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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA TURMA - PDE/2012

Título: A AGRICULTURA FAMILIAR NO MUNICÍPIO DE JANIÓPOLIS: POSSIBILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL

Autor Edna Maria Lopes Cunha

Disciplina/Área (ingresso no PDE) Geografia

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização

Colégio Estadual João XXIII – E. M.

Rua: Geralda Moreira, Nº, 394

Município da escola Janiópolis

Núcleo Regional de Educação Goioere

Professor Orientador Fábio Rodrigues da Costa

Instituição de Ensino Superior Faculdade Estadual Ciências e Letras de Campo Mourão

Relação Interdisciplinar

Resumo

A Unidade Didática intitulada “A Agricultura Familiar no Município de Janiópolis: Possibilidades para o Desenvolvimento local” foi elaborado a partir dos pressupostos da Geografia Crítica e das Diretrizes Curriculares do Paraná. Tem como objetivo estudar o processo de modernização da agricultura e suas implicações sócio-espaciais no município de Janiópolis e desenvolver uma unidade didática pedagógica para o ensino de Geografia referente as possibilidades da agricultura familiar como alternativa para o desenvolvimento local. O estudo do lugar entendido como espaço do cotidiano, vivido, com suas particularidades próprias e articulado com as demais escalas geográficas é a base de desenvolvimento do projeto. A partir do estudo do lugar e sua articulação com o global é possível compreender o processo de esvaziamento populacional que vem ocorrendo nas

últimas décadas. Será desenvolvido no Colégio Estadual João XXIII.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Agricultura Familiar; Modernização da Agricultura; Êxodo Rural

Formato do Material Didático Unidade Didático-Pedagógica

Público Alvo

Alunos 2ª (segunda) série do Ensino Médio

APRESENTAÇÃO

A presente Unidade Didático-Pedagógica tem como objetivo estudar o

processo de modernização da agricultura e suas implicações sócio-espaciais no

município de Janiópolis e desenvolver material pedagógico para o ensino de

Geografia referente as possibilidades da agricultura familiar como alternativa para o

desenvolvimento local. A modernização privilegiou os grandes produtores e os

produtos voltados para o mercado externo. Para o agricultor familiar o resultado

dessa política foi negativo, pois não recebeu os mesmos benefícios ofertados a

agricultura comercial moderna.

Esse cenário ocasionou desestímulo e uma grande evasão da população

rural. Janiópolis viu sua população diminuir consideravelmente nas últimas décadas,

o que tem provocado inúmeros problemas. A pesquisa visa demonstrar para os

educandos a importância da diversificação agrícola e do uso de técnicas mais

aprimoradas para aumentar o nível de produtividade e rentabilidade, que podem ser

alcançados, por meio da agricultura familiar, para geração de empregos incentivando

a permanência do homem no campo.

Adota como metodologia a aplicabilidade do projeto por meio da utilização de

vídeos, textos, mapas, tabelas, gráfico, visitas as pequenas propriedades, coleta e

levantamento de dados no IBGE referente à população urbana e rural, e o uso de

fotografias antigas e recentes do município para análise e interpretação.

4

A MIGRAÇÃO����

Desde o início da história da humanidade as pessoas migram de uma região para outra. É o chamado movimento populacional que pode ocorrer entre países ou dentro de um mesmo país. A partir do século XVI, até pelo menos as primeiras décadas do século XX, os principais movimentos migratórios em escala transcontinental ocorriam da Europa para outras regiões do globo, sobretudo para a América, mas também para a África e Ásia. Hoje, os fluxos migratórios internacionais mais importantes ocorrem, de certo modo, na direção inversa, para os países do norte: Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Itália, entre outros.

O que leva as pessoas a migrarem para os países desenvolvido em muitos casos é o resultado do distanciamento entre o nível de desenvolvimento socioeconômico entre os países, ou, seja a diferença entre a riqueza e a pobreza.Diversas razões levam as pessoas a migrarem, como por exemplo: perseguições políticas e religiosas, guerras, adversidades climáticas e questões culturais, no entanto o principal motivo ainda é econômico.

Figura 1 – Família em processo de migração

Fonte: S. SALGADO. DISPONIVEL EM: GEOGRAFIANOVEST.BLOGSPOT.COM

Para refletir: Observe a Figura 1 e responda:

� Quais os motivos que levam as pessoas a migrarem?

