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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

TÍTULO: A ESCOLA QUE O ALUNO BUSCA E A ESCOLA QUE OFERECEMOS: IMPASSES NO

ENSINO MÉDIO.

Autor Rosa Maria Pimenta Pedro

Escola de Atuação Colégio Estadual “São José” Ensino Médio e Profissional

Município da escola Lapa

Núcleo Regional de Educação Área Metropolitana Sul

Orientador Drª Monica Ribeiro da Silva

Instituição de Ensino Superior Universidade Federal do Paraná

Disciplina/Área (entrada no PDE)

Produção Didático-pedagógica Caderno Pedagógico

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes

disciplinas compreendidas no

trabalho)

Público Alvo

(indicar o grupo com o qual o

professor PDE desenvolveu o

trabalho: professores, alunos,

comunidade...)

Professores

Alunos

Localização

(identificar nome e endereço da

escola de implementação)

Colégio Estadual “São José”

Rua Barão do Rio Branco, 1453

Apresentação:

(descrever a justificativa,

objetivos e metodologia utilizada.

A informação deverá conter no

máximo 1300 caracteres, ou 200

palavras, fonte Arial ou Times

New Roman, tamanho 12 e

espaçamento simples)

O impasse entre o que é oferecido ao aluno do ensino médio da escola pública e o que ele busca, levou-me a pesquisar para saber o que eles esperam da escola e por que não se identificam com os objetivos, conteúdos e metodologias. Com este Caderno Pedagógico pretende-se instigar o professor a refletir sobre a sua realidade e buscar por meio de leituras e reflexões, outras formas de se relacionar com esse sujeito e conseqüentemente diferentes maneiras de ensinar e de aprender.

2

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUAÇÃO - PDE

CADERNO PEDAGÓGICO

A Escola Que O Aluno Busca E A Escola Que Oferecemos:

Impasses No Ensino Médio

Lapa

2010

3

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANA

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL-PDE

AUTORA: ROSA MARIA PIMENTA PEDRO

ORIENTADORA: DRª MONICA RIBEIRO DA SILVA

LAPA

2010

4

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO: Impasses no Ensino Médio..................................................04 O Ensino Médio e Seus Alunos......................................................................05 Quem é o aluno do Ensino Médio Hoje..........................................................05

1.1 Atividades- aprofundamento de estudo por meio de outras fontes de pesquisa....................................................................09 1.2 1.3 Textos Complementares:................................................09

Dubet, François. Quando o sociólogo quer saber o que é ser professor

Spósito, Marília Pontes: (Des) encontros entre os jovens e a escola

Menezes, Luiz Carlos de: Alunos apáticos, escola idem

1.4 – Atividades l, ll e lll.......................................................10

TEXTO 2 – Razões do Desinteresse e Apatia do Jovem do Ensino Médio Pela Escola. O Que Fazer?....................................................................................10 2.1 - Sugestão de leituras complementares para compreender as causas do desinteresse do jovem pela escola................................................................13

2.2 – Atividades com os professores....................................14 2.3 – Filme: Escritores da Liberdade....................................14

Roteiro para discussão com os professores........14

3 – O QUE O ALUNO ESPERA DA ESCOLA................................................15 3.1 – Propostas e Encaminhamento:..............................................................17 1.1- Como recuperar o interesse do jovem pela escola..................................17 1.2- Discutir com os professores, alternativas que possam reverter à situação e resgatar o sentido da escola........................................................................17 1.3- A partir da análise sobre a pesquisa realizada com os alunos, escrever quais mudanças são necessárias para fortalecer a relação professor/aluno e como reestruturar a prática pedagógica para trabalhar com o aluno que temos hoje na escola.................................................................................................17 1.4- Síntese das atividades realizadas com os professores...........................17

4- CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................17 4-1 RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................20

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INTRODUÇÃO

Impasses no Ensino Médio

O impasse entre o que é oferecido ao aluno do ensino médio da escola

pública e o que ele busca, levou-me a pesquisar para saber o que eles

esperam da escola e por que não se identificam com os objetivos, conteúdos

e metodologias. Partindo do pressuposto acima, procurei buscar a

possibilidade de novas formas de trabalhar com esse aluno, colocando-me na

perspectiva do mesmo, pensar em transmitir algo que possa ser útil para a

vida do aluno, voltado para as relações interpessoais, preparando-o para

receber as informações e transformá-las em conhecimentos. Com este

Caderno Pedagógico pretende-se instigar o professor a refletir sobre a sua

realidade e buscar por meio de leituras e reflexões, outras formas de se

relacionar com esse sujeito e conseqüentemente diferentes maneiras de

ensinar e de aprender.

