manutenção dos explantes no meio de cultura até 75

dias permitiu um incremento no número de embriões neste e nos demais

tratamentos onde houve indução (Quadro 8).

O estudo anatômico realizado com as estruturas similares a ES observadas

nos tratamentos com 2,4-D mostrou tratar-se de estruturas independentes, sugerindo

a presença de um sistema vascular fechado (Figura 4), indicando que as mesmas são

de embriões somáticos.

Transcorridos 60 dias de cultivo nos mesmos meios de cultura, não ocorreu

a progressão para outros estádios ontogenéticos como torpedo e cotiledonar. Sobre

estas estruturas e nas regiões próximas, houve a proliferação de calos (Figura 3d).

Para evitar essa formação indesejável de calos sobre os embriões, sugere-se o

cultivo por menor tempo na presença de auxina e a transferência para meios de

cultura suplementados com ácido abscísico ou sem a presença de reguladores de

crescimento.

Apesar de benéfica para a indução da embriogênese somática, a exposição

a concentrações excessivas ou tratamentos prolongados com reguladores de

crescimento pode resultar em desenvolvimento diferente do desejado. Caligari e

Shohet (1993) citados por Guerra et al. (1999) sugerem que a manutenção das

culturas embriogênicas por tempo prolongado em meio com 2,4-D causa variações

genéticas que afetam o potencial embriogênico. Segundo Jiménez (2005), uma vez

que o 2,4-D é reduzido ou removido do meio de cultura, os níveis endógenos de

AIA (ácido indolacético) são reduzidos, permitindo o estabelecimento do gradiente

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polar de auxina. O contínuo crescimento em meio contendo esse regulador não

permite a redução nos níveis endógenos de auxina.

Quadro 8 - Percentual médio de explantes com estruturas embriogênicas e número de embriões por explante obtidos em meio de cultura MS com 2,4-D (0; 2,5; 5 e 10 mg L-1) e KIN (0 e 0,1 mg L-1) aos 30, 45, 60 e 75 dias de cultivo Explantes com estruturas embriogênicas SEM KIN COM KIN 2,4-D (mg L-1) 2,4-D (mg L-1) Dias 0 2.5 5 10 0 2.5 5 10 30 0 0 0 0 0 0 0 0 45 0 0 5 ± 10 22,5 ± 9,6 0 0 0 15 ± 5,78 60 0 7,5 ± 9,57 12,5 ± 15 25 ± 12,91 0 0 0 22,5 ± 9,57 75 0 7,5 ± 9,57 22,5 ± 15 35 ± 12,91 0 0 12,5 ± 12,6 22,5 ± 9,57

Embriões por explante 30 0 0 0 0 0 0 0 0 45 0 0 0,75 ± 1,5 7,25 ± 5,56 0 0 0 3,25 ±

2,22 60 0 2,7 ± 3,8 3,75 ± 5,68 7,75 ± 5,06 0 0 0 5,5 ±

2,89 75 0 2,7 ± 3,8 6,5 ± 5,45 11 ± 2,16 0 0 4 ± 6,68 7,5 ±

1,29

Na maior parte das espécies estudadas em que a adição de reguladores é

necessária para induzir a embriogênese somática, auxinas e citocininas têm sido

essenciais na indução de respostas embriogênicas, provavelmente porque elas

participam na regulação do ciclo e da divisão celular (Fehér et al., 2003; Jiménez,

2005; Stefanello et al., 2005). As auxinas promovem a desdiferenciação celular,

com reativação de divisões celulares por meio da coordenação da expressão de

genes e modificações pós-transcricionais de proteínas regulatórias envolvidas no

controle do ciclo celular (Dudits et al., 1995) e essa resposta pode depender da fonte

de explante usado no experimento (Zimmerman, 1993).

