figuras de linguagem

20
FIGURAS DE LINGUAGEM Figuras de palavras Figuras de pensamentos Figuras de Construção Comparação Metáfora Catacrese Sinestesia Antonomásia Sinédoque Metonímia Onomatopeia Símbolo (alegoria) Antítese Paradoxo Ironia Perífrase Eufemismo Disfemismo Hipérbole Gradação Prosopopeia Apóstrofe Elipse (Zeugma) Polissíndeto Assíndeto Pleonasmo Hipérbato Anacoluto Anáfora Silepse Anadiplose Diácope (Epístrofe) Assonância Aliteração Paranomásia Figuras Sintáti cas Semânti cas Fonétic as

Upload: mirela-oliveira

Post on 12-Jan-2016

6 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Todas as figuras de linguagem.

TRANSCRIPT

Page 1: Figuras de Linguagem

FIGURAS DE LINGUAGEM

Figuras de palavras Figuras de pensamentos Figuras de ConstruçãoComparação

MetáforaCatacreseSinestesia

AntonomásiaSinédoqueMetonímia

OnomatopeiaSímbolo (alegoria)

Antítese Paradoxo

IroniaPerífrase

EufemismoDisfemismoHipérboleGradação

ProsopopeiaApóstrofe

Elipse (Zeugma) PolissíndetoAssíndetoPleonasmoHipérbatoAnacolutoAnáforaSilepse

AnadiploseDiácope (Epístrofe)

AssonânciaAliteração

Paranomásia

Figuras

Sintáticas Semânticas Fonéticas

Page 2: Figuras de Linguagem

Figuras Semânticas

Metáfora

É o emprego de um termo com significado de outro em vista de uma relação de semelhança entre ambos. É uma comparação subentendida. •

“Não sei que nuvem trago neste peito que tudo quanto vejo me entristece...” (Alexandre de Gusmão)

“Sua boca é um cadeado E meu corpo é uma fogueira” (Chico Buarque de Holanda)

“Não fique pensando que o povo é nada, carneiro, boiada, débil mental para lhe entregar tudo de mão beijada.” (Chico Buarque de Holanda)

Comparação

É a aproximação de dois termos entre os quais existe alguma relação de semelhança, como na metáfora. A comparação, porém, é feita por meio de um conectivo e busca realçar determinada qualidade do primeiro termo.

A chuva caía como lágrimas de um céu entristecido. “E há poeta que são artistas

E trabalham nos seus versos como carpinteiro nas tábuas!...” (Alberto Caeiro)

“Como um grande borrão de fogo sujo O sol posto demora-se nas nuvens que Ficam.” (Alberto Caeiro)

Prosopopeia

Também chamada personificação ou animismo, é uma espécie de metáfora que consiste em atribuir características humanas a outros seres

“Ah! cidade maliciosa de olhos de ressaca que das índias guardou a vontade de andar nua.” (Ferreira Gullar)

Com a passagem da nuvem, a lua se tranquiliza.

Sinestesia

É uma espécie de metáfora que consiste na união de impressões sensoriais diferentes.

O cheiro doce e verde do capim trazia recordações da fazenda, para onde nunca mais retornou. (cheiro = sensação olfativa; doce = sensação gustativa; verde = sensação visual)

Um doce abraço indicava que o pai desculpara. (doce = sensação gustativa; abraço = tátil)

Dia de luz, festa de sol

Page 3: Figuras de Linguagem

Um barquinho a deslizar no macio azul do mar... (O barquinho - Tom Jobim) (azul = sensação visual; macio = sensação tátil)

Catacrese

É o emprego de um termo figurado por falta de um termo próprio para designar determinadas coisas. É uma metáfora desgastada pelo uso excessivo.

Sentou-se no braço da poltrona para descansar. Não me lembro do seu nome, mas ainda vejo as suas eternas maçãs do rosto avermelhadas. A asa da xícara quebrou-se

Usamos a catacrese em expressões como “orelha de livro” ou “dente de alho”. O termo “engarrafamento”, usado para designar o congestionamento de automóveis, ou

o verbo “embarcar”, usado no sentido de entrar no carro, no avião ou no trem, são exemplos de catacrese.