Partindo de experiência como professora e pedagoga, e sabendo que

boas relações interpessoais são fundamentais para que as ações

pedagógicas se efetivem, pretende-se priorizar tais ações para que haja

realmente uma troca de saberes em sala de aula. A reflexão sobre os

sujeitos que compõem o quadro de alunos e a sua diversidade é fator

predominante de ansiedade e dificuldade em lidar com eles.

Este caderno pedagógico, busca auxiliar os professores a enfrentar as

dificuldades sem deixar de priorizar a produção do saber. Por meio de

trabalhos e discussões em grupos, buscar conhecer melhor as razões que

levam o aluno a agir de tal forma durante as aulas e procurar respostas por

meio de pesquisas que acenem para uma solução eficaz. Somente por

intermédio da pesquisa que se pode chegar a conclusões palpáveis e não por

meio do “achismo” que não leva a nenhuma solução. Instrumentar o professor

para ser pesquisador, significa transformar a realidade escolar de forma

6

permanente. O conhecimento se potencializa cada vez que se realiza boas

leituras com a finalidade de aprofundar teoricamente os conceitos e os temas

aprendidos. Por isso é importante que o professor seja um condutor, um

pesquisador que mostre aos seus alunos como se constrói o conhecimento e

propicie os meios para facilitar a caminhada dos mesmos. Suas indicações

são imprescindíveis na mudança de comportamento e na busca pelo saber. O

professor se depara com o desconhecido, com o incerto em suas aulas, por

esse motivo não pode ser apenas um transmissor de conteúdos, mas um

pesquisador incansável que primeiro conhece o objeto de sua pesquisa para

depois explorá-lo. Para Dubet (1997) “Cada vez que se entra na sala, é

preciso reconstruir a relação: com esse tipo de alunos, ela nunca se torna

rotina. É cansativa. Cada vez, é preciso lembrar as regras do jogo; cada vez,

é preciso interessá-los, cada vez, é preciso ameaçar, cada vez, é preciso

recompensar...

1- O ENSINO MÉDIO E SEUS ALUNOS

1.1 QUEM É O ALUNO DO ENSINO MÉDIO HOJE

As transformações que ocorrem na sociedade interferem no contexto

escolar e com isso exige novos olhares sobre os conteúdos, que vão além da

“decoreba” apenas para tirar notas nas provas e atingir a média estipulada

para a aprovação. É preciso redescobrir o porquê se deve ensinar e aprender

tais conteúdos e ainda acenar onde estes serão aplicados na vida desse

aluno nas diferentes situações do seu dia a dia.

Considerando o aluno como foco principal no processo entre a

organização escolar e a relação que esse estabelece com o saber, é

necessário um conhecimento desse indivíduo para poder dialogar e tornar a

relação mais concreta.

Para saber quem é o aluno, é preciso analisar as transformações que

ocorreram nos últimos anos e a influência que essas transformações

deixaram evidente na vida desses jovens.

7

Também é necessário lembrar as dificuldades que este encontra ao

chegar ao ensino médio em idade onde as alterações hormonais, as paixões

que envolvem seus sentimentos e as dúvidas que rondam sua cabeça, são as

principais preocupações. Esses problemas próprios da adolescência tornam

os jovens, segundo Dubet “hostil ao mundo dos adultos, hostil aos

professores”. Desta forma, surgem as dificuldades na relação professor/aluno

e logo, a necessidade de reinventar a cada aula a maneira de se relacionar e

ensinar esse aluno.