Assim como no presente trabalho, a indução da rota embriogenética a partir

de EZ cultivados na presença de 2,4-D tem sido relatada por vários autores. Lopez-

Puc et al. (2006) observaram a formação de ES diretamente sobre EZ de Capsicum

chinense em meio de cultura MS suplementado com 2 mg L-1 de 2,4-D. Dentre as

auxinas, o 2,4-D tem sido a mais utilizada (Jiménez, 2005). Gaj (2004) mencionou

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99

que em mais de 65% dos protocolos obtidos, o 2,4-D foi empregado sozinho ou em

combinação com outro regulador de crescimento.

Figura 4 – Corte transversal de embrião somático de S. sessiliflorum: a-b) presença de sistema vascular fechado (10 mg L-1 de 2,4-D), barra: 300 µm; c) detalhe da diferenciação de célula xilemática do tecido vascular (seta), barra: 35 µm.

Ao final de 75 dias de cultivo, dois tipos de calos surgiram sobre os

explantes: um com aspecto filamentoso, de coloração mais escura formado,

geralmente, sobre os EZ cultivados na presença de 2,5 mg L-1 de 2,4-D e outro,

friável, de textura granulosa e coloração mais clara, formado sobre os EZ cultivados

com 5 e 10 mg L-1 de 2,4-D. Ambos foram transferidos para condições de

luminosidade e cultivados em meio de cultura isento de reguladores por 90 dias,

sendo subcultivados a cada 30 dias.

Após o primeiro subcultivo, foi realizada a avaliação citoquímica dos calos,

utilizando a dupla coloração com azul de Evans e carmim acético. A avaliação

citoquímica dos calos de aspecto filamentoso (Figura 5a) revelou que os mesmos

eram constituídos por células alongadas, com citoplasma pouco denso, não reagindo

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100

com o carmim acético e não apresentando estruturas globulares pró-embriogênicas

típicas de culturas embriogênicas (Figura 5b).

Calos de Caesalpinia echinata Lam. regenerados a partir de folíolos jovens

também apresentaram aspecto filamentoso e não mostraram-se embriogênicos

(Pessotti et al., 2007). De acordo com Cid (1992), estas culturas embriogênicas

filamentosas são constituídas por elementos diferenciados como fibras e

esclereídeos, indicando que estas porções dos calos não se desdiferenciaram e. por

isso, não são embriogênicas. Estruturas similares foram observadas em culturas de

inflorescências jovens de Cynodon dactylon que produziram calos não

embriogênicos, com aspecto não organizado, não compactado e possuindo células

longas e tubulares na sua superfície (Chaudhury e Qu, 2000).

Os calos friáveis e de textura granulosa (Figura 5c) formados sobre os

embriões zigóticos de cubiu apresentaram células pequenas, isodiamétricas, as quais

reagiram fortemente com o carmim acético (Figura 5d) que, segundo Durzan (1988),

é um indicativo da presença de glicoproteínas associadas à rota embriogenética.

De acordo com Jong et al. (1993), células tipicamente embriogenéticas são

isodiamétricas, pequenas (20 a 30 µm), com citoplasma denso e alta capacidade de

divisão celular, características estas também definidas por Yeung (1995).

Após 150 dias de cultivo in vitro, foi possível observar a formação de

complexos ou massas celulares pró-embriogênicas (Figura 5e) em 7,5% dos calos

cultivados em meio suplementado com 10 mg L-1 de 2,4-D e 0,1 mg L-1 de KIN.

Estes complexos são regiões de aparência friável que, quando sob condições

adequadas. desenvolvem embriões em sua superfície. O isolamento dessas regiões e

transferência para meio de cultura MS sem reguladores de crescimento permitiu o

avanço dos pró-embriões para o estádio globular e cordiforme após o período de 30

dias de cultivo (Figura 5f).

Resultados similares foram obtidos por Carvalho et al. (2004) que

relataram a obtenção do padrão indireto de embriogênese para Diospyros kaki,

induzido inicialmente pela formação de uma massa celular pró-embriogênica, com

ES desenvolvidos em sua superfície. Os ES de Diospyros kaki desenvolveram-se

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101

sobre EZ cultivados por 150 dias em meio de cultura MS, suplementado com 2,21

mg L-1 de 2,4-D e 0,43 mg L-1 de KIN.

