fatores que influenciam a definição de um justo recurso de defesa
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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
HEBER GARCIA PORTELLA
FATORES QUE INFLUENCIAM A DEFINIÇÃO DE UM JUSTO
RECURSO DE DEFESA
Rio de Janeiro
2011
HEBER GARCIA PORTELLA
FATORES QUE INFLUENCIAM A DEFINIÇÃO DE UM JUSTO
RECURSO DE DEFESA
Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: CMG (RM1) José Cimar Rodrigues Pinto
Rio de Janeiro
2011
AGRADECIMENTOS
A meu pai, eterno oficial de Infantaria, ex-comandante do 1º Batalhão de Polícia do
Exército e ex-assessor da Presidência da República, exemplo de vida, de
perseverança, de dedicação à Pátria e ao Exército.
Às minhas irmãs, Sandra e Marise (in memoriam) pelo exemplo constante de
integração familiar.
Ao Capitão de Mar e Guerra José Cimar Rodrigues Pinto, meu orientador neste
trabalho, meus sinceros agradecimentos, pela orientação segura e, principalmente,
pela confiança e incentivo dispensados.
Ao Coronel Aviador Carlos Frederico Affonso Sampaio pela disposição em realizar
minuciosa revisão ortográfica e em fornecer subsídios necessários à elucidação de
vários conceitos.
Aos Professores Gustavo Heck e Oscar de Medeiros Junior, Cel Elias Rodrigues
Martins Filho, Engenheiro Marco Antonio Alves, Cel Antônio Marques, Consultora
Legislativa Helena Assaf, pela disposição voluntária em fornecer fontes de consulta
e idéias essenciais ao esclarecimento de inúmeras questões.
Aos estagiários do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia da Escola
Superior de Guerra, colaboradores deste trabalho, pelo fornecimento de preciosas
informações relativas ao tema.
RESUMO
Esta monografia aborda Recurso de Defesa como um dos principais mecanismos
para preservar o mais alto valor de uma sociedade: sua soberania. Discutir
orçamento de defesa, implementando nova metodologia de aplicação,
transformando a avaliação subjetiva em objetiva, a partir de um modelo, trazem
avanços conceituais e práticos para uma gestão pública de mais qualidade. A
pesquisa buscou atender a seguinte questão: é possível criar indicadores, com base
em fatores, que assegurem a definição de um justo recurso de defesa de
determinado país? Para respondê-la, optou-se por criar uma modelagem, auferindo
valores a determinados eventos/situações ligados ao tema. Foram elaborados
diversos questionários destinados a especialistas da área em estudo. A compilação
dos resultados permitiu definir os seis fatores mais relevantes: política externa;
afinidades e antagonismos; capacidade nuclear; recursos naturais estratégicos;
aspectos fisiográficos; e indústria de defesa. Na etapa seguinte, foi construído um
modelo de aplicação, adequando os fatores levantados a eventos concretos,
quantificando-os. Nesta fase, buscou-se reunir os fatores em três grupos,
identificando a Vulnerabilidade Externa do país, a fim de facilitar o entendimento e a
comparação com Recurso de Defesa. Na criação do modelo de análise, foram
realizados vários testes com as variáveis, procurando identificar os
eventos/situações mais prevalentes. Foi utilizado o coeficiente de correlação de
Pearson para verificar qual seria a melhor correlação entre a Vulnerabilidade Externa
e o Verdadeiro Recurso de Defesa dos países. Com o resultado, foi possível
identificar a fórmula da Vulnerabilidade Externa e em conseqüência o valor do Justo
Recurso de Defesa. Foi também apresentado o Índice de Soberania Nacional como
forma de caracterizar, ainda mais, a situação relativa dos 93 países estudados, no
contexto mundial. Tal indicador é resultante de um processo indispensável para o
conhecimento da capacidade da nação, evitando que a mesma sofra reveses que
atinjam sua soberania. Posteriormente, foi apresentada uma breve análise dos
dados apresentados por alguns países, inclusive uma recomendação para o Brasil.
Palavras-chaves: Recurso de Defesa. Vulnerabilidade Externa. Soberania Nacional.
Índice de Soberania Nacional. Orçamento de Defesa.
ABSTRACT
This monograph discusses factors of Defense as a major mechanism to preserve the
highest value a society: its sovereignty. Discuss military expenditure, implementing
new methodology of application, transforming the subjective evaluation in objective,
from a model, conceptual and practical advances bring to a higher quality of public
budget. The research sought to answer the following question: Is it possible to create
indicators, based on factors that ensure the definition of a fair use defense of a
country? To answer it, it was decided to create a model, earning values to certain
events / situations relating to the subject. Several questionnaires were developed for
specialists of the study area. The compilation of the results has identified the six most
important factors: foreign policy; affinity and antagonism; nuclear capability; strategic
natural resources; physiographic; and defense industry. In the next stage was built
an application model, adjusting the factors raised to concrete events, quantifying
them. At this stage, it was jointe the factors into three groups, identifying the country's
external vulnerability, in order to facilitate understanding and comparison with military
expenditure. In creating the model of analysis, several tests were performed with the
variables, trying to identify events / situations more prevalent. We used the Pearson
correlation coefficient to see what the best correlation between the external
vulnerability and the military expenditure. As a result, it was possible to identify the
formula of External Vulnerability and consequently the value of the Righteous
Resource Defense. It also presented the National Sovereignty Index characterize
further the current situation regarding the 93 countries studied in the global context.
This indicator is the result of a process indispensable for understanding the nation's
ability to avoid suffering the same setbacks that meet their sovereignty. It was
presented a brief analysis of data submitted by some countries, including a
recommendation to Brazil.
Keywords: Military Expenditure. External Vulnerability. National Sovereignty. Index of
National Sovereignty.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 Quantificação da Vulnerabilidade Diplomática........................... 49
Quadro 2 Quantificação do Tempo Pregresso de Guerra, ou de Crise Política........................................................................................
49
Quadro 3 Quantificação da Reivindicação de áreas.................................. 50
Quadro 4 Quantificação dos Conflitos Internos, Étnicos e Terrorismo...... 50
Quadro 5 Quantificação da Proximidade de áreas conflituosas................ 51
Quadro 6 Quantificação das Medidas de Confiança Mútua...................... 52
Quadro 7 Quantificação da contribuição em Missões de Paz................... 52
Quadro 8 Quantificação da dissuasão nuclear.......................................... 53
Quadro 9 Quantificação dos Recursos Naturais Energéticos.................... 53
Quadro 10 Quantificação da Indústria de Defesa........................................ 54
Quadro 11 Quantificação da redução dos obstáculos.................................. 55
Quadro 12 Quantificação da distância aos centros de poder....................... 55
Quadro 13 Quantificação da distância dos feixes comerciais e das fontes de recursos naturais estratégicos...............................................
56
Gráfico 1 Dispersão Linear das variáveis Recurso de Defesa e Vulnerabilidade Externa..............................................................
59
LISTA DE TABELAS
TABELA1 Resultado quantitativo da escolha dos fatores............................. 42
TABELA2 Hipóteses de ponderação de variáveis.........................................
57
TABELA3 Vulnerabilidade Externa e Verdadeiro Recurso de Defesa dos países estudados:.........................................................................
58
TABELA4 Vulnerabilidade Externa e Verdadeiro Recurso de Defesa e Justo Recurso de Defesa dos países estudados..........................
60
TABELA5 Índice de Soberania Nacional dos países estudados...................
62
LISTA DE ABREVIATURAS
ADCT
CAEPE
Cel
CMG
ESG
EUA
FA
FMI
IDH
IVE
IVCO
IVPT
IED
ISN
JRD
OEA
ONU
OTAN
PIB
P&D
PROSUB
RM1
RNE
SIPRI
UNASUL
VRD
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia
Coronel
Capitão de Mar-e-Guerra
Escola Superior de Guerra
Estados Unidos da América
Forças Armadas
Fundo Monetário Internacional
Índice de Desenvolvimento Humano
Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa
Índice de Vulnerabilidade Comercial
Índice de Vulnerabilidade Produtivo-Tecnológica
Investimento Externo Direto
Índice de Soberania Nacional
Justo Recurso de Defesa
Organização dos Estados Americanos
Organização das Nações Unidas
Organização do Tratado do Atlântico Norte
Produto Interno Bruto
Pesquisa e Desenvolvimento
Programa de Desenvolvimento de Submarinos
Reserva Remunerada
Recursos Naturais Estratégicos
Instituto Internacional de Estocolmo sobre a Paz (SIPRI em inglês)
União das Nações Sul-Americanas
Verdadeiro Recurso de Defesa
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 12
2 ASPECTOS TEÓRICOS .............................................................................. 17
2.1 PODER ......................................................................................................... 17
2.2 AS CAUSAS DA GUERRA: NO PASSADO, NO PRESENTE E NO FUTURO ....................................................................................................... 20
3 RECURSOS DE DEFESA ............................................................................ 28
3.1 RECURSOS DE DEFESA NO MUNDO ....................................................... 28
3.2 RECURSOS DE DEFESA NA AMÉRICA LATINA ....................................... 29
3.3 RECURSOS DE DEFESA NO BRASIL ........................................................ 31
4 FATORES .................................................................................................... 34
4.1 FATOR FISIOGRÁFICO ............................................................................... 34
4.2 FATOR ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH) ....................... 35
4.3 FATOR RECURSOS NATURAIS ESTRATÉGICOS .................................... 35
4.4 FATOR ÍNDICE DE VULNERABILIDADE ECONÔMICA EXTERNA (IVE) ............................................................................................................. 36
4.5 FATOR AFINIDADE E ANTAGONISMOS HISTÓRICOS ............................. 37
4.6 FATOR POLÍTICA EXTERNA ...................................................................... 37
4.7 FATOR EFICIÊNCIA MILITAR ..................................................................... 38
4.8 FATOR INDÚSTRIA DE DEFESA ................................................................ 38
4.9 FATOR CAPACIDADE NUCLEAR ............................................................... 38
4.10 FATOR MOBILIZAÇÃO NACIONAL ............................................................. 38
5 RESULTADOS, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.................. 39
5.1 RESULTADO E ANÁLISE QUANTITATIVA ................................................. 40
5.2 RESULTADO E ANÁLISE QUALITATIVA .................................................... 42
5.2.1 Fator Política Externa ................................................................................. 42
5.2.2 Fator Eficiência Militar ............................................................................... 43
5.2.3 Fator Capacidade Nuclear ......................................................................... 44
5.2.4 Fator Fisiográfico ....................................................................................... 44
5.2.5 Fator Indústria de Defesa ........................................................................... 45
5.2.6 Fator Recursos Naturais ............................................................................ 45
5.2.7 Fator Afinidade e Antagonismos ............................................................... 45
5.2.8 Fator Índice de Desenvolvimento Humano .............................................. 46
5.2.9 Fator Mobilização Nacional ....................................................................... 46
5.2.10 Fator Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa (IVE) ..................... 47
5.3 RESULTADO ................................................................................................ 47
6 TRANSFORMANDO O SUBJETIVO EM OBJETIVO: CRIANDO UM MODELO ...................................................................................................... 48
6.1 A VULNERABILIDADE EXTERNA ............................................................... 48
6.1.1 Vulnerabilidade Política ............................................................................. 48
6.1.1.1 Vulnerabilidade Diplomática ......................................................................... 48
6.1.1.2 Tempo Pregresso de Guerra, ou de Crise Política ....................................... 49
11
6.1.1.3 Reivindicação de áreas ................................................................................ 49
6.1.1.4 Conflitos Internos, Conflitos Étnicos e Terrorismo ........................................ 50
6.1.1.5 Proximidade de Áreas Conflituosas .............................................................. 51
6.1.1.6 Vulnerabilidade Democrática ........................................................................ 51
6.1.1.7 Medidas de Confiança Mútua ....................................................................... 51
6.1.1.8 Contribuição em Missões de Paz ................................................................. 52
6.1.1.9 Dissuasão Nuclear ........................................................................................ 52
6.1.2 Vulnerabilidade Econômica ....................................................................... 53
6.1.2.1 Recursos Naturais Estratégicos ................................................................... 53
6.1.2.2 Indústria de Defesa ....................................................................................... 54
6.1.3 Vulnerabilidade Fisiográfica ...................................................................... 54
6.1.3.1 Forma do território ........................................................................................ 54
6.1.3.2 Distância aos Centros de Poder Mundial ...................................................... 55
6.1.3.3 Distância dos Feixes Comerciais e das Fontes de Recursos Naturais Estratégicos .................................................................................................. 55
6.2 VERIFICAÇÃO ESTATÍSTICA ..................................................................... 56
6.2.1 O Cálculo da Vulnerabilidade Externa ...................................................... 56
6.2.2 O Cálculo do Justo Recurso de Defesa .................................................... 58
6.2.3 O Índice de Soberania Nacional (ISN) ....................................................... 60
6.2.3.1 Interpretação dos dados da França e Japão ................................................ 63
6.2.3.2 Outros exemplos........................................................................................... 63
7 CONCLUSÃO............................................................................................... 64
7.1 BREVE RETROSPECTIVA ........................................................................ 644
7.2 IMPRESSOES GERAIS E ANÁLISE CRÍTICA ............................................. 66
7.3 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES .......................................................... 66 7.3.1 Ministério da Defesa do Brasil.....................................................................66 7.3.2 Administração Pública.................................................................................67 7.3.3 Meio Acadêmico............................................................................................67 7.3.4 Consideração Final.......................................................................................67
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 68
ANEXO A - LISTA DOS PAÍSES PRODUTORES DE MATERIAL DE EMPREGO MILITAR .................................................................................... 71
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO - CAEPE ................................................. 72
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO - GUSTAVO ALBERTO TROMPOWSKY HECK ................................................................................ 75
APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO - OSCAR MEDEIROS FILHO ................. 79
APÊNDICE D - QUESTIONÁRIO - ELIAS RODRIGUES MARTINS FILHO ........................................................................................................... 83
APÊNDICE E - QUESTIONÁRIO - MARCO ANTONIO ALVES .................. 84
APÊNDICE F - CÁLCULO DO FATOR “F” – FORMA ................................ 86
APÊNDICE G - FATORES ORGANIZADOS POR TIAGO DE CASTRO......87 APÊNDICE H - PLANILHA DO CÁLCULO DA VULNERABILIDADE EXTERNA………………………….......................……………………………….88 APÊNDICE I - PLANILHA DE PONTUAÇÃO DOS EVENTOS DA VULNERABILIDADE POLÍTICA....................................................................91
12
1 INTRODUÇÃO
As relações sociais são marcadas por constantes choques de interesses que
geram desequilíbrios exigindo, por vezes, ações necessárias à retomada do estado
de equilíbrio. Assim, sociologicamente, um choque de interesses, de qualquer
natureza, é compreendido como conflito1.
Apesar das inúmeras demonstrações de belicismo durante todo o século XX
e início do século XXI, diversos países permanecem voltados para o seu ambiente
doméstico, a fim de dar conta da instabilidade política local e da violência social2.
Recursos ou orçamento de Defesa é assunto constantemente discutido por
aqueles que mais dependem dos mesmos, ou seja, pelos militares. A transição deste
debate para a sociedade civil depende fundamentalmente da percepção da mesma
sobre a importância do assunto, induzindo o meio político a adotar ou não ações na
direção de prover os recursos necessários à manutenção de seus objetivos.
Nesse sentido, países são surpreendidos quando se dão conta que não
estão preparados para prover a defesa de seus interesses, quer seja por traçar
objetivos equivocados e inalcançáveis, quer seja por não terem condições de evitar
que outros afetem a sua soberania.
Em algumas nações, este assunto é normalmente tratado sob a ótica de
planejamento de curto prazo, como Política de Governo e não de Estado, perdendo
espaço para assuntos com maior dividendo eleitoral. Em outros, ocorre o oposto,
privilegiando a área militar em detrimento do bem-estar social.
Ou seja, o problema deste trabalho está alicerçado em dois pilares que têm
profunda influência na deflagração das guerras: o descompasso entre as
percepções nos meios civil, militar e político sobre o tema, ocasionando
desequilíbrios internos e externos; e a visão limitada sobre políticas de longo prazo.
Tal situação conduz a desequilíbrios bélicos entre as nações, como conseqüência
da alocação de recursos de defesa equivocada, ora excessiva, ora insuficiente.
"A partir de hoje, assistirei, da arquibancada, a mais um desafio inédito, que o nosso querido Brasil parece disposto a enfrentar: ser a primeira potência mundial a possuir Forças Armadas mal equipadas e muito mal
1 ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (Brasil). Manual Básico: elementos fundamentais. Rio de Janeiro, 2009. v.1, p.48. 2 MEDEIROS FILHO, Oscar. Entre a cooperação e a dissuasão: políticas de defesa e percepções militares na América do Sul. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2010.
13
remuneradas, no entanto altamente motivadas e extremamente competentes, como provam todos os dias, nas mais diferentes missões. Tomara que a experiência continue a dar certo.” Gen Ex Augusto Heleno Ribeiro Pereira em seu discurso de despedida do Serviço Ativo do Exército. Brasilia. 2011.
A questão central deste trabalho é verificar a possibilidade de criação de
indicadores, com base em fatores que assegurem a definição de um justo recurso de
defesa às Forças Armadas. Tudo isso para mostrar um retrato fiel da situação
conjuntural de um país e servindo de alerta aos planejadores das políticas de Estado
e de Governo. Esta é a justificativa do atual trabalho acadêmico, trazendo idéias
para tentar persuadir o meio político e a sociedade quanto à importância em ter
Forças Armadas compatíveis com a estatura político-estratégica da Nação3.
A impossibilidade de uma Nação dispor de poder para alcançar todos os
seus objetivos, defrontando-se com eventuais óbices, explica a necessidade de
avaliação do Poder Nacional4.
A Escola Superior de Guerra, doravante ESG, enfatiza que a avaliação,
ainda que sujeita a erros, é um processo indispensável para o conhecimento da
capacidade do Poder Nacional, permitindo detectar vulnerabilidades e óbices. E
ainda afirma que, embora possua caráter subjetivo, a predominância é de dados
objetivos, passíveis de quantificação5. (grifo nosso).
A ESG afirma que é fundamental conhecer o estado em que se encontra o
Poder Nacional no momento de sua avaliação e prever aquele em que se
encontrará, quando de sua aplicação6. Entretanto, este trabalho não tem por objetivo
avaliar o Poder Nacional de forma abrangente e, sim, identificar alguns fatores mais
específicos que o compõem e que possuam relação direta com o tema Recursos de
Defesa. Subordinado ao anterior, o objetivo específico é direcionado a comparar a
influência de cada um dos fatores na definição dos recursos de defesa.
A hipótese do trabalho seria que esses fatores exercem influências distintas
na definição dos recursos de defesa.
O autor se deparou com um problema logo no inicio dos trabalhos quando
um cientista político sacramentou a seguinte afirmação: "não vejo relação entre
3 De acordo com a ESG (2009, p.41), Estatura Político-Estratégica de uma nação é o conjunto de seus atributos que são percebidos e reconhecidos pelas demais nações, e que definem o nível relativo de sua participação e influência no contexto internacional. 4 Ibid. p. 37. 5 Ibid. p. 38. 6 Ibid. p. 39.
14
recursos de defesa e geopolítica". Naquele momento, o autor lembrou da Guerra do
Canal de Suez, da Guerra do Iraque, da Guerra das Malvinas, da Guerra dos Balcãs,
da recente tensão no Mar da China, entre outras. Lembrou também do atual esforço
brasileiro em disponibilizar recursos para que a Marinha reativasse e finalizasse o
Projeto do Submarino Nuclear, a fim de garantir soberania na exploração do Pré-sal,
existente em sua área de responsabilidade. Não obstante, o presente estudo
ultrapassa questões meramente geopolíticas7, tentando abranger aspectos que
direta ou indiretamente possuem influência na definição dos recursos de defesa de
uma nação.
Para sugerir um novo debate sobre o assunto, este trabalho busca sair do
subjetivismo tendencioso dos discursos políticos, para um enfoque pragmático. O
espaço desta monografia recomenda, logicamente, apenas o inicio de uma
discussão, não sendo finalístico quanto à sua concepção e sujeito a alterações no
longo prazo. A avaliação sugerida é temporal e dinâmica. Temporal porque se refere
à situação atual de cada país; e dinâmica, pois, de acordo com a evolução das
relações internacionais, da ciência e tecnologia e do interesse em recursos naturais
essenciais, tal avaliação deve ser revista e atualizada.
Como o assunto é bastante amplo, a pesquisa se classifica,
predominantemente, como aplicada, com abordagem qualitativa e quantitativa, e de
objetivos exploratório, descritivo e explicativo. Os procedimentos técnicos da
pesquisa, por sua vez, baseiam-se, essencialmente, em bibliográfico e experimental.
Este último é motivado quando são selecionadas variáveis que seriam capazes de
influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a
variável produz no objeto de estudo.
A estruturação metodológica e o procedimento da pesquisa empregada
estão organizados em oito etapas.
A primeira etapa, “a pergunta de partida”, traduz o foco de interesse da
pesquisa e o fio condutor do estudo8, adotando a seguinte questão: é possível criar
7 A geopolítica, por meio de suas escolas determinista e possibilista, estuda a influência da geografia dos estados nas decisões políticas. De acordo com o Instituto de Geopolítica de Munique, “a Geopolítica é a ciência das relações da terra com os processos políticos” (MATTOS, 1975, p.5). Diversas “leis” e teorias geopolíticas influenciaram o meio político. 8 VIEIRA. Danielle Assafin. Em busca da credibilidade do orçamento federal: pesquisa exploratória junto às consultorias técnicas de orçamento da Câmara e do Senado Federal para a melhoria do processo orçamentário da União no Congresso Federal. 142 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.
15
indicadores, com base em fatores, que assegurem a definição de um justo recurso
de defesa a determinado país?
Na segunda etapa, é realizada uma revisão bibliográfica considerando vários
autores, no sentido de identificar as prováveis causas dos conflitos no passado e o
que dizem os analistas sobre as causas dos futuros.
Na terceira etapa, fruto da revisão bibliográfica, são escolhidos os dez
fatores mais relevantes, a critério do pesquisador, dentro das expressões do Poder
Nacional, que, a priori, possuem relação com recurso de defesa.
A quarta etapa culmina com a consecução de uma pesquisa, por meio de
dois grupos de questionários: o primeiro é direcionado a todos os estagiários do
Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE) da ESG 2011, para que os
mesmos opinassem sobre a pertinência da escolha dos fatores levantados na
revisão bibliográfica. O segundo, destinado a atores com notório saber sobre o tema,
a fim de obter opiniões e novas idéias sobre o assunto.
Na quinta etapa, é realizada a análise quantitativa e qualitativa dos dados
levantados, chegando aos seis principais fatores.
Na sexta etapa, é construído um modelo de aplicação, adequando os fatores
levantados com eventos concretos, quantificando-os, transformando o subjetivo em
objetivo.
Na sétima etapa, são realizados vários testes matemáticos e estatísticos,
com base em hipóteses, alterando os valores quantitativos dos eventos concretos,
apresentados na modelagem de aplicação. Noventa e três países foram avaliados,
representando parcela de cada continente/subcontinente, buscando equilibrar a
relação entre países hegemônicos/periféricos. Tudo com o objetivo de encontrar a
melhor correlação entre os fatores levantados e os valores do orçamento de defesa
de cada país em porcentagem de participação do PIB.
Na oitava etapa, são apresentadas as fórmulas da Vulnerabilidade Externa,
do Justo Orçamento de Defesa e do Índice de Soberania nacional, encontradas na
avaliação estatística da modelagem criada.
Toda análise elaborada teve como viés de interpretação a identificação da
Vulnerabilidade Externa que o país possui ao ser estudado determinado fator que
afete a sua soberania.
Dentre todos os fatores levantados, foram escolhidos os seis mais
relevantes, a fim de limitar a pesquisa, e a partir daí, foi verificada a relação de
16
importância entre eles, após avaliação do autor, considerando toda a pesquisa
realizada nas fases anteriores. Tudo isso para cumprir os objetivos geral e específico
do trabalho e confirmar ou não a hipótese levantada.
E por que inicialmente dez e posteriormente seis fatores? A escolha de dez
fatores teve como propósito limitar a pesquisa. A escolha final de seis fatores é
justificada porque este número é intermediário entre realizar uma análise sumária,
envolvendo poucos dados, e, não, retratando a complexidade do assunto, e também
para evitar que o contexto seja por demasiado abrangente, tirando a atenção dos
principais aspectos. Foi um número subjetivamente escolhido pelo autor.
Entretanto, alguns dos 6 fatores são divididos em subfatores para melhor
quantificá-lo.
A monografia foi organizada em cinco seções principais, com exceção da
introdução (Seção 1) e da Conclusão e Considerações Finais (Seção 7).
Na segunda seção, Aspectos Teóricos, foi realizada uma revisão sobre a
dinâmica do Poder, estudadas as causas dos principais conflitos bélicos, de forma
ampla, e, de forma mais específica, os fatores ligados a essas causas. Foram
também estudados aspectos ligados à indústria de defesa, suas características e
principais atores internacionais desse mercado.
Na seção 3, foi analisada a situação da evolução dos Recursos de Defesa
no mundo, por regiões, em especial na América do Sul e no Brasil.
Na seção 4, aspecto central do presente tema, foram apresentados os dez
fatores escolhidos pelo autor ligados às expressões do Poder Nacional, quais sejam:
política, econômica, militar, psicossocial e científico-tecnológica.
Na seção 5, foram realizadas a interpretação e a discussão dos dados
obtidos nos questionários distribuídos, com o objetivo de definir os seis fatores de
maior importância.