Ao entrar na escola, o jovem busca novas formas de aprender e

sistematizar o saber, porém além de trazer conhecimentos que adquiriu antes

de freqüentar a mesma, ele continua a aprender no dia a dia com o meio em

que vive. Essas experiências não devem ser ignoradas, pois elas são a base

para a interação entre o aluno, a escola e a construção do saber.

Dubet (1997) afirma que: ”por estarmos em uma sociedade

democrática, a gente considera que todos os alunos têm o mesmo valor, que

eles são iguais. Ao mesmo tempo eles têm performances desiguais.”

Muitas vezes a explicação sobre o fracasso é simples para a escola,

porém de difícil compreensão ao aluno:

Foi mal na prova porque não estudou.

Não aprende porque não presta atenção na aula.

Não entendeu a explicação porque estava mexendo no celular.

Você parece que está sonhando o tempo todo, por isso não

aprende.

Não comprou a apostila agora não consegue estudar para a

prova.

(...)

Por conta de tantos “nãos”, conclui-se que a culpa por não aprender é

simplesmente do aluno. Talvez mais coerente fosse investigar o motivo pelo

qual esse conteúdo não foi assimilado e criar novas estratégias para melhorar

o desempenho do aluno e facilitar a ação do professor.

Antes do ensino sistematizado, a escola deve se preocupar com a

maneira que trata esse aluno como cidadão. É necessário deixar evidente que

8

se de um lado o aluno tem seus direitos e deveres, do outro lado o professor

também tem direitos e deveres. Segundo Dubet, “os alunos têm o dever de

entregar os trabalhos na data prevista, mas é preciso que os professores

tenham o dever de entregar as correções na data prevista. Por exemplo, os

alunos têm o dever de não xingar os professores: a recíproca também tem de

existir.” (Dubet, 1997, p. 227).

Desta forma, o aluno vai entender que a cidadania escolar está ligada a

democracia na sociedade, onde há regras que devem ser respeitadas

reciprocamente.

O que se aprende na escola, está relacionado com a vivência nos

grupos sociais. O aprendizado amplia horizontes, cria possibilidades de lidar

com o novo, com o desconhecido.

Se para aprender é preciso saber explorar o que já se conhece,

transformar a informação em conhecimento e ainda depois saber usar o que

aprendeu em diferentes momentos. É compreensível que o adolescente se

sinta frustrado toda vez que não entende para que serve o que a escola lhe

ensina e quando vai usar esses conhecimentos. Ele tem em sua essência a

condição de ser imediatista, quer tudo rápido, não se prende a conceitos e

realiza qualquer atividade com a mesma habilidade.

A escola está preparada para trabalhar com o aluno contemporâneo?

Ela se organiza para ensiná-lo a aprender?

Se o aluno tem que dominar o aprendido, o sistema escolar oportuniza

momentos para que o mesmo compreenda o que se aprendeu e forme o

pensamento crítico?

Sabe-se que a escola enfrenta inúmeros problemas e precisa tornar a

ação pedagógica coerente, atraente e significativa para esse aluno que busca

a cada dia algo que seja concreto e faça a diferença em seu viver.

Então, a escola precisa rever seus conceitos e partindo de uma análise

minuciosa sobre o que realmente é importante ensinar, construir programas

9

que direcione a sua ação e que venham atender as necessidades básicas dos

estudantes do ensino médio.

Com a finalidade de investigar junto aos alunos qual é o sentido da

escola e o que eles esperam da mesma, aplicou-se um questionário para

saber os motivos que os levam a estar na escola.

Dos 25 alunos entrevistados, 68% responderam que é o desejo de ter

um bom emprego com salário justo no futuro; 56% atribuem o motivo de

estarem na escola à vontade própria de aprender; 36% disseram que é o

incentivo dos pais que fazem vir para a escola; 32% afirmam que estão na

escola porque acreditam que por meio da educação poderão ter melhores

condições de vida; 12¨% acreditam que a escola é o meio para se tornarem

críticos e participarem ativamente da sociedade.

