filmes radiográficos udei

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FILMES RADIOGRÁFICOS Após os raios-X interagirem com o grupo dentário e/ou tecido ósseo de suporte a ser radiografado, parte da radiação é absorvida por estes tecidos e parte os atravessa e atinge uma superfície de registro (receptor de imagem), que necessita ser processada para formar uma imagem final à ser interpretada. Mesmo com toda a evolução da “radiologia digital”, os filmes radiográficos ainda são os receptores de imagem mais utilizados para radiografias dentárias. EMBALAGEM Os filmes radiográficos intra-orais ou intrabucais são acondicionados em uma embalagem ou invólucro externo de plástico ou plástico e papel a prova de luz e umidade, umidade que provem especialmente da saliva do paciente. Dentro do invólucro externo, estes filmes são envoltos por um papel preto opaco que o protege ainda mais da entrada de luz. Ainda dentro da embalagem, na face contrária de exposição, há uma delgada lâmina de chumbo que possui algumas finalidades específicas: proteger o filme contra a radiação secundária produzida pelos tecidos moles do paciente, diminuindo a formação de véu na imagem; indicar quando o filme foi exposto do lado contrário (função atribuída à um decalque na forma de espinha de peixe que é impresso nessa lâmina); aumentar a resistência da película durante a exposição. Também na face contrária de exposição da embalagem há uma “lingueta” em forma de “V”, por onde se deve abrir o filme, e nesta mesma face encontram- se as especificações do filme, ou seja, o tipo de filme quanto a marca, tamanho, sensibilidade, quantidade, etc. Há ainda no filme uma saliência denominada PICOTE. Este picote auxilia no posicionamento do filme durante a exposição, no posicionamento do grampo no processamento e na posterior montagem e identificação dos filmes, pois ajuda diferenciar radiografias realizadas dos lados direito e esquerdo do paciente. O picote tem formato côncavo na face contrária de exposição e convexo ou saliente na face de exposição. Atualmente, fazendo parte da embalagem dos filmes, pode haver também uma proteção plástica para controle de infecção. Todavia, filmes com esta proteção plástica podem custar mais caro. Assim, para controle de infecção, pode ser usado filme plástico (PVC) para embalar os filmes ou sacos plásticos. 1

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Page 1: Filmes radiográficos  udei

FILMES RADIOGRÁFICOS!! Após os raios-X interagirem com o grupo dentário e/ou tecido ósseo de suporte a ser radiografado, parte da radiação é absorvida por estes tecidos e parte os atravessa e atinge uma superfície de registro (receptor de imagem), que necessita ser processada para formar uma imagem final à ser interpretada. Mesmo com toda a evolução da “radiologia digital”, os filmes radiográficos ainda são os receptores de imagem mais utilizados para radiografias dentárias.

EMBALAGEM Os filmes radiográficos intra-orais ou intrabucais são acondicionados em uma embalagem ou invólucro externo de plástico ou plástico e papel a prova de luz e umidade, umidade que provem especialmente da saliva do paciente. Dentro do invólucro externo, estes filmes são envoltos por um papel preto opaco que o protege ainda mais da entrada de luz. Ainda dentro da embalagem, na face contrária de exposição, há uma delgada lâmina de chumbo que possui algumas finalidades específicas:♦ proteger o filme contra a radiação secundária produzida pelos tecidos moles

do paciente, diminuindo a formação de véu na imagem;♦ indicar quando o filme foi exposto do lado contrário (função atribuída à um

decalque na forma de espinha de peixe que é impresso nessa lâmina);♦ aumentar a resistência da película durante a exposição.

Também na face contrária de exposição da embalagem há uma “lingueta” em forma de “V”, por onde se deve abrir o filme, e nesta mesma face encontram-se as especificações do filme, ou seja, o tipo de filme quanto a marca, tamanho, sensibilidade, quantidade, etc.

Há ainda no filme uma saliência denominada PICOTE. Este picote auxilia no posicionamento do filme durante a exposição, no posicionamento do grampo no processamento e na posterior montagem e identificação dos filmes, pois ajuda diferenciar radiografias realizadas dos lados direito e esquerdo do paciente. O picote tem formato côncavo na face contrária de exposição e convexo ou saliente na face de exposição.

