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I FATORES DE ADESÃO E PERMANÊNCIA À PRÁTICA EM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS ENTRE PESSOAS IDOSAS DO NORTE DE PORTUGAL Jussara Mesquita da Costa Porto, 2020

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I

FATORES DE ADESÃO E PERMANÊNCIA À PRÁTICA EM

PROGRAMA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS ENTRE PESSOAS

IDOSAS DO NORTE DE PORTUGAL

Jussara Mesquita da Costa

Porto, 2020

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FATORES DE ADESÃO E PERMANÊNCIA À PRÁTICA EM

PROGRAMA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS ENTRE PESSOAS

IDOSAS DO NORTE DE PORTUGAL

Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ciência do Desporto, na área de Especialização em Atividade Física para a Terceira Idade, ao abrigo do artigo 20º do Decreto-Lei nº74/2006 de 24 março, na redação dada pelo Decreto-Lei nº65/2018 de 16 de agosto.

Orientadoras: Professora Doutora Paula Silva

Professora Doutora Maria Joana Mesquita Cruz de Carvalho

Jussara Mesquita da Costa

Porto, 2020

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FICHA DE CATALOGAÇÃO

Costa, J. M. (2020). Fatores de adesão e permanência à prática em programa

de exercícios físicos entre pessoas idosas no Norte de Portugal. Dissertação de

Mestrado em Atividade Física para à Terceira Idade apresentada à Faculdade

de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-chave: Exercício Físico – Pessoas Idosas – Adesão – Permanência

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Esta dissertação foi realizada com base no projeto desenvolvido pelo Centro de

Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL), uma unidade de

investigação e desenvolvimento situada na Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto (UID/DTP/00617/2013). Este estudo integra-se ainda

dentro do projeto comunitário “Mais Ativos, Mais Vividos”, financiado pelo IPDJ

e do projeto de investigação “Body and Brain” (POCI-01-0145-FEDER-031808).

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DEDICATÓRIA

A morte não é nada.

Eu somente passei para o outro lado do caminho. Eu sou eu, vocês são vocês.

O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me dêem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês

sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo

do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir

juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim.

Rezem por mim. Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum

tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza.

A vida significa tudo o que ela sempre significou. O fio não foi cortado.

Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas?

Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do caminho... Você que aí ficou, siga em frente...

A vida continua, linda e bela, como sempre foi.

Santo Agostinho

Ao meu grande e saudoso AMIGO,

meu Avô João José da Costa Sobrinho (in memorian), não há um único

dia que Eu deixe de recordar seus ensinamentos, sempre com muito amor.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus, pois é o grande mestre dos mestres.

Estou convicta em afirmar que o Senhor colocou verdadeiros “anjos” no

decorrer da minha jornada; e confesso que agradecer é a “dissertação” mais

desafiadora, pois foram tantos os “anjos” que contribuíram nesta honrosa

missão.

Mas, vamos lá, espero conseguir citar todos, que das mais diversas

formas foram únicos nesta jornada. Desde os funcionários da Secretária,

Tesouraria, a equipa da cantina, que sempre me trataram com muito carinho me

fornecendo água quente para o chimarrão; a equipa da biblioteca - vocês

salvavam meus dias. Como não falar da dupla maravilhosa da reprografia, e com

as inenarráveis trocas de ideias com o seu Marinho, entre uma cópia e outra.

Vou parar, pois já estou com saudades, até das manhãs congelantes rumo a

Faculdade de Desporto.

Ao ser iluminado da minha orientadora professora Doutora Paula Silva

que nunca me desamparou, em meio a tantas adversidades com as quais me

deparei durante o desenvolvimento da dissertação, jamais vou esquecer suas

palavras de incentivo e apoio e muito bom humor nas orientações, sempre

fazendo-se presente, via email, WhatsApp, sempre me instigando a fazer mais

e acreditar no meu trabalho. Gratidão pelo apoio e confiança.

A Professora Doutora Joana Carvalho, coorientadora que me abriu

literalmente as portas do Projeto “Mais ativos, mais vividos”, no qual realizei a

pesquisa. Foi uma experiência ímpar a qual me oportunizou inenarráveis

aprendizados, não só no campo profissional, mas para a vida. E gostaria de

ratificar o meu encantamento e admiração pelo seu trabalho, pois fala com

grande entusiasmo, como quem esta seduzindo um “amor”. E não é?! “graças a

esta dedicação e Amor, este projeto se mantem há mais de vinte anos na

FADEUP.

Aos dezessete participantes deste estudo, pela receptividade,

disponibilidade e disposição em colaborar, partilhando suas experiências no

Projeto.

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À queridona Professora Olga que, com imenso prazer e gentileza,

emprestou a sua sala para eu realizar as entrevistas, e por isso passamos a

conviver quase que diariamente. Isso me oportunizou conhecer melhor seu

belíssimo trabalho, mas principalmente o ser humano extraordinário que é.

E claro, gostaria de agradecer pela dedicação e ensinamentos aos

Professores Doutores, Arnaldina, José Duarte, José Oliveira, Lucimere e Susana

e ao programa de mestrado, na pessoa do professor Doutor José Magalhães.

Aos meus grandes Amigos e incentivadores, Angelo Vargas e Isabel

Amaral Martins, que muito me instigaram, pegando me pela mão, quando ficava

na cruel dúvida de como seria a melhor forma de fazer, meu muitíssimo obrigada

por partilharem comigo conhecimento, mas principalmente os bens mais

preciosos nos dias atuais, seu valioso tempo e amizade.

As minhas inseparáveis amigas, Adriane, Cláudia, Evandra, Ivone,

Jaqueline, Meg, Neusa, Rita, Rochelli e Sabrina pois vocês foram incríveis,

sempre com muito amor e paciência, me fizeram andar somente para frente, com

inúmera mensagens de incentivo, mas principalmente por manterem-se

presentes nos dias mais delicados, tomados pela saudade. Sem vocês esta

jornada seria por demais penosa.

E aos amigos que conquistei no decorrer desta jornada, com quem, além

de grandes aprendizados, compartilhei moradia e momentos de

confraternização: Priscila, Douglas, Fabiano, Claudia, Barbara, Camila, Elias,

Sara, Lucia, Lurdes, Dona Nanda, Ana e Umberto.

Aos amigos de “patas” Aslam, Frajola e Tigrinho, o quanto vocês foram

incríveis sempre de plantão me passando muito carinho e tranquilidade.

A minha família, meu “Grande Porto”, que mesmo à distância de um

oceano sempre se fez presente me nutrindo de muito carinho e amor

incondicional. Aos meus Amores: À minha Mãe Deodete, meu Pai Jorge, Meu

Irmão Leonardo e ao Meu Amor MAIOR, meu Filho Gabriel. E às mulheres

maravilhosas que vieram a integrar e alegrar a nossa família: Cunhada Francele,

Luiza minha Norinha, como uma Filha e a nossa princesa Laura, Sobrinha e

Afilhada.

À todos, a minha sincera Gratidão!!!

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“Se quiser ter prosperidade por um ano, cultive

grãos. Por dez cultive árvores. Mas para ter sucesso

por 100 anos cultive gente”.

Confúcio

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ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA ......................................................................................................... VI

AGRADECIMENTOS .............................................................................................. VIII

ÍNDICE GERAL ........................................................................................................ XII

RESUMO ................................................................................................................. XVI

ABSTRACT ........................................................................................................... XVIII

LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................... XX

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO ...................................................................................1

I.1 OBJETIVOS .......................................................................................................5

I.1.1. Objetivo Geral ...........................................................................................5

I.1.2 Objetivos Específicos ...............................................................................5

CAPÍTULO II – REVISÃO DE LITERATURA ............................................................8

II.1 Envelhecimento humano ..............................................................................12

II.1.1Conceito ...................................................................................................12

II.1.2. Envelhecimento em Portugal ...............................................................13

II.1.3 A atenção social à velhice: um novo contexto societário .................13

II.2 As dimensões internacionais dos direitos da pessoa idosa ...................17

II.3 Aspetos relevantes para a prática de exercícios físicos para pessoas

idosas ...................................................................................................................20

II.3.1 Atividades físicas e exercícios físicos para pessoas idosas:

consequências e benefícios ..............................................................................22

II.4 Institucionalização de projetos para a prática de exercícios físicos para

pessoas idosas: Agregação, solidariedade e promoção da saúde social. ......26

CAPÍTULO III - METODOLOGIA .............................................................................32

III.1 Tipo de Estudo .............................................................................................34

III.2 Participantes .................................................................................................34

III.3 Coleta de dados ............................................................................................34

III.4 Procedimento de análise dos dados..........................................................36

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CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ...............38

IV.1 Fatores de adesão .......................................................................................40

IV.1.1 Indicação para a prática .......................................................................40

IV.1.2 O gosto e o prazer pelo EF e o desporto ...........................................41

IV.1.3 Interação social .....................................................................................42

IV.1.4 Saúde......................................................................................................44

IV.1.5 Manter-se mais ativo ............................................................................46

IV.2 Fatores de permanência .............................................................................47

IV.2.1 Interação Social.....................................................................................47

IV.2.2 O gosto pelo EF e o desporto ..............................................................49

IV.2.3 Influência do Professor ........................................................................51

IV.2.4 Pertencimento .......................................................................................53

CAPÍTULO V - CONCLUSÕES RECOMENDAÇÕES ............................................56

CAPÍTULO VI – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................60

ANEXOS ................................................................................................................. XXI

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ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo I – Guião da Entrevista.............................................. XXIII

Anexo II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido..... XXIV

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RESUMO

A prática regular e orientada de exercícios físicos (EF) está diretamente ligada a

melhoria da qualidade de vida em todas as etapas da vida (ACSM, 2009). Os

programas de EF vêm sendo aconselhados à população idosa na prevenção do

declínio da funcionalidade, saúde e qualidade de vida (Capodaglio et al., 2007),

constituindo-se uma preocupação em termos de saúde pública (Paterson &

Warburton, 2010). No entanto, estes benefícios são dependentes da

regularidade e assiduidade a esses programas, existindo ainda muitas barreiras

para a prática de EF. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo

investigar os principais fatores de adesão e permanência de pessoas idosas no

programa comunitário de exercício físico “Mais ativos, mais vividos” (MAMV). O

estudo qualitativo realizou entrevistas semiestruturadas a 17 participantes (idade

média = 75,65 5,49 anos). Os participantes entrevistados frequentavam o

programa há no mínimo 2 ao máximo 13 anos. As entrevistas foram transcritas,

e realizada uma análise temática indutiva (Willig, 2013), sendo que relativamente

à adesão ao programa emergiram os seguintes temas: o gosto e o prazer pela

prática de EF e desporto; a busca por interação social; busca por estímulos à

saúde, e tornarem-se mais ativos; busca por manter a autonomia. No que se

relaciona com a permanência: interação social; gosto e o prazer pela prática de

EF e desporto; e a sensação de pertencimento ao programa; relação de

confiança na orientação e estímulos por parte dos professores. Pelo presente

estudo, foi possível apontar que pessoas idosas aderem a prática no projeto

“MAMV” principalmente pela indicação de outras pessoas, e se mantem

motivados pela interação social, além dos benefícios para a saúde, relacionados

à conquista de maior independência funcional e social. Além disso, a prática do

exercício físico e desporto em coletivo estimula manifestações de sentimentos

relativos ao “pertencimento” e ao orgulho, que os participantes relataram em

fazer parte do Projeto “MAMV”. Assim, ficou evidenciado que, para o idoso,

sentir-se acolhido e respeitado remete aos sentimentos de orgulho e

autovalorização, os quais, por sua vez, fortalecem laços extremamente

relevantes para que os mesmos se mantenham envolvidos com a prática.

Palavras-chave: exercício físico; pessoa idosa; adesão; permanência

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ABSTRACT

The regular and guided practice of physical exercise (PE) is directly linked to

improving the quality of life in all stages of life (ACSM, 2009). PE programs have

been recommended to the elderly population in order to prevent the decline in

functionality, health and quality of life (Capodaglio et al., 2007), being a public

health concern (Paterson & Warburton, 2010). However, these benefits are

dependent on the regularity and attendance of these programs, and there are still

many barriers to PE practice to overcome. In this sense, the present study aimed

to investigate the main factors of adherence and permanence of elderly people

in the community physical exercise program “More active, more lived” (“Mais

Ativos, Mais Vividos” MAMV). The qualitative study conducted semi-structured

interviews with 17 participants (mean age = 75.65±5.49 years). The interviewed

participants had been attending the program for at least 2 to a maximum of 13

years. The interviews were transcribed, and an inductive thematic analysis was

carried out (Willig, 2013), with respect to adherence to the program the following

themes emerged: the enjoying and pleasure for PE and sport practice; the search

for social interaction; search for health stimuli, and become more active; maintain

autonomy desire. With regard to permanence: social interaction; enjoying and

pleasure for PE and sport; and the feeling of belonging to the program;

confidence in PE leadership and encouragement from teachers. Through the

present study, it was possible to point out that elderly people adhere to the

practice in the “MAMV” project mainly by the peer’s suggestion, and remain

motivated by social interaction, in addition to the health benefits, related to the

achievement of greater functional and social independence. Furthermore, the

practice of physical exercise and group-based activities stimulates expressions

of feelings related to “belonging” and pride, which the participants reported in

being part of the “MAMV” Project. Thus, it became evident that, for the elderly,

feeling embraced and respected by others denotes feelings of pride and self-

esteem, which, in turn, reinforce their involvement and adherence to practice.

