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LÍNGUA PORTUGUESA 5 Ficha de avaliação GRUPO I Mas houve um dia verdadeiramente especial e que eu nunca mais esquecerei. Era num final de tarde, no outono – um outono que estava a ser muito bonito, com dias em que a chuva al- ternava com um sol magnífico e as folhas das árvores estavam cor de cobre, antes de caírem no chão e formarem uma espécie de tapete onde sabia bem andar. Eu estava a dar a última volta do dia à procura de qualquer coisa que pudesse levar para jantar na toca, quando, aproxi- mando-me da casa, ouvi um som surpreendente. Um som que nunca antes tinha ouvido e que, entre todos os sons que eu conhecia, só me fazia lembrar um pouco o som do ribeiro correndo entre as pedras e as raízes das plantas. Mas este era um som muito mais harmo- nioso e profundo, que ora parecia alegre ora parecia triste, e que me deixou preso de encantamento. Parei onde estava e fiquei ali, escutando aquele som e dese- jando que ele nunca mais acabasse. O som vinha de dentro de casa, saía pela porta e subia no ar, parecendo ficar a flutuar sobre todas as coisas, como o voo das águias. Eu estava tão espantado que não conseguia sequer mexer-me, mas, depois, era tanta a curiosidade para saber o que era aquilo, que corri à procura do meu pai e, quando o encontrei, puxei-o pela pata, quase o arrastando, e disse-lhe: – Pai, venha ouvir isto! É uma coisa incrível, diferente de tudo o resto que nós conhecemos. E, quando chegámos junto à casa, vi que o meu pai fechou os olhos ao ouvir aquilo e sorriu, como se há muito estivesse preparado para uma coisa assim. – Ah, que saudades! Que saudades de ouvir isto outra vez! – Mas o que é isto, pai? Que som é este? Ele abriu os olhos e sorriu de novo. – Isto, filho, é a coisa melhor que os homens são capazes de fazer. Já uma vez falei disto, mas não te deves lembrar. A isto chama-se música e só alguns pássaros é que são capazes de 4 8 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5

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avaliação

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LNGUA PORTUGUESA 5

Ficha de avaliao

GRUPO I

Mas houve um dia verdadeiramente especial e que eu nunca mais esquecerei. Era num final

de tarde, no outono um outono que estava a ser muito bonito, com dias em que a chuva al-

ternava com um sol magnfico e as folhas das rvores estavam cor de cobre, antes de carem

no cho e formarem uma espcie de tapete onde sabia bem andar. Eu estava a dar a ltima

volta do dia procura de qualquer coisa que pudesse levar para jantar na toca, quando, aproxi-mando-me da casa, ouvi um som surpreendente. Um som que nunca antes tinha ouvido e que,

entre todos os sons que eu conhecia, s me fazia lembrar um pouco o som do ribeiro correndo

entre as pedras e as razes das plantas. Mas este era um som muito mais harmo-nioso e profundo, que ora parecia alegre ora parecia triste, e que me deixou presode encantamento. Parei onde estava e fiquei ali, escutando aquele som e dese-

jando que ele nunca mais acabasse. O som vinha de dentro de casa, saa pela

porta e subia no ar, parecendo ficar a flutuar sobre todas as coisas, como o voo

das guias. Eu estava to espantado que no conseguia sequer mexer-me, mas,

depois, era tanta a curiosidade para saber o que era aquilo, que corri procura

do meu pai e, quando o encontrei, puxei-o pela pata, quase o arrastando, e

disse-lhe:

Pai, venha ouvir isto! uma coisa incrvel, diferente de tudo o resto que

ns conhecemos.E, quando chegmos junto casa, vi que o meu pai fechou os olhos ao ouvir

aquilo e sorriu, como se h muito estivesse preparado para uma coisa assim.

Ah, que saudades! Que saudades de ouvir isto outra vez!

Mas o que isto, pai? Que som este?

Ele abriu os olhos e sorriu de novo.

Isto, filho, a coisa melhor que os homens so capazes de fazer. J uma vez falei disto,

mas no te deves lembrar. A isto chama-se msica e s alguns pssaros que so capazes de

imitar, mas no desta forma to extraordinria como a msica dos homens.

E para que serve a msica, pai?