� Ao analisarmos a imagem o que ela nos revela?

� Você conhece alguém que tenha migrado de uma região para

outra?

5

O Brasil era um país marcadamente de imigrantes até a primeira metade

do século XX. Foi ocupado primeiramente pelos portugueses e pelos escravos

africanos (imigração forçada no caso dos africanos).

Na segunda metade do século XIX até as primeiras décadas do século XX,

podemos destacar os seguintes grupos de imigrantes que vieram para o Brasil:

italianos, alemães, espanhóis, ucranianos, poloneses e japoneses. Estes

trabalhavam em diversas atividades econômicas como: mão de obra para a

lavoura cafeeira após a proibição do tráfico de escravos, nas indústrias que

surgiam no país como operários, principalmente na cidade de São Paulo, e

diversas outras atividades.

No interior do Brasil os principais fatores responsáveis pelas correntes

migratórias são a busca por melhores condições de vida, pois existem áreas mais

industrializadas e modernas que acabaram se tornando mais atrativas para a

população, uma vez que é ali que se concentra o maior número de empregos.

A partir de meados da década de 1960, nosso país passou por um

processo de intensa migração do campo para as cidades. Esse processo

denominado êxodo rural provocou inúmeras transformações sociais e econômicas

no cenário brasileiro

Figura 2 – Migrações internas

. Fonte: BEOGUIA.BLOGSPOT.COM

Pesquise e responda:

Você conhece alguém que migrou do

campo para a cidade?

Qual o motivo que levou essas

pessoas a migrarem?

Essas pessoas sentem vontade de

retornar para seu local de origem?

Por quê?

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A MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA

Em meados da década de 1960, a agricultura brasileira inicia o processo

de modernização, com a chamada Revolução Verde. A agricultura moderna apóia-

se em produtividade resultante de técnicas modernas de uso do solo e uso

intensivo de implementos, inovações em tecnologia mecânica (economizadora de

mão de obra), que contribui para o aumento da produtividade. Inovação em

tecnologia química e biológica (economizadora de terra), aumento do rendimento

da produtividade em menor quantidade de terra, ou seja aumento da fertilidade do

solo. Essas mudanças ocorreram tanto na agricultura quanto na pecuária. Todo

esse processo de mudanças ocorreu devido à expansão de grandes empresas

estrangeiras e nacionais, que agem em função do mercado, seja ele interno ou

externo.

Para essas empresas era necessário uma agricultura mais produtiva, onde

se produzisse mais em menor quantidade de terra e com menos mão de obra.

Também é possível através de laboratórios a criação de plantas mais resistentes

e de maior produtividade.

Foi através de pacotes tecnológicos que tiveram apoio de políticas

governamentais que incentivaram a produção por meio de financiamentos,

pesquisas e assistência técnica é que a agricultura pode se modernizar.

Observe a charge e faça o que se pede:

Figura 3 - A questão fundiária no Brasil

Fonte:professoradegeografia.blogspot.com

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A modernização da agricultura não ocorreu de forma homogênea no Brasil,

foi no Centro-Sul do país as áreas em que a mecanização e a utilização de

tecnologias químicas mais avançaram. O estado do Paraná foi incluído no

processo.

Outro fato importante a ser destacado é o de que todas essas inovações

foram estimuladas pelo governo, por meio de empréstimos bancários e estímulo a

certas culturas, como por exemplo a da soja, trigo, milho e a de cana-de-açúcar.

Tal preferência por estas culturas fez com que produtos básicos para a

alimentação humana diminuíssem consideravelmente a área plantada.

ATIVIDADE EM EQUIPE

Pesquise exemplos de transformações que a modernização da

agricultura provoca na produção agropecuária, estabelecendo uma

relação entre o modo como essas atividades eram feitas no

passado e como são feitas agora.

Trabalho em dupla

� Monte um texto dissertativo destacando a questão fundiária no

Brasil.

� Estabeleça a diferença entre latifúndio e minifúndio.

� Diferencie posseiro de grileiro.

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Leia o texto a seguir que mostra de forma clara e objetiva, através de

um exemplo, a transformação provocada pela modernização agrícola.

