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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS – FGV ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – EBAP MESTRADO EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL Título FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO NA OPERAÇÃO DE ESCRITÓRIOS DE GERENCIAMENTO DE PROJETO (PMOs): UMA ABORDAGEM DELPHI Por Gustavo Rukuiza Czekay Projeto de pesquisa apresentado a Escola Brasileira de Administração Pública – EBAP da Fundação Getúlio Vargas Prof. Dr. Luiz Antonio Joia VOLUME I Rio de Janeiro – Brasil Junho de 2012

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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS – FGV

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – EBAP

MESTRADO EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL

Título

FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO NA OPERAÇÃO DE ESCRITÓRIOS DE GERENCIAMENTO DE PROJETO (PMOs): UMA

ABORDAGEM DELPHI

Por

Gustavo Rukuiza Czekay

Projeto de pesquisa apresentado a Escola Brasileira de Administração Pública –

EBAP da Fundação Getúlio Vargas

Prof. Dr. Luiz Antonio Joia

VOLUME I Rio de Janeiro – Brasil

Junho de 2012

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV

         Czekay, Gustavo Rukuiza Fatores críticos de sucesso na operação de escritórios de gerenciamento de projeto (PMOs): uma abordagem Delphi / Gustavo Rukuiza Czekay. – 2012.

2 v.

Dissertação (mestrado) - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa.

Orientador: Luiz Antonio Joia. Inclui bibliografia.

1. Administração de projetos. 2. Escritório de gerenciamento de projetos. I. Joia, Luiz Antonio. II. Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas. Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa. III. Título. CDD – 658.404

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS MESTRADO PROFISSIONAL EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL

DISSERTAÇÃO APRESENTADA POR

GUSTAVO RUKUIZA CZEKAY

TÍTULO

FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO NA OPERAÇÃO DE ESCRITÓRIOS DE

GERENCIAMENTO DE PROJETO (PMOs): UMA ABORDAGEM DELPHI

PROFESSOR ORIENTADOR ACADÊMICO: Luiz Antonio Joia

APROVADO EM: 25/07/2012

BANCA EXAMINADORA:

__________________ _______________ Prof. Luiz Antonio Joia, D.Sc. (orientador)

Fundação Getúlio Vargas - RJ

______________________

____________________ Profa. Deborah Morais Zouain, D.Sc.

Fundação Getúlio Vargas - RJ

__________________________________________________________________ Prof. Eduardo Ramos, D.Sc.

Instituto Infnet - RJ

AGRADECIMENTOS Agradeço, em primeiro lugar, a Deus pela minha existência.

Sinceros agradecimentos ao colega e orientador desta tese, Prof. Luiz Antonio

Joia não somente pela fabulosa orientação, mas também pela experiência e apoio

em momentos difíceis.

Agradeço também ao colega Prof. Ângelo Valle, pelo apoio incondicional e

paciência no levantamento e disponibilização do tempo dos especialistas no

preenchimento do questionário.

Considerações ao amigo Mendel Pencak pela dedicação na publicação e coleta

dos questionários na Internet (lista de participantes do PMI Brasil).

Agradeço a todos os especialistas pela dedicação e contribuição à pesquisa a

partir do tempo investido nos questionários.

DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais João e Elita que me ensinaram a ser uma

pessoa de caráter, com dignidade, humildade e coragem para vencer sempre, não

importando as circunstâncias, ensinando a ser um verdadeiro homem.

“Excelência é uma habilidade conquistada através de

treinamento e prática. Nós somos aquilo que fazemos

repetidamente. Excelência, então, não é um ato, mas um

hábito.” Aristóteles (384-322 AC)

“Siga sua alegria e o Universo abrirá portas para você onde

só havia paredes.” Joseph Campbell (1904-1987 DC)

“Tudo que a mente do homem pode conceber pode ser

alcançado” Clement Stone (1902-2002 DC)

RESUMO Projetos são precursores de novos produtos, serviços e processos

organizacionais. Sendo assim, a gestão de projetos aparece como uma grande

oportunidade para organizações nos diversos ramos de atividade. O aumento da

complexidade do mundo dos negócios e a crescente competitividade fazem com que

as empresas tenham que responder cada vez mais rápida e eficientemente aos

estímulos externos. Neste contexto, as falhas na execução dos projetos muitas

vezes têm resultados desastrosos.

Esta dissertação tem por objetivo identificar e analisar os fatores críticos de

sucesso para a operação de Escritórios de Gerenciamento de Projetos (Project

Management Office – PMO) nas organizações. O PMO permite às empresas usufruir

dos benefícios da integração de processos, assim como informar a alta

administração sobre o andamento do seu portfólio de projetos, buscando

competitividade no mercado com o sucesso de seus projetos. A pesquisa qualitativa

(espontânea) teve participação de especialistas brasileiros e estrangeiros,

reconhecidos pelo PMI como pessoas destacadas (consultores especializados) em

gerenciamento de projetos. Na pesquisa Delphi, quarenta e três especialistas de

vários países foram submetidos a um questionário de vinte e cinco perguntas

minuciosamente preparadas, a fim de extrair o máximo possível de informações

consideradas críticas nas atividades atuais e tendências de PMOs nas empresas. A

pesquisa Delphi foi realizada em duas rodadas e concluída com recomendações

efetivas, validadas internacionalmente. Como resultado do trabalho, foi desenvolvido

um estudo que poderá ser utilizado como referência para a operação de Escritórios

de Gerenciamento de Projetos (PMO) nas empresas sem distinção de segmento.

Palavras-chave: Gerenciamento de Projetos, Escritórios de Gerenciamento de

Projetos, PMO, Fatores críticos de sucesso na operação de PMOs, Portfólio.

ABSTRACT Projects are precursors of new products, services and organizational processes.

Therefore, the project management appears as a great opportunity for organizations

in different industries. The increasing complexity of business and increased

competition mean that companies have to answer even more quickly and efficiently

to external stimuli. In this context, the flaws at project implementation often have bad

results.

This dissertation aims to identify and analyze the critical success factors for the

operation of Project Management Office (PMO) organizations. The PMO allows

businesses to enjoy the benefits not only at the integration process but also to inform

senior management about the progress of your project portfolio, seeking

competitiveness in the market with the success of their projects. Qualitative research

(spontaneous) had Brazilian and foreign specialists, recognized by PMI as prominent

people (consultants) in project management. In the Delphi survey, forty-three experts

from several countries were submitted to a questionnaire of twenty-five questions

thoroughly prepared in order to extract the maximum information considered critical

for current activities and trends from PMOs at their companies. The Delphi survey

was conducted in two rounds and concluded with effective recommendations,

internationally validated. As a result of the work, it had developed a study that could

be used as a reference for operation of the Project Management Office (PMO) at

companies regardless of segment.

Key Words: Project management, PMO, Project Management Offices, Critical

Success Factors for PMO Operation, Portfolio.

Sumário

1. PROBLEMÁTICA.................................................................................................14 1.1. Contextualização do Problema.....................................................................14 1.2. Formulação do Problema .............................................................................16 1.3. Objetivos .......................................................................................................17

1.3.1. Objetivo principal ...................................................................................17 1.3.2. Objetivos intermediários ........................................................................17

1.4. Hipóteses ......................................................................................................18 1.5. Delimitação do Estudo..................................................................................18 1.6. Relevância do Estudo...................................................................................19

2. REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................20 2.1. Tipos de Estruturas Organizacionais............................................................20

2.1.1. Estrutura Funcional ...............................................................................20 2.1.2. Estrutura Projetizada .............................................................................22 2.1.3. Estrutura Matricial..................................................................................23 2.1.4. Estrutura Composta...............................................................................25

2.2. Gerenciamento de Projetos..........................................................................26 2.2.1. Sucesso e Fracasso ..............................................................................31 2.2.2. Competências em Gerenciamento de Projetos ....................................33 2.2.3. Benchmarking em Gerenciamento de Projetos ....................................34

2.3. Escritório de Gerenciamento de Projetos (Project Management Office) .....37 2.3.1. O que é um PMO...................................................................................37 2.3.2. Histórico do PMO ..................................................................................42 2.3.3. Funções de um PMO.............................................................................43 2.3.4. Implantação de um PMO.......................................................................46 2.3.5. Modelos de PMO...................................................................................48 2.3.6. PMO e Planejamento Estratégico .........................................................51 2.3.7. Métricas de Desempenho .....................................................................53 2.3.8. Competência do PMO ...........................................................................55 2.3.9. Benchmarking para PMO ......................................................................56

2.4. Modelos de Maturidade em Gerenciamento de Projetos.............................58 2.4.1. O Modelo CMM (Capability Maturity Model) .........................................59 2.4.2. O Modelo CMMI (Capability Maturity Model Integration) ......................61 2.4.3. O Modelo de Maturidade de Kerzner ....................................................62 2.4.4. Organization Project Management Maturity Model (OPM3) .................64 2.4.5. ProjectManagement Process MaturityModel (PM2) ..............................66

2.5. Modelo de Maturidade para Project Management Office (PMO).................66 2.6. PMO e Gestão de Portfólio...........................................................................68

3. METODOLOGIA ..................................................................................................73 3.1. O Método Delphi ...........................................................................................73

3.1.1. Vantagens do Método Delphi ................................................................79 3.1.2. Desvantagens do Método Delphi ..........................................................80

3.2. Quanto aos fins.............................................................................................80 3.3. Quanto aos meios.........................................................................................81 3.4. Universo e amostra.......................................................................................81

3.4.1. Universo.................................................................................................81 3.4.2. Amostra .................................................................................................82

3.5. Sujeitos .........................................................................................................82

3.6. Coleta de dados............................................................................................83 3.7. Tratamento de dados....................................................................................84 3.8. Limitação do método ....................................................................................85

4. PESQUISA DE CAMPO ......................................................................................86 4.1. Resultados da Pesquisa ...............................................................................88

4.1.1. Resultado da Primeira Rodada – Técnica Delphi .................................89 4.1.2. Resultado da Segunda Rodada – Técnica Delphi ..............................131

5. CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS ..........................................158 6. CONCLUSÕES..................................................................................................161 7. GLOSSÁRIO ......................................................................................................169 8. REFERÊNCIAS..................................................................................................175 9. ANEXOS ............................................................................................................183

9.1. Anexo I: Fluxo de Processos PMBOK – 4ª Edição (2008).........................183

Figuras

FIGURA 2.1: ESTRUTURA ORGANIZACIONAL NOS PROJETOS – PMI (2008) .....20 FIGURA 2.1.1: ESTRUTURA FUNCIONAL – PMI (2008)...........................................21 FIGURA 2.1.2: ESTRUTURA PROJETIZADA – PMI (2008).......................................22 FIGURA 2.1.3A: ESTRUTURA MATRICIAL FRACA – PMI (2008) .............................24 FIGURA 2.1.3B: ESTRUTURA MATRICIAL BALANCEADA – PMI (2008).................24 FIGURA 2.1.3C: ESTRUTURA MATRICIAL FORTE – PMI (2008).............................25 FIGURA 2.1.4: ESTRUTURA COMPOSTA – PMI (2008) ...........................................26 FIGURA 2.2A: CICLO DE VIDA DE PROJETOS – MEREDITH E MANTEL (2003)....28 FIGURA 2.2B: FASES NO CICLO DE VIDA DE PROJETOS – PMI (2004) ................29 FIGURA 2.2C: CUSTOS E PESSOAL NO CICLO DE VIDA – PMI (2004)..................29 FIGURA 2.2D: GRUPO DE PROCESSOS – PMI (2008) ............................................31 FIGURA 2.2.1A: SUCESSO OPERACIONAL DOS PROJETOS – MANSUR (2009) .32 FIGURA 2.2.1B: SUCESSO OPERACIONAL DE UM PROJETO – MANSUR (2009) 32 FIGURA 2.2.1C: SUCESSO DE UM PROJETO – MANSUR (2009) ...........................33 FIGURA 2.2.2: COMPONENTES PARA O SUCESSO DO PROJETO – PMI (2002) .34 FIGURA 2.2.3A: DISTRIBUIÇÃO POR SETOR DA ECONOMIA – PMI (2009) ..........36 FIGURA 2.2.3B: BENCHMARKING COMO PRÁTICA CORRENTE – PMI (2009) .....36 FIGURA 2.2.3C: BENEFÍCIOS OBTIDOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS –

PMI (2009)............................................................................................................37 FIGURA 2.3.4A: MODELO DE PMO – MANSUR (2009) ............................................46 FIGURA 2.3.4B: IDADE DO PMO – MANSUR (2009).................................................47 FIGURA 2.3.5A: ESCRITÓRIO CORPORATIVO DE PROJETOS – MANSUR (2009)

.............................................................................................................................49 FIGURA 2.3.5B: ESCRITÓRIO DIVISIONAL DE PROJETOS – MANSUR (2009) .....49 FIGURA 2.3.5C: ESCRITÓRIO SETORIAL DE PROJETOS – MANSUR (2009) .......50 FIGURA 2.3.5D: ESCRITÓRIO DEPARTAMENTAL DE PROJETOS – MANSUR

(2009) ...................................................................................................................50 FIGURA 2.3.6: ESTRATÉGIA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS – DINSMORE

(2010) ...................................................................................................................52 FIGURA 2.3.9A: BENCHMARKING – VALOR AGREGADO DO PMO –

PMISURVEY.ORG (2011) ...................................................................................57 FIGURA 2.3.9B: BENCHMARKING – FUNÇÕES DESEMPENHADAS PELO PMO –

PMISURVEY.ORG (2011) ...................................................................................58 FIGURA 2.4.1: MODELO CMM – REPRESENTAÇÃO EM ESTÁGIOS – ADAPTADO

DE CURTIS, HEFLEY E MILLER (1995) ..............................................................59 FIGURA 2.4.3: NÍVEIS DE MATURIDADE – KERZNER (2001) .................................63 FIGURA 2.4.4: CICLO DO OPM3 – PMI (2003) ..........................................................65 FIGURA 2.5: PMO MATURITY CUBE – PINTO, COTA E LEVIN (2010).....................68 FIGURA 2.6A: FUNCIONAMENTO DA GESTÃO DE PORTFÓLIO – PMI (2006) ......69 FIGURA 2.6B: PROCESSO DE GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIO – KENDALL E

ROLLINS (2003)...................................................................................................71 FIGURA 3.1A: SEQUÊNCIA DE EXECUÇÃO DE UMA PESQUISA DELPHI – ESTES

E KUESPERT (1976) ...........................................................................................78 FIGURA 3.1B: SEQUÊNCIA DE EXECUÇÃO DE UMA PESQUISA DELPHI –

SKULMOSKI, HARTMAN E KHRAN (2007) ........................................................79 FIGURA 4.1.1A: PERFIL E SEGMENTO DOS ENTREVISTADOS ............................90 FIGURA 4.1.1B: SEGMENTO DOS ENTREVISTADOS (%) ......................................90

