fbts 01-03 2009

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1 FBTS EM REVISTA Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

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1 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

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2 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

FBTSGarantindo qualidade

aos técnicos e aos produtosda construção soldada

Anuncie na FBTS em RevistaO ponto de solda que faltava ao mercado

Contato: (21) 2215-2245 / 2262-9401E-mail: [email protected] Arruda / Vera Rocha

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3 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

Sumário

E maiS

FBTS em ReviSTa Ano 1, Número 2 - Janeiro/março de 2009

ExpedienteFBTSRua Primeiro de Março,23 – 7º, 11º (Sala 1107) e 17º Andar – Centro Rio de Janeiro – RJCep 20010-000 / Telefone: 2505-5353

CONSELHO DIRETOR Diretor PresidenteSolon Guimarães Filho

Diretor Vice-PresidenteLaerte Santos Galhardo

CONSELHO CONSULTIVOCarlos Maurício Lima De Paula Barros - Abemi \ José Luiz Fernandes - Cefet/Rj \ João Da Cruz Payão Filho - Coppe/Ufrj \ Edgar Rubem Pereira Da Silva - Ibp \ Luiz Antônio Moschini De Souza - Ibp \ Renan Joele - Int \ Ibrahim De Cerqueira Abud - Int \ João Jerônimo Rebello De Azevedo - Onip \ Glauco Colepícolo Legatti - Petrobras \ Ariovaldo Santana Da Rocha - Sinaval \ Paulo César Chafic Haddad - Sinaval.

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃOValdir Lima Carreiro - Abemi \ Antonio Carlos Martins Bastos - Abemi \ Solon Guimarães Filho - Abende \ Sérgio Damasceno Soares - Abende \ José Luiz Do Lago - Cirj \ Laerte Santos Galhardo - Petrobras \ José Luiz Rodrigues Cunha - Petrobras \ Roterdam Pinto Salomão - Senai/Rj \ Marcos Pereira - Senai/Rj \ Cesar Moreira - Simme/Rj \ Douglas Robinson Martins - Simme/Rj \ Carlos Henrique Moreira Gomes - Sinaval \ Antonio Mauro Miranda Saramago - Sinaval.

CONSELHO FISCALPaulo da Cunha Pedrosa, Irajá Galeano Andrade, Marcelo José Barbosa Teixeira, Fernanda Ribas Andrade Borges, Sérgio Magalhães Gonçalves.

CONSELHEIROS BENEMÉRITOSAntônio Sérgio Pizarro Fragomeni, Maurício Medeiros De Alvarenga, Maria Aparecida Stallivieri Neves, José Paulo Silveira, Orfila Lima Dos Santos, Ubirajara Quaranta Cabral.

SUPERINTENDENTES EXECUTIVOS

Departamento de Certificação de QualidadeJosé Alfredo Bello Barbosa, Telefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

Departamento de CursosMarcelo Maciel PereiraTelefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

Departamento de Gestão TecnológicaMarcelo Maciel PereiraTelefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

Departamento Administrativo e FinanceiroMaristela Medeiros da CunhaTelefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

Departamento TécnicoJosé Alfredo B. BarbosaTelefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

REDAÇÃO, PRODUÇÃO E COMERCIALIzAÇÃOPlaneja e Informa Produções Ltda.Rua Santa Luzia no 799, Grupo 1004, Centro -Rio de Janeiro/RJ - CEP.: 20.030-041Contatos:E-mail: [email protected] (21) 2215-2245 / 2262-9401

Jornalista Responsável:Carlos Emmiliano Eleutério MTB-RJ 12.524Projeto gráfico e direção de arte:João Paulo Sampaio ([email protected])Fotografia:Alexandre Loureiro / Joberto Andrade / Agência BR / Agência Petrobrás / Agência O GloboDepartamento comercial:Cristiane Arruda e Vera Rocha

Entrevista

Prominp

Opinião

GuilheRme eSTRela

mÃO-De-OBRa

aRiOvalDO ROCha

Diretor de E&P da Petrobras

Amanda Pieranti

Presidente do Sinaval

Desafios e perspectivas da explora-ção de óleo na camada pré-sal

Construção naval avança para um novo estágio tecnológico de soldagem

Editorial ..........................04Notas ...............................05Engenharia Industrial ....06Empresa destaque ..........44FBTS ....................................48Sequi Petrobras ...............52Meio Ambiente ................54Gás Natural ........................56

Novas descobertas aquecem a demanda por profissionais cada vez mais qualificados

Construção de Angra 3, que pretende gerar mais de 10 milhões de MWh por ano, marca a retomada do Programa Nuclear brasileiro e cria novas oportunidades para os profissionais de soldagem

Página

21

Página

10

Tecnologia

Desenvolvimento técnico:

pRé-Sal pROvOCa muDançaS De

exCelênCia em epC: pRODuTiviDaDe é a meTa

Amanda Pieranti

Amanda Pieranti

Milene Ponce de Leon

Página

16Página

39

Página

32

Página

12

CaPap-51: pRODuTO 100% naCiOnal

Página

06Amanda Pieranti

Primeira plataforma semi-submersível construída totalmente no Brasil: uma conquista nacional

paTamaR nO CenáRiO naCiOnal

DestaqueeleTROnuCleaR

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4 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

Editorial SOlOn GuimaRÃeS FilhO Presidente da FBTS

O momento impõe tam-bém a ampliação do relacio-namento com as instituições internacionais de soldagem, principalmente aquelas que hoje apresentam maior desta-que na produção de soluções com tecnologias inovadoras, principalmente no continente asiático como China, Coréia, Cingapura, além de outras.

A viabilidade de implanta-ção do Projeto mostrou-se positivamente conclusiva quanto às possibilidades da utilização complementar dos recursos disponibiliza-dos às instituições tecno-lógicas com o novo perfil projetado para a FBTS.

Grande ênfase será atribuí-da aos projetos estruturantes que darão o suporte inicial ao novo Centro de Excelên-cia, comprometido acima de tudo com a inovação, o aumento da produtividade dos investimentos, redução de custos, cumprimento dos prazos, competitividade in-ternacional, garantia da qua-lidade, além, certamente, da segurança, da saúde, da preservação ambiental e da responsabilidade social.”

“Nos sentimos cada vez mais obrigados e comprometidos

com as oportunidades de desenvolvimento

que aí estão

mportantes acontecimentos deverão ocorrer em 2009 com a implantação de um Projeto em instalações pró-

prias, constituindo-se num Centro Integrado de Exce-lência e de Desenvolvimento Tecnológico de Soldagem atuando em parceria com outras instituições na busca de soluções inovadoras com o aumento da produtividade e redução nos custos.

O planejamento estratégico para os próximos 5 anos sina-lizou esse caminho como tra-jetória natural da FBTS, após 25 anos nos quais priorizou a formação e certificação de pessoas e produtos, gestão tecnológica e desenvolvimen-to de projetos especiais.

Os investimentos no setor óleo, gás e energia, uma vez mantidos e apenas alongados, em função da crise internacio-nal, continuarão representan-do uma excepcional oportu-nidade a ser aproveitada de forma competente.

O desempenho sob a ótica da Excelência sempre foi um propósito constante na vida da FBTS. A responsabilidade do novo passo impôs uma

integradaNo rumo da excelência

Ianálise diversificada da organi-zação, a escolha de um mode-lo estrutural e o compromisso com o desenvolvimento.

A metodologia básica ado-tada pela FBTS no rumo da Excelência integrada foi de-senvolvida sob orientação da COPPE da UFRJ, já consagrada em diversos outros empre-endimentos, e que lhe deu o necessário suporte consolida-do num livro básico que será objeto de ampla divulgação.

A aproximação maior com o meio acadêmico, já em curso, representa uma união indis-pensável ao êxito do projeto, muito positiva para os dois la-dos criando oportunidades na área de RH e em participações em projetos de desenvolvi-mento tecnológico.

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5 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

Ponto a Ponto

UM gRANDE PASSOPARA A PROFISSÃOGostaria de parabenizá-los pela revista e mais ainda pelas reportagens. Sou membro desta entidade, assim como tenho exercido a profissão de Inspetor de Soldagem e coordenado o setor da qualidade ao longo de 22 anos em diversos eventos no Brasil, como paradas de manutenção, montagens eletromecânicas e serviços de fabrica-ção de equipamentos, sempre viven-ciando diversos aspectos da soldagem e de profissionais de soldagem. Sou membro/certificado pela AWS em soldagem e tenho acompanhado a evolução da soldagem em diversas partes, e digo que esta iniciativa será um grande passo para nós todos.Saudações, mais uma vez parabéns e até aproxima.

Fernando Farizel.Inspetor de Soldagem NII / Certificado AWS - USA / Consultor Técnico / Coord. da Qualidade

n Acesse o Site da FBTSem www.fbts.com.br e conhe-ça a programação para 2009.

Novos telefones do Departa-mento de Cursos:(21) 2505-5323 / (21) 2505-5332,(21) 2505-5339 / (21) 2505-5340.

Departamento deCertificação da Qualidade >

INSPETOR, COM MUITA HONRA

Obrigado por me brindarem com um exemplar da revista! Adorei! Já li as mesmas matérias várias ve-zes. Estou ansioso pelo número 2. Embora seja assinante das revistas Abende, ABS e ABM, sentia falta de um veículo voltado exclusivamente para a fundação. Em meus 28 anos de carreira, 20 como inspetor cer-tificado, a minha maior dificuldade é, quando questionado, responder para os meus companheiros de trabalho em poucas palavras o que é a Fundação, quem é o inspetor certificado, como ele atua, como se certificar e várias outras perguntas. Tenho sobre a mesa um exemplar da norma ABNT NBR 14842 para ajudar nas respostas. Com a revista, ficou mais fácil. Há muito não sentia orgulho de ser inspetor certificado (...). Hoje uso uma máxima de mi-nha própria autoria que diz: “Se eu não fosse inspetor de soldagem, seria inspetor de soldagem”. Pois gosto muito do que faço.Um abraço a todos que trabalha-ram nesta feliz empreitada.

Antonio de Pádua da CostaCoordenador de CQ

FBTS em ReviSTa Cartas, e-mails, notas e agenda

Congresso da ABM

Está marcado para o período de 13 a 17 de ju-lho de 2009, no Expominas, em Belo Horizonte/

MG, o Congresso da Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais. O encontro prevê a realização de um módulo para discutir o tema “Solda-gem”, coordenado pelo professor Ro-naldo Barbosa, da UFMG. Segundo ele, a atividade de soldagem é hoje uma das áreas mais importantes na fabricação de estruturas e compo-nentes metálicos. Vários fenômenos térmicos, físicos, químicos e de inte-resse especial dos metalúrgicos estão relacionados à soldagem e respon-dem pelas propriedades das juntas soldadas. Assim, novos processos de soldagem, conceitos de metalurgia da soldagem e novos conceitos de física da soldagem têm surgido ou es-tão começando a ser utilizados para servirem de referência na fabricação de componentes metálicos onde no-vos materiais estão sendo necessários.

Manutenção

Itaipu Binacional e Petrobras já confirmaram a

presença no Pavilhão do Brasil, co-ordenado pela Associação Brasileira de Manutenção (Abraman), durante o 4º Congresso Mundial de Manu-tenção, em novembro de 2009, na China. O espaço de 74m² destina-se à divulgação de trabalhos brasileiros na área de Manutenção e ao incentivo de troca de experiências e geração de negócios entre os participantes e empresas presentes. Com o tema Manutenção e Gestão Eletrônica – Progresso com o Desenvolvimento de Equipamentos, o Congresso pretende discutir os avanços tecnológicos que acompanham o desenvolvimento da economia mundial.

Cartas

FBTS Programação / cursos

Eventos

Novos telefones:(21) 2505-5329, (21) 2505-5330 e (21) 2505-5320

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6 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

Engenharia industrial apeSaR Da CRiSe inTeRnaCiOnal, peRSpeCTivaS OTimiSTaS

stas duas unidades vão adicionar mais de 360 mil barris de petróleo por dia à produção na-

cional, gerando até 12 mil empregos diretos.

A estatal também deve contratar a construção de oito cascos, a serem feitos no estaleiro em construção no Rio Grande do Sul (RS). Estes cascos são para os primeiros FPSO`s (Floating, Production, Storage and Offloading) a serem instaladas na área do pré-sal. As facilidades de produção só serão definidas no final de 2009. Quanto às sondas de perfuração, está sendo estudada atualmente a estratégia de contratação a ser adotada em 2009.

Estes são apenas alguns

dos projetos da empresa, que fez um balanço de seu programa de ação na área de engenharia para a FBTS em Revista, analisando os empreendimentos que já estão sendo implementados pela companhia e o impacto de seus projetos futuros.

Outros empreendimentos importantes serão o início

E

dos projetos da P-58 para o Espírito Santo, no Parque das Baleias, e da P-62 para o Campo de Roncador, na Ba-cia de Campos. Quando esti-verem operando estas duas unidades vão produzir mais de 360 mil barris, gerando aproximadamente oito mil empregos diretos.

Não há também como falar em 2009 para a Petro-bras sem tocar no assunto Mexilhão (destaque nesta edição). O projeto vai reduzir a dependência externa de gás que o Brasil tem hoje. Além de Mexilhão, também estão previstos os projetos de desenvolvimento dos campos de Uruguá, Tambaú e Tupi, que vão contribuir ainda mais para o acréscimo da oferta de gás.

No mesmo estaleiro, em Angra dos Reis, está sendo construída a plataforma P-56 cujo projeto é idêntico ao da plataforma P-51. Como o pro-jeto é “clone”, a Companhia pretende ganhar maior agilida-

De costas para a crisePetrobras analisa seus projetos futuros

O ano de 2009 promete ser movimentado na área da engenharia indus-trial, pelo menos se depender da Petrobrás: estão previstas várias obras, entre elas, a continuação da construção da plataforma P-55, com inves-timentos de aproximadamente US$ 1,7 bilhão. A empresa também vai iniciar a construção das plataformas P-61 e P-63, atualmente em licitação.

”“

A Petrobras espera qualificar 43 mil

pessoas até o final de março e

elevar ainda mais o percentual de

empregos

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7 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

Petrobras

Jaqueta da Plataforma de Mexilhão em construção no Estaleiro Mauá

de com relação aos prazos.Em relação aos processos

de formação de mão-de-obra especializada, a Petrobras espera atingir o montante de 43 mil pessoas qualificadas, até o final de março, e elevar ainda mais o percentual de pessoas empregadas, uma vez que a programação des-tes cursos tem sido definida a partir dos cronogramas de implantação dos empre-endimentos aos quais tais demandas estão associadas.

