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FIANÇA NO PROCESSO PENAL Elaborado em 16/05/2014 Márcio André Lopes Cavalcante 1. CONCEITO E NOÇÕES GERAIS Fiança é... - uma caução em dinheiro ou outros bens (garantia real) - prestada em favor do indiciado ou réu - para que ele possa responder o inquérito ou o processo em liberdade - devendo cumprir determinadas obrigações processuais - sob pena de a fiança ser considerada quebrada - e ele ser preso cautelarmente. A fiança pode ser fixada isoladamente ou em conjunto com outras medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP, a fim de que seja evitada a prisão preventiva. Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar. Segundo já decidiu o STJ, “o instituto da fiança tem por finalidade a garantia do juízo, assegurando a presença do acusado durante a persecução criminal e o bom andamento do feito. Interpretando sistematicamente a lei, identifica-se uma finalidade secundária na medida, que consiste em assegurar o juízo também para o cumprimento de futuras obrigações financeiras.” (STJ. 6ª Turma. RHC 42.049/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 17/12/2013). 2. NATUREZA JURÍDICA A fiança é uma espécie de medida cautelar (art. 319, VIII, do CPP). 3. MOMENTO DE CONCESSÃO DA FIANÇA A fiança pode ser concedida: Durante o inquérito policial; No curso do processo criminal, enquanto não tiver transitado em julgado a sentença condenatória (art. 334). Ao contrário do que ocorria antes da Lei n. 12.403/2011, atualmente, a fiança não é concedida apenas nos casos em que o agente foi preso em flagrante. Assim, hoje em dia é possível o arbitramento de fiança como forma de substituir a prisão preventiva ou até para evitar que esta seja decretada. Dessa forma, é plenamente possível que a fiança seja imposta para um indiciado ou réu que esteja em liberdade. Ex: o Ministério Público requer a prisão preventiva do acusado sob o argumento de que há indícios de ele pretende fugir (risco à aplicação da lei penal); o juiz, analisando as circunstâncias, entende que os elementos apontados são frágeis e que é possível desestimular eventual fuga impondo uma fiança alta; com isso, evita-se a decretação da prisão, por ser esta medida extrema e excepcional.

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FIANÇA NO PROCESSO PENAL Elaborado em 16/05/2014

Márcio André Lopes Cavalcante 1. CONCEITO E NOÇÕES GERAIS Fiança é... - uma caução em dinheiro ou outros bens (garantia real) - prestada em favor do indiciado ou réu - para que ele possa responder o inquérito ou o processo em liberdade - devendo cumprir determinadas obrigações processuais - sob pena de a fiança ser considerada quebrada - e ele ser preso cautelarmente. A fiança pode ser fixada isoladamente ou em conjunto com outras medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP, a fim de que seja evitada a prisão preventiva.

Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar.

Segundo já decidiu o STJ, “o instituto da fiança tem por finalidade a garantia do juízo, assegurando a presença do acusado durante a persecução criminal e o bom andamento do feito. Interpretando sistematicamente a lei, identifica-se uma finalidade secundária na medida, que consiste em assegurar o juízo também para o cumprimento de futuras obrigações financeiras.” (STJ. 6ª Turma. RHC 42.049/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 17/12/2013). 2. NATUREZA JURÍDICA A fiança é uma espécie de medida cautelar (art. 319, VIII, do CPP). 3. MOMENTO DE CONCESSÃO DA FIANÇA A fiança pode ser concedida:

Durante o inquérito policial;

No curso do processo criminal, enquanto não tiver transitado em julgado a sentença condenatória (art. 334).

Ao contrário do que ocorria antes da Lei n. 12.403/2011, atualmente, a fiança não é concedida apenas nos casos em que o agente foi preso em flagrante. Assim, hoje em dia é possível o arbitramento de fiança como forma de substituir a prisão preventiva ou até para evitar que esta seja decretada. Dessa forma, é plenamente possível que a fiança seja imposta para um indiciado ou réu que esteja em liberdade. Ex: o Ministério Público requer a prisão preventiva do acusado sob o argumento de que há indícios de ele pretende fugir (risco à aplicação da lei penal); o juiz, analisando as circunstâncias, entende que os elementos apontados são frágeis e que é possível desestimular eventual fuga impondo uma fiança alta; com isso, evita-se a decretação da prisão, por ser esta medida extrema e excepcional.

