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Estudo de Riscos Tecnologicos

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  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    1

    Exploso de uma nuvem de ciclo-hexano em

    Flixborough no Reino Unido (1974)

    Lisboa, 5 de Outubro de 2012

    COSTA, Jos Firmino (2 Ano EPC)

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    2

    Prembulo ................................................................................................................................3

    O Estabelecimento Industrial ....................................................................................................4

    a. Contexto econmico .....................................................................................................5

    b. Recursos Humanos ........................................................................................................5

    c. A Seco fabril 25A ........................................................................................................5

    O Percurso para a Catstrofe ....................................................................................................6

    a. Sequncia dos acontecimentos e aes que conduziram ao evento ...............................8

    b. As duas hipteses de causa consideradas no inqurito ................................................ 10

    c. A terceira hiptese (2004) ........................................................................................... 13

    d. A variante de Venart (2001) ......................................................................................... 14

    Consequncias ........................................................................................................................ 16

    a. Matrias perigosas libertadas ...................................................................................... 16

    b. Impactos Humanos e Sociais........................................................................................ 16

    c. Impactos Ambientais ................................................................................................... 17

    d. Impactos Econmicos .................................................................................................. 17

    Concluses e Lies ................................................................................................................ 18

    a. Anlise de erro e causas do acidente ........................................................................... 18

    b. Lies retiradas do acidente ........................................................................................ 19

    Bibliografia ............................................................................................................................. 20

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    3

    PREMBULO

    o sbado, 1 de Junho de 1974, s 16.53 horas, uma exploso destruiu a Fbrica de

    Caprolactama da firma NYPRO (UK) Ltd localizada numa zona rural perto de

    Flixborough, no Lincolnshire no Reino Unido.

    Em 1974 a fbrica empregava 550 pessoas e ocupava uma parcela de 24 hectares no corao

    das terras agrcolas de Flixborough, 260 km a norte de Londres. As povoaes mais prximas,

    Flixborough e Amscott, ficavam a 800 m da unidade e as

    cidades de Burton e Scunthorpe localizadas a 3,5 e a 5 km.

    O sinistro, resultante de um derrame de ciclo-hexano, destruiu

    na totalidade a instalao fabril, destruiu todas as construes

    num raio de 600m, provocou danos em 2450 casas nas

    povoaes vizinhas causando 28 vtimas mortais e 89 feridos

    graves, 36 dos quais trabalhadores da fbrica e os restantes 53

    entre a populao.

    A exploso que foi ouvida num raio de 50 km, originou

    incndios em diversos setores da unidade com chamas

    atingindo de 70 a 100m de altura e o aumento

    instantneo de presso no epicentro causou

    um aumento de presso local, estimado em 2

    bar, que destruiu as instalaes fixas de

    combate a incndio, dificultando a

    interveno. Os incndios s foram extintos

    2,5 dias mais tarde.

    A violncia do evento e a possibilidade de

    muito maiores impactos caso tivesse ocorrido

    em dia de semana ou a unidade se situasse

    mais prxima de reas urbanas, levaram

    criao de um Inqurito Pblico que investigou e concluiu sobre causas, responsabilidades e

    lies a tirar. Esta catstrofe est classificada como 4616, segundo a escala europeia.

    N

    Ilustrao 1 - Localizao de Flixborough

    Ilustrao 2 - Mapa da envolvente

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    4

    O ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL

    Construda em 1938 para produzir fertilizantes, a unidade muda de mos em 1964 para

    produzir caprolactama, utilizada no fabrico de nylon. A primeira unidade de 20 000 t por ano,

    produzindo caprolactama por hidrogenao de fenol arranca em agosto de 1967. Em 1972, a

    capacidade de produo de caprolactama aumentada para 70 000 t/ano, aps a construo de

    uma nova unidade usando um processo de oxidao de ciclo-hexano. Esta unidade de oxidao

    ter a designao de seco 25A.

    Ilustrao 3 - Diagrama do processo fabril aps a expanso de 1972. A seco 25A representada pelo bloco Oxidao

    Ilustrao 4 - A fbrica da NYPRO (UK) LTD antes da Exploso. Vista area de sudeste. Fonte HSE

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    5

    a. CONTEXTO ECONMICO

    Desde a sua construo, a unidade passou por vrias dificuldades que impediram a produo de

    alcanar o seu objetivo, fixado em 70.000 toneladas de caprolactama por ano.