Keywords: physical exercise, elderly people; adherence; permanence

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XX

LISTA DE ABREVIATURAS

ACSM – American College of Sports Medicine

AF – Atividade Física

EF – Exercício Físico

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

MAMV – Mais ativos, mais vividos

OMS – Organização Mundial de Saúde

ONU – Organizações das Nações Unidas

UN – United Nations

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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

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I. INTRODUÇÃO

O constante aumento da população idosa é algo incontestável a nível

mundial, ocorrendo de maneira impactante na sociedade contemporânea ainda

que de forma gradativa nos países desenvolvidos. No que tange aos países em

desenvolvimento, este crescente aumento vem ocorrendo de forma acelerada

nos últimos anos (OMS, 2015). Indubitavelmente, este aumento da população

idosa está associado a diversos fatores, como: a queda da natalidade, a

mortalidade infantil, os avanços científicos e tecnológicos e as melhorias na

qualidade de vida (OMS, 2015). Dentre os fatores elencados, é imperioso

assinalar os avanços na concretização de políticas públicas nas áreas do

trabalho, habitação, saúde, previdência e assistência social (Soares, 2015).

É possível assinalar que o crescimento mundial da população idosa, tem,

sobremaneira, afetado a configuração demográfica do planeta. É, portanto,

inequívoco, que o aumento da longevidade e o concomitante fenômeno da

desaceleração da natalidade, é fator essencial para a diminuição da população

jovem. Nesta esteira, no que concerne a Portugal, dados estatísticos elencados

por Pordata (2019), referem que, as pessoas com 65 anos ou mais, representam

21,3% da população residente no país, considerando que no ano referido a

esperança de vida atingiu os 83,2 anos para mulheres e 77,78 para homens,

conforme o Serviço Nacional de Saúde (2019).

A complexidade do fenômeno do envelhecimento na sociedade hodierna

requer um estudo multi e transdisciplinar, já que a convergência de fatores que

incidem nos comportamentos dos indivíduos, origina-se de várias ordens, não só

das dimensões bio fisiológicas. Neste percurso, Del-Masso (2015, p. 19), infere

que:

“A compreensão do processo de envelhecimento humano não requer apenas o entendimento da palavra na concepção linguística do termo, do qual podemos dizer que envelhecer é chegar pouco a pouco a um período mais avançado da vida ou, perder a jovialidade, a beleza, além das signiicativas perdas das habilidades cognitivas. Sob essa perspectiva, o envelhecimento representaria apenas uma mudança ou uma simples passagem de uma fase para outra fase da vida. O processo de envelhecimento humano deveria considerar o estudo de diversas variáveis presentes na vida dos indivíduos como: biológicos, físicos, econômicos, familiares e, principalmente, pessoais e socioculturais”.

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Em pensamento convergente, Araújo et al. (2006) assinalam que a velhice

constitui uma fase da vida humana e, portanto, com características próprias.

Desta forma, necessita, tanto quanto as demais fases da vida, de estudos e

pesquisas nas mais diversas etapas, imperiosamente, com suporte de

investimentos, planeamentos e estratégias de políticas públicas para as pessoas

idosas no sentido de estimular as necessárias mudanças de conceitos e

paradigmas em relação a esta população que não para de crescer.

Neste mesmo prisma, percebe-se a necessidade de um maior e melhor

conhecimento desta complexa área que é o envelhecimento humano, buscando

facilitar a compreensão sob uma ótica que engloba não somente a questão

biológica, mas social, legal e cultural. Compreender a pessoa idosa e as suas

respetivas mudanças, se faz necessário, uma vez que este processo é natural e

não um fenômeno que ocorre isoladamente e tão pouco da noite para o dia (Del-

Masso, 2015).

Neste diapasão, dentre os inúmeros fatores promotores da “qualidade de

vida” e, por consequência dos aspetos preventivos das características

degenerativas do ser humano na etapa do envelhecimento, está a prática de

atividades e exercícios físicos. Importa referir que segundo o American College

of Sports Medicine (2009), é consensual que a prática de atividade física em

geral e do exercício físico em particular induz inúmeros benefícios à saúde.

Nesta perspetiva, a atividade física está relacionada com todo o movimento

produzido pela contração dos músculos esqueléticos do corpo humano e que

aumenta o dispêndio energético estando, portanto, diretamente ligado à

execução de tarefas do dia a dia; por seu lado, o exercício físico, refere- se às

atividades físicas programadas, orientadas e dinamizadas com uma estruturação

para fins específicos em acordo com as características individuais do praticante

no sentido de alcançar o “treinamento” para as suas necessidades (ACSM,

2009). No caso das pessoas idosas, estas necessidades estão, via de regra,

relacionadas às atividades basais do cotidiano social.

No que concerne aos benefícios da atividade física para pessoas idosas,

a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2005), recomenda que a inserção dos

indivíduos em programas orientados de exercícios físicos constitui um meio

eficaz para a preservação e estimulação dos níveis fundamentais de saúde física

e emocional. Neste contexto, é possível admitir que a inserção desta camada da

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população, assim como a sua permanência em programas individuais e coletivos

de exercícios físicos passou a constituir um objeto de estudo de singular

importância para a definição das estratégias de implementação de propostas

interventivas institucionalizadas (OMS, 2005).

Nesta esteira, na medida em que a população envelhece, cresce a

necessidade de estudos relativos aos fatores associados ao envelhecimento,

assim como os motivos que levam as pessoas idosas a aderirem (ou não) a um

programa de exercícios físicos e a sua consequente permanência. Neste ponto

justifica-se a realização deste estudo na perspetiva do modelo ecológico, na

medida que poderá constituir um ponto de partida para a estruturação de

estratégias interventivas com vista a população idosa no que tange á sua saúde

e á sua qualidade de vida.

Nesta perspectiva, o presente estudo se propôs analisar os fatores de

adesão e permanência de pessoas idosas participantes no programa de

exercícios físicos da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, projeto

de extensão comunitária denominado “Mais ativos, mais vividos”.

I.1 OBJETIVOS

I.1.1. Objetivo Geral

Identificar os fatores que levam as pessoas idosas a aderirem e

permanecerem no Programa “Mais ativos, mais vividos”, de exercício físico

da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) no Norte de

Portugal.

I.1.2 Objetivos Específicos

identificar os fatores que levam os participantes a aderirem ao

programa de exercício físico da FADEUP;

identificar os fatores que levam os participantes a permanecerem no

programa de exercício físico da FADEUP;

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Para a realização da presente investigação, no sentido de melhor nortear

o estudo optou-se por elaborar questões orientadoras.

Questões orientadoras

Quais os principais fatores que levam os participantes a inserirem-se e

permanecerem no programa MAMV?

Quais os principais fatores que levam os participantes a optar por

permanecerem no programa?

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CAPÍTULO II – REVISÃO DE LITERATURA

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Preâmbulo

Este capítulo ocupa-se de um levantamento conceitual, através da

literatura de cunho científico e especializado no assunto em tela, dos principais

aspetos que convergem para suportar o tema estudado. Para tanto, optamos por

dividi-lo em quatro partes distintas, não obstante, intrinsecamente relacionadas.

Na primeira parte, tratamos dos aspetos conceituais relativos ao

envelhecimento humano, as suas consequências e limitações na sociedade

contemporânea.

Seguindo, a segunda parte, ocupou-se de realizar um levantamento

técnico legal, cuja essência foi identificar em níveis internacionais e, no

ordenamento jurídico Português, as instituições protetivas relativas à pessoa

idosa.

Já a terceira parte, procurou-se discorrer sobre os possíveis impactos do

exercício físico praticado pela pessoa idosa e as suas consequências para a

saúde de uma forma geral.

Finalmente, na quarta parte, foi realizado levantamento bibliográfico

técnico no que respeita aos projetos de intervenção social, nomeadamente

aqueles desenvolvidos através de atividades físicas e desportivas onde, buscou-

se demonstrar os aspetos positivos da adesão aos projetos por parte da

população idosa e suas consequências benéficas, sobretudo no que tange a

integração social dos indivíduos e o desenvolvimento das relações sociais.

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II.1 Envelhecimento humano

II.1.1Conceito

A compreensão do processo de envelhecimento humano vai muito além

da simples compreensão da palavra. Conforme Del-Masso (2015), pode-se

considerar que este processo de envelhecer significa alcançar um período mais

avançado da vida, como perder a jovialidade, beleza e, consequentemente a

deterioração significativa das habilidades cognitivas. Nesta perspetiva, o

processo em causa, nos remete a não somente uma simples passagem de fase

da vida, mas igualmente para um processo que requer atenção às diversas

variáveis presentes no processo da vida, entre elas os aspetos biológicos,

físicos, econômicos, familiares, pessoais e socioculturais.

O envelhecimento pode ser definido como processo dinâmico e

progressivo onde ocorrem mudanças morfológicas, funcionais, bioquímicas e

psicológicas que levam a progressiva perda da capacidade de adaptação do

indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior

incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte (Carvalho

Filho & Alencar, 2004).

Nesta perspetiva, o envelhecimento pode ser considerado um fenômeno

que atinge todos os seres vivos, sendo caracterizado como um processo

dinâmico, progressivo e irreversível, ligado intimamente a fatores biológicos,

psíquicos e sociais (Brito & Litvoc, 2004). O aumento da esperança de vida nem

sempre se faz acompanhar pela habilidade de manter-se independente,

podendo este aspecto afetar diretamente a qualidade de vida, social e

econômica, dos indivíduos (Paterson & Warburton, 2010).

Com a progressão da idade, os indivíduos estão mais suscetíveis a riscos

e acometimento de doenças crônicas que geram condições incapacitantes,

acentuada, não raras vezes, pela acentuada redução da força muscular,

equilíbrio e capacidade aeróbia, com consequente perda de mobilidade e

funcionalidade das pessoas idosas (Schreier et al., 2016).

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Estas alterações constituem uma preocupação em termos de saúde

pública, sendo assim, essencial estimular às populações a serem mais ativas no

sentido à prevenção de doenças e agravos à funcionalidade e saúde (Paterson

& Warburton, 2010). Capodaglio et al., em 2007, acompanharam, três grupos de

idosos, ao longo de 12 meses. Neste estudo, os idosos que não realizavam

exercícios físicos apresentaram ligeira queda dos parâmetros funcionais,

evidenciando-se a importância de programas de exercícios físicos para a

prevenção do declínio das habilidades da funcionalidade, saúde e qualidade de

vida (Capodaglio et al 2007).

II.1.2. Envelhecimento em Portugal

Nas últimas décadas foram registradas consideráveis mudanças na

pirâmide etária em toda a Europa, caracterizadas pelo aumento da longevidade,

pelo consequente crescimento do número de pessoas com 65 anos ou mais. Em

2018, as pessoas idosas, representavam 21,3% da população residente em

Portugal (Pordata, 2019). Conforme o Serviço Nacional de Saúde (2019)

segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), ainda no ano de 2019,

a esperança de vida alcançou 83,3 anos para as mulheres e os 77,78 anos para

homens. Portugal é o terceiro país com a maior população de pessoas idosas

entre os países da União Europeia (Pordata, 2019).

Em menos de dez anos a esperança média de vida em Portugal aumentou

em 1,5 anos, uma vez que, as mulheres continuam a viver mais. Contudo esta

diferença reduz-se em relação aos homens. As mulheres podem viver 20,88

anos, já os homens, 17,58. Além disso constatou-se uma diminuição da

mortalidade nos homens com menos de 60 anos, e esta redução nas mulheres

se identificou na casa dos 60 anos ou mais (Serviço Nacional de Saúde, 2019).

II.1.3 A atenção social à velhice: um novo contexto societário

A população idosa a nível mundial tem aumentado sensivelmente nas

últimas décadas. As pesquisas científicas têm produzido resultados que

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apontam fatores diversos para o fenômeno, contudo, as mudanças nos campos

do trabalho, da seguridade social e da automação das atividades domésticas,

indubitavelmente, influenciaram os “novos” estilos de vida que, por sua vez,

impactam consideravelmente os níveis de saúde dos indivíduos em processo de

envelhecimento, Faria Junior (1997, p. 69) nos ensina que:

“Desde o século passado, as mudanças ocorridas no tempo dedicado ao trabalho têm contribuído para a reestruturação das relações entre tempo de trabalho e tempo sem trabalho. Para isso contribuiu a organização da classe trabalhadora com as reivindicações inicialmente se concentrando em questões como o aumento do período de repouso, o repouso remunerado, o seguro doença e de acidente de trabalho, o seguro velhice e o seguro invalidez... No que concerne ao idoso, as preocupações voltaram-se para questões como o seu modo de vida e sua (re)inserção social. A preocupação passou a ser a qualidade de vida e não apenas a sobrevivência material dos idosos”.

