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1 FILOSOFIA DA RELIGIÃO 6 WWW.fadtefi.com.br

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    FILOSOFIA DA RELIGIO 6

    WWW.fadtefi.com.br

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    PhD.NILSON CARLOS DA CRUZ

    FILOSOFIA DA RELIGIO

    Edio 11 / 2013 FADTEFIFADTEFIFADTEFIFADTEFI Editora

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    A REPRODUO TOTAL OU PARCIAL S PERMITIDA MEDIANTE

    AUTORIZAO EXPRESSA DO AUTOR.

    Critrios: Capa:Nilson Carlos da Cruz Reviso Ortogrfica:Pelo Autor

    Copyright c Nilson Carlos da Cruz

    Ficha Catalogrfica: __________________________________________________________________

    Cruz,Nilson Carlos da. Filosofia da Religio / Nilson Carlos da Cruz- Itu (SP):Editora Fadtefi,2010. 360 p. ; 21,5 cm.

    ISBN 978-85-62620-13-3

    1.Filosofia (comentrios). I .Ttulo. _________________________________________________________________

    Ficha Catalogrfica elaborada pela Faculdade de Teologia Filadlfia DCF 0005

    Editora Fadtefi LTDA Rua Alcidia Castanha dos Santos, 145-Potiguara-Itu-So Paulo-CEP 13.312-794 Fone:(11) 4022 3947 / www.editorafadtefi.com.br

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    Sumrio

    1 A Perfeio na Filosofia 7 2 Introduo a Filosofia Da Religio 12 3 Religio e a Cincia 16 Lio 1 24 4 Religies e Filosofias Ocidentais e Orientais 29 Lio 2 45 5 O Conhecimento que Produz Bom Efeito 49 6 Os Vrios Tipos de Realismo 56 Lio 3 63 7 O Conhecimento Espiritual e a Conscincia Humana 70 8 O Aspecto Histrico das Religies 80 Lio 4 86 9 Astrologia, Esoterismo, Bruxaria e Magia ,Budismo e Maometalismo 97 Lio 5 107 10 O Judasmo 113 Lio 6 126 11 Espiritismo (Eepiritualismo) e Hindusmo 136 Lio 7 145 12 Cristianismo 152 Lio 8 165 Bibliografia 169

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    Prefcio

    A todos os leitores desta obra, ofereo-a com todo prazer,dedicao e respeito,pois fruto de uma rdua pesquisa,tenho certeza de que ao ler este livro,o caro leitor no vai desperdiar seu tempo. Dediquei um tempo da minha vida para trazer ao pblico brasileiro este trabalho;e agradeo ao Eterno Deus que me ajudou nessa empreitada.

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    Introduo

    Este livro est dividido em 8 partes que subentende-se 8 lies, com um total de 50 exerccios cada lio. E suas respostas esto em negrito e itlico no decorrer de cada lio;e os exerccios contm duas alternativas; uma certa e uma errada;para quem esta estudando com o E-book, poder observar que suas lies esto disponveis; s preencher e enviar.

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    1 A Perfeio na Filosofia

    LIO 1 O termo latino pefectio significa perfeio. A forma verbal repousa sobre per, atravs, e facere, fazer, com o seno de ter sido feito completamente, estar perfeito. caso de pessoas e de coisas, isso aplica-se com justeza ao caso de Deus, no tocante suas obras, embora no no tocante essncia de seu ser. Na filosofia, o termo perfeio aplica-s principalmente a Deus; e, em sentido derivado, a homem.

    Ideias de Vrios Filsofos

    Xenfanes referia-se a Deus como imutvel, dotado de propriedades como onipresena e onipotncia. Sua filosofia no podia entender um Deus mutvel. Plato falava sobre as Idias como imutveis, desligadas do tempo, perfeitas. As coisas deste mundo dos Particulares podemos avanar, ocultamos o vcuo em nosso conhecimento por meio de um omni. Outrossim, at aquele ponto podemos apresentar uma descrio que depende da experincia e da linguagem humanas. Porm, como poderamos descrever algo divino com tais elementos? As pessoas com inclinaes religiosas respondem a essas objees, dizendo que, apesar de ser verdade, mediante uma anlise filosfica, que so negativos os grandes termos que tentam descrever a Deus, por outra parte, ainda assim podemos sentir a grandiosidade de Deus, indicando esse sentimento (posto que no a compreenso intelectual) por meio de um omni ou de algum outro vocbulo de significao profunda, H verdade por detrs desses sentimentos, e no precisamos sacrificar essa verdade, a despeito de nossos fracos meios de investigao. Ademais, h experincias humanas bastante incomuns, conforme v no misticismo; e essas experincias levam-nos para alm do baixo teto que o positivismo impe sobre as nossas cabeas. A experincia humana mais rica, mais completa e mais significativa do que os filsofos positivistas imaginam, pelo que essa experincia pode ser invocada em defesa dos conceitos religiosos, por mais imperfeitos que os mesmos possam ser. Ningum precisa da perfeio para sentir a de algo. Essa grandiosidade est disseminada por toda a existncia. A soma total da vida realmente estarrecedora em sua grandiosa e talvez no seja um exagero Usar o vocbulo perfeito para descrever a Fonte do tremendo espetculo que podemos observar dia aps, ou seja, o nosso mundo fsico, so o contrrio disso, meras imitaes daquilo que imutvel e perfeito. Em seu dilogo, Leis, ele chegou a substituir o termo Idias pelo termo Deus. E isso, provavelmente, representava uma antiga forma de monotesmo, completa com vrias descries judaico-crists. Aristteles. Para ele, a perfeio se encontrava no Movedor Inabalvel, o seu conceito de Deus como uma fora csmica. Deus seria uma fora (um ser) de Forma Pura e de Ato Puro, onde todas as potencialidades tm cumprimento. Isso distinguiria Deus de todos os outros seres, que ainda esto em processo de concretizao, o que significa que tm deficincias. Todos os demais seres seriam um misto de concretizao e potencialidade. A perfeio de Deus, porm, implicaria na imutabilidade. Jesus Cristo, apesar de no podermos consider-lo um filsofo, ainda assim precisa ser levado em conta neste verbete, visto que as suas idias revestem-se de vasta

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    importncia filosfica. Cristo achava em Deus todas as perfeies, e tambm fazia de Deus o alvo de toda busca pela perfeio (ver Mat. 5:48). Anselmo, Seu conceito ontolgico depende do conceito da perfeio divina. Somente um Deus que realmente existe pode ser chamado perfeito. Portanto, o conceito da perfeio precisa incluir a idia de existncia. Deus Aquele que melhor ser do que no ser, e nisso ele atinge e exprime a perfeio, em cada categoria. Apesar desse tipo de argumentao parecer estar baseado somente na razo, podendo assim ser uma inveno intelectual, que no reflete a verdade, torna-se claro, nos escritos de Anselmo, que ele estava dependendo de revelaes e experincias msticas como base de sua teoria. Ademais, naturalmente ele pressupunha que a razo humana encontra infinitude na mente divina, ou seja, capaz de criar tais proposies que correspondam realidade dos fatos. Toms de Aquino empregou uma forma do que agora chamado de Argumento Axiolgico, alicerado sobre o conceito de que graus de perfeio requerem o pensamento de que deve haver um grau mximo de perfeio. Quando chegamos a esse grau mximo, encontramos Deus, que a fonte e o padro de todas as perfeies. Deus a concretizao de toda perfeio. Todas as demais coisas tm algum grau de concretizao; mas consistem, principalmente, em potencialidade. O termo grego xios (valioso) veio a ser usado para referir.se a todos os- valores ticos, estticos e metafsicos. Leibnitz definia Deus como a somatria de todas as perfeies, Ele chegou a essa definio separando entre si todas as propriedades individuais de Deus. Todas elas so perfeitas em si mesmas; e, consideradas conjuntamente, acrescentam ao Ens Realissimum (o mais real e mais perfeito dos Seres, a fonte de todas as outras perfeies). Ele a grande Mnada que trouxe existncia todas as outras mnadas, de que todas as coisas esto constitudas, e que foram programadas por ele. Ferguson fazia da perfeio o alvo de toda vida individual e coletiva; o critrio de todas as consideraes de certo ou errado seria a perfeio. Ele procurou uniflar todas as teorias ticas com base no critrio da perfeio. Cousin, por sua vez, pensava que esse critrio superior a todos os demais critrios, como o prazer, o benevolncia, a utilidade, etc. Herbart julgava que o conceito da perfeio uma das cinco relaes bsicas da vontade, ou seja, daquilo que constitui a vontade. O homem deseja chegar perfeio. As outras quatro qualidades da vontade so: a harmonia, a benevolncia, a lei e a eqidade. Fechner, em oposio a muitos outros pensadores, defendia a idia de uma perfeio crescente, a qual, obviamente, no a perfeio em sentido absoluto. Ele acreditava que Deus pode ultrapassar a si mesmo, embora nenhum outro ser seja capaz de ultrapassar a Deus. Isso posto, as perfeies de Deus iriam sempre aumentando. Essa idia, como claro, fala sobre um Deus finito, que vai avanando para uma expresso mais perfeita. Alguns poucos telogos cristos vm advogando a idia de um Deus finito, com base no problema do mal. Assim, h coisas erradas, neste mundo, porque Deus, apesar de ser muito grande, no era grande o bastante para impedir completamente a presena do mal. T.H. Green referia.se perfeio humana em termos de organizao social objetiva, com suas lutas e realizaes. A auto-realizao o alvo de cada indivduo,e- a perfeio humana (individual e coletiva) o afiro da prpria sociedade. Faz parte do dever do Estado prover condies adequadas para que todos possam atingir esse alvo. Em conseqncia, em sua filosofia, os direitos do indivduo esto acima dos direitos do Estado. Hartshorne tinha um conceito curioso da perfeio, algo parecido com o de Fechner, mas com uma leve distoro. Ele usava a palavra surrelativo (que, provavelmente, no se acha nos dicionrios), a fim de descrever seu ponto de vista. Essa palavra vem do latim, sur, alm, e relativus, do latim posterior, com base no termo latino clssico relatus, relativo.

