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FERNANDO FERNANDES DE LIMA DETERMINANTES DO DESEMPENHO EM LAUDOS DE CRIMINALÍSTICA NO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL: UMA ABORDAGEM MULTINÍVEL Dissertação apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas como requisito para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Rafael Goldszmidt Rio de Janeiro 2011

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Page 1: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

FERNANDO FERNANDES DE LIMA

DETERMINANTES DO DESEMPENHO EM LAUDOS DE CRIMINALÍSTICA NO

DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL: UMA ABORDAGEM MULTINÍVEL

Dissertação apresentada à Escola Brasileira de

Administração Pública e de Empresas como requisito para

obtenção do grau de Mestre.

Orientador: Rafael Goldszmidt

Rio de Janeiro

2011

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FERNANDO FERNANDES DE LIMA

DETERMINANTES DO DESEMPENHO EM LAUDOS DE CRIMINALISTICANo DEpARTAMENTo DE pot Ícra FEDERAL: UMA ABoRDAGEM

vrulrrNÍvEL.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Administração Pública da EscolaBrasileira de Administração Pública e de Empresas para obtenção do grau de Mestre emAdministração Pública.

Data da defesa: 1710412012

Aprovada em:

ASSINATURA DOS MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA

Rafael Guilherme Burstein GoldszmidtOrientador (a)

oaquim Rubens Fontes Filho

Pereira Barbosa

Page 3: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV

Lima, Fernando Fernandes de Determinantes do desempenho em laudos de criminalística no Departamento de

Polícia Federal: uma abordagem multinível / Fernando Fernandes de Lima. – 2011.

95 f.

Dissertação (mestrado) - Escola Brasileira de Administração Pública e de

Empresas, Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa. Orientador: Rafael Goldszmidt.

Inclui bibliografia.

1. Desempenho. 2. Indicadores estatísticos. 3. Pessoal – Avaliação. I.

Goldszmidt, Rafael. II. Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas.

Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa. III. Título.

CDD – 658.4

Page 4: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

AGRADECIMENTOS

À minha esposa, Juliana, pela compreensão dos momentos ausentes, pelo amor, carinho,

paciência e incentivo, constantes e incondicionais.

Aos meus pais, Creusimar e Francisco, que me educaram e forneceram a base de minha

formação.

Ao Prof. Rafael Goldszmidt, pela orientação, amizade e incentivo que permitiram a conclusão

deste trabalho.

Aos professores do curso de pós-graduação, pelos conhecimentos transmitidos e por fazer este

curso uma realidade.

Aos demais funcionários da Fundação Getúlio Vargas pelo apoio oferecido.

Aos colegas da Diretoria Técnico-Científica do Departamento de Polícia Federal, que lutaram

para fazer deste curso uma realidade.

À banca examinadora, pela atenção dispensada em participar deste momento importante.

Aos colegas Alysson e Stoessel, pela amizade e compartilhamento de dificuldades ao longo

do curso.

Ao governo federal, por intermédio do Departamento de Polícia Federal, pela oportunidade de

galgar mais este degrau.

Page 5: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

RESUMO

O Departamento de Polícia Federal, em particular sua Diretoria Técnico-Científica, tem

buscado adotar ferramentas modernas de administração para a melhoria da eficiência de seus

processos, dentre as quais o uso de indicadores de desempenho. No caso específico da

Criminalística, cuja gestão está a cargo daquela diretoria, ainda faltam estudos básicos que

permitam conhecer os processos que lá se desencadeiam, para então serem adotados

indicadores confiáveis e de fácil compreensão. Nessa direção, um dos primeiros passos é

conhecer o tempo que cada processo demora, dadas suas características. Neste trabalho são

utilizadas técnicas estatísticas para extrair da base de dados existente na Diretoria Técnico-

Científica esta informação. Com a obtenção dessas informações é possível propor indicadores

de desempenho adequados e de fácil acompanhamento, permitindo então aos gestores

verificar o resultado efetivo de ações e decisões gerenciais.

Palavras-chave: Polícia Federal. Criminalística. Forense. Perícia. Estatística. Regressão.

Classificação Cruzada. Indicadores de Desempenho.

Page 6: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

ABSTRACT

The Brazilian Federal Police Department, through its Technical-Scientific Board, has been

using modern administration tools in order to increase its processes efficiency, including

performance indicators. The Criminalistics area, whose management is in charge of that

board, still misses basic studies which allow the knowledge of its processes, for only then

adopt reliable and easy performance indicators. In this direction, one important step is to have

a realistic approach of the time that each process consumes, given its characteristics. In this

work statistical techniques are used to extract this information from the databases available.

With this information in hand, it is possible to propose adequate and easy to adopt

performance indicators, which will allow the managers to check the result of managerial

actions and decisions.

Keywords: Federal Police. Criminalistics. Forensics. Statistics. Regression. Cross-

Classification. Performance Indicators.

Page 7: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Processo de melhoria contínua das empresas, adaptado de Chandi (2009). ............. 27

Figura 2: Fluxograma básico do andamento de uma solicitação pericial. ................................ 38

Figura 3: Influência dos diversos níveis de análise no tempo de conclusão de uma solicitação

pericial. ..................................................................................................................................... 39

Figura 4: Reta de ajustamento em uma regressão simples. ...................................................... 41

Figura 5: Exemplo de hierarquia em que se aplicam as técnicas multinível. ........................... 43

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Uma classificação cruzada de nível 2. .................................................................... 44

Tabela 2 – Níveis adotados no trabalho. .................................................................................. 52

Tabela 3 – Variáveis adotadas. ................................................................................................. 52

Tabela 4 – Distribuição da quantidade de laudos produzidos no período 2008-2010, por

grandes áreas de perícia. ........................................................................................................... 58

Tabela 5 – Distribuição da quantidade de laudos produzidos no período 2008-2010, por títulos

de laudo. ................................................................................................................................... 59

Tabela 6 – Variâncias no modelo nulo. .................................................................................... 64

Tabela 7 – Dez menores efeitos aleatórios das unidades sobre o modelo nulo. ....................... 64

Tabela 8 – Efeito dos tipos de laudo sobre o modelo nulo. ...................................................... 64

Tabela 9 – Variância no Modelo 3. .......................................................................................... 65

Tabela 10 – Modelo 4 na forma tabular. .................................................................................. 66

Tabela 11 – Variância no Modelo 4 (Apêndice A). ................................................................. 67

Tabela 12 – Efeitos aleatórios do título do laudo sobre a variável dependente no Modelo 4 –

Apêndice A. .............................................................................................................................. 68

Tabela 13 – Efeitos aleatórios da unidade sobre a variável dependente no Modelo 4 –

Apêndice A. .............................................................................................................................. 69

Tabela 14 – Abreviações de títulos de laudos. ......................................................................... 89

Tabela 15 – Índice de efetividade das unidades estudadas. ....... Erro! Indicador não definido.

Page 8: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10

1.1. Objetivo ..................................................................................................................... 11

1.2. Delimitação ................................................................................................................ 12

1.3. Relevância do estudo ................................................................................................. 13

1.3.1. Relevância teórica............................................................................................... 13

1.3.2. Relevância gerencial ........................................................................................... 14

2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 18

2.1. Organizações e gestão de pessoal .............................................................................. 18

2.1.1. Organizações profissionais ................................................................................. 19

2.1.2. Especialização nas organizações profissionais ................................................... 21

2.2. Desempenho ............................................................................................................... 22

2.2.1. Eficiência, eficácia e efetividade ........................................................................ 22

2.2.2. Avaliação de desempenho .................................................................................. 23

2.2.3. Indicadores de desempenho ................................................................................ 26

2.3. A ciência forense e a criminalística ........................................................................... 30

2.3.1. A administração da Criminalística ..................................................................... 31

2.3.2. A gestão de pessoal em laboratórios forenses .................................................... 33

2.3.3. A ciência forense no DPF ................................................................................... 34

2.3.4. A gestão de recursos humanos no âmbito da Criminalística do DPF ................. 35

2.3.5. A elaboração do laudo pericial no Departamento de Polícia Federal................. 37

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 40

3.1. Tipo de pesquisa ........................................................................................................ 40

3.2. Modelos de regressão ................................................................................................. 41

3.3. Índice de Herfindahl-Hirschmann.............................................................................. 48

3.4. Universo e Amostra ................................................................................................... 49

4. ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 54

4.1. Estatística descritiva .................................................................................................. 54

4.2. Geração dos modelos ................................................................................................. 63

4.2.1. Modelo nulo ........................................................................................................ 63

4.2.2. Modelo com variáveis do perito ......................................................................... 65

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 71

5.1. Resultados obtidos ..................................................................................................... 71

5.2. Limitações do estudo ................................................................................................. 74

Page 9: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

5.3. Sugestões de estudos futuros ..................................................................................... 75

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 76

ANEXO A – Títulos e subtítulos de laudos periciais utilizados na Polícia Federal ...... 81

APÊNDICE A – Modelos gerados ................................................................................. 85

APÊNDICE B – Abreviações de títulos de laudo utilizadas no trabalho ....................... 89

APÊNDICE C – Proposta de indicadores ...................................................................... 91

Page 10: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

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1. INTRODUÇÃO

Administrar é gerir, conciliando diferentes necessidades e restrições para atingir um objetivo.

A Administração Pública é, portanto, gerir bens que são qualificados como pertencentes à

comunidade. Nessa prática é mandatório observar a lei e os costumes (MEIRELLES, 2011, p.

85).

Nesse sentido, nossa Constituição é pródiga em princípios que devem nortear a

Administração Pública, inicialmente descritos no artigo 37: legalidade, impessoalidade,

moralidade e publicidade. A emenda constitucional nº 19, de 04/06/1998, modificou aquele

artigo para incluir o vernáculo EFICIÊNCIA. Prosseguindo nos avanços, a emenda

constitucional nº 45, de 30/12/2004, transformou a eficiência em um direito constitucional, ao

assegurar a todos a razoável duração do processo. A mesma emenda ainda estabelece a

possibilidade de edição de “súmula com efeito vinculante” para a Administração Pública,

mais uma vez dando azo à eficiência, pois evita a multiplicação de processos.

Verifica-se que, ainda que com atraso em relação ao seu congênere privado, a Administração

Pública tem buscado a melhoria do atendimento das necessidades de seu cliente, passando

para ele o foco da gestão. Essas mudanças de base legal ainda precisam, contudo, refletir-se

em ações dos agentes públicos para que possam ser cada vez mais percebidas pela população.

É esta mesma população que, dia a dia, cobra mais resultados dos gestores públicos, que

devem buscar então oferecer o máximo que lhes seja legalmente permitido, dentro de suas

competências. Apesar do diferente contexto, estão imersos na sociedade e dela não podem

dissociar-se. Nesse sentido, é necessário a esses gestores considerar todas as mudanças que

surgem, como possíveis oportunidades de melhoria.

Não afastado dessa tendência, o Departamento de Polícia Federal (DPF) tem buscado o

máximo aproveitamento de seus recursos humanos, destacando-se nesse aspecto a Diretoria

Técnico-Científica (DITEC/DPF), responsável por todas as atividades da criminalística no

âmbito do DPF.

Page 11: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

11

Segundo a definição da Academia Nacional de Polícia – ANP/DPF (2002), a tarefa da

Criminalística é elaborar a prova material, ou seja, examinar os vestígios de modo técnico-

científico como parte do processo investigativo, elaborando peças processuais conhecidas

como laudos periciais.

Tais exames e laudos, no âmbito da Polícia Federal, a Polícia Judiciária da União, são

realizados pelos peritos criminais federais (PCF). Estes, por sua vez,

São profissionais que possuem diploma de nível superior nas áreas de

Química, Física, Engenharia (Civil, Elétrica, Eletrônica, Química,

Agronômica e de Minas), Ciências Contábeis, Econômicas, Biológicas,

Geologia, Farmácia, Bioquímica e Computação Científica e Análise de

Sistemas [...]. (APCF - Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais,

2009).

Dada a diversidade de formações entre os profissionais, torna-se quase óbvia a enorme

variedade de laudos periciais produzidos por eles, sendo que – até o presente momento – não

foi possível estabelecer um padrão médio de complexidade de cada um desses tipos de laudos

periciais, de forma a estimar quanto consome de recursos materiais e de pessoal cada um

desses trabalhos.

1.1. Objetivo

O trabalho ora apresentado tem por objetivo final propor um modelo para análise do tempo

necessário à finalização de qualquer solicitação pericial. Para isso é necessário compreender,

qualitativa e quantitativamente, os fatores que influenciam no tempo necessário à conclusão

de uma solicitação pericial, no âmbito do DPF, analisando fatores pessoais e organizacionais.

Com este objetivo serão analisadas as condicionantes de tempo em diferentes níveis de

agregação, decompondo a variabilidade do tempo gasto nos efeitos devidos ao agente, ao

local onde o trabalho é realizado e às próprias características do trabalho.

Page 12: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

12

Assim, apresentam-se como objetivos intermediários:

Decompor a variabilidade do tempo necessário à conclusão de uma

solicitação pericial;

Analisar os determinantes do tempo em diferentes níveis, quais sejam:

O servidor que está designado para atender a solicitação;

O local onde a solicitação será atendida;

O laudo pericial em si, com suas características;

Trata-se de uma investigação exploratória e, como tal, não comporta hipóteses a serem

testadas no seu desenvolvimento, pelo que se deixa de aqui apresentá-las (VERGARA, 2009,

p. 42).

1.2. Delimitação

Esta pesquisa é restrita ao âmbito da Perícia Criminal do Departamento de Polícia Federal e

buscará seu fundamento nos relatórios de produção de laudos feitos por Peritos Criminais

Federais obtidos no sistema Criminalística, um sistema informatizado interno do

Departamento de Polícia Federal que centraliza todas as informações sobre solicitações de

exames periciais.

Por ser o período em que há maior disponibilidade de dados sobre a produção de laudos

periciais no âmbito do DPF, definiu-se como recorte a janela de tempo situada entre

01/01/2008 e 31/12/2010.

Não houve restrição geográfica no estudo, tendo sido utilizados dados de produção de todos

os estados da federação.

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13

1.3. Relevância do estudo

1.3.1. Relevância teórica

A maioria dos pesquisadores da área da administração utiliza métodos de análise em um único

nível (individual, grupo, organização). O amadurecimento destes estudos, porém, não traz

maiores entendimentos sobre a rede de relacionamentos entre as diversas variáveis que

influenciam o fenômeno organizacional. Para que seja possível o avanço na compreensão do

comportamento desses grupos, é imprescindível deixar de lado as lentes macro e micro e

passar a expandir as teorias e métodos utilizados em seu estudo (HITT et al., 2007).

Hitt et al. (2007) afirmam que, apesar de existir um bom entendimento no nível macro de

como as estratégias das organizações afetam seu desempenho, ainda não há um retrato fiel de

como tais estratégias afetam seu funcionamento interno. Inclusive alega-se que esse fraco

conhecimento é responsável por descobertas até certo ponto divergentes no campo da

estratégia empresarial (HOSKINSSON e HITT, 1990 apud HITT et al., 2007). Por outro lado,

as pesquisas no nível micro – focadas nos sentimentos, pensamentos e ações dos indivíduos –

geralmente ignoram a dinâmica social existente nos níveis mais altos (HITT et al., 2007).

Explorando a estrutura organizacional e o desempenho de organizações, poucos estudos

foram encontrados por Andrews (2010, p. 103) que evidenciassem a relação entre os dois.

Não obstante as poucas evidências encontradas, sua esmagadora maioria se restringe a estudos

realizados em países desenvolvidos de língua inglesa, sem muitos resultados de países com

outras influências culturais. Com o objetivo de melhor entender tal relação, o autor sugere o

uso de técnicas de regressão multinível ou hierárquicas.

Devido à frequência com que os dados de gerenciamento público infringem os pressupostos

das regressões lineares simples, a regressão multinível é a técnica mais adequada para

desenvolver modelos nesta área. Além disso, a técnica apresenta como vantagem o fato de

que seus resultados ajudam o órgão sob estudo a pensar de forma mais sistemática como seu

desempenho é influenciado por fatores ou níveis que geralmente não são levados em

consideração, como políticas públicas e gerências intermediárias (HICKLIN, 2010, pp. 257-

258).

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14

Como exemplo desse nível de questionamento, Hicklin (2010, pp. 258-259) pergunta:

considerando demonstrado por diversos estudos que o fortalecimento de relacionamentos fora

das organizações é capaz de melhorar os seus níveis de desempenho, em que medida isso se

aplica às gerências intermediárias? Teriam elas autonomia para criar estas redes de

relacionamentos? Indo mais longe, a influência dessa rede de relacionamentos existe apenas

quando eles são extra-organização? É possível descobrir que a efetividade de determinadas

ações e decisões gerenciais em um determinado nível pode ser catalisada pelas ações e

decisões de outros níveis, sejam inferiores ou superiores. Há, portanto, um inter-

relacionamento íntimo nas gerências organizacionais, que não se pode ignorar.

O uso da regressão multinível oferece as melhores condições de testar tais teorias, apesar de

poucos pesquisadores já terem se dedicado a tais estudos (LYNN, HEINRICH e HILL, 2000

apud HICKLIN, 2010, p. 257).

As pesquisas sobre estruturas hierárquicas estão mais refletidas em modelos conceituais do

que em estudos empíricos. Espera-se, então, melhor entender o fenômeno organizacional

estudado com esta ferramenta, que será um dos fatores que levará o campo da administração

para o centro das atenções no futuro (HITT et al., 2007).

1.3.2. Relevância gerencial

Himberg (2002) relata que, na Europa, a iniciativa privada tem sido atraída para atuar na área

da criminalística, até então dominada pelo setor público. A necessidade de mais eficiência e

efetividade na área levou, inicialmente, a um corte de custos que comprometem a qualidade

dos serviços. Essa busca pela eficiência e efetividade é um problema de ordem gerencial,

muito mais que científica ou jurídica. Isto trouxe o uso das ferramentas administrativas mais

modernas para o âmbito da ciência forense. Nesse sentido, o projeto QUADRUPOL, da União

Europeia, busca a criação de uma plataforma de contínua produção e comparação de dados

como mais uma dessas ferramentas para melhoria gerencial.