Nesta esteira, Milhomem (2019) infere que o fenômeno do

envelhecimento tem impactado a população mundial e, é possível assinalar as

crescentes propostas de mudanças nas normas jurídicas de vários países,

nomeadamente no continente europeu que busca abranger os direitos das

pessoas idosas a uma “melhor qualidade de vida”. Nesta perspetiva, a mesma

pesquisadora afirma:

Esse fenômeno ocasiona novos desafios para a saúde pública mundial, como o bem-estar da terceira idade e o tratamento das doenças crônicas. As alterações demográficas e o crescimento da expectativa média de vida da população colocam em evidência esses desafios tanto aos indivíduos quanto a sociedade. A nível individual é possível apontar o aumento da longevidade e, a nível coletivo, as mudanças e fragilidades das relações sociais e familiares, além das implicações econômicas” (p. 7)

É indubitável que o envelhecimento é inerente ao natural ciclo vital do ser

humano consoante a todas as alterações biológicas, funcionais, psicológicas e,

em última análise, sociais, já que, também os fatores socio ambientais vão

interferir sobremaneira na aceleração ou no retardo do processo de

envelhecimento. Incontestavelmente, os citados fatores não se limitam às

fronteiras nacionais e, portanto, ainda que variando de sociedade consoante as

respetivas diversidades, impactam em iguais proporções a população planetária.

Neste sentido, Farinatti (2013, p. 132) assevera que:

“Com o progressivo declínio das taxas de fecundidade e o aumento da esperança de vida, nos próximos cinquenta anos as populações do

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mundo tendem a envelhecer em um ritmo acelerado jamais visto. Tomando como referência os anos de 1950 e 2050... a idade mediana mundial deve aumentar 10,4 anos entre 2000 e 2050, atingindo a casa dos 37 anos por volta da metade do século XXI. Em alguns países e regiões, esse aumento pode fazer com que a idade mediana ultrapasse a casa dos 45 anos, o que representa um enorme desafio em termos econômicos e sociais”

Outro fator preponderante para a elevação dos níveis de atenção e

cuidado com a pessoa idosa, diz respeito a sua inclusão social. É preciso,

contudo, salientar que, embora o conceito de inclusão social esteja eivado de

preconceitos no campo semântico da vitimização, as estratégias governamentais

devem sobretudo possibilitar às pessoas idosas o apoderamento dos

mecanismos e formas de relações sociais, nomeadamente no cosmo da

comunicação virtual. Neste sentido Oliveira e Costa (2008, p. 147) contribuem:

“Para romper-se com estes padrões estabelecidos, acredita-se que os avanços sociais, o processo intelectual e uma educação voltada para o conhecimento sobre a velhice poderão representar uma nova alternativa para romper-se com determinados conceitos sobre o envelhecimento. A modificação desta imagem que vem ocorrendo de uma forma lenta, mas gradual, determinará um novo status sobre a velhice na sociedade, favorecendo ao ser humano longevo, uma maior aceitação da sociedade e de si mesmo, no sentido de viver esta etapa da vida com satisfação, fazendo com que este se sinta parte integrante desta sociedade e vice-versa, amenizando também toda e qualquer forma de agressão em relação à pessoa idosa”.

Neste mesmo percurso, Luz et al. (2013, p. 265), inferem que “as

implicações de uma quantidade crescente de pessoas idosas são muitas. As

demandas sociais desse grupo aumentaram e representam um desafio social,

político e econômico que precisa ser enfrentado com seriedade”.

No que respeita aos riscos dos impactos negativos causados, muitas

vezes pelo despreparo social com relação à pessoa idosa a que, via de regra,

tende a estigmatizar a velhice como uma doença, Kruger Gonçalves et al. (2008,

p. 31), concluem que “o envelhecimento não é doença, porém, através de

exemplos simples da vida cotidiana, percebe-se que modela a pessoa idosa

como um ser doente e frágil”.

Portanto, parece inequívoco que, a sociedade contemporânea deva estar

preparada para estes novos desafios de um fenômeno de substancial impacto e

que, até então, se desvela irreversível. Neste diapasão Kruger Gonçalves et al.

(2008, p. 31) elencam que:

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“As marcas linguísticas próprias da linguagem dos idosos originam-se pela idade e, principalmente, pelas relações e pelo ambiente social. Tais fatos conclusivos salientam a posição negativa ocupada pelo idoso na sociedade atual e as consequências na rotina diária, ou seja, implicações em cada um dos componentes: social, físico, psicológico e cognitivo (...) os idosos têm prazer em falar para ouvintes atentos e interessados (... )e têm satisfação em lembrar, e estes acontecimentos simples demonstram a necessidade de interação dos idosos”.

Com efeito, a mudança de paradigma em relação à velhice tem

transformado várias conceções acerca dos indivíduos que estão nessa faixa

etária. Por este percurso a ciência tem avançado sobremaneira. Assim a velhice

não representa o fim da vida do indivíduo, mas, tão somente, uma etapa do

desenvolvimento humano (Del-Masso, 2015).

Neste cenário, Lopes et al. (2008, pp. 13-14) asseveram que:

“... a velhice não pode ser definida pela simples cronologia e sim pelas condições físicas, funcionais, psicológicas e sociais das pessoas idosas. Há diferentes idades biológicas, subjetivas em indivíduos com a mesma idade cronológica; o que acontece é que o processo de envelhecimento é muito pessoal; ele constitui uma etapa da vida com realidade própria e diferenciada das anteriores, limitada unicamente por condições objetivas externas e subjetivas. Possui certas limitações que com o passar do tempo vão se agravando, mas tem potencialidades únicas e distinta: serenidade, experiência, maturidade e perspectiva de vida pessoal e social. Portanto, a velhice é hoje considerada uma fase do desenvolvimento humano e não mais um período de perdas e incapacidades”.

Nesta esteira Milhomem (2019), conclui que, além dos fatores biológicos,

também fatores considerados externos, podem sobremaneira, influenciar o

processo de envelhecimento tais como, os “ambientais, culturais e geográficos”

e, portanto, podem ser passíveis de interferências orientadas no sentido da

prevenção em busca da melhor adaptação da pessoa idosa e por consequência,

de sua melhor qualidade de vida; e ratifica a pesquisadora:

“Com base em uma concepção integral, o envelhecimento é um processo dinâmico, paulatino, particularizado por inúmeras manifestações nos aspectos biológicos, psíquico e social que transcorrem ao longo da vida, de maneiras distintas em cada indivíduo... o envelhecimento humano pode ser entendido em sua complexidade como um percurso progressivo de alterações sucessivas que são percebidas em todo o organismo” (p. 10).

Por derradeiro, no sentido de concluir esta etapa do capítulo, importa

inferir que o processo de envelhecimento é altamente complexo. Seu estudo,

portanto, ultrapassa o controle das variáveis cronológicas e biológicas sendo

mister a investigação dos impactos socio ambientais na vida do indivíduo.

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II.2 As dimensões internacionais dos direitos da pessoa idosa

Como o espírito basilar dos direitos, a Declaração Universal dos Direitos

Humanos (United Nations, s. d.-d) promulgada pela Assembleia Geral das

Nações Unidas – ONU ampara o princípio da isonomia jurídica universal que

constitui o fundamento da equidade planetária. Dessa forma, os direitos da

pessoa idosa estão apoiados nos mesmos patamares dos indivíduos das demais

faixas etárias sem distinção de suas origens étnicas ou padrões sociais. Aduz ao

ensejo que outros documentos de importância internacional, também

contemplam tais princípios e, dentre estes, importa referir o Pacto Internacional

de Direitos Econômicos Sociais e Culturais e ainda, o Pacto Internacional de

Direitos Civis e Políticos, como fatos históricos.

A Assembleia Geral das Nações Unidas, acolheu em sua Resolução de

números 37/51 de 03 de dezembro de 1982, o Plano Internacional de Ação para

o Envelhecimento. O referido Documento fez identificar a substancial diversidade

nas formas de reconhecimento, de aceitação e de inclusão social nos diferentes

países no que concerne à pessoa idosa e seus respectivos direitos. A referida

Resolução assevera que, os avanços da ciência culminaram por revogar

princípios relativos à pessoa idosa, até então considerados incontestáveis,

objetivamente, os estereótipos de natureza cronológica.

No percurso da análise documental é possível observar o acolhimento de

uma nova realidade, como o aumento da longevidade e, por consequência o

crescimento populacional da referida faixa etária. Tal realidade tendo as relações

de causa e efeito como ponto de partida, faz assimilar a necessidade do

oferecimento de oportunidades nos diferentes locus da sociedade no sentido de

possibilitar a pessoa idosa uma vida útil para si próprio e para os seus pares.

Neste sentido, o referido Documento é assentado noutros documentos tendo a

ONU e seus demais Órgãos como signatários, nomeadamente a Organização

Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial de Saúde (1996) que

recomenda o acolhimento de princípios substanciais com vista ao

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estabelecimento de estratégias protetivas para a população idosa (United

Nations, s. d.-a).

Os princípios de Independência, Participação, Cuidados, Realização

pessoal e Dignidade (United Nations, s. d.-b).

Outro Documento de importância capital no que diz respeito aos direitos

da pessoa idosa, é a Proclamação sobre o Envelhecimento adotado pela

Organização das Nações Unidas através da Resolução 47/5 de 1992 (United

Nations, s. d.-c). Neste instrumento jurídico, a Assembleia Geral da ONU discorre

sobre uma nova realidade demográfica planetária através do aumento da

população idosa. Com efeito, no teor documental a ONU nos assinala sobre os

impactos do fenômeno e seus precedentes na história da humanidade, e aponta

sobre os efeitos do panorama e às respeitantes responsabilidades dos diferentes

governos e também das organizações não governamentais.

De entre as mudanças de paradigma em relação aos tratamentos relativos

às pessoas idosas pela ONU, está o acolhimento dos indivíduos no processo de

desenvolvimento econômico, social e cultural da sociedade.

Através do Documento em apreço, foi delineado por seus signatários o

plano de ação para a década de 1992 a 2001 que contempla estratégias

fundamentais para garantir à pessoa idosa os níveis desejáveis de

oportunidades, dignidade, observância dos direitos para uma permanência em

níveis desejáveis de saúde no seio da sociedade.

Dentre outras recomendações basilares, na mesma trilha internacional no

sentido de reconhecer a pessoa idosa como um sujeito de direitos, em 1996, na

Alemanha, a Organização Mundial de Saúde (1996) através de assembleia

aprovou as Recomendações para a promoção e prática das atividades físicas

entre pessoas idosas.

Com efeito, o referido Documento, baseado em aportes científicos, está

alicerçado em princípios aos quais o exercício físico pode atenuar a partir dos 50

anos, os impactos degenerativos à saúde sob o ponto de vista biológico e, por

consequência, prevenir e minimizar os efeitos do processo degenerativo nos

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âmbitos da vida social, tais como os declínios físicos funcionais e psicológicos.

(World Health Organization, 1996).

Ainda na direção da institucionalização dos meios protetivos da população

idosa, em nível continental, foi criada em Maastricht em 1993 a Carta Europeia

dos Direitos e Liberdades dos Idosos em Instituição. O referido Documento foi

elaborado sob os auspícios dos Diretores de Instituições Residenciais para

idosos, reunidos na Associação de Instituições Residenciais para Idosos

(European Association for Directors of Residential Homes for Elderly – EDE) que,

por sua vez, reúne associações e grupos representativos. Assim, o Diploma em

comento visa, sobretudo, atender aos compromissos da Comunidade Europeia

no sentido de implementar os meios necessários para uma política gerontológica

que possibilite atender aos misteres da referida população no continente.

Neste sentido, os signatários do Diploma em tela assumiram o

compromisso de “aplicar os seus princípios em seus estabelecimentos

respetivos; procurar que sejam levados em conta nas políticas gerontológicas

nacionais e internacionais.”

No que concerne a Legislação Portuguesa, é imperioso declinar a

Constituição da República Portuguesa quando alberga os direitos da pessoa

idosa com um sentido axiológico orientado à segurança do cidadão, em

prevenção a todas as possibilidades de marginalização. Assim, o artigo 72 do

Diploma Maior discorre (Assembleia Constituinte, 1976);

As pessoas idosas têm direito à segurança econômica e a condições de habitação e convívio familiar e comunitário que respeitem a sua autonomia pessoal e evitem e superem o isolamento ou marginalização social. A política de terceira idade engloba medidas de carácter econômico, social e cultural tendentes a proporcionar às pessoas idosas oportunidades de realização pessoal, através de uma participação activa na vida da comunidade.

No que concerne à legislação infraconstitucional, o Documento Estratégia

Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável 2017-2025, elaborado como

proposta do grupo de trabalho interministerial - Despacho nº 12427/2016

(Presidência do Conselho de Ministros Finanças Trabalho Solidariedade e

Segurança Social e Saúde, 2016), discorre na sua parte preambular sobre as

características do envelhecimento em Portugal, como um fenômeno multifatorial

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e multidimensional que envolve aspetos de várias ordens, nomeadamente

demográficas, econômicas, sociais e familiares.

O espírito do Documento elenca três objetivos gerais tais como:

a) Sensibilizar para a importância do envelhecimento ativo e da solidariedade entre gerações e promover a mudança de atitudes em relação ao envelhecimento e às pessoas idosas;

b) Promover a cooperação e a intersetorialidade na concretização da Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável;

c) Contribuir para o desenvolvimento de políticas que melhorem a qualidade de vida das pessoas idosas.