LEITURA CRÍTICA:

INDUSTRIALIZAÇÃO NO CAMPO Vamos dar um exemplo bastante ilustrativo das transformações que o sistema capitalista provoca na produção agropecuária: O da avicultura. Antigamente as galinha, e os galos, também eram criados soltos nas fazendas e sítios. Ciscavam, comiam minhoca, resto de alimentos e às vezes até mesmo um pouco de milho. Punham uma certa quantidade de ovos – uma ninhada de doze, quinze – e depois iam chocá-los durante semanas seguidas. Mesmo que os ovos fossem retirados, periodicamente as galinhas paravam de botar, obedecendo ao instinto biológico da procriação e punham-se em “choco”. Mas, logo se descobriu que essa parte do processo de procriação das aves podia ser feita pela incubadora (ou chocadeira) elétrica. E com maior eficiência que a própria galinha, uma vez que permitia controlar melhor a temperatura e evitar quebra dos ovos. Tornou-se necessário então fabricar uma galinha que não perdesse tempo chocando, isto é, que se limitasse a produzir ovos todo o tempo de sua vida útil. Evidentemente, uma produção assim mais intensiva não era possível ser conseguida com galinhas que ciscassem e se alimentassem à base de engolir minhocas e restos de comida. Foi preciso fabricar uma nova alimentação para essas galinhas - as rações - que possibilitassem sustentar essa postura. Além de melhor alimentação, as aves foram confinadas em pequenos cubículos metálicos, para que não desperdiçassem energia ciscando. Estava constituída uma verdadeira "fábrica avícola": de um lado entra ração, a matéria-prima; do outro saem ovos, o produto. Tudo padronizado, lado a lado umas das outras

Nessas alturas os galos que não botavam ovos e só faziam barulho e arrumavam encrenca! claro que alguns poucos - será que privilegiados? - foram preservados para a procriação. Mas esta atividade passou a ser outro ramo distinto: a produção de ovos se separou da produção de pintinhos. E a avicultura se tornou tão especializada que a produção de matrizes – quer dizer dos pais e das mães dos pintinhos - passou a ser outro ramo também especializado. Quer dizer que: quem produz ovos, compra os pintinhos; quem produz os pintinhos, compra as matrizes. Mas, por que uma galinha que não choca, presa numa gaiola, comendo ração é mais adequada ao sistema capitalista que a outra que ciscava nos terrenos das fazendas em busca de minhocas? Ora, além de produzir mais ovos que a outra em sua vida útil, a galinha que não choca dá lucros também ao produtor da ração, ao que fabrica as gaiolas, ao dono das chocadeiras elétricas, aos que vendem pintinhos, etc. Ou seja, a produção de ovos com essa “fábrica avícola” criou o mercado para a indústria de ração, de gaiolas, de chocadeiras, de pintinhos, das matrizes, Por sua vez, a indústria de ração dá lucros para o fabricante de medicamentos, ao comerciante do milho, a indústria de gaiolas, ao fabricante de arames galvanizado e chapas metálicas e assim sucessivamente. Tudo isso por que uma galinha come minhocas e a outra não? E, seria o caso perguntar, quem ganha com isso? A resposta é óbvia. Os donos das indústrias de ração, das gaiolas, de chocadeiras. O pequeno produtor, que cria os pintinhos e vende os ovos, esse não. Ele tem que comprar ração, gaiolas, medicamentos, pintinhos, tudo vindo de grandes companhias. Então, é lógico que se paga caro essas coisas, porque o seu poder de barganha é nulo frente a essas grandes

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nas suas prisões. Na hora de vender é a mesma coisa: são grandes compradores, e há muito ovo (lembre-se que essas galinhas vivem apenas para botar ovos), então o preço é baixo, tão baixo, que ele precisa cuidar de milhares de galinhas para conseguir garantir a sua sobrevivência como pequeno produtor. Em resumo, ele trabalha mais e ganha relativamente menos. A questão está justamente aí: o sistema todo foi feito para que ganhem os grandes capitais e não os pequenos produtores. Então diriam certos “anarquistas ecológicos” hoje vestidos com a roupagem da proteção ambiental: vamos voltar a produzir galinhas que ciscam nos terreiros e comem minhocas, por que além de combater o sistema capitalista, estaríamos produzindo ovos mais saudáveis e poupando milho para alimentar os seres humanos. É claro que ninguém defende que os ovos devam conter resíduos de DDT ou coisa semelhante, mas essa posição não é apenas utópica, mas também profundamente elitista, ela reduziria drasticamente a produção de ovos, o que elevaria brutalmente seus preços, além de condenar milhares de trabalhadores empregados nesse “complexo avícola”.

