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FICHA TÉCNICA www.manuscrito.pt facebook.com/manuscritoeditora © 2016 Direitos reservados para Letras & Diálogos, uma empresa Editorial Presença, Estrada das Palmeiras, 59 Queluz de Baixo 2730-132 Barcarena Título original: O Fator pH Autora: Rita Boavida Copyright © Rita Boavida, 2016 Copyright © Letras & Diálogos, 2016 Imagens da capa: Shutterstock Capa: Catarina Sequeira Gaeiras / Editorial Presença Paginação: A. Sena Impressão e acabamento: Multitipo – Artes Gráficas, Lda. ISBN: 978-989-8818-29-4 Depósito legal nº 404 127/16 1ª edição, Lisboa, fevereiro, 2016

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FICHA TÉCNICA

www.manuscrito.ptfacebook.com/manuscritoeditora

© 2016Direitos reservados para Letras & Diálogos,

uma empresa Editorial Presença,Estrada das Palmeiras, 59

Queluz de Baixo2730-132 Barcarena

Título original: O Fator pHAutora: Rita Boavida

Copyright © Rita Boavida, 2016Copyright © Letras & Diálogos, 2016

Imagens da capa: ShutterstockCapa: Catarina Sequeira Gaeiras / Editorial Presença

Paginação: A. SenaImpressão e acabamento: Multitipo – Artes Gráficas, Lda.

ISBN: 978-989-8818-29-4Depósito legal nº 404 127/16

1ª edição, Lisboa, fevereiro, 2016

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Índice

Introdução 11

1 – A importância do equilíbrio do pH para a saúde do

organismo 15 1.1 – O que é o pH? 16 1.2 – Mecanismos de regulação do pH 18 1.3 – Consequências de um pH desequilibrado: acidose e alcalose 20

2 – Avalie o seu pH 25 2.1 – Como fazer o teste da urina ou da saliva? 25 2.2 – Teste da urina 26 2.3 – Teste da saliva 28 2.4 – Como interpretar os resultados 28

3 – Sinais e consequências do desequilíbrio do pH (acidez) 31 3.1 – Diminuição da atividade da hormona da insulina 33 3.2 – Problemas na função enzimática 33 3.3 – Diminuição da produção de energia nas células 34 3.4 – Formação excessiva de radicais livres 34 3.5 – Cancro 35 3.6–Inflamaçãodosórgãosetecidos 36 3.7 – Doenças autoimunes 36 3.8 – Diminuição da reserva de minerais 37 3.9 – Perda de massa muscular 37

8

4 – A dieta alcalina 39 4.1 – Benefícios da dieta alcalina 39 4.2–Alimentosacidificantes,alcalinizanteseneutros 42 4.3–Astabelasdeclassificaçãodosalimentosacidificantes

e alcalinizantes 47 4.4 – Plano alimentar alcalino 48

5 – Os grupos de alimentos 53 5.1 – Grupo I – Proteínas 53 5.1.1 – Carne e peixe 56 5.1.2 – Ovo 57 5.1.3 – Leite, subprodutos e derivados 57 5.1.4 – Proteínas vegetais 58 5.2 – Grupo II – Hidratos de carbono 62 5.2.1 – Cereais 63 5.2.2 – Pão 64 5.2.3 – Leguminosas 64 5.2.4 – Amiláceos 64 5.2.5 – Açúcares 65 5.2.6 – Fruta 65 5.2.7 – Bebidas 66 5.3 – Grupo III – Gorduras 72 5.3.1 – Gorduras saturadas 72 5.3.2 – Gorduras insaturadas: monoinsaturadas e polinsaturadas 72 5.3.3 – Gorduras hidrogenadas 74 5.4 – Grupo IV – Hortícolas 77 5.4.1 – Microvegetais 78 5.4.2 – Algas 78 5.4.3 – Ervas de cereal 79 5.5 – Grupo V – Condimentos e temperos 82 5.5.1 – Ervas aromáticas e especiarias 82 5.5.2 – Sal 82 5.5.3 – Vinagres 83

9

6 – Hidratação 87 6.1 – A hidratação e o equilíbrio do pH 89 6.2 – Hidratação na prática de exercício físico 89 6.3 – Tipos de água 89

7 – Antes de começar a sua dieta alcalina 95 7.1 – Importância da digestão dos alimentos 95 7.2 – A confeção 98 7.3 – Algumas técnicas para não perder as qualidades dos alimentos 102 7.3.1 – Germinação 103 7.3.2 – Fermentação 107 7.4 – Os princípios-base da sua nova alimentação 108 7.5 – Ingredientes e utensílios obrigatórios 110

8 – Um plano alimentar alcalino em 3 fases 113 8.1 – 7 regras básicas no plano alimentar alcalino das fases I e II 114 8.2 – Plano alimentar da fase I 116 8.3 – Plano alimentar da fase II 119 8.4 – Plano alimentar da fase III 121

9 – Receitas alcalinas 125 9.1 – Águas aromáticas e infusões 125 9.2 – Fases I e II 132 9.2.1 – Pequeno-almoço e lanche 132 9.2.2 – Almoços e jantares 166 9.3 – Fase III 202 9.3.1 – Pequeno-almoço 202 9.3.2 – Almoços e jantares 216 9.4 – Pequenos lanches (snacks) 231 9.5 – Molhos, pastas e dips 239

Conclusão 251

Bibliografia 255

11

Introdução

O equilíbrio é a chave para tudo, nomeadamente quando se trata da nossa

alimentação e da nossa saúde e bem -estar. Para que encontremos esse equi-

líbrio no nosso corpo precisamos de conhecer duas letras, pH.

Habitualmente, recebo no meu consultório pacientes com queixas regu-

lares de dores de cabeça, letargia, queda de cabelo, unhas frágeis, cons-

tipações constantes, cãibras e dores musculares, alterações de humor e

desejo constante de comer açúcar. Muitas vezes estes sintomas estão asso-

ciados a doenças mais graves como as úlceras, o colesterol alto e a diabe-

tes que as pessoas, erradamente, aceitam como um fardo nas suas vidas.

Contudo, tudo isto são sinais de que o pH do seu corpo pode estar em

desequilíbrio. Logo, precisamos de aprender a equilibrar este valor no

nosso corpo. Como? Através da alimentação.

O que vos proponho, neste livro, é uma dieta alimentar que tem como

finalidadeajudaroorganismoamanteroequilíbrioácido‑base(pH)

sanguíneo, recorrendo a um consumo equilibrado de alimentos aci-

dificantesealcalinizantes.Basicamente,umsanguecompHalcalino

estável fortalece todo o sistema imunológico, previne o aparecimento

de várias doenças, mantém a boa disposição e ajuda na perda de peso.