FIGURA 4.1.1C: PARTICIPANTES POR CONTINENTE............................................91 FIGURA 4.1.1D: ESTRUTURA DO PMO ....................................................................93 FIGURA 4.1.1E: ATIVIDADES DO PMO.....................................................................94 FIGURA 4.1.1F: PMO PARTICIPA DO PROCESSO DECISÓRIO DA ÁREA EM QUE

ATUA?..................................................................................................................96 FIGURA 4.1.1G: PMO É ENVOLVIDO NA GOVERNANÇA DA EMPRESA? .............97 FIGURA 4.1.1H: POR QUE O PMO É CONSIDERADO BUROCRÁTICO OU

DESNECESSÁRIO? ............................................................................................99 FIGURA 4.1.1I: QUAL DEVE SER A RELAÇÃO ENTRE PMO E SMO NAS

ORGANIZAÇÕES? ............................................................................................100 FIGURA 4.1.1J: O PMO DEVE SER RESPONSÁVEL PELAS FERRAMENTAS DE

GP? ....................................................................................................................102 FIGURA 4.1.1K: O QUE DEVE SER DEFINIDO PRIMEIRAMENTE: FERRAMENTA

OU PROCESSO?...............................................................................................104 FIGURA 4.1.1L: QUAL ESTRUTURA ORGANIZACIONAL É MAIS ADEQUADA

PARA O PMO?...................................................................................................106 FIGURA 4.1.1M: O PMO DEVE PLANEJAR, EXECUTAR E GERENCIAR O

PORTFÓLIO DA ÁREA OU EMPRESA EM QUE ATUA?..................................107 FIGURA 4.1.1N: QUAIS SÃO OS FATORES DE SUCESSO NA

OPERACIONALIZAÇÃO DE PMOS?.................................................................110 FIGURA 4.1.1O: QUAIS SÃO OS FATORES DE INSUCESSO NA

OPERACIONALIZAÇÃO DE PMOS?.................................................................112 FIGURA 4.1.1P: O COORDENADOR DO PMO DEVE AVALIAR SUA EQUIPE? ....114 FIGURA 4.1.1Q: OS INTEGRANTES DO PMO DEVEM AVALIAR SEUS

COMPANHEIROS?............................................................................................115 FIGURA 4.1.1R: OS INTEGRANTES DO PMO DEVEM SE AUTO AVALIAR?........116 FIGURA 4.1.1S: O PMO DEVE SER AVALIADO POR OUTRAS ÁREAS DA

ORGANIZAÇÃO?...............................................................................................118 FIGURA 4.1.1T: A IMPLANTAÇÃO DE UM PMO DEVE SER REALIZADA COMO

PROJETO? ........................................................................................................119 FIGURA 4.1.1U: É POSSÍVEL PADRONIZAR UMA ESTRUTURAÇÃO DE

CRONOGRAMA, AINDA QUE ATÉ UM DETERMINADO NÍVEL?....................121 FIGURA 4.1.1V: UM PMO PODE CONTRIBUIR PARA UM MAIOR SUCESSO DOS

PROJETOS EM SEUS DIVERSOS SEGMENTOS? .........................................123 FIGURA 4.1.1W: UM PMO PODE AJUDAR NA DIMINUIÇÃO OU ELIMINAÇÃO DE

PROBLEMAS RELACIONADOS A GERENCIAMENTO DE PROJETOS?.......124 FIGURA 4.1.1X: A FALTA DE UM ÓRGÃO DE CONSELHO DE CLASSE (EX: OAB,

CRM, CREA) CONTRIBUI PARA DIFICULDADES E RESISTÊNCIAS EM GP NAS ORGANIZAÇÕES?....................................................................................126

FIGURA 4.1.1Y: PRÁTICAS DE BENCHMARKING EM GP AJUDAM O PMO EM SUAS ATIVIDADES E RESULTADOS? ............................................................127

FIGURA 4.1.1Z: A UTILIZAÇÃO DE INDICADORES DE GP E PMO PODE CONTRIBUIR PARA GERENC. DE PROJETOS MAIS ADEQUADOS E ATINGIMENTO DAS METAS ORGANIZACIONAIS?........................................129

FIGURA 4.1.1AA: COMO DEVE SER COMPOSTO UM PMO DE SUCESSO NAS ORGANIZAÇÕES? ............................................................................................131

FIGURA 4.1.2A: PERFIL E SEGMENTO DOS ENTREVISTADOS ..........................132 FIGURA 4.1.2B: SEGMENTO DOS ENTREVISTADOS (%) ....................................133 FIGURA 4.1.2C: PARTICIPANTES POR CONTINENTE..........................................133 FIGURA 4.1.2D: ESTRUTURA DO PMO ..................................................................134

FIGURA 4.1.2E: ATIVIDADES DO PMO...................................................................136 FIGURA 4.1.2F: PMO PARTICIPA DO PROCESSO DECISÓRIO DA ÁREA EM QUE

ATUA?................................................................................................................137 FIGURA 4.1.2G: PMO É ENVOLVIDO NA GOVERNANÇA DA EMPRESA? ...........138 FIGURA 4.1.2H: POR QUE O PMO É CONSIDERADO BUROCRÁTICO OU

DESNECESSÁRIO? ..........................................................................................139 FIGURA 4.1.2I: QUAL DEVE SER A RELAÇÃO ENTRE PMO E SMO NAS

ORGANIZAÇÕES? ............................................................................................140 FIGURA 4.1.2J: O PMO DEVE SER RESPONSÁVEL PELAS FERRAMENTAS DE

GP? ....................................................................................................................141 FIGURA 4.1.2K: O QUE DEVE SER DEFINIDO PRIMEIRAMENTE: FERRAMENTA

OU PROCESSO?...............................................................................................142 FIGURA 4.1.2L: QUAL ESTRUTURA ORGANIZACIONAL É MAIS ADEQUADA

PARA O PMO?...................................................................................................143 FIGURA 4.1.2M: O PMO DEVE PLANEJAR, EXECUTAR E GERENCIAR O

PORTFÓLIO DA ÁREA OU EMPRESA EM QUE ATUA?..................................144 FIGURA 4.1.2N: QUAIS SÃO OS FATORES DE SUCESSO NA

OPERACIONALIZAÇÃO DE PMOS?.................................................................145 FIGURA 4.1.2O: QUAIS SÃO OS FATORES DE INSUCESSO NA

OPERACIONALIZAÇÃO DE PMOS?.................................................................146 FIGURA 4.1.2P: OS INTEGRANTES DO PMO DEVEM AVALIAR SEUS

COMPANHEIROS?............................................................................................148 FIGURA 4.1.2Q: OS INTEGRANTES DO PMO DEVEM SE AUTO AVALIAR?........149 FIGURA 4.1.2R: É POSSÍVEL PADRONIZAR UMA ESTRUTURAÇÃO DE

CRONOGRAMA, AINDA QUE ATÉ UM DETERMINADO NÍVEL?....................150 FIGURA 4.1.2S: UM PMO PODE CONTRIBUIR PARA UM MAIOR SUCESSO DOS

PROJETOS EM SEUS DIVERSOS SEGMENTOS? .........................................151 FIGURA 4.1.2T: A FALTA DE UM ÓRGÃO DE CONSELHO DE CLASSE (EX: OAB,

CRM, CREA) CONTRIBUI PARA DIFICULDADES E RESISTÊNCIAS EM GP NAS ORGANIZAÇÕES?....................................................................................153

FIGURA 4.1.2U: PRÁTICAS DE BENCHMARKING EM GP AJUDAM O PMO EM SUAS ATIVIDADES E RESULTADOS? ............................................................154

FIGURA 4.1.2V: A UTILIZAÇÃO DE INDICADORES DE GP E PMO PODE CONTRIBUIR PARA GERENC. DE PROJETOS MAIS ADEQUADOS E ATINGIMENTO DAS METAS ORGANIZACIONAIS?........................................156

FIGURA 4.1.2W: COMO DEVE SER COMPOSTO UM PMO DE SUCESSO NAS ORGANIZAÇÕES? ............................................................................................157

FIGURA 6.1: NÍVEL DE FORMALIZAÇÃO DO CARGO GERENTE DE PROJETOS – MATURIDADE BRASIL (2010) ..........................................................................166

Tabelas

TABELA 2.4.1: AFERIDOR DE MATURIDADE DA GERÊNCIA DE QUALIDADE – CROSBY (1979)...................................................................................................60

TABELA 2.4.2A: CMMI – REPRESENTAÇÃO CONTÍNUA – CMMI-SE/SW (2011) ..61 TABELA 2.4.2B: CMMI – REPRESENTAÇÃO POR ESTÁGIOS – CMMI-SE/SW

(2011) ...................................................................................................................62 TABELA 2.4.3: NÍVEIS DE MATURIDADE DE KERZNER (2001) ..............................63 TABELA 2.4.5: NÍVEIS DE MATURIDADE DO MODELO PM2 – CLELAND (2002)....66 TABELA 5.1: CONVERGÊNCIA DAS PERGUNTAS – PRIMEIRA RODADA ..........158 TABELA 5.2: CONVERGÊNCIA DAS PERGUNTAS – SEGUNDA RODADA..........158

14

1. PROBLEMÁTICA

1.1. Contextualização do Problema

O crescimento da área de gerenciamento de projetos tem ocorrido, em todos os

segmentos de negócio, de uma forma acentuada. Esse crescimento pode ser

evidenciado por meio da grande adesão de profissionais à certificação PMP (Project

Management Professional), fornecida pelo PMI (Project Management Institute).

Some-se a isso, no Brasil, a chegada do IPMA (International Project Management

Association) e o surgimento da ABGP (Associação Brasileira de Gerenciamento de

Projetos), ambas com elevado e rápido crescimento de membros e associados.

Além disso, os cursos de especialização em gerenciamento de projetos conduzidos

pelas principais escolas do Brasil, atendendo a número exponencial de alunos é

uma realidade, o que demonstra o interesse nessa área de conhecimento.

Segundo Cleland e Ireland (2002), a disciplina de gerência de projetos surgiu,

de maneira modesta, na década de 1950. Suas primeiras utilizações foram

encontradas na indústria de construção, na área de materiais bélicos e no

desenvolvimento de sistemas. No entanto, Cleland e Ireland (2002) explicam que

indícios de práticas de gerenciamento de projetos, ainda que no sentido informal,

aparecem em construções bastante remotas, como a Grande Pirâmide do Egito, as

antigas catedrais da Europa, e em muitas benfeitorias de infra-estrutura, como

aquedutos, estradas, canais e castelos.

Segundo Dinsmore (2003), a prática em gerenciamento de projetos tem

crescido substancialmente nas organizações, assim como a demanda por métodos

de implantação de metodologias, técnicas e ferramentas associadas a essa área. A

arte de executar projetos se tornou uma das formas de sobrevivência e progresso

das empresas atuais, uma vez que o uso de metodologias de gerenciamento de

projetos produz resultados consideráveis, dentre os quais pode-se destacar: a

redução de custos e prazos, aumento do tempo de vida dos produtos, aumento do

número de clientes e da sua satisfação, além do aumento da probabilidade de

sucesso dos projetos.

Segundo PMI (2008), as áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos

como escopo, prazo, custo, qualidade, pessoas, comunicações, riscos e aquisições

estabelecem um referencial metodológico, proporcionando planejamento e controle

15

de projetos, a partir da integração dessas áreas com desenvolvimento de

procedimentos, requisitos e indicadores para processos de iniciação, planejamento,

execução, encerramento e controle dos projetos.

Ainda conforme o PMI (2008), projetos exigem o envolvimento de profissionais

que, em muitos casos, possuem formação insatisfatória ou inadequada em

gerenciamento de projetos. PMI (2009) identificou que apesar do interesse em

gerenciamento de projetos nas organizações brasileiras ser cada vez maior, o nível

de maturidade em gerenciamento de projetos das mesmas ainda é baixo. Na

realidade, grande parte desses profissionais são envolvidos com operações

rotineiras da empresa e exercem função de gerentes de projeto apenas com base

em experiência técnica prévia de sucesso. A implementação das áreas de

gerenciamento de projetos nas empresas requer o conhecimento da disciplina como

algo que demanda, do praticante, habilidades, atitudes e comportamentos

específicos. Assim, o profissional de gerenciamento de projetos necessita conhecer

e saber utilizar as ferramentas de gestão de tempo, custo, escopo, qualidade,

integração, risco e aquisição.

De acordo com Kerzner (2002), a área de gerenciamento de projetos inclui

também conceitos mais amplos como gerenciamento de programas, gerenciamento

de portfólios, maturidade organizacional em gerenciamento de projetos etc. A partir

de meados da década de 1990, surge o desafio do gerenciamento de múltiplos

projetos. Sendo assim, as empresas são confrontadas com o gerenciamento de

diversos projetos simultaneamente. Nesse momento, novos conceitos como

Escritório de Gerenciamento de Projetos (Project Management Office – PMO)

surgiram, visando fornecer apoio, metodologia e ferramental para gerenciar

adequadamente projetos, independentemente de sua natureza, podendo abarcar

campos como: engenharia, construção, urbanismo, pesquisa e desenvolvimento,

novos produtos, informática, telecomunicações e infra-estrutura.

Para introduzir o conceito de Escritório de Gerenciamento de Projetos (PMO), é

apresentada abaixo a seguinte transcrição: Escritório de Projetos é toda e qualquer estrutura que tenha como objetivo integrar as atividades de gerenciamento de projetos de uma organização, de acordo com as suas metas, estratégias, prioridades e recursos. O papel do Escritório de Projetos cresce nas organizações em função da explosão na quantidade de projetos, bem como na importância que novos projetos assumem na busca de metas empresariais. Já que a procura da prosperidade e a própria

16

sobrevivência das organizações dependem do portfólio de projetos bem priorizados e bem gerenciados, cabe ao Escritório de Projetos o papel de capitanear e facilitar as melhores práticas de gerenciamento de projetos para garantir o cumprimento de metas e de perpetuação da organização. (DINSMORE et al., 2005, p. 7)

Ainda segundo Kerzner (2002), o Escritório de Gerenciamento de Projetos

aparece como o elemento organizacional responsável pela minimização do problema

de falta de processos bem definidos e padronizados, pela divulgação das melhores

práticas de gerenciamento de projetos para toda a organização e pelo fornecimento

da infra-estrutura necessária para um gerenciamento corporativo de projetos. Dessa

forma, tenta-se diminuir índices de falhas, garantindo que os projetos mais

importantes para a organização sejam tratados de forma prioritária.

1.2. Formulação do Problema

Conforme pode ser analisado no estudo do PMI (2009), a maioria dos projetos

falham porque não atingem seus objetivos, extrapolam prazos e custos e/ou não

atendem aos requisitos do cliente ou de qualidade.

Segundo Dinsmore (2003), um adequado gerenciamento proporciona redução

de custos e desperdícios nos processos produtivos e nos processos construtivos. Tal

passa pelos processos de gerenciamento de projetos, que busca aferir qualidade

aos resultados esperados.