Outro assunto que está na pauta da diretoria de Engenharia é o Centro de Excelência em EPC, que tam-bém é assunto de matéria desta edição. Para a em-presa, o CE-EPC terá função importante para integrar as partes interessadas no

desenvolvimento da “cadeia EPC de bens e serviços”, isto é, o Governo, as Operado-ras, atualmente represen-tadas pela Petrobras, Shell e StatoilHydro, a Universi-dade, representada por 15 renomadas entidades de ensino e pesquisa, e a Indústria, representada por 52 empresas fornecedoras de equipamentos e serviços e 17 entidades de classe. O objetivo desta união de entidades é potencializar os esforços para avançar na direção de possuirmos competências e habilidades que promovam o Brasil não apenas como grande centro empreendedor na área de óleo e gás (o que já é uma realidade), mas como um País exportador de bens

e serviços. Assim, o que a Petrobras espera do Centro de Excelência em EPC é que, alinhado com os objetivos do PROMINP, seja capaz de identificar os atuais entraves que a “cadeia EPC de bens e serviços” enfrenta para ser competitiva e sustentável em escala global e que, ao mesmo tempo, seja capaz de promover os esforços necessários à eliminação de tais restrições, sejam elas de cunho tecnológico ou de gestão. O primeiro passo é definir e unificar as métri-cas de produtividade para que as empresas possam medi-las nas mesmas bases e se avaliar com o bench-marking internacional. Só se pode melhorar o que se consegue medir.

Foto Agência Petrobras Jonio Machado

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8 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

iniciativa se explica pelo fato de Donato ter sido membro do Conselho Consultivo do Estaleiro Ca-

neco, que era de sua família, e estar intimamente relacionado à indústria naval nacional.

De acordo com seu amigo pessoal e parceiro de trabalho à frente da FBTS, o engenheiro José Luis do Lago, ex-Presiden-te da FBTS e da Associação Brasileira de Engenharia Indus-trial – Abemi – e, atualmen-te, membro do Conselho de Administração da Fundação, Donato era um homem de visão. “Não havia nada que ele não pudesse fazer. Era um homem forte, de palavra, de ações. Extremamente bem re-lacionado e muito importante para a história da entidade, ele

conseguiu o apoio da Firjan e de outras entidades para criar a FBTS. Donato, como homem que tinha negócios na área da indústria naval, sabia que era necessário treinamento e cer-tificação de mão-de-obra, pois o País vivia um momento de explosão desta indústria e não havia gente qualificada para o serviço”, detalha Lago.

A

O conselheiro da FBTS se lembra bem da palestra que aconteceu no auditório da Firjan, em dezembro de 1981, em que o Diretor de Produção da Petrobras, Orfila Lima dos Santos, falava sobre o desafio de construir, simultaneamen-te, sete plataformas fixas que seriam instaladas na Bacia de Campos. Orfila lançou a idéia de criar uma entidade brasi-leira voltada para a tecnologia da soldagem. Na mesma hora, Donato aceitou o desafio e co-meçou a tomar as providências para tirar a idéia do papel.

Arthur João Donato era carioca, nascido e criado no bairro do Rio Comprido. Aqui se formou e atuou na esfera jurídica por 15 anos. Durante a época de incertezas da 2ª Guerra Mundial, o então pre-sidente Juscelino Kubitschek ensejou o ressurgimento da indústria naval no País. Neste momento, Donato estava dian-te de um dilema: manter-se na vida forense, que amava, ou atender ao chamamento de seus familiares, ligados

Artur João Donato esteve àfrente da FIRJAN por 15 anos

Além do al canceEvolução da soldagem: um momento de visão

Experiência ajudou a desenvolver o setor Como falar em FBTS sem sem lembrar Artur João Donato? Um dos idealizadores e fundador da entidade, o empresário sempre foi um homem de muitas palavras, mas também, de muitas ações. Presi-dente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro na ocasião da criação da FBTS – ele não surpreendeu quando resolveu pôr mãos à obra em um assunto tão técnico quanto a soldagem.

Personagens da história aRTuR JOÃO DOnaTO

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9 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009”“

Dos bastidores, Donato conseguia

todo o apoio empresarial de que precisava

para fazer a FBTS crescer

ao setor, para se integrar na atividade empresarial. Desta forma, tornou-se dirigente do Estaleiro Caneco e de todo o grupo empresarial. Foi presi-dente das Indústrias Reunidas Caneco S.A. de 1960 a 1990. Foi também Presidente do Conselho de Administração do Estaleiro Caneco, da Arthur Donato S.A. Comércio e Parti-cipações, empresa holding do Grupo Donato, integrado por estas duas companhias, mais a Agropecuária Aliança Ltda. e a DISA – Destilaria Itaúnas S.A. Além de todas estas presidên-cias, ele também dirigiu a Cia. Industrial de Madeiras da Barra de São Matheus, a Navegação Arthur João Donato Ltda., a Fermasa – Máquinas e Equipa-mentos S.A. e a Cimbarra S.A.

Indústria e Comércio. José Luis do Lago lembra

que Donato era incansável. Nos 15 anos em que esteve à frente da Firjan (de 1980 a 1995), as ações do SESI e do SENAI tiveram impulso, princi-palmente com a interiorização. As duas entidades passaram a alcançar praticamente todos os municípios de expressiva ativi-

O crescimento do setor de soldagem deve muito a Artur João Donato

Fotos Agência Petrobras Steferson Faria

Além do al cancedade industrial, com a implan-tação de Centros de Formação Profissional e de Atividades Sociais, atingindo a grande massa de trabalhadores na indústria em todo o território fluminense. Foi ele, também, que promoveu a construção do edifício-sede da Firjan, um marco para indústria do Rio de Janeiro.

Além das ações junto ao SESI e SENAI e da participação ativa no nascimento da FBTS, presi-diu ainda o Conselho de Ad-ministração do CIET – Centro Internacional para a Educação, Trabalho e Transferência de Tecnologia. Esta organização foi criada por um convênio entre a Confederação Nacional da Indústria e a UNESCO, com o objetivo de avaliar, estudar e propor soluções capazes de mi-nimizar os impactos causados pela adoção do novo paradig-ma industrial no contexto bra-sileiro, operando nas áreas de educação, trabalho, tecnologia, informação e informática.

A FBTS sempre teve à sua frente pessoas ligadas à área técnica e de Engenharia. Esse era um dos pontos que Donato defendia. Apesar de sua gran-de sabedoria no assunto, ele sempre esteve nos bastidores da Fundação, mas com papel ativo, principalmente quando ocupou a presidência da Firjan. “Dos bastidores, Donato con-seguia todo o apoio empresa-rial de que precisava para fazer a entidade crescer”, completa José Luis do Lago.

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10 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

Opinião aRiOvalDO ROChaPresidente do SINAVAL

Tecnologia de soldagem

Em setembro de 2008, o Departamento do Fundo de Marinha Mercante (FMM) anunciou a prioridade para financiamentos no valor de cerca de US$ 4 bilhões para 140 projetos de construção, incluindo dois petroleiros VLCC (Very Large Crude Carriers). Os financiamentos asseguram en-comendas além de 2015.

A indústria de construção naval brasileira ingressou na sua fase de consolidação, desde sua reativação em 1999, com as encomendas de navios de apoio marítimo dos armadores que prestam serviços para a Petrobras. A contratação dos petroleiros para a Transpetro levou a indústria naval a um novo patamar, para produção de navios de grande porte em

série. Sendo esse fator impul-sionador para a adoção de novos sistemas de soldagem.

As linhas de painelização automatizadas já existem em alguns estaleiros, sendo a mais atualizada a do Estaleiro Atlân-tico Sul. Os sistemas de solda-gem automatizados serão o próximo degrau no avanço tecnológico dos estaleiros bra-sileiros, considerando a conti-nuidade das encomendas e os desafios da produtividade.

A velocidade com que a construção naval brasileira foi capaz de recuperar sua capacidade produtiva se deve em grande parte a existência de recursos humanos capaci-tados, engenheiros, encarre-gados, mestres e soldadores. A tecnologia de soldagem no atual estágio da construção naval brasileira é baseada na formação de pessoal em soldagem (soldadores, ope-radores e inspetores, entre

Aindústria de construção naval brasileira tem ca-pacidade de processar 630 mil toneladas/ano de

aço, nos 26 principais estalei-ros. Atualmente existem cerca de 340 empreendimentos de construção em andamento ou anunciados, que repre-sentam a produção de navios petroleiros, navios granelei-ros, navios porta-contêineres, navios de apoio marítimo a plataformas de produção de petróleo, rebocadores de apoio portuário, barcaças e empurradores para navegação fluvial, Ferry-boats (navegação interior) e plataformas flutuan-tes de produção de petróleo off-shore, tipo semi-submer-sível e FPSO (Floating, Produc-tion, Storage and Overflow).

“ ”A indústria de construção naval brasileira

ingressou na sua fase de consolidação desde sua reativação, no ano de 1999

Construção naval brasileira avança para novo estagio da

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11 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

outros) e no desenvolvimento de projetos de pesquisas, con-tando com o apoio de diversas instituições, os cursos do Pro-minp, os cursos de soldadores existentes em praticamente todos os estaleiros e o treina-mento, projetos de pesquisa e o processo de certificação de pessoal em soldagem forneci-dos pela FBTS.

A automação de processos de soldagem na construção naval representa um desafio em estaleiros de todo mundo. Os sistemas automatizados de soldagem ou sistemas robóti-cos, que se tornaram comuns na indústria automobilísti-ca, não podem ser utilizados com a mesma amplitude na indústria naval. Os especialis-tas apontam que a principal característica da construção naval são as tarefas não pa-dronizadas, dificultando a ado-ção de sistemas automáticos.

Outro obstáculo são as geo-

metrias dos locais de trabalho. Essas condições tornam o ope-rário soldador a melhor opção, capaz de se adaptar para cum-prir as tarefas necessárias.

As informações disponíveis até o momento apontam para o desenvolvimento de um sistemas batizado com a sigla SWERS – Ship Welding Robot System - cuja principal caracte-rística é que o soldador pode ensinar ao robô manobras de soldagem que serão repetidas várias vezes.

Existem experiências em an-damento como a do Estaleiro Odense, na Dinamarca, do gru-po AP Moeller / Maersk, cons-truído em 1919, mas sempre investindo em novas tecnolo-gias, que testa uma versão par-cialmente automatizada para soldagem de cascos de navios.

A Universidade de Nova Or-leans desenvolve ferramentas automatizadas que utilizam robôs na soldagem de compo-

nentes. Esse sistema está sendo desenvolvido em conjunto com o estaleiro Avondale, na Luiziânia (EUA), da Northrop Grumman, que constrói navios para a Marinha dos EUA.

Estaleiros do Japão e da Co-réia do Sul têm sistemas auto-matizados de soldagem já que sua linha de produção permite a construção de mais de 10 navios ao mesmo tempo.

No Brasil usamos a tecno-logia de arco-submerso, semi-automática, que precisa do homem para direcionar o equi-pamento de soldagem. E tec-nologia Mig/Mag, onde a má-quina é tecnologicamente atu-alizada, mas é o soldador que opera e toma as decisões sobre posições, tempo de aplicação de solda e avalia a qualidade.

No mercado podem ser encontrados fornecedores tradicionais que permitem a implantação de linhas semi-automatizadas, que são forma-das basicamente por pórticos, cabeçotes de soldagem proje-tados para trabalhos contínuos sob severas condições de traba-lho. Cabeçote para soldagem automatizada MIG/MAG ou FCAW que pode ser facilmen-te montado em um pórtico motorizado ou qualquer outro dispositivo de deslocamento.

Existem controladores que garantem a estabilidade de arco necessário na soldagem em Arco Submerso, MIG/MAG e Arames Tubulares, sistema destinado ao controle dos pa-râmetros de soldagem.

indústria Naval

Existem 340 empreendimentos de construção em andamento ou anunciados

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12 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

e início, muitas das em-presas resistiram à idéia de compartilhar seus pro-blemas de projetos e res-

pectivas soluções, em nome do segredo industrial. Mas a proposta agora é outra: melho-rar sempre a oferta de serviços, com mão-de-obra cada vez mais qualificada em nome de um bem maior, o mercado de petróleo e gás como um todo, valorizando a produção nacio-nal e a tecnologia brasileira.

Entre as empresas que ade-riram ao CE-EPC estão quatro operadoras (Petrobras, Shell, Statoil/Hydro e RepsolYPF), 50 fornecedores de bens e serviços da cadeia de EPC,

Mais do que uma troca de experiências, uma forma de encarar as dificuldades de frente

15 instituições de ensino e pesquisa, cuja âncora é a UFF – Universidade Federal Fluminense, e 17 entidades de classe (entre elas: Abemi, IBP, Onip, Firjan/Senai, Sina-val, Abimaq, ABCE e Abinee, Clube de Engenharia, só para

citar algumas). Sem dúvida, nomes de peso que deixaram para trás seus temores em compartilhar tecnologias e metodologias de trabalho.

De acordo com o vice-pre-sidente da entidade, Antonio Muller, este temor nem tem tanta razão de ser. Pensando nisso, firmou-se um acordo de confidencialidade com as universidades a fim de não identificar o projeto ou a em-presa que está disponibilizando seus dados para estudos: “Foi colocada em pauta a questão das métricas que medem o desempenho. Cada empresa tinha uma forma de medir a sua qualidade de serviços, mas não existia um sistema público. Hoje, estamos es-tudando o caso de uma das empresas-membro do Centro de Excelência, e todos saíram ganhando. Este é somente um exemplo dos benefícios que o sistema pode trazer a longo prazo” – exemplifica.

Sérgio Vieira Cunha, do

As empresas da cadeia de EPC – sigla usada para Engineering (Enge-nharia), Procurement (Suprimento) and Construction (Construção) – já podem contar agora com um Centro de Excelência criado para debater seus problemas e encontrar soluções tornando-as mais competitivas e sustentáveis. A exemplo de organizações criadas em outros países, o ob-jetivo é unir para potencializar esforços e vencer desafios comuns. Por isso, 86 entidades aderiram a este audacioso projeto, mas não foi nada fácil.

D

”“

Objetivo é oferecer serviços com mão-de-obra cada vez

mais qualificada em nome de um bem maior, o mercado de petróleo e gás

EPCExcelência em EPC QuaTRO OpeRaDORaS, 52 FORneCeDOReS e 17 enTiDaDeS Já aDeRiRam

Centro de Excelência técnica em

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13 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

Estaleiro Mauá, a empresa citada por Muller, concorda e garante que o foco para a empresa é a sobrevivência no mundo global, geran-do competitividade. “É um fórum independente que coloca todos frente a frente, de modo a descobrir manei-ras de tornar as empresas brasileiras competitivas no mundo. Entendemos que ao invés de uma ameaça aos nossos segredos, comparti-lhar idéias é uma tremenda oportunidade de melhoria. É uma motivação para a nossa equipe ver um debate de altíssimo nível sobre os es-

tudos que produzimos, sem ter nenhum segredo vital revelado. Grandes segredos são um mito. Os profissionais mudam de empresa, e isso é real.” – lembra o executivo. E ele vai mais além. Cunha defende que as pessoas ainda não despertaram para a reali-dade de que o Centro de Ex-celência pode ser um grande diferencial para as empresas deste setor no Brasil. Para ele, esta participação, no futuro, pode servir como um selo de qualidade a ser usado por elas para mostrar o seu nível técnico e de inovação.