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    Assim, a palavra surrelativo indica algo que vai alm do relativo. Deus, pois, no seria absoluto, mas relativo, podendo ultrapassar a si mesmo. Em um dado momento, Deus o Mximo Absoluto presente. Mas, na verdade, um absoluto nunca realmente atingido enquanto Deus no se ultrapassa a si mesmo, criando um novo mximo. Deus capaz de ultrapassar a si mesmo. Isso posto, ele apresenta -a perfeio em qualquer dado momento, mas pode melhorar a sua prpria perfeio; e, em conseqncia, ele seria um Deus surrelativo. O positivismo ensina que todos os termos da linguagem humana resultam da experincia humana, podendo ser postos a servio da descrio dos conceitos metafsicos. De fato, esses conceitos no podem ser investigados, pelo que so destitudos de sentido, segundo os termos humanos. Portanto, intil falar sobre um termo to amplo quanto perfeio, como se pudssemos saber que qualquer coisa perfeita. Alm disso, a filosofia da linguagem tem-nos ensinado que qualquer termo absoluto, como o omnis de onipotente, de onisciente, etc., na realidade um termo negativo. Chegamos a um certo ponto, em uma descrio, e ento, quando no mais

    Religio

    A palavra portuguesa religio vem do latim, religare, religar, atar. A aplicao bsica dessa palavra a idia de que certos poderes sobrenaturais podem exercer autoridade sobre os homens, exigindo que eles faam certas coisas e evitem outras, forando-os a cumprir ritos, sustentar crenas e seguir algum curso especifico de ao. Em um sentido secundrio, a denominao religiosa de algum tambm exerce tais poderes. Precisamos respeitar as atitudes e as regras da comunidade religiosa a que pertencemos, se queremos fazer parte da mesma. E, como natural, tambm estamos obrigados por conscincia, visto que o homem, por natureza, um ser religioso. O homem tem foras, dentro de si, que o foram a assumir e a seguir certas idias religiosas e ticas, embora ele no as compreenda bem, levando-o a pr em ao essas imposies. Em tudo isso, no podemos olvidar o poder mandatrio do Esprito de Deus, o que assegura que nenhum ser humano consegue escapar de sua prpria conscincia religiosa. Ver Joo 14:26. Paulo argumentou com base na religio natural, no primeiro captulo de Romanos, dando a entender que, devido ao prprio testemunho da natureza, embora sem contar com a revelao divina, o homem est obrigado, por sua prpria conscincia, a crer em certas realidades. Alguns cristos fazem objeo ao uso da palavra re1igio, como se o cristianismo fosse to distinto e superior s demais religies do mundo que esse vocbulo no pudesse ser apropriadamente aplicado a f crist. Porm, assim fazendo, eles esto dando sua prpria definio ao termo, uma definio inaceitvel para os autores de dicionrios e enciclopdias, conforme se verifica nas discusses dos filsofos e dos telogos. Definies Tentativas. A filosofia analtica tem-nos ensinado que no podemos definir qualquer vocbulo muito rico, como verdade, beleza, justia., etc. O mximo que conseguimos, nesses casos, apresentar uma srie de descries, cada uma delas incompleta em si mesma, embora, reunindo todas elas, possamos derivar idias gerais sobre os assuntos em foco. Consideremos os pontos abaixo: A religio um sistema qualquer de idias, de f e de culto, como o caso da f crist. A religio consiste em crenas e prticas organizadas, formando algum sistema privado e coletivo, mediante o qual uma pessoa ou um grupo de pessoas so influenciados. Uma instituio com um corpo autorizado de comungantes, os quais se renem regularmente para efeito de adorao, aceitando um conjunto de doutrinas que oferece algum meio de relacionar o indivduo quilo que considerado ser a natureza ultima da realidades.

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    Um uso popular do termo aquele que pensa que religio qualquer coisa que ocupa o tempo e as devoes de algum. Assim, as pessoas costumam dizer: O trabalho dele a sua religio, ou ento: O comunismo uma religio, etc. H nisso uma certa verdade fundamental, visto que aquilo que ocupa o tempo de uma pessoa usualmente algo a que a ela devota, mesmo que no envolva a afirmao da existncia de algum Ser Supremo ou de seres superiores, porquanto a devoo encontra-se raiz de toda religio. Definies restritas, como aquela de Karl Barth, no permitem que a f crist seja considerada uma religio. Para ele, a religio envolvia a piedade humana e a auto-justificao, parte de qualquer revelao divina. O cristianismo, como f revelada, no poderia ser assim considerado. Mas essa definio artificial, que envolve modificao no sentido comum da palavra. Bonhoeffer falava sobre um cristianismo no-religioso, sem quaisquer exigncias morais e espirituais, embora existente sob a forma de ritos e de convivncia, que pouco ou nada fazem em favor das almas. China, declarou que a religio o pio do povo, ele falava sob uma influncia idealista especfica, que se ajustava sua filosofia comunista. Uma definio ecltica e funcional: o reconhecimento da existncia de algum poder superior, invisvel; uma atitude de reverente dependncia a esse poder, na conduta da vida; e manifesta-se por meio de atos especiais, como ritos, oraes, atos de misericrdia, etc., como expresses peculiares e como meios de cultivo da atitude religiosa.

    Opinies;Filosofia da Religio

    A Razo na Religio. A histria da religio acompanha a histria da humanidade. Onde estiver o ser Isumaiso, ai estar, igualmente, a religio. O animismo parece ser o mais antigo sistema religioso. Herclito (500 A.C.) criticou as. supersties da antiga religio dos gregos. Xenfanes (500 A.C.) criticou o politesmo dos gregos, com seus deuses caracterizados por uma baixa moralidade, e procurou promover um antigo monotesmo entre o seu povo. Scrates (450 A.C.) abordou principalmente questes ticas, as quais so extremamente importantes para a f religiosa, e declarou sua f em Deus e na alma. Plato (400 A.C.) idealizou um nobre sistema religioso que estava nos padres e crenas espirituais. Seu dualismo foi emulado pelo pensamento cristo, como tambm algumas de suas idias sobre a alma. Seus conceitos sobre as Idias ou Universais proveram muitos atributos tradicionalmente atribudos a Deus, como infinitude, eternidade, vida fora do tempo, vida fora do espao, onipotncia, onipresena, realidade, etc. Ele misturava suas idias com noes orientais a respeito da alma, da reencarnao e da responsabilidade (karma). Tambm fez o contraste entre o meramente perene (existncia para sempre) e o eterno (participao na natureza divina). Destarte, ele trouxe tona a qualidade da vida divina, ultrapassando em muito a ideia da existncia interminvel. Ele concebia um drama sagrado da alma, a qual busca purificao e espiritualizao, o que tem inspirado a muitos pensadores. Os primeiros pais da Igreja, mormente aqueles da tradio grega, expressaram sua teologia por meio das idias filosficas e da terminologia de Plato. O neoplatonismo, um grande movimento religioso, por muitos sculos esteve completamente alicerado sobre as idias platnicas. Os apologistas cristos estavam divididos entre o uso da filosofia e da razo. Tertuliano e seus seguidores rejeitaram totalmente o uso desses meios. No obstante, ele defendeu seus pontos de vista com argumentos filosficos! Por causa disso, os filsofos nunca o perdoaram. Justino Mrtir, Clemente, Orgenes e os seus seguidores

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    encontravam muito uso para a filosofia na religio, considerando os melhores aspectos da filosofia, como a de Plato, como um mestre-escola que tendia por conduzir os gregos a Cristo, da mesma maneira que a lei de Moiss teve essa funo no caso dos judeus. Os destas defendem a religio natural, em lugar do sobrenaturalismo. Nomes atrelados a essa atividade so Findal, William Wolleston e Thomas Chubb. Holbach supunha que a religio no dotada de qualquer conhecimento certo, e que se quisermos ter tal conhecimento teremos que nos voltar para a cincia. E, segundo ele, quando fazemos isso, abandonamos a religio, como uma inquirio inferior. Ele opinava que o cristianismo uma superstio. Muitos cientistas tm assumido essa viso geral bastante baixa da religio. Kant no podia encontrar apoio para a f religiosa em suas proposies derivadas da experincia (empirismo), mas descobria certa justificao para as principais crenas religiosas em seus postulados, que ele fazia derivar da razo, da intuio e das experincias msticas. Ele negava os argumentos tradicionais em favor da existncia de Deus (derivados, principalmente, da experincia e da razo), mas apoiava a crena na existncia de Deus sobre bases morais. E ele tambm defendia a existncia da. alma, como algo necessrio para qualquer hgido sistema filosfico. Sem Deus e sem a alma, teramos o caos filosfico. Herder pensava que a religio est intimamente associada aos mitos e poesia. Hegel apresentou uma filosofia religiosa e mstica, que ele pensava ser superior s religies em geral. Todavia, entre as religies ele acreditava que o cristianismo oferece a sntese. Schleiermacher vinculava a religiosidade aos sentimentos de dependncia. Feuerbach entendia que as religies extrapolam para Deus as qualidades humanas, pelo que o corao da religio o ser humano. O positivismo lgico negava qualquer valor nas proposies metafsicas, fazendo da cincia o seu deus. Ora, a cincia est limitada percepo dos sentidos e suas manipulaes. Kierkegaard e os existencialistas percebiam multo desespero no mundo, enquanto que o homem estaria perdido com seu supremo livre-arbtrio. Os existencialistas ateus no viam como o homem poderia sair desse desespero, mas os existencialistas religiosos notavam veredas de escape, como a misso de Cristo e a significao dele. Ritschl e Troeltsch encaravam a religio como uma disciplina autnoma, com poderes que ultrapassam a capacidade da razo. Santayana via a religio como uma ponte entre a mgica e a cincia. Rudolf Otto ficou impressionado diante do Mysterium Tremendum e do Mysterium Fascinosum, salientando a transcendncia e as qualidades inspiradoras de respeito da religio. Ele centralizava seu conceito religioso sobre a idia da santidade. Cassirer concebia a religio como uma forma de comunicao metafrica, fazendo contraste com os smbolos usados pela cincia. Paul Tillich interpretava Deus como a base do ser e a religio como o objeto dos interesses finais do homem.

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    2 Introduo a Filosofia Da Religio

    A filosofia da religio no uma defesa das crenas religiosas (embora seja freqentemente usada nesse sentido); antes, um exame filosfico das crenas religiosas e suas implicaes.A filosofia da religio consiste apenas na anlise filosfica dos informes religiosos. Algumas das personagens acima alistadas foram autnticos filsofos da religio, mas outras foram telogos oi historiadores. Porm, todas aquelas pessoas participaram da filosofia da religio, por haverem expressado algumas idias interpretativas acerca da natureza da religio.

    Tipos de Religio

    Animista. Espritos, desencarnados ou no, servem de base para as crenas e os atos praticados pelo animismo. Fica entendida a proximidade do mundo dos espritos. Tais espritos seriam bons ou maus, podendo ajudar ou prejudicar ativamente aos seres humanos. Legalista. O principal elemento religioso, nessas religies, algum cdigo legal que governa todos os aspectos da vida do indivduo. Esse cdigo geralmente concebido como divinamente inspirado; o bem prometido queles que obedecem (algumas vezes esse bem a prpria salvao, como no judasmo); prometida a punio queles que desobedecem ao cdigo legal aceito. Ritualista. Nessas religies acredita-se que ritos e cerimnias agradam as divindades (ou Deus), e que aqueles que observam tais coisas sero beneficiados. Esses ritos, com freqncia, simbolizam crenas importantes, ou ento costumes e expectaes dos adoradores. As artes ocultas e as fs primitivas operam com base em ritos e encantamentos, como se essas coisas servissem para controlar os espritos, fazendo-os atuar para bem das pessoas, e para malefcio dos inimigos dos adoradores. Sacramentalista. Nessas religies, os sacramentos so tidos como meios de transmisso da graa divina e da atuao do Esprito de Deus. Usualmente, esse tipo de f religiosa tem sacramentos que s pertencem ao grupo, tornando-se assim meios de promover o exclusivismo. E usualmente essas religies pensam que sem o uso dos sacramentos, ministrados por indivduos devidamente autorizados, o Esprito de Deus no pode atuar Natural. A revelao divina ou rejeitada coma base dessas religies, ou ento, recebe uma posio meramente secundria. Para essas religies, Deus ter-se-ia manifestado na natureza, mostrando-se ativo nas faculdades racionais e intuitivas do homem. Portanto, seriam dispensveis a revelao divina e os livros sagrados. E o que haveria nessa revelao e nesses livros sagrados seriam noes errneas, pelo que no serviriam como guias fidedignos. Racional. A razo humana, para essas religies, algo to poderoso e expansivo que, na religio, nada mais se faria mister do que um apelo razo bem treinada e disciplinada. Usualmente as pessoas que sustentam esse ponto de vista do muito valor filosofia, onde a razo recebe a nfase mais proeminente. Revelatria. Tais fs religiosas estariam fundamentadas principalmente sobre supostas revelaes da parte de deuses, de Deus, do Esprito, de espritos desencarnados, ou de qualquer outro ser ou poder espiritual que d revelaes, as quais acabam cristalizadas em livros sagrados. Em sua maioria, as religies pertencem a essa categoria.