A dieta alcalina ou dieta do pH é assim um plano

alimentar que consiste em equilibrar o pH do

organismo através da alimentação, privilegiando

a ingestão de alimentos alcalinizantes em detrimento

dos alimentos acidificantes.

12

Infelizmente, muitas destas pessoas, quando confrontadas com pro-

blemas de saúde, optam pela ingestão de medicamentos e suplementos

que vão intoxicar ainda mais o organismo. Os anos passam e as melhorias

são poucas e só aí procuram a ajuda dos Nutricionistas ou Dietistas. O pai

da Medicina, Hipócrates, já dizia que «o teu alimento seja o teu medica-

mento», sendo neste sentido que acredito que uma mudança na alimenta-

ção permite prevenir e até mesmo curar muitos destes sintomas comuns.

Antes, os alimentos serviam, apenas, para suprir as necessidades do

ser humano. Comíamos para sobreviver. Hoje, cada vez mais, procura-

mos alimentos para saciar o que a nossa visão, olfato e paladar nos pedem.

Comemos por prazer. Prazer esse que nos faz cometer erros alimentares

frequentes e ignorar as consequências para o nosso organismo.

Uma outra grande mudança, com impacto no regime alimentar dos

Portugueses, foi o aumento das refeições fora de casa que, antes, eram

apenas um acontecimento especial e, hoje em dia, são uma prática comum

das famílias. É certo que o hábito de comer em restaurantes de comida

rápida e o consumo de quantidades excessivas, presente nos menus XL

ou nos buffets livres, vieram agravar ainda mais os maus hábitos alimen-

tares. Porém, também os alimentos que se encontram nas prateleiras dos

supermercados estão cheios de gorduras hidrogenadas, que aumentam o

colesterol LDL e provocam doenças cardiovasculares; sal, uma das prin-

cipaiscausasdeAVCehipertensão;açúcarrefinado,semqualquerinte-

resse nutricional e a principal causa da diabetes; edulcorantes, corantes

e conservantes. Até mesmo as embalagens de plástico e de alumínio, na

sua maioria, contêm bisfenol, uma substância altamente cancerígena.

Emdefinitivo,nãopodemosnegarqueasrefeiçõesrápidaseosalimentos

industrializados vieram facilitar a vida das pessoas, contudo o consumo

emexcessodestesalimentosacidificantespodelevarapequenasalterações

do pH sanguíneo e, consequentemente, a um desequilíbrio no organismo.

Este desequilíbrio pode provocar uma sensação de cansaço e fadiga cons-

tante e até envelhecimento precoce. Mas, sobretudo, enfraquece o sistema

imunitário, baixando as defesas contra parasitas, vírus, bactérias e fun-

gos, tornando o organismo mais vulnerável a certas doenças como herpes,

13

infeções, amigdalites, diarreias, gripes ou outras viroses. Por outro lado,

umcorpocomummetabolismodescompensadomuitodificilmentecon-

segue perder peso, por mais dietas que se faça.

É neste contexto que surge a necessidade de seguirmos uma dieta ali-

mentar mais equilibrada e um estilo de vida mais saudável. É o momento

de voltarmos ao básico da alimentação, substituindo o consumo de mui-

tos dos alimentos processados por alimentos naturais como a fruta, os

legumes, as sementes e os grãos.

Com os atuais conhecimentos, sobre a interação dos alimentos com

onossoorganismo,podemosafirmarqueadietaalcalinanãoésóuma

dieta de emagrecimento nem de combate a algumas doenças; mas tam-

bém uma dieta adequada para qualquer pessoa que queira ter uma vida

mais saudável.

Este não é apenas um livro com uma dieta para

perder peso, muito menos uma solução rápida para

emagrecer… pretende sim ser um plano alimentar

para a vida, que permite a qualquer pessoa melhorar

a qualidade do seu dia a dia, do seu envelhecimento e,

principalmente, da sua saúde.

15

1

A importância do equilíbrio do pH para a saúde do organismo

O modelo de medicina integrativa considera que a saúde do corpo humano

resulta, sobretudo, de um estado de bem -estar físico e mental e a sua manu-

tenção depende, em muito, de um complexo equilíbrio do ambiente interno

do organismo e do meio que o rodeia. Este estado de equilíbrio consti-

tui uma das características fundamentais dos seres vivos: a homeostase

que mais não é que a capacidade do corpo se adaptar ao meio ambiente

e manter as condições internas – como a temperatura, o pH, a glicose, a

concentração de oxigénio e o dióxido de carbono ou a ureia – dentro de

limites estáveis e equilibrados.

Um dos fatores cada vez mais reconhecido como sendo a pedra basi-

lar para uma vida saudável é precisamente o equilíbrio ácido -base, tam-

bém chamado de «homeostase do pH». A manutenção de um pH estável é

essencial, uma vez que, por exemplo, as atividades de quase todas as enzi-

mas do nosso corpo – que desempenham um papel importante no meta-

bolismo–sãoinfluenciadaspelaconcentraçãodeH+. Portanto, variações

da concentração de H+ podem alterar, praticamente, todo o funciona-

mento do nosso corpo.

16

1.1 – O que é o pH?OsímbolopHsignificaopotencialdehidrogénioeindicaseumasoluçãoé

ácida, neutra ou alcalina (básica). O valor do pH é determinado pela con-

centração de iões de hidrogénio (H+) numa solução e mede -se numa escala

que varia entre 0 a 14, sendo o 0 muito ácido, 7 neutro e 14 muito alcalino.

De facto, quando observamos a vida na Terra, percebemos a impor-

tânciadoequilíbrioentreosácidoseasbaseseasuainfluêncianasaúde

dos seres vivos. Qualquer alteração deste equilíbrio, mesmo que pequena,

pode ter consequências muito graves. Ora vejamos:

A diminuição do pH dos oceanos, que nos últimos 100 anos caiu de

8,2 para 8,1 devido ao aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2)

atmosférico – naturalmente absorvido pelos oceanos –, constitui uma

ameaça grave para os vários ecossistemas marinhos. Esta mudança no

equilíbrio químico das águas pode levar ao desaparecimento de algumas

espécies, por exemplo, dos recifes de coral e dos crustáceos, uma vez que

estes organismos possuem no seu exterior estruturas formadas por car-

bonato de cálcio, um composto que em meio ácido se degrada.