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15

Nos Estados Unidos da América, segundo Houck et al. (2009), o projeto FORESIGHT surgiu

com base no QUADRUPOL, após a realização de um encontro internacional promovido pela

West Virginia University, tendo criado as bases para a obtenção dos dados gerenciais e para a

comparação dos dados entre instituições forenses americanas e canadenses. Assim, ficou

estabelecido que as instituições que estão no primeiro quartil representariam o que foi

considerado como as melhores práticas, sendo chamadas a expor às demais os processos e

práticas que possam ter levado àquele resultado superior.

Não há notícias de iniciativas semelhantes no Brasil, seja em âmbito federal, seja estadual,

não tendo sido encontrado qualquer tipo de controle de custos e produtividade em qualquer

atividade de criminalística seja federal ou estadual.

Um primeiro controle que se pode imaginar é o do tempo de trabalho. Se considerarmos que o

insumo humano é o principal custo da elaboração de um laudo pericial, controlar seu uso

adequadamente é fundamental para a redução de custos. Sem isso, o acréscimo de efetivo de

peritos criminais pode vir a ser inócuo.

Nesse sentido, no nível federal, é certo que o ano de 2001 marcou uma nova fase no

Departamento de Polícia Federal, tanto na renovação de pessoal, como no que tange à questão

de equipamentos de alta tecnologia.

No âmbito técnico-científico, o DPF foi agraciado com recursos dos projetos

PROAMAZÔNIA/PROMOTEC, oriundos de um acordo firmado entre os governos brasileiro

e francês em 1998. Dentre as seis áreas contempladas pelo projeto estava a Criminalística, que

foi contemplada com a aquisição de muitos equipamentos até então somente disponíveis nos

grandes centros. Com estas aquisições foi possível nivelar todas as representações estaduais

da criminalística do Departamento de Polícia Federal, em termos de equipamentos disponíveis

para realização de exames periciais.

No que diz respeito ao pessoal, o efetivo de peritos criminais federais oscilou entre 125 em

1985 a 267 servidores em 2001. Naquele ano foi então realizado um grande concurso,

posteriormente seguido por outro ainda maior em 2004, o que garantiu até o 2º semestre de

2009, uma entrada regular de novos servidores, como pode ser observado no Gráfico 1. Em

31/12/2010 o efetivo de peritos criminais federais era de 1.092 servidores (BRASIL, 2011).

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16

Gráfico 1 - Evolução histórica do número de peritos em atividade. Fonte: Relatório Estatístico da

Criminalística 2010 (BRASIL, 2011).

Observa-se, portanto o imenso crescimento de efetivo ocorrido nos últimos oito anos, quando

comparado com os 16 anos anteriores.

Na contramão das mais básicas práticas administrativas, a distribuição desses novos

servidores ocorreu de forma relativamente subjetiva, sujeita a muitas pressões das

Superintendências Regionais que seriam beneficiadas. Não houve estudos aprofundados sobre

as reais necessidades do Departamento e de suas unidades descentralizadas. A distribuição foi

feita, em grande parte, com base em solicitações dos Chefes de SETEC, feitas diretamente ao

Diretor do Instituto Nacional de Criminalística/DPF.

No afã de reduzir esse subjetivismo, que também atinge outras áreas de pessoal do DPF, a

Direção-Geral do órgão já havia determinado, desde 2004, a realização de estudos para

estabelecer um quadro de lotação ideal.

Após diversas fases, finalmente em 2009 uma comissão concluiu um estudo sobre esse

problema, publicando o assim chamado “Lotacionograma” (BRASIL, 2009). Sem entrar no

mérito do trabalho desenvolvido, o Lotacionograma deixou de lado em seu resultado muitas

facetas intrínsecas à Criminalística que são importantes para que seus resultados produzam a

eficácia desejada no âmbito desta.

Page 17: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

17

Além da lotação inicial, ferramentas como o Lotacionograma permitem ao gestor decidir

quanto às remoções para ajuste da força de trabalho de forma objetiva e impessoal. Este é

outro fator complicador, pois segundo Auler (2009), as remoções, pelo menos em parte, são

custeadas pela União e seus custos chegam à casa dos R$ 124.000.000,00 (cento e vinte e

quatro milhões de reais) entre 2003 e 2009.

Há, portanto, que se garantir que tal aplicação de recursos públicos atinja o máximo de

efetividade. O clamor popular é por uma Administração Pública que aplique seus recursos de

forma responsável, não aceitando mais que todo esse dinheiro seja gasto sem um efetivo

retorno no atendimento das demandas sociais.

Assim fica claro que a gestão no Departamento de Polícia Federal e, especificamente, na

Criminalística precisa de cada vez mais critérios objetivos que permitam aos seus

responsáveis tomar as decisões mais acertadas e que não abram margem para

questionamentos pela sociedade em arcar esses custos.

É nessa direção que este trabalho buscará contribuir, ao explicar e decompor os fatores

impactantes da atividade pericial do DPF e ao oferecer uma nova ferramenta decisória,

consubstanciada nos indicadores de desempenho a serem aqui desenvolvidos. Tal ferramenta

permitirá, caso adotada pela administração, a distribuição mais racional dos recursos humanos

das atividades periciais, impactando de forma positiva na redução dos custos administrativos

do órgão.

Page 18: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

18

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo busca apresentar, de forma sucinta, o referencial teórico pesquisado, partindo da

gestão de pessoal e seguindo o caminho até o caso sob estudo: o Departamento de Polícia

Federal.

2.1. Organizações e gestão de pessoal

Para Dessler (2003, p. 2), a administração de recursos humanos tem relação com a condução

de todos os aspectos relacionados às pessoas no trabalho, incluindo a avaliação de seu

desempenho. Já Humberto Gomes de Barros, quando presidente do Superior Tribunal de

Justiça, afirmou: “prefiro dizer que não administramos pessoas, e sim que realizamos a gestão

funcional de pessoas” (BRASIL, 2008).

A política de gestão de pessoal no serviço público é geralmente relegada a um plano inferior,

restringindo-se, quando muito, a atender algumas demandas pontuais. Andrade e Santos

(2004), analisando o caso do Núcleo de Documentação da Universidade Federal Fluminense,

concluíram que a “modernização ou a reestruturação do processo produtivo deixou de ser uma

opção e passou a ser uma questão crítica no alcance da qualidade nos serviços (públicos!)”.

Essa gestão de pessoas mais profissional e moderna tem sido foco da Administração Pública,

basta observar as recentes realizações dos Fóruns de Gestão de Pessoas no Setor Público, o

último realizado em 2008, sediado pelo Superior Tribunal de Justiça, em Brasília – DF.

Nesses Fóruns tem sido buscado o diálogo entre diversos órgãos da União, onde cada um

expõe suas experiências bem sucedidas. Temas recorrentes são a Gestão e Remoção por

Competências. Fundamentais essas discussões, pois como lembra Lemos (s/d.), a estabilidade

trazida pela Constituição Federal de 1988 criou um “mastodonte, um excesso de servidores

em muitas áreas e baixa rotatividade da força de trabalho”.

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19

Para enfrentar esse problema, assim como outros problemas da administração de empresas,

podem ser adotadas diversas estratégias. Alday (2001) apresenta alguns tipos de estratégias

empresariais ou corporativas:

Estratégia competitiva de custo – esforços concentrados na eficiência produtiva

e minimização de custos;

Estratégia competitiva de diferenciação – esforços concentrados na criação de

diferenciais para o consumidor;

Estratégia competitiva de foco – pode ser considerada um subtipo dos dois

anteriores, em que a empresa restringe a aplicação de seus esforços para

atender algum segmento específico de mercado;

Estratégias de crescimento – pode se dar por crescimento interno ou externo;

Alday (2001) alerta para os riscos dessas estratégias. Especialmente, na estratégia competitiva

de custo, há o risco de se dar excessiva importância ao processo de produção, impedindo a

diferenciação. Fazendo uma analogia com o caso do Departamento de Polícia Federal, a

adoção de uma estratégia competitiva de custo pode levar a excessos como a tentativa de

automatizar o processo pericial, o que eliminaria a componente intelectual do trabalho,

reduzindo, em consequência, sua qualidade técnico-científica.

Concluindo, o autor lembra ainda que a simples formulação de uma estratégia não produz

efeito concreto imediato nas organizações. Isto acontece de forma ainda mais sensível nas

organizações profissionais (ALDAY, 2001).

2.1.1. Organizações profissionais

As organizações profissionais são aquelas em que todos os processos se baseiam no

conhecimento e habilidades de seus profissionais constituintes, segundo Mintzberg et al.

(2006, p. 312). Devido a esta característica básica, seus trabalhadores possuem considerável

controle sobre seu trabalho, sendo difícil submetê-los a uma hierarquia muito rígida. Isso

acontece, pois, apesar de existir certa padronização de procedimentos, os profissionais que

Page 20: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

20

aplicam seus conhecimentos nesse tipo de organização não o fazem todos de uma única

maneira, havendo bastante espaço para julgamentos pessoais.

Isto implica que “os resultados do trabalho profissional não podem ser facilmente mensurados

e não se prestam à padronização”. Os autores também afirmam que esta dificuldade de

padronização traz uma pouca necessidade de gerência intermediária, permitindo que as

organizações profissionais sejam grandes do ponto de vista de quantitativo total de pessoal

(MINTZBERG, LAMPEL, QUINN, & GHOSHAL, 2006, p. 313).

Assim, a designação de padrões de resultado é bastante desencorajada neste tipo de

organização, pois os profissionais não vêm com bons olhos ações contra si próprios. E essa

mensuração de desempenho é vista como perigosa internamente. O administrador não pode se

furtar, contudo, de dar respostas públicas a esses problemas. Sua figura como relações-

públicas e negociador é fundamental para a organização. Isso traz também a consequente

responsabilidade de servir de amortecedor para as pressões externas, garantindo que seus

profissionais continuem a desfrutar de sua autonomia. (MINTZBERG, LAMPEL, QUINN, &

GHOSHAL, 2006, pp. 313-320).

Bastos Neto (2000), citando pesquisa realizada pelo SENAC/SP, reconhece o

conservadorismo da gestão de recursos humanos no Brasil, comprovado pela passividade da

área, políticas e práticas arcaicas, diferenciando-se das demais áreas de gestão, as quais

buscam constante melhoria. Nesse sentido, ressalta que em empresas organizadas sob o

modelo funcional-mecanicista, o quadro de pessoal sofre influências de acionistas e

administradores, com interesses eventualmente diversos daqueles da organização e, portanto,

que podem não contribuir para a efetividade desse quadro de pessoal. Ocorre, contudo, que as

pessoas possuem interesses e a interação destas pessoas e interesses constitui um fenômeno

psicológico que afeta de forma direta o trabalho que desenvolvem. Assim, no

desenvolvimento de estratégias que envolvam este recurso é necessário conciliar seus

objetivos com os organizacionais, incentivando sua participação e reconhecendo seu valor,

maximizando-se o desempenho do conjunto.

Page 21: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

21

2.1.2. Especialização nas organizações profissionais

As organizações profissionais, especialmente no setor público, possuem ainda altos níveis de

especialização, característica associada diretamente à burocracia. A especialização pode ser

dividida entre complexidade ocupacional e a profissionalização. A primeira diz respeito à

quantidade de especialidades presentes na organização, a segunda tem a ver com a atividade

profissional desenvolvida (ANDREWS, 2010, p. 94).

Esse elevado nível de especialização é capaz de trazer sinergias na solução de problemas que

a organização enfrenta. Há, contudo, pesquisadores que alegam que altos níveis de

especialização podem trazer efeitos negativos ao desempenho das organizações, visto que

reduzem a flexibilidade e capacidade de adaptação dos profissionais, que acabam sendo

capazes de desenvolver apenas os trabalhos para os quais foram inicialmente preparados.

Assim, é de se esperar que exista uma relação não linear entre especialização e desempenho,

com seus benefícios sendo suplantados pelos malefícios após um determinado nível de

especialização (ANDREWS, 2010, pp. 96-97).

Os poucos estudos nesse sentido, porém, deixam a lição de que é necessário o uso de

indicadores objetivos de desempenho para avaliar o impacto do fator especialização (além de

outros, como formalização e centralização) no resultado das organizações. É também evidente

a necessidade do uso de técnicas estatísticas multivariadas para controlar os efeitos das

diversas variáveis envolvidas (ANDREWS, 2010, pp. 98-99).

Para medir o nível de especialização, Andrews (2010, p. 100) relata o estudo de Hage e Aiken

(1967) em que tal medida foi realizada com o uso de questionários. O autor cita ainda o

estudo de Wolf (1993), que usou uma escala de cinco pontos para medir o nível de

especialização. Mesmo assim, as evidências encontradas do impacto da especialização ou

profissionalização no desempenho das organizações são bastante escassas. Em geral, apontam

para melhor desempenho de estruturas menos especializadas (ANDREWS, 2010, p. 103).

Este efeito, contudo, não é isolado. As teorias organizacionais indicam o estreito

relacionamento entre especialização, formalização e centralização. Por exemplo, a teoria de

Page 22: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

22

Mintzberg sugere que organizações grandes e centralizadas tem melhores resultados com altos

níveis de especialização, ao passo que estruturas menores apresentam melhor desempenho

com menores níveis de especialização. Não há, porém muitos estudos explorando tais relações

(MINTZBERG, 1979 apud ANDREWS, 2010, p. 104).

2.2. Desempenho

2.2.1. Eficiência, eficácia e efetividade

Para permitir o adequado entendimento da discussão que se segue torna-se necessário

delimitar o que se considera, para os efeitos deste texto, como sendo eficiência, eficácia e

efetividade.

Diversos autores já se debruçaram sobre o assunto, que pode ter inclusive distintas conotações

de acordo com a área de aplicação, conforme se observa em Meirelles (2011) e Gabardo

(2002). Quanto ao campo que aqui nos interessa, a ciência da Administração, pode-se assim

defini-las:

Eficiência – tem a ver com a conclusão de forma satisfatória de determinadas

ações. É fazer as coisas de forma correta, a obtenção de um determinado resultado,

mediante o uso de certos meios. Sua medida, portanto, pode ser uma relação entre

entradas (insumos) e saídas (produtos);

Eficácia – relaciona-se com um resultado positivo. É fazer as coisas corretas, a

obtenção de um resultado que é positivo ou esperado em algum sentido específico.

Não se questiona aqui os custos dos insumos necessários à obtenção do resultado;

Efetividade – pode ser traduzida como uma relação entre os resultados e os

objetivos, entre o alcançado e o esperado. Trata-se de fazer a coisa certa e da

maneira correta.

Como se observa, eficiência e eficácia não necessariamente andam juntas. É possível ter uma

sem a outra, muito embora seja desejável a sua conjunção.

Page 23: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

23

Para o âmbito da administração pública, o princípio da eficiência soma-se aos demais

princípios explicitados na Constituição Federal e não pode a eles se sobrepor (MEIRELLES,

2011, pp. 98-99).

No setor estatal, a tendência do serviço público tornar-se um fim em si mesmo, esquecendo-se

de que o cidadão é seu cliente, traduz-se numa necessidade ainda maior de alinhar os

interesses e estratégias. Existe, porém um grande empecilho a esse alinhamento: a falta

histórica de uma cultura de meritocracia, apesar da existência de um arcabouço legal que

permite o estabelecimento desta ideologia. Essa falta levou a uma política pública de recursos

humanos sem planejamento de médio e longo prazos (BRASIL, 1997, p. 9 e seg.).

Com tal definição de indicadores, relacionando força de trabalho com os resultados, seria

possível chegar a uma definição dos quantitativos ideais de força de trabalho. Bastos Neto

(2000, p. 38) lembra que por meio da Reforma Administrativa do governo federal, realizada

em 1992, foi realizada uma tentativa de redimensionamento quantitativo dos quadros de

empresas estatais, mas cujos resultados são considerados questionáveis pelo autor, no que diz

respeito aos critérios de eficácia e efetividade.

A definição de indicadores de desempenho e sua medição é, assim, o primeiro passo para

avaliar e medir o desempenho de uma organização e de seus servidores.

2.2.2. Avaliação de desempenho

Dentre as mudanças ocorridas nas empresas e organizações ao longo do tempo, podem-se

destacar os avanços propostos por Taylor e administração científica, Fayol e a sua teoria

administrativa e Weber com o modelo burocrático. Este último estabeleceu as bases da

burocracia: regras, hierarquia, racionalidade, impessoalidade e eficiência (MARCH &

SIMON, 1972, pp. 63-77).

A administração estratégica e a gestão por resultados vêm sendo colocadas no pedestal como

a melhor forma de condução de empresas e organizações, porém Helou Filho e Otani (2006)

Page 24: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

24

não deixam de destacar as limitações de recursos materiais e financeiros, legais e normativas

que sofre o gestor público.

O ambiente empresarial está em constante mudança e as organizações que não se adaptarem

adequadamente e de forma tempestiva às mudanças terão sua sobrevivência ameaçada, mais

cedo ou mais tarde. Como consequência destas mudanças, nasceu a necessidade de avaliar o

desempenho. O termo em si é de difícil definição, dada sua multidimensionalidade, mas em

termos gerais pode-se dizer que desempenho é fazer hoje o que trará resultados amanhã. E

porque medir? Medir o desempenho permite uma série de ações, tais como identificar setores

problemáticos e prioritários nas ações, maximizar a efetividade dos esforços, dentre outros

(LEBAS & EUSKE, 2004, pp. 67-68).

Segundo Behn (2003), um administrador público deve usar suas medidas de desempenho

para: avaliar, controlar, orçar, motivar, promover, celebrar, aprender e melhorar.

Os modelos de Taylor, Fayol e Weber começaram a ser aplicados na administração pública

brasileira a partir dos anos 30, introduzidos pelo Departamento Administrativo do Serviço

Público (HELOU FILHO & OTANI, 2006). Já as avaliações de desempenho estão presentes

na administração pública brasileira desde a década de 70, sendo que apenas mais

recentemente o uso integrado e amplo desta ferramenta tem se tornado mais generalizado

(GUIMARÃES, 2008, p. 77). Este último autor ainda afirma que em 1983 a RFFSA1 foi a

responsável pela primeira proposta de contrato de gestão, seguida de outras empresas estatais,

tais como a Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional.