Atualmente, fazendo parte da embalagem dos filmes, pode haver também uma proteção plástica para controle de infecção. Todavia, filmes com esta proteção plástica podem custar mais caro. Assim, para controle de infecção, pode ser usado filme plástico (PVC) para embalar os filmes ou sacos plásticos.

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CONSTITUIÇÃOBasicamente, os filmes são constituídos por 2 partes: Base e Emulsão

Entre estes dois componentes é colocado um material adesivo que os

mantém num contato íntimo e uniforme, e sobre a emulsão é colocada uma capa

protetora de que irá protegê-la da arranhões, pressão e contaminação durante o

processamento e armazenagem do filme.

Base: É o suporte para a emulsão do filme radiográfico, assim, sua principal

função é promover uma estrutura rígida onde a emulsão possa ser colocada. Esta

base é flexível para permitir facilidade de adaptação durante a exposição, mas

suficientemente rígida para permitir manipulação. Ela deve ser fina, plana,

transparente e de coloração azulada ou esverdeada.

A primeira base para filmes foi uma PLACA DE VIDRO, que foi substituída

por uma base de nitarto de celulose em 1913 quando a Kodak lançou o primeiro

filme radiográfico. Entretanto, esse material não oferecia segurança à

manipulação e principalmente armazenagem, por se tratar de um material

inflamável. Assim, em meados da década de 20, esta base de nitrato de celulose

foi substituída por outra de TRIACETATO DE CELULOSE, que tinha as mesmas

características da antecessora com a vantagem de não ser inflamável. Na década

de 60, lançou-se a base de POLIESTER, que é a mesma usada nos filmes atuais.

Essa base de poliester possui algumas vantagens sobre a base de triacetato de

celulose, como ser mais resistente (permitindo transporte em processadora

automática) e também mais delgada (tem 175μm).

Emulsão: A emulsão é a parte mais importante do filme, uma vez que é o

material com o qual os raios X interagem produzindo informações. Ela consiste na

mistura homogênea de gelatina e cristais de halogenetos de prata.

1. Gelatina: É um material de alta qualidade, clara para transmitir luz e

suficientemente porosa para que os químicos de processamento possam entrar e

chegar aos cristais de halogenetos de prata. Sua principal função é servir de

suporte para os cristais.

2. Cristais de Halogenetos de Prata: São o ingrediente ativo da emulsão

radiográfica (ou seja, é exatamente com eles que interagem a radiação X e os

líquidos de processamento). Na emulsão, 95% dos cristais são BROMETO DE

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PRATA, e o restante são IODETO DE PRATA. As diferenças na velocidade, contraste

e resolução dos vários filmes radiográficos são determinadas por como os cristais

de prata são fabricados e misturados à gelatina (concentração, tamanho, forma e

distribuição do cristal na emulsão).

Os filmes são fabricados com DUPLA EMULSÃO, ou seja, é colocada emulsão

em ambos os lados da base. Esta dupla emulsão torna o filme mais sensível,

necessitando assim de uma quantidade menor de radiação para expor os filmes,

diminuindo a dose de radiação ao paciente. Além disso, a dupla emulsão aumente

a resolução do filme, oferecendo uma imagem diagnostica mais precisa.

CLASSIFICAÇÃOOs filmes radiográficos podem ser classificados de acordo com a utilização,

o tamanho, a quantidade de filmes na embalagem e a sensibilidade dos filmes.

1. Quanto à utilizaçãoQuanto a utilização os filmes podem ser fabricados para uso dentro da

cavidade oral (intra-orais ou intrabucais), fora da cavidade oral (extra-orais ou

extrabucais) e para medir a exposição a que se submetem os operadores de

raios-X (dosimétricos).

Os filmes intra-orais podem ser de 3 tipos: periapicais, interproximais

(bitewings) e oclusais. Os periapicais são usados para visualização de coroas,

raízes e osso alveolar subjacente. Os interproximais também chamados

bitewings, servem para visualizar as coroas dos dentes superiores e inferiores em

um único filme, evidenciando as faces proximais dos mesmos. Possuem este

nome, bitewing, por causa de sua “asa de mordida”, colocada na face de

exposição, que serve para a estabilização do filme durante a realização da

radiografia. Os filmes oclusais são maiores que os periapicais e interproximais,

servindo para mostrar grandes áreas de maxila e mandíbula. Podem ser

adaptados para uso extra oral na técnica lateral de mandíbula quando do uso

odontopediátrico, ou para técnica de ossos próprios do nariz (OPN) em adultos e

crianças.

