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Fernando César Rodrigues Brito Marta da Rocha Moreira

Vanessa Duarte de Morais (Organizadores)

Tópicos em nutrição clínica e funcional

1ª Edição

Fortaleza – Ceará

2017

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Copyright 2017. Fernando César Rodrigues Brito, Marta da Rocha

Moreira, Vanessa Duarte de Morais (Organizadores)

Revisão Ortográfica Janete Pereira do Amaral Normalização e Padronização Luiza Helena de Jesus Barbosa - CRB-3/830 Capa Janete Pereira do Amaral Programação Visual e Diagramação Janete Pereira do Amaral

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte

T674 Tópicos em Nutrição Clínica e Funcional / Organizadores Fernando

César Rodrigues Brito, Marta da Rocha Moreira e Vanessa

Duarte Morais. Fortaleza: Centro Universitário Estácio do

Ceará, 2017.

147p.; 30cm.

ISBN: 978-85-69235-15-6

1. Nutrição 2. Nutrição clínica 2. Nutrição funcional I. Brito,

Fernando César Rodrigues II. Moreira, Marta da Rocha III. Morais,

Vanessa Duarte IV. Centro Universitário Estácio do Ceará

CDD 612.3

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão

Núcleo de Publicações Acadêmico-Científicas

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CONSELHO EDITORIAL

Dra. Ana Cristina Pelosi – Universidade Federal do Ceará Ms. Ana Flávia Alcântara Rocha Chaves – Centro Universitário Estácio do Ceará Dra. Andrine Oliveira Nunes - Centro Universitário Estácio do Ceará Ms. Janete Pereira do Amaral - Centro Universitário Estácio do Ceará Ms. Joana Mary Soares Nobre - Centro Universitário Estácio do Ceará Dra. Kariane Gomes Cezario - Centro Universitário Estácio do Ceará Dra. Letícia Adriana Pires Ferreira dos Santos – Centro Universitário Estácio do Ceará, Universidade Estadual do Ceará, Universidade Federal do Ceará Dra. Marcela Magalhães de Paula - Embaixada do Brasil na Itália Dra. Maria Elias Soares – Universidade Federal do Ceará e Universidade Estadual do Ceará Ms. Maria da Graça de Oliveira Carlos – Centro Universitário Estácio do Ceará Dra. Margarete Fernandes de Sousa – Universidade Federal do Ceará Dra. Rosiléia Alves de Sousa – Centro Universitário Estácio do Ceará Dra. Suelene Silva Oliveira Nascimento - Universidade Estadual do Ceará Dr. Vasco Pinheiro Diógenes Bastos - Centro Universitário Estácio do Ceará

_____________________________________________________

Núcleo de Publicações Acadêmico-Científicas Rua Vicente Linhares, 308 - Aldeota

CEP: 60.135-270 - Fortaleza – CE - Fone: (85) 3456-4100 www.publica-estaciofic.com.br

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.................................................................... 4

COLETÂNEA DE ARTIGOS .................................................. 6

01 DOENÇA HEMORROIDÁRIA: Exercício físico e o uso

de fitoterápicos como fatores de tratamento e prevenção......... 8

02 REVISÃO DO PAPEL DO PEPTÍDEO YY NO

APETITE E MODULAÇÃO DE SUA SECREÇÃO POR

MACRONUTRIENTES E PESO CORPORAL .................... 22

03 A IMPORTÂNCIA DOS ALIMENTOS FUNCIONAIS

NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA ...................... 40

04 UTILIZAÇÃO DA CAMELLIA SINENSIS NO

COMBATE A OBESIDADE: uma revisão ............................. 52

05 RELAÇÃO ENTRE NÍVEIS DE ESTRESSE

OXIDATIVO, PERFIL LIPÍDICO E CÉLULAS

SANGUÍNEAS EM PACIENTES INTERNADOS COM

DIFERENTES DOENÇAS CRÔNICAS............................... 60

06 A UTILIZAÇÃO DA QUINOA COMO ALIMENTO

FUNCIONAL: um estudo de revisão ..................................... 70

07 EFEITOS BENÉFICOS DOS FITOESTROGÉNOS EM

MULHERES DURANTE O CLIMATÉRIO ........................ 84

08 O EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO ORAL DE ÓLEO

DE CÁRTAMO NA COMPOSIÇÃO CORPORAL: uma

revisão ...................................................................................... 96

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09 CONSUMO ALIMENTAR E QUALIDADE DE VIDA

DE PACIENTES COM SINDROME DA

IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA ............................... 106

10 CARACTERIZAÇÃO DE PRODUTOS DE

PANIFICAÇÃO ISENTOS DE GLÚTEN .........................116

11 ALIMENTOS FUNCIONAIS E SUA UTILIZAÇÃO NO

CARDÁPIO DE UM RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO

EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE FORTALEZA – CE

............................................................................................... 128

12 EFEITOS DO CONSUMO DE PROBIÓTICOS E

PREBIÓTICOS PARA O ORGANISMO HUMANO ......... 138

LISTA DE AUTORES .......................................................... 146

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APRESENTAÇÃO Ao contemplar o universo da Nutrição Clínica e Funcional, nos deparamos com um modelo de saúde que aborda a interação entre todos os sistemas do corpo, incluindo os parâmetros físicos e emocionais, considerando a totalidade do ser. Nesse aspecto, a Nutrição Funcional analisa as necessidades nutricionais de cada paciente através da sua individualidade bioquímica e características genéticas individuais que controlam o seu metabolismo. Diferentemente da nutrição tradicional que estuda características da saúde coletiva e não visa a individualidade de cada paciente. O presente livro possui o poder de nos fazermos emergir nas diversas áreas de aplicação da Nutrição Clínica e Funcional. A obra é composta por partes que se relacionam nessa temáticas. A compreensão dos mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento da Esteato Hepatite Não Alcoólica - NASH é de suma importância, pois permite estratégias mais eficazes para sua prevenção e tratamento. Baseado em dados clínicos e experimentais, o modelo chamado de “two hits” (duas etapas) ainda é o mais utilizado para a explicação da NASH. Nesse modelo, o desenvolvimento da esteatose pela obesidade corresponde à primeira etapa e tornaria o fígado mais susceptível para danos subsequentes (segunda etapa) que finalmente levariam ao dano hepatocelular, inflamação e fibrose que caracterizam a NASH. A segunda etapa envolve um novo mecanismo de lesão hepática que pode ser potencializado quando ocorre em um fígado esteatótico. Os melhores candidatos a fatores promotores da lesão nessa segunda etapa são o estresse oxidativo, com a peroxidação lipídica, e a exposição do fígado ao lipopolissacarideo (LPS) bacteriano, com a ativação de citocinas pró-inflamatórias. O que a presente obra oferece é justamente isso, por exemplo, utilizar a Alimentação como fator preventivo para o stress oxidativo, bem como utilizar fitoterápicos como fator preventivo, utilizar a alimentação funcional para doenças, como na doença Celíaca ou na Obesidade, utilizar fitoterápicos no combate a Obesidade e Diabetes, além da utilização de Probióticos nos tratamentos de diversas patogêneses. Sabe-se que esse assunto é muito amplo e de grande relevância pois busca a formação de profissionais de saúde comprometidos com o engrandecimento da saúde visando a individualidade bioquímica de cada paciente que busca atingir diretrizes básicas como a integralidade, a equidade e a universalidade,

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no qual se espera que sejam cumpridas satisfatoriamente para garantir a sociedade uma assistência eficaz e livre de danos. Nesse contexto, a Nutrição Funcional busca além da promoção da saúde e a prevenção de doenças, a busca do equilíbrio entre saúde e doença, onde percebe-se que a saúde não é apenas a ausência de doenças e sim a procura de um estado de bem-estar físico, mental, social e ambiental. O presente livro, ainda que despretensioso, é rico no conhecimento das práticas avançadas da Nutrição Clínica e Funcional envolvidos nos tratamentos nutricionais, considerando a individualidade do paciente. Tal obra, além de nos levar a uma imersão nessa área também é um grande estímulo para as próximas gerações de estudantes que visem uma Pós-Graduação nessa temática.

Profa. Karoline Sabóia Aragão Professora Adjunta do Centro Universitário Estácio do Ceará PhD in Molecular Glycobiology Post-doc research position in Departamento de Fisiologia e Farmacologia Universidade Federal do Ceará

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COLETÂNEA DE ARTIGOS

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01 DOENÇA HEMORROIDÁRIA: Exercício físico e

o uso de fitoterápicos como fatores de tratamento e prevenção

Ângela Dayanna Giffone Nobre1

Vanessa Duarte de Morais 2 Rafaella Maria Monteiro Sampaio 3

RESUMO

Castanha da índia é um fitoterápico bastante utilizado, devido sua eficácia comprovada no tratamento de problemas circulatórios, onde podemos citar a doença hemorroidária que é caracterizada pela dilatação da região anorretal. O objetivo deste estudo é apresentar um relato de caso da doença hemorroidária, promover a qualidade de vida do paciente com o uso de fitoterápico bem como a dieta para melhora dos sintomas. Homem de 22 anos, atleta, com queixa de sangramentos retais, os exames confirmaram o diagnostico da doença (Grau II). Realizou-se um acompanhamento nutricional durante dois anos com uso de um fitoterápico chamado Castanha da Índia e avaliação do estado nutricional, como peso, altura, IMC, peso muscular, peso gordo e percentual de gordura. No inicio do tratamento o paciente apresentou algumas carências nutricionais como o carboidrato, vitamina E e o selênio, no decorrer do tratamento foi observado a diminuição dos sangramentos e a adequação da dieta, bem como a melhora do rendimento esportista, sendo assim o presente estudo obteve seus objetivos atingidos.

Palavra-chaves: Doença hemorroidária, exercício físico, fitoterapia.

INTRODUÇÃO

Hemorróidas são estruturas anatômicas normais no corpo humano, apresentando uma estrutura vascular presente na região anorretal constituída

1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará). 2 Nutricionista. Mestre em bioquímica (UFC). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará. 3 Nutricionista. Doutoranda em Saúde Coletiva (UECE). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará e da Universidade de Fortaleza.

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por arteríolas e vênulas. São divididas de acordo com sua localização em internas (acima da linha pectínea, no espaço submucoso) e externas (abaixo da linha pectínea, no espaço subcutâneo), contribuindo assim para a manutenção da continência fecal e diferenciação entre a natureza do conteúdo no interior do canal anal (BARBOSA; OLIVEIRA; TESSER, 2014).

A doença hemorroidária (DH) é caracterizada quando existem sintomas na localização das áreas (internas, externas ou mistas), tendo como alterações patológicas as hemorragias, o prolapso ou trombose. Existem muitos fatores associados à DH incluindo o esforço defecatório excessivo, a pressão intra-abdominal aumentada, a ausência de valvas nos vasos hemorroidários, a posição vertical da espécie humana, a obstipação crônica e os fatores genéticos (FERNANDES; CAMACHO, 2009).

É extremamente frequência na população adulta, porém rara na infância, os estudos mostram vários estudos epidemiológicos, que apresentam valores completamente diversos variando entre 4,4% a 86%, não existindo diferença de incidência entre os sexos, surgindo habitualmente na terceira década da vida, tendo um pico entre os 45 e 65 anos, tem como principais sintomas retorragias, prolapso, dor e prurido. A graduação da doença possui quatro graus, onde o Grau I quando a retorragias e sem prolapso; Grau II quando a prolapso com esforço com redução espontânea; Grau III quando a prolapso com esforço com a necessidade de redução manual; Grau IV quando o prolapso é permanente e não é redutível (RAMOS DE JESUS; PEREIRA; CORREIA DA SILVA, 2010).

As alterações estruturais e vasculares podem estar associadas à inatividade física e hábitos dietéticos ou defecatórios errôneos, onde o sedentarismo é caracterizado pela ausência de sobrecargas para todo o sistema neuro-músculo-esquelético e metabólico, levando ao enfraquecimento progressivo de estruturas com funções biomecânicas, e a alterações funcionais e estatisticamente se correlacionam com maior incidência ou gravidade de doenças (SILVA et al., 2012).

A população brasileira apresentou ao longo dos anos uma modificação da ingestão habitual, dessa forma houve a redução dos alimentos tradicionais, como: arroz, feijão, batata, pão e leite, aumentando ainda a ingestão de alimentos gordurosos, principalmente as gorduras saturadas, açúcares, refrigerantes, alimentos refinados e industrializados, com isso a má alimentação e a inatividade física favorecem para o excesso de peso e o desenvolvimento de várias doenças crônicas não transmissíveis

(PEREIRA et al., 2012).

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Para assegurar uma alimentação balanceada deve-se ingerir uma proporção adequada de acordo com o sexo e idade, bem como seu estilo de vida, adequando assim os carboidratos, proteína, lipídios, vitaminas e minerais. Que merece destaque as fibras, por pertencerem ao grupo dos carboidratos, atuando nas funções gastrointestinais e na prevenção de doenças como constipação, hemorróidas, doença diverticular, neoplasias do cólon, obesidade, intolerância a glicose, dislipidemia e doenças cardiovasculares (PEREIRA et al., 2012).

Outro meio importante para promoção e recuperação da saúde na DH é o uso de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos, aonde o uso de fitoterápicos vem como uma proposta terapêutica no sistema único de saúde que é uma droga vegetal, sendo assim a planta castanha da índia é indicada para problemas do aparelho circulatória, apresentando ação antiinflamatória, tônico circulatório, adstringente, anti-hemorrágico e vasoconstritor, tendo indicações (PETRY; JÚNIOR, 2012).

A castanha da índia está indicada na prevenção e no tratamento de todos os casos que apresentem insuficiência venosa crônica, varizes, cansaço nas pernas, edemas de distintas origens, sequelas de flebites, hemorróidas, e como tratamento coadjuvante em celulites e processos reumáticos, acompanhados de edemas. Por outro lado, apresenta interações medicamentosas, podendo interferir com tratamentos coagulantes ou anticoagulantes, devido à presença de cumarinas. A capacidade de união com proteínas plasmáticas pode interferir com o metabolismo de outras drogas, por este motivo não se recomenda associar com sais alcalinos, ferro, iodo e taninos (PETRY; JÚNIOR, 2012).

Cada vez mais a presença da doença hemorroidária vem fazendo parte da vida das pessoas seja em crianças ou adultos. É uma doença que incomoda a região do reto, trazendo consequências futuramente como o câncer de reto. Estão cada vez mais presentes tratamentos que visam sua erradicação, como o uso de plantas ou chás e principalmente a reeducação alimentar que é a principal forma de seu tratamento.

Diante disso, este estudo teve como objetivo apresentar um relato de caso de doença hemorroidária visando promover a qualidade de vida através do exercício físico e o uso de fitoterápico como fatores de tratamento e prevenção para a melhoria dos sintomas.

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MÉTODOS

O estudo é caracterizado como um relato de caso com abordagem longitudinal, realizado com um homem de 22 anos, eutrófico, atleta de natação e ginástica. O paciente procurou ajuda nutricional com queixa de sangramento e prolapso de mamilos hemorroidários às evacuações, há oito meses (iniciado em março de 2014), referindo antecedentes familiares com DH.

A avaliação nutricional foi composta pelo peso, altura, índice de massa corporal (IMC), massa magra e massa gorda, exame laboratorial proctológico, com diagnóstico mostrando a presença de mamilos hemorroidários anterior esquerdo que se exteriorizavam pelo ânus sem manobras de esforço ao ato de evacuar.

O tratamento inicial foi à modificação da dieta com aumento de fibras e adequação da carência de micronutrientes (sendo utilizado um recordatório 24 horas (R24)), com a continuação da prática de exercício físico e o incremento de um fitoterápico, com nome popular de castanha da índia e nome cientifico de Aesculus hippocastanum L.

A partir dos dados obtidos por meio do R24, foram determinadas as quantidades de fibras, energia, macronutrientes (carboidrato, proteína e lipídio) e micronutrientes (cálcio, vitamina E, zinco, selênio e vitamina C) ingeridos pelo paciente, onde foi calculado através da tabela de composição química dos alimentos, onde sua ingestão alimentar foi registrado durante 8 consultas (TACO, 2011).

O cálculo do gasto energético total foi utilizado à recomendação pela DRI (EER), sendo a fórmula do cálculo das necessidades energéticas (NRC, 1989) para homens adultos acima de 19 anos:

• EER= 662 – (9,53 x idade [anos]) + PA x (15,91 x peso [kg] + 539,6 x altura [m])

Onde: o PA é o coeficiente de atividade física, sendo utilizado o PA de muito ativo (1,48).

A recomendação de macronutrientes foi: proteína de 1,2 a 1,4g/Kg/dia, carboidrato de 55 a 60%, lipídio de 20 a 25% e fibra de 25 a 35g/dia. A dosagem do fitoterápico (castanha da índia) foi de duas cápsulas ao dia de uso oral, com 200 mg na composição do extrato seco, o período de uso foi durante seis meses.

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A avaliação antropométrica foi realizada em oito momentos durante as consultas, tendo um período de dois em dois meses para cada avaliação e retorno.

O peso atual foi obtido no momento da avaliação utilizando balança mecânica de marca Omron® do próprio do pesquisador com capacidade para 150kg e precisão de 100g e a altura com uma fita (marca inelástica de marca Sanny®) sendo fixada na parede com capacidade máxima de 2 m, estando o colaborador com roupa leve e descalço.

O IMC foi calculado pela relação entre o peso dividido pelo quadrado da altura, como mostra a fórmula:

IMC = Peso (Kg)

Altura (m)2

Para classificação dos adultos do IMC, foi adotado os pontos de corte: Valores de IMC abaixo de 18,5: adulto com baixo peso; valores de IMC maior ou igual a 18,5 e menor que 25,0: adulto com peso adequado (eutrófico); valores de IMC maior ou igual a 25,0 e menor que 30,0: adulto com sobrepeso; valores de IMC maior ou igual a 30,0: adulto com obesidade

(OMS, 1998).

Para a interpretação da densidade corporal (DC) das espessuras de dobras cutâneas para massa magra e massa gorda, foi realizado pelo protocolo de Pollock e Col (1984) de sete dobras que envolvem homens e mulheres de 18 a 61 anos, as dobras são: Dobra Cutânea Sob Escapular, Dobra Cutânea Axilar média, Dobra Cutânea Tricipital, Dobra Cutânea da Coxa, Dobra Cutânea Supra-ilíaca, Dobra Cutânea Abdominal e Dobra Cutânea da Panturrilha, sendo utilizado a fórmula seguinte para homens:

• Homens: DC= 1,11200000 – 0,00043499 x (Somatório das sete dobras (ST)) + 0,00000055 (ST)2 – 0,0002882 x (Idade)

Para a conversão da DC em percentual de gordura foi utilizado à seguinte fórmula de SIRI (1961): %G= [(4,95/DC) – 4,50] x 100

Depois dos cálculos efetuados foram comparados com os padrões de referência para classificação de percentual de gordura segundo Pollock & Wilmore (1993): os valores classificados para homens de 18 a 25 anos de 4-6%: excelente; valores de 8-10%: bom; valores de 12-13%: acima da média; valores 14-16%: média; valores 17-20%: abaixo da média; valores de 20-24%: ruim e 26-36%: muito ruim.

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O cálculo da massa gorda foi: Peso atual x percentual de gordura / 100, e para massa magra: Peso atual – peso de massa gorda.

A análise estatística dos resultados foi realizada utilizando o Microsoft Office® 2008. Para a realização as variáveis foram agrupadas e analisadas, onde foram calculadas médias e desvios padrão dos dados calculados.

O presente trabalho foi submetido ao Comitê de Ética e Plataforma Brasil, conforme a portaria 466/12 sendo assim a coleta de dados não infligiu nenhum dos princípios éticos. A coleta foi iniciada após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi analisado na pesquisa um paciente do sexo masculino, 22 anos, atleta, onde seu quadro clínico com sangramento e prolapso de mamilos hemorroidários às evacuações, há oito meses, sendo confirmado pelo exame proctológico.

Ao analisar os principais sintomas foi verificado uma maior freqüência de hematoquezia e prolapso de mamilo ao evacuar, sem presença de dor, prurido ou constipação, onde foi confirmado através do exame proctológico o Grau II da DH. Foi analisado uma média de 3 episódios de hematoquezia durante os meses, sendo relatado pelo paciente (foi pedido que registrasse os sintomas durante os meses e a frequência).

A DH geralmente evolui de forma assintomática, sendo os sintomas mais presentes demonstrados por um estudo de caso realizado com um homem (56 anos) e uma mulher (58 anos), onde o primeiro foi o sangramento as evacuações e o segundo a dor anal, portanto as complicações mais frequentes são: infecção, perfuração, fistulização, sangramento, prolapso mucoso, defecação obstruída e impactação de fezes no interior do divertículo e a possibilidade de coexistência com o câncer de reto

(MARTINEZ et al., 2010).

Em outro estudo foram incluídos na pesquisa 59 pacientes, onde 25 eram do sexo masculino (42,4%) e 34 do sexo feminino (57,6%), com idade variando entre 19 e 70 anos, todos apresentavam DH e o quadro clínico inicial da doença foi: dor anal que estava presente em 40 (67,8%) pacientes, prurido anal em 35 (59,3%), hematoquezia em 30 (50,8%), soiling em 18 (30,5%) e prolapso da mucosa anal ao ato de defecar em 31 (52,5%). Ardor anal durante a evacuação estava presente em 10 (16,9%) pacientes e 25 (42,4%) relataram ardor após a evacuação. Além disso, 30 (50,8%) pacientes eram constipados crônicos. No exame proctológico foi visto que cinco

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(8,5%) pacientes com DH grau I, 33 (55,9%) pacientes com DH grau II e 21 (35,6%) pacientes com DH grau III (MOTTA et al., 2011).

Sendo assim os estudos citados mostram que os sintomas mais prevalentes são sangramento e dor anal, no entanto no presente estudo observou-se somente o sangramento sem presença de dor. Com relação ao grau foi observado uma maior prevalência da DH grau II como citado o estudo presente.

Logo após a anamnse clínica foi feito uma avaliação do estado nutricional, envolvendo avaliação antropométrica e análise do consumo alimentar, apresentando no final 8 avaliações antropométricas e registro alimentar. A tabela 1 mostra os dados antropométricos realizado no atleta: peso, IMC, percentual de gordura, peso de massa magra e massa gorda. É possível verificar que o peso na primeira avaliação antropométrica foi de 63,70 Kg e na avaliação final foi de 62,2 Kg, apresentando uma redução de 1,5 Kg, o IMC sempre se apresentou em sua classificação de eutrofia de acordo com a OMS (1998).

O % de gordura na sua avaliação inicial foi de 9,71% e na avaliação final foi de 10,28%, apresentando um aumento de 0,57%, com relação a massa magra verificou-se valores iniciais e finais de 57,52 Kg e 55,81Kg, respectivamente, representando uma perda de massa magra de 1,71 Kg, já a massa gorda foi verificado no início 6,18 Kg e no final 6,39 Kg, representando um aumento de 0,21g.

Tabela 1: Média dos dados antropométricos: peso, altura, IMC, percentual de gordura, massa magra e massa gorda. Centro Universitário Estácio do Ceará, 2015.

Dados antropométricos Inicial Final Média

Peso (Kg) 63,7 62,2 63,65

ltura (m) 1,70 1,70 1,70

IMC (m/Kg/m2) 22,04 21,27 21,92

% de Gordura 9,71 10,28 9,94

Massa magra (Kg) 57,52 55,81 57,53

Massa gorda (Kg) 6,18 6,39 6,34

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Um estudo avaliou 20 atletas de natação, 8 eram do sexo feminino e 12 do sexo masculino, tendo idades de 10 a 19 anos, que por meio de avaliação antropométrica pode-se verificar que todos os parâmetros antropométricos avaliados (peso, IMC, relação cintura/quadril (RCQ), % de gordura e peso de massa gorda) apresentaram-se elevados. O peso elevou-se em 5%, o IMC em 2,7%, a RCQ em 1,3%, o % gordura em 12,6% e o peso magro em 3,8% no sexo masculino e no sexo feminino também apresentaram incrementos antropométricos, tais como a peso em 3,9%, o IMC em 3,4%, o % gordura em 15,6% e o peso magro em 4,4%. Contudo, somente a RCQ apresentou uma leve diminuição de 1,2% do valor inicial (CARVALHO et al., 2012).

No presente estudo foi observado um incremento nos valores antropométricos, como no % de gordura e peso de massa gorda, porém os demais houve um decréscimo nos seus valores em comparação aos valores iniciais.

Foi analisado o consumo alimentar de três dias da semana e um dia do final de semana através do R24. Em relação à avaliação dietética os macronutrientes mostraram que as calorias apresentaram uma média de 3013,58 kcal, as fibras 47,60 g, carboidratos apresentaram uma média de 54,94%, proteína de 2,06 g/Kg/dia e lipídio de 26,94%, sendo mostrados na Tabela 2.

De acordo com a recomendação pode-se observar que a fibra ultrapassa a recomendação, os carboidratos então próximos dos valores padrões, porém é importante ressaltar que o carboidrato é a fonte primaria para produção de energia, principalmente no desportista, a proteína apresentou um consumo excessivo e os lipídios apresentam-se dentro da recomendação.

Estudo realizado com 6 atletas de natação para competição do sexo masculino, com idades entre 12 e 18 anos, mostrou que o consumo de carboidratos foi de 59%, proteína de 14,6% (variando de 0,9 a 2,5 g/Kg/dia) e o lipídio de 26,4%, sendo assim pelos critérios adotados pelo pesquisador a recomendação dos carboidratos era de 60 a 70%, ou seja, os atletas ingeriram quantidades inferiores, as proteínas estavam na média, apesar de 16% dos atletas não consumiam proteínas suficientes e os lipídios estão dentro dos parâmetros necessários (RAMOS et al., 2010). Houve uma semelhança no estudo presente com os atletas de natação, sendo verificado a não adequação de carboidratos e proteínas, estando somente os lipídios na recomendação.

O baixo consumo de carboidratos pode comprometer o desempenho do atleta, pois está diretamente relacionado a manutenção do sistema imune,

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além de ser um substrato energético para os atletas. O consumo excessivo de proteínas nos atletas se torna cada vez mais comum, no entanto o excesso não proporciona melhor desempenho atlético, todavia não promove a construção muscular, sendo metabolizado e eliminado pela urina, o que pode ocasionar sobrecarga nos rins e fígado (RAMOS et al., 2010).

Os lipídios também proporcionam uma melhor promoção de desempenho para o atleta, onde o consumo adequado de ômega 3 inibi a competição do ômega 6 de ácido araquidônico, reduzindo a produção de citocinas de células inflamatórias (RAMOS et al., 2010).

Tabela 2: Média e Desvio Padrão do consumo (DP) alimentar de macronutrientes. Centro Universitário Estácio do Ceará, 2015.

Macronutrientes Média + DP Recomendação

Valor calórico Total (Kcal)

3013,58 + 1110,64 3282,57

Fibra (g) 47,60 + 42 20-35

Carboidrato (%) 54,94 + 4,87 55-65

Proteína (g/Kg/dia) 2,06 + 0,01 1,2 a 1,4

Lipídio (%) 26,94 + 1,69 20-25

A tabela 3 mostra as médias da ingestão dos micronutrientes estudados. Observou-se que o percentual de adequação de micronutrientes segundo as médias foram de: cálcio (190,09%), vitamina E (42,8%), zinco (25,27%), selênio (118,18%) e vitamina C (61,44%), sendo comparados de acordo os valores da recomendação de ingestão diária que apresentam percentuais de adequação e valores mínimos e máximos a serem consumidos por dia para evitar carências nutricionais. Pode-se observar que somente o cálcio e o selênio estavam superiores a 100% e que nenhum ultrapassou a UL.

Estudo realizado com 13 atletas de futsal do sexo masculino, cujas idades entre 20 e 35 anos, avaliaram a ingestão de micronutrientes (Vitamina A, E, e C, ferro, cálcio e zinco), onde foram encontrados que 100% (13/13) da vitamina A estavam insuficientes, 61,5% (3/13) para vitamina C, 84,6%

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(11/13) para vitamina E, 23% (3/13) para zinco, 7,6% (1/13) para ferro, e risco de inadequação em 15,3% (2/13) dos atletas para vitamina C e E, 92,3% (12/13) para cálcio e 7,6% (1/13) para zinco e ferro. O presente estudo está bem equiparado ao estudo dos atletas de futsal, sendo mostrados a relação de insuficiência pelas vitaminas C e E, e o mineral zinco (MITSUKA et al., 2009).