Laerte Santos Galhardo,

O auditório da Petrobras lotado mostrou a importância da criação do Centro de Excelência

EspecialFoto DivulgaçãoPrefeitura de Recife

presidente da entidade e representante da Petrobras, acredita que a decisão de criar o CE-EPC foi a mais acertada no objetivo de ala-vancar a indústria nacional da cadeia de EPC, primeira-mente a de petróleo e gás, mas que, futuramente, pode englobar outras áreas de construção industrial, como mineração, construção de barragens, rodovias, e até na indústria química. Para ele, o ponto crucial é que as empresas contribuam com um pedacinho do tempo dos seus melhores especialistas para trabalhar em parceria

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com as universidades em projetos impactantes para o aumento da produtividade, incluindo o desenvolvimento de novas tecnologias.

Formação profissionalOutro ponto ressaltado

por Laerte é o papel da uni-versidade no Centro de Ex-celência, que, segundo ele, é fundamental, pois atrairá os melhores alunos para partici-par dos projetos, e até desen-volver teses em assuntos de interesse da indústria. “Temos que quebrar a distância do profissional do campo e da pesquisa. Descobrimos petró-leo no pré-sal e precisamos de tecnologia para retirá-lo de lá da forma mais eficaz possível para garantir um produto com preço final competitivo. Isto tornará o Brasil não somente grande produtor e exportador de petróleo mas também de bens e serviços para a in-dústria como faz a Noruega. Além de aumentar de forma competitiva a participação da indústria nacional nos projetos de investimento no Brasil, podemos conquistar mercados como o da África e dos Estados Unidos. As idéias do presidente do CE-EPC são endossadas pelo professor Se-gen Farid Estefen, da COPPE. Para ele, os alunos que estão terminando a graduação vão agora vislumbrar temas de te-ses que podem estar inseridas neste contexto, e que, com algum tipo de orientação, po-dem ser subsídios importan-

tíssimos para serem usados pelas indústrias. O professor até já sonha com grupos de alunos que podem se reunir para formar empresas de base tecnológica com o intui-to de prestar serviços para as grandes companhias: “Vamos em frente, buscar recursos, bolsas de estudo. A nossa visão é fomentar projetos que possam ser do interesse do CE-EPC, mas sempre com a intenção de formar melhores profissionais para o mercado de trabalho.”

Outro que concorda com a visão é o professor Miguel Luiz Ribeiro Ferreira, da UFF. Para ele, as universidades

brasileiras não estão acostu-madas a ver centros de pes-quisa deste calibre. Miguel Luiz Ferreira lembra que o grau de empregabilidade dos alunos que participam destes projetos é quase to-tal, já que a especialização neste assunto é incipiente no Brasil.

André Jacques de Paiva Leite, da SatoilHydro, faz coro e ressalta que já é pos-sível identificar gargalos de mão-de-obra, treinamentos e cursos específicos. Para ele, a criação do Centro de Excelência em EPC é a gran-de novidade do momento, a oportunidade de quebrar

Laerte Galhardo, presidente do Centro de Excelência em EPC, na posse

Excelência em EPC QuaTRO OpeRaDORaS, 52 FORneCeDOReS e 17 enTiDaDeS Já aDeRiRam

Foto Agência Petrobras Geraldo Falcão

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barreiras em uma área onde as empresas não tinham o costume de “trocar figuri-nhas”. Ele vê mudanças, e para melhor: “Temos que tomar consciência de que todos estamos no mesmo barco e precisamos remar juntos” – filosofa.

Compartilharconhecimentos

O representante da ONIP – Organização Nacional da Indústria de Petróleo – no Conselho Consultivo do CE-EPC, Caio Múcio Barbosa Pimenta, é partidário da idéia. Ele lembra que o Brasil é um país pobre de recursos e, por isso, é preciso com-partilhar os conhecimentos

para caminhar mais rápido em busca da excelência. Para ele, as empresas precisam ter uma referência para sa-ber o estágio em que estão e onde precisam avançar, e, por isso, o CE funciona como uma grande parceria: “O que está se buscando é como se juntar para subir mais rápi-do. Se constrói excelência abrindo. Temos multina-cionais parceiras, e isso é importante. Formamos uma grande rede”, explica.

Sobre os ditos “segredos”, Pimenta diz que é preciso acabar com a cultura de que bobagens são estratégicas: “Muitas vezes a informação está disponível na Internet, e as empresas juntas podem

conseguir soluções melhores. Precisamos lembrar que te-mos que tornar a empresa na-cional competitiva no mundo, e a melhor forma de avançar é compartilhar”, afirma.

Gerson Ricardi, executi-vo da Odebrecht e um dos Diretores do CE-EPC, lem-bra que vem participando do esforço da formação do Centro de Excelência em EPC e acredita que ele venha a contribuir para o cenário nacional. Para ele, a indústria é uma só, e não há risco em se compartilhar tecnologias. “Nos países desenvolvidos já existem iniciativas desta ordem. Na verdade, é um ganha-ganha. Todos saem ganhando”, conclui.

Da esquerda para a direita, Gerson Ricardi (Odebrecht), Segen Farid Estefen (COPPE), Per Harald Larsen (Statoi-lHydro), João Sérgio Vereza Mariano (Shell), Laerte Santos Galhardo (Petrobras - Presidente do CE-EPC), Antônio Ernesto Ferreira Muller (Tridimensional - Vice-Presidente do CE-EPC), José Octávio Alvarenga (Promon), Carlos Affonso de Aguiar Teixeira (IBP), José Rodrigues de Farias Filho (UFF)

Especial

Foto Agência Petrobras Geraldo Falcão

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Tecnologia pRé-Sal TRaz um nOvO DeSaFiO à CaDeia DO peTRóleO

Camada pré-salDescobertas provocam mudanças de patamarna tecnologia nacional de exploração de petróleo

Esquema mostra o óleo na área do pré-sal, na bacia de Santos, em profundidades de até 7 mil metros

“”Testes revelaram a existência de

petróleo leve, com densidade entre

26° e 30°API, numa área de cerca de

300 km2.

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Tecnologia

Camada pré-sal

sta camada se estende ao longo de 800 quilô-metros, entre os Estados do Espírito Santo e Santa

Catarina, e o petróleo encon-trado está a profundidades que superam os 7 mil metros. De acordo com a Petrobras, as áreas de Tupi e de Iara, ambos

no Bloco BMS-11, tiveram uma avaliação que permitiu estimativas de volumes re-cuperáveis de 3 a 4 bilhões de barris de petróleo leve e gás natural. Esta estimativa foi confirmada por testes a cabo e revelou a existência de petróleo leve, com densidade

entre 26° e 30°API, numa área de cerca de 300 km2.

Desde 2005, a companhia perfurou 15 poços que atingi-ram o pré-sal. Destes 15, oito já foram testados e indicaram a presença de petróleo leve de alto valor comercial (28° API) e grande quantidade de gás natural associado. No dia 10 de setembro de 2008, a Petrobras divulgou que o consórcio formado por ela, como operadora com 65%, BG Group (25%) e Galp Ener-gia (10%) comprovou relevan-te descoberta de óleo leve nos reservatórios do pré-sal na área de Iara. A companhia informou ainda que os inves-timentos no pré-sal foram superiores a US$ 1,5 bilhão, nos últimos dois anos.

Entre o período de 2009 e 2010, a Petrobras vai implan-tar dois projetos iniciais no pré-sal da Bacia de Santos. A fase atual é de avaliação dos poços já perfurados, ou em perfuração, e perfuração de novos poços exploratórios. O primeiro dos dois proje-tos será a instalação de uma plataforma flutuante que vai realizar os testes de longa duração (TLD) na descoberta da área de Tupi, na Bacia de Santos. O teste, a ser iniciado em março deste, tem ainda o objetivo de obter informa-ções do comportamento da produção do reservatório, que serão fundamentais para os projetos das fases futuras de desenvolvimen-to definitivo da produção

Uma seqüência de rochas sedimentares no espaço geográfico formado pela separação dos continentes Americano e Africano, que começou há 150 milhões de anos, formou um grande lago onde foram depositadas as rochas geradoras de petróleo. Com o aumento deste lago, começou a entrar água do mar, dando inicio, assim, a deposição de uma espessa camada de sal de até 2.000 metros de espessura, sobre a matéria orgânica que se transformou em hidrocarbonetos (petróleo e gás natural). Esta evolução é, atualmente, o grande desafio da Petrobras.

E

PoR CéSAR GueRRA ChevRAnD

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Tecnologia pRé-Sal TRaz um nOvO DeSaFiO à CaDeia DO peTRóleO

no pré-sal. Para esta fase já foi contratado um navio-plataforma do tipo FPSO que produz, processa, armazena e escoa petróleo. O teste de longa duração será feito com o FPSO Cidade de São Vicente, afretado à empresa BWO, e prevê a produção de 30 mil barris/dia, em lâmina d’água de 2.170 m. O FPSO, que será ancorado a partir de seis linhas, vai produzir óleo de 28º API a 42º API.

Ainda de acordo com a estatal, para o segundo se-mestre de 2010 está prevista a instalação do segundo pro-jeto na Bacia de Santos, que será um piloto de produção para 100 mil barris por dia, também na área de Tupi. Para este projeto também já foi contratado o afretamento de um navio-plataforma, também do tipo FPSO, à empresa Modec. O navio será convertido no Estaleiro Cosco, na China, e levará o nome de FPSO Cidade de Angra dos Reis. A embarca-ção será convertida a partir do navio tanque de grande porte denominado M/V Sun-rise IV e terá capacidade para produzir 100 mil barris/dia de óleo e 35 milhões de m³/dia de gás natural. A unidade está programada para chegar ao Brasil no quarto trimestre de 2010 e será instalada em lâmina d´água de 2.150 m.

Neste projeto, a produção de petróleo será escoada por navios e o gás natural por

um gasoduto de 250 km de extensão até a Plataforma de Mexilhão, que será instalada em 2009, na Bacia de Santos.

Tecnologia em evoluçãoDe acordo com a Petro-

bras, a profundidade de dois mil metros de águas não re-

presenta problema tecnoló-gico. Acostumada a perfurar trechos horizontais, perfurar poços abaixo da camada, definitivamente, é um dos maiores desafios. Outro é a própria camada de sal, que sob alta pressão e alta tem-peratura se comporta como um material plástico, tor-nando complicado garantir a estabilidade das rochas, que podem fluir e não permitir a continuidade da perfuração dos poços.

A camada de sal tem vá-rios tipos de sais – halita, taquidrita, carnalita – alguns deles são solúveis. O fluido de perfuração só é definido após muitas análises químicas fei-

“”Acostumada a

perfurar trechos horizontais,

perfurar poços abaixo da camada

de sal é um dos maiores desafios

Navio de produção operando no campo de Jubarte/ES

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Tecnologia

tas no Centro de Pesquisas da Companhia. Os engenhei-ros ainda precisam definir o revestimento, a geometria específica do poço e a me-lhor broca de perfuração. As plataformas FPSO’s (Floating Production Storage and Offlo-ading ) poderão ser aplicadas sem problemas para proces-sar, armazenar e exportar o óleo e o gás produzidos.

A estatal, que ainda tra-balha para consolidar a tec-nologia de perfuração, criou uma gerência executiva ex-clusiva para o pré-sal e colo-cou à frente do novo órgão o engenheiro José Miranda Formigli. Segundo Formigli

Navio de Produção P-43 – o primeiro a explorar óleo no pré-sal

serão afretadas 12 unidades de perfuração para utilização em águas ultra-profundas (2.400 metros e 3.000 metros de profundidade). Por falta de capacidade nos estaleiros brasileiros, as 12 serão cons-truídas no exterior e deverão entrar em operação até me-ados de 2012. As 12 sondas demandarão investimentos de US$ 8 bilhões.

Esta é a primeira fase do plano de contratação de 40 unidades de perfuração para operar até 2017. As 28 próxi-mas deverão ser construídas no Brasil, demandando gran-des investimentos em infra-estrutura para permitir que a

indústria nacional tenha capa-cidade competitiva para pro-duzir equipamentos de acordo com padrões internacionais. As 28 plataformas da segunda fase deverão ser construídas entre 2013 e 2017.

O diretor da Associação Brasileira de Consultoria em Engenharia (ABCE), Hélio Amorim, informou que mui-tos engenheiros brasileiros estão acompanhando o as-sunto de perto. “Estão mer-gulhados na questão, através de seminários e palestras, a fim de entender e conhecer melhor o pré-sal e o que pode ser explorado daqui para frente”, comentou.

“ ”As 12 sondas de

perfuração para operação em águas ultra-profundas

demandarão investimentos de US$ 8 bilhões

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Especial indústriapRé-Sal TRaz um nOvO DeSaFiO à CaDeia DO peTRóleO

Soldagem a longo prazoCom relação ao processo

de soldagem, especulações tomam conta do assunto. De acordo com a Petrobras, ainda é bastante prematu-ro falar sobre o que será utilizado em termos de sol-dagem, mas já adiantou que os trabalhos até agora realizados não necessitaram de soldagem submarina. As hastes de perfuração são encaixadas umas nas outras para atingir a profundidade estabelecida no projeto de execução do poço.

Para o Diretor Executivo de Petróleo, Gás, Bioenergia e Petroquímica da Associa-ção Brasileira de Máquinas e Equipamento (Abimaq), Alberto Machado Neto, o pré-sal é uma mudança de

patamar na indústria na-cional. “Vislumbro o pré-sal como uma grande oportuni-dade, mas para daqui há dois ou cinco anos”, disse.

Apesar de ainda ser cedo para falar sobre a tecnologia que será usada na soldagem do pré-sal, Machado acredita que a demanda de mão-de-obra será grande. “Ela vai existir. Tantas sondas vão exi-

gir um número expressivo de soldadores, mas ainda há um longo caminho a ser percor-rido. Este é um processo que será realizado a longo prazo”, opinou. “Provavelmente será preciso soldadores de ligas especiais, material não-metálico e fibra de carbono, por exemplo. Todos os sinais são bons”, observou.

O primeiro casco de pla-taforma para produção no pré-sal será construído em 45 meses e, para tal, a Dire-toria da Petrobras aprovou em setembro a contratação de dez novas unidades de produção de petróleo do tipo FPSO para as áreas do Pré-Sal na Bacia de Santos que serão fabricadas em série, iniciando com a construção dos cascos no dique-seco do Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Os módulos de produção a serem insta-lados sobre os cascos serão definidos futuramente, após a implantação dos projetos-piloto e do teste de longa duração. As dez plataformas vão operar em águas ultra-profundas, entre 2.400 e 3.000 metros, e se destinam ao início da implantação do sistema de produção defi-nitivo na área do Pré-Sal da Bacia de Santos.

A Petrobras informou à FBTS em Revista que os pro-cessos de soldagem não diferem dos utilizados pelos estaleiros na construção de plataformas para o pós-sal.

