fgv arbitragem marcelo roberto ferro aula 18.11.09
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FGVArbitragem
Marcelo Roberto FerroAula 18.11.09
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Plano da exposição
I. Arbitrabilidade
II. Instituição da arbitragem
III. Árbitros
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I – Arbitrabilidade
• É a capacidade da se instaurar um processo arbitral, levando-se em conta a capacidade das partes (subjetiva) e a natureza do objeto (objetiva).
• “Art. 1º: As pessoas capazes de contratar (subjetiva) poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis (objetiva).”
A) Definição
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I – Arbitrabilidade
• exclusão: matérias tributárias, de estado e capacidade de pessoas, penal, obrigação natural, pessoas que tenham apenas poderes de administração (vg, síndicos, inventariante);
• CC, art. 852: vedação do compromisso para questões de estado, de direito pessoal de família e de outras que não tenham caráter estritamente patrimonial.
A) Definição
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I – Arbitrabilidade
b.1) Trabalhista– CF, art. 114, IX (“outras controvérsias decorrentes da
relação de trabalho, na forma da lei.”);– os direitos trabalhistas não comportariam renúncia,
nem transação, cf. art. 444 da CLT (“As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo que não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.”);
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.1) Trabalhista– admissibilidade:
• dissídio coletivo: (CF, art. 114, § 1º: “”Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.”); conflitos decorrentes do exercício do direito de greve (Lei 7783/89, art. 7º) e para litígios decorrentes da participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados das empresas (MP 1539-34/97, art. 4º);
• relações trabalhistas findas (verbas indenizatórias)
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.1) Trabalhista– inadmissibilidade:
• dissídio individual: nem todos os direitos trabalhistas seriam irrenunciáveis;
• relações jurídicas ainda em curso (normas de segurança e medicina do trabalho, honra, intimidade, segurança, vida privada, imagem)
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.1) Trabalhista– jurisprudência favorável:
• decisões do TRF-3, que concederam a segurança para determinar a liberação do FGTS pela CEF, em razão de sentença arbitral proferida no âmbito do CAESP;
B) Questões controvertidas
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“(...) Sucede que a irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas não é absoluta. Possui relevo no ato da contratação do trabalhador e durante vigência do pacto laboral, momentos em que o empregado ostenta nítida posição de desvantagem, valendo salientar que o são normalmente os direitos relacionados à higiene, segurança e medicina do trabalho, não o sendo, em regra, os demais, por conta da sua expressão meramente patrimonial. Após a extinção do contrato de trabalho, a vulnerabilidade e hipossuficiência justificadora da proteção que a lei em princípio outorga ao trabalhador na vigência do contrato, implica, doravante, a sua disponibilidade, na medida em que a dependência e subordinação que singularizam a relação empregatícia deixam de existir. II - O artigo 114, §1º, da Constituição não proíbe o Juízo de arbitragem fora do âmbito dos dissídios coletivos. Apenas incentiva a aplicação do instituto nesta modalidade de litígio, o que não significa que sua utilização seja infensa à composição das contendas individuais. III - Para que seja consentida no âmbito das relações trabalhistas, a opção pela via arbitral deve ocorrer em clima de absoluta e ampla liberdade, ou seja, após a extinção do contrato de trabalho e à míngua de vício de consentimento. IV - Caso em que a opção pelo Juízo arbitral ocorreu de forma espontânea e após a dissolução do vínculo, à míngua de vício de consentimento ou irregularidade quanto à observância do rito da Lei nº 9.307/96. Irradiação dos efeitos da sentença arbitral. Extinção do processo sem resolução do mérito (art. 267, VII, do CPC), em relação aos pleitos contemplados na sentença arbitral. (...) (TST, RR - 1799/2004-024-05-00.6, Rel. Min. Antônio José de Barros Levenhagen, j. 03/6/09, 4ª T., DO 19/06/2009).
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I – Arbitrabilidade
b.1) Trabalhista– jurisprudência contrária:
• “Superado o óbice do art. 896, § 6º, da CLT e restabelecido o rito processual ordinário, passa-se ao exame dos demais fundamentos do Recurso de Revista. Arbitragem utilizada para homologar rescisão do contrato de trabalho. Invalidade.” (TST, AIRR - 573/1999-016-15-40, Relator João Batista Brito Pereira, j. 27.05.05).