Na mesma esteira, são elencados os sete objetivos específicos a saber:

a) Promover iniciativas e práticas que visem reduzir a prevalência e o impacto das doenças crónicas e da redução das capacidades físicas e mentais nas pessoas idosas, e melhorar o acesso aos serviços de saúde e de cuidado, e respetiva qualidade;

b) Incentivar o desenvolvimento de iniciativas para a promoção da autonomia das pessoas idosas;

c) Promover a educação e formação ao longo do ciclo de vida focando a promoção da literacia em saúde.

d) Incentivar a criação de ambientes físicos e sociais protetores e potenciadores da integração e participação das pessoas idosas;

e) Apoiar o desenvolvimento de iniciativas e práticas que visem a promoção do bem-estar e segurança das pessoas idosas;

f) Promover iniciativas e práticas para a redução do risco de acidentes na pessoa idosa;

g) Fomentar investigação científica na área do envelhecimento ativo e saudável;

II.3 Aspectos relevantes para a prática de exercícios físicos para pessoas

idosas

Tal como anteriormente referido, a prática regular e orientada de

exercícios físicos está diretamente ligada à melhoria da qualidade de vida em

todas as etapas da vida, com particular destaque nas pessoas mais velhas

(American College of Sports Medicine, 2009).

No que concerne às pessoas idosas, o impacto na saúde bio fisiológica é

de substancial importância para a longevidade e o estado de melhor saúde e

prontidão para o exercício das competências sociais no cosmo de suas relações

(Farinatti, 2008b), sendo assim, de fundamental importância para o

envelhecimento ativo, saudável e bem-sucedido.

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Nesta esteira, com base em dados da Organização Mundial da Saúde,

Milhomem (2019) infere que o processo de envelhecimento “ativo e saudável”

está diretamente relacionado à otimização de estratégias nas áreas da saúde,

segurança e participação nas políticas econômicas. Em última análise, a

melhoria da qualidade de vida na etapa do envelhecimento, assim como, a

manutenção dos níveis de capacidades funcionais depende da estimulação do

indivíduo em todos os setores da vida em sociedade, nomeadamente às

capacidades motoras e funcionais.

Entre outros, a exercício físico regular passou a ter um papel para além

da melhora física, sendo um grande estímulo e/ou meio para as pessoas idosas

se manterem ativas. O exercício físico além de melhorar a funcionalidade e

saúde, reduzindo a suscetibilidade à doença e incapacidades, promove a

socialização e a melhoria da autoestima e do bem-estar, beneficiando, deste

modo, a qualidade de vida destas pessoas (ACSM; 2009). A prática contribui de

forma extremamente positiva nas capacidades mentais dos praticantes,

indicando uma redução dos riscos de ansiedade e depressão (Shephard, 2003).

Importa referir que, segundo ACSM (2009), o exercício físico pode aumentar a

esperança de vida e que este aumento poderá ser de 6 a 10 anos.

O ACSM (2009) vem a ratificar que há evidências que os exercícios físicos

têm efeitos em aspetos fisiológicos, psicológicos e cognitivos. Sendo assim, eles

podem aumentar a esperança de vida ativa, amenizando o desenvolvimento e

progressão de doenças crônicas e condições incapacitantes. Para obtenção

destes benefícios, recomenda-se a realização de programas de treinamento

físico que contemplem exercícios aeróbios, força, flexibilidade e equilíbrio

(2009).

A participação em exercício físico regular pode retardar e/ou atenuar

declínios funcionais, além de diminuir o aparecimento de doenças crônicas em

idosos saudáveis ou doentes crônicos (Shephard, 2003; World Health

Organization, 2005). A OMS destaca que o envelhecimento saudável é um

processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional, no qual

permita bem-estar em idades avançadas (2015).

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II.3.1 Atividades físicas e exercícios físicos para pessoas idosas:

consequências e benefícios

Os benefícios da atividade física e do exercício para a saúde já, há

décadas, se tornaram por demais conhecidos, sobretudo com a vasta produção

científica neste campo do conhecimento. Contudo, é imprescindível ressaltar

que, no que diz respeito às pessoas idosas, as controvérsias sobre tais

benefícios eram manifestas, persistindo muitas dúvidas sobre os riscos e

benefícios (Farinatti, 2008a).

Foi preciso que os postulados acerca das vantagens da prática de

exercícios físicos fossem submetidos a exaustivas pesquisas em laboratórios

especializados para que alguns “tabus” fossem superados nomeadamente

naqueles que compreendiam a etapa do envelhecimento como uma fase da vida

humana destinada ao repouso e aos cuidados com os desgastes energéticos.

Enfim uma fase destinada “a poupar energias” e, por esta razão, realizar a prática

desportiva e os exercícios físicos eram considerados nocivos à saúde da pessoa

idosa. Neste sentido Farinatti (2008a, p. 3) infere que:

“A idéia de que a atividade corporal continuada exerce efeitos positivos sobre a manutenção da capacidade funcional geral dos idosos é, contudo, recente. De fato, a imagem “[...]que as sociedades fazem da atividade física alterou-se radicalmente desde a algumas décadas” (Organization Mondiale de la Santé, OMS, 1985, p.79). Até os anos 1960 a comunidade científica era um tanto quanto cética quando se tratava de considerar o exercício como uma prática salutar para todos (Holloszy,1983;Blair, 1993). A atividade física era vista como algo reservado aos mais jovens, tida mesmo como qualquer coisa de perigosa ou malsã para os idosos (McPherson,1994; Vertinsky,1993,1995)”.

Uma vez superado paulatinamente este cenário de descrença sobre o

valor positivo da prática de atividade e exercício físico pela população idosa, a

sociedade contemporânea dispensou outro patamar aos desportos e afins. Com

efeito, ainda pelos vieses empíricos e científicos as comunidades acadêmicas

passaram então a investigar em quais setores da vida humana os exercícios

iriam influenciar positivamente.

Neste prisma, Milhomem (2019, p. 20) ratifica que:

“A prática de atividade física além de promover o aumento da massa muscular, proporciona a melhoria do humor, diminui o stress, eleva o

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nível de energia, amplia a flexibilidade ajuda a prevenir e reduzir a incidência de doenças e aumenta a qualidade de vida... Seja qual for o tipo de atividade escolhida e do quanto se pratica, são diversos os benefícios para a saúde física e mental. Não é capaz de aumentar os anos vividos pelo idoso, porém adiciona qualidade de vida, sendo este um dos elementos primordiais para um envelhecimento saudável”.

Os postulados relacionados ao risco da inatividade física pela pessoa

idosa e, por oposição, os benefícios da prática regular são citados por alguns

estudos (e.g. American College of Sports Medicine, 2014; Benedetti et al., 2008;

Fechine & Trompieri, 2012; Galloza et al., 2017; Haskell et al., 2007; Miranda

Neto et al., 2012; Nascimento Junior et al., 2012).

No que respeita a manutenção da aptidão física por indivíduos idosos,

vários são os autores que estabelecem uma direta correlação entre a prática

sistemática de exercício físico e o estado de equilíbrio e bem-estar do praticante

idoso (e.g. American College of Sports Medicine, 2009; Cavalli et al., 2014;

Nascimento Junior et al., 2012; Rikli & Jones, 2012).

Outros aspetos que derivam da relação direta entre exercício físico e, bem

estar e saúde de indivíduos idosos praticantes relacionam-se com os potenciais

efeitos socio emocionais (Ruuskanen & Ruoppila, 1995), tais como .o nível de

satisfação pessoal da pessoa idosa que, por sua vez, interfere diretamente no

desempenho das suas competências sociais diante dos seus pares (Berger,

1996). Outro fator que se destaca na literatura, diz respeito ao “bem-estar

psicológico” (Bahl et al., 2017). Assim podemos indicar que “os efeitos positivos

no bem-estar psicológico estão relacionados com a participação dos idosos em

programas sistemáticos de atividade física” (Okuma, 2013, p. 170).

Ao relacionar a prática de exercícios físicos e os benefícios à saúde de

indivíduos idosos, Silva et al. (2014, pp. 76-77) assinalam que:

“Em qualquer faixa etária, inclusive as mais avançadas, manter uma rotina diária de exercícios físicos pode trazer benefícios biológicos e psicossociais. Frequentar um programa regular de exercícios físicos, como ginástica, hidroginástica, musculação, ou qualquer outra modalidade, pode ser muito mais benéfico do que parece. Idosos que praticam atividade física regularmente, em geral, mantêm o corpo em boas condições físicas. Alguns pesquisadores utilizam como estratégia de avaliação da “idade biológica” a análise de vários indicadores que estabelecem o quanto está sendo eficiente o funcionamento do corpo. O estilo de vida do indivíduo interfere

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sobremaneira nesses indicadores, como a manutenção de uma alimentação equilibrada ao longo da vida, prática regular de exercícios físicos, horas de sono adequadas, dentre outros fatores”.

Estudos relacionam a prática de exercícios físicos por pessoas idosas e o

bem-estar social e psicológico e ainda a diminuição significativa do risco de

doenças (ACSM, 2009).

No que concerne à saúde social, Carrapatoso et al. (2018) ao estudarem

os efeitos das atividades de caminhada por um grupo de idosos, asseveram que

os efeitos da caminhada são extremamente significativos e positivos, sobretudo

por tratar-se de uma atividade familiar e, por consequência, com poucos riscos

de acidentes e lesões. Para os autores, a caminhada de intensidade moderada

e praticada regularmente pode constituir um meio eficaz de manutenção da

saúde física e mental, o que, em última análise, torna-se um fator essencial para

o desenvolvimento das relações sociais.

Numa análise ecológica baseada no modelo de Bauman et al. (2012), um

estudo realizado com um grupo de idosos praticantes de caminhada, concluíram

que sob as perspetivas individual, interpessoal e ambiental, os indivíduos

atingiram um bom nível de saúde física e mental (Carrapatoso et al., 2017).

A independência funcional da pessoa idosa é outro fator de preocupação

dos profissionais que atuam com projetos interventivos com esta faixa etária já

que, está diretamente relacionado com as possibilidades de locomoção e

autonomia para as atividades mais básicas do cotidiano. Por esta ótica Ferreira

et al. (2012, p. 514) concluíram em seus estudos que:

“Como uma de suas consequências, o envelhecimento traz a diminuição gradual da capacidade funcional, a qual é progressiva e aumenta com a idade. Assim, as maiores adversidades de saúde associadas ao envelhecimento são a incapacidade funcional e a dependência, que acarretam restrição/perda de habilidades ou dificuldade/incapacidade de executar funções e atividades relacionadas à vida diária. Tais dificuldades são ocasionadas pelas limitações físicas e cognitivas, de forma que as condições de saúde da população idosa podem ser determinadas por inúmeros indicadores específicos, entre eles a presença de déficits físicos e cognitivos”.

Neste mesmo prisma as autoras acima referenciadas ressaltam a

importância de intervenções multidisciplinares ao encontro da saúde da

população idosa, e ainda destacam o impacto positivo dos exercícios físicos:

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“Considera-se que a prática de qualquer atividade e não apenas a física constitui um meio de manter e/ou melhorar a capacidade funcional. Além disso, é capaz de possibilitar uma maior inserção na comunidade, através do fortalecimento de vínculos familiares, de amizade, de lazer e sociais, promovendo mudanças na vida cotidiana, como busca de melhoria da qualidade de vida. Assim, não é de surpreender que, na atualidade, se considere a prática das atividades físicas como uma das maiores conquistas da saúde pública, entendendo-se a saúde pública como a ciência e a arte de evitar doenças, prolongar a vida e desenvolver a boa disposição física e mental dos seres humanos”(Ferreira et al., 2012, p. 517).

No que diz respeito à prática desportiva pelas pessoas idosas, outro

aspeto de extrema relevância nos contextos acadêmicos e científicos, está

relacionado com os “tabus” a respeito dos prejuízos à saúde do praticante idoso,

“tabus” que indiscutivelmente foram “revogados” na visão contemporânea. É

Garcia (2015, p. 237), quem nos indica este panorama do contexto hodierno:

“Durante grande parte do século XX, principalmente até ao advento da política do “desporto para todos”, o idoso assumia-se quando muito, apenas como sujeito passivo da prática desportiva, sendo recente a sua integração, ainda que ténue, no contingente dos praticantes. Da função passiva à efetiva prática de desporto vai um passo enorme que está a ser dado no sentido demonstrara importância que o idoso tem de possuir nas nossas sociedades... não esquecer que a representação simbólica do idoso tem do desporto foi formada há várias décadas. Nessa altura o desporto era apenas algo para alguns, onde não entrava o velho, nem o doente(...)”.

Em outro estudo Ferraro e Cândido (2017) objetivando investigar a

perceção de pessoas idosas acerca da atividade física na terceira idade,

procuraram estabelecer relações entre o nível de atividade física habitual e

transtornos mentais comuns entre idosos, encontrando “apenas impactos

positivos, tais como, a socialização, melhora na qualidade de vida, melhora no

peso, melhora no humor, impacto psicológico, impacto no convívio com outras

pessoas, redução de quedas e fraturas” (p. 608).