empresas. Essa proposta de "volta ao passado" é equivocada: tal como D. Quixote, acabamos destruindo o moinho de vento pensando que combatemos os gigantes. A questão não é a galinha em si, mas o sistema que a orienta: a tecnologia adotada é apropriada aos interesses do grande capitalista contra aos dos pequenos produtores. Mas isso não é próprio do sistema capitalista. É importante voltar a lembrar que o objetivo das transformações capitalistas na agricultura (como em toda a economia é o de aumentar a produtividade do trabalho. Isto é, fazer com que cada pessoa possa produzir mais, durante o tempo em que está trabalhando. No sistema capitalista, quando o trabalhador produz mais, quem ganha é o patrão É ele que aumenta seus lucros. Por isso, o sistema capitalista acumula riqueza de um lado e miséria de outro. Texto adaptado do livro: O que é

questão agrária de José Graziano da

Silva.

A mecanização é essencial a modernização, porém, ela provoca uma

intensa liberação de mão de obra no campo. Tal redução do pessoal empregado

na agropecuária vai provocar um aumento da população das cidades, que na

maioria das vezes não está estruturada para receber um grande contingente

populacional, ocasionando diversos problemas sociais. No Brasil, em meados da

década de 1960, a população urbana ultrapassa a população rural.

Com a modernização, um dos principais fatores ocorridos foi a

concentração da propriedade agrícola, trazendo como consequência o êxodo

rural. Entretanto, o processo de concentração não pode ser atribuído somente à

modernização, pode ter sido sim, uma das causas, porém, gerada por uma

consequência que seria, a falta de uma política agrícola condizente com a

realidade do trabalhador rural, em especial, ao pequeno proprietário que

dificilmente tem acesso ao capital.

10

UM POUCO DE HISTÓRIA: MUNICÍPIO DE JANIÓPOLIS

De acordo com os dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística – IBGE (2012) o município de Janiópolis teve origem com a

constituição de um patrimônio em plena floresta, localizado no interior do

município de Campo Mourão. O referido município está localizado no Terceiro

Planalto Paranaense, na Mesorregião Centro Ocidental do Paraná e inserido na

Microrregião de Goioerê. A figura 04 apresenta a localização.

De acordo com Ferreira (2000, p. 308) “Janiópolis recebeu inicialmente a

denominação de Pinhalzinho e pela Lei n.º 36, de 30 de dezembro de 1960 foi

criado o Distrito de Pinhalzinho”. Nessa época o distrito pertencia a Campo

Mourão e foi elevado a condição de município autônomo através da Lei Estadual

n.º 4.450, no dia 20 de outubro de 1961, com denominação alterada para

Janiópolis numa homenagem ao então Presidente da República, Jânio da Silva

Quadros. A instalação se deu em 18 de novembro de 1962.

ASSISTA OS FILMES:

Êxodo Rural

http://whttp://www.youtube.com/watch?v=X588TuX1Wv0&fe

ature=relate

Chico Bento – Na Roça é Diferente

www.youtube.com/watch?v=u2fuFIuF-2k

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Figura 04 – Localização de Janiópolis no Paraná

Fonte: Organizado por Costa (2012)

Segundo Dangui (2008), os primeiros habitantes que constituíram o

município de Janiópolis eram de diferente procedência étnica. As correntes

imigratórias que favoreceram a formação cultural foram principalmente de

portugueses, italianos, alemães e espanhóis, bem como de migrantes das regiões

de Minas Gerais, Paraná (Norte Velho), São Paulo, Rio de Janeiro e da região

Nordeste.

No inicio da década de 1960, a colonização se deu através de lotes entre

3,00 a 72,70 há. Esses lotes eram explorados, em média por duas a três famílias,

onde era cultivado: café, feijão, arroz, mandioca, algodão, hortelã e milho. E

também safras de porcos e extração de madeira.

Conforme Dangui (2008) a economia era baseada no extrativismo de

madeira e na produção extensiva de suínos, nas chamadas “safra”, e cultivo de

hortelã, café, milho, feijão, mandioca, algodão. No entanto não havia nenhuma

preocupação com as formas de cultivo, com relação ao uso do solo e com o meio

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ambiente. O sistema utilizado era o pousio com uso do fogo para limpeza das

áreas a serem plantadas.