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.1) Trabalhista– possibilidade de conflito de competência entre o
Tribunal Arbitral e o Juiz (STJ, CF, art. 105, I, d)• “De acordo com o art. 105, I, "d" da Constituição Federal,
cabe ao STJ processar e julgar originariamente: "os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, 'o', bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos."
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.1) Trabalhista– Não se pode pretender que tal redação pressuponha
que os órgãos judicantes referidos no Texto Magno pertençam necessariamente ao Poder Judiciário, seja porque lides como a exposta permaneceriam no vácuo ou sujeitas a jurisdição dupla e eventualmente conflitante, como supostamente aqui ocorre, seja porque o escopo da Lei de Arbitragem restaria esvaziado se os contratantes que aderissem a tal modalidade na solução das controvérsias resolvessem se utilizar do processo judicial...
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.1) Trabalhista...Acresça-se que eventual declaração de incompetência por este Tribunal negaria às partes a definição do órgão responsável pelo julgamento, sem oferecer o instrumento para a pacificação do embate de interesses.” (CC nº 106.121-AL; TJAL e o Tribunal Arbitral do CCBC, Rel. Min. Aldir Passarinho Jr., decisão de 23.6.09)
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.2) Estado e Sociedade de Economia Mistaargumentos contrários
princípio da legalidade (CF, art. 37), impossibilidade da sujeição do interesse público à decisão de um juízo arbitral, indisponibilidade de seus direitos, publicidade, Lei 8.666, art. 55, §2º (cláusula obrigatória em todos os contratos administrativos, declarando competente o foro da sede da administração).
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.2) Estado e Sociedade de Economia Mistaargumentos favoráveisautorização legal já existe no art. 1º da lei; desnecessidade de autorização legal para as SEM, pois submetem-se a um regime jurídico de direito privado (CF, art. 173, §1º, I).
a matéria deve versar sobre atividade econômica em sentido estrito (atos de gestão), não envolvendo o poder de império da Administração Pública (atos de autoridade), pois estes dizem respeito aos interesses públicos primários, que são indisponíveis.
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.2) Estado e Sociedade de Economia Mista– RESP 612.439, Rel. Min. João Otavio de Noronha e
MS 11.308, Rel. Min. Luiz Fux.– Precedentes da Copel: discussão apenas sobre a
ótica objetiva (contratos de c/v de energia). Energia elétrica é mercadoria, é direito disponível (Lei nº 10.488/04, art. 4º §§ 5º e 7º). É, portanto, questão econômica e não pública. (AI 174.874-9/02-2, 1ª CC do TJPR, Rel. Juiz convocado Fernando César Zeni, j. 10.5.05).
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.3) matéria societária– art. 109, §3º: “O estatuto da sociedade pode
estabelecer que as divergências entre os acionistas e a companhia, ou entre os acionistas controladores e os acionistas minoritários, poderão ser solucionados mediante arbitragem, nos termos em que especificar.”
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.3) matéria societária– empresas listadas no Novo Mercado da BM&F
Bovespa. – qual a matéria arbitrável (anulações de assembléias e
decisões nelas aprovadas; direito de recesso; exclusão de questões relativas à tutela de interesses coletivos dos sócios, vg, veracidade de balanço), a vinculação da cláusula (os que votaram favoravelmente, os que se abstiveram e os que não compareceram à assembléia, salvo os que dela divergiram).
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.4) Recuperação de empresas (Lei 11.101/05)
possibilidade de conflito existente entre o juiz e os credores que aprovam o plano de recuperação; arbitragem multipartite; competência limitada do árbitro para as questões decorrentes do plano;
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.5) Relações de consumo– a incidência de princípios obrigatórios não afasta a
arbitragem;– art. 51, VII, do CDC: nulidade das cláusulas que
obriguem a utilização compulsória da arbitragem; não impede o compromisso;
– fundamento: vulnerabilidade e hipossuficiência do consumidor.
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
• b.5) Relações de consumo– revogação pelo art. 4º, §2º da LA (contratos de
adesão, mesmo que não versem sobre relação de consumo);
– Súmula 297 do STJ: o CDC é aplicável às instituições financeiras.
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.6) Propriedade Intelectual:
– toda controvérsia meramente obrigacional decorrente dos contratos em geral, contrato de licença para exploração de patente, cessão de uso de marca, franquia.