Tecnologia

“”O primeiro casco

de plataforma para a produção de

óleo no pré-sal, na Bacia de Santos,

será construído em 45 meses

Montagem da plataforma P-51

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21 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

Entrevista GuilheRme eSTRelaDiretor de E&P da Petrobras

Brasil deve dobrar produção de óleo em futuro bem próximo

Fronteiradominada

Acostumada a produzir petróleo a profundidades de até 2 mil metros, a Petrobras se prepara agora para um novo desafio: extrair óleo no mar a 7 mil metros de profundidade, depois de transpor a espessa e re-sistente barreira de sal. Esse desafio, o diretor de Ex-ploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrela, garante que não assusta a empresa: “São trabalhos

em fronteiras da tecnologia que a Petrobras domina. A principal questão técnica para perfuração é garantir a estabilidade das rochas da espessa camada de sal, que tem até 2.000 metros em algumas regiões”, afirma. Estrela concedeu entrevista exclusiva a FBTS em Revista, analisando as perspectivas para o país da descoberta de óleo na camada pré-sal.

FBTS em RevistaO que representa para o País a descoberta de petróleo na camada Pré-Sal brasileira?

Guilherme EstrelaSe fazer parte do seleto grupo de países auto-suficientes em petróleo já é um alento para a economia de qualquer país, a descoberta desta nova provín-cia petrolífera significa que no futuro o Brasil deve dobrar sua capacidade de produção. Os primeiros resultados das des-

cobertas do pré-sal apontam para volumes expressivos. Basta citar as estimativas de volumes recuperáveis para os prospectos de Tupi, de 5 a 8 bilhões, e Iara, com previsão de 3 a 4 bilhões de barris de reserva. Para efeito de compa-ração, as reservas do país hoje são da ordem de 14 bilhões de barris.

FBTS em RevistaSabemos que esse petróleo se encontra em grandes profun-

didades, que até agora são inacessíveis sem novas tecno-logias. Onde a Petrobras está buscando alternativas para resolver esta questão?

Guilherme EstrelaSão trabalhos em frontei-ras da tecnologia que a Petrobras domina. A profun-didade de dois mil metros de águas não representa problema. A companhia já perfurou vários poços nesta profundidade no Brasil e no

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Entrevista GuilheRme eSTRelaDiretor de E&P da Petrobras

Mapa dos recordes de produção de petróleo no Brasil

Primeiro óleo retirado no pré-sal, no campo de Jubarte

Golfo do México e produz a 1.886 metros na Bacia de Campos, marca que já foi recorde mundial. A prin-cipal questão técnica para perfuração, nas condições desta área, é garantir a estabilidade das rochas da espessa camada de sal, que tem até 2.000 metros em algumas regiões. É impor-tante ressaltar que vários avanços foram alcançados nos últimos anos, permitin-do não somente a perfura-ção de forma estável, mas também a redução do tempo para perfuração dos poços.

FBTS em RevistaExistem estudos prontos com relação à qualidade do pe-tróleo nestas camadas mais profundas?

Guilherme EstrelaSim, existem estudos com-pletos de caracterização de petróleo coletados nas áreas de Tupi e Carioca, realizados no Centro de Pesquisas da Petrobrás (CENPES). Os estudos mos-tram um petróleo de exce-lente qualidade (28 – 30 API), com baixa acidez.

FBTS em Revista Quais são os principais desa-fios para a Engenharia com a descoberta de Petróleo na camada Pré-Sal?

Guilherme EstrelaO primeiro desafio será garantir a estabilidade das

Fotos: Divulgação Petrobras, Steferson Faria

Fotos: Divulgação Petrobras, Steferson Faria

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23 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

rochas da camada de sal. Após a extração desse pe-tróleo, o próximo desafio será escoá-lo. Para isso, a Petrobras procura no mer-cado as parcerias para o frete de navios-plataforma do tipo FPSO, que produzem, processam, armazenam e escoam petróleo. Em Tupi, por exemplo, teremos uma unidade ancorada, para 100 mil barris de petróleo de capacidade. O escoamento de gás para a terra será feito por meio do gasoduto que interligará a área de Tupi até a plataforma de Mexilhão, em águas mais rasas. A distância é de 248 quilômetros.

FBTS em RevistaQual o grau de exigência para a área de soldagem nesta tarefa?

Guilherme EstrelaO grau de exigência conti-nuará alto como já acontece em todas as grandes obras da companhia. A indústria brasileira vem apresentando grandes avanços no pro-cesso de soldagem desde a revitalização da indús-tria naval. Dessa forma, a tendência natural será o

alcance da alta qualidade também neste item.

FBTS em RevistaÉ possível avaliar o choque de demanda na aquisição de equipamentos, materiais e serviços com a perspectiva do pré-sal?

Guilherme EstrelaCom o desenvolvimento do pólo pré-sal a demanda por equipamentos e ser-viços sofrerá um sensível aquecimento, o que será muito positivo para o país. É preciso que o empresariado esteja atento a esse cenário macroeconômico, principal-mente, no que diz respeito a capacitação da mão-de-obra. O mercado tem que estar capacitado para absorver essa nova demanda. Da par-

Guilherme Estrela entende que o próximo desafio depois de produzir será escoar a produção do pré-sal

“”

Com o desenvolvimento do pólo pré-sal, a demanda por equipamentos e serviços sofrerá

um sensível aquecimento

EntrevistaGuilheRme eSTRela

Diretor de E&P da Petrobras

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Festa de Inauguração da P-51, já montada em doca seca

Entrevista

te da Petrobras as parcerias com federações de indústria, com entidades como a Onip (Organização Nacional da Indústria do Petróleo) e com instituições de ensino, como a FBTS e o Senai, já estão em curso. As empresas serão bem vindas.

FBTS em RevistaCom a formação cada vez mais específica e técnica dos profissionais da soldagem e de EPC, abre-se um novo caminho para a entrada de novas tecnologias. Como a Petrobras vê e usa esta possibilidade?

Guilherme EstrelaA Petrobras sempre inves-tiu e continuará investindo em inovações tecnológicas, o que refletiu, por exemplo, no pioneirismo na extração

de petróleo em águas pro-fundas. Além de continuar incentivando o desenvol-vimento de novas tecno-logias, o que já é tradição na Petrobrás também terá espaço, como a padroniza-ção dos equipamentos sub-marinos e de poços. Quem trabalha na Bacia de Campos saberá operar os equipa-mentos na Bacia de Santos.

Dessa forma será possível replicarmos os projetosrapidamente. O que evita uma customização campo a campo, ou até mesmo poço a poço. Com a padroni-zação se ganha tempo em negociações, discussões técnicas e até negociações contratuais.

FBTS em RevistaQual o grau de nacionaliza-ção pretendido (e possível)?

Guilherme EstrelaA intenção da Petrobras é contar com o maior índice de nacionalização possível nestes projetos para desen-volvimento da região pré-sal. Fazendo um retrospecto das principais contratações anunciadas este ano, já apro-vamos o afretamento de 12 sondas para águas ultra-

“”

A Petrobras sempre investiu

e continuará investindo

em inovações tecnológicas. Dai

seu pioneirismo em águas profundas

Diretor de E&P da Petrobras

GuilheRme eSTRela

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25 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

Área de soldagem vai ser cada vez mais exigida com a descoberta do pré-sal

“”

Além das parcerias tecnológicas, o empresariado precisa se unir ao governo, à Petrobras e às

associaçõesde classe

Entrevistaprofundas (2.400 e 3.000 metros). Destas 12 unidades, duas serão de propriedade de empresas brasileiras. Por falta de capacidade nos esta-leiros brasileiros todas serão construídas no exterior e entregues até 2012. A idéia é que outras 28 sondas sejam construídas integralmente no Brasil para operar até 2017. Há pouco tempo a diretoria da Petrobras também apro-vou a contratação de dez pla-taformas flutuantes (FPSOs) para o pré-sal, na Bacia de Santos. As duas primeiras, a serem instaladas em 2013 e 2014, serão afretadas com alto índice de nacionalização, as outras oito, em 2015 e 2016, serão de propriedade da Petrobras.

FBTS em RevistaAs empresas brasileiras es-tão se unindo para partilhar tecnologia de forma a tornar o nosso produto final mais competitivo face aos dos outros países. Quais são as expectativas da Petrobras para sobre isso?

Guilherme EstrelaAções como estas são bem vindas. Além das parcerias tecnológicas, o empresaria-do precisa se unir ao gover-no, à Petrobras e às associa-ções de classe, investindo também na capacitação de mão-de-obra para o setor de petróleo e gás. O empre-sário brasileiro não pode

correr atrás da mão-de-obra somente na hora em que es-tiver com o contrato na mão. Precisa, desde já, somar es-forços e recursos, de forma a garantir que terá pessoal qualificado para executar seus contratos.

FBTS em RevistaA criação do Centro de Excelência em EPC pode vir a contribuir para esta empreitada?

Guilherme EstrelaSim. A Petrobras apos-ta muito nesta idéia que vai contribuir para o de-senvolv imento de uma competência que precisa ser alavancada no País.A criação do Centro de Exce-lência em EPC vai viabilizar a capacitação de conglo-merados de epecistas de pequeno, médio e grande porte, para atender a cres-cente demanda do setor petrolífero do país.

GuilheRme eSTRelaDiretor de E&P da Petrobras

Foto Antônio Batalha

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Nacio nalom 75% de bens e serviços adquiridos a fornecedores brasi-leiros, uma exigência

do governo federal, a P-51 fo i bat izada no d ia 10 de outubro de 2008, no estaleiro da BrasFels, em Angra dos Reis.

A P-51 teve seu contrato assinado em maio de 2004 e, em junho de 2005, a obra alcançou um impor-tante marco com o término da construção do primeiro bloco da parte inferior do casco, que ficará totalmen-te submerso quando a pla-taforma estiver operando.

O presidente da Petro-

Reportagem um paSSO à FRenTe na COnSTRuçÃO De plaTaFORmaS De peTRóleO nO BRaSil

Plataforma P-51: Produto 100%

bras, José Sérgio Gabrielli, afirmou, na ocasião, que “a plataforma cumpriu, em padrões internacionais, prazos e custos, oferecendo resultados positivos, não somente para a Petrobras, mas também para a cadeia da indústria naval brasileira e do emprego para os meta-lúrgicos do país”. A decla-ração de Gabrielli é somada à expectativa do país com relação ao desenvolvimen-to dos profissionais e da tecnologia usada nas má-quinas e equipamentos produzidos no Brasil.

Para o gerente executivo de Exploração e Produção

da Petrobras, José Antô-nio Figueiredo, “quando a plataforma atingir seu pico de produção em 2009, ela irá contribuir com q uase 10% da produção nacional”. Ainda segundo Figueiredo, “os materiais e equipamentos, assim como os serviços de construção e montagem, são contrata-dos por grandes empresas que desenvolvem o deta-

Uma gigantesca estrutura metálica que assusta ao mesmo tempo que impressiona pela imponência está ancorada no campo de Marlim Sul, na Bacia de Campos. É a primeira plataforma semi-submersível construída totalmente no Brasil, cuja obra marca uma significativa conquista para o setor naval nacional.

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José Sérgio GabrielliPresidente da Petrobras

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27 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

Nacio nal

”“A plataforma cumpriu prazos e custos, oferecendo resultados positivos à Petrobras à cadeia da indústria naval brasileira

Quando a plataforma atingir seu pico de produção, este ano, ela irá contribuir com quase 10% da produção nacional

P-51 / ESPECiaLPoR CéSAR GueRRA ChevRAnD

Foto Agência Petrobras Steferson Faria

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lhamento da engenharia para a Petrobras”.

De acordo com o diretor executivo de petróleo, gás, bioenergia e petroquímica da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Alberto Machado Neto, várias áreas da indústria estão participando ativa-mente como os setores de fabricação, montagem, calderaria entre outras, mas ainda não se usa todo o potencial da indústria nacional. “Em termos de plataforma, estamos bem à frente de navios”, disse Neto, lembrando, ainda, que o ponto fraco fica por conta da tecnologia de pro-cesso. “Este setor ainda é um desafio para as empre-

sas brasileiras”, afirmou.Com uma capacidade

de produção para 180 mil barris de petróleo por dia, a plataforma já gerou cerca de 4 mil empregos diretos e 12 mil indiretos. De acordo com a Petrobras, em média 3.500 pessoas trabalharam na plataforma. Segundo a companhia, entre as espe-cialidades exigidas para os

trabalhos na P-51 estão: en-genheiros, técnicos, solda-dores, maçariqueiros, mer-gulhadores, montadores, encanadores, eletricistas, instrumentistas, caldeirei-ros e ajudantes.

Até a fase final das obras, que fazem parte do Plano de Aceleração do Cresci-mento (PAC) do governo federal, cerca de 200 pro-fissionais estarão traba-lhando na P-51. Os funcio-nários de diversos setores como estrutura, elétrica, mecânica, arquitetura, tu-bulação, manutenção, pin-tura, andaime, controle de qualidade, entre outros, realizam as suas funções utilizando os Equipamen-tos de Proteção Individual (EPIs) e são treinados com

”“

A plataforma gerou cerca de 4 mil

empregos diretos e 12 mil indiretos,

empregando 3.500 pessoas na

plataforma

Reportagem um paSSO à FRenTe na COnSTRuçÃO De plaTaFORmaS De peTRóleO nO BRaSil

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29 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

QualificaçãoO treinamento de pesso-

al especializado para este empreendimento é de res-ponsabilidade das empresas contratadas da Petrobras. No caso da mão-de-obra utiliza-da na P-51, foi buscada no mercado e também gerada no Estaleiro BrasFels, através da escola Técnica da BrasFels, um centro de treinamento de mão-de-obra, onde são desenvolvidos os trabalhos de qualificação de soldadores com aproximadamente 1.000 alunos por ano. Cerca de 90% desses trabalhadores foram

aproveitados nas obras da plataforma e de acordo com a Petrobras esses trabalhos possuem o testemunho das sociedades classificadoras e também do cliente.

Construída pelo consórcio FSTP (Keepel Fells e Technip) nas cidades de Niterói, Rio de Janeiro, Itaguaí e Angra dos Reis, a P-51 é uma construção metálica naval, cujo sistema construtivo envolve quase to-dos os processos de soldagem disponíveis atualmente para os casos de materiais como aço carbono, aço inox, super duplex, cobre níquel fundidos em aço, sendo estes materiais planos e não planos.

Em abril de 2008, no es-taleiro BrasFels, em Angra dos Reis - RJ, foi finalizado o deck mating da P-51, “ ”

Cerca de 90% dos soldadores que trabalharam nas obras de construção da

plataforma foram aproveitados

base nas normas regula-mentadoras do Ministério do Trabalho e CLT.

Com os trabalhos feitos na P-51 e com as platafor-mas P-53 e P-56 pela frente, é importante estar atento às novidades no setor e a qualificação profissional. Segundo a estatal, possuir experiência em trabalhos de Construção e Montagem são pré-requisitos para quem pretende fazer par-te do quadro funcional da estatal, no entanto estes cargos ainda estão entre os mais deficientes.