Metonímia

É a substituição do sentido de uma palavra ou expressão por outro sentido, havendo entre eles uma reação lógica.

O autor pela obra.

Ouvi Mozart com emoção. (A música de Mozart) Leio Graciliano Ramos porque ele fala da realidade brasileira. (Obra de Graciliano Ramos)

O continente (o que contém) pelo conteúdo (o que está contido).

Ele comemorou tomando um copo de caipirinha. (Continente: um copo; Conteúdo: caipirinha contida no copo)

A parte pelo todo.

“O bonde passa cheio de pernas. ” (Drummond) (pernas = pessoas) São muitas as famílias que procuram um teto para morar. (Teto = casa)

O singular pelo plural.

“Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. ” (Art.3º-Declaração Universal dos Direitos

Humanos) (homem = Humanidade) A mulher foi chamada para ir às ruas na luta contra a violência. (Mulher = todas as

mulheres)

O instrumento pela pessoa que o utiliza.

Os microfones corriam atropelando até o entrevistado. (Microfone = repórteres) Ele é um bom pincel, o problema é que seus quadros são caros. (Pincel = pintor) Ele é um bom garfo. (Garfo = come de mais)

O abstrato pelo concreto.

A juventude é corajosa e nem sempre consequente. (Juventude = jovens) A infância é saudavelmente desordeira. (Infância = crianças)

Page 4: Figuras de Linguagem

O efeito pela causa

Com muito suor o operário construiu sua casa. (Suor = casa) As industrias despejam a morte nos rios. (Morte = poluição)

A matéria pelo objeto

Os bronzes tangiam avisando a hora da missa. (Bronze = sino) Os cristais tiniam na bandeja de prata. (Cristais = copos)

Perífrase

Expressão que designa um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que celebrizou. Em termos gerais, perífrase designa qualquer sintagma ou expressão idiomática (e mais ou menos óbvia ou direta) que substitui outra.

A Cidade Luz continua atraindo visitantes do mundo todo. (cidade luz = Paris)

A Cidade Maravilhosa segue cheia de sol. (cidade maravilhosa = Rio de Janeiro)

O povo lusitano foi bastante satirizado por Gil Vicente. (povo lusitano = os portugueses)

Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de ANTONOMÁSIA.

O Príncipe dos poetas também teve outras atividades que o tornaram famoso; por exemplo: a luta pelo serviço militar obrigatório. (Príncipe dos poetas = Olavo Bilac)

O Presidente dos Pobres suicidou-se em 1954. (Presidente dos Pobres = Getúlio Vargas) “A dama do teatro brasileiro foi indicada para o Oscar.” (Dama do teatro brasileiro =

Fernanda Montenegro)

Antítese

Figura que consiste no emprego de termos com sentidos opostos. •

“Tristeza não tem fim. felicidade sim ....” (Vinícius de Moraes)

“Eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças” (Drummond)

“Há de surgir uma estrela no céu cada vez que você sorrir, há de apagar uma estrela no céu cada vez que você chorar” (Gilberto Gil)

Paradoxo

É uma proposição aparentemente absurda, resultante da reunião de ideias contraditórias.

“Pra se viver do amor Há que esquecer o amor.” (Chico Buarque de Holanda)

No discurso, sindicalista afirmou que o operário quanto mais trabalha mais tem dificuldades econômicas.

Eufemismo

Figura que consiste no abrandamento de uma expressão de sentido desagradável.

Page 5: Figuras de Linguagem

Aqueles homens públicos apropriam-se do dinheiro. (apropriar-se = roubar) Cássia Eller partiu dessa para melhor. (partiu dessa para melhor = morrer)

Hipérbole

Figura que através do exagero procura tornar mais expressiva uma ideia.

Na época de festa junina, sempre morro de medo de fogos de artifício. Ela gastou rios de dinheiro. "Será que eu tenho sempre que te lembrar

todo dia, toda hora. Eu te imploro, Por favor." (Alice, Kid Abelha)

Ironia

Consiste na inversão de sentido: afirma-se o contrário do que se pensa, visando à sátira ou à ridicularização.