Os modelos e habilidades desenvolvidas para empresas com fins lucrativos podem – e devem

– ser comparados e adaptados para o setor sem fins lucrativos (SPEAKER, 2009a). Afinal, o

gestor público ou de organizações sem fins lucrativos devem maximizar o serviço ou

“benefício” fornecido por seu órgão por cada unidade monetária de seu orçamento. Nesse

mesmo sentido manifestam-se Santos e Cardoso (2001), quando equiparam os contribuintes

com os acionistas de empresas privadas: uns e outros devem exigir dos gestores o máximo de

retorno do seu investimento ou de seus impostos, conforme o caso.

1 Rede ferroviária federal S. A.

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25

A ideia de medir o resultado do setor público é o núcleo de muitas reformas do setor público

levadas a cabo em diversos países e é altamente encorajada por organismos internacionais,

tais como o Banco Mundial. Tal atitude aumentaria a transparência do setor, permitindo à

população conhecer o custo real dos seus serviços, até então de conhecimento exclusivo dos

burocratas (BOYNE, 2010, p. 207).

Segundo Speaker (2010), os cursos de administração de empresas não costumam trazer em

seu bojo informações sobre a questão da informação e avaliação nas organizações

governamentais e das sem fins lucrativos, sendo costumeiramente deixadas para cursos

específicos. Aquelas organizações, porém, respondem por parcela significativa dos empregos

em diversos países, merecendo – portanto – uma maior atenção por parte dos estudiosos da

administração. Conforme Castro (2011), no Brasil, em 2003, essa relação era de 25,2% das

ocupações e ainda hoje atinge 21,8% das ocupações, quando consideradas as três esferas de

governo: federal, estadual e municipal.

Otley (2004, p. 14) ressalta, contudo, a dificuldade de medir resultados no setor público, seja

pela multiplicidade de objetivos, seja pela ausência de transações financeiras, o que impede –

pelo menos em certa medida – a mensuração de resultado financeiro, bem como pelo

monopólio de algumas áreas, consideradas como típicas de estado: segurança interna e

externa e relações exteriores, por exemplo. Outra dificuldade que se impõe é a quase ausência

de padrões comparativos, já que o desempenho jamais deve ser avaliado em termos absolutos.

É necessário o uso de bases comparativas, algumas das quais são sugeridas por Santos e

Cardoso (2001):

Base temporal (comparar com períodos anteriores);

Base institucional (comparar com outras instituições similares);

Base estratégica (comparar com os planos da própria organização).

Boyne (2010, p. 217) também afirma que para avaliar os efeitos dos indicadores, idealmente,

o desempenho de organizações que usam indicadores de desempenho deve ser comparado

com o de organizações que não os usam.

O gerenciamento do desempenho deve então passar por três elementos distintos, mas

intimamente conectados: selecionar indicadores, estabelecer metas e tomar ações no sentido

de atingir essas metas. O primeiro elemento seria, em uma última análise, a avaliação de

Page 26: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

26

desempenho propriamente dita, pois os indicadores é que nos darão uma escala com a qual

será possível medir a situação atual e futuras conquistas ou perdas (BOYNE, 2010, pp. 209-

210).

2.2.3. Indicadores de desempenho

Da leitura de Lebas e Euske (2004), pode-se afirmar que indicadores de desempenho devem

estar fundamentados no modelo do fenômeno sob estudo e deve descrever estado atual e suas

tendências. São assim, simples meios de se medir algo com propósitos de comparação

presente ou futura e com isso medir um desempenho relativo a algum propósito. Dentre os

indicadores, destacam-se os chamados indicadores chave ou principais (key performance

indicators), assim considerados aqueles que são intimamente ligados à estratégia da empresa,

sendo um claro indicador da falha ou sucesso de determinadas ações.

As comparações que são permitidas pelos indicadores podem ser intra-organizacionais ou

entre organizações, já que possuem uma característica de permitir a relativização do

desempenho obtido ao tamanho do organismo medido (SPEAKER, 2009a).

Chandi (2009, p. 3) apresenta uma relação entre os indicadores de desempenho e a melhoria

contínua das empresas, que pode ser vista de forma bastante simples na Figura 1. Segundo o

autor, para entrar num ciclo de melhoria contínua, o desempenho da organização precisa ser

gerenciado de forma efetiva, mediante decisões tomadas corretamente com base em medições

de seu desempenho atual. No mesmo sentido, Gambôa & Bresciani Filho (2003) concluem

que o uso de indicadores de desempenho é fundamental para a implantação de sistemas

integrados de gestão de recursos.

Assim, os indicadores de desempenho fornecem a capacidade de verificação do cumprimento

das metas adotadas pela empresa, pois quem não mede não está gerindo (HELOU FILHO &

OTANI, 2006 e LEBAS & EUSKE, 2004, p. 74). Os indicadores também podem ser

utilizados para definição de ações de capacitação (BRASIL, 1997).

Page 27: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

27

Figura 1: Processo de melhoria contínua das empresas, adaptado de Chandi (2009).

Em Mayle et al. (2004, pp. 215, 221) pode-se depreender que, apesar de ser um instrumento

valioso, a avaliação de desempenho não deve ser reduzida ao uso de indicadores. Também é

recomendado evitar o uso de um único indicador, vez que este tende a mascarar variações

intra-organização, tal como uma média, que pode disfarçar variações dentro da amostra

utilizada.

Já Lebas e Euske (2004, p. 69-72) deixam clara a necessidade do estabelecimento de métricas

para a busca da eficácia organizacional, pois sem conhecer o valor de uma determinada

entrega, torna-se difícil a definição de ações para sua melhoria.

Essas métricas permitem não apenas uma previsão quantitativa de pessoal, mas o seu

alinhamento com as estratégias do negócio. No nível estratégico delineiam-se como mais

importantes os indicadores chamados “empresariais, que vinculam desempenho, qualidade e

produtividade com a força de trabalho”. Posteriormente, consideram-se como importantes as

informações de caráter financeiro de recursos humanos (BASTOS NETO, 2000, pp. 74-75).

Para Garcia (2008, p. 34), os indicadores podem ser classificados como descritivos ou

numéricos e como quantitativos ou qualitativos. Podem ainda ser simples (por exemplo,

número de leitos hospitalares por mil habitantes) ou compostos (por exemplo, índices

Melhoria

contínua

Gerência efetiva

Processo decisório

Medição de desempenho

Indicadores de desempenho

Page 28: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

28

inflacionários ou IDH2), conforme descreve Guimarães (2008, pp. 90-91), sendo estes últimos

considerados mais importantes para avaliação da gestão.

Os indicadores de desempenho adotados devem apresentar certas características: fácil

mensuração e compreensão, alinhamento com a estratégia empresarial e expressar as

necessidades de clientes e empresa (HELOU FILHO & OTANI, 2006). O uso de uma unidade

de medida de fácil compreensão e significativo para os usuários é fator importante para o seu

sucesso. Outras características importantes seriam: especificidade, relevância, definição

temporal e confiabilidade (BOYNE, 2010, pp. 210-212).

Boyne (2010, p. 210) afirma que – de modo geral – os principais erros no estabelecimento de

indicadores no setor público são: o uso de indicadores de difícil compreensão; quantidade

excessiva de indicadores, indicando falta de direcionamento estratégico ou uma quantidade

reduzida de indicadores, o que reduz a visão holística do desempenho da organização. Para o

autor, nesse sentido o caminho certo parece ser o intermediário.

Robson (2004) também alerta para as consequências do uso excessivo de indicadores, para

não chegar a ponto de causar a paralisia da organização. Assim, demonstra em seu artigo a

importância de definir qual seria o conjunto mínimo possível de indicadores que garanta uma

maximização do retorno do investimento de implementar e manter os sistemas de medida.

Não se deve tomar a causa pela consequência: o fato de que indicadores são indispensáveis

para uma melhoria, não quer dizer que todo indicador adotado causará melhorias.

A máxima efetividade de uma organização ocorre quando as pessoas envolvidas nos

processos estão monitorando uma pequena quantidade de indicadores que são críticos para o

sucesso global. Se o indicador não for realmente parte de um sistema de controle efetivo, seu

uso será um desperdício de recursos e – em consequência – causará uma redução o nível de

desempenho organizacional. Ou seja, o indicador deve ser capaz de disparar ações por parte

do corpo gerencial do órgão (ROBSON, 2004).

Um exemplo disso é o estudo feito em escolas primárias americanas que passaram a usar

indicadores de desempenho. Ao final, ficou comprovado que a introdução dos indicadores não

2 Índice de desenvolvimento humano, adotado pela Organização das Nações Unidas.

Page 29: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

29

implicou em melhores resultados dos estudantes naquelas escolas em que não havia ações

previstas para o não cumprimento de metas. Ou seja, a simples divulgação ou

acompanhamento de indicadores de desempenho não foi capaz de melhorar efetivamente o

resultado final dos estudantes (HANUSHEK & RAYMOND, 2004).

Porém, para disparar tais ações, é importante que se tenha um referencial nas medidas

tomadas pelos indicadores. Sem referências, o corpo a quem se dirige o indicador de

desempenho pode não se sensibilizar pelas medidas observadas. Contudo, é importante

diferenciar as variações intrínsecas à organização e seus processos daquelas que necessitam

de ações (LEBAS & EUSKE, 2004, p. 72).

Bielski (2007), por sua vez, demonstra preocupação com o uso de indicadores de maneira

indiscriminada. Há uma necessidade de objetivos e metas claras para que os indicadores

possam ser utilizados de forma adequada, trazendo resultados efetivos para as organizações.

Portanto, é necessário se estudar os efeitos que o indicador causa no corpo organizacional,

pois estes podem ser tanto negativos quanto positivos em relação ao desempenho da

organização. Robson (2004) afirma ainda que a frase “o que é medido é feito” somente ganha

sentido verdadeiro quando completada para “o que é medido é feito por quem fez a medição”,

indicando que os efeitos dos indicadores são maiores sobre aquelas pessoas diretamente

envolvidas em seu processo de medição. Assim, são criadas motivações intrínsecas e

extrínsecas para mudanças comportamentais no sentido de controlar e eliminar as deficiências

observadas.

Nesse sentido, alguns autores recomendam selecionar indicadores para áreas que estejam sob

controle direto da organização, ao invés daqueles que sejam fortemente influenciados por

fatores externos. Como esta restrição pode trazer distorções, Boyne (2010, p. 212) recomenda

o uso de indicadores que levem alguns fatores externos em consideração. Esta não é, contudo,

uma ciência exata e caberá ao administrador encontrar o meio termo adequado.

Boyne (2010, p. 217) também afirma que para avaliar os efeitos dos indicadores, idealmente,

o desempenho de organizações que usam indicadores de desempenho deve ser comparado

com o de organizações que não os usam.

Page 30: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

30

Na opinião de Robson (2004), o foco dos indicadores, por estranho que pareça, deve ser a

falha. O objetivo deve ser identificar quando um determinado processo não está dando o

máximo resultado possível. Assim, chega-se ao sucesso ao evitar o fracasso. Esse

conhecimento também permite identificar o que fazer para efetuar melhorias, quanto

custariam tais melhorias e quanto tempo levaria para reduzir a falha.

Para fins deste trabalho, será utilizado como principal indicador de desempenho (KPI – key

performance indicator) o tempo para conclusão de uma solicitação pericial. Esse tempo será

contado do momento em que a solicitação é registrada no banco de dados específico da

Criminalística até o momento em que o laudo é entregue definitivamente ao solicitante.

Partindo desse indicador chave, serão propostos outros indicadores, compostos, que permitam

outras visões acerca do fenômeno estudado, qual seja, a elaboração do laudo pericial no

Departamento de Polícia Federal.

2.3. A ciência forense e a criminalística

O adjetivo “forense” refere-se ao foro judicial ou aos tribunais. Assim, ciência forense é toda

aquela que é utilizada nos tribunais, com o fito de auxiliar nas decisões judiciais. Trata-se de

uma definição bastante alargada, já que – a despeito do senso comum – não se lida aqui

unicamente com casos criminais, pois a área se expande a todos os campos do direito que

tenham imbróglios que possam ser iluminados por outras ciências. Aí se incluem: direito

civil, de família, ambiental, trabalhista, dentre outros. Já a criminalística é a ciência forense

aplicada especificamente a casos criminais (SAMARJI, 2010, pp. 6-8).

A criminalística tem ganhado espaço e notoriedade na sociedade, em parte, devido ao

chamado “efeito CSI”, que relaciona este incremento aos diversos programas televisivos que

retratam a investigação científica de crimes (HOUCK, 2006). Entre outros fatores que

impulsionaram este ganho de espaço estão a melhoria dos métodos utilizados pelos cientistas

forenses e o reconhecimento, pelos órgãos judicantes, da pouca confiabilidade das provas

testemunhais (SAMARJI, 2010, p. 4).

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31

Assim, sendo a ciência forense parte integral e crítica do processo judicial criminal, não pode

prescindir do que a tecnologia puder oferecer de melhor. Daí vem um lado positivo da

superexposição dessa área: a sociedade não só tem cobrado mais dessa área: o número de

interessados em fazer cursos e se tornar cientista forense tem crescido de forma exponencial

nos Estados Unidos (HOUCK, 2006).

Ocorre, como é comum na ficção, que a televisão não retrata com exatidão a realidade dos

laboratórios forenses. Diversos são os problemas enfrentados: falta de pessoal e de

capacitação, altos níveis de pendências, altos custos para realização de alguns tipos de

exames, baixos níveis de investimento em pesquisa e desenvolvimento, dentre outros

(HOUCK, 2006).

2.3.1. A administração da Criminalística

A Criminalística é extremamente carente de recursos humanos capazes de não só administrá-

la como também liderá-la. Esta é a análise que Becker et al. (2009) fazem em seu artigo sobre

os desafios das lideranças forenses nos Estados Unidos da América.

Com orçamentos na ordem dos milhões de dólares, os administradores de grandes

laboratórios forenses daquele país sofrem com a falta de treinamento específico e a ausência

de referências para seus processos decisórios (HOUCK, RILEY, SPEAKER, & WITT, 2009).

A situação brasileira não é muito diversa. Por exemplo, a Diretoria Técnico-Científica do DPF

teve em 2010 um orçamento de R$ 10.565.000,00 (dez milhões, quinhentos e sessenta e cinco

mil reais) para gerir (BRASIL, 2010). Assim, os desafios listados por Becker et al. (2009) são

também válidos para as nossas instituições, dentre eles: redução de pendências e constante

avaliação de desempenho, tanto de pessoas como de processos. Nesse campo percebe-se a

ausência quase absoluta de métricas para medir e monitorar a qualidade dos serviços dos

laboratórios forenses, cabendo também as recomendações dadas naquele artigo:

Page 32: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

32

Identificar os resultados do serviço forense, tangíveis e intangíveis, em termos

quantificáveis;

Identificar resultados de qualidade do serviço forense, tangíveis e intangíveis,

em termos quantificáveis;

Comparar métricas de qualidade com outros serviços forenses de mesmo porte;

Colaborar com outros serviços forenses de mesmo porte no que diz respeito às

práticas mais recomendáveis;

Constante monitoramento das métricas;

Uso de análises de custo-benefício e custo-eficácia como parte do seu processo

decisório.

Para pavimentar o caminho para a adequada resolução deste problema, Speaker (2009a)

propõe inicialmente uma padronização de nomenclaturas, para que seja possível comparação

entre instituições. Hoje os diversos laboratórios forenses utilizam diferentes títulos para o que

representa o mesmo fenômeno. Definida uma nomenclatura única, será possível estabelecer

métricas a serem avaliadas, de forma relativa – dada a diversidade de tamanho, localização,

população, jurisdição, dentre outros fatores em que os laboratórios divergem entre si.

Realizada a unificação de nomenclaturas, seria possível o uso de indicadores capazes de

medir a efetividade de ações, gerenciar o risco e a qualidade dos produtos, gerir melhor os

processos, dentre outras possibilidades (SPEAKER, 2009a).

Para realizar a comparação entre diferentes organizações, Speaker (2009b) propõe o uso de

uma ferramenta clássica da administração. Trata-se do ROI, sigla em inglês para Return of

Investment, ou Retorno do Investimento. Em seu trabalho, o autor define ROI como sendo

uma função dos seguintes fatores: eficiência, gerenciamento de riscos e qualidade, processo e

das condições de mercado.

Este tipo de indicador, segundo Speaker (2009b), traz meios para comparação de

performances dentro de uma mesma área de atuação. Essa informação pode também ser

seguida ao longo do tempo, permitindo avaliar a eficácia de ações tomadas em termos de

aumento do retorno do investimento. Além disso, segundo o autor, é a ferramenta ideal para

entidades governamentais – cujo objetivo não é maximixar lucros, mas minimizar custos.

Page 33: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

33

Speaker et al. (2009) reforçam essa possibilidade, ilustrando, com o uso de dados dos projetos

FORESIGHT e QUADRUPOL, como o uso do ROI pode ajudar na melhoria do desempenho

de um laboratório diante de recursos limitados. Também sugerem a comparação com outros

laboratórios, permitindo observar eventual posicionamento do ROI fora do esperado.

Não obstante, Speaker (2009a) acrescenta que os indicadores de desempenho permitem

também o acompanhamento de medidas de gerenciamento de risco e/ou qualidade do produto

oferecido pelo laboratório, fato que também é comprovado pelo estudo desenvolvido por

Love et al. (2008).

2.3.2. A gestão de pessoal em laboratórios forenses

Houck et al. (2009) tratam do projeto FORESIGHT, no qual se busca uma transposição das

técnicas de administração para laboratórios forenses. Nestes laboratórios, segundo os autores,

há uma tendência dos gerentes e administradores se verem mais como técnicos do que como

gestores.

Porém, todas as organizações, públicas ou privadas, precisam enfrentar o problema

econômico de maximização de resultados com minimização de custos. Portanto, trata-se de

responder à questão de como alocar recursos escassos. Essa alocação, porém, precisa ser

acompanhada de acompanhamentos que permitam determinar se a escolha feita foi a mais

adequada ou se é recomendável uma mudança de rumos. Esse problema econômico costuma

ser enfrentado com o uso de métricas (SPEAKER, 2009a).

Para atingir esses objetivos é necessário aliar às métricas uma adequada gestão de pessoal.

