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FELICIDADE CLANDESTINA

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FELICIDADE CLANDESTINA

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Clarice Lispector, (1920-1977) foi uma escritora ejornalista brasileira, de origem judia, foi reconhecida comouma das mais importantes escritoras do século XX. "AHora da Estrela" foi seu último romance, publicado emvida.

Clarice Lispector (1920-1977) nasceu em Tchetchelnik, naUcrânia, no dia 10 de dezembro de 1920. Filha de famíliade origem judaica, seu pai Pinkouss e sua mãe ManiaLispector emigraram para o Brasil em março de 1922, paraa cidade de Maceió, Alagoas, onde morava Zaina, irmã desua mãe. Nascida Haia Pinkhasovna Lispector, poriniciativa do seu pai todos mudam de nome e Haia passa ase chamar Clarice

*emigrar – sair do pais de origemImigrar – entrar em um país estranho

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A obra de Lispector apresentacaracterísticas intimistas, o indivíduo,com seus questionamentos e suaintimidade, é a peça mais importante.

A representação do pensamento não éfeita de forma linear, é livre edesordenada. É possível ainda identificara introspecção na técnica dedesenvolvimento de texto. O maisimportante na construção do texto não éa correção gramatical e sim aexpressividade.

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Sondagem dos mecanismos mais profundos damente humana;

Técnica “impressionista” de apreensão dessarealidade interior (predominância de impressõesde sensações);

Ruptura com a sequência linear da narrativa;

Predomínio do tempo psicológico e, portanto,subversão do tempo cronológico;

Metalinguagem;

Fusão de prosa e poesia, com empregos defiguras de linguagem: metáforas, antíteses (eu xnão eu, ser x não ser), paradoxos entre outros.

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Perto do Coração Selvagem, RJ, A Noite, 1944.Lustre, RJ, Agir, 1946.A Cidade Sitiada, A Noite, 1949.A Maçã no Escuro, RJ, Francisco Alves, 1961.A Paixão Segundo G.H., RJ, Francisco Alves, 1964.Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, RJ, Sabiá, 1969.A Hora da Estrela, RJ, José Olympio, 1977.

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Laços de Família, RJ, Francisco Alves, 1960.A Legião Estrangeira, RJ, Ed. do Autor, 1964.Felicidade Clandestina, RJ, Sabiá, 1971.A Imitação da Rosa, RJ, Artenova, 1973.A Via-Crúcis do Corpo, RJ, Arte nova, 1974.A Bela e a Fera, RJ, Nova Fronteira, 1979.

Literatura infantil:

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O conceito de crueldade, quando aplicado auma criança, sempre choca e provoca malestar. É como se julgássemos impossível quealguém muito jovem estivesse corrompido eapresentasse comportamento iníquo.Criançastrazem sempre aos nossos olhos a imagemda inocência, da credulidade, e imaginá-lassendo maldosas fere profundamente nossacrença no ser humano, no mundo e naracionalidade.

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O conto Felicidade Clandestina da autora ClariceLispector narra a história de uma menina quetem como objeto de sua felicidade a posse de umlivro. Como não possui recursos financeiros paratal aquisição, a menina vive a intensa espera dolivro, prometido por outra, que aproveita dasituação para subjugar a menina. Até o dia emque a espera chega ao fim, graças à descobertada mãe da possuidora do livro que entrega semprazo de volta o objeto tão ansiado. A menina,que esperançosamente aguardava, descobreentão a felicidade ao possuir o livro em mãos,saboreando lentamente o prazer de tê-lo

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As personagens do livro não são nomeadas, oque permite o processo da catarse e aidentificação do leitor que se envolve com oenredo do conto. Para facilitar a identificaçãodas personagens, neste estudo será usadocomo referência personagem 1 para a filhado dono da livraria, possuidora do livro; epersonagem 2, para a narradora-personagem, que está à espera do livro

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A temática principal do conto está expressano título: Felicidade Clandestina. A felicidadepara a personagem 2 está contida no simplesprazer de possuir o livro. Apesar de ser umafelicidade passageira ou ilegal, a busca poressa felicidade caracteriza o motivo danarração.

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DISCURSO INDIRETO LIVRE:

a) Notamos que o pensamento da menina édescrito sem que haja uma referência clarano texto, podendo passar despercebida naausência de uma leitura mais atenta.

A complicação da narrativa se dá nomomento em que a personagem 1 decideemprestar o livro à personagem 2. Exercendoa partir daí uma “tortura chinesa” (Lispector,1971) sobre a menina.

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O clímax da narrativa, momento de maior tensãono conto, ocorre quando a mãe da personagem 1aparece na história, causando a mudança derumo da narrativa, ela interfere na históriaproporcionando a felicidade da personagem 2 einterrompendo a vingança da personagem 1

O desenlace narrativo é representado peloalcance da felicidade da personagem 2, quandoela consegue, finalmente, receber o livro e portempo indeterminado que é, para ela, “tudo oque uma pessoa, grande ou pequena, pode ter aousadia de querer” (Lispector, 1971).

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A passagem expressa o amor e a importânciada atividade literária na vida de uma menina.Era esta a porta de entrada para um mundode fantasias e maravilhas que não eramconhecidas no seu dia a dia

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O tempo e o espaço na narrativa sãoinfluenciados pelo fluxo de consciência dapersonagem, característica comum à autora.O tempo obedece às lembranças sucessivasda narradora, em alguns momentos elaantecipa fatos que revelam o que sedesenvolverá ao longo da narrativa.

No final do conto a menina se transfigura emuma mulher, remetendo a passagem detempo com o amadurecimento dapersonagem.

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O espaço físico é a cidade de Recife, o que édetectado logo no início da narrativa, lugaronde a autora Clarice Lispector foi criada nainfância:

“Ainda por cima era de paisagem do Recifemesmo, onde morávamos, com suas pontesmais do que vistas” (Lispector, 1971).

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No conto são apresentadas três personagens.As personagens principais participamativamente do enredo da narrativa, presentesno desenvolvimento da trama. Há ainda umapersonagem secundária, sem tantaparticipação, mas que exerce um papeldecisivo.

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O narrador cumpre importante função nanarrativa. Pode aparecer em 1° pessoa eparticipar como observador ou personagem. Éuma criação do autor e depende do foco que oautor decide empregar a sua narrativa. Por issopode aparecer tipos diversos de narrador.

No conto é apresentada a narrativa em primeirapessoa pelo ponto de vista da protagonista. Amenina que aguarda o livro nos conta a históriaoferecendo primeiro a descrição da personagem1, para permitir ao leitor formar uma opinião dapersonagem.

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Menina se sente tão feliz como se o livrofosse dela e que poderia aproveitar edemorar o quanto quisesse, mas ela sabe queem um momento iria ter que devolver o livro,por isso o nome do conto se refere a umafelicidade clandestina, um momento“clandestino”-escondido, só dela, omomento de ser feliz, de sentir que tambémpossui o direito a um pouco de felicidade,mesmo que em alguns instantes.