Diante da necessidade de controle dos projetos, explicitada na contextualização

do problema, e da pouca referência bibliográfica existente sobre Escritório de

Gerenciamento de Projetos, surgem questionamentos e ideias sobre como deveria

funcionar o PMO nas empresas, de forma a obter resultados consideráveis tangíveis.

Sendo assim, aparecem indagações acerca de: como é possível mensurar o retorno

do investimento do PMO uma vez que o mesmo lida com controle e

acompanhamento de projetos que estão relacionados a processos intangíveis?

Como mostrar às empresas que o PMO, uma vez ligado ao gerenciamento dos

projetos, pode se relacionar com o gerenciamento de portfólio das mesmas,

chegando até o planejamento estratégico de uma área ou da própria organização?

Esses e outros questionamentos podem ser unificados por meio da formulação

da seguinte pergunta de pesquisa: quais os fatores críticos de sucesso na operação

de Escritórios de Gerenciamento de Projeto (PMOs) para suporte e gerenciamento

17

dos projetos nas empresas? Este questionamento será o foco principal deste

trabalho de pesquisa.

1.3. Objetivos

A definição do objetivo é algo fundamental para a construção de um trabalho de

pesquisa, pois conforme dito por Vergara (2010b), o objetivo é um resultado a

alcançar, dando resposta ao problema exposto no trabalho de pesquisa. Ou seja, os

objetivos compõem o cerne de uma pesquisa.

1.3.1. Objetivo principal

O objetivo principal deste trabalho de pesquisa é investigar, a partir da visão de

profissionais de gerenciamento de projetos, os fatores que influenciam a operação

de Escritórios de Gerenciamento de Projetos, identificando seus principais fatores de

sucesso, justificando sua utilização.

1.3.2. Objetivos intermediários

Segundo Vergara (2010b), os objetivos intermediários são aqueles que

necessitam ser atingidos para que o objetivo principal seja alcançado. Seguindo

essa linha de raciocínio, como objetivos intermediários deste trabalho de pesquisa,

destacam-se:

• Entender como funciona um Escritório de Gerenciamento de Projetos;

• Identificar as funções de um Escritório de Gerenciamento de Projetos;

• Identificar e analisar os principais conceitos, ferramentas e melhores

práticas utilizadas na implantação dos Escritórios de Gerenciamento de

Projetos nas organizações;

• Investigar como o Escritório de Gerenciamento de Projetos pode ser útil na

elaboração do portfólio de projetos, alinhado ao planejamento estratégico da

empresa;

• Mostrar como a implantação de um Escritório de Gerenciamento de Projetos

pode auxiliar na estruturação de uma organização, por meio de uma

abordagem focada em projetos;

• Identificar como o Escritório de Gerenciamento de Projetos pode apoiar as

organizações no amadurecimento de seus procedimentos associados ao

gerenciamento de projetos;

18

• Verificar como o Escritório de Gerenciamento de Projetos está relacionado à

melhoria dos processos de negócio das empresas, a partir de um eficiente e

eficaz gerenciamento de seus projetos.

1.4. Hipóteses

Conforme dito por Vergara (2010b), a hipótese (ou suposição) pode ser

entendida como uma antecipação da resposta ao problema de pesquisa. Assim, o

objetivo do trabalho é confirmar ou refutar a hipótese ou suposição.

A partir da análise das respostas de especialistas serão elaborados conceitos

(constructos) que deverão mostrar o quanto as respostas dos mesmos estão

relacionadas com os objetivos intermediários e principal desta pesquisa. Além disso,

serão investigados fatores necessários à implantação e operação exitosas de

Escritórios de Gerenciamento de Projetos.

Sendo assim, seguem abaixo as hipóteses a serem testadas a partir das

respostas dos especialistas, obtidas durante a coleta de dados:

• A implantação de um Escritório de Gerenciamento de Projetos nas

empresas reduz despesas, melhora qualidade e suporta atividades para que

os processos de negócios tenham maior eficácia e eficiência, a partir de um

gerenciamento mais adequado de projetos;

• O Escritório de Gerenciamento de Projetos contribui, com critérios de

controle, para fazer com que o processo de gerenciamento de projetos seja

mais transparente, interativo e eficaz, visando melhores resultados;

• O Escritório de Gerenciamento de Projetos contribui para uma melhor

definição e acompanhamento do portfólio de projetos de uma empresa,

favorecendo o atingimento dos resultados esperados, segundo os

processos de negócio desta empresa.

1.5. Delimitação do Estudo

Esta pesquisa visa investigar fatores chaves na operação de um Escritório de

Gerenciamento de Projetos (PMO), medindo seus resultados e evidenciando seu

relacionamento com os objetivos estratégicos da companhia por meio da execução

do portfólio da empresa.

Este estudo não abordará questões relacionadas ao sucesso na execução ou

implantação de projetos específicos. Para tal, parte-se do princípio de que as

19

empresas devem gerenciar bem seus projetos, sendo este um pré-requisito para o

estudo.

Esta dissertação não abordará especificamente o caso de nenhuma empresa,

não devendo ser feita nenhuma associação a qualquer organização específica.

Além disso, o resultado da pesquisa está relacionado a um grupo de

especialistas em gerenciamento de projetos e PMOs, não tendo sido possível

envolver profissionais de todos os segmentos de negócio com conhecimento nesse

assunto.

1.6. Relevância do Estudo

É natural que ao se implantar um Escritório de Gerenciamento de Projetos, haja

dúvidas sobre seu resultado e retorno, uma vez que, por serem os mesmos

intangíveis, torna-se complexo definir uma fórmula de cálculo para retorno sobre sua

implantação e operação.

Sendo assim, este trabalho buscará informações advindas de análise das

avaliações de especialistas em gerenciamento de projetos sobre o tema em questão,

a fim de propor processos e modelos de Escritório de Gerenciamento de Projetos.

Tal meta visa a redução de custos, a alocação mais eficiente dos funcionários e um

melhor escalonamento das necessidades, para atingir os objetivos de negócio das

empresas.

Já na área de gestão de pessoas, este estudo poderá contribuir de forma

substancial por meio de um aproveitamento otimizado dos recursos que executarão

as inúmeras atividades de gerenciamento de projetos nas organizações.

20

2. REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico desta pesquisa está diretamente relacionado aos

conceitos de gerenciamento de projetos e Escritório de Gerenciamento de Projetos.

2.1. Tipos de Estruturas Organizacionais

Kerzner (2001) define organização como sendo um grupo de pessoas que

necessitam coordenar suas atividades de forma a atender aos objetivos da mesma.

As rápidas mudanças que vêm ocorrendo no ambiente, como aumento da

competitividade, avanços tecnológicos e exigência de um maior controle de recursos

geraram, nos últimos trinta anos, um grande impacto nas estruturas organizacionais.

Dessa forma, surgiu a necessidade das empresas possuírem uma estrutura mais

flexível, a fim de que pudessem estar mais preparadas às mudanças ocorridas no

ambiente.

Conforme demonstrado na figura 2.1, Kerzner (2001) destaca que não existe

um tipo ideal de estrutura organizacional, mas sim estruturas apropriadas e não-

apropriadas as quais devem estar alinhadas aos objetivos da organização.

FIGURA 2.1: ESTRUTURA ORGANIZACIONAL NOS PROJETOS – PMI (2008)

2.1.1. Estrutura Funcional

Segundo o PMI (2008), as estruturas funcionais existem há mais de dois

séculos. Neste tipo de estrutura, as pessoas são agrupadas em funções ou

21

processos de trabalho similares, sendo a autoridade exercida principalmente pelos

gerentes funcionais. Nos últimos anos, devido às constantes alterações ambientais,

as estruturas funcionais passaram a ser questionadas, principalmente devido à

dificuldade em responder rapidamente a mudanças. Na estrutura funcional, os

projetos são desenvolvidos dentro de um departamento técnico da empresa. A figura

2.1.1 apresenta a estrutura funcional.

FIGURA 2.1.1: ESTRUTURA FUNCIONAL – PMI (2008)

Ainda segundo o PMI (2008), as principais vantagens desta estrutura no

contexto de gerenciamento de projetos são o controle centralizado de orçamento e

custo, além de grande disponibilidade no uso de recursos humanos necessários ao

projeto. Como o projeto é desenvolvido dentro de um departamento técnico da

empresa, o gerente funcional deste departamento é o responsável pelo mesmo e os

funcionários da equipe do projeto são lotados no próprio departamento, reportando-

se somente a uma pessoa.

Entretanto, o PMI (2008) também explica que existe uma dificuldade de

responsabilização pelo resultado do projeto, pois apesar do gerente funcional do

departamento técnico ser o responsável pelo mesmo, esta não é sua única função,

gerando dificuldade no acompanhamento de todas as atividades do projeto. Isto é,

não é delegada a responsabilidade total pelo projeto a nenhum funcionário. Outra

desvantagem é que os departamentos onde os projetos são desenvolvidos não

possuem foco no cliente, priorizando as decisões técnicas. Com isso, há dificuldade

em responder rapidamente às necessidades do cliente. Por último, apesar dos

22

canais de comunicação serem verticais e bem estabelecidos, existe dificuldade na

integração de atividades inter-funcionais, pois os gerentes funcionais normalmente

têm problemas em ceder seus recursos, havendo necessidade de intervenção dos

níveis hierárquicos superiores.

Kerzner (2001) ressalta que, apesar das desvantagens apresentadas, a

estrutura funcional pode funcionar bem para o gerenciamento de projetos, desde

que as áreas funcionais se conscientizem em fornecer os recursos necessários para

a execução das atividades, e que a pessoa designada como gerente de projeto

possua a autoridade e responsabilidade necessárias para que não haja conflito com

os gerentes funcionais das áreas dos recursos solicitados.

2.1.2. Estrutura Projetizada

Segundo Kerzner (2001), a grande vantagem da estrutura projetizada é que

somente um indivíduo, o gerente de projetos, detém autoridade completa sobre o

projeto como um todo. Já a principal desvantagem neste tipo de estrutura é que a

organização é replicada para cada projeto, podendo haver duplicidade de esforços e

dificuldade de comunicação entre pessoas de projetos distintos, apesar dos canais

de comunicação dentro do projeto serem eficazes, possibilitando respostas rápidas a

mudanças no desenvolvimento do mesmo. A figura 2.1.2 apresenta a estrutura do

tipo projetizada.

FIGURA 2.1.2: ESTRUTURA PROJETIZADA – PMI (2008)

Segundo o PMI (2008), outra vantagem desta estrutura é que ela é mais

simples e flexível que a estrutura funcional, podendo ser implantada mais

23

rapidamente. Além disso, todos os participantes do projeto encontram-se sob

responsabilidade de uma única pessoa: o gerente de projeto. Como a estrutura é

criada para o projeto, existem menos conflitos entre as áreas, permitindo que a alta

gerência executiva tenha mais tempo para tomada de decisões. Apesar do número

de conflitos entre áreas ser menor, a troca de informações entre as mesmas é

pequena. Outra desvantagem é que um especialista em determinada tecnologia ou

assunto tende a ser alocado em um projeto quando está disponível e não quando é

necessário, ficando retido ao mesmo por um tempo maior que o necessário.

2.1.3. Estrutura Matricial

De acordo com a Wikipedia (2012), a departamentalização matricial ou

estrutura matricial é um tipo híbrido de departamentalização, no qual equipes

compostas por pessoas de diversas especialidades são reunidas com o objetivo de

realizar tarefas com características temporárias. A estrutura matricial evoluiu a partir

da estrutura funcional tradicional, aliada a dinamicidade das estruturas de projeto ou

produto.

De acordo com Kerzner (2001), a estrutura matricial é uma tentativa de

combinar as vantagens da estrutura projetizada e da estrutura funcional. São criadas

equipes de projeto com representantes das diversas áreas funcionais pertinentes

sob a responsabilidade do gerente de projeto. O gerente de projeto tem total

responsabilidade pelo sucesso do mesmo, enquanto que as gerências funcionais

são responsáveis por disponibilizar os recursos, humanos ou técnicos, necessários a

sua execução.

O PMI (2008) explica que a estrutura matricial pode se apresentar sob diversas

formas. A primeira delas é a estrutura matricial fraca. Ela é mais parecida com a

estrutura funcional e nela os gerentes funcionais possuem maior poder, em

comparação ao gerente de projeto. O segundo tipo é a estrutura matricial

balanceada onde o gerente de projeto e os gerentes funcionais possuem o mesmo

nível de influência sobre os membros da equipe. O terceiro tipo é a estrutura

matricial forte. Este tipo de estrutura se aproxima mais da estrutura projetizada onde

o gerente de projeto possui uma maior influência sobre os membros da equipe que

os gerentes funcionais. As figuras 2.1.3A, 2.1.3B e 2.1.3C apresentam os tipos de

estrutura matricial.

24

FIGURA 2.1.3A: ESTRUTURA MATRICIAL FRACA – PMI (2008)

FIGURA 2.1.3B: ESTRUTURA MATRICIAL BALANCEADA – PMI (2008)

25

FIGURA 2.1.3C: ESTRUTURA MATRICIAL FORTE – PMI (2008)

Segundo Cleland e Ireland (2002), um dos principais problemas que podem

ocorrer em uma estrutura matricial é o grande potencial de ocorrência de conflitos

entre o gerente funcional e o gerente de projeto, em relação à disponibilização de

recursos. Neste tipo de estrutura devem existir métodos eficientes de resolução de

conflitos, pois tal pode consumir bastante tempo da gerência executiva. Tanto os

gerentes funcionais quanto os gerentes de projeto devem estar preparados para

negociar os recursos necessários para seus projetos. Uma vantagem desta estrutura

é que existe um único responsável pelo projeto como um todo (gerente de projetos),

mantendo controle efetivo sobre todos os recursos necessários ao mesmo. Por outro

lado, os funcionários participantes de equipes de projeto sentem dificuldades ao

terem que se reportar, simultaneamente, a vários gerentes.

Giglioti (2006) observa que os principais executivos de uma empresa

normalmente temem implantar uma estrutura matricial por pensarem que esta

acarretará em mudanças radicais na estrutura organizacional da empresa.

Entretanto, esse temor não tem fundamento, pois a estrutura matricial nada mais é

do que uma superposição horizontal sobre a estrutura tradicional. Ou seja, a

estrutura matricial é uma estrutura temporária, criada no início do projeto e extinta ao

seu término.

2.1.4. Estrutura Composta

A maioria das organizações modernas possui estruturas apresentadas em

vários níveis, conforme mostrado na figura 2.1.4. Segundo PMI (2008), uma

26

organização fundamentalmente funcional pode necessitar criar uma equipe de

projeto especial para cuidar de um projeto crítico. Essa equipe pode ter muitas das

características de uma equipe de projeto em uma organização projetizada. A equipe

pode incluir pessoal de diferentes departamentos funcionais trabalhando em tempo

integral, pode desenvolver seu próprio conjunto de procedimentos operacionais e

pode operar fora da estrutura hierárquica formal padrão.