    Em novembro de 1973, a situao foi agravada pela greve dos mineiros, que levou o governo

    britnico a declarar o estado de emergncia e restringir o fornecimento de eletricidade

    indstria em apenas 3 dias por semana. A fbrica de Flixborough, de laborao contnua, no

    podia cingir-se a este modo de operao e ativou os seus geradores eltricos de emergncia para

    manter em funcionamento os equipamentos essenciais atividade de produo 24 sobre 24

    horas. No sendo considerados essenciais, os agitadores dos reatores da seco 25A foram

    desativados. Em janeiro de 1974, a greve dos mineiros terminou e a produo voltou ao normal,

    mas o agitador no reator n 4 da unidade de caprolactama, que, por um motivo no identificado

    se tinha deteriorado, no foi colocado em operao.

    No incio de 1974, a fbrica operava a um ritmo de produo de 47.000 toneladas/ano,

    originando grandes perdas financeiras sociedade proprietria.

    No momento da catstrofe a fbrica est sob uma forte presso econmica e comercial.

    b. RECURSOS HUMANOS

    Em junho de 1974, o cargo de engenheiro de manuteno da fbrica, vago desde o incio do

    ano, ainda no tinha sido preenchido. Nenhum dos outros engenheiros da fbrica possua

    qualquer competncia especfica em engenharia mecnica.

    As responsabilidades do engenheiro de manuteno, especialmente a coordenao, foram

    entregues a um encarregado que era possuidor de certificado de aptido profissional e

    completara a sua formao. Este tcnico possua 10 anos de experincia na rea de distribuio

    pblica de eletricidade e apenas 4 anos em manuteno. Apesar de ter tido formao, as suas

    qualificaes eram insuficientes para o trabalho que lhe fora atribudo e tambm insuficientes

    para detetar anomalias na conceo de importantes modificaes nos equipamentos.

    Alm disso, ao nvel da fbrica, a estrutura de competncia em engenharia fraca, sendo tanto o

    diretor como o diretor tcnico, engenheiros qumicos sem formao nem qualificao em

    mecnica.

    c. A SECO FABRIL 25A

    Construda em 1972, a unidade de caprolactama (seo 25A) executa a oxidao de ciclo-

    hexano num conjunto de 6 reatores em cascata.

    Cada reator, com uma capacidade de 45 m (5 m de altura e dimetro de 3,5 m), tem o corpo em

    ao carbono com 13 mm de espessura, forrado interiormente por ao inoxidvel de 3 mm e

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    6

    equipado com um agitador central. A oxidao realiza-se na presena de um catalisador, por

    injeo de ar utilizando um tubo perfurado no interior de reatores carregados com 25 m de

    ciclo-hexano a 155 C e a 8,8 bar

    de presso.

    Esta configurao permitia a

    obteno de ciclohexanona e

    ciclohexanol, com um rendimento

    baixo, o que exigia a utilizao de

    grandes quantidades de ciclo-

    hexano, bem como um circuito de

    recirculao.

    Um caudal lquido de 250 a 300

    m/h circulava nos reatores atravs

    de tubos de 28 polegadas de

    dimetro (711 mm) com

    compensadores de dilatao em fole de ao inoxidvel. Para melhorar a segurana, as

    instalaes eram inertizadas com a utilizao de nitrognio e alm disso existiam vlvulas de

    alvio de sobrepresso reguladas para 11 bar.

    Com a nova unidade de produo de caprolactama operando em capacidade total somente desde

    o incio de 1974 devido a problemas tcnicos e sociais, dificuldades adicionais surgiram no final

    de maro do mesmo ano, prejudicando a produtividade da unidade.

    O PERCURSO PARA A CATSTROFE

    No dia 27 de maro, observou-se uma fuga de ciclo-hexano no reator n 5 devida a uma fissura

    vertical na parede do corpo. O operador da instalao decidiu realizar uma inspeo completa

    do reator durante a paragem programada seguinte da unidade.

    No dia seguinte, a fissura detetada j atingia um total de 2 metros de comprimento. A instalao

    foi parada e o reator n 5 removido para inspeo. Com o objetivo de retomar a produo

    rapidamente, foi decidido construir um bypass entre os reatores 4 e 6 e, em seguida,

    implementar a configurao modificada sem qualquer estudo de engenharia de detalhe

    especfico, utilizando unicamente um croquis produzido em campo.