Deigualforma,opHdosoloinfluenciaosmineraispresentesnos

alimentos. O pH ideal do solo para melhor disponibilizar os nutrientes

essenciais às plantas varia entre 6 e 7. Nos solos ácidos – com pH abaixo

de 6 – pode haver uma redução de cálcio e de magnésio. Nos solos com

pH acima de 7 pode ocorrer uma redução da quantidade de ferro, man-

ganês, cobre e zinco.

No corpo humano, o funcionamento normal das células também depende

de um delicado equilíbrio químico entre os ácidos e as bases dos líquidos

intracelulareseextracelulares–oschamados«fluidoscorporais».Aforma

como o organismo regula a concentração dos iões de hidrogénio (H+) é de

fundamental importância para a compreensão e a avaliação das pertur-

bações do equilíbrio entre os ácidos e as bases.

17

Os ácIdOs dO nOssO OrgAnIsmO

A ingestão de alimentos e o metabolismo interno geram uma quan-

tidadesignificativadeácidoslivresqueprecisamdesereliminados

ou neutralizados para manter o pH do corpo dentro de uma faixa

estreita. A maior fonte de ácido do nosso organismo é a produção

diária de CO2 durante a respiração e a sua eliminação é feita pelos

pulmões. Os restantes ácidos do organismo são conhecidos como

«não voláteis», ou seja, não podem ser removidos pelos pulmões e

são excretados por via renal ou neutralizados por substancias bá-

sicas. Os principais ácidos não voláteis são os ácidos lácticos e os

cetoácidos; o metabolismo das proteínas também produz alguns

ácidos inorgânicos, principalmente as proteínas com aminoácidos

sulfurados (metionina, cisteína) que geram ácido sulfúrico após a

sua metabolização.

OpHdosfluidoscorporaisresultadoequilíbrioentreestesdoisgru-

pos de substâncias, os ácidos e as bases.

Diferentes níveis de pH originam diferentes tipos de química. Isto sig-

nificaqueostecidosefluidosdonossoorganismotêmvaloresdepHcon-

soante a sua função:

– O suco gástrico, por exemplo, precisa de um pH ácido, entre 0,8,

para ser capaz de fazer a digestão.

– A pele exterior tem um pH ácido para nos proteger do meio ambiente

e dos micro-organismos.

– Os tecidos orgânicos, as secreções biliares e pancreáticas devem

funcionar num meio ligeiramente alcalino. O pH da urina tem

um valor ideal entre os 6,5 e os 7,5, mas pode variar entre 4,5 e

8,0. A urina pode ter um pH mais ácido ou alcalino, dependendo

das necessidades do corpo de regular o ambiente interno. Uma

18

alimentação rica em proteína animal provoca uma urina mais ácida,

já uma alimentação vegetariana provoca uma urina mais alcalina.

Estes valores de pH devem ser mantidos dentro de limites ácido -base

bem rígidos, adequados ao melhor funcionamento das células. Mas o equi-

líbrio mais importante de todos é o do sangue, onde o pH tem de perma-

necer rigorosamente entre os 7,35 e os 7,45. Para o conseguir, o corpo

dispõedeumasériedemecanismosfisiológicosque,emconjunto,regu-

lam o balanço entre os ácidos e as bases e mantêm o pH sanguíneo rela-

tivamente estável.

1.2 – Mecanismos de regulação do pHOs principais mecanismos de regulação do pH são:

– Os sistemas tampão

Os sistemas tampão – de ação imediata – permitem minimizar uma alte-

ração do pH do organismo aquando da adição de um ácido ou de uma base.

Substâncias básicas associam -se a substâncias ácidas da mesma natureza

química, com as quais formam pares de substâncias denominadas «tam-

pão»,cujafinalidadeéimpedirvariaçõesbruscasdopH.

Um sistema tampão é constituído por um ácido fraco e a sua base con-

jugada. Em condições normais, estes compostos existem numa propor-

ção constante, que o organismo tende a preservar, impedindo assim que

haja variações bruscas de pH.

– A regulação respiratória

O mecanismo respiratório – de ação rápida – elimina ou mantém o dióxido

de carbono (CO2) do organismo, conforme as necessidades, controlando

o teor de ácido carbónico no sangue. É através do controlo da velocidade

e da profundidade da respiração que o pH sanguíneo é regulado. Quanto

mais rápida e profunda for a respiração maior é a eliminação de dióxido

de carbono e o sangue torna -se mais básico. Em contraste, quando a res-

piração diminui, a concentração de dióxido de carbono no sangue aumenta

eesteficamaisácido.

19

– A regulação renal

Finalmente, o mecanismo renal – de ação lenta – controla o balanço

ácido -base ao excretar urina ácida ou alcalina. Os rins regulam a concen-

tração de iões de hidrogénio (H+) no organismo, promovendo o aumento

ouadiminuiçãodebicarbonatonosfluidoscorporais,conformeas

necessidades.

Em condições normais, quando o pH do sangue está baixo, os rins

excretam quantidades maiores de H+ e reabsorvem todo o HCO3

- de volta

para o sangue. A urina torna -se ácida. Em contraste, quando o pH do

sangue aumenta, os rins excretam menos iões de hidrogénio (H+) e mais

bicarbonato (HCO3

-), tornando a urina alcalina.

Embora sejam relativamente mais lentos e limitados na resposta, os

rins constituem o mais potente dos mecanismos reguladores dos ácidos

e bases do nosso organismo.

mecanismocapacidade de resposta

Potência modo de atuação

sistema Tampão (bicarbonato, hemoglobina, proteína, fosfato)

Imediata 1.º

Combinam -se com ácidos ou

bases para evitar alterações

excessivas da concentração

de H+.

Pulmões Rápida 2.ºRegulam a remoção de CO

2

através da respiração.

rins Lenta 3.º

Excretam urina ácida ou

básica através de: reabsorção

ou não de bicarbonato;

excreção ou não de H+.

Neste processo, é fundamental percebermos que existe um limite na

capacidademáximadeocorpocontrolar,deformaeficaz,osníveisde

acidez. Também não nos podemos esquecer de que, à medida que enve-

lhecemos, há uma perda gradual das funções de muitos órgãos e, conse-

quentemente, da capacidade de controlo do pH interno.

20

Assim, quando um ou mais destes mecanismos não conseguem manter

o equilíbrio ácido -base necessário para o organismo funcionar de forma

saudável, pode surgir um quadro de acidose ou de alcalose, com as con-

sequências que veremos já em seguida.

O nosso corpo procura ajudar ‑nos a manter o nosso

pH equilibrado, colocando ao nosso dispor um conjunto

de sistemas de regulação. Mas nem sempre consegue

dar resposta, sobretudo se lhe dificultamos a vida com

certos hábitos de vida, onde se incluem naturalmente os

hábitos alimentares.