FIGURA 2.1.4: ESTRUTURA COMPOSTA – PMI (2008)

2.2. Gerenciamento de Projetos

Conforme explicado por Dinsmore (2010), durante as últimas décadas, a área

de gerenciamento de projetos tem se fortalecido em inúmeras empresas.

Capacidades individuais em gerenciamento de projetos têm se tornado cada vez

mais fortes, como resultado de uma combinação de especialistas em processos e

práticas de gerenciamento de projetos, implementação de programas de treinamento

e introdução a ferramentas automatizadas que utilizam conceitos e tecnologia

avançados. Como resultado, gerentes de projeto que praticam esses princípios

estão engajados nas regras de um especialista técnico, da mesma forma que um

líder de negócio do projeto.

O gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de cumprir seus requisitos. Esta aplicação de conhecimentos requer o gerenciamento eficaz de processos apropriados. (PMI 2008, p. 37)

27

Segundo Kerzner (2001), um projeto é uma série de atividades ou tarefas

multifuncionais, possuindo um objetivo específico a ser completado, dentro de um

tempo definido, com prazos e recursos limitados.

Para Thiry-Cherques (2004), um projeto é definido como sendo uma

organização transitória, que compreende uma sequencia de atividades dirigidas à

geração de um produto ou serviço único em um tempo dado.

De acordo com o PMI (2008), um projeto possui um esforço temporário,

empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. Os projetos e as

operações diferem, principalmente, no fato de que os projetos são temporários e

exclusivos, enquanto as operações são contínuas e repetitivas. Um projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A sua natureza temporária indica um início e um término definidos. O término é alcançado quando os objetivos tiverem sido atingidos ou quando se concluir que esses objetivos não serão ou não poderão ser atingidos e o projeto for encerrado, ou quando o mesmo não for mais necessário. Temporário não significa necessariamente de curta duração. Além disso, geralmente o termo temporário não se aplica ao produto, serviço ou resultado criado pelo projeto. (PMI 2008, p. 11)

Normalmente, os projetos são componentes críticos na estratégia de negócios

da organização. Tarefas cotidianas diferem dos projetos, principalmente porque as

primeiras são contínuas e repetitivas, enquanto os últimos são temporários e únicos.

Os projetos frequentemente interagem com outros projetos que estão sendo

executados simultaneamente pelas organizações. Entretanto, os projetos também

interagem com as operações rotineiras em execução nessas empresas.

Segundo Meredith e Mantel (2003), o gerente de projetos vive em um mundo

caracterizado pelo conflito. Os projetos competem com os departamentos funcionais

quanto a recursos (humanos ou não). O time do projeto está em conflito quase

constante pelos recursos do projeto e pelo papel de liderança na solução dos

problemas do projeto.

Ainda segundo Meredith e Mantel (2003), os envolvidos no projeto

(stakeholders) definem o sucesso ou falha dos projetos. O cliente quer vantagens e

as organizações almejam o lucro. Profissionais que trabalham nos projetos são

frequentemente responsáveis por duas ou mais chefias ao mesmo tempo, com

prioridades e objetivos diferentes.

28

Kerzner (2002) comenta que o objetivo básico para a realização de um projeto

é executar metas específicas. O motivo para organizar uma tarefa em forma de

projeto é focalizar em uma pessoa ou grupo a responsabilidade e autoridade para a

condução das metas. Desta forma, a expectativa do gerente de projetos é coordenar

e integrar todas as atividades necessárias para alcançar os objetivos do projeto.

Meredith e Mantel (2003) argumentam que, como um projeto consiste em um

conjunto de tarefas planejadas e executadas para atingir objetivos definidos, pode-

se dizer que as atividades de um projeto ocorrem ao longo de um ciclo de vida

divididas em diversas fases (estágios).

Ainda segundo Meredith e Mantel (2003), a maioria dos projetos passa por

estágios similares em seu caminho entre a origem e a conclusão. Esses estágios

são definidos como ciclo de vida do projeto. Conforme a figura 2.2A, o projeto é

iniciado, os recursos são escolhidos, a equipe é montada e o trabalho é planejado.

Em seguida, o trabalho passa por um momento de rápida evolução e progresso.

Entretanto, a conclusão possui uma duração irregular, pois existe um número de

atividades que devem se agrupar ao final.

FIGURA 2.2A: CICLO DE VIDA DE PROJETOS – MEREDITH E MANTEL (2003)

O PMI (2008) não fornece uma nomenclatura específica para as diversas fases

do ciclo de vida de um projeto. As peculiaridades de cada projeto é que irão

determinar as melhores escolhas para essa divisão. A figura 2.2B apresenta um

exemplo de ciclo de vida genérico de um projeto.

29

Ainda conforme o PMI (2008), as fases de um projeto são etapas onde o

controle é necessário para gerenciar de forma efetiva o término de uma entrega

importante. Geralmente, as fases são terminadas sequencialmente, mas podem se

sobrepor em algumas situações.

FIGURA 2.2B: FASES NO CICLO DE VIDA DE PROJETOS – PMI (2004)

Segundo o PMI (2008), independentemente do número de fases de um ciclo de

vida de um projeto, durante o mesmo, seus custos e recursos não são

uniformemente distribuídos. A figura 2.2C apresenta como os custos e recursos de

um projeto são geralmente distribuídos:

FIGURA 2.2C: CUSTOS E PESSOAL NO CICLO DE VIDA – PMI (2004)

30

Independentemente da forma de avaliar o ciclo de vida de um projeto, há uma

grande incerteza no que tange a seu escopo, prazo e custo. Essa incerteza é bem

maior no início, diminuindo na medida em que se aproxima sua conclusão,

caracterizando riscos durante sua execução.

O PMI (2008) infere que, se um processo é um conjunto de ações e atividades

inter-relacionadas e executadas para alcançar um produto, resultado ou serviço

predefinido, os processos de gerenciamento de projetos garantem o fluxo eficaz do

projeto ao longo de sua existência. Os processos de gerenciamento de projetos são

agrupados em cinco categorias, conhecidas como grupos de processos de

gerenciamento de projetos:

• Grupo de processos de iniciação: realizados para definir um novo projeto ou

uma nova fase de um projeto existente, por meio da obtenção de

autorização para iniciar o projeto ou a fase;

• Grupo de processos de planejamento: realizados para definir o escopo do

projeto, refinar os objetivos e desenvolver o curso de ação necessário para

alcançar os objetivos para os quais o projeto foi criado;

• Grupo de processos de execução: realizados para executar o trabalho

definido no plano de gerenciamento do projeto, visando satisfazer as

especificações do mesmo;

• Grupo de processos de monitoramento e controle: realizados para

acompanhar, revisar e regular o progresso e o desempenho do projeto,

identificar todas as áreas nas quais serão necessárias mudanças no plano e

iniciar as mudanças correspondentes;

• Grupo de processos de encerramento: realizados para finalizar todas as

atividades de todos os grupos de processos, visando encerrar formalmente o

projeto ou a fase.

A relação entre os processos de gerenciamento de projetos é demonstrada abaixo,

na figura 2.2D. É importante ressaltar que os grupos de processos não são fases do

projeto, conforme explicitado acima.

31

FIGURA 2.2D: GRUPO DE PROCESSOS – PMI (2008)

A fim de classificar os processos pertinentes aos grupos acima explicitados, o

PMI (2008) efetuou a divisão de atuação destes processos segundo nove áreas de

conhecimento: integração, escopo, tempo, custo, qualidade, recursos humanos,

comunicações, riscos e aquisições. Os grupos de processos juntamente com as

áreas de conhecimento estão ilustrados no Anexo I deste trabalho.

2.2.1. Sucesso e Fracasso

Conforme Mansur (2009), a taxa de crescimento do sucesso operacional dos

projetos no Brasil vem aumentando a uma taxa média de 11,1% ao ano, graças ao

sucesso das iniciativas e técnicas de gerenciamento de projetos, conforme

demonstrado na figura 2.2.1A. Sendo assim, o nível de preocupação das

organizações com o sucesso dos projetos é bastante grande. Na pesquisa realizada

por Mansur com gerentes de projeto em organizações de diversos segmentos,

apenas 32% dos pesquisados conseguiram explicar as principais diferenças entre o

sucesso operacional e sucesso de um projeto. Destes, 74% implantaram um PMO

para assegurar o sucesso operacional dos projetos, enquanto que 48% pretendem

implantar um PMO para suportar e apoiar a equipe de operações, buscando o

sucesso do projeto.

32

FIGURA 2.2.1A: SUCESSO OPERACIONAL DOS PROJETOS – MANSUR (2009)

Vale ressaltar que, ainda segundo Mansur (2009), o sucesso operacional de um

projeto ocorre quando seus entregáveis ocorrem dentro da variabilidade acordada e

planejada de qualidade, satisfação do cliente, escopo, custo e prazo, conforme

explicitado na figura 2.2.1B. Por outro lado, conforme demonstrado na figura 2.2.1C,

o sucesso de um projeto ocorre quando o retorno de investimento realizado nas

operações diárias está dentro da viabilidade acordada.

FIGURA 2.2.1B: SUCESSO OPERACIONAL DE UM PROJETO – MANSUR (2009)

33

FIGURA 2.2.1C: SUCESSO DE UM PROJETO – MANSUR (2009)

2.2.2. Competências em Gerenciamento de Projetos

Para Kerzner (2001), o gerente de projetos é o profissional que comanda o

projeto. Para isso, não basta conhecer as melhores práticas nem dispor das

melhores ferramentas. É preciso, também, gerenciar pessoas. Dessa forma, o

sucesso do projeto depende do desempenho do seu gerente de projetos e o

desempenho do gerente de projetos depende, fundamentalmente, das suas

competências profissionais e de sua atuação gerencial, tornando possível a

aplicação das melhores práticas de gerenciamento de projetos com eficácia e

eficiência.

O PMI (2002), em seu Modelo de Desenvolvimento de Competências para

Gerentes de Projeto (Project Manager Competency Development – PMCD), define

competência como um grupo relacionado de conhecimento, habilidades, atitudes e

outras características pessoais que afetam a principal parte de um trabalho. O

modelo PMCD se desdobra nas seguintes dimensões:

• Conhecimento em gerenciamento de projetos: o que o indivíduo conhece

sobre gerência de projetos;

• Desempenho em gerenciamento de projetos: o que o individuo é capaz de

fazer ou realizar ao aplicar seu conhecimento;

• Competências pessoais: como o indivíduo se comporta ao realizar um

projeto ou uma tarefa.

34

A figura 2.2.2 evidencia que tanto as competências individuais do gerente de

projeto quanto a maturidade da organização fornecem apoio para o sucesso do

projeto e que ambos são influenciados por diversas contingências e variáveis

reguladoras.

FIGURA 2.2.2: COMPONENTES PARA O SUCESSO DO PROJETO – PMI (2002)

De acordo com Ancieto, Moura e Varella (2010), o gerente competente

reconhece sua função gerencial, analisando o projeto como um empreendimento

que deve entregar seu produto como resultado final. Dessa forma, o gerente

competente precisa dominar três conjuntos de elementos: conhecimentos, técnicas e

ferramentas; competências gerenciais; e competências pessoais.

Ainda segundo Ancieto, Moura e Varella (2010), as Estratégias de Atuação do

Gerente Competente (EAC) foram elaboradas para que o gerente de projetos

pudesse: ser mais produtivo com sua equipe e com os demais envolvidos no projeto;

administrar a comunicação e o relacionamento; projetar visões claras; e inspirar,

motivar, estabelecer um ambiente de trabalho estimulante, de cooperação e

compromisso com o sucesso do projeto.

2.2.3. Benchmarking em Gerenciamento de Projetos

O estudo de benchmarking em gerenciamento de projetos no Brasil surgiu com

o objetivo de auxiliar as empresas a responder perguntas como: “Estão sendo

adotadas as melhoras práticas?” ou “Os processos da empresa são eficientes em

35

relação aos das empresas do mesmo setor?”. Até 2003, perguntas como essas

ficavam sem resposta por não haver no Brasil nenhum tipo de estudo que retratasse

a realidade do cenário brasileiro.

Segundo Kerzner (2002), benchmarking é o processo de comparação e

mensuração continuadas de uma organização com empresas de qualquer parte do

mundo, de forma a ajudá-la na obtenção de informações capazes de aperfeiçoar seu

desempenho e posição competitiva. Kerzner (2002) explica que o benchmarking

pode segmentar-se da seguinte forma:

• Benchmarking interno: são comparadas atividades ou processos realizados

em unidades internas da organização, com vistas a disseminar as melhores

práticas por todas as demais unidades da mesma;

• Benchmarking competitivo: são comparados produtos, serviços ou

processos próprios de várias organizações concorrentes no mesmo

segmento, com vistas a identificar os de melhor resultado;

• Benchmarking genérico: são comparados processos similares entre

organizações, independentemente do setor de atuação (empresas

concorrentes ou não concorrentes). A intenção é identificar as melhores

práticas de gestão, de forma genérica.

Ainda conforme Kerzner (2002), planejar, coletar, analisar, adaptar e melhorar

são as cinco etapas importantes para que o benchmarking possa ser usado como

uma ferramenta de análise e otimização da realidade empresarial.

De acordo com a figura 2.2.3A do PMI (2009), o estudo de benchmarking em

gerenciamento de projetos no Brasil tem por objetivo apresentar um perfil de

importantes setores da economia, no que diz respeito a gerenciamento de projetos,

oferecendo: estatísticas sobre práticas de gerenciamento de projetos utilizadas, nível

de adequação dos setores da economia às melhores práticas, ferramentas e

técnicas mais utilizadas, perspectivas e tendências em gerenciamento de projetos,

entre outros.

Na figura 2.2.3B do PMI (2009) é possível analisar como se comporta a prática

de utilização de benchmarking nas organizações, observando-se que mais da

metade delas não faz uso dessa prática.

36

FIGURA 2.2.3A: DISTRIBUIÇÃO POR SETOR DA ECONOMIA – PMI (2009)

FIGURA 2.2.3B: BENCHMARKING COMO PRÁTICA CORRENTE – PMI (2009)

Na figura 2.2.3C do PMI (2009), é possível verificar como a prática de

benchmarking em gerenciamento de projetos pode auxiliar as organizações na

identificação dos benefícios obtidos a partir do gerenciamento de projetos. Vale

pontuar que o histórico de informações fornece mais segurança nas justificativas

para tomada de decisão.

37

FIGURA 2.2.3C: BENEFÍCIOS OBTIDOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS –

PMI (2009)

2.3. Escritório de Gerenciamento de Projetos (Project Management Office)

2.3.1. O que é um PMO

Segundo o PMI (2008), um Escritório de Gerenciamento de Projetos (Project

Management Office – PMO) é um corpo ou entidade organizacional à qual são

atribuídas várias responsabilidades relacionadas ao gerenciamento centralizado e

coordenado dos projetos sob seu domínio. As responsabilidades de um PMO podem

variar desde fornecer funções de suporte ao gerenciamento de projetos até ser

responsável pelo gerenciamento direto de um projeto.

