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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE (MPES) FATORES DETERMINANTES DA NEAR MISS MATERNA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA OBSTÉTRICA: AVALIAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DA ÁREA MÉDICA MARIA APARECIDA CARDOSO DE SOUZA NATAL/RN 2015

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE (MPES)

FATORES DETERMINANTES DA NEAR MISS MATERNA EM UMA

UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA OBSTÉTRICA: AVALIAÇÃO DAS

COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DA ÁREA MÉDICA

MARIA APARECIDA CARDOSO DE SOUZA

NATAL/RN

2015

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MARIA APARECIDA CARDOSO DE SOUZA

FATORES DETERMINANTES DA NEAR MISS MATERNA EM UMA

UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA OBSTÉTRICA: AVALIAÇÃO DAS

COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DA ÁREA MÉDICA

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ensino na

Saúde da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito para a

obtenção do título de Mestre em Ensino

na Saúde.

Orientador: Ana Katherine Gonçalves

NATAL/RN

2015

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, principal responsável por tudo isso.

Agradeço pelas conquistas até o momento, mas peço a Ele para me dar

sabedoria para conquistar muito mais.

Aos meus pais, Teresa e Lourival (in memorian), pelo incentivo e

amor que sempre me dedicaram, por um dia terem acreditado em mim e me

proporcionado à chance de realizar os meus sonhos.

Ao meu esposo, Messias, à minha filha, Thayná, e aos meus

familiares, pelo apoio, incentivo, compreensão, amor e principalmente pelo

companheirismo, sempre estando ao meu lado quando precisei.

Ao meu sobrinho, Tházio Henrique, por todo apoio, incentivo,

dedicação, pelas noites inteiras na pesquisa, pelas renúncias, distante dos

nossos familiares, ausência de férias, sempre incansável, pronto para servir

nas mais novas atualizações científicas sempre analisando as metanálises

atualizadas baseadas nas evidências. À ele, todo meu apreço.

Ao meu chefe da UTI materna, Dr Érico Vale, pelo apoio, incentivo,

permitindo que realizasse a minha pesquisa com meus alunos, que muito

colaborou para o ensino médico.

À equipe multidisciplinar da UTI materna da MEJC, pelo carinho,

dedicação, hombridade, responsabilidade e compartilhamento com a minha

pessoa e meus alunos.

A todos os professores do Mestrado Profissional de Ensino em

Saúde, a meus amigos sempre presentes, que me ensinaram, incentivaram e

ajudaram, contribuindo assim, para que eu pudesse alcançar o meu objetivo.

À minha Orientadora, Dra Ana Katherine Gonçalves, pela paciência,

dedicação, incentivo e sabedoria que muito me auxiliou para conclusão desta

dissertação. Pela sua disponibilidade, mesmo em período de férias, e incentivo

que foram fundamentais para realizar e prosseguir este estudo. Saliento o

apoio incondicional prestado, a forma interessada, extraordinária e pertinente

como acompanhou a realização deste trabalho. As suas críticas construtivas,

as discussões e reflexões foram fundamentais ao longo de todo o percurso.

Não posso esquecer a sua grande contribuição para a minha conquista.

Eternamente grata por todo o apoio.

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“Eu sou aquela mulher a quem o tempo

muito ensinou. Ensinou a amar a vida e

não desistir da luta, recomeçar na

derrota, renunciar a palavras e

pensamentos negativos. Acreditar nos

valores humanos e ser otimista.”

Cora Coralina

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RESUMO

Objetivo: avaliar os fatores determinantes da morbimortalidade em unidade de

terapia intensiva obstétrica (UTIO) e relacioná-los às competências

profissionais dos estudantes da graduação do curso de medicina e dos

residentes de Ginecologia e Obstetrícia de um hospital universitário. Métodos:

estudo observacional de corte transversal com 492 gestantes ou puérperas e

261 alunos e residentes durante outubro de 2013 a setembro de 2014. Foram

selecionadas pacientes internadas na UTIO no período de um ano, sendo

informadas sobre as propostas do estudo e realizada aplicação do

questionário. A análise foi feita através do Microsoft Excel 2013 e GraphPad6.

Foram empregados testes x2 para verificar associação entre os fatores de risco

para morbi-mortalidade materna e testes t de student para avaliar

competências dos alunos da graduação e residentes referentes ao teste

cognitivo e ao Mini-cex. Resultados: Foram encontrados como riscos relativos

significativamente elevados para desenvolvimento de near miss quando

comparada a morbidade materna grave, a raça não-branca (OR=2,527;

RR=2,342); pacientes casadas (OR=7,968; RR=7,113), escolaridade até 2º

grau incompleto (OR=3,177; RR=2,829), procedente do interior (OR=4,643;

RR=4,087), renda familiar menor que 1 salário mínimo (OR=7,014; RR=5,554),

distúrbios hipertensivos gestacionais (OR=16,35; RR=13,27), realização do

pré-natal (OR=5,023; RR=4,254) e a via de parto cesárea (OR=39,21;

RR=31,25). Na análise cognitiva, foi notada uma diferença significativa nas

performances dos estudantes sobre o tema (3,75 ± 0,93, 4,03 ± 0,94 e 4,88 ±

0,35 médias e desvios padrões dos acadêmicos, internos e residentes,

respectivamente; p < 0,01) e no Mini-cex mostrando um melhor desempenho

global dos residentes quando comparados aos alunos da graduação.

Conclusões: Questões socioeconômicas, clínicas e assistenciais mostraram-se

relacionados à prevalência de near miss, revelando a importância de

intervenções amplas para melhorar estes indicadores. Sugere-se, também,

uma maior inserção curricular do tema nas disciplinas do curso médico, tendo

em vista a importância de se evitar a near miss através da adequação no

âmbito da educação médica.

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Palavras chaves: mortalidade materna, morbidade, gestantes, educação em

saúde, estudantes de medicina.

ABSTRACT

Objective: Evaluate the determinants of morbidity and mortality in an obstetric

intensive care unit and professional medical skills of students/residents at a

university hospital. Methods: observational cross-sectional with 492

pregnant/puerperal women and 261 students/residents. Patients were admitted

to the obstetric intensive care unit during a year, being informed about the

proposals of the study and a questionnaire was applied. The analysis was

performed using Microsoft Excel 2013 and GraphPad6. Chi-square tests were

used to evaluate risk factors and student t test evaluates resident/students'

skills concerning the cognitive test and the Mini-Cex. Results: the main risk

factors to near miss were: non-white race (OR = 2.527; RR = 2.342) ; marital

status(married women) (OR = 7.968; RR = 7.113) , schooling (primary) (OR =

3.177 ; RR = 2.829) , from country town (OR = 4.643 ; RR = 4.087), low income

(OR = 7014 ; RR = 5.554) , gestational hypertensive disorders (OR = 16.35 ;

RR = 13.27) , realization of pre-natal (OR = 5.023 ; RR = 4.254) and C-section

before labor(OR = 39.21 ; RR = 31.25). In cognitive/Mini-cex analysis were

noted significant difference in the performance of students on the subject (3.75

± 0.93, 4.03 ± 0.94 and 4.88 ± 0.35). We still observed the best performance of

residents, when compared to graduation students (p < 0.01). Conclusions: the

prevalence of near miss was associated with socioeconomic/clinics factors and

care issues, revealing the importance of interventions to improve these

indicators. In addition, we suggest a better curriculum insertion of this subject in

the medical Course disciplines due the importance to avoid the near miss

through of adequacy of medical education.

Keywords: maternal mortality, morbidity, pregnant women, health education,

medical students.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................9

2. OBJETIVOS.........................................................................................................................13

2.1. Geral

2.2. Específicos

3. MÉTODOS...........................................................................................................................12

4. RESULTADOS....................................................................................................................14

5 APLICAÇÕES PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE..............16

6 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................20

7 PRODUÇÕES........................................................................................................................24

7.1. Artigo sumetido a Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetricia

7.2. Artigo submetido a revista Medical Education

8. ANEXOS..............................................................................................................................48

8.1. ANEXO 1 – Termo de consentimento livre e esclarecido para maiores de 18 anos

8.2. ANEXO 2 – Termo de consentimento livre e esclarecido para maiores de 18 anos

8.3. ANEXO 3 - Instrumento para coleta de dados

8.4. ANEXO 4 – Mini-CEX

8.5. ANEXO 5 – Avaliação cognitiva

8.6. ANEXO 6 – Parecer Consubstancial Do Cep

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1. INTRODUÇÃO

A morte materna é evento trágico que acomete a mulher durante o

processo fisiológico da reprodução. Constitui um indicador da iniquidade

existente entre os gêneros e está inversamente associada ao grau de

desenvolvimento humano1. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima

que em 2010 cerca de 290 mil mulheres no mundo morreram durante a

gestação e o parto. Esse número representa um declínio de 47% em relação

aos níveis encontrados em 1990, mas está distante da 5ª meta dos Objetivos

de Desenvolvimento do Milênio de redução de 75% das mortes maternas até

2015. A maioria dessas mortes está concentrada nos países em

desenvolvimento e são decorrentes da falta de acesso a cuidados de rotina

adequados e cuidados de emergência quando necessários. 2

Em se tratando de mortalidade materna, a qual é definida como “o óbito

de mulheres durante a gravidez, parto ou puerpério, resultante de

complicações surgidas ou agravadas no período, ou por medidas tomadas em

relação a essas”, no âmbito brasileiro, embora haja controvérsias, a estatística

sobre esse dado epidemiológico apresenta-se estimada em torno de 73 mortes

para cada 100.000 nascidos vivos; no entanto, os dados ainda mostram-se

pouco disponíveis sobre a situação da morbidade materna. 3 Apesar dos

esforços mundiais dirigidos para seu controle, ainda permanece como um dos

grandes problemas na saúde pública mundial.4,5

No que se refere aos objetivos do Millennium Development Goals, em

alguns países, algum progresso foi alcançado, mas existe um alentecimento na

maioria dos países cuja mortalidade ainda demostra-se elevada, na qual se

enquadra o Brasil: os dados estatísticos oficiais sobre mortalidade materna

tendem a permanecer estagnadas há alguns anos e, portanto, necessita-se de

maximizar os esforços para melhorar índices de saúde materna e, assim, evitar

um número maior de mortes no país. 6

Levando-se em conta as deficiências quantitativas e qualitativas das

informações sobre mortalidade materna (MM), torna-se importante fonte de

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informações o estudo de mulheres que sobreviveram às severas complicações

da gravidez. Para cada caso de morte materna, um maior número de mulheres

sobrevive a complicações graves podendo apresentar sequelas permanentes.