Figura 5 - a) Calo filamentoso (2,5 mg L-1 de 2,4-D), barra: 1 mm ; b) células com características não embriogenéticas, barra: 30 µm; c) calo friável (10 mg L-1 de 2,4-D), barra: 1 mm; d) células com reação ao carmim acético 2%, barra: 30 µm; e) complexos celulares pró-embriogênicos (CCPE) formados em meio com 2,4-D (10 mg L-1) e KIN (0,1 mg L-1) após 150 dias de cultivo, barra: 0.5 mm; f) ES cordiforme (C) após 180 dias de cultivo, barra 1 mm.

a b

c d

e f

CCPE C

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102

Maciel et al. (2003) também obtiveram a indução da rota embriogenética

de forma indireta a partir de explantes foliares jovens de Coffea arabica L. cv.

Obatã cultivados em meio de indução suplementado com caseína hidrolisada (100

mg L-1), na presença de 2,4-D e KIN. A combinação entre 4 mg L-1 de 2,4-D e 2 mg

L-1 de KIN favoreceu a indução de calos primários mistos. Além disso, maior

freqüência de calos embriogênicos friáveis ocorreu na presença de BAP (8 mg L-1),

associado ou não ao 2,4-D, e maior número de embriões por explante foram obtidos

quando utilizou-se sacarose (30 g L-1) e BAP (3 mg L-1).

Pessotti et al. (2007) verificaram que folíolos jovens de Caesalpinia

echinata Lam. inoculados em meio de cultura enriquecido com 2,4-D (5, 10 e 20

mg L-1) formaram calos. A transferência para meio sem regulador estimulou a

formação de massas celulares pró-embriogências em 95% dos calos. A permanência

prolongada dos calos em meio sem regulador não permitiu a conversão das massas

pró-embriogênicas em ES. Entretanto, segundo Guerra et al. (1999), a transferência

das culturas com características embriogênicas para um meio de cultura com

concentrações reduzidas de auxina ou sem reguladores de crescimento é geralmente

necessária para a produção de ES.

No presente trabalho, a indução da embriogênese somática direta e indireta

foi relatada apenas quando EZ foram empregados como explantes. O uso de EZ

para a iniciação de culturas embriogênicas apresenta algumas vantagens em relação

às demais fontes de explantes. Uma delas refere-se à rápida obtenção de resposta.

Assim, EZ podem ser uma excelente fonte de explantes para a condução de

trabalhos, visando estudos relacionados à fisiologia da embriogênese somática.

Por se constituírem de células com características meristemáticas, tecidos

imaturos como os EZ são embriogenéticos por natureza, necessitando de menos

estímulos exógenos contidos nos meios de cultura do que outros tipos de explantes

(Litz e Gray, 1995). Por outro lado, células de tecidos maduros são heterogêneas

quanto à especialização e se diferenciam lentamente, havendo necessidade de re-

determinação que ocorre pela via indireta, com a indução de calos ou massas

embriogênicas (Williams e Maheswaran, 1986).

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103

O uso de EZ como fonte de explantes de espécies com polinização cruzada

pode ser considerada uma limitação, pois os EZ representam um genótipo

desconhecido. Litz e Gray (1995) ressaltam que com poucas exceções, as plantas

que crescem a partir de sementes representam recombinantes meióticos de dois

parentais e, assim, eles não podem ser geneticamente idênticos. Entretanto, o

controle da polinização é uma estratégia que pode minimizar o efeito da fecundação

cruzada.

A determinação de um protocolo eficiente para a propagação clonal via

embriogênese somática é um procedimento complexo que envolve a elucidação dos

fatores que afetam as várias fases do desenvolvimento embrionário. Este estudo

apresentou as primeiras respostas quanto à indução de células embriogenéticas a

partir de massas pró-embriogênicas e indução da embriogênese a partir de EZ

cultivados na presença de 2,4-D. Porém, a sincronização do desenvolvimento ainda

não foi alcançada e houve baixa freqüência de regeneração.