Presidente Lula discursa para os funcionários que trabalharam e que vão trabalhar na plataforma

P-51 / ESPECiaL

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30 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

que é uma mega opera-ção para unir o casco ao topside (parte superior) da unidade. A manobra foi realizada em apenas um dia, comprovando a capa-citação da engenharia naval brasileira e a tecnologia da Petrobras para projetos de produção em águas pro-fundas. O casco foi cons-truído totalmente no Brasil.

Ainda em abril de 2008, a estatal concluiu a instalação da última coluna do casco da plataforma. A operação, que levou aproximadamen-te duas horas, foi finalizada após o içamento e soldagem da última das quatro colunas que compõem a base da plataforma. Cada uma des-tas estruturas mede e pesa respectivamente 17 metros e

910 toneladas, o que equivale a um edifício de seis andares.

A plataforma contou com a força de trabalho de 600 sol-dadores e exigiu bastante da mão-de-obra nas disciplinas de estrutura, tubulação e na parte elétrica que correspon-dem a 70% da obra. Segundo a estatal 60% dos equipamen-tos para a soldagem da gigan-tesca estrutura são nacionais.

A instalação da P-51 ocorreu em abril de 2008, após soldagem da última das quatro colunas da base da plataforma

José Antônio Figueiredo, gerente executivo de Exploração e

Produção da Petrobras “ ”A P-51 contou com 600 soldadores e exigiu bastante da mão-de-obra nas disciplinas de

estrutura, tubulação e na parte elétrica

Reportagem um paSSO à FRenTe na COnSTRuçÃO De plaTaFORmaS De peTRóleO nO BRaSil

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31 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

Peso: 48 mil toneladas

Comprimento x Largura: 125 x 110 m

Produção de óleo: 180 mil barris de petróleo/dia

Compressão de gás: 6 milhões de m3/dia

Injeção de água: 45 mil m3 de água/dia

Geração elétrica: 100 MW (energia suficiente para iluminar uma cidade de 293 mil habitantes)

Profundidade de água: 1.225 m

Risers: 85

Poços produtores / injetores: 17 / 12

Linhas de ancoragem: 16

Acomodações: 200 pessoas

Calado operacional: 27,5m

Deslocamento: 85 mil ton

Perfil da P-51P-51 / ESPECiaL

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32 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

Mão-de-obra qualificada

egundo a mais recente atualização do sistema, do universo dos 112 mil profissionais a serem

qualificados, somente para a área de soldagem foi diag-nosticada uma demanda de cerca de 29 mil profissionais (nas categorias: soldador de estrutura, soldador de pipe line, soldador de tubulação, encarregado de solda, su-pervisor de solda, Inspetor / Ensaio Visual e Dimensio-namento de Solda Nível 2, Inspetor / Ensaio Visual e Dimensionamento de Solda Nível 3 e Inspetor / Soldagem Nível 2). Já foram treinados cerca de nove mil profissio-nais, faltando ainda qualificar mais 20 mil pessoas. “O que acontecerá nos próximos dois ciclos de qualificação (4º e 5º ciclos de cursos do Pro-minp), até meados de 2009. No entanto, é importante ressaltar que, com as novas

descobertas, o diagnóstico será refeito e este número deve aumentar”, lembra José Renato Ferreira de Almeida, coordenador executivo do Prominp.

O Plano Nacional de Qua-lificação Profissional surgiu a partir da constatação de que a demanda de pessoal requerida pelos empreen-dimentos planejados para o setor de petróleo e gás não seria 100% atendida com a disponibilidade atual de mão-de-obra qualifi-cada. Logo, chegou-se à conclusão de que havia a necessidade de um esforço de formação profissional no país para a preparação de uma massa de trabalha-dores que viesse a atender tais demandas. Cerca de 80 entidades de ensino estão envolvidas no plano, entre elas: universidades públi-cas federais para os cursos

Com as novas descobertas anunciadas na camada pré-sal, o diag-nóstico de profissionais a serem qualificados pelo Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural) será refeito pela Petrobras.

S

mão-de-Obra pROminp Se aJuSTa à nOva DemanDa

em alta

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33 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

em alta

de nível superior; Cefets e Paula Souza, para os cursos de nível médio e técnico; e o Senai para os cursos de nível básico.

O plano prevê a qualifica-ção de 112 mil profissionais em 17 estados da Federação (Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernam-buco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Ca-tarina, São Paulo e Sergipe), onde ocorrerão os projetos de investimentos planejados para o setor. A demanda para capacitação é sempre de acordo com os locais onde são realizadas as obras.

Segundo José Renato, o objetivo do Prominp é trabalhar no sentido de que a indústria petrolífe-ra esteja preparada para capturar ao máximo as de-mandas e oportunidades. “O fornecimento dos bens e serviços é hoje o principal gargalo para as operadoras de petróleo e gás. Ou seja,

PROmiNP

tem sido destacado que o principal gargalo não é mais financeiro, mas sim a capacidade do mercado em suprir adequadamente as demandas de bens e ser-viços do setor. Este quadro se torna ainda mais crítico com o crescente aqueci-mento verificado no mer-cado mundial de petróleo e gás”, afirma.

O coordenador executivo do Prominp lembra que para direcionar as ações do Programa, tem sido considerado como ponto de partida a carteira de in-vestimentos da Petrobras e das demais operadoras do setor, com a indicação dos projetos e seus cronogra-mas claramente definidos. “Deste quadro derivam todas as necessidades de recursos humanos, de ma-teriais e equipamentos, e em ações a serem imple-mentadas com objetivo de atender a uma determinada demanda objetiva de pro-jetos, em um horizonte de cinco anos. Nossa aborda-”

“O principal

gargalo nestá na capacidade do

mercado em suprir adequadamente as demandas de bens e serviços do setor

PoR BRunA CAPiStRAno

José Renato Ferreira de Almeida, coordenador do PROMINP

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gem de trabalho até hoje funcionou dessa forma. O que acontece é que agora, com as novas perspectivas do pré-sal e todas as suas conseqüências, além dos grandes projetos que es-tão sendo anunciados nas outras áreas – novas refi-narias, ampliação e renova-ção de frota, novas sondas de perfuração, barcos de apoio etc. – temos um novo horizonte. Porém, a partir de agora, as demandas de-verão ser muito maiores. Mesmo que se possa ter uma idéia de sua dimensão, não se tem, ainda, uma maior nitidez deste cená-rio”, disse.

De acordo com José Re-nato, “está em avaliação o que deve ser feito, pois as perspectivas são de mudan-ça de patamar das deman-das associadas aos futuros investimentos do setor de petróleo, que vinha tendo

Atividades na P-37, no campo de Marlim Sul

grande evolução, mas que passa por um crescimento exponencial, não apenas para o fornecimento do-méstico de bens e serviços, mas também para oportu-nidades de exportação”.

No último ciclo de qualifi-cação do Prominp (abril de 2008), alguns pré-requisitos de algumas categorias pro-fissionais foram revistos, como forma de ampliar as chances de ingresso de profissionais sem experi-ência nos cursos e, poste-riormente, no mercado de

trabalho.Para algumas categorias

de nível básico, que antes exigiam um tempo de expe-riência mínima, o Prominp substituiu esse requisito por um módulo de nivelamento prático durante o curso, quase duplicando sua carga horária. Os cursos que antes tinham 180 horas de duração passaram a ter 334 horas. As categorias que se encaixam neste bloco de alteração são: acoplador, caldeireiro, curvador, isolador, mecânico ajustador, mecânico monta-dor, encanador, revestidor, soldador de estrutura, sol-dador de pipe line e soldador de tubulação.

Outra mudança feita foi em relação aos cursos de nível médio. Os candidatos que possuem curso técnico de nível médio completo não precisam mais de ex-periência para se inscrever em cursos de nível médio, ”

“No último ciclo de qualificação

do Prominp, alguns pré-requisitos

profissionais foram revistos

pROminp Se aJuSTa à nOva DemanDa

Foto Divulgação Petrobras

mão-de-obra

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35 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

Técnico observando a torre do flare da P-37

PROmiNPPoR BRunA CAPiStRAno

tais como: encarregado de andaime, encarregado de elétrica, encarregado de estrutura, encarregado de solda, instrumentista de sistemas, desenhista proje-tista de elétrica, desenhista projetista de civil, desenhista projetista de automação, profissional de qualidade e profissional de planejamen-to, entre outros.

Segundo Guilherme Pires

de Mello, diretor de ope-rações da TECHINT, o setor privado vem se estruturan-do para atender a forte de-manda por recursos impos-ta pelo crescimento econô-mico mundial e um especial volume de investimentos nos mercados emergentes. “O pré-sal é mais um gran-de desafio que necessitará de planejamento e decisões de investimentos pesados

em capacitação de recursos para atendê-lo”, comenta.

Ele, que também é diretor de Petróleo e Gás da Abemi, lembra que a Associação Bra-sileira de Engenharia Indus-trial vem atuando fortemente na capacitação de mão-de-obra para atender ao aque-cimento do mercado nestes últimos anos. “Hoje, a ABEMI é a entidade âncora do Pro-grama Nacional de Qualifica-ção Profissional do PROMINP, que até o momento, sem considerar o programa do pré-Sal, já realizou 164 cursos diferentes em 50 cidades e 17 estados, com 42 entidades de ensino de execução con-tratadas, dentre elas a FBTS. O conteúdo programático nos setores de construção e montagem, engenharia e operação e manutenção e construção civil tiveram como etapa prévia a necessidade do mercado de profissionais qualificados desde o nível básico, passando pelo nível médio, técnico, de inspeção e superiores, já tendo sido formados mais de 20 mil pro-fissionais”, comenta.

De acordo com Guilherme Pires de Mello, as empresas de engenharia industrial utilizam muita tecnologia e mão-de-obra nesta ativida-de. “A soldagem é uma das áreas de grande importân-cia no nosso segmento, e vem tendo evoluções nas técnicas de execução, bem como nos materiais aplica-dos”, afirma.

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mão-de-obra

superintendente exe-cutivo dos Departa-mentos de Cursos e Gestão Tecnológica

da FBTS, Marcelo Maciel Pereira, garante que no segmento de soldagem, os profissionais existentes no Brasil são de excelente qualidade. No entanto, ele salienta que há uma preocupação da Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem em antecipar-se ao máximo às necessidades futuras do mercado, a fim de definir e complementar o conteúdo dos cursos para

Capacitar é um desafioMercado de soldagem está carente de mão-de-obra

atender às necessidades de recursos humanos, para fazer frente aos desafios tecnológicos que estão por vir. Segundo o superinten-dente, é de fundamental

Oimportância que o profis-sional atuante na soldagem e inspeção, de uma forma geral, esteja acompanhan-do as novas demandas tec-nológicas e busque a atu-alização do conhecimento constantemente. “Assim, o próprio profissional de-verá buscar através de treinamentos específicos um nível cada vez maior de qualificação e especializa-ção profissional”, orienta.

Na visão do gerente-exe-cutivo do Centro de Tecno-logia Senai-RJ Solda – Cetec Solda, Marcos Pereira, o

“”Setor privado ainda tem um

grande caminho a percorrer em

relação a absorção e desenvolvimento

de tecnologias

FBTS liDeRa FORmaçÃO De QualiDaDe nO BRaSil

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37 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

CaPaCiTaÇÃOPoR BRunA CAPiStRAno

a área de soldagem, a FBTS, inicialmente, foi acreditada pelo INME-TRO em 1992, como

Organismo de Certificação de Pessoal (OPC), especi-ficamente, Inspetores de Soldagem Níveis 1 e 2. O processo de acreditação como OPC está calcado na norma ABNT NBR ISO/IEC 17024 – Avaliação de Conformidade – Requisitos gerais para organismos que realizam certificação de pessoas.

Para certificação de Ins-petores de Soldagem, a FBTS utiliza a norma NBR 14842 – Critérios para a

A importância dacertificação técnica

qualificação e certificação de inspetores de soldagem. Segundo José Alfredo Bar-bosa, superintendente dos departamentos de certifi-cação da qualidade e tecno-logia da FBTS, a certificação é um passaporte para o mercado de trabalho. “Para a contratante, a garantia de um serviço de melhor qua-lidade e maior segurança, tendo em vista a utilização de mão-de-obra qualificada. Outros benefícios gerados são a redução de custos do processo de recrutamento e seleção e a facilidade de reconhecimento de esque-mas de certificação em nível

N

setor privado não está to-talmente preparado para atender ao pré-sal, princi-palmente devido a capa-citação de mão-de-obra e tecnologias que serão de-mandadas pela indústria de petróleo e gás nos próximos anos. “O setor privado ainda tem um grande caminho a percorrer em relação a ab-sorção e desenvolvimento de tecnologias de união de materiais e engenharia correlata diante do novo ce-nário trazido pelo pré-sal”.

OportunidadesEstima-se que no Estado

do Rio de Janeiro, o déficit de profissionais de solda-gem somente para a indús-tria naval e offshore nos próximos anos será de 10 mil profissionais, tendendo a crescer com o pré-sal.

Segundo as entidades en-carregadas da formação de mão-de-obra, as oportuni-dades profissionais que o mercado do pré-sal abrirá são para soldadores, inspe-tores qualificados de solda-gem e inspeção, operadores e encarregados de solda-gem, técnicos de soldagem e segurança de trabalho e engenheiros com especia-lização em engenharia de soldagem e petróleo e gás. O conhecimento de novos materiais como aços inoxidá-veis, plásticos e compósitos e técnicas de inspeção não destrutiva avançadas tam-bém será um diferencial.

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nacional e internacional”.Desde sua fundação, a

FBTS possui uma parceria continua com o SENAI/RJ, que é sócio fundador da ins-tituição. “Cremos que há ne-cessidade de estreitarmos as relações do SENAI/RJ com a FBTS no tocante a busca por mais apoio financeiro dos governos federal e estadual no Rio de Janeiro para no-vas tecnologias de união de materiais estratégicas para atender as demandas do pré-sal. Para isto o SENAI/RJ tem fortalecido o seu centro tecnológico de soldagem, na busca contínua do aprimo-ramento tecnológico, que é a base fundamental para a aplicação destas tecnologias e para a formação profissio-nal. Neste sentido, a FBTS é parceira fundamental para o fortalecimento do CTS Solda, e sua cooperação para o de-senvolvimento deste centro de tecnologia é estratégico para garantir um maior con-teúdo nacional (profissional e industrial) para o futuro”, avalia Marcos Pereira, geren-te-executivo do Cetec Solda.

Dentre as categorias pro-fissionais no âmbito da solda-gem em que a FBTS é muito demandada, o superinten-dente executivo dos depar-tamentos de cursos e gestão tecnológica da FBTS, Marcelo Pereira, cita: Inspetor de Sol-dagem, Inspetor de Dutos, Inspetor de Fabricação e Inspetor de Equipamentos.

“Somente para os Inspetores de Soldagem, acredita-se que deveríamos dobrar o número atual para atender a demanda existente”, comen-ta Marcelo Maciel Pereira, lembrando que outras for-mações específicas devem ser objeto de atendimento, e a FBTS está buscando em estreito relacionamento com

o mercado a identificação e definição de conteúdos.