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    Mstica. Para tomarmos conhecimentos das coisas, contamos com a percepo dos sentidos, com a razo, com a intuio e com as experincias msticas. A maior parte das religies frisa o misticismo, do qual a revelao uma subcategoria, no tocante a seu conhecimento. Mas nem todas as religies, nem mesmo as de carter revelatrio, enfatizam a necessidade de experincias msticas pessoais, em nossos prprios dias, como algo necessrio ao desenvolvimento espiritual. Isso posto, as religies msticas tambm so revelatrias, mas tambm acreditam na necessidade de contnuas experincias msticas como meios de informao e de crescimento espiritual. Assim, a Igreja Catlica Romana sempre abriu espao para a f mstica, e as igrejas ortodoxas orientais dispem de muitas pessoas que buscam diligentemente a iluminao. Por sua parte, o protestantismo tradicional evita as experincias msticas. Na verdade, todas as pessoas religiosas carecem do toque mstico para receber iluminao e desenvolvimento espiritual. Precisamos de mais do que meramente estudar; mais do que meramente orar. Essas coisas no so contrrias s experincias msticas, e nem entram em competio com elas. Precisamos da presena do Esprito Santo, cada vez mais prximo, cada vez mais atuante em nossas vidas, sem a qual seremos pouco mais do que uma pilha de ossos secos. N.B: Os vrios tipos de religio alistados e discutidos acima no so necessariamente, contraditrios, e nem excluem outros tipos. Muitas pessoas religiosas combinam vrios tipos, formando algum sistema ecltico. Isso parece mais satisfatrio e til do que seguir apenas alguma dessas noes. Tipos Esprios de Religio. Muitas pessoas transformam a poltica, a cincia, suas carreiras ou suas ocupaes preferidas em religies ou quase-religies, porquanto tanto se consagram a essas atividades. Porm, nenhuma delas alguma religio autntica. Sacrificial. A leitura do Pentateuco basta para Mostrar-nos at que ponto a f dos hebreus era uma religio sacrificial, embora no fosse somente isso. De fato, os tipos de religio mesclam-se em qualquer f que queiramos considerar, e geralmente as religies progridem de um tipo para outro, ao longo de sua trajetria. O antigo hindusmo vdico serve-nos de exemplo de uma f que supunha que a salvao pode ser obtida atravs dos sacrifcios apropriados. Quase todos os hinos do Rig-Veda faziam-se acompanhar por sacrifcios. De mistura com o conceito dos sacrifcios, havia a importncia da expiao pelo sangue. As antigas idias incluam aquela que dizia que os deuses honrados por tais sacrifcios insuflam um santo poder no sangue dos sacrifcios, o qual assim bafejado com as virtudes e os poderes das divindades em questo. Porm, eis que surge o maior absurdo de todos: os sacrifcios humanos, o maior de todos os sacrifcios. Muitos estudiosos da Bblia indagam-se como Abrao poderia ter admitido tal coisa. Minha resposta pergunta que Abrao achava-se em uma situao histrica em que pensava que Deus poderia ter requerido tal coisa. Entretanto, ele estava equivocado, por mais sincero que tenha sido. E, na verdade, Deus no permitiu que ele oferecesse a seu prprio filho, Isaque (ver Gn. 22:11-13). Assim, a sinceridade jamais serve de guia seguro para a verdade, embora seja aconselhvel sermos sinceros quanto quilo em que cremos. O cristianismo uma religio sacrificial, no sentido de que Jesus Cristo reputado o sacrifcio supremo, necessrio salvao. Naturalmente, o cristianismo combina em si vrios tipos de religio, o que fica claro no decorrer da leitura deste verbete. Sacrifcio e Satisfao. Essa forma de religio que favorece uma forma ou outra da teoria da satisfao dada por meio de expiao. Em suas formas mais primitivas, Deus ou os deuses aparecem aplacados por tais sacrifcios e a ira deles desvia-se. Visto que Cristo o Cordeiro sacrificado do cristianismo, alguns telogos defendem alguma forma da teoria de satisfao por expiao.

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    A Religio e a Tolerncia Admira ver quo pouco a f religiosa contribui para que tantas pessoas amem a seus semelhantes e se mostrem tolerantes para com seus pontos de vista, se, porventura, no concordam com essas opinies divergentes. Um dos grandes escndalos da histria da religio consiste em quantas fs religiosas, perseguindo e matando os de f contrria. No podemos olvidar que a tolerncia apenas um alvo. Por detrs da tolerncia deve haver a compreenso, e por detrs da compreenso, o amor. Um homem espiritual, longe de mostrar-se perseguidor, mostra-se tolerante, da ele avanar para o entendimento esclarecido, e da partir para a lei do amor que abranja a todos os homens, da mesma maneira que Deus amou o mundo.

    Fator de Religio Essa expresso refere-se crena que as pessoas tm no poder determinador do destino de certos objetos, foras, poderes espirituais, ou qualquer outra coisa que faa parte da experincia humana. Infelizmente, as religies contm muitos desses fatores. E tambm haveria outros fatores influenciadores (conforme garante a astrologia), que afetariam os seres humanos, e que at se manifestariam em certas pessoas especialmente dotadas. Na verdade, porm, a alma, a entidade real de cada individuo, o principal fator determinador do destino. As coisas envolvidas nessa questo so a durao da vida de algum, o senso de bem-estar, o sucesso naquilo que tentado pelas pessoas, o que vulgarmente chamado de sorte, e, finalmente, a questo mais importante de todas, a condio da alma, aps a morte fsica. Mas, com isso, poucos se importam, at mesmo os mais crdulos em horscopos e coisas semelhantes. As religies so fatores importantes que dizem respeito ao destino humano, mas outras questes tambm esto envolvidas, e nenhuma delas deve ser esquecida, embora haja nisso toda uma hierarquia de valores. Em ltima anlise, Deus que determina o destino de cada ser humano, porquanto tudo foi criado por ele e para ele, conforme o Novo Testamento deixa abundantemente claro.

    Poderes da Religio Essa expresso alude queles poderes, reais ou imaginrios, associados s fs religiosas, formal ou informalmente, e que supostamente exerceriam influncias sobre as vidas das pessoas, no terreno fsico e no terreno espiritual, tanto nesta vida como na vindoura. Existiriam poderes invisveis, csmicos e impessoais que os homens no conseguem definir com exatido, mas que, conforme sentem, exercem influncia sobre eles, para melhor ou para pior. Esses seriam os poderes da natureza, como as foras fsicas, os signos da astrologia, certos objetos inanimados, como os amuletos, mas que so quase como seres vivos, na opinio de algumas pessoas. Se forem personalizados, esses poderes tornam-se divindades, fantasmas, espritos de mortos, heris (seres semi-deificados), sombras ou outras figuras da superstio popular. Na teologia mais sofisticada, como no monotesmo, Deus o grande poder que exerce controle sobre todas as coisas. E ento, em ramos especializados das religies, h outros poderes de grande importncia. Assim, no cristianismo temos o Logos, que se encarnou em Jesus Cristo, o Esprito Santo, os anjos; mas tambm santos e at demnios, estes ltimos encabeados por Satans. Algumas religies concebem que os ancestrais tornam-se poderes sobre as pessoas, provavelmente por serem ali deificados, recebendo ento alguma autoridade especial.

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    H sistemas em que esses poderes so arranjados em grandes hierarquias, cada nvel com seu respectivo grau de honra e de merecida ateno. Usualmente algum tipo de governo aparece associado a essas hierarquias.

    Religio a Posteori O conceito bsico, nesse caso, que as proposies da f religiosa so posteriores investigao emprica, e a esta dependentes. Usualmente, quando essa posio assumida, a religio torna-se uma forma de sociologia ou de psicologia, visto que ento perde suas razes transcendentais e msticas. E o resultado uma espcie de religio natural.

    A Religio a Priori A ideia bsica, para os que assim pensam, que as proposies da f religiosa so anteriores investigao emprica, e mesmo independentes dela. Tais proposies repousariam sobre a razo, a intuio e as experincias msticas.

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    3 Religio e a Cincia

    O termo cincia provm do latim sciens (entis), conhecimento e sua forma verbal scire, conhecer. Mas a cincia, como uma disciplina, destaca o caminho emprico do conhecimento, embora cientistas individuais acreditem, igualmente, na eficcia da razo, da intuio e at das experincias msticas para descobrimento e tomada de conhecimento de idias cientficas. a nfase da cincia sobre o empirismo, em contraste com a nfase das religies sobre o misticismo, que tem lanado uma contra a outra, em um conflito desnecessrio. A filosofia analtica tem-nos ensinado que nenhuma palavra de sentido muito abrangente, como verdade, beleza, cincia, religio, etc., pode ser devidamente definida de um flego s. Antes, s conseguimos dar uma srie de descries incompletas, as quais, em seu conjunto, podem conferir-nos uma noo regularmente boa do objeto assim descrito. A natureza da cincia um dos grandes problemas da filosofia. Antigamente, a cincia fazia parte da filosofia, onde ela teve o seu nascimento. Mas, separando-se da filosofia como uma disciplina a parte, logo a cincia tornou-se uma vasta srie de disciplinas, talvez ligadas entre si por certas idias comuns que giram em torno de procedimentos, e no de contedos. medida que a cincia foi-se desenvolvendo, foi ficando cada vez mais patente que h uma unidade de todas essas divises e disciplinas, visto que todos os ramos da cincia tratam da Grande Realidade que ou vemos com os olhos ou, de outra modo, percebemos com os nossos sentidos. As cincias tm sido divididas em dedutiva.s (como a matemtica) e indutivas (como a fsica). Essa uma diviso til; mas talvez, afinal, venha a ficar demonstrado que todos os aspectos da cincia so dedutivos, se o conhecimento chegar a dominar os essenciais e o contedo geral de todos os ramos do conhecimento. Talvez todas as coisas sejam fixas e exatamente o que so, e que nossas cincias apenas gradualmente cheguem a definir o que seja essa alguma coisa. Uma Questo de F. Chega a surpreender algumas pessoas que a cincia tambm envolva uma questo de f. Nenhuma investigao seria possvel sem a fixidez das leis da natureza, o que garante que um mesmo experimento, repetido sob as mesmas condies, produza o mesmos resultados. No poderia haver cincia sem o fato de que o universo ali fora de ns, de alguma maneira, misteriosamente corresponde s nossas mentes, e que as leis da natureza podem ser descobertas por via de experincias repetidas. Ora, essas leis sugerem a existncia de um Legislador. E assim, embora a cincia com freqncia seja declarada divorciada da religio, sempre volta mesma, por fora de suas prprias experincias. realmente admirvel que haja uma to teimosa invariabilidade na natureza, porquanto isso de maneira alguma fala sobre o caos e o acaso sobre os quais alguns cientistas gostam de falar.