Parece inequívoco, com base na literatura especializada, que, a prática

sistemática de exercício físico por pessoas idosas tende a ser altamente benéfica

para a saúde e, por consequência, para a qualidade de vida. Neste sentido,

Hermann e Lana (2016, p. 22) ratificam em seu estudo que:

“Participar de um programa regular de atividades físicas, como musculação, hidroginástica, ginástica ou algum outro tipo de modalidade pode ser muito mais vantajoso que parece. Em geral idosos que participam de atividades físicas frequentemente, mantêm o corpo em boas condições físicas. Pessoas que praticam atividades

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físicas regulares ao longo da vida em comparação a média da população parece terem uma expectativa de vida maior. Isso porque o exercício pode retardar o período em que a capacidade funcional declina, isto é, aumenta a possibilidade de manter a independência funcional por mais tempo, evitando assim a necessidade de cuidados por mediadores para a execução das atividades diárias como alimentação, movimentar-se, higiene pessoal, tomar medicamentos, fazer compras e vestir-se. A prática regular de atividades físicas tem importante relação com o controle e prevenção de várias doenças crônico-degenerativas como diabetes tipo II, osteoporose, doenças cardiovasculares e a sarcopenia”.

II.4 Institucionalização de projetos para a prática de exercícios físicos para

pessoas idosas: Agregação, solidariedade e promoção da saúde social.

Como já vimos, os benefícios da prática de exercícios físicos por pessoas

idosas é um fator de extrema relevância para a manutenção da saúde e, por

consequência, da qualidade de vida dos praticantes. Contudo, é importante

identificar o que a literatura especializada consagra a respeito da prática

sistemática e em grupo.

O primeiro aspeto a se considerar diz respeito à mudança de paradigma

sobre as capacidades das pessoas idosas no sistema de produção das

sociedades industrializadas. Neste cenário, até o início das três últimas décadas

do século passado a pessoa idosa era considerada um ser improdutivo já que, a

velhice estava relacionada às perdas de capacidades motoras e funcionais.

Neste percurso, a pessoa idosa era de forma voluntária ou compulsória, afastada

não só das suas atividades, mas, sobretudo, do convívio com seus pares levando

invariavelmente a um isolamento do indivíduo e a todas as consequências

negativas destes eventos de alta complexidade (Farinatti, 2013).

As pesquisadoras Hermann e Lana (2016, p. 6), realizaram um estudo

sobre os impactos de um programa coletivo de Dança junto a um grupo de

pessoas idosas e, concluíram que a autoestima e a qualidade de vida foram

positivamente influenciadas.

‘A dança pode resgatar no idoso a melhora da auto-estima, pois desperta a alegria de conviver com novas amizades nas quais celebram a vida esquecendo por um momento das doenças adquiridas pela idade ao serem tomados pela música que é capaz de envolver e contagiar as pessoas”.

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Dentre os aspetos positivos mais relevantes no que concerne à

participação da pessoa idosa em um programa coletivo de exercícios físicos,

estão igualmente as possibilidades de interações sociais que resultam do

convívio saudável.

Nesta esteira Okuma (2013, p. 159), nos ensina que:

“Está bem definido que as interações sociais na velhice influenciam positivamente a saúde e o bem-estar do idoso revelando-se não só importantes, mas também essenciais para tal, visto que pessoas insatisfeitas com as suas relações sociais tendem avaliar negativamente seu estado de saúde”.

Nesta direção, Silva et al. (2014, p. 79) asseveram que:

“Idosos levam, em geral, a vida de forma muito solitária, tendo pouca oportunidade de relacionamento. Os programas de exercícios físicos em grupo oferecem um meio importante de atender à necessidade de um maior número de contato social. Ao serem praticados regularmente, podem favorecer uma mudança comportamental, que poderá proporcionar transformações emocionais e psicológicas, visto que o idoso quando se sente valorizado pode desencadear alterações positivas junto à sua família e meio social”.

Na perspetiva de uma visão crítica a respeito da forma como as pessoas

idosas são consideradas no sistema produtivo da sociedade contemporânea,

Schneider e Irigaray (2008) ressaltam que a visão performática do idoso como

um ser improdutivo corresponde a um sistema de valores já superados.

Neste sentido, os critérios axiológicos que isolam a pessoa idosa da

participação social culminam por estabelecer um círculo vicioso de isolamento e

segregação:

“A idade social é definida pela obtenção de hábitos e status social pelo indivíduo para o preenchimento de muitos papéis sociais ou expectativas em relação às pessoas de sua idade, em sua cultura e em seu grupo social. Um indivíduo pode ser mais velho ou mais jovem dependendo de como ele se comporta dentro de uma classificação esperada para sua idade em uma sociedade ou cultura particular. A medida da idade social é composta por performances individuais de papéis sociais e envolve características como tipo de vestimenta, hábitos e linguagem, bem como respeito social por parte de outras pessoas em posição de liderança. (Schneider e Irigaray, 2008 p.590)”.

Nesta mesma trilha da compreensão do fenômeno de marginalização da

velhice e ainda da necessidade de se oportunizar a pessoa idosa o

estabelecimento de novas e constantes relações sociais, Okuma (2013, p. 157),

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ao dissertar sobre os conceitos acerca das possibilidades da pessoa idosa ao

final da década de 60 do século XX assevera que:

“Até o fim desta década, concebia-se a velhice nas sociedades industrializadas como fase permeada somente por perdas, em que os velhos eram abandonados pela sociedade, vivendo uma experiência sem significado...Além disso, os pesquisadores fundamentam-se na hipótese de que as situações ou problemas vividos na velhice eram semelhantes independentemente de nível social, raça, sexo, ou etnia... a velhice era a fase que se caracterizava por perdas...”

No sentido de afirmar o substancial contributo dos fatores motivacionais

para as mudanças positivas nos comportamentos das pessoas idosas,

nomeadamente, no que respeita a preservação da saúde, Carvalho et al. (2016,

p. 136) asseveram que a participação e a permanência das pessoas idosas em

programas regulares de atividade física constituem um fator de extrema

relevância:

“A atividade física regular é um instrumento capaz de estimular mudanças em outros comportamentos e hábitos de vida dos idosos, adiando o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis e contribuindo para o envelhecimento saudável... Não basta apenas a adesão à prática regular de atividades físicas, mas, também, a permanência do idoso na mesma, pois é importante sua permanência em um programa regular, para obter o hábito de exercitar-se e atingir metas salutares com a prática do exercício físico”.

E asseveram os autores que “manter o indivíduo ciente e consciente sobre

os benefícios que o exercício físico promove é um fator motivacional importante

para a permanência na prática de atividade física regular” (p. 136).

A literatura especializada aponta na direção do desenvolvimento e da

afirmação das relações sociais quando as pessoas idosas participam de

programas coletivos de atividades físicas. O afeto e o desenvolvimento de novas

amizades, via de regra, passam a desenvolver nos indivíduos uma espécie de

sensação de pertencimento. Tais características são assinaladas por diferentes

autores tais como, Eiras et al. (2010), Freitas et al. (2007) e Suzuki (2005).

Ao ressaltar a importância da adesão pela pessoa idosa em programas

coletivos de atividades físicas, Barroso Júnior (2015) cita a “motivação

intrínseca” como um aspeto de capital relevância. A motivação referida, diz

respeito aos motivos pessoais do próprio indivíduo para permanecer no grupo e

praticar as atividades físicas propostas, evitando, em última análise as

“interrupções e desistência”.

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“A motivação é o que mobiliza o idoso a praticar sua atividade, que deve ser capaz de satisfazer suas necessidades próprias ou a uma solicitação e/ou indicação de terceiros. Essa motivação, que pode ser de várias ordens, é o que leva o idoso à adesão em programas de atividades físicas, porém, após a adesão, o peso dessa motivação vai fazer com que ele permaneça ou não na atividade. A evasão de idosos em programas de atividades físicas já foi alvo de alguns estudos, já que o foco das pesquisas parece estar mais direcionado a motivação para a adesão, dado o número de estudos que encontramos sobre as duas temáticas (p.59)”.

Ao estudarem o “Programa de saúde da Família”, projeto interventivo

destinado às comunidades carenciadas que desenvolvem atividades com vista

à manutenção e melhoria da saúde de pessoas idosas na cidade brasileira de

Florianópolis, Ferreira et al. (2012, p. 514) assinalam que:

“Na busca de uma melhor qualidade de vida, fruto de um envelhecimento com independência e autonomia, de um envelhecimento saudável e ativo, tem-se investido no desenvolvimento de programas sociais e de saúde voltados para a preservação da independência e da autonomia, sendo metas fundamentais não só do governo, mas de todos os setores da sociedade.”

De igual modo, o estudo realizado por Irigaray e Schneider (2008), em

programa denominado “Universidade da Terceira Idade” desenvolvido na

Universidade Federal do Rio Grande do SUL /UFRGS – Brasil cujos sujeitos

foram mulheres idosas, concluíram que: “... os motivos que levaram as idosas a

participar da UNITI foram a busca por atualização e novos conhecimentos, novas

amizades, um novo sentido de vida, ocupação do tempo livre e lazer.” (p.213).

Ferraro e Cândido (2017), realizaram uma revisão bibliográfica de 15

artigos publicados no período de 2011 e 2017 com o objetivo de investigar a

perceção das pessoas idosas acerca da participação em programas de

atividades físicas. Dentre os impactos positivos da adesão, destacaram-se:

saúde, prazer, autoestima, indicação médica e socialização. Salientando que os

principais benefícios elencados estão: socialização, melhoria da qualidade de

vida, melhoria do humor, redução de quedas e melhoria do convício com as

outras pessoas.

Sepulchro et al. (2017) confirmam que a adesão de pessoas idosas em

programas de exercícios físicos é maior pela preocupação com a manutenção

da saúde, e com a sua independência funcional, seguido da melhoria da

qualidade de vida e a socialização. Desta forma, os referidos autores “enxergam”

a atividade física para além dos benefícios físicos, destacando a importância da

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interação social com pessoas da mesma faixa etária, cuja proximidade de

assuntos e interesses é notório. Em concordância, de acordo com Ferreira e

Pires (2015), a atividade em grupo é um fator que influência a pessoa idosa a

aderir e a permanecer na atividade física.

O estudo realizado por Ribeiro et al. (2013), procurou investigar os

motivos de adesão e desistência de pessoas idosas praticantes de exercício

físico. Dentre os aspetos positivos relacionados está a “maior atenção às

pessoas idosas nos programas estruturados por parte dos profissionais

responsáveis”. Contudo, há outros aspetos relativos às dificuldades estruturais

dos programas, que são percebidos pelas pessoas idosas como “barreiras à

permanência no programa”.

“As barreiras interferem tanto na adesão quanto na desistência de programas de atividade física, devido à insatisfação proporcionada ao idoso. Todavia, observa-se uma menor desistência em programas estruturados, nos quais há maior “atenção” os profissionais em relação ao acompanhamento do idoso. Uma alternativa para solucionar o problema da desistência seria adicionar investimentos em fatores culturais e demográficos para ajudar na adesão aos programas de atividade física.” (p.587)

O estudo realizado por Carrapatoso et al. (2017), concluiu que pessoas

idosas participantes em programas de caminhada obtiveram resultados positivos

no que diz respeito à saúde física e mental e também na otimização e

desenvolvimento das relações sociais.

Destarte, resta inequívoco, com base na literatura consultada, que a

prática dos exercícios físicos orientados é altamente benéfica à saúde da pessoa

idosa. Aduz ao cenário que, os programas coletivos estruturados, podem

contribuir positivamente de forma efetiva para a inclusão social dos indivíduos

nesta faixa etária.

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CAPÍTULO III - METODOLOGIA

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III.1 Tipo de Estudo

O estudo em tela caracterizou-se por uma pesquisa descritiva que teve

como propósito conhecer e interpretar a realidade sem nela interferir, assumindo-

se como uma investigação transversal de abordagem qualitativa.

Os participantes da investigação integravam o programa de exercício

físico “Mais ativos, mais vividos” (MAMV) da Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto (FADEUP).

III.2 Participantes

Para a pesquisa foram convidados, no início de mais um ano letivo, os

participantes do programa MAMV, que naquele momento contava com 158

participantes, 97 mulheres e 61 homens.

Foram considerados os seguintes critérios de inclusão i) sujeitos com

idade igual ou superior aos 65 anos ii) sujeitos participantes regulares do

programa MAMV da FADEUP, há no mínimo dois anos ininterruptos, ii)

participação voluntaria. Excluíram-se do estudo os participantes portadores de

deficiências físicas, cognitivas ou metabólicas. O grupo final de participantes foi

decorrente dos critérios estabelecidos e da voluntária e consentida participação,

podendo o grupo final ser definido como resultante de uma amostra criteriosa.

O presente estudo, incluiu 17 pessoas idosas inscritas e assíduas no

programa MAMV que se voluntariam para participar na pesquisa (9 mulheres e

8 homens) com faixa etária entre os 66 e os 87 anos de idade. Os participantes

frequentavam o programa entre 2 a 13 anos ininterruptos.

O programa foi implementado entre os meses de outubro de 2019 e junho

de 2020, tendo os sujeitos do estudo participado numa prática sistemática e

orientada de exercícios físicos, com periodicidade semanal de, no mínimo, 2

vezes por semana, e 1 hora por sessão.