1.3 – Consequências de um pH desequilibrado: acidose e alcalose

A maioria das pessoas ainda desconhece a importância do equilíbrio do

pH para a sua saúde e muito menos sabe as perturbações que podem resul-

tar de um desequilíbrio ácido -base do sangue.

Conforme referido, os desvios do equilíbrio ácido -base do organismo

refletem‑seemalteraçõesdosvaloresnormaisdopHdosangueedãoori-

gem a dois tipos de distúrbios.

A acidose ocorre quando há um excesso de ácidos no sangue e o seu

pHdiminui,ficandoabaixodonormal(7,35).

A alcalose ocorre quando há um excesso de bases no sangue e o seu

pHaumenta,ficandoacimadonormal(7,45).

Apesar de não serem doenças, estes desvios do valor normal do pH

provocam uma série de perturbações que podem prejudicar o bom fun-

cionamento do organismo.

DESVIOS DO pH

MORTE CELULAR

7,35

6,85 7,95

7,45

21

Estes distúrbios não acontecem de um dia para o outro, mas podem

permanecer assintomáticos durante muitos anos, ou estar associados a

sintomasinespecíficose,porisso,passaremdespercebidos.

Acidose

Confusão, desorientação, letargia, alterações na respiração:

hiperventilação intensa.

Se a acidose progride, os centros respiratórios podem

deixar de funcionar.

Alcalose

Apatia; confusão mental; letargia; alterações sensoriais como

falta de sensibilidade ou formigueiro;

espasmos; contrações musculares.

Se a alcalose é grave, as contrações tornam -se contínuas,

paralisando os músculos respiratórios.

A severidade dos distúrbios do equilíbrio ácido -base pode ser avaliada

pelo grau de alteração do pH. Quanto mais baixo for o pH, mais grave é a

acidose; do mesmo modo, um pH muito elevado indica a presença de alca-

lose grave. Desvios extremos do equilíbrio ácido -base, geralmente, resul-

tam em alterações profundas da função dos órgãos vitais e podem evoluir

para um estado de coma ou até à morte.

Consoante a origem, os distúrbios do equilíbrio ácido -base – acidose

ou alcalose – podem ser de natureza metabólica ou respiratória.

– Acidose e alcalose metabólicas

– A acidose metabólica é caracterizada pela diminuição da concentração

debicarbonatoe,consequentemente,dopHdosangue(pHficainferiora

7,35). Esta alteração pode ter diversas causas:

•formaçãodequantidadesexcessivasdeácidosmetabólicos;

•adiçãodeácidosmetabólicosaocorpoporingestãoouadministração

parenteral;

•maufuncionamentodosrins,queprejudiquemaexcreçãodos

ácidos formados no organismo.

22

– A alcalose metabólica é caracterizada pelo aumento da concentração de

bicarbonato e, consequentemente, do pH do sangue (pH superior a 7,45).

Esta alteração ocorre quando existe:

•excessoderetençãodebasesnosangue,comoobicarbonato;

•perdaexcessivadeácidos.

– Acidose e alcalose respiratórias

Aacidoseeaalcaloserespiratóriasverificam‑sequandohá,respetiva-

mente, aumento ou diminuição da concentração de CO2 no sangue.

PrIncIPAIs cAusAs AssOcIAdAs A umA AcIdOsE E A umA AlcAlOsE

Acidose

metabólica

•Diarreia;

•Doençasmetabólicas:DiabetesMellitus tipo I

(não controlada), Reumatismo, Doença celíaca;

•Ingestãodeácidos:metanol,aspirina,

anticoagulantes;

•Exercíciofísicoemexcesso;

•Insuficiênciarenalcrónica.

respiratória

•Doençasqueafetamgravementeospulmões:

asma,pneumoniagrave,enfisema,bronquite

crónica, edema pulmonar.

Alcalose

metabólica

•Administraçãodediuréticos;

•Ingestãodeantiácidos;

•Vómitos;

•Hiperatividadedasglândulassuprarrenais

(síndrome de Cushing e uso de

corticosteroides).

respiratória•Psiconeurose;

•Faltadeoxigénio:altitudeelevada.

Entre todas as alterações, a mais frequente é a acidose decorrente de

um estilo de vida pouco saudável.

23

dOEnçAs rEnAIs E dIAbETEs

Em determinadas doenças e perturbações pulmonares ou renais, a

produção de ácidos ou a retenção de bases no organismo pode ser

tão intensa que os mecanismos de regulação do pH tornam -se inca-

pazes de manter o equilíbrio necessário. Em particular, na doença

renal crónica (DRC) os ácidos não são devidamente eliminados pe-

los rins, uma vez que o seu funcionamento normal está comprome-

tido.Tambémnadiabetesnãocontrolada,adificuldadedemetabo-

lismo da glicose provoca um aumento de acidez no sangue. Quando

há falta de insulina e o corpo não consegue usar a glicose como fonte

de energia, as células utilizam as reservas de gordura para obter a

energianecessária.Entretanto,oresultadofinaldesteprocessoleva

à acumulação dos chamados «corpos cetónicos», substâncias ácidas

que em excesso provocam uma diminuição do pH do sangue.

Em ambos os casos os doentes não devem ser submetidos a uma die-

taricaemalimentosacidificantes,poispodeagravarumaacidose.

Em resumoNo corpo humano, a cada instante, produzem -se substâncias ácidas e bási-

cas que são transportadas pelo sangue.

Num corpo saudável, as quantidades de ácidos e de bases mantêm -se

em equilíbrio – a denominada «homeostase do pH» –, originando um pH

do sangue, levemente alcalino, entre os 7,35 e os 7,45.

Este equilíbrio pode, no entanto, ser perturbado por alterações das con-

centrações de ácidos e de bases presentes no organismo. O corpo enfrenta

estas mudanças de pH usando mecanismos de regulação que, em conjunto,

trazem de volta o equilíbrio.

24

Em determinadas circunstâncias, as concentrações de ácidos ou de

bases no sangue podem sofrer uma acentuada variação que os mecanis-

mos reguladores não conseguem compensar. A acidose ocorre quando há

umexcessodeácidosnosangueeoseupHdiminui,ficandoabaixodo

normal (7,35). A alcalose ocorre quando há um excesso de bases no san-

gueeoseupHaumenta,ficandoacimadonormal(7,45).Nolimite,ambas

as situações poderão vir a ser fatais.