Na seção 6, foi criado um modelo de análise, pelo qual quantificaram-se os
eventos, por fator escolhido, transformando o subjetivo em objetivo, a partir de testes
de hipóteses, para se chegar às fórmulas resultantes das aplicações matemáticas e
estatísticas.
Na seção 7, conclusão do trabalho, são apresentadas recomendações e
sugestões, além das considerações finais.
17
2 ASPECTOS TEÓRICOS
Em toda análise conceitual e teórica sobre a dinâmica das relações entre as
nações, fica evidente que a questão central reside no poder. Neste capítulo, será
realizada uma análise crítica sobre o poder potencial, poder efetivo e hiato de poder.
Serão apresentadas as principais causas de guerras passadas e o que se vislumbra
que devem ser os motivadores de novos conflitos bélicos. Será apresentada como
se dá a definição de um recurso de defesa.
2.1 PODER
De acordo com Manual Básico – Volume I – Elementos Fundamentais da
Escola Superior de Guerra (2009), “Poder” se apresenta como uma conjugação
interdependente de vontades e meios, voltada para o alcance de uma finalidade. O
referido manual ainda define como sendo um fenômeno essencialmente humano,
característico de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos já que a vontade é um
elemento imprescindível.
Toda guerra envolve em algum grau a disputa por poder e ela é mais clara
nos conflitos envolvendo grupos políticos que querem tomar o controle do Estado.
A dimensão do “Poder” de um grupo social tem como base o conjunto de
meios à disposição da vontade coletiva9. Nesse sentido, o poder potencial do Estado
assenta-se em uma base material de poder, que é o conjunto dos recursos materiais
de poder. As variáveis freqüentemente utilizadas são população, território, riqueza,
capacitação tecnológica e forças armadas (inclusive capacidade nuclear)10. E o
poder efetivo de um país é a probabilidade real desse país de realizar sua própria
vontade independente da vontade alheia11.
De acordo com Huntington (1996, p, 137), o poder militar tem quatro
dimensões: a quantitativa, representada pela quantidade de homens, armas,
equipamentos e recursos; a tecnológica, demonstrada pela eficácia e sofisticação de
armas e equipamentos; a organizacional, evidenciada pela a coerência, disciplina,
treinamento e moral da tropa e a eficácia dos relacionamentos de comando e
9 ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (Brasil). Manual Básico: elementos fundamentais. Rio de Janeiro, 2009. v.1. p.30. 10 GONÇALVES, Reinaldo. Nota de Aula da Escola Superior de Guerra. Rio de Janeiro, 2011. p. 2. 11 WEBER. Citado por Reinaldo Gonçalves em Nota de Aula da Escola Superior de Guerra. 2011. p. 2.
18
controle; e a societária, que é a capacidade e disposição da sociedade de empregar
a força militar de modo efetivo12. Dessas, a primeira e a segunda são, de certa
forma, passíveis de quantificação. Já a terceira e a quarta dimensões são
provenientes de avaliações com forte viés subjetivo.
De acordo com a ESG, a Expressão Militar do Poder Nacional é a natureza
preponderantemente militar do Poder Nacional, que contribui para alcançar e manter
os Objetivos Nacionais13, fundamentada pelos recursos humanos, território e
instituições militares.
Destacam-se, na avaliação do fundamento recursos humanos, a maior ou
menor amplitude de faixas etárias, dos índices de crescimento populacional, da
higidez, dos níveis de escolaridade, da capacidade de absorção e desenvolvimento
de novas tecnologias, do caráter e do moral nacionais.
Enfatiza a ESG que o território é relevante para a Expressão Militar, porque
nela influi de maneira decisiva e condicionante. A luz de sua situação geopolítica,
destacam-se três aspectos: posição relativa, forma e extensão14. A posição é
definida considerando-se a latitude e longitude, a maritimidade e a continentalidade,
a situação relativa no globo terrestre, no âmbito regional e no contexto dos países
vizinhos (áreas de influência e pressões). Além disso, a proximidade a áreas de
circulação econômica, a fontes de matérias-primas (recursos naturais estratégicos),
aos centros de poder, aos pólos econômicos e de consumo fortalecem o valor da
área15.
No âmbito das Instituições Militares, as Forças Armadas são o componente
essencial da Expressão Militar. Normalmente, compete à Marinha orientar o preparo
e aplicação do Marítimo e preparar e aplicar o Poder Naval. Logicamente, há
variações na importância do Poder Marítimo de acordo com a continentalidade ou
maritimidade de determinado país. Estados insulares, normalmente, orientam grande
esforço para manter seu poder naval adequado à sua situação geográfica. Situação
inversa ocorre com países interiores. O Poder Naval é o componente militar do
Poder Marítimo, compreendendo as forças navais, suas bases, posições de apoio,
12 HUNTINGTON, Samuel. O Choque das Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. Edição de bolso. 13 ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (Brasil). Manual Básico: elementos fundamentais. Rio de Janeiro, 2009. v.2. p. 69. 14 Ibid. p. 70. 15 CASTRO. Op. Cit. p. 38
19
suas estruturas de comando e controle, logística e administrativa16. Dois
componentes aumentam substancialmente o Poder Naval: o navio-aeródromo e a
força de submarinos, especialmente quando possuem propulsão nuclear.
Quanto ao emprego da Força Terrestre, a definição de ameaças, o ambiente
operacional, a pletora de meios de combate e de apoio, o efetivo e sua
operacionalidade, entregam flexibilidade para emprego nos variados níveis de
intensidade de conflitos. O grau de adestramento é conseqüência de intensos
exercícios.
Normalmente, um país utiliza seu Poder Aeroespacial que é a resultante da
integração dos recursos de que dispõe a nação para a utilização do espaço aéreo e
do espaço exterior. A principal característica da Força Aérea é a pronta-resposta17,
sendo imprescindível a prévia existência de diferentes planos operacionais. Meios
tecnologicamente adequados e devidamente operados possibilitam apoiar, em
melhores condições, o esforço terrestre ou marítimo.
As guerras modernas exigem, para o sucesso das operações militares, o
emprego de meios ponderáveis, pertencentes a mais de uma Força Singular, no
quadro de uma integração operacional, logística e tecnológica18. A interoperabilidade
é decorrente da realização freqüente de exercícios militares, busca da padronização
de equipamentos, amplo espectro de interações abrangendo os seguintes sistemas:
logístico, mobilização militar, serviço militar, tecnológico militar, defesa territorial,
operações estratégicas e informações militares estratégicas19.
Apesar do esforço dos organismos e agências internacionais em evitar a
proliferação de armas atômicas, países possuidores de artefatos nucleares possuem
grande vantagem para garantir sua soberania ou projetar o seu poder. O poder
dissuasório das armas nucleares é definitivo. Estados Unidos, Inglaterra, França,
Rússia, China, Israel, Índia, Paquistão e, possivelmente, Coréia do Norte possuem
este tipo de armamento. E, ainda, os países que estão desenvolvendo grandes
esforços para obtê-los são Irã e possivelmente Argélia20.
16 ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA. Manual Básico. Volume II. p. 74. 17 Idem. p. 75. 18 Ibid. p. 78. 19 Ibid. p. 79. 20 HUNTINGTON. Op Cit. p. 37.
20
De acordo com o relatório 2011 do Instituto SIPRI21, o número total de ogivas
nucleares chega a 20530, assim distribuídas: EUA – 8500; Rússia – 11000; Reino
Unido – 225; França – 300; China – 240; Índia – entre 80 e 100; Paquistão – entre
90 e 110; Israel – 8022.
2.2 AS CAUSAS DA GUERRA: NO PASSADO, NO PRESENTE E NO FUTURO
A origem do conflito está no próprio indivíduo. Todas as situações de conflito
são antagônicas e perturbam a ação ou a tomada de decisão por parte da pessoa ou
de grupos. Assim, sociologicamente, um choque de interesses, de qualquer
natureza, é compreendido como conflito, e quando ele envolve o emprego de
armamento, o enfrentamento é entendido como conflito armado23.
Um paradigma amplamente articulado se baseava na pressuposição de que
o fim da Guerra Fria representava o fim dos conflitos significativos na política global
e o surgimento de um mundo relativamente harmônico. O maior defensor desse
paradigma foi Francis Fukuyama, em sua obra “O Fim da História”. Na época,
questionou-se a necessidade de uma nação possuir Forças Armadas e gastar com
elas na compra de armamento, equipamentos e gastos de pessoal e manutenção. O
momento de euforia com o fim da Guerra Fria gerou uma ilusão de harmonia, que
logo se viu não passar disso24.
Freqüentemente, é difícil distinguir as causas reais de uma guerra, suas
justificativas e discursos adotados pelos atores envolvidos, sendo mascarada a sua
verdadeira motivação.
A conquista e a posse soberana de territórios foram determinantes nas
guerras de outrora. Em passado recente, o conflito conhecido como Guerra das
Malvinas demonstrou que disputas territoriais podem levar ao confronto. Avaliações
geopolítica e militar equivocadas por parte da Argentina induziram à ilusão de vencer
o inimigo inglês melhor preparado e equipado. A deficiente mobilização nacional, o
insuficiente suporte da indústria de defesa e a planificação militar limitada,
menosprezando a capacidade do inimigo, estão entre as principais causas do
fracasso argentino.
21 Instituto Internacional de Estocolmo para Pesquisa sobre a Paz (SIPRI em inglês). 22 Disponível em http://www.sipri.org/yearbook/2011/07 (tradução nossa). 23 Ibid. 24 HUNTINGTON. Op. Cit. p. 141.
21
Entretanto, na atualidade, esse tipo de conflito é menos freqüente, devido,
em parte, ao desenvolvimento do direito internacional e à criação de instâncias
jurídicas que passaram a regular os contenciosos territoriais25. O respeito ao direito
internacional, participação ativa em organismos internacionais, o acatamento às
normas consagradas de respeito à autodeterminação dos povos, a não-ingerência
em assuntos internos de outras nações e a participação em missões de paz, por
exemplo, contribuem para uma agenda positiva da política exterior de um País. Tal
atitude minimiza situações conflitantes, antagonismos e desconfianças diversas,
além de agregar afinidades.
Algumas das guerras revolucionárias são consideradas como tendo causa
principal o confronto entre classes sociais, como nos casos da Revolução Gloriosa,
na Inglaterra, Revolução Francesa e Revolução Russa. Estas motivações podem
ocorrer em conjunto ou separadamente.
A maior parte das guerras envolve questões econômicas, que vão desde a
posse de bens ou riquezas até o controle de recursos econômicos estratégicos.
Pode ter por objetivo a conquista de territórios, mercados, o controle da produção de
bens estratégicos, ou a eliminação de sistemas político-econômicos competidores
rivais. Por isso, a geopolítica estuda os mais relevantes aspectos da situação e
recursos de um país, com vistas à determinação de sua posição relativa na política
mundial26.
O Estado agressor é orientado por uma lógica industrial-financeira. A
chamada “Guerra por Recursos Naturais” ganhou mais importância após a recente
invasão do Iraque, em 2003, pelos Estados Unidos da América. O discurso inicial do
governo norte-americano sobre a causa da referida invasão seria uma suposta
posse de armas de destruição em massa por parte do Iraque. Após inspeções
realizadas, tal afirmativa não se confirmou.
De acordo com Costa27, o paradigma do petróleo não mudou. A questão
energética é, e continuará sendo, o centro das discussões mundiais, e o petróleo
25 HECK, Gustavo. A Guerra do Futuro. Disponível em http://reservaer.com.br/est-militares/guerras-do-futuro.html. Acesso em 30 jul. 11. 26 CASTRO, Therezinha. Geopolítica: princípio, meios e fins. Rio de Janeiro: Colégio Pedro II. 1986. p. 29. 27 Professor Darc Costa, em conferência proferida na Escola Superior de Guerra, em 06 de abril de 2011.
22
ainda é a principal fonte de fricção estatal. Silva28 finaliza: “este bem – o petróleo -,
dadas as suas especificidades econômicas e estratégicas (uso universal; larga
dependência dos grandes centros consumidores; grande concentração da produção
em áreas instáveis do planeta etc.), permite-se a uma série de fortes manipulações”.
E prossegue a afirmar que “praticamente nenhum outro artigo do comércio mundial
possui características similares, para efeito de comparação, com o petróleo e o gás
natural”. E o comandante da Marinha do Brasil, em 2004, afirmou que “toda riqueza
acaba por se tornar objeto de cobiça, impondo ao detentor o ônus da proteção”29.
De acordo com Soares (2010, p. 49), o controle de acessos às fontes
petrolíferas esteve na raiz do problema na Guerra do Canal de Suez. Expirado um
acordo de 1936, entre Grã-Bretanha e Egito, o presidente egípcio nacionalizou o
referido canal, impedindo que navios israelenses ali navegassem.
Notícias recentes indicam crescente tensão no Mar do Sul da China, após
Pequim ter questionado o respaldo de Washington aos países do sudeste asiático,
em especial Filipinas e Vietnã, que reivindicam a passagem pelo local30. O Mar da
China Meridional abrange 3,3 milhões de quilômetros quadrados e é uma das rotas
marítimas de maior tráfego, porque liga o Pacífico ao Índico e abriga as ricas ilhas
em recursos naturais, como as Paracel e as Spratly31.
E, ainda, o Instituto Lowy32 advertiu que há um crescente risco de que os
incidentes marítimos envolvendo a China desencadeiem uma guerra na Ásia, o que
poderia envolver também os Estados Unidos e outras potências: "conforme crescem
o número e o ritmo dos incidentes, cresce também a probabilidade de que um
episódio chegue a um confronto armado, a uma crise diplomática ou, possivelmente,
até a uma guerra"33. Tal incidente coincide com a viagem inaugural de teste do
primeiro porta-aviões da China.
28 Professor Francisco Carlos Teixeira da Silva em A Geopolítica Mundial do Petróleo. Rio de Janeiro. 2004. 29 CARVALHO, Roberto de Guimarães. A outra Amazônia. Jornal Folha de São Paulo, de 25 fev. 2004. Apud HECK em palestra proferida na Escola Superior de Guerra em 20 jun. 2011 30 "Ainda que sejamos um país pequeno, estamos prontos para nos defender de qualquer ação agressiva", disse o chanceler filipino Albert del Rosario procurando dissuadir o governo chinês. Disponível em: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5206147-EI8141,00-EUA+e+China +discutem+crescente+tensao+no+Mar+do+Sul+da+China.html. Acesso em 10 ago. 2011. 31 Disponível em: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2011/07/19/conflito-do-mar-da-china-meridional-domina-debate-da-asean-em-bali.jhtm. Acesso em 10 ago. 2011. 32 É uma instituição australiana de pesquisa na área de políticas internacionais. Advertência feita em Jun 2011. 33 Disponível em http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/disputas-no-mar-do-sul-da-china-podem-causar-guerra-diz-estudo. Acesso em 13 ago. 2011.
23
Coincidência ou não, este cenário foi descrito por Samuel Huntington34 no
ano de 1996. Apesar de ponderar que uma guerra global que envolva Estados-
núcleos das principais civilizações do mundo como improvável, mas não impossível,
o autor considera que uma guerra como esta poderia surgir da escalada de um
conflito de linha de fratura35 entre grupos de civilizações diferentes, mais
provavelmente envolvendo muçulmanos de um lado e não muçulmanos de outro.
O historiador ainda afirma que “o surgimento da China como potência
dominante na Ásia Oriental e no Sudeste Asiático seria contrário aos interesses
norte-americanos tal como eles foram concebidos através da história”. E, por isso,
vislumbra um cenário bélico entre esses Estados-núcleos e desafia o leitor com o
seguinte questionamento: como seria possível que se desenvolvesse uma guerra
entre os Estados Unidos e a China? Segundo ele, a crise iniciar-se-ia em 2010. No
referido cenário, haveria o envolvimento: de um lado, Estados Unidos, Vietnã,
Rússia, Bósnia, Turquia, Índia e demais países da OTAN; e, de outro, China,
Paquistão, Irã, Sérvia, Argélia e a maior parte do Islã, incluindo emprego, em
pequena escala, inicialmente, de armas nucleares. O referido autor analisa o
problema trazendo à baila diversas questões étnicas, fatos históricos e fatores
geopolíticos, a escalar a crise.
Terras férteis e água podem ser consideradas recursos valiosos em disputa
por grupos rivais, a ponto de deflagrarem guerras civis ou conflitos locais. Concorda
SILVA (2004) que talvez a água possa, no futuro, ser comparada ao petróleo e ao
gás. Mesmo quando a contenda por estes recursos não ocasione diretamente o
conflito armado, em muitos casos, seria determinante para a manutenção da fricção
política.
A imposição de ideais é gerada tanto por fatores isolados (religião, política ou economia) quanto pelo simples fato de considerarem-se superiores aos outros. Neste tipo, normalmente se ataca a cultura de determinado povo ou
34 O autor aborda o tema em seu livro O Choque das Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial. p. 540. 35 Huntington afirma que “as civilizações são as últimas modalidades de tribos humanas e o choque de civilizações é o conflito tribal numa escala mundial. Esse choque assume duas formas. No nível local ou micro, ocorrem os conflitos de linha de fratura entre Estados vizinhos de civilizações diferentes, entre grupos de civilizações diferentes dentro de um mesmo Estado e entre grupos que estão tentando criar novos Estados com os destroços do antigo Estado (União Soviética e antiga Iugoslávia). Os conflitos de linhas de fratura são freqüentes entre muçulmanos e não muçulmanos. No nível global ou macro, os conflitos de Estados-núcleos ocorrem entre os principais Estados de civilizações diferentes. As questões nesses conflitos são as clássicas da política internacional”. Ibid. p. 348.
24
grupo rival, exterminando seus conhecimentos, suas idéias e opiniões sociais36.
Foi um dos motivos do holocausto conduzido por Hitler e mais recentemente
da Guerra dos Balcãs37. O apelo étnico e religioso “justifica” o conflito como um
dever histórico e o passado “fundamenta” a guerra do presente.
Antagonismos deste tipo freqüentemente geram abusos, como o extermínio
de populações inteiras, na forma de etnocídios e genocídios. Sua lógica precede a
lógica da política moderna e do Estado, embora este tipo de justificativa continue
sendo utilizada na atualidade. Dificuldades para analisar a complexidade cultural e
social em determinados conflitos geraram alguns dos maiores desastres
humanitários do século XX, na Guerra Civil em Ruanda.
Fruto de um passivo histórico não resolvido desde a Guerra do Pacífico
(1879-1883), no subcontinente Sul-Americano, Chile e Bolívia romperam relações
diplomáticas em 1978. Tal ressentimento se mantém até os dias atuais. A Bolívia
ainda reivindica uma saída para o oceano Pacífico.
Ressentimentos, como os aqueles sentidos pelos alemães no período pós-I
Guerra Mundial, impulsionaram Hitler a persuadir a Alemanha a um espetacular
esforço de guerra, mobilizando praticamente todo o país. Tal sentimento
transformou-se em vontade nacional, com base na superioridade da sua “raça” sobre
as demais. Apesar de Huntington não considerar a “raça ariana” como uma
civilização38, foi mais uma indicação do poder da ascendência, da religião, do
idioma, dos valores e instituições amalgamados em ressentimentos históricos
cultuados, principalmente, após uma guerra perdida.
O historiador considera, no mundo pós-Guerra Fria, que a maior ameaça da
paz mundial é o choque das civilizações. Ele acredita que as pretensões
universalistas do Ocidente o levam cada vez mais para o conflito com outras
civilizações, de forma mais grave com o Islã e a China, e que uma ordem
internacional baseada nas civilizações é a melhor salvaguarda contra a guerra
36 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra 37 A Guerra dos Balcãs ou Guerra Civil Iugoslava é o nome dado a uma série de violentos conflitos bélicos ocorridos no território da antiga República Socialista Federativa da Iugoslávia entre 1991 e 2001. 38 O autor considera que as principais civilizações contemporâneas são: sínica (chinesa), japonesa, hindu, islâmica, ortodoxa, ocidental, latino-americana e, possivelmente, africana. Considera que o ocidente é a única civilização que tem interesses em todas as outras civilizações ou regiões e tem a capacidade de afetar a política, a economia e a segurança de todas as outras civilizações ou regiões. p.125.
25
mundial39. E, ainda, que povos separados por ideologia, mas unidos pela cultura se
juntam, como fizeram as duas Alemanhas, e como as duas Coréias e as “diversas
Chinas” estão começando a fazer.40
Atualmente, as novas formas de colonização são baseadas no domínio
financeiro e de capitais, na expansão das empresas transnacionais e do mundo
virtual. O domínio territorial, em sua forma clássica, parece ter cedido sua
importância41.
Nessa direção, Alvin e Heidi Toffler, citados por Heck (2009?)42, ponderam
que as disputas dos próximos anos se darão em função de questões ligadas ao
meio ambiente; à emigração; ao narcotráfico; à violação dos direitos humanos; à
propriedade intelectual; à venda de armas e ao terrorismo.
Entretanto, um conflito bélico contemporâneo nunca revelou tão diretamente, como a 2ª Guerra do Golfo o fez, o entrecruzamento dos interesses das indústrias bélica, petrolífera, de máquinas, de construção civil, de alimentos e empresas de serviços com a atividade da guerra, vista, por sinal, com um elemento de realização e expansão do lucro e da acumulação capitalista. (SOARES, 2010)
Heck (2009?) lista a origem desses novos conflitos: a incessante busca por
recursos naturais; movimentos separatistas e nacionalistas; guerras
revolucionárias; lutas pela democracia e anticolonialismo. Mas não descarta outras
possibilidades43. Citados por Heck (2009?), Pascal Boniface, ao concordar com
Michael Klare, enfatiza que os enfrentamentos do futuro serão: a guerra pela água,
a guerra pelo meio ambiente e a guerra pela fome44.
“Segundo estudo da ONU, até 2030 países que compartilham as mesmas bacias hidrográficas e rios entrarão em guerra, principalmente na África. Cerca de 3,9 bilhões de pessoas no mundo poderão sofrer com a falta de água até 2030, 1,7 bilhão a mais do que hoje. Isso representa 47% da população mundial estimada para 2030. E, embora as projeções sejam mais dramáticas para nações pobres, 2,2 bilhões dessas pessoas estarão distribuídas no chamado BRIC (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China)” (Heck, 2009).
39 HUNTINGTON. p. 14. 40 Idem. p. 25. 41 HECK. Op. Cit. 42 Idem. 43 Ibid. 44 Ibid
26
E Heck (2009?) aponta que o TO (Teatro de Operações) das “guerras do
futuro” deverá localizar-se em regiões como: norte da América do Sul (petróleo, água
e madeira); África Central (petróleo e madeira); Golfo Pérsico (petróleo), sul e
sudeste da Ásia, Indonésia e ilhas do Pacífico45.
De acordo com o relatório do SIPRI, jamais se gastou tanto com defesa em
todo o mundo. O relatório do SIPRI aponta que as despesas militares mundiais
atingiram 1,5 trilhão de dólares em 2009, o que significa o aumento de 5,9% em
relação ao ano anterior46, apesar da crise financeira.
Huntington (1996, p. 140) afirma que “a capacidade militar, inclusive as
armas de destruição em massa, está-se espalhando de forma ampla pelo mundo”.
Fruto do desenvolvimento econômico, países geram capacidade de produzir
armamentos. Entre os anos 60 e 80, por exemplo, o número de países do Terceiro
Mundo que produziam aviões de caça aumentou de um para oito; tanques, de um
para seis; helicópteros, de um para seis; e mísseis táticos de nenhum para sete47.
Tal produção, logicamente, é decorrente da incômoda posição de países
dependentes de outros mais desenvolvidos e que podem suspender vendas de
material bélico de acordo com seus interesses, como ocorreu recentemente nos
ataques à Líbia. “A Rússia decretou um embargo sobre as vendas de armas para a
Líbia, uma medida que passa a integrar a série de sanções decididas pela ONU
contra o regime de Muamar Kadhafi, apoiadas por Moscou”.48
Segundo Huntington (1996, p. 141):
“Armas nucleares e os sistemas para lançá-las, bem como armas químicas e biológicas, são os meios pelos quais Estados que são muito inferiores aos Estados Unidos e ao Ocidente em termos de poder militar convencional podem, a custos relativamente baixos, ficar em igualdade de condições”.
É o caso do Paquistão e, provavelmente do Irã, Coréia do Norte e
possivelmente Argélia. Quando era alvo de embargos dessa natureza, a África do
Sul desenvolveu uma série de programas de mísseis, em busca de sua autonomia.
45 HECK. Op. Cit. 46 Todos os anos, o SIPRI divulga um relatório sobre as despesas militares no mundo inteiro. 47 HUNTINGTON. Op. Cit. p. 141. 48 UOL NOTÍCIAS. Rússia decreta embargo à venda de armas para Líbia. Disponível em:< http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2011/03/10/russia-decreta-embargo-a-venda-de-armas-para-libia.jhtm>. Acesso em: 21 ago. 2011.
27
Torna-se, então, fundamental que se viabilize uma Base Industrial de
Defesa49 para produzir os Produtos Estratégicos de Defesa50. E a análise da
eficiência da indústria deve ser feita de forma associada às políticas públicas de
compras de produtos de defesa.
De acordo com Schmidt (2011), os mercados de produto de defesa possuem
as seguintes as características: barreiras às entradas; tecnologias potencialmente
duais; produtos de alto conteúdo tecnológico; e rendimentos crescentes de escala.