Com a ocupação e a prática da agropecuária foram criadas diversas

comunidades, entre elas, destacam-se:

Água Grande – 21 km (1956), Bredápolis – 18 km (1950) , São Domingos – 18 km (1958), Ouro Verve – 12 km (1951), Bragápolis – 9 km (1955), Graminha – 3 km (1935), São Roque – 16 km – km (1950), Água do Belém – 21 km (1955) , Periferia de Janiópolis “ Takao – 2 km (1960), Amantino – 5 km (1945), Vera Cruz – 5 km (1946), Cinco Marcos – 12 km(1961), Comissário – 29 km (1950), e Distrito de Arapuan – 17 km (1947). (DANGUI, 2008, S/P).

Estas comunidades que surgiram com a colonização ainda hoje abrigam

diversas famílias, porem se caracterizam diferentemente da fase de ocupação.

Como exemplo, pode-se destacar o distrito de Arapuan, dentre todas as

comunidades existentes. Esse distrito hoje é o que possui menos população fato

que pode ser explicado em função da modernização da agricultura reduzindo a

oferta de empregos. Com isso, as pessoas migraram para outras localidades,

como por exemplo, o Estado de São Paulo, Minas Gerais, Rondônia, Mato

Grosso, Santa Catarina, Paraguai, Curitiba, dentre outras localidades, em busca

de novas oportunidades.

Em 1970, segundo dados do IBGE o município chegou a ter 22.770

habitantes, tendo no café uma grande fonte de renda. A partir daí, começou a

migração, reduzindo-se drasticamente a população, haja vista o município contar

hoje com apenas 6.532 habitantes (IBGE, 2010). Entre os fatores que explicam a

redução na população devemos considerar a modernização da agricultura.

A partir do final da década de 60 e com maior vigor a de 70, a agricultura paranaense entra no processo de sua modernização considerada parcial, conservadora e dolorosa. Parcial porque limitou-se a algumas regiões do país, a alguns produtos específicos e a certas fases da organização da produção. Conservadora porque não rompeu com a tradicional concentração, isto é, da posse da Terra. Dolorosa porque concorreu para expoliar no campo milhares de pessoas ligadas às atividades agropecuárias, acentuando o êxodo rural e a miséria. (MORO, 2002, p.91)

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É nesse período que se inicia o êxodo rural no município de Janiópolis em

decorrência de vários fatores: ocorrência da forte geada de 1975; nas grandes

lavouras (grãos) as máquinas substituíram o homem; falta de uma política

agrícola definida por parte dos governos: Municipais, Estadual, e Federal;

descapitalização dos mini e pequenos produtores rurais, ficando assim coagidos a

vender suas propriedades para o vizinho ou para o grande proprietário.

Como a maioria dos municípios paranaenses, Janiópolis acusou um

crescimento negativo surpreendente na área rural. Houve um crescimento

negativo de mais de 60% , reduzindo-se portanto praticamente a metade da

população na década de 1980 e 1990.

A população urbana cresceu cerca de 70% em termos absolutos, no

entanto representou apenas um acréscimo de 2.733 em 20 anos. O município

vem apresentando saldos populacionais negativos. A Zona Rural em 1980

contava com 10.475 habitantes, e no ano de 2010 a população rural era de 2.494

habitantes. Enquanto na Zona Urbana, neste mesmo período aconteceu o

inverso, ou seja em 1980 era composta de 3.269 habitantes, em 2010 elevou-se

para 4.038 habitantes.

ATIVIDADE INDIVIDUAL

� Em que ano Janiópolis foi emancipado?

� De onde vieram os primeiros habitantes de Janiópolis?

� Conforme Dangui como era a economia na década de 1960?

� Qual o primeiro nome que Janiópolis recebeu ainda como

Distrito de Campo Mourão?

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Tabela 1 – Dados Demográficos do município de Janiópolis

An

os

Zona Urbana Zona Rural Total

1970 1952 20802 22754

1980 3269 10475 13744

1991 4237 6377 10604

1996 4035 5072 9107

2000 3716 4368 8084

2010 4038 2494 6532

Fonte: IBGE – IPARDES. Censos de 1970, 1980, 1991, 1996, 2000 e 2010.

Gráfico 1 – População da Zona Urbana e Zona Rural

Fonte: IBGE – IPARDES. Censos de 1970, 1980, 1991, 1996, 2000 e 2010.