    Algumas Definies da Cincia

    A cincia consiste no conhecimento dos fatos, fenmenos, leis e causas aproximadas, obtido e averiguado mediante observaes exatas, experincias organizadas e raciocnios corretos. A cincia uma classificao exata e sistemtica do conhecimento obtido atravs de experincias controladas que utilizam a percepo dos sentidos, com a ajuda de instrumentos de preciso, e projetadas por analogia. A cincia um departamento do

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    campo do conhecimento onde os resultados das investigaes foram sistematizados na forma de hipteses e leis gerais sujeitas verificao. Mtodo Cientfico. A cincia moderna continua a ser governada bem de perto pela filosofia estreita do Positivismo .

    Alguns Conflitos

    O conflito entre a cincia e a religio originou-se a princpio dos diferentes pontos de vista globais dos telogos e dos cientistas. Muitos telogos tm uma forte vontade de crer, e crem em quase qualquer coisa, e muitos cientistas tm a forte determinao de no crer, e terminam no ceticismo. Os telogos tm certeza da existncia de uma realidade invisvel, espiritual; e os cientistas tm certeza somente da realidade fsica, considerando tudo o mais com grande suspeita. Os cientistas no aceitam a autoridade de grupos religiosos, meramente porque algum profeta, em algum tempo no passado, disse alguma coisa que acabou ficando registrado em algum livro sagrado. Eles insistem que nossos lideres deveriam ser cientistas, e no sacerdotes ou pessoas religiosas. Tambm h a questo do mtodo. Os telogos e os msticos esto convencidos sobre o valor das experincias msticas, como as vises, os sonhos, as experincias intuitivas e as revelaes. Tendem por encarar essa questo em termos absolutos, razo pela qual afirmam que seus livros sagrados no encerram erros. Mas os cientistas conseguem encontrar um considervel nmero de erros, de vrias categorias, nos livros sagrados, e chegam a desconfiar do misticismo ou da revelao como um modo autntico e obter conhecimentos. Alm disso, os cientistas requerem que todo conhecimento seja obtido atravs dos mtodos empricos. Assim sendo, dotados de diferentes pontos de vista globais e usando mtodos diferentes, a cincia e a religio terminam em conflito.Esse conflito real, mas, segundo defino, aparente, por ser desnecessrio. Pois, uma vez que se obtenha conhecimento suficiente, desaparece o conflito entre a cincia e a religio. Podemos ter a certeza, porm, que para que isso suceda, tanto a cincia quanto a religio tero de sacrificar algumas de suas idias e tero de incorporar outras. Finalmente, haver um casamento, embora no parea que isso venha a suceder dentro de pouco tempo. No obstante, est havendo progresso nessa direo. O estudo sobre as Experincias Perto da Morte tem lanado luzes poderosas sobre a questo da existncia da alma e sua sobrevivncia ante a morte biolgica. Conflitos tradicionais entre a cincia e a religio tm envolvido questes como as seguintes: A terra e os demais corpos celestes movem-se? A cincia dizia sim; e a teologia dizia .no.. Alm disso, foi dito que a terra era o centro do universo. Os cientistas afirmavam na negativa, e os telogos, positivamente, porquanto dependiam de uma cincia e de um raciocnio antigos. Mas a nova cincia tornou a vencer nesse conflito. O conflito acerca de mtodos permanece de p. Todavia, est sendo obtida alguma reconciliao, e a religio comea a empregar alguns estudos cientficos em apoio a algumas de suas crenas, ao mesmo tempo em que alguns cientistas comeam a reconhecer que as experincias msticas podem render algum conhecimento genuno. De fato, alguns fsicos tericos esto falando sobre o universo quase nos mesmos termos usados pelos msticos. A teoria da evoluo continua sendo uma larga rea de conflito. O Criacionismo tambm um assunto disputado a ferro e fogo. A cincia, estritamente falando, no especula sobre as origens, mas muitos cientistas esto convencidos de que a matria eterna, aos moldes da filosofia grega. Mas os criacionistas acreditam em um comeo, mediante um ato criativo. Porm, alguns desses criacionistas chegam ao absurdo de supor que a terra tem apenas cerca de sete mil anos de idade, apesar do fato de que os radiotelescpios e

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    os telescpios de luz infravermelha possam capturar raios de luz que precisaram de dezessete milhes de anos para chegar ao ponto do universo onde est nosso globo terrestre. E assim prossegue a polmica. Mas, quando chegarmos verdade total, ver-se- que no h qualquer conflito entre a cincia e a religio. Contudo, o progresso nessa direo s pode ser medido em termos de meio sculo, ou mesmo de um sculo ou de vrios sculos.

    Informes Histricos Os filsofos pr-socrticos deram incio investigao cientfica com suas especulaes acerca das substncias bsicas de todas as coisas, como o fogo, a gua, a terra, o ar e algum elemento indeterminado, de onde esses elementos bsicos teriam surgido. A Academia de Plato interessou-se profundamente pela cincia, primeiramente pela matemtica, e em seguida pela biologia e pela zoologia. Um sobrinho de Plato, Espeusipo, que veio a encabear a academia, aps a morte de seu tio, era bilogo. Porm, na poca a cincia no dispunha de equipamentos e nem de laboratrios, pelo que ela era descritiva, e no experimental. Plato manifestou vrias idias sobre a natureza do universo e do homem, especialmente no tocante a como o mundo fsico duplica (de maneira inferior) o mundo invisvel, de essncia no-material. E essas noes tm exercido considervel influncia at os tempos modernos. De fato, a idia platnica universal-particulares est obtendo mais e mais o apoio dos cientistas modernos, conforme se v, por exemplo, na fotografia kirliana e nos estudos sobre os campos de vida. Seja como for, a metafsica e a cincia andam abraadas uma outra, nestes nossos dias, pelo menos quanto a certos aspectos do conhecimento. E essa tendncia por certo prosseguir. Aristteles, o mais brilhante dos discpulos de Plato, foi o maior cientista de seu tempo. Suas idias foram to poderosas e dominantes que prevaleceram at o alvorecer da -cincia moderna. Ele abandonou algumas das idias metafsicas de Plato, fazendo do mundo fsico (os particulares) objeto de suas investigaes. Isso constituiu um afastamento da cincia metafsica e uma aproximao na direo da cincia moderna. Em seus mtodos, Aristteles tambm se mostrou, essencialmente, um empirista, embora reconhecesse a legitimidade da intuio, a qual, surpreendentemente, fornece-nos discernimentos notveis quanto aos problemas. Seja como for, a abordagem eminentemente emprica de Aristteles foi uma das pedras fundamentais sobre a qual a cincia moderna veio a firmar-se. Outrossim, Aristteles negava a realidade separada do mundo das Idias ou Universais, postulada por Plato, vendo o universal somente quando associado ao particular, e no algo dotado de existncia distinta. A cincia experimental s brotou nos fins da Idade Mdia. As noes e os mtodos filosficos dos gregos dominaram a cincia at Coprnico. A ele seguiram-se Kepler e Galileu, e ento houve srias disputas entre os novos cientistas e os telogos e os filsofos. Foi por essa altura que a cincia comeou a abandonar as explicaes teolgicas do universo (explicaes teolgicas aliceradas sobre o escoiasticismo, apelando para Deus somente no que diz respeito s origens absolutas). O aristotelismo foi sendo gradualmente destronado, O ridculo julgamento de Galileu, em 1632, por parte de autoridades eclesisticas catlicas romanas, foi um regresso momentneo para a cincia. Embora ele tivesse sido pressionado e se tivesse retratado, essa perda acabou sendo revertida de maneira drstica, porquanto suas teorias bsicas terminaram por ser demonstradas corretas, contra todos os dogmas dos telogos catlicos romanos! E a teologia ,foi forada a concordar com a cincia, diante de evidncias esmagadoras.

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    A antiga gerao desapareceu; as novas geraes cresceram acostumadas a pensar de modo diferente. A verdade sempre haver de triunfar desse modo. As idias cosmolgicas dos hebreus foram reinterpretadas de acordo com a cincia mais avanada, e a maioria das pessoas nem notou a mudana. De fato, at hoje muitas pessoas no sabem o que os hebreus acreditavam sobre o universo, supondo tolamente que eles diziam o que a cincia moderna tem dito a respeito. Algumas noes bsicas, derivadas da filosofia grega e das religies hebria e crist, tm permanecido raiz da cincia, mormente no que diz respeito ao desgnio, como a invariabilidade da natureza; porque as pesquisas cientficas as tm confirmado. De fato, quanto mais a cincia vai descobrindo, tanto maiores so as provas acumuladas em favor do desgnio, em lugar do caos, no universo. Ora, a ideia de desgnio fundamental para o pensamento religioso. O que nos deveria impressionar que, apesar dos conflitos, a cincia tem-se desenvolvido no mundo cristo. Alguns dos grandes cientistas tambm foram cristos devotos, sem importar com opinies divergentes dos telogos. Francisco Bacon, Descartes, Kepler, Galileu, Pascal, Boyle, Rau e Newton so alguns poucos exemplos. O atesmo metdico tornou-se um importante princpio para a maioria dos cientistas. Segundo o mesmo, no se deve invocar Deus s por havermos encontrado mistrios e problemas que no sabemos solucionar. Embora, pessoalmente, possamos crer em Deus, precisamos manter nossa cincia natural. Se no agirmos assim, muitas coisas continuaro sendo misteriosas, quando, na realidade, podem ser esclarecidas, com base na investigao emprica. Nunca se deve apelar para Deus como meio para explicar algum problema. Antes, mister fazer o esforo para explicar as coisas. Isso deve ser feito tendo em vista o avano do conhecimento cientfico. O Deus dos hiatos. Sempre que surge um hiato em nosso conhecimento, algumas pessoas apelam para Deus, para que seja preenchido o vazio. Esse mtodo precisa ser evitado, no interesse da cincia. Naturalmente, existem hiatos genunos que somente Deus capaz de explicar, mas o mtodo cientifico precisa evitar recorrer a Deus, sempre que possvel. Naturalidade: o conflito acerca da evoluo. A cincia investiga o mundo criado por Deus, mas este mundo governado por leis naturais que podem explicar quase todas as questes que interessam cincia. No se deve apelar para as explicaes sobrenaturais, quanto maioria dos problemas encontrados pelos cientistas. Darwin exagerou nessa atitude, embora sua contribuio para a cincia seja inquestionvel. Seja como for, a religio dos hebreus, no relato do Gnesis sobre a origem do homem, no falava de uma alma, mas to-somente de um corpo animado. Somente no tempo da composio dos Salmos e dos escritos dos profetas hebreus foi que a teologia hebria comeou a falar sobre a alma imaterial. Isso posto, a narrativa do livro de Gnesis sobre a origem do homem surpreendentemente, para a maioria dos cristos, na verdade nada diz sobre a origem do verdadeiro homem, a alma. Por semelhante modo, Darwin, quando ensinou sobre como o homem veio a existir, estava abordando somente o seu corpo, visto que nada disse acerca de sua alma. Em conseqncia disso, o conflito entre a Bblia (se entendida do ponto de vista original dos hebreus, e no do ponto de vista cristo) e a teoria da evoluo gira somente em torno do corpo humano, pelo que no envolve um conflito muito grande. Atualmente, a cincia est emprestando o seu prestgio e capacidade investigao do verdadeiro homem, a alma, e isso algo que nem Darwin e nem os telogos tinham antecipado. O sculo XIX testemunhou uma radical atitude anti-teolgica na cincia, como tambm o comeo da entronizao do positivismo, como o mtodo cientfico. Foi ento declarado que as proposies metafsicas no tm significao. Vale dizer, as investigaes cientficas no chegam l, por estarem acima do alcance das pesquisas empricas.