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Os filmes extra-orais ou extrabucais, como o nome diz, são usados para

realizar radiografias fora da cavidade oral, e faremos uma maior explicação sobre

os mesmos quando trabalharmos com as técnicas radiográficas extrabucais.

Já os filmes dosimétricos são filmes especiais, que não servem para realizar

radiografias, mas sim para medir a exposição dos operadores de raios-X e do

ambiente de exposição à radiação. Eles são usados por um certo período no bolso

deste operador, depois são processados e sua densidade é mensurada em um

aparelho especial, para medir a quantidade de radiação que o operador recebeu,

em seu ambiente de trabalho.

2. Quanto ao tamanho

Filmes Intrabucais

N˚ (Tamanho / Tipo) Dimensões (cm)

PERIAPICAIS

1.0 2,2 x 3,4

1.1 2,3 x 3,9

1.2 3,1 x 4,0

INTERPROXIMAIS

2.0 2,2 x 3,4

2.1 2,3 x 3,9

2.2 3,1 x 4,0

2.3 2,6 x 5,3

OCLUSAIS

3.4 5,7 x 7,6

3. Quanto à quantidade

Os filmes intrabucais podem ser simples, quando há apenas 1 película na

embalagem ou duplos, quando acondicionam 2 películas na mesma embalagem.

A grande vantagem dos filmes duplos é possibilitar ao profissional ter 2

radiografias idênticas do mesmo caso, mantendo uma cópia de arquivo para

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comparação futura na preservação ou seguimento de um caso. Ainda, esse filme

duplo possibilita a obtenção de 2 radiografias com densidades diferentes pela

variação do tempo de revelação, durante o processamento.

4. Quanto à sensibilidade

A sensibilidade corresponde à eficácia com que o filme radiográfico

responde à exposição. Esta é comumente chamada de velocidade, que se refere à

capacidade do filme em produzir imagens com maior ou menor quantidade de

radiação. A sensibilidade é medida em röntgen-recíproco (R∗) que é 1/R, e para

classificar os filmes dentro de uma certa sensibilidade específica, foram

estabelecidas faixas de sensibilidades denominadas por uma letra do alfabeto: D

(14,0 - 28,0 R*), E (28,0 - 56,0 R*) e F (56,0 - 112,0 R*).

Hoje, os filmes usados para radiografias intrabucais são os dos grupos D, E

e F, os filmes dos grupos A, B e C não são mais utilizados porque necessitam de

uma dose muito grande de radiação, que com o uso dos filmes dito “rápidos”,

torna-se desnecessária. Os filmes E e F são mais sensíveis que os D. Isto deve-se

a forma e a disposição dos cristais de halogenetos prata na emulsão. Os cristais

dos filmes E e F são achatados e tabulares, com um diâmetro médio de 1,6μm e

os cristais dos filmes D são globulares e com 1μm de diâmetro. Além disso, os

cristais dos filmes E e F são orientados paralelos com a face do filme que oferece

uma grande área de secção para o feixe de radiação. A diferença na sensibilidade

dos filmes E e F deve-se ao número de cristais, que é maior no filme F. Segundo o

fabricante dos filmes, a dose de radiação necessária para o filme E pode ser

diminuída em 50% em relação ao filme D. Já a dose de radiação para o filme F

pode ser diminuída em até 20% em relação ao filme E, e até 60% em relação ao

filme D.

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Grãos Tabulares (Filmes E e F) Grãos Globulares (Filmes D)

CARACTERÍSTICAS DOS FILMES RADIOGRÁFICOS

Quando um filme é exposto à um feixe de radiação e depois processado, os

cristais de halogenetos de prata de emulsão que foram atingidos pelos raios-X

são transformados em grãos de prata metálica. Estes grãos de prata bloqueiam a

transmissão de luz e dão ao filme uma aparência escura. O grau de escurecimento

obtido por um filme após seu processamento é o que entende-se por DENSIDADE

ÓPTICA OU DENSIDADE RADIOGRÁFICA. A densidade, ou o grau de escurecimento

do filme depende da intensidade do feixe de radiação, da composição do objeto

radiografado, do filme radiográfico e de como ele foi processado.