25

2

Avalie o seu pH

O carácter mais ácido ou mais alcalino do sangue representa um papel

fundamental no estado de saúde do nosso corpo, tornando -se, por isso,

importante avaliar com alguma regularidade o estado do equilíbrio ácido-

-base do organismo. Em termos práticos, esta avaliação pode ser feita atra-

vés da medição do pH do sangue, da urina ou da saliva.

A análise ao sangue é o teste mais preciso e o único que permite diag-

nosticar uma acidose ou uma alcalose. No entanto, só pode ser realizado

em meio hospitalar ou num laboratório de análises clínicas.

Os testes da urina ou da saliva permitem ter uma ideia aproximada do

carácter ácido -base do organismo e podem ser realizados comodamente

em casa através de uma tira reativa, medidora de pH, ou de um medidor

eletrónico (mais precisos mas mais caros).

2.1 – Como fazer o teste da urina ou da saliva?UmaformasimpleseeficazdemediropHdaurinaedasalivaemsuacasa

é utilizando tiras reativas. Estas tiras alteram a sua cor original quando

entram em contacto com uma substância líquida. A cada cor corresponde

um número que vai indicar se o pH é neutro, ácido ou básico.

26

As tiras reativas de pH podem ser compradas nas farmácias ou atra-

vésdaInternet.UmavezqueopHdestesfluidoscorporaispodevariar

entre 4,5 e 8,0, garanta que adquire tiras com intervalos de pH entre 5,0

e 8,0 e com incrementos de 0,2 a 0,5 (exemplo: 5,5; 5,8; 6,0; 6,2 e, assim,

sucessivamente). Infelizmente, em Portugal não é fácil encontrar à venda

tiras de pH com variações inferiores a 1 mas em algumas farmácias con-

segue encomendar kits de medição de pH que apresentam uma escala com

incrementosde0,5(quejáésuficienteparaambosostestes).Paravaria-

ções inferiores terá de comprar através da Internet.

Apesar de ambos os testes à urina e à saliva serem válidos para obter

informação sobre o estado do organismo, o teste da urina é o mais uti-

lizadoporsermaispreciso.IstoporqueopHdaurinarefleteonívelde

excreção dos ácidos ou das bases produzidos no organismo. Ao testarmos

o pH da urina podemos avaliar se o corpo está a eliminar uma quanti-

dade normal de ácidos ou de bases e obter informações importantes sobre

o estado de funcionamento do organismo.

2.2 – Teste da urinaO ideal é testar sempre a primeira urina da manhã, em jejum e sem que

tenha urinado nas 6 horas anteriores. Isto porque os rins trabalham durante

o sono para extrair todo o excesso de ácidos ou de bases do organismo que

não foram totalmente neutralizados. Se não aguenta a noite toda sem urinar

pode fazer o teste a meio da noite, desde que tenha estado sem urinar e sem

comer nas 6 horas anteriores. De qualquer forma, durante o período de teste,

tente não beber líquidos antes de ir para a cama e urine antes de ir dormir.

Caso durma menos de 6 horas, faça as contas para ver quando pode urinar

pela última vez antes de se ir deitar. Em alternativa, faça o teste da saliva.

Para além do teste matinal deve efetuar um teste adicional antes

de jantar (desde que não tenha comido nas 2 a 3 horas anteriores ao

teste) para avaliar como é que o seu corpo está a neutralizar os ácidos

durante o dia.

Para realizar o teste pode urinar diretamente para a tira de papel ou

para um frasco e depois mergulhar a tira rapidamente (não mais do que

27

uns segundos) na urina. Retire o excesso de líquido recorrendo a um

papel absorvente. A tira reativa vai mudar imediatamente de cor e passa-

dosalgunssegundosjáépossívelavaliaroresultadodoteste(verifique

as instruções na caixa da própria tira).

Para saber o pH da sua urina basta comparar a cor da tira de papel

com a tabela de referência que vem com a caixa. Não deixe passar mais

que o tempo indicado nas instruções de utilização para comparar as cores.

Este teste deve ser repetido todas as manhãs (idealmente) e antes do

jantar (desde que não tenha comido nas 2 a 3 horas anteriores ao teste),

durante cerca de duas semanas, registando sempre as datas e os valores

obtidos numa tabela. Elimine alguma leitura que apresente um valor dis-

crepante uma vez que os níveis de pH da urina variam consoante o que

fazemos e o que ingerimos. Por vezes uma refeição com excesso de comida

ou de bebida, um dia mais stressante ou um exercício físico mais intenso,

podemdarorigemaumaacidificaçãomomentâneadoorganismo.Atenção

que estas alterações do pH urinário podem acontecer no dia seguinte ou

passados dois dias.

#data pH manhã pH tarde Evento

1 – xx/xx/xxxx 6 6,5

3 – xx/xx/xxxx 6,5 7

4 – xx/xx/xxxx 6,5 7 Evento especial

5 – xx/xx/xxxx 5,5 6

6 – xx/xx/xxxx 6,5 7

8 – xx/xx/xxxx 7 7,5

10 – xx/xx/xxxx 6,5 6,5 Evento especial

11 – xx/xx/xxxx 5 6

12 – xx/xx/xxxx 6 6,5

15 – xx/xx/xxx 6,5 7

28

Em algumas situações, o valor do pH da urina pode ser diferente do

pH da tarde.

Nofinaldoperíododetestecalculeamédiaaritméticadosvalores

de pH obtidos, retirando os valores do evento especial (caso os eventos

especiais façam parte da sua rotina semanal então deve contabilizar esse

valor na média).

2.3 – Teste da saliva No teste da saliva também é aconselhável realizar -se de manhã ao acor-

dar e antes de beber, comer, fumar ou lavar os dentes; e à tarde antes do

jantar (desde que não tenha comido nas 2 a 3 horas anteriores ao teste).

Antes de realizar o teste, bocheche com água algumas vezes, mas sem

engolir. De seguida, acumule um pouco de saliva nova na boca e cuspa para

uma colher. Passe a tira reativa pela saliva e retire o excesso recorrendo a

umpapelabsorvente.Passadosalgunssegundospodeverificarnatabela

o pH da sua saliva. Siga os procedimentos descritos para o teste da urina.

2.4 – Como interpretar os resultadosNo teste da urina e da saliva o ideal é ter um valor de pH entre 6,5 e 7,5,

sendo o pH ótimo mais próximo de 7,0.

Se,porcuriosidade,fizerotestedaurinaeodasalivaaomesmotempo

vai notar que o pH da saliva tem sempre um valor ligeiramente mais ele-

vado que o da urina.

Caso tenha uma dieta maioritariamente composta por proteínas ani-

mais e alimentos processados, seguramente, o seu pH vai estar abaixo de

6,5. Lembre -se que ambientes internos ácidos são prejudiciais para o seu

organismo.

