figuras de linguagem
TRANSCRIPT
+
LITERATURA
REVISÃO DE ALGUNS ASPECTOS
TÉCNICOS... Profa. Cláudia Pedroso
+ VOCABULÁRIO CRÍTICO – um
pequeno guia para a análise literária
+ ALITERAÇÃO
Repetição de um mesmo som consonantal
no interior de um ou mais versos.
Exemplo:
“Acho que a chuva ajuda
a gente se ver”
(Chuva, suor e cerveja – Caetano Veloso)
+ ANÁFORA
Figura de linguagem que corresponde à repetição da mesma palavra ou expressão, na mesma posição, em vários versos (sempre no começo, sempre no meio ou sempre no final do verso).
Exemplo:
“Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense, [...]
(José – Carlos Drummond de Andrade)
+ ANTÍTESE
Figura de linguagem que aproxima termos
de sentidos opostos.
Exemplos:
“Estou acordado e todos dormem, todos
dormem, todos dormem”.
(Monte Castelo, Renato Russo)
+ ANTÍTESE “Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...”
(Certas coisas – Lulu Santos)
+ PARADOXO ou OXÍMORO
Figura de linguagem que ocorre
quando termos de sentidos contrários
, que se excluem mutuamente, são
ligados em uma mesma unidade na
frase, reunindo ideias inconciliáveis.
+ PARADOXO ou OXÍMORO
Tic-Tac
Este Amor que afinal, é a minha vida
E que será, talvez, a minha morte,
Amor que me acalora e me intimida,
Que me põe fraco quanto me põe forte;
Este Amor, que é um broquel e é uma ferida,
Vai decidir, por fim, a minha sorte.
(Hermes Fontes)
* broquel: amparo, proteção
+ ASSONÂNCIA
Repetição de uma mesma vogal no interior de um ou mais
versos.
Exemplo:
“Venha, veja, deixa
Beija, seja
O que Deus quiser.”
(Chuva, suor e cerveja – Caetano Veloso)
Obs.: Nos versos acima também encontra-se presente a
aliteração, através da repetição dos sons consonantais /V/e /J/.
+ ENCADEAMENTO OU
ENJAMBEMENT Ocorre quando um verso apresenta ligação sintática ( e de
sentido) com o verso seguinte.
Exemplo:
“Sempre cara me foi esta colina
Erma, e esta sebe, que de tanta parte[...]
Mas sentado a mirar, intermináveis
Espaços além dela, e sobre-humanos
Silêncios, e uma calma profundíssima [...]”
(O Infinito de Leopardi – Vinicius de Moraes)
+ ESCANSÃO E MÉTRICA
ESCANSÃO - fazer escansão ou escandir um verso é decompô-lo em sílabas métricas. A métrica poética determina a classificação dos versos.
MÉTRICA OU METRIFICAÇÃO - semelhança entre sons no interior do mesmo verso (rima interna) ou no final de versos diferentes (rima externa). Podem ser consoantes (rimam vogais e consoantes) ou toantes (rimam apenas as vogais tônicas). Podem ainda ser pobres ou ricas, conforme a extensão dos sons que rimam ou a categoria gramatical. Quanto à disposição, podem ser alternadas (ou cruzadas), emparelhadas, interpoladas ou misturadas.
+ VERSO E ESTROFE
VERSO – trata-se de cada linha de um poema,
com ritmo específico, que o difere de uma
linha de prosa. Quando o verso segue as
regras da métrica clássica, chama-se verso
regular. Quando não obedece a elas, chama-se
verso livre.
ESTROFE – conjunto de versos de uma
composição poética.
+ EXEMPLO DOS ASPECTOS
ANTERIORES...
A CAROLINA
Querida, ao pé do leito derradeiro -
A
Em que descansas dessa longa vida,
- B
Aqui venho e virei, pobre querida,
- B
Trazer-te o coração do companheiro. -
A
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
- A
Que, a despeito de toda a humana
lida, - B
Fez a nossa existência apetecida
- B
E num recanto pôs um mundo inteiro.
- A
Trago-te flores, - restos arrancados -
C
Da terra que nos viu passar unidos -
D
E ora mortos nos deixa e separados. -
C
Que eu, se tenho nos olhos malferidos
- D
Pensamentos de vida formulados, -
C
São pensamentos idos e vividos. -
D
(Machado de Assis)
+ ANÁLISE DO POEMA...