    No dia 1 de abril, aps um teste de estanquicidade, a unidade retomou a produo com uma

    tubuladura de 20 (508mm) fazendo um pescoo de cavalo a ligar com flanges os

    compensadores de 28 polegadas de dimetro aos reatores 4 e 6. Esta montagem, era suportada

    por andaimes colocados de forma a no interferir com o movimento do tubo.

    Ilustrao 5 - A seco 25A antes da exploso

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    7

    At 29 de maio, esta instalao de recurso operou normalmente sem nenhum problema especial.

    A 29 de maio, a instalao foi encerrada depois de ser detetada uma fuga de ciclo-hexano.

    Aps reparaes e testes, a unidade arrancou durante as primeiras horas da madrugada de

    sbado 1 de junho. s 04:00, detetou-se uma nova fuga de ciclo-hexano, seguida de outras. A

    laborao foi interrompida mais uma vez e reativada uma hora depois, considerando-se que as

    fugas se tinham autorreparado. Mas pouco tempo depois, outra fuga foi detetada forando o

    operador a parar a produo, j que as ferramentas de reparao especfica necessrias no

    estavam disponveis no local.

    s 07:00 de 1 de junho, a unidade foi colocada novamente em servio, apesar de uma nova srie

    de dificuldades detetadas, com o equipamento a aquecer e falta de controle sobre temperaturas e

    presses dentro da instalao.

    s 16:53 a fbrica explodiu.

    Ilustrao 6 - Esquema da montagem do bypass de 20"

    Ilustrao 7 - A Fbrica de Flixborough em chamas

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    8

    a. SEQUNCIA DOS ACONTECIMENTOS E AES QUE CONDUZIRAM AO EVENTO

    Janeiro de 1974 A fbrica retoma a produo capacidade mxima.

    O agitador do reator 4 est danificado e no entra em operao.

    O cargo de Engenheiro da Manuteno ainda no foi preenchido.

    27 maro de 1974 Detetada fuga de ciclo-hexano no reator 5.

    28 maro de 1974 O reator 5 apresenta uma fissura com 2 m de comprido.

    decidido retirar o reator 5 de servio e desmont-lo para inspeo

    e reparao.

    decidido instalar um bypass entre os reatores 4 e 6 para permitir

    retomar a produo.

    29 a 31 maro de 1974 Os reatores 1, 2, 3, 4 e 6 no so inspecionados

    instalado um bypass de 20 em ao inox.

    No so efetuados clculos de flexibilidade para o bypass.

    No produzido qualquer desenho tcnico da soluo.

    No so instalados suportes no bypass que fica apoiado num

    andaime.

    No so efetuados ensaios de presso.

    Nenhum engenheiro mecnico acompanha a conceo e execuo do

    bypass.

    29 de maio de 1974 detetada uma fuga. A fbrica para e so feitas reparaes.

    Uma flange da tubagem de 8 est mal apertada.

    1 junho de 1974 A seco 25A retoma operao primeira hora.

    04:00 detetada uma fuga de ciclo-hexano. Seguem-se outras, o fabrico

    interrompido.

    05.00 A seco 25A arranca, uma nova fuga detetada. necessria uma

    ferramenta especial. O fabrico novamente parado.

    07:00 A seco 25A arranca novamente e trabalha normalmente at s

    15:00.

    15:00 Comeam a existir problemas no controlo de presso e temperatura

    na seco 25. O nvel de nitrognio insuficiente.

    A partir deste momento os registos de processo foram destrudos

    pela exploso.

    16:53 Exploso

    Ilustrao 8 - Desenho explicativo do colapso do pescoo de cavalo e fotos aps a detonao

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    9

    No existem registos de processo que permitam conhecer em detalhe o que se passou, no

    entanto houve sobreviventes que puderam testemunhar sobre a sua experincia e sobraram

    destroos que puderam ser analisados.

    Os testemunhos indicam uma sequncia de acontecimentos no perodo que conduziu

    catstrofe;

    Os testemunhos no foram naturalmente uniformes podendo organizar-se pela seguinte tabela;

    Estrondo Gases Exploso Fogo Estrondo: descarga de

    vlvulas de segurana. Pequena exploso Bang Dois estrondos

    Gases Gases brancos Nuvem branca Neblina quente Cintilao Brilho e sensao de

    opresso

    Exploso Fogo Brilho alaranjado Fumo negro

    Apesar de no referido nos primeiros relatos concluiu-se que o sistema de alarme fora ativado,

    os testemunhos que indicam dois estrondos so relevantes pois apoiam uma das hipteses para o

    sinistro.