Assim, está na altura de adotar uma dieta alcalina com 90 a 80% de ali-

mentosalcalinizantese10a20%dealimentosacidificantes,mantendo‑a

até que os valores do pH atinjam níveis ideais.

29

Interpretação dos resultados do pH da urina e da saliva

< 4,5Extremamente

ácido

Consulte um médico para fazer testes

complementareseidentificaracausadaacidez

extrema.

4,5 ‑6,5 Levemente ácido

Altere os seus hábitos alimentares e inicie uma dieta

alcalina com 90 -80% de alimentos alcalinizantes;

10‑20%acidificantes.

6,5 ‑7,5 Normal

O seu corpo está em equilíbrio. Mantenha uma dieta

com 70 -60% de alimentos alcalinizantes;

30‑40%acidificantes.

7,5 ‑8Levemente

alcalino

Mude os seus hábitos alimentares.

Verifiquesenãoestáacomerexclusivamente

alimentos alcalinizantes.

> 8Extremamente

alcalino

Nãoaumentaroconsumodealimentosacidificantes

sem antes consultar um médico, para fazer testes

complementareseidentificaracausa.

Ao iniciar um plano alimentar alcalino é aconselhável medir o pH da

urina ou saliva durante alguns dias por semana, registando numa tabela os

valoresobtidos,atéverificarqueosníveisdepHurináriooudasalivaapre-

sentam estabilidade dentro dos valores normais ótimos. Não se preocupe

se algum valor sair fora do normal. O seu organismo pode demorar entre

algumas semanas a mais de um mês a equilibrar -se. Inclusive, se tiver um

valor de pH muito abaixo do ideal pode demorar vários meses. Contudo,

vai conseguir detetar um aumento gradual do pH ao longo das semanas.

Para quem sofre de alguma doença crónica é recomendável manter um

pH urinário no valor de 7,0.

Após iniciar a dieta alcalina vai começar a notar diferenças nos valo-

res do pH da urina (ou da saliva) da manhã e da tarde. O valor do pH da

manhãvaiestarsempreumpoucomaisácidoqueodatarde.Istosignifica

30

que a alimentação está a fornecer reservas alcalinas ao seu organismo,

ajudando -o a metabolizar os ácidos adequadamente durante o dia. Por

exemplo, se o valor do pH da manhã é de 6,5, é natural que o valor do seu

pH à tarde seja mais próximo dos 7,0.

Se passado uns tempos após o início de uma dieta alcalina, os níveis de

pH continuarem muito abaixo do valor ideal, então o problema não está

na sua alimentação. Nesse caso, fale com o seu médico de família para

averiguar a causa.

Em resumoA forma mais rápida e prática de avaliar o estado ácido -base do seu orga-

nismo é através do teste do pH da urina e da saliva. Estes testes podem ser

feitos comodamente em casa, utilizando tiras reativas de pH que podem

ser adquiridas em farmácias.

Teste da urina: molhar a tira de papel com a primeira urina da manhã

e antes do jantar e comparar a cor resultante com a tabela da caixa. O pH

da urina permite avaliar se o corpo está a eliminar uma quantidade nor-

mal de ácidos ou de bases. Idealmente, o pH da urina deve estar entre os

6,5 e os 7,5.

Teste da saliva: ao acordar e antes do jantar molhar a tira de papel

com a saliva e comparar a cor resultante com a tabela da caixa. Para que

o teste seja preciso, deverá ser realizado em jejum e o da tarde desde que

não tenha comido nem fumado nas 2 ou 3 horas anteriores ao teste. O pH

da saliva deve estar entre os 6,5 e os 7,5.

Se o teste revelar que o seu pH médio está abaixo de 6,5 está na altura

de alterar os seus hábitos alimentares e adotar uma dieta alcalina.

31

3

sinais e consequências do desequilíbrio do pH (acidez)

Nos dias de hoje, confrontamo -nos com um estilo de vida que veio alte-

rar profundamente os hábitos e rotinas das famílias.

Algumas razões que vieram acentuar ainda mais esta tendência cres-

centeparaumaacidificaçãodosnossoscorpos:

– o aumento do consumo de alimentos processados – ricos em aditivos

alimentares, sal, gorduras, proteínas e açúcares – que, em excesso,

acidificamoorganismo.Porexemplo,nosúltimosanos,arelação

entre o potássio e o sódio (K/Na) na dieta inverteu de para ;

– consumo de estimulantes (tabaco, chá, café e álcool);

– o stress;

– a diminuição da quantidade e qualidade do sono;

– a falta ou excesso de exercício físico.

O problema é que, quando ocorre um aumento de ácidos no organismo,

consomem -se bases. Assim, se através da alimentação não restabelecer-

mos a quantidade de bases essenciais para o bom funcionamento celu-

lareorgânico,entramosemdéficeeonossocorporecorreareservasde

minerais alcalinizantes, como o cálcio, magnésio e potássio (presentes nos

ossos), a reservas de aminoácidos, como a glutamina (presente nos mús-

culos), ou então sobrecarrega os mecanismos de regulação, como os rins e

32

os pulmões, para reverter esta situação e rebalancear o ambiente interno.

Ou seja, o nosso corpo vai reagir com algum grau de exaustão para man-

ter o pH do sangue dentro de limites estáveis e equilibrados.

Umambienteinternoexcessivamenteácidodificultaaassimilaçãode

vitaminas, minerais e nutrientes e tem um efeito corrosivo nos tecidos.

Para além disso, um meio ácido pode conter menos oxigénio e, por isso,

é mais propício ao desenvolvimento de micro -organismos nocivos, como

vírus, bactérias e fungos.

Destemodo,numorganismoacidificadoaproduçãodeenergianas

célulasdiminuietodoosistematorna‑secadavezmaisineficienteesus-

cetívelainflamações,infeçõesedoenças.Ocorpocomeçaaapresentar

sinais de fadiga, a imunidade baixa e a capacidade de regeneração de célu-

lasedeeliminaçãoderesíduostóxicosficareduzida.

Alguns sinais e consequências da acidificação do seu corpo

•Perdademassamuscular;

•Doresmuscularesecãibras;

•Envelhecimentoprecoce;

•Perdadeenergiaefadiga;

•Irritaçãodotratourinário;

•Doresmuscularesenasarticulações;

•Perdademineraisessenciaisparaobomfuncionamentodoorganismocomoo

cálcio, potássio e magnésio;

•Diminuiçãodaformaçãoósseaedadensidadeóssea;

•Doresdecabeça;

•Cabelosepelesecoseunhasquebradiças;

•Dificuldadeemperderpeso(diminuiçãodometabolismo);

•Aumentoderiscodedesenvolverdiabetes;

•Diminuiçãodaimunidade,ficandomaissuscetível,porexemplo,aconstipaçõese

gripes;

•Aumentoderiscodeformaçãodepedrasnosrins;

•Problemasdigestivos;

•Problemashormonais;

•Gastrites.