Speaker (2009a) já alerta para este ponto, quando afirma que há uma tendência natural a

perder de vista os objetivos da instituição, focando unicamente nos indicadores e buscando

sua melhoria. Segundo ele, tal procedimento implica que o laboratório forense certamente irá

aumentar sua produtividade, porém assumirá mais riscos de falha no processo de elaboração

de seu produto, o laudo pericial, o que costuma ser devastador no longo prazo.

Page 34: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

34

2.3.3. A ciência forense no DPF

Os peritos criminais federais, servidores lotados no Departamento de Polícia Federal são os

responsáveis pelas perícias criminais de competência da União e são lotados nos Setores

Técnico-Científicos (SETEC).

Dentro da política de desenvolvimento do DPF, os SETECs estão entre as áreas mais

beneficiadas pelo recente aporte de recursos dos projetos de modernização e reaparelhamento

do DPF, chamados de PROAMAZÔNIA e PROMOTEC, recebendo investimentos em

pessoal (treinamento), instalações e equipamentos, visando a excelência das atividades de sua

área de atuação.

Hoje os laudos produzidos no DPF são divididos entre 17 grandes áreas (Anexo A) utilizadas

para melhor sistematizar as áreas de atuação dos peritos criminais federais. Ainda é possível

identificar, dentro dessas grandes áreas, 62 títulos e 143 subtítulos, sendo que cada um destes

subtítulos compreende uma categoria diferente de trabalho, envolvendo esforço diferenciado.

Estes números dão uma dimensão da diversidade de trabalho que é realizado no sistema

nacional de criminalística. Para melhor entender essa diversidade, sugere-se a consulta ao

Anexo A desta dissertação.

Além desta diversidade de áreas de formação e de atuação, é padrão na Polícia Federal a

assinatura dos laudos por dois peritos, sendo geralmente um autor principal e um revisor. Tal

procedimento deriva do fato de que, até nove de junho de 2008, era uma exigência legal que o

laudo fosse subscrito por, no mínimo, dois peritos. Naquela data, uma mudança do Código de

Processo Penal efetuada pela Lei nº 11.690 fez com que tal exigência desaparecesse.

Porém, mesmo com o fim da exigência legal a prática continua, uma vez que se mostrou

eficaz garantidora da qualidade final do laudo pericial, colaborando também com a

imparcialidade, uma das características desse trabalho mais reconhecidas pela sociedade. Não

parando por aí, há muitos laudos subscritos por mais de dois peritos, a depender da

complexidade da matéria examinada.

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35

Outro problema que se coloca na estimativa desses tempos é a não linearidade do trabalho de

confecção dos laudos periciais. Por não linearidade entenda-se que o trabalho pericial, por ser

de natureza eminentemente intelectual, não segue uma linha de produção ao estilo fordista.

Sendo assim, é comum que um perito interrompa o seu trabalho em um determinado laudo

para dedicar seu tempo a outros laudos ou a outros estudos, enquanto aguarda algum tipo de

resultado intermediário que o permita retornar ao desenvolvimento do primeiro.

Outra característica dos exames periciais é que – dada a já comentada diversidade de laudos –

é comum a realização de exames bastante distintos por um mesmo perito. Quando isso

acontece, acredita-se que a produtividade caia, pois o perito precisa passar por certa adaptação

de meios entre um e outro exame.

Como se depreende da exposição acima se torna importante conhecer que fatores influenciam

no tempo de conclusão dos laudos periciais, o que permitirá planejar de forma adequada o

crescimento do plantel de servidores, evitando quaisquer ociosidades. Só assim será possível

identificar com precisão as ações necessárias para garantir o cumprimento do preceito

constitucional da eficiência na administração pública.

2.3.4. A gestão de recursos humanos no âmbito da Criminalística do DPF

A distribuição geográfica dos Peritos Criminais Federais é um problema similar aos das

demais categorias, cujos problemas já foram expostos na introdução deste trabalho. Além da

distribuição geográfica dos servidores, outro tópico é objeto de constantes discussões na

criminalística federal: a distribuição de servidores por áreas de conhecimento.

Conforme explicitado na Introdução, os Peritos Criminais Federais são de diversas formações

acadêmicas, agrupadas para melhor entendimento em dezessete áreas atualmente.

Os concursos públicos para provimento deste cargo são, consequentemente, divididos por

essas áreas. Há então uma grande disputa interna, onde os representantes de cada área de

Page 36: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

36

formação, às vezes sem razões objetivas, procuram mostrar ou pelo menos aparentar a

necessidade de aumento do seu efetivo. A distribuição é feita de forma apenas parcialmente

objetiva, havendo muito espaço para a subjetividade.

Não obstante a disputa por formações específicas, há ainda outra questão não adequadamente

respondida: trata-se das perícias chamadas “genéricas” ou a chamada “clínica geral”.

São áreas de perícia em que qualquer profissional pode atuar, não importando sua formação

acadêmica. São elas: documentoscopia, balística forense, merceologia, local de crime, perícias

em veículos e de bombas e explosivos.

Como a atuação nessas áreas é independente da formação acadêmica, existe mais um fator de

pressão sobre as decisões da quantidade de servidores a serem distribuídos para cada Setor

Técnico-Científico.

Pode-se ainda acrescentar mais um ingrediente nessa receita: a indisposição da maioria dos

servidores para trabalhar em áreas geográficas consideradas inóspitas. Dado que os peritos

criminais federais são altamente qualificados (quase 27% possuem alguma titulação como

mestrado ou doutorado – Brasil, 2011), torna-se difícil fixá-los em locais onde seja difícil ou

escasso o acesso à cultura, educação e lazer.

Há alguns anos, só existiam unidades de Criminalística nas capitais dos estados, sendo que

algumas nem as possuíam, tais como Rio Branco/AC e Macapá/AP. Em pouco tempo, além

da criação dessas unidades, foram criadas várias unidades no interior de alguns estados, tais

como: Juazeiro do Norte/CE, Salgueiro/PE, Juazeiro/BA, Passo Fundo/RS, Campinas/SP,

Dourados/MS, dentre outros. Apesar de ter sido feita uma seleção criteriosa das cidades que

teriam condições de receber uma unidade Técnico-Científica, baseada na presença de

universidades, demanda de trabalho e outros fatores, na grande maioria delas existe uma

carência de estrutura que dificulta a fixação desses servidores.

Da mesma forma, atualmente os concursos de remoção, muitas vez a única maneira

conseguida por servidores que desejam sair de determinada lotação, ainda ocorrem de maneira

bastante subjetiva, sem uma base científica que permita equilibrar os recursos disponíveis

Page 37: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

37

com as demandas. Mais uma vez, vale muito o chamado “corpo-a-corpo” dos Chefes

interessados em receber mais servidores.

2.3.5. A elaboração do laudo pericial no Departamento de Polícia Federal

A Criminalística no Brasil, por imperativo legal, sempre trabalha mediante provocação, ou

seja, deve ser instada a realizar um exame e emitir o respectivo laudo pericial. Este processo

não deve ocorrer de ofício, ou seja, por iniciativa do perito.

Considerando uma sequência rotineira (vide Figura 2), em que não há excepcionalidades, o

primeiro evento da cadeia, que culmina com a emissão de um laudo pericial, é a solicitação de

exame. Esta solicitação pode ter diversas origens (Ministério Público, Justiça, outros

servidores do DPF, dentre outros) e não há absoluto rigor formal, visto que são aceitas

solicitações verbais em casos urgentes, desde que posteriormente colocadas a termo.

O próximo passo é a designação de um ou mais peritos para realizar os exames solicitados.

Esta designação é feita pelo chefe da repartição onde o perito estiver lotado, conforme

prescreve o Código de Processo Penal. No DPF esta repartição é o Setor Técnico-Científico

(nos estados ou no Distrito Federal) ou o Instituto Nacional de Criminalística (órgão central).

Como, via de regra, há uma quantidade razoável de pendências anteriores à que está sob

análise, bem como há um número limitado de peritos especializados em determinados tipos de

laudo, a solicitação então entra em uma fila para atendimento. Em casos excepcionais,

devidamente justificados ou previstos em normativo, como é o caso de investigado preso, esta

ordem pode ser alterada.

Chegada a vez, os exames são realizados. Para tal o perito tem total autonomia para escolher

os métodos científicos que se apliquem ao caso, bem como os equipamentos e eventuais

procedimentos necessários para poder responder aos questionamentos realizados. Estes

procedimentos podem incluir viagens até o local dos fatos, contratação de serviços

Page 38: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

38

especializados ou solicitação de apoio técnico de outros órgãos da administração pública,

realização de exames em laboratórios particulares, enfim, tudo o quanto seja necessário.

Concluídos os exames, é então finalmente elaborado o laudo pericial em que se respondem

aos quesitos formulados, bem como são expostos quaisquer outros achados durante os exames

que porventura venham a ser de interesse da Justiça para a elucidação dos fatos.

Figura 2: Fluxograma básico do andamento de uma solicitação pericial.

Esta breve exposição nos permite identificar os diferentes níveis que se acredita influenciar

diretamente no tempo necessário à conclusão de uma solicitação pericial.

Primeiramente, no momento da designação, características do local onde a solicitação foi feita

interferem no processo: quantidade de peritos disponíveis, especialidades existentes no local,

total de pendências, quantidade de pendências da área específica do laudo, dentre outras, que

levam a uma demora para que o exame tenha início.

A partir da designação, o servidor designado passa a exercer influência sobre o processo, pois

há servidores mais rápidos e mais lentos e, por óbvio, suas filas têm velocidades diferentes. A

influência do servidor não para aí, pois no momento de realização dos exames, a autonomia

de que dispõe o perito permite que os métodos escolhidos para realizar um mesmo exame

Solicitação

Designação

Fila

Exames

Laudo

Page 39: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

39

sejam diferentes de um servidor para outro. Da mesma forma, pode haver peritos que sintam a

necessidade de exames complementares num determinado caso, ao passo que outros possam

ter sua convicção formada em menos tempo, devido à maior experiência naquele tipo de caso

específico.

A sua formação também influencia aqui, já que as diferentes formações podem ter mais ou

menos habilidade com casos específicos. Também se acredita que a dispersão da atenção do

perito em diferentes tipos de laudos pode influenciar o tempo final de elaboração. Tal

acontece, pois há áreas em que peritos de qualquer formação universitária podem atuar, como

é o caso da documentoscopia.

Assim, pode-se visualizar na Figura 3, os níveis de análise que influenciam no tempo de

elaboração de um laudo de perícia criminal federal. Nem todos os fatores influentes aqui

apresentados estão representados no banco de dados utilizado para as análises realizadas.

Figura 3: Influência dos diversos níveis de análise no tempo de conclusão de uma solicitação pericial.

Perito

• Formação e pós-graduação;

• Experiência;

• Tempo de casa;

• Exercício de chefia;

• Idade;

• Nível de concentração de trabalhos;

Solicitação

• Tipo de laudo;

• Nível e quantidade de informações disponíveis;

• Quantidade de material a examinar;

Local

• Efetivo de peritos;

• Número de pendências;

• Quantidade de laudos elaborados;

• Laboratórios disponíveis;

• Recursos financeiros para contratações;

Page 40: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

40

3. METODOLOGIA

Aqui será detalhado o caminho seguido na pesquisa desenvolvida. Define-se o tipo de

pesquisa, formas de obtenção e coleta de dados, bem como a metodologia que será utilizada

no processo.

3.1. Tipo de pesquisa

A pesquisa propõe solucionar um problema prático da administração da Criminalística do

Departamento de Polícia Federal, analisando os dados de produção disponíveis e propondo

um modelo preditivo, para que seja usado como uma ferramenta auxiliar na distribuição

otimizada da carga de trabalho, de forma a reduzir o passivo de pendências de exames

periciais, colaborando para a celeridade do processo de persecução penal.

Isto exposto, baseando-se em Vergara (2009), pode-se assim classificar o trabalho quanto aos

seus fins em:

Pesquisa aplicada, já que propõe resolver um problema concreto do

Departamento de Polícia Federal, não se limitando a meramente especular a

respeito do assunto estudado;

Pesquisa descritiva e explicativa, pois servirá para expor as características do

fenômeno observado e apresentar os fatores que contribuem para sua

ocorrência.

Quanto aos meios, trata-se de uma pesquisa documental: mediante o acesso aos relatórios

internos de produção de laudos da Criminalística do Departamento de Polícia Federal, bem

como dos documentos internos quanto às atividades desenvolvidas pelos Peritos Criminais

Federais.

Page 41: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

41

3.2. Modelos de regressão

Modelos estatísticos de regressão buscam analisar a relação entre indivíduos e o meio onde

estão inseridos, mediante o estudo que envolve uma variável dependente (ou resposta) e um

ou mais variáveis regressoras independentes. Tal estudo conclui-se em uma equação de

regressão que permitirá predizer o comportamento dos indivíduos pertencentes àquela

população (WALPOLE, MYERS, & MYERS, 1998, pp. 358-359).

A regressão clássica reduz os dados observados a uma curva ou reta. Neste último caso

obtém-se o coeficiente angular e o intercepto com o eixo y, formando deste modo uma

equação do tipo , onde a é o intecepto, b é o coeficiente angular ou inclinação

da reta e ε o erro do modelo (WALPOLE, MYERS, & MYERS, 1998, pp. 360-361):

Figura 4: Reta de ajustamento em uma regressão simples.

3.2.1. Modelos de regressão multinível

Técnicas de regressão linear têm sido largamente utilizadas no estudo da administração,

particularmente regressões simples usando o método dos mínimos quadrados. Nos últimos

anos, porém, o desenvolvimento de novas técnicas computacionais permitiu o avanço para

técnicas mais apuradas, que permitem enfrentar problemas que as soluções tradicionais não

conseguem combater (HICKLIN, 2010, p. 254), tais como:

Page 42: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

42

Endogeneidade – Ocorre quando há uma retroalimentação no sistema sob

estudo, por exemplo, pode-se imaginar que as ações gerenciais afetam os

resultados e estes, por sua vez, afetam as ações gerenciais. É necessário,

portanto, usar de soluções que lidem com tal situação;

Não linearidade – Comumente observada, pode-se usar como exemplo de

quando o acréscimo de pessoal ou de recursos não implica num correspondente

acréscimo nos resultados, podendo ser inclusive zero ou até mesmo negativo;

Independência de observações – Grande parte dos dados de gerenciamento

público viola o princípio das regressões lineares de que as observações são

independentes. Geralmente os dados estão agrupados por setores,

departamentos ou escritórios que, por certo, trazem um viés aos dados

provenientes daquele agrupamento.

Em diversos campos de pesquisa, muitos tipos de informação apresentam uma estrutura

hierárquica (GOLDSTEIN, 1999, p. 11). Por exemplo, na biologia, podem-se agrupar

elementos em grupos, tais como cardumes ou matilhas. Na administração, indivíduos estão

agrupados em setores, setores agrupados em departamentos, departamentos agrupados em

organizações e estas, agrupadas em ambientes. Seria possível traçar n níveis hierárquicos,

sendo necessário – para investigar tais níveis – medir variáveis que descrevam cada um deles,

pois é nítido que variáveis em um determinado nível influenciam variáveis de outro nível

(HOFMANN, 1997). Esse tipo de hierarquia está por toda parte, não há como fugir, e é o foco

do pensamento multinível (HITT, BEAMISH, JACKSON, & MATHIEU, 2007).

O uso da regressão multinível, também chamada de hierárquica, teve seu uso iniciado no

campo da educação, onde foi utilizada para resolver problemas com a hierarquia existente,

identificando a influência de fatores pessoais e organizacionais no desempenho dos alunos.

Para tanto, eram utilizados índices de desempenho (notas, por exemplo) como variáveis

dependentes e uma combinação de medidas relativas ao indivíduo e relativas ao ambiente

(classe ou turma), como variáveis independentes. Em alguns estudos foram utilizadas

características das escolas num terceiro nível de agrupamento (Figura 5). As análises então

buscam identificar o efeito das intervenções em cada nível no resultado final (HICKLIN,

2010, p. 256 e SOARES, 2005).

Page 43: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

43

Figura 5: Exemplo de hierarquia em que se aplicam as técnicas multinível.

Trata-se de um tipo de modelagem da qual a regressão simples é um caso especial. Com esta

metodologia é possível identificar as influências que diversas características contextuais

aplicam sobre os indivíduos sob análise, ou seja, permite reconhecer a influência do macro no

comportamento do micro. Devido à grande quantidade de operações matemáticas necessárias

ao desenvolvimento de modelos multinível, era difícil sua aplicação em larga escala até o

desenvolvimento de programas computacionais com este objetivo (SINGER & WILLET,

2003).

Segundo Hackman (1990) apud Hitt et al. (2007), grupos de trabalho são “sistemas sociais

intactos, com contornos definidos, interdependência de seus membros e funções distintas

entre eles”. Devem, ainda, ter um ou mais propósitos em comum, tarefas definidas, operar em

um contexto organizacional e realizar transações com outras unidades fora de seu contorno.

Possuir tais conceitos não livra o pesquisador, contudo, das dúvidas a respeito de como

especificar grupos de trabalho. Em qualquer hipótese, contudo, a adequação de uma teoria

multinível vai depender de quão bem feito seja este trabalho (HITT, BEAMISH, JACKSON,

& MATHIEU, 2007).

Conforme a pesquisa avança pelos diversos níveis de análise, aquela se torna mais complexa e

os pesquisadores devem cuidar para que as bases teóricas de seu estudo estejam corretas. Para

tanto, recomenda-se que antes de examinar relacionamentos intra ou inter níveis, o

pesquisador deve assegurar-se de que tais níveis efetivamente existem, não usando como

Escola X

Turma AAluno 1

Aluno 2

Turma BAluno 3

Aluno 4

Turma C Aluno 5

Page 44: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

44

parâmetro unicamente a nomenclatura das subdivisões da organização, (HITT, BEAMISH,

JACKSON, & MATHIEU, 2007).

Hofmann (1997) afirma que, na análise de dados agrupados em níveis hierárquicos, existem

três possibilidades de lidar com a situação. O uso de modelos lineares hierárquicos ou

multinível seria, segundo o autor, a melhor das três possibilidades, pois supera as fraquezas

das demais soluções. Primeiramente, a solução admite que indivíduos dentro de um mesmo

grupo sejam mais parecidos entre si do que os demais, ou seja – não há pressuposto de

independência de observações. Depois, o método também permite identificar a influência de

cada nível na variância total das observações.

