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Page 1: Ficha 02: Dos elementos que compõem a rede, os nós ou A ... · A Rede Urbana UFAL – Campus do Sertão – Curso de Geografia Prof. Kleber Costa da Silva A REDE URBANA Como o espaço,

Ficha 02:

A Rede Urbana

UFAL – Campus do Sertão – Curso de Geografia

Prof. Kleber Costa da Silva

A REDE URBANA

Como o espaço, as redes geográficas oferecem grande dificuldade de definição. Mas, como disse Santos, em geral se referem ora a uma matriz que considera sua materialidade e outrora a uma matriz que as entendem como sendo um dado social (Santos, 2002; p.262). No sentido da materialidade; a infra-estrutura material mesma que permite os intercâmbios sociais: estradas, caminhos, cidades, portos, etc. Como dado social; seriam as redes geográficas um dado social e político, pelas pessoas, mensagens, valores, que a freqüentam (Santos, 2002; p.262). A forma das redes é sustentada por nós e fluxos e a sua metáfora foi vista pela economia urbana e pela geografia econômica como maneira de descrever o conjunto de unidades urbanas e as relações que as unem (Domenèch, 2003; p.81).

De forma geral, a teoria geral dos sistemas define uma rede como conjunto de objetos somados a um conjunto de conexões e isto não é nada mais que um sistema (Casti, Apud Domenèch, 2003; p.81). Assim, tanto um sistema de relações hierárquicas como um sistema formado por relações não-hierárquicas forma uma rede, e o que os diferencia é a direção dos fluxos, que são verticais e de dominância no primeiro caso e horizontais ou de igualdade no segundo.

Westlund, citado por Domenèch (2003; p.81), seguindo os preceitos da teoria geral dos sistemas, definiu rede, em sua forma mais simples, como sendo um número de nós com a mesma função, conectados por vínculos com a mesma função. Face à existência necessária de nós, conexões e fluxos pra a confirmação de uma rede, esta, no entanto, será possível quando da presença mínima dos mesmos e de ligação entre todos diretamente ou, senão, pelo menos, indiretamente.

Formas simples de rede. Fonte: Domenèch (2003; p.82).

Dos elementos que compõem a rede, os nós ou conexões podem ser entendidos basicamente como o conjunto de posições fisicamente articuladas que permitem o encontro objetivo e passagem de fluxos bem como a sua reprodução. Os fluxos são as sequencias intencionais, que podem se apresentar repetitivos e serem programados, entre os elementos fixos do/no espaço, mantidos por agentes e atores sociais nas mais diversas instâncias da sociedade. Santos disse que as redes, em suas relações com o território, podem ser vistas segundo um enfoque genético e segundo um enfoque atual. No primeiro caso, como um processo, os elementos da rede são instalados em diversos momentos, diferentemente datados. E, no segundo caso, como realidade atual – ou seja, a relações que os elementos da rede mantém com a presente vida social (Santos, 2002; p.263). Apontou ainda, grosso modo, três momentos na produção e na vida das redes; a saber: a) um período pré-mecânico; redes tidas como componente espontâneo e o “engenho humano” fortemente subordinado aos desígnios do “império” dos dados naturais; b) um período mecânico intermediário; as redes assumem o seu nome, dada a insurgência das nomeações da modernidade e do desenvolvimento das técnicas; e c) um período ou fase atual; que, à luz do período técnico-científico-informacional torna-se conceito central e reafirma a força da dominação do homem sobre os dados naturais, da inteligência na criação dos objetos técnicos e de certa ante-visão das funções que poderão exercer.

Corrêa, por sua vez, nomeou as “redes geográficas” como conjunto de localizações interconectadas (2001; p.107). Elas assumem diversas formas de manifestação, conforme a organização e expansão do capitalismo, e, como qualquer materialidade social, são produtos e condições sociais (2001b; p.109). O autor indicou, ainda, dimensões de análise das redes geográficas com o intuito de contribuir para um conhecimento mais sistemático do tema, abordando as diversas formas como se apresentam. Tais dimensões, a saber, são; as dimensões organizacional, temporal e espacial.

Texto original: Kleber Costa da SILVA.

Texto de apoio:

CORRÊA, Roberto Lobato. Dimensões de análise das redes geográficas.

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Page 2: Ficha 02: Dos elementos que compõem a rede, os nós ou A ... · A Rede Urbana UFAL – Campus do Sertão – Curso de Geografia Prof. Kleber Costa da Silva A REDE URBANA Como o espaço,

Dimensões de Análise das Redes Geográficas

Redes Analisadas Segundo: Especificação Exemplo

Dimensão Organizacional

Agentes Sociais Estado Ministério da Saúde, Delegacia Regional, Posto de Saúde

Empresas Sede, Fábricas, Filiais de Vendas, Depósitos

Instituições Sé, Dioceses, Paróquias Católicas

Grupos Sociais Sede, Núcleo Regional, Equipe Local de ONG´s

Origem Planejada Diversas Redes do estado e das Corporações

Espontânea Mercados Periódicos

Natureza dos Fluxos

Mercadorias Matérias-primas, Produtos Industrializados

Pessoas Migrantes

Informações Decisões, Ordens

Função Realização Rede Bancária

Suporte Rede de Transmissão de Energia

Finalidade Dominação Rede de Unidades de Segurança dos Estados Totalitários

Acumulação Rede das Grandes Corporações

Solidariedade Rede de ONG Ligada ao Movimento Popular

Existência Real Cidades Articuladas de Fato Via Telefonia

Virtual Cidades Potencialmente Articuláveis Via Telefonia

Construção Material Rede Ferroviária

Imaterial Ligações entre Cidades via TRANSDATA

Formalização Formal Rede das Grandes Corporações

Informal Rede de Contrabando e Vendedores de Rua

Organicidade Hierárquica Rede de Lugares Centrais

Complementaridade Rede de Centros Especializados

Dimensão Temporal

Duração Longa Rede Urbana Européia

Curta Liga Hanseática

Velocidade dos Fluxos

Lenta Navegação Marítima e Fluvial

Instantânea Rede TRANSDATA

Freqüência Permanente Rede Bancária

Periódica Mercados Periódicos

Ocasional Rede Associada a um Festival

Page 3: Ficha 02: Dos elementos que compõem a rede, os nós ou A ... · A Rede Urbana UFAL – Campus do Sertão – Curso de Geografia Prof. Kleber Costa da Silva A REDE URBANA Como o espaço,

Dimensão espacial

Escala Local Sindicato Municipal de Varejistas e Lojas

Regional Sede, Fábrica, Postos de Coleta e Fazendas Associadas em Cooperativa

Nacional Rede Globo de Televisão

Global McDonald´s, Genral Motors, Nestlé

Forma Espacial Solar Cidades-Estado e Aldeias Tributárias

Dendrítica Rede Urbana da Amazônia em 1900

Circuito Rede de Tráfego Aéreo

Barreira Rede de Unidades Político-Administrativas

Conexão Interna Rede Muito Integrada Internamente

Externa Rede Pouco Integrada Externamente

Fonte: CORRÊA, R. L. Dimensões de análise das redes geográficas. In: CORRÊA, R. L. Trajetórias geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. p.111.