Ainda de acordo com o PMI (2008), os projetos administrados ou suportados

pelo PMO podem ter em comum apenas o fato de serem gerenciados

conjuntamente. Por outro lado, a forma, função e estrutura específicas de um PMO

dependem das necessidades da organização à qual ele dá suporte.

De acordo com Hill (2008), as demandas dos atuais gerentes de projeto geram

o reconhecimento e necessidade de uma entidade organizacional (PMO) para

executar funções de modo a alcançar um ou mais dos seguintes objetivos

operacionais:

38

• Integração de negócios: via o gerenciamento múltiplo de projetos (ou

programa) que servem a uma unidade de negócio, caracterizando um

ambiente organizacional para o gerenciamento de projetos;

• Agrupamento de todos os participantes envolvidos no projeto (stakeholders)

e ferramentas (sistemas automatizados) que gerenciam ou automatizam o

projeto.

Hill (2008) explica que, em ambos os casos, o PMO ajuda tanto o gerente de

projetos quanto a organização a entenderem e aplicarem práticas profissionais de

gerenciamento de Projetos, além de adaptar e integrar interesses de negócio ao

ambiente de gerenciamento de projetos ao qual o PMO está associado.

De acordo com Dinsmore, Englund e Graham (2003), a empresa é a unidade

de negócio ou departamento que é influenciada pelas funções do PMO, além de

receber benefícios diretos das operações desse PMO. A organização patrocinadora

é a unidade de negócio ou departamento que elabora e implementa as

funcionalidades do PMO, provendo seus recursos, além de ser responsável pelas

funcionalidades operacionais, funcionais e estratégicas do PMO. No mundo ideal,

essas duas organizações são a mesma entidade. Entretanto, não é comum para

uma organização patrocinadora estabelecer um PMO para seu próprio benefício. A

ideia é estabelecer um PMO que represente as necessidades e interesse de toda a

organização.

Ainda conforme Dinsmore, Englund e Graham (2003), o alinhamento do PMO

com a estrutura organizacional pode ser um indicador de autoridade e

responsabilidade. O aprofundamento e extensão das responsabilidades funcionais

do PMO guiarão seu estabelecimento em uma organização.

Segundo Hill (2008), cinco estágios de capacitação contínua de um PMO

devem ser considerados, representando etapas progressivas de desenvolvimento do

mesmo. Cada estágio sugere um nível particular de capacidade funcional que o

PMO terá alcançado, se as funções forem implementadas integralmente. Esses

estágios também são indicativos da maturidade organizacional em gerenciamento de

projetos.

Ainda de acordo com Hill (2008), seguem abaixo os cinco estágios de

capacitação contínua de um PMO:

• Primeiro estágio: é o estágio mais simples do PMO no ambiente de

gerenciamento de projetos. O PMO existe como um domínio do gerente de

39

projetos, que é o responsável pelo sucesso no desempenho de um ou mais

projetos. O PMO fornece capacitação para assegurar excelência na

aplicação das práticas mundiais em gerenciamento de projetos para cada

projeto. Entretanto, o PMO implementa e monitora regras de desempenho

dos projetos no nível do time do projeto, além de executar uma variedade de

atividades essenciais de gerenciamento de projetos como: aplicar princípios

e práticas em gerenciamento de projetos modernos, utilizando a habilidade e

conhecimento do gerente de projetos; servir como interface direta no

gerenciamento de desempenho do time do projeto; aplicar orientação

organizacional na forma de políticas, padrões e decisões executivas para

cada projeto; servir como o primeiro nível de acompanhamento de projetos

e, algumas vezes, o maior nível de acompanhamento técnico (considerando

que os PMOs de maior estágio introduzem métodos e procedimentos);

• Segundo estágio (PMO Básico): é o primeiro nível onde há interação do

PMO com múltiplos projetos e controle. Este fornece capacitação necessária

para controlar múltiplos projetos relacionados ao desempenho de múltiplos

gerentes de projeto (em algumas empresas, este estágio é tradicionalmente

conhecido como o Escritório de Gerenciamento de Programas e representa

o domínio do gerente de programas). O PMO tem usualmente um pessoal

pequeno sob seu comando e desempenha uma variedade de atividades

centralizadas de gerenciamento de projetos, como: ser responsável pelo

estabelecimento de um padrão de condução do gerenciamento de projetos

na organização; prover os significados para compilar resultados e análises

de status e progresso do projeto como base de identificação e resposta para

variação e avaliação de projetos; introduzir gerenciamento de projetos como

uma disciplina profissional na organização a partir de padrões aplicáveis;

designar gerentes de projeto qualificados, treinar e capacitar times de projeto

além de especificar regras e responsabilidades para os envolvidos no

ambiente de gerenciamento de projetos;

• Terceiro estágio (PMO Padrão): neste estágio a competência contínua de

um PMO representa a essência de um PMO completo e compreensível.

Introduz um novo foco no suporte que aperfeiçoa o desempenho individual e

de projeto. As funcionalidades do PMO neste terceiro estágio são a solução

para as organizações que buscam implementar gerenciamento de projetos

40

como capacitação principal de negócio ou aumentar a sua maturidade em

gerenciamento de projetos. O PMO padrão desempenha controle

centralizado de gerenciamento de projetos, com ênfase nos processos de

introdução e prática de suporte. Essas atividades incluem: servir como

centro de suporte para gerenciamento de projetos na organização; funcionar

como interface entre o ambiente de negócios e o ambiente de

gerenciamento de projetos; atuar como facilitador de processos e práticas de

gerenciamento de projetos; servir como um representante de ambiente de

gerenciamento de projetos para a alta administração; operar como uma

entidade organizacional reconhecida que, direta ou indiretamente, influencia

o uso dos recursos nos projetos, incluindo questões como obtenção de

recursos para o projeto, qualificação, treinamento e avaliação;

• Quarto estágio (PMO Avançado): seu foco está na integração dos interesses

e objetivos de negócio ao ambiente de gerenciamento de projetos. Isso

implica em introduzir práticas comuns a serem aplicadas tanto para

processos de gerenciamento de projetos como para processos de negócio,

ou seja, o PMO avançado ajuda na criação de um ambiente projetizado de

negócios. Este estágio possui um grande potencial para alinhamento direto

dos recursos. Em particular, a equipe sob comando do PMO é aumentada

para incluir recursos profissionais e administrativos necessários para

desenvolver, implementar e gerenciar grandes processos, programas e

funcionalidades. O PMO avançado executa controle centralizado de

gerenciamento de projetos e suporte de atividades, representando uma

organização de gerenciamento de projetos madura e orientada ao negócio.

Essas atividades incluem: ficar mais próximo a uma unidade de negócio;

colaborar com unidades de negócio nas organizações e participar no

desenvolvimento ou adaptação dos processos e práticas que são comuns

tanto para o ambiente de negócios quanto para o gerenciamento de projetos;

e fornecer conhecimentos específicos do “estado de arte” dos processos e

práticas de gerenciamento de projetos. A equipe sênior é requisitada em

tempo integral, sendo formada por profissionais bastante especializados,

que possuem conhecimentos avançados não só de gerenciamento de

projetos como também na atividade fim (negócio) da organização. Esses

41

profissionais ajudam a implementar funcionalidades como serviços de

mentoring, auditoria de projetos e serviços de recuperação de projeto;

• Quinto estágio (Centro de Excelência): é usualmente designado como um

negócio separado e distinto na organização. Normalmente, há um executivo

responsável pelo centro de excelência e este profissional deve reportar-se

ou ter acesso direto ao CEO (Chief Executive Officer) ou qualquer outro

executivo relevante na organização. Embora esteja no topo da competência

contínua do PMO, o centro de excelência é uma entidade única de

gerenciamento de projetos e não desempenha necessariamente todas as

funcionalidades operacionais. Há duas perspectivas acerca de como o

centro de excelência pode ser estabelecido. Na primeira, ele pode ser criado

como um resultado do aumento e expansão de um PMO de estágio inferior,

ocorrendo quando uma empresa pequena evolui para média. Na segunda,

ele pode ser estabelecido independentemente de qualquer PMO existente,

com o objetivo de prover a orientação estratégica do negócio e da direção

aos PMOs subordinados. Esse pode ser o caso de uma organização grande

e global, onde o centro de excelência provê alguns aspectos de controle e

suporte para os interesses regionais do PMO. Consequentemente, o centro

de excelência assume um alinhamento estratégico na organização e guia o

ambiente de gerenciamento de projetos no seu esforço contínuo, o que

inclui: prover direção e influência para todas as operações de gerenciamento

de projetos; construir tanto o ambiente de gerenciamento de projetos quanto

criar consciência aos envolvidos no projeto; patrocinar e conduzir estudos e

avaliações de funcionalidades de gerenciamento de projeto e efetividade de

negócio, com foco particular nas suas próprias operações ou nos PMOs

subordinados; representar interesses de negócio das organizações no

ambiente de gerenciamento de projetos e vice versa.

Segundo Mansur (2009), existem várias definições para Escritório de

Gerenciamento de Projetos. Uma das abordagens com grande força no mercado é o

posicionamento do PMO dentro das atividades, áreas e departamentos das

empresas. Em uma dessas definições, os PMOs são estruturas organizacionais de

alto valor para os treinamentos dos gerentes e equipes de projeto e para o

desenvolvimento de habilidades de gerenciamento de projetos. Mansur (2009)

explica que seus resultados podem ser medidos pelas seguintes metas:

42

• Aumento da capacidade da organização em assegurar a realização dos

projetos em conformidade com padrões estabelecidos;

• Aumento do nível do alinhamento dos projetos com a estratégia corporativa;

• Aumento do nível das melhorias obtidas com o uso das práticas em

gerenciamento de projetos;

• Aumento do nível do valor agregado dos projetos da empresa.

Dessa forma, o PMO deve buscar, a todo tempo, uma aceitável padronização

de processos, a fim de atender as diferentes realidades dos projetos nas

organizações.

Segundo Gonsalez e Rodrigues (2002), o PMO é uma entidade organizacional

formalmente estabelecida, responsável por definir, uniformizar e defender padrões,

processos, métricas e ferramentas; oferecer serviços de gerenciamento, treinamento

e documentação; garantir o alinhamento das iniciativas à estratégia organizacional e

confeccionar relatórios de progresso e acompanhamento dos projetos a fim de

enviá-los aos seus patrocinadores. Gonsalez e Rodrigues (2002) explicam que, para

atender às atividades supracitadas, é importante dividir o PMO em três níveis,

citados conforme a seguinte transcrição:

O Escritório de Controle de Projetos é uma relação entre o grau de maturidade da empresa e os objetivos que se pretende atingir. Escritório de Gerenciamento de Projetos Nível 1 O Escritório de Controle de Projetos utiliza softwares de gerenciamento, mas os dados não são integrados, os resultados não são evidentes e existem processos de gerenciamento de projetos para planejamento, previsão de prazos, acompanhamento e custo. Escritório de Gerenciamento de Projetos Nível 2 O Escritório de Suporte de Projetos apresenta uma abordagem padronizada, um sistema de gerenciamento definido e se gasta muito tempo com modelos e análises. Escritório de Gerenciamento de Projetos Nível 3 O Escritório de Projetos Estratégico apresenta processos em constante aperfeiçoamento, os sistemas atendem à alta gerência, as informações são confiáveis e os recursos são otimizados. (GONSALEZ & RODRIGUES, 2002, p. 39)

2.3.2. Histórico do PMO

Os primeiros PMOs surgiram na década de 1950 nas organizações

aeroespaciais e de defesa. Segundo Kerzner (2002), seu histórico e evolução

podem ser divididos em três grandes fases:

43

• 1950-1990: neste período, o PMO funcionou como um setor de projetos

para um grupo de clientes, sendo composto de uma equipe de gestão de

projetos destinada a trabalhar com um projeto específico (geralmente um

grande projeto) ou com um programa. Seu objetivo principal era aproximar-

se do cliente, estabelecendo uma organização dedicada a ele. O PMO

tornou-se uma organização dentro da organização. As despesas, que eram

bancadas pelo cliente, não eram consideradas de extrema importância, e

sim a tecnologia e os prazos.

• 1990-2000: a década de 1990 teve início com uma recessão que exerceu

uma forte pressão sobre a gestão das empresas, na busca por eficiência e

eficácia. Dessa forma, as organizações passaram a considerar técnicas não

tradicionais, como a gestão de projetos, sendo seus benefícios

reconhecidos como aplicáveis aos diversos setores da economia. As

organizações começaram a identificar as atividades críticas de

gerenciamento de projetos e as colocaram sob a supervisão do PMO:

padronizações de planejamento, controle e relatórios; procedimento de

benchmarking; identificação das melhores práticas; condução de programas

de treinamento em gerenciamento de projetos; avaliação de risco; dentre

outros.

• 2000-atual: Neste período, os PMOs se tornaram mais comuns na estrutura

das organizações e nos mais diversos segmentos econômicos pelo mundo,

melhorando o gerenciamento de projetos da organização. Os PMOs

agregaram a responsabilidade de manter toda a propriedade intelectual

relativa à gestão de projetos, além de sustentar o planejamento estratégico

da corporação. Dessa forma, o PMO passou a exercer suporte aos níveis

executivos da organização, necessitando cada vez mais de um eficiente

sistema de informações.

2.3.3. Funções de um PMO

Segundo o PMI (2008), um PMO pode coexistir com qualquer uma das

estruturas organizacionais, inclusive com a funcional. A função de um PMO em uma

organização pode variar desde assessoria, limitada à recomendação de políticas e

procedimentos específicos sobre projetos individuais, até concessão formal de

autoridade pela gerência executiva. Nesse caso, o PMO pode delegar sua

44

autoridade ao gerente de projetos específico. O gerente de projetos terá apoio

administrativo do PMO por intermédio de funcionários dedicados ou de um

funcionário compartilhado.

Segundo Hill (2008), existem diversos grupos de função para aplicação de

soluções de controle e suporte em gerenciamento de projetos. Essas funções

possuem uma influência combinada no ambiente de negócios e no ambiente de

gerenciamento de projetos das organizações. Também há inter-relações entre a

maioria das funções do PMO.

Conforme Hill (2008), as funções do PMO estão agrupadas em cinco

categorias explicitadas a seguir:

• Gerenciamento de práticas: esta categoria estabelece processos e práticas

de gerenciamento de projetos, introduz ferramentas de gerenciamento de

projetos, especifica padrões de desempenho e métrica de projetos, e cria

um ambiente colaborativo de gerenciamento de projetos que guia o

gerenciamento de informações de projeto e inclui acesso para arquivos de

projeto e referências bibliográficas.

• Gerenciamento de infra-estrutura: esta categoria examina o estado corrente

do gerenciamento do projeto, elabora planos para o estado futuro e introduz

as políticas e mecanismos necessários para alcançar competência e

capacidade organizacional além de objetivos de maturidade. Esta categoria

também ajuda na definição da estrutura do projeto e na necessidade de

envolvimento do stakeholder para suportar o sucesso do desempenho do

projeto, além de fornecer facilidades e equipamentos necessários para

cumprir os objetivos do projeto.