Figuras Fonéticas

ONOMATOPÉIA

Consiste na imitação do som ou da voz natural dos seres.

“Sem o coaxar dos sapos ou o cricri dos grilos como que é que poderíamos dormir tranquilos a nossa eternidade? ” (Mário Quitanda)

“No Tic Tic Tac do meu coração, renascerá...” (Timbalada)

ASSONÂNCIA

É a repetição de vogais na mesma frase.

“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral” (Caetano Veloso - Araçá Azul)

Anule aliterações altamente abusivas (manual de redação humorístico - aliteração em A)

ALITERAÇÃO

Consiste na repetição de fonemas no início ou interior das palavras.

O rato roeu a roupa do rei de Roma. “Pedro Pedreiro penseiro esperando o trem/

Manhã parece, carece de esperar também/ Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém”. Chico Buarque (várias figuras – também há aliteração em E)

Figuras Sintáticas

Elipse

Ocorre quando há omissão de um termo, que fica subentendido pelo contexto e que é facilmente identificado.

À direita da estrada, sol, à esquerda, chuva. (omissão da forma verbal estava: estava o sol, estava chuva)

Page 6: Figuras de Linguagem

• “Na rua deserta, nenhum sinal de bonde. ” (Clarice Lispector) (omissão de não havia)

Zeugma

Omissão de um termo (verbo) já enunciado antes. Pode-se considerar zeugma como uma forma de elipse.

“Ele prefere um passeio pela praia; eu, cinema. ” (omissão de prefiro) “Levou seu retrato,

seu trapo, seu prato, que papel! Uma imagem de São Francisco e um bom disco de Noel” (omissão de levou) (A Rita – Chico Buarque de Holanda)

Inversão ou Hipérbato

É a inversão da ordem natural (direta) dos termos na oração, ou das orações no período.

Viajam cansados os pescadores de ilusões. (Os pescadores de ilusões viajam cansados) Acompanhando o som da torcida, dançava com a bola o atleta. (O atleta dançava com a bola

acompanhando som da torcida)

Pleonasmo

É a repetição de um termo, ou reforço de seu significado

Choramos um choro sentido, mas nos refizemos logo. A ele resta-lhe a boa oportunidade de provar sua inocência. “Olhei até ficar cansado

De ver os meus olhos no espelho” Flores ( Titãs )

Assíndeto

Ocorre quando há a supressão (retirada) do conectivo (conjunção)

O cantor interpretava a canção, o público vaiava. Ele insistia, o público continuava. Ele parou, quebrou o violão, saiu do palco.

O vento zunia, as folhas caíam.

Polissíndeto

Ocorre quando há repetição do conectivo (conjunção).

E falei, e gritei, e tentei, e gesticulei e pedi ajuda, mas ninguém parou para socorrer o gato acidentado.

E a noite é negrae estrelas não brilham e pessoas mascaram a voz e a dor e expõem o rosto ao risco e à solidão.

Page 7: Figuras de Linguagem

Anacoluto

Ocorre quando há uma interrupção da construção sintática para se introduzir uma outra ideia.

Umas moedas velhas caídas no fundo da gaveta, nós descobrimos o seu valor depois que o colecionador as quis comprar.

Os nordestinos quando chegam, em família, entre sacos e sacola, na estação central, eu acho que merecem mais do que uma reportagem: merecem um livro que conte a luta e a resistência dessa brava gente.

Repetição

É a repetição de uma palavra para enfatizar o sentido, criando maior expressividade.

“Na solidão solitude, Na solidão entrei,Na solidão perdi-me,Nunca me alegrei.” (Mário de Andrade)

Vários tons de vermelho dançam para mim, o vermelho da guerra, o vermelho das terras, o vermelho do nada.” (Kátia Maristela Ongaro)

Silepse

Ocorre quando se realiza a concordância com a idéia e não com os termos expressos.

A silepse pode ser:

De gênero

Vossa Excelência ficou cansado com o discurso.

De número

A família do réu procurou advogado e queriam saber se ele poderia ficar em liberdade durante o processo.