Um filme tem grande valor diagnóstico quando as estruturas de interesse

tem uma extensão de densidade entre 0,25 e 2,0. À partir da densidade podem

ser estabelecidas as propriedades sensitométricas dos filmes radiográficos:

CONTRASTE, SENSIBILIDADE e LATITUDE

1. Contraste

É o termo que descreve as diferenças de densidade nas várias regiões de

um filme. Ele é definido como as diferenças de densidades entre regiões claras e

escuras da radiografia. Quando uma radiografia mostra grandes diferenças entre

as áreas claras e escuras (entre branco e preto), diz-se que ela tem ALTO

CONTRASTE. Isto também é definido como uma ESCALA CURTA DE CONTRASTE,

porque poucos tons de cinza estão presentes entre as imagens brancas e pretas

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do filme. Uma imagem radiográfica composta de grandes variações de cinzas

claros e escuros é de BAIXO CONTRASTE, também referida como tendo uma

ESCALA LONGA DE CONTRASTE.

Alto Contraste / Escala Curta de Contraste

Baixo Contraste / Escala Longa de Contraste

2. Sensibilidade

A sensibilidade (ou velocidade) refere-se à capacidade do filme de produzir

imagens radiográficas com maior ou menor quantidade de radiação. E está

relacionada com o tamanho, tipo, forma e distribuição dos grãos de prata da

emulsão.

3. Latitude

A latitude de um filme é a medida da extensão de exposição que pode ser

gravado com densidades distinguíveis em um filme, isto é, é a capacidade de um

filme de ser tanto superexposto como subexposto e produzir imagens aceitáveis

para diagnóstico.

Ex: Existem 3 filmes, um com sensibilidade D, um com sensibilidade E e um

terceiro com sensibilidade F. Ao realizar radiografias com o filme de sensibilidade

D, foram feitas imagens com qualidades para diagnóstico na faixa de exposição

de 0,4 à 1,0s. Com o filme E, na faixa de 0,3 à 0,8s e com o filme F, com 0,2 à

0,6s. Assim, o filme com maior latitude foi o filme D, que permitiu uma faixa

maior de exposição sem ser sub ou superexposto.

Ressalta-se que a latitude é inversamente proporcional à sensibilidade, ou

seja, quanto maior a sensibilidade do filme, menor será sua latitude.

DETALHE E/OU DEFINIÇÃO

A capacidade de um filme de registrar detalhes muitos finos chama-se

definição, que é um efeito composto da granulação do filme, poder de resolução,

e tipo de solução de processamento.

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Os fatores que influenciam no detalhe são, pela ordem: granulação do filme

radiográfico (quanto menor os cristais de prata, maior o detalhe da imagem),

soluções de processamento, quilovoltagem dos aparelhos e placas

intensificadoras (acessório utilizado em radiografias extrabucais).

ARMAZENAMENTO DOS FILMES

Os filmes radiográficos, dentro das caixas, estão envolvidos em um

laminado à prova de vapor e umidade. Os periapicais são ainda mantidos por uma

cinta plástica que estabiliza a carga (nos movimentos de transporte) e facilita a

colocação no dispensador.

Externamente nas tampas das caixas, geralmente encontra-se a data de

vencimento dos filmes, podendo esta data ser prorrogada armazenando-se os

filmes em refrigerador, mas evitando o seu contato com a umidade. As caixas

ainda fechadas devem ser armazenadas à temperatura entre 10 e 21ºC

(temperatura encontrada em refrigerador comum da parte média para baixo) e de

40 a 60% de umidade relativa do ar.

Para armazenar os filmes em consultório, deve-se coloca-los em um local

onde não haja temperatura e umidade excessivas, radiações perdidas, etc., pois

estes materiais são muito sensíveis à luz, aos raios x, e à gases vapores, e não

deve-se colocar outros objetos sobre estas caixas de filmes, pois esta pressão

pode ocasionar defeitos nos mesmos.

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