Com relação à questão: assinale ações da escola que você considera

atraentes, 72% afirmam que são as atividades práticas; 48% destacam a

afetividade entre alunos e professores; 36% acham que as aulas expositivas

são atraentes; 24% reconhecem que os conhecimentos relacionados com a

realidade e informações ligadas a atualidade dos fatos que ocorrem no

mundo, tornam as aulas mais atraentes.

Nas respostas abertas houve o predomínio da necessidade dos jovens

em ser alertados sobre as drogas e doenças sexualmente transmissíveis;

78% afirmam que nunca reprovaram e 28% confirmam que já

reprovaram no 1º ano do ensino médio entre uma, duas e até três vezes;

36% respondem que para a aula ser mais atraente e participativa é

importante um bom relacionamento entre professor/aluno;

16% destacam a importância do diálogo antes de explicar o conteúdo;

12% acham que é importante o professor ensinar os conteúdos de

forma prática;

8% diz que é importante fazer uma oração antes de iniciar as aulas;

10

4% consideram importante a revisão de conteúdos antes de começar o

próximo assunto; a consideração dos professores e dos alunos durante as

aulas; a importância de passar filmes relacionados às matérias e

principalmente o respeito dos professores em relação aos alunos,

cumprimentando-os ao chegar à sala de aula.

Estas indicações da pesquisa são fundamentais para compreender que

os alunos embora não sabendo o que realmente buscam, deixam claro que a

escola “é necessária” mesmo com suas mazelas.

Para Dubet, é preciso que a escola reconheça que a vida adolescente

se insere nesse contexto e que deve ser tratada em sua especificidade de

forma natural, proporcionando diferentes formas de participar das atividades,

porém sem deixar de seguir regras que os eduquem.

No ensino fundamental a criança ainda está envolvida pela

sensibilidade do mundo que a cerca, da maneira espontânea de se relacionar

com as pessoas e do romantismo que a envolve. Por isso é mais fácil tratar e

se relacionar com esse aluno. No ensino médio, a fase da adolescência torna-

o mais egocêntrico e menos sensível ao mundo e as coisas ao seu redor. Por

conta disso, torna-se mais difícil conviver com esse ser em transformação e

ainda usar a metodologia certa para ensiná-lo.

ATIVIDADES

Atividade l - Aprofundamento de estudo por meio de outras fontes de

pesquisa.

TEXTOS COMPLEMENTARES: Dubet, François. Quando o sociólogo

quer saber o que é ser professor. Revista Brasileira de Educação: maio a

dezembro de 1997. P. 222 – 231.

Spósito, Marília Pontes: (Des)encontros entre os jovens e a escola.

Ensino médio ciência, cultura e trabalho(2004, P. 73-91)

11

Atividade ll – Quais sugestões os textos viabilizam para compreender

melhor o aluno e tornar a ação pedagógica mais efetiva?

Atividade lll – Discuta com seus colegas as seguintes questões e

escreva uma síntese sobre as idéias do grupo.

a) É possível reconstruir a relação professor/aluno?

b) Quem são os nossos alunos?

c) Enquanto professores fazemos a diferença ao ensiná-los?

d) Como estamos nos preparando para lidar com esse aluno da

geração tecnológica?

2. RAZÕES DO DESINTERESSE E APATIA DO JOVEM DO ENSINO MÉDIO

PELA ESCOLA. O QUE FAZER?

“De pouco serve se queixar do desinteresse dos

estudantes sem compreender e enfrentar isso

como um problema da escola e do professor”

Luiz Carlos De Menezes

Com o surgimento da tecnologia, o interesse do aluno pela escola

passa a ocupar o segundo plano.

Enquanto estes interagem com os amigos virtuais, resolvem situações

problemas “num passe de mágica” nos jogos virtuais. Na sala de aula,

demonstram apatia às aulas monótonas e repetitivas que não oferecem

desafios e aos conteúdos que se apresentam de forma desconexa, muitas

vezes sem nenhuma relação com a sua realidade.

Desta forma, o aluno não consegue conectar-se ao que a escola

ensina e com isso, acumulam-se motivos que tornam a rotina escolar em algo

sem sentido e desinteressante.

12

De acordo com Menezes “a apatia em crianças e jovens não é natural

e inviabiliza nosso trabalho, já que ninguém aprende se estiver

desinteressado”.