3.2.2. Classificação cruzada

Outra característica interessante dos modelos multinível é que eles permitem modelar efeitos

de classificações que atinjam mais de uma dimensão. Goldstein (1999, p. 112) apresenta um

exemplo simples, mas bastante elucidativo: estudantes classificados pela escola em que

estudam e pelo bairro onde moram. Certamente há estudantes do mesmo bairro que estudam

em escolas diferentes. A Tabela 1 mostra como seria isso, usando um exemplo de três escolas

e quatro bairros. Tem-se aqui a classificação cruzada no nível 2 enquanto que os estudantes

estão no nível 1.

Tabela 1 – Uma classificação cruzada de nível 2.

Escola 1 Escola 2 Escola 3

Bairro 1 xxx xx x

Bairro 2 x x xxxx

Bairro 3 xxxxx xxxx -

Bairro 4 xxx - xxxx

Page 45: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

45

3.2.3. Formulação dos modelos multinível

Segundo Singer e Willet (2003, p. 49), a componente do nível um de um modelo multinível é

também conhecida como modelo de crescimento individual. Este modelo pode ser escrito

como:

(Equação 1)

Onde é a variável resposta; e são os coeficientes que serão ajustados; é o

parâmetro populacional de entrada e o erro ou resíduo do modelo.

Os índices i e j são utilizados para identificar os diferentes níveis utilizados no modelo. No

caso do estudo dos laudos periciais, pode indicar, por exemplo, o tipo de laudo e o local onde

foi elaborado.

Singer e Willet (2003, pp. 51-53) denominam a primeira parte do modelo, apresentada entre

colchetes, como a parcela estrutural ou fixa do modelo. Trata-se da trajetória esperada de

mudança ao longo do tempo, para cada indivíduo. O erro é considerado a parte estocástica do

modelo e o interesse é em sua variância.

Quando um segundo nível é inserido na modelagem, usa-se a seguinte formulação:

(Equação 2)

(Equação 3)

Onde: , , e são os coeficientes que serão ajustados; é o parâmetro

populacional de entrada e e os erros ou resíduos do modelo.

Assim pode-se observar como o modelo de 2º nível modifica as características dos

coeficientes do modelo de 1º nível. A parcela estrutural do modelo de 2º nível tem quatro

parâmetros de efeitos fixos, , . Dois deles são interceptos e dois são

Page 46: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

46

coeficientes angulares. A parcela estocástica tem dois resíduos, e , que representam as

porções não explicadas no nível 2 do modelo (SINGER & WILLET, 2003, pp. 54-55).

A inserção de um terceiro nível é simples a partir do desenvolvimento acima e pode-se

especificá-lo como:

(Equação 4)

, f=0,…, F (Equação 5)

, f=0,…, F e s=0,..., S (Equação 6)

Onde F representa o número de variáveis do 1º nível, S o número de variáveis do 2º nível e T

o número de variáveis do 3º nível.

Tem-se ainda a seguinte representação:

, e são os coeficientes dos níveis 1, 2 e 3, respectivamente;

, e são as variáveis preditoras dos níveis 1, 2 e 3,

respectivamente;

, e são os erros ou efeitos aleatórios dos níveis 1, 2 e 3,

respectivamente.

Em um ambiente com apenas uma variável preditora de cada nível, o modelo ficaria assim:

(Equação 7)

(Equação 8)

(Equação 9)

(Equação 10)

(Equação 11)

(Equação 12)

(Equação 13)

Page 47: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

47

3.2.4. Formulação de modelos com classificação cruzada

Para formular um modelo com classificação cruzada em dois níveis, apresenta-se uma notação

ligeiramente diferente, utilizando os índices j1 e j2 para indicar os efeitos relativos à

classificação cruzada, considerando a existência de uma única variável explicativa:

(Equação 14)

Já um modelo com três níveis seria assim formulado, também considerando uma única

variável explicativa:

(Equação 15)

3.2.5. Ajuste do modelo

A demonstração de como se dá o ajuste do modelo envolve todo um desenvolvimento

matemático que foge ao escopo deste trabalho. Atualmente diversos pacotes estatísticos,

inclusive de domínio público, como é o caso do programa computacional R, são capazes de

realizar todo o trabalho necessário ao ajuste.

Neste trabalho será adotado o método da máxima verossimilhança, pois como explicado em

Singer e Willet (2003, pp. 63-65), conforme o tamanho das amostras aumenta, o método

apresenta características desejáveis de suas estimativas. Conceitualmente, os autores definem

o método como sendo aquelas estimativas dos parâmetros populacionais que maximizam a

probabilidade de observar uma amostra específica de dados. Para tal é necessário construir

uma função de verossimilhança para então partir para a busca das estimativas maximizadoras

supramencionadas.

Page 48: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

48

Para a escolha do melhor modelo há vários indicadores. Aqui será utilizada a deviance,

definida como: , onde LL é o logaritmos das funções verossimilhança do modelo

que se deseja comparar. A deviance é uma medida do quão ruim é o ajuste, portanto, quanto

menor este indicador significa que o modelo representa melhor a variabilidade observada nos

dados (SINGER & WILLET, 2003, p. 117).

3.3. Índice de Herfindahl-Hirschmann

Pitts (2010, p. 178) sugere o uso do índice Herfindahl-Hirschmann ou do índice de

Dissimilaridade de Blau como as melhores maneiras de medir diversidade em variáveis

categóricas. O primeiro, índice Herfindahl-Hirschman, originalmente proposto com o objetivo

de medir a concentração comercial, tem a seguinte formulação (HIRSCHMAN, 1964):

(Equação 16)

O autor ainda afirma a existência de outra formulação, sem a raiz, dada por O. C. Herfindahl,

que seria:

(Equação 17)

Em ambas as formulações, representa a participação de mercado de uma determinada

empresa e x o mercado total. Variando de 0 a 1, a unidade representaria de um mercado 100%

dominado por uma empresa (PITTS, 2010, p. 183).

Estes índices têm sido largamente utilizados na pesquisa da administração de empresas, em

especial quando se trata de qualquer tipo de diversidade intra-organizacional. Tal uso, porém,

merece cuidados. Ele requer que a diversidade medida no nível organizacional se reflita nas

suas subdivisões, sem o que os resultados podem não corresponder à realidade. Outro cuidado

que se requer é que o nível de análise das variáveis dependentes e independentes sejam os

Page 49: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

49

mesmos. Por exemplo, se a diversidade é considerada variável independente e está no nível de

organização, não seria possível relacioná-la com uma variável dependente de desempenho no

nível do profissional (PITTS, 2010, p. 184).

3.4. Universo e Amostra

A pesquisa será realizada no âmbito das unidades centrais e descentralizadas de Criminalística

do Departamento de Polícia Federal, atentando às peculiaridades do órgão.

O universo da pesquisa são todos laudos periciais criminais elaborados por peritos criminais

federais em serviço no Departamento de Polícia Federal e que trabalhem exclusivamente em

áreas não administrativas ou gerenciais.

A amostra a ser utilizada será definida pela janela de tempo delimitada no início deste

trabalho (01/01/2008 a 31/12/2010). É prevista a eliminação de dados espúrios da amostra

durante o processo de construção dos modelos.

3.5. Fonte de dados

Para realizar as análises foram utilizados dados constantes no sistema Criminalística,

contendo informações relativas à elaboração de laudos periciais criminais do Departamento de

Polícia Federal.

Foram obtidos os dados relativos a todos os laudos registrados como entregues no período de

01/01/2008 a 31/12/2010. Tais dados, totalizando 155.540 registros, referentes a um total de

1.097 servidores, possuem alguns dados espúrios que foram eliminados para adequada

análise. Os registros eliminados referem-se a:

Page 50: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

50

Dados relativos a peritos que não possuíam detalhes relativos ao tempo de

trabalho. Geralmente são dados relativos a peritos que se aposentaram ou

foram exonerados antes da inserção dos dados no sistema;

Inconsistências de datas, gerando intervalos de tempo negativos;

Registros referentes a laudos cuja data de emissão eram anteriores a 2006.

Representam laudos que foram entregues antes de 2007, mas o registro deste

fato só ocorrera no período analisado (2008 a 2010) e, por isso, haviam sido

incluídos na amostra.

Também foi realizado um cruzamento de dados relativos às pendências das unidades. Aquelas

unidades sobre as quais não foram obtidas informações sobre o nível de pendências, tiveram-

na atribuída como zero.

Após a eliminação dos dados restou um total de 138.767 registros, que enfim passaram a ser

analisados.

Os registros brutos coletados possuem, dentre outras, as seguintes informações sobre os

laudos registrados:

Número e ano de elaboração;

Unidade onde foi registrado;

Nome dos peritos envolvidos no trabalho;

Título e subtítulo do laudo.

Eventualmente acontece que a unidade onde foi registrado o laudo não é a mesma unidade de

lotação do perito. Tal acontece nas seguintes situações:

O perito elaborou e registrou o laudo quando estava unidade de registro do

laudo, porém sua lotação pode ter sido mudada durante o lapso temporal

estudado;

O perito elaborou e registrou o laudo quando estava na unidade de registro

do laudo, durante um trabalho eventual e esporádico naquela unidade;

O perito apenas registrou o laudo como pertencente a uma unidade, porém

o elaborou em sua unidade de lotação original, a partir de dados obtidos

durante um trabalho na unidade de registro do laudo.

Page 51: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

51

Como se observa, na primeira situação, a unidade que influencia nos resultados é uma; na

segunda, é outra; e no terceiro caso, a influência é de duas unidades distintas.

Ocorre que não há informações na base de dados que permitam delinear cada caso. Apenas se

sabe quando a unidade de lotação atual não é a mesma de registro do laudo.

Assim, neste trabalho serão elaborados modelos sem o efeito de filiação múltipla entre peritos

e unidades, ou seja, descartando os casos de laudos que foram elaborados por peritos lotados

em unidades distintas do registro. Com a eliminação destes registros, restaram 109.094 para

análise.

Com a finalidade de termos representatividade numérica foram eliminados quaisquer grupos

(unidades, títulos de laudo ou peritos) que tivessem representação inferior a 10 laudos

produzidos no período. Um total de 214 registros estava nesta situação e foram também

eliminados do banco de dados, restando então 108.880 registros para análise.

Foi utilizado o software Stata® e as orientações de Rabe-Hesketh & Skrondal (2005, pp. 473-

492) para gerar os modelos apresentados mais adiante. Acrescenta-se que os nomes dos

peritos e das unidades foram substituídos por uma lista numerada criada de forma aleatória,

evitando assim a identificação de pessoas e de unidades no escopo deste trabalho.

3.6. Definição dos níveis

Para gerar o modelo, será adotada uma configuração em 3 níveis. O nível 1 seria o laudo

propriamente dito, agrupados pelos peritos responsáveis no nível 2. Neste nível 2 ainda tem-

se, de forma cruzada, a classificação por tipo de laudo. Os peritos estarão agrupados pela

unidade onde estão lotados num 3º nível. Um esquema pode ser visto abaixo, onde cada x

significa um laudo elaborado:

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52

Tabela 2 – Níveis adotados no trabalho.

Laudo tipo 1 Laudo tipo 2 Laudo tipo 3 Laudo tipo 4

Unidade 1 Perito 1 xxx xx x -

Perito 2 x x xxxx -

Unidade 2 Perito 3 xxxxx xxxx - x

Perito 4 xxx - - xx

Perito 5 - - xx xxx

3.7. Operacionalização das variáveis

As variáveis adotadas no trabalho podem ser observadas na Tabela 3. Foram adotadas, ainda,

abreviações nos nomes dos títulos de laudo utilizados, unicamente para facilitar a visualização

nos softwares utilizados, conforme pode ser observado na Tabela 14 – Apêndice B.

Tabela 3 – Variáveis adotadas.

Variável Nome no modelo Descrição Nível da

variável

Tempo t Tempo, em dias, passado desde o

registro da solicitação até a data da

entrega do laudo. Conta-se o próprio

dia do registro, ou seja, um laudo

solicitado e concluído no mesmo dia

tem o valor unitário nesta variável.

Variável

dependente

Logaritmo do

tempo

ln_t Logaritmo natural da variável tempo,

transformada para normalizar sua

distribuição.

Variável

dependente

Ano do laudo ano_laudo Ano em que o laudo foi registrado no

sistema: varia entre 2007 e 2010.

Nível 1

Título do laudo titulo Título do laudo. Nível 2

Identificação

do perito

id_perito Identificação única do perito, utilizada

para evitar que sejam apresentados os

nomes neste trabalho.

Nível 2

Situação no

DPF

sit Variável dummy que representa a

atuação do perito em cargos de chefia

ou similares. O valor unitário significa

que o perito atua em cargos de chefia.

Nível 2

Idade idade Idade do perito responsável pelo

laudo, em anos.

Nível 2

Pós-graduação mest

dout

posd

Variáveis dummy que representam o

nível de formação do perito

responsável pelo laudo. O valor

unitário corresponde ao nível:

graduação, mestrado, doutorado ou

pós-doutorado. Todos os valores zero

Nível 2

Page 53: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

53

Variável Nome no modelo Descrição Nível da

variável

representam apenas a graduação.

Tempo desde a

posse

t_posse Tempo de serviço, em anos, desde a

data de posse do servidor.

Nível 2

Herfindah-

Hirschmann

das áreas e dos

títulos

HH_area

HH_titulo

mult_HH

Índice de Herfindahl-Hirschman

relativo à dispersão em áreas e em

títulos do perito. Utilizou-se, ainda

uma combinação linear

(multiplicação) dos dois índices.

Nível 2

Unidade do

laudo

un_laudo Unidade organizacional em que o

laudo foi registrado.

Nível 3

Pendências da

unidade

pend_un_laudo Número de pendências na unidade do

laudo em 31/12 do ano do respectivo

laudo.

Nível 3

Produção do

mesmo tipo de

laudo

qt_laudos_mesmo

_tipo

Produção total de laudos com o

mesmo título na unidade, no período

estudado.

Nível 3

Produção total

da unidade

qt_total_laudos Produção total de laudos na unidade,

no período estudado.

Nível 3

Efetivo que faz

mesmo tipo de

laudo

ef_prod_mesmo_t

ipo

Efetivo da unidade onde o laudo foi

produzido que faz o mesmo tipo de

laudo.

Nível 3

Continuação da Tabela 3

Page 54: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

54

4. ANÁLISE DOS DADOS

4.1. Estatística descritiva

Todas as análises deste item foram realizadas com os programas computacionais Microsoft

Excel® e Minitab®.

Quanto às informações de pessoal, dos 1.018 servidores que restaram na amostra após as

exclusões supramencionadas, lotados em 84 diferentes unidades espalhadas por toda a

federação, observa-se que a média de idade é de 38,3 anos, cuja distribuição pode ser

observada no Gráfico 2.

Quanto ao tempo de serviço no órgão, observa-se uma grande irregularidade nos dados, o que

é explicado pelo fato de que não há uma regularidade nos concursos públicos para provimento

do cargo, sendo que se tem:

20,7% dos servidores com até três anos de serviço;

43,0% possuem entre três e cinco anos de serviço;

26,0% possuem entre cinco e dez anos de serviço e;

10,3% possuem mais de dez anos de serviço.

Considerando-se que são necessários 30 anos de serviço para aposentadoria no cargo em

estudo, pode-se observar aqui que investimentos em pessoal serão aproveitados pelo órgão

ainda durante bastante tempo, dado que quase 90% dos peritos criminais federais possuem

menos de 10 anos de serviço no órgão. No gráfico 3 é possível observar a distribuição do

tempo de serviço no órgão.

Page 55: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

55

Gráfico 2 – Distribuição da idade dos servidores na amostra analisada, em anos.

Gráfico 3 - Distribuição do tempo de serviço no órgão na amostra analisada, em anos.

605448423630

Mediana

Média

39,038,538,037,537,036,5

IC 95%

Idade

30252015105

Mediana

Média

6,05,55,04,54,0

IC 95%

Tempo de serviço no órgão

Page 56: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

56

Quanto ao nível de escolaridade da amostra, conforme se observa no Gráfico 4, da amostra

analisada, 21,5% são servidores com mestrado, 8,7% tem titulação de doutorado e 0,3% de

pós-doutorado. O restante, 69,5%, é apenas graduado.

Gráfico 4 – Distribuição da titulação dos servidores na amostra analisada.

Apenas 6,6% dos servidores da amostra exerciam, no momento da análise, cargos de chefia

ou similares, ou seja, não se dedicavam integralmente à atividade pericial propriamente dita.

Cabe lembrar que muitos servidores exercem atividades estranhas à seara pericial, tais como

fiscalização de contratos, participação em operações policiais, dentre outras que influenciam

negativamente a produção de laudos periciais. Não há dados precisos, contudo, sobre o

quantitativo de servidores nesta situação e nem mesmo detalhes sobre o nível que tais

atividades comprometem a atividade finalística do perito criminal federal.

Incluindo nas análises as informações sobre os laudos, observa-se uma grande amplitude de

produtividade na amostra analisada, havendo peritos que produzem quantidades muito

pequenas de laudos e há ainda outliers que produziram mais de 600 laudos no período sob

estudo (Gráfico 5).

O tempo para o fechamento de uma solicitação também apresenta grande amplitude na

distribuição e uma mediana de 36 dias (Gráfico 6).

69,50%

21,50%

8,70%

0,30%

Graduação

Mestrado

Doutorado

Pós-doutorado

Page 57: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

57

Gráfico 5 – Distribuição da quantidade de laudos produzidos, por perito, no período sob estudo.

Gráfico 6 – Distribuição do tempo para fechamento de uma solicitação, no período sob estudo.

Em termos quantitativos, tem-se a distribuição da quantidade de laudos produzidos por

grandes áreas (vide anexo A), constante na Tabela 4, na qual se pode observar que – numa

6005004003002001000

Mediana

Média

140130120110100

IC 95%

Total de Laudos Produzidos

7203600

Mediana

Média

120100806040

1st Q uartile 13,00

Median 36,00

3rd Q uartile 113,00

Maximum 2774,00

114,23 116,51

36,00 37,00

215,80 217,42

A -Squared 20898,28

P-V alue < 0,005

Mean 115,37

StDev 216,61

V ariance 46918,71

Skewness 3,9016

Kurtosis 18,9497

N 138767

Minimum 0,00

A nderson-Darling Normality Test

95% C onfidence Interv al for Mean

95% C onfidence Interv al for Median

95% C onfidence Interv al for StDev

IC 95%

Dias para fechamento de uma pendência - Sumário

Page 58: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

58

classificação do tipo curva ABC – as áreas de perícia quantitativamente mais relevantes são:

Documentoscópicas, Informática, Laboratório e Merceológicas, representando pouco mais de

70% do total de laudos produzidos no período 2008-2010.