Ainda, de acordo com Schmidt (2011), as vantagens do fomento a uma Base
Industrial de Defesa são: independência para o exercício da função Defesa
Nacional, assegurando rápida capacidade de mobilização e resposta; capacidade de
modificar e reaparelhar o equipamento militar durante o conflito; e país livre dos
preços de monopólios internacionais.
No anexo A, é mostrado um quadro que relaciona os países produtores de
material de emprego militar com a capitalização total, o número de empresas do
setor e a capitalização média. Para o caso nacional, duas empresas foram
consideradas: a EMBRAER e a Taurus.
É nesse substrato de transformações mundiais e sob os fundamentos de
uma geopolítica contemporânea, em seu largo campo de atuação, em que se
agregam temas relacionados à busca de recursos naturais estratégicos,
antagonismos históricos, divergências étnicas e religiosas, disputas por controle de
rotas comerciais, mudanças demográficas, ausência de democracia e direitos
humanos, é que se propõe estabelecer fatores que indicam a necessidade de uma
nação possuir um justo recurso de defesa.
49 Base Industrial de Defesa - é o conjunto das empresas estatais e privadas, bem como organizações civis e militares, que participam de uma ou mais das etapas de pesquisa, desenvolvimento, produção, distribuição e manutenção de produtos estratégicos de defesa (bens e serviços). 50 Produtos Estratégicos de Defesa – são bens e serviços que, pelas peculiaridades de obtenção, produção, distribuição, armazenagem, manutenção ou emprego, possam comprometer, direta ou indiretamente, a consecução de objetivos relacionados à segurança ou à defesa do País.
28
3 RECURSOS DE DEFESA
Orçamento de Defesa é parte integrante do orçamento público. O orçamento
público é um instrumento de planejamento e execução das finanças públicas. Na
atualidade, o conceito está intimamente ligado à previsão das receitas e fixação das
despesas públicas. No Brasil, sua natureza jurídica é considerada como sendo de lei
em sentido formal apenas. Isso guarda relação com o caráter meramente
autorizativo das despesas públicas ali previstas. O orçamento contém estimativa das
receitas e autorização para realização de despesas da administração pública direta
e indireta em um determinado exercício51.
A seguir, será analisada a situação da evolução dos Recursos de Defesa no
mundo, por regiões, em especial na América do Sul e no Brasil.
3.1 RECURSOS DE DEFESA NO MUNDO
Os EUA encabeçam a lista dos que mais gastam com defesa. O dispêndio
norte-americano com finalidades militares perfaz 53% dos gastos mundiais.
Perlo-Freeman considera bastante improvável que a estratégia norte-
americana de domínio absoluto venha mudar algum dia. Nos EUA, a defesa é
encarada como um seguro "contra qualquer eventualidade", explica o especialista do
SIPRI52.
Exceto alguns pequenos países do Leste Europeu, quase todas as regiões
do mundo fizeram mais investimentos militares em 2009 e 2010. Países com
recursos naturais significativos elevaram drasticamente os gastos para essa
finalidade. A Argélia e a Nigéria duplicaram seus gastos; o Cazaquistão aumentou
em 360%, o Azerbaijão, em quase 500%, e a República do Congo, em 663%53.
Quanto à meta de redução das 8 mil ogivas nucleares existentes no mundo,
houve certo progresso, sobretudo graças ao empenho do presidente dos EUA,
Barack Obama, em acertar um tratado mundial de desarmamento e não-proliferação
51 De acordo com Eliomar Wesleu Ayres da Fonseca, Secretário Adjunto da Secretaria do Orçamento Federal do Ministério de Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Brasil. 52 DW-WORLD.DE. Gastos com armamentos crescem apesar da crise mundial. Disponível em:< http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5645605,00.html>. Acesso em 18 ago. 2011. 53 Ibid.
29
nuclear. No entanto, o crescente isolamento da Coréia do Norte e o criticado
programa atômico do Irã são motivos de pessimismo nesse sentido54.
A Alemanha é o sétimo país do mundo que mais gasta com armas. Em
2009, o governo alemão liberou 46 bilhões de dólares para essa finalidade.
Dentro da Europa, a Alemanha fica atrás da França e do Reino Unido. Mas
tanto na Alemanha quanto na maioria dos países da Europa Ocidental, as despesas
militares vêm sendo reduzidas continuamente.
3.2 RECURSOS DE DEFESA NA AMÉRICA LATINA
A América Latina suplantou os atores tradicionais - incluindo o Oriente Médio
e a Europa - como a região que registrou o maior aumento percentual em gastos
militares em 2010. O aumento foi de 5.8% para a América Latina, comparados a
5.2% para a África, 2.8% para a América do Norte, 2.5% para o Oriente Médio e
1.4% para a Ásia. Na Europa, única região a registrar uma queda, os gastos
militares em 2010 sofreram uma redução de 2.8% em termos reais comparados a
2009. Os maiores gastadores da América Latina incluem o Brasil, Chile, Colômbia e
Peru55.
E é provável que os gastos militares, em países como o Brasil e o Chile,
estejam associados com aspirações a uma presença regional e internacional mais
forte, sem implicar necessariamente em uma competição por poderio militar. Por
outro lado, a existência de recursos energéticos estratégicos em abundância no
subcontinente sul-americano pode constituir um elemento de identidade regional: o
receio da cobiça internacional56.
Mesmo assim, em valores absolutos, a América Latina gastou cerca de
apenas US$ 63.3 bilhões no orçamento militar do ano passado; pouco se
comparado a US$ 721 bilhões pela América do Norte, US$ 382 bilhões pela Europa,
US$ 317 bilhões pela Ásia, US$ 111 bilhões pelo Oriente Médio e US$ 30 bilhões
pela África, de acordo com o relatório do SIPRI57.
54 Ibid. 55 NASSIF, Luis. Portal. Gastos militares aumentam na América Latina. Disponível em: < http://blogln.ning.com/forum/topics/gastos-militares-aumentam-na?page=2&commentId=2189391%3ª Comment%3A571476&x=1#2189391Comment571476>. Acesso em 18 ago. 2011 56 MEDEIROS FILHO, Oscar. Questionário distribuído pelo autor em 30 jul. 2011 57 NASSIF, Luis. Op. Cit.
30
Carina Solmirano, pesquisadora do SIPRI, disse que a América Latina não
sofre nenhuma ameaça militar séria e que as razões para esses aumentos são
outras. Por exemplo, ela apontou que o Brasil tem buscado ativamente um papel de
maior vulto na política internacional e reivindica um assento permanente no
Conselho de Segurança da ONU58.
Ao contrário do Brasil, o Chile não está necessariamente aspirando a um
status de grande potência mundial, mas certamente busca um papel regional
importante - tanto diplomático quanto econômico - nos assuntos da América Latina,
ela acrescentou. Enquanto a geopolítica está primariamente por trás das crescentes
despesas militares do Brasil, ameaças à segurança interna mormente motivaram a
Colômbia e o Peru a impulsionar os seus gastos com defesa.
Os aumentos nas despesas não se referem apenas à compra de armas,
mas também à manutenção das forças armadas. Uma notável característica das
despesas militares na América Latina é que tendem a ser dominadas por gastos com
pessoal, que tipicamente compreendem entre 50% a 70% do orçamento, de acordo
com o relatório. Na Argentina, por exemplo, o aumento de 6.6% com gastos
militares, em 2010, foi, em grande parte, devido ao aumento dos soldos auferidos
pela tropa. A Venezuela, pelo segundo ano consecutivo, experimentou uma redução
em seus gastos militares em termos reais, queda essa que está associada ao
crescimento econômico negativo do país. Enquanto a maioria das economias sul-
americanas cresceu em 2010, movimento oposto ocorreu na Venezuela.
O estudo, além disso, aponta que alguns países da América Latina com
fronteira comum também celebraram acordos bilaterais para harmonizar o relatório
de seus gastos militares - tais como Equador e Peru; e Chile e Peru - como forma de
construir confiança e criar mais transparência59.
O Dr. Samuel Perlo-Freeman, pesquisador sênior e chefe do Projeto de
Gastos Militares do SIPRI, afirmou que, de maneira geral, a maioria dos gastos é
com despesas de rotina, isto é, pessoal (soldos e gratificações) e custos
operacionais em curso (treinamento, atualização, manutenção etc., bem como com
operações militares reais). Entretanto, o percentual reservado aos gastos com
equipamento e às despesas capitais - incluindo licitações, pesquisa,
desenvolvimento e indústria militar - varia enormemente. Nos países
58 Ibid. 59 NASSIF, Luis. Op. Cit.
31
industrializados, onde há uma indústria bélica significativa, ela fica em torno de 30%,
ou um pouco mais em alguns casos, enquanto em países menos desenvolvidos,
onde os recursos para a aquisição de armamentos são muito limitados, ela pode cair
para cifras em torno de 5% a 10%60.
3.3 RECURSOS DE DEFESA NO BRASIL
No Brasil, os gastos com salário, aposentadoria e pensão militar
correspondem a aproximadamente 72% do orçamento de defesa e em torno de 14%
para custeio e funcionamento das Forças Singulares e Ministério da Defesa. O
resultado dessa situação é que restam menos de 11% para investimento61.
Os recursos atualmente alocados para atender às necessidades da defesa
nacional. Além de ainda se distanciarem das expectativas amplas de aparelhamento
das Forças Armadas ante as exigências das diversas variáveis relacionadas à
proteção do mar territorial, da plataforma continental, do território nacional e do
espaço aéreo brasileiro, sofrem os contingenciamentos que as circunstâncias da
economia levam o poder público a adotar, observando-se, ainda, a aplicação das
regras da Lei de Responsabilidade Fiscal62.
O orçamento de defesa brasileiro alcança a iniciativa privada e, até mesmo,
as parcerias geoestratégicas intergovernamentais, tendo em vista que as demandas
de defesa compõem um singular sistema que compreende atores públicos e
privados, com reflexos que repercutem no preparo dos meios militares, no poder
dissuasório do Brasil, na percepção que o exterior tem do país e na economia
nacional.
O Ministério da Defesa do Brasil enfatiza que
a singularidade do orçamento de defesa transcende o binômio aumento-redução de recursos. Constata-se que a instabilidade e a descontinuidade do fluxo de recursos orçamentários para custeio e investimentos das Forças Armadas são práticas tão danosas quanto sua insuficiência, pois prejudicam sobremaneira o planejamento e a execução de projetos estratégicos concebidos em cronogramas definidos com atores públicos e privados diversificados (BRASIL, 2011).
60 Ibid. 61 ALVES, Marco Antonio. Questionário distribuído pelo autor. 2011. 62 Ibid.
32
De acordo com Alves63 (2011), a alternativa de resolver o problema por meio
de legislação ordinária não surtirá o efeito desejado, pois,
além de se sujeitar ao indispensável rigor da Lei de Responsabilidade Fiscal, poderá criar embaraços maiores aos Comandos das Forças Armadas, fazendo com que as opções decorrentes dos imperativos de ordem econômica ora inviabilizem o custeio ora os investimentos, ou ambos simultaneamente, configurando, assim, ineficiência na gestão dos recursos públicos.
Dessa feita, não basta impedir o contingenciamento dos recursos de defesa,
reconhecendo-se que a supressão orçamentária poderá ocorrer em fase anterior,
isto é, quando da elaboração do projeto de lei orçamentária.
A instabilidade e a descontinuidade de recursos para a defesa provocam
aumento de custos e levam os meios militares à obsolescência em decorrência da
defasagem tecnológica, que pode ocorrer mesmo antes da conclusão dos processos
de aquisição.
Por conseguinte, revela-se necessário fixar um parâmetro, no texto
constitucional, para as despesas de custeio e investimentos dos comandos das
Forças Armadas, a exemplo da solução adotada para as não menos estratégicas
áreas de saúde (art. 77 do ADCT64) e de educação (art. 212 da Constituição),
afastando, dessa maneira, a incidência de contingenciamentos e proporcionando,
naturalmente, um planejamento mais adequado ao exercício das atribuições
constitucionais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Nesse sentido, Alves
(2011) afirma que:
a Defesa, no Brasil, não possui quaisquer proteções orçamentárias legais, ao contrário do que ocorre, por exemplo, com a Saúde (regra constitucional: crescimento de acordo com o PIB nominal) ou a Educação (regra constitucional: crescimento de acordo com a arrecadação de impostos), C & T (Fundos Setoriais) ou mesmo aqueles ligados ao PAC (Integração, Cidades e Transportes). Com isso, a Pasta mais atingida tem sido a da Defesa.
Portanto, além das dificuldades inerentes ao regular funcionamento das
Organizações Militares e equipamentos, ainda há que renegociar vários projetos
63 Analista de planejamento do orçamento federal da Secretaria do Orçamento Federal (SOF), em 2000, do Ministério do Planejmanento, Orçamento e Gestão. Diretor Substituto e Gerente do Departamento de Planejamento Orçamentário e Financeiro do Ministério da Defesa, a partir de 2004. 64 Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
33
importantes ao desenvolvimento do país (não só estritos à área de Defesa), alguns
revestidos de contratos internacionais, como é o caso do PROSUB e dos
helicópteros franceses; e outros envolvendo parceiros nacionais, como é o caso da
aeronave cargueiro KC-390 (EMBRAER) e blindados Guarani (IVECO/Betim-MG)65.
A Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, que, com a redação dada
pela Lei Complementar no 136, de 25 de agosto de 2010, determina que o
orçamento do Ministério da Defesa deva contemplar perspectivas de médio e longo
prazos, acompanhadas por meio da divulgação do Livro Branco de Defesa Nacional,
que permitirá o acompanhamento orçamentário e de planejamento da área de
defesa (art. 9o e § 1o), contemplando as prioridades definidas na Estratégia Nacional
de Defesa (art. 12).
65 Ibid.
34
4 FATORES
Nesse capítulo, serão apresentados os dez fatores escolhidos por este autor
que possuem estreita relação com o que seria coerente para a definição de um justo
recurso de defesa de uma nação.
Fator é a condição ou situação que favorece ou dificulta a obtenção de um
resultado. Um fator por si só, não produz efeito (CASTRO, 2010). Tal escolha se
baseou em extensa revisão bibliográfica realizada pelo autor e nos mementos
organizados por Castro66. Além disso, outros aspectos foram inseridos,
fundamentados na correlação subjetiva de um determinado fator com recursos de
defesa, ou seja, o que levaria uma nação a estar preparada para enfrentar ameaças
de acordo com seus objetivos.
Será também inferida uma visão objetiva dos fatores escolhidos, para
facilitar sua visualização e até medição por parte do usuário. Por isso, ao apresentar
o fator escolhido, será sugerida uma configuração pragmática para verificar sua
influência no contexto.
4.1 FATOR FISIOGRÁFICO
A geopolítica pode ser definida como a parte da ciência Política que sofre as
influências dos fatores e das condições geográficas. Portanto, trata da influência da
Geografia nos estudos, decisões e planejamento políticos (ESG, 2007).
Dos fatores fisiográficos listados, optou-se por escolher três deles, como
mostrados a seguir:
Forma do território – a forma pode ser compacta, onde há menor fronteira a
cuidar e a vivificar, menores distâncias entre os pontos opostos, facilitando a defesa
e a coesão. Nas formas recortadas e fragmentadas, acontece o inverso. Sugere-se
utilizar o “Fator F”67 na quantificação deste fator. Quanto maior o Fator F, maior é o
esforço de defesa.
66 Tiago de Castro relacionou dezenas de fatores, dividindo-os em Fisiográficos, Políticos, Econômicos, Militares, Psicossociais e de Produção em sua obra “Método de preparação e abordagens de temas e questões discursivas de história, geografia e geoestratégia”. 67 De acordo com Portella (2007), o “Fator F” é obtido pela divisão do raio do círculo que define o perímetro da fronteira e litoral pelo raio do círculo que conforma o território. Na obtenção desses dois raios, utilizam-se as fórmulas 2πR para o perímetro e a πR² para a área.
35
Posição do território – seria em relação aos países fronteiriços, aos feixes
comerciais, às fontes de matérias-primas, aos centros industriais e aos centros de
poder. Quanto mais próximo a esses locais, maior importância estratégica,
fortalecendo o poder da área.
Permeabilidade e vivificação da fronteira – obstáculos naturais existentes e
se a fronteira é viva ou morta. Quanto mais viva é a fronteira, maior importância
possui.
Na quantificação deste fator, seria computado o número de países
fronteiriços, a distância aos centros de poder, a proximidade de áreas de circulação
econômica (vias de acesso e rotas) e a proximidade de fontes de matéria-prima68, o
Fator “F” e a característica, como obstáculos, da fronteira e litoral.
4.2 FATOR ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH)
O Índice de Desenvolvimento Humano é uma medida comparativa usada
para classificar os países pelo seu grau de "desenvolvimento humano" e para
separar os países desenvolvidos e subdesenvolvidos69. A estatística é composta a
partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e Produto Interno Bruto
(PIB) per capita (como um indicador do padrão de vida) recolhidos no âmbito
nacional. Cada ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com
essas medidas70.
Na quantificação deste fator, quanto mais alto é o IDH maior seria a
disponibilidade de recursos a serem aplicados em Defesa, uma vez que problemas
sociais seriam minimizados em países com alto IDH.
4.3 FATOR RECURSOS NATURAIS ESTRATÉGICOS
Recursos naturais são as riquezas postas pela natureza à disposição do
homem. A terra e suas condições ecológicas, extensão e posição. O subsolo e suas
jazidas minerais existentes, importância econômica e estratégica. Águas industriais,
rios, lagos, açudes e lençóis subterrâneos, com seus volumes e potenciais
68 O domínio de fontes de matéria-prima será apresentado no fator “Recursos Naturais”. 69 Informações retiradas de http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_Desenvolvimento Humano. 70 Ibid.
36
hidráulicos. A plataforma continental com sua importância econômica (CASTRO,
2010).
Na quantificação deste item, seria levantada a riqueza natural estratégica,
que gera ou pode gerar cobiça internacional.
4.4 FATOR ÍNDICE DE VULNERABILIDADE ECONÔMICA EXTERNA (IVE)
O Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa, criado pelo Prof. Reinaldo
Gonçalves, é a média simples de outros três índices: vulnerabilidade comercial
(IVCO), vulnerabilidade produtivo-tecnológica (IVPT) e vulnerabilidade monetário-
financeira (IVMF).
A vulnerabilidade externa expressa a capacidade de resistência das
economias nacionais a pressões, fatores desestabilizadores ou choques externos
em função das opções de resposta como instrumentos de política disponíveis e dos
custos de enfrentamento ou de ajustes importantes (GONÇALVES, 2011).
Na esfera comercial, são utilizados cinco indicadores, quais sejam:
exportação de bens e serviços/PIB; crescimento real do comércio (importação +
exportação) de bens e serviços; índice de concentração das exportações, reservas
internacionais líquidas / importação de bens e serviços; e taxa de crescimento de
longo prazo do valor das exportações de bens (Ibid).
Na esfera produtivo-real, são utilizados seis indicadores, quais sejam:
estoque de investimento externo direto (IED)/PIB; estoque de IED/exportação de
bens e serviços; estoque de IED em serviços/estoque de IED total; gastos com
pesquisa e desenvolvimento tecnológico/PIB; exportação de manufaturados; e
gastos/pagamentos de tecnologia com P&D (Ibid).
Na esfera monetário-financeira, são utilizados cinco indicadores, quais
sejam: dívida externa total/exportação de bens e serviços; dívida com FMI/dívida
externa total; renda líquida/exportação de bens e serviços; serviços da dívida pública
e garantida pelo setor público/exportação de bens e serviços; e ajuda
externa/importação de bens e serviços.
A vantagem em se utilizar o referido índice é que ele considera diversos
índices econômicos e inclui a situação da expressão científico-tecnológica do Poder
Nacional. Outra vantagem é que tal cálculo é constantemente atualizado. Por
37
exemplo, o Brasil é 17º país com maior IVE, com 49,1 pontos, numa amostra de 113
países.
4.5 FATOR AFINIDADE E ANTAGONISMOS HISTÓRICOS
A questão de antagonismo histórico de uma nação a outra nação é
facilmente identificado pelos problemas ocorridos em algum momento no passado e
que ainda não foi resolvido na plenitude, levando a sociedade de um ou dos dois
países a terem uma percepção antagônica em relação ao outro, ou seja, um passivo
histórico ainda não resolvido. É possível mensurar tal conjuntura, observando se o
país mantém relações diplomáticas com outros, se eles são fronteiriços, há quanto
tempo ocorreu uma distensão militar ou fricção política, se há alguma reivindicação
não satisfeita e se existem medidas de confiança mútua na área militar.
A afinidade de uma nação com as demais poderia ser medida em sentido
oposto ao disposto anteriormente.
4.6 FATOR POLÍTICA EXTERNA
Nesse estudo, é levado em consideração os princípios fundamentais de
determinado país, definidos em sua Constituição, refletidos na vulnerabilidade
democrática, problemas internos importantes, como movimentos separatistas,
étnicos ou a proximidade a conflitos em outros países que indiquem possibilidade de
expandir a crise.
A contribuição às missões de paz também é um bom indicador a ser
facilmente mensurado. Também devem ser verificadas as atitudes de integração e
de isolamento de uma nação ao longo de sua história. Isolamento é a omissão e o
alheamento de uma nação em relação aos acontecimentos e problemas externos.
4.7 FATOR EFICIÊNCIA MILITAR
Este fator reflete a importância que o país dá às suas Forças Armadas e é
conseqüência da percepção da sociedade à importância dos assuntos de defesa.
Pode-se avaliar a eficiência das respectivas Forças Armadas pela
experiência de combate - há quanto tempo participou de uma guerra e qual foi o
efetivo envolvido em termos percentuais.
38
Avaliar-se-iam os poderes naval, aéreo e terrestre, verificando inclusive o
grau de obsolescência do material de emprego militar daquele país.
Outras verificações a serem levantadas são o efetivo das Forças Armadas
em relação à população do país e a capacidade de mobilização das Forças Armadas
em um esforço de guerra. E, ainda, por quanto tempo o reservista fica em condições
de ser mobilizado e a previsão de exercícios periódicos. De igual importância é o
percentual do efetivo profissional em relação ao efetivo variável.
A integração entre as Forças Singulares, consolidada em uma
interoperabilidade, advinda de exercícios conjuntos e a existência de comandos
conjunto ativados ajuízam também a eficiência das Forças Armadas.
4.8 FATOR INDÚSTRIA DE DEFESA
Esse item reflete o grau de independência de um país na produção de
material de emprego militar e seria mensurado pelo número de empresas e
capitalização de mercado no âmbito mundial.
4.9 FATOR CAPACIDADE NUCLEAR
A avaliação desse fator é a capacidade do país em dominar a tecnologia de
produção de armas nucleares com fins ofensivos, entregando àquele país
importante poder dissuasório.
4.10 FATOR MOBILIZAÇÃO NACIONAL
Em um esforço de guerra, é necessário que um país utilize todo o seu
potencial para vencer a guerra. A mobilização é a capacidade e o direcionamento
dos diversos campos do poder para a guerra. O levantamento dessa capacidade é
obtido pela existência de planos de mobilização nacional e a consecução de
exercícios, envolvendo todos setores da sociedade. É também verificado se as
indústrias nacionais podem ser adequadas ao esforço de guerra.
39
5 RESULTADOS, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Para verificar se os dez fatores, escolhidos pelo autor na revisão
bibliográfica, eram coerentes com a definição de um justo recurso de defesa, foi
realizada uma pesquisa com coleta de dados, utilizando-se cinco questionários, a
saber: o primeiro, constante do apêndice A, direcionado aos integrantes do
CAEPE71, em 2011; o segundo, anexo B, ao Professor Gustavo Alberto Trompowsky
Heck72; o terceiro, apêndice C, ao Major professor Oscar Medeiros Filho73; e o
quarto, apêndice D, ao Coronel Elias Rodrigues Martins Filho74.
Ademais ao objetivo citado, buscou-se averiguar a relação de importância
entre os fatores escolhidos e, ainda, se haveria necessidade de inclusão de novos
fatores.
Os estagiários do CAEPE formam um grupo de 100 integrantes, sendo 75
militares e 25 civis, assim distribuídos: 05 oficiais generais, 50 oficiais das Forças
Armadas brasileiras (15 capitães-de-mar-e-guerra, 18 coronéis do Exército e 17
coronéis da FAB), 13 oficiais de Nações amigas (12 coronéis e 01 tenente-coronel),
06 coronéis policiais militares, 01 coronel bombeiro militar, 03 desembargadores, 01
juiz do Trabalho, 03 promotores de Justiça, 03 engenheiros, 03 técnicos de nível
superior, 02 auditores fiscais, 02 defensoras públicas, 02 delegados da Polícia Civil,
01 Delegado da Polícia Federal, 01 pesquisadora, 01 consultora legislativa, 01
geólogo, 01 arquiteta e 01 advogada.
71 O Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE) destina-se a habilitar civis e militares, do Brasil e de Nações Amigas, para o exercício de funções de direção e assessoramento de alto nível na administração pública, em especial nas áreas da segurança e da defesa nacional. 72 Gustavo Alberto Trompowsky Heck é formado em Economia pela Universidade do Estado da Guanabara (1966), Mestre em Segurança e Defesa Hemisférica – Universidad Del Salvador / Colégio Interamericano de Defesa (2008), Professor Visitante da COPPE/UFRJ, Conferencista: ECEME – ECEMAR e ADESG. No âmbito da ESG, do Colégio Interamericano de Defesa (CID) e da ADESG possui diversos cursos. No momento desempenha as seguintes funções: Membro do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra – ESG, Diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP – Departamento da Indústria de Defesa (COMDEFESA), Consultor do Ministério da Defesa e do Ministério da Ciência e Tecnologia para a realização de um diagnóstico da cadeia produtiva da Base Industrial de Defesa (BID) e do Livro Branco de Defesa Nacional, como representante da Escola Superior de Guerra (ESG). 73 Major Professor de Relações Internacionais da Academia Militar das Agulhas Negras, Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), tema: Políticas cooperativas de segurança e defesa na America do Sul. 74 Oficial de planejamento no Departamento de Operações de paz para a Manutenção da Paz da ONU (2005-2008) e Assessor do Conselheiro Militar do Conselheiro Militar do representante do Brasil Junto às Nações Unidas (2001-2002).