Os micronutrientes desempenham um papel importante na produção de energia, síntese de hemoglobina, manutenção da massa óssea, função imune e protegem os tecidos dos danos oxidativos. Atletas com ingestão inadequada de vitaminas e minerais pode comprometer a capacidade aeróbica e anaeróbica, além de prejudicar o sistema imune (MITSUKA et al., 2009).

Tabela 3: Média e Desvio Padrão do consumo (DP) alimentar de micronutrientes. Centro Universitário Estácio do Ceará, 2015.

Nutrientes Média + DP RDA UL

Cálcio (mg/dia) 1909,8 + 81,53 1000 2500

Vitamina E (mg/dia) 6,42 + 2,97 15 1000

Zinco (mg/d-ia) 2,78 + 2,89 11 40

Selênio (mg/dia) 65,11 + 82,60 55 400

Vitamina C (mg/dia) 55,30 + 15,41 90 2000

O tratamento inicial foi à modificação da dieta através da recomendação de calorias pela EER (NRC, 1989), que por meio de uma dieta balanceada foram adequados os macronutrientes e micronutrientes, sendo entregues três cardápios com a prescrição de um fitoterápico para verificação das melhoras dos sintomas ou até mesmo o desaparecimento da DH. A implementação do fitoterápico foi realizado após dois meses de adequação da dieta. Pode-se observar na Tabela 4 a dieta modificada pela consulta nutricional.

Percebe-se através da conduta alimentar que a adequação dos micronutrientes está superior a 84% e que os macronutrientes então seguindo as recomendações indicadas, proporcionado assim uma melhora no desempenho esportiva, bem como na saúde.

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Tabela 4: Média e Desvio Padrão do consumo (DP) alimentar de macronutrientes e micronutrientes. Centro Universitário Estácio do Ceará, 2015.

Macronutrientes Média + DP Recomendação

Valor calórico Total (Kcal)

3066,13 + 946,75 3282,57

Fibra (g) 33 + 6,51 20-35

Carboidrato (%) 60,32 + 0,37 55-65

Proteína (g/Kg/dia) 1,25 + 0,21 1,2 a 1,4

Lipídio (%) 22,34 + 1,21 20-25

Nutrientes Média + DP RDA UL

Cálcio (mg/dia) 1428 + 13,86 1000 2500

Vitamina E (mg/dia) 15,58 + 3,96 15 1000

Zinco (mg/dia) 9,27 + 1,61 11 40

Selênio (mg/dia) 91,30 + 44,82 55 400

Vitamina C (mg/dia) 338,20 + 141 90 2000

CONCLUSÃO

Atletas possuem necessidades nutricionais especiais baseadas em suas idades, estilo de vida, estado de saúde, nível de atividade física, condicionamento físico e modalidade esportiva praticada, principalmente quando apresentam alguma patologia associada.

A avaliação do estado nutricional é uma ferramenta essencial para elaboração e adesão da dieta, sendo imprescindível para verificar o estado

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nutricional do atleta permitindo, assim que estabeleçam as estratégias para introdução das eventuais modificações e adequações dietéticas necessárias.

No entanto o presente estudo conseguir alcançar com as mudanças alimentares uma melhora na DH não apresentando mais sintomas, bem como o desempenho esportista.

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02 REVISÃO DO PAPEL DO PEPTÍDEO YY NO

APETITE E MODULAÇÃO DE SUA SECREÇÃO POR MACRONUTRIENTES E PESO CORPORAL

Bruna Aparecida Melo Batista1 Fernando César Rodrigues Brito2

RESUMO

O peptídeo YY (PYY) é um polipeptídeo de 36 aminoácidos secretado por

células êntero-endócrinas L, possuindo duas formas circulantes: PYY 1-36 e

PYY 3-36. A presente revisão sintetiza informações a respeito das ações do

PYY sobre o apetite, de como sua secreção é modulada pela composição da

dieta e como seus níveis plasmáticos se relacionam com o peso corporal. A

administração exógena de ambas as formas do PYY altera o comportamento

alimentar, sendo a forma PYY 3-36 responsável, principalmente, por efeitos

anorexígenos. Fisiologicamente, os níveis plasmáticos de PYY são baixos no

jejum e se elevam após ingestão alimentar, com a forma PYY 3-36 sendo

predominante no período pós-prandial. A composição da dieta modula a

secreção de PYY, porém há necessidade de mais estudos que avaliem a

relação entre nutrientes, níveis pós-prandiais de PYY e saciedade,

principalmente em obesos, pois existem controvérsias na literatura.

Palavras-Chave: Peptídeo YY, apetite, nutrientes, macronutrientes, peso

corporal.

INTRODUÇÃO

A obesidade continua a ser um problema de saúde pública mundial, assim, muitas pesquisas se voltam para o estudo de diversos mecanismos reguladores da ingestão alimentar e da homeostase energética, sendo o trato gastrointestinal (TGI) objeto de grande interesse para a compreensão desses

1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará) 2 Nutricionista. Doutorando em Biotecnologia (RENORBIO). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará

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mecanismos, devido à sua constante comunicação com núcleos centrais reguladores do apetite (KONTUREK et al., 2004; YOUNG, 2012).

Diversos peptídeos secretados por células êntero-endócrinas se relacionam com o comportamento alimentar, e o peptídeo YY (PYY) tem sido alvo de muitas pesquisas recentes, devido à sua capacidade de modular apetite (NAKAJIMA ET AL., 1994; HOLZER; REICHMANN; FARZI, 2012).

O objetivo dessa revisão foi sintetizar informações a respeito do PYY, quanto aos efeitos de suas formas ativas no comportamento alimentar de diferentes espécies de animais, a modulação de sua secreção pela ingestão de diferentes nutrientes e a associação entre seus níveis plasmáticos e o peso corporal. As estratégias de busca de estudos para esta revisão foram: a) utilização de descritores (PYY, peptídeo YY, peptídeo tirosina tirosina, PYY e carboidratos, PYY e proteínas, PYY e lipídeos) nas bases de dados Pubmed, Web of Science e SciELO; b) avaliação de referências relevantes citadas nos artigos obtidos na primeira estratégia de busca e c) avaliação de revisões para identificar outros artigos relevantes.

Estrutura molecular e distribuição tecidual do PYY

O PYY é um polipeptídeo secretado por células êntero-endócrinas do tipo L (BALLANTYNE, 2006). Sua nomenclatura se deve à presença do aminoácido tirosina (abreviação: Y) em ambas as extremidades N- e C-terminal da cadeia linear de 36 aminoácidos que forma sua estrutura (TATEMOTO, 1982). Em 1988, Tatemoto et al. isolaram e identificaram a sequência de aminoácidos do PYY humano.

O PYY pertence à família de peptídeos que inclui neuropeptídeo Y (NPY) e polipeptídeo pancreático (PP). Os efeitos desses peptídeos se dão via receptores do tipo Y, que pertencem à família dos receptores acoplados à proteína G, sendo que cinco subtipos foram clonados em mamíferos: Y1, Y2, Y4, Y5 e y6 (BERGLUND; HIPSKIND; GEHLERT, 2003).

As formas moleculares ativas circulantes de PYY são PYY 1-36 e PYY 3-36, esta sendo predominante, sendo que o PYY 3-36 se origina da ação da enzima dipeptidil peptidase- IV (DPP-IV), que cliva o dipeptídeo tirosina-prolina da extremidade N-terminal do PYY 1-36 (MENTLEIN, 1999).

Experimentos com radioimunoensaios e análises por imunocitoquímica/ imuno- histoquímica mostraram que células endócrinas contendo PYY se encontram principalmente na porção mucosa do epitélio intestinal (LUNDBERG et al., 1982; ADRIAN et al., 1985), e que o

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conteúdo tecidual de PYY aumenta no sentido proximal-distal do TGI, em diferentes espécies de mamíferos, de forma pronunciada a partir do íleo (EKBLAD; SUNDLER, 2002).

Estudos em animais mostraram que o PYY também está presente em fibras nervosas mioentéricas e em diversas regiões do sistema nervoso central, como núcleo do trato solitário, hipotálamo, ponte e medula espinhal (EKBLAD; SUNDLER, 2002).

Ações do PYY no comportamento alimentar

A administração de PYY pode resultar em alterações no comportamento alimentar, causando tanto efeitos orexígenos quanto anorexígeno (BALLANTYNE, 2006).

Administradas centralmente, as duas formas de PYY podem levar a efeitos opostos, dependendo do sítio de administração. Em ratos alimentados, PYY 1-36 administrado no núcleo paraventricular levou à hiperfagia (STANLEY et al., 1985), efeito que também foi causado após administração intracerebroventricular de PYY 1-36 em camundongos (NAKAJIMA et al., 1994) e de PYY 3-36 em ratos (TSCHÖP et al., 2004). Tal ação orexígena de ambas as formas do PYY, após serem administradas nessas regiões, pode ser atribuída à ativação de receptores Y1 e Y5, pois camundongos deficientes nos dois receptores não apresentaram comportamento hiperfágico (KANATANI et al., 2000). Após administração direta no núcleo arqueado de ratos em jejum, o PYY 3-36 levou à redução da ingestão alimentar cumulativa de 2 horas (BATTERHAM et al., 2002), efeito provavelmente mediado por receptores Y2, expressos em grande quantidade nesse núcleo hipotalâmico (BROBERGER et al., 1997).

Quando administrado perifericamente, a principal ação do PYY é a redução da ingestão alimentar (BATTERHAM et al., 2002). Injeções intraperitoniais de PYY 3-36 em roedores em jejum (BATTERHAM et al., 2002) ou sem privação alimentar (NORDHEIM; HOFBAUER, 2004), logo antes do início da fase escura, durante a qual os roedores exibem maior consumo (CLIFTON, 2000), levaram à redução da ingestão alimentar cumulativa de até 24 horas.

Em camundongos apresentando obesidade induzida por dieta hiperlipídica, infusões subcutâneas diárias de PYY 3-36, durante 28 dias, provocaram redução da ingestão alimentar cumulativa e do peso corporal (PITTNER et al., 2004).

Tanto em camundongos com ausência do gene para o peptídeo anorexígeno pró- ópiomelanocortina (POMC) quanto em camundongos

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selvagens, o PYY 3-36 injetado intraperitonialmente, após jejum, levou à redução da ingestão alimentar durante as 4 horas posteriores às injeções, comparado com salina (CHALLIS et al., 2004).

A forma PYY 1-36, que é orexígena quando administrada centralmente, apresenta efeito anorexígeno quando administrada perifericamente em ratos (CHELIKANI; HAVER; REIDELBERGER, 2005) e em camundongos (ASAKAWA et al., 2003). Tal efeito que pode ser devido à conversão periférica de PYY 1-36 em PYY 3-36, pela ação da DPP-IV (MENTLEIN, 1999).

Em um estudo com primatas não humanos, a forma PYY 3-36 também exerceu efeito anorexígeno. Injeções intramusculares diárias desse peptídeo em macacos, durante quatro dias, causaram redução da ingestão alimentar durante 6 horas após as injeções, comparado com salina (MORAN et al., 2005).

Em humanos, a maioria dos estudos mostra que tanto indivíduos obesos quanto eutróficos se mostram sensíveis aos efeitos do PYY 3-36 no apetite. Em adultos eutróficos, PYY 3-36 reduziu a ingestão calórica, o tempo de duração de uma refeição e a ingestão de líquidos, de maneira dose-dependente após infusão intravenosa (DEGEN et al., 2005). Duas horas após receberem infusão de PYY 3-36, em dose de 0,2 nmol/m² de área de superfície corporal, indivíduos obesos apresentaram redução de 29% na ingestão calórica de uma refeição, e indivíduos eutróficos apresentaram redução de 31%, em comparação com infusões de salina (BATTERHAM et al., 2003). Em indivíduos com sobrepeso e obesos, infusões de 0,25 pmol/Kg/min de PYY 3-36, durante 110 minutos levaram à redução de cerca de 25% na ingestão calórica, avaliada pelo consumo de uma refeição oferecida durante as infusões (FIELD et al., 2010). Contudo, utilizando um protocolo com administração oral de PYY 3-36 em homens eutróficos, Steinert et al. (2010) encontraram que 1,0 mg de PYY 3-36 administrado sozinho não teve efeito sobre o consumo alimentar de refeições teste oferecidas ad libitum.

Estudos mostram que os efeitos anorexígenos do PYY 3-36 se dão via receptor Y2, pois animais deficientes nesse receptor não apresentam redução da ingestão alimentar após administração de PYY 3-36 (BATTERHAM et al., 2002) e o uso do BIIE0246, um antagonista desse receptor, também leva à ausência do efeito anorexígeno do PYY 3-36 (ABBOTT et al., 2005). Em adição, a ativação de receptores Y2 inibe a liberação de NPY, neuropeptídeo que possui ação orexígena (BALLANTYNE, 2006).

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As aferências vagais gastrointestinais parecem ser a principal via de convergência dos sinais anorexígenos do PYY 3-36, pois em ratos submetidos à vagotomia a administração periférica dessa forma do PYY não alterou o consumo alimentar nem ativou neurônios no núcleo arqueado (ABBOTT et al., 2005; KODA et al., 2005). Além disso, a frequência de disparos neuronais em fibras nervosas vagais aferentes do estômago foi aumentada após administração intravenosa de PYY 3-36 em ratos (KODA et al., 2005).

Estímulos para a secreção de PYY

Os níveis circulantes de PYY são baixos no jejum e se elevam após ingestão alimentar, atingindo picos geralmente entre 60 e 120 minutos, podendo se manter elevados por até cinco horas (ADRIAN et al., 1985; DEGEN et al., 2005; LOMENICK; CLASEY; ANDERSON, 2008). Essa mudança pós-prandial indica que o PYY pode agir como um sinal de saciedade (LE ROUX et al., 2006).

Mesmo antes de chegarem às partes mais distais do intestino, onde as células êntero- endócrinas contendo PYY estão presentes em maior quantidade, os nutrientes já provocam a liberação desse peptídeo na circulação (FU-CHENG et al., 1995), indicando que, durante a alimentação, a secreção de PYY pode ser também regulada por mecanismos neurais, através do nervo vago, por mecanismos humorais via liberação de colecistocinina (BURDYGA et al., 2008), ou ainda por mecanismos de transdução sensorial, com participação de receptores gustativos presentes nas células êntero-endócrinas, os quais são ativados por contato direto com nutrientes (STEINERT et al., 2011).

Distensão gástrica (OESCH et al., 2006), consumo de água (PEDERSEN- BJERGAARD et al., 1996), alimentação simulada (SYMERSKY et al., 2005) e adoçantes artificiais não calóricos (STEINERT et al., 2011) não alteram a secreção de PYY.

Secreção pós-prandial de PYY estimulada por conteúdo calórico

Adrian et al. (1985) mostraram pela primeira vez a relação entre conteúdo calórico de uma refeição e a secreção pós-prandial de PYY. Oferecendo para adultos saudáveis três refeições diferentes entre si nos tipos de alimentos e com conteúdo crescente de calorias, obtiveram como resultado um aumento nos níveis plasmáticos de PYY de maneira dependente da quantidade calórica. Após 120 minutos, a concentração plasmática de PYY total, partindo do jejum, sofreu incremento de 3,7 pmol/L com uma refeição de 530 Kcal; de 16,2 pmol/L com uma refeição

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de 870 Kcal; e de 45 pmol/L com uma refeição de 4500 Kcal. O incremento causado pela refeição de 4500 Kcal se manteve até cinco horas após o consumo, o que pode ser explicado pela proporção de nutrientes que ainda não havia sido digerida e absorvida.

Em um estudo utilizando refeições padronizadas, com diferentes conteúdos calóricos, oferecidas a adultos eutróficos, foram obtidos resultados semelhantes: comparando com o jejum, uma refeição com 1500 Kcal causou maior secreção de PYY em relação a uma refeição de 500 Kcal, e os níveis plasmáticos de PYY permaneceram maiores durante mais de 3 horas (DEGEN et al., 2005).

Ao oferecer refeições líquidas com diferentes conteúdos calóricos, divididas em dois grupos isovolumétricos (500 mL – 250, 500 e 1000 Kcal; 900 mL – 1000, 2000 e 3000 Kcal), para adultos eutróficos e obesos, os níveis plasmáticos pós-prandiais de PYY total aumentaram de acordo com o crescente conteúdo calórico das refeições, para ambos os grupos, não havendo influência do volume destas (LE ROUX et al., 2006).

Após serem submetidos a uma semana de consumo de dieta hipercalórica (incremento de aproximadamente 2500 Kcal no consumo calórico diário), adultos eutróficos, com sobrepeso e obesos apresentaram níveis plasmáticos de PYY total no jejum significativamente maiores do que antes do início do período da dieta (CAHILL et al., 2011).

Modulação da secreção de PYY por carboidratos

Em ratos recebendo sacarose, glicose ou frutose adicionada à água disponível para consumo diário, os grupos sacarose e glicose apresentaram níveis plasmáticos de PYY total maiores após 24 horas, comparados com o grupo controle, que recebeu somente água. Após uma semana, não houve diferença entre os grupos, mas ao final de duas semanas, todos os grupos apresentaram níveis plasmáticos de PYY total menores que o controle, sem diferenças entre si (LINDQVIST; BAELEMANS; ERLANSON-ALBERTSSON, 2008).

Em humanos, infusões intragástricas de soluções contendo glicose ou frutose (dissolvidas em quantidades ajustadas para intensidade de doçura em relação à sacarose) elevaram os níveis plasmáticos de PYY total, em comparação com os níveis de jejum, após 28 minutos para infusão de glicose e após 38 minutos da infusão de frutose. Porém, em 120 minutos, a resposta secretória de PYY foi maior somente para glicose (STEINERT et al., 2011). As soluções foram preparadas para se igualarem em intensidade de doçura e, portanto, não foram isocalóricas, já que o poder de doçura da glicose é

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menor que o da frutose, o que pode dificultar a interpretação desses resultados.

Modulação da secreção de PYY por proteínas

Alguns estudos sugerem que proteínas são estimuladores mais potentes da secreção de PYY. Após consumirem refeições isocalóricas hiperglicídicas, hiperlipídicas ou hiperproteicas, adultos eutróficos e obesos apresentaram níveis plasmáticos de PYY total e da forma PYY 3-36 significativamente maiores após consumo de refeição hiperproteica (BATTERHAM et al., 2006).

Em um estudo com crianças eutróficas e obesas, utilizando refeições isocalóricas hiperglicídicas, hiperlipídicas ou hiperproteicas (média de 429 Kcal), os níveis plasmáticos pós-prandiais de PYY total em um período de 4 horas, partindo do estado de jejum, foram significativamente maiores para as obesas após consumo da refeição hiperproteica (LOMENICK et al., 2009). Para as eutróficas, não houve diferença entre as refeições.

Em camundongos, dietas hiperproteicas, sendo hiper ou hipolipídicas, promoveram maiores níveis plasmáticos de PYY total, em comparação com dietas normoproteicas (BATTERHAM et al., 2006).

Um estudo com ratos mostrou que tanto lipídeos quanto proteínas são potentes estimuladores da secreção da forma PYY 3-36: infusões jejunais isocalóricas de ácido linoleico e de caseína resultaram em maior secreção de PYY 3-36, comparadas com infusões de salina, ao passo que infusões de glicose causaram inibição da secreção desse peptídeo (DAILEY et al., 2010).

Considerando o uso de proteínas integrais ou hidrolisadas, um estudo em humanos avaliou o efeito de proteína do soro do leite, de caseína (integrais) e de seus hidrolisados, e mostrou que após infusões intragástricas, todos foram capazes de elevar os níveis plasmáticos de PYY total em relação aos níveis de jejum, não diferindo entre si (CALBET; HOLST, 2004).

Modulação da secreção de PYY por lipídeos

Adrian et al. (1985) foram os primeiros a sugerir que lipídeos são os mais potentes estimuladores da secreção de PYY. Utilizando quantidades isocalóricas (530 Kcal) de creme de leite (fonte lipídica), bacalhau cozido (fonte proteica) e glicose, oferecidas para adultos saudáveis, em diferentes dias, a secreção pós-prandial de PYY total foi estimulada de forma mais potente pela fonte lipídica, tendo pico após 120 minutos de sua ingestão. A secreção após o consumo da fonte proteica foi menor em magnitude em

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relação à fonte lipídica, tendo pico de concentração em cerca de 90 minutos, e a glicose consumida estimulou a secreção além dos níveis de jejum somente nos primeiros 30 minutos após sua ingestão, não sendo significativa a partir dos 60 minutos.

Um estudo contendo participantes com sobrepeso e obesos utilizou refeições sólidas, isocalóricas, hiperglicídicas (< 4% das calorias vinda de lipídeos) ou hiperlipídicas (> 50% das calorias vindas de lipídeos), e o desenho do estudo permitiu que cada participante recebesse as duas refeições, aleatoriamente, em dias distintos. Os resultados mostraram que as refeições hiperlipídicas provocaram aumento significativo de PYY plasmático em comparação com as refeições hiperglicídicas, e esse aumento não foi associado à alteração em escores de fome e saciedade (GIBBONS et al., 2013).

Indivíduos obesos, após uma semana de adaptação a uma dieta com distribuição normal de macronutrientes (65% de carboidratos, 25% de lipídeos, 10% de proteína) ou a uma dieta hiperlipídica/hipoglicídica (6% de carboidratos, 74% de lipídeos e 20% de proteína), não apresentaram diferenças quanto aos níveis plasmáticos de PYY total no jejum. Porém após consumo de refeições teste, uma refeição hiperlipídica/hipoglicídica levou a uma maior resposta secretória de PYY (ESSAH et al., 2007).

Para mulheres obesas hiperinsulinêmicas, refeições líquidas hiperglicídicas, hiperlipídicas ou hiperproteicas, provendo 30% das necessidades diárias individuais de energia, foram oferecidas a fim de se avaliar a resposta secretória de PYY 3-36, e o resultado obtido mostrou que a refeição hiperlipídica aumentou os níveis plasmáticos de PYY 3-36 de forma significativa 30 minutos após a ingestão, em comparação com as outras refeições (HELOU et al., 2008).

Diferentes tipos de lipídeos causam diferentes respostas secretórias de PYY, porém muitos estudos apresentam resultados conflitantes.

Um estudo comparado o efeito de infusões intraduodenais de óleos fontes de ácidos graxos de cadeia longa mostrou que óleo de peixe, fonte de ácidos graxos de cadeia com 20- 22 carbonos, e óleo de milho, fonte de ácidos graxos de cadeia com 18 carbonos, elevaram os níveis plasmáticos de PYY total em comparação com os níveis de jejum, mas não diferiram entre si nesse efeito (JONKERS et al., 2000). Porém, comparando-se o efeito de infusões intraduodenais de óleo de milho e de triacilgliceróis de cadeia média, ambas também estimularam a secreção de PYY além dos níveis de jejum, mas o óleo de milho, fonte de ácidos graxos de cadeia longa, teve maior efeito (MAAS et al., 1998).

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Utilizando ácidos graxos livres, estudos mostraram diferentes respostas secretórias de

PYY em relação ao tamanho da cadeia dos ácidos graxos. Ácido láurico (12 carbonos) e oleato de sódio (ácido oleico ligado a um átomo de sódio; 18 carbonos), administrados intraduodenalmente em indivíduos saudáveis, elevaram significativamente os níveis plasmáticos de PYY total em relação aos níveis de jejum, porém o efeito do oleato de sódio foi maior em comparação com o ácido láurico (FELTRIN et al., 2008); e ácido decanóico (10 carbonos) não estimulou a secreção de PYY (FELTRIN et al., 2006).

Comparando o efeito de triacilgliceróis e de ácidos graxos isolados, um estudo mostrou que infusões intragástricas de óleo de macadâmia e de ácido oleico, em indivíduos saudáveis, causaram elevação dos níveis plasmáticos de PYY total além dos níveis de jejum, porém esse aumento foi significativamente maior em resposta ao ácido oleico (LITTLE et al., 2007). Outro estudo mostrou que, em ratos, a administração de óleo de milho no duodeno e no íleo falhou em produzir secreção de PYY além dos níveis de jejum, ao longo de 120 minutos, ao passo que ácido oleico produziu respostas secretórias significativas a partir de 60 minutos (APONTE et al., 1989).

Avaliando o efeito de fontes de ácidos graxos de cadeia longa com diferentes graus de saturação, um estudo em humanos mostrou que infusões intraileais de óleo de karité (fonte de ácidos graxos saturados), óleo de canola (fonte de ácidos graxos monoinsaturados) e óleo de cártamo (fonte de ácidos graxos poliinsaturados) foram capazes de elevar os níveis plasmáticos de PYY total em relação aos níveis de jejum, porém sem diferenças entre as infusões (MALJAARS et al., 2009).

Resultados diferentes foram encontrados em um estudo com mulheres eutróficas que receberam refeições teste hiperlipídicas líquidas (70% das calorias supridas por lipídeos), predominantes em ácidos graxos monoinsaturados, poli-insaturados ou saturados, de acordo com o grupo. O delineamento do estudo permitiu que cada participante recebesse todas as refeições teste, aleatoriamente, em dias separados. A refeição rica em ácidos graxos monoinsaturados provocou menor resposta pós-prandial de PYY total, comparada às outras refeições teste, além de menores escores de saciedade (KOZIMOR; CHANG; COOPER, 2013).

Utilizando diferentes fontes lipídicas em situações mais próximas dos hábitos alimentares, também foram encontradas diferenças na resposta secretória de PYY. Em cachorros, após seis meses de adaptação a dietas tendo como fonte lipídica óleo de oliva [fonte de ácido oleico (18 carbonos)]

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ou óleo de semente de girassol [fonte de ácido linoleico (20 carbonos)], o grupo com óleo de oliva apresentou significativamente maior concentração plasmática de PYY total no jejum; e após consumo de refeições teste, semelhantes em fonte lipídica de acordo com as respectivas dietas, o grupo com óleo de oliva também apresentou significativamente maior resposta secretória de PYY total após o consumo (YAGO et al., 1997).

Resultados semelhantes foram encontrados em humanos após 30 dias de adaptação a dietas com óleo de oliva ou óleo de girassol como fonte lipídica: o grupo adaptado à dieta com óleo de oliva apresentou concentração plasmática de PYY total no jejum significativamente maior do que o grupo tendo óleo de girassol como fonte lipídica, e essa diferença permaneceu após consumo de refeições teste, com fontes lipídicas de acordo com as respectivas dietas (SERRANO et al., 1997). A análise do consumo alimentar desse estudo com humanos foi realizada com base em registros alimentares feitos pelos próprios indivíduos, assim, os resultados devem analisados com cuidado, pelo risco de sub-relato.

Associação entre peso corporal e níveis plasmáticos de PYY

Ratos submetidos à obesidade induzida por dieta hiperlipídica apresentaram níveis plasmáticos de PYY total (PYY 1-36 e PYY 3-36) no jejum significativamente menores em comparação com ratos resistentes à indução de obesidade, e menor expressão de RNA mensageiro de PYY no íleo e no cólon (YANG et al., 2005).

Em camundongos obesos, os níveis plasmáticos de PYY total, tanto no jejum quanto após ingestão alimentar, apresentaram-se mais baixos do que em camundongos não obesos. Além disso, os obesos apresentaram maior conteúdo de PYY no tecido colônico, porém sem diferença significativa para a expressão de RNA mensageiro de PYY nesse tecido, sugerindo que em obesos não há prejuízo na síntese desse peptídeo, mas sim na sua secreção (LE ROUX et al., 2006).

Estudos em humanos apresentam controvérsias quanto às diferenças entre eutróficos e pessoas com peso fora da normalidade em relação aos níveis de PYY tanto no jejum quanto no período pós-prandial.

Em um ensaio avaliando os níveis plasmáticos de PYY em adultos eutróficos e obesos, em jejum e após refeições ad libitum, Batterham et al. (2003) mostraram que o grupo obeso apresentou níveis plasmáticos de PYY total significativamente menores no jejum e após ingestão alimentar, havendo uma correlação negativa entre os níveis no jejum e o índice de massa corporal. Analisando especificamente o PYY 3-36, foi encontrado

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que, no jejum, indivíduos obesos também apresentaram menores níveis plasmáticos dessa forma do PYY, em comparação com indivíduos eutróficos (BATTERHAM et al., 2006).

Quando utilizadas refeições com cargas calóricas definidas, de 250 a 3000 quilocalorias (Kcal), foi encontrado que o pico de resposta pós-prandial de PYY total para obesos foi significativamente menor do que para os eutróficos, para todas as cargas, além do fato de os obesos também terem apresentado menores níveis plasmáticos de PYY no jejum (LE ROUX et al., 2006). Em adição, os menores picos de resposta para os indivíduos obesos foram acompanhados por menores escores de plenitude, após refeições com 1000, 2000 e 3000 Kcal.