• Integração de Recursos: esta categoria habilita o PMO a colaborar com

gerentes departamentais para adquirir, associar e gerenciar gerentes de

projeto e membros do time de projeto; permite ao PMO administrar

treinamento em gerenciamento de projetos; habilita o PMO a encaixar a

progressão para o gerente de projetos além de suportar aspectos de seu

desenvolvimento;

• Suporte Técnico: esta categoria influencia a habilidade, conhecimento e

experiência dos gerentes de projeto a fim de prover mentoring no ambiente

de gerenciamento de projetos;

45

• Alinhamento de Negócio: esta categoria controla o gerenciamento de

portfólio de projetos, facilitando o envolvimento dos executivos no

gerenciamento de projetos. Isso contribui para o adequado desempenho do

negócio, para o efetivo envolvimento dos clientes e para o relacionamento

com os fornecedores, facilitando a atração de ambos como envolvidos no

projeto (stakeholders);

Segundo Mansur (2009), o Escritório de Gerenciamento de Projetos pode ter

um conjunto de atribuições maior ou menor, dado seu posicionamento estratégico na

organização. Suas atribuições podem ser:

• Suporte e apoio aos gerentes;

• Suporte e apoio aos treinamentos;

• Suporte e apoio às padronizações;

• Suporte e apoio à auditoria;

• Suporte e apoio à qualidade;

• Suporte e apoio ao repositório de documentos;

• Coordenação do steering committee (responsável pelo gerenciamento de

todos os projetos na organização);

• Comunicações;

• Desenvolvimento dos relatórios;

• Suporte e apoio à alta administração.

Além disso, o PMO, de forma geral, exerce as seguintes atividades:

• Defesa do gerenciamento de projetos na organização;

• Oferta de treinamentos para o desenvolvimento das competências de

gerenciamento de projetos;

• Oferta de serviços de coaching de gerenciamento de projetos;

• Definição e comunicação de um conjunto padrão reutilizável de processos e

modelos de gerenciamento de projetos;

• Desenvolvimento e atualização da metodologia de gerenciamento de

projetos, atendendo melhorias;

• Facilitador das comunicações entre as equipes de projeto em função da

padronização;

• Avaliador dos processos de gerenciamento de projetos;

46

• Avaliador das melhorias realizadas constantemente por meio do ambiente

geral das entregas;

• Rastreamento das informações da situação dos projetos (visibilidade à alta

administração).

Ainda segundo Mansur (2009), o coordenador do PMO deve ser um profissional

experiente, de fácil relacionamento com a alta administração, gerentes de projeto,

diretores e gerentes departamentais.

2.3.4. Implantação de um PMO

Segundo Mansur (2009), o Escritório de Gerenciamento de Projetos vem sendo

adotado por um grande número de empresas. Na figura 2.3.4A pode ser evidenciada

a estratégia das organizações em relação ao posicionamento do Escritório de

Gerenciamento de Projetos nas corporações.

FIGURA 2.3.4A: MODELO DE PMO – MANSUR (2009)

Ainda segundo Mansur (2009), a maioria dos Escritórios de Gerenciamento de

Projetos ainda é bastante jovem, com idade entre dois e cinco anos, mas a grande

quantidade de PMOs com idade acima de cinco anos mostra que esta estrutura de

organização dos projetos não é um modismo de curto prazo, como mostra a figura

2.3.4B.

47

FIGURA 2.3.4B: IDADE DO PMO – MANSUR (2009)

Conforme Nogueira (2006), o Escritório de Gerenciamento de Projetos tem,

como um de seus objetivos, mudar a forma como os gerentes e equipe de projeto

executam suas tarefas, a partir de mudanças organizacionais. Como as mudanças

culturais não ocorrem apenas com treinamentos e desenvolvimento de novas

habilidades, o PMO deve realizar avaliações periódicas sobre o comportamento da

organização.

Segundo Mansur (2009), para uma implementação bem sucedida de um PMO,

a primeira atividade é a avaliação da situação atual dos projetos, considerando:

• Cultura da organização;

• Ambiente de trabalho;

• Taxas atuais de sucesso dos projetos;

• Papéis e responsabilidades atuais no gerenciamento de projetos;

• Normas e padrões existentes;

• Níveis atuais das habilidades;

• Atitudes e expectativas dos clientes;

• Sistemas atuais de incentivos e recompensas;

• Proporcionadores ao gerenciamento de projetos;

• Barreiras ao gerenciamento de projetos.

Nogueira (2006) explica que o sucesso da implantação do PMO depende de

sua implementação ser gerenciada adequadamente, como um verdadeiro projeto,

incluindo análise do negócio, identificando claramente o valor de gerenciamento de

projeto na organização, planejando e controlando adequadamente a implantação,

considerando ainda o recrutamento de pessoas, recursos limitados, comunicação

com envolvidos, políticas organizacionais e apoio da alta administração.

48

Letavec (2006) apresentou o seguinte passo a passo para a implantação do

PMO como um projeto:

• Anúncio formal da inicialização do PMO;

• Introdução inicial dos objetivos e áreas de foco para a organização;

• Tratamento de expectativas, levando-se em conta como o PMO influenciará

a organização e seu trabalho;

• Resolução de problemas relacionados à operação do PMO;

• Reconhecimento do esforço do grupo para implantação de PMO.

2.3.5. Modelos de PMO

Existem diversos modelos para o Escritório de Gerenciamento de Projetos.

Segundo Mansur (2009), em algumas empresas o PMO é responsável por todas as

atividades referentes ao gerenciamento, administração e execução dos projetos.

Mansur (2009) explica que, independentemente do método, a implantação

inicial do PMO deve ser realizada a partir de uma definição formal, que mostra de

forma transparente o que a empresa entende como atribuições do Escritório de

Gerenciamento de Projetos e quais são os motivos e expectativas para sua

implantação. O gerenciamento das expectativas é subsidiado pela comunicação e o

entendimento da definição formal e do processo de implantação do PMO pelos

envolvidos no projeto. Dessa forma, os quatro principais modelos de estrutura

organizacional do PMO são:

• Escritório Corporativo de Projetos: o PMO está posicionado dentro da alta

administração da organização e os projetos estão relacionados ao

desdobramento dos objetivos e metas do plano estratégico do negócio.

Neste caso, o Chief Project Officer (CPO) deve ser um profissional

experiente com ampla visão estratégica do negócio. A figura 2.3.5A ilustra

como um PMO corporativo é organizado;

• Escritório Divisional de Projetos: o PMO está posicionado em uma divisão

da organização como, por exemplo, a diretoria de tecnologia, respondendo

ao diretor executivo de tecnologia. A figura 2.3.5B ilustra como um PMO

divisional é organizado;

• Escritório Setorial de Projetos: o PMO está posicionado dentro de um setor

da organização como, por exemplo, o setor de operações, respondendo ao

49

gerente de operações. A figura 2.3.5C ilustra como um PMO setorial é

organizado;

• Escritório Departamental de Projetos: o PMO está posicionado dentro de um

departamento da organização como, por exemplo, o departamento de

suporte de tecnologia, respondendo ao líder de suporte. A figura 2.3.5D

ilustra como um PMO departamental é organizado.

FIGURA 2.3.5A: ESCRITÓRIO CORPORATIVO DE PROJETOS – MANSUR (2009)

FIGURA 2.3.5B: ESCRITÓRIO DIVISIONAL DE PROJETOS – MANSUR (2009)

50

FIGURA 2.3.5C: ESCRITÓRIO SETORIAL DE PROJETOS – MANSUR (2009)

FIGURA 2.3.5D: ESCRITÓRIO DEPARTAMENTAL DE PROJETOS – MANSUR

(2009)

51

2.3.6. PMO e Planejamento Estratégico

Segundo Dinsmore (2010), o alinhamento de projetos exige um caminho

coerente entre as estratégias das organizações e as ações tomadas pelas equipes

de projeto, conforme demonstrado na figura 2.3.6. Seguem abaixo as etapas que

auxiliam o alinhamento estratégico dos projetos:

• Estratégias da empresa: por meio do planejamento estratégico

convencional, chega-se as estratégias das empresas, que podem incluir a

criação ou ratificação das declarações de missão, visão e valores da

organização, além da revisão de cenários econômicos, avaliação de riscos e

oportunidades. Esses objetivos estratégicos são o ponto de partida para

todos os projetos;

• Alinhamento geral de projetos: com a identificação dos objetivos

estratégicos, o sucesso do alinhamento estratégico de projetos depende do

estabelecimento de uma interface entre estes objetivos e o cenário

específico de cada projeto As atividades de gerenciamento de envolvidos

(stakeholders), priorização, gerenciamento de riscos, sistemas gerenciais da

empresa e o plano estratégico dos projetos são as que mais contribuem

para o sucesso desta interface;

• Princípios específicos de projetos: cada grande grupo de projetos tem suas

peculiaridades, como, por exemplo, projetos estratégicos, projetos

relacionados com produto e mercado, projetos operacionais;

• Implementação de projetos: baseado no alinhamento de projetos

específicos, define-se um conjunto de planos de projeto com sua condução

de acordo com o ciclo de vida de um projeto e auditorias periódicas.

52

FIGURA 2.3.6: ESTRATÉGIA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETOS – DINSMORE

(2010)

Dinsmore (2010) explica que, seguindo as etapas acima, o PMO consegue

apoiar a governança corporativa e participar de processos chave como alinhamento

estratégico de projetos, elaboração, negociação e aprovação de planos de negócios,

alocação e otimização de recursos da organização, seleção, categorização,

priorização e aprovação de projetos, pesquisa de satisfação de clientes,

fornecedores e das equipes.

Segundo Mansur (2009), as organizações modernas planejam cada vez mais

seus investimentos com base nas atividades estratégicas e iniciativas informadas no

plano estratégico do negócio. Sendo assim, a efetividade do PMO pode ser medida

por meio do maior alinhamento dos projetos com a estratégia do negócio, como

consequência do melhor entendimento dos processos de análise e aprovação dos

projetos do plano estratégico.

Mansur (2009) evidencia que o PMO é responsável pelas atividades de

gerenciamento do planejamento, priorização e execução dos portfólios, objetivos e

fatores críticos de sucesso no plano estratégico de negócios da empresa. Dessa

forma, o PMO deve fazer parte do planejamento estratégico de modo a evidenciar

seu valor. Os problemas constantes relativos aos recursos escassos nas empresas e

53

as inúmeras mudanças de prioridade do portfólio de projetos podem ser minimizados

se a empresa tiver uma abordagem estratégica.

O PMI (2006), por meio de seu padrão de gerenciamento de portfólio e o

padrão de gerenciamento de programas, afirma que o PMO estratégico pode

participar ativamente de atividades estratégicas como a identificação, análise,

seleção, priorização, aprovação e acompanhamento dos projetos das organizações,

o que torna necessário o seu envolvimento no planejamento estratégico. Esse

padrão indica que a própria implantação do PMO deve ser prevista no planejamento

estratégico das organizações, que tem uma visão clara dos benefícios dos projetos

para transformar as próprias estratégias corporativas em resultados.

Valle (2010) explica que o PMO tem a responsabilidade fundamental de

transformar estratégias em resultados, por meio dos projetos da organização sob

sua responsabilidade, gerenciamento de portfólio para desenvolver prioridades, bem

como gerenciamento das expectativas dos envolvidos no projeto.

2.3.7. Métricas de Desempenho

Uma das principais expectativas do PMO é controlar projetos. Uma das metas

do PMO, no caso do PMO estratégico ou do centro de excelência em gerenciamento

de projetos, é atingir com sucesso os objetivos de todos os projetos. Para isso, é

necessário um sistema de diretrizes metodológicas de gerenciamento de projetos,

associado a uma sistemática de métricas de desempenho.

Sendo assim, qual o valor e o retorno do gerenciamento de projetos e da

utilização do Escritório de Gerenciamento de Projetos? Esta é uma das principais

perguntas da alta administração e sua justificativa ainda é difícil.

Uma abordagem simples para responder a essa pergunta são as pesquisas de

mercado e estudos de caso semelhantes. Nessa abordagem, o valor agregado do

PMO deve ser próximo para empresas e situações semelhantes. Segundo Mansur

(2009), existem atualmente algumas métricas para determinar o valor agregado do

PMO, conforme demonstrado a seguir:

• Economias obtidas pela aplicação dos resultados das análises de

tendências, otimizando o desempenho dos projetos;

• Economias obtidas pelas boas práticas de mudança de escopo e não

aprovação das solicitações com justificativas fracas;

54

• Economias de tempo (em comparação com os projetos anteriores),

resultantes de processos proativos de comunicação;

• Economias obtidas com a resolução de problemas antes da sua ocorrência;

• Economias obtidas com o gerenciamento integrado dos riscos;

• Economias obtidas pelo reuso de processos padronizados de

gerenciamento em diversos projetos;

• Economias obtidas pela otimização do tempo do gerente do projeto, que

não precisa desenvolver nada ao usar os procedimentos e padrões de

gerenciamento de projetos.

Mansur (2009) explica que o PMO tem uma visão geral dos projetos e, por isso,

é o candidato a definir, medir e consolidar o conjunto comum de métricas. O PMO

deve rastrear, quantificar e comunicar os benefícios e o valor agregado das

melhorias no gerenciamento de projetos nas empresas.

De acordo com Dinsmore, Englund e Graham (2003), o aumento da quantidade

de projetos completados dentro dos custos planejados, por exemplo, indica tanto o

valor das melhorias obtidas com o gerenciamento de projetos, como o valor

agregado do PMO.

Levatec (2006) apresenta uma proposta concreta (métrica) para avaliação de

desempenho do PMO chamada score, baseada em variáveis que serão

acompanhadas ao longo do projeto, bem como uma escala que varia de acordo com

os seguintes itens:

• Altíssimo grau de adequação (conformidade) das atividades executadas

pelo PMO com a área de atuação da organização;

• Alto grau de adequação (conformidade) das atividades executadas pelo

PMO com a área de atuação da organização;

• Conformidade das atividades executadas pelo PMO com a área de atuação

da organização;

• Pequenas deficiências das atividades do PMO com a área de atuação da

organização;

• Grandes deficiências das atividades do PMO com a área de atuação da

organização;

• Não conformidade das atividades executadas pelo PMO com a área de

atuação da organização.

55

2.3.8. Competência do PMO

Segundo Dinsmore (2003), competência está relacionada com resultados e a

capacidade de aplicar conhecimento para atingir metas. Isso é muito importante na

condução das atividades do PMO, para que seu resultado seja alcançado e seu

retorno seja visível para a alta administração da empresa.