40
O questionário foi distribuído aos estagiários do CAEPE no dia 15 de julho
de 2011, após 5 meses de aulas, debates, trabalhos individuais e de grupo. Do
exposto, pode-se caracterizar o grupo de estagiários como: tendo bom
conhecimento sobre assuntos de Defesa; possuindo equilíbrio em termos de nível de
formação acadêmica (superior), porém com diversificação em especialização laboral.
5.1 RESULTADO E ANÁLISE QUANTITATIVA
Dos cem questionários distribuídos ao CAEPE, todos foram respondidos. A
maioria dos estagiários teve dificuldade em escolher apenas seis dos dez fatores
apontados pelo autor, indicando que desejavam marcar um número maior de fatores.
Apenas duas respostas não continham os seis fatores, e sim três e cinco. O
resultado da escolha foi o seguinte:
1º lugar - Fator Indústria de Defesa com 82 votos
2º lugar - Fator Eficiência Militar com 71 votos
3º lugar - Fator Recursos Naturais com 70 votos
4º lugar - Fator Política Externa com 69 votos
5º lugar - Fator Mobilização Nacional com 67 votos
6º lugar - Fator Fisiográfico com 64 votos
7º lugar - Fator Capacidade Nuclear com 53 votos
8º lugar - Fator Índice de Desenvolvimento Humano com 38 votos
9º lugar - Fator Afinidade e Antagonismo com 35 votos
10º lugar - Fator Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa com 34 votos
Medeiros Filho (2011) ranqueou os fatores de acordo com o seguinte:
1º lugar - Fator Política Externa
2º lugar - Fator Afinidade e Antagonismo
3º lugar - Fator Fisiográfico
4º lugar - Fator Recursos Naturais
5º lugar - Fator Indústria de Defesa
6º lugar - Fator Capacidade Nuclear
7º lugar - Fator Eficiência Militar
8º lugar - Fator Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa
9º lugar - Fator Mobilização Nacional
41
10º lugar - Fator Índice de Desenvolvimento Humano
Já Martins Filho (2011), ordenou os fatores de acordo com o seguinte:
1º lugar - Fator Política Externa
2º lugar - Fator Eficiência Militar
3º lugar - Fator Capacidade Nuclear
4º lugar - Fator Fisiográfico
5º lugar - Fator Indústria de Defesa
6º lugar - Fator Recursos Naturais
7º lugar - Fator Afinidade e Antagonismos históricos
8º lugar - Fator Índice de Desenvolvimento Humano
9º lugar - Fator Mobilização Nacional
10º lugar - Fator Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa (IVE)
Para Heck (2011), a ordem é a seguinte:
1º lugar - Fator Recursos Naturais
1º lugar - Fator Eficiência Militar
1º lugar - Fator Mobilização Nacional
1º lugar - Fator Capacidade Nuclear
1º lugar - Fator Indústria de Defesa
6º lugar – Fator Afinidade e Antagonismos históricos
6º lugar - Fator Política Externa
8º lugar – Fator Fisiográfico
9º lugar - Fator Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa (IVE)
10º lugar - Fator Índice de Desenvolvimento Humano
42
Tabela1: Resultado quantitativo da escolha dos fatores
FATORES CAEPE MARTINS
FILHO MEDEIROS
FILHO HECK* TOTAL CLASS
Pol Externa 4 1 1 6 12 1º
Rec Naturais 3 4 4 3 14 2º
Ind Defesa 1 5 5 3 14 2º
Efic Militar 2 2 7 3 14 2º
Cpcd Nuclear 6 3 6 3 18 5º
Fisiográfico 6 4 3 8 21 6º
Afin/Antag 9 7 2 6 24 7º
Mob Nac 5 9 9 3 26 8º
IDH 8 8 10 10 36 9º
IVE 10 10 8 9 37 10º Fonte: o autor * Heck preferiu pontuar por importância de grupos de fatores. Para evitar distorção, o autor dividiu a pontuação entre os fatores de mesmo valor.
Na obtenção do resultado quantitativo, somaram-se as prioridades dadas
pelos respondentes nos questionários, de forma que a menor soma das indicações
corresponde à principal e mais importante prioridade. Observa-se grande destaque
para o Fator Política Externa. Em seguida, o Fator Eficiência Militar teve uma
avaliação equilibrada. Logo a seguir e empatados, Recursos Naturais e Indústria de
Defesa, este último fator graças à grande importância que a Turma do CAEPE
considerou em sua avaliação. Posteriormente e bem próximo, observam-se os
fatores fisiográfico e capacidade nuclear. A seguir, afinidade e antagonismos, apesar
da importância na valorização de Oscar Filho. E mais distante, os fatores
Mobilização Nacional, IDH e IVE.
5.2 RESULTADO E ANÁLISE QUALITATIVA
5.2.1 Fator Política Externa
De acordo com Martins Filho (2011), a Política Externa de um país, o
histórico dos seus posicionamentos diante das questões internacionais discutidas
pela ONU e a capacidade de transformá-los em ação concreta são, sem dúvida,
43
essenciais para que um Estado-Membro (EM) das Nações Unidas possa influir em
determinada questão ou crise.
O referido militar afirma que países como Índia, Paquistão, Bangladesh e
Jordânia priorizam influenciar a partir do desdobramento de grandes efetivos para as
operações de paz como Paquistão, 10mil; Índia e Bangladesh, 9 mil; e Jordânia, 7
mil.
E ainda afirma que as soluções das questões relacionadas à paz e
segurança internacionais envolvem grandes montas de recursos, requerendo dos
EM doações para a implementação da ação da comunidade internacional. Ou seja, é
um outro caminho de se concretizar o exercício da influência na comunidade
internacional de forma também decisiva. Os melhores exemplos são os Estados
Unidos (que contribuem com 22,5% do orçamento da Organização), do Japão (14%)
e a Alemanha, os quais, embora não tenham tradição em aplicar tropas no terreno,
influenciam – e muito – por serem os principais patrocinadores das próprias
operações de paz e de programas diversos ligados à reconstrução dos países
afetados e ao restabelecimento/reintegração de suas populações. O Brasil, até
2009, contribuía com aproximadamente 3%, o que correspondia aproximadamente a
60 milhões de dólares.
Oscar Filho (2011) enfatiza que os estudos de segurança internacional têm
dado grande destaque à interdependência e ao chamado “regionalismo”. No caso
sul-americano, a recente criação do Conselho de Defesa Sul-Americano tem
repercutido diretamente nas estratégias de defesa dos países da região.
5.2.2 Fator Eficiência Militar
Para Martins Filho (2011), a Capacidade Militar (Fator Eficiência Militar)
juntamente com a Política Externa fazem com que um país tenha grande influência
nas decisões da ONU.
De acordo com Marques (2011), o Fator Eficiência Militar é conseqüência da
disponibilidade do orçamento de defesa, sendo dependente da alocação de recursos
no médio e longo prazos, tanto em relação ao PIB nacional como em termos
absolutos. Logicamente, sucessivos anos de baixa alocação de recursos redundarão
em diminuta eficiência militar. Assim, o fator Eficiência Militar foi desconsiderado,
uma vez que é conseqüência direta do recurso de defesa do país e não sua causa.
44
5.2.3 Fator Capacidade Nuclear
Para Martins Filho (2011), a Capacidade Nuclear é muito considerada e
respeitada quando o estado membro da ONU é um dos envolvidos na crise, ou
quando assume posição forte em favor de um de seus aliados. Cita como exemplos
as questões da Coréia do Norte e a do Nepal, quando a Índia praticamente impôs
que a intervenção da comunidade internacional ocorresse com os peacekeepers75
em trajes civis, mesmo sendo militares. Em outras palavras, a Capacidade Nuclear é
mais uma dissuasão e auto proteção do que propriamente ação concertada com a
comunidade internacional. E, nestes casos, influencia decisivamente.
Para Heck (2011), embora haja até restrições constitucionais quanto à
utilização da energia nuclear para fins militares, o nível dos projetos de
desenvolvimento pela Marinha do Brasil abre a possibilidade de utilização destes em
caso extremo.
Alguns estagiários questionaram o motivo pelo qual não foi considerado este
Fator como subitem do Fator Eficiência Militar. Outros sugeriram incluí-lo como
importante subfator do fator Política Externa. O autor considerou que a Capacidade
Nuclear deve ser avaliada como subtração da vulnerabilidade politica, uma vez que
causa grande poder dissuasório, independente da eficiência militar daquele país.
5.2.4 Fator Fisiográfico
Para Oscar Filho (2011), o aspecto Posição tem fundamental importância ao
considerar o padrão afinidade-antagonismo em relação aos vizinhos. O Brasil, por
exemplo, é o único grande país que possui padrões cooperativos com seus vizinhos,
o que repercute diretamente sobre seu modelo de defesa.
Para Martins Filho, também enfatiza que Posição Relativa é outro aspecto
muito considerado quando da adoção de qualquer iniciativa para a solução de um
problema, particularmente em respeito às áreas de interesses e aos laços culturais
que normalmente ocorrem entre estados vizinhos ou de uma mesma região. Muitas
vezes, devido aos antagonismos, a proximidade desfavorece esta influência.
Com o avanço da tecnologia empregada em defesa, é possível controlar
espaços geográficos, de grande amplitude, em qualquer ponto do planeta, em tempo
real, articulando forças com rapidez e oportunidade. Apesar disso, a ocupação
75 Militares Mantenedores da Paz da ONU (tradução nossa).
45
territorial, tanto para o atacante como para o defensor, ainda é condição de vitória ou
derrota em uma campanha militar.
5.2.5 Fator Indústria de Defesa
Para Heck (2011), não basta pensar na questão dos recursos advindos do
orçamento público, sempre sujeitos a toda sorte de interesses. Há que considerar,
ainda, estímulos governamentais no campo da pesquisa e inovação tecnológica. De
fato, a Indústria de Defesa depende do interesse imediato apontado por quaisquer
das Forças Armadas do país; situação na qual ela normalmente desenvolve
produtos duais, aplicados também na indústria e no mercado civil, a fim de possuir
produção em escala nos períodos de paz duradoura.
Heck (2011) ainda afirma que nenhum país pode ficar dependente de
material de emprego militar vindo do exterior.
5.2.6 Fator Recursos Naturais
O Fator Recursos Naturais é um conceito abrangente, podendo gerar
confusão na sua interpretação e delimitação. Para fins deste trabalho, foi
conveniente defini-lo como Recursos Naturais Estratégicos, pois apenas estes têm
interesse na definição dos recursos de defesa, pois geram cobiça de outros países,
a ponto de recorrerem ao conflito bélico para que tenham acesso a esses recursos.
Conseqüentemente, a garantia do aproveitamento soberano desse patrimônio é
assunto de interesse da Defesa.
Para Heck (2011), esse é o fator de maior peso no que tange à definição de
um justo recurso de defesa. Enfatiza que “não resta qualquer dúvida”. Três deles:
água, alimentos e fontes de energias serão demandados em curto espaço de tempo
e, como conseqüência, objetos da cobiça internacional.
Oscar Filho (2011) destaca que esse é um tema que perpassa todo o
subcontinente sul-americano.
5.2.7 Fator Afinidade e Antagonismos
Para Martins Filho (2011), no que tange aos Antagonismos e Afinidades, tais
questões são bastante consideradas quando do planejamento para a ação da
comunidade internacional. Quanto maior a Afinidade, maior o envolvimento, o
46
empenho para a solução da crise. Assim foi com o recente envolvimento do Egito
nos problemas ocorridos no Sudão e em Darfur, para onde o País desdobrou 2
Batalhões de Infantaria, Companhias de Engenharia, de Transporte e de
Comunicações, passando a influir decisivamente – política e militarmente - em tudo
que dizia respeito a esses países no fórum internacional. Antagônicos são excluídos
(ou pelo menos afastados) do processo, de modo a facilitar a implementação do
processo de paz ou solução da questão debatida.
Para Oscar Filho (2011), este fator tem relação direta com o aspecto
“posição”.
5.2.8 Fator Índice de Desenvolvimento Humano
Para Oscar Filho, o Fator IDH não é relevante e cita, como exemplos, países
com alto IDH e baixos – relativamente - gastos em defesa.
De fato, os estagiários do CAEPE tiveram a mesma percepção, pois foi
pouco votado. Quando se observa o orçamento de defesa comparado ao PIB dos
países da África Subsaariana, verificamos que a média desses países está em linha
com a média mundial: 3,4% contra 3,5%76. Entretanto, a média do IDH dos mesmos
países é 0,389, bem inferior ao 0,62477 da média mundial. Ao mesmo tempo, o
orçamento de defesa da América Latina é de 1,7% do PIB, bem inferior à média
mundial, e o IDH dessa região - 0,704 - é superior à média mundial. Ou seja, a
hipótese de que um país desenvolvido tem mais disponibilidade para gastos em
defesa não se confirma quando se constata a realidade. Assim, tal fator não foi
considerado por este autor na quantificação da vulnerabilidade externa.
5.2.9 Fator Mobilização Nacional
Na opinião de Heck, capacidade de mobilização foi a que a Inglaterra
demonstrou quando da guerra das Malvinas. E, na maioria das situações adversas,
especialmente em países sem tradição belicista, tal fator se reveste de incertezas e
variantes diversas. Para Oscar Filho, além dos planos de mobilização, esse fator
depende muito da chamada “vontade nacional”, aspecto muito subjetivo e difícil de
ser quantificado. Por isso, foi descartado pelo autor no presente trabalho.
76 Fonte: The Military Balance 2002-2003. 77 Disponível em http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2010/11/04/brasil-esta-abaixo-idh-medio-da-america-latina-diz-relatorio-da-onu.jhtm
47
5.2.10 Fator Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa (IVE)
O Fator Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa teve pior desempenho
para os estagiários do CAEPE, provavelmente por considerarem que diversos
países, inclusive os Estados Unidos da América e países europeus, estejam
passando, atualmente, por problemas econômicos de grande magnitude. Ou seja,
não fizeram ligação entre essa vulnerabilidade e a possibilidade de distensão militar.
Tanto Martins Filho e Medeiros Filho tiveram o mesmo entendimento.
Conseqüentemente, tal fator foi desconsiderado pelo autor.
5.3 RESULTADO
Do exposto e para tornar a pesquisa fidedigna, com intuito de verificar os
fatores que definem um justo recurso de defesa, foi realizada uma correlação entre
os fatores escolhidos e os orçamentos de defesa de cada país.
A base do estudo comparativo é o atual recurso de defesa do país,
caracterizado em termos percentuais do PIB nacional. Esta é a principal referência.
Tendo como premissa que quanto maior a vulnerabilidade externa, maior
destinação de recurso ao setor de defesa, os fatores escolhidos ora indicam
ampliação desta vulnerabilidade, ora indicam subtração da mesma.
O Fator Afinidade e Antagonismo será considerado como subitem do Fator
Política Externa, uma vez que estes dois fatores possuem estreita correlação.
Assim, os seis fatores escolhidos foram:
1 - Política Externa
2 - Afinidade e antagonismos
3 - Capacidade Nuclear
4 - Recursos Naturais Estratégicos
5 - Fisiográfico
6 – Indústria de Defesa
48
6 TRANSFORMANDO O SUBJETIVO EM OBJETIVO: CRIANDO UM MODELO
6.1 A VULNERABILIDADE EXTERNA
Com intuito de simplificar a quantificação dos fatores e para preservar a
coerência do estudo, os cinco fatores escolhidos foram organizados em 3 grupos, da
seguinte forma: Vulnerabilidade Política, contendo os fatores Política Externa,
Afinidade e Antagonismos e Capacidade Nuclear, este último entendido como
Dissuasão Nuclear; Vulnerabilidade Econômica, abrangendo o Fator Recursos
Naturais Estratégicos, que a aumenta, e o Fator Indústria de Defesa, que diminui
essa vulnerabilidade; e Vulnerabilidade Fisiográfica, contendo o Fator Fisiográfico.
6.1.1 Vulnerabilidade Política
Para fins de entendimento, o Fator Vulnerabilidade Política foi subdividido
em dois grupos de subfatores: os que majoram a vulnerabilidade e os que a
diminuem. Assim, dentre aqueles que a aumentam, temos: vulnerabilidade
diplomática; tempo pregresso de guerra ou de crise política; conflitos internos,
conflitos étnicos e terrorismo; proximidade de áreas conflituosas; e vulnerabilidade
democrática. Os subfatores que amenizam a vulnerabilidade política são: medidas
de confiança mútua, contribuição em missões de paz e dissuasão nuclear.
6.1.1.1 Vulnerabilidade Diplomática
Consideram-se funções tradicionais da diplomacia as tarefas de negociar,
informar e representar. Quando ocorre uma sucessão de fatos inamistosos, um dos
Estados resolve romper suas Relações Diplomáticas com outro, causando tensão e
dificuldades para solucionar a crise pela via pacífica por meio do diálogo bilateral,
gerando desconfianças mútuas, com reflexo direto nas Forças Armadas.
49
EVENTO/SITUAÇÃO PONTUAÇÃO
Relação Diplomática rompida com país vizinho
3 – 4 pontos por país, dependendo da posição geográfica e da estatura político-estratégica do país vizinho
Relação Diplomática rompida com país hegemônico (EUA, Rússia e China)
4 – 5 pontos por país, dependendo da posição geográfica e da estatura político-estratégica do próprio país
Relação Diplomática rompida com demais países
2 – 3 pontos por país, dependendo da posição geográfica e da estatura político-estratégica do próprio país
Quadro 1: Quantificação da Vulnerabilidade Diplomática Fonte: o autor
6.1.1.2 Tempo Pregresso de Guerra ou de Crise Política
Logo após um conflito bélico ou mesmo uma crise política em um tempo
anterior recente, a desconfiança e a percepção da ameaça permanecem até que
medidas de confiança mútua sejam adotadas. Quanto mais recente a tensão, maior
o estado de alerta e tal situação se agrava quando os países são fronteiriços.
EVENTO/SITUAÇÃO PONTUAÇÃO
Participação em conflitos bélicos de 0 e 20 anos entre países fronteiriços
1,5 – 2 pontos por guerra
Participação em conflitos bélicos de 0 e 20 anos entre países não-fronteiriços
1 – 1,5 pontos por guerra
Participação em conflitos bélicos de 21 e 40 anos entre países fronteiriços
1 – 1,5 pontos por guerra
Crise política entre países fronteiriços há menos de 20 anos
0,5 – 1 ponto por crise
Crise política entre países fronteiriços de 21 a 40 anos
0,5 ponto por crise
Crise política entre países não-fronteiriços há menos de 20 anos
0,5 ponto por crise
Quadro 2: Quantificação do Tempo Pregresso de Guerra ou de Crise Política Fonte: o autor
6.1.1.3 Reivindicação de áreas
Uma das principais causas de uma guerra é a reivindicação de área,
aumentando a fricção e possibilidade de conflito armado.
50
EVENTO/SITUAÇÃO PONTUAÇÃO
Área com elevado valor estratégico 1 – 2 pontos por área
Área com reduzido valor estratégico 0,5 – 1 ponto por área Quadro 3: Quantificação da Reivindicação de áreas Fonte: o autor
6.1.1.4 Conflitos Internos, Conflitos Étnicos e Terrorismo
Conflitos internos tendem a enfraquecer o Estado, o tornando mais
vulnerável a ameaças externas, especialmente quando esses conflitos perduram no
tempo e são motivados por questões étnicas, interesses econômicos e
antagonismos separatistas.
EVENTO/SITUAÇÃO PONTUAÇÃO
Guerra civil recente de grande proporção 4 – 5 pontos
Guerra civil recente de proporção mediana 2 – 3 pontos
Conflito bélico recente de grandes proporções entre grupos étnicos distintos com ideal separatista
4 – 5 pontos
Grande quantidade de grupos étnicos distintos no país 1 – 2 pontos
Violência recente entre grupos étnicos distintos 1 – 2 pontos
Xenofobia 0,5 – 1 ponto
Tensão recente entre grupos étnicos distintos 0,5 – 1 ponto
Ataque terrorista recente de grandes proporções 4 – 5 pontos
Ataque terrorista recente de proporções medianas 2 – 3 pontos
Ataque terrorista recente de pequenas proporções 0,5 – 1 ponto
Envolvimento importante das FA no combate a grupos guerrilheiros no interior do país
4 - 5 pontos
Participação efetiva das FA em Garantia da Lei e da Ordem em situação de normalidade constitucional
1 ponto
Participação efetiva das FA no combate a ilícitos transnacionais
1 ponto
Minoria no poder 0,5 – 1 ponto Quadro 4: Quantificação dos Conflitos Internos, Étnicos e Terrorismo Fonte: o autor
51
6.1.1.5 Proximidade de Áreas Conflituosas
Quando um país é próximo a uma área de conflito bélico, ele tende a sofrer
conseqüências dessa proximidade, o fazendo a adotar medidas de proteção de sua
soberania, a fim de evitar que tal conflito atinja seu território.
EVENTO/SITUAÇÃO PONTUAÇÃO
Proximidade de conflitos bélicos de grandes proporções 2 pontos por guerra
Proximidade de conflitos bélicos próximo de proporções medianas
1 – 1,5 ponto por guerra
Proximidade de conflitos bélicos de pequenas proporções
0,5 – 1 ponto por guerra
Crise política entre países vizinhos 0,5 ponto por crise Quadro 5: Quantificação da Proximidade de áreas conflituosas Fonte: o autor
6.1.1.6 Vulnerabilidade Democrática
Os últimos conflitos bélicos têm mostrado que regimes autoritários são alvos
de pressão externa, por meio de sanções, julgamentos em foro internacional e até
intervenção armada. A Vulnerabilidade Democrática (VD) foi obtida de forma inversa
ao Índice de Democracia (ID)78, criado pela revista The Economist, que avalia os
países em cinco critérios: processo eleitoral e pluralismo, funcionamento do governo,
participação política, cultura política e liberdades civis, com notas que vão de 0 a 10.
Foi utilizada a seguinte fórmula: VD = 0,2 x (10 – ID), ou seja 20% do que o
país necessita para alcançar o grau 10,0 em termos de democracia.
6.1.1.7 Medidas de Confiança Mútua
As Medidas de Confiança Mútua têm o propósito de aprimorar a cooperação
e reduzir a tensão entre dois ou mais países em crise ou conflito. Elas sugerem a
possibilidade de resolução do problema em um prazo maior.
78 Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_democracia>. Acesso em 05 set. 2011.
52
EVENTO/SITUAÇÃO PONTUAÇÃO
Acordo de paz após conflito bélico 1 ponto
Medidas de Confiança Mútua entre países sem relações diplomáticas
0,5 ponto
Medidas de Confiança Mútua após crise 0,5 ponto por país Quadro 6: Quantificação das Medidas de Confiança Mútua Fonte: o autor
6.1.1.8 Contribuição em Missões de Paz79
A participação em missões de paz, quer seja contribuindo com aportes
financeiros, quer seja com tropa, contribui para que determinado país contribuinte
projete poder político na comunidade internacional. Assim, quanto maior o aporte,
maior a contribuição para a diminuição da Vulnerabilidade Política. Quando um país
contribui nas duas vertentes, financeiramente e com tropa, recebe pontuação
cumulativa, entretanto, sem ultrapassar o máximo de 2 pontos.
EVENTO/SITUAÇÃO PONTUAÇÃO
Participação com efetivo maior que 5000 homens 2 pontos
Participação com efetivo entre 1000 e 5000 homens 1,5 ponto
Participação com efetivo entre 500 e 1000 homens 1 ponto
Participação com efetivo entre 200 e 500 homens 0,5 ponto
Grande contribuição financeira: EUA e Japão 2 pontos
Mediana contribuição financeira: Reino Unido, Alemanha e França
1,5 ponto
Pequena contribuição financeira: Itália, China, Canadá, Espanha e Coréia do Sul
1 ponto
Quadro 7: Quantificação da contribuição em Missões de Paz Fonte: ONU, tabela organizada e quantificada pelo autor
6.1.1.9 Dissuasão Nuclear
A dissuasão nuclear é uma ferramenta que agrega importante poder para
minimizar a vulnerabilidade política de determinado país.
79 Disponível em: < http://www.un.org/en/peacekeeping/publications/yir/yir2010.pdf >. Acesso em 05 set. 2011.
53
EVENTO/SITUAÇÃO PONTUAÇÃO
Arsenal nuclear de grande porte 5 pontos
Arsenal nuclear de médio porte 4 pontos
Arsenal nuclear de pequeno porte 3 pontos Quadro 8: Quantificação da dissuasão nuclear Fonte: o autor
6.1.2 Vulnerabilidade Econômica
A Vulnerabilidade Econômica é referente à existência, no país, de Recursos
Naturais Estratégicos80 que fomentem a cobiça internacional e, enquanto a presença
de indústria de defesa, diminui essa vulnerabilidade.
6.1.2.1 Recursos Naturais Estratégicos
Petróleo, gás, água doce e urânio foram os itens quantificados, nesta ordem
de importância, de acordo com a quantidade existente em cada país.