O poema de M. de A. é um soneto, forma fixa de
composição que apresenta 14 versos, distribuídos em 4
estrofes, a serem 2 quartetos e 2 tercetos.
O soneto é decassílabo, como exemplificado abaixo com
o 1o. verso da 1a. estrofe e o 2o. verso da 2a. estrofe:
QUE-RI-DA, AO – PÉ –DO – LEI-TO – DE - RRA-DEI – ro
1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10
QUE, A – DES-PEI-TO – DE – TO-DA A HU- MA - NA – LI –da,
1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10
+ ANÁLISE DO POEMA...
Lembrando:
os sons vocálicos, em geral, são contados como uma sílaba poética, num fenômeno chamado ELISÃO – como ocorreu na 3a. silaba poética do 1o. verso e na 7a. do 2o. verso;
contam-se as silabas poéticas até a última silaba tônica, desprezando-se, consequentemente, a átona, como vimos nos versos que nos serviram de exemplo ( na Literatura, os “fracos não têm vez”).
Com relação às rimas, são todas externas, configurando-se sob o esquema clássico: ABBA/ABBA/CDC/DCD.
+ Quadro - Nomenclatura quanto
ao número de sílabas poéticas
Classificação
No. de sílabas
Classificação No. de sílabas
Monossílabos 1 sílaba Octossílabos 8 sílabas
Dissílabos 2 sílabas Eneassílabos 9 sílabas
Trissílabos 3 sílabas Decassílabos 10 sílabas
Tetrassílabos 4 sílabas Hendecassílabos 11 sílabas
Pentassílabos ou
Redondilha
Menor
5 sílabas Dodecassílabos
ou Alexandrinos
12 sílabas
Hexassílabos 6 sílabas Bárbaros Mais de 12
sílabas
Heptassílabos ou
Redondilha Maior
7 sílabas
+ COMPARAÇÃO
Figura de linguagem que aproxima dois termos através de conjunção “como”ou similar.
Exemplo:
“Teu rosto como um templo
Voltado para o oriente
Remoto como o nunca
Eterno como o sempre”
(Retrato de Maria Lúcia – Vinícius de Moraes)
+ METÁFORA
Figura de linguagem que encerra uma comparação
simplificada, abreviada, da qual foi retirada a conjunção
“como”ou similar.
Exemplo:
“Eu sou nuvem passageira / Que com o vento se vai / Eu sou
como um cristal bonito / Que se quebra quando caiNão
adianta escrever meu nome numa pedra / Pois essa pedra
em pó vai se transformar / Você não vê que a vida corre
contra o tempo / Sou um castelo de areia na beira do
mar”
(Nuvem Passageira - Hermes Aquino)
+ METONÍMIA ou SINÉDOQUE
Figura de linguagem que consiste em nomear um dos aspectos de
uma representação global. É um recurso que substitui um termo por
outro, devido a relação entre eles.
Exemplo:
“O Bento caiu como um touroNo terreiroE o médico veio de
ChevroléTrazendo o prognósticoE toda a minha infância nos olhos”.
(A laçada - Oswald de Andrade)
No 3o. verso, nota-se a substituição da palavra carro pelo termo
Chevrolé.
+ OUTROS EXEMPLOS DE
METONÍMIA OU SINÉDOQUE...
“Estou lendo Guimarães Rosa e, depois, lerei
Vinícius de Moraes.”
“E assim o operário ia
com suor e com cimento
erguendo uma casa aqui
adiante um apartamento.”
(Vinícius de Moraes)
+ SINESTESIA
Recurso que sugere a associação de diferentes impressões
sensoriais, ou seja, sugestões que remetem aos cinco
sentidos – tato, olfato, audição, visão, olfato e paladar.
Exemplo:
“Esta chuvinha de água viva esperneando luz e ainda com
gosto de mato longe, meio baunilha, meio manacá, meio
alfazema”. (Mário de Andrade)
No período acima, o autor misturou diferentes tipos de
sensações: visuais, olfativas e gustativas.
+ REFERÊNCIAS
Goldstein, Norma. Versos, Sons, Ritmos. 12
ed. São Paulo: Editora Ática.
Campedelli, Samira Yousseff. Literaturas:
brasileira e portuguesa: volume único /
Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
Souza – 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2009.