Seus recém-natos também apresentam alta morbimortalidade. Tal grupo de

mulheres é importante para o melhor entendimento da evolução de uma

gravidez normal passando por uma complicação grave até a morte materna,

além de possibilitar acesso às informações sobre o atendimento das mesmas. 7

Nesse contexto, introduz-se o termo “near miss” materna, ou quase

perda, o qual foi adaptado pelas ciências médicas de um conceito usado na

indústria aeronáutica que descreve um evento de quase colisão entre

aeronaves por aproximação indevida e que, apenas não ocorreu, por sorte ou

por manejo adequado. 8 Já para o estudo de morbidade materna, a

terminologia surgiu como um complemento útil para a investigação das mortes

maternas, sendo definida como uma mulher que quase morreu, porém

sobreviveu a uma complicação que ocorreu durante a gravidez, parto ou

puerpério ou na interrupção da gravidez.9

Já que near miss materna ocorre em número muito maior do que as

mortes maternas, o seu estudo permite uma quantificação mais robusta e uma

conclusão sobre os fatores de risco e determinantes da vida. Vários estudos

têm sugerido que a identificação de fatores de risco de grave morbidade pode

contribuir para a redução da mortalidade materna, verificando os fatores que

são modificáveis por intervenções médicas e de saúde públicas adequadas. 10

Esse desfecho apresenta alguns fatores de risco que estão diretamente

relacionados às condições de vida de uma população, como fatores sociais

(idade, raça, estado civil, escolaridade e padrão socioeconômico). Por outro

lado, analisando-se o perfil das intervenções terapêuticas requeridas para a

assistência de mulheres com morbidade materna grave, observa-se que a

maior parte destas mulheres não demandou assistência que envolvesse

recursos materiais maiores do que o previsto para a assistência obstétrica de

boa qualidade, tendo sido necessária maior vigilância e atenção, o que

efetivamente depende da formação do obstetra e das habilidades da equipe. 11

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Além disso, demandas propedêuticas e terapêuticas especiais podem

representar uma barreira para a assistência de mulheres com complicações

graves, especialmente em maternidade ou centros de referência dissociados

de hospitais gerais ou em locais com recursos limitados. 12 Assim como, o

papel da terapia intensiva obstétrica no combate à mortalidade materna,

evitando que as pacientes com morbidade grave ou quadros de near miss

progridam para a morte materna. A probabilidade de uma mulher durante o

ciclo grávido-puerperal ser admitida em uma Unidade de Terapia Intensiva

(UTI) é bem maior do que a de uma mulher jovem, não grávida, estimando-se

que 0,1% a 0,9% das gestantes desenvolvem complicações requerendo o

internamento em Unidade de Terapia Intensiva. O prognóstico dessas

pacientes comumente é bom, requerendo em muitos casos apenas

intervenções de pequeno porte, com baixas taxas de mortalidade, em geral

inferior a 3%.13

Em se pensando na temática, um estudo observou que em muitos casos

de morte materna em países subdesenvolvidos as pacientes chegavam já sem

possibilidade de assistência aos serviços de referências, sendo esse “atraso”

um dos fatores que diferenciava os cuidados nesses países do cuidado

oferecido nos países desenvolvidos. 14

Essas observações permitem a discussão sobre a importância da

abordagem deste tema em nível de graduação em medicina e pós-graduação

em ginecologia e obstetrícia, contemplando a melhor qualificação dos

profissionais, dos serviços de maior complexidade com consequente

diminuição entre o tempo do surgimento das complicações graves (em

qualquer dos níveis de atenção em que estas ocorram) e a sua resolução,

objetivando-se a redução da mortalidade materna. Dessa forma, pretende-se

com o estudo avaliar quais os fatores determinantes da morbimortalidade em

unidade de terapia intensiva obstétrica e sua relação com as competências

profissionais dos estudantes do curso de graduação da medicina e da

residência de Ginecologia e Obstetrícia de um hospital universitário.

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1.1 Justificativa

Diante da multiplicidade de fatores preditivos envolvidos nesse desfecho,

é de vital importância, expandir o conhecimento das circunstâncias que cercam

a morte materna. Uma vez que, a inexistência de um conceito de near miss

materna consensual e generalizável necessita que os diferentes serviços

adotem uma definição operacional factível e estável ao longo do tempo,

considerando a realidade nas quais estão inseridos.

Assim, a incidência de near miss varia de acordo com a definição adotada e o

grau de desenvolvimento, sendo maior quando se utiliza o critério de disfunção

orgânica e nos países em desenvolvimento. A utilização do conceito near miss

aplicado à saúde materna pode constituir uma importante ferramenta no

combate à morte materna e na melhora da qualidade do cuidado obstétrico

oferecido. 19,20.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral - avaliar os fatores determinantes da morbimortalidade em

uma UTIO e as competências profissionais dos estudantes da graduação do

curso médico da universidade federal do Rio Grande do Norte - UFRN e de

residentes de Ginecologia e Obstetrícia do hospital universitário da mesma

instituição.

2.2 objetivos específicos:

Identificar os fatores sócio-econômicos e ambientais associados à

morbi-mortalidade materna

Identificar as doenças pre-existentes associadas à morbi-mortalidade

materna;

Identificar causas obstétricas associadas à morbi-mortalidade materna;

Identificar os fatores relacionados à assistência primária (pré-natal),

secundária (Centro de referência) e terciária (Hospital de alta

complexidade) que estão associados à morbi-mortalidade materna;

Incorporar o conhecimento dos fatores de risco à educação médica no

intuito de evitar a morbimortalidade materna

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3. MÉTODOS

Estudo descritivo de corte transversal que incluiu 492 pacientes

internadas na UTI materna de hospital universitário e 261 alunos do curso de

medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que

estavam cursando a graduação, internato e residentes de ginecologia e

obstetrícia durante outubro de 2013 e setembro de 2014.

Estabeleceram-se como critérios de inclusão para o estudo das

pacientes: gestante ou puérpera internadas na UTIO no período de um ano que

se enquadraram na classificação de morbidade materna grave e near miss

materna. A indisponibilidade do prontuário no período da coleta dos dados e as

mulheres que não tiveram alta hospitalar até o período final da coleta de dados

foram os critérios de exclusão do estudo. Posteriormente à determinação dos

critérios de inclusão e exclusão, as mulheres elegíveis foram convidadas a

participar do estudo. Após todos os esclarecimentos, as mulheres que

desejaram participar do estudo, assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE).

O protocolo de pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética

em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (CEP – HUOL), sob o

número: 15151813.7.0000.5292. A coleta dos dados das pacientes foi

realizada através do instrumento elaborado pelo autor, adaptado do modelo

usado pela Rede Nacional de vigilância da Morbidade materna grave, instituída

em 2009, e que contempla dados de identificação, sociodemográficos e

relacionados à situação clínica e obstétrica das pacientes, em anexo. As

informações das variáveis categóricas foram pré-codificadas e as variáveis

contínuas expressas em seu próprio valor numérico e no momento da análise

dos resultados, algumas dessas foram, então, categorizadas. Esses

formulários foram devidamente armazenados em pastas de arquivo

específicas, antes e depois da digitação e análise, sob a responsabilidade do

próprio pesquisador, que os preencheu em diferentes momentos juntamente

com os assistentes de pesquisa.

Em relação à análise das competências profissionais da área médica, foi

desenvolvido um instrumento de avaliação cognitiva com cinco questões

objetivas; tendo como temas principais o conceito e os fatores de risco

associados à morbimortalidade materna grave e a near miss. Utilizou-se ainda

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o Mini-cex (Minimal-Clinical Evaluation Exercise), referente à avaliação das

competências clínicas dos alunos, nos diferentes graus de aprendizagem. O

Mini-cex procura avaliar 6 competências clínicas nucleares: entrevista/história

clínica, exame físico, qualidade humanísticas/profissionalismo, raciocínio e

juízo clínico, competências de comunicação e aconselhamento, organização e

eficiência. A estas seis se junta ainda uma categoria global de competência

clínica. Cada competência é avaliada e registrada num formulário estruturado

baseado em escalas de Likert de 6 ou 9 valores, que permitem classificar os

desempenhos desde os valores mais baixos da escala (1-3 insatisfatório) até

os mais elevados (7-9) superior. 32

Inicialmente, os dados gerados pela pesquisa foram codificados e

registrados em planilha do Microsoft Office Excel 2013. Em seguida, foi

construído um Banco de Dados (BD) associado a programas de análise

estatística. A partir disso, desenvolveu-se a análise exploratória dos dados,

descrevendo as médias e desvios-padrão das variáveis quantitativas

envolvidas no estudo, bem como de frequências relativas das variáveis

categorizadas. Em seguida, procederam-se ao Teste Qui-quadrado clássico

com o intuito de verificar possíveis associações entre as variáveis

sociodemográficas e clínicas comparando-se os grupos de morbidade materna

grave e near miss. Utilizou-se ainda o teste T de Student para avaliar as

competências dos alunos da graduação, internos e residentes referentes ao

teste cognitivo e ao Mini-cex. Considerou-se o nível de significância de 5% para

todos os testes. O programa estatístico utilizado foi o GraphPad prism 6.

4. RESULTADOS

No período de um ano (outubro de 2013 a setembro de 2014),

correspondente à coleta de dados sobre a ocorrência de casos de morbidade

materna grave na instituição, 492 mulheres foram admitidas na UTIO e

ocorreram doze mortes maternas. De acordo com os critérios de near miss

utilizados nos estudo, os quais utilizam cinco fatores para avaliação de

morbidade materna grave, foram identificados 42 como morbidade materna

near miss (casos) e 450 como outras morbidades graves (controles), com uma

proporção de 11 controles para cada caso.

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As características dos casos clínicos estudados, de acordo com a

classificação entre morbidade materna near miss e outra morbidade materna

grave, são apresentadas nas Tabelas 1 e 2. Foi observada diferença

estatisticamente significativa entre os subgrupos, no que se refere à raça,

estado civil, escolaridade, procedência, renda familiar, paridade, condição

clínica, número de consultas pré-natal e via de parto. (Tabela 1).

A identificação de mulheres portadoras de morbidade materna near miss

ocorreu em idade média próxima a das pacientes com morbidade materna

grave (27,19±7,22 versus 26,52±8,76). Com relação às condições

sociodemográficas, a raça não branca apresentou um risco relativo maior para

pacientes near miss materna em comparação às pacientes com morbidade

materna grave (OR=2,527; RR=2,342; IC95%=1,280 – 4,988). Além disso, um

maior risco para desenvolver a condição de near miss materna foi encontrado

em pacientes casadas (OR=7,968; RR=7,113; IC95%=2,424 – 26,19), com

escolaridade até o 2º grau incompleto (OR=3,177; RR=2,829; IC95%=1,670 -

6,046), procedente do interior (OR=4,643; RR=4,087; IC95%=2,137 - 10,09) e

com renda familiar menor que 1 salário mínimo (OR=7,014; RR=5,554;

IC95%=3,615 - 13,61). (Tabela 1).

As condições clínicas que apresentaram risco relativo significativo para o

desenvolvimento de near miss Materna foram: nuliparidade (OR=3,122;

RR=2,892; IC95%=1,287-7,572), distúrbios hipertensivos gestacionais

(OR=8,089; RR=6,813; IC95%=3,654 - 17,90), a realização do pré-natal

(OR=5,023; RR=4,254; IC95%=2,599-9,708) e a via de parto cesárea

(OR=39,21; RR=31,25; IC95%=9,347-164,5). Já a condição de puerpério não

se mostrou no estudo uma condição determinante para near miss. (Tabela 2).

Com relação aos fatores determinantes primários de morbidade grave,

observou-se que houve maior frequência de casos near miss com distúrbios

hipertensivos (50,01%), seguido de sepse grave (23,80%) e da hemorragia

grave (21,43%) (Tabela 3).

Em relação ao estudo das competências cognitivas dos alunos, fizeram

parte 252 alunos do curso de Medicina da UFRN, dos quais 102 pertenciam ao

oitavo período em que cursam a disciplina de Ginecologia e Obstetrícia e 143

alunos do internato de Tocoginecologia cursado nos décimo e décimo primeiro

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16

períodos do curso médico. Além disso, 16 residentes de Ginecologia e

Obstetrícia da MEJC também participaram do estudo.