Segundo ele, a demanda por profissionais qualificados e certificados sempre estará em alta, pois com os desafios atuais a garantia da qualida-de é dependente de recursos humanos bem formados e treinados. “Mantidos os ní-veis atuais de investimentos, provavelmente a demanda pelo menos mais que dobra-rá. Para atendimento a esta demanda provavelmente deveremos buscar formas inovadoras de formação profissional e o incremento de parcerias institucionais. O cenário é muito positivo”, acredita Marcelo Pereira.“”

Somente para Inspetores de

Soldagem, deveríamos dobrar

o número para atender a demanda

mão-de-obra FBTS liDeRa FORmaçÃO De QualiDaDe nO BRaSil

A FBTS oferece um leque de opções para o profissional que queira se quali-ficar e atualizar profissionalmente. Os cursos para 2009 estão estruturados em áreas de conhecimento, que são:

n Inspeção de Soldagem, com cursos de Inspetor de Soldagem – Nível 1 e Nível 2. Estes dois são cursos estru-turados para preparar o profissional para o processo de qualificação e certificação. Também estão nesta área os cursos que atendem as normas de fabricação de equipamentos, tais como: AWS D1.1, ASME VIII Div. 1 e os de qualificação de procedimentos de soldagem e de soldadores etc.

n Inspeção de Equipamentos, com o curso de Formação de Inspetor de Equipamentos (para quem tem Ensino Médio). Este curso visa a pre-parar os profissionais para o trabalho

Programação da FBTS para 2009junto à inspeção de equipamentos estacionários que operam com alta temperatura e pressão. Também está neste grupo o curso de Inspeção de Fabricação que está muito demanda-do pelo mercado atualmente.

n Cursos que atendem a área de Inspeção de Dutos Terrestres. Neste grupo estão outros cursos, tais como: O Curso de Inspetor de Dutos Terres-tres Nível 1 que visa ao processo de qualificação e certificação e atende a norma Petrobras N-2776.

n Cursos que atendem a uma de-manda de tecnologia da soldagem e integridade estrutural de maneira ge-ral. Como exemplos, estão os cursos: metalurgia da soldagem, soldagem de aços especiais, mecânica da fratura, projeto à fadiga de juntas soldadas, elementos finitos e muitos outros.

Programação na íntegra para 2009: www.fbts.com.br

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39 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

Sala do reator da Usina de Angra 2, similar a de Angra 3

/

aNGRa 3

Como em todo grande projeto, há a expectativa da geração de novos empregos e a movimentação do mer-cado regional, assim como a necessidade de mão-de-obra qualificada e com grande ha-bilidade. Para Angra 3, usina que pretende gerar mais de 10 milhões de MWh por ano – uma carga equivalente a um terço do consumo total

do Estado do Rio de Janei-ro – a empresa avalia que o contingente de profissionais poderá ser maior que nove mil funcionários nos cantei-ros de obras, podendo gerar outras 15 mil novas vagas em empregos indiretos, incluindo os que serão criados pelas empresas fornecedoras de peças e equipamentos.

De acordo com José Edu-ardo Costa Mattos, chefe do Escritório de Obras da Eletro-nuclear, a demanda existente no setor de soldagem da construção da usina chega a 400 no pico da obra, que acontecerá entre a metade

Aexpectativa com relação à usina é grande, assim como as exigências para o início das obras. Como

será uma usina similar à An-gra 2 – uma das mais moder-nas e seguras do mundo – a Eletronuclear garante que a maior parte do projeto de engenharia a ser adotado para o empreendimento já está disponível.

Tecnologia e energia de Primeiro mundo

Empresa DestaquePoR BRunA CAPiStRAno

Construção vai demandar 400 profissionais no pico

pROGRama nuCleaR BRaSileiRO DeSlanCha

Com um investimento de R$ 20 a R$ 25 bilhões, a Eletronuclear dá início a um marco na produção de energia nuclear no Brasil, com fortes reflexos no setor de soldagem, a partir da construção da ter-ceira usina nulear do país – Angra 3, localizada na praia de Itaorna, em Angra dos Reis/RJ, entre abril de 2009 e setembro de 2014.

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do terceiro ano e a metade do quarto ano da construção. A direção da empresa prevê, ainda, que, concluída, Angra 3 contará com um acréscimo de, aproximadamente, 500 traba-lhadores no quadro funcional, sendo que boa parte deles altamente qualificados.

Experiência e qualificaçãoA experiência adquirida

pela estatal com a construção da segunda unidade revelou a capacidade técnica das em-presas brasileiras em atender às necessidades da indústria nuclear nacional. Seguindo o padrão de Angra 2, a qualifica-ção de soldadores é um ponto de extrema importância para a realização dessas obras. De

aNGRa 3

acordo com o chefe do escri-tório de Obras da empresa, a mão-de-obra nacional tem total capacidade técnica para atender à demanda de traba-lhadores para o setor.

– Os soldadores brasileiros, quando bem treinados, são plenamente capazes de rea-lizar todas as soldas da usina,

mas caso seja necessário, será usado o mesmo modelo adotado em Angra 2, em que soldado-res foram treinados em nossos processos, mesmo já possuindo habilidade para soldagem – disse Mattos, que afirmou ainda que a procura no Brasil por profis-sionais da área de soldagem é bastante significativa.

SegurançaAlém de oferecerem cursos

de aperfeiçoamento para os sol-dadores ampliarem a sua quali-ficação profissional, a questão da segurança, tanto para esta área quanto para as demais, é um ponto importante para a realização da obra.

– A empresa toma todos os cuidados específicos com o ”

“A qualificação de soldadores é um

ponto de extrema importância para a realização das obras da Usina

de Angra 3

Canteiro de obras da Usina de Angra 3, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro

pROGRama nuCleaR BRaSileiRO DeSlanCha

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41 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

Empresa Destaque

controle de gases do proces-so (gás inerte) e a exaustão adequada dos gases resul-tantes para a preservação dos trabalhadores – explicou José Eduardo.

Ainda segundo ele, além dos soldadores e soldadoras brasileiras, o plano de solda é desenvolvido no Brasil, o que reafirma a capacidade interna do País com relação ao setor.

O processo de soldagem não é algo muito simples, principalmente quando se trata de soldar um reator nu-clear, que terá uma potência elétrica de 1.400 MW (térmi-ca de 3.782 MW) e poderá

gerar mais de 10 milhões de MWh por ano. As 44 soldas do reator de Angra 3 foram executadas em nove meses, após todos os processos se-rem executados e os traba-lhadores qualificados.

De acordo com Mattos, a maioria dos processos de sol-dagem conhecidos é aplicada ao longo da obra, como o arco submerso; o gás tungstênio; a solda orbital, vulgarmente co-nhecida como eletrodo; o tig; mig; a brazagem em aço carbo-no e inoxidável e também PVC. No caso do reator ele explica que este vem com o vaso ma-nufaturado já em uma fábrica. São feitas na Central Nuclear as soldas de conexão ao circuito que compõe o sistema nuclear de geração de vapor que, além do vaso e das tubulações, no caso de Angra 3 tem quatro geradores de vapor, quatro bombas para circulação da água e um pressurizador para manter equilibrada a pressão em todo o sistema. Todos estes componentes representam 44 soldas de grande diâmetro, que começam pelas raízes com tig e terminam na superfície da tubulação com eletrodo de cardo. As 44 soldas são de ma-terial dissimilar, isto é, parte em austenítico e parte em ferrítico.

EquipamentosAs atividades de soldagem

estão associadas às de mon-tagem eletromecânica e, se-gundo Mattos, as empresas prestadoras destes serviços

são as responsáveis por suas realizações. Elas somente se relacionam com a Eletronu-clear após a seleção através de um processo público licitatório. Sobre o mercado nacional de soldagem, o chefe do Es-critório de Obras da estatal informou que as empresas prestadoras desses serviços ainda não foram contratadas, já que segundo o planejamen-to estabelecido para Angra 3, só aproximadamente no vigésimo mês após o início da construção é que se fará ne-cessário o início da montagem.

Ainda de acordo com a Eletronuclear, na maioria das vezes, pelas suas peculiari-dades, os equipamentos de soldagem são importados dos Estados Unidos. Grande parte dos equipamentos, no entanto – os principais componentes mecânicos da usina, a chamada “ilha nucle-ar” – também já foi adquirida no mercado internacional e encontra-se em perfeitas condições de uso para permi-tir uma operação confiável e segura. Os equipamentos são os mesmos utilizados nas mais recentes unidades construídas na Alemanha (da série Konvói). Segundo a Eletronuclear, para manter esses equipamen-tos em condições adequa-das, em depósitos especiais, são desembolsados cerca de US$ 20 milhões por ano.

Sobre o combustível nuclear novo, Mattos explicou que ele é armazenado em um ambien-

Vaso do reator fabricado na Nuclep, no Rio de Janeiro

Foto Agência Petrobras Geraldo Falcão

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aNGRa 3 pROGRama nuCleaR BRaSileiRO DeSlanCha

te seco dentro de um compar-timento comum da usina, pois não é radioativo. Já o combus-tível usado é normalmente armazenado em tanques de água, ficando submerso por cinco anos para o decaimento do calor residual.

De acordo com a Eletrobrás, o conjunto de atividades já realizadas representa cerca de 30% do total da implantação do empreendimento. Ainda segundo a empresa, para a conclusão de Angra 3 serão necessários investimentos da ordem de R$ 7,3 bilhões, sendo que 70% em moeda nacional e o restante a ser financiado no mercado internacional.

Exigências do IBAMA

O empreendimento que pretende ampliar o uso nu-clear na medicina, adqui-rindo auto-suficiência na produção de radiofármacos, assim como promover a auto-suficiência na produção de combustível terá ainda que cumprir 60 exigências subme-tidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Re-cursos Naturais Renováveis (Ibama). Este ano, o órgão concedeu à Eletronuclear a Licença Prévia ambiental para a realização das obras.

Conforme diz a legislação ambiental, estabelecida em 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), dependem de licenciamento a construção, instalação, am-pliação e funcionamento de

estabelecimentos e atividades que façam uso de recursos ambientais considerados efe-tiva ou potencialmente polui-dores ou capazes de causar degradação ambiental.

De acordo com o Superin-tendente de Licenciamento e Meio Ambiente da Eletronu-clear, Eduardo Grand Court, a empresa já encaminhou ao Ibama as respostas referentes às condicionantes que tinham prazo de 60 a 90 dias a partir de julho de 2008.

Em outubro, foram en-viados os planos de ação às condicionantes de 120 dias, o Projeto Básico Ambien-tal (PBA) e todos os itens

obrigatórios necessários ao requerimento da Licença de Instalação (LI) – afirmou.

Ainda de acordo com Eduar-do Grand Court, existem condi-cionantes obrigatórias a serem atendidas para a solicitação da Licença de Instalação (LI) e ou-tras que deverão ser atendidas para a solicitação da Licença de Operação (LO). Quanto à LI os prazos são de 60, 90 e 120 dias a partir da data de emissão da Licença Prévia.

Assim como o desenvol-vimento da energia nuclear operacional, outra preocupa-ção da estatal está relacionada com o meio ambiente, ponto comum em discussões em

Rejeitos de baixa e média atividade são armazenados em tonéis

Foto Agência PetrobrasGeraldo Falcão

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43 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

Empresa Destaque

Medidas permanentes protegem a saúde e garantem a segurança

todo o mundo. De acordo com Court, uma das condi-cionantes da LP exige a reali-zação do projeto de educação ambiental com atividades de conscientização, com a finali-dade de acabar com a pesca de arrasto e propor novas atividades pesqueiras. A Ele-tronuclear deverá ainda cons-cientizar a população sobre a importância dos ecossistemas de mangues, restingas e Mata Atlântica, realizar obras de sa-neamento no município, além de detalhar todos os conte-údos e estratégias didático-pedagógicas do Programa de Educação Ambiental.

Eduardo Court explicou que a Eletronuclear elaborou um programa de educação ambiental para atender à população próxima à usina. Ainda de acordo com a em-presa, este é um programa permanente de esclareci-mento do Plano de Emergên-cia que deverá estabelecer medidas para proteger a saúde e garantir a segurança dos trabalhadores das usinas e da população do entorno, com atividades que são de-senvolvidas em parceria com a Defesa Civil e a Prefeitura de Angra dos Reis. Além disso, a empresa conta, ainda, com três Centros de Informações: um localizado próximo às usinas, outro na cidade de Angra dos Reis e um terceiro no município de Rio Claro.

A Eletronuclear afirma que, nestes locais, são feitas ex-

posições permanentes sobre o assunto, filmes e folhetos educativos que explicam como é gerada a energia elétrica nos reatores nucleares, assim como os cuidados tomados pela estatal com relação ao meio ambiente e, também, com as comunidades vizinhas.

– Neste programa envol-vemos as escolas locais e as comunidades vizinhas ao empreendimento, sempre com a finalidade de explicar de forma simples e clara o objetivo do empreendimento e tudo o que está e será reali-zado – afirmou Court.

Rejeitos e segurançaUma das 60 exigências

impostas pela Ibama fica por conta do depósito definitivo dos rejeitos. De acordo com

a estatal, os rejeitos de média e baixa atividades são acon-dicionados em embalagens metálicas, testadas e qualifi-cadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e transferidos para o depósito inicial, construído no próprio sítio da Central Nuclear.

A Eletronuclear informa que este depósito é permanente-mente controlado e fiscaliza-do por técnicos em proteção radiológica e especialistas em segurança da empresa. Já os elementos combustíveis usa-dos, que constitui o rejeito de alta atividade, são colocados dentro de uma piscina no interior das usinas, um depó-sito intermediário de longa duração, cercado de todos os requisitos de segurança exigi-dos pela CNEN.

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complexo siderúrgico está sendo construído em área de 9 km², no Distrito Industrial de

Santa Cruz, no Município do Rio de Janeiro. O projeto contempla ainda a constru-ção de um porto com dois terminais – um responsável pelo recebimento de 4 mi-lhões de toneladas/ano de carvão mineral e outro pelo escoamento da produção de 5 milhões toneladas/ano de placas de aço.

Quando estiver em ple-no funcionamento, no final de 2009, a Thyssen Krupp CSA Siderúrgica do Atlân-tico destinará toda sua produção ao mercado ex-terno, o que representará um volume suficiente para

Empresa destaque COmplexO SiDeRúRGiCO aJuDa a aQueCeR O SeTOR De SOlDaS

elevar em 40% a exportação brasileira de aço.

“O complexo siderúrgico da Thyssen Krupp CSA irá criar novas oportunidades de negócios para muitas empresas brasileiras e ge-rar 3.500 novos empregos diretos e cerca de 14 mil indiretos”, disse Leonardo Muniz, Gerente de Controle

de Qualidade da TKCS.Com relação à demanda

de soldagem, Muniz revelou que é bem distribuída nas diversas áreas do projeto e que “as principais áreas que utilizam processos de soldagem são o alto forno, a aciaria, os dutos de inter-conexão, a termelétrica e a coqueria”.

