fim da monarquia e implantação da república

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE PORTUGAL – 6º ano 1 A QUEDA DA MONARQUIA E IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA Introdução Portugal foi, desde a sua fundação, governado por reis. A essa forma de governo chama-se Monarquia. A Monarquia de Portugal foi o regime político que vigorou entre 1143 e 1910. No entanto, nos finais do século XIX, havia muitas pessoas que achavam que a monarquia não era a melhor forma de governar um país: o rei reinava a vida toda e quando morria era o filho mais velho, o príncipe, que tomava o seu lugar. Os problemas que as pessoas viam na monarquia eram muito simples: - E se o rei governasse mal? - E se fosse cruel para com os súbditos (o povo)? - E se ficasse doente ou louco? - E se tivesse ideias extravagantes que prejudicassem as pessoas? - E se decidisse mal sobre coisas importantes para o país? - E se se deixasse influenciar demais por pessoas com más intenções? As vantagens de uma forma de governar diferente desta eram melhor vistas por muitos. Seria um sistema diferente: uma república. As repúblicas têm dirigentes eleitos por períodos de tempo mais curtos, e o controlo do poder é mais eficaz. O chefe de Estado é o presidente que é eleito pelos cidadãos, ou, pelos seus representantes. A duração do mandato presidencial é limitada por lei, quatro anos. Por tudo isto, grupos de cidadãos portugueses, partidários de um sistema de governo republicano, foram-se revoltando e acabaram por conseguir terminar com a monarquia e implantar a República, como vinha acontecendo noutros países da Europa. Isto aconteceu a 5 de outubro de 1910. Bandeira da Monarquia

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Page 1: Fim da monarquia e implantação da república

HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE PORTUGAL – 6º ano 1

A QUEDA DA MONARQUIA E

IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA

Introdução

Portugal foi, desde a sua fundação, governado por reis. A essa

forma de governo chama-se Monarquia. A Monarquia de Portugal

foi o regime político que vigorou entre 1143 e 1910.

No entanto, nos finais do século XIX, havia muitas pessoas que

achavam que a monarquia não era a melhor forma de governar um

país: o rei reinava a vida toda e quando morria era o filho mais velho,

o príncipe, que tomava o seu lugar.

Os problemas que as pessoas viam na monarquia eram muito simples:

- E se o rei governasse mal? - E se fosse cruel para com os súbditos (o povo)? - E se ficasse doente ou louco? - E se tivesse ideias extravagantes que prejudicassem as pessoas? - E se decidisse mal sobre coisas importantes para o país? - E se se deixasse influenciar demais por pessoas com más intenções?

As vantagens de uma forma de governar diferente desta eram melhor vistas por muitos. Seria um sistema diferente: uma república.

As repúblicas têm dirigentes eleitos por períodos de tempo

mais curtos, e o controlo do poder é mais eficaz. O chefe de

Estado é o presidente que é eleito pelos cidadãos, ou, pelos

seus representantes. A duração do mandato presidencial é

limitada por lei, quatro anos.

Por tudo isto, grupos de cidadãos portugueses, partidários de um sistema de governo republicano, foram-se revoltando e acabaram por conseguir terminar com a monarquia e implantar a República, como vinha acontecendo noutros países da Europa.

Isto aconteceu a 5 de outubro de 1910.

Bandeira da Monarquia

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE PORTUGAL – 6º ano 2

O descrédito da Monarquia

Nos finais do século XIX, Portugal continuava a ser um país predominantemente agrícola. As importações continuavam a aumentar em relação às exportações (balança comercial deficitária), pois a produção industrial nacional não se tornou competitiva em termos de qualidade e quantidade. Para contrariar esta situação económica, o Estado recorria ao aumento dos impostos ou pedia novos empréstimos para pagar os anteriores.

Deste modo o país apresentava um panorama negro no que diz respeito à economia, política e sociedade.

Não admira que Portugal também tenha entrado na grave crise económica e financeira que afetou toda a Europa. Em Portugal afetou, em especial, os bancos e empresas.

As consequências refletiram-se num grande descontentamento da população em especial a classe média e o operariado pois eram os mais atingidos pelos impostos, inflação e desemprego, baixos salários e muitas horas de trabalho diário.

Inevitavelmente as pessoas começaram a culpar a Monarquia destas medidas. Neste contexto surge em Portugal a difusão das doutrinas socialistas e republicanas. O seu objetivo era transmitir novas ideias a fim de salvar o país da situação caótica em que se encontrava.

O partido socialista, foi então fundado em 1875 com vista a preparar a classe operária para novos ideais. Por outro lado o partido Republicano, constituído em 1876, pretendia a queda da Monarquia e substitui-la por uma República.

A queda da monarquia em Portugal

A monarquia acabou por várias razões: o descontentamento da população (que originou grande número de greves), a crise económica, a instabilidade política (sucessivos governos monárquicos) a questão Africana e o Ultimato, a ação do partido Republicano e o regicídio.

Aqueles que eram pobres estavam cada vez mais pobres, o rei e a família real gastavam cada vez mais dinheiro do reino, a alta burguesia enriquecia cada vez mais com os seus lucros e os governos da monarquia não conseguiram melhorar as condições de vida do povo.