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A fiança pode ser concedida sem prévia oitiva do MP? SIM. A fiança pode ser arbitrada independentemente de audiência prévia do Ministério Público. Após a eventual concessão, este terá vista do processo a fim de requerer o que julgar conveniente (art. 333 do CPP). 4. QUEM CONCEDE A FIANÇA

A fiança poderá ser concedida pelo(a):

Delegado de Polícia Autoridade judiciária

Em até 24 horas após a prisão em flagrante.

Desde que a pena máxima prevista seja de até 4 anos.

A qualquer momento (durante o IP ou no curso do processo), mesmo que não se trate de prisão em flagrante.

Não importa a pena prevista.

Assim, se a pessoa for presa em flagrante e o crime tiver pena máxima de 4 anos, o próprio Delegado poderá arbitrar fiança e o flagranteado será solto. Vale mencionar que não importa se o crime é punido com detenção ou reclusão. Tanto faz. Sendo a pena de até 4 anos, a autoridade policial tem legitimidade para arbitrar a fiança. Por outro lado, se o crime tiver pena superior a 4 anos, o flagranteado deverá requerer a concessão da fiança ao juiz, que decidirá o pedido em até 48 horas (art. 322, parágrafo único). Para saber se poderá ou não conceder a fiança, o Delegado de Polícia deverá levar em consideração a existência de concurso de crimes, causas de aumento e de diminuição. Ex: se o agente tiver praticado dois crimes em concurso material (ambos com pena máxima de 4 anos), a autoridade policia não poderá conceder a fiança. 5. VALOR DA FIANÇA

Valor a ser arbitrado Quando a pena máxima prevista for

I - de 1 a 100 salários mínimos de até 4 anos.

II - de 10 a 200 salários mínimos superior a 4 anos.

Para calcular o valor da fiança segundo esses patamares de pena, a autoridade deverá levar em consideração eventual concurso de crimes, causas de aumento e de diminuição. Ex: o agente tiver praticado dois crimes em concurso (ambos com pena máxima de 4 anos), o valor a ser arbitrado será de 10 a 200 salários mínimos. Dependendo da situação econômica do preso (se rico ou pobre), a autoridade poderá: a) Dispensar a fiança. b) Reduzir em até 2/3 os valores da tabela acima; c) Aumentar em até mil vezes os valores da tabela acima. Atenção: tanto o magistrado como o Delegado podem reduzir ou aumentar os valores da fiança, mas a dispensa só quem pode autorizar é a autoridade judiciária.

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Quais os critérios que devem ser levados em consideração no momento da fixação do valor? Para determinar o valor da fiança, a autoridade levará em consideração:

a natureza da infração;

as condições pessoais de fortuna do indiciado/acusado (condições econômicas);

a sua vida pregressa;

as circunstâncias indicativas de sua periculosidade;

o valor provável das custas do processo, até final julgamento. Código de Defesa do Consumidor Para os crimes previstos no CDC, existe uma regra específica para a fixação do valor da fiança:

Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata este Código, será fixado pelo juiz, ou pela autoridade que presidir o inquérito, entre cem e duzentas mil vezes o valor do Bônus do Tesouro Nacional - BTN, ou índice equivalente que venha substituí-lo. Parágrafo único - Se assim recomendar a situação econômica do indiciado ou réu, a fiança poderá ser: a) reduzida até a metade de seu valor mínimo; b) aumentada pelo Juiz até vinte vezes.

6. CRIMES PARA OS QUAIS NÃO SE PERMITE A FIANÇA O art. 323 do CPP prevê alguns crimes inafiançáveis: a) Racismo; b) Tortura; c) Tráfico de drogas; d) Terrorismo; e) Crimes hediondos; f) Crimes cometidos por ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o

Estado Democrático. 7. SITUAÇÕES NAS QUAIS NÃO SE PERMITE A FIANÇA O art. 324 do CPP prevê algumas situações nas quais não se pode conceder fiança: a) Se o réu, no mesmo processo, tiver quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem

motivo justo, qualquer das obrigações impostas no arts. 327 e 328 do CPP; b) Em caso de prisão civil ou militar; c) Se estiverem presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva, segundo o art.

312. 8. OBRIGAÇÕES PROCESSUAIS O indiciado/réu que recebeu o benefício deverá assinar um termo de fiança se comprometendo a assumir as seguintes obrigações: a) Comparecer perante a autoridade (policial ou judiciária) todas as vezes que for intimado para atos do

inquérito e da instrução criminal e para o julgamento; b) Não mudar de residência sem prévia permissão da autoridade processante; c) Não se ausentar por mais de 8 dias de sua residência sem comunicar à autoridade processante o lugar

onde será encontrado.