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    Assim sendo, sem importar se as proposies metafsicas so verdadeiras ou falsas, elas no tm significao para os cientistas. De fato, os cientistas reconhecem que no podem fazer qualquer declarao significativa acerca de Deus. Por igual modo, a cincia no tem meios para investigar a alma humana, e nem mesmo as origens do homem, como tambm qualquer outro assunto de natureza metafsica. Isso impe uma limitao nada razovel cincia, apesar de ter surtido o bom efeito de requerer uma ateno emprica mais densa sobre as pesquisas cientficas. Todavia, muitos cientistas esto comeando a perceber que essa limitao positivista insensata. Os modernos fsicos tericos esto falando como se fossem msticos. H muitas idias que podem ser verdadeiras e que precisam ser investigadas, mas que, at o momento, no podem ser pesquisadas laboratorialmente, ao gosto dos cientistas. A psicologia uma cincia crescente, embora alguns pensem que ela ainda no atingiu a posio de autntica cincia. Mas os estudos nos campos dos diferentes estados de conscincia esto produzindo notveis resultados, e esse campo, finalmente, ser uma dimenso em que a f religiosa e a investigao cientfica aliar-se-o. As evidncias demonstram, mais e mais, que a mente e o crebro no so a mesma coisa. Karl Popper chegou a falar sobre as mentes e seus crebros, dando a entender que a mente a entidade maior, e que o crebro a entidade menor, embora fundidas uma outra no ser humano. As Experincias Perto da Morte tm comprovado que a conscincia e a razo no dependem da existncia de um crebro material, para que continuem funcionando. Isso no uma poderosa prova indireta da existncia da alma, o verdadeiro ser humano? A parapsicologia, segundo certo pensador, uma cincia legtima, vital para demonstrar que no podemos falar no crebro sem postular a mente, que emprega o crebro como instrumento. Ademais, essa cincia est beira de demonstrar, cientificamente, a realidade da alma e sua sobrevivncia diante da morte biolgica. Essa investigao comeou cerca de cem anos atrs, e tem produzido alguns admirveis resultados.

    Algumas Ideias dos Filsofos

    Acima, so mostradas algumas relaes entre os primeiros filsofos, como os pr-socrticos, Plato e Aristteles, e a cincia e a crena religiosa (expressa pela metafsica). Nos seus primrdios, a cincia andou muito envolvida com a filosofia. Somente mais tarde a cincia separou-se da filosofia, tendo optado pelo mtodo emprico. Plato fazia a distino entre conhecimento e opinio, e fazia a opinio depender da percepo dos sentidos. O conhecimento, para ele, deveria ser obtido atravs da razo, da intuio e da experincia mstica. Mas a cincia moderna faz o conhecimento sei adquirido base da percepo dos sentidos. Aristteles fez da percepo dos sentidos a base da investigao. Ele prestou um grande servio em seus estudos sobre as causas, os quais posteriormente vieram a ser incorporados nas provas crists tradicionais da existncia de Deus. O tipo de cincia aristotlica foi utilizado por alguns telogos em favor de certas crenas religiosas. Aristteles considerava a cincia como conhecimento demonstrado das causas das coisas. Isso deve ser distinguido da dialtica, onde as premissas no so certas, e tambm da erstica, onde o objetivo conquistar as boas graas dos ouvintes. Haveria cincias tericas, prticas e produtivas. As cincias tericas seriam superiores s outras duas, mas as cincias seriam irredutivelmente plurais, cada qual devendo ser entendida segundo seus prprios termos. No comeo da Idade Mdia houve uma lamentvel mistura da cincia com a religio, graas aos esforos de eclesisticos que queriam dominar todos os aspectos da vida.

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    Em ltima anlise, cincia significava o conhecimento de Deus e da alma, e todo conhecimento era posto a servio dessa finalidade. Da procede a doutrina da unidade da verdade, embora sobre uma base falsa. Para os escolsticos toda verdade estava sumariada em Deus, e as vrias disciplinas pensariam os pensamentos de Deus aps ele. Poucas obras emergiram ento de cunho cientfico, no sentido moderno. Para os escolsticos, j se sabia tudo quanto era possvel ser conhecido; e os mestres apenas repetiam o que grandes pensadores do passado haviam dito. Destarte, estagnou-se a descoberta cientfica, por imposio de uma teologia mope. Dominico Gundisalvo, seguindo as diretrizes de uma verso neoplatnica da verso rabe do aristotelismo, dividiu as cincias em humanas e divinas, as primeiras governadas pela razo, e as segundas, pela revelao. Hugo de So Visor referiu-se a vrias modalidades de cincia, como tericas, prticas e mecnicas, mas pensava que todas elas, de alguma maneira, estariam relacionadas sua nfase preferida, contemplao mstica. Averris pensava que a cincia eterna. Ela abordaria coisas isoladas e suas respectivas naturezas. Rogrio Bacon apresentou uma hierarquia do conhecimento: a cincia especulativa; as cincias experimentais (incluindo a observao e a matemtica); a teologia, tudo nessa ordem de importncia. Guilherme Ockham empregou a sua navalha, fazendo aguda distino entre a scientia rationalis, cincia racional. e scientia realis, cincia das coisas. reais.. Ele foi um dos pioneiros da cincia moderna, e proibia a multiplicao de entidades com o intuito de se explicar a realidade. Ele no apelava para o sobrenatural, a fim de explicar o natural. Francis Bacon salientou a importncia da induo para a cincia. Ele pensava que a induo levava verdade, e cuja sua principal funo era a utilidade. Todas as cincias refletiriam as faculdades humanas: a cincia natural seria reconhecida pela razo; a histria, pela memria. Thomas Hobbes introduziu o atesmo e o materialismo na cincia, de maneira radical, e suas idias cativaram muitos cientistas. Galileu empregou instrumentos para derrotar os pontos de vista aristotlicos, tendo podido mostrar que a terra est em movimento, no sendo ela o centro do universo. Mas ambas as idias foram fanaticamente combatidas na poca. Somente j em nossos dias, o papa Joo Paulo II perdoou a Galileu por ter estado com a razo. Galileu enfatizava o mtodo emprico, e alguns instrumentos ticos chegaram a ajud-lo em suas pesquisas. Descartes, o matemtico, alicerava a cincia sobre a razo, vinculando a certeza cincia, o que seria conseguido atravs do mtodo de pr em dvida todo conhecimento, antes de ser confirmado pela investigao. Coisas das quais no poderamos duvidar seriam Deus (em favor de Quem ele empregava os argumentos tradicionais) e a alma. Mas concordava com o lema medieval que dizia que a verdadeira cincia idntica ao conhecimento de Deus. Newton, embora fosse homem devoto e religioso, em sua prtica cientfica tendia para o positivismo, e somente em ltimo recurso apelava para Deus a fim de explicar algum mistrio ou preencher algum hiato. Sua famosa declarao era: Hypotheses non fingo, ou seja, No invento hipteses. Ele referia-se a teorias, sem qualquer base na experimentao, a fim de tentar explicar problemas difceis. Antes, frisava o descobrimento de padres matemticos de informes. Kant submeteu a cincia ao mtodo emprico, mas chamava suas proposies, j existentes na mente, de juzos a priori. Ele negava a validade das provas tradicionais da existncia de Deus, embora defendesse a existncia de Deus mediante o argumento moral, derivado de postulados. Estes repousam sobre a razo, a intuio e as experincias msticas. Portanto, Kant criou uma dicotomia em sua epistemologia. O mundo dos fenmenos conhecido pela percepo dos sentidos, mas o mundo

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    noumenai (da mente) conhecido atravs da razo, da intuio e das experincias msticas. J. S. Miil insistia sobre a induo, e dizia que toda cincia indutiva, estando envolvida, por isso mesmo, nas taxas de probabilidades. Mais recentemente, teria sido um estatstico. Spencer via a filosofia como o ponto final do conhecimento e como a unificadora do mesmo, e tambm encarava as cincias distintas como itens formadores dessa unidade. W. Wundt falava sobre cincias exatas e cincias sociais, conferindo - filosofia a tarefa de ser a unificadora, embora no pensasse que esses dois tipos de cincia podiam ser reduzidos a um s tipo. Peirce deu incio viso pragmtica da cincia, como mtodo bsico de inquirio, pensando que a praticalidade o valor que devemos procurar nas coisas. Dewey tambm salientava o ponto de vista pragmtico, tendo enfatizado a experimentao a fim de obter a praticalidade. Windeiband concordava com a viso de Wundt de que as cincias naturais e as cincias sociais so disciplinas separadas. s primeiras chamou de idiogrficas, e s segundas de nomotticas. Kari Pearson era da opinio de que a cincia deve ser descritiva, e no explanatria. Dunem acreditava que a cincia tem por tarefa descobrir relaes que existem entre coisas parecidas, salientando assim a posio de Kant. Cassier asseverava que a cincia estuda conceitos, ao passo que as experincias msticas e religiosas estudam as metforas. No primeiro caso, teramos experincias objetivas; no segundo, experincias subjetivas. Haberlin falou sobre as cincias sociais como primrias, e sobre as cincias exatas como secundrias. O positivismo lgico proveu um mtodo restrito para a cincia moderna, pensando que as proposies metafsicas so destitudas de significao e exigindo que todo o conhecimento (que consistiria somente em taxas de probabilidades) precisa ser obtido em laboratrios, mediante investigaes cientficas formais. Comte, Neurath, Carnap e Hemple so alguns nomes associados a esse ponto de vista. As cincias exatas j vinham sendo governadas por essa filosofia, bem antes deles. Mas Hemple aplicou o sistema s cincias sociais, igualmente. Kuhn destacou que a inquirio cientifica deve ser dirigida por certo grupo de paradigmas, e que esses paradigmas precisam ir sendo modificados, medida que for progredindo o conhecimento. Isso ocorreria lentamente, e com imensas dificuldades. Assim sendo, a cincia assemelhar-se-ia a uma religio, onde as heresias so combatidas por uma posio ortodoxa, e onde, tal como no caso das religies, com freqncia as heresias acabam se tornando novas ortodoxias, com a passagem do tempo. Feyerabend dizia que o progresso cientfico verifica-se mais atravs da apresentao de hipteses alternativas do que atravs da reafirmao de antigas hipteses, atravs de muitas experincias, com o mero acmulo de fatos. Kari Popper enfatizava a importncia da refutao, a qual deveria ser usada na averiguao de proposio. O mero acmulo de afirmaes no seria suficiente.