– exceções: ações sobre anulação de título de patente, licença obrigatória, e outras questões que o interesse público esteja presente.
B) Questões controvertidas
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I – Arbitrabilidade
b.6) Propriedade Intelectual:
- três razões: efeito "erga omnes" da declaração de um direito (a arbitragem só repercute perante as partes envolvidas); os direitos de propriedade industrial são exclusivamente outorgados pelos Estados; a existência de um interesse público relacionado com a matéria.
B) Questões controvertidas
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II – Instituição da arbitragem
• Institucional e ad hoc
• Data da instituição (art. 19 da LA e diversidade de regulamentos)
• necessidade de medidas cautelares (art. 22, § 4º) – preservação de provas, depoimentos, pagamentos, sequestro de valores ou bens;
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II – Instituição da arbitragem
• resumo da controvérsia e valor envolvido (aproximado)
• documentos estritamente relevantes (indicar a cláusula compromissória)
• Número de árbitros (diversidade de regulamentos)
• observações relevantes sobre a lei aplicável, a sede e o idioma da arbitragem
A) Petição de requerimento da arbitragem e resposta do requerido
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II – Instituição da arbitragem
• Pagamento de custas (diversidade de regulamentos)
• resposta do requerido: aceitação da arbitragem, manifestação sobre a lei, a sede e o idioma da arbitragem, reconvenção;
• resposta do requerente à reconvenção do requerido
A) Petição de requerimento da arbitragem e resposta do requerido
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II – Instituição da arbitragem
• resumo do litígio• cronograma• regras processuais e de prazos (recursos a
guidelines na produção e obtenção da prova e nas técnicas para economizar tempo e custo; petições simultâneas, dinâmica da audiência)
B) Termo de arbitragem
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II – Instituição da arbitragem
• utilização de plataformas para processamento do caso (net case)
• prazo para a sentença (art. 23 da LA)• sucumbência
B) Termo de arbitragem
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III – Árbitros
• art. 13 da LA: confiança das partes (formação técnica e jurídica, nacionalidade)
• árbitros suplentes• art. 13, § 6º: independência, imparcialidade,
diligência, competência e discrição.
A) Requisitos Gerais
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III – Árbitros
a.1) Diligência (e disponibilidade)– empenho na busca da prova (poder instrutório)– condução adequada e não onerosa do procedimento
(provas desnecessárias)– CCI: afastou um árbitro que só podia marcar reunião
em 2 anos;– sede da arbitragem.
A) Requisitos Gerais
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III – Árbitros
a.2) Competência
– especialidade em arbitragem, ou no direito material?
– sem formação jurídica?
– conhecimento de idiomas estrangeiros
A) Requisitos Gerais
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III – Árbitros
a.3) Discrição
– corolário do sigilo (não obrigatório) que permeia a arbitragem
A) Requisitos Gerais
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III – Árbitros
a.4) Imparcialidade– predisposição de espírito (state of mind)– equidistância entre as partes– árbitro de parte (EUA)– sondagem prévia (limitada)– arbitragens internacionais: diferente nacionalidade
para garantir a neutralidade;– Posicionamento anterior sobre um tema jurídico– comunicação com as partes (limites ou proibição?)
A) Requisitos Gerais
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III – Árbitros
a.5) Independência– situação de fato, analisada objetivamente;– sem vínculo próximo profissional ou pessoal com uma
das partes e, tampouco, se prende a interesses no objeto do conflito;
– perdura até o final da arbitragem;– indicação reiterada pelo advogado da parte;– a revelação é a pedra angular do regime da
independência. Sua omissão pode dar ensejo à desqualificação do árbitro;
A) Requisitos Gerais
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III – Árbitros
Regras Éticas para Árbitros Internacionais, da IBA: “Dever de Revelar
4.1 - O potencial árbitro deve revelar todos os fatos ou circunstâncias que possam dar origem a dúvidas justificadas quanto a sua imparcialidade ou independência. Deixar de fazer tal revelação cria a aparência de parcialidade, e pode, por si só, ser um motivo de desqualificação, ainda que os fatos ou circunstâncias não revelados não sejam, por eles próprios, hábeis para justificar a desqualificação.”