Contudo, comparando os níveis plasmáticos de PYY total no jejum entre adultos com anorexia nervosa (mulheres), eutróficos e obesos, um estudo mostrou que participantes eutróficos não diferiram dos obesos, e as anoréxicas apresentaram maiores níveis de PYY em relação aos outros participantes. Além disso, para os obesos, uma redução de 5,4% no peso corporal foi acompanhada por um decréscimo de 30% nos níveis de PYY no jejum, e para as anoréxicas, o ganho de peso de 7,6 Kg após terapia especializada não teve efeito na concentração plasmática de PYY (PFLUGER et al., 2007). Acompanhando esses resultados, tanto antes quanto após serem submetidos a uma semana de consumo de dieta hipercalórica, adultos eutróficos, com sobrepeso e obesos não diferiram entre si quanto aos níveis plasmáticos de PYY no jejum (CAHILL et al., 2011).

Em um estudo com adolescentes eutróficos e obesos, de ambos os sexos, os níveis plasmáticos de PYY total no jejum não diferiram entre os grupos, e os adolescentes eutróficos apresentaram níveis semelhantes após consumirem refeições com diferentes conteúdos calóricos, o que não ocorreu com os obesos, que precisaram de mais calorias para apresentar níveis plasmáticos de PYY semelhantes aos dos eutróficos (MITTELMAN et al., 2010).

Em adolescentes do sexo feminino, os níveis plasmáticos de PYY total no jejum não diferiram entre anoréxicas, eutróficas e obesas. Entretanto, após 15 minutos de ingestão de uma refeição líquida, o grupo eutrófico apresentou aumento significativo dos níveis de PYY total em relação aos outros grupos, e após controlar para agrupamento, uma correlação positiva foi encontrada entre a diminuição dos escores de fome e o aumento dos níveis plasmáticos absolutos de PYY (STOCK et al., 2005).

Entre crianças eutróficas e com sobrepeso, Lomenick, Clasey e Anderson (2008) não encontraram diferenças entre os níveis plasmáticos de

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PYY total no jejum, apesar de haver uma tendência para maiores níveis no grupo sobrepeso. Porém as respostas pós-prandiais de PYY foram significativamente maiores para as eutróficas no intervalo de tempo de uma hora após o consumo de uma refeição com 400 Kcal, não havendo diferença para as obesas; porém após uma hora do consumo de uma refeição com 600 Kcal, as respostas pós-prandiais foram significativamente maiores para ambos os grupos em relação ao momento pré-refeição.

Em um estudo com crianças e adolescentes eutróficos e obesos, o grupo obeso apresentou significativamente menores níveis plasmáticos de PYY total no jejum comparado ao grupo eutrófico, mas após um ano de participação em um programa de redução de peso, os níveis plasmáticos de PYY total no jejum aumentaram de forma significativa em relação à medida anterior ao início do programa (ROTH et al., 2005).

Em gestantes adultas também foi encontrada influência do ganho de peso nos níveis plasmáticos de PYY. Tanto em jejum quanto durante duas horas após o início da ingestão de uma refeição de 527 Kcal, as gestantes obesas apresentaram níveis plasmáticos de PYY 3-36 significativamente menores quando comparadas com gestantes eutróficas e com sobrepeso (SODOWSKI et al., 2007).

A associação entre peso corporal e níveis plasmáticos de PYY não apresenta controvérsias somente em indivíduos com excesso de peso comparados com eutróficos. Um estudo conduzido somente com adultos eutróficos mostrou que após consumo de bebida rica em lipídeos, metade dos indivíduos apresentou níveis plasmáticos de PYY total significativamente maiores em relação ao consumo de bebida controle, e a outra metade não apresentou mudanças na resposta secretória de PYY. Além disso, houve forte correlação positiva entre a maior resposta secretória de PYY e a diminuição dos escores de fome (STOECKEL et al., 2008).

CONCLUSÃO

A administração periférica de PYY, principalmente da forma PYY 3-36, leva a efeitos inibitórios no apetite, tanto em animais quanto em humanos, sugerindo que esse peptídeo modula de forma importante o comportamento alimentar.

A composição da dieta e os tipos de macronutrientes influenciam a secreção desse peptídeo, com lipídeos e proteínas tendo efeitos mais pronunciados do que carboidratos. O grau de hidrólise proteica parece não afetar a secreção de PYY, porém quanto aos lipídeos, o grau de hidrólise e o

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tamanho da cadeia dos ácidos graxos influenciam de maneiras diferentes sua secreção.

A literatura apresenta muitas controvérsias acerca da modulação da secreção desse peptídeo, assim como sobre o seu papel na saciedade. Além disso, a maioria dos estudos não avalia efeitos da ingestão crônica de macronutrientes, tanto em animais quanto em humanos. Portanto, há necessidade de mais trabalhos que avaliem a relação entre nutrientes, níveis pós-prandiais de PYY e saciedade, principalmente em obesos, pois existem controvérsias na literatura.

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03 A IMPORTÂNCIA DOS ALIMENTOS

FUNCIONAIS NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA

Irene Gomes de Souza1 Fernando César Rodrigues Brito2

RESUMO

Dieta e saúde, este binômio, representa um novo paradigma no estudo dos alimentos. Neste contexto, surge a compreensão de que a alimentação adequada exerce funções fundamentais na promoção da saúde; além de fornecer energia e nutrientes essências, que em associação, são identificados pelos efeitos fisiológicos benéficos, podendo prevenir ou retardar doenças, tal qual como câncer de mama. Deste modo, os alimentos que contém estas propriedades são denominados alimentos funcionais, e o conceito de alimentos funcionais é qualquer alimento, natural ou industrializado, que contenha uma ou mais substâncias, classificadas como nutrientes ou não-nutrientes, capazes de atuar no metabolismo e na fisiologia humana promovendo efeitos benéficos à saúde, podendo retardar o estabelecimento de doenças crônicas e/ou degenerativas e melhorar a qualidade e a expectativa de vida das pessoas. Considerando-se a relevância do tema, este estudo teve como objetivo identificar na literatura a importância dos alimentos funcionais no controle e prevenção do câncer de mama, assim como analisar a utilização destes, e descrever seus principais mecanismos de ação. O estudo foi realizado nos meses de janeiro de 2015 a junho 2015. Foram selecionados 50 artigos científicos, extraídos do Google acadêmico e periódicos SIELO, Capes Medline e Lilacs. Adotaram-se como critério de inclusão os artigos publicados de língua portuguesa e inglesa e com ênfase para trabalhos epidemiológicos e estudos experimentais. Foram utilizados os seguintes descritores: alimentos funcionais, prevenção, nutrição, neoplasia, câncer de mama. Alguns estudos epidemiológicos são convincentes ao demonstrarem que mulheres com uma dieta rica em frutas e vegetais têm um risco reduzido de desenvolverem câncer de mama. Entretanto, é ainda bastante questionável se a aparente proteção de determinados consumo de frutas e vegetais, cuja ação protetora contra a carcinogênese mamária tem

1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará) 2 Nutricionista. Doutorando em Biotecnologia (RENORBIO). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará

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sido evidenciada. Para o paciente, fica expressa a recomendação de cautela diante dos ditos produtos naturais ou alternativos e mesmo o consumo de vitaminas deve ser feito estritamente sob orientação do oncologista. Deve-se monitorar não apenas interações com medicamentos tradicionais, mas também explorar esse vasto universo da medicina popular, reforçando a gestão de risco.

Palavra-chave: Alimentos funcionais, prevenção, câncer de mama.

INTRODUÇÃO

O alimento ou ingrediente que alegar propriedades funcionais além de atuar em funções nutricionais básicas; irá desencadear efeitos benéficos à saúde e deverá ser também seguro para consumo sem supervisão médica (MIGNONE et al., 2009).

O Japão, na década de 1980, foi o primeiro país, que reformulou o processo de regulamentação especifica para esses alimentos e os denominaram de alimentos para uso especifico de saúde, aprovando-os com o selo do Ministério da Saúde e Bem-estar Japonês, através de um programa de governo, objetivando diminuir gastos com a saúde pública, e levando em consideração a elevada expectativa de vida naquele país (GOZZOLINO, 2012).

A literatura referência alguns critérios estabelecidos para determinação de um alimento funcional, tais como: exercer ação metabólica ou fisiológica que contribua para a saúde física e para a diminuição de morbidades crônicas; integrar a alimentação usual; os efeitos positivos devem ser obtidos em quantidades não tóxicas, perdurando mesmo após suspensão de sua ingestão; e, por fim, os alimentos funcionais não são destinados ao tratamento ou cura das doenças e sim, à prevenção (BLOCH JÚNIOR, 2012).

Os alimentos funcionais são caracterizados como produtos que contêm compostos envolvidos na prevenção e na promoção da saúde. Promovem saúde através da nutrição e estão incluídos nessa classe alimentos comuns e alimentos enriquecidos ou realçados, desde que tenham ação benéfica quando consumidos em uma dieta usual (MIGNONE et al., 2009).

Dentre a lista de alegações de propriedades funcionais que um alimento deve conter para ser considerado com funcionalidade e regulamentado pelo Governo Brasileiro, destacam-se: Ômega 3, carotenóides (licopeno, luteína zeaxantina), fibras alimentares, beta glucana, dextrina resistente, frutooligossacarídeo (FOS), goma guar parcialmente

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hidrolisada, inulina, lactulose, polidextrose, psillium ou psyllium, quitosana), fitoesteróis, polióis e probióticos (BRASIL, 1999).

Em virtude das alegações de suas propriedades funcionais que combatem e também protegem o organismo humano contra as doenças crônicas, a maioria da população tem demonstrado grande interesse por estes alimentos. Assim, pode-se optar pela prevenção ao invés da cura da doença, o que influencia significativamente nos custos médicos e no combate aos males provocados pelas poluições no ar, na água e nos alimentos por agentes químicos e microrganismos (BRASIL, 2005).

Neste sentido, é de responsabilidade dos profissionais da saúde, o nutricionista, entre eles, transmitir a orientação que permite à população a seleção de alimentos com qualidade em quantidade adequada para manter a saúde do organismo. De forma que, ao adquirirem o conhecimento correto das ações benéficas desses novos alimentos, as pessoas passem a consumi-los (BRASIL, 2002).

Padilha e Pinheiro (2004) sugerem que os fatores dietéticos podem contribuir para a carcinogênese mamária, tanto na progressão quanto no controle desta doença. Destacam-se os ácidos graxos poliinsaturados ômega 3, fibras, algumas vitaminas A, C, E, e minerais e os fotoquímicos, como agentes no bloqueio da carcinogênese, através de vários mecanismos de ação, anticarcinogênicos, antioxidantes, antiinflamatórios, anti-hormonais, antiangiogênicos, dentre outros.

A ciência dos alimentos funcionais, apesar de bastante estudada e evidenciada sua relevância clínica, ainda requer investimentos científicos para melhor esclarecimento dos seus princípios ativos e efeito funcional de alguns de seus componentes bioativos (BRASIL, 2003).

Cuppari (2005) adverte que para determinado componente do alimento tenha seu efeito comprovado, são necessárias muitas etapas de avaliações e esse tempo não dá conta da variedade de oferta de alimentos no mercado, vários eles, sem ação comprovada cientificamente.

E importante salientar que a maioria dos estudos encontra-se ainda muito prematura, e com frequentes conflitos de definições. Visto isso, sugere-se que faça uso de tais compostos com orientações do profissional da saúde (BRASIL, 2003).

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo (BRASIl, 2003; BRASIl, 2002).

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O câncer de mama é uma doença que se caracteriza pelo crescimento anormal das células, podendo se manifestar e evoluir de forma maligna ou benigna. O tumor maligno é composto por células agressivas que se instalam rapidamente atingindo os tecidos e órgãos. Se não houver diagnóstico no início do processo de instalação, o câncer pode se espalhar pelas demais partes do corpo, dando origem à metástase. O desenvolvimento do tumor benigno é caracterizado pelo crescimento lento de células semelhantes ao tecido natural e este raramente indica algum risco à saúde do paciente (BRASIl, 2003; BRASIl, 2002).

Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituído um risco de vida (CUPPARI, 2005).

Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom prognóstico, se diagnosticado e tratado oportunamente. A mortalidade por câncer de mama no Brasil continua avançando, devido ao diagnóstico tardio da doença (INCA, 2013).

O câncer é considerado um grave problema de Saúde Pública mundial. No Brasil, essa patologia vem atingindo progressivamente um número maior de mulheres, em faixas etárias cada vez mais baixas, e com taxa de mortalidade também crescente. As neoplasias, atualmente, constituem a segunda causa de morte em mulheres brasileiras, sendo que o câncer de mama ocupa o primeiro lugar (INCA, 2010).

No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%. Nos últimos 40 anos, a sobrevida vem aumentando nos países desenvolvidos e, atualmente, é de 85% em cinco anos, enquanto, nos países em desenvolvimento, permanece com valores entre 50% e 60% (INCA, 2014).

Assim, reconhecida a elevada incidência e mortalidade do câncer de mama, a prevenção e o controle deste, são de grande relevância, representando um importante problema de saúde pública.

Dados epidemiológicos e experimentais, que demonstram uma combinação entre dieta e risco de câncer, ressaltam certos alimentos funcionais que emerge como um promissor instrumento no controle do câncer de mama, através de prováveis mecanismos de ação

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anticancinogênicos como os antioxidantes, anti-inflamatórios, antihormonais (CUZICK et al., 2003).

Assim, este trabalho tem como objetivo, possibilitar reflexão sobre alimentos funcionais, visando contribuir para a saúde das pessoas, a fim de viabilizar a melhoria da qualidade de vida, transformando as pessoas de meros consumidores de alimentos a sujeitos que buscam longevidade saudável, justificando-se pela necessidade de novas discussões sobre o tema: Alimentos Funcionais e sua atuação no Câncer de Mama.

Considerando-se a relevância do tema, este estudo teve como objetivo principal identificar na literatura a importância dos alimentos funcionais no controle e prevenção do câncer de mama, assim como analisar a utilização destes, e descrever seus principais mecanismos de ação.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo de revisão de literatura. O estudo foi realizado nos meses de janeiro de 2015 a junho 2015. Foram selecionados 50 artigos científicos, extraídos do Google acadêmico e periódicos SIELO, Capes Medline e Lilacs. Optou-se por artigos de língua portuguesa e inglesa e com ênfase para trabalhos epidemiológicos e estudos, experimentais e foram utilizados os seguintes descritores: Alimentos funcionais, prevenção, nutrição, neoplasia Câncer de mama.

A pesquisa retratou a importância dos alimentos funcionais para prevenção e promoção da saúde das mulheres em idade fértil com câncer de mama com o objetivo de melhorar a qualidade de vida em pacientes que já tiveram a doença (câncer de mama) ou que estavam com câncer de mama que utilizavam em suas dietas os alimentos funcionais como: Fibras, Vitaminas e Minerais, fitoquímicos, Ômega 3(n-3), Ácido Linoleico Conjugado (CLA), legumes, verduras e frutas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Atualmente, várias publicações têm levantado a importância das fibras na redução do risco do câncer de mama. Sugerindo que um aumento do consumo de frutas, vegetais e grãos integrais, podem reduzir o risco deste tipo de câncer (GUIMARÃES; BOEKEL, 2008).

Muitos mecanismos de ação têm sido sugeridos, principalmente o que envolve a redução de estrogênios bioativos no sangue. É provável que

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dietas ricas em fibras estejam associadas com a alteração da flora colônica, atuando na regulação da recirculação enterohepática de estrogênios, de tal forma que a quantidade de estrogênio excretado é aumentada (HALLIWELL, 2007).

A importância de outros constituintes da fibra, como o fitato (inositol-6-fosfato), que merece ter sua anticarnogênica investigada, visto que há diversas evidencias acerca da variedade de efeitos biologicamente significantes, na tumorigênese quimicamente induzida (HUNTER et al., 1993).

O dano oxidativo pode ocasionar modificações estruturais do DNA, resultando em modificações em suas bases e, consequentemente, na função celular, podendo levar à iniciação e progressão da carcinogênese. Dessa forma, tanto a falta de capacidade de reparo ao DNA, diminuição das defesas antioxidantes enzimáticas e não enzimáticas ou o próprio dano causado pelas ERO podem estar envolvidos com o desenvolvimento do câncer, sendo esse efeito potencialmente prevenido por meio do consumo de antioxidantes. Por esse contexto, especificamente as vitaminas A, C e E têm sido estudadas em função do seu poder antioxidante em pacientes oncológicos (HUNTER et al., 1993).

Estudos recente nos Estados Unidos, que investigou 5.707 pacientes com câncer de mama, comprovou que um alto consumo de carotenoides pode reduzir significativamente o risco de câncer de mama, principalmente em mulheres pós-menopausa. Sabe-se também que o mecanismo protetor da vitamina A na carcinogênese pode estar relacionado à regulação da diferenciação celular, prevenindo o aumento quantitativo das células com características malignas (JACKMAN et al., 1999).

Esse conhecimento reforça a importância de um consumo adequado da vitamina A não somente para auxiliar na prevenção do câncer de mama, mas também para impedir sua progressão, auxiliando, portanto, no tratamento.

Considerando a vitaminaA, o mecanismo envolvido na carcinogênese é incerto, porém, sua ação parece ser reconhecida bloqueando a fase inicial e a promoção da tumorigênese mamária, assim como atuando na regulação da diferenciação celular, prevenindo um aumento de células com características de malignidade (KOCH et al., 1996).

Estudos realizados em corte que não suportou a associação entre a ingestão de alguns tipos de carotenóides (α-caroteno, β-caroteno, β- cryptoxantina, licopeno, e luteína + zeaxantina) e o risco de câncer de mama,

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mas levanta a escassez de estudos, e a necessidade de se estudar a diversidade de carotenoides (KOCH et al., 1996).

Alguns estudos epidemiológicos são convincentes ao demonstrarem que mulheres com uma dieta rica em frutas e vegetais têm um risco reduzido de desenvolverem câncer de mama. Entretanto, é ainda bastante questionável se a aparente proteção de determinados consumo de frutas e vegetais, cuja ação protetora contra a carcinogênese mamária tem sido evidenciada (LEVI et al., 2000).

Uma das ações das vitaminas e minerais é a defesa contra as espécies reativas de oxigênio, que são responsáveis por danos ao DNA, regulação da diferenciação celular e consequentemente, inibição do crescimento de células mamárias cancerígenas (MAIA; SANTOS, 2006).

A vitamina E é também um potente antioxidante, sendo reconhecida por reduzir a incidência de tumores mamários induzidos experimentalmente. O tocoferol representa a forma da vitamina E com maior poder antioxidante e amplamente distribuída no organismo, apresentando uma importante proteção contra a peroxidação lipídica nas membranas celulares (BRASIL, 2005).

Entretanto, não há um consenso entre os estudos experimentais e epidemiológicos, mas sugere-se um efeito potencial da ação antioxidante desta vitamina relacionada a dietas ricas em ácidos graxos poliinsaturados, e alguns estudos investigando o papel protetor dos ácidos graxos poliinsaturados n-3 associam vitamina E como um suplemento antioxidante (BRASIl, 2000).

As fontes de vitamina E mais referidas pelas pacientes desse estudo foram óleo de soja e margarina com sal, embora as principais fontes investigadas, ou seja, as fontes que continham maior teor dessa vitamina fossem a margarina light e o azeite de oliva. Cabe ressaltar ainda que a baixa ingestão dietética da vitamina, observada pelo QFA não reflete, necessariamente, na deficiência sanguínea da mesma. Por isso, novos estudos que avaliem a biodisponibilidade desse nutriente podem auxiliar na formulação de recomendações padronizadas para adequação do consumo de vitamina E nessas pacientes (OLIVEIRA et al., 2014).

Em vista da baixa ingestão de vitaminas A e E neste estudo, sugere-se realizar o aconselhamento nutricional para adequar o consumo de alimentos fontes dessas vitaminas e uma investigação dos seus níveis séricos para avaliar a necessidade de suplementação (OLIVEIRA et al., 2014).

Considerando a vitaminaA, o mecanismo envolvido na carcinogênese é incerto, porém, sua ação parece ser reconhecida bloqueando

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a fase inicial e a promoção da tumorigênese mamária, assim como atuando na regulação da diferenciação celular, prevenindo um aumento de células com características de malignidade (OLIVEIRA et al., 2014).

Dentre os minerais supostamente envolvidos na redução do câncer de mama, o selênio é apontado como um importante componente da enzima antioxidante glutationa peroxidase, inibindo diretamente a proliferação de células epiteliais pela degradação da matriz, o que resulta na inibição da angiogênese, evento obrigatório para o desenvolvimento tumoral (SANTOS; SOUZA, 2001).

A relação entre o folato e o risco de câncer de mama - Os mecanismos pelos quais a deficiência de folato pode influenciar o processo de carcinogênese são: redução da metilação de DNA, que aumenta as taxas de mutações através da instabilidade genômica, pois a metilação é um importante modulador da expressão genética; aumento dos erros na replicação de DNA; e hipermetilação de genes de reparo de DNA ou supressores tumorais, conduzindo ao desenvolvimento do câncer (SANTOS; SOUZA, 2001).

Os fitoquimicos relacionados à neoplasia mamária, os fitoestrógenos, que são compostos fenólicos heterocíclicos similares aos estrogênios naturais e sintéticos com propriedades tanto estrogênicas quanto antiestrogênicas, são os mais amplamente investigados, sendo as isoflavonas e as lignanas seus maiores representantes (SANTOS; SOUZA, 2001).

As isoflavonas genisteína e daidzeína, obtidas da soja e de seus produtos, são as principais formas biologicamente ativas deste fitoestrógeno. Pesquisas experimentais e epidemiológicas sugerem a hipótese de que as isoflavonas exercem um papel protetor no desenvolvimento de tumores mamários, em especial entre a população asiática (SANTOS; SOUZA, 2001).

Portanto, os mecanismos que sustentam tais hipóteses baseiam-se na atividade estrogênica e antiestrogênica, onde as isoflavonas conjugadas, presentes nas plantas, vegetais e especialmente em produtos da soja, podem ser desconjugadas pelas bactérias intestinais, permitindo que elas sejam absorvidas para a circulação, onde podem competir, com estrogênios, por sítios de receptores estrogênicos situados nas células mamárias (TACO, 2011).

Em adição, as isoflavonas também são relacionadas com a alteração no metabolismo do estrogênio, convertendo o seu metabólito biologicamente ativo, 16-α-hidroxiestrona, em 2-hidroxiestrona, um metabólito menos ativo; com a alteração da quantidade de globulinas

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carreadoras de hormônio sexual (SHBG); e, por fim, com a atuação como agonistas e antagonistas do estrogênio (OLIVEIRA et al., 2014).

Evidências científicas relacionam a genisteína à inibição dos fatores de crescimento sérico e epidérmico de células mamárias normais, quando comparadas às células cancerígenas. Deste modo, a ingestão de soja pode prevenir a iniciação do câncer, mais do que inibir o crescimento de células acometidas previamente existentes (WÜNSH; MONCAU, 2002).

Os resultados acerca do efeito protetor das isoflavonas à inibição dos fatores de crescimento sérico e epidérmico de células mamárias normais, quando comparadas às células cancerígenas. Deste modo, a ingestão de soja pode prevenir a iniciação do câncer, mais do que inibir o crescimento de células acometidas previamente existentes (BRASIL, 2000).

Os resultados acerca do efeito protetor das isoflavonas no câncer de mama são contraditórios, e existem algumas evidências de que a genisteína e a daidzeína favorecem a tumorigênese mamária, e in vitro antagonizam o efeito antitcarcinogênico do tamoxifeno, quando em baixas concentrações (TACO, 2011).

Diante das exposições acima, é necessário avaliar o efeito do consumo de alimentos fontes de isoflavonas como terapêutica, em virtude dos seus possíveis efeitos adversos, obtidos especialmente em relatos experimentais com baixas concentrações destas. Porém, estudos complementares devem ser estimulados (WÜNSH; MONCAU, 2002).

CONCLUSÃO

Para o paciente, fica expressa a recomendação de cautela diante dos ditos produtos naturais ou alternativos e mesmo o consumo de vitaminas deve ser feito estritamente sob orientação de um profissional. Deve-se monitorar não apenas interações com medicamentos tradicionais, mas também explorar esse vasto universo da medicina popular, reforçando a gestão de risco.

O ideal é criar uma rotina nos serviços de quimioterapia que considere não só a presença do farmacêutico especialista em oncologia, responsável pela manipulação dos medicamentos, mas a participação do nutricionista na assistência direta ao paciente, para identificar detalhadamente todos os hábitos que podem interferir no tratamento do câncer e fornecer informações que fazem toda a diferença no percurso terapêutico.

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WÜNSH FILHO, V.; MONCAU, J.E. Mortalidade por câncer no Brasil 1980-1995. Padrões regionais e tendências temporais. Rev Assoc Med Bras, v.48, p.250-7, 2002.

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04 UTILIZAÇÃO DA CAMELLIA SINENSIS NO

COMBATE A OBESIDADE: uma revisão

Jescileide Souza Barros1 Fernando César Rodrigues Brito2

RESUMO

A obesidade e o sobrepeso são um problema de saúde pública. Por isso aumentam as pesquisas sobre alimentos com o objetivo de prevenir e tratar suas comorbidades. O chá verde obtido da planta Camellia sinensis é considerado um alimento funcional que está sendo utilizado como terapia alternativa e auxiliar no seu tratamento e prevenção devido suas características: rico em catequinas, capaz de induzir um efeito termogênico, atuante na oxidação de gordura corporal e eficaz na diminuição do peso corpóreo. Este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento da literatura científica acerca das recentes pesquisas sobre os efeitos do chá verde (Camellia sinensis) no tratamento da obesidade. Para tanto, foram consultados periódicos das Bases de Dados MEDLINE, SCIELO e LILACS-BIREME, publicados nos anos de 2007 a 2017. A maioria dos estudos mostrou eficácia quanto ao tratamento da obesidade e redução do peso corpóreo em conjunto com o tratamento convencional medicamentoso e a mudança do estilo de vida dos pacientes. Porém os estudos ainda convergem em relação à dosagem do extrato aquoso necessário para atingir tal efeito.

Palavras-chave: Chá verde (Camellia sinensis), obesidade, gordura corporal.

INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Mundial da Saúde as DCNT (Doenças Crônicas Não-Transmissíveis) tais como câncer, diabetes, obesidade, doenças respiratórias, doenças renais, cardiovasculares, neuropsiquiátricas e hipertensão arterial estão diretamente ligadas ao elevado

1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará) 2 Nutricionista. Doutorando em Biotecnologia (RENORBIO). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará

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número de óbitos em países industrializados e emergentes (DUARTE et al, 2014). A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura, mais especificamente na região do abdômen, onde os indivíduos apresentam massa corporal igual ou maior que 30 kg/m². Algumas intervenções podem ser realizadas para a perca de peso como a prática de atividades físicas e uma alimentação saudável (PRESTES et al, 2014).

A obesidade também apresenta como característica um estado de inflamação sistêmica, resultando principalmente do aumento do número de adipócitos e recrutamento de macrófagos no tecido adiposo branco. O indivíduo obeso possui uma maior predisposição ao desequilíbrio entre os fatores anti e pró-inflamatórios provenientes da alimentação. Estudos envolvendo diversos autores revelam que o indivíduo obeso apresenta disfunções metabólicas causadas pela alta quantidade de gordura e consequentemente aumentando os riscos para outras doenças crônicas como o câncer, diabetes e doenças cardiovasculares (SANTANA et al, 2015).

Atualmente existem diversas formas de tratamento dessas doenças. Vários fármacos e intervenção cirúrgica são utilizados em conjunto com outras terapias não convencionais. (FARIA, 2010).

Os alimentos funcionais são apontados como uma nova opção de tratamento e prevenção de muitos agravos. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Nacional (ANVISA) todo alimento funcional oferece além da função primordial de nutrir alguma propriedade que produza efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou benéficos à saúde (BRASIL, 1999).

O chá é uma das bebidas de maior consumo no mundo todo. No passado, seu consumo concentrava-se em países da Ásia e da Europa, panorama que vem mudando ao longo dos últimos anos (FARIA, 2010).

O chá verde, obtido da planta Camellia sinensis é uma bebida do grupo dos alimentos funcionais que tem sido objeto de diversos estudos que demonstram seu êxito na redução de peso corporal e da gordura corporal, assim como também na prevenção da obesidade e nas doenças à ela associadas. Ele atua na prevenção da obesidade devido seu efeito termogênico (DUARTE et al, 2014).