III.3 Coleta de dados

No momento da primeira visita da investigadora ao programa “MAMV”, a

mesma foi apresentada ao grupo de sujeitos pela supervisora do projeto.

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O processo de coleta de dados ocorreu preliminarmente através de

observações de campo durante as sessões em que tomaram parte os sujeitos

do estudo.

No momento seguinte, foram estabelecidos os contactos individuais no

sentido de se verificar a possibilidade da realização das entrevistas.

Assim, neste percurso a coleta de dados ocorreu em duas etapas a saber:

A primeira etapa, que ocorreu através da observação in loco junto aos

participantes do estudo, durante as sessões do projeto “MAMV”, que, por

contacto individualizado, possibilitou a recolha das informações iniciais com os

participantes, tendo igualmente contribuído para o estabelecimento de uma

relação de empatia de extrema relevância para a aproximação entre o grupo e

pesquisadora.

A segunda etapa, ocupou-se da aplicação do instrumento do estudo,

nomeadamente as entrevistas semiestruturadas, as quais foram aplicadas

individualmente a cada participante.

Importa referir, que as respetivas entrevistas foram todas realizadas e

aplicadas pela própria investigadora e realizadas em espaço privado livre de

interferências externas e ruídos. Desta forma, oportunizou-se aos participantes

privacidade e tranquilidade, e por ser um local próximo do espaço da realização

das aulas, facilitou a dinâmica e o deslocamento dos participantes durante a

permanência no campus da FADEUP. As entrevistas ocorreram sempre antes

ou após a realização das aulas, e por esta razão não houve interferência na

participação e realização por parte dos participantes nas sessões de exercício

físico.

A realização da coleta de dados ocorreu entre a terceira semana do mês

de dezembro de 2019, e encerrou na terceira semana do mês de janeiro de 2020.

Importa referir que, por razões de datas comemorativas do Natal e Ano Novo, a

pesquisa foi interrompida por 20 dias. Neste contexto, cada entrevista teve

duração média de 20:23 minutos e os dados foram gravados em registro de

áudio com uso do aparelho gravador de voz, o mesmo foi operado pela própria

investigadora. O registro documental em concordância ocorreu através da

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

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É imperioso declinar que em observância aos critérios éticos do ambiente

científico que norteou a pesquisa em tela, quando do tratamento dos dados, os

nomes dos participantes foram omitidos, passaram a ser designados por uma

identificação numérica.

III.4 Procedimento de análise dos dados

As informações, observações, notas de campo e entrevistas foram

integralmente transcritas e analisadas pela pesquisadora e, em seguida, foi

aplicada uma análise temática indutiva de acordo com Willig (2013).

A análise dos resultados das entrevistas, que foram transcritas na íntegra,

permitiu a identificação das informações relacionadas diretamente às questões

e assim foram identificados os temas de maior impacto e relevância entre os

participantes.

No sentido de maior segurança dos resultados do estudo, optou-se por

triangular os resultados das informações obtidas nas entrevistas com as

observações e também com as notas de campo. Este expediente garantiu maior

robustez na coleta e análise dos dados. Procedeu-se a uma análise temática,

com categorias a emergir da própria análise, que foi objeto de processo de

codificação. O processo de codificação, e a própria categorização, foi debatido

com outro elemento da equipa de investigação.

Critérios de credibilidade e confirmabilidade foram garantidos pela revisão

das notas de campo e dos textos das entrevistas por outro elemento da equipa

do estudo, pela a triangulação de análise de diferentes investigadores, e pela

apresentação de casos negativos. A transferabilidade está considerada pelo

cuidado e detalhe na descrição dos contextos de estudo e das estratégias e

métodos aplicados na recolha de dados, de modo a permitir inferências para

outros estudos a realizar.

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CAPÍTULO IV - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

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IV. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

No sentido de uma mais clara apresentação dos resultados, optou-se por

apontar indicadores que possibilitassem uma maior objetividade na

categorização das respostas para a compreensão dos objetivos das questões

norteadoras do estudo.

Da análise dos resultados emergiram diversas subcategorias associadas

aos fatores de adesão e aos fatores de permanência ao programa de EF.

Optou-se pela apresentação de recortes das entrevistas dos 17

participantes do programa MAMV, de forma a legitimar o processo interpretativo

e por apresentar o quantitativo dos sujeitos com referências em cada categoria.

IV.1 Fatores de adesão

Como fatores de adesão podemos salientar: I) Indicação para a prática;

II) Gosto e o prazer pelo EF e o desporto; III) Interação Social; IV) Saúde e V)

Manter-se mais ativo.

IV.1.1 Indicação para a prática

Entre os fatores que os levaram a aderirem à prática, todos os 17

entrevistados apontaram que foi por indicação de outras pessoas,

nomeadamente, sete participantes relataram a indicação de familiares, seis de

amigos, três de vizinhos e um por parte de um profissional do desporto.

Pode-se considerar que as relações interpessoais constituem um fator

que oportuniza o engajamento das pessoas idosas na prática, sendo

imprescindíveis para a inserção dos sujeitos em programas de EF. Em

concordância com os nossos resultados, em um estudo realizado em Parintins,

no Estado do Amazonas, o convite de amigos foi indicado como o principal

motivo para a adesão de pessoas idosas a um programa regular de EF (Carvalho

et al., 2016). Também, outro estudo com 351 pessoas longevas no Estado de

Santa Catarina, obteve, tal como no nosso estudo, como resultado a importância

das indicações de amigos, familiares ou profissionais da área da saúde (Lopes,

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2012). Vários estudos corroboram com estes resultados e apontam a extrema

relevância da rede social, incluindo amigos e familiares, no que concerne à

influência no estilo de vida das pessoas idosas e, consequentemente, em uma

melhoria da qualidade de vida, o que em última análise constitui um dos fatores

de extrema importância para a adesão à prática de EF (Eiras et al., 2010; Freitas

et al., 2007; Nahas, 2006).

IV.1.2 O gosto e o prazer pelo EF e o desporto

O gosto e o prazer pelo EF e o desporto foi outro fator citado pelos nossos

participantes como influenciadores no processo de adesão ao programa. Os

resultados possibilitam identificar quatorze indicações: cinco participantes

mencionaram “gostar de mexer-se” e dois “não gostar de ficar parados”.

Os recortes das entrevistas sugerem que a prática de EF pode ser

considerada, no campo semântico, segundo Eiras et al., (2010), uma espécie de

“energizante”, como sugerem os seguintes comentários:

“…gosto de fazer movimentos, não gosto de estar muito tempo parada” (Entrevista 1)

“…para fazer exercícios, para ter mais qualidade de vida e nos faz bem, quanto mais

exercício, melhor” (Entrevista 2)

“...eu sempre gostei de fazer algum desporto, e fiz bicicleta, natação, fiz uma série de

coisas(...) neste momento por acaso só estou a fazer aqui a ginástica(...) mas de vez em quando

vou fechar os meus amigos [guarda redes]... então vou jogar a baliza, porque eu estou muito

pesado para andar a jogar futebol de salão a frente(...)é obvio e evidente que dá sempre um

prazer ao nosso ego não é?!,Enfim, eles ainda nos aceitam não é?!(...) eu sempre fui o mais

velho, sempre fui o mais velho (risos), de facto o mais idoso(...) obviamente faz bem ao nosso

ego e portanto isso ajuda o resto não é?! Nós quando temos o ego em cima não há dores, não

há nada(...) o que eu quero dizer, é que o desporto sempre teve envolvimento na minha vida,

sempre gostei do desporto era um bom atleta! (Entrevista 3)

Meurer (2010) citado por Lopes (2012), indica que o prazer pela prática

do EF é um fator decisivo no processo de adesão. A prática regular de EF é um

fator que possibilita à população em tela experimentar o prazer através da

atividade física inclusive com a melhoria de humor (Carvalho et al., 2016;

Nascimento Junior et al., 2012). Um outro estudo Nascimento Junior et al., 2012

comparou os níveis de satisfação com a vida na velhice, entre praticantes e não

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praticantes, constatando que o EF é um meio de proporcionar às pessoas idosas

melhor equilíbrio entre os níveis de satisfação geral, uma vez que oportuniza o

envelhecimento saudável, com melhor qualidade de vida.

Os benefícios do EF vão muito além dos fatores biológicos. O gosto e o

prazer pelo EF constituem uma forma de terapia para a saúde física e mental,

influenciando por sua vez os demais setores da vida das pessoas idosas (Eiras

et al., 2010). Isso possivelmente está associado, no presente estudo, ao uso de

termos tais como “distrair-se” ou “esquecer dos problemas”, identificados nas

entrevistas.

O estudo de Nahas (2006) converge para estes resultados, ao relatar que

muitas das alterações benéficas obtidas através da prática referem-se à

satisfação do praticante, e vão muito além das questões puramente físicas, já

sendo notórias durante e logo após a realização dos exercícios.

É possível considerar que a sensação de prazer logo após a prática do

EF está diretamente ligada ao estabelecimento de um estado de independência

por parte do idoso que ultrapassa as questões físicas, inserindo-se nas

dimensões psicológicas, sociais e emocionais.

IV.1.3 Interação social

No que tange aos fatores relacionados a esta subcategoria, os

participantes referiram termos como: “convívio” (n=5) ou “companheirismo”

(n=2), assim como os termos “compromisso e obrigatoriedade” (n=2), enquanto

um participante mencionou o “sair de casa”.

A interação social promovida pelo projeto estimulou a adesão dos

participantes, que ao comprometerem-se com a prática, reforçaram

simultaneamente o vínculo social.

Para Ferraro e Cândido (2017), a interação social é um dos principais

fatores para a adesão de pessoas idosas a programas de EF, o que da análise

dos dados deste estudo também é evidente, destacando-se o ambiente.

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“…não venho só pelo exercício físico, também venho pelo convívio, sou obrigada a

levantar-me, se não ficava na cama até as 10 horas ou mais”. (Entrevista 10).

“Me sinto bem, as pessoas são todas simpáticas, os instrutores sabem o muito bem o

que tem para fazer, muito atentos, só tenho que agradecer. Me faz bem, preciso disso, agora é

quase como um vício, como um vício bom. Este é um vício no bom sentido”. (Entrevista 6).

Ferreira et al. (2012) asseveram que o EF oportuniza o fortalecimento de

novos vínculos sociais, e que a prática de exercício físico, pode constituir uma

possibilidade de manter ou melhorar as condições funcionais dos idosos.

Segundo o ACSM (2009), a prática de EF no que concerne às pessoas

idosas está diretamente relacionada ao bem-estar social e psicológico e ainda

com a significativa diminuição do acometimento de doenças.

“(...) fazer EF, cuidar da nossa saúde mental e física. Em termos mentais é importante

estarmos cá, como é obvio, as vezes para a maior parte das pessoas é a parte mais importante”

(Entrevista 3).

A independência funcional das pessoas idosas constitui fator importante

para a inserção social dos indivíduos na comunidade e, em última análise,

estimula os vínculos sociais e afetivos, que por sua vez, são fatores promotores

de envelhecimento ativo (Ferreira et al., 2012).

Autores como Freitas et al. (2007) e Sepulchro et al. (2017) destacam que

a companhia de colegas ou amigos com propósitos semelhantes também

constitui um contributo importante para a adesão a programas de EF. Seguindo

nesta trilha, os estudos de Lopes (2012) sugerem que o EF constitui também o

meio de oportunizar o conforto e bem-estar, e correlaciona a relação social como

momento de troca de experiências e “impressões” com pessoas da mesma faixa

etária, na qual enseja as atividades em grupo o que, por sua vez, pode

estabelecer um momento propício à construção de novos laços de afetividade,

amizade e companheirismo. Assim e tendo por base esta autora, poderemos

sugerir que o bem-estar psicológico causado pelo EF pode ser derivado da

prática do exercício por si ou às relações afetivas proporcionadas pelos

encontros; A autora assevera ainda que o sentimento de pertença e o

divertimento são pontos a serem considerados para estes indivíduos, já que o

isolamento e a consequentemente solidão são, regra geral, o seu cotidiano.

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Um estudo de Carrapatoso et al. (2018), comunga das mesmas

inferências no que concerne ao EF praticado regularmente. Para as autoras tal

prática pode constituir um meio eficaz para a manutenção da saúde física e

mental, sendo um fator essencial para o desenvolvimento das relações

interpessoais. Parece ser possível inferir que “os efeitos positivos no bem-estar

psicológicos estão relacionados com a participação dos idosos em programas

sistemáticos de atividade física” (Okuma, 2013, p. 170). Já Farinatti (2008a, p.

7) assinala que “não pode existir qualidade vida sem que haja um forte

sentimento de inclusão social e manutenção das redes de relacionamento e das

atividades desejadas”.

Nesta esteira, é possível considerar que o EF se estabelece como um dos

meios que possibilita a inserção social, fortalecendo vínculos de amizades,

promovendo mudanças na rotina, e assim pode propiciar ganhos para além da

conquista da saúde física, oportunizando uma melhoria da qualidade de vida dos

seres humanos (American College of Sports Medicine, 2009; Ferreira et al.,

2012; Shephard, 2003).