De nada adianta o desconforto dos professores e da escola diante da

situação, pois quando se fala no assunto faz-se a crítica sem aprofundamento

sobre os motivos que estão levando os alunos a agirem dessa forma.

Comentários que se multiplicam e rotulam nos conselhos de classe,

transformam o assunto em problema e dessa forma familiariza-se com ele ao

invés de tentar compreender por meio do diálogo e da investigação

permanente.

Para Charlot, “Há duas línguas faladas na escola: a dos professores e

a dos alunos.”

Entre a lógica que direciona a atividade do professor e a do aluno, há

um grande abismo que separa esse universo. Por conta dessa dicotomia,

Charlot exemplifica o surgimento do conflito na sala de aula:

Os conflitos nascem quando o professor explica algo que não é

compreendido. Ainda tranqüilo, e com outras palavras, ele explica de novo,

e outra vez sem sucesso. Rapidamente, ele vai considerar o estudante um

incapaz. O educador culpa o aluno, mas se sente fracassado também

porque a turma não avança. O jovem, por seu lado, pensa que o professor

não sabe ensinar. O clima fica tenso e uma coisa sem importância vira

estopim para uma agressão verbal ou física.

(Charlot, 2010)

A forma como a escola conduz suas atividades, foge às expectativas

do aluno porque ele tem necessidades que são intrínsecas a idade e ao

momento presente, como destaca Charlot: “ir à escola para comer, namorar e

brincar”. Com isso, tanto a escola quanto os educandos produzem diferentes

discursos que acabam descaracterizando o real papel que a mesma deve

desempenhar.

Ao invés de trabalhar de forma descontínua, mobilizar o jovem,

desafiando-o a reescrever o aprendido de forma a ampliar o seu universo de

conhecimento.

13

Mesmo sabendo que o aluno freqüenta a escola, muitas vezes por

obrigação, é necessário discutir com ele o que significa estudar; deixar claro

os motivos pelos quais ele deve freqüentar a escola; discutir com ele que o

novo, o desconhecido nos causam ansiedade e geram crises, porém estas

são necessárias para que haja mudanças em nossas vidas.

A formação do aluno jamais acontecerá pela assimilação de discursos, mas sim por um

processo microssocial em que ele é levado a assumir posturas de liberdade, respeito,

responsabilidade, ao mesmo tempo em que percebe essas mesmas práticas nos demais

membros que participam deste microcosmo com que se relaciona no cotidiano. (Gallo,

2000, p.21).

Sendo assim, a formação do aluno se dá não pelo discurso do

professor, mas pela forma como este o instrumentaliza a assumir novas

posturas na relação com os outros.

A relação que se estabelece em sala de aula é singular no processo de

construção do conhecimento. É por meio da observação de posturas

adequadas do professor e do comprometimento deste que o aluno percebe a

importância de aprender a cada vez que é instigado a participar das aulas, a

assumir com clareza as novas formas de conviver socialmente e de produzir o

próprio saber.

Logo, o modo com que o professor “domina o conteúdo e conduz o

processo de transmissão”, está diretamente ligado ao sucesso ou ao fracasso

na formação integral do aluno.

Para formar integralmente o aluno não podemos deixar de lado: nem a sua

instrumentalização, pela transmissão dos conteúdos, nem a sua formação

social, pelo exercício de posturas e relacionamentos que sejam expressão

da liberdade, da autenticidade e da responsabilidade. (Gallo, 2000, p. 20).

Segundo Gallo, se os conteúdos baseiam-se em instruções que

orientam o ensino, a forma como se ensina, denomina-se método. Por isso o

currículo deve deixar claro “o que se ensina e como ensinar”.

Sabe-se que o desinteresse pela escola é histórico e surge a partir do

momento em que o saber passa a ser desmembrado em áreas específicas

para dar conta dos novos desafios de ensinar. Com isso, os conhecimentos

14

que buscavam apenas explicar a realidade, passaram a ser mais profundos e

produzidos a partir das ciências.