A Tabela 4 apresenta estimativas amostrais da média, DP e IC95% para

o desempenho dos estudantes na prova cognitiva. Foi observado que o

desempenho médio de residentes foi significativamente superior ao grupo dos

internos de medicina, que apresentou desempenho médio melhor que os

acadêmicos, nos temas abordados nas questões (conceito, etiologia,

fisiopatologia, aspecto clínico e critérios para near miss). Foi notada uma

diferença significativa nas performances dos estudantes nos diversos temas,

exceto no que tange ao desempenho relacionado ao conhecimento dos

critérios para near miss, no qual ocorreu um maior desempenho global (3,75 ±

0,93, 4,03 ± 0,94 e 4,88 ± 0,35 nos acadêmicos, internos e residentes,

respectivamente; p < 0,01).

A Tabela 5 apresenta estimativas amostrais da média, DP e IC95% para

o desempenho dos estudantes no Mini-cex nas seis competências clínicas

nucleares: entrevista/história clínica (média e desvio padrão dos acadêmicos

nesta competência foi 8.37±0.71, dos internos foi 8.60±0.49 e dos residentes,

8.50±0.52), exame físico (7.95±0.68; 8.11± 0.67; 8.81±0.40; média e desvio

padrão de acadêmicos, internos e residentes, respectivamente), qualidade

humanísticas/profissionalismo (7.95±0.68; 8.12±0.66; 8.81±0.40; média e

desvio padrão de acadêmicos, internos e residentes, respectivamente),

raciocínio e juízo clínico (7.95±0.68; 8.12±0.66; 8.81±0.40; média e desvio

padrão de acadêmicos, internos e residentes, respectivamente), competências

de comunicação e aconselhamento (7.95±0.68; 8.13±0.66; 8.44±0.51; média e

desvio padrão de acadêmicos, internos e residentes, respectivamente),

organização e eficiência (7.95±0.68; 8.11± 0.67; 8.44±0.51; média e desvio

padrão de acadêmicos, internos e residentes, respectivamente), competência

global (7.94±0.68; 8.11± 0.67; 8.56±0.51; média e desvio padrão de

acadêmicos, internos e residentes, respectivamente). Estes dados encontrados

em nossa casuística mostrou um melhor desempenho global dos residentes

quando comparados aos internos e acadêmicos de medicina. (Tabela 5)

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17

5. APLICAÇÕES PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA

SAÚDE

A near miss em nosso estudo apresentou uma frequência (9,0%)

semelhante à encontrada na literatura entre 0,04% a 15% 3, a depender do

critério utilizado. Em nosso estudo foram utilizados os critérios propostos por

Mantel ou Waterstone ou modificados por Geller. 15-17

Esta frequência encontrada de paciente near miss internada na UTI

materna ocorreu durante o período de um ano, no qual houve doze óbitos

maternos, representando um valor de razão near miss/mortalidade materno

grave considerável (0,09). Este resultado é discrepante ao encontrado em um

estudo nacional publicado em 2012. 18

Alguns estudos apresentaram considerações sobre os extremos de

idade como condição associada a um maior risco de morbidade materna grave

e near miss materno 19-21, o que não foi encontrado em nossa casuística, uma

vez que a frequência relativa de near miss materno permaneceu maior entre 20

e 40 anos. É possível que características regionais da população tenham

influenciado o resultado. Observamos, ainda, que os extremos de idade foram

pouco frequentes na amostra, podendo ter limitado a capacidade de avaliação

sobre esses grupos.

Avaliando ainda os fatores sociodemográficos associados à ocorrência

de near miss, observamos também que, as variáveis: raça não branca, estado

civil casada, escolaridade baixa, renda familiar baixa e pacientes provenientes

do interior aumentaram significativamente o risco relativo do desfecho. Esses

dados se encontram em concordância com o que foi relatado na literatura,

sendo variáveis associadas com risco significante para near miss 22, tendo em

vista a situação de vulnerabilidade em que se encontram essas pessoas e à

dificuldade de acesso aos serviços de saúde de referência para o atendimento

do risco obstétrico.

Alguns argumentos que poderiam explicá-los: no Brasil, a miscigenação

racial é alta e raça foi dicotomizada em branca ou não branca, o que pode ter

contribuído para aumentar as diferenças entre grupos, fazendo com que

obtivéssemos uma maior proporção de não branca quando comparada a raça

branca. Quanto ao estado civil e ao baixo nível socioeconômico, um estudo

qualitativo realizado em famílias de baixa renda relatou uma influência negativa

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18

do parceiro e dos membros da família sobre a decisão da mulher em procurar

cuidados médicos quando ela apresenta sintomas, ocasionando, assim, o

atraso em procurar o serviço hospitalar e desencadeando uma demora no

diagnóstico e tratamento de patologias graves 23.

Em relação s condições clínicas e obstétricas associadas, destacamos

ser este um assunto de grande importância. Encontraram-se as variáveis de

doenças hipertensivas gestacionais, a realização de pré-natal, a via de parto

cesárea, como as de maiores riscos de a evolução para near miss. Em relação

à presença de hipertensão na gestação, em estudo brasileiro realizado no

estado de São Paulo, em uma maternidade terciária no município de

Campinas, foi descrita uma frequência de hipertensão associada à morbidade

materna grave em 96% das pacientes 20. Outros estudos concluem que

atualmente as síndromes hipertensivas ainda permanecem como causa

significativa de mortalidade entre as gestantes, constituindo a principal causa

de mortalidade materna obstétrica direta em diversos locais 24-25, sendo nosso

estudo concordante com a literatura.

Em paralelo a isso, um tema bastante pertinente é o risco de near miss

em pacientes cujo parto foi cesárea, considerando-se a elevada e crescente

frequência da intervenção cesariana nas gestantes brasileiras, chegando a

52,0% dos partos segundo dados do Ministério da Saúde, em 2010 19. Em

nosso estudo, a realização do parto cesárea esteve associada com um risco

relativo 31,25 vez maior para aumento da morbidade materna grave ou near

miss, o que encontra respaldo em outras publicações, porém apresentando,

nosso estudo, um risco relativo bem mais elevado 26. Isso se justifica pelo

elevado índice de cesarianas ocorridas na maternidade, devido à elevada

ocorrência de atendimento médico obstétrico para pacientes de alto risco, já

que esta unidade de saúde é de atenção terciária ser considerada referência

do estado. Para avaliar esse número acentuado de cesarianas, caberia a

realização de uma supervisão, tendo em vista ser um serviço de referência que

está quase sempre sobrecarregado de procedimentos, influindo na capacidade

física dos recursos humanos disponíveis, sendo, portanto, uma das causas

para que ocorra um maior risco de complicações nos procedimentos

operatórios.

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19

Em relação às consultas de pré-natal das pacientes com near miss em

nosso estudo o risco relativo de evoluir para near miss materna de 4,25 vezes

maior em pacientes que realizam o pré-natal pode ter sido influenciada pelo

elevado número de consultas de pré-natal de alto risco realizado no hospital de

referência. Além disso, aumento da cobertura pré-natal na atenção primária no

Brasil, provavelmente devido à expansão das equipes da estratégia de saúde

da família pode também explicar o número de pacientes com consultas de pré-

natal preconizadas pelo ministério da saúde 27.

Até o momento, não são muitos os estudos que avaliaram os fatores

associados à presença de morbidade materna grave e near miss e a nível

nacional, o nosso estudo é um dos poucos a realizar essa análise, o que o

torna importante para contribuir acerca do assunto. Os resultados encontrados

podem vir a auxiliar no estabelecimento de políticas públicas e estratégias na

assistência com o intuito de intervir significativamente na problemática da

morbidade e mortalidade materna no Brasil.

Assim, levando a abordagem para os alunos e residentes, sabe-se que a

temática mortalidade materna, é um conteúdo ainda pouco abordado no curso

de medicina da instituição como também em nível de pós-graduação. É

plausível também admitir que sua abordagem, especialmente no processo

formativo, sofra influência de diversos fatores, incluindo-se aí a sensibilidade

social, as qualidades humanísticas e o conhecimento técnico do tema.

De acordo com os dados obtidos na tabela 4 e 5, e considerando

estudos de caso como um instrumento facilitador do processo de ensino e

aprendizagem, podendo-se abranger situações reais ou fictícias, infere-se

quanto ao ensino a respeito da morbimortalidade materna grave e sua

evolução para near miss materno que é necessário que seja incluído no ensino

da saúde, seja em nível de graduação ou de pós-graduação, no intuito de gerar

um diagnóstico precoce de patologias de alto risco para essa condição clínica

e, assim, uma redução nos casos de near miss 27.

Tratando-se do ensino em saúde, abordando-se o tema de morbidade

materna grave, os estudos de caso podem facilitar o exercício entre a teoria e a

prática, envolvendo o estudo de sinais e sintomas, exames, diagnósticos,

tratamento, e, consequentemente, determinação de fatores causais e

estabelecimento de reações 28. Essa forma de abordagem tem o propósito de

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20

estimular o estudante a desenvolver o processo de análise, interpretação,

levantar hipóteses, buscar suposições e tomar decisões 29.

Na atualidade, o médico egresso necessita de competências,

habilidades e atitudes que atendam às exigências e às necessidades da

sociedade contemporânea. Dessa forma, cada vez mais, esse profissional vem

sendo chamado a pensar sobre problemas coletivos, ou seja, que não estão no

âmbito da saúde de um único indivíduo e, atrelado a isso, saber quando

referenciar casos de maior risco para os serviços secundários ou terciários.

Questões abrangentes como direito à saúde, acesso aos serviços, pré-natal de

baixo e alto riscos e redução de danos merecem esforços coletivos para

promover o desenvolvimento de competências cognitivas relacionadas à

morbidade materna grave. Estas vão se agregando e constituindo uma nova

visão no âmbito da formação, da atuação e do planejamento em saúde 30.

Além disso, por meio da análise dos resultados da avaliação dos três

grupos analisados e as dimensões englobadas nas avaliações cognitivas,

mereceu destaque o desempenho superior e consideravelmente positivo dos

residentes frente aos internos e acadêmicos, sendo justificado, pois

apresentaram um maior contato profissional com a paciente com morbidade

materna grave e o near miss materno, fortalecer a ideia de que a formação

acadêmica não se apresenta somente nos componentes: teóricos,

metodológicos, e técnico-operativos, mas também nos componentes ético-

social 31.

No contexto do ensino médico é realçada a importância da temática,

uma vez que a melhora do aprendizado do profissional médico, o torna mais

capaz de realizar um pré-natal direcionado para profilaxia e identificação dos

potenciais fatores de risco para morbi-mortalidade materna, diminuindo

consequentemente o risco obstétrico e neonatal. O estudo sugere ainda a

importância de uma maior inserção da problemática na educação de médicos e

profissionais de saúde, tendo em vista a minimizar o risco de near miss.

6. REFERÊNCIAS

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22

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23

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25

7. PRODUÇÕES

7.1. Artigo submetido a Revista Brasileira de Ginecologia e

Obstetrícia

Fatores Determinantes da Morbi-Mortalidade em uma Unidade de Terapia Intensiva

Obstétrica: Avaliação das Competências Profissionais da Área Médica

Determinants of Morbidity and Mortality in an Intensive Care Unit Obstetric:

Evaluation of medical professionals skills

Maria Aparecida Cardoso de Souza1

Tházio Henrique Soares Cardoso de Souza2

Ana Katherine Gonçalves 3

Programa de pós-graduação em Ensino na Saúde da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte – UFRN – Natal (RN), Brasil.