A chegada da “Reforma”, via de regra, se apresenta como um momento

de mudança na rotina no que concerne ao convívio de pessoas idosas que

trabalharam a vida inteira. Por este turno, a inserção em programas de EF,

constitui uma maneira de restabelecerem o convívio e retomarem a rotina de

compromissos e, por consequência, ocuparem-se com coisas positivas.

IV.1.4 Saúde

Este indicador foi relacionado com a compreensão e assimilação dos

efeitos promotores da prática de EF (“saber os benefícios do EF”). Neste

percurso, cinco participantes mencionaram o termo “melhorar a condição física”;

três participantes mencionaram “necessidade de fazer ginástica” e dois “manter

o peso”; e ainda foram referidos “manter a musculatura” e “sentir-se fragilizado”,

cada um com uma referência.

Os recortes a seguir possibilitam maior robustez às nossas inferências:

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“...eu acho até que é um dos fatores primordiais que deveria ser institucionalizado (...),

a institucionalização num esquema diria quase que obrigatório, embora isso seja um pouco

forçado, que a AF iria poupar, iria revolucionar e muito, digamos até a gestão econômica dos

impostos que pagamos todos os dias (...) uma pessoa chega a velho, começa a ter problemas e

depois e vai para aquilo que é tradicional que é a farmacologia(...) os benefícios resultantes do

EF para a saúde para o Sistema Nacional de Saúde (SNS) enfim, para toda a dinâmica da vida

de uma pessoa.(...) e orientar um país, não são objetivos centrais, são coisas paralelas que só

quando há assim uma epidemia, uma gripe, há muitas despesas. Nisso é que começam a dar

um jeito(...) é assim que eu penso!” (Entrevista 13)

“...por me sentir fragilizado, cansado, caminhava com muita dificuldade(...) estava

mesmo me arrastando” (Entrevista 6)

Para Sepulchro et al. (2017), as pessoas idosas estão a cada dia mais à

procura de EF na constante preocupação com a saúde e com o seu bem-estar

geral.

Autores como Ribeiro et al. (2013) e Ferreira et al. (2012) inferem que,

entre a população idosa, o principal motivo para a procura por programas de EF

é o fator saúde, contribuindo a prática sistematizada do EF com a manutenção

da independência e vigor. Assim, devemos encontrar maneiras de estimular as

pessoas idosas ao envelhecimento “bem-sucedido”, através de políticas públicas

que contemplem o equilíbrio biopsicossocial, com a necessidade de instigar esta

população a continuar desenvolvendo suas potencialidades (Ferreira et al.,

2012). Nesta esteira, trabalhar as questões de saúde pública é a “chave mestra”

contra a inatividade física e a dependência, indicando que o caminho pode ser:

“o incremento de políticas e programas sociais de envelhecimento ativo, com a

intenção de prevenir e retardar as debilidades e doenças crônicas associadas a

esse período da vida humana” (p. 517).

As doenças são as principais causas de limitações e dependência desta

camada mais velha da sociedade que, na maioria das vezes, é desassistida e

marginalizada. Estas fragilidades podem ser amenizadas com políticas que

respeitem os princípios de Independência; Participação; Cuidados; Realização

Pessoal e da Dignidade da pessoa humana (United Nations, s. d.-b).

Um dos participantes neste estudo (entrevista 13) mencionou o possível

apoio do Sistema Nacional de Saúde, sugerindo que o EF deveria fazer parte

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das estratégias institucionais. Na sua perspetiva, tal estratégia deveria constituir

uma das ações essenciais para a promoção da saúde. Sugeriu o EF como uma

estratégia preventiva e de menor custo para o Estado, considerando-o como um

“remédio” com o custeio muito mais baixo e, ainda, com menor risco que os

produtos farmacológicos.

IV.1.5 Manter-se mais ativo No que concerne a esta subcategoria, a análise resultou que “manter-se

ativo” foi relatado por quatro participantes; “gostar de mexer-se” por cinco;

“necessidade de fazer ginástica” e “não gostar de ficar parado” foram

mencionados por dois participantes cada um; e um dos participantes mencionou

a “dificuldade de locomoção”.

A prática regular do EF possibilita à pessoa idosa o envelhecimento ativo,

oportunizando a independência funcional e dando confiança para a realização

das tarefas diárias, cuidando de si com dignidade (Lopes, 2012).

“... hoje dói muito menos, melhorei significativamente (...). Eu tenho a noção perfeita

disso, do meu físico, de como ele está agora e dele como estava há cinco anos quando aqui vim.

Embora eu não fosse uma pessoa muito parada, mas vai perdendo com a idade, para mim isso

[as aulas] é ótimo” (entrevista 11)

“... para manter ativo, como é o nome do programa mesmo?! Mais ativos, mais vividos.

Então! é para isto, [risos]” (entrevista 13)

É possível assinalar que a necessidade de se manter ativo através da

prática regular de EF, pode ser considerado um meio para a atenuação de efeitos

deletérios oriundos do envelhecimento humano. O EF é um fator promotor da

saúde física e mental e um forte aliado na manutenção e desenvolvimento de

capacidades que contribui para a independência e autonomia, uma vez que a

pessoa idosa usufrui de uma melhoria significativa de suas condições funcionais

(American College of Sports Medicine, 2009; Farinatti, 2008c; Lopes, 2012).

A independência funcional é o primeiro passo para atingir a melhoria da

qualidade de vida no idoso (Ferreira et al., 2012). Entre outros, a prática do EF

contribui para a promoção da independência e autonomia, e desta forma,

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aspectos tão importantes para a melhoria da saúde física, mental e social da

população idosa (Civinski et al., 2011; Lopes, 2012). Pode-se afirmar que

“manter-se ativo” através de programas de EF é um importante fator de adesão,

o qual pode promover a saúde em sua integralidade.

Em última análise importa afirmar que o EF é um dos mais importantes

promotores da independência, oportunizando a sobrevida, e por sua vez

contribui para o alcance de diversos benefícios para o cotidiano ativo e saudável

da pessoa idosa (Civinski et al., 2011).

IV.2 Fatores de permanência

Como fatores de permanência podemos evidenciar: I) interação social; II)

o gosto pela prática de EF e desporto; III) influência do professor; e IV)

Pertencimento.

IV.2.1 Interação Social

Este indicador foi relacionado e alicerçado na necessidade de estabelecer

relações sociais, e os resultados possibilitaram identificar que: quinze

participantes mencionaram a “convivência” em um “ambiente bom”; cinco

participantes mencionaram o “comprometimento” com os amigos/colegas de

prática e portanto, ficou consubstanciado a importância das relações em grupo.

O convívio social associado à oportunidade de “sair de casa” parecem ser

fatores preponderantes na permanência de pessoas idosas em programas de

EF (Eiras et al., 2009; Eiras et al., 2010).

“O compromisso de sair de casa, se não fica-se mais na cama, não se faz nada e os

ossos começam a queixar-se (...) para não ficar em casa, senão a gente começa a habituar, a

gente não pode habituar o corpo com a boa vida” (Entrevista 4).

“... dou boleia para duas senhoras (...) eu se calhar se não tivesse o compromisso com

as duas senhoras, uma vez que outra era capaz, embora gostando era capaz de não vir, assim

tenho o compromisso por isso não falto” (Entrevista 15)

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Com efeito, são vários os estudos (e.g. Ferraro & Cândido, 2017;

Hermann & Lana, 2016; Sepulchro et al., 2017) que apontam a socialização e a

melhoria da qualidade de vida como os principais motivos de permanência em

programas de EF, dado que idosos motivados pela prática têm uma perceção

positiva da vida, fator que contribui para um envelhecimento saudável. Assim,

podemos indicar que “os efeitos positivos no bem-estar psicológico estão

relacionados com a participação dos idosos em programas sistemáticos de

exercício físico” (Okuma, 2013, p. 170).

Neste percurso, os resultados também sugerem que este programa de EF

constituem uma oportunidade de convivência dos participantes com pessoas da

mesma faixa etária, onde há proximidade de assuntos e interesses, e assim a

oportunidade de estabelecerem novas amizades. Estas inferências também

foram identificadas por Sepulchro et al. (2017).

“O convívio, eu venho cedo nos reunimos tomamos o pequeno almoço, ficamos a

conversar antes da aula (...) sinto-me maravilhosamente bem (...) ajudamos uns aos outros, o

convívio! (Entrevista 4).

“Companheirismo que existe entre todos nós, é um grupo extraordinário, não foi no

primeiro ano que eu apanhei este grupo, já foi no segundo ano, e a partir daí somos sempre os

mesmos, as mesmas caras, há um companheirismo muito grande” (Entrevista 5).

“Eu sinto-me bem em conviver” (Entrevista 2).

Foi evidente os compartilhamentos através do EF nas sessões de

exercício físico realizadas em grupo. Foi possível analisar nos registos de

observação de campo relatos emocionados, tais como “eu me sinto bem, eu

gosto de ser assim(...) algo que me ajuda muito porque eu vivo sozinha”.

O envolvimento com exercício físico sistemático pode ser um dos fatores

promotores de bem-estar psicológico, assim como um importante preditor para

que o indivíduo permaneça fisicamente ativo e socialmente estimulado com o

avançar da idade (e.g. ACSM, 2009; Cavalli et al., 2014; Nascimento Junior et

al., 2012; Okuma, 2013; Rikli & Jones, 2012; Ruuskanen & Ruoppila, 1995).

Carrapatoso et al. (2018) concluíram que as pessoas idosas participantes em

programas de caminhada obtiveram resultados positivos na otimização e

desenvolvimento das relações sociais. O EF sistematizado, pode contribuir

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substancialmente na esfera social, física e mental, promovendo melhoria da

qualidade de vida (Silva et al., 2014).

É possível depreender da análise dos dados de campo que, a partir da

reforma, tende a ocorrer uma redução no convívio com pares e o consequente

isolamento. Nesta esteira, a literatura converge para a prática do EF orientado

como um fator altamente benéfico à saúde social da pessoa idosa. Aduz ao

cenário que os programas coletivos estruturados podem contribuir de forma

efetiva para a (re)inclusão social nesta etapa da vida (Ferreira et al., 2012;

Hermann & Lana, 2016). Assim e em concordância com os nossos resultados,

podemos concluir que a atividade em grupo é um fator que influencia a pessoa

idosa tanto na adesão quanto na permanência em programas de EF (Ferreira &

Pires, 2015).

Merece destaque o “comprometimento” que este público estabelece

quando se compromete “pela palavra” ou através do preenchimento de uma ficha

de inscrição, como é o caso da participação no projeto MAMV. Assim, não

comparecer é algo praticamente inaceitável. A titulo de exemplo destacamos

uma das falas de uma participante que relatou que mesmo com uma fratura no

braço não deixou de frequentar as aulas.

“…eu nunca gostei de faltar nem ao trabalho e nem as aulas, o ano passado fui operada,

caí, fui operada [braço], eu vinha na mesma, fazia com o outro braço e fazia com as pernas…”

(Entrevista 4)

IV.2.2 O gosto pelo EF e o desporto

No que tange aos fatores relacionados a esta subcategoria foi possível

identificar que nove participantes mencionaram a “manutenção do físico”; cinco

participantes mencionaram “gostar de fazer EF”; seis participantes mencionaram

o termo “que faz bem à saúde”; dois mencionaram que as atividades os ajudam

a “manter-se mais ativo”; e um participante relatou a “vontade de praticar

desporto”.

O gosto pela prática do EF constitui um dos principais motivos para a

permanência dos indivíduos em programas destinados a pessoas idosas (Eiras

et al., 2010). Carvalho et al. (2016) afirmam que o gosto pela prática do EF foi

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um dos importantes influenciadores para manter os idosos a frequentar os

programas regulares de EF, considerando que o conhecimento de seus

benefícios também representa um importante fator para a permanência.

Os esportes coletivos contribuem em maior grau para a satisfação e

motivação da pessoa idosa em comparação com outros exercícios físicos,

devido às interações sociais realizadas durante atividades esportivas em equipe

(Pedersen et al., 2017).

“Eu sempre pratiquei desporto (...) somos cinco irmãs, mas as minhas irmãs já faleceram

todas, só está o meu irmão o único e eu a mais velha, a velhota que ficou [risos] (...) elas não

praticavam [irmãs], (...) o desporto teve relação eu sempre pratiquei, e elas não, eu para já estou

viva, elas não” (Entrevistada 17)

“Acho que ajuda, ajuda a nos movimentar as articulações, porque nós em casa, embora

fizemos a lida não é a mesma coisa, não é ?!, ficamos mais ativos, mais ativos” (Entrevista 2).

“Quando vem as férias de Natal, as férias da Páscoa (...) quando há uma interrupção

desta atividade aqui [aulas], eu até tenho conversado muito isso com a minha esposa, nós

sentimos no organismo uma falta da atividade que aqui desenvolvemos, procuramos suprir em

casa, imitar mas não temos lá as máquinas, falta acompanhamento quer dos instrutores, quer

dos colegas que estão inseridos no sistema, não há tanta motivação; mas pronto, a gente é aí

que topa que falta que faz o EF.” (Entrevistado 13).

Com efeito, Barroso Júnior (2015) assevera que a motivação, nas suas

formas intrínseca ou extrínseca, pode ser atribuída como fator importante tanto

para a adesão, quanto para a permanência da população idosa em programas

de EF.