Certamente o papel da escola, tanto na formação integral do aluno

quanto na produção de novos saberes, deve pautar-se na organização

permanente dessa arte que é capaz de lapidar indivíduos e transformar a

humanidade. Não deve, no entanto, deixar de usar a magia e o poder de

sedução para despertar no aluno o desejo de aprender e recriar velhos

conceitos, construir novas formas de entender as transformações que

ocorrem e que tornam as relações humanas mais significativas.

2.1 – Roteiro de trabalho com os professores

Enumere alguns motivos que, em sua opinião, a escola causa

desinteresse ao aluno.

É possível mudar a metodologia, sem antes conhecer o objeto

de seu trabalho?

Discuta com seus pares:

Conflitos na relação professor/aluno são capaz de provocar

desinteresse e apatia nos alunos?

SUGESTÃO DE LEITURAS PARA COMPREENDER QUEM É O

ALUNO DO ENSINO MÉDIO.

CARLOS SIMÕES ARTEXES – POLÍTICAS PÚBLICAS DO

ENSINO MÉDIO: REALIDADE E DESAFIOS

GAUDÊNCIO FRIGOTTO – SUJEITOS E CONHECIMENTO:

OS SENTIDOS DO ENSINO MÉDIO

SPÓSITO, MARÍLIA PONTES – (DES) ENCONTROS

ENTRE OS JOVENS E A ESCOLA

LIMA, NÍSIA TRINDADE – JUVENTUDE E ENSINO MÉDIO:

DE COSTAS PARA O FUTURO?

15

MENEZES, LUIZ CARLOS – ALUNOS APÁTICOS, ESCOLA

IDEM

2.1 POR QUE A ESCOLA NÃO É ATRAENTE AO JOVEM?

2.2 CABE A QUEM REVERTER ESSA REALIDADE: AO JOVEM OU A

ESCOLA?

2.3 sugestões de atividades com os professores:

Responda as questões abaixo:

A que você atribui o desinteresse do aluno em suas aulas?

Em sua opinião os conteúdos e as disciplinas estão interligados

de forma a dar uma idéia de continuidade na construção do conhecimento?

Os conteúdos fragmentados são capazes de proporcionar

desejo de aprender no aluno?

Debater no grupo as idéias e as sugestões de mudanças na

forma de ensinar para que o aluno aprenda.

2.3-Filme: Escritores da Liberdade

2.1- Roteiro para discussão com os professores.

A - Destaque situações do filme que permitam caracterizar as questões

abaixo relacionadas.

As ações da professora protagonista do filme (por que faz o que

faz?). Em que momento muda de atitude com relação aos alunos? Por quê?

Reações dos alunos às ações propostas pela professora (por

que

16

Passam a interagir com ela e entre si? Qual o significado das

ações da professora para eles?)

Características dos alunos: quem são; o que esperam da escola;

o que a escola espera deles; etc.

B- Com base nas situações destacadas, discutir:

Trabalho docente; profissão “professor”;

Organização do trabalho pedagógico na escola: relação entre

sujeitos (professor (professor-aluno; aluno-aluno; direção-professor;

professor-professor; etc.).

O que podemos afirmar sobre a (s) metodologia(s) usada pela

professora? Descreva essas metodologias. Você concorda com elas? Por

quê?

O filme permite discutir um “currículo formal” e um “currículo

real”. Por quê?

3 - O QUE O ALUNO ESPERA DA ESCOLA

Com a perspectiva de compreender melhor esse sujeito, realizou-se

uma pesquisa para verificar que motivos levam o mesmo a freqüentar a

escola. Nas respostas, ficou evidente o que eles esperam e ainda deixaram

pistas imprescindíveis para que se possam rever as ações da escola.

Entre elas, a necessidade de transformação de suas vidas por meio da

escola, mesmo não tendo certeza se isso é possível.

Destacaram-se entre as principais respostas: o desejo de ter um bom

emprego com salário justo; vontade própria de aprender para superar as

dificuldades em suas vidas; incentivo dos pais para freqüentarem a escola e

ter uma vida mais digna no futuro; o estudo é o único meio de torná-los

críticos para participarem das decisões da família e da sociedade de forma

mais consciente.