Segundo o Gerente de Controle de Qualidade da empresa, as principais ativi-dades de soldagem do com-plexo envolvem estruturas metálicas, equipamentos e soldagem de tubulação. Dentro destas atividades são utilizados diversos processos, desde os mais simples como eletrodo revestido, passando também por processos Tig e semi-automáticos até pro-cessos de grande sofisticação como soldagem mecanizada com arame metalcored, sol-dagem orbital e soldagem por processo aluminotérmico.

Empregos e capacitaçãoNa fase de construção, o

projeto está criando 20 mil empregos diretos. Outros

A ThyssenKrupp CSA Siderúrgica do Atlântico é o maior investi-mento privado já realizado no Brasil nos últimos 10 anos, no valor total de € 4,5 bilhões. Seu principal acionista, a ThyssenKrupp Steel, um dos maiores produtores de aço na Alemanha e no mundo, participa do empreendimento com 90% do total dos recursos, e a Vale do Rio Doce, que será responsável pelo fornecimento do minério de ferro, com os restantes 10%.

O

“”O complexo siderúrgico

CSA vai criar oportunidades de negócios e 3.500 novos empregos

diretos

Aço tipo e xportaçãoinvestimentos no Brasil

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45 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

O projeto contempla ainda a construção de um porto para receber carvão mineral e escoar placas de aço

3.500 trabalhadores, recru-tados preferencialmente na Zona Oeste do Rio e muni-cípios vizinhos ao empre-endimento, estão sendo contratados para a fase de operação da siderúrgica. Em se tratando de empregos indiretos esses números po-dem até quadruplicar.

“A mão-de-obra para sol-dagem não é contratada diretamente pela TKCSA, por se tratar de contratos EPC. Entretanto nossos fornece-dores têm relatado grande dificuldade para encontrar mão-de-obra qualificada. Até o momento recrutamos

diretamente do mercado de trabalho”, disse Muniz.

No caso dos profissionais utilizados pela TKCSA para inspeção de soldagem, o gerente ressalta que todos são qualificados pelos órgãos FBTS/ABENDE e SEQUI. “A TKCSA possui, no seu depar-tamento de qualidade, pro-fissionais como Inspetores de Solda N1 e N2, inspetores de LP (Líquido Penetrante), PM (Partícula Magnética) US (Ultrassom) RX (Raio X) e Inspetores Dimensionais”, acrescentou.

A influência do complexo siderúrgico, mesmo na fase

PoR PRiSCiLA Aquino Thyssen Krupp CSa

“ ”A mão-de-obra para

soldagem não é contratada diretamente por se tratar

de contratos EPCleOnaRDO muniz

Gerente de Controle de Qualidade da TKCS

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Aço tipo e xportação

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46 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

Empresa destaque COmplexO SiDeRúRGiCO aJuDa a aQueCeR O SeTOR De SOlDaS

atual de implantação, já se estende pela Região Metro-politana do Município do Rio de Janeiro e pela Região Sul Fluminense, com vocação para a indústria metal-mecâ-nica. Na fase operacional, os empregados da TKCSA serão basicamente brasileiros – o número de expatriados será

inferior a 100. De acordo com Muniz, a

tecnologia usada no com-plexo é 90% externa, mas a maior parte da mão-de-obra é nacional. “Na fase atual de construção do complexo siderúrgico da ThyssenKru-pp CSA, há mais de 22 mil operários trabalhando no

canteiro de obras da em-presa. A TKCSA firmou com-promisso com o governo do Estado do Rio de Janeiro de desembolsar, durante a fase de construção, US$ 500 milhões em aquisições e contratações no Estado. Esse valor foi amplamente superado e já ultrapassou a cifra de R$ 2,2 bilhões. No Brasil, as compras de servi-ços e equipamentos deverão atingir R$ 4 bilhões, aproxi-madamente”, explicou.

Sobre a demanda específi-ca para o setor de soldagem, Leonardo Muniz afirma que os funcionários estão sen-do recrutados conforme o planejado. “A construção do complexo portuário está bas-tante adiantada e a etapa de construção e montagem de equipamentos em diversas áreas já foi iniciada. Atual-mente estamos no momento de “pico” da obra. Funcioná-rios têm sido recrutados con-forme planejado (para a fase de operação serão gerados 3.500 empregos diretos) e o treinamento de engenheiros e técnicos com experiência em atividade siderúrgica está em andamento”, disse.

Segundo ele, para a fase restante da obra, que será concluída no final de 2009, podem vir a ser necessários cerca de 500 profissionais da área de soldagem (soldadores, supervisores e assistentes).

Com o objetivo de garantir a disponibilidade de mão-de-

Foto Agência Petrobras

Detalhe da obra de construção do complexo siderúrgico

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47 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

Thyssen Krupp

obra para a operação e ma-nutenção da siderúrgica, foi firmada, em abril de 2007, parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN – para a formação de 1.500 trabalhadores. Trata-se do maior convênio já assinado pelo Senai-RJ com uma em-presa privada, atingindo o valor total de R$ 10 milhões. O processo seletivo deu prio-ridade a moradores da região próxima à siderúrgica.

A ThyssenKrupp CSA Com-panhia Siderúrgica construi-rá ainda uma Escola Técnica

em Itaguaí para atender às comunidades próximas, com capacitação voltada para as principais demandas das indústrias da região. A escola funcionará como um centro de excelência onde, futuramente, o Senai poderá também desenvolver cursos adequados à demanda de mão-de-obra da região.

Meio Ambientee responsabilidade social

O projeto da TKCSA foi desenvolvido para atender e superar as exigências es-tabelecidas pela legislação

ambiental aplicável. Ques-tões como a preservação de 1,5 milhão de m² da área de mangue junto à linha de costa do terreno e a opera-ção de dragagem necessária à construção do terminal portuário foram discutidas. Quanto ao nível de emissões atmosféricas, geração de efluentes e resíduos sólidos etc., os sistemas de contro-le previstos no projeto são similares aos existentes nas usinas da ThyssenKrupp Steel na Alemanha e atenderão aos limites definidos na Licença de Instalação (LI). O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) visaram os impactos socioeconômicos nas regiões vizinhas.

Serão realizados investi-mentos como o reaparelha-mento do Hospital Pedro II, localizado em Santa Cruz, e o reequipamento de unidades locais do Corpo de Bombeiros. Novas instalações e melhores condições de trabalho para os pescadores da região também estão nos planos com a mon-tagem de um entreposto de venda de pescados, evitando-se os custos com atravessado-res; a construção de um cais, alfabetização de pescadores adultos e desenvolvimento de piscicultura marinha. Também serão realizados investimen-tos para a auto-sustentabili-dade das comunidades locais com cursos para aumento da empregabilidade.

Vista aérea do canteiro de obras da Thyssen Krupp CSA

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Formaçãode valor

FBTS maiS inTeGRaçÃO COm a aCaDemiaFoto Divulgação nuclep

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49 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

o lado dos professores Mi-guel Luiz Ribeiro Ferreira, Sérgio Souto Maior Tava-res e Juan Manuel Pardal,

ele falou sobre “Soldagem: Desafios para a Indústria da Montagem”.

Para Marcelo Maciel, esta aproximação com o público universitário retrata uma nova filosofia da FBTS e só vem a

a carreira de cada um deles. O Professor Miguel Luiz

Ribeiro Ferreira considera a parceria entre a FBTS e a Universidade fundamental e lembra que sempre incentiva os seus alunos a conhecer mais a fundo a disciplina de soldagem, com a intenção de preparar novos profissionais de mecânica com enfoque cada vez mais prático. “Tam-bém faço parte do Centro de Excelência em EPC e sempre que posso converso com os alunos sobre os benefícios da especialização”, conta.

O Professor Sérgio Souto Maior só vê vantagem em somar forças com a FBTS. Ele assume que faz propaganda, mesmo, dos cursos oferecidos pela instituição. A intenção é preparar cada vez mais profis-sionais habilitados e prontos para o mercado de trabalho. Daí o interesse crescente dos alunos, que perguntaram, entre outras coisas a Marcelo Maciel, sobre os custos dos cursos e certificação e a con-cessão de bolsas de estudo para alunos carentes. Maciel fez questão de frisar que, ape-sar de não haver um programa de concessão de bolsas, cada caso de solicitação é analisado por uma comissão da Funda-ção. “É claro que podemos conceder alguns benefícios

O dia 3 de dezembro de 2008 vai ser lembrado por muito tempo pelos alunos de Engenharia da Universidade Federal Fluminense – UFF – que participaram do II Workshop sobre Diagnóstico e Planejamento do Setor Produtivo Naval / Offshore. A mesa-redonda que abriu a tarde de palestras e debates contou com a participação do Superin-tendente Executivo do Departamento de Cursos e do Departamento de Gestão Tecnológica da FBTS, Marcelo Maciel Pereira.

A

Marcelo Maciel Pereira, superintendente executivo de cursos da FBTS

Desenvolvimento técnico

Foto Joberto Andrade

Fundação fala às universidade sobre os novos horizontes para os profissionais da área de soldagem

somar para a indústria, pois a formação profissional é pri-mordial para garantir mão-de-obra de qualidade para o País. Maciel falou sobre a instituição como um todo e as profissões de Inspetor de Soldagem e Engenheiro de Soldagem. Ele despertou total interesse dos alunos, mostrando os benefí-cios que a certificação traz para

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pontuais a estudantes que vemos que têm potencial e não possuem capacidade financeira de custear a for-mação necessária. Mas para isso, precisamos estudar caso a caso”, adianta.

A chefe do departamen-to de Engenharia Mecânica da UFF e organizadora do Workshop, professora Fabiana Rodrigues Leta, lembra que há carência de inspetores e solda-dores, e que esta é uma área fundamental para a indústria Naval / Offshore e Petróleo e Gás. Para ela, o representante da FBTS foi muito feliz em sua palestra e soube prender a atenção de todos: “Ele trouxe o ponto certo do que os alu-nos e a Universidade queriam ouvir. Sabemos que temos

Desenvolvimento técnico maiS inTeGRaçÃO COm a aCaDemia

na universidade, perdemos a capacidade de disseminar es-tas informações. Aqui estamos junto a pessoas que precisam ver que essa aproximação é de fundamental importância. Elas é que vão disseminar o conhecimento”, acredita.

Marcelo Maciel, da FBTS, frisa que um dos desafios para a indústria, hoje, é a formação de Recursos Hu-manos. A palestra mostrou exatamente esta necessida-de, onde os atores possam atender a este desafio. A Uni-versidade, particularmente a UFF, participa do Centro de Excelência em EPC, que é um fórum onde as empresas dis-cutem problemas e soluções, e a FBTS é um dos destaques. Ele lembra que a Universi-

Foto Joberto Andrade

“ ”Só vejo vantagem em

somar forças com a FBTS. Faço propaganda, mesmo, dos cursos oferecidos pela

instituição

pROFeSSOR SéRGiO SOuTO maiORUniversidade Federal Fluminense

Foto Joberto Andrade

“ ”Há carência de inspetores e soldadores, e esta é uma área fundamental para a

indústria Naval/Offshore e Petróleo e Gás

pROF. FaBiana RODRiGueS leTaChefe do dep. de Engenharia Mecânica da UFF

um papel de formação e que os estamos preparando para terem empregabilidade com a formação desejada. O mer-cado de trabalho é promissor e precisa de mão-de-obra especializada, especialmente de pessoas com formação em engenharia, exatamente o público que participou do workshop”, lembra.

Ela explicou que esta é a segunda edição deste evento, que é fruto de um projeto financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pelo CNPq, coordenado por ela. O programa visa a fazer um diagnóstico do setor Naval / Offshore, em Niterói e muni-cípios vizinhos. Ela conta tam-bém que está ampliando esta pesquisa para toda a região em torno do Comperj e do Conlest (Consórcio Intermunicipal do Leste Fluminense), tentando averiguar o que as indústrias estão precisando nas áreas tecnológica e de engenharia, especialmente Naval / Offsho-re e Petróleo e Gás. O projeto tem duração de três anos e começou no ano passado.

Marcelo Napolião, Enge-nheiro de Equipamentos da Petrobras, que também par-ticipou da mesa-redonda, acredita que a oportunidade de aproximar os alunos das grandes empresas e entidades, como a FBTS e a própria Petro-brás, faz abrir caminhos para todos eles: “Este é o grande centro de formação, e acredito que se não estivermos aqui,

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51 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

dade gera conhecimento, e a FBTS possui uma atuação focada no mercado. De acor-do com o Superintendente, existe um esforço da FBTS para diminuir o GAP entre conhecimento ministrado na sala de aula e o conheci-mento necessário ao bom desempenho profissional. Um dos principais desafios é atuar neste meio, trazendo provocações, monitoramen-to, prospecções do que está sendo pesquisado lá fora, o que está sendo feito aqui no Brasil e o que é necessário no dia-a-dia do profissional: “Essa foi a motivação prin-cipal de estarmos perto dos universitários para a dimi-

Desenvolvimento técnico

soldagem deve ser incentiva-da como tema de mestrado e doutorado, e a FBTStem gran-de interesse nesta questão para o preenchimento das lacunas técnicas”, conta ele.

Maciel diz também que o desafio atual é oxigenar o mercado com alunos de en-genharia para preenchimento deste GAP. Ele explica que é preciso atender às empresas com mão-de-obra específica. Para estas pessoas, a empre-gabilidade é muito alta, mas todos precisam passar por processo de certificação com bom desempenho e manter-se certificado, consolidando-se como bom profissional e sempre atualizado.

nuição destes gargalos para a produção. O departamen-to de cursos tem uma idéia forte de aproximação com vários cursos. A necessidade de Recursos Humanos é real em vários níveis. Tanto em nível de inspeção, como de prós-graduação e de soldador também. A FBTS atua histori-camente na formação de ins-petores de soldagem e vem buscando uma aproximação com a universidade, como foi feito com a USP para o MBA em soldagem. A fundação está buscando a parceria com as universidades para atuar junto à Engenharia e nos cur-sos de pós-graduação, com Engenheiros de Soldagem. A

A UFF está realizando uma pesquisa na região em torno do Comperj para detectar as necessidades de mão-de-obra

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oje, ele é o mais moderno centro de certificação, qualificação e inspeção de engenharia do País.

Foi lá que tudo começou. A FBTS aplicou no SEQUI o primeiro treinamento para inspetores de soldagem, ob-jetivando a qualificação dos profissionais e a prevenção de problemas que podem acon-tecer durante a produção. O SEQUI foi o primeiro Centro de Qualificação de Pessoal brasileiro e, em 1994, o pri-meiro órgão da Petrobras a obter a certificação ISO9002, na atividade de qualificação de Ensaios Não-Destrutivos e, em 1999, em Pintura Indus-trial. Em 2004, o SEQUI obteve a certificação ISO 9001:2000 para todos os seus processos

de certificação de pessoal e assessoria técnica. O prédio de São José dos Campos (SP) tem amplo laboratório para atender os processos de certi-ficação de pessoal, treinamen-tos da Universidade Petrobras e, diariamente, candidatos de toda parte do Brasil chegam às suas instalações para as provas de qualificação.