O presente estudo é importante e pode servir de embasamento para outros

experimentos com tecidos somáticos. As próximas investigações científicas deverão

caminhar para os aspectos que abordem as modificações das condições para

promover a maturação dos embriões somáticos, com a manipulação de substâncias

reguladoras de crescimento em meio à cultura que poderão contribuir para a

superação desses obstáculos e a obtenção de um protocolo eficiente de

embriogênese somática para S. sessiliflorum. A sincronização do desenvolvimento e

a maturação de ES são pontos fundamentais definidos para a utilização comercial

desta tecnologia, com alto potencial para a produção massal de culturas

embriogenéticas (Burns e Wetzstein, 1997).

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104

4. CONCLUSÕES

O tipo de explante e os reguladores de crescimento utilizados para iniciar o

cultivo in vitro influenciaram na freqüência de indução de calos, embriões

somáticos e demais respostas morfogenéticas. Sobre explantes de segmentos de

hipocótilo e folhas cotilédones cultivados em meio de cultura MS suplementado

com ANA, KIN, 2,4-D e TDZ formaram-se calos, porém não ocorreu a indução da

rota embriogenética.

Este estudo apresentou as primeiras respostas quanto à indução de células

embriogenéticas a partir de massas pró-embriogênicas e a indução da embriogênese

direta a partir de EZ cultivados na presença de 2,4-D (5 e 10 mg L-1). A

suplementação do meio de cultura com KIN não incrementou a regeneração de

embriões somáticos. Outros experimentos devem ser realizados no sentido de

elucidar a maturação dos embriões somáticos, com a manipulação de substâncias

reguladoras de crescimento no meio de cultura que poderão contribuir para a

conversão dos embriões em plântulas.

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111

VEGETAL, Gramado, 2007. Anais... Gramado: Sociedade Brasileira de Fisiologia

Vegetal, 2007.

VIGANÓ, J.A. Morfogênese in vitro de Solanum sessiliflorum Dunal

influenciada pelo ácido naftalenoacético. Toledo: Universidade Paranaense, 2006,

13p. Monografia (Pós-Graduação em Biotecnologia e Análise da Biodiversidade).

VON ARNOLD, S.; SABALA, I.; BOZHKOV, P.; DYACHOK, J.; FILONOVA, L.

Developmental pathways of somatic embryogenesis. Plant Cell, Tissue and Organ

Culture, 69: 233-249, 2002.

WILLIAMS, E. G.; MAHESWARAN, G. Somatic embryogenesis: factors

influencing coordinated behaviour of cells as an embryogenic group. Annals of

Botany, 57: 443-462, 1986.

ZIMMERMAN, J.L. Somatic embryogenesis: a model for early development in

higher plants. The Plant Cell, 5:1411-1423, 1993.

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112

APÊNDICES

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113

Quadro 1A - Resumo da análise da variância para o comprimento (cm), diâmetro (cm), peso total (g), espessura do pericarpo (cm) e peso do conteúdo placentário (g) dos frutos de cubiu.

Fontes de GL Quadrados Médios

variação Comprimento

(cm)

Diâmetro

(cm)

Massa total

(g)

Espessura

(cm)

Massa da polpa

(g)

Variedades (V) 1 3,128167 ** 1,048082 ** 584,625735 ** 0,002407 ns 1719,81188 **

Erro 58 0,157743 0,079935 63,399364 0,008399 136,393201

Total 59

Média geral 6,054 3,8501667 50,44 0,48 23,57

CV (%) 6,56 7,34 15,79 19,2 49,55

** P<0,01; * P<0,05; ns = não significativo P>0,05

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114

Quadro 2A - Resumo da análise da variância para a firmeza (MPa), sólidos solúveis totais (SST) (ºBrix), pH e acidez total titulável (ATT) (g/100g).