33

À medida que envelhecemos, os ácidos em excesso vão sobrecarregando

os mecanismos de eliminação (rins e pulmões), diminuindo a sua capaci-

dade de excreção dos ácidos. O corpo, como medida alternativa para eli-

minar os ácidos em excesso e evitar desequilíbrios do pH, vai depositando

os resíduos ácidos nos tecidos. Esta constante acumulação de ácidos vai

intoxicar o nosso organismo e pode desencadear processos de doenças cró-

nicas, hipertensão arterial e doenças autoimunes, como lúpus, diabetes, pso-

ríase, tuberculose, artrite reumatoide e cancro. Sabemos hoje que as células

cancerígenas vivem em harmonia em meios ácidos e com pouco oxigénio.

Asprincipaisalteraçõesbioquímicasefisiológicasdecorrentesdeuma

acidificaçãodoorganismosãoasseguintes:

3.1 – Diminuição da atividade da hormona da insulinaA insulina é uma hormona produzida pelo pâncreas em resposta à pre-

sença de glicose no sangue (açúcar). A insulina ao entrar na corrente san-

guínea vai promover o transporte da glicose, presente no sangue, para o

interior das células do organismo. Uma vez dentro das células, a glicose

é transformada em energia.

Uma dieta com excesso de alimentos ácidos pode diminuir a capaci-

dade da insulina ligar -se ao recetor presente na superfície da célula ou

levaraumadeficiêncianaproduçãodainsulina.Estasalteraçõesdesen-

cadeiam uma acumulação excessiva de glicose no sangue e provocam dis-

túrbios graves, como a diabetes Mellitus.

3.2 – Problemas na função enzimáticaAs enzimas são proteínas que se formam dentro das células (na mitocôn-

dria) e que atuam como catalisadores de reações químicas, melhorando

e acelerando o metabolismo celular. Fazem, assim, parte de todas as ati-

vidades fundamentais à vida (assimilação, transporte, excreção, desinto-

xicação, digestão, contração muscular e fornecimento de energia). Sem

as enzimas os seres vivos não sobreviviam. As enzimas dependem de um

pHótimoparadesempenharemassuasfunçõesdeformaeficaz.EssepH

ótimo varia de enzima para enzima. Assim, quando se dá o desequilíbrio

34

ácido -base, as enzimas do nosso corpo entram em disfunção e a atividade

enzimáticaésignificativamentereduzida,ouatémesmoperdida,quando

o pH passa para valores não saudáveis. Uma redução na atividade enzi-

mática pode conduzir a um sem -número de perturbações no organismo,

comomádigestão,intolerânciasalimentares,déficesdenutrientes,flatu-

lência,fadigaeinflamações,entreoutros.Nolimite,aperdatotaldaati-

vidade enzimática pode conduzir à morte.

3.3 – Diminuição da produção de energia nas células A mitocôndria, que está localizada dentro da célula, é responsável pela

produção de um composto chamado «adenosina trifosfato» (ATP). Este

composto fornece toda a energia necessária para o metabolismo celular.

Um excesso de ácidos no organismo vai desequilibrar a função mitocon-

drial no transporte de eletrões, podendo haver assim uma redução na

produçãoouumaumentonoconsumodeenergia.DeficiênciasemATP,

devido a excesso de ácido ou a um pH mais alcalino, podem levar a esta-

dos de fadiga, dor e provocar um mau funcionamento dos órgãos.

3.4 – Formação excessiva de radicais livres Os radicais livres são produtos normais do metabolismo celular que apre-

sentam um poder oxidante, podendo provocar danos muito facilmente.

Apesar de serem espécies indispensáveis na defesa contra infeções, os radi-

cais livres passam a ter um efeito prejudicial para o organismo quando

ocorre um aumento excessivo na sua produção ou quando há uma dimi-

nuição de agentes capazes de neutralizar o seu poder oxidante, os deno-

minados «agentes antioxidantes» (moléculas capazes de controlar a

formação de radicais livres, destruindo -os, e de reparar as lesões causa-

das por estas espécies).

Um organismo desequilibrado pode produzir radicais livres em excesso.

O excesso de radicais livres no organismo é denominado de «stress oxida-

tivo»epodeterváriosefeitosprejudiciaisparaasaúdecomoinflamações

várias e envelhecimento celular. Para além disso, a acumulação exces-

siva de radicais livres está relacionada com o desenvolvimento de muitas

35

doenças como as neurológicas degenerativas (Parkinson e Alzheimer),

diabetes, doenças cardíacas, doenças gastrointestinais e cancro.

3.5 – CancroO cancro é uma doença multifatorial caracterizada pela proliferação celular

anormal e descontrolada. Enquanto as células normais têm um determi-

nadotempodevida–desdequeasuanutriçãosejasuficienteeequili‑

brada –, as células cancerígenas podem continuar a crescer e a multiplicar -se

indefinidamente.Estadiferençadecomportamentoestárelacionadacom

a mutação que pode acontecer no ADN das células, basicamente, causado

por exposição de substâncias químicas altamente instáveis e reativas, ou

seja, os radicais livres. O nosso organismo pode sofrer mais de 10 mil ata-

ques de radicais livres por dia. Cada célula tem um sistema de enzimas

próprio (antioxidantes) de modo a inibir o ataque destes radicais livres.

Contudo, para este sistema de destruição dos radicais livres funcionar

em pleno, as células precisam de oxigénio para produzirem energia e de

aminoácidos, vitaminas e sais minerais, para sintetizarem as proteínas e

garantirem a regeneração celular.

Ora, num ambiente ácido e, por isso, com pouco oxigénio, a célula não

consegue absorver os nutrientes necessários e morre ou adapta -se ao novo

ambiente e pode tornar -se maligna. Infelizmente, as células malignas

têm a capacidade de obter energia a partir de um processo de fermen-

tação, que ocorre sem a necessidade de oxigénio, e de se multiplicarem

descontroladamente, alimentando -se dos nutrientes disponíveis para

as células consideradas normais. As células normais deixam, assim, de

se conseguirem nutrir e dividir em novas células, acabando por morrer.