1 Aluna do Programa de pós graduação em Ensino na Saúde da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte – UFRN – Natal (RN), Brasil.

2 Aluno de graduação do Curso de Medicina da Universidade Federal de Campina

Grande – UFCG – Campina Grande (PB), Brasil.

1 Professora permanente do Programa de pós graduação em Ensino na Saúde da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – Natal (RN), Brasil.

Correspondência:

PPGESa - Programa de pós-graduação em Ensino na Saúde da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte – UFRN site: http://www.posgraduacao.ufrn.br//mpes

Ana Katherine da Silveira Gonçalves

Av. Gal. Gustavo Cordeiro de Farias s/n - Natal / RN - CEP 59010-180

TELEFAX: (84) 3215-4220 Brasil. E-mail: [email protected]

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Resumo

Objetivo: avaliar os fatores determinantes da morbimortalidade em unidade de terapia

intensiva obstétrica (UTIO) e competências profissionais dos estudantes do curso

médico e dos residentes de Ginecologia e Obstetrícia de um hospital universitário.

Métodos: estudo observacional de corte transversal com 492 gestantes ou puérperas e

261 alunos e residentes. Foram selecionadas pacientes internadas na UTIO no período

de um ano, sendo informadas sobre as propostas do estudo e realizada aplicação do

questionário. A análise foi feita através do Microsoft Excel 2013 e GraphPad6. Foram

empregados testes x2 para verificar associação entre os fatores de risco para morbi-

mortalidade materna e testes t de student para avaliar competências dos alunos da

graduação e residentes referentes ao teste cognitivo e ao Mini-cex. Resultados: Foram

encontrados como riscos relativos significativamente elevados para desenvolvimento de

near miss quando comparada a morbidade materna grave, a raça não-branca

(OR=2,527; RR=2,342); pacientes casadas (OR=7,968; RR=7,113), escolaridade até 2º

grau incompleto (OR=3,177; RR=2,829), procedente do interior (OR=4,643;

RR=4,087), renda familiar menor que 1 salário mínimo (OR=7,014; RR=5,554),

distúrbios hipertensivos gestacionais (OR=16,35; RR=13,27), realização do pré-natal

(OR=5,023; RR=4,254) e a via de parto cesárea (OR=39,21; RR=31,25). Na análise

cognitiva, foi notada uma diferença significativa nas performances dos estudantes sobre

o tema (3,75 ± 0,93, 4,03 ± 0,94 e 4,88 ± 0,35 médias e desvios padrões dos

acadêmicos, internos e residentes, respectivamente; p < 0,01) e no Mini-cex mostrando

um melhor desempenho global dos residentes quando comparados aos alunos da

graduação. Conclusões: Questões socioeconômicas, clínicas e assistenciais mostraram-

se relacionados à prevalência de near miss, revelando a importância de intervenções

amplas para melhorar estes indicadores. Sugere-se, também, uma maior inserção

curricular do tema nas disciplinas do curso médico, tendo em vista a importância de se

evitar a near miss através da adequação no âmbito da educação médica.

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Palavras chaves: mortalidade materna, morbidade, gestantes, educação em saúde,

estudantes de medicina.

Abstract

Objective: Evaluate the determinants of morbidity and mortality in an obstetric

intensive care unit and professional medical skills of students/residents at a university

hospital. Methods: observational cross-sectional with 492 pregnant/puerperal women

and 261 students/residents. Patients were admitted to the obstetric intensive care unit

during a year, being informed about the proposals of the study and a questionnaire was

applied. The analysis was performed using Microsoft Excel 2013 and GraphPad6. Chi-

square tests were used to evaluate risk factors and student t test evaluates

resident/students' skills concerning the cognitive test and the Mini-Cex. Results: the

main risk factors to near miss were: non-white race (OR = 2.527; RR = 2.342) ; marital

status(married women) (OR = 7.968; RR = 7.113) , schooling (primary) (OR = 3.177 ;

RR = 2.829) , from country town (OR = 4.643 ; RR = 4.087), low income (OR = 7014 ;

RR = 5.554) , gestational hypertensive disorders (OR = 16.35 ; RR = 13.27) , realization

of pre-natal (OR = 5.023 ; RR = 4.254) and C-section before labor(OR = 39.21 ; RR =

31.25). In cognitive/Mini-cex analysis were noted significant difference in the

performance of students on the subject (3.75 ± 0.93, 4.03 ± 0.94 and 4.88 ± 0.35). We

still observed the best performance of residents, when compared to graduation students

(p < 0.01). Conclusions: the prevalence of near miss was associated with

socioeconomic/clinics factors and care issues, revealing the importance of interventions

to improve these indicators. In addition, we suggest a better curriculum insertion of this

subject in the medical Course disciplines due the importance to avoid the near miss

through of adequacy of medical education.

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Keywords: maternal mortality, morbidity, pregnant women, health education, medical

students.

Introdução

A morte materna é evento trágico que acomete a mulher durante o processo fisiológico

da reprodução. Constitui um indicador da iniquidade existente entre os gêneros e está

inversamente associada ao grau de desenvolvimento humano1. A Organização Mundial

da Saúde (OMS) estima que em 2010 cerca de 290 mil mulheres no mundo morreram

durante a gestação e o parto. Esse número representa um declínio de 47% em relação

aos níveis encontrados em 1990, mas está distante da 5ª meta dos Objetivos de

Desenvolvimento do Milênio de redução de 75% das mortes maternas até 2015. A

maioria dessas mortes está concentrada nos países em desenvolvimento e são

decorrentes da falta de acesso a cuidados de rotina adequados e cuidados de emergência

quando necessários. 2

Em se tratando de mortalidade materna, a qual é definida como “o óbito de mulheres

durante a gravidez, parto ou puerpério, resultante de complicações surgidas ou

agravadas no período, ou por medidas tomadas em relação a essas”, no âmbito

brasileiro, embora haja controvérsias, a estatística sobre esse dado epidemiológico

apresenta-se estimada em torno de 73 mortes para cada 100.000 nascidos vivos; no

entanto, os dados ainda mostram-se pouco disponíveis sobre a situação da morbidade

materna. 3 Apesar dos esforços mundiais dirigidos para seu controle, ainda permanece

como um dos grandes problemas na saúde pública mundial.4,5

No que se refere aos objetivos do Millennium Development Goals, em alguns países,

algum progresso foi alcançado, mas existe um alentecimento na maioria dos países cuja

mortalidade ainda demostra-se elevada, na qual se enquadra o Brasil: os dados

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estatísticos oficiais sobre mortalidade materna tendem a permanecer estagnadas há

alguns anos e, portanto, necessita-se de maximizar os esforços para melhorar índices de

saúde materna e, assim, evitar um número maior de mortes no país. 6

Levando-se em conta as deficiências quantitativas e qualitativas das informações sobre

mortalidade materna (MM), torna-se importante fonte de informações o estudo de

mulheres que sobreviveram às severas complicações da gravidez. Para cada caso de

morte materna, um maior número de mulheres sobrevive a complicações graves

podendo apresentar sequelas permanentes. Seus recém-natos também apresentam alta

morbimortalidade. Tal grupo de mulheres é importante para o melhor entendimento da

evolução de uma gravidez normal passando por uma complicação grave até a morte

materna, além de possibilitar acesso às informações sobre o atendimento das mesmas. 7

Nesse contexto, introduz-se o termo “near miss” materna, ou quase perda, o qual foi

adaptado pelas ciências médicas de um conceito usado na indústria aeronáutica que

descreve um evento de quase colisão entre aeronaves por aproximação indevida e que,

apenas não ocorreu, por sorte ou por manejo adequado. 8 Já para o estudo de morbidade

materna, a terminologia surgiu como um complemento útil para a investigação das

mortes maternas, sendo definida como uma mulher que quase morreu, porém

sobreviveu a uma complicação que ocorreu durante a gravidez, parto ou puerpério ou na

interrupção da gravidez.9

Já que near miss materna ocorre em número muito maior do que as mortes maternas, o

seu estudo permite uma quantificação mais robusta e uma conclusão sobre os fatores de

risco e determinantes da vida. Vários estudos têm sugerido que a identificação de

fatores de risco de grave morbidade pode contribuir para a redução da mortalidade

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30

materna, verificando os fatores que são modificáveis por intervenções médicas e de

saúde públicas adequadas. 10

Esse desfecho apresenta alguns fatores de risco que estão diretamente relacionados às

condições de vida de uma população, como fatores sociais (idade, raça, estado civil,

escolaridade e padrão socioeconômico). Por outro lado, analisando-se o perfil das

intervenções terapêuticas requeridas para a assistência de mulheres com morbidade

materna grave, observa-se que a maior parte destas mulheres não demandou assistência

que envolvesse recursos materiais maiores do que o previsto para a assistência

obstétrica de boa qualidade, tendo sido necessária maior vigilância e atenção, o que

efetivamente depende da formação do obstetra e das habilidades da equipe. 11

Além disso, demandas propedêuticas e terapêuticas especiais podem representar uma

barreira para a assistência de mulheres com complicações graves, especialmente em

maternidade ou centros de referência dissociados de hospitais gerais ou em locais com

recursos limitados. 12

Assim como, o papel da terapia intensiva obstétrica no combate à

mortalidade materna, evitando que as pacientes com morbidade grave ou quadros de

near miss progridam para a morte materna. A probabilidade de uma mulher durante o

ciclo grávido-puerperal ser admitida em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é bem

maior do que a de uma mulher jovem, não grávida, estimando-se que 0,1% a 0,9% das

gestantes desenvolvem complicações requerendo o internamento em Unidade de

Terapia Intensiva. O prognóstico dessas pacientes comumente é bom, requerendo em

muitos casos apenas intervenções de pequeno porte, com baixas taxas de mortalidade,

em geral inferior a 3%.13

Em se pensando na temática, um estudo observou que em muitos casos de morte

materna em países subdesenvolvidos as pacientes chegavam já sem possibilidade de

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31

assistência aos serviços de referências, sendo esse “atraso” um dos fatores que

diferenciava os cuidados nesses países do cuidado oferecido nos países desenvolvidos.

Essas observações permitem a discussão sobre a importância da abordagem deste tema

em nível de graduação em medicina e pós-graduação em ginecologia e obstetrícia,

contemplando a melhor qualificação dos profissionais, dos serviços de maior

complexidade com consequente diminuição entre o tempo do surgimento das

complicações graves (em qualquer dos níveis de atenção em que estas ocorram) e a sua

resolução, objetivando-se a redução da mortalidade materna. 14

Nesse contexto, o estudo procurou avaliar os fatores determinantes da morbimortalidade

em uma UTIO e as competências profissionais dos estudantes do curso médico da

universidade federal do Rio Grande do Norte - UFRN e de residentes de Ginecologia e

Obstetrícia do hospital universitário da mesma instituição.

Métodos

Estudo descritivo de corte transversal que incluiu 492 pacientes internadas na UTI

materna de hospital universitário e 261 alunos do curso de medicina da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que estavam cursando a graduação, internato e

residentes de ginecologia e obstetrícia durante o ano de 2014.

Estabeleceram-se como critérios de inclusão para o estudo das pacientes: gestante ou

puérpera internadas na UTIO no período de um ano que se enquadraram na

classificação de morbidade materna grave e near miss materna. A indisponibilidade do

prontuário no período da coleta dos dados e as mulheres que não tiveram alta hospitalar

até o período final da coleta de dados foram os critérios de exclusão do estudo.