Dinsmore (2003) explica que cada tipo de Escritório de Gerenciamento de

Projetos demanda competências diferentes, as quais devem ser identificadas. Segue

abaixo os tipos de PMO identificados por ele, os quais variam desde um PMO de

apoio até um centro de excelência em gerenciamento de projetos:

• Escritório de Gerenciamento de Projetos;

• Escritório de Gerenciamento de Programas;

• Escritório de Gerenciamento de Portfólio;

• Escritório de Gerenciamento de Produto;

• Escritório de Apoio a Programas;

• Escritório de Apoio a Projetos;

• Escritório de Apoio ao Produto;

• Escritório de Apoio ao Portfólio;

• Centro de Excelência em Gerenciamento de Projetos.

Segundo Levatec (2006), a competência do PMO é medida desde o inicio de

sua operação. Quando o PMO começa a operar, a atenção da empresa mudará

para a entrega inicial dos objetivos do PMO indicados no projeto detalhado do

negócio. Como parte das atividades da implantação do PMO, os planos de ação

exigidos para alcançar os objetivos já devem ser desenvolvidos para:

• Entregar os objetivos iniciais;

• Medir os resultados e indicadores;

• Reportar-se à alta administração;

• Obter retorno para a organização;

De acordo com Valle (2010), a primeira prioridade do PMO é a entrega dos

resultados iniciais que foram firmados no projeto detalhado do negócio. Cada

integrante do PMO precisa executar as ações relevantes para o alcance desses

objetivos, por meio da utilização de estratégias identificadas em cada área.

Ainda segundo Valle (2010), o grupo do PMO deve se encontrar regularmente

para verificar o andamento dos projetos e identificar quaisquer questões que

56

poderiam afetar a habilidade do grupo em detectar problemas e soluções. Assim, o

PMO deve ter competência para gerenciar riscos de forma pró-ativa.

Esforços devem ser feitos para corrigir quaisquer questões dentro do próprio

PMO, atuando de maneira conjunta com os outros membros da organização,

mantendo a alta administração atualizada sobre o andamento e pedindo ajuda

quando for necessário.

2.3.9. Benchmarking para PMO

Segundo Valle (2010), o PMO deve liderar o processo de benchmarking,

aprendendo com demais profissionais especializados na área de gerenciamento de

projetos. Um passo importante é criar troca de experiências internas e externas.

Alavancando experiências por meio do benchmarking, aumenta-se o próprio

conhecimento e desenvolvem-se habilidades de modo efetivo. Um dos benefícios

importantes do benchmarking é oferecer a oportunidade de desenvolver a

maturidade em gerenciamento de projetos. O benchmarking interno é a melhor

maneira de estabelecer melhores práticas e disseminá-las na empresa. Já o

benchmarking externo é importante no desenvolvimento da maturidade em

gerenciamento de projetos.

Dinsmore (2003) afirma que uma atividade importante na empresa é comparar

o desempenho de seus projetos com os de outras organizações, como pode ser

visualizado nas figuras 2.3.9A e 2.3.9B, extraídas do site http://pmsurvey.org (acesso

em 5 de janeiro de 2011), a partir de avaliações feitas com empresas brasileiras

(estes temas serão abordados na pesquisa de campo deste trabalho).

Dinsmore (2003) complementa que é recomendado que o benchmarking se

inicie com o entendimento total dos processos internos da organização, antes de se

iniciar a comparação com outras empresas. As organizações precisam entender que

o benchmarking é uma questão de sobrevivência. A falta de interesse e apoio da

administração ou a falta de capacitação das pessoas que serão envolvidas no

processo pode ocasionar o insucesso do benchmarking. Ele não é um exercício

passivo, sendo adequado para aquelas empresas que desejam mudar para melhor.

PMI (2009) enfatiza que a organização deve treinar e capacitar os seus

funcionários e parceiros, fazendo com que os processos sejam sempre conduzidos

em bases contínuas. A melhoria contínua é incessante e gradual, com intuito de

alcançar padrões cada vez mais elevados. É preciso fazer comparações para

57

identificar riscos e oportunidades. As organizações devem aceitar a crítica dos seus

processos como construtiva, incentivando a melhoria contínua em busca da

excelência.

FIGURA 2.3.9A: BENCHMARKING – VALOR AGREGADO DO PMO –

PMISURVEY.ORG (2011)

58

FIGURA 2.3.9B: BENCHMARKING – FUNÇÕES DESEMPENHADAS PELO PMO –

PMISURVEY.ORG (2011)

2.4. Modelos de Maturidade em Gerenciamento de Projetos

Segundo Kerzner (2001), a excelência em gerência de projetos somente é

alcançada se a organização conseguir um alto nível de maturidade. Segundo o

autor, somente o uso de metodologias de gerenciamento de projetos não é

suficiente para alcançar essa excelência. A maturidade em gestão de projetos é

baseado no desenvolvimento de sistemas e processos que são por natureza

repetitivos e garantem uma alta probabilidade de que cada um deles seja um

sucesso. O autor ressalta que sistemas e processos repetitivos não garantem por si

só o sucesso em projetos, apenas aumentam sua probabilidade.

Kerzner (2001) complementa que modelos ajudam as organizações a

realizarem um planejamento estratégico do gerenciamento de projetos, ao

59

mostrarem o nível em que a organização se encontra. Além disso, os modelos

sugerem o que deve ser feito para alcançar o nível desejado. Existem diversos

modelos de maturidade em gerenciamento de projetos (Kwak & Ibbs, 2002; Kerzner,

2001; PMI, 2003). Todos utilizam normalmente quatro ou cinco passos para medir a

capacidade em gerenciamento de projetos de uma organização. Esses modelos

serão descritos a seguir.

2.4.1. O Modelo CMM (Capability Maturity Model)

O modelo CMM foi criado em 1986 pelo SEI (Software Engineering Institute),

com o patrocínio do Departamento de Defesa Americano, com o objetivo de

aprimorar a capacidade das empresas no desenvolvimento de software. Esse

modelo, descrito abaixo na figura 2.4.1 por Curtis Hefley e Miller (1995), propõe uma

estrutura de cinco níveis que permitem estratificar a posição ocupada pela empresa

desenvolvedora de softwares com relação à maturidade de seus processos de

gerenciamento de projetos.

O modelo CMM teve como fundamentação conceitual os princípios e práticas

da qualidade total, inspirando-se, inicialmente, no modelo de mensuração da

qualidade gerencial desenvolvido por Crosby em 1979 (descrito na tabela 2.4.1).

Posteriormente, Humphrey (1997) contribuiu para difusão do modelo CMM e seus

derivados, com a versão do CMM para o gerenciamento de pessoas, o People

Capability Maturity Model (P-CMM).

FIGURA 2.4.1: MODELO CMM – REPRESENTAÇÃO EM ESTÁGIOS – ADAPTADO

DE CURTIS, HEFLEY e MILLER (1995)

60

TABELA 2.4.1: AFERIDOR DE MATURIDADE DA GERÊNCIA DE QUALIDADE –

CROSBY (1979)

61

2.4.2. O Modelo CMMI (Capability Maturity Model Integration)

De acordo com o CMMI-SE/SW (2011), o projeto do CMM IntegrationSM foi

montado para solucionar o problema do uso de múltiplos CMMs. Desenvolver um

conjunto de modelos integrados envolveu mais que simplesmente juntar os materiais

dos modelos já existentes. Utilizando processos que promovem o consenso, a

Equipe de Produto do CMMI construiu um framework que acomoda diversas

disciplinas e é flexível o bastante para suportar dois tipos diferentes de

representações (em estágios e contínua).

Ainda conforme o CMMI-SE/SW (2011), o objetivo do modelo CMM Integration

é fornecer direcionamentos para melhorar os processos de sua organização e sua

capacidade de gerenciar o desenvolvimento, aquisição e manutenção de produtos e

serviços. A representação continua possibilita à organização utilizar a ordem de

melhoria que melhor atende os objetivos de negócio da empresa, sendo indicada

quando a empresa deseja tornar apenas alguns processos mais maduros, quando já

utiliza algum modelo de maturidade contínua ou quando não pretende usar a

maturidade alcançada como modelo de comparação com outras empresas. É

caracterizado pelos seguintes níveis de capacidade, demonstrados na tabela 2.4.2A:

TABELA 2.4.2A: CMMI – REPRESENTAÇÃO CONTÍNUA – CMMI-SE/SW (2011)

Nível Definição 0 – Incompleto Não possui áreas de processo.

1 – Executado processo é executado de modo a completar o trabalho necessário para produzir o trabalho necessário.

2 – Gerenciado planeja a execução e confronta o executado contra o que foi planejado.

3 – Definido processo é construído sobre as diretrizes do processo existente, e é mantido uma descrição do processo.

4 – Gerenciado Quantitativamente

processo é gerenciado quantitativamente por meio de estatísticas e outras técnicas.

5 – Otimizado processo gerido quantitativamente é alterado e adaptado para atender às necessidades negociais/estratégicas da empresa.

Analisando a representação por estágios do CMMI, o CMMI-SE/SW (2011)

disponibiliza uma sequencia pré-determinada, pois cada estágio serve de base para

o próximo. A maturidade é medida por um conjunto de processos, sendo necessário

que todos os processos atinjam determinado nível de maturidade para que a

empresa seja certificada naquele nível. É indicado quando a empresa já utiliza

algum modelo de maturidade por estágios, quando deseja utilizar o nível de

maturidade alcançado para comparação com outras empresas ou quando pretende

62

usar o nível de conhecimento obtido por outros para sua área de atuação. É

caracterizado pelos seguintes níveis de maturidade, demonstrados na tabela 2.4.2B:

TABELA 2.4.2B: CMMI – REPRESENTAÇÃO POR ESTÁGIOS – CMMI-SE/SW

(2011)

Nível Definição

1 – Inicial Os processos são informais e caóticos. A organização normalmente não possui um ambiente estável. O sucesso destas organizações depende da competência e heroísmo das pessoas e não do uso de processos comprovados.

2 – Gerenciado

Os requisitos, processos, produtos de trabalho e serviços são gerenciados. A situação dos produtos de trabalho e a entrega dos serviços são visíveis para o gerenciamento em pontos definidos As áreas de processo são: gerenciamento de requisitos, planejamento de projeto, acompanhamento e controle de projeto, gerenciamento de acordo com fornecedor, medição e análise, garantia da qualidade de processo e produto, gerência de configuração.

3 – Definido

Os processos são bem caracterizados e entendidos e estão descritos em padrões, procedimentos, ferramentas e métodos. As áreas de processo são: desenvolvimento de requisitos, solução técnica, integração de produto, verificação, validação, foco de processo organizacional, definição de processo organizacional, treinamento organizacional, gerenciamento integrado de projeto, gerenciamento de riscos, análise de decisão e resolução.

4 – Gerenciado Quantitativamente

São selecionados os subprocessos que contribuem significativamente para o desempenho geral do processo. Estes subprocessos selecionados são controlados utilizando estatísticas e outras técnicas quantitativas. As áreas de processo são: desempenho de processo organizacional, gerenciamento quantitativo de projeto.

5 – Otimizado

Os processos são continuamente melhorados com base em um entendimento quantitativo das causas comuns de variações inerentes aos processos. As áreas de processo são: inovação organizacional e implantação, análise causal e resolução.

2.4.3. O Modelo de Maturidade de Kerzner

Kerzner (2001) ressalta que a conquista da excelência em gerência de projetos

só acontece com o reconhecimento por parte das empresas de que o planejamento

estratégico para gerência de projetos é essencial e que os gerentes de nível médio

são os principais responsáveis pela execução da estratégia planejada. Esses

gerentes devem ser auxiliados pela alta gerência de forma a garantir que não

ocorram mudanças indesejadas na cultura corporativa. Os cinco níveis do modelo de

maturidade de Kerzner são apresentados a seguir, na tabela 2.4.3.

63

TABELA 2.4.3: NÍVEIS DE MATURIDADE DE KERZNER (2001) Nível Definição

1 – Linguagem comum

A empresa reconhece a importância e necessidade de utilizar e conhecer as técnicas de gerência de projetos para se chegar a uma linguagem comum

2 – Processos comuns

A necessidade da definição e desenvolvido de processos comuns de forma a repetir sucessos ocorridos em projetos anteriores é reconhecida. Além disso, verifica-se que a metodologia de gerenciamento de projetos pode ser aplicada a outras metodologias utilizadas pela empresa.

3 – Metodologia única

A gerência de projetos é utilizada como metodologia centralizadora. A empresa reconhece os efeitos sinérgicos de combinar todas as metodologias em uma única.

4 – Benchmarking

A empresa reconhece que é necessário o aprimoramento dos processos para se manter uma vantagem competitiva. Para isso a empresa define quem e o que deverá ser monitorado para a realização de análises comparativas.

5-Melhoria contínua

Constantes avaliações dos dados obtidos com o benchmarking para decidir quais as informações irão agregar valor à metodologia utilizada.

Kerzner (2001) explica que quando se fala sobre níveis de maturidade,

normalmente se pensa que o processo deve ser realizado sequencialmente. Isso

não é necessariamente verdade, pois alguns níveis podem ser sobrepostos. A

extensão da sobreposição depende da quantidade de riscos que organização deseja

suportar. Porém, a ordem em que os níveis devem ser completados não pode ser

alterada. O autor não recomenda a sobreposição dos níveis dois e três, uma vez que

para uma metodologia ser considerada única, outras devem ser abandonadas e isso

não pode ser realizado sem a consolidação de processos. Ao alcançar o nível cinco,

deve-se sempre retornar ao nível três e quatro, de forma a se ter um ciclo de

melhoria continua. A figura 2.4.3 apresenta um diagrama com os níveis de

maturidade e suas interações.

FIGURA 2.4.3: NÍVEIS DE MATURIDADE – KERZNER (2001)

64

2.4.4. Organization Project Management Maturity Model (OPM3)

O modelo OPM3 é o modelo do PMI para avaliação da maturidade em projetos.

Em maio de 1998, o PMI iniciou o programa Organization Project Management

Maturity Model (OPM3), com o objetivo de criar um modelo de maturidade de

gerenciamento de projetos que servisse como referência e ajudasse as

organizações a alinhar diversos aspectos de suas operações com suas estratégias

de negócio. A aplicação do OPM3 auxilia as empresas a estabelecer políticas e

processos padrão, para assegurar que suas operações estejam consistentes com

seus objetivos estratégicos.

O modelo OPM3 do PMI (2003) foi intencionalmente projetado sem o sistema

de níveis de maturidade existente em outros modelos. A progressão do aumento da

maturidade dentro do OPM3 consiste de várias dimensões ou diferentes maneiras

de se observar a maturidade de uma organização. O modelo OPM3 possui três

dimensões: o domínio do gerenciamento; o estágio do processo de

aperfeiçoamento; e os processos de gerenciamento de projetos.