Pois, isso que fantstico: se pensarmos bem, a msica no serve para nada. De todos os

sons da natureza, o nico que no se sabe para que serve. As conversas servem para ns nos en-

tendermos uns aos outros: os animais com os animais, as rvores com as rvores, os homens com

os homens. O silncio serve para descansarmos do rudo das conversas, para ouvir os outros sons,

para pensar na vida. Mas a msica, para que serve a msica? No serve para nada: s para ouvir. E o

que extraordinrio que tenham sido os homens a inventar a msica eles, que tanto falam e que

vivem rodeados de tanto barulho, que um som que destri todos os outros sons da natureza.

E sempre assim a msica?

No, no sempre assim. Esta a msica produzida por um piano. Um piano apenas um

instrumento musical, mas eles tm vrios outros e cada um com um som diferente, e pode-se

ouvir cada um separadamente, ou junto com outro, ou vrios e mesmo todos ao mesmo tempo.

Este som que ouves s o do piano da casa. A mulher que l vivia costumava tocar todos os fins

de tarde e tambm eu costumava vir aqui ouvi-la. E, agora, estou curioso: ser que ela voltou?

Miguel Sousa Tavares, Ismael e Chopin, Oficina do Livro

Fichas de avaliao 1. O coelho Ismael o narrador desta histria.

1.1. Identifica a estao do ano referida no primeiro pargrafo.

1.2. Destaca as caractersticas que no texto lhe so associadas.

2. O que procurava Ismael no campo?

3. O coelho ouviu, ento, um som que o surpreendeu.

3.1. Faz o levantamento dos adjetivos que caracterizam esse som.

3.2. Retira do texto:

uma expresso que mostra a emoo que Ismael sentiu;

as frases que ilustram as reaes que teve.

4. Escolhe a opo correta.

a) Ismael desconhecia totalmente o som que ouviu, por isso, ele decidiuir buscar o pai.ficar ali at deixar de ouvir.fugir para bem longe dali.

O pai

recusou-se a acompanhar o filho porque no gostava de msica.foi com o filho escutar a msica.ficou espantado com a reao do filho.

5. Isto, filho, a coisa melhor que os homens so capazes de fazer.

5.1. A que se refere o pai?

5.2. Consideras este comentrio objetivo ou subjetivo?

5.3. Esta afirmao subjetiva ou objetiva?

Esta a msica produzida por um piano.

LNGUA PORTUGUESA 5Que conhecimentos transmite o pai acerca dos instrumentos musicais?

GRUPO II

L atentamente o texto de uma cano presente na obra Enquanto a Cidade Dorme, de lvaro

Magalhes.

Quando o sol se vai

e chegada a Lua,

o pai corre fechos, persianas,

vai trancar o porto que d para a rua.

Cansada, adormeo, mas os sonhos

no cabem na casa e eu saio,

vou riscar a noite com um fio de luz.Enquanto a cidade dorme,

Vive, desperto,

o outro lado da vida:

alegrias enormes,

claros mistrios,

sustos medonhos.

noite, uma simples brisa

abre portas e janelas

e no h chave, fecho ou tranca

que encerre a porta larga dos meus sonhos.

Completa: esta cano tem estrofes e versos.Retira do texto:

uma conjuno coordenativa adversativa: uma conjuno coordenativa copulativa: uma conjuno coordenativa disjuntiva:

Fichas de avaliao

1.3. Explica a utilizao da vrgula nos versos onze e doze.

2. Pontua corretamente estas frases.

a) Sabes pai adorei ouvir aquilob) muito linda a msicac) Trouxeram as flautas os trompetes os violinos e os saxofones.d)Sim Eu quero muito mas no sei se terei jeito para a msica

e) Tens de trazer para as aulas um caderno pautado o manual da disciplina esfe-rogrficas lpis e borracha

f) Artur no chegues atrasado aula.

3. Pe no discurso indireto.

Vais hoje aula do conservatrio? perguntou a Alexandra.

No, no tenho tempo respondeu a Rita Vou ficar aqui a estudar.

GRUPO III

A pintura, a escultura, o teatro, o cinema, a msica so expresses de arte. Escreve um texto

no qual refiras aquela que mais te agrada e porqu.40

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6.

1.

1.1.

1.2.

Queres aprender a tocar piano

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