De pessoa

Os brasileiros somos muito crédulos.

Anáfora

É a repetição de termos no início de cada verso ou frases.

“Era a mais cruel das cenas. Era a mais cruel das situações. Era a mais cruel das missões..."

Gradação

Consiste numa sequência de palavras, sinônimas ou não, que intensificam uma mesma ideia. Pode ser da menos intensa para a mais intensa e vice-versa.

Gradação ou Clímax

Page 8: Figuras de Linguagem

O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se. (Padre Vieira) Ele chorou, berrou, esperneou.

Apóstrofe

Consiste no chamamento ou interpelação a uma pessoa ou coisa que pode ser real ou imaginária, pode estar presente ou ausente; usada para dar ênfase. Um tipo de VOCATIVO.

Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!

Senhor, Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus!

Deus! Deus! Onde estás que não respondes?

Page 9: Figuras de Linguagem

BIOGRAFIAS

OSWALD ANDRADEJosé Oswald de Sousa Andrade nasceu em São Paulo, no dia 11 de janeiro de 1890 e faleceu em 1954. Era de descendência rica, seu pai era proprietário de terras e trabalhava com imóveis e café.Formou-se em humanidades no Colégio de São Bento, em 1908. Um ano depois, ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco e começou a trabalhar como redator e repórter do Diário Popular. Em 1911, fundou o semanário O Pirralho, financiado pela família.

Após o terceiro ano da faculdade, em 1912, Oswald fez sua primeira viagem à Europa, onde conheceu Kamiá, mãe de seu primeiro filho. Em seu retorno trouxe de lá as idéias futuristas de Marinetti, e aplicou-as no Brasil em seus escritos.

Tornou-se colaborador do Jornal do Comércio e de A Gazeta, ao mesmo tempo em que alugou um local para que escritores e estudantes pudessem se encontrar, então, apaixonou-se por uma das freqüentadoras, Daisy ou Miss Cyclone.

O primeiro volume da trilogia do romance Os condenados foi publicado em 1922, no qual Alma, personagem principal, foi inspirada em Miss Cyclone. Neste mesmo ano, juntamente com outros artistas e escritores da época, promoveu a Semana de Arte Moderna, e conheceu a artista Tarsila do Amaral, com quem casou em 1926.

As idéias vanguardistas que Oswald trouxe da Europa já estavam intrínsecas nos romances Os condenados, nos 163 episódios de O perfeito cozinheiro das almas deste mundo, em Serafim Ponte Grande e Memórias sentimentais de João Miramar: misto de prosa e poesia, linguagem dinâmica, textos curtos e semi-independentes, composições inovadoras com enquadramento diferenciado; além das características marcantes da primeira fase do Modernismo: nacionalismo, visão social, crítica da realidade brasileira, a valorização do falar cotidiano, análise crítica da sociedade burguesa capitalista. Oswald voltou à Europa com Tarsila do Amaral, onde juntos fundaram o Movimento Antropofágico, movimento que lançou um novo modo de encarar as artes e a cultura brasileira no final da década de 20.

No período da crise de 1929, separou-se de Tarsila do Amaral e apaixonou-se por Pagu (Patrícia Galvão), escritora comunista. Oswald ficou cada vez mais particularizado com a política e filiou-se no PCB (Partido Comunista Brasileiro). O casal fundou o jornal “O Homem do Povo” até o ano de 1945, quando rompeu com o partido. Separou-se de Pagu, mãe de seu segundo filho; e casou-se com a poetisa Julieta Bárbara, logo depois, casou-se novamente com Maria Antonieta D’Aikmin, com quem ficou até a morte.

A poesia de Oswald trouxe irreverência e renovação na linguagem literária, pois não se adequava aos modelos de literatura da época, sua obra original era repleta de humor e ironia. Incorporou à sua obra os neologismos, a falta de padronização, além da linguagem coloquial, citada anteriormente.

Suas principais obras são: Poesia pau-brasil, Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade, Memórias Sentimentais de João Miramar, Serafim Ponte Grande, Os condenados.