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Outras medidas cautelares O juiz poderá determinar que o afiançado, além da fiança, tenha que cumprir outras medidas cautelares (art. 319, § 4º). Livro especial para os termos de fiança Nas varas criminais e delegacias de polícia deve haver um livro especial para que o afiançado assine o termo de fiança. Esse livro deverá conter um termo de abertura e outro de encerramento e deverá ser numerado e rubricado em todas as suas folhas pela autoridade. O termo de fiança deverá ser lavrado (redigido) pelo escrivão/diretor de secretaria e assinado pela autoridade e por quem prestar a fiança. Depois, deverá ser feita uma certidão para ser juntada aos autos (art. 329). Descumprimento das obrigações Se o indiciado/réu descumprir as obrigações fixadas, a fiança será considerada quebrada. 9. QUEBRAMENTO DA FIANÇA

O que é o quebramento (quebra) da fiança? Se o indiciado/acusado descumpre determinados deveres impostos pelo CPP ou pela autoridade judiciária, ele demonstra que não está merecendo a confiança (fidúcia) que lhe foi conferida. Ocorrendo isso, o magistrado considera que a confiança foi quebrada. Quais são as consequências decorrentes do quebramento da fiança? O quebramento injustificado da fiança acarretará a: a) perda de METADE do valor dado em fiança; b) imposição de outras medidas cautelares (art. 319) ou até mesmo a decretação da prisão preventiva do

indiciado/réu se o juiz entender que somente a segregação é suficiente para o caso concreto; c) impossibilidade de ser concedida nova fiança ao indiciado/réu neste mesmo processo. Quais são as hipóteses em que haverá o quebramento da fiança? A autoridade judiciária julgará que a fiança está quebrada quando o acusado: I - regularmente intimado para ato do inquérito ou do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo; II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; IV - resistir injustificadamente a ordem judicial; V - praticar nova infração penal DOLOSA; VI - descumprir as obrigações processuais assumidas no termo de fiança (arts. 327 e 328). Qual o recurso cabível contra a decisão que decretou o quebramento da fiança? Recurso em sentido estrito (art. 581, VII, do CPP). Segundo o § 3º do art. 584 do CPP, esse RESE terá efeito suspensivo unicamente quanto à perda da metade do valor da fiança. Em suma, enquanto não for julgado o RESE, não se pode determinar a perda desse valor, mas as outras consequências do quebramento não ficarão obstadas pelo simples fato de ter sido interposto o recurso. Se a decisão que julgar quebrada a fiança for proferida no bojo da sentença penal condenatória, o réu terá que impugnar o quebramento por meio de apelação. Se o Tribunal, ao julgar o recurso, reformar a decisão de quebramento, a fiança voltará a subsistir em todos os seus efeitos e o réu será colocado em liberdade (se houver sido preso em razão do quebramento).

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10. PERDA DA FIANÇA Se o acusado for condenado e não se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta, haverá a perda da totalidade do valor da fiança (art. 344). Vale ressaltar que a perda ocorre mesmo que a pena imposta tenha sido restritiva de direitos ou de multa. Não compareceu para cumprimento da pena (qualquer que seja ela), haverá a perda do valor integral da fiança. 11. CASSAÇÃO Em que consiste: Cassação é a anulação ou cancelamento da fiança concedida indevidamente ou que atualmente não é mais possível. Quando a fiança é cassada, diz-se que ela foi julgada inidônea ou sem efeito. A cassação somente pode ser determinada pela autoridade judiciária. Hipóteses: Segundo o CPP, a fiança será cassada quando, depois de ter sido concedida: a) percebeu-se que houve um equívoco e que a fiança não era cabível naquele caso (art. 338). Ex:

concedida fiança para réu acusado de tráfico de drogas. b) houve uma inovação na classificação do delito e este passou a ser um crime inafiançável. Ex: autoridade

policial indiciou o réu por determinado delito e o Promotor de Justiça o denunciou por outro mais grave e inafiançável.

c) houve um aditamento da denúncia, fazendo com que a concessão da fiança passasse a ser inviável. Ex: réu foi denunciado por homicídio simples; posteriormente, o MP adita a denúncia para incluir uma qualificadora, passando a ser um caso de crime hediondo.