Diante do exposto, este estudo teve como objetivo realizar um levantamento bibliográfico acerca das recentes pesquisas sobre os efeitos do chá verde em indivíduos que apresentam obesidade e que possuem problemas associados à mesma.

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MÉTODOS

Trata-se de um artigo de revisão de literatura realizado no período de abril à junho de 2016 na qual foram consultados periódicos das Bases de Dados MEDLINE, SCIELO e LILACS-BIREME, publicados nos anos de 2007 à 2017.

A busca nos bancos de dados foi realizada utilizando às terminologias cadastradas nos Descritores em Ciências da Saúde criados pela Biblioteca Virtual em Saúde desenvolvido a partir do Medical Subject Headings da U.S. National Library of Medicine, que permite o uso da terminologia comum em português, inglês e espanhol. As palavras-chave utilizadas na busca foram: Chá Verde, Camellia sinensis, Obesidade e Gordura Corporal. Os critérios de inclusão para os estudos encontrados foram à abordagem relacionando a utilização da planta Camellia sinensis no combate à obesidade.

RESULTADOS

Combinando-se todos os métodos de busca, foram identificados 09 artigos preenchendo os critérios de inclusão. O quadro 1 descreve os estudos em relação aos seguintes aspectos: primeiro autor, ano de publicação e os principais resultados.

As publicações foram pré-selecionadas pelos títulos, os quais deveriam conter como primeiro critério o termo completo e/ou referências a utilização da Camellia Sinensis. Foram incluídas publicações em inglês e português que atenderam aos critérios de se tratar de estudos experimentais e ensaios clínicos. Em seguida, foram excluídos artigos repetidos e de publicações antigas em diferentes bases de dados.

Realizou-se então uma pesquisa complementar no portal de periódicos da Capes e nas referências dos artigos selecionados com intuito de ampliar o campo empírico a ser analisado, e incluíram-se publicações que atendiam aos critérios supracitados.

Quadro 1: Estudos envolvendo a utilização da Camellia Sinensis no combate à obesidade no período de 2007 a 2017.

AUTOR ANO DE

PUBLI CAÇÃO

PRINCIPAIS RESULTADOS

SAIGG et al. 2009 Artigo de revisão que relaciona a função termogênica com a ação das catequinas.

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PINHEIRO et al 2010 Não foram encontradas diferenças significativas na utilização da infusão da Cammellia Sinensis.

CARDOSO et al

2011 O uso prolongado do chá verde auxiliou na maior perda de peso corporal, e aliado ao treinamento físico de resistência favoreceu a perda de gordura e um maior ganho de massa magra à médio e longo prazo.

DUARTE et al 2014 A revisão mostrou que a maioria (82%) dos artigos utilizados apresentou uma associação significativa entre o consumo de chá verde e a perda de peso.

BARK et.al

2014

Estudo experimental do extrato aquoso em animais obesos. O consumo do chá verde produziu uma redução significativa no peso dos animais.

PRESTES et al 2014 Houve associação positiva entre IMC e consumo de chá verde, o que sugere que a ingestão deste chá foi utilizada como possível intervenção para perda de peso nesta população.

CONCEIÇÃO et al

2014 O consumo de chá verde deve ser feito com precaução, pois ainda não um consenso quanto a sua dosagem e frequência do uso, além disso os estudos não citam quanto tempo a perda de peso foi mantida.

CHAUDHARY et al 2014 Estudo experimental que utilizou 100mg/kg de peso ao dia do chá da casca da fruta da Camellia sinensis em ratos obesos. O grupo experimental que recebeu o chá obteve redução significativa de peso.

SANTANA et al

2015 A maioria dos estudos que obteve efeitos benéficos notou uma variação mínima na composição corporal tanto no repouso como no exercício.

SILVA et al 2016 Revisão de literatura que concluiu que o chá verde atua sobre a perda de peso e também apresenta efeitos benéficos no controle dos distúrbios da obesidade como diabetes. Entretanto o seu uso excessivo pode promover efeitos adversos.

FERNANDES 2017 Revisão de literatura que confirma o papel de acelador metabólico da planta, porém afirma que os mecanismos de ação ainda precisam ser investigados.

NOMURA 2017

Estudo experimental utilizando o extrato aquoso em indivíduos obesos O chá verde demonstrou estatisticamente possuir efeitos hipoglicêmicos.

AFIFA 2017 Estudo experimental utilizando o extrato aquoso em animais obesos. Resultados positivos para o uso da Camellia Sinensis.

DISCUSSÃO

O chá verde já foi utilizado como medicamento. Devido suas características organolépticas, caiu no gosto popular. Sua composição incluindo os flavonoides e catequinas apresentam uma diversidade de atividades biológicas, antioxidantes, quimioprotetoras, termogênicas, anti-

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inflamatória e anticarcinogênica. Atualmente o chá verde é considerado um alimento funcional que pode trazer benefícios fisiológicos à saúde, devido aos seus componentes ativos (SAIGG, 2009).

Um estudo experimental estudou a administração do chá verde em animais obesos. O resultado demonstrou uma redução considerável da gordura corporal. Tal ação pode ser explicada pelo efeito termogênico de seus componentes (BARK, 2014).

Pinheiro et al (2010) observou um estudo realizado com 10 homens saudáveis (sem histórico de perda de peso, não atletas, sem alta carga de atividade física e não fumantes). Foi avaliado o efeito de um extrato de chá verde sobre a estimulação da termogênese, o aumento do consumo de energia, o aumento do índice metabólico, e o substrato de oxidação em humanos em comparação com a cafeína isolada e com o grupo placebo. O quociente respiratório e os níveis de substrato oxidados apareceram distintos no grupo chá verde, menores para o quociente respiratório e maiores no substrato de oxidação de gordura, o que indica maior uso dos lipídios e menor uso de proteínas e carboidratos durante o metabolismo energético. Neste estudo sua interpretação pode presumir que o chá verde possui propriedades termogênicas e estimulação da oxidação de gorduras, e que este mecanismo não estaria ligado somente à cafeína disponibilizada pelo chá, mas pelos compostos polifenólicos, especialmente a epigalocatequina galato (PINHEIRO, 2010).

Cardoso et al (2012) realizaram em um trabalho com 40 mulheres com idade entre 20 e 40 anos e com IMC (Índice Massa Corporal) indicativo de sobrepeso. As participantes passaram 30 dias de adaptação alimentar com uma dieta balanceada em 1200 kcal baseada no hábito alimentar de cada participante. Após este período as mesmas foram submetidas à uma avaliação da composição corporal e da taxa metabólica de repouso além de exames como glicemia, colesterol total e frações, triglicerídeos, creatinina, insulina e Proteína C reativa (PCr). As mesmas foram divididas em 4 grupos aleatórios: 1(chá verde); 2(placebo); 3(chá verde mais exercícios resistidos); 4(placebo mais exercícios resistidos). No período de 60 dias todos os grupos ingeriram 200 mL de chá verde. Os grupos foram orientados a consumir as bebidas em 200 mL de água gelada no horário de 10 e 16h, este procedimento foi realizado nos 4 grupos do estudo para que não ocorresse variação nos resultados. No período do estudo foi observado que o grupo do placebo não influenciou em nenhuma das variáveis estudadas. No grupo 1 a utilização do chá verde promoveu uma perda de peso corporal, perda de gordura corporal e manutenção da massa magra, contudo não significante (CARDOSO, 2012).

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Este estudo corroborou com um estudo realizado por Prestes et al (2014) que avaliou 65 mulheres, com idades entre 18 e 50 anos. O grupo respondeu um questionário de frequência alimentar baseado no consumo de chá mate nos últimos 6 meses. As participantes passaram por uma avaliação antropométrica (peso, estatura, índice de massa corporal e circunferência abdominal). O resultado demonstrou correlação positiva entre o consumo de chá verde e o IMC das mulheres que participaram do estudo (PRESTES et al, 2014).

Em outra pesquisa do tipo duplo-cego, com indivíduos saudáveis com idades entre 20-65 anos, as medidas antropométricas foram avaliadas após um período de uso diário de chá-verde (uma em cada refeição: café-da-manhã, almoço e jantar) totalizando 665,9 mg de catequinas/ dia. Nos resultados foram observados uma redução do peso corporal e gordura abdominal nos grupos 1 e 2 , quando confrontados com o grupo controle que consumiu apenas o chá placebo apresentando pouca quantidade de catequinas (NOMURA, 2017).

Santana et al (2015) realizou um estudo sobre o chá verde associado a prática de exercícios físicos, com a hipótese de que seus efeitos sobre a oxidação lipídica fossem ser maiores. Porém não foi encontrada nenhuma associação estatística de diminuição da gordura com o uso do chá-verde (SANTANA et al, 2015).

Apesar de existirem grande número de trabalhos que observaram efeitos benéficos do chá verde associado ao exercício físico, os tipos de protocolos de treinamento empregados, assim como a padronização do controle dietético são distintas, o que dificulta a comparação de resultados obtidos e a extrapolação dos mesmos. Foram observadas alterações maiores, como diminuição de 10% no percentual de gordura em grupos experimentais, quando comparado a grupos placebos. Contudo, é importante ressaltar que serão necessários mais trabalhos, utilizando uma ingestão dietética menos restritiva juntamente com diferentes tipos de exercício por um período mais longo. Visto que os mecanismos de ação dos resultados demonstrados ainda são incipientes.

CONCLUSÃO

A prescrição do chá verde junto ao plano alimentar e à prática de exercícios físicos tem sido bastante comum, devido à sua comprovação em diversos estudos sobre os seus mais variados benefícios como a oxidação da gordura corporal diminuindo assim o peso corpóreo, sendo este indicado para indivíduos com obesidade ou sobrepeso ou outros problemas

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associados. Ressaltamos a importância da utilização do chá verde em pacientes com diabetes, hipertensão e sobrepeso sendo importante estar atento à quantidade recomendada por dia para desfrutar dos benefícios relatados. Visto que a literatura estudada ainda não chegou a um consenso em relação à dosagem adequada para cada indivíduo.

REFERÊNCIAS

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BARK E.L. Effect of Aqueous Extract of Green Tea (Camellia Sinensis L.) on Obesity and Liver Status in Experimental Rats. International Journal of Pure and Applied Sciences and Technology. v.22, n.1, p.53-63, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA (1999). Resolução nº 18, de 30 de abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico que estabelece as diretrizes básicas para análise e comprovação de Propriedades Funcionais e/ou Saúde alegadas em rotulagem de alimentos. Ministério da Saúde, Brasília. 1999.

CARDOSO, G.A et al.. Avaliação do efeito do consumo de chá verde sobre a obesidade, tendo como aliado o treinamento de força. In: Mostra Acadêmica UNIMEP, v.10, n.1. 2012.

CHAUDHARY, N. et al. Camellia sinensis fruit pell extract inhibits angiogenesis and ameliorates obesity induced by high-fat diet in rats. Journal of functional foods. v.7, p.479-486. 2014.

CONCEIÇÃO, M.S. O papel coadjuvante das catequinas do chá verde (Camellia sinensis) na redução da adiposidade. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável. v.4, n.5, p. 47-54, 2014

DUARTE, J.L.G. et al . A relação entre o consumo de chá verde e a obesidade: Revisão. Rev Bras de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. v.8, n.3,p. 31-39, 2014.

FARIA, C.N. Chá verde como coadjuvante no tratamento da obesidade e suas comorbidades. Uniciências . v.14, n.2, p.105-126, 2010.

FERNANDES, D et. al. Efeitos do chá verde e do exercício físico sobre a composição corporal de pessoas obesas. Cinergis, v.18, n.2,p.156-159, 2017.

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FREITAS H.C.P. O chá verde induz o emagrecimento e auxilia no tratamento da obesidade e suas comorbidades. Rev Bras de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. v.1, n.2,. p. 16-23, 2007.

NOMURA S. et al. Effects of flavonol-rich green tea (Camellia sinensis L) on blood glucose and insulin levels in diabetic mice. Integrative Obesity and Diabetes. v.1, n.15, p.109-111, 2017.

PINHEIRO, J.N. Camellia sinensis (L), Kuntze (chá verde) e seus aspectos químicos, farmacológicos e terapêuticos. Infarma . v.22, n.1, p.32-41, 2010.

PRESTES M.O et al. Associação do consumo de chá verde com o peso corporal de mulheres adultas. Rev Bras de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. v.8, n.48, p.175-180, 2014

SAIGG, N.L. Efeitos da utilização do chá verde na saúde humana. Universitas: Ciências da Saúde. v.8, n.1, p.69-89, 2009.

SANTANA, L.S et al. Efeitos da suplementação de chá verde sobre a perda de peso. Ciências Biológicas e de Saúde Unit, v.2, n.3, p.39-54, 2015.

SILVA, A.C; LIMA C.P. Chá verde, Camellia Sinensis (L.) Kuntze, no tratamento da obesidade. Anais do XI Encontro do Centro Universitário Autônomo do Brasil- UniBrasil, 2016.

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05 RELAÇÃO ENTRE NÍVEIS DE ESTRESSE

OXIDATIVO, PERFIL LIPÍDICO E CÉLULAS SANGUÍNEAS EM PACIENTES INTERNADOS COM DIFERENTES DOENÇAS CRÔNICAS

Lidyanne Lima Chagas de Castro 1

Fernanda Maria Machado Maia 2 Lisidna Almeida Cabral 3

RESUMO

O estresse oxidativo pode levar a uma inflamação crônica, que por sua vez pode mediar doenças como diabetes e doenças cardiovasculares, dentre outras. Tendo em vista que estão sendo realizados mais estudos para mostrar que os danos dos radicais livres são importantes nas DCNT e que são grandes os desafios a serem enfrentados é que surgiu o interesse em investigar os níveis de estresse oxidativo, perfil lipídico e células sanguíneas de pacientes internados com diferentes doenças crônicas em um hospital da capital cearense. Estudo do tipo transversal, realizado no período de fevereiro a abril de 2016. A amostra intencional foi composta de 30 pacientes com diabetes, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e doença cardiovascular. Para realização do estudo foram utilizadas alíquotas de plasma de pacientes internados com diferentes doenças crônicas, em um hospital terciário de Fortaleza, Ceará. O plasma foi analisado quanto às suas lipoproteínas e estresse oxidativo. Os dados do hemograma completo foram anotados do prontuário dos pacientes. Para análise dos dados os 30 participantes da amostra foram agrupados em 2 grupos de 15 cada de acordo com o diagnóstico, em Doença Crônica Isolada (DCI) quando o paciente tinha diagnóstico de Diabetes Mellitus (DM) ou Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), e em Doença Crônica Associada (DCA) quando tinha DM com HAS ou Doença Cardiovascular. Pode-se afirmar, apesar do numero reduzido da amostra, que os indivíduos com doenças associadas apresentaram maior

1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará) 2 Nutricionista. Doutora em Bioquímica (UFC). Docente Adjunta da Universidade Estadual

do Ceará 3 Nutricionista. Mestre em Saúde Pública (UECE). Docente do Centro Universitário Estácio

do Ceará

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estresse oxidativo, acompanhado por perfil lipoprotéico desfavorável para os triacilgliceróis e colesterol total quando comparados aos indivíduos com doenças isoladas.

Palavras-chave: Estresse oxidativo, perfil lipídico, doenças crônicas.

INTRODUÇÃO

Mais de 36 milhões de pessoas morreram de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) em 2008, principalmente as doenças cardiovasculares (48%), câncer (21%), doenças respiratórias crónicas (12%) e diabetes (3%). (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011).

A etiologia de DCNT tem sido associada a danos produzidos por espécies reativas de oxigênio (ERO) a biomoléculas de DNA, de proteínas e de lipídeos (LEVENSON; TASSABEHJI, 2004). A oxidação de proteínas e aminoácidos por ERO pode gerar modificações na cadeia lateral de aminoácidos, rompimento de ligações peptídicas e a formação de pontes proteínas-proteínas (CERDA; WEITZMAN, 1997). Tais alterações podem causar a inativação parcial ou total da função da proteína. As ERO também estimulam vias de transdução de sinais, afetando a regulação gênica. Deste modo, o estresse oxidativo é visto como um desbalanço entre a produção de ERO e sua degradação pelos antioxidantes.

A exemplo das proteínas, os fosfolipídeos de membrana são suscetíveis a oxidação, devido aos seus ácidos poliinsaturados (PUFA). A retirada de um átomo de hidrogênio de um PUFA ou da cadeia lateral por um radical livre gera radicais centrados no carbono. Após rearranjos, esses são transformados em radicais peroxil. Este processo é chamado de peroxidação lipídica. Hidroperóxidos lipídicos causam alterações reversíveis às membranas e são fontes de aldeídos altamente reativos. No entanto os aldeídos disparam reações em cadeia, causando danos às proteínas e ácidos nucléicos (TERAO; PISKULA, 1999).

Segundo a literatura, os produtos da peroxidação lipídica, como o malondialdeído (MDA, C3H4O2), podem ser utilizados como indicadores da ação dos radicais livres no organismo (ANTUNES et al., 2008; DEL RIO, STEWART, PELLEGRINI, 2005). Além disso, O MDA possui ação citotóxica e genotóxica, podendo ser encontrado em níveis elevados em algumas patologias associadas ao estresse oxidativo (ANDRADE Jr et al., 2005; STEGHENS et al., 2001; BAGIS et al., 2005). A quantificação de MDA nos sistemas biológicos é um parâmetro importante para avaliação do estresse oxidativo celular (ANTUNES et al., 2008)

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Além disso, de acordo com a revisão realizada por Reuter et al. (2010) o estresse oxidativo pode levar a uma inflamação crônica, que por sua vez pode mediar doenças como diabetes e doenças cardiovasculares, dentre outras.

Tendo em vista que estão sendo realizados mais estudos para mostrar que os danos dos radicais livres são importantes nas DCNT e que são grandes os desafios a serem enfrentados é que surgiu o interesse em investigar os níveis de estresse oxidativo, perfil lipídico e células sanguíneas de pacientes internados com diferentes doenças crônicas em um hospital da capital cearense.

MÉTODOS

O presente estudo é do tipo transversal e foi realizado no período de fevereiro a abril de 2016. A amostra intencional foi composta de 30 pacientes com diabetes, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e doença cardiovascular, sendo 16 do sexo feminino e 14 do sexo masculino. Para realização do estudo foram utilizadas alíquotas de plasma de pacientes internados com diferentes doenças crônicas, em um hospital terciário de Fortaleza, Ceará. O plasma foi analisado quanto às suas lipoproteínas e estresse oxidativo. Os dados do hemograma completo foram anotados do prontuário dos pacientes.

A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Geral César Cals, CAAE 0011.0.041.038-11, onde todos os indivíduos participantes do estudo passaram pelo processo de esclarecimento após o qual assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Todos os procedimentos de análises e utilização dos resultados seguiram as normas do conselho Nacional de Ética em Pesquisas com Humanos (BRASIL, 2012).

As concentrações de colesterol total, triglicerídeos e HDL-colesterol foram determinadas através de métodos enzimáticos utilizando-se reagentes comerciais da marca Labteste®, onde todas as dosagens foram realizadas em triplicata.

A dosagem de colesterol total, triacilglicerol e HDL-colesterol foi realizada utilizando-se 10:10:50 µL, respectivamente, da amostra do plasma com 1mL do reagente de trabalho respectivo para cada lipoproteína. Depois de 10 minutos em banho-maria, a 37°C foi realizada a leitura da absorbância da amostra e de cada padrão a 500-510nm, em espectrofotômetro digital, da marca Photonics®. Para a dosagem do HDL, 250µL do plasma e 250µL do reagente precipitante foram primeiramente homogeneizados, centrifugados

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a 3500 rpm durante 15 minutos, e então, o sobrenadante límpido contendo o HDL-colesterol foi pipetado para o ensaio. A concentração de LDL-colesterol foi obtida através da equação de Friedewald, Levy e Frederickson (1972), onde: Colesterol LDL = colesterol total – HDL – Triacilglicerois/5), sendo válida para Triacilglicerois< 400mg/dL.

Os resultados foram classificados de acordo com os valores do NCEP (2002), que considera desejável valores de colesterol < 200 mg/dL; limítrofe alto, valores de 200 – 239 mg/dL; e alto, valores ≥ 240 mg/dL. Para triacilgliceróis, valores normais de < 150 mg/dL; Limítrofe, valores de 150 – 199 mg/dL; alto, valores de 200-499 mg/dL; e muito alto, valores ≥ 500 mg/dL. Para HDL-colesterol os resultados como: baixo valores < 40 mg/dl; normal, valores de 40-59 mg/dL; e altos valores ≥ 60 mg/dL. Para LDL-colesterol, os valores descritos como ótimo foram <100 mg/dL, limiar ótimo entre 100 e 129 mg/dL, limiar elevado entre 130 e 159 mg/dL, elevado entre 160 e 189 mg/dL e muito elevado entre >190 mg/dL.

A peroxidação lipídica foi determinada pelas substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) de acordo com o método descrito por Buege e Aust (1978), com modificações. Esse ensaio foi utilizado para avaliar a formação de malondialdeído (MDA) que é um produto final de peroxidação lipídica, além disso, é um importante biomarcador utilizado na avaliação do estresse oxidativo. Assim, a 100 µL do plasma sanguíneo foram adicionados 200µL de ácido tricloroacético a 30% e agitados em vortex por 1 minuto. Em seguida foram adicionados 200 µL de tampão Tris-HCl, pH 7,4 e 200 µL de ácido tiobarbitúrico a 0,73% e agitados em vortex por 1 minuto. A mistura reacional foi colocada em banho-maria a 100ºC por 1 hora. Após esse período as amostras foram centrifugadas a 3000 rpm, por 10 minutos e o sobrenadante removido para se fazer a leitura em espectrofotômetro a 535 nm. Os resultados foram calculados de acordo com uma curva padrão feita com malondialdeído a 4 µM.

Para análise do hemograma completo foram utilizados os valores de Referência adotados pelo laboratório de análises clínicas do hospital: Hemácias em milhões/mm3 de 4.1 6,1; Hemoglobina em g/dL de 11,5 a 17,8; Leucócitos por (mm³) de 3.600 a 11.000; Neutrófilos (mm³) de 1.500 a 7.000; Eosinófilos (mm³) de 1.620 a 7.700; Linfócitos (mm³) de 720 a 5500; e Plaquetas (mm³)150.000 a 450.000.

Para análise dos dados os 30 participantes da amostra foram agrupados em 2 grupos de 15 cada de acordo com o diagnóstico, em Doença Crônica Isolada (DCI) quando o paciente tinha diagnóstico de Diabetes Mellitus (DM) ou Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), e em Doença

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Crônica Associada (DCA) quando tinha DM com HAS ou Doença Cardiovascular.

Os dados foram tabulados em Excel e foram analisados em estatística simples. Foi utilizada o teste t de Student para analise estatística das médias, sendo considerado o nível de significância de 5%.

RESULTADOS

A análise de colesterol total plasmático revelou valor médio desejável para o grupo DCI, no entanto, para os indivíduos com DCA o valor médio foi limítrofe de 202,22 mg/dL (ρ = 0,05242). O valor médio de HDL- colesterol foi de 50,93 mg/dL para os pacientes com DCA e 49,37 mg/dL para pacientes com DCI (ρ = 0,45331), classificados como normal pelo NCEP (2002). Para os triacilgliceróis foi encontrado valor médio de 147,31 mg/dL considerado como normal para os indivíduos com DCI, mas os pacientes com DCA apresentaram valor médio alto de 210,04 mg/dL (ρ = 0,12371). Embora o LDL- colesterol tenha apresentado valor médio próximo do ótimo 118,57 mg/dL, os pacientes com DCI, próximo ao limite máximo, enquanto que o grupo com DCA apresentou valor ótimo de 98,79 mg/dL (NCEP, 2002).

A média de MDA de pacientes com DCA (5,73μM) foi

significativamente maior do que dos pacientes com DCI (2,96μM) (= 0, 00394).

O número de células sanguíneas foi satisfatório para os dois grupos, mas para DAC, as hemácias apresentaram valor mínimo abaixo da referência do laboratório de análises clínicas do hospital onde foram coletadas as amostras (Tabela 1).

Tabela 1: Valores médios de lipoproteínas plasmáticas, MDA e células sanguíneas dos pacientes com doenças crônicas

Parâmetros DCI DCA Valor de *

Colesterol Total (mg/dL) 153,99 202,22 0,05242

HDL-colesterol (mg/dL) 49,37 50,93 0,45331

LDL- colesterol (mg/dL) 118,57 98,79 ND

Triacilgliceróis (mg/dL) 147,31 210,04 0,12371

MDA (μM) 2,96 5,73 0,00394

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Hemacias em milhoes/mm3 4, 2 3, 9 0,1535

Hemoglobina em g/dL 12,9 11,8 0,1430

Leucocitos por (mm³) 6.580,9 7.851,8 0,1854

Neutrofilos (mm³) 3.924,5 4.874,0 0,1610

Eosinófilos (mm³) 1.922,5 2.156,9 0,3081

Linfócitos (mm³) 1.986,9 1.890,5 0,3769

Plaquetas (mm³) 242.272,7 263.627,3 0,2846

*Teste t de Student. DCI = Doença Crônica Isolada; DCA = Doenças Crônicas Associadas. ND = não determinado. MDA = malondialdeído.

DISCUSSÃO

Os indivíduos com DCA apresentaram uma tendência de maiores valores de colesterol total e valores médios mais altos para os triacilglicerois, considerados altos pelo NCEP (2002), e maior estresse oxidativo, indicando uma possível relação da hiperlipidemia com o estresse oxidativo e gravidade das doenças. Esta associação pode ser verificada pelos valores de MDA que foi quase o dobro (5,73 μM) quando comparada com indivíduos com indivíduos com DCI (2,96 μM), caracterizando maior dano oxidativo. Em um estudo realizado em 2008, evidenciou que o valor do MDA em indivíduos com DCI foi semelhante ao encontrado em indivíduos saudáveis (3,31 μM) (ANTUNES et al., 2008). Segundo os autores, a grande variabilidade dos valores encontradas nos diferentes métodos pode ser explicada devido a diferenças no processo de hidrólise, já que grande parte do MDA encontra-se ligado a proteínas plasmáticas.

Em outro estudo realizado por Su et al. (2008) encontraram maior estresse oxidativo em pacientes com diabetes mellitus e Manzano et al. (2007) com indivíduos com HAS, quando comparados com indivíduos normais.

Na revisão de Ball e Sole (1998) foi encontrada forte evidência para um papel negativo do estresse oxidativo na insuficiência cardíaca e sugerem que a suplementação antioxidante pode ser importante no tratamento desses pacientes.

As células sanguíneas se mantiveram dentro da faixa estabelecida como referência, somente as hemácias ficaram um pouco abaixo do critério de classificação. Porém a maioria das células do sistema imunológico constituída por leucócitos neutrófilos e eosinófilos, embora dentro dos

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valores de referência, está em quantidade superior no grupo DAC, estando elas relacionadas com o processo inflamatório (MAZOR et al., 2007).

Como neste estudo foi analisado um pequeno número de pacientes e apenas alguns marcadores de inflamação (leucograma), outros estudos seriam interessantes para avaliar mais detalhadamente a relação de outros marcadores de inflamação com o estresse oxidativo e perfil lipídico para se verificar melhor a interrelação dos elementos apresentados.

A dosagem do malondialdeído plasmático foi eficaz para detectar o maior estresse oxidativo nos pacientes que apresentam as doenças crônicas associadas ou doença cardiovascular, podendo ser usado como marcador, para que esses indivíduos recebam dieta antioxidante, evitando assim maiores danos.

CONCLUSÃO

As doenças crônicas representam um grave problema de saúde pública, por serem responsáveis por altos índices de morbidade e mortalidade, além disso, as DCNT geram altos custos para governo e para os pacientes durante o tratamento. Assim, o diagnóstico precoce pode aumentar as chances de sucesso no tratamento. Nessa perspectiva é imprescindível o investimento em pesquisas sobre biomarcadores. Pode-se afirmar, apesar do numero reduzido da amostra, que os indivíduos com doenças associadas apresentaram maior estresse oxidativo, acompanhado por perfil lipoprotéico desfavorável para os triacilgliceróis e colesterol total quando comparados aos indivíduos com doenças isoladas.