Independência
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III – Árbitros
• Os árbitros devem estar submetidos a regras ainda mais estritas do que os juízes togados, tendo em vista a inexistência de recurso contra seus laudos (Suprema Corte Americana, em 1968, no caso “Commonwealth Coatings v Continental Casualty”, bem como a decisão da English Court of Appeal no caso “AT&T Corporation and another v Saudi Cable”, julgado em 2000)
Independência
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III – Árbitros
• o dever de revelar = obrigação de resultado: dever de assegurar a prolação de uma sentença que possa ser executada no local desejado pelas partes, blindada de qualquer impugnação pela parte sucumbente.
Independência
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III – Árbitros
• IBA Guidelines– lista vermelha: envolvem situações que
obrigatoriamente devem ser reveladas pelo árbitro, sendo sub-dividida em duas partes: situações muito sérias, mas que as partes podem relevar (“Lista de Eventos Renunciáveis”), e situações muito graves nas quais o árbitro não deve ser aceito, nem mesmo se houver concordância das partes (“Lista de Eventos Não Renunciáveis”);
Independência
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III – Árbitros
• IBA Guidelines– lista laranja: envolvem situações que devem ser
reveladas pelo árbitro, e que, dependendo de cada caso, podem dar ensejo, aos olhos das partes, a uma dúvida justificada quanto à imparcialidade e independência do árbitro. Nestes casos, a revelação pelo árbitro não importará automaticamente na sua rejeição, eis que estas situações não induzem a uma presunção de parcialidade, ou de dependência, as quais devem ser analisadas casuisticamente e de forma objetiva
Independência
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III – Árbitros
• IBA Guidelines– lista verde: situações nas quais fica a critério do
árbitro revelar, eis que elas não indicam qualquer conflito de interesses;
• Código de Ética de instituições arbitrais
Independência
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III – Árbitros
b.1) empresas integrantes de grupo econômico– o árbitro deve revelar que trabalhou para empresa de
grupo vinculado a uma das partes e sua permanência será avaliada consoante as circunstâncias e o seu grau de envolvimento;
– lista vermelha, renunciável: “2.3.6. O escritório de advocacia do árbitro atualmente possui um relacionamento profissional significativo com uma das partes ou com coligadas destas.”
B) Questões práticas
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III – Árbitros
b.1) empresas integrantes de grupo econômico– Guidelines: Princípios Gerais Relativos à Imparcialidade,
Independência e Divulgação”, sobre “Relacionamentos” (item 6):“(b) Da mesma forma, se uma das partes for pessoa jurídica que integre um grupo com o qual o escritório do árbitro possua envolvimento, tais fatos ou circunstâncias devem ser razoavelmente sopesados em cada caso individual. Assim, este fato por si só não constituirá automaticamente uma fonte de conflito de interesses ou motivo para divulgação.”
B) Questões práticas
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III – Árbitros
b.2) a ignorância do árbitro e o dever de permanente investigação– Princípio Geral das IBA Guidelines:
“(c) Cumpre ao árbitro realizar diligências razoáveis no sentido de averiguar qualquer potencial conflito de interesses, assim como quaisquer fatos ou circunstâncias que possam suscitar questionamentos acerca de sua imparcialidade ou independência. O desconhecimento não serve de justificativa para a não divulgação de um potencial conflito se o árbitro não tiver realizado uma razoável tentativa de investigação.”
B) Questões práticas
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III – Árbitros
b.3) conflitos que envolvam o escritório de advocacia do árbitro – Qual a amplitude do dever de revelação sobre os
fatos que ele ignora?• ad impossibilia nemo tenetur,; ou • espera-se dele que esteja em condições de revelar tudo
aquilo que poderia por em questão, de forma próxima ou longínqua, sua independência.
B) Questões práticas
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III – Árbitros
b.3) conflitos que envolvam o escritório de advocacia do árbitro – US Court of Appeals, 9th Circuit (4.9.07) anulou um laudo
proferido por árbitro único, que deixou de revelar seu interesse econômico substancial em uma companhia que estava mantendo negócios com uma empresa intimamente ligada a uma das partes na arbitragem.