Consequências decorrentes da cassação da fiança: A cassação da fiança acarretará a: a) devolução do valor da fiança a quem prestou; b) possibilidade de o juiz decretar outras medidas cautelares que se façam necessárias, dentre elas a

prisão preventiva. Qual o recurso cabível contra a decisão que decretou o quebramento da fiança? Recurso em sentido estrito (art. 581, V, do CPP). 12. REFORÇO DA FIANÇA Em que consiste: Reforço da fiança é o aumento do valor caucionado ou do valor dos bens oferecidos em garantia. Hipóteses: Segundo o art. 340 do CPP, será exigido o reforço da fiança quando: I - a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente; II - houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados ou caucionados, ou depreciação dos metais ou pedras preciosas; III - for inovada a classificação do delito.

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O que ocorre se não for feito o reforço da fiança: Se o réu não reforçar a fiança quando exigido, a fiança outrora concedida ficará sem efeito e o juiz poderá decretar outras medidas cautelares, até mesmo a sua prisão preventiva. Qual o recurso cabível contra a decisão que julga sem efeito a fiança? Recurso em sentido estrito (art. 581, V, do CPP). 13. DESTINAÇÃO DA FIANÇA O que acontece com a fiança após a sentença transitada em julgado? Isso irá depender da espécie de sentença prolatada:

ESPÉCIE DE SENTENÇA DESTINAÇÃO DA FIANÇA

a) Sentença absolutória O valor da fiança será devolvido sem qualquer desconto (art. 337).

b) Sentença foi condenatória e o réu apresentou-se para cumprir a pena imposta

O valor da fiança será devolvido, sendo, contudo, descontado o valor das custas, da multa, da prestação pecuniária e da reparação do dano (art. 336).

c) Sentença foi condenatória, mas o réu não se apresentou para cumprir a pena imposta

O valor da fiança será perdido em sua totalidade (art. 344).

d) Sentença foi condenatória em crime de lavagem de dinheiro (tenha ou não se apresentado para cumprir a pena).

O valor da fiança será perdido em sua totalidade

(art. 7º, I, da Lei n. 9.613/98).

e) Sentença de extinção da punibilidade. O valor da fiança será devolvido sem qualquer desconto (art. 337).

f) Sentença de extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão executória.

O valor da fiança será devolvido, sendo, contudo, descontado o valor das custas, da multa, da prestação pecuniária e da reparação do dano (art. 336, parágrafo único).

Assim, em caso de condenação, os valores e bens oferecidos na fiança poderão ser utilizados para pagamento de:

custas processuais;

prestação pecuniária;

multa;

indenização do dano. O restante do valor das fianças quebradas ou perdidas será destinado ao Fundo Penitenciário Nacional

(FUNPEN), nos termos do art. 2º, VI, da Lei Complementar n. 79/94. 14. EXECUÇÃO DA FIANÇA Nos casos em que a fiança tiver sido prestada por meio de hipoteca, a execução será promovida no juízo cível pelo órgão do Ministério Público (art. 348). Se a fiança consistir em pedras, objetos ou metais preciosos, o juiz determinará a venda por leiloeiro ou corretor (art. 349).

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1. (DPE/RO 2012 CESPE) A partir das recentes alterações legislativas referentes à liberdade provisória com

fiança, a autoridade policial, após a lavratura do auto de prisão em flagrante, somente poderá conceder fiança nos casos de infrações penais praticadas sem violência ou grave ameaça a pessoa, independentemente do tempo previsto para a pena privativa de liberdade. ( )

2. (Juiz TJPE 2013 FCC) A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. ( )

3. (DPE/ES 2012 CESPE) A autoridade policial é expressamente autorizada pelo CPP a conceder fiança nos casos de infração para a qual seja estipulada pena privativa de liberdade máxima não superior a quatro anos, devendo considerar, para determinar o valor da fiança, a natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a importância provável das custas do processo, até final julgamento. ( )

4. (Juiz TJGO 2012 FCC) A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a três anos. ( )

5. (Juiz Federal TRF2 2013) A fiança terá de ser quitada em dinheiro perante a autoridade que a estipular, vedado o depósito de pedras preciosas e de títulos da dívida pública. ( )

6. (Promotor MPRR 2013 CESPE) A fiança tem por finalidade primordial assegurar a liberdade provisória do acusado ou réu, admitindo-se sua concessão pela autoridade policial, desde que a pena máxima privativa de liberdade prevista para a infração não seja superior a quatro anos; a autoridade policial deve levar em consideração, para o cálculo do máximo em abstrato da pena, o concurso de crimes, e as causas de diminuição de pena. ( )