    Estrondo Gases Exploso Fogo

    Ilustrao 9 - Posio e movimento das testemunhas

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    10

    Tendo em conta o desencadear do sistema de alarme a sequncia final de acontecimentos seria a

    indicada no diagrama seguinte, de notar a existncia de testemunhos que indicam a presena de

    fogo antes da grande exploso. Um indica uma coluna de fogo numa localizao concordante

    com a hiptese de explicao b) (ver abaixo).

    b. AS DUAS HIPTESES DE CAUSA CONSIDERADAS NO INQURITO

    No existindo dvidas que o derrame de ciclo-hexano que serviu de combustvel exploso se

    deveu ao colapso da tubagem de 20 do bypass, o inqurito analisou 2 hipteses para causa

    desse colapso.

    A hiptese a) proposta por vrios tcnicos indicava como causa a rotura dos compensadores

    devida a esforos transversais provocados pelo aumento de presso.

    A hiptese b) proposta pelo Eng. Cox considerava que uma pequena exploso inicial numa

    tubagem de 8 em que parafusos de uma flange estavam desapertados, projetou detritos sobre o

    bypass causando o seu colapso.

    Ilustrao 10 - Sequncia de acontecimentos no minuto da exploso

    Ilustrao 11 - A exploso inicial segundo a Hiptese b)

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    11

    A sequncia de acontecimentos na produo para as 2 hipteses mostrada na ilustrao 9

    retirada do site do Eng. Cox. Os argumentos a favor da hiptese b so essencialmente os

    testemunhos que indicam uma exploso anterior principal e a existncia de elementos

    metlicos estranhos capturados pela dobra do bypass e portanto existente no momento do seu

    colapso e antes da exploso.

    O inqurito validou a hiptese a) e excluiu a b) considerando que a probabilidade de

    simultaneidade de eventos era to baixa que no podia ser considerada. No entanto a hiptese a)

    no totalmente satisfatria no explicando como a instalao pode trabalhar vrios meses sem

    problemas no bypass e os ensaios efetuados durante o inqurito no conseguiram reproduzir o

    colapso do bypass, embora conseguissem comprovar a possibilidade de falha dos

    compensadores.

    Ilustrao 12 - Falha de compensador na simulao do inqurito

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

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    Ilustrao 13 - Diagramas das hipteses a) e b)

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

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    c. A TERCEIRA HIPTESE (2004)

    A terceira hiptese desenvolvida e apresentada pelo Eng. Wittingham examinou os efeitos de

    no funcionar o agitador do reator 4 durante o arranque caso existisse gua presente no sistema,

    ficou conhecida como a teoria da gua.

    Ciclo-hexano e gua so lquidos normalmente imiscveis. A teoria da gua constatou que na

    interface entre estas duas camadas, se forma um lquido conhecido como azetropo. Esse

    azetropo tem um ponto de ebulio mais baixo do que gua ou ciclo-hexano. Assim, se se

    permitir a formao de uma camada de gua abaixo de uma camada de ciclohexano quente nos

    reatores, uma camada intermdia instvel pode formar-se e, sob certas condies, pode ferver e

    explodir violentamente ejetando o

    ciclo-hexano e a gua sobreaquecida

    do reator.

    Sob condies normais de operao

    impossvel a formao de uma

    camada de gua devido ao efeito da

    distribuio de ar na parte inferior do

    reator que dispersa quaisquer

    gotculas de gua. Durante o

    arranque, no entanto, o ar para os

    reatores desligado at que a

    temperatura do ciclo-hexano se

    aproxime da temperatura de

    operao. Se o agitador trabalhar

    durante o arranque, a gua no pode

    formar uma camada. No entanto o

    misturador de n 4 estava parado em

    1 de junho e uma camada de gua

    poderia formar-se, juntamente com o

    azetropo instvel.

    medida que a temperatura do reator aumenta durante o arranque, o ponto de ebulio do

    azetropo alcanado possibilitando uma repentina erupo violenta no reator. Esta erupo

    acompanhada de ejeo de massas de reagente lquido. Essas massas poderiam exercer elevadas

    foras mecnicas no conjunto do bypass, s ligeiramente apoiado em andaimes. Essas foras

    poderiam provocar a dobra e consequente colapso da tubagem de 20 sem que existisse um

    aumento significativo de presso esttica nos reatores.