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06 A UTILIZAÇÃO DA QUINOA COMO

ALIMENTO FUNCIONAL: um estudo de revisão

Priscila Vidal de Freitas1 Iramaia Bruno Silva Lustosa2

Rafaella Maria Monteiro Sampaio3

RESUMO

Os alimentos funcionais podem ser definidos como sendo um alimento que além da nutrição básica pode trazer alterações fisiológicas e metabólicas benéficas, proporcionando um bem estar físico e mental e prevenindo doenças crônico-degenerativas. Assim esses alimentos podem contribuir para a prevenção de tratamento de várias doenças crônicas presentes na atualidade como o diabetes. Por isso o objetivo desse trabalho foi identificar alimentos funcionais capazes de prevenir ou auxiliar no tratamento do diabetes mellitus. Foi realizada uma pesquisa manual e computadorizada na literatura científica, através de documentação direta. Vários compostos que contém pectina, polioses, soja, psyllium, frutoligossacarídeos, polidextrose, amido resistente, goma acácia, goma guar, inulina, ômega-3 e café, possuem atividades hipoglicemiantes por mecanismos distintos. Assim é de suma importância indicar o consumo diário desses nutrientes para que se reduza a incidência ou mesmo as consequências dessa patologia que a cada dia está mais comum no nosso meio.

Palavras-chave: Alimentos funcionais, diabetes, glicemia

INTRODUÇÃO

A partir da preocupação com os problemas de saúde associados ao aumento da expectativa de vida da população surgiu, no início dos anos 80

1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará) 2 Nutricionista. Doutoranda em Biotecnologia (RENORBIO). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará e da Universidade de Fortaleza 3 Nutricionista. Doutoranda em Saúde Coletiva (UECE). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará e da Universidade de Fortaleza

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no Japão, o conceito de alimentos funcionais. Intencionava-se adicionar na dieta alimentar, ingredientes naturais que deveriam apresentar funções específicas no organismo, como a melhoria dos mecanismos de defesa biológica, a prevenção ou terapia de alguma enfermidade ou disfunção, melhoria das condições físicas e mentais e do estado geral de saúde e retardo no processo de envelhecimento orgânico (BACHO e BIN, 2010).

Os alimentos funcionais são definidos como sendo um alimento consumido na dieta que, além do fornecimento de nutrientes básicos, apresente melhoras para o funcionamento metabólico e fisiológico, trazendo benefícios à saúde física e mental e prevenindo doenças crônicas degenerativas (BACHO e BIN, 2010). Podem ser integrais, fortificados ou enriquecidos, desde que sejam potencialmente benéficos para a saúde, quando consumidos regularmente, em níveis efetivos, e como parte de uma dieta variada (ISHIMOTO e MONTEIRO, 2010).

A fitoterapia é uma modalidade de tratamento medicinal que vem crescendo muito nestes últimos anos, produzindo uma movimentação financeira mundial de bilhões de dólares. Um dos fatores que contribui para isto é o alto custo dos medicamentos industrializados. No Brasil, esse fato evidencia-se quando se observa que mais de 50% da sua população faz uso de plantas medicinais e de produtos fitoterápicos, inclusive para tratamento e prevenção de muitas patologias (SINGI et al, 2005). Atualmente, em todo mundo, os cereais são considerados os vegetais de grande importância para a alimentação humana e animal (LOPES et al, 2009; ALVES, ROCHA e GOMES, 2008), e dentre os diversos alimentos que contém compostos bioativos, capazes de exercer alguma função benéfica ao organismo têm-se a Quinoa (Chenopodium quinoa Willd), quinua ou quínua, oriunda dos Andes. É uma cultura anual, pertencente à família Chenopodiaceae, a mesma do espinafre e da beterraba (BORGES et al, 2010; CASTRO et al, 2007; SOUZA, SPEHAR E SANTOS, 2004; TAPIA, 1997), e por suas características nutricionais, é considerada como um pseudocereal nobre (ASCHERI, NASCIMENTO e SPEHAR, 2002; BICUDO et al, 2012).

Pela semelhança da planta, quando nova, pode-se definir a quinoa como um espinafre que produz grãos. Na maturação, os cachos (panículas) são semelhantes aos do sorgo. Há, entretanto, diversas colorações, entre amarelo e roxo (SPEHAR e SANTOS, 2002). Essa planta foi introduzida recentemente no Brasil na década de 90 para diversificar o sistema de cultivo nas regiões do cerrado devido ao baixo custo de produção e alto valor econômico (SPEHAR e SANTOS, 2007; SILVA e JÚNIOR, 2009; SPEHAR e SOUZA, 1993; VASCONCELOS et al, 2012; ISHIMOTO e MONTEIRO, 2010; TAVARES, 2006; GANDARILLAS, 1984; CARBONE-RISI, 1986).

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A ONU (Organização das Nações Unidas) Considera a Quinoa o “Alimento Perfeito” (FAO, 2013). Devido a sua excelente qualidade Nutricional. O valor proteico da quinoa é superior ao dos demais cereais, devido ao seu poder de prevenção de doenças cardiovasculares; melhora do quadro glicêmico; por ser fonte de magnésio participa da manutenção da função cardíaca normal e da transmissão dos impulsos.

A quinoa é utilizada na alimentação humana e na fabricação de ração para animais. Em alguns estudos recentes foi demonstrado que essa planta possui um alto valor nutritivo com teores elevados de proteína, fósforo, cálcio, potássio e ferro. De acordo com SPEHAR e SOUZA (1993) a quinoa contém maior quantidade de proteína, mais equilíbrio na distribuição de aminoácidos essenciais que os cereais e assemelha-se à caseína, fração protéica do leite (SPEHAR, SANTOS, NASSER, 2003). Vêm sendo comercializados nos mercados Norte-americano, Europeu e de países da Região Andina, alguns produtos contendo quinoa, tais como farinha mista de quinoa/aveia, macarrão sem glúten, cereais matinais, entre outros (ASCHERI, NASCIMENTO e SPEHAR, 2002).

Estudos ressaltam as qualidades nutricionais deste pseudocereal, destacando-se seu conteúdo protéico e em minerais, como também sua qualidade em aminoácidos essenciais (BORGES et al, 2010; MACHADO, 2014). Quanto ao conteúdo da quinoa, atualmente ela é consumida como um pseudocereal, porque contém fibra, além de possuir um alto conteúdo proteico e uma concentração destacada de aminoácidos, como a lisina, metionina, treonina e triptofano, mais fáceis de achar na carne vermelha do que nas culturas vegetais. A quinoa pode se posicionar ou como um alimento apropriado para substituir carne, ou como “alimento funcional”, pois não contém glúten (BENAVIDES, 2005).

Dessa forma, o presente artigo, justifica-se pela falta de conhecimento da população sobre esse pseudocereal, e pela ampla utilidade desse alimento na manutenção de uma boa saúde, e também tratamento de algumas patologias, e por tratar-se de um tema relativamente novo, complexo e abrangente. E estudos sobre a quinoa são necessários para recomendar com segurança o consumo deste alimento bastante promissor para a saúde humana.

O objetivo desse estudo foi realizar um levantamento bibliográfico cujas evidências sejam capazes de identificar a quinoa como alimento funcional capaz de atuar no tratamento de pessoas com doença celíaca, atenuar os sintomas da menopausa nas mulheres através de uma alimentação saudável, e avaliar sua utilização por desportistas. Assim como também, proporcionar conhecimentos para melhorar o fornecimento adequado de

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macronutrientes e micronutrientes, principalmente de proteínas de alto valor biológico e melhorar a qualidade de vida dos seres humanos.

MÉTODOS

A pesquisa caracteriza-se como revisão bibliográfica narrativa, em que busca se obter um cenário breve e atualizado sobre os benefícios da quinoa como um alimento funcional. A revisão narrativa presenta uma temática mais aberta; dificilmente parte de uma questão específica bem definida, não exigindo um protocolo rígido para sua confecção; a busca das fontes não é pré-determinada e específica, sendo frequentemente menos abrangente (CORDEIRO, 2007).

Constituiu-se por uma pesquisa manual e computadorizada na literatura científica, por meio de documentação direta, como: livros na área de nutrição, revistas de nutrição e saúde, sites da internet prestigiados nesse assunto, artigos científicos, monografias e dissertações. Foram escolhidas pesquisas publicadas a partir do ano 1993, usando diversas bases de dados no processo de coleta, como: SciELO, Periódicos da CAPES, Google Acadêmico, biblioteca digital da Unicamp, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC, compreendendo um período de julho a novembro de 2012.

A procura na literatura científica por estudos de revisão e clínicos sobre a quinoa se deu utilizando os seguintes termos, como: quinoa, quinua, quínua, quinoa como alimento funcional, alimentos funcionais, quinoa e doença celíaca, quinoa e atividade física, composição nutricional da quinoa, composição química da quinoa, mecanismo de ação dos compostos bioativos da quinoa, bem como, seus correspondentes em inglês (quinoa, quinoa as functional food, functional Foods, quinoa and celiac disease, quinoa and physical activity, nutritional composition of quinoa, chemical composition of quinoa, mechanism of action of bioactive compounds of quinoa), sendo selecionados para elaboração do projeto os estudos mais recentes e relacionados a quinoa com seu valor nutricional e funcional.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Composição química e nutricional da quinoa

Por ser uma fonte de proteínas de alto valor biológico (14%-16%), a quinoa apresenta o maior conteúdo proteico encontrado em cereais, com teores particularmente elevados em histidina e lisina, albumina e globulina, além de uma pequena porcentagem de prolamina, cujas proporções podem

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variar entre as diferentes espécies. A digestibilidade da proteína encontrada é comparável a outros alimentos de alta qualidade proteica (ISHIMOTO e MONTEIRO 2010).

O valor protéico da quinoa é superior ao dos demais cereais. As sementes contêm proteínas e grande quantidade de vitaminas, como B1, B2, B3, B6, C e E. É rica também em minerais, como o ferro (9,5mg/100g), o fósforo (286mg/100 g) e o cálcio (112mg/100 g). Da mesma forma, o valor calórico está calculado em 350Kcal/100gr (BORGES et al, 2010). O grão de quinoa apresenta excelente balanço entre lipídios, proteínas e carboidratos, o conteúdo de amido pode variar de 51 a 61%, e as fibras do grão correspondem em média a 3,8%, sendo este nível maior do que os encontrados no arroz, milho e trigo (ASHERI, NASCIMENTO e SPEHAR, 2002; BORGES et al, 2010).

Os lipídios de sua semente possuem um perfil semelhante ao dos óleos vegetais de boa qualidade, e a composição dos ácidos graxos assemelha-se à do óleo de soja. Devido ao grande potencial alimentar, este grão está sendo comercializado em diversos países (WOOD et al., 1993). Ela é rica em ácidos graxos essenciais como linoléico e α-linolênico, apresentando alta concentração de antioxidantes como α-tocoferol e γ-tocoferol (BORGES et al, 2010).

Estudos comprovam que a quinoa apresenta quantidades significativamente superiores de minerais, principalmente cálcio, fósforo, potássio, magnésio, ferro e zinco, quando comparado à maioria dos cereais comumente consumidos no Brasil (trigo, milho, arroz, aveia) (ASCHERI et al. 2002; BORGES et al. 2003).

Os fatores antinutricionais presentes na semente de quinoa são saponinas, ácido fítico, taninos e inibidores de tripsina, e encontram-se em maior quantidade na camada mais externa do grão, e podem ser removidos por métodos úmidos (BORGES et al, 2010).

O teor de saponina confere um sabor amargo, e que pode ser eliminada (DEGÁSPARI e SILVA, 2010). A quantidade de inibidores de tripsina nela encontrada é menor do que a encontrada na soja e o inibidor é termolábil e facilmente inativado pelo calor (ALVES, ROCHA e GOMES, 2008). O ácido fítico reduz a absorção de cálcio, ferro, magnésio e zinco, assim o principal efeito antinutricional, é a redução da biodisponibilidade desses minerais (COSTA e ROSA, 2010). Os inibidores de tripsina são responsáveis por impedir a ação da enzima digestiva.

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Efeitos da ingestão de quinoa

A quinoa também é uma boa fonte de triptofano, aminoácido ligado à produção de serotonina no cérebro, responsável pela modulação do humor, pela disposição e pelo bem-estar. Por isso, é provável que o seu consumo regular possa ajudar a reduzir a fadiga e a depressão. Contém lisina, um componente relacionado ao desenvolvimento da inteligência, da rapidez de reflexos e de outras funções como a memória e a aprendizagem (ASHERI, NASCIMENTO E SPEHAR, 2002).

Os ácidos graxos essenciais como linoléico e α-linolênico são encontrados principalmente nos óleos vegetais, apresentam mecanismos de ação inibindo a síntese endógena e a esterificação do colesterol, aumento da excreção de colesterol na bile como também o aumento da síntese de sais biliares. Os efeitos do α-linolênico, família dos ácidos graxos ômega 3, vão além dos níveis plasmáticos de lipídeos, reduzindo a viscosidade do sangue e induzindo maior relaxamento do endotélio, ambos relacionados com a aterosclerose (COSTA e ROSA, 2010).

A quinua é livre de glúten, isso significa que os celíacos, pessoas com intolerância às proteínas presentes no glúten ou pessoas com sensibilidade alimentar ao glúten, podem saborear pães, tortas e bolos feitos com a farinha de quinoa (CASTRO et al, 2007). Por ser rica em fibras, até mais que o arroz integral, a quinoa ajuda a aumentar a sensação de saciedade durante as refeições, melhora o funcionamento intestinal e favorece o controle dos níveis de colesterol, glicemia e triglicérideos no sangue. Ou seja, pode ser um grande aliado para quem quer emagrecer com saúde e evitar doenças (COSTA e ROSA, 2010).

Quinoa para celíacos

Doença Celíaca (DC), também conhecida como espru celíaco, espru não tropical, ou simplesmente enteropatia sensível ao glúten. É uma afecção difusa e crônica da mucosa do intestino delgado, um dos melhores exemplos do comprometimento global do epitélio de absorção, provocando consequente mau absorção de todos os nutrientes (PORTO, 2001). O glúten presente no trigo, aveia, centeio e cevada, e seus derivados, agem agressivamente sobre a mucosa do intestino delgado de indivíduos que apresentam a doença celíaca, danificando suas vilosidades e prejudicando a absorção de alimentos (SDEPANIA; MORAIS; FAGUNDES-NETO, 2001).

O tratamento dessa patologia é basicamente dietético, devendo-se excluir o glúten da dieta por toda a vida. Dessa forma, ocorre o desaparecimento dos sintomas gastrointestinais, assim como o

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reaparecimento das vilosidades e recuperação da capacidade de digestão e absorção (CASTRO et al, 2007).

A quinoa pode ser um alimento utilizado preferencialmente por portadores de doença celíaca pois sua composição não confere a produção de glúten que neste caso é o responsável pelos problemas gastrointestinais. Dessa forma torna-se interessante o emprego da quinoa em preparações que sejam consumidas pelos doentes celíacos sem prejuízo (CASTRO et al, 2007).

Para os celíacos, a farinha da quinoa substitui a farinha de trigo na panificação, e outros produtos elaborados com a farinha ou os flocos desse cereal (ROCHA, 2008). Estudo realizado por Kirinus, Copetti e Oliveira (2010), mostrou a utilização da farinha de quinoa no preparo de macarrão caseiro sem glúten, servindo de alternativa par a não privação do consumo dessa massa por pacientes celíacos (ALVAREZ-JUBETE, ARENDT e GALLAGHER, 2010).

Outro estudo mostrou a utilização da quinoa em uma sopa prebiótica para idosos, conhecida como “Sopa Sênior 60”. E enfatizou a importância desse cereal na manutenção de uma boa saúde e prevenção de enfermidade (MASSARUTTO, 2003).

Silva et al (2011), concluiram que a quinoa pode ser utilizada como ingrediente para a elaboração de barras de cereais, pela agregação de valor proteico ao produto e pela aceitação do mesmo indicado por testes sensoriais.

Quinoa para mulheres pós-menopausa

Mulheres pós-menopausa estão mais suscetíveis a problemas de saúde relacionados hipoestrogenismo, o que favorece ao processo de estresse oxidativo, inflamatório e ao desenvolvimento de doenças crônicas. A inclusão de cereais integrais na alimentação veicula componentes bioativos de efeito antioxidante e hipolipemiante (CARVALHO, 2011).

As fibras alimentares interagem no intestino delgado com os demais nutrientes contidos em uma refeição, e conseqüentemente reduzem a taxa de difusão de nutrientes através do conteúdo intraluminal do intestino delgado para os enterócitos e aumentam a eliminação destes através das fezes, contribuindo para a redução da absorção intestinal de lipídeos e de colesterol. Além disso, podem modular a reposta insulínica pós-prandial pelo fato de diminuírem também a taxa de absorção de glicose proveniente das refeições (CARVALHO, 2011).

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Esse efeito promove um aumento na conversão de colesterol endógeno em ácidos biliares, reduzindo, assim, o colesterol hepático e sangüíneo (LOPES et al, 2009). Sendo assim, a inserção de flocos de quinoa na alimentação diária pode contribuir para o controle lipídico (CARVALHO, 2011).

Um estudo de Ganji e Kuo (2008) avaliou a suplementação diária de Psylium, uma variedade de fibra do tipo solúvel, em mulheres pós-menopausadas hipercolesterolêmicas, e constatou uma redução significativa na concentração sérica de colesterol total, comprovando o efeito benéfico das fibras sobre o metabolismo lipídico.

A vitamina E, um antioxidante presente naturalmente na quinoa, é um eficiente inibidor da peroxidação de lipídios in vivo, pois ela interage com radicais livres por meio da doação de um átomo de hidrogênio, convertendo-os em espécies eletricamente estáveis ou menos reativos, conseqüentemente previnem o estresse oxidativo (BARREIROS, DAVID, DAVID, 2006).

Autores especulam a presença de fitoestrógenos como isoflavonas, lignanas, diadzeína e genisteína na quinoa, mas não foram encontrados estudos que quantificaram o teor de lignanas na quinoa. Estes compostos, quando adicionados à alimentação, são absorvidos e reconhecidos por receptores alfa e beta de estrógenos em seres humanos.

Sendo assim, estudos que avaliem o efeito metabólico da quinoa na alimentação de mulheres pós-menopausadas, seria uma alternativa de inclusão de componentes que permitiriam a prevenção ou tratamento dos sintomas característicos deste grupo (CARVALHO, 2011).

Quinoa para praticantes de atividade física

É frequente entre as pessoas que iniciam atividades físicas o hábito de se importar demasiadamente com a estética, desconsiderando o estado de saúde. Em muitos casos, estes indivíduos iniciam a prática de atividades físicas sem adequar alimentação e fazem uso de suplementos alimentares sem a recomendação de um profissional, podendo acarretar riscos à saúde (WILLIAMS, 2005).

Na prática esportiva, a presença de lisina e triptofano podem ser utilizadas para minimizar dores oriundas de exercícios físicos e ainda prevenir fadiga mental. Já a Lisina, está relacionada com a adequada biossíntese de carnitina, colágeno e elastina, dentre outros fatores que auxiliam na elasticidade e recuperação muscular (PASCHOAL et al, 2009).

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Exercício de força, particularmente, leva a danos musculares e rompimento de fibras. Portanto, uma fonte exógena de aminoácidos de absorção rápida pode ajudar na habilidade do músculo esquelético em reconstruir e remodelar danos musculares, auxiliando também na ressíntese proteica (TEIXEIRA, 2012).

Portanto, a ingestão de alimentos de alto valor biológico ingeridos em horários individualmente estabelecidos e associados a uma dieta balanceada, parece ter efeitos benéficos para a saúde e performance física (TEIXEIRA, 2012).

CONCLUSÃO

Apesar dos vegetais serem reconhecidos por terem baixa biodisponibilidade de nutrientes, a quinoa é exemplo de um alimento vegetal de alta biodisponibilidade e composta por um excelente equilíbrio nutricional, podendo até mesmo ser comparada a alimentos de origem animal.

Portanto, por compreender todos os aminoácidos essenciais em quantidades razoáveis, e ser fonte de nutrientes fundamentais aos seres humanos, observaram-se os benefícios no consumo da quinoa como complemento alimentar, tanto para a manutenção da saúde, tratamento de patologias como a Doença Celíaca, quanto para beneficiar no desempenho esportivo.

Pelas características nutricionais do grão de quinoa, superiores à maioria dos cereais, torna-se interessante que sua produção agrícola e seu consumo sejam estimulados, incluindo sua inserção como matéria-prima na indústria de alimentos, uma vez que há um mercado em expansão caracterizado pela procura por alimentos mais nutritivos. Evidencia-se a importância de aprofundar e atualizar os estudos envolvendo esse alimento, pois há certa dificuldade em se encontrar material científico atual sobre esse alimento funcional tão rico.

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07 EFEITOS BENÉFICOS DOS

FITOESTROGÉNOS EM MULHERES DURANTE O CLIMATÉRIO

Quitéria Vanessa Brito Magalhães1 Iramaia Bruno Silva Lustosa2

Rafaella Maria Monteiro Sampaio3

RESUMO

O climatério é o período da vida da mulher caracterizado pela diminuição da função ovariana e da produção de hormônios estrógenos; consequentemente, nesse período ocorrem como resultado alterações endócrinas e modificações em todo o organismo, que poderão repercutir no estado de saúde sob diversas formas como fogachos, sudorese noturna, cefaleias, alterações atróficas (pele e mucosas) e distúrbios psicológicos. Assim, destacam-se os fitoestrógenos como substâncias naturais que apresentam semelhanças com os estrógenos endógenos, com maior capacidade de interagir diretamente com os receptores estrogênicos, conferindo melhor relação risco-benefício no seu uso terapêutico na reposição hormonal. Avaliando a importância da soja e das isoflavonas para a saúde, o presente trabalho tem como objetivo levantar dados na literatura sobre os efeitos benéficos dos fitoestrogénos em mulheres durante o climatério. Dessa forma, foi realizada uma pesquisa bibliográfica no período compreendido entre mês de abril/2015 a agosto/2015 utilizando as bases de dados LILACS, MEDLINE, SCIELO além de outras fontes de pesquisa, através do google acadêmico. A pesquisa revelou que são poucas as evidências sobre os efeitos do uso de fitoestrógenos durante o climatério. Portanto, são indispensáveis mais estudos sobre o uso destes compostos como um substituto eficaz e seguro na terapia de reposição hormonal durante o climatério.

Palavras chaves: Climatério, alimentos funcionais, fitoestrógenos, isoflavonas

1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do

Ceará) 2 Nutricionista. Doutoranda em Biotecnologia (RENORBIO). Docente do Centro

Universitário Estácio do Ceará e da Universidade de Fortaleza 3 Nutricionista. Doutoranda em Saúde Coletiva (UECE). Docente do Centro Universitário

Estácio do Ceará e da Universidade de Fortaleza

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INTRODUÇÃO

De acordo com Baldissera et al., (2011) os “alimentos funcionais se caracterizam por oferecer vários benefícios à saúde, além do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo desempenhar um papel na prevenção e manutenção da saúde e potencialmente benéfico na redução de doenças crônicas não-transmissíveis”.

Inicialmente a definição de “alimentos funcionais” surgiu no Japão durante a década de 80, como objetivo o desenvolvimento de alimentos saudáveis para uma população que envelhecia e apresentava grande expectativa de vida. Nesta década, destacou-se esse alimento como beneficio à saúde, incluindo a redução do risco de doença para a pessoa que o esteja consumindo (MONTEIRO; MARIN, 2010).

Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde os “alimentos funcionais” são definidos como alimentos que, além de suas funções nutricionais básicas, possuem em sua composição, uma ou mais substâncias capazes de atuar como moduladores dos processos metabólicos, melhorando assim as condições de saúde, promovendo o bem-estar e prevenindo o surgimento precoce de doenças (Portaria n° 398 de 30/04/99).

Os alimentos funcionais podem ser encontrados para consumo humano de duas formas: naturais e artificiais. Os artificiais, por sua vez, são fabricados por empresas especializadas e autorizadas. As formas naturais são os alimentos que contem: ácidos graxos (linoléico, ômega-3 e 6, e limonóides), fibras, probióticos (lactobacilos e bifidobactérias), compostos fenólicos (resveratrol, isoflavona e zeaxantina) e carotenóides (betacaroteno, licopeno, luteína). Além de ser fonte de nutrientes, cada alimento funcional tem propriedades extras (BALDISSERA et al., 2011).

Os compostos fenólicos são considerados também como nutrientes funcionais sendo responsáveis pela cor, adstringência, aroma e estabilidade oxidativa. Os antioxidantes podem ser definidos como substâncias responsáveis pela inibição e redução das lesões causadas pelos radicais livres, protegendo o organismo, aumentando a defesa imunológica e diminuindo os riscos de doenças degenerativas (SALGADO e ALMEIDA, 2010).

Segundo Sanches et al., 2010, entre os compostos fenólicos estão: as isoflavonas e os ácidos fenólicos na soja; os polifenóis e as catequinas no chá; os ácidos clorogênicos no café; as antocianinas no vinho; e os ácidos carnósico e rosmarínico no alecrim e outras especiarias.

Diante do quadro das propriedades funcionais de alguns alimentos desponta o uso de fitoestrógenos, em especial a isoflavona, encontrada em

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abundância na soja e seus derivados, como alternativa à TRH durante o climatério, período caracterizado por oscilações hormonais. Isto se deve ao fato da isoflavona ser um composto cuja estrutura é similar a dos hormônios estrogênicos e, por isso mesmo, ter a faculdade de atuar como estes hormônios sem causar efeitos colaterais (VIGGIANO, 2012).

Acredita-se que a soja, como alimento funcional, apresenta grande benefício devido a presença de compostos bioativos, as isoflavonas, as quais possuem estudos que comprovem efeitos biológicos benéficos à saúde humana, especialmente em mulheres durante o climatério tais como atividades estrogênicas por ser um composto cuja estrutura é similar a dos hormônios estrogênicos (ANDRES, 2012). Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão de literatura visando entender os efeitos benéficos dos fitoestrógenos em mulheres durante o climatério.

MÉTODOS

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica narrativa, com levantamento e análise de publicações científicas sobre os efeitos benéficos dos fitoestrógenos em mulheres durante o climatério.

Para Lakattos e Marconi (2008), a pesquisa bibliográfica narrativa consiste em um estudo sistematizado, controlado e crítico, desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral, fornecendo um instrumento analítico para qualquer outro tipo de pesquisa.

A revisão narrativa presenta uma temática mais aberta; dificilmente parte de uma questão específica bem definida, não exigindo um protocolo rígido para sua confecção; a busca das fontes não é pré-determinada e específica, sendo frequentemente menos abrangente (CORDEIRO, 2007).

A pesquisa foi desenvolvida no período compreendido entre mês de abril/2015 a agosto/2015 utilizando as bases de dados PUBMED, LILACS, MEDLINE, SCIELO, com dos descritores climatério, fitoestrógenos, isofalvona e alimentos funcionais. Foram também utilizados materiais disponíveis em outros bancos de dados como: Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde, além de outras fontes de pesquisa, através do google acadêmico. Os critérios de inclusão dos artigos na busca foram artigos de estudos randomizados (experimentais) e artigos não experimentais, revisões sistemáticas e meta-análise, cujos resultados evidenciavam a eficácia dos fitoestrógenos em mulheres com síndrome climatérica; estudos pulicados na íntegra, em português ou inglês. Os descritores foram utilizados de forma cruzada, nunca isoladamente.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Climatério

O processo de envelhecimento é caracterizado por alterações na composição corporal e na atividade metabólica do organismo, se destaca nesse estudo o envelhecimento feminino, que é marcado pelo início do climatério e pela chegada da menopausa (ORSATTI et al., 2008).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o climatério é definido como uma fase biológica da vida e não um processo patológico, que compreende a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da vida da mulher. Esse período inicia a partir dos 35 anos de idade quando a mulher. Assim na terceira fase da vida começa a sofrer uma perda hormonal, isso ocorre por volta dos 40 anos de idade. Entretanto não existe uma regra para o tempo de duração desta fase, visto que a mesma pode ser rápida e durar apenas “[...] algumas semanas, como também muito lenta de 10 a 20 anos”. (GALLON, WENDER, 2012)

Segundo a Sociedade Brasileira de Climatério (SOBRAC, 2004) o termo climatério vem do grego Klimacton ou Klimakter, cujo significado é degrau ou crise. O climatério é caracterizado por mudanças endócrinas devido ao declínio da atividade ovariana, mudanças biológicas em função da diminuição da fertilidade, e mudanças clínicas conseqüentes das alterações do ciclo menstrual e de uma variedade de sintomas (MARTINAZZO; et al., 2013).

O climatério é uma endocrinopatia caracterizada por alterações funcionais, morfológicas e hormonais, sendo dividido nas seguintes três fases: 1) pré-menopausa (final do menacme ao momento da menopausa); 2) perimenopausa (período de 2 anos que precede e sucede a menopausa); e 3) a fase pós-menopausa (inicia 2 anos após a menopausa e finda na senectude (VELOSO et al., 2013).