Posteriormente à determinação dos critérios de inclusão e exclusão, as mulheres

elegíveis foram convidadas a participar do estudo. Após todos os esclarecimentos, as

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32

mulheres que desejaram participar do estudo, assinaram o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE).

O protocolo de pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

Hospital Universitário Onofre Lopes (CEP – HUOL), sob o número:

15151813.7.0000.5292. A coleta dos dados das pacientes foi realizada através do

instrumento elaborado pelo autor, adaptado do modelo usado pela Rede Nacional de

vigilância da Morbidade materna grave, instituída em 2009, e que contempla dados de

identificação, sociodemográficos e relacionados à situação clínica e obstétrica das

pacientes. As informações das variáveis categóricas foram pré-codificadas e as variáveis

contínuas expressas em seu próprio valor numérico e no momento da análise dos

resultados, algumas dessas foram, então, categorizadas. Esses formulários foram

devidamente armazenados em pastas de arquivo específicas, antes e depois da digitação

e análise, sob a responsabilidade do próprio pesquisador, que os preencheu em

diferentes momentos juntamente com os assistentes de pesquisa.

Inicialmente, os dados gerados pela pesquisa foram codificados e registrados em

planilha do Microsoft Office Excel 2013. Em seguida, foi construído um Banco de

Dados (BD) associado a programas de análise estatística. A partir disso, desenvolveu-se

a análise exploratória dos dados, descrevendo as médias e desvios-padrão das variáveis

quantitativas envolvidas no estudo, bem como de frequências relativas das variáveis

categorizadas. Em seguida, procederam-se ao Teste Qui-quadrado clássico com o intuito

de verificar possíveis associações entre as variáveis sociodemográficas e clínicas

comparando-se os grupos de morbidade materna grave e near miss. Considerou-se o

nível de significância de 5% para todos os testes. O programa estatístico utilizado foi o

GraphPad prism 6.

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33

Resultados

No período de um ano (outubro de 2013 a setembro de 2014), correspondente à coleta

de dados sobre a ocorrência de casos de morbidade materna grave na instituição, 492

mulheres foram admitidas na UTIO e ocorreram doze mortes maternas. De acordo com

os critérios modificados por Geller, os quais utilizam cinco fatores para avaliação de

morbidade materna grave, foram identificados 42 como morbidade materna near miss

(casos) e 450 como outras morbidades graves (controles), com uma proporção de 11

controles para cada caso.

As características dos casos clínicos estudados, de acordo com a classificação entre

morbidade materna near miss e outra morbidade materna grave, são apresentadas nas

Tabelas 1 e 2. Foi observada diferença estatisticamente significativa entre os subgrupos,

no que se refere à raça, estado civil, escolaridade, procedência, renda familiar, paridade,

condição clínica, número de consultas pré-natal e via de parto. (Tabela 1).

A identificação de mulheres portadoras de morbidade materna near miss ocorreu em

idade média próxima a das pacientes com morbidade materna grave (27,19±7,22 versus

26,52±8,76). Com relação às condições sociodemográficas, a raça não branca

apresentou um risco relativo maior para pacientes near miss materna em comparação às

pacientes com morbidade materna grave (OR=2,527; RR=2,342; IC95%=1,280 –

4,988). Além disso, um maior risco para desenvolver a condição de near miss materna

foi encontrado em pacientes casadas (OR=7,968; RR=7,113; IC95%=2,424 – 26,19),

com escolaridade até o 2º grau incompleto (OR=3,177; RR=2,829; IC95%=1,670 -

6,046), procedente do interior (OR=4,643; RR=4,087; IC95%=2,137 - 10,09) e com

renda familiar menor que 1 salário mínimo (OR=7,014; RR=5,554; IC95%=3,615 -

13,61). (Tabela 1).

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34

As condições clínicas que apresentaram risco relativo significativo para o

desenvolvimento de near miss Materna foram: nuliparidade (OR=3,122; RR=2,892;

IC95%=1,287-7,572), distúrbios hipertensivos gestacionais (OR=8,089; RR=6,813;

IC95%=3,654 - 17,90), a realização do pré-natal (OR=5,023; RR=4,254; IC95%=2,599-

9,708) e a via de parto cesárea (OR=39,21; RR=31,25; IC95%=9,347-164,5). Já a

condição de puerpério não se mostrou no estudo uma condição determinante para near

miss. (Tabela 2).

Com relação aos fatores determinantes primários de morbidade grave, observou-se que

houve maior frequência de casos near miss com distúrbios hipertensivos (50,01%),

seguido de sepse grave (23,80%) e da hemorragia grave (21,43%) (Tabela 3).

Em relação ao estudo das competências cognitivas dos alunos, fizeram parte 252 alunos

do curso de Medicina da UFRN, dos quais 102 pertenciam ao oitavo período em que

cursam a disciplina de Ginecologia e Obstetrícia e 143 alunos do internato de

Tocoginecologia cursado nos décimo e décimo primeiro períodos do curso médico.

Além disso, 16 residentes de Ginecologia e Obstetrícia da MEJC também participaram

do estudo.

Discussão

A near miss em nosso estudo apresentou uma frequência (9,0%) semelhante à

encontrada na literatura entre 0,04% a 15% 3, a depender do critério utilizado. Em nosso

estudo foram utilizados os critérios propostos por Mantel ou Waterstone ou modificados

por Geller. 15-17

Esta frequência encontrada de paciente near miss internada na UTI materna ocorreu

durante o período de um ano, no qual houve doze óbitos maternos, representando um

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valor de razão near miss/mortalidade materno grave considerável (0,09). Este resultado

é discrepante ao encontrado em um estudo nacional publicado em 2012. 18

Alguns estudos apresentaram considerações sobre os extremos de idade como condição

associada a um maior risco de morbidade materna grave e near miss materno 19-21

, o que

não foi encontrado em nossa casuística, uma vez que a frequência relativa de near miss

materno permaneceu maior entre 20 e 40 anos. É possível que características regionais

da população tenham influenciado o resultado. Observamos, ainda, que os extremos de

idade foram pouco frequentes na amostra, podendo ter limitado a capacidade de

avaliação sobre esses grupos.

Avaliando ainda os fatores sociodemográficos associados à ocorrência de near miss,

observamos também que, as variáveis: raça não branca, estado civil casada, escolaridade

baixa, renda familiar baixa e pacientes provenientes do interior aumentaram

significativamente o risco relativo do desfecho. Esses dados se encontram em

concordância com o que foi relatado na literatura, sendo variáveis associadas com risco

significante para near miss 22

.

Alguns argumentos que poderiam explicá-los: no Brasil, a miscigenação racial é alta e

raça foi dicotomizada em branca ou não branca, o que pode ter contribuído para

aumentar as diferenças entre grupos, fazendo com que obtivéssemos uma maior

proporção de não branca quando comparada a raça branca. Quanto ao estado civil e ao

baixo nível socioeconômico, um estudo qualitativo realizado em famílias de baixa renda

relatou uma influência negativa do parceiro e dos membros da família sobre a decisão

da mulher em procurar cuidados médicos quando ela apresenta sintomas, ocasionando,

assim, o atraso em procurar o serviço hospitalar e desencadeando uma demora no

diagnóstico e tratamento de patologias graves 23

.

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36

Em relação s condições clínicas e obstétricas associadas, destacamos ser este um

assunto de grande importância. Encontraram-se as variáveis de doenças hipertensivas

gestacionais, a realização de pré-natal, a via de parto cesárea, como as de maiores riscos

de a evolução para near miss. Em relação à presença de hipertensão na gestação, em

estudo brasileiro realizado no estado de São Paulo, em uma maternidade terciária no

município de Campinas, foi descrita uma frequência de hipertensão associada à

morbidade materna grave em 96% das pacientes 20

. Outros estudos concluem que

atualmente as síndromes hipertensivas ainda permanecem como causa significativa de

mortalidade entre as gestantes, constituindo a principal causa de mortalidade materna

obstétrica direta em diversos locais 24-25

, sendo nosso estudo concordante com a

literatura.

Em paralelo a isso, um tema bastante pertinente é o risco de near miss em pacientes

cujo parto foi cesárea, considerando-se a elevada e crescente frequência da intervenção

cesariana nas gestantes brasileiras, chegando a 52,0% dos partos segundo dados do

Ministério da Saúde, em 2010 19

. Em nosso estudo, a realização do parto cesárea esteve

associada com um risco relativo 31,25 vez maior para aumento da morbidade materna

grave ou near miss, o que encontra respaldo em outras publicações, porém

apresentando, nosso estudo, um risco relativo bem mais elevado 26

. Isso se justifica pelo

elevado índice de cesarianas ocorridas na maternidade, devido à elevada ocorrência de

atendimento médico obstétrico para pacientes de alto risco, já que esta unidade de saúde

é de atenção terciária ser considerada referência do estado.

Em relação às consultas de pré-natal das pacientes com near miss em nosso estudo o

risco relativo de evoluir para near miss materna de 4,25 vezes maior em pacientes que

realizam o pré-natal pode ter sido influenciada pelo elevado número de consultas de

pré-natal de alto risco realizado no hospital de referência. Além disso, aumento da

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cobertura pré-natal na atenção primária no Brasil, provavelmente devido à expansão das

equipes da estratégia de saúde da família pode também explicar o número de pacientes

com consultas de pré-natal preconizadas pelo ministério da saúde 27

.

Até o momento, não são muitos os estudos que avaliaram os fatores associados à

presença de morbidade materna grave e near miss e a nível nacional, o nosso estudo é

um dos poucos a realizar essa análise, o que o torna importante para contribuir acerca do

assunto. Os resultados encontrados podem vir a auxiliar no estabelecimento de políticas

públicas e estratégias na assistência com o intuito de intervir significativamente na

problemática da morbidade e mortalidade materna no Brasil.

Dessa forma, reforça-se a importância da realização de pré-natal para identificação de

riscos potenciais, garantia de um suporte nutricional à gestante, tratamento de doenças e

estabelecimento de programa de imunização materna, assim como, uma melhor

assistência no que tange os aspectos clínicos das pacientes, objetivando diminuir o risco

obstétrico e neonatal. Cabe aqui destacar, também, a relevância do estudo e de uma

adequação curricular nas disciplinas do curso médico, tendo em vista a importância de

se evitar a near miss através da adequação no âmbito da educação médica.

Conflitos de interesse: não houve.