    A Cincia e sua Particularidades

    Diferena de Mtodos. Visto que as cincias, necessariamente, devem lanar mo do mtodo emprico, e que a f religiosa opera por meio da razo, da intuio e das experincias msticas, sempre haver certa diferena de nfase. Todavia, alguns assuntos, que antes eram reservados somente religio, como a existncia da alma e sua sobrevivncia ante a morte fsica, tambm podem tornar-se alvos da investigao cientfica.

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    Em nossos dias, o emprico est ajudando o mstico. Outro tanto pode ser dito com respeito aos estados alterados de conscincia, to importantes que so para a f religiosa. Esses estados esto sendo investigados pela cincia, com resultados positivos. At mesmo o fenmeno das lnguas est sendo investigado pela cincia. E tem ficado demonstrado que quase todas as lnguas no so idiomas, pois empregam um nmero bem limitado de vogais e consoantes, repetitivamente, uma limitao que no permite qualquer genuna expresso lingstica. Sem dvida, essa uma das razes pelas quais as lnguas, como um fenmeno geral, no tm tido seus intrpretes. Nada h a interpretar, na maioria dos casos. O que se verifica ali so ejaculaes extticas que elevam o esprito de que fala, mas elas nada tm ver com alguma comunicao. Naturalmente, nem todas as lnguas pertencem a essa categoria. Algumas vezes so ditas palavras em linguagem real, desconhecida de quem as profere. medida que for avanando o conhecimento, at possvel que certas coisas, atualmente fora do mbito da cincia, segundo pensamos, e que atribumos exclusivamente f religiosa, venham a tornar-se alvos das pesquisas cientficas. Diferena de Objetivos. A cincia est interessada no que prtico e material. Ela procura dar-nos confortos, convenincias, medicamentos para o corpo enfermo, mquinas, aparelhos, etc. J a f religiosa est interessada na outra dimenso da existncia. A dimenso espiritual, no bem-estar da alma, na conduta ideal das pessoas. Essas diferenas de objetivos havero de separar sempre essas duas atividades humanas. No obstante, conforme a cincia for sendo espiritualizada, ela ir penetrando em reas que antes faziam parte somente dos interesses de filsofos e telogos. Diviso de Setores e Unificao do Conhecimento. Apesar da cincia e da f religiosa terem suas respectivas nfases, em ltima anlise estamos sondando, todos juntos, uma nica vasta unidade de conhecimento. Todas as cincias pensam os pensamentos de Deus aps ele, para quem todo o conhecimento est unificado. Por essa exata razo, os cientistas devem dirigir-se a seus laboratrios como se fossem a um santurio, e no meramente um lugar de trabalho. Nessa conexo, precisamos lembrar de que Deus quem confere aos cientistas a misso que eles recebem; e, se fizerem bem o seu trabalho, sero devidamente recompensados. ridculo lanar a cincia em choque contra a f religiosa. A Questo da Misso: um Duplo Destino. Todos os homens precisam cumprir dois destinos. O primeiro tem a ver com o que fazem aqui mesmo, no mundo, as contribuies que podem fazer, os sofrimentos que podem aliviar, o progresso material que forem capazes de promover. Paralelamente a isso, as comunidades, as naes, e, finalmente, o mundo fsico, tm destinos a serem cumpridos neste lado da existncia. Os indivduos tambm tm a cumprir esses respectivos destinos. No desdobramento desses destinos seculares, a cincia tem a desempenhar importantssimo papel, visto que o progresso do mundo, depende muito dessa disciplina. Porm, acima dos destinos materiais em que todos ns estamos envolvidos, h tambm um destino espiritual para cada ser humano. E isso tambm muito nos deveria interessar, Importa muito aquilo que sucede s nossas almas. Assim sendo, um homem tem um duplo destino, o que tambm se d com a comunidade dos homens, um destino secular e um destino espiritual.

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    FILOSOFIA DA RELIGIO L 1

    1- Quem referia-se a Deus como imutvel, dotado de propriedades como onipresena e onipotncia? A - Xenofantes B Scrates

    2- Para quem que,a perfeio se encontrava no movedor Inabalvel,o seu conceito de Deus como uma fora csmica? A Aristteles B - Plato

    3- Cite a pessoa que em seu conceito ontolgico depende do conceito da perfeio divina? A - Anselmo B - Irineu

    4- Quem empregou uma forma do que agora chamado de Argumento Axiolgico,alicerado sobre o conceito de que graus de perfeio requerem o pensamentos de que deve haver um grau mximo de perfeio? A - Martin Lutero B Toms de Aquino

    5- Quem definia Deus como a somatria de todas as perfeies? A - Kant B Leibnitz

    6- Quem ensinava que todos os termos da linguagem humana resultam da experincia humana,podendo ser postos a servio da descrio do conceitos metafsicos? A - O positivismo B - Naturalismo

    7- Qual a palavra que vem do latim,religare,religar,atar? A - Ligao B - Religio

    8- A religio um sistema qualquer de idias,de f e de culto? A Como o caso da f crist. B Racional

    9- Quem que 500 a.C criticou as supersties da antigo dos gregos? A - Herclito B Herder

    10- Que pessoa a bordou principalmente questes ticas,as quais so exatamente importante para a f religiosa,e declarou sua f em Deus e na alma? A - Xenofants B Scrates

    11- Quem idealizou um nobre sistema religioso que estava nos padres de crenas espirituais? A - Plato B Arquimedes

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    12- Quem pensava que a religio est intimamente associada aos mitos e a poesia? A - Harclito B - Herder

    13- Qual o filsofo que apresentou uma filosofia religiosa e mstica,que ele pensava ser superior as religies em geral? A - Hegel B Aristteles

    14- O positivismo lgico negava qualquer valor nas proposies metafsica? A Fazer de Deus um servo B - Fazer a cincia seu deus

    15- Quem interpretava Deus como a base do ser e a religio como o objeto dos interesses finais do homem? A Hengel B - Paul Tillich

    16- A filosofia da religio no uma defesa das crenas religiosas(embora seja freqentemente usada nesse sentido)? A Antes, e um exame filosfico das Crenas religiosas e suas implicaes B , portanto uma cincia

    17- Sacramentalista nas religies,os sacramentos so tidos como meios de transmisso da: A Graa divina e da atuao do Esprito de Deus B - Meios de abenoar os fieis.

    18- A maior parte das religies frisa o misticismo,do qual a: A - Subcategoria, no tocante a seu conhecimento B Pertence a sua crena.

    19- O cristianismo uma religio sacrificial,no sentido de que: A O sacrifcio o nico caminho para a salvao. B - Jesus Cristo reputado o sacrifcio supremo necessrio salvao

    20- Qual a forma da religio que favorece uma forma ou outra da teoria da satisfao dada por meio da expiao? A Ofertas e sacrifcios. B - Sacrifcio e satisfao.

    21- Em ltima anlise, Deus que determina o destino de cada ser humano,por quanto tudo foi criado por ele e para ele: A - Claro B Conforme revelao espiritual.

    22- Na teologia mais sofisticada,como no monotesmo,Deus o grande poder que: A - Exerce controle sobre todas as coisas B Controla o ser humano.

    23- Chega a surpreender algumas pessoas que a cincia: A - Tambm tem a sua f. B Tambm envolva uma questo de f

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    24- A cincia consiste no conhecimento dos fatos,fenmenos,leis e causas aproximadas,obtido e averiguado mediante observao exatas: A E no conhecimento da verdade B - Experincias Organizadas e raciocnios corretos.

    25- A cincia uma classificao exata e sistemtica do conhecimento obtido atravs de: A Experincias controladas que utilizam a percepo dos sentidos. B - Estudos.

    26- O conflito entre a cincia e a religio originou-se a principio dos diferentes pontos de vista globais dos: A - Ensinos religiosos. B Telogos e dos cientistas.

    27- O estudo sobre as experincia perto da morte tem lanado luzes poderosas sobre a questo da existncia da: A Alma e sua sobrevivncia ante a morte biolgica. B - Vida eterna.

    28- A teoria da evoluo continua sendo uma: A Larga rea de conflito. B - Matria em estudo teolgico.

    29- Quem deu incio investigao cientfica com suas especulaes a cerca das substncias bsicas de todas as coisas,como o fogo,a gua,a terra,o ar,e algum elemento indeterminado? A - Os filsofos pr-socrticos. B Os filsofos modernos.

    30- Qual a instituio que interessou-se profundamente pela cincia,pela matemtica,pela biologia e pela zoologia? A A academia de Pitgoras. B - A academia de Plato.

    31- Quem foi discpulo de Plato e foi maior cientista de seu tempo? A - Aristteles B Scrates.

    32- Que poca brotou a cincia experimental? A Na idade moderna B - Nos fins da idade mdia.

    33- O ridculo julgamento de Galileu,em 1632,por parte de autoridades eclesisticas catlicas romanas,foi um: A - Regresso momentneo para a cincia. B Avano para o estudo cientfico.

    34- O que nos deveria impressionar que,apesar dos conflitos: A - Nada evolui no universo. B A cincia tem se desenvolvido no mundo cristo.

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    35- Alguns dos grandes cientista tambm foram cristos devotos,sem importar com opinies: A - Divergentes dos telogos B do povo em geral.

    36- O que tornou-se um importante princpio para a maioria dos cientista? A - O atesmo metdico. B O progressismo religioso

    37- Sempre que surge um hiato em nosso conhecimento,algumas pessoas apelam para Deus: A - Para pedir uma interveno. B Para que seja preenchido o vazio.

    38- A cincia investiga o mundo criado por Deus,mas este mundo governado por leis naturais que podem explicar: A - A histria da criao do universo B Que se todas as questes que interessam a cincia.

    39- Qual a cincia crescente,embora alguns pensem que ela ainda no atingiu a posio de autntica cincia? A - A psicologia. B A arqueologia.

    40- Nos seus primrdios,a cincia andou muito envolvida: A Com a filosofia B - Com a cultura.

    41- No comeo da idade mdia houve uma lamentvel mistura da cincia: A Com a religio B - Com pensamentos socialistas.