17

Logo se percebe que a escola ainda é a esperança de transformação

dos sujeitos para terem uma vida digna. Então esse aluno não pode ser mais

um número na sala de aula para fazer parte das estatísticas que determina o

grau de escolarização da sociedade. Ele deve ser parte do processo

educacional como sujeito que sabe o que quer.

É possível a escola eximir-se de suas obrigações, deixando de incluir

esse aluno no processo de construção da sua própria identidade?

Se ele sabe o que busca, então porque é tão difícil ensiná-lo? Ouvi-lo,

seja talvez o primeiro passo para saber o que se pode fazer e por onde

começar.

Ao perguntar sobre as ações da escola que consideram atraentes,

destacou-se as atividades práticas, em seguida a afetividade do professor, a

relação dos conteúdos com a realidade, orientações e alertas sobre drogas,

gravidez na adolescência e DST.

Tais respostas acenam para a importância de aulas criativas e

comprometidas com os objetivos a serem atingidos, sem deixar de ressaltar a

singularidade da afetividade no processo ano das relações que se embelecem

durante as aulas quanto na produção do saber. A relação entre os conteúdos

ensinados e os fatos que acontecem no mundo está ligada ao grau de

satisfação do aluno durante as aulas, pois o que se associa ao concreto

facilita a compreensão e dá autenticidade a elaboração de novos conceitos.

Destacou-se ainda a importância do professor revisar os conteúdos

antes de começar o próximo assunto, pois esse processo é o fio condutor que

estabelece a relação entre a essência do que se aprendeu com a

compreensão e construção de novos saberes.

Ficou também evidente a importância do respeito na relação e a prática

de gestos que fazem a diferença em cada aula, como por exemplo: O

professor cumprimentar os seus alunos de forma alegre e respeitosa. Afinal,

as palavras têm força tanto para construir uma relação saudável e um

ambiente aconchegante, quanto para transformar a sala de aula num local

18

onde a falta de respeito e profissionalismo tecem a teia da discórdia e

desestabiliza as relações.

Concluindo, a pesquisa deixou evidente que não se podem rotular

alunos sem ouvi-los, sem conhecê-los e ainda, não se deve acreditar que a

ação pedagógica está fadada ao fracasso, mas importa, ter a coragem de

reinventar todos os dias as ações que conduzem o trabalho da escola.

3.1- Propostas e encaminhamento:

1.1- Como recuperar o interesse dos jovens pela escola.

1.2- Discutir com os professores meios que possam reverter a situação

e resgatar o sentido da escola.

1.3- A partir da análise sobre a pesquisa realizada com os alunos,

escrever quais mudanças são necessárias para fortalecer a relação

professor/aluno e como reestruturar a prática pedagógica para trabalhar com

esse aluno que ora se apresenta em nossa escola.

3.2- Síntese das atividades realizadas pelos professores.

Considerações Finais

A escola não pode mais aquietar-se diante dos problemas educacionais. É

preciso que todos os sujeitos envolvidos no processo busquem conhecer os fatos

que ocorrem e as transformações que alteram constantemente a ação pedagógica.

Se hoje o jovem não sabe o que busca e não descobriu o prazer de aprender,

cabe a escola repensar o seu papel.

19

Sabe-se que ensinar é algo sublime e ao mesmo tempo singular que requer

sensibilidade de quem ensina firmeza em suas decisões, consistência em seus

argumentos, persuasão ao expressar-se, retidão em suas ações. Por isso, essa arte

que outrora já foi cantada em versos hoje parece perder o seu brilho.

Não se pode achar que tudo está perdido e que basta aceitar que a educação

está fadada ao fracasso.

Dubet (1997) Cada vez que se entra na sala, é preciso reconstruir a relação:

Com esse tipo de alunos, ela nunca se torna rotina. É cansativa. Cada vez,

é preciso interessá-los, cada vez, é preciso ameaçar, cada vez, é preciso

recompensar (...)

Dessa maneira, é preciso que o professor haja como um doutor que primeiro

analisa as condições do seu paciente, as causas que o levou a ficar doente para

depois receitar o remédio adequado a cada enfermidade.