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38

Referências

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44

Tabela 3. Frequência relativa dos critérios para Near Miss Materna utilizados no estudo (N =

42)

Critérios n %

Waterstone

Pré-eclâmpsia grave 6 14,29

Eclâmpsia 5 11,91

Síndrome HELLP 10 23,81

Hemorragia grave 9 21,43

Sepse grave 10 23,80

Rotura uterina 2 4,76

Modificados de Geller

Insuficiência orgânica 39 92,86

Admissão em UTI 42 100

Transfusão (>3 unidades) 20 47,62

Intubação prolongada (>12 horas) 7 16,67

Intervenção cirúrgica (consequente

à morbidade grave) 16 38,09

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Tabela 4. Avaliação cognitiva dos acadêmicos de medicina e residentes de ginecologia e

obstetrícia sobre o tema Near Miss (N=261)

Conceito Fisiopato-

logia

Critérios Aspecto

clinico

Etiologia Média±DP

IC 95%

p

Acadêmico 50% 44,12% 100% 96,08% 85,29% 3,75 ± 0,93

3,57 a 3,94

0,0010

Internato 67,33% 50,67% 100% 95,33% 90% 4,03 ± 0,94

3,88 a 4,18

0,0126

Residente 100% 87,5% 100% 100% 100% 4,88 ± 0,35

4,58 a 5,17

0,0209

* teste t de Student

DP: Desvio padrão; IC 95%: intervalo de confiança de 95%

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Tabela 5. Competências clínicas nucleares (Mini-cex) avaliadas dos acadêmicos de medicina e

residentes de ginecologia e obstetrícia sobre o tema Near Miss (N=261)

Média±DP

IC 95%

Acadêmico

(N=102)

Média±DP

IC 95%

Internato

(N=143)

Média±DP

IC 95%

Residente

(N=16)

p

ANAMNESE

8.37±0.71

8.26 a 8.49

8.60±0.49

8.50 a 8.69

8.50±0.52

8.22 a 8.78

0.0001

EXAME FÍSICO 7.95±0.68

7.84 a 8.06

8.11± 0.67

7.98 a 8.24

8.81±0.40

8.60 a 9.03

0.0005

PROFISSIONALISMO

E QUALIDADES

HUMANÍTICAS

7.95±0.68

7.84 a 8.06

8.12±0.66

7.99 a 8.25

8.81±0.40

8.60 a 9.03

0.0005

RACIOCÍNIO

CLÍNICO

7.95±0.68

7.84 a 8.06

8.12±0.66

7.99 a 8.25

8.81±0.40

8.60 a 9.03

0.0005

ACONSELHAMENTO

E ORIENTAÇÃO

7.95±0.68

7.84 a 8.06

8.13±0.66

8.00 a 8.26

8.44±0.51

8.16 a 8.71

0.0001

ORGANIZAÇÃO E

EFICIÊNCIA

7.95±0.68

7.84 a 8.06

8.11±0.67

7.98 a 8.24

8.44±0.51

8.16 a 8.71

0.0001

COMPETÊNCIA

CLÍNICA GLOBAL

7.94± 0.68

7.83 a 8.06

8.11±0.67

7.98 a 8.24

8.56± 0.51

8.29 a 8.84

0.0001

* teste t de Student

DP: Desvio padrão; IC 95%: intervalo de confiança de 95%

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47

7.2. Artigo submetido a Revista Medical Education

SKILLS TRAINING IN AN OBSTETRIC INTENSIVE CARE UNIT

Maria Aparecida Cardoso de Souza, Tházio Henrique Soares Cardoso de

Souza, Ana Katherine Gonçalves, George Dantas de Azevedo.

What problem was addressed? The Minimal-Clinical Evaluation Exercise

assess of clinical skills of medical students in different degrees of learning. It

evaluates six clinical skills: interview/medical history, physical examination,

humanistic quality/professionalism and clinical judgment, communication and

counseling skills, organization and efficiency and global clinical competence. In

this context, we tried to evaluate the professional skills of medical students and

residents of Gynecology and Obstetrics concerning the determinants of severe

maternal morbidity and mortality in an obstetric intensive care unit.

What was tried? A study was conducted with 261 students of medicine from a

Brazilian college who was attending the graduation or internship and residents

of obstetrics and gynecology during a year. The researcher evaluated the

professional competence through the Mini-CEX with the patients who were

hospitalized in an obstetric intensive care unit and developed severe maternal

morbidity. The preceptors ranked the performance of each student, on each

ability, using the nine grades Likert scale, with the lowest grades (1-3

unsatisfactory) to the highest (7-9 very satisfactory). Data were coded and

registered in Microsoft Office Excel 2013 spreadsheet. It was described the

means and standard deviations of the quantitative variables involved in the

study. After that, the Student's T-test was applied to compare the skills of

medical students and residents on the Mini-cex. It was considered a 5%

significance level for all tests. The statistical software used was GraphPad

Prism 6.

What lessons were learned? The sample estimates of the mean (M), standard

deviation (SD) for student performance were: interview/medical history (M and

SD of students, internship and resident: 8.37 ± 0.71; 8.60 ± 0.49; 8.50 ± 0.52),

physical examination (M and DP of students, internship and residents: 7.95 ±

0.68; 8.11 ± 0.67; 8.81 ± 0.40 for), humanistic quality/professionalism (M and

SD of 7.95 ± 0.68; 8.12 ± 0.66; 8.81 ± 0.40 for students, internship and

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48

residents), reasoning and clinical judgment (M and DP of students, internship

and residents: 7.95 ± 0.68; 8.12 ± 0.66; 8.81 ± 00:40), communication skills (M

and DP of students, internship and residents: 7.95 ± 0.68; 8.13 ± 0.66; 8:44 ±

0:51), organization and efficiency (M and DP of students, internship and

residents: 7.95 ± 0.68; 8.11 ± 0.67; 8:44 ± 0:51), global competence (M and DP

of students, internship and residents: 7.94 ± 0.68; 8.11 ± 0.67; 8:56 ± 0:51).

These data showed a better overall performance of residents compared to

medical students, all with <0.05 p-values, after applying the Student’s T-test.

Maternal mortality is still a poorly addressed matter of the medicine course as

well as in post-graduation levels in Brazilian medical college. Furthermore, it is

necessary to admit that doctors require skills, abilities, and attitudes to attend

the contemporaneous society.

Concerning health education, approaching the subject through case studies

may facilitate the theory and practice and consequently the determination of the

main causal factors. Such an approach is intended to encourage the student to

develop the process of analysis, interpretation, hypotheses, assumptions and

seek to make decisions, aiming to reduce maternal mortality.

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8. ANEXOS

8.1 TCLE maiores de 18 anos

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - MAIOR A Sra. está sendo convidada a participar, voluntariamente, na pesquisa:

“Fatores Determinantes da Morbi-Mortalidade em uma Unidade de Terapia

Intensiva Obstétrica”. Caso decida aceitar o convite, você participará da

pesquisa, em horário ou momento que você deseje escolher, durante a

internação na UTI da Maternidade Escola Januário Cicco, portanto sem custos

de deslocamento.

1. Justificativa e objetivos da pesquisa: trata-se de uma pesquisa

relevante, que tem como objetivo geral: determinar os fatores de risco e

qualidade de vida associados à morbi-mortalidade materna em Unidade de

Terapia Intensiva Obstétrica da Maternidade Escola Januário Cicco, ou seja, a

pesquisa será sobre as causas mais comuns de internamento nesse setor da

maternidade.

2. Metodologia: A pesquisa será um estudo que envolverá mulheres

gestantes e puérperas, internadas na UTI Obstétrica da MEJC no período de

um ano. As pacientes que obedecerem aos critérios de inclusão serão

convidadas individualmente em horário adequado para os esclarecimentos

necessários que antecedem a pesquisa, isto é, onde fez o pré natal, como fez o

pré natal, quando começou a doença. Caso manifeste desejo de contribuir com

a pesquisa, será realizada a leitura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecidos (TCLE), caso deseje aceitar o convite, deverá assinar o presente

Termo, isto é, a Sra terá o direito de decidir, espontaneamente.

3. Desconfortos, riscos e benefícios: os riscos e desconfortos

decorrentes da sua participação nesta pesquisa poderão ser de ordem

psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual, caso não ocorra o

sigilo dos dados coletados. Entretanto medidas de proteção para minimizar

estes possíveis riscos serão realizadas mediante o sigilo absoluto por parte da

pesquisadora. Portanto, não haverá identificação da Sra na pesquisa,

mantendo sempre medidas de proteção para o sigilo. Os benefícios, da sua

participação neste estudo será o aprendizado que terá através do

conhecimento de formas e maneiras de como dar um diagnóstico precoce de

intercorrências obstétricas, evitando a internação em UTI Materna, bem como

receber orientações de como adotar comportamentos preventivos ou buscar

ajuda profissional diante de qualquer alteração percebida durante o tratamento.

Estes benefícios deverão propiciar melhor melhora da sua qualidade de vida.

Dessa forma, a pesquisa terá grande importância para que se tenha maior

assistência médica para outros casos clínicos, melhorando a qualidade de vida

das pacientes internadas

4. Participação voluntária: sua participação neste estudo é

totalmente voluntária. Assim, é possível a recusa na participação ou a

solicitação da interrupção se julgar conveniente, em qualquer momento da

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pesquisa, sem que a sua desistência signifique em qualquer prejuízo a sua

pessoa, ao seu tratamento ou a sua família. Caso deseje desistir de participar,

entre em contato com a pesquisadora responsável, que vá ao seu encontro

levando os questionários que por ventura já tenham sido respondido, sendo

seu nome automaticamente excluído da pesquisa sem nenhum prejuízo para a

pesquisa bem como para a sua pessoa.

5. Confidencialidade do estudo: os registros da sua participação

serão mantidos em sigilo. Nós guardaremos os registros de cada participante

da pesquisa, e somente a pesquisadora responsável e colaboradores terão

acesso a estas informações. Portanto, os resultados serão relatados de forma

que a sua pessoa não será identificada.

6. Forma de acompanhamento: Você ficará com uma cópia deste

Termo (TCLE). Durante e após o término da pesquisa, você poderá tirar

qualquer dúvida junto à equipe responsável pela pesquisa, podendo entrar em

contato com Maria Aparecida Cardoso de Souza, no seguinte endereço: Rua

Ceará Mirim, 304, apto 1101, Tirol, Natal. Telefones para contato: (84) 9982-

5347 e 3211-0147, email: [email protected]; Comitê de Ética em

Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes – CEP/HUOL. Av. Nilo

Peçanha, 620 – Petrópolis ▫ CEP 59.012-300 ▫ Natal/RN. Fone:3342-5003. E-

mail: [email protected] Coordenador responsável: Karla Patrícia

Cardoso Amorim

7. Ressarcimento de despesas: se você tiver algum gasto que seja

devido à sua participação na pesquisa, será ressarcida, caso solicite. Em

qualquer momento, se sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta

pesquisa, você terá direito a indenização, fornecidas pelos pesquisadores.

CONSENTIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO

Eu ___________________________________________________________ fui

devidamente esclarecida quanto aos objetivos da pesquisa, aos procedimentos aos

quais serei submetida e os possíveis riscos envolvidos. Estou de acordo em participar

voluntariamente no estudo, sendo que minha participação não implicará em custos ou

prejuízos, sejam eles de caráter econômico, social, psicológico ou moral, sendo

garantido o anonimato e o sigilo dos dados referentes à minha identificação.

A pesquisadora responsável me garantiu disponibilizar qualquer esclarecimento

adicional que eu venha a solicitar durante o desenvolvimento da pesquisa e o direito

de desistir da participação em qualquer momento da pesquisa, sem que a minha

desistência implique em qualquer prejuízo a minha pessoa, ao meu tratamento ou a

minha família.

Assinatura do participante

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51

8.2 TCLE para menores de 18 anos

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (Menores de 18 anos)

A sua filha está sendo convidada a participar, voluntariamente, na

pesquisa: “Fatores Determinantes da Morbi-Mortalidade em uma Unidade

de Terapia Intensiva Obstétrica”. Caso decida aceitar o convite, a sua filha

participará da pesquisa, em horário ou momento que você deseje escolher,

durante a internação na UTI da Maternidade Escola Januário Cicco, portanto

sem custos de deslocamento.