Entretanto, os países europeus mais industrializados, começaram a organizar expedições ao continente africano, para ocupar os territórios mais ricos em ouro, algodão, diamantes e café. Esses países juntamente com Portugal reuniram-se na Conferência de Berlim, aí ficou decidido que

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE PORTUGAL – 6º ano 3

as terras africanas seriam de quem as ocupasse efetivamente. Mas Portugal tinha de defender os seus interesses, e em 1886 apresentou aos países mais interessados um mapa (chamado Mapa Cor-de-Rosa) em que exigia para si os territórios compreendidos entre Angola e Moçambique.

Em 11 de janeiro de 1890, como Inglaterra não aceitou as exigências dos

portugueses, apresentou-nos um Ultimato, ou os portugueses desocupavam os territórios situados entre Angola e Moçambique, ou o governo inglês declarava guerra a Portugal, e assim o governo português viu-se obrigado a aceitar o Ultimato.

Mas, por esta altura os Republicanos achavam que à frente do país não

devia estar um rei, mas sim um presidente eleito pelos portugueses. Assim, em 31 de janeiro de 1891 deu-se, no Porto, a primeira revolta armada contra a monarquia.

Mais tarde, no dia 1 de fevereiro de 1908

dá-se um atentado contra a família real, onde são mortos o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro, D. Luís Filipe (regicídio). E com as suas mortes foi aclamado rei D. Manuel II.

Assim, com todas estas razões para a

queda da monarquia na madrugada do dia 4 de outubro de 1910 inicia-se em Lisboa, a revolução republicana. A revolução saiu vitoriosa e na manhã de 5 de outubro de 1910, José Relvas proclama a República, na varanda da Câmara Municipal de Lisboa. D. Manuel II e sua mãe, D. Amélia, embarcaram, na Ericeira, rumo ao exílio.

O regime republicano Depois de proclamada a República, constituiu-

se um governo provisório, presidido por Teófilo Braga e redigiu-se uma nova Constituição Republicana.

O país foi ainda marcado por uma nova bandeira, um novo hino, a Portuguesa, e uma nova moeda, o escudo.

A 21 de agosto de 1911, a Constituição Republicana foi aprovada. Esta adotava o sistema liberal de divisão e independência dos três poderes (executivo, legislativo, judicial) e estabelecia um regime democrático parlamentar (o poder legislativo era superior ao poder executivo). A Constituição Republicana ficou conhecida como a Constituição de 1911

Manuel de Arriaga foi o 1º Presidente da República eleito pelo povo.

Com a entrada do novo regime, outras medidas marcaram a sua ação,

como por exemplo a Laicização do Estado que consiste em tornar o Estado

independente da Igreja, ou seja, é rejeitada a influência que a Igreja possa

Teófilo Braga

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE PORTUGAL – 6º ano 4

exercer sobre as decisões tomadas pelos governantes. Considera-se ainda que

os assuntos religiosos pertencem à vida privada de cada pessoa. Atualmente,

Portugal continua a ser um Estado laico. Outras medidas foram a

nacionalização dos bens da Igreja, legalização do divórcio e a obrigatoriedade

do registo civil aplicado aos nascimentos, casamentos e óbitos (tarefa feita

apenas pela Igreja e agora apenas da responsabilidade do Estado); a

igualdade de direitos dos cônjuges e entre filhos legítimos e ilegítimos.

As diferenças acentuam-se ainda ao nível da educação: criaram-se escolas

públicas, jardins-escola e escolas primárias, além da criação das Universidades

de Lisboa e Porto. A escolaridade passa a ser obrigatória entre os sete e os

dez anos. Assim, a taxa de analfabetismo (que rondava os 70%) foi reduzida e

os níveis de ensino melhorados.

Para além da redução das despesas com a queda da monarquia, os

republicanos preocuparam-se em pôr em prática os seus ideais de liberdade e

igualdade.

A situação de Portugal melhorou muito com as medidas tomadas, em

especial com a proteção à velhice e à doença, o direito à greve e a redução

das horas de trabalho para 42 horas.

Apesar de todo este esforço, o novo governo não foi capaz de impor o

cumprimento de todas as medidas. Como muitos patrões não cumpriam as

medidas favoráveis aos trabalhadores, estes continuaram a viver com grandes

dificuldades. Logo em 1911, o Partido Republicano dividiu-se em vários

partidos rivais, facto que provocou grande instabilidade política, pois raramente

um partido conseguia a maioria absoluta no Parlamento.

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE PORTUGAL – 6º ano 5

Conclusão

O esquema seguinte procura sintetizar todos os acontecimentos relevantes

que levaram à queda da Monarquia e as medidas implementadas pela 1ª República.

FONTES DE INFORMAÇÃO:

http://www.historiadeportugal.info/crise-e-queda-da-monarquia (consultado em 13/02/16)

http://historianove.webnode.pt/news/portugal (consultado em 12/02/16)

Manual escolar: “ O Fio da História”, 9º ano, Ana Rodrigues Oliveira e outros, Texto Editores

Manual escolar: “HistGeo 6”, Aníbal Barreira e outros, Edições Asa

Dinis Courela, nº 7 6º A