OBRAS

Poesias Reunidas Memórias Sentimentais de João Miramar (1924): baseada em algumas experiências do autor. A obra narra à

história de um burguês paulista e todas as suas experiências (estudos, viagens, casamento, crises, etc) Serafim Ponte Grande Os condenados (romance): gênero que mais despertou o interesse de Oswald de Andrade. Esse romance marca

a estreia de Oswald na prosa em 1922. Esse é o primeiro volume da Trilogia de Exílio. Também fazem parte dessa trilogia: Estrela do Absinto (1927) e Escada Vermelha (1934).

Em 1930, o escritor lança três importantes textos dramáticos:

O homem e o cavalo (1934) O rei da vela (escrita em 1933 e publicada em 1937): peça mais conhecida dessa trilogia. A morta (1937)

Oswald morreu em São Paulo em 1954 e sua poesia é considerada em exemplo de renovação na linguagem literária.

Page 10: Figuras de Linguagem

Ele e Mário de Andrade foram os principais responsáveis pela implantação e definição da nossa literatura moderna.

Não eram parentes, apesar do sobrenome, foram amigos por 12 anos (de 1917 ate 1929), porém, depois se separaram e ninguém sabe a razão.

MÁRIO DE ANDRADEMário Raul de Morais Andrade nasceu na capital de São Paulo, em 9 de outubro de 1893. Formou-se como bacharel em Ciências e Letras no Ginásio Nossa Senhora do Carmo, em 1909. Um ano após, matriculou-se na Escola de Comércio Álvares Penteado, onde cursava Filosofia e Letras, mas abandonou o curso em função de uma discussão com o professor de português. No ano seguinte, começou o curso de piano no Conservatório Musical de São Paulo, onde se formou em 1917. Neste mesmo ano começou suas críticas a respeito das artes e cultura, então, passou a escrever para jornais e revistas, e também publicou seu primeiro livro “Há uma gota de sangue em cada poema”, sob o pseudônimo de Mário Sobral. Colaborou com publicações na A Gazeta e O Echo. Foi professor de História e Filosofia da Arte na Universidade do Distrito Federal (RJ), participante da Sociedade de Cultura Artística, diretor do Departamento de Cultura do Município de São Paulo, professor de História da Música no Conservatório Dramático de São Paulo e trabalhou no Serviço de Patrimônio Histórico.

 Em 1922, publicou Paulicéia Desvairada, sua primeira obra moderna, aclamada pelo escritor Oswald de Andrade, e rompeu com todas as estruturas ligadas ao classicismo, já que fez uso de versos brancos e livres, utilizando a cidade de São Paulo como temática.

Sua obra apresenta uma linguagem mais próxima da popular e do coloquialismo: escreve “si”, “quasi”, “guspe” ao invés de “se”, “quase” e “cuspe”. Além disso, seus livros “Clã do jabuti” e “Remate de males” recaem sobre uma perspectiva folclórica, por ser Mário de Andrade um historiador ligado às raízes folclóricas adquiridas nas suas viagens às cidades históricas brasileiras, e a todo o Brasil, inclusive do Amazonas até o Peru.

 Seu marco literário é o livro “Macunaíma”, o herói sem nenhum caráter, no qual o índio amazônico encontra-se em choque com a tradição e cultura européia na cidade de São Paulo.

Macunaíma

Considerada a obra mais importante da primeira fase modernista.

Para compor esta obra, Mário de Andrade se inspirou na obra do etnógrafo (de etnografia, significa, segundo o dicionário Aurélio: disciplina que tem por fim o estudo e a descrição dos povos, sua língua, raça, religião, etc, e manifestações materiais de sua atividade) Koch-Grünberg “Vom Roraima Zum Orinoco” (um conjunto de lendas dos índios Taulipangues e Arecunás).

Mário de Andrade chamou essa obra de rapsódia (nome que na música significa composição que envolve uma variedade de motivos populares). Porém, também pode ser chamada de Romance, pois apresenta semelhanças com os romances medievais.