1. Justificativa e objetivos da pesquisa: trata-se de uma pesquisa

relevante, que tem como objetivo geral: determinar os fatores de risco e

qualidade de vida associados à morbi-mortalidade materna em Unidade de

Terapia Intensiva Obstétrica da Maternidade Escola Januário Cicco, ou seja, a

pesquisa será sobre as causas mais comuns de internamento nesse setor da

maternidade.

2. Metodologia: A pesquisa será um estudo que envolverá mulheres

gestantes e puérperas, internadas na UTI Obstétrica da MEJC no período de

um ano. As pacientes que obedecerem aos critérios de inclusão serão

convidadas individualmente em horário adequado para os esclarecimentos

necessários que antecedem a pesquisa, isto é, onde fez o pré natal, como fez o

pré natal, quando começou a doença. Caso manifeste desejo de permitir que a

sua filha contribua com a pesquisa, será realizada a leitura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecidos (TCLE), caso deseje aceitar o convite,

deverá assinar o presente Termo, isto é, a Sra terá o direito de decidir,

espontaneamente, pelo sua filha.

3. Desconfortos, riscos e benefícios: os riscos e desconfortos

decorrentes da participação da sua filha nesta pesquisa poderão ser de ordem

psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual, caso não ocorra o

sigilo dos dados coletados. Entretanto medidas de proteção para minimizar

estes possíveis riscos serão realizadas mediante o sigilo absoluto por parte da

pesquisadora. Portanto, não haverá identificação da Sra ou da sua filha na

pesquisa. Os benefícios, da participação da sua filha neste estudo será o

aprendizado que terá através do conhecimento de formas e maneiras de como

dar um diagnóstico precoce de intercorrências obstétricas, evitando a

internação em UTI Materna, bem como receber orientações de como adotar

comportamentos preventivos ou buscar ajuda profissional diante de qualquer

alteração percebida durante o tratamento. Estes benefícios deverão propiciar

melhoria da qualidade de vida dessas pacientes. Dessa forma, a pesquisa terá

grande importância para que se tenha maior assistência médica para outros

casos clínicos, melhorando a qualidade de vida das pacientes internadas.

4. Participação voluntária: a participação da sua filha neste estudo

é totalmente voluntária. Assim, é possível a recusa na participação ou a

solicitação da interrupção se julgar conveniente, em qualquer momento da

pesquisa, sem que a desistência signifique em qualquer prejuízo a sua pessoa

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ou a da sua filha, ao seu tratamento ou a sua família. Caso deseje desistir de

participar, entre em contato com a pesquisadora responsável, que vá ao seu

encontro levando os questionários que por ventura já tenham sido respondido,

sendo seu nome automaticamente excluído da pesquisa sem nenhum prejuízo

para a pesquisa bem como para a sua pessoa.

5. Confidencialidade do estudo: os registros da participação da

sua filha serão mantidos em sigilo. Nós guardaremos os registros de cada

participante da pesquisa, e somente a pesquisadora responsável e

colaboradores terão acesso a estas informações. Portanto, os resultados serão

relatados de forma que a sua pessoa ou sua filha não serão identificadas.

6. Forma de acompanhamento: Você ficará com uma cópia deste

Termo (TCLE). Durante e após o término da pesquisa, você poderá tirar

qualquer dúvida junto à equipe responsável pela pesquisa, podendo entrar em

contato com a pesquisadora Maria Aparecida Cardoso de Souza, no seguinte

endereço: Rua Ceará Mirim, 304, apto 1101, Tirol, Natal. Telefones para

contato: (84) 9982-5347 e 3211-0147, email: [email protected];

Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes –

CEP/HUOL. Av. Nilo Peçanha, 620 – Petrópolis ▫ CEP 59.012-300 ▫ Natal/RN.

Fone:3342-5003. E-mail: [email protected]. Coordenador responsável:

Karla Patrícia Cardoso Amorim.

7. Ressarcimento de despesas: se você tiver algum gasto que seja

devido à participação na pesquisa, será ressarcida, caso solicite. Em qualquer

momento, se sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa,

você terá direito a indenização, fornecidas pelos pesquisadores. CONSENTIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO

Eu, ___________________________________________, RG: ________, concordo de livre e

espontânea vontade que meu (minha) filho(a)

._______________________________________, nascido(a) em ____/____ /______ , seja

voluntário do estudo sendo que não implicará em custos ou prejuízos, sejam eles de caráter

econômico, social, psicológico ou moral, sendo garantido o anonimato e o sigilo dos dados

referentes à identificação do meu filho(a). Declaro que fui devidamente esclarecida(o) quanto

aos objetivos da pesquisa, aos procedimentos aos quais meu filho (a) será submetida e os

possíveis riscos envolvidos.

A pesquisadora responsável me garantiu disponibilizar qualquer esclarecimento adicional que

eu venha a solicitar durante o desenvolvimento da pesquisa e o direito de desistir da

participação em qualquer momento da pesquisa, sem que a minha desistência implique em

qualquer prejuízo a minha pessoa ou a do meu filho(a), ao tratamento dele ou a minha família.

Assinatura do responsável pela paciente

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53

8.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA

INSTRUMENTO DE COLETA DE

DADOS

MORBIDADE MATERNA GRAVE EM

MATERNIDADE DE REFERÊNCIA NO

INTERIOR DO NORDESTE DO

BRASIL

1. DADOS PESSOAIS DA PACIENTE

1. Nome da paciente:

_______________________________

_________.

2. Data da internação/atendimento

inicial:_________________________.

3. Registro da paciente no

HDM:___________________________

_____.

4. Idade (em anos

completos):______________________

___________.

5. Cor: [ ] 1 negra

[ ] 2 branca [ ] 3 indígena

[ ] 4 amarela [ ] 5 outro

[ ] 8 não consta

6. Escolaridade em anos completos:

____________________________.

7. Estado civil:

[ ] 1 casada/amasiada [ ] 4 viúva

[ ] 2 solteira [ ] 8 não consta

[ ] 3 separada/divorciada

8. Peso em kg: __________9. Altura

(em centímetros): _____________

11. A paciente fazia pré-natal no

serviço?

[ ] 1 sim [ ] 2 não [ ] 8

não consta [ ] 9 ignorado

12. Como foi o acesso da mulher ao

centro?

[ ] 1 procura espontânea [ ] 5

encaminhamento de nível primário

[ ] 2 transferência por serviço de

resgate/emergência [ ] 8 não consta

[ ] 3 transferência inter hospitalar

programada

[ ] 4 transferência inter hospitalar não

programada

13. Qual cobertura financeira

majoritária do pré-natal?

[ ] 1 público [ ] 2 privado [ ] 3 seguro

saúde/convênio [ ] 8 não consta

14. Qual cobertura financeira

majoritária da internação?

[ ] 1 público [ ] 2 privado [ ] 3 seguro

saúde/convênio [ ] 8 não consta

2. DADOS OBSTÉTRICOS

15. No de gestações: ___________ 16.

No de partos: _______________

17. No de abortos: ________18. No de

cesáreas prévias ____________

19. No de nascidos vivos: ______ 20.

Anos desde o último parto: ______

21. A mulher possui cirurgia uterina

prévia? (excluindo cesárea segmentar

transversa)

[ ] 1 sim [ ] 2 não [ ] 8 não

consta [ ] 9 ignorada

22. Número de consultas de pré-natal:

___________________________

23. A mulher estava grávida quando foi

admitida?

[ ] 1 sim [ ] 2 não [ ] 8 não

consta [ ] 9 ignorado

24. Idade gestacional na internação

(em semanas): _________________

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25. Forma de início do trabalho de

parto:

[ ] 1 espontâneo [ ] 2 induzido

[ ] 3 sem trabalho de parto

[ ] 4 aborto [ ] 5 continua grávida

[ ] 8 não consta

26. Data da resolução da gestação:

_____________________________

27. Idade gestacional na resolução:

_____________________________

28. Como foi ultimada a gestação?

[ ] 1 parto vaginal [ ] 5 aborto

[ ] 2 parto vaginal operatório

[ ] 6 prenhez ectópica [ ] 3 cesárea

antes do início do trabalho de parto

[ ] 7 continua grávida [ ] 4 cesárea

após o início do trabalho de parto

[ ] 8 não consta

ABORTO

29. Como se iniciou o aborto?

[ ] 1 espontâneo [ ] 2 induzido [ ]

8 não consta

30. O aborto foi seguro ou inseguro?

[ ] 1 seguro [ ] 2 inseguro [ ] 8

não consta

31. Quais procedimentos foram

realizados?

[ ] 1 dilatação e curetagem [ ] 2

ocitocina [ ] 3 vácuo aspiração

[ ] 4 prostaglandinas [ ] 5 outros

[ ] 6 nenhum [ ] 8 não consta

32. Se outro procedimento, especifique:

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

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_______________________________

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_______________________________

_______________________________

_______________________________

____________

3. DADOS DO RN

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33. Número total de nascidos:

_______________________________

___

34. Qual era a apresentação fetal ao

nascimento?

[ ] 1 cefálico [ ] 2 pélvico [ ] 3

outro [ ] 8 não consta

35. Sexo:

[ ] 1 feminino [ ] 2 masculino [ ] 3

indeterminado [ ] 8 não consta

36. Condição do nascimento:

[ ] 1 vivo [ ] 3 natimorto

anteparto [ ] 2 natimorto intra-parto

[ ] 8 não consta

37. Apgar de 1º. Minuto?_________38.

Apgar de 5º. Minuto?________

39. Peso em gramas:

_______________________________

__________

40. Desfecho neonatal:

[ ] 1 alta [ ] 2 internado [ ]

3 óbito neonatal precoce (<7dias)

[ ] 4 óbito neonatal tardio (8-28 dias)

[ ] 5 transferido [ ] 8 não consta

41. Se gemelar, informe os dados dos

outros RN:

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_________________________

CONDIÇÕES MATERNAS PRÉ-

EXISTENTES

42. A mulher apresentava alguma

condição patológica/de risco prévios à

gestação?

[ ] 1 sim [ ] 2 não [ ] 8

não consta

43. Quais condições estavam

presentes?

[ ] 1 hipertensão arterial crônica

[ ] 9 anemia falciforme-talassemia

[ ] 2 obesidade [ ] 10

HIV/AIDS [ ] 3 baixo peso

[ ] 11 tireoidopatias

[ ] 4 diabetes mellitus

[ ] 12 doenças neurológicas / epilepsia

[ ] 5 tabagismo

[ ] 13 colagenoses [ ] 6 doenças

cardíacas [ ] 14 neoplasias

[ ] 7 doenças respiratórias [ ] 15

outro [ ] 8 doenças renais

44. Se outra condição patológica,

especifique:

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

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_______________________________

_______________________________

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_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_____________________

4. CONDIÇÕES POTENCIALMENTE

AMEAÇADORAS DA VIDA

45. Houve alguma COMPLICAÇÃO

HEMORRÁGICA?

[ ] 1 sim [ ] 2 não [ ] 8

não consta

46. Qual complicação hemorrágica

ocorreu no período?

[ ] 1 descolamento de placenta

[ ] 5 hemorragia grave por aborto

[ ] 2 placenta

prévia/acreta/increta/percreta

[ ] 6 hemorragia pós parto

[ ] 3 prenhezectópica complicada

[ ] 8 não houve/não consta

[ ] 4 rotura uterina

47. Se HEMORRAGIA PÓS-PARTO,

especifique:

[ ] 1 atonia [ ] 2 retenção

placentária [ ] 3 lacerações de

trajeto [ ] 4 coagulopatia

[ ] 5 inversão uterina

48. Houve alguma COMPLICAÇÃO

HIPERTENSIVA?