    Ilustrao 14 - Diagrama de processo da seco 25A depois de instalado o bypass

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    14

    d. A VARIANTE DE VENART (2001)

    Num estudo efetuado com a utilizao de software de elementos finitos e CFD, J.E. Venart

    props uma nova interpretao, explicando o colapso do bypass por fadiga metlica do

    compensador do reator 4, devida tenso introduzida pela diferena de cargas nas duas pontas

    do tubo e pelas diferenas de presso e consequente movimento dos compensadores.

    O clculo indica que a solicitao continuada do compensador do 4 (B4) provocaria o seu

    colapso por fadiga metlica, qualquer fissura originaria uma reduo de presso local com a

    consequente destruio do compensador, e em seguida a sbita expanso do compensador B6. A

    imagem seguinte ilustra a sequncia fsica do colapso do bypass.

    Ilustrao 15 - Planta e alado de reator mostrando o interior

    Ilustrao 16 - A circulao de ciclo-hexano entre os reatores.

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    15

    Ilustrao 17 - Sequncia do colapso do bypass.

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    16

    CONSEQUNCIAS

    a. MATRIAS PERIGOSAS LIBERTADAS

    Dada a quantidade de ciclo-hexano presente na unidade no momento do acidente, provvel

    que pelo menos cem toneladas de ciclo-hexano tenham contribudo para o incidente (exploso +

    fogo), o que representa 50% do limite Seveso da substncia.

    A exploso foi causada pela ignio de uma nuvem de 40-50 toneladas de ciclo-hexano, um

    produto altamente inflamvel facilmente miscvel com o ar. Foi ouvido a uma distncia de 50

    km, devastou os 24 hectares do complexo fabril. Sendo as comparaes do efeito da exploso

    difceis de estabelecer, considera-se esta como equivalente a 16 (+ /-2) toneladas de TNT.

    b. IMPACTOS HUMANOS E SOCIAIS

    Entre os 72 indivduos presentes dentro da fbrica no momento da exploso,

    8 28 morreram, incluindo os 19 trabalhadores na sala de comando, 8 36 ficaram feridos.

    Fora da instalao, 53 feridos foram declarados, no entanto centenas de outras pessoas que

    sofreram leses mais leves no foram oficialmente contadas.

    Considerados os riscos causados por fumos de combusto de solventes e substncias qumicas,

    quase 3.000 moradores de localidades vizinhas foram evacuados e passaram a noite de sbado

    para domingo em abrigos improvisados, criados pelo exrcito britnico. Voltariam para suas

    casas domingo tarde.

    Ilustrao 18 - A Fbrica de Flixborough depois da exploso e incndio. Vista area de sudeste

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    17

    Este registo do acidente, terrvel como , teria sido de uma ordem de magnitude completamente

    diferente se o acidente ocorresse durante a semana, com a presena no local de todos os

    funcionrios da unidade (550), j que os edifcios administrativos, escritrios tcnicos, sala de

    comando, oficinas de manuteno e laboratrios ficaram totalmente devastados.

    c. IMPACTOS AMBIENTAIS

    O Rio Trent que corre prximo do local de Flixborough foi fechado a todas as atividades de

    pesca.

    d. IMPACTOS ECONMICOS

    Os danos materiais causados pela exploso cobriram uma vasta zona. Todos os edifcios

    situados num raio de 600 metros ao redor do epicentro da exploso foram destrudos;

    1.820 Habitaes e 167 estabelecimentos comerciais nas proximidades foram danificados em

    graus variveis. Esta destruio inclui 72 das 79 casas de Flixborough, 73 das 77 casas em

    Amscott e 644 das 756 casas em Burton. A projeo de detritos, como msseis, devido

    exploso foi considervel. Um grande pedao de equipamento seria encontrado a 6 km da

    fbrica e detritos menores foram encontrados em Anlaby, a 32 km de distncia.

    Estimativas do custo deste desastre variam enormemente conforme a fonte. No entanto,

    bastante provvel que o custo tenha superado os 200 milhes de euros (a valores atuais).

    Ilustrao 19-A seco 25A aps a detonao

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    18

    CONCLUSES E LIES

    a. ANLISE DE ERRO E CAUSAS DO ACIDENTE

    Causa Descrio Tipo de causa

    Causa imediata Colapso de tubagem de 20 provocando a libertao massiva de ciclo-hexano gasoso para a

    atmosfera.