De acordo com Wilson do Amaral Zaitune, Engenheiro Consultor do SEQUI, a criação da FBTS aconteceu pratica-mente em paralelo ao Centro. “Existem outros centros de qualificação, como o Senai, no Rio de Janeiro, mas a parceria FBTS e SEQUI é que deu início a toda esta movimentação em torno da qualificação profissio-nal”, conta. Ele lembra que se

Mais de 58 mil exames aplicados, 13 mil só para inspetores de soldagem. Sem dúvida, números impressionantes para qual-quer instituição, mas neste caso, trata-se do SEQUI – Setor de qualificação industrial da Petrobras, sediado em São José dos Campos, São Paulo. São quase 30 anos de atuação, e a sua história se funde com a da própria FBTS. Sua importância para o desenvolvimento da indústria nacional é inegável.

H

SEQUi Petrobras paRCeRia anTiGa RenDe FRuTOS aTé hOJe

Wilson do Amaral Zaitune, Engenheiro

Qualidade Pioneirismo certificando

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53 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

QUaLiDaDE

Qualidade

não fosse o sistema criado pelo trinômio FBTS/SEQUI/Senai, não haveriam profissionais habilitados hoje no mercado. “Este é o Sistema Nacional de Qualificação de Pessoal em Soldagem. Ele é de vital importância para o País, pois as pessoas que treinamos não ficam restritas a apenas uma empresa. A criação da norma nacional NBR 14842 foi a prova disso, pois tornou oficial o tra-balho que já era desenvolvido por nós e pela FBTS”, detalha.

Hoje, existem também outros centros reconhecidos para a aplicação dos exames de qualificação e de recertifi-cação. São os Centros de Exa-me de Qualificação – CEQUAL – espalhados pelo país, além da unidade de São José dos Campos. São eles: CEQUAL/SENAI-CETEC de Solda (Rio de Janeiro); CEQUAL/SEQUI-PB (Paraná); CEQUAL/SENAI-ACR (Contagem, Minas Gerais) e CEQUAL/SENAI-CIMATEC (Salvador, Bahia).

Zaitune lembra que em toda a sua história, o SEQUI desempenhou diversos papéis que demonstraram sua com-plexa atuação no cenário da Petrobras, como a avaliação da competência técnica dos especialistas que atuam no se-tor de petróleo, gás e energia; suporte ao desenvolvimento de novos centros de exames de qualificação e certificação de pessoal e de Sistemas Na-cionais, sempre visando a sua acreditação pelo INMETRO; assessoramento técnico em

fabricação, construção e mon-tagem, para as mais diversas áreas; treinamento da fisca-lização, através de cursos de reciclagem, em parceria com o departamento de Recursos Humanos da Engenharia. En-tre os outros pontos que ele lembra e dá destaque estão a docência nos cursos de forma-ção na Universidade Petrobras; participação em auditorias de processo e produto nas em-presas contratadas; suporte à atualização das Rotinas de Fiscalização; gerenciamento de projetos de capacitação e certificação do Prominp; su-porte à implementação de em-preendimentos na logística de aquisição e diligenciamento e equipamentos e materiais crí-ticos e o suporte ao processo de normatização da Petrobras.

O consultor frisa que a mão-de-obra certificada pelos Cen-tros da Petrobras está à dispo-sição do mercado como um todo, colocando o Brasil entre os países que possuem pessoal qualificado dentro das áreas de petróleo, gás e energia. Os especialistas do SEQUI já estiveram presentes em, apro-ximadamente, 50 países pres-tando assessoramento técnico para as áreas de abastecimen-to, exploração e produção, transporte marítimo, trans-porte dutoviário, gás e energia, além de demandas ocasionais das unidades de negócio. En-fim, é um Centro de Excelên-cia que exporta profissionais capacitados para trabalhar em diversas partes do mundo.

Fotos Antônio Batalha

PoR PRiSCiLA Aquino

Consultor do SEQUI

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onsciente da importância de se inserir nesse esfor-ço, já que a qualidade da atividade de soldagem

é fundamental para prevenir impactos na natureza, a FBTS deu início a um programa in-terno destinado a transformar as questões ambientais em prá-ticas rotineiras no dia-a-dia de seu quadro de funcionários.

Como primeiro passo, a Fun-dação promoveu uma palestra do professor David Zee sobre “a preocupação ambiental da sociedade e sua inserção nas empresas”. O ambientalista mostrou dados assustadores, que vão exigir uma mudança de hábitos e postura do ho-mem – o principal elemento transformador da Terra. Se-gundo ele, a cada hora nascem

10 mil pessoas no planeta e quatro milhões de toneladas de CO2 são emitidas, ao passo C

que 1.500Ha de florestas são devastados. Por outro lado, o planeta continua do mesmo tamanho e com as mesmas quantidades de água e de ar – elementos fundamentais para a sobrevivência humana.

Sustentando o conceito de que o planeta é um organis-mo vivo, David Zee, em tom apocalíptico, afirma que “para manter a nave Terra navegando no espaço sideral com vida, o homem terá que ajudar – e rápido – antes que tudo aca-be”. Isto porque, a cada dia o planeta tem menos capacidade de ciclagem e de recuperação, com uma população de 6,5 bilhões de habitantes, e cada novo habitante requer alimen-to, abrigo, água e energia para se manter.

Segundo estudos internacio-nais, em 2020 o planeta Terra terá 8 bilhões de habitantes, número este que salta para 10 bilhões em 2046. No início do século XIX (1830), a população não passava de 1 bilhão de pessoas. “E foram necessários mais de dois milhões de anos

Sobreviven ciaO desafio da humanidade é garantir o desenvolvimento sem comprometer a

meio ambiente ReSpOnSaBiliDaDe SóCiO amBienTal

“Realizar o desenvolvimento humano de forma que as futuras gerações também usufruam os mesmos benefícios ambientais do presente”. Este é o conceito de desenvolvimento sustentável e, sem sombra de dúvidas, o maior desafio que a humanidade terá de enfrentar para garantir a continuidade das atividades econômicas de uma forma que não comprometa a sua própria sobrevivência.

“ ”Para manter a nave Terra

navegando no espaço sideral com vida, o homem terá que ajudar – e rápido

DaviD zeeOceanógrafo e Ambientalista

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55 FBTS em ReviSTa Ano 1 - Número 2 - Janeiro / março de 2009

desde a aparição do primeiro hominídeo para que o planeta atingisse este número de ha-bitantes”.

Para que haja sustentabili-dade, é necessário um melhor equilíbrio entre uma atividade economicamente viável (o lu-cro); ecologicamente correta, com a manutenção da identi-dade ambiental; e socialmente justa, ou seja, com respeito humano. “E isso depende de conhecimento e tecnologia (pesquisa), legislação e ordem (regras) e de uma ética ecocên-trica (conduta)”, afirma David Zee. Segundo ele, os empreen-dimentos sustentáveis têm cus-to superior na sua construção, contudo, a curto prazo tornam-se mais econômicos.

O professor falou ainda so-

bre aquecimento global, efeito estufa e Mecanismos de De-senvolvimento Limpo (MDL), que vêm sendo usados para financiar projetos ambientais em países em desenvolvimento e compensar a emissão de car-bono na atmosfera pelos países ditos desenvolvidos.

David Zee falou ainda sobre o novo conceito de “empresa verde”, um sistema adotado pe-

Para que todos os funcionários pudessem participar, a FBTS realizou a palestra do professor David Zee em duas sessões...

A qualidade da atividade de soldagem é fundamental para

prevenir impactos na natureza

Fotos Agência Petrobras Steferson Faria

Foto Alexandre Loureiro

Sobreviven ciaDebateCARLoS eMMiLiAno eLeutéRio

las corporações com o objetivo de promover a inclusão social e o cuidado ou conservação am-biental. Tal conceito pressupõe a criação de metas de redução dos custos com aumento de lucro em função das exigências ambientais legais, relação com a sociedade, prestação de con-tas e transparência das ações e compromisso com o meio ambiente e a sociedade.

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56 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

exilhão integra o Plano de Antecipação da Pro-dução de Gás - Plangás, um dos principais pro-

jetos da Petrobras incluídos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). A Com-panhia Mexilhão do Brasil (CMB), sociedade de propósito específico (SPE) vinculada à Petrobras, assinou no final de 2008 com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um contrato de financiamento de R$ 528 milhões, destinado à constru-ção da Plataforma de Mexilhão 1 (PMXL-1). Considerado como um empréstimo-ponte com vigência durante a fase de construção, a operação poderá

Gás natural O DeSaFiO De explORaR e pRODuziR

geral da Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Santos, José Luiz Mar-cusso, o campo fica a 145 km da costa, onde a profundidade d´água é de 172 metros. O gás natural produzido em Mexilhão será escoado por um gasoduto marítimo até a Unidade de Tra-tamento de Gás “Monteiro Lo-bato” (UTGCA) – que também está em construção –, em Ca-raguatatuba, no Litoral Norte Paulista. Desta unidade, o gás será escoado pelo Gasoduto Caraguatatuba-Taubaté (Gas-tau), com 96 Km, até a rede de malhas já existente, do sistema Campinas / Rio. Este é um sistema novo que entrará em operação já integrado à malha de gás do país. “As obras estão todas adiantadas e respeitan-do o cronograma. A plataforma está praticamente pronta, com 97% da jaqueta finalizada. Ela está no Estaleiro Mauá, no Rio de Janeiro. Quem passa hoje pela Ponte Rio-Niterói, tem

Que Mexilhão é o mais novo campo de Gás Natural a ser explorado pela Petrobras na Bacia de Santos, todos já sabem. Mas, na verdade, é muito mais do que isso. A implantação do Projeto Mexilhão supri-rá parte do mercado da região Sudeste, reduzindo a dependência externa de gás natural para o abastecimento do País.

M

”“

Mexilhão será a maior plataforma fixa da Petrobras

e uma das maiores do mundo, com 227 metros de

altura

Mexilhã oImportância estratégica na busca da auto-suficiência na produção do gás brasileiro

ser complementada por um fi-nanciamento de longo prazo. O novo campo deve operar com a capacidade de produção de nada menos do que 15 milhões de metros cúbicos por dia, o que corresponde a 30% do que o Brasil consome hoje.

De acordo com o gerente-

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como ver a grandiosidade da jaqueta, que vai servir de base para todo o sistema. A PMXL-1 será a maior plataforma fixa da Petrobras e uma das maiores do mundo, com 227 metros de altura, do fundo do mar ao topo, o que corresponde a um edifício de 70 andares, ou para se ter uma idéia, dois edifícios-sede da Petrobrás, um em cima do outro”, conta ele.

Além do gás a ser produzido no campo de Mexilhão, a pla-taforma receberá a produção de gás do projeto Piloto da Área de Tupi, no pré-sal, a ser instalada em 2010. De lá, será escoado para terra pelo gaso-duto que a ligará à planta de gás de Caraguatatuba.

O Engenheiro Naval José Luiz Acciaris, gerente do contrato de construção com o Estaleiro Mauá, e o Engenheiro Mecâ-nico Flávio Amado, gerente de construção e montagem da jaqueta de Mexilhão, contam que a obra repousa sobre o

tripé “tecnologia de solda-gem/controle dimensional/movimentação de carga (ou rigging)”. Na gestão da solda, produtividade e desempenho são fundamentais; o controle dimensional deve ser rigoroso para que tudo se encaixe per-feitamente; e os planos de rig-ging devem ser elaborados de forma que painéis sejam mon-tados no chão e então rolados, içados e instalados em suas po-sições definitivas na estrutura da jaqueta. Desta maneira, a seqüência de montagem sai

Construção da Jaqueta da plataforma de Mexilhão no Estaleiro Mauá

Mexilhã o

perfeita, sem perda de tempo. “Esta é a primeira platafor-

ma construída sem a utilização de Ensaio Não-Destrutivo por Raio X. Estamos substituindo a metodologia por ultra-som automatizado. Já fazíamos isso com dutos terrestres, mas em estruturas offshore é a primeira vez. Optamos por esta técnica, principalmente visando o que-sito segurança, e tudo deu certo até aqui. Acredito, que a partir de agora, isso será uma cons-tante”, conta Flávio Amado.

Ainda de acordo com o

Foto Divulgação Consórcio oSBAt (GDK)

mexilhãoPoR BRunA CAPiStRAno

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cronograma, a plataforma irá para a sua locação no segundo semestre de 2009. O gasoduto marítimo já foi todo lançado em seu trecho mais profundo, e agora está sendo lançado o trecho mais raso. Os 7 km de trecho terrestre do gasoduto fi-cam prontos ainda no primeiro semestre de 2009. A UTGCA – Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba Monteiro Lobato – ficará pronta no início de 2010, junto com o início da produção de gás de Mexilhão.

O projeto como um todo, somando-se as obras maríti-mas e terrestres, têm um or-çamento estimado em mais de US$ 2 bilhões. Só a plataforma, que está sendo construída no Rio, gera no total, 2.500 em-pregos. A UTGCA, que concluiu sua fase de terraplanagem e agora está em estaqueamen-to, gera hoje mil empregos, e a expectativa é de que no segundo semestre de 2009, no pico da obra, mais 1.300 pessoas sejam contratadas. Já o gasoduto Caraguatatuba / Taubaté abriu mais 2 mil postos de trabalho. O gasoduto não faz parte do Projeto Mexilhão, mas vai integrar-se à malha de distribuição de gás do País e irá beneficiar diretamente a produção do novo campo.

Para todo o processo de construção e montagem da jaqueta, participaram 15 inspetores e cerca de 60 sol-dadores, que trabalharam com sistema de bônus por produtividade e aprovação da solda. O sistema deu tão

Gás natural O DeSaFiO De explORaR e pRODuziR

certo que, sendo a meta de reparo aceitável estabelecida para a obra de 2,5%, o resul-tado ficou em torno de 1% apenas.

Hoje, o consumo interno de gás do Brasil beira a casa dos 50 milhões de metros cú-bicos diários. Destes, 30 mi-lhões vêm da Bolívia. Apesar de o Brasil já ter batido esta produção, que seria suficien-te para não ser necessária a importação, parte do produto é consumida pela própria Pe-trobras, em suas plataformas de exploração, sendo reinje-

”“

Para todo o processo de construção

e montagem participaram 15

inspetores e cerca de 60 soldadores

Obra de construção do gasoduto Bolívia-Brasil pelo consórcio Osbat

Maria das Graças Foster, Diretora Gás e Energia da Petrobras

tado nos campos para manter a pressão dos reservatórios ou para produção futura.

A descoberta do Campo de Mexilhão vai reduzir a ne-cessidade da compra de gás, que agora cairá à metade. A diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, afirma que a companhia tem interesse em desenvolver o mercado para consumir o gás que produz, já que essa iniciativa per-mite monetizar as reservas da empresa. Segundo ela, a entrada de novos volumes de gás a partir de 2009 de-pendem não somente da entrada em operação de novos campos, mas também da conclusão dos projetos da área de transporte, como os gasodutos Gastau, Gasan e Caraguatatuba/Taubaté. “Não iremos cometer o erro de vender o que não temos. As decisões são tomadas com racionalidade”, afirmou.

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