1970 1980 1991 1996 2000 20100

5000

10000

15000

20000

25000

1952

3269

42374035

37164038

20802

10475

6377 5072 43682494

22754

1374410604 9107 8084 6532

Zona Urbana Zona Rural Total

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ATIVIDADE EM GRUPO

ATIVIDADE

Por meio da observação e análise de fotos das décadas de 1970, 1980

e 2012 elabore um texto dissertativo sobre as transformações ocorridas no

espaço geógrafo do município de Janiópolis.

Construção da Igreja Matriz Igreja Matriz Atualmente Foto: Déc. de 70, Dangui Foto: Dangui,(2012)

� Explique por que ocorreu a redução da população rural do

município de Janiópolis a partir da década de 1970?

� Quais são os problemas da redução de população para o

município?

� Quais alternativas você apontaria para que a população de

Janiópolis deixasse de migrar?

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Construção da praça Praça Igreja Matriz Foto: Déc. de 70, Dangui Foto: Dangui (2006)

Avenida Paraná Avenida Paraná

Foto: Déc. de 80, Dangui Foto: Dangui (2012)

Prédios Av. Paraná Prédios Av. Paraná atualmente Foto: Déc. de 70, Dangui Foto: Arquivo pessoal (2012)

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Produção café sitio Sto. Antonio Bredápolis atualmente Foto: Déc. de 80, Fuzinato Foto: Dangui (2012)

Produção de café em Arapuan Arapuan atualmente Foto: Déc. de 70. Arq. pessoal Foto: Dangui (2012)

Café Sitio São João Pastagem Sitio São João Foto: Déc. de 80, Arq. pessoal Foto: Arquivo pessoal (2012)

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AGRICULTURA FAMILIAR

A agricultura familiar não é uma categoria social recente. Ao longo dos

anos foram utilizados varias terminologias como: camponês, pequeno produtor,

lavrador, agricultor de subsistência, agricultor familiar. A mudança de termos se

dá pelo fato da própria evolução do contexto social e às transformações

sofridas por esta categorias. (WANDERLEY, 2001).

A agricultura familiar está ligada à dimensão espacial do

desenvolvimento, por permitir uma distribuição populacional equilibrada no

território. Recentemente vem sendo defendida as idéias de dimensão territorial

do desenvolvimento rural, onde as atividades agrícolas e não agrícolas devem

ser integradas no espaço local, perdendo sentido a tradicional divisão

������������ ��� �� � ��� �� �

� que elementos formavam a paisagem em cada período;

� o que mudou;

� de que forma mudou;

� Forme grupos e monte um quadro comparativo sobre as mudanças que encontraram.�

PARA REFLETIR:

� O que é agricultura familiar?

� Qual a diferença entre agricultura familiar e agricultura comercial?

� A agricultura familiar seria uma possibilidade de emprego para os

pequenos municípios?

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urbano/rural e ultrapassando o enfoque predominantemente setorial (agrícola)

do espaço rural. Para Abramovay:

[...] diferencia a agricultura familiar no interior das sociedades

capitalistas mais desenvolvidas como uma forma completamente diferente do campesinato clássico. Enquanto que os camponeses podiam ser entendidos como “sociedades parciais com uma cultura parcial, integrados de modo incompleto a mercados imperfeitos”, representando um modo de vida caracterizado pela personalização dos vínculos sociais e pela ausência de uma contabilidade nas operações produtivas. Já a Agricultura familiar [...] é altamente integrada ao mercado, capaz de incorporar os principais avanços técnicos e de responder as políticas governamentais [...]. Aquilo que era antes de tudo um modo de vida converteu-se numa profissão, numa forma de trabalho (ABRAMOVAY,1992, p.22-127).

:

A agricultura familiar precisa ter o apoio do Estado principalmente para

poder continuar fornecendo alimentos de boa qualidade para a sociedade.

Além disso, é necessário melhorar sua integração nos mercados.

De acordo com Departamento de Agricultura da Prefeitura de Janiópolis

desde a década de 1970 os agricultores vêm se agrupando em cooperativas,

sindicatos e associações de produtores rurais. No ano de 1997 as

comunidades rurais formaram associações de produtores rurais, tendo elas

CNPJ estatuto próprios e recebem ajuda para a agricultura familiar. São elas:

Associação de Produtores Rurais da Preferia de Janiópolis/Takao/Caracol/

Amantino; Associação de Moradores em Desenvolvimento Comunitário de

Arapuan; Associação de Produtores Rurais da Água Grande; Associação de

Produtores Rurais de São Domingos; Associação de Produtores Rurais do

Graminha/ São Domingos; Associação de Produtores Rurais de Cinco Marcos;

Associação da Feira Mista de Produtores de Janiópolis.