É preciso que primeiro o professor conheça seu aluno, conheça sua história

de vida, saiba o seu nome e o considere como alguém importante em sua ação

profissional. A partir daí, reconstruir todos os dias a sua ação pedagógica.

Se o sucesso do ensino é medido pelo desempenho de seus alunos, é

imprescindível que o professor esteja ciente de suas responsabilidades enquanto

mediador na construção do conhecimento.

Na educação, nada há de mais importante do que a ação do professor em

sala de aula. É por meio de sua ação consciente que ele orienta e direciona as

formas como o aluno deve apropriar-se do conhecimento. Além disso, ainda deve

mostrar ao aluno como fazer uso desse conhecimento, aplicando-o corretamente

nos diferentes contextos.

Os conflitos que existem na sala de aula, interferem diretamente na

aprendizagem do aluno e isso torna a ação pedagógica ineficiente. Todavia, sabe-se

que esses conflitos surgem por algum motivo que ao invés de exceção passou a ser

regra em nosso sistema educacional.

Para melhor compreender, (Charlot,2010) afirma que:

Os conflitos nascem quando o professor explica algo que não é compreendido. Ainda tranqüilo, e com outras palavras, ele explica de novo,

20

e outra vez sem sucesso. Rapidamente, ele vai considerar o estudante um incapaz. O educador culpa o aluno, mas se sente fracassado também porque a turma não avança. O jovem, por seu lado, pensa que o professor não sabe ensinar. O clima fica tenso e uma coisa sem importância vira estopim para uma agressão verbal ou física. (Charlot, 2010).

Ao invés de trabalhar de forma descontínua, mobilizar o jovem, desafiando-o

a reescrever o aprendido de forma a ampliar o seu universo de conhecimento.

Discutir com ele o novo, o desconhecido e propor diferentes formas de buscar

conhecimentos para que isso provoque transformações na forma de pensar e

também na forma de viver.

Acredita-se que uma das maneiras de mudar esse cenário educacional é

investir na formação do indivíduo para ser professor, pois vemos pessoas

formadas, que entram na sala de aula sem ter aprendido como se relacionar com as

pessoas, no caso, com os alunos na sala de aula. Não sabem que ser professor vai

além de dominar o conteúdo a ser ensinado... É preciso ter a compreensão de que

ensinar é tarefa difícil que deve ser reinventada a cada aula. Algumas características

são imprescindíveis ao professor:

Gostar de pessoas e saber conviver com elas

Ter domínio de conteúdos e também das formas de ensinar

Acreditar que as suas ações em sala de aula induzem o aluno tanto ao

sucesso quanto ao fracasso

Ter ciência de que ensinar requer força de vontade, dedicação e

conhecimento

Ser um pesquisador incansável que rejeite respostas prontas, mas que

saiba conduzir seu aluno a buscá-las

Ter domínio emocional e saber lidar com reações adversas

Oportunizar momentos de reflexões sobre o que se ensinou para que o

mesmo compreenda e forme o pensamento crítico...

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Considerando que a formação do professor (de outras disciplinas) deveria

seguir as normas do curso de pedagogia para dotar esse professor de métodos e

técnicas que o ajudasse a se identificar com o seu fazer em sala de aula.

Outra forma de minimizar a crise que vivemos atualmente na educação será:

Reconstruir a relação professor/aluno, pois essa se encontra em

conflito

Conhecer melhor o aluno, saber quem ele é e o que busca na escola

Preparar-se para poder trabalhar com esse aluno da geração do

imediatismo

Saber fazer a diferença em suas aulas

Repensar um currículo que ensine coisas que sejam úteis ao aluno

sem massificá-los

Buscar sempre transpor o conteúdo ensinado para a realidade do

mesmo, fazendo perceber que o que se ensina na escola está relacionado com a

sua vida.

Ainda há muito que se construir, porém cada ação realizada com dedicação e

competência é capaz de transformar a realidade definitivamente. Na educação, a

transformação se faz ao caminhar. É no ensinar e no aprender que se constroem as

grandes mudanças, porém é preciso que cada professor busque a formação integral

desse ser.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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In: Alves, Nilda (org.).

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