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Filosofia de Base 2: Fenomenologia e Filosofia do Diálogo - Martin Buber. Especialização em Gestalt- terapia Prof. Andrea Simone Schaack Berger 18 e 19 de maio de 2012

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Filosofia de Base 2: Fenomenologia e Filosofia do

Diálogo - Martin Buber.

Especialização em Gestalt-terapiaProf. Andrea Simone Schaack Berger

18 e 19 de maio de 2012

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FENÔMENO

O que se revela ou se faz patente por si mesmo;

O que se mostra à luz;Revelar-se só é possível a uma luz, de outro

modo, não poderia ver-se;O fenômeno é, pois, o que se revala por si

mesma na sua luz.

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• Manifestar-se, aparecer

• O fenômeno é o que se manisfesta, o que aparece, e ainda o que alcançamos perceber

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FENOMENOLOGIA

• É uma filosofia

• É uma metodologia

• É uma forma de estar no mundo

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HUSSERL

• Por que pensar a filosofia?

• Uma mudança na forma de ver as coisas;

• Husserl foi matemático, filósofo austríaco, aluno do filósofo Franz Brentano, que fez de seu trabalho uma crítica à tendência de sua época em reduzir a verdade ao empirismo e ao psicologismo.

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• Empirismo: todo conhecimento advém da prática. O ser humano não obtém conhecimento prévio, todo seu conhecimento se dá a partir da suas experiência de vida.

• Problema de saber na prática “todo conhecimento”, para na prática confirmar isso.

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• Psicologismo: tendência naturalista à ciência.

• Tudo o que se conhece pode ser reduzido a um fenômeno natural, que é explicável através da física e da fisiologia

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Fenomenologia e Husserl

• Buscava atingir uma verdade originária, algo que não pudesse gerar a menor margem de dúvida, um conhecimento certo, que não gerasse erro. (Rodrigues, 2009)

• Com isso se volta para as coisas em si mesmas, a realidade que se mostra: O FENÔMENO.

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• Pergunta base:

Como é que podemos perceber a verdade?

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• Ao responder tal pergunta, Husserl percebeu que percebe e que, ao assim fazê-lo, concluiu que o ato mais originário, mais prioritário na apreensão da verdade é o ato de “perceber o percebido”.

(Rodrigues, 2009)

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Assim...

• A estrutura perceber/percebido não é passível de divisões. O ato de perceber e o objeto percebido somente podem existir juntos.

• Sujeito e objeto formam uma unidade única.

• (Rodrigues, 2009)

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• Partindo desta unidade, quando nos propomos a descrever um objeto, na verdade estamos descrevendo a nossa relação com este objeto.

• O que descrevo, o como descrevo a forma como me aproximo do objeto diz algo de mim.

• (Rodrigues, 2009)

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• Somente podemos perceber no presente, está irremediavelmente arraigado no agora.

• Somente podemos perceber aqui. O espacial e o temporal se unem.

• (Rodrigues, 2009)

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• O conteúdo do percebido, seja lá o que for, só pode ser entendido em uma relação comigo que percebo – o sentido não está em mim e nem no mundo (outro) mas nessa relação “eu-mundo(outro)”

• (Rodrigues, 2009)

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• Assim o sentido das coisas não está nas coisas, nem em mim, mas no que se sobressai em cada relação “eu-mundo”.

• Cada um vai ver o mundo dar sentido a ele de forma diferente.

• (Rodrigues, 2009)

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• O sentido para o homem brota na relação dele com seu “campo vivencial” como um todo, neste mundo real, cheio de estímulos, cheio de vida.

• (Rodrigues, 2009)

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• A fenomenologia é “uma tentativa de uma descrição direta de nossa experiência tal como ela é, sem levar em conta a sua gênese psicológica e as explicações dos cientistas”

(von Zuben, 1984, citado por Ribeiro, 2011, p. 92)

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• A fenomenologia nos propõe, por isso mesmo, revelar o mundo antes de ele ser significado, que nos coloquemos em parênteses, que “esqueçamos” tudo o que sabemos de nós e do outro, para olhar o dado como se o víssemos ou o vivêssemos pela primeira vez, sem pré-juízo, passando da coisa-em-si para o em-si-da-coisa. (Ribeiro, 2011, p. 89)

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• A fenomenologia não é nem uma explicação, nem análise da realidade, ela é uma investigação e uma descrição da experiência humana. (Ribeiro, 2011, p. 90)

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Retorno as coisas mesmas

• Sair da posição “eu sei” para a posição “eu não sei”.

• Ficar unicamente com o fenômeno, com o que se mostra.

• Não pensar, simplesmente ver, observar, descrever a realidade, como se não soubéssemos nada anterior.

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Redução Fenomenológica

• Deixar entre parênteses aquilo que já sabemos sobre o objeto. Isentar-se de pré-juízos.