Características da obra Macunaíma

Vocábulos indígenas e africanos Gírias Provérbios Ditados populares Modismos Anedotas da história brasileira

Erotismo Surrealismo O fantástico se confunde com o real Superstições Aspectos da vida urbana e rural do Brasil

Outras obras

A escrava que não é Isaura (ensaio) Primeiro de maio (conto) Peru de natal (conto) Vestida de Preto (conto) Losango cáqui (poesia) Primeiro Andar (conto)

Contos Novos (conto) Os filhos da Candinha (crônica) Amar, verbo intransitivo (romance) Macunaíma (rapsódia) O Empalhador de Passarinho (ensaio)

Page 11: Figuras de Linguagem

Mário de Andrade morreu em São Paulo em 1945 e atualmente é considerado um dos maiores escritores da literatura brasileira.

Muitos pensam que ele e Oswald de Andrade tinham algum parentesco; porém, não é verdade. Os dois se conheceram em 1917 e por alguma razão desconhecida, essa amizade terminou em 1929.

PAULO MENOTTI DEL PICCHIA

Escritor e poeta e pintor e escultor brasileiro nascido em São Paulo, capital, de destacada atuação no movimento modernista, autor do poema Juca Mulato (1917), obra de repercussão internacional e que teve dezenas de edições. Filho dos italianos Luís Del Picchia e Corina Del Corso Del Picchia, ainda menino mudou-se para ltapira, cidade do interior paulista, onde fez o curso primário. Seus estudos secundários foram feitos em Campinas, São Paulo, e em Pouso Alegre, Minas Gerais, onde se diplomou em Ciências e Letras. Aos 13 anos de idade começou a produzir suas primeiras produções literárias e aos 16 anos, fundou e dirigiu O Mandu, um pequeno jornal do ginásio local para divulgar suas produções literárias.

Formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo (1913), ano em que publicou seu livro de estreia, Poemas do vício e da virtude (1913) e voltou para Itapira onde foi agricultor, exerceu a advocacia, dirigiu o jornal Cidade de Itapira e fundou o jornal político O Grito. Lá escreveu os poemas Moisés e Juca Mulato, ambos publicados no mesmo ano, e voltou a residir em Sâo Paulo.

Autor de romances, contos e crônicas, de novelas e ensaios, de peças de teatro, de estudos políticos e de obras da literatura infantil. Fundador, redator e colaborador de vários jornais paulistanos, suas crônicas publicadas (1920-1930) no Correio Paulistano, constituíram-se numa espécie de diário do modernismo. Com Graça Aranha, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e outros, liderou o Movimento Modernista Brasileiro e foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo (1922).

Fundou jornais e revistas, foi fazendeiro, procurador geral do Estado de São Paulo, editor, diretor de banco e industrial, tabelião e ocupou diversos e altos cargos administrativos. Fez pintura e escultura e foi duas vezes deputado estadual e três vezes federal por São Paulo. Pertence às Academias Paulistas e Brasileira de Letras, para a qual foi eleito (1943) para ocupar a Cadeira n. 28, na sucessão de Xavier Marques.

O poeta morreu na cidade de São Paulo, com 96 anos, e em Itapira foi dado o nome de “Juca Mulato” a um parque e seu nome do poeta a uma praça, além da construção do memorial Casa de Menotti Del Picchia. Exemplos de sua obra também foram os livros de poemas Poemas do vício e da virtude (1913), O amor de Dulcinéia (1926) e Chuva de pedra (1925), os romances Flama e argila (1920), O crime daquela noite (1924) e Salomé (1940) e as novelas e contos O pão de Moloch (1921), A mulher que pecou (1922) e O nariz de Cleópatra (1922).

Também escreveu ensaios como A crise da democracia; A crise brasileira: soluções nacionais (1935) e A revolução paulista (1932) e para o teatro como Suprema conquista (1921).

MANUEL BANDEIRA

Biografia, obras e estilo literário.

Este notável poeta do modernismo brasileiro nasceu em Recife, Pernambuco, no ano de 1886. Teve seu talento evidenciado desde cedo quando já se destacava nos estudos.