Na Tabela 5, por sua vez, pode-se observar que, do total de 67 títulos principais de laudos

(sem considerar as divisões por subtítulos), apenas oito representam mais de 70% do

quantitativo total produzido no período 2008-2010 (Gráfico 8).

Tabela 4 – Distribuição da quantidade de laudos produzidos no período 2008-2010, por grandes áreas

de perícia.

Área de Perícia Percentual do total

Perícias Documentoscópicas 26,00%

Perícias de Informática 18,12%

Perícias de Laboratório 17,81%

Perícias Merceológicas 8,98%

Perícias de Veículos 7,17%

Perícias de Balística Forense 5,73%

Perícias de Audiovisual e Eletroeletrônicos 5,50%

Perícias de Meio Ambiente 3,52%

Perícias Contábeis e Econômicas 3,08%

Perícias de Local 2,71%

Perícias de Engenharia 1,16%

Perícias de Genética Forense 0,09%

Perícias de Biometria Forense 0,05%

Perícias de Medicina Legal 0,04%

Perícias de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural 0,03%

Perícias em Bombas e Explosivos 0,00%

Total 100,00%

Page 59: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

59

Gráfico 7 – Distribuição da quantidade de laudos produzidos por grande área.

Tabela 5 – Distribuição da quantidade de laudos produzidos no período 2008-2010, por títulos de

laudo.

Título de Laudo Percentual do total

Laudo de Exame Documentoscópico 14,72%

Laudo de Exame de Moeda 11,18%

Laudo de Exame de Dispositivo de Armazenamento Computacional 10,88%

Laudo de Exame Merceológico 8,98%

Laudo de Exame de Substância 7,74%

Laudo de Exame de Veículo Terrestre 6,94%

Laudo de Exame de Equipamento Computacional 6,84%

Laudo de Exame de Arma de Fogo 3,94%

Demais áreas 28,78%

Total 100,00%

Perícias

Documentoscópicas

26%

Perícias de Informática

18%

Perícias de Laboratório

18%

Perícias Merceológicas

9%

Demais áreas29%

Page 60: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

60

Gráfico 8 – Distribuição da quantidade de laudos produzidos por título de laudo.

Cruzando as informações de produção e de servidores, observa-se que há uma dispersão do

trabalho realizado, seja por grandes áreas, seja por título de laudo. No Gráfico 9 é possível

notar que apenas 6,3% dos peritos atuam em apenas uma grande área de perícia e a maioria

faz laudos que compreendem entre 5 e 8 áreas periciais, representando mais de 64% do total

de peritos.

Gráfico 9 – Distribuição da quantidade de áreas de atuação por perito.

Laudo de Exame Documentoscópico

14,7%

Laudo de Exame de

Moeda 11,2%

Laudo de Exame de Dispositivo de Armazenamento Computacional

10,9%Laudo de Exame

Merceológico 9,0%Laudo de Exame

de Substância 7,7%

Laudo de Exame de Veículo

Terrestre 6,9%

Laudo de Exame de Equipamento Computacional

6,8%

Laudo de Exame de Arma de Fogo

3,9%

Demais laudos 28,8%

0

50

100

150

200

250

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Qu

anti

dad

e d

e p

eri

tos

atu

and

o

Número de áreas de atuação

Page 61: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

61

O fato acima se reflete no nível inferior, dos títulos de laudo. Das informações constantes no

Gráfico 10, observa-se que cerca de 77% dos peritos elaboram entre 6 e 15 diferentes títulos

de laudo.

Gráfico 10 – Distribuição da quantidade de títulos de atuação por perito.

Esta apresentação da quantidade de laudos produzidos, porém, perde uma informação que é a

forma como se distribui esta quantidade dentro das áreas e dos títulos. Pode acontecer que,

apesar de atuar em muitas áreas, exista uma concentração grande em uma determinada área e

um trabalho esporádico em outras.

Para esclarecer tal questão, foi utilizado o índice de Herfindahl-Hirschman (HH – Equação 1)

para cada perito, considerando o percentual que cada área ocupa de sua produção total. O uso

deste índice traz uma percepção diferente, como é vista nos próximos gráficos:

0

20

40

60

80

100

120

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Qu

anti

dad

e d

e p

eri

tos

atu

and

o

Quantidade de títulos de Laudo

Page 62: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

62

Gráfico 11 – Distribuição do índice HH por área de perícia.

Gráfico 12 – Distribuição do índice HH por título de laudo.

Do Gráfico 11 é possível observar que poucos peritos possuem um índice HH por área

inferior a 0,4, o que permite traçar uma conclusão mais detalhada: apesar de muitos peritos

atuarem em uma grande quantidade de áreas, aparentemente tal dispersão é eventual. Já a

informação constante no Gráfico 12 reforça esta tese, onde se observa a maioria dos peritos na

faixa entre 0,4 e 0,7 do índice HH por título.

0

50

100

150

200

250

Qu

anti

dad

e d

e p

eri

tos

Índice Herfindahl-Hirschman

0

50

100

150

200

250

300

350

Qu

anti

dad

e d

e p

eri

tos

Índice Herfindahl-Hirschman

Page 63: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

63

4.2. Geração dos modelos

4.2.1. Modelo nulo

O modelo nulo, ou seja, sem nenhuma variável explicativa, será utilizado como forma de ter

um parâmetro inicial de comparação e para decompor a variabilidade do tempo gasto na

conclusão de um laudo pericial. Este modelo será similar ao apresentado na Equação 15,

exceto pelo fato de que não possui variáveis explicativas (vide Modelo 1 – Apêndice A):

(Equação 18)

Após gerar o modelo obtém-se:

(Equação 19)

As variâncias da parcela aleatória no modelo podem ser observadas na Tabela 6, onde se

observa que 28,4% da variância da variável ln_t é devida às características do laudo, 5,9% se

deve às características do local onde ele foi elaborado e 9,7% é devido ao servidor que o

elaborou. Estes percentuais também são chamados de correlação intraclasse.

O resíduo possui uma variância que representa diferenças observadas entre laudos do mesmo

tipo, realizados pelo mesmo indivíduo no mesmo local. Tal fato sugere que há diferenças de

complexidade dos laudos realizados que não podem ser explicadas pelas variáveis adotadas,

ou seja, as classificações aqui adotadas não são suficientes para lhe prever o tempo necessário

à sua conclusão.

Este modelo permite, ainda, serem considerados os efeitos de cada uma das unidades

agrupadas sobre a parcela fixa estimada. Por exemplo, podem-se observar na Tabela 7 as dez

unidades com maiores efeitos no sentido de reduzir a variável independente. Ou seja, são as

dez unidades cujas médias de conclusão de uma solicitação de laudo qualquer são menores,

desde que mantidas as demais condições.

Page 64: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

64

Também é possível fazer o mesmo quanto aos tipos de laudo. Na Tabela 8 observam-se os

tipos de laudo que provocam os maiores ou menores efeitos no resultado final do modelo, ou

seja, são os tipos de laudo que – mantidas as demais condições – são concluídos mais ou

menos rapidamente, em média.

A deviance do modelo nulo ficou em 340.529,00 e este valor será utilizado para comparação

com os demais modelos a serem gerados.

Tabela 6 – Variâncias no modelo nulo.

Variável (efeitos aleatórios) Variância % de participação

Título 0,661 28,4%

Unidade do laudo 0,138 5,9%

Perito 0,226 9,7%

Resíduo 1,302 55,9%

Tabela 7 – Dez menores efeitos aleatórios das unidades sobre o modelo nulo.

Unidade Efeito

Unidade 12 - 0,6175405

Unidade 52 - 0,6063257

Unidade 16 - 0,5300255

Unidade 53 - 0,4876606

Unidade 30 - 0,4704922

Unidade 6 - 0,4557012

Unidade 22 - 0,4210135

Unidade 2 - 0,4131862

Unidade 1 - 0,3236600

Tabela 8 – Efeito dos tipos de laudo sobre o modelo nulo.

Titulo abreviado (mais rápidos) Efeito Titulo abreviado (mais

demorados)

Efeito

PREL -2,60823 M_AMB 1,21988

MAT_VEG -1,39786 AVA_BENS 1,26260

LOC_INF -1,39163 DEMARC 1,51989

SUB -1,27091 ENG 1,67412

LES_CORP -1,23317 EMPR 1,80618

Page 65: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

65

4.2.2. Modelo com variáveis do perito

Concluída a primeira etapa, foi gerado então o Modelo 2 (Apêndice A), desta vez incluindo as

variáveis do nível do perito. É possível observar dos resultados obtidos que as variáveis

relativas à idade, tempo de serviço e nível de escolaridade, além do índice Herfindahl-

Hirschman relativo aos títulos, não apresentam significância ao nível de 5%. Ou seja, não se

pode rejeitar a hipótese de que o seu coeficiente seja zero.

A deviance deste modelo, de 340.487,36, é pouco menor do que a do modelo nulo, indicando

que não é significativamente melhor que aquele.

Partindo deste, foi deixada então apenas a variável relativa ao índice de Herfindahl-

Hirschman da área e desta vez foi gerado o Modelo 3 (Apêndice A), que apresenta um

coeficiente positivo para o índice, indicando que os peritos mais especializados (com índice

maior) tem um efeito positivo na variável dependente, ou seja, em média demoram mais para

concluir uma pendência.

Tabela 9 – Variância no Modelo 3.

Variável (efeitos aleatórios) Variância % de participação

Título 0,664 28,6%

Unidade do laudo 0,135 5,8%

Perito 0,219 9,4%

Resíduo 1,302 56,1%

Page 66: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

66

4.2.3. Modelo com variáveis da unidade

Partindo do Modelo 3 e inserindo como novas variáveis explicativas aquelas do nível da

unidade de produção (nível de pendências, quantidades produzidas ao longo do período e

efetivo da unidade dedicado ao trabalho naquele tipo de laudo), obtém-se o Modelo 4

(Apêndice A), representado de forma tabular e linear:

Tabela 10 – Modelo 4 na forma tabular.

ln_t Coef. p

HH_area 0,4754325 0,000

pend_un_laudo 0,0008382 0,000

qt_laudos_mesmo_tipo 0,0000851 0,000

ef_prod_mesmo_tipo -0,0072859 0,000

_cons 3,479482 0,000

Ou, na forma de equação:

(Equação 20)

Aqui é possível observar que o número total de pendências na unidade onde o laudo está

sendo feito aumenta o tempo para que um laudo qualquer seja concluído, bem como a

quantidade de laudos do mesmo tipo que são realizados naquela unidade.

Já o efetivo total que produz laudos do mesmo tipo tem um sinal negativo, ou seja, tende a

reduzir o tempo necessário à conclusão de uma determinada solicitação pericial.

Estes resultados confirmam que a capacidade de produção do sistema, no que tange ao

efetivo, precisa ser compatível com a demanda, para que os tempos de conclusão de uma

solicitação sejam baixos. Assim, além do investimento em equipamentos e laboratórios, é

patente a necessidade de pessoal para atender as demandas.

Por outro lado, é possível considerar que o resultado do coeficiente de quantidade de laudos

produzidos indica que unidades com muita produção podem estar gerando o efeito “moita”,

Page 67: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

67

como é comumente chamado no meio policial: o servidor acaba não produzindo tanto quanto

poderia, por estar “escondido” em meio a tantos outros, ao passo que, em pequenas unidades a

possibilidade de um mau desempenho ser identificado é maior.

O resultado sobre o nível de pendências quebra um mito existente no meio da criminalística: a

de que muitas pendências terminam por “pressionar” o perito a concluir rapidamente os

exames. O que o modelo demonstra é exatamente o oposto: quanto mais pendências uma

unidade tem, maior a tendência de que as pendências demorem. Acredita-se que isto ocorra

pela frequente necessidade de parar um trabalho para realizar outro, o que acaba reduzindo a

produtividade média.

A deviance deste modelo ficou em 340.154,22, valor que caiu em relação ao modelo nulo,

apesar de quase nenhuma redução na variância dos níveis, como se observa na Tabela 11.

Tabela 11 – Variância no Modelo 4 (Apêndice A).

Variável (efeitos aleatórios) Variância % de participação

Título 0,654 28,4%

Unidade do laudo 0,135 5,9%

Perito 0,216 9,4%

Resíduo 1,297 56,3%

Não havendo variáveis explicativas do nível do laudo além do seu próprio título, este foi

então o modelo adotado para a obtenção dos efeitos aleatórios, do qual foi possível então – da

mesma forma que fora feito no modelo nulo – observar a influência de cada um dos níveis

sobre a variável dependente, como pode ser observado em parte nas Tabelas 12 e 13.

Estes valores indicam o quão maior é o tempo necessário à conclusão de cada tipo de laudo,

lembrando que a variável dependente aqui é o logaritmo do tempo, ou seja, o efeito desses

valores é exponencial em relação ao tempo.

Assim, tomando como base unitária a solicitação que é entregue mais rapidamente, a de laudo

de exame preliminar de entorpecentes, é possível afirmar que, realizados pelo mesmo perito e

em um mesmo setor técnico-científico, um laudo merceológico demora cerca de 8,8 vezes

mais que o preliminar, ou um de engenharia 65,1 vezes mais.

Page 68: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

68

Tabela 12 – Efeitos aleatórios do título do laudo sobre a variável dependente no Modelo 4 –

Apêndice A.

Título do laudo Efeito sobre a

variável

dependente

Percentual em

relação ao

tempo médio3

EMPR 1,819592 517%

ENG 1,676383 435%

DEMARC 1,531269 362%

AVA_BENS 1,265633 255%

M_AMB 1,227202 241%

CONT 1,210814 236%

PAT_HIS 1,023301 178%

FIN 0,960161 161%

DAC 0,83677 131%

MIN 0,764806 115%

BEB 0,648413 91%

DOC_ML 0,515043 67%

BIOM 0,469994 60%

MAT_AV 0,469058 60%

SIS_INF 0,429862 54%

REP_SIM 0,418862 52%

EQP_EL 0,371707 45%

EQP_IMP 0,282834 33%

AGROT 0,191842 21%

EMB 0,178516 20%

MAQ_EQP 0,163738 18%

CAR_ID 0,13162 14%

COSM 0,093085 10%

PETR 0,070111 7%

ELE_MUN 0,056897 6%

DOC 0,035609 4%

EQP_COMP 0,030077 3%

VEG -0,00368 0%

COMB -0,0203 -2%

ANIM -0,02143 -2%

MAT_EXPL -0,07796 -8%

ALIM -0,08608 -8%

INS_TEL -0,09049 -9%

BLIND -0,15209 -14%

ACESS_ARMA -0,23194 -21%

MICR_BAL -0,23722 -21%

MAT -0,24209 -22%

3 Quão mais demorada é estimada a conclusão de um determinado tipo de laudo em relação ao tempo médio

previsto de conclusão de uma pendência qualquer.

Page 69: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

69

GEN -0,27476 -24%

MERC -0,31757 -27%

QUI_TOX -0,31821 -27%

MUN -0,3202 -27%

PROD_FARM -0,32857 -28%

AER -0,34163 -29%

PETR_FALS -0,34728 -29%

VEIC -0,35041 -30%

ARMA -0,4231 -34%

LOC -0,4617 -37%

VEST_BIO -0,5127 -40%

ARMA_BCA -0,53736 -42%

INT -0,65022 -48%

PAPEL -0,68218 -49%

MOE -0,81101 -56%

RES_MAT_SUP -1,02206 -64%

SUB -1,32582 -73%

LES_CORP -1,34721 -74%

MAT_VEG -1,39508 -75%

LOC_INF -1,44851 -77%

PREL -2,49435 -92%

(Continuação da Tabela 12)

Tabela 13 – Efeitos aleatórios da unidade sobre a variável dependente no Modelo 4 – Apêndice A.

Título do laudo Efeito sobre a

variável

dependente

Percentual em

relação ao

tempo médio4

Unidade 52 -0,63034 -47%

Unidade 12 -0,61218 -46%

Unidade 16 -0,52564 -41%

Unidade 53 -0,48408 -38%

Unidade 30 -0,47919 -38%

Unidade 22 -0,44605 -36%

Unidade 6 -0,43461 -35%

Unidade 2 -0,38703 -32%

Unidade 1 -0,37729 -31%

Unidade 39 -0,32512 -28%

Unidade 54 -0,28397 -25%

Unidade 50 -0,27489 -24%

Unidade 13 -0,25745 -23%

Unidade 9 -0,25065 -22%

4 Quão mais demorada é estimada a conclusão de um laudo em uma determinada unidade em relação ao tempo

médio previsto de conclusão em qualquer lugar do país.

Page 70: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

70

Unidade 14 -0,20045 -18%

Unidade 41 -0,18877 -17%

Unidade 20 -0,18149 -17%

Unidade 42 -0,15895 -15%

Unidade 35 -0,14619 -14%

Unidade 49 -0,12062 -11%

Unidade 21 -0,09361 -9%

Unidade 10 -0,07819 -8%

Unidade 7 -0,0655 -6%

Unidade 25 -0,05739 -6%

Unidade 37 -0,05044 -5%

Unidade 47 -0,05038 -5%

Unidade 44 -0,04289 -4%

Unidade 24 -0,036 -4%

Unidade 46 0,006562 1%

Unidade 27 0,012481 1%

Unidade 34 0,039456 4%

Unidade 23 0,04291 4%

Unidade 43 0,05129 5%

Unidade 31 0,073502 8%

Unidade 51 0,074058 8%

Unidade 8 0,082951 9%

Unidade 5 0,160015 17%

Unidade 4 0,177582 19%

Unidade 19 0,181786 20%

Unidade 32 0,183439 20%

Unidade 48 0,187252 21%

Unidade 38 0,25225 29%

Unidade 33 0,253711 29%

Unidade 28 0,2997 35%

Unidade 36 0,363491 44%

Unidade 29 0,393813 48%

Unidade 17 0,442268 56%

Unidade 18 0,445346 56%

Unidade 45 0,457691 58%

Unidade 11 0,498303 65%

Unidade 15 0,523457 69%

Unidade 26 0,660611 94%

Unidade 3 0,663516 94%

Unidade 40 0,711945 104%

(Continuação da Tabela 13)

Page 71: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

71

5. CONCLUSÃO

A sociedade já não permite a falta de eficiência na aplicação dos recursos públicos, em

especial na área da segurança pública, tão combalida. Como parte inseparável do combate à

criminalidade, a Criminalística não pode fugir dessa máxima.