A Feira Mista de Produtores de Janiópolis foi fundada no ano de 2000 e

tem como objetivo fomentar o aumento de produção municipal de produtos

hortifrutigranjeiros, artesanatos, industria caseira, agroindústria, além de outros,

com vendas direta ao consumidor, visando também abastecer o mercado.

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A Feira Mista de Produtores de Janiópolis possui 11 (onze) feirantes,

sendo 09 (nove) da zona rural, que fazem parte de outras associações rurais

02 (dois) da zona urbana. Ela acontece todas as sextas feiras às 18:00, na

Travessa São Miguel.

ATIVIDADES PARA REFLETIR

Figura 5 – Concentração fundiária

Fonte: www.unicurso.net

� A charge acima revela um drama muito comum entre os brasileiros em relação à posse da terra.

� Promova um debate com a turma enfatizando esta questão.

TRABALHO EM EQUIPES

� A luta pela terra no Brasil reflete o processo histórico desde a colonização até os dias atuais. Ao longo do tempo, verificaram-se vários conflitos pela posse da terra. Façam uma pesquisa sobre “Reforma agrária e luta pela terra no Brasil”.

� Obs. Cada equipe deverá montar slides e apresentar em sala de aula.

21

ECONOMIA SOLIDÁRIA

A economia solidária é um movimento social que nasceu da organização

dos trabalhadores e desempregados que encontram formas mais dignas de

trabalho, buscando incorporar no trabalho na produção e na comercialização a

consciência cidadã, a partir do paradigma da sustentabilidade em suas práticas

produtivas. Ela se estrutura fora dos parâmetros de uma economia capitalista,

embora esteja inserida neste sistema produtivo, ela tem uma forma alternativa

de reprodução de suas relações. Além disso, busca outros princípios fundados

na equidade, solidariedade, sustentabilidade, cooperação, entre outros.

A solidariedade na economia só pode se realizar se ela for organizada igualitariamente pelos que se associam para produzir, comerciar, consumir ou poupar. A chave dessa proposta é a associação entre iguais em vez do contrato entre desiguais, Na cooperativa de produção, protótipo de empresa solidária, todos os sócios têm a mesma parcela de capital e, por decorrência, o mesmo direito de voto em todas as decisões. Este é o seu princípio básico [...]. E não há competição entre os sócios: se a cooperativa progredir, acumular capital, todos ganham por igual. Se ela for mal, acumular dívidas, todos participam por igual nos prejuízos e nos esforços para salvar os débitos assumidos. (SINGER, 2002, p 9-10).

O importante é entender que a desigualdade e a competição não são

natural. Elas resultam da forma como se organizam as atividades econômicas

e que se denomina modo de produção, como o capitalismo cujo princípio são o

direito à liberdade de propriedade individual aplicado ao capital e o direito à

liberdade individual (SINGER, 2002). Com isso esses princípios dividem a

sociedade em duas classes básicas: a classe proprietária ou possuidora do

capital e a classe que ganha a vida mediante a venda de sua força de trabalho.

O resultado é a competição e a desigualdade.

A economia solidária é outro modo de produção, cujos princípios básicos

são a propriedade coletiva ou associada ao capital e o direito à liberdade

individual. Quando aplicado esses princípios une todos os que produzem em

uma única classe de trabalhadores que possuem capital por igual em cada

cooperativa ou sociedade econômica.

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ATIVIDADES DE CAMPO

1. Visitar a Associação de Produtores Rurais de Cinco Marcos

(modelo de agricultura familiar, café, pasto e outras);

2. Visitar propriedade (Granja de frango e de porco);

3. Visitar propriedade (Plantação de sorgo e produção de vassoura);

4. Visitar propriedade (produção de pão e horta);

5. Visitar propriedade (cultivo de milho e produção de pamonha).

REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, Ricardo. Paradigmas do Capitalismo Agrário em Questão. São Paulo: Hucitec/Edunicamp/ANPOCS, 1992.

ANDRADE, Áurea Andrade Viana de. Vilas rurais da microrregião geográfica de Campo Mourão. (Dissertação de mestrado). Maringá: UEM, 2005.

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