    42- Quem pensava que a cincia era eterna? A - Averris. B Spencer

    43- Quem salientou a importncia da induo para a cincia? A Kari Pearson B - Francis Bacon

    44- Que homem devoto e religioso,em sua prtica cientfica tendia para o positivismo? A - Newton B Averris

    45- Quem via a filosofia como o ponto final do conhecimento e como a unificadora do mesmo? A - Spencer. B Galileu

    46- Quem era da opinio de que a cincia deve ser descritiva,e no explanatria? A - Francis Bacon B Kari Pearson

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    47- Quem asseverava que a cincia estuda conceitos,ao passo que as experincia msticas e religiosas estudam as metforas? A - Cassier B Newton

    48- O que em nossos dias,est ajudando o mstico? A O psiclogo B - O emprico

    49- ridculo lanar a cincia em: A Choque contra a f religiosa. B - Conflito com experincias comprovadas.

    50- Assim sendo,um homem tem um duplo destino,o que tambm se d com a comunidade dos homens: A - Um destino secular e um destino espiritual. B - Um destino estabelecido por ele mesmo e outro por Deus.

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    4 Religies e Filosofias Ocidentais e Orientais

    LIO 2 Antes do advento das fs chinesas tradicionais;o confucionismo, o budismo e o taosmo, havia outras religies mais primitivas. Elementos dessas religies mais primitivas misturaram-se com essas fs que, posteriormente, tornaram-se tradicionais, e muita gente continuou a pratic-los, mesmo quando aquelas fs passaram a ter pleno poder. O Animismo e o Politesmo. At onde a histria pode retroceder, os chineses adoravam quatro tipos de espritos: a-O Shen, o mais elevado, o sol, a lua e as estrelas, e, secundariamente, os espritos do vento, da chuva, etc. (as intempries). b-O Chi, que seriam os espritos da terra, do solo, dos cereais, das cinco montanhas sagradas, de outros montes, vales, etc. c-O Kuei, os espritos humanos desencarnados, especialmente os ancestrais. d-O Kuai, os espritos de seres animados e inanimados. Essa forma de adorao inclua muitos deuses e muitas localidades, relacionadas a esses espritos. A Adorao a Sang-ti. Esse seria um dos muitos espritos celestiais, e tambm o chefe de todos eles, sendo um esprito positivo, pessoal e perfeito. At o ano de 1912, era dever do prprio imperador oferecer sacrifcios a esse deus, em favor do povo. A Adorao aos Antepassados. A fundao de um homem so os seus antepassados, os quais tm sido variegadamente adorados, como as pessoas adoram qualquer outra forma de divindade. Essa adorao uma expresso e exagero do respeito filial. Um conceito bsico da adorao chinesa o cumprimento das relaes humanas, e a adorao aos antepassados uma tentativa de cumpri-las. Aos antepassados so oferecidos alimentos, so-lhes oferecidas notas em papel-moeda, e tambm outros meios para expressar a crena na realidade da existncia e no poder dos antepassados so emprega. A Adorao a Confcio. Essa adorao uma extenso da adorao aos antepassados, porquanto Confcio uma das grandes personagens do passado que inspiram os homens. A adorao oficial a esse homem comeou na dinastia Han, no ano de 195 DC., tendo sido realizada, pela primeira vez, diante do tmulo de Confcio. Um templo foi erigido em seu lugar de nascimento, em 442 D.C., e a adorao de Confcio obteve grande avano. Ele recebeu todas as formas de ttulos enobrecedores, como Mestre Mximo, Sbio Perfeito, Duque, etc. Em 1934, a data do aniversrio natalcio de Confcio, 27 de agosto, comeou a ser observada como um feriado nacional. Sua adorao tornou-se uma espcie de culto oficial, o que foi apenas a sano oficial daquilo que j existia h sculos.

    Religies e Filosofias Tradicionais

    O confucionismo O taosmo Movimentos iniciados nos sculos VI a II A.C., como o Mo Tzu, os Logicianos Chineses, a Escola Legalista e a Escola Yin Yang. O Neotaosmo, a comear no sculo III A.C. Uma mistura de confucionismo e taosmo, a comear pelo sculcs II A.C., com os nomes de Huai-nan Tzu, Tung Chung-Shuc, Wang Chung, Lieh Tzu e Kuo Hsiang

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    O desenvolvimento do budismo chins, a comear pelos sculos III e IV da era crist. O desenvolvimento do neoconfucionismo comeou em cerca do sculo VIII DC., at os nossos dias. Alguns nomes representativos so: Han Yu, Li Ao, Chou Tun-i, Shao Yung, Wang Yan-Ming, Tai Chen, Kang Yu-Wei, Tan Ssu-Tung, Chang Tung-Sun, Fung Yu-Lan e Asiung Shih-li,

    As Diversas Religies na China

    Islamismo. Essa f foi introduzida na China em 628 DC. O islamismo veio de vrios lugares, em diversas provncias chinesas, O movimento expressava-se, essencialmente, em dois tipos de islamismo: o de Sinkiang e Chinghai, chamados os seus seguidores de maometanos de turbante, e o de outros lugares da China, introduzido por descendentes de negociantes islamitas e de soldados rabes, que foram enviados para pr fim a uma rebelio em 755 D.C., a pedido do imperador. Seus seguidores tm retido as crenas islmicas tradicionais, embora com a mistura de outros elementos. Entretanto, poucos dos seus seguidores chineses podem ler o Alcoro, e menor nmero ainda pode compreender a lngua rabe. A traduo do Alcoro para o chins no teve lugar seno nos fins do sculo XIX, e a distribuio dessa traduo nunca foi grande. Em cerca de 1930, havia cerca de cinqenta milhes de pessoas que seguiam essa religio, na China. Cristianismo. Precisamos pensar nas seguintes variedades de cristianismo, introduzidas em pocas diferentes: Nestorianismo. Essa foi a primeira variedade de cristianismo a penetrar na China, talvez desde tempos bem remotos, embora s tenhamos evidncias dessa penetrao ali a partir de 781 D.C. O Tablete Nestoriano, que est relacionado a essa f, apareceu na China em 635 D.C. Trata-se de uma espcie de cristianismo oriental, desenvolvido independentemente da civilizao greco-romana. Uma grande perseguio por parte dos chineses foi dirigida contra o budismo, em 845, e, como subproduto,nestorianismo quase foi destrudo. Catolicismo Romano.Missionrios franciscanos levaram a f catlica romana China, durante a dinastia Yuan, entre 1280 e 1368. Os jesutas deram uma fora nova ao movimento, durante a dinastia Ming (1368-1644). Francisco Xavier chegou China em 1552, mas morreu no mesmo ano. Os jesutas desfrutavam do favor real, e o catolicismo desenvolveu-se rapidamente na China. Os jesutas permitiam o sincretismo da f catlica com as crenas tradicionais chinesas, mas os dominicanos e franciscanos objetavam a tal sincretismo. A batalha que disso resultou reduziu em muito a influncia catlica romana, bem como o nmero de catlicos na China. Antes da instalao do comunismo, na China, havia cerca de trs milhes de catlicos chineses naquele pas. Eles operavam 438 orfanatos, 315 hospitais e mais de vinte mil escolas, tendo construdo museus, bibliotecas e centros de pesquisa. Havia cerca de trs mil padres missionrios estrangeiros. Os padres chineses eram cerca de dois mil. Protestantismo. Robert Morrison chegou em Canto em 1807, e, com ele, teve comeo o movimento protestante na China. Aps cerca de cento e trinta cinco anos, havia cerca de um milho de protestantes de vrias denominaes. Em 1934, havia ali dezessete misses inglesas, sessenta e quatro norte-americanas, vinte e trs canadenses e duas australianas. O nmero total de missionrios evanglicos era de cerca de seis mil, representando mais de noventa denominaes. Esses grupos contribuam significativamente para a educao, os cuidados mdicos e os servios comunitrios. Cerca de duzentos e setenta e um hospitais haviam sido construdos por eles. Em muitas reas, os nicos servios mdicos que havia eram prestados pelos hospitais cristos. Alm das

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    tradicionais denominaes protestantes, tinham-se tornado movimentos nacionais a Cruz Vermelha. Os cristos, de modo geral, opunham-se a certas prticas duvidosas da sociedade chinesa, como o fumo de pio, o casamento infantil, o casamento de cegos, o nepotismo e a deformao dos ps das jovens, como sinal de beleza. Os cristos promoviam os direitos das vivas tornarem a casar-se, o direito dos jovens escolherem os seus prprios cnjuges, a independncia das mulheres, o direito feminino educao. Foi introduzida a cincia ocidental na China. A China Inland Mission, fundada por Hudson Taylor, que foi para a China em 1853, nesse ponto culminante contava com cerca de mil missionrios na China, ocupados em muitas atividades diferentes, alm da organizao de igrejas locais. Judasmo. A histria do judasmo na China bastante antiga, embora s possa ser acompanhada com certeza at cerca de 1163, onde se sabe que uma sinagoga foi ali erigida. Porm, h estudiosos que supem que, atravs do comrcio, o judasmo penetrou na China desde o primeiro sculo da era crist. Entretanto, essa f nunca se espalhou muito, e nem obteve muitos adeptos. Maniquesmo. Esse movimento comeou na China em cerca de 694 D.C., tendo crescido de forma moderada at cerca de 823 D.C., quando sofreu perseguio e foi grandemente reduzido. Seguiram-se outras perseguies, e, por volta de 915 D.C. pouco restava do maniquesmo. No parece ter restado qualquer trao desse movimento depois de 1644. Zoroastrismo. Essa f chegou China entre 516 e 519 D.C., mas sofreu perseguies, e, por volta de 845, havia desaparecido quase inteiramente. Desde ento no parece ter havido qualquer movimento sobrevivente. Outras. Antes da instalao do comunismo na China, havia muitos grupos menores, como a teosofia, o bahasmo, e vrias seitas menores crists e japonesas, alm de muitas sociedades secretas e semi-secretas, de natureza religiosa.

    O Comunismo a Perseguio e Libertao

    Quando o comunismo entrou na China, depois da Segunda Guerra Mundial, muitos lderes religiosos de todas as denominaes foram mortos e igrejas foram fechadas. Pessoas foram mortas e perseguidas, em massa, meramente por causa da sua religio. Durante a Revoluo Cultural, as perseguies foram renovadas. Recentemente (1984-85) uma liberalizao tem modificado esta cena. No sabemos at que ponto isto vai continuar. Esperamos que seja para sempre, mas a poltica uma coisa imprevisvel.

    Religio Prtica

    Essa expresso indica a prtica da religio sem a nfase sobre dogmas e teologia, com nfase sobre a prtica das boas obras, sobre a promoo da caridade de todas as formas de empreendimento humanitrio. Tambm esto envolvidos o estabelecimento de comunidades religiosas, orfanatos, e as atividades do evangelho social e da obra social da Igreja. A maior parte dessas coisas envolve diretamente a vida diria segundo a lei do amor. Ora, o amor a prpria prova de espiritualidade (ver 1 Joo 4:7 ss). Precisamos tanto de uma religio terica quanto de uma religio prtica. Tiago, em sua epstola, ressaltou o lado prtico da religio crist, em sua epstola (ver especialmente Tia. 2:14 ss). Ele falou a respeito da lei real do.amor (ver Tia. 2:8).