Durante o período em que cursava a Faculdade Politécnica em São Paulo, Bandeira precisou deixar os estudos para ir à Suíça na busca de tratamento para sua tuberculose. Após sua recuperação, ele retornou ao Brasil e publicou seu primeiro livro de versos, Cinza das Horas, no ano de 1917; porém, devido à influência simbolista, esta obra não teve grande destaque.

Dois anos mais tarde este talentoso escritor agradou muito ao escrever Carnaval, onde já mostrava suas tendências modernistas. Posteriormente, participou da Semana de Arte Moderna de 1922, descartando de vez o lirismo bem comportado. Passou a abordar temas com mais encanto, sendo que muitos deles tinham foco nas recordações de infância.

Page 12: Figuras de Linguagem

Além de poeta, Manuel Bandeira exerceu também outras atividades: jornalista, redator de crônicas, tradutor, integrante da Academia Brasileira de Letras e também professor de História da Literatura no Colégio Pedro II e de Literatura Hispano-Americana na faculdade do Brasil, Rio de Janeiro.

Este, que foi um dos nomes mais importantes do modernismo no Brasil, faleceu no ano 1968.

Suas obras:

POESIA: Poesias, reunindo A cinza das horas, Carnaval, O ritmo dissoluto (1924), Libertinagem (1930), Estrela da manhã (1936), Poesias escolhidas (1937), Poesias completas, reunindo as obras anteriores e mais Lira dos cinqüenta anos (1940), Poesias completas, 4a edição, acrescida de Belo belo (1948), Poesias completas, 6a edição, acrescida de Opus 10 (1954), Poemas traduzidos (1945), Mafuá do malungo, versos de circunstância (1948), Obras poéticas (1956), 50 Poemas escolhidos pelo autor (1955), Alumbramentos (1960), Estrela da tarde (1960).

PROSA: Crônicas da província do Brasil (1936), Guia de Ouro Preto (1938), Noções de história das literaturas (1940), Autoria das Cartas chilenas, separata da Revista do Brasil (1940), Apresentação da poesia brasileira (1946), Literatura hispano-americana (1949), Gonçalves Dias, biografia (1952), Itinerário de Pasárgada (1954), De poetas e de poesia (1954), A flauta de papel (1957), Prosa, reunindo obras anteriores e mais Ensaios literários, Crítica de Artes e Epistolário (1958), Andorinha, andorinha, crônicas (1966), Os reis vagabundos e mais 50 crônicas (1966), Colóquio unilateralmente sentimental, crônica (1968).

ANTOLOGIAS: Antologia dos poetas brasileiros da fase romântica (1937), Antologia dos poetas brasileiros da fase parnasiana (1938), Antologia dos poetas brasileiros bissextos contemporâneos (1946). Organizou os Sonetos completos e Poemas escolhidos de Antero de Quental, as Obras poéticas de Gonçalves Dias (1944), as Rimas de José Albano (1948) e, de Mário de Andrade, Cartas a Manuel Bandeira (1958).

FERNANDO PESSOA

Introdução

Fernando Antônio Nogueira Pessoa foi um dos mais importantes escritores e poetas do modernismo em Portugal. Nasceu em 13 de junho de 1888 na cidade de Lisboa (Portugal) e morreu, na mesma cidade, em 30 de novembro de 1935.

Biografia

Fernando Pessoa foi morar, ainda na infância, na cidade de Durban (África do Sul), onde seu pai tornou-se cônsul. Neste país teve contato com a língua e literatura inglesa.

Adulto, Fernando Pessoa trabalhou como tradutor técnico, publicando seus primeiro poemas em inglês.

Em 1905, retornou sozinho para Lisboa e, no ano seguinte, matriculou-se no Curso Superior de Letras. Porém, abandou o curso um ano depois.

Pessoa passou a ter contato mais efetivo com a literatura portuguesa, principalmente Padre Antônio Vieira e Cesário Verde. Foi também influenciado pelos estudos filosóficos de Nietzsche e Schopenhauer. Recebeu também influências do simbolismo francês.

Em 1912, começou sua atividade como ensaísta e crítico literário, na revista Águia.