Para além disso, a multiplicação descontrolada das células malignas

aumenta a produção de ácido láctico no organismo – está demonstrado

que as células cancerígenas contêm, em geral, 10 vezes mais ácido láctico

em comparação com as células normais – o que vai acentuar ainda mais

o desequilíbrio do pH do organismo.

Assim, num ambiente ácido e de baixa oxigenação, as células saudáveis

morrem enquanto as células cancerígenas reproduzem -se.

36

Deste modo, a prevenção e tratamento do cancro deve passar, tam-

bém, por mudar um ambiente interno ácido para alcalino. A eliminação

de todos os fatores acidificantes através da adoção de um estilo de vida

mais saudável e de uma dieta alcalina, associados a uma suplementa-

ção de minerais alcalinos e de enzimas se necessário, são, sem dúvida,

uma arma complementar na prevenção e tratamento do cancro.

3.6–InflamaçãodosórgãosetecidosOs ácidos têm um efeito corrosivo quando em contacto com os tecidos

vivos. Assim, uma exposição prolongada do nosso organismo aos áci-

doscirculantesemexcessopodeprovocarinflamaçõeselesõesgraves

irreversíveis, enfraquecendo -o e diminuindo o funcionamento orgâ-

nico – sobretudo os rins que são o principal mecanismo responsável pela

excreção dos ácidos fortes. Pelo suor também são eliminados alguns áci-

dos; um suor ácido em contacto com a pele pode causar comichão, man-

chas vermelhas, eczemas, irritação e ardor. À medida que os anos passam,

a circulação constante de ácidos no sangue pode, também, provocar lesões

graves nas paredes internas das artérias. Estas lesões são propícias ao

depósito de colesterol, triglicéridos, cálcio e outras substâncias que, ao se

acumularem, provocam estreitamento e coágulos nestes vasos, podendo

causar derrames, tromboses, aumento da pressão arterial, ataques

cardíacos e arteriosclerose.

A fragilidade dos tecidos torna -os mais vulneráveis aos efeitos nocivos

demicro‑organismospatológicos.Destaforma,ocorpoficamaissusce-

tível a infeções e doenças provocadas por vírus, bactérias e fungos (cons-

tipações, gripes, hpv, herpes) e doenças autoimunes.

3.7 – Doenças autoimunesQuandoosistemaimunitárioestádébilficamosmaisvulneráveisaoapa-

recimento de doenças autoimunes. Estas doenças geralmente aparecem

quando o sistema imunológico deixa de funcionar corretamente e começa

a destruir os tecidos saudáveis, como se fossem agentes nocivos, provo-

cando uma autodestruição que origina doenças como o lúpus, esclerose

37

múltipla, diabetes tipo 1, psoríase, doença de Crohn, hepatite autoimune,

artrite reumatoide, doença celíaca, entre outras. Em alguns casos, depois

de instalada a doença, não é possível a cura, mas através de uma dieta e

um estilo de vida saudável é possível estabilizar a evolução da doença

e melhorar a qualidade de vida do doente.

3.8 – Diminuição da reserva de minerais UmcorpoacidificadotentacompensarodesequilíbriodopHusandoa

reserva de minerais alcalinos, como o cálcio, magnésio e potássio, uma vez

quenãoexistembasessuficientesparaneutralizaraacidez.Estesmine-

rais deixam assim de estar disponíveis para cumprirem as funções a que

estão destinados. A escassez destes nutrientes deixa o organismo debi-

litado, física e mentalmente. Sabemos que o esqueleto é o nosso maior

armazém de reserva mineral, especialmente de cálcio, magnésio e potás-

sio. Uma desmineralização progressiva pode resultar em graves altera-

ções ósseas, como a diminuição da densidade óssea.

3.9 – Perda de massa muscularÀ semelhança do que acontece com os minerais, o corpo também pode

recorrer a reservas de aminoácidos para tentar equilibrar o carácter ácido-

-base do organismo. A redução dos níveis de aminoácidos disponíveis

tem inúmeras consequências, sendo a mais grave a perda progressiva de

massa muscular pela diminuição de glutamina, um aminoácido essencial

à manutenção do músculo. A glutamina é utilizada pelos rins para neu-

tralizar os ácidos fortes antes destes serem excretados através da urina.

Nos últimos anos alguns estudos vieram comprovar que a correção

da acidez interna do organismo é essencial na preservação e aumento da

massa muscular.

Porfim,éimportantesalientarquetodososdistúrbiosedoençasdescritos

anteriormente não são causados exclusivamente por um excesso de acidez.

Para além disso, a gravidade dos danos depende das características de cada

organismo, do seu estado e da idade. Contudo, sabemos que um corpo desequi-

librado está sempre mais suscetível ao aparecimento de problemas de saúde.

38

Em resumoA vida moderna veio, sem dúvida, facilitar o dia a dia de muitas pessoas. No

entanto, os novos estilos de vida trouxeram alterações nas rotinas e hábitos,

que levam a erros, sobretudo alimentares, prejudiciais para a nossa saúde.

Entre os erros alimentares mais frequentes, a ingestão de alimentos

processados – ricos em aditivos alimentares, sal, gorduras, proteínas e

açúcares – em demasia é a que tem maiores riscos, uma vez que estes ali-

mentosacidificamonossoorganismo.

O consumo de estimulantes (tabaco, chá, café e álcool) associado ao

stress e à falta ou excesso de exercício físico são fatores que acentuam

ainda mais o desequilíbrio ácido -base.

Felizmente, um corpo saudável tem uma grande capacidade de autorre-

gulação do pH do meio interno. Contudo, com o avanço da idade, a procura

constante do equilíbrio entre os ácidos e as bases pode ter consequências

gravosasparaonossocorpo(fadiga,inflamações,diminuiçãodaimuni-

dade, perda de minerais, envelhecimento precoce). Por acréscimo, pode dar

origem a muitas das doenças crónicas prevalecentes na nossa sociedade

(hipertensão, artrite reumatoide, cálculos renais, aterosclerose, doença

de Parkinson, doenças do aparelho digestivo e cancro). Ou seja, o corpo

enfraquece,desequilibra,inflamaeadoecenoesforçoparamanteropH

do sangue dentro de limites estáveis e equilibrados.

É, assim, importante realçar que um equilíbrio ácido -base constante

é essencial para o bom funcionamento do seu organismo.

Por isso,estánaalturade fazeralgumasmodificaçõesnoseuestilo

de vida:

•terumadietaapropriadacomprevalênciadealimentosalcalinizantes;

•garantirumahidrataçãoadequadadoseucorpo;

•praticarumaatividadefísicaregular;

•controlarosseusníveisdestress.