SITUAÇÃO PONTUAÇÃO
Quantidade de Recursos Naturais Estratégicos muito relevante
10 – 9 – 8 pontos
Quantidade de Recursos Naturais Estratégicos relevante 6 - 7 pontos
Quantidade de Recursos Naturais Estratégicos medianamente relevante
4 – 5 pontos
Quantidade de Recursos Naturais Estratégicos de pouca relevância
2 – 3 pontos
Inexistência de Recursos Naturais Estratégicos 1 ponto Quadro 9: Quantificação dos Recursos Naturais Energéticos Fonte: o autor
80 WIKIPEDIA SITE. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Petr%C3%B3leo# As_20_maiores_reservas_de_petr.C3.B3leo_do_mundo>. Acesso em 24 ago. 2011.
54
6.1.2.2 Indústria de Defesa
SITUAÇÃO PONTUAÇÃO
EUA 3 pontos
China, Japão, Israel, França, Reino Unido, Rússia 1 ponto
Brasil, Alemanha 0,5 ponto Quadro 10: Quantificação da Indústria de Defesa Fonte: o autor
6.1.3 Vulnerabilidade Fisiográfica
A Vulnerabilidade Fisiográfica é obtida por cinco subfatores: a forma do
território combinada com sua permeabilidade; a posição geográfica relativa à
distância dos centros de poder mundial; a posição geográfica relativa à distância das
fontes de recursos naturais energéticos; a posição geográfica relativa à distância dos
feixes comerciais, especialmente passagens marítimas estratégicas; e quantidade
de países fronteiriços.
6.1.3.1 Forma do território
Portella (2007) apresenta um cálculo para quantificar a forma de um
território, chamado de Fator “F”, que é obtido pela divisão do raio do círculo que
define o perímetro da fronteira e litoral pelo raio do círculo que conforma o território.
Na obtenção desses dois raios, utilizam-se as fórmulas 2πR, para o perímetro, e a
πR², para a área. Um exemplo de seu cálculo é apresentado no Apêndice F.
O mar, quando interpretado por sua importância geopolítica, pode ser
tratado como proteção natural ao país litorâneo. Na situação extrema, ilhas e
arquipélagos são geopoliticamente mais protegidos do que países que conformam
continentes e, portanto, possuem fronteiras.
Obstáculos naturais de vulto situados nas fronteiras, como cordilheiras,
florestas e desertos, também protegem os países que os abrigam.
Quanto maior o Fator “F”, mais vulnerável é o país. Considerando que o
litoral e obstáculos naturais favorecem a defesa, essa vulnerabilidade é atenuada.
55
TIPO DE PAÍS FATOR FORMA (F) OBSTÁCULOS / LITORAL
Possuidor de fronteira terrestre
Depende do resultado R/r
Máxima redução para o Fator “F” - 20%
Ilha ou Arquipélago
Depende do resultado R/r
Depende da conformação do litoral e distância entre ilhas – redução entre 50 a 60%
Quadro 11: Quantificação da redução dos obstáculos Fonte: o autor
6.1.3.2 Distância aos Centros de Poder Mundial
A proximidade de países, ou de grupo de países que possuem grande poder
efetivo, eleva a vulnerabilidade dos países de menor estatura político-estratégica,
pois sofrem sua permanente influência, de modo a diminuir sua liberdade de ação
soberana81.
CENTROS DE PODER (CP)
FRONT (CP)
BASE MIL
FRONT BASE
MUITO PROX (CP)
PROX (CP)
AFAST (CP)
MUITO AFAST (CP)
EUA 2,0 2,0 1,8 1,4 1,5 1,2 0,5 0,2
CHINA 1,8 1,8 1,5 1,1 1,3 1,0 0,4 0,2
RÚSSIA 1,5 1,5 1,3 0,9 1,1 0,9 0,3 0,1
EUROPA 1,4 1,4 1,0 0,8 1,0 0,8 0,2 0,1 Quadro 12: Quantificação da distância aos centros de poder Fonte: o autor
6.1.3.3 Distância dos Feixes Comerciais e das Fontes de Recursos Naturais
Estratégicos
A proximidade de feixes comerciais, em especial de passagens marítimas
estratégicas e de fontes de recursos naturais, aumenta o valor estratégico da área e,
conseqüentemente, há necessidade de fortalecer o poder sobre a área.
81 O caso mais clássico da história foi a ação da Rússia na conformação da União Soviética e o estabelecimento da “Cortina de Ferro” composta “pelos países satélites”, tudo com o objetivo de fornecer proteção àquele país hegemônico, em detrimento da soberania de seus países fronteiriços. (N.A.).
56
SUBFATOR NO PAÍS MUITO PRÓXIMO PRÓXIMO AFASTADO MUITO
AFASTADO
PASSAGENS
MARÍTIMAS
Coréia, Luzon, Sonda, Torres, Bass, Bósforo,
Ormuz, Bab el Mandeb, Calais, Gibraltar, Palk
2,0 1,5 1,0 0,3 0,0
Beagle, Panamá 1,8 1,3 0,8 0,1 0,0
Bering, Boa Esperança, Flórida, Moçambique 1,6 1,2 0,6 0,0 0,0
FONTES DE RNE 2,0 1,5 1,0 0,3 0,0 Quadro 13: Quantificação da distância dos feixes comerciais e das fontes de recursos naturais estratégicos Fonte: o autor
6.2 VERIFICAÇÃO ESTATÍSTICA
Para verificar se existe correlação entre a Vulnerabilidade Externa e o
recurso de defesa dos países, utilizou-se o coeficiente de correlação de
Pearson82, que é um índice estatístico que mede a relação linear entre duas
variáveis quantitativas. O valor do índice de correlação varia no intervalo [-1, +1].
O valor de r será positivo se existe relação direta entre ambas as variáveis,
ou seja, se as duas aumentam na mesma proporção. Será negativo se a relação é
inversa, quando uma variável diminui à medida que a outra aumenta. Un valor de +1
ou –1 indica uma relação positiva linear perfeita, positiva ou negativa,
respectivamente entre ambas as variáveis, enquanto o valor 0 indica que não existe
relação linear entre elas. De 0 até 1, a correlação positiva aumenta. Desde 0 a -1,
correlação negativa também aumenta. De 0,70 até 1, diz-se que há forte correlação
positiva e, de -0,70 a -1, há forte correlação negativa.
6.2.1 O Cálculo da Vulnerabilidade Externa
A fim de verificar a relação de importância entre os três grupos de fatores
escolhidos, optou-se por ponderá-los, verificando qual deles apresentou melhor
correlação linear entre Vulnerabilidade Externa e Recurso de Defesa – 2010.
82 A fórmula utilizada para calcular a correlação entre as variáveis (x, y) é:
57
Tabela2: Hipóteses de Ponderação das Variáveis
Nr HIPÓTESES CORRELAÇÃO LINEAR
01 VExt = VEcon 0,3161
02 VExt = VFisio 0,3675
03 VExt = VPol 0,8205
04 VExt = VPol + VFisio 0,8011
05 VExt = VPol + VEcon 0,8413
06 VExt = VPol + VEcon + VFisio 0,8081
07 VExt = 2 VPol + VEcon + VFisio 0,8516
08 VExt = 3 VPol + VEcon + VFisio 0,8568
09 VExt = 3 VPol + 2 VEcon + VFisio 0,8531
10 VExt = 4 VPol + VEcon + VFisio 0,8529 Fonte: o autor
Conclui-se que a melhor correlação é a Hipótese Nr 08, que entrega peso
3 à Vulnerabilidade Política, peso 1 à Vulnerabilidade Econômica e peso 1 à
Vulnerabilidade Fisiográfica, apresentando forte correlação (0,8568) entre o modelo
proposto e o recurso de defesa.
VExt = 3 VPol + VEcon + VFisio
58
Tabela 3: Vulnerabilidade Externa e Verdadeiro Recurso de Defesa dos países
PAÍS VExt VRD PAÍS VExt VRD PAÍS VExt VRD
ISRAEL 82,39 8,0 BOLIVIA 25,85 2,0 NAMIBIA 14,26 2,7 AR. SAUDITA 62,30 8,2 MARROCOS 24,08 3,9 ÁFR. DO SUL 13,80 1,5 JORDANIA 47,16 7,6 CROÁCIA 23,98 1,6 ESLOVENIA 13,76 1,7 KUWAIT 43,60 6,6 ETIOPIA 23,90 3,1 HUNGRIA 13,66 1,3 SIRIA 42,01 5,8 INDIA 23,20 1,8 ESLOVAQUIA 13,00 1,8 ARGÉLIA 40,41 3,2 VENEZUELA 22,73 1,3 ARGENTINA 12,97 1,0 COR. DO SUL 38,89 2,9 EMIR ARABES 22,68 2,0 ESPANHA 12,75 1,2 LIBANO 38,56 3,0 CAZAQUISTÃO 21,97 1,2 POLONIA 12,54 1,9 COLOMBIA 38,28 3,7 TUNISIA 21,68 1,5 LETONIA 12,08 1,3 ARMENIA 37,38 5,6 EUA 21,00 4,0 BELGICA 11,48 1,2 LIBIA 36,60 2,1 BIELORUSSIA 20,77 3,5 NORUEGA 11,44 1,6 GEORGIA 36,25 2,7 AUSTRALIA 20,23 2,2 SENEGAL 11,43 1,6 QATAR 35,18 5,2 QUENIA 20,15 1,8 CAMARÕES 11,36 1,5 SERVIA 33,82 2,6 ROMENIA 20,07 2,0 MONGOLIA 11,02 1,0 EGITO 33,55 4,1 REP. CONGO 19,90 2,1 ALBANIA 10,90 1,3 QUIRQUISTÃO 33,17 3,6 REINO UNIDO 19,70 2,7 LITUANIA 10,71 1,2 TAIWAN 32,83 2,4 TAILANDIA 19,68 1,9 FRANÇA 10,27 2,5 ANGOLA 31,51 4,9 JAPÃO 19,42 1,0 HOLANDA 10,13 1,6 CHILE 31,40 3,5 MACEDONIA 19,29 2,3 MOÇAMBIQUE 10,00 0,9 AZERBAIJÃO 31,03 2,3 SUDÃO 18,99 1,6 BANGLADESH 9,83 1,0 IRÃ 30,25 2,8 EQUADOR 18,55 1,8 REP TCHECA 9,24 1,8 RUSSIA 29,88 3,7 BRASIL 18,50 1,6 REP DOMIN 9,13 0,7 IEMEN 28,92 3,7 PERU 17,75 1,4 PANAMÁ 8,68 0,9 PAQUISTÃO 28,15 2,8 MOLDAVIA 17,71 2,3 SUIÇA 8,09 1,0 GRECIA 28,11 3,0 DINAMARCA 16,73 1,4 SUECIA 8,08 1,6 TURQUIA 27,32 3,2 BULGARIA 16,65 2,5 PORTUGAL 8,05 1,6 VIETNÃ 26,59 2,5 CAMBOJA 16,26 2,0 ÁUSTRIA 7,88 0,7 CHINA 26,47 2,2 UCRANIA 15,97 1,9 LUXEMBURGO 7,82 0,7 TAJIKISTÃO 26,33 2,2 GUINÉ 15,60 1,8 COSTA RICA 7,45 0,5 BOSNIA 26,24 2,0 NIGERIA 14,58 0,9 FINLANDIA 6,69 1,4 MALASIA 26,12 2,3 ESTONIA 14,49 1,6 ALEMANHA 5,85 1,4 Fonte: o autor
59
6.2.2 O Cálculo do Justo Recurso de Defesa
Gráfico 1: Dispersão Linear das variáveis Recurso de Defesa e Vulnerabilidade Externa
Fonte: o autor
A Linha de Tendência Linear da correlação acima corresponde ao melhor
resultado dos testes. O JUSTO RECURSO DE DEFESA, que define a referida linha,
pode ser obtido pela seguinte fórmula:
A seta vermelha indica o posicionamento da Vulnerabilidade Externa e do
Recurso de Defesa da França, que é o resultado mais afastado, proporcionalmente,
da Linha de Tendência Linear do modelo apresentado.
Justo Rec Def = 0,105 VExt + 0,0898
60
Tabela4: Vulnerabilidade Externa, Verdadeiro Recurso de Defesa e Justo Recurso de Defesa dos países estudados
PAÍS VExt VRD JRD PAÍS VExt VRD JRD PAÍS VExt VRD JRD
ISRAEL 82,39 8,0 8,7 BOLIVIA 25,85 2,0 2,8 NAMIBIA 14,26 2,7 1,6 AR. SAUDITA 62,30 8,2 6,6 MARROCOS 24,08 3,9 2,6 ÁFR. DO SUL 13,80 1,5 1,5 JORDANIA 47,16 7,6 5,0 CROÁCIA 23,98 1,6 2,6 ESLOVENIA 13,76 1,7 1,5 KUWAIT 43,60 6,6 4,7 ETIOPIA 23,90 3,1 2,6 HUNGRIA 13,66 1,3 1,5 SIRIA 42,01 5,8 4,5 INDIA 23,20 1,8 2,5 ESLOVAQUIA 13,00 1,8 1,5 ARGÉLIA 40,41 3,2 4,3 VENEZUELA 22,73 1,3 2,5 ARGENTINA 12,97 1,0 1,5 COR. DO SUL 38,89 2,9 4,2 EMIR ARABES 22,68 2,0 2,5 ESPANHA 12,75 1,2 1,4 LIBANO 38,56 3,0 4,1 CAZAQUISTÃO 21,97 1,2 2,4 POLONIA 12,54 1,9 1,4 COLOMBIA 38,28 3,7 4,1 TUNISIA 21,68 1,5 2,4 LETONIA 12,08 1,3 1,4 ARMENIA 37,38 5,6 4,0 EUA 21,00 4,0 2,3 BELGICA 11,48 1,2 1,3 LIBIA 36,60 2,1 3,9 BIELORUSSIA 20,77 3,5 2,3 NORUEGA 11,44 1,6 1,3 GEORGIA 36,25 2,7 3,9 AUSTRALIA 20,23 2,2 2,2 SENEGAL 11,43 1,6 1,3 QATAR 35,18 5,2 3,8 QUENIA 20,15 1,8 2,2 CAMARÕES 11,36 1,5 1,3 SERVIA 33,82 2,6 3,6 ROMENIA 20,07 2,0 2,2 MONGOLIA 11,02 1,0 1,2 EGITO 33,55 4,1 3,6 REP. CONGO 19,90 2,1 2,2 ALBANIA 10,90 1,3 1,2 QUIRQUISTÃO 33,17 3,6 3,6 REINO UNIDO 19,70 2,7 2,2 LITUANIA 10,71 1,2 1,2 TAIWAN 32,83 2,4 3,5 TAILANDIA 19,68 1,9 2,2 FRANÇA 10,27 2,5 1,2 ANGOLA 31,51 4,9 3,4 JAPÃO 19,42 1,0 2,1 HOLANDA 10,13 1,6 1,2 CHILE 31,40 3,5 3,4 MACEDONIA 19,29 2,3 2,1 MOÇAMBIQUE 10,00 0,9 1,1 AZERBAIJÃO 31,03 2,3 3,3 SUDÃO 18,99 1,6 2,1 BANGLADESH 9,83 1,0 1,1 IRÃ 30,25 2,8 3,3 EQUADOR 18,55 1,8 2,0 REP TCHECA 9,24 1,8 1,1 RUSSIA 29,88 3,7 3,2 BRASIL 18,50 1,6 2,0 REP DOMIN 9,13 0,7 1,0 IEMEN 28,92 3,7 3,1 PERU 17,75 1,4 2,0 PANAMÁ 8,68 0,9 1,0 PAQUISTÃO 28,15 2,8 3,0 MOLDAVIA 17,71 2,3 1,9 SUIÇA 8,09 1,0 0,9 GRECIA 28,11 3,0 3,0 DINAMARCA 16,73 1,4 1,8 SUECIA 8,08 1,6 0,9 TURQUIA 27,32 3,2 3,0 BULGARIA 16,65 2,5 1,8 PORTUGAL 8,05 1,6 0,9 VIETNÃ 26,59 2,5 2,9 CAMBOJA 16,26 2,0 1,8 ÁUSTRIA 7,88 0,7 0,9 CHINA 26,47 2,2 2,9 UCRANIA 15,97 1,9 1,8 LUXEMBURGO 7,82 0,7 0,9 TAJIKISTÃO 26,33 2,2 2,9 GUINÉ 15,60 1,8 1,7 COSTA RICA 7,45 0,5 0,9 BOSNIA 26,24 2,0 2,8 NIGERIA 14,58 0,9 1,6 FINLANDIA 6,69 1,4 0,8 MALASIA 26,12 2,3 2,8 ESTONIA 14,49 1,6 1,6 ALEMANHA 5,85 1,4 0,7 Fonte: o autor
6.2.3 O Índice de Soberania Nacional (ISN)
O Índice de Soberania Nacional é calculado pela relação entre o Justo
Recurso de Defesa e o Recurso de Defesa verdadeiro. Esse índice reflete a
capacidade de projeção de poder soberano para países com perfil intervencionista,
ou a capacidade de dissuasão para países com perfil defensivo. Pode ainda ser
entendido como um superávit de poder para aqueles que possuam um valor a maior
do que seria necessário (justo) ou déficit de poder para aqueles que possuam um
valor a menor.
61
O cálculo tem como base os dois extremos do resultado encontrado entre os
países na relação do Justo Recurso de Defesa e Recurso de Defesa Verdadeiro.
Para os países que estão com superávit de poder, o valor varia de 5,0 a 9,0,
sendo o grau 5,0 para os países que estão no mesmo nível entre os dois valores do
recurso defesa (justo e verdadeiro) e grau 9,0 para o país com o maior superávit.
Não foram considerados valores acima de 9,0, pois é lógico supor que
nenhum país tenha total soberania e que não esteja sujeito a alguma ameaça.
Onde: VRD = Verdadeiro Recurso de Defesa de um país
JRD Justo Recurso de Defesa de um país
VRD = Verdadeiro Recurso de Defesa do país de maior valor da relação
JRD Justo Recurso de Defesa do país de maior valor da relação
Para os países que estão com déficit de poder, o valor varia de 2 a 5,0,
sendo o grau 5,0 para os países que estão no mesmo nível entre os dois valores do
recurso defesa (justo e verdadeiro) e grau 2,0 para o país com maior déficit. De
forma similar, subentende-se que em todos os países, por mais deficientes que
estejam na relação entre o justo e o real recurso de defesa, há a possibilidade de
empreender esforço para manter a sua soberania. Por isso, foi arbitrado o grau 2,0 e
não 0,0.
Onde: VRD = Verdadeiro Recurso de Defesa de um país
JRD Justo Recurso de Defesa de um país
VRD = Verdadeiro Recurso de Defesa do país de menor valor da relação
JRD Justo Recurso de Defesa do país de menor valor da relação
ISN = 5,0 - (((1- (JRD / VRD )) / (1- (JRD /VRD ))) x 3,0
ISN = 5,0 + (((1- (VRD /JRD )) / (1- (VRD JRD ))) x 4,0
62
Tabela5: Índice de Soberania Nacional dos países estudados
CLAS PAÍS ISN CLAS PAÍS ISN CLAS PAÍS ISN
1 FRANÇA 9,00 32 ESLOVENIA 5,73 63 EMIR ARABES 4,37
2 ALEMANHA 8,75 33 MACEDONIA 5,60 64 MONGOLIA 4,35
3 FINLANDIA 8,27 34 TURQUIA 5,57 65 MOÇAMBIQUE 4,29
4 EUA 8,22 35 UCRANIA 5,53 66 BRASIL 4,28
5 PORTUGAL 8,14 36 SUIÇA 5,46 67 TAJIKISTÃO 4,21
6 SUECIA 8,12 37 ALBANIA 5,38 68 LUXEMBURGO 4,20
7 NAMIBIA 8,11 38 GUINÉ 5,30 69 SUDÃO 4,20
8 REP TCHECA 8,10 39 CHILE 5,24 70 CHINA 4,19
9 BIELORUSSIA 7,65 40 QUIRQUISTÃO 5,06 71 ÁUSTRIA 4,18
10 JORDANIA 7,54 41 AUSTRALIA 4,98 72 DINAMARCA 4,15
11 MARROCOS 7,48 42 ESTONIA 4,98 73 ARGÉLIA 4,06
12 ANGOLA 7,31 43 LITUANIA 4,97 74 LIBANO 3,99
13 KUWAIT 7,21 44 GRECIA 4,96 75 PERU 3,95
14 ARMENIA 7,14 45 ÁFR. DO SUL 4,93 76 SERVIA 3,94
15 HOLANDA 7,11 46 REP. CONGO 4,90 77 BOLIVIA 3,93
16 QATAR 7,06 47 LETONIA 4,88 78 INDIA 3,93
17 BULGARIA 7,00 48 BELGICA 4,79 79 BOSNIA 3,88
18 POLONIA 6,96 49 PAQUISTÃO 4,77 80 COR. DO SUL 3,83
19 SIRIA 6,69 50 ISRAEL 4,75 81 GEORGIA 3,82
20 REINO UNIDO 6,51 51 ROMENIA 4,74 82 ARGENTINA 3,80
21 SENEGAL 6,46 52 COLOMBIA 4,71 83 AZERBAIJÃO 3,79
22 NORUEGA 6,46 53 PANAMÁ 4,70 84 TAIWAN 3,74
23 ESLOVAQUIA 6,45 54 BANGLADESH 4,68 85 REP DOMIN 3,68
24 AR. SAUDITA 6,44 55 EQUADOR 4,65 86 TUNISIA 3,47
25 ETIOPIA 6,22 56 TAILANDIA 4,64 87 CROÁCIA 3,33
26 IEMEN 6,17 57 VIETNÃ 4,59 88 COSTA RICA 3,03
27 MOLDAVIA 6,15 58 IRÃ 4,56 89 NIGERIA 2,87
28 CAMARÕES 6,09 59 HUNGRIA 4,54 90 LIBIA 2,68
29 RUSSIA 5,96 60 ESPANHA 4,49 91 VENEZUELA 2,60
30 EGITO 5,90 61 QUENIA 4,40 92 CAZAQUISTÃO 2,35
31 CAMBOJA 5,76 62 MALASIA 4,39 93 JAPÃO 2,00
Fonte: o autor
63
6.2.3.1 Interpretação dos dados da França e do Japão
Provavelmente, os dois países aparecem em situação oposta no estudo,
motivada pelos seguintes fatores:
França – foi o grande vencedor da 1ª Guerra Mundial. Todavia, a Alemanha
nazista ocupou o território francês durante o desenrolar da II Guerra Mundial,
praticamente sem nenhuma batalha, ferindo profundamente o orgulho francês e
causando grande sofrimento e humilhação psicológica. Com a derrota da Alemanha
e as conseqüentes benesses entregadas à França (assento no Conselho de
Segurança da ONU e “autorização” para desenvolvimento de armas nucleares), a
percepção da sociedade permitiu também destinar recursos à defesa nacional,
reequipando suas Forças Armadas e desenvolvendo a indústria de defesa. Tudo
isso amalgamado por uma mudança de postura imperialista histórica, diminuindo os
antagonismos existentes.
Japão - situação oposta vivenciou o Japão após a 2ª Guerra Mundial, que
perdeu sua liberdade de ação no desenvolvimento de suas Forças Armadas.
Entretanto, seus inimigos de outrora se fortaleceram, implicando um aumento de sua
vulnerabilidade.
6.2.3.2 Outros exemplos
Como exemplo, serão verificados os valores encontrados para dois casos,
EUA e Brasil, utilizando como base a França, maior valor e Japão, menor valor. Para
a França, maior valor relativo, deve haver redução de 53% do seu recurso de defesa
e, para o Japão, aumento de 112%.
ISN (França) = 9,0
Para os EUA, deverá haver redução de 42%.
Então: ISN (EUA) = 5,0 + ((42/53) x 4,0)
ISN (EUA) = 8,2
Para o Japão, menor valor relativo do seu recurso defesa, deve haver
aumento de 112%. ISN (Japão) = 2,0
Para o Brasil, deverá ter aumento de 26% em seu orçamento de defesa.
Então: ISN (Brasil) = 5,0 - ((26/112) x 3,0)
ISN (Brasil) = 4,3
64
7 CONCLUSÃO
7.1 BREVE RETROSPECTIVA
Essa dissertação apresentou os resultados dos esforços de pesquisa para
verificar quais fatores podem indicar objetivamente a definição de um justo recurso
de defesa a uma nação. A importância da discussão se dá, primeiramente, pela
compreensão da lógica das necessidades orçamentárias destinadas à área de
defesa de um país e pela disseminação dos seus elementos principais à
comunidade acadêmica, administradores públicos do setor de defesa e meio político.
De igual maneira, a importância da pesquisa reside na própria relevância
dos resultados a que se propôs gerar. Discutir orçamento de defesa, implementando
nova metodologia de aplicação, transformando a avaliação subjetiva em objetiva, a
partir de um modelo, trazem avanços conceituais e práticos para uma gestão pública
de mais qualidade e que melhor atenda o mais alto valor de uma sociedade, que é a
sua soberania.
Nesse sentido, a pesquisa buscou atender a seguinte questão: é possível
criar indicadores, com base em fatores, que assegurem a definição de um justo
recurso de defesa determinado país? Para respondê-la, optou-se por criar uma
modelagem, auferindo valores a determinados eventos/situações ligados ao tema.