Dentro deste período do climatério ocorre a menopausa, que corresponde à última menstruação fisiológica da mulher e pode ser diagnosticada retrospectivamente com base na ausência de 12 períodos menstruais. O momento da menopausa é determinado geneticamente e não está relacionado à raça nem ao estado nutricional. No entanto, verifica-se que a menopausa ocorre mais cedo em mulheres nulíparas, em tabagistas e naquelas submetidas à histerectomia (MARTINAZZO et al., 2013).

Durante o período do climatério é extremamente normal as mulheres apresentarem alguma sintomatologia, que pode variar entre as mulheres. Esses sintomas estão relacionados com o processo de hipotrofia genital que

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podem ocorrer devido ao hipoestrogenismo que são: ressecamento vaginal, prurido, irritação, ardência e sensação de pressão. Esses sintomas podem influenciar a sexualidade da mulher, especialmente na relação sexual com penetração, causando a dispareunia. Os sintomas mais comuns são os vasomotores, com fogachos, sudorese súbita, palpitação, taquicardia, opressão precordial, insônia, oscilações de humor, cansaço físico e mental, também relacionados à diminuição da libido associada às alterações urogenitais (CAMPANA; PURCINO, 2011).

No que se refere ao tratamento dos sintomas do climatério e as doenças relacionadas ao dismetabolismo, a mudança no estilo de vida como alimentação, abandono do tabagismo, a pratica de atividades físicas até mesmo a terapia de reposição hormonal (TRH), por meio dos medicamentos estrógenos e progesterona podem ser indicativos que funcionem como inibidores desses sintomas nos estágios de iniciação e propagação durante o climatério (SANCHES et al.,2010).

Conforme os conhecimentos atuais a terapia de reposição hormonal traz alguns benefícios para a mulher neste período, tais como diminuição dos fogachos, melhora da atrofia urogenital, prevenção do desenvolvimento da osteoporose e retardar o início da doença de Alzheimer ou até diminuir o risco desta afecção. Mas há varias evidências de que TRH medicamentosa tem um papel importante no aumento do risco de neoplasias na mama e no endométrio, aumento de peso corpóreo, alteração do perfil lipídico com aumento do LDL, além de sangramento irregular, náusea, cefaléia e retenção hídrica (LIVINALLI; LOPES, 2007).

Assim, frente à complexidade das reações adversas á terapia de reposição hormonal e seus possíveis reflexos na qualidade de vida feminina, têm sido proposta uma nova abordagem, destacando a importância de outros tratamentos alternativos de forma a permitir menor impacto à saúde como a utilização de alimentos funcionais enfatizando os fitoestrógenos, em especial a isoflavona (SANCHES et al., 2010).

Fitoestrógenos e possíveis efeitos durante o climatério

Nos últimos anos, alguns estudos demonstraram o aumento da procura pelos fitoestrógenos, os quais são encontrados na maioria das frutas, vegetais e grãos (MONTEIRO; MARIN, 2010).

Estes compostos possuem semelhanças estruturais com os estrogênios endógenos do organismo humano, o 17-beta estradiol e que se caracterizam por possuir uma estrutura difenólica heterocíclica (anel fenólico). Este anel é aromático, e em muitos casos, um pré-requisito para a

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ligação seletiva e alta afinidade aos receptores estrogênicos em humanos. Os fitoestrógenos podem estar presentes nos alimentos sob a forma de agliconas ou sob a forma de glicosídeos (CARMIGNANI, 2008).

Os fitoestrógenos surgem como uma alternativa de benefícios para a saúde humana, desde o combate aos sintomas da menopausa, bem como doenças cardiovasculares, hiperlipidemia, doenças crônicas, efeitos antioxidantes e propriedades de inibição enzimática (VELOSO, et al.2013).

De acordo com Dias; Santos, (2011) os fitoestrógenos por ser um composto cuja estrutura é similar a dos hormônios estrogênicos e, por isso mesmo, ter a facilidade de atuar como estes hormônios sem causar efeitos colaterais poderão ter uma grande atuação no organismo, além da aceitabilidade por mulheres no climatério como opção terapêutica em substituição da terapia de reposição hormonal e a baixa incidência dos sintomas desta fase.

A ação estrogênica e antiestrogênica de algumas substâncias derivadas de plantas é conhecida há algumas décadas e por esta razão, são denominadas de fitoestrogênios. Historicamente, estas plantas foram utilizadas por povos das civilizações antigas (VIGGIANO, 2012).

Conforme Clapauch et al, (2002) a atividade estrogênica das plantas foi primeiramente demonstrada em 1926 e na década de 70, os pesquisadores passaram a reunir informações obtidas de trabalhos feitos na área de fitoquímica, intensificando a descoberta de inúmeras plantas que exibiam atividade estrogênica. E nos anos 90 alguns estudos realizados na Europa verificaram o uso de fitoestrógenos na alimentação rica desses compostos, encontraram redução na incidência de sintomas da menopausa como ondas de calor e sudorese noturna, além de algumas patologias, como diversos tipos de câncer, osteoporose e doenças cardiovasculares. Os fitoestrógenos assumiram em 2000 um intenso conhecimento da atividade farmacológica, propriedades físico-químicas e utilização terapêutica.

Os principais fitoestrógenos com importância nutricional e que podem ter relevância na saúde humana são divididos em três classes: isoflavonas, os lignanos e os coumestanos. No grupo do lignanos está o secoisolariciresinol e o matairesinol, são os mais encontrados nos alimentos, principalmente nos grãos, legumes, vegetais e sementes e quando são absorvidos no organismo transformam-se nas suas formas biologicamente ativas o enterodiol e enterolactona. No grupo dos coumestanos o coumestrol e o 4- metoxicoumestrol são os mais importantes deste grupo com atividade estrogênica. Já a classe das isoflavonas é a mais conhecida destacando-se nessa classe genisteína, daidzeína e gliciteína, e seus precursores (ANDRES, 2012).

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Estudos apontam que o fitoestrógenos melhor estudado são as isoflavonas, encontradas em um grande número de vegetais, principalmente na soja. Entre as isoflavonas, a genisteína e a daidzeína são as mais prevalentes neste grão, e têm uma grande importância clínica e teraupêtica (SIMÃO et al.,2008).

A isoflavona pode ser uma alternativa terapêutica no período da vida da mulher durante a menopausa, sendo encontrados na soja e em vários outros tipos de frutas, vegetais, grãos, alimentos e legumes. O consumo diário de 45 a 100 mg de isoflavona, que equivale a 60-100 g de soja, pode ser suficiente para se obter benefícios, em especial abolir os sintomas vasomotores (DIAS; SANTOS, 2011).

A soja é um alimento essencialmente fornecedor de proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas, ácidos graxos saturados e insaturados, além de possuir compostos, como as isoflavonas. Por este motivo, a soja e seus derivados estão apresentado grande potencial no mercado de alimentos funcionais, despertando o consumo por ser rica em fitoestrógeno, considerado um composto químico não hormonal, com estrutura semelhante a dos hormônios estrogênicos humanos, que desempenham, além de propriedades antioxidantes, papel de moduladores seletivos nos receptores de estrógenos.De fato, em alguns estudos é uma das alternativas atuais para minimizar os efeitos oriundos deste estado fisiológico do climatério (CARMIGNANI, 2008).

Conforme Branca (2001), a quantidade de isoflavonas presentes nos alimentos é muito variável, dependendo do cultivo, armazenamento e industrialização, em alguns casos podem ser totalmente ausentes. As isoflavonas não são absorvidas pelo organismo humano na forma de glicosídeos (moléculas de açúcar), entretanto as isoflavonas capazes de atravessar a membrana plasmática e serem absorvidas pelas micelas são as agliconas (sem molécula de açúcar).

Antes de serem abordados alguns estudos que mostram os efeitos benéficos dos fitoestrógenos, em especial as isoflavonas, Setchell et al., (2001) avaliou que em cada indivíduo o efeito das isoflavonas se diferencia, dependendo de fatores como imunidade, hidrólise pelas bactérias intestinais, trânsito intestinal, idade, grupo étnico, dieta e presença ou não de doenças intestinais.

Em alguns estudos, foram certificados que os fitoestrógenos incluídos na alimentação podem produzir efeitos estrogênicos leves com alterações na citologia vaginal e na diminuição de fogachos (MELBY, 2012).

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Outro estudo utilizando 45 mg/dia de proteína de soja como suplemento alimentar durante 4 semanas relataram diminuição na atrofia vaginal, embora outro estudo não tenha observado melhora (FONSECA, 2003).

Em estudo realizado por Nahas et al., (2003) através de um experimento avaliando o efeito das isoflavonas da soja sobre os sintomas do climatério e o perfil lipídico em 25 mulheres na menopausa, o mesmo comprovou que o tratamento com a ingestão de 60 mg/dia de gérmen de soja na forma glicosilada natural reduziu os fogachos, aumentou os valores médios de estradiol, reduziu os níveis de LDL e aumentou o HDL.

Clarkson e Torrenzan et al (2008) realizaram um estudo onde foram avaliados 177 pacientes em pós-menopausa com idade média em torno de 55 anos e que referiram ter cinco ou mais fogachos diários. Os pesquisadores demonstraram através de um estudo duplo-cego, aleatorizado e controlado que os pacientes que haviam recebido 50 mg/dia de isoflavonas ou de placebo por 12 semanas, apresentaram uma redução significativa dos fogachos a partir da segunda semana.

Em um estudo transversal realizado por Murkies et al., (1995) onde participaram 58 mulheres pós-menopausa no qual consumiram habitualmente 45g/dia de farinha de soja ou de farinha de trigo durante 12 semanas, foi observado uma redução de 40% na freqüência e intensidade dos fogachos entre o grupo que utilizou farinha de soja (rica em isoflavonas) e uma em redução de 25% no grupo tratado com farinha de trigo, que contém enterolactonas. Este estudo obteve resultados semelhantes ao estudo de Albertazzi, havendo a diferença na utilização de uma dosagem com 60g/dia de isoflavona.

Reforça Albertazzi et al., (1998) em uma pesquisa realizada com mulheres que tomaram 60g/dia de proteína de soja isolada como suplemento, contendo 76 mg de isoflavonas, no período de 4, 8 e 12 semanas, concluíram que houve redução de 45% dos fogachos.

Outro estudo duplo-cego randomizado, controlado e realizado na Escola Paulista de Medicina com a participação de Mulheres em pós-menopausa, suplementadas com 100 mg/dia de isoflavonas durante 16 semanas, observou-se que houve uma diminuição dos sintomas do climatério, avaliados pelo Índice Menopausal de Kupperman (IMK), redução do colesterol total e aumento de estradiol (HAN et al., 2002).

Os estudos de Simão et al (2008); Melby (2012), revelam que o consumo de uma quantidade diária média de 50 mg/dia de isoflavonas por um período entre seis semanas e um ano poderá ter um resultado eficaz nos

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sintomas da menopausa, esses estudos apontam ainda que os fitoestrógenos também reduzem os níveis de LDL e colesterol sanguíneo, fonte de vitaminas e minerais, atua na prevenção de doenças cardiovasculares, osteoporose e apresenta elevado teor protéico e fibras dietéticas

Contudo, há poucos estudos clínicos a respeito dos efeitos dos fitoestrógenos sobre os sintomas do climatério tornando os resultados conflitantes, porém, visto os benefícios, já comprovados cientificamente, trazidos pelas isoflavonas à saúde humana, indica-se o consumo deste composto, através dos produtos derivados da soja, por exemplo, como terapia complementar e paralela à Terapia de Reposição Hormonal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta revisão possibilitou identificar a relevância dos fitoestrógenos dentre eles a isoflavonas, abundantes na soja e seus derivados, como elementos benéficos no tratamento de doenças cardiovasculares, dislipidemias, fogachos, atrofia vaginal e outros males característicos do climatério e da menopausa.

Os fitoestrógenos são substâncias naturais que apresentam semelhanças com as ações dos estrogênios naturais, com maior capacidade de interagir nos receptores de estrogênio; assim, melhoraria os sintomas indesejáveis da síndrome do climatério. Do mesmo modo que o estrogênio natural, as isoflavonas conferem melhor relação risco-benefício no seu uso terapêutico, em comparação com a terapia de reposição hormonal (TRH) medicamentosa.

No entanto, apesar da existência de estudos que apontam os efeitos benéficos do fitoestrógenos, os dados disponíveis atualmente são insuficientes para se obterem conclusões definitivas sobre o uso dos fitoestrógenos, em especial as isoflavonas, como alternativa ao uso de estrogênios para terapia de reposição hormonal, em mulheres no climatério. Desta forma, mais estudos faz-se necessário para responder a tais questões sobre as contribuições desses compostos para a saúde humana e principalmente da mulher.

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08 O EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO ORAL DE

ÓLEO DE CÁRTAMO NA COMPOSIÇÃO CORPORAL: uma revisão

Rayssa Nixon Souza de Aquino1 Ana Luiza de Rezende Ferreira2

Geam Carles Mendes dos Santos 3

RESUMO

Realizou-se uma revisão da literatura com o objetivo de identificar as principais evidências do óleo de cártamo na redução da gordura corporal. Foram incluídos no estudo, artigos sem restrição de data que utilizaram o óleo de cártamo como suplemento alimentar, os quais obtiveram resultados positivos ou negativos quanto à redução do peso corporal, da massa adiposa, da massa magra e das medidas de circunferência abdominal. Pesquisas realizadas com o consumo de óleo de cártamo têm demonstrado benefícios à saúde, como: a prevenção e o tratamento de hiperlipidemia redução nas concentrações de triglicerídeos, colesterol total e Lipoproteína de Baixa Densidade- LDL; redução das lesões ateroscleróticas, prevenindo doenças cardíacas e hipertensão; estimulação do sistema imunológico e redução da massa corporal. Diante desses fatos, o mesmo vem sendo utilizado frequentemente pela população para auxiliar na redução do peso e da gordura corporal. Além disso, é usado como matéria prima para a produção sintética de CLA, o qual tem como mecanismo a capacidade de diminuição da esterificação de ácidos graxos em triglicerídeos, a interferência na diferenciação dos adipócitos, a redução da lipogênese e o aumento da lipólise. Em função dos achados de caráter dúbio da suplementação deste óleo, das divergências de métodos utilizados nos estudos e do desconhecimento dos mecanismos envolvidos nos resultados, conclui-se que este tipo de suplementação não possui efeitos na redução da gordura

1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará) 2 Nutricionista. Doutoranda em Saúde Coletiva (UECE). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará 3 Nutricionista. Mestre em Ciências Fisiológicas (UECE). Pró-Reitor e Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará

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corporal, sendo necessário um maior número de pesquisas que embasem a sua eficácia e segurança.

Palavras-chave: Óleo de cártamo, composição corporal, lipólise, lipídios, suplementação.

INTRODUÇÃO

A procura por alternativas nutricionais para prevenção de doenças data desde a antiguidade e, cada vez mais, surgem pesquisas para identificar alimentos que contenham substâncias as quais apresentem propriedades benéficas para o corpo humano, como é o caso do açafrão-bastardo (PINTÃO; SILVA, 2008).

O açafrão é uma especiaria conhecida em toda a bacia mediterrânica, como matéria corante, aromatizante e medicinal. De suas sementes é extraído um óleo de elevado valor dietético muito usado atualmente como suplemento alimentar, o chamado óleo de cártamo (PINTÃO; SILVA, 2008; KOYAMA et al., 2006).

O Cártamo Carthamus Tinctorius L. pertence à família Compositae (Asteraceae) do tipo herbácea originada da Ásia e África e é rico em ácidos graxos essenciais, em que o ácido oleico (w-9) representa 20 a 30% e ácido linoleico (w- 6), 70 a 87% na sua composição, além de ser fonte de α-tocoferois, dando a ele a função de ser um potente antioxidante (EKIN, 2005; VOSOUGHKIA et al., 2011).

Pesquisas realizadas com o consumo de óleo de cártamo têm demonstrado benefícios à saúde, como: a prevenção e o tratamento de hiperlipidemia, com redução nas concentrações de triglicerídeos, colesterol total e Lipoproteína de Baixa Densidade- LDL; redução das lesões ateroscleróticas, prevenindo doenças cardíacas e hipertensão; estimulação do sistema imunológico e redução da massa corporal (EKIN, 2005). Diante desse fato, esse óleo vem sendo utilizado frequentemente pela população para auxiliar na melhora da redução do peso e da gordura corporal (LESER e ALVES, 2010).

Muitas pessoas têm procurado consultórios nutricionais com o objetivo de redução de massa e de gordura corporal e encontram nos suplementos alimentares a esperança de serem “substitutos naturais” de medicamentos prescritos para emagrecimento e de “dietas milagrosas”, aliando ausência de efeitos colaterais e benefícios à saúde.

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Tendo em vista o crescente interesse em estratégias para a redução da gordura corporal, o presente trabalho tem o objetivo de avaliar se a suplementação com óleo de cártamo pode se tornar mais um recurso nutricional na melhora da composição corporal.

MÉTODOS

Foi realizada uma revisão da literatura, sem restrição de data indexadas nas bases de dados SciELO, PubMed e Medline, nas línguas português e inglês. Os artigos científicos foram pesquisados por meio das seguintes palavras-chave: Óleo de Cártamo (safflower oil), lipólise (lipolysis), lipídios (fat acid), composição corporal (body composition) e suplementação (supplementation). Foram incluídos no estudo, artigos sem restrição de data que utilizaram o óleo de cártamo como suplemento alimentar, os quais obtiveram resultados positivos ou negativos quanto à redução do peso corporal, da massa adiposa, da massa magra e das medidas de circunferência abdominal. Foram excluídos trabalhos que apresentavam resultados em animais não mamíferos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos últimos anos tornou-se cada vez mais comum a utilização de medicamentos fitoterápicos no tratamento das enfermidades. Como consequência disso, houve um crescimento acelerado na comercialização desses produtos (YUNES, PEDROSA & CECHINEL, 2001). Com a evolução científica aliada à crescente preocupação das pessoas com os cuidados e prevenção primária da saúde, a indústria começou a investir no mercado dos suplementos alimentares e atualmente vêm lançando dezenas de produtos com o objetivo de combater à obesidade (LOPES, 2013).

Nesse sentido, vem surgindo grande interesse no estudo do açafrão-bastardo ou cártamo pelo seu potencial como alimento funcional, devido à presença de diversos nutrientes em suas sementes que originam um óleo alimentar de elevado valor dietético muito usado atualmente como suplemento alimentar: o óleo de cártamo (PINTÃO e SILVA, 2008; KOYAMA et al., 2006).

O Cártamo Carthamus Tinctorius L. pertence à família Compositae (Asteraceae) do tipo herbácea originada da Ásia e África e é bastante utilizada em tinturaria de tecidos por conter a cartamina (um corante vermelho encontrado em suas flores), além de conter também um corante amarelo que é utilizado principalmente na culinária. A espécie se dissemina através das sementes, de onde é extraído o óleo (ABUD et al., 2010). O óleo de cártamo

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é composto por ácidos graxos saturados palmíticos e esteáricos e ácidos insaturados oléicos e linolênicos, todos com tamanho médio de cadeias de carbono (YEILAGHI et al., 2012).

Na Coréia, as sementes e as flores de cártamo têm sido utilizadas principalmente para promover a formação óssea e evitar o desenvolvimento de trombos (por diminuir a viscosidade sanguínea), além de auxiliar no tratamento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e muito raramente em problemas ginecológicos (FAN et al., 2009).

O óleo de cártamo possui um componente que promove perda de gordura corporal, o chamado ácido linoleico conjugado (CLA), sendo essa perda maior se combinada com a prática de exercícios físicos (BANU et al., 2006). Paralelo a isso, estudos envolvendo ratos jovens comprovaram que o óleo de cártamo pode ser considerado benéfico para a massa óssea, pois, além da perda de peso corporal, há também um aumento significativo na formação óssea (BANU et al., 2006).

Em outro estudo, Yu et al. (2013) concluíram que o extrato de etanólico e água das sementes do cártamo, promoveram o aumento das taxas de HDL e a diminuição do LDL e triglicerídeos, pelo fato de conter compostos fenólicos.

Ações na gordura corporal

O Óleo de Cártamo é usado como matéria prima para a produção sintética de CLA (SILVA, 2013), o qual tem como mecanismo a capacidade de diminuição da esterificação de ácidos graxos em triglicerídeos, interferência na diferenciação dos adipócitos, redução da lipogênese e aumento da lipólise (HAYASHI, 2003).

Risérus, Berglund e Vessby (2001) realizaram um estudo que avaliou o efeito da suplementação de CLA em 25 homens entre 39 e 64 anos com obesidade e circunferência abdominal aumentada, durante um mês. Os resultados do estudo demonstraram que o grupo com a suplementação diminuiu significativamente a circunferência abdominal.

Outro estudo que avaliou a suplementação de 6,4 gramas de Óleo de Cártamo em 35 mulheres diabéticas, obesas, em pós-menopausa, durante 4 meses também verificou redução significativa da circunferência abdominal (em média 6,3%), bem como da massa corporal (BELURY, 2002).

Segundo os autores, o Óleo de Cártamo eleva o hormônio adiponectina - uma proteína de 247 aminoácidos, secretada pelo tecido adiposo, que desempenha, em seres humanos e animais, um papel

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importante na regulação da obesidade, modulação do metabolismo de glicose e lipídios em tecidos sensíveis à insulina - o qual pode ter refletido na capacidade de queimar gorduras dietéticas.

Os níveis circulantes de adiponectina são inversamente proporcionais à massa corporal e circunferência da cintura, estando diminuídos em indivíduos obesos (BELURY, 2002).

Close et al. (2007) realizaram um estudo para avaliar a taxa de oxidação de lipídios durante o sono em indivíduos com sobrepeso, suplementados por 6 meses com 4g/dia de CLA ou 4g/dia de óleo de cártamo. Ao final do estudo foi verificado que o grupo CLA utilizava menos proteínas para a oxidação do que no início, e a suplementação com CLA foi associada com uma diminuição de peso. Assim, é sugerido que a oxidação do CLA é menos dependente da utilização de carboidratos e proteínas como subtrato energético para a formação de energia (CLOSE; et al., 2007), e que isto seria possível devido a um aumento das lipases envolvidas no estoque e mobilização de gorduras durante o sono: lipoproteína lipase (LPL), lipase hormônio-sensível (HSL) e lipase de triglicerídeos de tecido adiposo (ATGL) (STECK; et al., 2007).

Modificações na composição corporal

Existem achados nos quais as medidas corporais não foram alteradas em indivíduos saudáveis, que receberam suplementação de 3,9g/dia de ALC durante 12 semanas (STECK; et al., 2007; LARSEN; et al., 2006).

Em outro estudo semelhante, a suplementação de óleo de cártamo (8g/dia) não modificou parâmetros antropométricos (massa de gordura corporal, peso, IMC, percentual de gordura e relação cintura-quadril), porém houve um aumento da massa magra no grupo suplementados com CLA 6,4g/dia (IWATA; et al., 2007).

Gaullier et al. (2005) não observaram redução do percentual de gordura corporal em estudo realizado, no qual avaliaram o efeito da suplementação de CLA durante 6 meses com 41 sujeitos de ambos os sexos com sobrepeso e obesidade.

Resultado semelhante também foi verificado no estudo realizado por Berven et al. (2000) avaliando o efeito da suplementação de CLA sobre a perda de massa corporal em 60 indivíduos de ambos os sexos, por um período de 3 meses. De acordo com os autores, os resultados encontrados não foram significativos em relação à gordura corporal, IMC e redução da massa corporal.

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Em relação ao consumo alimentar, um estudo que avaliou 15 indivíduos saudáveis com média de 24 anos de idade, durante 4 dias consecutivos por um cateter naso-ileal verificou que o grupo suplementado com Óleo de Cártamo comparado com o grupo controle aumentou significativamente a plenitude gástrica e diminuiu o apetite e também apresentou aumento significativo da secreção de Colecistocinina (CCK), contudo a saturação de ácido graxo não afetou a secreção de peptídeo YY (MALJAARS; et al., 2009).

Além disso, evidências sugerem que a saciedade prandial é atribuída predominantemente à ação da CCK, liberada pelo trato gastrointestinal em resposta à presença de gordura e proteína. A CCK é a maior responsável pela inibição da ingestão alimentar em curto prazo, juntamente com a distensão abdominal. Outro inibidor da ingestão alimentar é o peptídeo YY, ou PYY, o qual é expresso pelas células da mucosa intestinal e sugere-se que a regulação é neural, já que seus níveis plasmáticos aumentam quase que imediatamente após a ingestão alimentar (BELURY, 2002).

Modificações no perfil lipídico

O Óleo de Cártamo eleva a atividade da lipoproteína lipase resultando em elevação da taxa de beta-oxidação hepática e consequente redução dos níveis séricos de triglicerídeos. Um estudo realizado por Shimomura, Tamura e Suzuki (1990) com 32 ratos, divididos em dois grupos, verificou que ao suplementar metade dos animais com sebo bovino e a outra metade com Óleo de Cártamo por um período de 4 meses, reduziu-se apenas os triglicerídeos do grupo do Óleo de Cártamo. Em relação aos níveis séricos de HDL-c, não foram observadas diferenças significativas após a suplementação com o Óleo de Cártamo.

Assim como Noone et al. (2002) que, ao realizar a suplementação de CLA com 51 voluntários, sendo 18 homens e 33 mulheres com idade média de 31,6 anos, não tiveram nenhum efeito sobre o CT, LDL-c e HDL-c.

CONCLUSÃO

Por meio da bibliografia analisada, é possível evidenciar que os resultados encontrados são preliminares e inconsistentes, principalmente pelo fato de poucas pesquisas terem sido realizadas sobre os efeitos emagrecedores causados pelo consumo de óleo de cártamo. Perante as informações abordadas, também foi possível verificar a necessidade de um sistemático estudo a respeito das funcionalidades desse suplemento como

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agente emagrecedor para garantir resultados consistentes e seguros que venham a servir como garantia de eficácia aos consumidores.

Ressalta-se ainda que mais pesquisas utilizando a suplementação com o Óleo de Cártamo em humanos devem ser incentivadas, pois a maior parte dos estudos encontrados foram realizados com animais e com diferentes períodos de suplementação e quantidades.

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09 CONSUMO ALIMENTAR E QUALIDADE DE

VIDA DE PACIENTES COM SINDROME DA IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA

José Airton Lima Almeida 1

Ana Luiza de Rezende Ferreira 2 Samara de Almeida Mesquita Rosa 3

RESUMO

Síntese e revisão das evidências sobre o consumo alimentar em pacientes infectados pelo HIV/AIDS explorando a terapia anti-retroviral. Desenvolveu de maneira revisionária sistemática de literatura, onde foram pesquisados estudos originais, sendo incluídos quatro ensaios clínicos e epidemiológicos. A avaliação foi feita através do uso do questionário de freqüência alimentar destes pacientes. Os dados foram analisados por meio de média, desvio-padrão, freqüências relativas e absolutas. Observou-se um grande consumo de alimentos “não protetores” para a ocorrência de DCV. Alguns estudos controles demonstraram alto consumo de gorduras totais e uma maior porcentagem de consumo energético proveniente de gorduras saturadas. Foram evidenciados insuficiência acerca da efetividade de intervenções dietéticas na prevenção e controle nos pacientes infectados pelo HIV.

Palavras-chave: Consumo alimentar, dieta, HIV/AIDS, padrão alimentar, terapia antirretroviral (TARV).

INTRODUÇÃO

A maior consequência decorrente de pacientes hospitalizados é a desnutrição protéico-energético (DPE), onde se trata de um estado de morbidade secundário a algum tipo de deficiência ou excesso de um ou mais nutrientes essenciais. A desnutrição tem sido algo de maior prevalência nos

1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará) 2 Nutricionista. Doutoranda em Saúde Coletiva (UECE). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará 3 Nutricionista. Mestre em Nutrição e Saúde (UECE). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará.

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últimos anos e de grandes consequências para os pacientes hospitalizados (WAITZBERG et al., 2004).

De acordo com Dutra e Libonati, por meio da utilização da terapia anti-retroviral altamente ativa, a replicação do HIV é inibida, com diminuição da presença de RNA do HIV no plasma para níveis indetectáveis, assim prolongando a sobrevida dos pacientes. Entretanto, sua utilização modificou o estado nutricional destes indivíduos. Anteriormente, o déficit de vitaminas e minerais e má nutrição energético-proteica estavam associados como um dos maiores problemas nutricionais e eram responsáveis por 80% das mortes em pacientes com AIDS.