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• Tal insenção cognitiva com relação à coisa em observação é impossível. Não temos como não pensar diante de um objeto observado, não obstante, temos de suspender nosso juízo, ou passar diante da coisa sem ouví-la, escutá-la, sentí-la. (Ribeiro, 2011, p. 99)

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• Não podemos fazer de conta que ela não existe, que somos uma tábula rasa diante do objeto observado, mas podemos, COMO MÉTODO, não usar nada doq eu já sabemos para compreendê-la, não atropelá-la e deixar, paciente e humildemente, que ela se a nós por meio da nossa observação despojada de qualquer pré-juízo. (Ribeiro, 2011, p. 99)

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• A partir da redução fenomenológica abrimos nosso perceber para outras possibilidades, isso por si só já é saúde.

• Podemos des-cobrir novas possibilidades em nós e no mundo.

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INTENCIONALIDADE

• A intencionalidade procede de uma relação dialética entre sujeito e objeto, nascendo daí o sentido que, em uma perspectiva mais ampla, surge exatamente de nossa relação com os outros e com o mundo.

(Ribeiro, 2011, p. 100)

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• A consciência é intencional, operante, constituinte de uma abertura para o mundo a partir do corpo próprio, pessoa;

• Busca constante de significados de conhecer, uma intenção de buscar o sentido

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• A intencionalidade é, existencialmente, o ato de atribuir um sentido, é ela que unifica a consciência e objeto, sujeito e mundo. Com a intencionalidade há o reconhecimento de que o mundo não é pura exterioridade e o sujeito não é pura interioridade, mas a saída de si para um mundo que tem uma significação para ele.

(Yolanda Forguieri, 1993, p. 15)

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Toda teoria que não se torne praxe e vida, isto é que não seja acompanhada por uma ação correspondente, é estéril. (Nogare, 1994, citado por Ribeiro, 2011, p. 93)

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O DIÁLOGO• O coração do homem anseia por contato –

acima de tudo, anseia por diálogo genuíno. O diálogo está no coração do humano. Sem ele, não estamos completamente formados – existe um escancarado abismo interno. Com ele, temos a possibilidade de deixar emergir nossa singularidade e nossas qualidades mais humanas. Cada um de nós, secreta e desesperadamente, anseia ser “encontrado” – ser reconhecido em nossa singularidade, em nossa plenitude e em nossa vulnerabilidade.

Richard Hycner, 1997, p. 13

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• O principal pressuposto para o surgimento de um diálogo genuíno é que cada um

deveria olhar seu parceiro como a pessoa que ele realmente é. Torno-me consciente

dele, consciente de que ele é diferente, essencialmente diferente de mim, de uma maneira única e definida que lhe é própria; e aceito a quem assim vejo, de forma que eu possa planamente dirigir o que digo a

ele, como a pessoa que é.(Martin Buber, 1965, citado por Hycner,

1997, p.27)

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Abordagem dialógica

• Forma de abordar• Postura em relação a existência humana

em geral• Modo de ser

• Somos todos fios de um tecido inter-humano

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• Não significa obscurecer a singularidade, mas consagrá-la dentro do contexto relacional;

• Polaridade: estar só e estar em relação – buscar o equilíbrio.

• Não necessariamente o dialógico se dá com a fala.

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EU-TU, EU-ISSO

• Para Buber (1923), o dialógico acontece na esfera do entre e é marcado por duas polaridades – o EU-TU e o EU-ISSO.

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• São atitudes primárias que um ser humano pode assumir em relação aos outros;

• Conexão e separação naturais;

• Ambas são essenciais.

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• Alternância rítmica entre elas;

• A reciprocidade do self e do outro;

• Duas pessoas – diferente de dialética;

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EU-TU

• A relação EU-TU começa quando voltamos nosso “ser” para o de nosso parceiro. Podemos somente nos preparar para a possibilidade do encontro EU-TU, não se pode forçar esta ocorrência.

• Esse encontro se dá pela graça e não pela procura.

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Momento x Atitude “Eu-Tu”

• O dialógico é a atitude Eu-Tu;

• O encontro Eu-Tu é apenas um momento;

• Este não pode ser um objetivo, porque se não a relação se torna Eu-Isso.

• Deixar acontecer.

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A relação EU-TU é uma atitude de genuíno interesse na pessoa com que estamos interagindo verdadeiramente como pessoa. Isso significa que valorizamos a sua alteridade.

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• Alteridade significa o reconhecimento da singularidade e nítida separação do outro em relação a nós, sem que fique esquecida nossa relação e nossa humanidade comum subjacente. A pessoa é um fim em si mesma e não um meio para atingir um fim; e reconhecemos que somos uma parte dessa pessoa.

• Hycner, 1995, p. 24

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• A atitude EU-ISSO ocorre quando a outra pessoa é, essencialmente, um “objeto” para nós – utilizado, primariamente, como meio para um fim.

• É aspecto necessário na vida humana;• É um problema quando é a única forma de

estar com o outro.