“Nós entendemos que esse padrão legal pode ser satisfeito mesmo quando um árbitro não esteja a par dos fatos, mostrando uma razoável impressão de parcialidade, porque o árbitro ‘deve ter o dever de investigar independente do [seu]... dever de revelar.(…)
B) Questões práticas
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III – Árbitros
b.3) conflitos que envolvam o escritório de advocacia do árbitro
• Concluímos que o advogado/árbitro em Schmitz descumpriu seu dever de investigar porque, embora tenha verificado a possibilidade de conflito envolvendo as partes na arbitragem, deixou de fazer essa verificação no tocante à controladora de uma das partes. Essa verificação teria revelado a controladora engajada em negócios relevantes com o escritório de advocacia do árbitro. Id. At 1044, 1049. Considerando o ‘conhecimento de fato e a presença do conflito’ por parte do advogado/árbitro, nós concluímos que a sua ‘omissão em informar as partes na arbitragem resultou em uma razoável impressão de parcialidade de acordo com o precedente Commonwealth Coatings’ (…)”
B) Questões práticas
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III – Árbitros
b.3) conflitos que envolvam o escritório de advocacia do árbitro – o caso Avax vs Tecnimont (Cour d’Appel de Paris – j.
12.2.09)o árbitro é obrigado a revelar às partes toda e qualquer circunstância que possa afetar seu julgamento e provocar, no espírito das partes, uma dúvida razoável sobre suas qualidades de imparcialidade e independência, que são a essência da função arbitral;
B) Questões práticas
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III – Árbitros
• b.3) conflitos que envolvam o escritório de advocacia do árbitro – o caso Avax vs Tecnimont (Cour d’Appel de Paris – j.
12.2.09)o laço de confiança entre os árbitros e as partes deve ser continuamente preservado, devendo estas últimas ser frequentemente informadas, durante a arbitragem, das relações que, aos seus olhos, poderiam ter algum tipo de incidência no julgamento dos árbitros e cuja natureza pudesse afetar sua independência;
B) Questões práticas
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III – Árbitros
b.3) conflitos que envolvam o escritório de advocacia do árbitro – o caso Avax vs Tecnimont (Cour d’Appel de Paris – j.
12.2.09)é irrelevante a dimensão mundial do escritório de advocacia ao qual está vinculado o árbitro, eis que o referido escritório possui um serviço de verificação de conflito de interesses;
B) Questões práticas
![Page 50: FGV Arbitragem Marcelo Roberto Ferro Aula 18.11.09](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022051519/570638451a28abb8238f2a9b/html5/thumbnails/50.jpg)
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III – Árbitros
b.3) conflitos que envolvam o escritório de advocacia do árbitro – o caso Avax vs Tecnimont (Cour d’Appel de Paris – j.
12.2.09)as atividades do escritório de advocacia ao qual está vinculado o árbitro em benefício das empresas ligadas à Tecnimont, bem como o montante de honorários por ele recebido em razão desses serviços, estabelecem a existência de um conflito de interesses entre o árbitro e esta parte;
B) Questões práticas
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III – Árbitros
b.3) conflitos que envolvam o escritório de advocacia do árbitro – o caso Avax vs Tecnimont (Cour d’Appel de Paris – j.
12.2.09)o acórdão não se contenta em exigir uma atualização reforçada da revelação para incluir fatos novos, ele recusa a desoneração do árbitro da revelação de fatos que ele pessoalmente ignora. A revelação não cede nem em relação à novidade, nem em relação à ignorância.