Ressaltam-se os aspectos metodológicos das pesquisas de campo. Foram
elaborados sete distintos questionários. Seis destinados a especialistas da área em
estudo, sendo quatro respondidos. Outro formato de questionário destinou-se aos
100 (cem) estagiários do CAEPE 2011, sendo todos respondidos. As perguntas
contidas nos questionários tinham por objetivos: quantificar e qualificar os fatores
escolhidos pelo autor na revisão bibliográfica; verificar a existência de novos fatores
ou novas idéias de relevância; e esclarecer dúvidas sobre determinado aspecto,
importante para a compreensão e a conclusão do tema.
A compilação dos resultados permitiu descartar dois fatores de menor
relevância (IDH e Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa); um fator de difícil
quantificação (Mobilização Nacional); e outro que é intimamente dependente da
aplicação do recurso de defesa (Eficiência Militar). Assim, os seis fatores escolhidos
foram: política externa; afinidade e antagonismos; capacidade nuclear; recursos
naturais estratégicos; fisiográfico; e indústria de defesa.
65
Na etapa seguinte, foi construído um modelo de aplicação, adequando os
fatores levantados com eventos concretos, quantificando-os, transformando o
subjetivo em objetivo. Nesta fase, este autor buscou reunir os fatores em três
grupos, identificando a Vulnerabilidade Externa, a fim de facilitar o entendimento e
a comparação com Recurso de Defesa. Ou seja, quanto maior a Vulnerabilidade
Externa, maior deveria ser, em tese, o Recurso de Defesa correspondente. Com
isso, promoveu-se a simplificação da aplicação dos dados, ora aumentando a
vulnerabilidade, ora diminuindo-a.
Na criação do modelo de análise, foram realizados vários testes com as
variáveis, procurando identificar os eventos/situações mais prevalentes. A
dificuldade encontrada foi determinar o valor inicial e a amplitude dos valores
superior e inferior do mesmo item. Buscou-se, insistentemente, diminuir o grau de
sensibilidade de um único fator. E como foi feito isso? Diminuindo as diferenças de
pontuação de um mesmo evento. Assim, procurou-se identificar dados que
caracterizassem a importância relativa e coerente deste evento com Defesa.
Logicamente, há um grau importante de subjetividade na atribuição dos
valores, mas como a própria ESG (2009, op. Cit) assume: ”a avaliação, ainda que
sujeita a erros, é um processo indispensável para o conhecimento da capacidade
do Poder Nacional, permitindo detectar vulnerabilidades e óbices” (grifo nosso).
Foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson para verificar qual seria
a correlação entre a Vulnerabilidade Externa e o Verdadeiro Recurso de Defesa
(VRD) dos países, com base em hipóteses, alterando os valores quantitativos e
eventos e situações concretas, apresentados na modelagem de aplicação.
Com o resultado apresentado na correlação, foi possível identificar a fórmula
da Vulnerabilidade Externa e, em conseqüência, o valor do Justo Recurso de
Defesa (JRD).
Aproveitando a sequência do raciocínio, foi apresentado o Índice de
Soberania Nacional (ISN) como forma de caracterizar, ainda mais, a situação
relativa atual dos países estudados, no contexto mundial. O ISN é, de maneira
simples e direta, a relação entre o JRD e o VRD, dentro do contexto mundial. É
possível, portanto, identificar vulnerabilidades, ameaças, hipóteses de
conflito/guerra, tentando prever eventos futuros. Ou seja, tal indicador é resultante
de um processo indispensável para o conhecimento da capacidade da nação,
evitando que sofra reveses que atinjam sua soberania.
66
7.2 IMPRESSOES GERAIS E ANÁLISE CRÍTICA
O presente trabalho apresentou uma nova abordagem sobre um assunto
muito discutido, desde os primórdios da organização do Estado Nacional. A
seqüência da metodologia apresentada, chegando a valores objetivos é,
provavelmente, o maior ganho do estudo. A modelagem da análise, certamente,
sofrerá críticas diversas; e é justamente esta fase que requer maior conhecimento do
analista sobre conjuntura regional e mundial.
Finalmente, ficam aqui registradas as impressões sobre os impactos do
trabalho realizado. Foi possível o acúmulo de conhecimento sobre uma disciplina,
normalmente muito discutida no meio militar, que mais conseqüências sofre com o
contingenciamento, a redução de recursos etc. A comparação com outros países,
hegemônicos ou não, enriqueceu em muito o entendimento de tão complexo tema.
A integração do estudo da história das guerras contemporâneas com a
estatística e a matemática mostrou o quão é possível sair do subjetivismo para uma
visão pragmática, em uma análise multidisciplinar. O provável ineditismo da presente
abordagem sustenta outros debates.
Por fim, o justo recurso de defesa de cada país poderá produzir equilíbrio do
poder militar entre nações, diminuindo a possibilidade de deflagração de novos
conflitos bélicos.
7.3 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES
7.3.1 Ministério da Defesa do Brasil
Inserir, em seu processo de avaliação da conjuntura externa, um método
objetivo, a fim de verificar em que situação/posição se encontra o Brasil e quais
medidas a serem adotadas, ajustando o orçamento de defesa à estatura político-
estratégica da nação, compatível com as ameaças preponderantemente externas,
potenciais e manifestas.
Faz-se necessário estabelecer mecanismos que – sem prejudicar as
atividades convencionais das Forças Armadas – proporcionem ao poder público a
alocação de recursos adicionais para atender às demandas de ampliação da
capacidade dissuasória e de desenvolvimento tecnológico do País.
67
Nesse contexto, o melhor caminho é propor uma Emenda Constitucional,
para incluir regra que assegure a aplicação de recursos mínimos para as ações de
custeio e investimentos das Forças Armadas.
Do resultado apresentado, se for considerado o gasto com despesa de
pagamento de pessoal fixo, o acréscimo necessário de 26% do orçamento atual de
defesa para alcançar o Justo Recurso de Defesa do Brasil corresponde a um
aumento de 93% para despesas de investimento e custeio atuais. Este valor
equivale a 3,3% da despesa primária da União, que seria, por exemplo, um patamar
fixo anualmente, livre do poder discricionário do agente executivo.
Por certo que a fixação constitucional de valores mínimos para garantir a
continuidade de recursos financeiros específicos para a defesa nacional compõe
uma das mais relevantes iniciativas do poder público destinadas a assegurar ao
Estado brasileiro a proteção e a projeção exigidas pela contemporaneidade.
Sugere-se que o envio ao Congresso Nacional da referida Proposta de
Emenda Constitucional seria realizado em consonância com a conclusão do Livro
Branco de Defesa Nacional, previsto para o mês de novembro de 2012.
7.3.2 Administração Pública
A aplicação de uma sequência metodológica similar à apresentada neste
trabalho em outras áreas, especialmente na definição da aplicação do orçamento
federal, poderia entregar maior pragmatismo à gestão pública
7.3.3 Meio Acadêmico
Como o atual trabalho apresentou inúmeros dados empíricos pouco
aprofundados, sugere-se discuti-los, criando novos modelos, a fim de compará-los
com o ora proposto. Outra sugestão é prosseguir no teste das variáveis, buscando
diminuir ainda mais avaliações subjetivas na aplicação da modelagem.
7.3.4 Consideração Final
Por fim, o estabelecimento de um justo orçamento de defesa dos países poderá
produzir equilíbrio do poder militar entre nações, diminuindo a possibilidade de
deflagração de novos conflitos bélicos.
68
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69
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70
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71
ANEXO A: LISTA DOS PAÍSES PRODUTORES DE MATERIAL DE EMPREGO
MILITAR
Fonte: Bloomberg, consulta em 04/07/2011, apud Schmidt (2011).
72
APÊNDICE A - QUESTIONARIO - CAEPE
ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA CURSO DE ALTOS ESTUDOS DE POLÍTICA E ESTRATÉGIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
O presente questionário tem por objetivo realizar análises quantitativas e
qualitativas quanto à pertinência da escolha dos fatores levantados pelo autor na
revisão bibliográfica. Foram escolhidos inicialmente 10 (dez) fatores que possuem
estreita relação com o que seria coerente para a definição de um justo recurso de
defesa de uma nação. A intenção é que o Sr ou Sra escolha apenas 06 (seis)
fatores, de acordo com sua opinião. Para isso, basta marcar um X nos
parênteses.
1. ( ) Fator fisiográfico
É composto por 3 subitens a fim de determinar a importância da geografia de
uma nação na definição dos recursos de defesa.
Forma do território – a forma pode ser compacta, onde há menor fronteira a
cuidar e a vivificar, menores distâncias entre os pontos opostos, facilitando a defesa
e a coesão. Nas formas recortadas e fragmentadas, acontece o inverso.
Posição do território – posicionamento em relação aos países fronteiriços, aos
feixes comerciais (vias de acesso e rotas), às fontes de matérias-primas, aos centros
industriais e aos centros de poder.
Permeabilidade e vivificação da fronteira – litoral, obstáculos naturais existentes
e se a fronteira é viva ou morta.
2. ( ) Fator Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
O Índice de Desenvolvimento Humano é uma medida comparativa composta a
partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e Produto Interno Bruto
(PIB) per capita.
QUESTIONÁRIO AOS ESTAGIÁRIOS DO CURSO DE ALTOS ESTUDOS DE POLÍTICA
E ESTRATÉGIA – CAEPE 2011
TÍTULO: FATORES QUE INFLUENCIAM A DEFINIÇÃO DE UM JUSTO RECURSO DE
DEFESA
AUTOR: CEL INF EB HEBER GARCIA PORTELLA
73
Na quantificação deste fator, quanto mais alto é o IDH maior seria a
disponibilidade de recursos a serem aplicados em Defesa, uma vez que problemas
sociais seriam minimizados em países com alto IDH.
3. ( ) Fator Recursos Naturais
Recursos naturais são as riquezas postas pela natureza à disposição do
homem. A terra e suas condições ecológicas, extensão e posição. O subsolo e suas
jazidas minerais existentes, importância econômica e estratégica. Águas industriais,
rios, lagos, açudes e lençóis subterrâneos, com seus volumes e potenciais
hidráulicos. A plataforma continental com sua importância.
Na quantificação deste item, seria levantada toda a riqueza natural que gera
ou pode gerar cobiça internacional.
4. ( ) Fator Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa (IVE)
O Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa foi criado pelo Prof. Reinaldo
Gonçalves que é a média simples de outros três índices: vulnerabilidade comercial,
vulnerabilidade produtivo-tecnológica e vulnerabilidade monetário-financeira. A
vulnerabilidade externa expressa a capacidade de resistência das economias
nacionais a pressões, fatores desestabilizadores ou choques externos em função
das opções de resposta como instrumento de política disponíveis e dos custos de
enfrentamento ou de ajustes importantes.
5. ( ) Fator Afinidade e Antagonismos históricos
A questão de antagonismo histórico de uma nação a outra nação é
facilmente identificado pelos problemas ocorridos em algum momento no passado e
que ainda não foi resolvido na plenitude, levando a sociedade de um ou dos dois
países a terem uma percepção antagônica em relação ao outro, ou seja, um passivo
histórico ainda não resolvido.
6. ( ) Fator Política Externa
Nesse estudo, seriam levados em consideração os princípios fundamentais
de determinado país, definidos em sua Constituição e em seus respectivos Livros
Brancos de Defesa. As políticas intervencionistas e de ingerência em outros países.
O respeito aos tratados internacionais que indiquem a aversão a uma possível
74
corrida armamentista contribui para a diminuição de desconfianças e pressões
externas àquele país. A participação em blocos de países com vistas à defesa.
7. ( ) Fator Eficiência Militar (Adestramento)
Pode-se avaliar a eficiência das respectivas Forças Armadas pela
experiência de combate - há quanto tempo participou de uma guerra e qual foi o
efetivo envolvido. Outras verificações a serem levantadas seriam o efetivo das
Forças Armadas em relação à população do país. Por quanto tempo o ex-militar fica
em condições de ser mobilizado e a previsão de exercícios periódicos com esse
efetivo. A integração entre as Forças Singulares, consolidada em uma
interoperabilidade, advinda de exercícios conjuntos e existência de comando
conjunto ativados refletem também a eficiência das Forças Armadas.
8. ( ) Fator Indústria de Defesa
Esse item reflete o grau de independência de um país na aquisição de
material de defesa e seria mensurado pelo percentual de participação da indústria
nacional nas compras realizadas pelas Forças Armadas.
9. ( ) Fator Capacidade Nuclear
A avaliação desse fator seria a capacidade do país em dominar a
tecnologia de produção de energia nuclear para fins pacíficos e para fins militares,
entregando àquele país poder dissuasório.
10. ( ) Fator Mobilização Nacional
Em um esforço de guerra, é necessário que um país utilize todo seu
potencial para vencer a guerra. A mobilização é a capacidade e o direcionamento
dos diversos campos do poder para a guerra. O levantamento dessa capacidade
seria obtido pela existência de planos de mobilização nacional e a consecução de
exercícios, envolvendo todos setores da sociedade. Seria também verificada se as
indústrias nacionais podem ser adequadas ao esforço de guerra.
Caso o Sr (Sra) queira apresentar outros fatores que julgue importante, por
favor, indique abaixo. O espaço é livre.
75
APÊNDICE B – QUESTIONARIO - GUSTAVO TROMPOWSKY HECK
ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA CURSO DE ALTOS ESTUDOS DE POLÍTICA E ESTRATÉGIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
O presente questionário tem por objetivo realizar análises quantitativas e
qualitativas quanto à pertinência da escolha dos fatores levantados pelo autor na
revisão bibliográfica. Foram escolhidos inicialmente 10 (dez) fatores que possuem
estreita relação com o que seria coerente para a definição de um justo recurso de
defesa de uma nação. A intenção é que o Sr identifique a pertinência dos 10 fatores
escolhidos pelo autor para definir se os recursos de defesa de uma nação estão
coerentes com sua estatura político-estratégica. Se possível, solicita-se que o Sr.
determine a prioridade de importância entre os fatores ou apresente outros mais
coerentes. Para isso, seria conveniente usar a numeração de prioridade nos
parênteses. Há espaço para que coloque observações necessárias à interpretação
dos fatores. Este espaço é ilimitado.
1. ( ) Fator fisiográfico
É composto por 3 subitens a fim de determinar a importância da geografia de
uma nação na definição dos recursos de defesa.
Forma do território – a forma pode ser compacta, onde há menor fronteira a
cuidar e a vivificar, menores distâncias entre os pontos opostos, facilitando a defesa
e a coesão. Nas formas recortadas e fragmentadas, acontece o inverso.
Posição do território – posicionamento em relação aos países fronteiriços, aos
feixes comerciais (vias de acesso e rotas), às fontes de matérias-primas, aos centros
industriais e aos centros de poder.
Permeabilidade e vivificação da fronteira – obstáculos naturais existentes e se a
fronteira é viva ou morta.
TÍTULO: FATORES QUE INFLUENCIAM A DEFINIÇÃO DE UM JUSTO
RECURSO DE DEFESA
QUESTIONÁRIO AO PROF GUSTAVO ALBERTO TROMPOWSKY HECK –
PROFESSOR ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
AUTOR: CEL INF EB HEBER GARCIA PORTELLA
76
Na quantificação deste fator, seria computado o número de países fronteiriços, a
distância aos centros de poder, a proximidade de áreas de circulação econômica e a
proximidade de fontes de matéria-prima e a forma do território.
Observações
2. ( ) Fator Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
O Índice de Desenvolvimento Humano é uma medida comparativa usada para
classificar os países pelo seu grau de "desenvolvimento humano" e para separar os
países desenvolvidos e subdesenvolvidos. A estatística é composta a partir de
dados de expectativa de vida ao nascer, educação e Produto Interno Bruto (PIB) per
capita. Na quantificação deste fator, quanto mais alto é o IDH maior seria a
disponibilidade de recursos a serem aplicados em Defesa, uma vez que problemas
sociais seriam minimizados em países com alto IDH.
Observações
3. ( ) Fator Recursos Naturais
Recursos naturais são as riquezas postas pela natureza à disposição do
homem. A terra e suas condições ecológicas, extensão e posição. O subsolo e suas
jazidas minerais, importância econômica e estratégica. Águas industriais, rios, lagos,
açudes e lençóis subterrâneos, com seus volumes e potenciais hidráulicos. A
plataforma continental com sua importância econômica. Na quantificação deste item,
seria levantada toda a riqueza natural que gera ou pode gerar cobiça internacional.
Observações
4. ( ) Fator Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa (IVE)
O Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa foi criado pelo Prof. Reinaldo
Gonçalves que é a média simples de outros três índices: vulnerabilidade comercial,
vulnerabilidade produtivo-tecnológica e vulnerabilidade monetário-financeira.
A vulnerabilidade externa expressa a capacidade de resistência das
economias nacionais a pressões, fatores desestabilizadores ou choques externos
em função das opções de resposta como instrumento de política disponíveis e dos
custos de enfrentamento ou de ajustes importantes.
77
A vantagem em se utilizar o referido índice é que ele considera diversos
índices econômicos e inclui a situação da expressão científico-tecnológica do Poder
Nacional. Outra vantagem é que tal cálculo é constantemente atualizado.
Observações
5. ( ) Fator Afinidade e Antagonismos históricos
A questão de antagonismo histórico de uma nação a outra é facilmente
identificado pelos problemas ocorridos em algum momento no passado e que ainda
não foi resolvido na plenitude, levando a sociedade de um ou dos dois países a
terem uma percepção antagônica em relação ao outro, ou seja, um passivo histórico
ainda não resolvido. É possível mensurar tal conjuntura, observando se o país
mantém relações diplomáticas com outros, se são fronteiriços, há quanto tempo
ocorreu uma distensão militar, ou o a fricção política, se há alguma reivindicação não
satisfeita, qual seria grau de integração econômica e se existem medidas de
confiança mútua na área militar. Afinidade é a situação oposta.
Observações
6. ( ) Fator Política Externa
Nesse estudo, seriam levados em consideração os princípios fundamentais
de determinado país definidos em sua Constituição e em seus respectivos Livros
Brancos de Defesa. As políticas intervencionistas e de ingerência em outros países.
O respeito aos tratados internacionais que indiquem a aversão a uma possível
corrida armamentista contribui para a diminuição de desconfianças e pressões
externas àquele país. A participação em blocos de países com vistas à defesa
mútua. A contribuição em missões de paz também é um indicador a ser facilmente
mensurado. Também devem ser verificadas as atitudes de integração e de
isolamento de uma nação ao longo de sua história.
Observações
7. ( ) Fator Eficiência Militar (Adestramento)
Este fator é temporal e determina se as Forças Armadas de um país
correspondem à sua estatura político-estratégica. Pode-se avaliar a eficiência das
respectivas Forças Armadas pela experiência de combate - há quanto tempo
participou de uma guerra e qual foi o efetivo envolvido.
78
Outras verificações a serem levantadas seriam o efetivo das Forças
Armadas em relação à população do país. Por quanto tempo o ex-militar fica em
condições de ser mobilizado e a previsão de exercícios periódicos com esse efetivo.
Qual seria o percentual do efetivo profissional em relação ao efetivo variável. A
integração entre as Forças Singulares, consolidada em uma interoperabilidade,
advinda de exercícios conjuntos e existência de comando conjunto ativados refletem
também a eficiência das Forças Armadas. E por último, qual seria o grau de
obsolescência do material de emprego militar daquele país.
Observações
8. ( ) Fator Indústria de Defesa
Esse item reflete o grau de independência de um país na aquisição de
material de defesa e seria mensurado pelo percentual de participação da indústria
nacional nas compras realizadas pelas Forças Armadas. Seria também verificada se
as indústrias nacionais podem ser adequadas ao esforço de guerra.
Observações
9. ( ) Fator Capacidade Nuclear
A avaliação desse fator seria a capacidade do país em dominar a
tecnologia de produção de energia nuclear para fins pacíficos e para fins militares,
entregando àquele país poder dissuasório.
Observações
10. ( ) Fator Mobilização Nacional
Em um esforço de guerra, é necessário que um país utilize todo seu
potencial para vencer a guerra. A mobilização é a capacidade e o direcionamento
dos diversos campos do poder para a guerra. O levantamento dessa capacidade
seria obtido pela existência de planos de mobilização nacional e a consecução de
exercícios, envolvendo todos setores da sociedade.
Observações
79
APÊNDICE C - QUESTIONARIO - OSCAR MEDEIROS FILHO ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
CURSO DE ALTOS ESTUDOS DE POLÍTICA E ESTRATÉGIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
O presente questionário tem por objetivo realizar análises quantitativas e
qualitativas quanto à pertinência da escolha dos fatores levantados pelo autor na
revisão bibliográfica. Foram escolhidos inicialmente 10 (dez) fatores que possuem
estreita relação com o que seria coerente para a definição de um justo recurso de
defesa de uma nação. A intenção é que o Sr identifique a pertinência dos 10 fatores
escolhidos pelo autor para definir se os recursos de defesa de uma nação estão
coerentes com sua estatura político-estratégica. Se possível, solicita-se que o Sr.
determine a prioridade de importância entre os fatores ou apresente outros mais
coerentes. Para isso, seria conveniente usar a numeração de prioridade nos
parênteses. Há espaço para que coloque observações necessárias à interpretação
dos fatores. Este espaço é ilimitado.
1. ( ) Fator fisiográfico É composto por 3 subitens a fim de determinar a importância da geografia de
uma nação na definição dos recursos de defesa.
Forma do território – a forma pode ser compacta, onde há menor fronteira a
cuidar e a vivificar, menores distâncias entre os pontos opostos, facilitando a defesa
e a coesão. Nas formas recortadas e fragmentadas, acontece o inverso.
TÍTULO: FATORES QUE INFLUENCIAM A DEFINIÇÃO DE UM JUSTO
RECURSO DE DEFESA
QUESTIONÁRIO AO PROFESSOR OSCAR MEDEIROS FILHO
DOUTOR EM CIÊNCIA POLÍTICA - USP
AUTOR: CEL INF EB HEBER GARCIA PORTELLA
OBJETIVO GERAL: identificar quais fatores possuem influência na definição de um justo recurso de defesa. OBJETIVO ESPECÍFICO: comparar a influência de cada um dos fatores na definição de um justo recurso de defesa.
80
Posição do território – posicionamento em relação aos países fronteiriços, aos
feixes comerciais (vias de acesso e rotas), às fontes de matérias-primas, aos centros
industriais e aos centros de poder.
Permeabilidade e vivificação da fronteira – obstáculos naturais existentes e se a
fronteira é viva ou morta. Na quantificação deste fator, seria computado o número de
países fronteiriços, a distância aos centros de poder, a proximidade de áreas de
circulação econômica e a proximidade de fontes de matéria-prima e a forma do
território.
Observações
2. ( ) Fator Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
O Índice de Desenvolvimento Humano é uma medida comparativa usada para
classificar os países pelo seu grau de "desenvolvimento humano" e para separar os
países desenvolvidos e subdesenvolvidos. A estatística é composta a partir de
dados de expectativa de vida ao nascer, educação e Produto Interno Bruto (PIB) per
capita. Na quantificação deste fator, quanto mais alto é o IDH maior seria a
disponibilidade de recursos a serem aplicados em Defesa, uma vez que problemas
sociais seriam minimizados em países com alto IDH.
Observações
3. ( ) Fator Recursos Naturais Estratégicos
Recursos naturais são as riquezas postas pela natureza à disposição do
homem. A terra e suas condições ecológicas, extensão e posição. O subsolo e suas
jazidas minerais, importância econômica e estratégica. Águas industriais, rios, lagos,
açudes e lençóis subterrâneos, com seus volumes e potenciais hidráulicos. A
plataforma continental com sua importância econômica. Na quantificação deste item,
seria levantada toda a riqueza natural que gera ou pode gerar cobiça internacional.
Observações
4. ( ) Fator Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa (IVE)
O Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa foi criado pelo Prof. Reinaldo
Gonçalves que é a média simples de outros três índices: vulnerabilidade comercial,
vulnerabilidade produtivo-tecnológica e vulnerabilidade monetário-financeira.
81
A vulnerabilidade externa expressa a capacidade de resistência das
economias nacionais a pressões, fatores desestabilizadores ou choques externos
em função das opções de resposta como instrumento de política disponíveis e dos
custos de enfrentamento ou de ajustes importantes. A vantagem em se utilizar o
referido índice é que ele considera diversos índices econômicos e inclui a situação
da expressão científico-tecnológica do Poder Nacional. Outra vantagem é que tal
cálculo é constantemente atualizado.
Observações
5. ( ) Fator Afinidade e Antagonismos históricos
A questão de antagonismo histórico de uma nação a outra é facilmente
identificado pelos problemas ocorridos em algum momento no passado e que ainda
não foi resolvido na plenitude, levando a sociedade de um ou dos dois países a
terem uma percepção antagônica em relação ao outro, ou seja, um passivo histórico
ainda não resolvido. É possível mensurar tal conjuntura, observando se o país
mantém relações diplomáticas com outros, se são fronteiriços, há quanto tempo
ocorreu uma distensão militar, ou o a fricção política, se há alguma reivindicação não
satisfeita. E ainda qual seria grau de integração econômica e se existem medidas de
confiança mútua na área militar. Afinidade é a situação oposta.
Observações
6. ( ) Fator Política Externa
Nesse estudo, seriam levados em consideração os princípios fundamentais
de determinado país definidos em sua Constituição e em seus respectivos Livros
Brancos de Defesa. As políticas intervencionistas e de ingerência em outros países.
O respeito aos tratados internacionais que indiquem a aversão a uma possível
corrida armamentista contribui para a diminuição de desconfianças e pressões
externas àquele país. A participação em blocos de países com vistas à defesa
mútua. A contribuição em missões de paz também é um indicador a ser facilmente
mensurado. Também devem ser verificadas as atitudes de integração e de
isolamento de uma nação ao longo de sua história.