7. (Promotor MPDFT 2013) A reforma do sistema de medidas cautelares de 2011 trouxe diversas inovações. Entre elas: manteve a fiança como medida de contracautela, destinada a permitir a soltura de pessoa presa em flagrante, desde que o crime perpetrado seja punido com pena privativa de até quatro anos de reclusão. ( )

8. (Promotor MPDFT 2013) A reforma do sistema de medidas cautelares de 2011 trouxe diversas inovações. Entre elas: retirou da autoridade policial a atribuição de fixar fiança em crimes punidos com reclusão. ( )

9. (Promotor MPDFT 2013) A fiança é uma das cautelares alternativas que podem ser impostas ao acusado mesmo estando ele em liberdade. ( )

10. (Juiz TJBA 2012 CESPE) A despeito da relevância da atuação do MP na persecução penal, a concessão de fiança independe de manifestação ministerial. ( )

11. (Promotor MPDFT 2013) Quebrada a fiança, caberá ao juiz, antes de decretar a prisão preventiva, analisar se é possível e adequado, para os fins cautelares, impor ao acusado outra medida alternativa à cautela extrema. ( )

12. (Juiz TJPE 2013 FCC) Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser aumentada, pelo juiz, até, no máximo, o décuplo. ( )

13. (Juiz Federal TRF2 2013) Não poderá ser concedida fiança ao reincidente específico em crime de homicídio culposo. ( )

14. (Juiz TJGO 2012 FCC) É admissível fiança em caso de prisão civil. ( ) 15. (Promotor MPTO 2012 CESPE) A fiança será cassada caso o representante do MP, no oferecimento da

denúncia, tipifique como crime inafiançável conduta provisoriamente considerada afiançável, na fase de inquérito policial inaugurado por força de auto de prisão em flagrante. ( )

16. (Promotor MPTO 2012 CESPE) Conforme a situação econômica do réu, o juiz, ao fixar o valor da fiança, poderá reduzi-lo até o máximo de dois terços e aumentá-lo até a metade do valor fixado em lei. ( )

17. (Juiz TJMS 2012) Irdônio, dono de um estabelecimento comercial, foi preso em flagrante por ter impedido o acesso à sua loja e ter se negado a atender a uma cliente afrodescendente, conduta essa tipificada no artigo 5º da Lei n. 7.716/89 e com pena cominada de reclusão de um a três anos. Diante

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dos fatos, seria cabível à autoridade policial arbitrar fiança à Irdônio, haja vista tratar-se de ilícito criminal cuja pena privativa de liberdade é inferior a quatro anos. ( )

18. (Juiz Federal TRF2 2013) No crime de epidemia com resultado morte, a fiança não poderá ser concedida pela autoridade policial, mas pelo juiz, por força da pena prevista em abstrato, tendo por valor entre dez e duzentos salários mínimos. ( )

19. (Juiz TJPE 2013 FCC) Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado praticar nova infração penal, ainda que culposa. ( )

20. (Juiz TJMS 2012) Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo; II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; IV – resistir injustificadamente à ordem judicial; V - praticar nova infração penal dolosa. Quebrada a fiança, deverá o acusado, por força de lei, recolher-se ao cárcere, onde permanecerá até o julgamento do processo, em virtude de sua deliberada desobediência às regras impostas quando da aplicação da medida cautelar alternativa à sua prisão. ( )

21. (Juiz TJBA 2012 CESPE) De acordo com o que dispõe o CPP, ocorrendo o quebramento injustificado da fiança, entende-se perdido, na integralidade, o seu valor. ( )

22. (DPE/MS 2012) Se vier a ser reformado o julgamento em que se declarou quebrada a fiança, esta subsistirá em todos os seus efeitos. ( )

23. (Juiz Federal TRF1 2013 CESPE) A fiança depositada em juízo, em caso de condenação, servirá ao pagamento das custas processuais e à execução da pena de multa e, por isso, não se estende à reparação civil da vítima, que constitui condenação acessória fundamentada na sentença. ( )

24. (Juiz Federal TRF4 2012) Se o réu for condenado penalmente, o numerário depositado como fiança servirá ao pagamento das custas, da indenização do dano, da prestação pecuniária e da multa, ainda que ocorra prescrição depois da sentença condenatória. ( )

Gabarito:

1. E 2. C 3. C 4. E 5. E 6. C 7. E 8. E

9. C 10. C 11. C 12. E 13. E 14. E 15. C 16. E

17. E 18. E 19. E 20. E 21. E 22. C 23. E 24. C