[ ] 1 sim [ ] 2 não [ ]

8 não consta

49. Qual complicação hipertensiva

ocorreu no período?

[ ] 1 pré-eclâmpsia grave [ ] 2

eclâmpsia [ ] 3 hipertensão grave

[ ] 4 HELLP síndrome [ ] 5

fígado gorduroso

[ ] 8 não houve / não consta

50. Houve alguma outra complicação?

[ ] 1 sim [ ] 2 não [ ]

8 não consta

51. Quais complicações?

[ ] 1 edema pulmonar [ ] 2 convulsões

[ ] 3 trombocitopenia < 100 mil [ ] 4

crise tireotoxica [ ] 5 choque

[ ] 6 insuf. respiratória aguda

[ ] 7 acidose [ ] 8 cardiopatia

[ ] 9 AVC

[ ] 10 dist. de coagulação [ ] 11

CIVD [ ] 12 tromboembolismo

[ ] 13 cetoacidose diabética [ ] 14

icterícia/disf hepática [ ]

15 meningite [ ] 16 sepse grave

[ ] 17 IRA

[ ] 88 não houve / não consta

52. Se SEPSE GRAVE, especifique o

foco:

[ ] 1 endometrite pós-parto [ ] 2

endometrite pós aborto [ ] 3 pulmonar

[ ] 4 urinário [ ] 5 outro [ ] 8

não consta [ ] 9 ignorado

53. Se outro foco, especifique:

_______________________________

__

54. A mulher apresentou alguma das

CONDIÇÕES DE MANEJO DE

GRAVIDADE?

[ ] 1 sim [ ] 2 não [ ] 8 não consta

55. Quais condições estavam

presentes?

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[ ] 1 transfusão de hemoderivados

[ ] 6 retorno à sala cirúrgica [ ]

2 acesso venoso central

[ ] 7 histerectomia/laparotomia

[ ] 3 admissão em UTI

[ ] 8 uso de sulfato de magnésio

[ ] 4 hospitalização prolongada (>7

dias) [ ] 88 não houve/não consta [

] 5 intubação não relacionada à

anestesia

5. CRITÉRIOS DE NEAR MISS

MATERNO

56. A mulher apresentou algum dos

critérios clínicos de NEAR MISS?

[ ] 1 sim [ ] 2 não [ ] 8 não

consta

57. Se SIM, indique quais:

[ ] 1 cianose [ ] 9 acidente vascular

cerebral [ ] 2 gasping

[ ] 10 convulsão não controlada –

paralisia total [ ] 3 FR > 40 ou < 6

[ ] 11 icterícia na presença de pré-

eclâmpsia [ ] 4 choque

[ ] 88 não houve / não consta [ ] 5

oligúria não responsiva a fluidos ou

diuréticos

[ ] 6 distúrbios de coagulação

[ ] 7 perda da consciência durante 12 h

ou mais [ ] 8

ausência de consciência E ausência de

pulso-batimento cardíaco

58. A mulher apresentou algum dos

critérios laboratoriais DE NEAR MISS?

[ ] 1 sim [ ] 2 não [ ] 8

não consta

59. Se SIM, indique quais*:

[ ] 1 saturação de O2 < 90% por > 60

min. [ ] 2 PaO2/FiO2 < 200

[ ] 3 creatinina ≥300mmol/l ou ≥ 3,5

mg/dl [ ]

4 bilirrubina ≥ 100 mmol/l ou ≥ 6 mg/dl

[ ] 5 pH < 7,1 [

] 6 lactato > 5

[ ] 7 plaquetas < 50 mil

[ ] 8 ausência de consciência e

presença de glicose e cetoácidos na

urina

[ ] 88 não houve / não consta

60. A mulher apresentou algum dos

CRITÉRIOS DE MANEJO?

[ ] 1 sim [ ] 2 não

[ ] 8 não consta

61. Se SIM, indique quais:

[ ] 1 uso de droga vasoativa contínua

[ ] 6 R. Cardiopulm. (RCP)

[ ] 2 histerectomia por infecção ou

hemorragia

[ ] 88 não houve / não consta [ ] 3

transfusão de ≥ 5 U de hemácias [ ] 4

intubação e ventilação por ≥ 60 minutos

não relacionada com anestesia

[ ] 5 diálise para insuficiência renal

aguda

62. Alguma dessas condições já estava

presente na admissão do sujeito?

[ ] 1 sim [ ] 2 não [ ] 8

não consta

DESFECHO MATERNO

63. Data da alta, transferência ou óbito:

_________________________

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64. Qual foi a condição de alta da

mulher?

[ ] 1 alta médica [ ] 2 alta a pedido [

] 3 transferência [ ] 4 óbito [ ] 5

evasão

65. Comentários ou observações

referentes a dados incluídos e dados

relativos à transferência do sujeito:

_______________________________

______________________________

6. PESQUISA DE DEMORAS NO

ATENDIMENTO

66. Durante o atendimento do caso,

houve alguma demora relacionada ao

serviço e/ou sistema de saúde?

[ ] 1 sim [ ] 2 não [ ] 9

ignorado

Se houve demora, especifique: (se

NÃO houve, deixe em branco)

1 nível primário 2 nível secundário 3

nível terciário

67. Falta de medicação (sulfato, ATB,

DVA, uterotônicos):

68. Dificuldade ou problemas com

transporte municipal / hospitalar):

69. Dificuldade na comunicação

(hospitalar/central reguladora):

70. Ausência de hemoderivados:

71. Dificuldade para monitorização

(unidade de cuidados intensivos):

72. Falta de pessoal treinado:

73. Dificuldade de acesso ao pré-natal:

74. Houve alguma demora relacionada

ao paciente e/ou seus familiares?

[ ] 1 sim [ ] 2 não [ ] 9

ignorado

75. Se resposta SIM, especifique quais:

[ ] 1 demora na procura ao Serv. Saúde

[ ] 2 dificuldade geográfica ao acesso

ao Serv. Saúde

[ ] 3 recusa ao tratamento [ ] 4

Pré-natal ausente ou inadequado

[ ] 5 Aborto inseguro

76. Houve alguma demora na

assistência relacionada aos

profissionais de saúde?

[ ] 1 sim [ ] 2 não [ ] 9

ignorado

Se houve demora, especifique: (se

NÃO houve, deixe em branco)

1 nível primário 2 nível secundário 3

nível terciário

77. Demora no diagnóstico:

78. Demora no início do tratamento:

79. Manejo inadequado do caso:

80. Demora na referência ou

transferência do caso:

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59

8.4. MINI-CEX

MINI-CEX

*Obrigatório Qual o nível de graduação do discente? *

o 8 periodo

o 10 periodo

o 11 periodo

o Médico Residente de GO

Nome do aluno *

MINI-CEX - ANAMNESE * Obtencao de informacoes adequadas + Facilita o pct a contar historia clinica + Utiliza efetivamente os questionamentos para obter informacao adequada e necessaria + responde apropriadamente

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MINI-CEX - EXAME FÍSICO * Adequacao com o problema clinica + Obedece sequencia logica, eficiente e correta + Informa a paciente sobre os passos realizados + Preocupa-se com o conforto, privacidade, modestia da paciente + Faz interpretacao/anotacao correta dos dados obtidos

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MINI-CEX - PROFISSIONALISMO E QUALIDADES HUMANÍTICAS * Demonstra respeito, compaixao, empatia + Estabelece confianca + Atende as necessidades da paciente, conforto, modestia, confidencialidade, informacao

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MINI-CEX - RACIOCÍNIO CLÍNICO * Aplica adequadamente os recursos propedeuticos + Seleciona e solicita adequadamente os examos complementares + Considera riscos e beneficios + Faz o diagnostico correto + Formula plano terapeutico adequado ao(s) diagnostico(s) principal(is)

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MINI-CEX - ACONSELHAMENTO E ORIENTAÇÃO * Obtem consentimento da paciente + Orienta/aconselha sobre conduta + Preocupa-se com a apresentacao e acolhimente inicial + Demostra atencao e interesse as queixas e informacoes verbais + Observa as necessidades para o conforto fisico + Demonstra

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etica + Demonstra envolvimento, compaixao, estabelece confianca + Utiliza a linguagem adequada ao entendimento + Explica o diagnostico, exames complementares e tratamento

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MINI-CEX - ORGANIZAÇÃO E EFICIÊNCIA * Define prioridades observando o tempo da consulta + Demonstra raciocinio clinico satisfatorio + Anotacoes em prontuario sao adequadas + Organizado na realizacao das atividades

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MINI-CEX - COMPETÊNCIA CLÍNICA GLOBAL * Demonstra sintese, cuidado, eficiencia + Avaliacao no ambito global

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MINI-CEX - SATISFAÇÃO DO AVALIADOR *

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MINI-CEX - SATISFAÇÃO DO ESTUDANTE *

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8.5 AVALIAÇÃO COGNITIVA

AVALIACAO COGNITIVA *Obrigatório

Nome do Discente *

1- Qual o conceito de NEAR MISS materna? *

o E o grupo formado por pacientes com morbidade materna grave, as quais

sobrevivem a complicacoes potencialmente fatais durante a gravidez, parto ou puerperio.

o E um termo atual utilizado para classificar a morbi-mortalidade materna durante toda

a gestacao, englobando as complicacoes gestacionais.

o E o grupo de pacientes puerperais que apresentam complicacoes gravissimas, que

indicam cuidados intensivos na UTI materna

o E o grupo de pacientes que possuem patologias gestacionais complicadas que

necessitam de cuidados na UTI e que obrigatoriamente apresentam falencia de multiplos

orgaos.

2- Qual enfermidade abaixo nao se enquadra na morbi-mortalidade materna? *

o Cetoacidose diabetica

o Pre-eclampsia grave

o Sepse grave

o Prematuridade

o Rotura uterina

3- E correto afirmar que, os criterios de classificacao em NEAR MISS sao: *

o Admissao em UTI, Insuficiencia organica, transfusao de mais de 2 unidades de

hemoderivados, intubacao prolongada, qualquer intervencao cirurgica.

o Permanencia na UTI por mais de 01 mes, Insuficiencia organica, transfusao de mais

de 3 unidades de hemoderivados, intubacao prolongada, intervencao cirurgica

consequente a morbidade grave.

o Admissao em UTI, Insuficiencia organica, transfusao de mais de 3 unidades de

hemoderivados, intubacao prolongada, intervencao cirurgica consequente a morbidade

grave.

o Admissao em UTI, Insuficiencia organica, transfusao de mais de 3 unidades de

hemoconcentrados, uso de sonda nasogastrica, intervencao cirurgica consequente a

morbidade grave.

4- Marque a alternativa INCORRETA em relacao a morbi-mortalidade materna. *

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o Pre-eclampsia grave que complica com AVCh

o Choque hipovolemico que evolui para IRA

o Abortamento infectado que evolui para sepse

o Atonia uterina levando a HTA de emergencia

o Infeccao Urinaria que melhora com antibioticoterapia

5- Qual patologia obstetrica que mais leva a morte materna no ciclo gravido-puerperal? *

o Diabetes gestacional

o Pielonefrite na gravidez

o Atonia uterina pos-parto

o Pre-eclampsia grave e eclampsia

o Sepse pos-aborto infectado

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ANEXO 6 – PARECER CONSUBSTANCIAL DO CEP

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