Fontes de Quadrados Médios

Variação GL Firmeza

(MPa)

SST

(ºBrix)

ATT

(g/100g)

pH

Variedades (V) 1 0,04374 ns 0,586082 * 0,363482 * 0,006615 ns

Ethephon (E) 1 0,020167 ns 0,360375 ns 0,339002 * 0,187042 *

Tempo (T) 4 0,446473 ** 0,224098 ns 1,035110 ** 0,356422 **

V x E 1 0,003527 ns 0,127882 ns 0,110082 ns 0,054602 ns

V X T 4 0,065973 ** 0,194832 ns 0,058498 ns 0,035794 ns

E x T 4 0,001350 ns 0,179892 ns 0,175152 ns 0,014029 ns

V x E x T 4 0,003493 ns 0,064448 ns 0,009307 ns 0,011214 ns

Erro 40 0,014502 0,129010 0,072633 0,027852

Total 59

Média geral 0,21 3,85 1,89 3,45

CV (%) 56,54 9,33 14,21 4,83

** P<0,01; * P<0,05; ns = não significativo P>0,05

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115

Quadro 3A - Resumo da análise da variância para a razão SST/ATT, umidade (%), cinzas (%) e perda de matéria fresca (%)

Fontes de Quadrados Médios

Variação GL SST/ATT

Umidade

(%)

Cinzas

(%)

Perda de matéria fresca

(%)

Variedades (V) 1 0,000882 ns 11,068215 ns 0,216000 ns 1,040167 ns

Ethephon (E) 1 1,737402 * 0,161202 ns 0,012907 ns 6,706727 ns

Tempo (T) 4 2,731111 ** 0,669103 ns 0,276554 * 129,106063 **

V x E 1 0,151002 ns 0,004335 ns 0,518940 * 7,058940 ns

V X T 4 0,245902 ns 1,913936 ns 0,062429 ns 0,976846 ns

E x T 4 0,211889 ns 1,155439 ns 0,093544 ns 2,885356 ns

V x E x T 4 0,123781 ns 0,238789 ns 0,054486 ns 1,480486 ns

Erro 40 0,263785 3,149787 0,073140 5,314585

Total 59

Média geral 2,24 91,09 1,60 4,34

CV (%) 22,95 1,95 16,85 53,10

** P<0,01; * P<0,05; ns = não significativo P>0,05

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116

Quadro 4A - Resumo da análise da variância para a luminosidade, cromaticidade e ângulo de cor da casca.

Fontes de Quadrados Médios

Variação GL Luminosidade Cromaticidade Ângulo

Variedades (V) 1 79,074240 ** 100,647402 * 73,062735 ns

Ethephon (E) 1 374,400240 ** 1272,269402 ** 692,716282 **

Tempo (T) 4 658,104088 ** 2486,844861 ** 2987,064132 **

V x E 1 146,765760 ** 270,895002 ** 57,330375 ns

V X T 4 0,654686 ns 6,826481 ns 19,247177 ns

E x T 4 25,688678 * 102,272306 ** 110,667132 **

V x E x T 4 8,291289 ns 17,924956 ns 12,279633 ns

Erro 40 6,996720 22,663450 21,668880

Total 59

Média geral 48,50 42,13 94,52

CV (%) 5,45 11,30 4,92

** P<0,01; * P<0,05; ns = não significativo P>0,05

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117

Quadro 5A - Resumo da análise da variância para os caracteres CO2 (mg kg-1 h-1) e etileno (µL kg-1 h-1)

Fontes de Quadrados Médios

Variação GL CO2 Etileno

Variedades (V) 1 149,092212 ns 449,284145 ns

Ethephon (E) 1 336,938719 ns 4535,038667 *

V x E 1 117,546296 ns 2214,845472 ns

Erro 8 73,758295 738,158788

Tempo (T) 12 225,080134 ** 2214,147996 **

V X T 12 21,700565 ** 63,190426 ns

E x T 12 29,977357 ** 334,162911 *

V x E x T 12 19,377799 ** 435,680700 **

Erro 96 7,849424 144,812271

Total 155 155

Média geral 20,13 10,98

CV 1 (%) 42,6 247,47

CV 2 (%) 13,9 109,61

** P<0,01; * P<0,05; ns = não significativo P>0,05

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