Observações
7. ( ) Fator Eficiência Militar (Adestramento)
82
Este fator é temporal e determina se as Forças Armadas de um país
correspondem à sua estatura político-estratégica. Pode-se avaliar a eficiência das
respectivas Forças Armadas pela experiência de combate - há quanto tempo
participou de uma guerra e qual foi o efetivo envolvido. Outras verificações a serem
levantadas seriam o efetivo das Forças Armadas em relação à população do país.
Por quanto tempo o ex-militar fica em condições de ser mobilizado e a previsão de
exercícios periódicos com esse efetivo. Qual seria o percentual do efetivo
profissional em relação ao efetivo variável. A integração entre as Forças Singulares,
consolidada em uma interoperabilidade, advinda de exercícios conjuntos e
existência de comando conjunto ativados refletem também a eficiência das Forças
Armadas. E por último, qual seria o grau de obsolescência do material de emprego
militar daquele país.
Observações
8. ( ) Fator Indústria de Defesa
Esse item reflete o grau de independência de um país na aquisição de
material de defesa e seria mensurado pelo percentual de participação da indústria
nacional nas compras realizadas pelas Forças Armadas. Seria também verificada se
as indústrias nacionais podem ser adequadas ao esforço de guerra.
Observações
9. ( ) Fator Capacidade Nuclear
A avaliação desse fator seria a capacidade do país em dominar a
tecnologia de produção de energia nuclear para fins pacíficos e para fins militares,
entregando àquele país poder dissuasório.
Observações
10. ( ) Fator Mobilização Nacional
Em um esforço de guerra, é necessário que um país utilize todo seu
potencial para vencer a guerra. A mobilização é a capacidade e o direcionamento
dos diversos campos do poder para a guerra. O levantamento dessa capacidade
seria obtido pela existência de planos de mobilização nacional e a consecução de
exercícios, envolvendo todos setores da sociedade.
Observações
83
APÊNDICE D - QUESTIONARIO - ELIAS RODRIGUES MARTINS FILHO ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
CURSO DE ALTOS ESTUDOS DE POLÍTICA E ESTRATÉGIA
O presente questionário tem por objetivo identificar aspectos relevantes que
indiquem como ocorre a definição do Recurso de Defesa do País. Há espaço para
que coloque as respostas e observações necessárias. Este espaço é ilimitado.
Pergunta
Dentre os fatores relacionados, quais o Sr acredita que tenha maior relevância, em
ordem de prioridade, para que, nas discussões diplomáticas no âmbito de
organismos internacionais como a ONU, uma nação tenha condições de influir
decisivamente nas decisões daquele organismo?
( ) Fator fisiográfico (posição geográfica, principalmente)
( ) Fator Índice de Desenvolvimento Humano (alto IDH)
( ) Fator Recursos Naturais (posse)
( ) Fator Índice de Vulnerabilidade Econômica Externa (IVE)
( ) Fator Afinidade e Antagonismos históricos
( ) Fator Política Externa
( ) Fator Eficiência Militar (Adestramento)
( ) Fator Indústria de Defesa
( ) Fator Capacidade Nuclear
( ) Fator Mobilização Nacional
Observações
TÍTULO: FATORES QUE INFLUENCIAM A DEFINIÇÃO DE UM JUSTO
RECURSO DE DEFESA
QUESTIONÁRIO AO CEL ELIAS RODRIGUES MARTINS FILHO
Oficial de Planejamento no Departamento de Operações para a Manutenção da
Paz da ONU (2005-2008). Assessor do Conselheiro Militar do Representante do
Brasil junto às Nações Unidas (2001-2002).
AUTOR: CEL INF EB HEBER GARCIA PORTELLA
84
APÊNDICE E - QUESTIONARIO - MARCO ANTONIO ALVES
ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
CURSO DE ALTOS ESTUDOS DE POLÍTICA E ESTRATÉGIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
O presente questionário tem por objetivo identificar aspectos relevantes que
indiquem como ocorre a definição do Recurso (Orçamento) de Defesa do Brasil. Há
espaço para que coloque as respostas e observações necessárias. Este espaço é
ilimitado. Favor encaminhar as respostas para [email protected]
1. Qual é o percentual do PIB brasileiro normalmente destinado ao Orçamento
de Defesa, não considerando a despesa com salários e pensões do pessoal ativo e
inativo?
Resposta e observações
2. O contingenciamento observado nos últimos anos tem afetado em que
medida o orçamento de defesa?
Resposta e observações
3. A Política de Defesa Nacional é uma Política de Estado. Há algum tipo de
privilégio adotado no sentido de preservar as Políticas de Estado, evitando que
sejam afetadas por situações conjunturais, de contingenciamento, ou pela Lei de
Responsabilidade Fiscal?
Resposta e observações
TÍTULO: FATORES QUE INFLUENCIAM A DEFINIÇÃO DE UM JUSTO
RECURSO DE DEFESA
QUESTIONÁRIO AO SR MARCO ANTÔNIO ALVES
MINISTÉRIO DA DEFESA
AUTOR: CEL INF EB HEBER GARCIA PORTELLA
OBJETIVO GERAL: identificar quais fatores possuem influência na definição de
um justo recurso de defesa.
OBJETIVO ESPECÍFICO: comparar a influência de cada um dos fatores na
85
4. Há alguns países como o Chile que destinavam, por lei, parte dos recursos
provenientes da exportação do cobre para que fossem realizadas aquisições de
material de emprego militar das Forças Armadas. No Brasil, tal medida ainda não foi
adotada. O que seria necessário para que uma medida como esta fosse
implementada, por exemplo, na exploração do Pré-sal brasileiro?
Respostas e observações
5. Historicamente, pode-se afirmar que no Brasil, apenas fatores internos
(saúde, educação, etc) afetam a definição do orçamento de Defesa, ou a conjuntura
internacional exerce influência considerável neste valor?
Respostas e observações
86
APÊNDICE F - CÁLCULO DO FATOR “F” – FORMA
1. MÉTODO
O método de cálculo do fator F corresponde a comparar um territorio
compactado com o perímetro de sua fronteira. Para conhecer o valor final, o cálculo
será feito em 3 etapas.
Etapa 1- Calcular o valor do raio do círculo de área igual à superficie do país.
Seria o mesmo que compactar o território em estudo. Para isto, se utiliza a fórmula
da área de um círculo - π r².
Etapa 2- Calcular o valor do raio do círculo conformado pela soma da
fronteira terrestre e marítima. Seria o mesmo que tornar a soma da fronteria
marítima e terrestre em forma circular. Para isto, se utiliza a fórmula do perímetro de
um círculo – 2 π R.
Etapa 3 - Calcular o valor do fator F, que é a relação entre o valor do raio de
un círculo de perímetro da fronteira (R) com o círculo da superficie compactada (r).
2. EXEMPLOS
2.1 Brasil
2.1.1 Cálculo do raio do círculo da superfície (área compactada)
Área de Brasil = 8.511.965 Km²
Fórmula da área = π r²
π r² = 8.511.965 Km² → r = 1646 Km
2.1.2 Cálculo do raio do círculo do perímetro (fronteira terrestre + litoral)
Frontera terrestre = 14.691 Km
Litoral = 7491 Km
Fórmula del perímetro = 2 π R
2 π R = 14.691+ 7491 = 22182 Km → R = 3532 Km 2.1.3 Cálculo do fator “F” - Forma
F = R / r → F = 3532 / 1646 → F = 2,1 (Brasil)
87
2.2 Chile
2.2.1 Cálculo do raio do círculo da superfície (área compactada) –
Área de Chile = 756.950 Km2
Fórmula da área = π r²
π r² = 756.950 Km2 → r = 490 Km
2.2.2 Cálculo do raio do círculo do perímetro (fronteira terrestre + litoral)
Fronteira terrestre = 6.171 Km
Litoral = 6.435 Km
Fórmula do perímetro = 2 π R
2 π R = 6.171 + 6.435 = 12.606 Km → R = 2.007 Km 2.2.3 Cálculo do fator “F” - Forma
F = R / r → F = 3532 / 490 → F = 4,1 (Chile)
3. CONSIDERAÇÕES
- O fator F sempre será positivo e maior que 1,0.
- Quanto maior o valor do Fator F, maior será o esforço imposto ao país
para a sua defesa, pois tudo se deve produzir dentro do círculo menor para prover
segurança e defesa do círculo maior.
CHILE
6171 km
Fronteira 6435 km Litoral
7491 km Litoral
14691 km
BRASIL
Front Terrestre
88
APÊNDICE G – FATORES ORGANIZADOS POR TIAGO DE CASTRO
Militares Fisiograficos 1. Defesa da Área e Forças Armadas 2. Ensino, Instrução, Pesquisa, Ciência e
Tecnologia 3. Serviço Militar 4. Logística 5. Mobilização 6. Apoios interno e externo 7. Valores Militares 8. Imagem das Forças
9. Superfície 10. Forma 11. Fronteira 12. Posição absoluta e relativa 13. Limites 14. Geologia 15. Orografia 16. Hidrografia 17. Litoral 18. Vegetação 19. Clima 20. Meio ambiente
Psicossociais Políticos 21. Antecedentes históricos e sociais 22. Nacionalidades e etnias 23. Língua oficial e dialetos 24. Religião e ação das Igrejas 25. Costumes e tradições 26. Ressentimentos 27. Solidariedade e coesão interna 28. Exemplo 29. Autodeterminação 30. Sociedades, comunidades e sociedade
civil organizada 31. ONGs 32. Opinião pública 33. População 34. Alimentação e Nutrição 35. Saúde 36. Habitação 37. Trabalho ou gênero de atividade 38. Instrução e educação 39. Cultura 40. Padrão de vida 41. Assistência e previdência sociais 42. Cidadania 43. Estrutura e Mobilidade Social 44. Equilíbrio ou Desequilíbrio Sociais 45. Movimentos Sociais 46. Migrações internas e externas ou
Mobilidade Espacial 47. Circulação Social 48. Turismo 49. Personalidades
50. Governo ou Autoridade 51. Formas de Governo 52. Regimes de Governo 53. Poderes 54. Formas de Estado 55. Regimes de Estado 56. Organização Político - Administrativa 57. Autodeterminação ou Soberania 58. Legislação e Direito 59. Serviço de Inteligência 60. Território e Áreas Vitais 61. Limites 62. Fronteiras 63. Afinidade e Antagonismo 64. Segurança Nacional 65. Segurança Pública 66. Sociedades, Ideologias e Lideranças
Políticas 67. Política de Governo 68. Circulação e Ligações Políticas 69. Política Externa 70. Influencia, Pressão e Vontade 71. Intervenção e Ingerência 72. Isolacionismo 73. Hegemonia e Desequilíbrio do Poder
Guerra e Paz Econômicos
74. Matéria-prima 75. Energia 76. Transportes 77. Comunicações 78. Circulação Econômica 79. Equilíbrios ou Desequilíbrios Econômicos 80. Extrativismo 81. Estrutura Fundiária 82. Cidades 83. Agricultura 84. Pecuária, aquicultura e piscicultura 85. Industria 86. Comércio
DIM
CHILE 31,4 3 1,5 3 0,5 0,5 0,5 7,0 3 3,0 4,09 0,90 0,90 3,3 1,3 0,5 1,8 0,6 7,5PANAMÁ 8,7 0,6 0 0,6 1 1,0 3,07 0,96 0,84 2,5 1,3 0,0 1,8 0,4 6,0PERU 17,7 1,5 1 0,5 0,7 0,5 0,5 2,7 4 4,0 2,53 0,88 0,94 2,1 1,4 0,6 0,5 1,0 5,6ARGENTINA 13,3 1 1 0,6 0,4 1 1,2 3 3,0 2,49 0,85 0,93 2,0 0,8 1,0 1,8 1,0 6,6VENEZUELA 22,7 0 0,5 0,5 0,5 1,0 0 2,5 9 9,0 2,27 0,88 0,92 1,8 1,4 2,0 0,5 0,6 6,3BRASIL 18,5 1 0,5 0,6 1 0,6 10 0,5 9,5 2,15 0,89 0,93 1,8 1,0 2,0 0,5 2,0 7,3BOLIVIA 25,8 3 0,5 1 0,8 0,5 4,8 6 6,0 1,82 0,88 1,00 1,6 0,8 1,5 0,5 1,0 5,4COLOMBIA 38,3 4 5 0,7 0,5 0,5 8,7 4 4,0 2,44 0,93 0,93 2,1 1,8 1,5 1,8 1,0 8,2COSTA RICA 7,4 0,4 0,1 0 0,3 1 1,0 2,41 0,80 0,87 1,7 1,2 0,8 1,5 0,4 5,6REP DOMIN 9,1 0,5 0,8 0 1,3 1 1,0 2,11 0,93 0,84 1,7 1,5 0,5 0,5 0,2 4,4EQUADOR 18,6 2 0,5 0,8 1 2,3 5 5,0 2,25 0,95 0,89 1,9 1,2 2,0 1,0 0,4 6,5INDIA 23,2 3 2 2 1 0,5 3 2 3,5 4 4,0 3,37 0,82 0,93 2,6 1,8 1,5 1,5 1,2 8,6BANGLADESH 9,8 0,5 1 0,8 2 0,3 2 2,0 3,59 0,90 0,98 3,2 1,3 1,0 1,0 0,4 6,9CAZAQUISTÃO 22,0 1 1,3 2,3 7 7,0 2,06 0,80 1,00 1,6 1,8 2,0 1,5 1,0 7,9QUIRQUISTÃO 33,2 5 1 1,1 7,1 2 2,0 2,46 0,96 1,00 2,4 3,6 1,5 1,5 0,8 9,8PAQUISTÃO 28,1 3 2 2 2 1 1,1 3 2 6,1 2 2,0 2,46 0,95 0,97 2,3 1,8 1,5 1,5 0,8 7,9TAJIKISTÃO 26,3 1 2 1 1,5 5,5 2 2,0 2,72 0,82 1,00 2,2 1,8 1,5 1,5 0,8 7,8TAILANDIA 19,7 1 1 1 0,7 0,5 3,2 2 2,0 3,18 0,96 0,92 2,8 1,5 1,5 1,5 0,8 8,1VIETNÃ 26,6 1 2 1,4 4,4 4 4,0 3,97 0,95 0,91 3,5 1,8 1,5 2,0 0,6 9,4CHINA 26,5 2 1,5 5 0 1,4 1 3 2 3,9 7 1 6,0 3,34 0,83 0,92 2,5 0,0 1,5 2,0 2,8 8,8AUSTRALIA 20,2 2 1 0,2 3,2 4 4,0 2,83 1,00 0,80 2,3 1,0 1,5 2,0 0,0 6,8CAMBOJA 16,3 1 1 1,0 3,0 1 1,0 2,00 0,92 0,97 1,8 1,3 1,0 1,5 0,6 6,2JAPÃO 19,4 1 4 0,4 2 3,4 1 1 0,0 13,66 1,00 0,40 5,5 1,8 0,0 2,0 0,0 9,3TAIWAN 32,8 5 3 0,6 8,6 1 1,0 2,33 1,00 0,80 1,9 1,3 1,0 2,0 0,0 6,2MALASIA 26,1 2 2 1 0,8 5,8 1 1,0 3,61 0,93 0,87 2,9 1,3 1,0 2,0 0,6 7,8COR. DO SUL 38,9 5 4 3 0,4 0,5 0,5 1 10,4 1 1,0 2,17 0,99 0,82 1,8 1,8 1,0 2,0 0,2 6,8MONGOLIA 11,0 0,5 0,7 0,5 0,7 4 4,0 1,86 0,88 1,00 1,6 1,8 1,0 0,0 0,4 4,8ISRAEL 82,4 10 4 8 3 2 0,5 3 24,5 1 1 0,0 2,50 0,99 0,96 2,4 1,8 1,5 2,0 1,2 8,9IRÃ 30,2 3 0,5 0 2 1,6 3 4,1 10 10,0 1,73 0,93 0,94 1,5 1,0 2,0 2,0 1,4 7,9ARGÉLIA 40,4 3 4 1,3 8,3 8 8,0 1,34 0,90 0,97 1,2 1,4 2,0 1,5 1,4 7,5ARÁBIA SAUD 62,3 4 1 5 3 1,6 14,6 10 10,0 1,34 0,97 0,93 1,2 1,8 2,0 2,0 1,4 8,4EGITO 33,5 2 1 3 2 1,4 2 7,4 4 4,0 1,44 0,91 0,90 1,2 1,4 2,0 2,0 0,8 7,4JORDANIA 47,2 1 3 6,5 2 1,3 1 12,8 2 2,0 1,54 0,98 1,00 1,5 1,4 1,5 1,5 1,0 6,9
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* Dados obtidos no ALMANAQUE ABRIL 2011 e Site WIKIPEDIA de cada país
ANEXO H - PLANILHA DO CÁLCULO DA VULNERABILIDADE EXTERNA (Folha 1)
** Dados obtidos no THE GEOGRAPHY SITE . Disponível em:< http://www.geography-site.co.uk/pages/countries/atlas_index.html
DIM
KUWAIT 43,6 3 2 0,5 2 1,2 8,7 10 10,0 2,03 0,95 0,90 1,7 1,8 2,0 1,5 0,4 7,4LIBANO 38,6 3 2 1 3,5 1,5 0,8 1 10,8 1 1,0 1,88 0,94 0,93 1,6 1,0 1,0 1,0 0,4 5,0LIBIA 36,6 3 2 1,6 6,6 10 10,0 1,30 0,95 0,94 1,2 1,4 2,0 1,0 1,2 6,8MARROCOS 24,1 1 3 1 1,2 1 5,2 2 2,0 1,63 0,92 0,90 1,4 1,4 1,0 2,0 0,6 6,4QATAR 35,2 3 1 2 1,4 7,4 7 7,0 1,64 0,99 0,82 1,3 1,0 2,0 1,5 0,2 6,0SIRIA 42,0 3 1 3 1 2 1,5 1 10,5 4 4,0 1,60 0,95 0,98 1,5 1,4 1,5 1,0 1,0 6,4TUNISIA 21,7 2 1 1,4 4,4 3 3,0 1,79 0,95 0,91 1,6 1,4 1,0 1,0 0,4 5,4EM. ARABES 22,7 1 1,5 2,5 9 9,0 2,14 0,95 0,88 1,8 0,5 2,0 1,5 0,4 6,2IEMEN 28,9 5 1,5 6,5 3 3,0 1,42 0,95 0,90 1,2 1,4 1,5 2,0 0,4 6,5FRANÇA 10,3 3 2 0,4 3 2 0,4 2 1 1,0 2,88 0,97 0,87 2,4 0,0 1,5 2,0 2,0 7,9ALBANIA 10,9 0,5 0,5 0,8 1,8 2 2,0 1,80 0,90 0,93 1,5 0,0 0,8 0,3 0,8 3,4ALEMANHA 5,9 1 0,5 0,3 2 -0,2 2 0,5 1,5 2,84 0,95 0,92 2,5 0,0 0,3 0,3 1,8 4,9ESPANHA 12,8 1 0,5 1 0,4 0,5 1 1,4 2 2,0 2,73 0,92 0,86 2,1 0,0 1,5 2,0 1,0 6,6BELGICA 11,5 1 0,5 0,4 1,9 1 1,0 2,34 0,95 0,99 2,2 0,0 0,3 1,5 0,8 4,8BULGARIA 16,7 1 0,5 1 0,6 3,1 2 2,0 1,83 0,99 0,97 1,8 0,0 1,0 1,5 1,0 5,3REP TCHECA 9,2 1 0,4 1,4 2 2,0 1,89 0,93 1,00 1,8 0,0 0,3 0,3 0,8 3,2DINAMARCA 16,7 1 1 0,1 2,1 2 2,0 10,04 0,80 0,80 6,4 0,0 0,3 1,5 0,2 8,4ESTONIA 14,5 1 1 0,5 2,5 1 1,0 5,88 0,80 0,83 3,9 0,0 1,0 0,8 0,4 6,1GRECIA 28,1 3 2 0,4 0,5 4,9 2 2,0 11,58 0,80 0,82 7,6 0,0 1,5 1,5 0,8 11,4HUNGRIA 13,7 1,5 0,5 0,6 2,6 2 2,0 2,01 0,99 1,00 2,0 0,0 0,3 0,3 1,4 4,0LETONIA 12,1 1,5 1 0,6 0,5 2,6 0,0 1,87 0,98 0,94 1,7 0,0 1,0 0,8 0,8 4,3LITUANIA 10,7 1 0,6 1,6 2 2,0 1,52 0,97 0,99 1,4 0,0 1,0 0,8 0,8 4,0REINO UNIDO 19,7 4,5 1 4 0,4 1 3 2 3,9 1 1 0,0 7,09 0,98 0,81 5,6 0,0 0,3 2,0 0,2 8,1LUXEMBURGO 7,8 1 0,2 1,2 1 1,0 1,99 0,98 1,00 2,0 0,0 0,3 0,3 0,6 3,2HOLANDA 10,1 1 0,5 0,2 0,5 1,2 2 2,0 2,05 0,95 0,94 1,8 0,0 0,3 1,0 1,4 4,5NORUEGA 11,4 2 0,0 0,5 1,5 1 1,0 2,57 0,96 0,90 2,2 0,0 1,5 1,5 0,6 5,8POLONIA 12,5 1,5 0,6 2,1 2 2,0 1,66 0,98 0,97 1,6 0,0 0,3 1,0 1,4 4,3PORTUGAL 8,0 1 0,4 0,5 0,9 1 1,0 2,79 0,96 0,88 2,4 0,0 0,3 1,5 0,2 4,4ROMENIA 20,1 2 1 0,5 0,7 0,5 3,7 4 4,0 1,58 0,98 0,98 1,5 0,0 1,0 1,5 1,0 5,0EUA 21,0 3 6 0,4 5 2 2,4 10 3 7,0 2,92 0,98 0,88 2,5 0,0 2,0 2,0 0,4 6,9ESLOVAQUIA 13,0 2 0,5 0,5 0,5 2,5 2 2,0 1,95 0,93 1,00 1,8 0,0 0,3 0,3 1,0 3,4ESLOVENIA 13,8 1 2 0,5 0,5 3,0 1 1,0 2,74 0,91 0,99 2,5 0,0 0,3 0,3 0,8 3,9TURQUIA 27,3 2 2 1 1 1 0,9 1 1 5,9 2 2,0 3,15 0,99 0,85 2,7 0,0 1,5 2,0 1,6 7,8
VULNERAB ECONÔMICA *VULNERABILIDADE FISIOGRÁFICA **
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ANEXO H - PLANILHA DO CÁLCULO DA VULNERABILIDADE EXTERNA (Folha 2)
* Dados obtidos no ALMANAQUE ABRIL 2011 e Site WIKIPEDIA de cada país** Dados obtidos no THE GEOGRAPHY SITE . Disponível em:< http://www.geography-site.co.uk/pages/countries/atlas_index.html
DIM
ÁUSTRIA 7,9 0,5 0,3 0,5 0,3 2 2,0 2,50 0,87 1,00 2,2 1,2 0,0 0,0 1,6 5,0ARMENIA 37,4 6 2 0,5 1,2 9,7 1 1,0 2,05 0,99 1,00 2,0 1,5 1,5 1,5 0,8 7,3AZERBAIJÃO 31,0 3 2 0,5 1,4 6,9 3 3,0 2,70 0,95 0,94 2,4 1,5 1,5 1,0 1,0 7,4BIELORUSSIA 20,8 2 1 1,3 4,3 2 2,0 1,80 0,99 1,00 1,8 1,5 1,5 0,0 1,0 5,8BOSNIA 26,2 2 5 0,9 1 6,9 1 1,0 1,85 0,99 1,00 1,8 1,2 0,5 0,3 0,6 4,4CROÁCIA 24,0 2 2 0,6 1 3,6 2 2,0 9,53 0,99 0,85 8,1 1,2 0,5 0,3 1,0 11,1FINLANDIA 6,7 0,2 0,2 1 1,0 1,91 0,90 0,94 1,6 1,2 1,0 0,8 0,6 5,2GEORGIA 36,3 3 2 3 1,1 9,1 2 2,0 1,89 0,99 0,96 1,8 1,5 1,5 1,0 1,2 7,0MACEDONIA 19,3 2 1 1 0,8 0,5 4,3 2 2,0 1,36 0,95 1,00 1,3 1,2 0,5 0,5 1,0 4,5MOLDAVIA 17,7 2 1 0,7 3,7 2 2,0 2,13 0,99 1,00 2,1 1,2 0,5 0,3 0,4 4,5SERVIA 33,8 2 3 4 0,7 1 8,7 2 2,0 2,16 0,95 0,98 2,0 1,2 0,5 0,3 1,6 5,6SUECIA 8,1 0,5 0,1 0,6 1 1,0 2,29 0,93 0,88 1,9 1,2 1,0 0,8 0,4 5,3RUSSIA 29,9 3 4 1 1,1 5 0,5 3,6 10 1 9,0 3,94 0,80 0,87 2,7 0,0 2,0 2,0 3,2 9,9SUIÇA 8,1 0,5 0,2 0,7 1 1,0 2,57 0,99 1,00 2,5 1,2 0,3 0,0 1,0 5,0UCRANIA 16,0 1 1 0,7 0,5 2,2 2 2,0 2,70 0,94 0,93 2,4 1,5 1,5 0,3 1,6 7,3ÁFR. DO SUL 13,8 1 0,4 1,4 4 4,0 1,93 0,94 0,93 1,7 0,1 1,5 1,0 1,2 5,5ANGOLA 31,5 2 3 1,3 6,3 8 8,0 1,72 0,98 0,95 1,6 0,1 2,0 0,0 0,8 4,5CAMARÕES 11,4 1,5 1,3 1 1,8 2 2,0 2,04 0,90 0,98 1,8 0,1 1,0 0,0 1,0 3,9REP CONGO 19,9 2 1 1,6 1 3,6 4 4,0 2,74 0,95 0,99 2,6 0,1 1,5 0,0 1,0 5,2ETIOPIA 20,9 2 4 1,3 1 2 4,3 3 3,0 1,42 0,92 1,00 1,3 0,8 1,0 1,0 1,0 5,1GUINÉ 15,6 0,5 0,5 1,4 2,4 4 4,0 2,12 0,90 0,98 1,9 0,2 1,0 0,0 1,2 4,3QUENIA 20,1 3 2 1,1 0,5 5,6 1 1,0 1,48 0,95 0,97 1,4 0,1 0,0 0,0 1,0 2,5MOÇAMBIQUE 10,0 1 1,0 0,5 1,5 1 1,0 2,22 0,89 0,93 1,8 0,1 0,3 1,0 1,2 4,4NAMIBIA 14,3 1 0,5 0,8 2,3 4 4,0 1,71 0,99 0,94 1,6 0,1 1,0 0,0 0,8 3,5NIGERIA 14,6 1,5 1,3 2 0,8 8 8,0 1,44 0,91 0,97 1,3 0,1 2,0 0,0 0,8 4,2SENEGAL 11,4 1,5 0,9 2,4 1 1,0 2,02 0,97 0,97 1,9 0,2 0,0 0,0 1,0 3,1SUDÃO 19,0 2 1,5 0,5 3,0 4 4,0 1,52 0,90 0,98 1,3 0,8 1,0 1,0 1,8 5,9* Dados obtidos no ALMANAQUE ABRIL 2011 e Site WIKIPEDIA de cada país** Dados obtidos no THE GEOGRAPHY SITE . Disponível em:< http://www.geography-site.co.uk/pages/countries/atlas_index.html
ANEXO H - PLANILHA DO CÁLCULO DA VULNERABILIDADE EXTERNA (Folha 3)
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CHILE 3 - Bolívia 0,5 - Canal de Beagle - Argentina 0,5 - Fricção com o Peru 0,5 - Fricção constante com a Bolívia
2 - Bolívia - saída para o mar1 - Peru - marítimo
0,5 0,5 - Argentina Btl FPaz
0,5
PANAMÁ 0,6PERU 1 - Equador
0,5 - Fricção com o Chile 1 - Marítimo com Chile 0,5 - FARC 0,7 0,5 - Acordo com
Equador 0,5
ARGENTINA 0,5 - Guerra das Malvinas 1982 0,5 - Canal de Beagle - Chile
1 - Malvinas 0,6 0,5 - Chile Btl FPaz
1
VENEZUELA 0,5 - Fricção com a Colômbia 0,5 - W do Rio Esequibo na Guiana - 60% do território da Guiana - disputa em Moratória
0,5 - FARC 1,0
BRASIL 1 - Emprego efetivo das FFAA em GLO em normalidade constitucional
0,5 - FARC 0,6 1,5
BOLIVIA 3 - Chile 0,5 - Fricção constante com o Chile
1 - Saída para o mar - Chile 0,8 0,5
COLOMBIA 2 - Equador2 - Venezuela
5 - FARC 0,7 0,5 - Venezuela 0,5
COSTA RICA 0,4REP DOMIN 0,5 - Haiti 0,8EQUADOR 1 - Peru - Guerra
1 - Colômbia - fricção0,5 - FARC 0,8 1 - Peru
INDIA 3 - Paquistão 2 - Guerra India x Paquistão 2 - Com a China e Paquistão (Caxemira)
1 - Indus x Muçulmanos 0,5 3 2
BANGLADESH 0,5 - Independencia do Paquistão em 1971
1 - Indus x Muçulmanos 0,8 2
CAZAQUISTÃO 1 - Guerra do Afeganistão
1,3
QUIRQUISTÃO 4 - Inúmeras etnias e culturas;Conflitos internos1 - 2005 - Revolução das Tulipas
1 - Guerra do Afeganistão
1,1
VULN DEM
TEMPO GUERRA/FRICÇÃO POLÍTICA
DISS NUC
ANEXO I - PLANILHA DE PONTUAÇÃO DOS EVENTOS DA VULNERABILIDADE POLÍTICA (Folha 1)
PAÍSVULN DIPLO
ETNICO INTERNO
DIMINUEM
ÁREA REIVINDICADA
VULNERABILIDADE POLÍTICA *
AUMENTAM
MDD CONFMIS PAZ
PROX CONF
PAQUISTÃO 3 - Índia 2 - Guerra India x Paquistão 2 - Disputa com a Índia a Caxemira
2 - Diversos atentados terroristas em 2007.