“Eu já tenho 80 anos, isto se eu não vou fazer atividade física eu um dia destes apareço

sentado numa cadeira, e não me apetece fazer nada (...) isso [as aulas] me mantem sempre

ativo, faz-me sempre ter vontade de vir, portanto não largo, enquanto puder não largo” (Entrevista

6).

“…acho que se não tivesse essa parte física não conseguiria fazer certos coisas com o

meu pai, como faço [pai com mais de 90 anos de idade com Alzheimer], (...) meu organismo esta

mais solto (...). Estou bem fisicamente, mas não só a parte física, mais a parte mental também,

pois quando venho espaireço, saio, tenho as duas vertentes, parte física e mental, igual a mente

sã, é, isso para mim é um equilíbrio que acho que tem que ser feito” (Entrevista 11).

No que concerne às recomendações da Organização Mundial de Saúde

(2005), o exercício físico constitui um meio eficaz para a prevenção de agravos

e estimulação dos níveis fundamentais de saúde física, mental e social para a

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população idosa. Relaciona-se à independência funcional, a um maior

fortalecimento dos vínculos sociais, determinantes para o envelhecimento ativo

(Ferreira et al., 2012). A prática do exercício físico regular, principalmente nas

fases mais avançadas da vida, promove melhoria tanto física como

biopsicossocial (Nahas, 2006; Silva et al., 2014).

No estudo realizado por Shephard (2013), citado por Sepulchro et al.

(2017) pode-se atribuir que o desejo de melhorar a aptidão física e a saúde foram

os fatores motivacionais mais comuns para as pessoas idosas permanecerem

em programa de exercícios regulares.

A partir dos recortes das entrevistas, bem como no decorrer das

observações in loco, pode-se inferir que o gosto pelo EF e o desporto, e seus

possíveis benefícios, podem ser associados à expressão: “saio sempre melhor

do que cheguei”. É possível atribuir a melhoria das condições físicas dos

participantes a um melhor sentimento de bem-estar. Neste sentido, possibilita às

pessoas idosas praticantes mais independência e confiança para a realização

de suas atividades diárias. Pode-se afirmar que a participação das pessoas

idosas em programas coletivos de exercício físico constitui um meio eficaz que

contribui sobremaneira para a promoção e manutenção da independência e

autonomia desta população, sendo de fundamental importância para adesão e

permanência aos mesmos (World Health Organization, 2005).

IV.2.3 Influência do Professor

No que tange aos fatores relacionados a esta subcategoria, foi possível

identificar que a competência dos professores parece ser um fator de importância

na escolha do praticante pela continuação no programa. O termo “professores

preparados” foi identificado no relato de três participantes, para além dos termos

“orientam e corrigem”; “metodologia adequada” e “motivação”, identificados cada

um com uma frequência de três vezes nos discursos dos participantes.

“Os professores que nos têm acompanhado ao longo destes anos serem socialmente

bons professores, em que nós agradecemos aquilo que eles fazem por nós, e agradecemos claro

à faculdade, pelos tempos disponíveis que nos dedicam, porque isso é graciosamente dado…”

(Entrevista 5)

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“Primeiro as condições que a faculdade oferece (...)que tem um monitor [professor] que

segue as pessoas em desenvolvimento, que não permite fazer coisas que não se deve fazer,

que as vezes a tendência de pensar, eu ainda estou novo, ele [professor] disse para eu fazer

com tantas libras e, eu vou fazer com mais, não, eu cumpro o programa, tem um programa, (...)

é de facto ter uma assistência bastante boa porque são pessoas capazes, pessoas

competentes”. (Entrevista 7).

Ribeiro et al. (2013) ao investigarem os motivos de adesão e desistência

de pessoas idosas praticantes de exercício físico, assinalaram que entre os

aspectos positivos relacionados com a permanência estava a maior atenção

dada pelos profissionais responsáveis às pessoas idosas nos programas

estruturados. A “boa atuação do professor” diretamente relacionado a fatores

como “carinho e atenção”, “receber incentivos” e “atenção do professor” são

identificados como determinantes na permanência de pessoas idosas em

programas de EF (Eiras et al., 2010; Freitas et al., 2007; Lima et al., 2019).

“O professor que nos deu aulas dois anos (...) foi extraordinário, tinha uma atividade,

uma força, uma capacidade de contágio que desde o início motivou a turma toda porque senão

tivesse sido assim, eu tinha desistido(...) teve alturas que os professores eram tão

desinteressados que se não tivéssemos tido essa iniciação, de certeza que não estava aqui

[risos](...) Com anos melhores, outros nem tanto, porque o professor também tem uma influência

muito grande na motivação, muito grande!” (Entrevista 12).

A atuação do professor de Educação Física tem, assim, um papel de

grande expressão no processo de permanência de pessoas idosas em

programas de EF. Mas é de realçar que não se apresenta como um fator

imprescindível, sendo que há participantes, como o anterior apresentado, que

relatam terem professores que não apresentavam interesse no que faziam e não

motivavam os participantes no programa.

“Seja de que maneira for eu obviamente que continuo interessado, continuo motivado e

independentemente dos professores, independentemente da metodologia, independentemente

digamos daquilo que é para nós mais agradável, menos agradável, não é?!, obviamente que

enquanto puder, enquanto tiver força, enquanto me sentir capaz de fazer os exercícios que aqui

são exigidos e que nós podemos fazer, evidentemente que venho!” (Entrevista 3).

Lopes (2012) infere que a capacitação dos profissionais deve ser uma

condição básica para a implementação de programas de EF, já que a qualidade

do atendimento diferenciado vai ao encontro das carências do público alvo.

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Neste percurso, indo ao encontro das impressões reveladas na maioria

das entrevistas, o professor parece ter um papel relevante no processo de

permanência das pessoas idosas em programas de EF. O papel do professor na

atualidade vai além das questões puramente técnicas da execução do exercício,

mas as orientações que esta população tem oportunidade de conhecimento

diante da possibilidade de uma vida longa (Lima et al., 2019).

IV.2.4 Pertencimento

No que concerne a esta subcategoria, foi possível identificar o sentimento

de agregação coletiva ou de pertencimento, como fica identificado nos recortes

das respostas, tais como: “abençoada a hora que eu entrei aqui”; “acho que não

me sinto bem se não vier”; boa aceitação”; “atitude entre amigos”; e um

“ambiente bom”.

A literatura aponta na direção do desenvolvimento e da afirmação das

relações sociais, quando as pessoas idosas participam de programas coletivos

de exercício físico. O afeto e o desenvolvimento de novas amizades, via de regra,

passam a induzir nos indivíduos uma espécie de “sensação de pertencimento”

(Eiras et al., 2010; Freitas et al., 2007; Suzuki, 2005).

“É o benefício próprio, depois também o benefício que nós notamos, por sentir que

também damos aos outros. Porque o facto de nos encontrarmos, nos cumprimentarmos

amistosamente, porque há sempre um bater de mãos nas costas, há sempre um beijinho, há

sempre pronto, aquela atitude de amigos, que acho que nota-se aqui muito. Não sei como é nas

outras turmas, nesta nota-se muito, e acho que é muito agradável” (Entrevista 12)

“Vamos embora o dia vai raiar, vamos para a Faculdade de Desporto(...) abençoada a

hora que eu entrei aqui (...) é muito bom, me dá mais garra, mais vontade(...) acho que é muito

bom, muito bom, que continuem, que não acabem com este programa que ele é ótimo, ele é

ótimo”. (Entrevista 10).

“Gosto de vir aqui, acho que não me sinto bem se não vier, só por doença, ou que tenha

que fazer exames (...) procuro sempre fugir para os dias impares (terças e quintas feiras, pois

tem aulas nas segundas e quartas feiras) só para não coincidir com os dias da ginástica”

(Entrevista 5).

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“Alegria de viver, motivos para viver [risos] (...) eu encontrei boa aceitação, (...)

encontramos boa aceitação na cantina (...) então não temos motivos para dizer mal disso (...) ao

longo dos anos sempre encontramos boa aceitação” (Entrevista 8).

Lopes (2012), assevera que o “sentimento de pertença” e o “divertimento”

são aspectos a serem considerados para estes indivíduos. No entanto, este autor

assinala ainda que o local para a prática deve promover um contexto de

acolhimento para esta população, contribuindo significativamente para a sua

permanência em programas de EF. A importância do ambiente para a prática -

além do local dever ser estruturado, organizado, e com a imperiosa segurança,

com ambiente esteticamente aprazível – são fatores importantes associando-se

ao “senso de pertencimento” ao grupo, apontados como decisivos para a

permanência desta população em programas de EF (Eiras et al., 2010).

Um ponto importante a ser assinalado diz respeito aos comportamentos

dos participantes nos finais de cada sessão. A manifestação de sentimentos

relativos ao pertencimento e ao orgulho fica evidenciada quando pronunciavam

a frase com muito entusiasmo “Mais ativos, mais vividos” como lema da turma e

grupo ao qual pertencem.

Outro aspecto a ser relatado é o comportamento dos indivíduos durante a

investigação. Foi possível identificar a demonstração de um sentimento de

valorização por parte dos idosos quando participaram neste estudo, assim como

nas demais fases da investigação. É possível asseverar que cada participante

se sentiu “valorizado” por ser identificado como sujeito deste estudo.

Ademais, é possível afirmar que, na prática do exercício físico neste

Projeto “MAMV”, um ponto que merece destaque são as intensas manifestações

de sentimentos relativos ao “pertencimento” e ao orgulho, que os idosos

expressam por estarem fazendo parte do referido projeto. Assim, pode-se

apontar que, para estas pessoas, sentir-se acolhido e respeitado remete aos

sentimentos de orgulho e autovalorização, os quais, por sua vez, fortalecem

laços extremamente relevantes para que se mantenham envolvidos e

pertencentes ao grupo.

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CAPÍTULO V - CONCLUSÕES RECOMENDAÇÕES

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V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Pelo presente estudo, foi possível apontar que pessoas idosas aderem a

prática no projeto “MAMV”, principalmente pela indicação de outras pessoas, e

por se mantem motivados pela interação social que esta prática, realizada em

grupo, promove.

Outros fatores relacionados com a adesão estão associados aos

benefícios à saúde, que, por sua vez, estão relacionados à independência

funcional e social.

Ademais, é possível afirmar que, na prática do exercício físico neste

Projeto “MAMV”, um ponto que merece destaque são as intensas manifestações

de sentimentos relativos ao “pertencimento” e ao orgulho, que os idosos

expressam por estarem fazendo parte do referido projeto. Assim, pode-se

apontar que o facto de se sentirem acolhidos e respeitados, incrementa os

sentimentos de orgulho e de autovalorizarão, os quais, por sua vez, são de

fundamental importância para a sua permanência e manutenção no programa

de exercício físico.

Pode-se afirmar que o projeto MAMV da FADEUP, com ênfase no

exercício físico, constitui um meio para os participantes se manterem ativos, e

assim vivenciarem maior alegria e entusiasmo de viver e conviver.

Como recomendações, no sentido de maior aprofundamento e

abrangência no tema em tela, sugere-se a realização de novas investigações,

sobretudo com ênfase na comparação por tempo de envolvimento dos

participantes no projeto.

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CAPÍTULO VI – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

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O propósito deste estudo, é identificar os fatores que levam as

pessoas idosas a aderirem e permanecerem ao Programa Mais Ativos, Mais

Vividos de exercício físico da Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto (FADEUP) no Norte de Portugal.

Guião da Entrevista MAMV

ADESÃO:

1. Foi praticante de Exercícios físicos antes de integrar ao programa? Quais? Se fez EF em alguma fase da vida?

2. Como souberam do programa? 3. Quais motivos que levaram a iniciar este programa? 4. Lembra-se como foi o seu primeiro dia de aula no programa, MAMV, quer me

contar? 5. E após a adesão ao MAMV, começou a praticar mais E.F. e/ou outros, quais? 6. Há quanto tempo frequenta este programa?

PERMANÊNCIA

1. O que significa para si, frequentar as aulas do programa?

2. Qual motivo e/ou quais motivos fez o (a) permanecer no programa?

3. Se divulga as aulas para outras pessoas?

*pergunta de segurança (então é isso quando estiver com dúvida da resposta)

Nome:

Idade:

Sexo:

Profissão:

Habilitação academica:

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE

1- O Senhor (a) está sendo convidado (a) a participar numa pesquisa que tem como finalidade:

identificar os fatores que levam as pessoas idosas a aderirem e permanecerem ao Programa

Mais Ativos, Mais Vividos de exercício físico da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

(FADEUP) no Norte de Portugal.

(Pesquisadora: Jussara Mesquita da Costa, Orientadora: Professora Doutora Paula Silva , Coorientadora: Professora Doutora Joana Carvalho ) 2-Todas as informações coletadas neste estudo são confidenciais. Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador (a) terão conhecimento dos dados. 3- Tem liberdade de se recusar a participar e de desistir de participar em qualquer fase da pesquisa. 4- Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto meu consentimento em participar da pesquisa.

Porto, ____ de ___________ de_____

___________________________________________________________________ Nome do Participante da Pesquisa ____________________________________________________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa

Pesquisadora: Jussara Mesquita da Costa ___________________________________