Nos estudos feitos no Brasil, relata-se a prevalência de alterações metabólicas, incluindo a lipodistrofia, em 65% dos casos de pacientes infectados por HIV em acompanhamento ambulatorial e certamente relacionada com o uso de anti-retroviral.

Estudos relacionados ao consumo alimentar e fatores de risco relacionados principalmente às doenças cardiovasculares, apresentam modificações no papel da nutrição na infecção pelo HIV. Dados indicam que há um padrão alimentar insatisfatório de pessoas com HIV/AIDS, especialmente pelo fato dos indivíduos com alterações metabólicas e excesso de peso. Observam-se também as deficiências isoladas ou globais de nutrientes e classifica os indivíduos quanto ao seu próprio estado nutricional, agindo como instrumento de grande valia para sua terapêutica clinica ou dietética, a fim de tentar corrigir o seu déficit diagnosticado.

O inicio da terapia nutricional proporciona uma melhora no estado nutricional, na sobrevida e na qualidade de vida destes pacientes que, com freqüência, são acometidos por algumas desordens nutricionais e até mesmo consumptivas, resultando em uma grande perca de massa corporal magra. Uma execução detalhada de uma história dietética é de grande importância para o seu diagnóstico do estado nutricional, interligada a associações com as técnicas de avaliação, detectando assim uma deficiência nutricional nos diversos estágios da doença. Segundo Copponi e Ferrini, e Paula et al. A nutrição tem uma importante marca na vida destes pacientes, pois auxilia a manter o sistema de defesa do organismo, minimizando infecções oportunistas, melhorando o tratamento médico e conferindo uma boa qualidade de vida para estes grupos de indivíduos.

Estudos selecionados foram feitos através de uma síntese narrativa, onde marca de forma heterogênea o seu delineamento, nas intervenções testadas, nas variáveis dietéticas investigadas e nas estratégicas de avaliação de seu consumo alimentar.

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Pesquisas também retratam o consumo alimentar e seus desfechos relacionando o maior risco de DCV (doenças cardiovasculares), no qual tem sido evidenciada as modificações na nutrição de pacientes infectados pelo HIV – antes focado na recuperação do quadro de caquexia após o advento da TARV e nas alterações metabólicas associadas ao tratamento. A composição da dieta também se torna um fator de suma importância levando em conta a sua associação ao perfil lipídico e a composição corporal de pessoas que vivem com esta patologia.

Relatos comprovam que métodos de avaliação de padrão de consumo alimentar em grupos populacionais são, atualmente, muito utilizados em estudos e que estimam risco de doenças crônicas, no qual permitem uma análise qualitativa bem precisa e mais abrangente sobre o potencial da sua dieta. O método de avaliação da freqüência do consumo alimentar, por meio de escore é utilizado como um instrumento útil na verificação do potencial aterogênico de dietas, uma vez que o consumo alimentar habitual está categorizado segundo contribuição para o risco de DCV apresentando correlação com os níveis séricos de lipídios.

Em um paciente que apresenta AIDS, seu estado nutricional é bastante comprometido pela redução da ingestão de alimentos, trazendo também como outras causam a anorexia, vômitos, náuseas, diarreia, dispneia, doença neurológica ou até mesmo alterações da boca e do esôfago. A partir do momento que o sistema do trato gastrointestinal é afetado, ocorrerá uma absorção reduzida de nutrientes.

A recomendação de outros macronutrientes como carboidratos e gorduras deve ser seguida de acordo com faixa etária. Havendo uma má absorção manifestará diarreia, no qual, recomenda-se uma dieta hipogordurosa (restringindo os lipídeos de cadeia longa) e a utilização de cadeia média de triglicerídeos (FENTON e SILVERMAN, 2010).

A qualidade de vida (QV) tornou-se uma variável útil para determinar o impacto global dos tratamentos médicos referente à doença, a partir da perspectiva individual do individuo. Sua medida é potencialmente útil para aplicação e demonstração do possível benefício das intervenções terapêuticas (REIS et al., 2011).

MÉTODOS

O estudo foi desenvolvido através de uma revisão sistemática de literatura e epidemiológica de delineamento transversal.

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A amostra foi constituída pela busca de estudos originais desenhada para ser usada no PubMed e em outras duas bases de dados (Scielo e Libacs), levando em consideração os limites de busca que eram estudos humanos, em português e data limite de artigos a partir do ano 2009.

Os artigos foram sistematicamente revisados em relação ao consumo alimentar (recordatório de 24h, questionário de freqüência alimentar, diário alimentar). Os estudos que envolveram indivíduos infectados confirmaram a elegibilidade não somente de uma avaliação nutricional, mais o tratamento do HIV/AIDS. Como critérios de inclusão, foram utilizados artigos que estavam de acordo com o que estava se procurando, como critérios de exclusão, foram utilizados artigos que não estavam na data limite, não envolviam humanos e que não estivessem em português.

As coletas de dados foram feitas através da utilização do consumo alimentar, dados estes utilizados por meio de questionário de freqüência alimentar (QFA). No qual, este é considerado o mais prático e informativo método de avaliação da ingestão dietética e fundamentalmente importante em estudos epidemiológicos que relacionam a dieta com a ocorrência de doenças não transmissíveis. O QFA foi utilizado nas pesquisas no intuito de avaliar o consumo semanal de grupos alimentares: Escore I – alimentos predominantes “não protetores”: produtos lácteos integrais; gorduras de origem vegetal; gorduras de origem animal; maionese; creme de leite; alimentos fritos; carnes em geral; miúdos e vísceras; embutidos; carnes processadas; ovos; patês; coco; feijoada; doces em geral; lanches e salgados. Escore II – alimentos predominantes “protetores” cereais e produtos derivados; tubérculos; hortaliças; preparações a base de hortaliças não fritas; leguminosas; leguminosas oleaginosas; frutas; sucos naturais e vitaminas de frutas.

Não foram consideradas preparações mistas, mas apenas o ingrediente básico de cada preparação.

As analises foram representadas estatisticamente por freqüência absoluta (n) e relativa (%), média e desvio padrão, usando como recurso o Microsoft Excel e o Windows.

RESULTADOS

A estratégia da pesquisa foi encontrar artigos não duplicados e tendo sido localizado por meio das bases de dados PubMed, Scielo e Libacs. O processo de seleção foi realizado das seguintes formas. (Figura 1).

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Os estudos foram desenvolvidos no Brasil, as dietas testadas nos ensaios clínicos, estavam definidas como dieta para evitar a perda de massa corporal magra, descritas como hipolipidicas rica em fibras, e em muitos casos foi se associando a orientação nutricional e recomendações para a mudança no estilo de vida e à sua qualidade.

Nos presentes estudos, de acordo com a freqüência alimentar, os alimentos que foram consumidos acima de quatro vezes foram considerados hábito alimentar, já os alimentos consumidos de duas a três vezes por semana foram considerados sim como consumo alimentar, porém de classe mediana e os alimentos com menos de uma vez por semana classificados como classe rara (Tabela 1).

Tabela 1 - Distribuição do consumo alimentar de pacientes com HIV

Alimentos

Menos 1 vez/sem

2 a 3 vezes/sem

Mais 4 vezes/sem

N % N % N %

Leite e derivados 8 21,5 1 3,0 28 75,5 Carnes 8 21,5 3 8,1 26 70,4 Azeite 19 51,4 3 8,1 15 40,5 Óleos 1 2,7 0 0 36 97,3 Manteiga/Margarina 21 56,7 0 0 16 43,3

Pão 3 8,1 2 5,4 32 86,5 Arroz 0 0 0 0 37 100

Artigos não duplicados

4 artigos encontrados

Foram incluídos na pesquisa

Estudos epidemiológicos Ensaios clínicos

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Doces 19 51,4 6 16,1 12 32,5

Vegetais e frutas 3 8,1 2 5,4 32 86,5 Vinhos/cervejas 37 100 0 0 0 0

Refrigerantes 16 43,5 9 24,2 12 32,5 Café 3 8,5 2 5,7 30 85,8 Fast food 35 100 0 0 0 0

Quanto ao efeito da dieta em associação à suplementação com ácido graxo w-3, foi verificado em 3 estudos, com poucas evidências de benefícios. Estes estudos observacionais sinalizaram associações entre os níveis séricos de lipídeos e alguns nutrientes da dieta (Tabela 2).

Tabela 2: Estudos incluídos: descrição do delineamento, tipo de exposição

Estudo Delineamento

Exposição

Ranieri Ensaio Clínico

Dieta hipolipídica rica em fibras Orientação para estilo de vida Suplementação de w3

Wohl e cols. Ensaio Clínico

GC: Dieta American Heart Association + Orientação para atividade física GI: Dieta American Heart Association + Orientação para atividade física + suplementação de w-3

De Truchis e cols. Ensaio Clínico

GC: Dieta American Heart + placebo GC: Dieta American Heart + suplementação de w-3

DISCUSSÃO

As revisões sistemáticas dos artigos apontaram os efeitos da dieta e de seus componentes no controle de pacientes soropositivos levando como base o contexto de vida das pessoas, ou seja, modificando-se nos últimos anos, em grande parte por causa dos avanços relacionados ao surgimento da terapia anti-retroviral (TARV), que resultou em aumento da sobrevida, diminuição das internações por doenças oportunistas e queda da mortalidade (MARINS et al., 2003).

Quanto à dieta, ambos os grupos apresentaram maior e significativa média de escore I, no qual, traduz um aumento no consumo de alimentos “não protetores” para a ocorrência de DCV. Alguns estudos controles demonstraram alto consumo de gorduras totais e uma maior porcentagem

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de consumo energético proveniente de gorduras saturadas. Já o padrão alimentar no consumo de fast-food foi já observado como menor consumo de fibras.

Estudos feitos com pessoas que vivem com HIV/AIDS em TARV também identificam um padrão alimentar inadequado com os resultados apresentados a necessidade de melhora de práticas alimentares para adequação das necessidades nutricionais e conseqüente promoção e prevenção da saúde e das doenças neste grupo populacional.

De acordo com as variáveis psicossociais, contribuíram de modo significativo para a explicação das dimensões da qualidade de vida das pessoas soro positivas que participaram do estudo. Referente à Rabkin & cols., 2000 é possível supor que o tratamento anti-retroviral leve a quase indiferenciação quanto ao funcionamento físico, entre pessoas sintomáticas que estão em tratamento anti-retroviral e recuperam sua resposta imunológica e as condições de saúde física e aquelas assintomáticas, cujos sinais e sintomas da AIDS ainda não existentes.

Anteriormente à terapia anti-retroviral, os indivíduos eram acometidos por desnutrição e carências nutricionais, porém com os passar dos dias e dos estudos, este quadro sofreu uma alteração.

Foi observado de modo notório que o uso do questionário de freqüência alimentar como método de avaliação do consumo alimentar pode retratar hábitos alimentares incorretos de um grupo, devido à possível sub ou superestimação do consumo de alguns grupos alimentares. Além disso, de acordo com o guia alimentar para a população brasileira, uma alimentação deve fornecer carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais, que são nutrientes necessários para um bom funcionamento do organismo.

Apesar das iniciativas serem válidas, nota-se a necessidade de orientação das vias de contaminação, melhoria no consumo de alimentos fornecedores de micronutrientes, além de estimular melhorias na alimentação naqueles que não demonstraram preocupação inicial com a mesma.

De acordo com a dieta e associação da suplementação de ácido graxo w-3, houve evidências positivas sobre o beneficio dela para o não aparecimento de demais dislipidemias. Essa variação contribui para efeito significativo para orientação dietética e placebo.

Conforme dados obtidos durante o desenvolvimento deste trabalho observa-se vários resultados semelhantes aos anteriores, tais como: estado nutricional adequado, porém com perdas de massa muscular, inadequação

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no padrão alimentar constatado durante a avaliação dos artigos ao questionário de freqüência alimentar.

CONCLUSÃO

Nos estudos foram evidenciadas condições nutricionais e metabólicas indesejáveis entre aqueles TARV com predisposição aos riscos de DCV, importante ressaltar também a necessidade de direcionamento das intervenções em saúde a pessoas portadoras do HIV, para o controle de outros fatores associados.

Os grupos estudados sistematicamente apresentaram modificações metabólicas, tornando importante o monitoramento e planejamento das intervenções nutricionais em relação às decisões quanto à escolha e ao consumo de alimentos mais saudáveis.

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10 CARACTERIZAÇÃO DE PRODUTOS DE

PANIFICAÇÃO ISENTOS DE GLÚTEN

Marjorie Rafaela Lima do Vale1

Verlaine Suênia Silva Sousa 2 Marta da Rocha Moreira 3

Fernando César Rodrigues Brito 4

RESUMO

A recomendação para a restrição de consumo de glúten vem sendo adotada de forma indiscriminada pela população de modo geral. Sabe-se que a adesão à este tipo de dieta, quando feito sem o acompanhamento de um profissional nutricionista, pode levar os pacientes ao isolamento social, deficiências nutricionais em vitamina B, cálcio, vitamina D, ferro, zinco, magnésio e fibras. Além disso, o acréscimo de lipídios, necessários para a melhoria da palatabilidade desses produtos, pode promover um incremento do valor calórico. Desta forma, pretendeu-se avaliar a composição nutricional de pães sem glúten disponíveis para aquisição no E-comerce. Para tanto foram selecionados 5 sites de maior relevância e realizada a busca pelos produtos em questão. Após aplicação dos critérios de exclusão, 16 produtos foram avaliados. Os produtos sem glúten apresentaram maior quantidade de gorduras e sódio que os produtos convencionais. O conteúdo centesimal de fibras variou de 0 a 9g. A partir dos resultados apresentados conclui-se que para a população de modo geral, a escolha por um produto mais saudável não deve ser norteada pela presença ou não de glúten, mas sim por sua composição nutricional.

Palavras-chave: Dieta livre de glúten, rotulagem de alimentos, pão.

1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará) 2 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará) 3 Nutricionista. Mestre em Ciências Fisiológicas (UECE). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará e da Universidade de Fortaleza 4 Nutricionista. Doutorando em Biotecnologia (RENORBIO). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará

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INTRODUÇÃO

Nos últimos anos tem sido observado um aumento significativo da procura e da oferta de alimentos sem glúten, estimando-se que o mercado relativo a comercialização desse tipo de produto tenha crescido entre 20% e 30% por ano. Esse crescimento deve-se tanto à necessidade dos portadores da doença celíaca, quanto à pratica cada vez mais comum dos nutricionistas de prescrever uma alimentação isenta de glúten como forma de orientar hábitos mais saudáveis (BELTRÃO, 2014).

Apesar da disseminação desta conduta, o Conselho Regional de Nutricionistas (CRN) continua firme na posição de que a restrição de consumo de glúten deve ser destinada aos pacientes com diagnóstico clínico confirmado de doença celíaca, de dermatite herpetiforme, de alergia ao glúten, ou com diagnóstico clínico confirmado de sensibilidade ao gluten (CRN-3, 2013).

O alerta divulgado pelo conselho se deve ao fato de que a adesão à uma dieta isenta de glúten de forma indiscriminada e sem orientação pode levar os pacientes ao isolamento social, deficiências nutricionais em vitamina B, cálcio, vitamina D, ferro, zinco, magnésio e fibras (ARENDT; BELLO, 2008). Tais deficiências se devem ao fato de que os produtos alimentícios sem glúten são comumente produzidos a partir de um mix de matérias primas não enriquecidas ou fortificadas, como farinhas refinadas ou amidos (GALLAGHER; GORMLEY; ARENDT, 2004).

Além disso, o acréscimo de lipídios em preparações sem glúten parece ser uma prática comum na indústria alimentícia, como forma de para melhorar a apresentação e palatabilidade de produtos de panificação, já que tecnologicamente, eles auxiliam na melhora das características dos produtos, como o volume, extensibilidade da massa, maciez, sabor e conservação. Essa conduta, no entanto, pode aumentar o valor calórico dos produtos ou produzir efeitos benéficos ao organismo, dependendo da qualidade do lipídio utilizado (MOREIRA, 2007).

Tendo em vista que o pão está entre os alimentos mais amplamente consumidos e mais desejados de ser encontrado facilmente nas prateleiras dos supermercados, (ACELBRA, 2009), objetiva-se com o presente estudo descrever o conteúdo nutricional de pães sem glúten disponíveis para compra no comércio.

A coleta de dados ocorreu tanto em sites de redes de supermercados e em lojas especializadas de produtos alimentares e suplementos. A busca inicial pelos sites ocorreu mediante procura do termo “comprar pão sem glúten” na plataforma de busca online.

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Para a identificação dos produtos foi utilizado o descritor “pão sem glúten” na aba de busca nas páginas selecionadas ou identificadas sessões especificas para produtos sem glúten. Foram excluídos da amostra páginas relativas a marcas especificas ou de lojas fora do Brasil, produtos que não adequavam ao objetivo proposto ou que não apresentavam informação nutricional disponível.

Os produtos identificados foram então descritos segundo peso da porção, valor calórico, quantidade de carboidratos, proteínas, gorduras (totais e saturadas), teor de fibras e sódio, tendo em vista que estes nutrientes são de declaração obrigatória segundo a RDC nº 360/2003.

Posterior a etapa de descrição dos produtos, os mesmos foram classificados quanto a adequação do valor da porção informado e valor calórico da porção, tomando como referencia a RDC nº 359/2003, sendo aceitas variações de até 30% do valor regulamentado. E por último, feita classificação do teor de fibras dos alimentos, utilizando a recomendação da RDC nº 54/2012, sendo considerado produto “Fonte de Fibras” aqueles cujo teor de fibras é maior que 2,5g por porção e como “Alto Teor de Fibras” aquele cujo teor de fibras por porção é superior a 5g.

Os dados foram tabulados utilizando o Microsoft Excel versão 15.14 e os resultados apresentados em tabelas, incluindo valores mínimos, máximos, médias e desvios padrão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na busca realizada para este estudo foram selecionados 5 sites. Ao todo, foram localizados 27 tipos de pães sem glúten, sendo 11 repetidos e, portanto, excluídos da amostra. Quanto a forma de apresentação de pães sem glúten, observou-se as variações tradicional, integral, com grãos, aipim, quinoa, abóbora, ciabatta e baguette, conforme apresentado na tabela 1.

O uso de cereais, pseudocereais (trigo sarraceno, quinoa, amaranto, etc), vegetais e tubérculos na fabricação de produtos isentos de glúten tem sido documentado na literatura como forma de contornar as deficiências nutricionais decorrentes do uso de matérias primas refinadas (NASCIMENTO, 2014).

Quanto ao valor da porção descriminado, pode ser percebido que 3 produtos não estiveram conforme a legislação vigente, indo contra ao intervalo de 30% de variação da porção padrão de 50g.

A padronização do tamanho da porção nos rótulos dos alimentos objetiva, de modo mais direto, fornecer informações precisas e

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compreensíveis, com o objetivo de permitir a comparação entre alimentos similares e auxiliar desta forma a determinação do consumo, além de ser considerada uma estratégia de promoção da alimentação saudável, em que a porção é apresentada como uma recomendação de consumo para a população (KLIEMANN, 2012).

As porções de referência para fins de rotulagem nutricional adotadas no Brasil foram incialmente definidas na RDC n 39/2001, tomando como base os diferentes grupos de alimentos contidos na Pirâmide Alimentar Brasileira, e a participação em energia de cada grupo de alimentos na recomendação energética diária (BRASIL, 2001). No ano de 2003, a partir do regulamento técnico do Mercosul sobre porções de alimentos embalados para fins de rotulagem nutricional (MERCOSUL, 2003), a RDC n 39/2001 foi substituída pela RDC nº359/2003, sem, no entanto, alterar o valor calórico por porção previamente estabelecido para o grupo de cereais, tubérculos, raízes e derivados (150kcal).

Apesar das recomendações previamente citadas, pode ser observado que os pesos das porções variaram de 35 a 100g (30 a 100% do valor estabelecido) e o valor calórico de cada porção variou de de 41 a 203 (variação de 495% entre os fabricantes). O produto que possui o maior valor calórico por 100g de produto está entre os que apresenta o menor peso para a porção (35g).

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Tabela 1: Composição nutricional de macronutrientes e fibras de pães sem glúten, 2015.

Bryant e Dundes (2005) levantam o questionamento de usualmente a apresentação de pequenas porções para o grupo de cereais pode ser uma forma de passar uma imagem positiva para os consumidores, tanto sobre a quantidade de calorias do produto quanto sobre a quantidade e presença de outros nutrientes.

Quando contrastada a composição centesimal dos pães de forma tradicionais sem glúten (C, D, E, F e G) da tabela 3 com o pão de forma de referencia (Tabela 2), percebe-se que: Todos os pães sem glúten possuem menor valor calórico (186 a 232kcal), menor conteúdo de carboidratos (36 a 48g) e proteínas (3 a 5.6g) e maior quantidade de gorduras totais (2.6 a 5g). Quando comparado aos resultados de Laureati, Giussani e Pagliarini (2012), que apresentaram em seu estudo a informação nutricional de cinco marcas italianas de pão sem glúten, o teor de proteínas (2.4 a 4.5g em 100g) dos pães identificados foi superior e o de lipídios inferior (5 a 6.7g/100g), indicando, portanto, melhor perfil nutricional.

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Tabela 2: Composição centesimal de macronutrientes e fibras entre pães com glúten, 2015.

1 Pão, glúten, forma: Tabela de Brasileira de Composição de Alimentos (2011)

2 Pão, trigo, forma, integral: Tabela de Brasileira de Composição de Alimentos (2011)

O menor conteúdo de carboidratos e maior conteúdo de gordura possivelmente se justifica pela necessidade garantir uma melhor palatabilidade ao produto, considerando que quanto maior a quantidade de farinha e menor a quantidade de gordura, mais acentuadas são características indesejáveis (arenosos e esfarelentos) (MARCÍLIO; AMAYA-FARFAN; SILVA, 2005).

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Tabela 3: Composição centesimal de macronutrientes e fibras de pães sem glúten, 2015.

O conteúdo de fibra alimentar dos pães identificados variou de 0 a 9g (4.2±2.75), sendo o valor médio superior entre os produtos que continham alegação de variação integral ou com grãos (5.2±2.71). Laureati, Giussani e Pagliarini (2012) encontraram quantidades de fibra alimentar que variaram entre 3,2 e 6,3g/100g. Dos 16 produtos analisados, 4 são considerados fonte de fibra (>2.5g por porção) e 2 com alto teor de fibra (>5g por porção).

A atenção dispensada ao conteúdo de fibra dietética de alimentos sem glúten se deve ao fato de que as preparações para este tipo de dieta são majoritariamente obtidas pela combinação de farinhas de arroz e de milho, além de outras menos conhecidas como a de sorgo (FERREIRA et al., 2009), com féculas, tanto de batata, quanto de mandioca ou araruta (KOHMAN, 2010), que além de serem pobre em fibras, podem induzir quadros de constipação por apresentarem alto teor de amido (FERREIRA et al, 2009). Os principais tipos de farinhas utilizados nas preparações listadas neste estudo foram: fécula de mandioca, farinha de arroz e amido de milho, farinha de soja, e fécula de batata.

Além dos efeitos sobre o funcionamento intestinal, as fibras alimentares têm demonstrado benefícios à manutenção da saúde e prevenção de doenças, como a diminuição do colesterol, aumento da

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saciedade, redução do risco de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares e manejo do diabetes tipo 1(TRAMONTIN, 2010).

Tabela 4: Variação de macronutrientes e fibras entre pães sem glúten, 2015.

Um aspecto que merece destaque é a elevada quantidade de sódio apresentada nos pães sem glúten tradicionais (423 a 1291g) quando comparados ao de referencia (22g). Observa-se que dois produtos (L e D) ultrapassaram o teor de sódio recomendado de 586mg/100g (PORTAL DA SAÚDE, 2011). Já tem sido bastante difundido na literatura que o consumo excessivo de sódio é um dos principais fatores de risco para a hipertensão arterial (ZHAO et al., 2011), e que o consumo elevado desse micronutriente também esta associado com acidente vascular cerebral, hipertrofia ventricular esquerda e doenças renais (HE; MACGREGOR, 2009).

CONCLUSÃO

A partir dos resultados apresentados, conclui-se que a escolha por uma opção de produtos de panificação que sejam mais saudáveis, considerando a população de modo geral, não deve ser baseada somente na presença ou isenção de glúten, tendo em vista a grande variabilidade encontrada na composição nutricional dos produtos identificados.

A escolha por um alimento com melhor perfil nutricional deve ser feita por meio da comparação dos rótulos, sendo observados não somente o valor calórico, mas também o conteúdo de gorduras, fibras e sódio. E para que esse processo se torne mais fácil sugere-se que o intervalo de variação

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em relação ao peso da porção padrão preconizado seja reduzido, de forma a evitar manobras da indústria alimentícia para confundir o consumidor.

Sugere-se também que em estudos futuros seja realizada avaliação da composição centesimal de micronutrientes, tendo em vista que as farinhas utilizadas nos produtos isentos de glúten são muitas vezes pobres do ponto de vista nutricional e que a possibilidade de suplementação desse tipo de mistura possa ser necessária para evitar deficiências nutricionais em indivíduos celíacos.

REFERÊNCIAS

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BRYANT, R. DUNDES, L. Portion Distortion: a Study of College Students. Journal of Consumers Affairs, v. 39, p. 399-408, 2005.

CONSELHO REGIONAL DE NUTRICIONISTAS. Parecer: Restrição ao consumo de glúten.

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HE, F.J; MACGREGOR, G.A. Reducing population salt intake worldwide: from evidence to implementation. Prog Cardiovasc Dis. v.52, n.5, p.363-82, 2010.

KLIEMANN, N. Análise das porções e medidas caseiras em rótulos de alimentos industrializados ultraprocessados. 2012. 168p. Dissertacao (Mestrado em Nutricao) - Pós-Graduação em Nutrição, Universidade Federal de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, 2012.

KOHMAN, L. M. Desenvolvimento de pão branco e integral livres de glúten e fortificados com cálcio e ferro. 2010. 54f. Monografia (Graduacao em engenharia de alimentos) - Instituto de ciência e tecnologia de alimentos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2010.

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MARCÍLIO, R.; AMAYA-FARFAN, J.; SILVA, M.A.A.P. Avaliação da farinha de amaranto na elaboração de biscoito sem glúten do tipo cookie. Brazilian Journal of Food Technology. v.8, n.2, p.175-181, 2005.

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MOREIRA, M.R. Elaboração de pré-mistura para pão sem glúten para celíacos. 2007. 102f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia dos Alimentos) - Programa de pós-graduação em ciência e tecnologia dos alimentos, Universidade Federal de Santa maria, Rio Grande do Sul. 2007.

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NASCIMENTO, A.B. Desenvolvimento de produto alimentício sem glúten elaborado a partir da percepção de consumidores celíacos. 182f. Tese (Doutorado em Ciência dos Alimentos) - Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos, Universidade Federal de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, 2014.

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TRAMONTON, J. Elaboração e aceitabilidade de preparações isentas de glúten com adição de fibras alimentares, em um grupo de portadores de doença celíaca. 2010. 72f. Monografia Graduacao em Nutricao - Curso de Nutricao, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Rio Grande do Sul, 2010.

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11 ALIMENTOS FUNCIONAIS E SUA

UTILIZAÇÃO NO CARDÁPIO DE UM RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE FORTALEZA – CE

Maria Katielle Oliveira 1

Samara de Almeida Mesquita Rosa 2

RESUMO

O ritmo de vida contemporâneo impulsiona os indivíduos a alimentarem-se fora de casa, portanto a unidade de alimentação e nutrição representa importante papel na manutenção e recuperação da saúde e aquisição de novos hábitos alimentares. Desta forma é imprescindível a utilização de alimentos funcionais nos cardápios do restaurante, já que eles, juntamente com uma alimentação equilibrada, trazem benefícios na prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis. O presente estudo tem como objetivo verificar a presença e estimar a frequência da utilização de alimentos funcionais em um restaurante universitário de uma instituição pública da cidade de Fortaleza-CE. O estudo é de cunho quantitativo descritivo, no qual observou-se os cardápios do mês de setembro de 2015 e os dados apresentados na forma de tabela simples. Os resultados obtidos demonstraram que há uma grande variedade de frutas e vegetais utilizados no mês, e isso é essencial já que a maioria dos compostos bioativos encontram-se nesses grupos alimentares. Conclui-se, portanto, que a utilização está aquém do desejado, sendo necessário o aumento da utilização de alimentos funcionais em acordo com o planejamento dos custos. Além disso, ações de educação nutricional podem ser adotadas para que tais alimentos sejam incorporados ao hábito alimentar do comensal também em domicílio.