A saúde do poeta português começou a apresentar complicações em 1935. Neste ano foi hospitalizado com cólica hepática, provavelmente causada pelo consumo excessivo de bebida alcoólica. Sua morte prematura, aos 47 anos, provavelmente aconteceu em função destes problemas, pois apresentou cirrose hepática.

O ortônimo e os heterônimos de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa usou em suas obras diversas autorias. Usou seu próprio nome (ortônimo) para assinar várias obras e pseudônimos (heterônimos) para assinar outras. Os heterônimos de Fernando Pessoa tinham personalidade própria e características literárias diferenciadas. São eles:

Álvaro de CamposEra um engenheiro português de educação inglesa. Influenciado pelo simbolismo e futurismo, apresentava um certo niilismo em suas obras.

Page 13: Figuras de Linguagem

Ricardo ReisEra um médico que escrevia suas obras com simetria e harmonia. O bucolismo estava presente em suas poesias. Era um defensor da monarquia e demonstrava grande interesse pela cultura latina.

Alberto CaeiroCom uma formação educacional simples (apenas o primário), este heterônimo fazia poesias de forma simples, direta e concreta. Suas obras estão reunidas em Poemas Completos de Alberto Caeiro.

Obras de Fernando Pessoa

Do Livro do Desassossego Ficções do interlúdio: para além do outro

oceano Na Floresta do Alheamento

O Banqueiro Anarquista O Marinheiro Por ele mesmo

Poesias de Fernando Pessoa

A barca Aniversário Auto psicografia À Emissora Nacional Amei-te e por te amar... Antônio de Oliveira Salazar Auto psicografia Elegia na Sombra Isto Liberdade Mar português Mensagem Natal O Eu profundo e os outros Eus O cancioneiro O Menino da Sua Mãe

O pastor amoroso Poema Pial Poema em linha reta Poemas Traduzidos Poemas de Ricardo Reis Poesias Inéditas Poemas para Lili Poemas de Álvaro de Campos Presságio Primeiro Fausto Quadras ao gosto popular Ser grande Solenemente Todas as cartas de amor... Vendaval

Prosas de Fernando Pessoa

Pessoa e o Fado: Um Depoimento de 1929 Páginas Íntimas e de Auto Interpretação Páginas de Estética e de Teoria e de Crítica Literárias

Obras do heterônimo Alberto Caeiro

O Guardador de Rebanhos O guardador de rebanhos – XX A Espantosa Realidade das Cousas Um Dia de Chuva Todos os Dias Poemas Completos Quando Eu não tinha Vai Alta no Céu a lua da Primavera O Amor é uma Companhia Eu Nunca Guardei Rebanhos O Meu Olhar Ao Entardecer Esta Tarde a Trovoada Caiu

Há Metafísica Bastante em Não Pensar em Nada

Pensar em Deus Da Minha Aldeia Num Meio-Dia de Fim de Primavera Sou um Guardador de Rebanhos Olá, Guardador de Rebanhos Aquela Senhora tem um Piano Os Pastores de Virgílio Não me Importo com as Rimas As Quatro Canções Quem me Dera No meu Prato Quem me Dera que eu Fosse o Pó da Estrada

Page 14: Figuras de Linguagem

Obras do heterônimo – Álvaro de Campos

Acaso Acordar Adiamento Afinal A Fernando Pessoa A Frescura Ah, Onde Estou Ah, Perante Ah, Um Soneto Ali Não Havia

Aniversário Ao Volante Apostila Às Vezes Barrow-on-Furness Bicarbonato de Soda O Binômio de Newton A Casa Branca Nau Preta Chega Através Cartas de amor

Obras do heterônimo – Ricardo Reis

A Abelha A Cada Qual Acima da verdade A flor que és Aguardo Aqui Aqui, dizeis Aqui, neste misérrimo desterro Ao. Longe Aos Deuses Antes de Nós Anjos ou Deuses A palidez do dia Atrás não torna A Nada Imploram As Rosas Azuis os Montes Bocas Roxas Breve o Dia Cada Coisa Cada dia sem gozo não foi teu Cancioneiro Como Coroai-me Cuidas, índio Da Lâmpada Da Nossa Semelhança De Apol

Page 15: Figuras de Linguagem