    Erro humano

    Causa primria No investigao de avarias em equipamentos de processo

    Erro de Gesto As causas da avaria no agitador do reator 4 e da fissura no reator 5 no foram investigadas. Este

    estudo poderia ter constatado as consequncias do no funcionamento do agitador.

    Soluo de bypass entre os reatores

    4 e 5 mal concebida

    Erro de Conceo

    A soluo no foi calculada por

    um engenheiro qualificado, no foi feita a verificao de flexibilidade, a suportagem no foi dimensionada.

    Erro de Gesto A soluo no foi executada de acordo com as normas e regras tcnicas vigentes.

    M execuo do fecho da flange do

    tubo de 8 possibilitando uma fuga de ciclo-hexano

    Erro Humano O operrio no apertou 2

    parafusos da flange, a superviso no verificou o trabalho.

    Causa coadjuvante Inexistncia de engenheiro mecnico

    qualificado na manuteno

    Erro de Gesto Mudanas ao processo fabril

    devem ser autorizadas por pessoa qualificada.

    Falha de compreenso dos riscos do processo.

    Erro de Gesto O melhor entendimento do processo teria evitado a adoo

    da soluo de bypass que criou o perigo de fuga volumosa de ciclo-hexano gasoso

    Armazenamento de sustncias

    perigosas em quantidade superior autorizada

    Erro de Gesto 1,5 milhes de litros de Ciclo-

    hexano (no autorizado) 9.300 litros de nafta (1.000 litros autorizados) 50.000 litros de tolueno (no

    autorizado) 120.000 litros de benzeno (no autorizado) 2.000 litros de gasolina (7.000

    autorizados) Edifcio de Comando pouco

    resistente Erro de Conceo O Projeto fabril no incluiu uma

    anlise de risco apropriada que teria concludo da necessidade

    de o edifcio ser resistente a uma detonao.

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

    19

    b. LIES RETIRADAS DO ACIDENTE

    Este acidente, alm das concluses expressas no relatrio da comisso de inqurito, provocou

    um debate em instncias europeias, estatais e tcnicas, na sequncia do qual diversas

    modificaes legislativas e normativas foram tomadas em diversos pases.

    As mais relevantes so as Diretivas Europeias Seveso e Equipamentos sob Presso.

    Sendo a totalidade deste universo muito extensa vamos limitar-nos s recomendaes do

    inqurito;

    Instalaes Fabris

    a) Qualquer modificao deve ser projetada, construda, testada e mantida com os mesmos padres da instalao inicial.

    b) Toda a instalao sob presso contendo substncias perigosas, alvo de alterao significativa, deve ser inspecionada e testada por pessoa com a apropriada competncia e autoridade, antes da sua entrada em servio.

    c) A regulamentao relativa a caldeiras deve ser estendida a todas as instalaes sob presso contendo substncias perigosas.

    d) A norma sobre presso de teste de tubagem deve ser clarificada. e) A norma para testes hidrulicos deve ser tornada obrigatria. f) Diversas recomendaes tcnicas sobre os perigos de contaminao de tubagens em ao

    inoxidvel por contaminao de zinco.

    Conceo das Instalaes Fabris

    a) O projeto de instalaes industriais utilizando substncias perigosas deve prever a possibilidade de acidente grave nos locais em que estas so utilizadas ou armazenadas.

    b) Os edifcios crticos de utilizao permanente (Ex: sala de controlo) devem ser concebidos para resistir a um acidente grave.

    Gesto Fabril

    a) Quando uma posio importante est vaga, decises, que normalmente envolvem a pessoa qualificada que ocupa essa posio, devem ser tomadas com um cuidado especial e envolver um especialista.

    b) A formao dos engenheiros deve ser alargada para terem conhecimentos bsicos de outras especialidades alm da sua.

    c) As substncias necessrias segurana fabril (ex: nitrognio) devem possuir reservas adequadas a uma emergncia e devem existir sistemas de fornecimento alternativo caso o normal falhe.

    Global

    a) Para unidades industriais utilizando substncias perigosas devem existir planos externos de emergncia, que possibilite a coordenao dos diversos servios de emergncia e socorro.

    b) As autoridades apropriadas devem verificar o respeito pelos limites de armazenamento de substncias perigosas autorizado.

    c) A localizao de unidades fabris utilizando substncias perigosas deve ter em conta a localizao de zonas urbanas e a possibilidade de um acidente grave as afetar.

  • ISEC RISCOS TECNOLGICOS

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