B) Questões práticas
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III – Árbitros
b.3) conflitos que envolvam o escritório de advocacia do árbitro – o caso Johan Lindt (Suprema Corte da Suécia)
não seria preciso investigar o grau de envolvimento de um advogado com determinado escritório de advocacia, quando é certa a existência de algum tipo de vínculo entre o profissional e a firma;
B) Questões práticas
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III – Árbitros
b.3) conflitos que envolvam o escritório de advocacia do árbitro – o caso Johan Lindt (Suprema Corte da Suécia)
é irrelevante a circunstância de que as atividades do “consultor” que funcionava como árbitro eram desempenhadas de forma separada daquelas exercidas pelo restante do escritório;
B) Questões práticas
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III – Árbitros
b.3) conflitos que envolvam o escritório de advocacia do árbitro – o caso Johan Lindt (Suprema Corte da Suécia)
a análise da falta de independência do árbitro deve ser feita em bases objetivas, não se devendo levar em conta aspectos subjetivos que denotem risco de o árbitro vir a ser influenciado, no caso concreto, pela relação havida entre o escritório a que pertence e o Grupo Ericsson;
B) Questões práticas
![Page 55: FGV Arbitragem Marcelo Roberto Ferro Aula 18.11.09](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022051519/570638451a28abb8238f2a9b/html5/thumbnails/55.jpg)
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III – Árbitros
b.3) conflitos que envolvam o escritório de advocacia do árbitro – o caso Johan Lindt (Suprema Corte da Suécia)
a necessária confiança que deve haver das partes em relação ao árbitro INDEPENDE: (i) de este ter contato direto com o cliente do escritório a que pertence;
• (ii) de as suas atividades como árbitro serem desempenhadas separadamente daquelas exercidas pelos demais membros do escritório; ou
• (iii) de a arbitragem tratar de questões diversas daquelas para as quais o cliente usualmente contratava o escritório
B) Questões práticas
![Page 56: FGV Arbitragem Marcelo Roberto Ferro Aula 18.11.09](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022051519/570638451a28abb8238f2a9b/html5/thumbnails/56.jpg)
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III – Árbitros
b.4) casos decididos pela CCI – caso nº 2: A CCI recusou um árbitro cujo escritório de advocacia tinha
aceitado, durante a arbitragem, representar o réu em outro processo, mesmo tendo havido revelação deste fato e mesmo considerando que essa operação era “essencialmente gerida por uma das filiais estrangeiras de seu escritório, que contava com mais de 700 advogados, e que o caso se referia a um evento isolado e sem relação com a arbitragem” e que o escritório em questão havia tomado providências rigorosas para impedir a comunicação entre as equipes (chinese wall). De seu turno, o autor da arbitragem sustentou que “o réu era um cliente do escritório do árbitro e que a incidência da relação advogado/cliente sobre a aparência e a realidade da independência não estava afetada pela existência de uma chinese wall”;
B) Questões práticas
![Page 57: FGV Arbitragem Marcelo Roberto Ferro Aula 18.11.09](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022051519/570638451a28abb8238f2a9b/html5/thumbnails/57.jpg)
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III – Árbitros
b.4) casos decididos pela CCI – caso nº 5: a Corte da CCI recusou um árbitro porque
ele não revelou a existência de uma aliança entre o seu escritório de advocacia e o escritório de auditoria do autor da arbitragem;
– caso nº 6: a Corte da CCI recusou um árbitro em razão do fato de que uma filial estrangeira de seu escritório representava um cliente em um processo contra a sociedade controladora do réu da arbitragem;
B) Questões práticas
![Page 58: FGV Arbitragem Marcelo Roberto Ferro Aula 18.11.09](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022051519/570638451a28abb8238f2a9b/html5/thumbnails/58.jpg)
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III – Árbitros
b.4) casos decididos pela CCI – caso nº 7: o árbitro indicado pelo autor foi impugnado pelo réu sob o
argumento de que, no sítio da internet do escritório de advocacia do autor constava a menção de que o árbitro trabalhava naquele escritório como advogado e consultor. O árbitro respondeu que era Professor Universitário em tempo integral de Universidade Pública, e que, nesta qualidade, não poderia exercer outra atividade profissional, salvo, a título temporário e de forma indireta, emitir opiniões legais na qualidade de consultor de escritórios de advocacia. O réu, todavia, argumentou, com sucesso, que havia uma relação profissional estreita e regular entre o co-árbitro e o escritório de advocacia que patrocinava o autor e que deveria ter sido revelado pelo árbitro;
B) Questões práticas
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III – Árbitros
b.4) casos decididos pela CCI – caso nº 9: o escritório de advocacia do árbitro
representava uma parte ligada ao autor da arbitragem em um processo sem qualquer vínculo com a arbitragem;
B) Questões práticas
![Page 60: FGV Arbitragem Marcelo Roberto Ferro Aula 18.11.09](https://reader034.vdocuments.com.br/reader034/viewer/2022051519/570638451a28abb8238f2a9b/html5/thumbnails/60.jpg)
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III – Árbitros
• impugnação de árbitros e boa-fé (Art. 14, § 1º: dúvida justificada)
• Vantagens e desvantagens em ser árbitro
• prazo de “viuvez”
C) Outras questões