Palavras-chave: Alimentos funcionais, alimentação coletiva, promoção de saúde.

1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará) 2 Nutricionista. Mestre em Nutrição e Saúde (UECE). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará

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INTRODUÇÃO

A Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) tem como objetivo fornecer uma refeição nutricionalmente equilibrada e com bom nível higiênico-sanitário, além de adequada para o comensal, isso tanto no sentido da manutenção e/ ou recuperação da saúde, auxiliando no desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis (BRASIL, 2005a).

O ritmo de vida contemporâneo, com longas jornadas de trabalho e a mudança na composição familiar, contribuíram com a redução do tempo para o preparo e consumo de alimentos, impulsionando o comensal a alimentar-se fora de seu domicílio, modificando seus hábitos alimentares (DIEZ GARCIA, 2003).

Portanto é de suma importância o papel da UAN na saúde dos comensais, colaborando principalmente com a prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis, com a inclusão de alimentos com propriedades funcionais diariamente no planejamento do cardápio pelo profissional nutricionista (LUIZETTO et al, 2015).

O conceito de alimento funcional surgiu no Japão na década de 80, devido à preocupação com o aumento de expectativa de vida, trazendo a ideia de associar à dieta habitual alimentos que ajudassem a aumentar as defesas biológicas contra doenças específicas, retardar o envelhecimento, e melhorar o estado geral de saúde (BASHO e BIN, 2010).

No Brasil a designação feita pela ANVISA de ‘alimento com propriedade funcional’ foi “aquela relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente e/ou não nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e/outras funções normais do organismo humano”. Portanto os alimentos funcionais devem ser atóxicos, fazer parte da alimentação usual proporcionando efeitos benéficos sem a necessidade de acompanhamento médico, estando suas propriedades ligadas à prevenção de patologias, e que não se destinem a tratar ou curar doenças (BRASIL, 1999).

As alegações de propriedades funcionais aprovadas pela ANVISA são as seguintes: ácidos graxos ômega-3, carotenóides (licopeno, luteína, zeaxantina), fibras alimentares (beta glucana, dextrina resistente, frutooligossacarídeo – FOS, goma guar parcialmente hidrolisada, inulina, lactulose, polidextrose, psillium, quitosana), fitoesteróis, poliois (manitol, xilitol, sorbitol), probióticos, proteína de soja (BRASIL, 2005). Anjo (2004) compilou em um quadro as alegações de propriedade funcional, efeitos

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fisiológicos e suas fontes alimentares, a fim de facilitar o reconhecimento de tais compostos bioativos na alimentação cotidiana.

Tabela 1 - Compostos ativos com respectivos efeitos fisiológicos e suas fontes alimentares.

COMPOSTO ATIVO

EFEITO FONTE

Carotenóides Atividade antioxidante e anticancerígena (útero, próstata, seio, cólon, reto e pulmão)

Frutas (melancia, mamão, melão, damasco, pêssego), verduras (cenoura, espinafre, abóbora, brócolis, tomate, inhame, nabo)

Fitoesterois Redução dos níveis de colesterol total e LDL-colesterol

Óleos vegetais, sementes, nozes, algumas frutas e vegetais

Glucosinolatos Detoxificação do fígado, atividade anticancerígena e antimutagênica

Brócolis, couve-flor, repolho, rabanete, palmito e alcaparra

Ácido fenólico Atividade antioxidante Frutas (uva, morango, frutas vegetais (brócolis, repolho, cenoura, cítricas), chá, berinjela, salsa, pimenta, tomate, agrião)

Flavonoides Atividades antioxidante, redução do risco de câncer e de doença cardiovascular

Frutas cítricas, brócolis, couve, tomate, berinjela, soja, abóbora, salsa, nozes, cereja

Isoflavonas Inibição do acúmulo de estrogênio, redução das enzimas carcinogênicas

Leguminosas (principalmente soja), legumes

Catequinas Atividade antioxidante, redução do risco de doença cardiovascular

Uva, vinho tinto, morango, chá verde, chá preto, cacau

Antocianinas Atividade antioxidante Frutas (amora, framboesa)

Ácidos graxos Ω-3 e Ω-6

Redução do risco de câncer e de doenças cardiovasculares, redução da pressão arterial

Peixes de água fria, óleo de canola, linhaça e nozes

Oligossacarídeos e Polissacarídeos

Redução do risco de câncer e dos níveis de colesterol

Frutas, verduras, leguminosas, cereais, integrais

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Prebióticos Regulação do trânsito intestinal e da pressão arterial, redução do risco de câncer e dos níveis de colesterol total e triglicerídeos, redução da intolerância à lactose

Raiz de chicória, cebola, alho, tomate, aspargo, alcachofra, banana, cevada, cerveja, centeio, aveia, trigo, mel

Probióticos Regulação do trânsito intestinal, redução do risco de câncer e dos níveis de colesterol total e triglicerídeos, estímulo ao sistema imunológico

Iogurte, leite fermentado

Fonte: Anjo (2004)

Devido à importância e influência da UAN na vida cotidiana do comensal, tanto no quesito alimentação diária como de formação de hábitos alimentares saudáveis, o presente estudo tem como objetivo verificar a presença e estimar a frequência de utilização de alimentos funcionais em um restaurante universitário de uma instituição pública da cidade de Fortaleza-CE. Visto que há comprovação científica dos benefícios obtidos através do consumo diário de tais alimentos.

MÉTODOS

O presente estudo é de cunho quantitativo descritivo e foi realizado em um restaurante universitário de uma instituição pública de ensino superior na cidade de Fortaleza-CE. A referida UAN é de autogestão e possui duas nutricionistas e os dados foram coletados a partir da análise dos cardápios do almoço referentes ao mês de setembro de 2015, totalizando 21 dias de cardápio.

O perfil dos comensais atendidos por essa UAN é de funcionários, servidores e alunos da instituição pública, totalizando aproximadamente 1900 usuários/dia no horário do almoço.

Os dados foram anotados em um formulário no programa Excel®, e apresentados em forma de tabela simples divididos em grupos alimentares (fruta e verduras) e por frequência de utilização dos alimentos com alegação de propriedade funcional, em acordo com a definição dada pela ANVISA (BRASIL, 1999).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O cardápio oferecido pela UAN é composto de Arroz (integral, branco ou parboilizado); Feijão (verde, branco, corda ou carioca); duas opções proteicas (carne vermelha, peixe, frango, ovo, linguiça ou vísceras (dobradinha ou fígado)), da qual o comensal escolhe uma opção que é porcionada pela funcionária; uma opção de salada, crua ou cozida; uma opção de sobremesa, suco, fruta ou doce; uma opção de guarnição (farofa de mandioca ou cuscuz, purê ou macarrão) e uma opção vegetariana.

Ao analisar os 21 cardápios do mês de setembro, verificou-se que diariamente são utilizados alimentos, ditos funcionais, apesar de não estarem presentes em grande quantidade em todas as preparações do cardápio diário. Vale ressaltar que a preparação vegetariana foi a que possuía mais ingredientes funcionais em sua composição e outro ponto importante foi a escolha das frutas como opção de sobremesa, em 20 dos 21 cardápios (95,24%).

Segue abaixo a Tabela 2 com os principais ingredientes funcionais presentes nos cardápios, classificados de acordo com a ANVISA (BRASIL, 1999) e com a tabela de Anjo (2004):

Tabela 2: Alimentos funcionais presentes (%) e suas propriedades funcionais

Alimento Quantidade/mês (%) Compostos ativos

Alho 21 (100%) Prebióticos,

Arroz Integral 5 (23,81%) Oligossacarídeos e

polissacarídeos

Brócolis 4 (19,05%) Glucosinolatos, flavonoides,

Cebola branca 20 (95,24%) Prebióticos

Couve-flor 5 (23,81%) Glucosinolatos, flavonoides

Extrato de tomate 11 (52,38%) Carotenoides (Licopeno)

Melancia 4 (19,05%) Carotenoides (Licopeno)

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133

Milho verde 17 (80,95%) Carotenoides (Zeaxantina)

Proteína texturizada de soja

8 (38,09%) Isoflavonas

Repolho roxo 1 (4,76%) Glucosinolatos, ácido fenólico

Repolho verde 5 (23,81%) Glucosinolatos, ácido fenólico

Tomate 21 (100%) Carotenoides (Licopeno)

Uva roxa 1 (4,76%) Catequinas

Constatou-se que os cinco alimentos funcionais mais utilizados (Tabela 2) são o alho (100%), o tomate (100%), a cebola branca (95,24%), o milho verde (80,95%) e o extrato de tomate (52,38%) pelo fato de serem usados na UAN como ‘temperos base’ para a maioria das preparações.

O arroz integral foi utilizado apenas em cinco dias do mês (23,81%), talvez pelo custo que represente no orçamento da UAN. Os benefícios do consumo dele são devido à ausência ou pequena taxa de polimento, fazendo com que apresente maior teor de fibras (evita constipação) e maior concentração de vitaminas e minerais (WALTER; MARCHEZAN; AVILA, 2008).

Tabela 3: Frequência (%) de utilização de frutas no mês de setembro de 2015.

Alimento Quantidade/mês % de utilização

Abacaxi 7 33,33

Banana Prata 4 19,05

Laranja Pera 6 28,57

Mamão Formosa

1 4,76

Manga Tommy 1 4,76

Maracujá 1 4,76

Melancia 4 19,05

Morango 1 4,76

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Pêssego em calda

2 9,52

Tangerina pokan

3 14,3

Uva Itália 2 9,52

Uva passas 2 9,52

Uva roxa 1 4,76

Outro composto bioativo que se destacou foi o licopeno, um carotenoide presente na melancia, no tomate e no extrato de tomate que auxilia a prevenção de danos celulares e estresse oxidativo. Havendo maior concentração de licopeno no extrato de tomate, devido a maior concentração do alimento pelo processamento e ao processo de aquecimento (SHAMI & MOREIRA, 2004).

A utilização de couve-flor, brócolis e repolho também merece destaque, pois possuem glucosinolatos, isotiacianatos e indois, protetores contra a carcinogênese, além de inibirem a mutação do DNA (ANJO, 2004; MORAES & COLLA, 2006)

Tabela 4: Frequência (%) de utilização de vegetais no mês de setembro de 2015.

Alimento Quantidade/mês % de utilização

Abóbora 18 85,71

Abobrinha 1 4,76

Acelga 7 33,33

Alface Americana 5 23,81

Alface Crespa 4 19,05

Alho 21 100

Alho Poró (Extrato) 2 9,52

Azeitona verde 6 28,57

Batata doce 20 95,24

Batata inglesa 15 71,43

Berinjela 1 4,76

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Beterraba 6 28,57

Brócolis 4 19,05

Cebola Branca 20 95,24

Cenoura 17 80,95

Cheiro verde 20 95,24

Chuchu 4 19,05

Couve flor 5 23,81

Ervas Finas 2 9,52

Ervilha 15 71,43

Macaxeira 17 80,95

Maxixe 18 85,71

Milho verde 17 80,95

Palmito 4 19,05

Pepino 1 4,76

Pimentão verde 20 95,24

Quiabo 19 90,48

Repolho Branco 5 23,81

Repolho Roxo 1 4,76

Tomate 21 100

Outro fato observado foi a utilização de proteína texturizada de soja somente nas preparações vegetarianas, como opção de fonte proteica para esse tipo de comensal. Sendo que o consumo desse alimento pode ser incluso na alimentação de toda a população, visto que possui isoflavonas sendo benéfica na diminuição dos níveis de colesterol total, reduzindo as concentrações de LDL e lipoproteína (a), e aumentando os níveis de HDL; reduzindo a proteinúria e atenuação da perda da função renal; além de diminuir os sintomas do climatério, entre outros (PEREIRA, 2013).

Ao analisar as tabelas completas de frutas (Tabela 3) e vegetais (Tabela 4) utilizadas no mês de setembro, observa-se uma grande variedade entre eles e que a maioria dos compostos bioativos encontram-se nesses grupos alimentares. Portanto vale ressaltar que o consumo de vegetais e frutas diariamente pode ajudar na promoção da saúde do indivíduo (ANJO, 2004).

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O nutricionista mostra-se o profissional adequado para auxiliar o comensal na escolha dos alimentos, devendo, portanto, estar atualizado quanto aos benefícios dos alimentos funcionais. No âmbito da UAN, ele deve procurar a melhor de maneira de inclui-los no planejamento dos cardápios diários, levando em consideração a relação custo/ benefício, já que uma alimentação adequada auxilia na manutenção da saúde e da rentabilidade dos comensais (RONCONI, 2009).

CONCLUSÃO

A presença de alimentos funcionais no cardápio da unidade de alimentação e nutrição (UAN) ocorre, no entanto, está ainda aquém do desejado. É imprescindível que haja maior utilização de alimentos funcionais, diversificando os tipos em acordo com o planejamento de custos da UAN, visto que o consumo diário desses alimentos está associado à prevenção de doenças crônico degenerativa e retardo do envelhecimento dentre outros benefícios. Uma estratégia que pode ser utilizada ao se incluir alimentos novos é fazer ações de educação nutricional, pois ao explicar e demonstrar os benefícios do uso deles em conjunto com a adoção de uma alimentação nutricionalmente equilibrada, aumenta-se a probabilidade deles serem incorporados à alimentação em domicílio.

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12 EFEITOS DO CONSUMO DE PROBIÓTICOS E

PREBIÓTICOS PARA O ORGANISMO HUMANO

Raquel Lima Nobre1

Ana Luiza de Rezende Ferreira 2 Marta da Rocha Moreira 3

Geam Carles Mendes dos Santos 4

RESUMO

Os alimentos funcionais e os nutracêuticos comumente têm sido considerados sinônimos, no entanto, os alimentos funcionais devem estar na forma de alimento comum, serem consumidos como parte da dieta e produzir benefícios específicos à saúde, tais como a redução do risco de diversas doenças e a manutenção do bem-estar físico e mental. Assim sendo, tem ocorrido um grande avanço no desenvolvimento dos chamados produtos probioticos e prebioticos. Entre os papeis potencialmente benéficos dos probioticos, são citadas a ativação do sistema imune, atividade anticarcinogenica, síntese de vitaminas do complexo B, melhora na digestão da lactose por indivíduos lactase não persistentes e a modulação dos níveis de colesterol sérico. Este trabalho apresenta uma revisão sobre os conceitos, principais microrganismos, alegações de função e saúde dos probioticos em alimentos destinados para humanos.

Palavras chaves: Probioticos, prebioticos, alimentos funcionais.

INTRODUÇÃO

Com o aumento da expectativa de vida da população e crescimento dos custos médicos e hospitalares, a sociedade tem buscado desenvolver

1 Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional (Centro Universitário Estácio do Ceará) 2 Nutricionista. Doutoranda em Saúde Coletiva. Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará 3 Nutricionista. Mestre em Ciências Fisiológicas (UECE). Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará e da Universidade de Fortaleza 4 Nutricionista. Mestre em Ciências Fisiológicas. Pró-Reitor e Docente do Centro Universitário Estácio do Ceará

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novos conhecimentos científicos e tecnológicos, principalmente no campo da Nutrição, visando modificações importantes no estilo de vida dos indivíduos (SAAD, 2006; TIRAPEGUI, 2006). Neste contexto, surgem os alimentos funcionais. A evolução dos conhecimentos sobre o papel dos componentes fisiologicamente ativos dos alimentos, de fontes vegetais e animais tem mudado o entendimento do papel da dieta sobre a saúde (ADA, 2004). Este fato tem aumentado o interesse mundial para melhorar a qualidade da nutrição e reduzir os gastos com saúde por meio da prevenção de doenças crônicas, da melhoria da qualidade e da expectativa de vida ativa (STRINGHETA et al., 2007a).

Segundo Moraes e Colla (2006), inúmeros fatores influenciam a qualidade da vida moderna, levando a população a conscientizar-se da importância de alimentos contendo substâncias que auxiliam a promoção da saúde, melhorando o estado nutricional. A incidência de morte provocada por câncer, acidente vascular cerebral, aterosclerose, enfermidade hepática, dentre outros, pode ser minimizada por meio de bons hábitos alimentares.

Os vários fatores que têm contribuído para o desenvolvimento dos alimentos funcionais são inúmeros, sendo um deles o aumento da consciência dos consumidores, que desejando melhorar a qualidade de suas vidas, optam por hábitos saudáveis.

“Os alimentos funcionais fazem parte de uma nova concepção de alimentos, lançada pelo Japão na década de 80, através de um programa de governo que tinha como objetivo desenvolver alimentos saudáveis para uma população que envelhecia e apresentava uma grande expectativa de vida” (ANJO, 2004).

Para que um alimento seja considerado funcional ele precisa ser constituído de ingredientes de ocorrência natural, fazer parte da dieta usual, proporcionar efeitos positivos em quantidades não tóxicas e exercer um efeito metabólico ou fisiológico para a saúde física (TIRAPEGUI, 2006; VIEIRA et al, 2006). Devido à importância dos alimentos funcionais para a saúde do homem, têm-se destacados os suplementos alimentares, que podem exercer efeitos benéficos sobre a microbiota intestinal. Como principais suplementos alimentares, têm-se os probióticos e prebióticos.

Os probióticos são microrganismos vivos que podem ser agregados como suplementos na dieta, afetando de forma benéfica o desenvolvimento da flora microbiana no intestino. São também conhecidos como bioterapêuticos, bioprotetores e bioprofiláticos e são utilizados para prevenir as infecções entéricas e gastrointestinais (REIG e ANESTO, 2002). A definição internacional atualmente aceita é de que os probióticos são microrganismos vivos, administrados em quantidades adequadas, que

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conferem benefícios à saúde do hospedeiro (SAAD, 2006). Os prebióticos são oligossacarídeos não digeríveis, porém fermentáveis cuja função é mudar a atividade e a composição da microbiota intestinal com a perspectiva de promover a saúde do hospedeiro. As fibras dietéticas e os oligossacarídeos não digeríveis são os principais substratos de crescimento dos microrganismos dos intestinos. Os prebióticos estimulam o crescimento dos grupos endógenos de população microbiana, tais como as Bifidobactérias e os Lactobacillos, que são ditos como benéficos para a saúde humana (BLAUT, 2002).

MÉTODOS

O presente estudo é um artigo de revisão sistemática, o qual foi fundamentado em pesquisas bibliográficas onde o levantamento de dados foi realizado através de análises retrospectivas de publicações científicas. Para tanto, utilizou-se legislação pertinente, livros e revistas de acervo pessoal, bem como trabalhos científicos divulgados nas bases de dados: PubMed, HighWire, EBSCOhost, Scielo, Bireme e Lilacs, pesquisados por meio das palavras chaves em português (probióticos, alimento funcional, prebióticos e simbióticos) em inglês (probiotics, functional food, prebiotics e synbiotics) e em espanhol (probióticos, alimentos funcionales, prebióticos e simbióticos).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O termo “alimentos funcionais” foi primeiramente introduzido no Japão em meados dos anos 80 e se refere aos alimentos processados, contendo ingredientes que auxiliam funções específicas do corpo além de serem nutritivos, sendo estes alimentos definidos como “Alimentos para uso específico de saúde” (Foods for Specified Health Use-FOSHU) em 1991. Estabelece-se que FOSHU são aqueles alimentos que têm efeito específico sobre a saúde devido a sua constituição química e que não devem expor ao risco de saúde ou higiênico.

No Reino Unido, o Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentos (MAFF) define alimentos funcionais como “um alimento cujo componente incorporado oferece benefício fisiológico e não apenas nutricional”. Esta definição ajuda distinguir alimentos funcionais de alimentos fortificados com vitaminas e minerais. Nos Estados Unidos da América do Norte os termos alimentos funcionais e nutracêuticos têm sido usados conforme a definição estabelecida. No entanto, a dificuldade se encontra na regulamentação destes termos, pois deve haver uma diferenciação entre produtos que são vendidos e consumidos como alimentos (funcionais) e aqueles que um componente,

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em particular, foi isolado e é vendido na forma de barras, cápsulas, pós, entreoutros (nutracêuticos). A separação desses produtos é necessária quando se estabelece limites de consumo (PIMENTEL, et al., 2005).

O Comitê de Alimentos e Nutrição do Instituto de Medicina da FNB (Federação Náutica de Brasília) define alimentos funcionais como qualquer alimento ou ingrediente que possa proporcionar um benefício à saúde, além dos nutrientes tradicionais que eles contêm (HASLER, 1998).

O escritório Americano de Contas Gerais (US General Accounting Office-GAO) define alimentos funcionais como alimentos que se declaram ter benefícios além da nutrição básica. Entretanto, em matéria de lei, um alimento funcional não tem nenhuma definição reconhecida pela FDC (Food, Drugs and Cosmetics). A FDA (Food and Drug Administration) regula os alimentos funcionais, baseada no uso que se pretende dar ao produto, na descrição presente nos rótulos ou nos ingredientes do produto. A partir destes critérios, a FDA classificou os alimentos funcionais em cinco categorias: alimento, suplementos alimentares, alimento para usos dietéticos especiais, alimento-medicamento ou droga (NOONAN & NOONAN, 2004).

Os alimentos funcionais podem ser considerados como parte importante do bem-estar, no qual também se incluem uma dieta equilibrada e atividade física. O guia alimentar para a população brasileira recomenda o estimulo a pratica de atividade física e a adoção de uma dieta variada e alerta para não se mistificar os componentes funcionais dos alimentos (MORAES & COLLA, 2006; STRINGHETA et al., 2007b). O interesse pelos efeitos benéficos à saúde humana proporcionados especialmente por bactérias ou leveduras viáveis tem provocado um aumento mundial na comercialização de produtos que contenham estes microrganismos (ARAUJO, 2007).

Uma classe importante de alimentos funcionais são os probioticos, prebioticos e simbioticos. A palavra Probiótico, que significa “para a vida”, e um termo derivado da língua grega (NEVES, 2005). A terminologia conceitual foi inicialmente proposta por Fuller, apos os primeiros ensaios clínicos. Probioticos podem ser definidos como suplementos alimentares que contem microrganismos vivos, ou componentes microbianos que, quando ingeridos em determinado numero, apresentam efeito benéfico sobre a saúde e bem-estar do hospedeiro. São capazes de melhorar o equilíbrio microbiano intestinal produzindo efeitos positivos a saúde do individuo (SALMINEN et al., 1999; DUPONT, 2001; FAO/WHO, 2001; ISOULARI, 2001; REID et al., 2001; BRASIL, 2002; SANDERS, 2003).

Os benefícios à saúde do hospedeiro atribuídos à ingestão de culturas probióticas são: controle da microbiota intestinal, estabilização da

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microbiota intestinal após o uso de antibióticos, promoção da resistência gastrintestinal à colonização por patógenos, diminuição da concentração dos ácidos acético e lático, de bacteriocinas e outros compostos antimicrobianos, promoção da digestão da lactose em indivíduos intolerantes à lactose, estimulação do sistema imune, alívio da constipação e aumento da absorção de minerais e vitaminas”(SAAD, 2006).

Segundo Short (1999), dentre 20 critérios para a seleção de microrganismos probióticos para uso em alimentos, os mais importantes são: serem de origem humana, não serem patogênicos, apresentarem tolerância ao trato gastrointestinal, possuírem habilidade de sobreviver aos processos tecnológicos, permanecerem viáveis durante a vida-de-prateleira e terem os benefícios à saúde comprovados. Já segundo Salminem, et al. (1998), os critérios para a seleção de probióticos dizem respeito ao gênero a que os microrganismos pertencem (origem, definição, caracterização, espécies seguras), a sua estabilidade e segurança (atividade e viabilidade nos produtos, aderência e potencial invasivo, bem como resistência ao baixo pH, aos sucos gástrico, biliar e pancreático, à capacidade de colonização) e aos aspectos funcionais e fisiológicos (aderência ao epitélio intestinal, antagonismo aos patógenos, estimulação ou supressão da resposta imunológica, estimulação às bactérias benéficas).

Os Prebióticos são definidos como oligossacarideos que não são digeríveis no intestino delgado e atingem o intestino grosso onde atuam estimulando seletivamente o crescimento de bactérias desejáveis no colón, alterando a microbiota em favor de uma composição mais saudável (MANNING et al., 2004). Os oligossacarídeos, como os frutooligossacarideos (FOS) e inulina atendem as condições dos prebioticos.

Adicionalmente, os prebioticos podem inibir a multiplicação de patógenos, garantindo benefícios adicionais a saúde do hospedeiro. Esses componentes atuam mais frequentemente no intestino grosso, embora eles possam ter também algum impacto sobre os microrganismos do intestino delgado (GIBSON e ROBERFROID, 1995; ROBERFROID, 2001; SAAD,2006). Eles agem estimulando o crescimento dos grupos endógenos de população microbiana benéfica para a saúde humana, como as bifidobacterias e os lactobacilos (ROBERFROID, 2002).

Quando em equilíbrio, a microbiota intestinal impede que microrganismos potencialmente patogênicos nela presentes exerçam seus efeitos. Por outro lado, o desequilíbrio desta microbiota pode resultar na proliferação de patógenos, com consequente infecção bacteriana (ZIEMER e GIBSON, 1998; ISOLAURI et al., 2004). A influencia benéfica dos probioticos sobre a microbiota intestinal humana inclui fatores como os

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efeitos antagônicos e a competição contra microrganismos indesejáveis e os efeitos imunológicos (PUUPPONEN-PIMIA et al., 2002).

Para garantir um efeito continuo, os probioticos devem ser ingeridos diariamente. Alterações favoráveis na composição da microbiota intestinal foram observadas com doses de 100 g de produto alimentício contendo 108-109 UFC de microrganismos probioticos (107 a 106 UFC/g de produto), geralmente com a administração durante o período de 15 dias (BLANCHETTE et al., 1996; JELEN e LUTZ, 1998).

O consumo de alimentos prebióticos fornecem substratos para as bactérias benéficas e neste processo alguns nutrientes são formados como vitamina K, vitamina B12, tiamina e riboflavina, além de gases e AGCC (BEYER, 2005).

Tendo em vista tantos benefícios, a divulgação dos efeitos positivos dos probioticos e crucial. Segundo Reid e Hammond (2005), o conhecimento medico das provas clinicas do uso de probioticos vai ajuda-los a sentirem-se confortáveis a recomendar o uso de suplementos contendo probioticos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Inúmeros efeitos são propostos em decorrência do consumo de alimentos probiotivcos e prebioticos, dentre os quais, destacam-se: a redução de citocinas pró-inflamatórias, a melhora do sistema imune, redução das infecções intestinais, aumento da massa magra e redução da massa gorda, entre outros relatados em estudos que comprovaram a existência de benefícios causados pelo uso de alimentos funcionais em geral. No entanto, ainda são necessários mais estudos clínicos randomizados e duplo-cego, que comprovem a maioria dos benefícios sugeridos pela literatura, bem como a determinação da segurança, dose, possíveis efeitos colaterais e tipos desses compostos específicos para as diversas patologias em que se defende o uso destes alimentos.

Em virtude dos efeitos benéficos produzidos pelos probióticos e prebióticos, tem havido um considerável interesse tanto por parte das indústrias como pelos pesquisadores, em desenvolver produtos alimentícios e estudos, respectivamente, que contenham estes microrganismos e ingredientes funcionais.

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LISTA DE AUTORES

Ana Luiza de Rezende Ferreira ..................................... 96, 106, 138 Ângela Dayanna Giffone Nobre ..................................................... 8 Bruna Aparecida Melo Batista ....................................................... 22 Fernanda Maria Machado Maia ..................................................... 60 Fernando César Rodrigues Brito ............................... 22, 40, 52, 116 Geam Carles Mendes dos Santos .......................................... 96, 138 Iramaia Bruno Silva Lustosa ................................................... 70, 84 Irene Gomes de Souza .................................................................. 40 Jescileide Souza Barros ................................................................. 52 José Airton Lima Almeida .......................................................... 106 Lidyanne Lima Chagas de Castro .................................................. 60 Lisidna Almeida Cabral ................................................................. 60 Maria Katielle Oliveira ................................................................ 128 Marjorie Rafaela Lima do Vale .................................................... 116 Marta da Rocha Moreira ..................................................... 116, 138 Priscila Vidal de Freitas ................................................................. 70 Quitéria Vanessa Brito Magalhães ................................................. 84 Rafaella Maria Monteiro Sampaio ....................................... 8, 70, 84 Raquel Lima Nobre .................................................................... 138 Rayssa Nixon Souza de Aquino .................................................... 96 Samara de Almeida Mesquita Rosa...................................... 106, 128 Vanessa Duarte de Morais .............................................................. 8 Verlaine Suênia Silva Sousa ......................................................... 116

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