Para atingir essa máxima eficiência é necessário cada vez mais critérios objetivos que

permitam ao gestor tomar as melhores decisões, evitando o desperdício de recursos e

consequentes questionamentos futuros.

Com a finalidade de dar mais subsídios decisórios aos gestores, este trabalho objetivava

propor um modelo que permitisse a previsão do tempo necessário à conclusão de uma

solicitação pericial dentro do Departamento de Polícia Federal, mediante a decomposição da

variabilidade desse tempo em certas determinantes, analisando o impacto destas naquele.

Desse resultado seria possível propor indicadores de desempenho com base nesse tempo

previsto.

5.1. Resultados obtidos

Os estudos aqui realizados demonstraram a relação existente entre o tempo necessário para

concluir uma determinada demanda de laudo pericial criminal e o tipo de demanda, o local

onde é realizado e o servidor designado para tal trabalho. Os modelos desenvolvidos

demonstram ainda existir uma parcela da variação do tempo que é devida a outros fatores,

que, porém, não foram objeto do presente estudo.

Os modelos demonstraram também que dentre os fatores estudados (o laudo, o servidor e o

local), o que apresenta maior influência sobre a variabilidade do tempo é o próprio laudo

(com 28,4% de explicação da variabilidade), seguido pelo servidor (9,4%) e pelo local

(5,9%).

Page 72: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

72

A elevada influência da variabilidade do tempo devido às características do próprio laudo nos

indica a existência de laudos mais e menos complexos e reafirma a necessidade de melhor

detalhar essas características, visto que as informações existentes atualmente só permitem

uma classificação – por títulos, sem qualquer variável explicativa. O acréscimo de

informações detalhadas sobre o laudo pode permitir melhor entendimento dessa influência.

No momento, porém, este resultado nos permite concluir a importância dos gestores

distribuírem de forma mais equitativa os trabalhos a serem realizados, tendo em vista que a

diferença de complexidade devida ao tipo de laudo, se já era implicitamente observada, agora

ficou patente e pode ser medida de forma mais objetiva.

O peso do servidor na variabilidade do tempo de laudo também é significativo, porém não foi

explicado pelas variáveis estudadas – ocupação ou não de cargo de chefia, idade, tempo de

serviço no órgão e nível de estudos formais.

Foram observados indícios de que peritos mais especializados em determinados tipos de laudo

tendem a demorar mais para concluir uma pendência, o que é coerente com a teoria de

Mintzberg a respeito das organizações descentralizadas.

A não influência das variáveis idade e tempo de serviço desmistifica um tabu interno: aquele

em que se afirma que os policiais deixam de ser produtivos ao longo de sua vida profissional,

por acomodação ou por outros fatores.

Aqui se observa que os peritos em fim de carreira são tão produtivos quanto os recém-

ingressos, o que é esperado numa organização profissional. Para manter esta tendência,

porém, a teoria nos indica a necessidade de incentivar a participação dos servidores em todos

os níveis decisórios, bem como reconhecer o valor de sua participação. Este é um desafio que

se põe aos atuais e futuros gestores.

Quanto ao nível de estudos formais, pode-se afirmar que sua não influência se deve ao fato de

que a perícia aplica técnicas já consagradas pela ciência, não sendo necessário – via de regra –

o desenvolvimento de novas teorias para solucionar os problemas do dia-a-dia. Apenas uma

unidade de perícia, a central, tem atribuições específicas de desenvolvimento de pesquisas.

Page 73: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

73

Portanto, pós-graduações, mestrados e doutorados não influenciam de forma significativa no

tempo para concluir uma solicitação pericial.

Tais níveis de conhecimento, porém, podem ser importantes para a redução gradual do tempo

médio de atendimento através do desenvolvimento de novas técnicas e teorias.

O resultado ainda nos indica que outras variáveis ligadas ao servidor podem ser importantes,

tais como educação não formal e cursos de formação específica. Assim, o investimento em

capacitação do servidor, tais como seminários e cursos de curta duração, pode trazer

resultados significativos em termos de redução dos prazos para atendimento das pendências.

A menor das influências estudadas, aquela relativa ao local onde o trabalho é realizado,

responde por apenas 5,9% da variabilidade do tempo, porém apresenta diversas variáveis

significativas: nível de pendências, efetivo envolvido no trabalho e quantidade de laudos

elaborados no local.

Do ponto de vista gerencial esta é a área de influência em que os gestores têm uma

possibilidade de atuação mais rápida, visto que se trata de trabalhar sobre o nível de

pendências e o efetivo da unidade.

Os resultados nos indicam que quanto mais pendências, maior o tempo médio para conclusão

de uma solicitação específica. Assim, ações como forças-tarefa para redução maciça do nível

de pendências de determinados setores podem trazer resultado efetivo na redução do tempo

médio de atendimento, permitindo que após a missão a média seja mantida baixa. A gestão do

efetivo de servidores dedicados à elaboração de laudos específicos também pode ser eficaz na

redução desse tempo médio.

Os modelos desenvolvidos permitiram ainda propor três diferentes indicadores de

desempenho (Apêndice C) baseados nas respostas do modelo, quais sejam:

Índice de celeridade do laudo;

Índice de efetividade da unidade;

Índice de efetividade do perito.

Page 74: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

74

Tais indicadores, por sua fácil mensuração e compreensão, permitem uma comparação intra-

organizacional entre passado e presente, bem como permitem o estabelecimento de metas a

serem alcançadas pelas unidades e servidores.

Essa base comparativa fornecida pelos indicadores não pode, porém, ser um fim em si mesma.

Coadunando com a teoria, o uso destes indicadores na gestão dos serviços da criminalística

pode auxiliar o gestor a identificar problemas e tomar decisões e atitudes para sua melhoria.

Se simplesmente divulgados ou acompanhados sem ações efetivas, estudos já indicaram que a

influência nos resultados será pouca ou nenhuma.

A teoria nos aponta, ainda, que os indicadores não devem ser utilizados, isoladamente ou em

conjunto, como único fator decisório. É sempre necessário examinar de forma criteriosa todos

os fatores que levaram a um bom ou mau desempenho que possa eventualmente ter sido

apresentado pelo indicador.

5.2. Limitações do estudo

O estudo aqui apresentado foi realizado de forma simplificada, pois o modelo ideal deveria

levar em consideração o fato de que um laudo pode ser feito em unidade x da federação, para

atender uma solicitação da unidade y, por um servidor lotado na unidade z, mas que à época

dos exames encontrava-se lotado na unidade w.

Para resolver este problema seria necessário lançar mão de um modelo de filiação múltipla.

Não havia, porém, disponibilidade de equipamentos e programas computacionais adequados

para a sua implementação. Os dados existentes também se mostraram insuficientes para a

construção de um modelo tão completo.

Assim, adotou-se o modelo de classificação cruzada, limitando a análise a laudos que foram

elaborados na mesma unidade de lotação atual do servidor, evitando a filiação múltipla.

Page 75: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

75

5.3. Sugestões de estudos futuros

Este estudo revelou algumas possibilidades de desenvolvimento futuro da área, que aqui se

deixa como sugestões de estudo, bem como de modificações na área de banco de dados do

DPF:

Identificar que fatores, além do local, tipo de laudo e servidor, seriam

responsáveis pela variação do tempo de conclusão de uma solicitação

pericial. Estes outros fatores respondem por mais de 50% da variação do

tempo da conclusão da solicitação e não foram identificados neste estudo;

Aumentar a quantidade de informações coletadas nos sistemas

informatizados que gerenciam os laudos periciais, de forma a permitir

elaborar um modelo mais completo e que melhor explique o fenômeno

estudado. Estas informações permitiriam, por exemplo, um estudo de

filiação múltipla para os casos de laudos que foram registrados em locais

diferentes da lotação atual do perito;

Estudar as características do laudo pericial que permitam melhor entender

sua influência – dentre os níveis analisados é o que tem maior influência

sobre a variação do tempo, mas nos bancos de dados existentes não há

informações que permita entender melhor essa influência;

Estudar a influência de outras variáveis associadas ao perito, tais como:

experiência na área do laudo elaborado e quantidade de cursos de curta

duração relacionados com a área do laudo, informações também

indisponíveis na base de dados utilizada;

Adicionar ao modelo variáveis físicas do local de elaboração do laudo: área

total disponível, equipamentos disponíveis, área de laboratórios, dentre

outras;

Estudar eventual diferença de nível de produtividade em relação aos locais

considerados de difícil provimento pelo próprio DPF;

Estudar a influência dos pós-graduados no desenvolvimento de novas

técnicas de análise pericial que impliquem na redução de tempos em longo

prazo;

Page 76: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

76

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 81: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

81

ANEXO A – Títulos e subtítulos de laudos periciais utilizados na Polícia Federal

1. ÁREA DE PERÍCIAS CONTÁBEIS E

ECONÔMICAS

1.1. Laudo de Exame Contábil

1.1.1. Contabilidade

Societária

1.1.2. Entidade Pública

1.1.3. Fiscal

1.1.4. Instituição Financeira

1.1.5. Previdenciário

1.2. Laudo de Exame Financeiro

1.2.1. Evolução Patrimonial

1.2.2. Mercado de Capitais

1.2.3. Movimentação

Financeira

2. ÁREA DE PERÍCIAS DE

AUDIOVISUAL E

ELETROELETRÔNICOS

2.1. Laudo de Exame de

Equipamento Eletroeletrônico

2.1.1. Audiovisual

2.1.2. Circuito Eletrônico

com Memória

2.1.3. Difusão de Som e de

Imagem

2.1.4. Radiocomunicação

2.1.5. Telemática

2.2. Laudo de Exame de Instalação

de Telecomunicação

2.3. Laudo de Exame de Material

de Audiovisual

2.3.1. Análise de Conteúdo

2.3.2. Verificação de Edição

2.3.3. Verificação de

Locutor

2.3.4. Verificação de Edição

com Análise de Conteúdo

2.3.5. Verificação de

Locutor com análise de

Conteúdo

2.3.6. Verificação de

Locutor e de Edição

2.3.7. Verificação de

Locutor e de Edição com

Análise de Conteúdo

3. ÁREA DE PERÍCIAS DE

ENGENHARIA

3.1. Laudo de Avaliação de Bens

3.1.1. Imóvel Rural

3.1.2. Imóvel Urbano

3.1.3. Joia

3.2. Laudo de Exame de

Demarcação de Terra

3.3. Laudo de Exame de

Empreendimento

3.3.1. Agrícola

3.3.2. Agroindustrial

3.3.3. Agropecuário

3.3.4. Florestal

3.3.5. Industrial

3.4. Laudo de Exame de Máquinas

e Equipamentos

3.5. Laudo de Exame de Obra de

Engenharia

3.5.1. Abastecimento

d'Água

3.5.2. Aeródromo

3.5.3. Análise de Projeto

3.5.4. Barragem

3.5.5. Confrontação Físico-

Financeira

3.5.6. Distribuição de

Energia Elétrica

3.5.7. Drenagem

3.5.8. Edificação

3.5.9. Estrada

3.5.10. Indústria

3.5.11. Instalação Predial

3.5.12. Obra de Arte

3.5.13. Obra de terra

3.5.14. Pavimentação

3.5.15. Portuária

3.5.16. Sistema de Esgoto

Page 82: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

82

3.5.17. Sistema de Irrigação

3.5.18. Transmissão de

Energia Elétrica

3.5.19. Usina

4. ÁREA DE PERÍCIAS DE

INFORMÁTICA

4.1. Laudo de Exame da Internet

4.1.1. Correio Eletrônico

4.1.2. Fluxo de Dados

4.1.3. Registro Histórico

4.1.4. Sítio

4.2. Laudo de Exame de

Dispositivo de Armazenamento

Computacional

4.2.1. Cartão de Memória

4.2.2. CD

4.2.3. Disquete

4.2.4. DVD

4.2.5. Fita Magnética

4.2.6. HD

4.2.7. Pen Drive

4.3. Laudo de Exame de

Equipamento Computacional

4.3.1. Agenda Eletrônica

4.3.2. Computador

4.3.3. Máquina Eletrônica

Programável

4.3.4. Periférico

4.3.5. Personal Digital

Assistant – PDA

4.3.6. Telefone Celular

4.4. Laudo de Exame de Local de

Informática

4.5. Laudo de Exame de Sistema

Informatizado

4.5.1. Ambiente

Computacional

4.5.2. Aplicativo

4.5.3. Fluxo de Dados

4.5.4. Registro Histórico

5. ÁREA DE PERÍCIAS DE

LABORATÓRIO

5.1. Laudo de Exame de

Agrotóxico

5.2. Laudo de Exame de Bebida

5.3. Laudo de Exame de

Combustível

5.4. Laudo de Exame de Material

5.4.1. Exame

Residuográfico

5.5. Laudo de Exame de Material

Explosivo

5.5.1. Produto Comercial

5.5.2. Resíduo de Explosão

5.6. Laudo de Exame de Material

de Incêndio

5.7. Laudo de Exame de Material

Vegetal

5.7.1. Folha de Coca

5.7.2. Haxixe

5.7.3. Maconha

5.7.4. Papoula

5.8. Laudo de Exame de Produto

Alimentício

5.9. Laudo de Exame de Produto

Cosmético

5.10. Laudo de Exame de Produto

Farmacêutico

5.11. Laudo de Exame de Resíduo

de Substância em Material Suporte

5.12. Laudo de Exame de

Substância

5.12.1. Cloreto de Etila

5.12.2. Cocaína

5.12.3. Heroína

5.12.4. LSD

5.12.5. MDMA

5.13. Laudo de Exame de Vestígio

Biológico

5.13.1. Esperma

5.13.2. Saliva

5.13.3. Sangue

5.13.4. Pelo

5.14. Laudo de Exame Químico-

Toxicológico

5.15. Laudo Preliminar de

Constatação

6. ÁREA DE PERÍCIAS DE LOCAL DE

CRIME

6.1. Laudo de Exame de Local

6.1.1. Acidente de Tráfego

6.1.2. Arrombamento

6.1.3. Constatação de Dano

6.1.4. Disparo de Arma de

Fogo

6.1.5. Explosão

6.1.6. Incêndio

Page 83: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

83

6.1.7. Laboratório

Clandestino

6.1.8. Morte

6.1.9. Morte violenta

6.1.10. Ocupação de Área

6.2. Laudo de Exame

Perinecroscópico

6.3. Laudo de Exame de

Reprodução Simulada

7. ÁREA DE PERÍCIAS DE MEIO

AMBIENTE

7.1. Laudo de Exame de Animal

7.2. Laudo de Exame de Meio

Ambiente

7.2.1. Análise de

Licenciamento de Atividade

7.2.2. Cavidade Natural

Subterrânea

7.2.3. Constatação de

Reparação de Dano

Ambiental

7.2.4. Corpo d´Água

7.2.5. Dano à fauna

7.2.6. Dano à Flora

7.2.7. Desflorestamento

7.2.8. Erosão

7.2.9. Extração Mineral

7.2.10. Incêndio Florestal

7.2.11. Monumento Natural

7.2.12. Ocupação em Área

Protegida

7.2.13. Poluição

7.2.14. Sítio Paleontológico

7.2.15. Uso do Solo

7.2.16. Valoração de Dano

7.3. Laudo de Exame de Minerais

7.3.1. Fóssil

7.3.2. Gema

7.3.3. Minério

7.3.4. Rocha

7.3.5. Solo

7.4. Laudo de Exame de Petrecho

7.4.1. Caça

7.4.2. Pesca

7.5. Laudo de Exame de Vegetal

8. ÁREA DE PERÍCIAS DE

PATRIMÔNIO HISTÓRICO,

ARTÍSTICO E

CULTURAL

8.1. Laudo de Exame de Patrimônio

Histórico, Artístico e Cultural

8.1.1. Edificação

8.1.2. Obra de Arte

8.1.3. Peça Arqueológica

8.1.4. Peça Sacra

8.1.5. Sítio Arqueológico

8.1.6. Sítio Urbano

9. ÁREA DE PERÍCIAS DE VEÍCULOS

9.1. Laudo de Exame de Aeronave

9.2. Laudo de Exame de

Embarcação

9.3. Laudo de Exame de Veículo

Terrestre

10. ÁREA DE PERÍCIAS

DOCUMENTOSCÓPICAS

10.1. Laudo de Exame de

Equipamento de impressão

10.2. Laudo de Exame de Moeda

10.2.1. Cédula

10.2.2. Moeda Metálica

10.3. Laudo de Exame de Papel

10.4. Laudo de Exame de Petrecho

de Falsificação Documental

10.5. Laudo de Exame

Documentoscópico

10.5.1. Alteração

Documental

10.5.2. Autenticidade

Documental

10.5.3. Cruzamento de

Traços

10.5.4. Grafoscópico

10.5.5. Idade de Documento

10.5.6. Idade de Tinta

10.5.7. Mecanográfico

11. ÁREA DE PERÍCIAS DE

BIOMETRIA FORENSE

11.1. Laudo de Exame Biométrico

11.1.1. Reconhecimento

Facial

11.1.2. Impressão Digital

11.1.3. Arcada Dentária

12. ÁREA DE PERÍCIAS

MERCEOLÓGICAS

Page 84: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

84

12.1. Laudo de Exame

Merceológico

12.1.1. Avaliação Direta

12.1.2. Avaliação Direta e

Indireta

12.1.3. Avaliação indireta

13. ÁREA DE PERÍCIAS DE

BALÍSTICA FORENSE

13.1. Laudo de Confronto de

Microimpressões

13.2. Laudo de Confronto

Microbalístico

13.3. Laudo de Exame de Acessório

de Arma de Fogo

13.4. Laudo de Exame de Arma

Branca

13.5. Laudo de Exame de Arma de

Fogo

13.6. Laudo de Exame de

Blindagem Balística

13.7. Laudo de Exame de Elemento

de Munição

13.8. Laudo de Exame de Munição

14. ÁREA DE PERÍCIAS DE GENÉTICA

FORENSE

14.1. Laudo de Exame Genético

14.1.1. Identificação

Genética

14.1.2. Vínculo Genético

14.1.3. Determinação de

Espécie

15. ÁREA DE PERÍCIAS EM BOMBAS

E EXPLOSIVOS

15.1. Laudo de Exame de

Simulacro de Artefato Explosivo

15.2. Laudo de Exame de Pós-

Explosão

16. ÁREA DE PERÍCIAS DE MEDICINA

LEGAL

16.1. Laudo de Exame

Necroscópico

16.2. Laudo de Exame de Lesões

Corporais

Page 85: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

85

APÊNDICE A – Modelos gerados

Modelo 1

. xtmixed ln_t||_all:R.titulo|| un_laudo:|| id_perito:, mle var

Iteration 0: log likelihood = -170264,5

Iteration 1: log likelihood = -170264,5

Mixed-effects ML regression Number of obs = 108880

-----------------------------------------------------------

| No, of Observations per Group

Group Variable | Groups Minimum Average Maximum

----------------+------------------------------------------

_all | 1 108880 108880,0 108880

un_laudo | 54 88 2016,3 11750

id_perito | 880 10 123,7 663

-----------------------------------------------------------

Log likelihood = -170264,5 Prob > chi2 = ,

------------------------------------------------------------------------------

ln_t | Coef. Std. Err. z P>|z| [95% Conf. Interval]