1 - Gerra do Afeganistão
1,1 3 2
TAJIKISTÃO 1 - Com a China 2 - Maioria muçulmana contra minoria russa no poder
1 - Gerra do Afeganistão
1,5
TAILANDIA 1 - Fricção com o Cambodja em 2008
1 - Templo Preah Vihear com o Cambodja
1 - Rebelião em 2004 no sul, de maioria islâmica e ligações com a Malásia
0,7 0,5
VIETNÃ 1 - Fricção com a China em 2010 2 - Spratleys - Mar da China 1 - Mar da China
1,4
CHINA 2 - Taiwan, mas Taiwan não é reconhecida pela ONU
0,5 - Guerra com Vietnã em 19790,5 - Guerra sino indiana em 19620,5 - Conflito fronteiriço com a Rússia
2 - Mar da China1 - Coréia do Norte1 - Índia 1 - Tadjiquistão
1,4 0,5 - Com Taiwan0,5 - Com a Rússia - Tratado de boa vizinhança em 2001
3 2
AUSTRALIA 2 - Guerra do Iraque 1 - Aborígenes 0,2CAMBOJA 1 - Fricção com a Tailândia em
20081 - Templo Preah Vihear com a Tailândia
1,0
JAPÃO 1 - programa Nuclear da Coréia do Norte
4 - Rússia, China, Taiwan e Coréia do Sul
0,4 2
TAIWAN 5 - China 3 - Japão e China 0,6MALASIA 2 - Spratleys - Mar da China 2 - malásios x chineses x
muçulmanos1 - Mar da China
0,8
COR. DO SUL 3 - Coréia do Norte
2 - para Coréia do Norte1 - Japão pelas guerras anteriores1 - China
3 - Coréia do Norte e Japão 0,4 0,5 - Relações diplomáticas com a China em 1992.
1
MONGOLIA 0,5 - Violentas manifestações políticas em 2007
0,7 0,5
ISRAEL 3 - Síria, 3 - Líbano, 2 - Arábia Saudita 2 - Irã
2 - 2ª Guerra do Líbano (Hezbolah) em 2006.2- 2009 - contra Hamas, na faixa de Gaza
2 - Faixa de Gaza 2 - Cisjordânia.2 - Jerusalem Oriental como futura capital da Palestina2 - Colinas de Golã.
1 - Jerussalém Oriental1 - 1ª Intifada em 1987 1 - 2ª Intifada em 2000
2 - Guerra do Iraque
0,5 3
MDD CONFDISS NUC
MIS PAZ
ANEXO I - PLANILHA DE PONTUAÇÃO DOS EVENTOS DA VULNERABILIDADE POLÍTICA (Folha 2)
VULNERABILIDADE POLÍTICA *
AUMENTAM DIMINUEM
VULN DEM
PAÍSVULN DIPLO
TEMPO GUERRA/FRICÇÃO POLÍTICA
ÁREA REIVINDICADA ETNICO INTERNO PROX CONF
IRÃ 3 - Israel 0,5 - Tensão com os EUA 2 - Guerra do Iraque
1,6 3
ARGÉLIA 3 - Israel 2 - Frente de Libertação Islâmica (FIS) e Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQIM) 2 - Guerra civil desde 1992 População composta por árabes (83%) e berberes (17%) - conflitos com mais de 100 mil mortos.
1,3
ARÁB. SAUD 4 - Israel 1 - 2003 - Tensão com os EUA, pois a Arábia Saudita não permite que os EUA usem seu país como base militar.
5 - Fundamentalismo islâmico contra aproximação com os EUA geram forte tensão interna (AL QAEDA).
1,5 - Guerra do Iraque em 20031,5 - Guerra do Golfo em 1991
1,6
EGITO 2 - Líbia 1 - Guerra dos Seis Dias contra Israel em 1967.
2 - uso do rio Nilo. Problema com a Etiópia e Quênia. Essas duas nações recebem apoio de Uganda, Tanzânia e Ruanda. 1 - Perdeu Monte Sinai e faixa de Gaza para Israel
2 - revolução em 2011 1,4 2
JORDANIA 1 - Guerra dos Seis Dias contra Israel em 1967.
2 - Perdeu a Cisjordãnia para Israel1 - Perdeu parte de Jerusalém
1,5 - 3 atentados a Bomba em 2005 em Amã (Al Qaeda)1 - setembro negro - explulsão dos fedayin (OLP) em 19711 - vivem entre 500 mil e 750 mil refugiados da guerra do Iraque2 - maioria palestina x minoria local de tribos beduínos1 - difícil controle do fundamentalismo islãmico x país mais ocidentalizado da região.
2 - Guerra do Iraque
1,3 1 - Acordo de paz com Israel em 1990
KUWAIT 3 - Israel 2 - Guerra do Kwait em 1991 0,5 - Choques políticos entre a família real.
2 - Guerra do Iraque
1,2
ANEXO I - PLANILHA DE PONTUAÇÃO DOS EVENTOS DA VULNERABILIDADE POLÍTICA (Folha 3)
VULNERABILIDADE POLÍTICA *
AUMENTAM DIMINUEM
ÁREA REIVINDICADA ETNICO INTERNOPAÍS PROX CONFDISS NUC
MIS PAZ
MDD CONFVULN DEM
VULN DIPLO
TEMPO GUERRA/FRICÇÃO POLÍTICA
LIBANO 3 - Israel 2 - Guerra do Líbano em 2006 1 - Fazendas de Shabaa de 25 Km2 em Israel, mas a ONU diz que pertence à Síria.
2 - Governo x Hezbolah em 2008 1 - Mais de 300 mil refugiados palestinos no Líbano 0,5 - Cerco ao grupo radical islâmico Fatah Al Islam em 2007
1,5 - Guerra do Iraque
0,8 1 - Força de Paz da ONU
LIBIA 3 - Israel 2 - Movimentos dos Mártires Muçulmanos
1,6
MARROCOS 3 - Saara Ocidental 1 - Saara Ocidental 1 - Ceuta e Melilla (Espanha)
1,2 1
QATAR 3 - Israel (2010)1 - Com Arábia Saudita de 2002 a 2008
1 - Base de apoio dos EUA na Guerra do Afeganistão 1 - Guerra do Iraque
1,4
SIRIA 3 - Israel 1 - Guerras do Seis Dias em 1967 1 - Colinas de Golã 1 - Apóia o Hezbolah 2 - Guerra do Líbano 2- Guerra do Iraque
1,5 1 - Líbano
TUNISIA 2 - Israel 0,5 - Atentado terrorista em 2002. 0,5 - Confronto com radicais islâmicos deixa 12 mortos em 2007
1,4
EM. ARABES 1 - Guerra do Iraque
1,5
IEMEN 4 - Guerra civil separatista em 1994 (étnico) 1 - Ofensiva do Gov local e apoio dos EUA contra Grupo terrorsita Al Qaeda na Península Arábica em 2010
1,5
DISS NUC
VULN DEM
TEMPO GUERRA/FRICÇÃO POLÍTICA
DIMINUEM
MIS PAZ
ANEXO I - PLANILHA DE PONTUAÇÃO DOS EVENTOS DA VULNERABILIDADE POLÍTICA (Folha 4)
VULN DIPLO
PAÍS
VULNERABILIDADE POLÍTICA *
ETNICO INTERNO PROX CONF
AUMENTAM
ÁREA REIVINDICADA MDD CONF
FRANÇA 1,5 - Líbia (OTAN) - grande interesse e participação 0,5 - Argélia, 0,5 - Marrocos 0,5 - Tunísia
2 - Grande quantidade de grupos étnicos de imigrantes no país (muçulmanos, argelinos, ciganos, etc).
0,4 3 2
BELGICA 1 - Líbia (OTAN) 0,5 - Valões x Flamengos (Flandres - região mais rica) ameaçando a unidade belga. (2007).
0,4
BULGARIA 1 - Líbia (OTAN) 1 0,6REP TCHECA 1 - Líbia (OTAN) 0,4DINAMARCA 1 - Guerra do Iraque 1 - Limites territoriais do Ártico,
Groelandia e Ilhas Faroe. Criação de força militar para defender o Ártico.
0,1
ESTONIA 1 - Líbia (OTAN) 1- Russos étnicos 0,5GRECIA 3 - Turquia e
Kosovo1 - Líbia (OTAN) 1 - Fricção com a Macedônia
0,4 0,5
HUNGRIA 1 - Líbia (OTAN)0,5 - Crise com EslováquiaLei da Dupla cidadania irrita vizinhos
0,5 - Próximo Kosovo
0,6
LETONIA 0,5 - Delimitação de fronteira coma Rússia1 - Líbia (OTAN)
1 - População dividida russo e letões. Lei controversa garante cidadania a apenas quem fala letão. Prejudica 20% que só fala russo
0,6 0,5
LITUANIA 1 - Líbia (OTAN)0,5 - Próximo a Kaliningrado (Russia)
0,6
ESPANHA 1 - Líbia (OTAN) 0,5 - Ceuta e Melilla 1 - País Basco - ETA 0,4 0,5 - acordo BascoALEMANHA 1 - Líbia (OTAN) 0,5 - Imigrantes muçulmanos 0,3
VULN DIPLO
ÁREA REIVINDICADA
AUMENTAM DIMINUEM
TEMPO GUERRA/FRICÇÃO POLÍTICA
ANEXO I - PLANILHA DE PONTUAÇÃO DOS EVENTOS DA VULNERABILIDADE POLÍTICA (Folha 5)
VULNERABILIDADE POLÍTICA *
VULN DEM
PAÍSDISS NUC
MIS PAZ
MDD CONFETNICO INTERNO PROX CONF
REINO UNIDO 0,5 - Malvinas1 - Iraque1 - Líbia 2 - Se encontra no Afeganistão
1 - Malvinas pela Argentina 4 - Católicos da Irlanda do Norte são repúblicanos, reinvidicam união à República da Irlanda. Os protestantes á Coroa Britãnica. IRA
0,4 1 - Em 2007, acordo entre católicos e protestantes na divisão de poderes na região.
3 2
LUXEMBURGO 1 - Líbia (OTAN) 0,2HOLANDA 1 - Líbia (OTAN) 0,5 - Intolerância à Imigração 0,2 0,5NORUEGA 1 - Líbia (OTAN)
1 - Fricção pelo Ártico com Rússia0,0 0,5 - Acordo com
Rússia sobre o Ártico
POLONIA 1 - Líbia (OTAN)0,5 - Acordo com EUA sobre escudo anti-mísseis. URSS protestam
0,6
PORTUGAL 1 - Líbia (OTAN) 0,4 0,5ROMENIA 0,5 Transilvãnia - Hungria
0,5 Acordo com EUA escudo anti-mísseis desagrada EUA1 - Líbia (OTAN)
1 - Hungria - Transilvânia 0,5 - Ciganos da Romênia e vindos de outros países, espacialmente França
0,7 0,5
EUA 3 - Irã 2 - Iraque2 - Afeganistão2 - Líbia
0,4 5 2
ESLOVAQUIA 1 - Fricção com Hungria por cidadania húngara em território eslovaco em 2010.1 - Líbia (OTAN)
0,5 - húngaros 0,5 0,5
ESLOVENIA 1 - Líbia (OTAN) 2 - Disputa com Corácia sobre baía de Piran
0,5 0,5 - Mediação externa aceita, mas apertada por 52% da população
MDD CONFDISS NUC
ÁREA REIVINDICADA ETNICO INTERNO PROX CONFVULN DEM
PAÍSVULN DIPLO
TEMPO GUERRA/FRICÇÃO POLÍTICA
MIS PAZ
ANEXO I - PLANILHA DE PONTUAÇÃO DOS EVENTOS DA VULNERABILIDADE POLÍTICA (Folha 6)
VULNERABILIDADE POLÍTICA *
AUMENTAM DIMINUEM
TURQUIA 2 - Grécia 1 - Fricção com Israel qdo levavam ajuda humanitária à Gaza.1 - Líbia (OTAN)
1 - Turquia apóia Azerbaijão x Armênia (região de Nagorno-Karabakh)
1 - Iraque (curdos na fronteira) 1 - Iraque, Irã 0,9 1 - Acordos e aproximação com países do Oriente Médio
1
ÁUSTRIA 0,5 - Extrema direitaMosaico de de povos: alemães, húngaros, thecos, italianos, eslovenos, poloneses, lituanos, sérvios e crotas.
0,3 0,5
ARMENIA 6 - Turquia e Azerbaijão
2 - Disputa com Azerbaijão pela região de Nagorno-Karabakh
0,5 1,2
AZERBAIJÃO 3 - Armênia 2 - Disputa com Armênia pela região de Nagorno-Karabakh
0,5 1,4
BIELORUSSIA 2 - contra Rússia sobre Ossétia do Norte e da Abkhásia
1 - Geórgia x Rússia
1,3
BOSNIA 2 - Guerra dos Balcãs 5 - 3 etnias: sérvios (católicos ortodoxos); croatas (católicos), e bósnios mulçumanos.
0,9 1 - País sob mediação internacional (EUFOR)
CROÁCIA 2 - Guerra dos Balcãs 2 - Disputa com a Eslovênia (baía de Piran)
0,6 0,5 - Acordo de cooperação militar com a Sérvia.0,5 - acordo com a Croácia que aceitam arbitragem internacional sobre a disputa territorial
FINLANDIA 0,2
GEORGIA 3 - Rússia 2 - Invadida pela Rússia em 2008 3 - Ossétia do Sul e Abkházia 1,1
VULN DEM
DISS NUC
MIS PAZ
TEMPO GUERRA/FRICÇÃO POLÍTICA
ÁREA REIVINDICADA
VULNERABILIDADE POLÍTICA *
AUMENTAM DIMINUEM
ETNICO INTERNO PROX CONFPAÍSVULN DIPLO
ANEXO I - PLANILHA DE PONTUAÇÃO DOS EVENTOS DA VULNERABILIDADE POLÍTICA (Folha 7)
MDD CONF
MACEDONIA 3 - Grécia 1 - Grécia em 2008, pois é contra a entrada da Macedônia na OTAN.
1 - 300 mil albaneses kosovares migram para a macedônia em 1999 no bombardeio da OTAN.
0,8 0,5 - Intervenção da ONU, Grécia recua. 0,5 - em 2001, acordo para ampliar direito dos MOLDAVIA 2 - Transdnístria 1 - Transdnítria e Gagúzia 0,7
SERVIA 2 - Guerra dos Balcãs (1995) 3 - Contra o movimento separatista do Kosovo (2008)
4 - Guerra civil separatista na prvíncia do Kosovo - 90% dos kosovares são de origem albanesa, mas o local é o centro político e espiritual do reino sérvio desde a idade média, que dominou os balcãs.
0,7 1 - Acordo de Paz - ONU
SUECIA 0,5 - Ato terorista em Set 2010 após eleições
0,1
RUSSIA 3 - Geórgia 1,5 - Guerra da Chechênia - 1994 e 2000. 1,5 - Guerra contra Geórgia - apóia a Ossétia do Sul e Abkházia, separatistas 1 - Fricção com a Ucrãnia pelo porto de Sebastopol e entrada na OTAN.
1 - Criméia e Mar de AZOV com a Ucrânia na delimitação de fronteiras
1,1 5 0,5
SUIÇA 0,5 - Diversidade étnicaXenofobia exarcebada, especialmente muçulmana e latinos
0,2
UCRANIA 1 - Fricção com a Rússia pelo porto de Sebastopol e entrada na OTAN.
1 - Criméia e Mar de AZOV com a Rússia na delimitação de fronteiras.
0,7 0,5
ALBANIA 0,5 - Possibilidade remota de tornar a Grande Albânia - Kosovo+ Macedônia+ Albânia
0,5 - Kosovo 0,8
VULN DEM
MDD CONFDISS NUC
MIS PAZ
PAÍSVULN DIPLO
TEMPO GUERRA/FRICÇÃO POLÍTICA
ÁREA REIVINDICADA ETNICO INTERNO PROX CONF
ANEXO I - PLANILHA DE PONTUAÇÃO DOS EVENTOS DA VULNERABILIDADE POLÍTICA (Folha 8)
VULNERABILIDADE POLÍTICA *
AUMENTAM DIMINUEM
ÁFR. DO SUL 1 - Resistencia Africander Eugenne Terreblanche por 2 funcionarios negroa em sua fazenda; Consideram um declaracao de guerra da comunidade negra contra a branca. "mate os boeres".Mistura de tribos
0,4
ANGOLA 2 - Guerra civil de 1975 a 2002. 3 - Grupos étnicos distintos,Guerra civil MPLA e UNIRA até 2002.Em 2006, grupo separatista FLEC que luta pela independência de Cabinda, onde tem mais da metade do petróleo de Angola.
1,3
CAMARÕES 1,5 - Península de Bakassi. Problema com Nigéria. Corte Internacional de Justiça dá ganho para Camarões em 2002, mas Nigéria não retira suas tropas até 2008. Acordo contraria população local, pois 300 mil nigerianos vivem da pesca.
1,3 1 - Aribitragem internacional dá ganho a Camarões.
REP CONGO 2 - Guerra civil da RDC envolve 5 paísesAngola Zimbábue e Namíbia, Uganda e Ruanda (1998-2003).
Milícias (Forças Democráticas de Libertação de Ruanda (FDLR) contra Exército da RDC. Milícias Ugandenses também avançam no país.
1,6 1
MDD CONFDISS NUC
MIS PAZ
VULN DEM
PAÍSVULN DIPLO
TEMPO GUERRA/FRICÇÃO POLÍTICA
ÁREA REIVINDICADA ETNICO INTERNO PROX CONF
ANEXO I - PLANILHA DE PONTUAÇÃO DOS EVENTOS DA VULNERABILIDADE POLÍTICA (Folha 9)
VULNERABILIDADE POLÍTICA *
AUMENTAM DIMINUEM
ETIOPIA 2 - Guerra contra Eritréia de 1998 a 2000. Perdeu saída para o mar Vermelho com a independência da Eritréia, antiga província anexada.
1 - Disputa por fronteira (Badme) com Eritréia, favorável à Eritréia. Etiópia não aceita e tensão aumenta.3 - Uso na água do rio Nilo. Acordo em 1959 que só Sudão e Egito podem usar a água do rio. A Etiópia abriga a nascente do rio e produz 85% de suas águas. O egito declarou que qualquer alteração no acordo/status será interpretado como um ato de guerra.
1,3 1- Força de Paz da ONU
2
GUINÉ 0,5 - 500 mil refugiados da Libéria e Serra Leona após conflitos na fronteira em 2000.
0,5 - Conflito entre Serra Leoa e Libéria em 2000.
1,4
SENEGAL 1,5 Em 2009 recrudesce a violência em Casamance para independência da região ao sul de Gâmbia.
0,9
SUDÃO 2 - Guerra civil em Dardur por água, poder e terra entre tribos. Crise humanitária
1,5 0,5 - UNAMID em 2007. e em 2009 diminui a violência
NIGERIA 1. Tensão frequente entre muçulmanos e cristãos.0,5. - Atque terrorista em 2010.
1,3 2
DISS NUC
MIS PAZ
VULN DEM
TEMPO GUERRA/FRICÇÃO POLÍTICA
ÁREA REIVINDICADA ETNICO INTERNO PROX CONF MDD CONF
ANEXO I - PLANILHA DE PONTUAÇÃO DOS EVENTOS DA VULNERABILIDADE POLÍTICA (Folha 10)
VULNERABILIDADE POLÍTICA *
AUMENTAM DIMINUEM
PAÍSVULN DIPLO
QUENIA 3 - Uso na água do rio Nilo. Acordo em 1959 que só Sudão e Egito podem usar a água do rio. A Etiópia abriga a nascente do rio e produz 85% de suas águas. O egito declarou que qualquer alteração no acordo/status será interpretado como um ato de guerra.
1,5 - mais de 70 povos vivem no Quênia - mosaico de etnias.0,5 - Crise política desde 2007. Luta pelo poder: etnia Luo x Quicio.
1,1 0,5 - EUA ajudam em material FFAA quenianas. Em troca, navios dos EUA tem acesso privilegiado no porto de Mombasa
MOÇAMBIQUE 1 - 20 anos de guerra civil termina em 1992.
1,0 0,5 - Terminada a guerrra civil. Atuação da ONU.
NAMIBIA 1 - Independencia da Africa do Sul desde 1990.
0,5 - Minoria branca no poder. 0,8
* Dados obtidos do site Wikipedia, ALMANAQUE ABRIL 2011 e Enciclopedia de Guerras
VULN DEM
AUMENTAM DIMINUEM
VULNERABILIDADE POLÍTICA *
MDD CONFDISS NUC
MIS PAZ
ANEXO I - PLANILHA DE PONTUAÇÃO DOS EVENTOS DA VULNERABILIDADE POLÍTICA (Folha 11)
PAÍSVULN DIPLO
TEMPO GUERRA/FRICÇÃO POLÍTICA
ÁREA REIVINDICADA ETNICO INTERNO PROX CONF