    Religio Primitiva

    Uma religio primitiva um conjunto de crenas, a conduta influenciada por essas crenas, alm dos ritos e costumes que constituem a religio, formal ou informal, de

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    algum povo antigo. Os eruditos conservadores algumas vezes objetam a que se classifique a f dos hebreus (sobre a qual a f do Novo Testamento estriba-se parcialmente) de primitiva. E isso porque tal adjetivo faz com que essa f parea ser apenas uma dentre muitas outras religies de povos antigos, e no uma religio especial, dada mediante uma revelao divina. Porm, essa distino no vlida. No precisamos anular a palavra primitiva a fim de defender a idia da revelao divina, que uma realidade. E nem carecemos supor que nada havia de primitivo, isto , de no plenamente desenvolvido, na religio hebria. A excessiva cristianizao da te dos hebreus, por parte dos cristos modernos, tem apenas tendido por obscurecer aquilo em que os israelitas antigos realmente acreditavam. Essa atitude moderna de alguns faz aquela f parecer cientfica e como se sempre estivesse guardando fruio na pessoa do Messias. Essa abordagem, apesar de ter algum fundamento, na verdade, obscurece muitas facetas da antiga f dos hebreus. Para ver ilustraes a respeito, o leitor deve examinar os artigos intitulados Cosmogonia, Cosmologia e Criao, onde encontramos alguns conceitos verdadeiramente primitivos da f dos hebreus, que tm sido ultrapassados tanto pela cincia quanto pela teologia.

    Crenas Comuns da Religio Primitiva O Sobrenatural. O homem no estaria sozinho; existiriam seres maiores que o homem. A possibilidade de aplacar, foras hostis, divinas ou demonacas, atravs de artes mgicas, rezas, encantamentos, uma certa maneira de vida e sacrifcios, cruentos ou no. Animismo. Essa a crena que os espritos muito tm a ver com a vida humana, incluindo espritos de deuses, demnios, seres humanos e animais. Esses espritos animariam objetos e influenciariam ou possuiriam pessoas e animais. Mesmo em sua forma desincorporada, eles poderiam ser capazes de influenciar os acontecimentos para melhor ou para pior. Essa crena algumas vezes inclui a noo que tais espritos procuram viver vidas parecidas com as vidas humanas, podendo at envelhecer e, finalmente, morrer. Provavelmente, essa noo alicerava-se sobre a observao que os fantasmas tendem por diminuir e desaparecer. Os shamans (tipos de sacerdotes especializados no controle de espritos) so os cabeas das sociedades com crenas animistas. Deles espera-se que tenham sabedoria, poderes espirituais de curar e de fazer o mal, dotados de vises e sonhos para efeito de orientao, etc. Em algumas culturas, espera-se que esses shamans tenham um esprito-guia que ajude a comunidade toda. A palavra shaman vem de um termo russo que significa ascetas. Poderes Sobrenaturais Impessoais. Algumas vezes esses so os poderes temidos pelas pessoas, e que estas tentam aplacar, nas culturas onde o animismo no bem desenvolvido. Esse tipo de f algumas vezes chama-se animatismo, uma palavra cunhada para distinguir essa crena do animismo. Esses poderes sobrenaturais impessoais, que tambm existiriam prximos do homem, embora de maneira menos definida do que no caso do animismo, so chamados mana, que um termo genrico. Tudo quanto for extraordinrio, provocativo ou temvel, capaz de inspirar respeito ou venerao, constitui o mana. O mana sobrevm a um homem quando este est condicionado para realizar algum feito extraordinrio, que esteja acima de seus poderes normais. O mana uma espcie de poder dos deuses, que no chega a ser definido. Politesmo. Essa crena concebe uma hierarquia de deuses, havendo adeuses superiores. que seriam os principais controladores da vida humana. Esses deuses primrios tornam-se objeto de venerao, e no meramente de temor. Em alguns

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    sistemas, aparece um Ser supremo que figura como criador, o que indica uma certa aproximao ao henotesmo, se no mesmo do monotesmo. Mitologias diversas existem, na tentativa de explicar a origem e o destino, alm de outras caractersticas da natureza e da vida humana. Elementos Especiais. Entre esses esto os ritos, as festividades religiosas, os sacrifcios, os exorcismos, as rezas, os encantamentos, as artes mgicas, coisas essas que emprestam a essas religies uma espcie de funo eclesistica. Nessas sociedades, a mgica com freqncia uma questo importante, por meio da qual pensam muitos que o ser humano capaz de controlar seu meio ambiente hostil, obtendo resultados positivos de maneira geral. Usualmente, os tabus fazem parte do quadro. Certos atos e alimentos so proibidos. A quebra de um tabu prejudica e pe em perigo os violadores. Venerao aos antepassados, como tambm a adorao a animais, ao sangue, o fetichismo, a venerao a dolos, os sacrifcios humanos e de animais, todas essas so coisas que fazem parte das atitudes das religies primitivas.

    Religio Romana

    As numina (entidades ou foras sobrenaturais pags) atraram a ateno dos romanos primitivos, em paralelo com vrios povos antigos, em sua cultura mais antiga, formando-se assim uma f religiosa animista. Os Lares. Cada lar romano tinha os seus prprios lare (espritos dos campos) e os seus prprios penates (espritos da copa). Esses espritos eram representados por meio de imagens. Os primrdios simples nessa forma de religio logo se tornaram complexos, mediante sistemas elaborados.

    A Religio Indigena Romana A religio indgena bsica de Roma tomou forma inicial na comunidade agrcola, patriarcal e primitiva da qual emergiu Roma. Sua natureza e forma eram similares s religies das tribos itlicas circunvizinhas, as tribos oscas e mbrias, que se acumulavam no espao em redor do rio Tibre, que o povo latino ocupava. A primitiva religio romana, conforme se depreende de escritos como o Fasti de Ovdio, alm de outros, era uma religio animista, reconhecendo a divindade em presenas espirituais, e no em deuses antropomrficos. Esses espritos habitariam em coisas naturais como os rios, os bosques, as fontes de gua. Tinham o poder de ajudar ou prejudicar, e a presena deles era sentida no senso de respeito que a alma humana sente diante da fora, da beleza ou da beneficncia da natureza. Nisso os romanos primitivos chegavam a mostrar-se ridculos. Netuno deriva seu nome da palavra itlica que significa gua. Portuno era o deus tutelar dos portos. A casa estaria cheia dessa presena. Jano era o esprito da porta (ianua). Vasta era a deusa da lareira, pois a raiz do nome dessa deusa significa queimar. Os penates eram os guardies do alimento guardado (penus). E assim por diante.

    A Religio da Cidade de Roma As festividades rurais, quando Roma se tornou, a cena central e absorvedora da vida latina, foram mantidas, embora com novas significaes apropriadas. Jpiter, o antigo deus dos juramentos, tornou-se o deus da justia interna; Marte, um deus da agricultura, tornou-se o deus da guerra. Evoluo importante foi quando o antigo culto, antes nas mos dos chefes de famlia, foi aproveitado pelo Estado, tendo em vista seus prprios usos. Um grande templo foi erigido na colina Capitolina, o centro da nova Roma, onde foi estabelecida uma trada divina que simbolizava a majestade religisa do Estado. No

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    incio essa trade compunha-se de Jpiter, Quirnio e Marte, mas depois, sob a influncia dos etruscos, essa trada passou a compor-se por Jpiter, Juno e Minerva. O Estado tambm criou uma hierarquia, composta pelos flamnios, para servirem as principais divindadades, pelo colgio dos pontfices ou sacerdotes, associados a muitos dos ritos secundrios, e pelo sumo pontfice, sumos sacerdotes, que era o guardio da lei sagrada e conservava em segredo o calendrio religioso, que ele s podia revelar ao povo ms aps ms. Essa a base do sistema hierrquico da Igreja Catlica Romana, adaptado quando o cristianismo sobrepujou ao paganismo, mas moldado sobre este ltimo, e no sobre aquele. O Novo Testamento no reconhece sacerdotes como uma classe distinta dos leigos. O sacerdcio de todos os crentes o claro ensino neotestamentrio. Ver 1 Peci. 2:5; Apo. 1:6; 20:6. Muito menos ainda o Novo Testamento reconhece uma hierarquia sacerdotal. O sistema ministerial cristo reconhece quatro variedades de trabalho ministerial, no em escala mas complementares: apstolos, profetas, evangelistas, pastores. Esses ministros se ocupam da Palavra. Os diconos se ocupam mais do aspecto material do ministrio, embora tambm possam ser pregadores. Ver Ef. 4:11 e a narrativa sobre Estvo, em Atos 6 e 7, sobretudo 6:10. A verdade que o ministrio das igrejas protestantes e evanglicas no acompanha de perto esse esquema neotestamentrio, porquanto deriva-se muito mais das decises dos Reformadores do sculo- XVI, que reagiram contra a idia hierrquica de Roma, com seus muitos ttulos, e reduziram o ministrio protestante a somente pastores e diconos.

    A Invaso Grega

    Houve tempo em que a pennsula itlica era chamada de Magna Grcia. Ali muitas cidades tm origem claramente grega. Isso significa que, desde o comeo de Roma, houve intercmbio cultural entre tribos itlicas e helnicas. Porm, depois que as tropas romanas invadiram a Grcia, bem como muitas regies que haviam sido colonizadas pelos gregos, a cultura grega cativou sua feroz conquistadora , no dizer de Horrio (Epstola 2.1.156). Essa invaso da cultura grega incluiu no somente aspectos como a arte e a literatura, mas fez-se sentir at mesmo no campo religioso, quando a religio romana tomou uma direo nitidamente antropomrfica, segundo o gosto dos gregos. Em suas caractersticas, fundiram- se as divindades romanas e gregas: Jpiter e Zeus; Juno e Hera; Netuno e Poseidon; Marte e Ares; Minerva e Atena; Mercrio e Hermes; Diana e Artemis, etc. Nos escritos de nio (238-169 A.C) e de Plauto (251-184 A.C.), dois dos mais antigos autores romanos, cujas obras chegaram at ns, esse processo de identificao j aparece quase completo. A despeito dessa identificao de nomes, no panteo romano, foram mantidos os cultos italianos, provenientes da primitiva antiguidade, e continuaram a ser servidos pelo sacerdcio aristocrtico. Tudo consistia em um sincretismo de idias religiosas mais antigas e mais recentes, em uma confuso tal que, segundo muitos comentadores, esse sincretismo contribuiu pesadamente para o profundo ceticismo que prevalecia na sociedade romana, no final da era republicana, O nico elemento ao qual podemos, com razo, adjetivar de religioso, era o elemento supersticioso, que at hoje no abandonou as populaes italianas. Embora as questes filosficas no faam parte das consideraes deste artigo, no h que duvidar que, d