-------------+----------------------------------------------------------------

_cons | 3,776826 ,1220682 30,94 0,000 3,537577 4,016075

------------------------------------------------------------------------------

Random-effects Parameters | Estimate Std. Err. [95% Conf. Interval]

-----------------------------+------------------------------------------------

_all: Identity |

var(R,titulo) | ,6607656 ,1256625 ,4551645 ,9592383

-----------------------------+------------------------------------------------

un_laudo: Identity |

var(_cons) | ,1383942 ,0326756 ,0871253 ,2198321

-----------------------------+------------------------------------------------

id_perito: Identity |

var(_cons) | ,2261643 ,0123578 ,2031953 ,2517296

-----------------------------+------------------------------------------------

var(Residual) | 1,30161 ,0056033 1,290674 1,312638

------------------------------------------------------------------------------

LR test vs. linear regression: chi2(3) = 56843,43 Prob > chi2 = 0,0000

Page 86: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

86

Modelo 2

. xtmixed ln_t idade t_posse HH_Area HH_titulo soma_hh mult_hh mest dout posd grad||_all:R.titulo|| un_laudo:||

id_perito:, mle var

Log likelihood = -170243,68 Prob > chi2 = 0,0000

------------------------------------------------------------------------------

ln_t | Coef. Std. Err. z P>|z| [95% Conf. Interval]

-------------+----------------------------------------------------------------

idade | -,0029515 ,0029234 -1,01 0,313 -,0086813 ,0027783

t_posse | ,0037931 ,0056314 0,67 0,501 -,0072444 ,0148305

HH_area | ,8123119 ,3665811 2,22 0,027 ,0938261 1,530798

HH_titulo | -,4315204 ,3779228 -1,14 0,254 -1,172236 ,3091947

soma_hh | 0 (omitted)

mult_hh | -,1540949 ,5273902 -0,29 0,770 -1,187761 ,8795708

mest | ,0103031 ,0420487 0,25 0,806 -,0721109 ,0927171

dout | -,0326465 ,0730016 -0,45 0,655 -,175727 ,110434

posd | ,4058555 ,2815488 1,44 0,149 -,1459701 ,9576811

grad | 0 (omitted)

_cons | 3,653161 ,2798966 13,05 0,000 3,104574 4,201748

------------------------------------------------------------------------------

Random-effects Parameters | Estimate Std. Err. [95% Conf. Interval]

-----------------------------+------------------------------------------------

_all: Identity |

var(R,titulo) | ,6654482 ,1265627 ,4583769 ,9660636

-----------------------------+------------------------------------------------

un_laudo: Identity |

var(_cons) | ,137175 ,0323824 ,0863645 ,2178789

-----------------------------+------------------------------------------------

id_perito: Identity |

var(_cons) | ,2149014 ,0117562 ,1930519 ,2392239

-----------------------------+------------------------------------------------

var(Residual) | 1,301576 ,005603 1,29064 1,312604

------------------------------------------------------------------------------

LR test vs. linear regression: chi2(3) = 51602,18 Prob > chi2 = 0,0000

Page 87: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

87

Modelo 3

. xtmixed ln_t HH_Area ||_all:R.titulo|| un_laudo:|| id_perito:, mle var

Wald chi2(1) = 27,63

Log likelihood = -170250,88 Prob > chi2 = 0,0000

------------------------------------------------------------------------------

ln_t | Coef. Std. Err. z P>|z| [95% Conf. Interval]

-------------+----------------------------------------------------------------

HH_Area | ,4907811 ,0933716 5,26 0,000 ,3077762 ,673786

_cons | 3,476633 ,1347107 25,81 0,000 3,212604 3,740661

------------------------------------------------------------------------------

Random-effects Parameters | Estimate Std. Err. [95% Conf. Interval]

-----------------------------+------------------------------------------------

_all: Identity |

var(R,titulo) | ,6641744 ,0775035 ,6763818 ,981952

-----------------------------+------------------------------------------------

un_laudo: Identity |

var(_cons) | ,135137 ,0436968 ,2912107 ,4640525

-----------------------------+------------------------------------------------

id_perito: Identity |

var(_cons) | ,2189096 ,0127981 ,4434545 ,4936461

-----------------------------+------------------------------------------------

var(Residual) | 1,301589 ,0024556 1,136069 1,145695

------------------------------------------------------------------------------

LR test vs. linear regression: chi2(3) = 55034,29 Prob > chi2 = 0,0000

Page 88: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

88

Modelo 4

. xtmixed ln_t HH_area pend_un_laudo qt_laudos_mesmo_tit_mesma_un ef_prod_mesmo_laudo_un_laudo || all:R.titulo ||

un_laudo: || perito:, mle var

Wald chi2(4) = 376.01

Log likelihood = -170077.11 Prob > chi2 = 0.0000

----------------------------------------------------------------------------------------------

ln_t | Coef. Std. Err. z P>|z| [95% Conf. Interval]

-----------------------------+----------------------------------------------------------------

HH_area | .4754325 .0929123 5.12 0.000 .2933277 .6575373

pend_un_laudo | .0008382 .0000719 11.67 0.000 .0006974 .000979

qt_laudos_mesmo_tit_mesma_un | .0000851 8.56e-06 9.95 0.000 .0000684 .0001019

ef_prod_mesmo_laudo_un_laudo | -.0072859 .0006628 -10.99 0.000 -.008585 -.0059868

_cons | 3.479482 .1339886 25.97 0.000 3.21687 3.742095

----------------------------------------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------------------------

Random-effects Parameters | Estimate Std. Err. [95% Conf. Interval]

-----------------------------+------------------------------------------------

_all: Identity |

var(R.titulo) | .6549475 .1247938 .4508358 .9514688

-----------------------------+------------------------------------------------

un_laudo: Identity |

var(_cons) | .1351732 .0320348 .08495 .2150886

-----------------------------+------------------------------------------------

perito: Identity |

var(_cons) | .2163829 .0118708 .1943237 .2409462

-----------------------------+------------------------------------------------

var(Residual) | 1.297524 .0055857 1.286622 1.308518

------------------------------------------------------------------------------

LR test vs. linear regression: chi2(3) = 50513.41 Prob > chi2 = 0.0000

Page 89: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

89

APÊNDICE B – Abreviações de títulos de laudo utilizadas no trabalho

Tabela 14 – Abreviações de títulos de laudos.

Título do laudo Abreviação adotada

Laudo de Exame de Material de Audiovisual MAT_AV

Laudo de Exame de Equipamento Eletroeletrônico EQP_EL

Laudo de Exame de Obra de Engenharia ENG

Laudo de Exame Merceológico MERC

Laudo Preliminar de Constatação PREL

Laudo de Exame de Equipamento Computacional EQP_COMP

Laudo de Exame de Dispositivo de Armazenamento Computacional DAC

Laudo de Exame Financeiro FIN

Laudo de Exame Contábil CONT

Laudo de Exame Genético GEN

Laudo de Exame de Material Vegetal MAT_VEG

Laudo de Exame de Local LOC

Laudo de Exame de Veículo Terrestre VEIC

Laudo de Exame de Moeda MOE

Laudo de Exame Documentoscópico DOC

Laudo de Exame da Internet INT

Laudo de Exame de Meio Ambiente M_AMB

Laudo de Exame de Material MAT

Laudo de Exame de Substância SUB

Laudo de Avaliação de Bens AVA_BENS

Laudo de Exame de Minerais MIN

Laudo de Exame de Arma de Fogo ARMA

Laudo de Exame de Instalação de Telecomunicação INS_TEL

Laudo de Exame em Cartão de Identificação CAR_ID

Laudo de Exame de Vegetal VEG

Laudo de Exame Químico-Toxicológico QUI_TOX

Laudo de Exame de Empreendimento EMPR

Laudo de Exame de Animal ANIM

Laudo de Exame em Documentos Médico-Legais DOC_ML

Laudo de Exame de Lesões Corporais LES_CORP

Laudo de Confronto Microbalístico MICR_BAL

Laudo de Exame de Resíduo de Substância em Material Suporte RES_MAT_SUP

Laudo de Exame de Equipamento de Impressão EQP_IMP

Laudo de Exame de Máquinas e Equipamentos MAQ_EQP

Laudo de Exame de Local de Informática LOC_INF

Laudo de Exame de Produto Farmacêutico PROD_FARM

Laudo de Exame de Petrecho PETR

Laudo de Exame de Munição MUN

Laudo de Exame de Acessório de Arma de Fogo ACESS_ARMA

Laudo de Exame de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural PAT_HIS

Laudo de Exame de Aeronave AER

Laudo de Exame de Demarcação de Terra DEMARC

Laudo de Exame de Papel PAPEL

Laudo de Exame de Arma Branca ARMA_BCA

Laudo de Exame de Sistema Informatizado SIS_INF

Laudo de Exame de Produto Alimentício ALIM

Page 90: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

90

Título do laudo Abreviação adotada

Laudo de Exame de Agrotóxico AGROT

Laudo de Exame Biométrico BIOM

Laudo de Exame de Vestígio Biológico VEST_BIO

Laudo de Exame de Embarcação EMB

Laudo de Exame de Blindagem Balística BLIND

Laudo de Exame de Reprodução Simulada REP_SIM

Laudo de Exame de Elemento de Munição ELE_MUN

Laudo de Exame de Elemento de Material Explosivo MAT_EXPL

Laudo de Exame de Bebida BEB

Laudo de Exame de Combustível COMB

Laudo de Exame de Petrecho de Falsificação Documental PETR_FALS

Laudo de Exame de Produto Cosmético COSM

(Continuação da Tabela 14)

Page 91: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

91

APÊNDICE C – Proposta de indicadores

A partir do momento em que uma solicitação de laudo pericial dá entrada no sistema de

Criminalística do Departamento de Polícia Federal, a informação mais importante para o

cliente, seja ele o Ministério Público, o Judiciário ou até mesmo outro servidor do

Departamento de Polícia Federal, é saber em qual prazo receberá o produto solicitado.

Se for considerado que o insumo mais caro de todo o processo de elaboração de um laudo

pericial é o servidor, o acompanhamento desses prazos permite dar um passo na melhoria da

eficiência do processo, deixando de lado o mero acompanhamento da eficácia e passando para

uma avaliação de desempenho mais aprofundada.

Assim, considera-se ser de vital importância acompanhar quantos laudos são concluídos

dentro do prazo previsto. Em qualquer caso, é um adicional saber em que medida a solicitação

extrapolou ou foi mais rápida que o previsto.

Isto permite identificar onde trabalhar no sentido de reduzir prazos e custos. Estes indicadores

permitiriam ainda um melhor dimensionamento da força de trabalho necessária nos quadros

do Departamento de Polícia Federal.

Até a presente data não havia uma estimativa científica dos prazos de conclusão de uma

solicitação pericial. Todas as estimativas feitas até então se baseavam única e exclusivamente

na experiência dos servidores mais antigos. Como tal, essas estimativas variavam muito de

servidor para servidor, de forma que era inviável o cálculo de índices de desempenho que

levassem em consideração esses prazos.

O modelo aqui desenvolvido permite realizar esta estimativa sem os vieses pessoais daqueles

que trabalham na área. Agora, dadas as condicionantes O QUE, ONDE e QUEM, é possível

estimar em quanto tempo se espera que determinada solicitação seja concluída.

A partir dessa expectativa, é possível então começar a estudar os seus desviantes. Quais

unidades ou servidores cumprem ou deixam de cumprir as expectativas? Que medidas tomar

para que passem a cumpri-las?

Page 92: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

92

É com esta base que serão propostos nesta seção três indicadores de desempenho, sendo um

para cada nível analisado.

C.1 - Índice de celeridade do laudo

Considerando-se como sendo o tempo médio previsto pelo modelo para a conclusão

de um determinado laudo, dadas suas características (que tipo, onde e quem o fará); e o

tempo em que efetivamente o laudo foi concluído, pode-se definir o índice de celeridade do

laudo como sendo:

(Equação 21)

Este índice, adimensional, atende as recomendações da literatura (simplicidade, fácil

mensuração e compreensão, dentre outras) e representa o percentual a mais ou a menos da

média que um determinado laudo demorou para ser concluído.

Um índice de 100% significa que o laudo foi entregue exatamente no tempo médio previsto.

Acima de 100%, o laudo foi entregue mais rápido que o tempo médio previsto. Abaixo de

100%, o laudo demorou mais que o tempo médio para conclusão.

A identificação de um excesso de laudos com baixos índices de celeridade pode ser um

indício de problemas a ser corrigidos pela administração: aumento do nível de dificuldade de

um determinado tipo de laudo; falta de equipamento; falta de treinamento de pessoal; excesso

de tarefas não ligadas à atividade-fim, dentre outras.

Por outro lado, ao identificar uma quantidade muito grande de laudos sendo executados

demasiadamente rápido, a administração pode ser levada a verificar a qualidade do produto

que está sendo oferecido ou mesmo realizar novos estudos com o fim de identificar se, por

Page 93: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

93

alguma inovação técnica ou tecnológica adotada, os tempos médios para conclusão de

determinado tipo de exame já são inferiores aos utilizados como base.

C.2 – Índice de efetividade da unidade

Definido índice de celeridade do laudo, pode-se definir a efetividade da unidade como sendo

o percentual de laudos concluídos dentro do prazo médio previsto pelo modelo, um índice

também adimensional que varia de zero a um. Matematicamente:

(Equação 22)

Este índice permitiria identificar as unidades com maiores problemas para concluir as suas

solicitações dentro dos prazos médios, o que pode disparar diversas ações por parte dos

gestores: aquisição de equipamentos; realização de novos concursos para suprir uma carência

de pessoal; realizar movimentações de pessoal para atender – de forma temporária ou

definitiva – as carências daquelas unidades identificadas.

O índice permitiria também criar uma competição saudável entre as unidades, onde cada uma

buscaria ser a mais regular e que melhor cumpre seus prazos. Tal competição certamente trará

benefícios à população, que contará com procedimentos policiais mais céleres.

As unidades excepcionalmente rápidas também despertarão interesse dos gestores, visto que –

tal qual o índice de celeridade do laudo – tal fato pode indicar uma queda do nível de

qualidade dos laudos gerados.

Page 94: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

94

C.3 – Índice de efetividade do perito

Primeiramente pode-se pensar num índice de efetividade do perito similar ao proposto para a

unidade: a proporção de laudos entregues nos prazos previstos.

Porém, se tal índice para a unidade tem uma significância enorme, para o perito pode não o

ter, dada sua especialização. Ou seja, a unidade faz laudos de todos os tipos, já o perito tende

a fazer uma miríade menor de laudos. Assim, um perito pode – em um determinado período –

estar dedicado a uns poucos laudos altamente complexos e, ao não entregá-los nos prazos

previstos pelo modelo – seria penalizado com um baixo índice.

Há, portanto, que se levar em consideração a complexidade do laudo. Aqui é possível

representar tal complexidade pelo tempo previsto para aquele laudo. O somatório dos tempos

previstos para todos os laudos feitos por um determinado perito pode, assim, dar uma boa

ideia da complexidade total envolvida.

A celeridade com que os laudos foram concluídos também nos parece importante entrar no

cálculo do índice, porém na forma de uma celeridade média obtida pelo perito.

Utilizando-se das definições anteriores, passa-se a definir o índice de efetividade do perito

como sendo:

(Equação 23)

Este índice, sem dimensão definida, leva em consideração a quantidade de laudos entregues

no prazo, o índice médio de celeridade dos laudos por ele elaborados e o total de tempo

previsto para a realização dos laudos. Ou seja, com o uso desta formulação, terão índices

maiores aqueles servidores que realizam mais trabalho e de forma mais rápida e dentro dos

prazos previstos.

A transformação logarítmica tem como objetivo simplesmente evitar números extremamente

grandes, o que seria ruim para fins de visualização do índice.

Page 95: fernando fernandes de lima determinantes do desempenho em

95

O uso deste índice na gestão de pessoal permite acender um sinal vermelho em situações

diversas: servidores com índice alto merecem destaque entre seus pares, porém ao mesmo

tempo inspiram cuidados dos seus chefes, visto que este índice inchado pode ser causado por

serviços elaborados apenas de forma a cumprir os prazos, porém sem o nível de qualidade

esperado.

O mesmo vale para os servidores com índices mais baixos. Ao mesmo tempo em que o índice

pode servir como um motivo para melhoria do seu trabalho, os superiores hierárquicos destes

servidores devem observar com cuidado o que motivou o baixo valor. Foi a pouca produção?

Ou a quantidade de laudos entregues fora do prazo? Mesmo que a esta quantidade não seja

significativa, o quanto atrasaram?

Diante das respostas a estes questionamentos poderá o gestor tomar providências para

assegurar que o servidor melhore seu desempenho.