O domínio do gerenciamento refere-se ao nível de gerenciamento de projetos

de uma organização. O gerenciamento pode ocorrer em três níveis: Projeto,

Programa ou Portfólio (PPP). Segundo o PMI (2003), programa é definido como

sendo um grupo de projetos relacionados e gerenciados de uma forma coordenada,

para obter benefícios e controles que não seriam possíveis de serem obtidos

individualmente. Portfólio, no contexto de gerenciamento de projetos, é definido

como uma coleção de projetos e programas que são agrupados, com o intuito de

facilitar o gerenciamento efetivo e alcançar os objetivos estratégicos. Os projetos e

programas de um portfólio não são necessariamente dependentes ou relacionados.

O PMI (2003) explica que a maturidade organizacional em gerenciamento de

projetos é descrita pelo OPM3 por meio da existência de melhores práticas. Melhor

prática é definida no modelo como um modo ideal reconhecido pela corporação para

alcançar uma determinada meta ou objetivo. Elas se estendem pelas seguintes

categorias:

• Padronização e integração de métodos e processos;

• Desempenho e métricas enfatizando os aspectos de prazo, custo e

qualidade;

• Comprometimento com procedimentos de gerenciamento de projetos;

65

• Priorização de projetos e alinhamento estratégico;

• Melhoria contínua;

• Estabelecimento de critérios de sucesso para continuar ou terminar projetos;

• Desenvolvimento de competências em gerenciamento de projetos;

• Alocação adequada de recursos em projetos respeitando os projetos

prioritários;

• Apoio organizacional para projetos;

• Aperfeiçoamento do trabalho em equipe.

Ainda segundo o PMI (2003), o modelo OPM3 é dividido nos seguintes

elementos interligados:

• Conhecimento: relacionado com as melhores práticas e como utilizar o

modelo;

• Avaliação: métodos de avaliação das melhores práticas e capacidades;

• Melhoria: sequencia de capacidades a serem desenvolvidas, agrupando as

melhores práticas.

O ciclo de aplicação do modelo em uma organização é composto por cinco

passos, demonstrados na figura 2.4.4: preparação para avaliação (1), avaliação (2),

planejamento das melhorias (3), execução das melhorias (4) e repetição do processo

(5). Na avaliação (2) é realizada uma verificação de satisfação com os resultados.

FIGURA 2.4.4: CICLO DO OPM3 – PMI (2003)

66

2.4.5. ProjectManagement Process MaturityModel (PM2)

O modelo (PM)2 de Kwak & Ibbs (2002) foi desenvolvido a partir de uma

pesquisa realizada pelos autores, em 2000, com empresas de diversos setores

como Engenharia e Construção Civil, Telecomunicações e Sistemas de Informação.

Este modelo é similar aos de Fincher & Levin (1997 apud Cleland, 2002) e Kerzner

(2001), seguindo uma abordagem incremental que se inicia com uma metodologia

não-sofisticada ou inexistente até um nível de maturidade sofisticado para os

processos de gerência de projetos.

Os autores detalham os cinco níveis de maturidade para cada uma das nove

áreas de conhecimento e cada uma cinco fases do ciclo de vida do projeto, conforme

abordagem do PMI (2008). Esse detalhamento permite uma análise dos pontos

fracos e fortes de uma organização em áreas específicas da gerência de projeto. A

partir dessa análise, a organização pode definir com quais áreas deve se preocupar

para alcançar um maior nível de maturidade. Os cinco níveis do modelo são

apresentados na tabela 2.4.5.

TABELA 2.4.5: NÍVEIS DE MATURIDADE DO MODELO PM2 – CLELAND (2002) Nível Definição

1 – Ad-hoc Os processos de gerência de projetos são básicos, não sendo avaliados consistentemente. As informações do projeto não são coletadas e analisadas.

2 – Planejado O planejamento do projeto é individual. São definidos processos informais, problemas são identificados e dados são coletados.

3 – Gerenciado no nível do projeto

Planejamento formal de projeto e sistemas de controle são utilizado.

4 – Gerenciado no nível da organização

No nível da organização planejamento e controle integrados. Surge o conceito de gerenciamento de programas (vários projetos gerenciados paralelamente). Os dados do projeto são quantitativamente analisados, medidos e armazenados.

5 – Aprendizagem contínua

Processos de gerenciamento de projeto são continuamente aperfeiçoados. Todos os processos são totalmente compreendidos. Os dados de gerência de projeto devem ser otimizados e guardados.

2.5. Modelo de Maturidade para Project Management Office (PMO)

Aubry e Hobbs (2008), dois renomados pesquisadores da Universidade de

Quebéc, concluíram, em conjunto com o PMI, a mais importante pesquisa já

realizada sobre o tema PMO. Nessa pesquisa, realizada com cerca de quinhentos

PMOs em todo o mundo, foram identificadas as 27 funções, as quais tornaram-se

referência para o desenvolvimento deste modelo. O modelo PMO Maturity Cube

prevê que o grau de maturidade de um PMO é o resultado do quanto ele é capaz de

67

gerar valor para seus clientes e para a organização como um todo (PINTO, COTA E

LEVIN, 2010).

Aubry e Hobbs (2008), explicam que, considerando que o PMO gera valor por

meio das funções que exerce, as quais são traduzidas em serviços para seus

clientes, a maturidade de um PMO pode ser resumida pelo grau de sofisticação com

que ele provê cada serviço sob sua responsabilidade. Existem formas diferentes de

prover um determinado serviço, desde a maneira mais simples, o que agrega baixo

valor à organização, até uma forma mais sofisticada, que traz resultados mais

perceptíveis e maior valor para a organização.

Pinto, Cota e Levin (2010) explicam que o senso comum poderia levar à

simplificação de que um PMO com amplitude para toda a organização (PMO

Corporativo) poderia ser resumido a uma abordagem estratégica (PMO Estratégico).

Porém, a prática das organizações é mais complexa. É comum haver um PMO

Corporativo com atuações estratégica, tática e operacional, quando este presta

serviços respectivamente à alta administração, apoiando a gestão de portfólio

(estratégico), provendo metodologia e treinamento comuns para a empresa (tático)

e, ainda, gerenciando equipes e alguns projetos importantes (operacional). A

realidade pede uma combinação entre essas três abordagens em cada uma das

amplitudes (corporativa, departamental ou programa/projeto).

No desenvolvimento do modelo PMO Maturity Cube realizado por Pinto, Cota e

Levin (2010), cada um dos vinte e sete serviços identificados por Hobbs e Aubry

(2008) foi analisado quanto à sua aplicabilidade aos diferentes tipos de escopo de

influência, às abordagens de atuação e aos diferentes estágios de sofisticação

possíveis para a sua execução, desde a forma mais simples até a mais elaborada,

chegando à estrutura de maturidade definida na figura 2.5.

Conforme Pinto, Cota e Levin (2010), as organizações que já implantaram um

PMO estão em busca de aprimorar e evoluir esta estrutura, buscando consolidar

práticas e ferramentas adequadas, e também aumentar o valor agregado do(s)

seu(s) PMO(s). Com isso, os modelos demonstrados para medição desse valor

agregado e maturidade são cada vez mais utilizados, levando à melhoria contínua

dos PMOs.

68

FIGURA 2.5: PMO MATURITY CUBE – PINTO, COTA e LEVIN (2010)

2.6. PMO e Gestão de Portfólio

Almeida (2011) explica que gestão de portfólio de projetos é a arte e a ciência

de aplicar um conjunto de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas ao

conjunto de projetos de uma organização, atendendo às necessidades e

expectativas da direção na gestão estratégica dos investimentos da empresa. Dessa

forma, é necessário manter um equilíbrio em relação aos critérios táticos e

estratégicos usados nas políticas de prioridades dos projetos.

O PMI (2006), em seu padrão de gerenciamento de portfólio, explicita que

portfólio é uma coleção de projetos ou programas que são agrupados para gerir de

forma mais eficaz esses empreendimentos, atendendo aos objetivos estratégicos e

de negócio da organização. Esses empreendimentos não necessariamente devem

ser interdependentes ou estar diretamente relacionados. Os recursos necessários ao

portfólio podem ser atribuídos de acordo com os riscos e rendimentos envolvidos,

linhas de negócio específicas ou grupos gerais de projetos, como infra-estrutura e

melhoria operacional. Seu funcionamento pode ser demonstrado na figura 2.6A.

69

FIGURA 2.6A: FUNCIONAMENTO DA GESTÃO DE PORTFÓLIO – PMI (2006)

Para o PMI (2006), um dos objetivos da gestão de portfólio é maximizar os

valores dos itens do portfólio, a partir da avaliação detalhada de projetos e

programas candidatos à inclusão no mesmo, além da exclusão dos projetos que não

estão de acordo com os objetivos estratégicos do portfólio. Outro objetivo é obter um

adequado equilíbrio do portfólio, incluindo investimentos incrementais, além da

utilização eficiente dos recursos. Os executivos ou equipes de alta gerência são,

normalmente, os principais responsáveis pela gestão de portfólio de projetos na

organização.

De acordo com Almeida (2011), as organizações aplicam gestão de portfólio de

projetos como forma de maximizar o valor dos projetos em relação aos objetivos da

organização como, por exemplo, rentabilidade dos projetos, riscos associados aos

projetos, tempo de duração, importância dos clientes (estratégica e financeira),

alinhamento com as estratégias de negócio.

Ainda conforme Almeida (2011), atendendo a esses objetivos, a gestão de

portfólio de projetos oferece benefícios para a tomada de decisão baseada em

informações estratégicas e prioridades. Essa prática pode reduzir o desperdício

causado pela alocação ineficiente de recursos ou duplicação de esforços em

empreendimentos similares. A gestão de portfólio também pode oferecer um

repositório de informações sobre projetos, permitindo o acompanhamento e a

70

auditoria dos resultados dos projetos e facilitando a captura de lições aprendidas

com decisões estratégicas adotadas no passado.

O padrão para gerenciamento de portfólio publicado pelo PMI (2006) endereça

o processo de gerenciamento de portfólio para criação e execução de estruturas

para governança corporativa. Esse documento também proporciona um guia para os

processos que são geralmente reconhecidos como boas práticas em gerenciamento

de portfólio e suas ligações com as disciplinas de gerenciamento de projetos e

programas. Sendo assim, os maiores problemas em gerenciamento de portfólio são:

• Muitos projetos ativos (normalmente, o dobro do que uma organização

poderia suportar);

• Projetos que não agregam valor à organização;

• Projetos que não estão conectados aos objetivos estratégicos;

• Portfólio desequilibrado: muitos projetos de suporte e poucos de mercado;

muitos projetos de desenvolvimento e poucos de pesquisa; muitos projetos

de curto prazo e poucos de longo prazo; projetos que não refletem os

recursos mais importantes da organização; projetos que não refletem os

valores estratégicos da organização; e projetos que não refletem os maiores

oportunidades de valor de mercado.

O PMI (2006) infere que, atualmente, uma das maiores razões para existência

desses problemas é a indefinição do retorno sobre investimento (Return On

Investment – ROI) dos projetos. Muitas empresas possuem projetos ativos que não

passam pela aprovação da alta administração.

Segundo Kendall e Rollins (2003), a alta administração descreve um modelo

muito diferente de seu PMO. Kendall e Rollins (2003) inferiram que, em uma reunião

com mais de cem diretores em Kansas City em 2002, a maioria dos executivos não

concordaram com a necessidade de um PMO, a menos que compreendessem

inteiramente os problemas que os gerentes de projeto e programa enfrentam

atualmente.

Ainda conforme Kendall e Rollins (2003), o portfólio ilustra todo o trabalho

dentro do ano fiscal e, algumas vezes, além desse. Inclui também todos os projetos

ativos e em andamento, projetos pendentes de início e todos os projetos encerrados

ou cancelados. O portfólio reflete todas as informações sobre a execução dos

projetos e programas, de acordo com plano estratégico, além da dependência entre

os mesmos. A área de governança da organização revisa o portfólio para obter

71

informações estratégicas como, por exemplo, como está se comportando em

comparação com seus pares, se há alguma possibilidade de que um determinado

projeto se mova na ordem de priorização ou se há recurso financeiro disponível para

as atividades do projeto.

Analisando a figura 2.6B, o gerenciamento de portfólio é um processo para

coletar dados, para avaliar e relatar como o progresso dos projetos e os programas

do portfólio estão sendo executados de acordo com o plano estratégico. Segundo

Kendall e Rollins (2003), esse processo é controlado pelo PMO, recebendo relatórios

e programações de entrega atualizados para publicação nos relatórios de portfólio.

Sem o gerenciamento de portfólio e constante monitoramento e visibilidade

fornecidos pelo PMO, há grandes chances dos projetos consumirem mais dinheiro e

tempo. Dessa forma, os PMOs podem fornecer informações valiosas, rastreando

recursos planejados e capacidades de trabalho reais durante um determinado

período. Além disso, o fato de alguns stakeholders terem acesso às planilhas de

trabalho dos recursos é um fator motivador para que esses recursos atendam às

estimativas iniciais de maneira positiva.

FIGURA 2.6B: PROCESSO DE GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIO – KENDALL E

ROLLINS (2003)

Segundo Kendall e Rollins (2003), as seguintes etapas abaixo compreendem o

processo para estabelecer e melhorar um portfólio de projetos:

• Coletar e reportar as informações iniciais do portfólio;

72

• Desenvolver os objetivos, recursos e portfólio de recursos;

• Interligar projetos, objetivos, recursos e portfólio de recursos para

executar uma avaliação inicial;

• Determinar as estratégias de recursos para os múltiplos projetos da

organização;

• Priorizar o portfólio de projetos de acordo com o critério aceito e as

informações disponíveis;

• Avaliar o balanceamento do portfólio;

• Desenvolver recomendações para melhorar o ROI;

• Promover reuniões de governança corporativa e comunicar os

resultados.

Com relação ao portfólio de recursos, Kendall e Rollins (2003) explicam que

algumas tarefas levarão mais tempo do que o esperado; outras levarão menos

tempo; algumas terminarão exatamente de acordo com a estimativa; poucas

terminarão exatamente de acordo com a estimativa. Nesse ambiente da incerteza, o

controle de recursos realizado pelo PMO pode trazer agilidade nas entregas.

Conforme descrito acima, a gestão de portfólio se encaixa diretamente nas

atribuições exercidas pelo Escritório de Gerenciamento de Projetos (PMO), uma vez

que prepara a organização para executar seus projetos de forma coordenada,

buscando atingir seus objetivos estratégicos e de negócio. Como o PMO detém o

conhecimento dos projetos executados, seja na organização, divisão ou

departamento, as técnicas de gestão de portfólio podem ser grandes aliadas na

avaliação, seleção e priorização dos projetos e programas, buscando um

alinhamento entre o PMO, os objetivos estratégicos da organização e,

principalmente, da alta administração. Com isso, é possível conseguir um maior

patrocínio e, consequentemente, um maior reconhecimento de suas funções nas

grandes organizações.

73

3. METODOLOGIA

Inicialmente, será conceituada a metodologia que será utilizada para esta

pesquisa, justificando sua escolha, assim como as vantagens e desvantagens dela

decorrentes.

Para a qualificação e classificação desta pesquisa, será adotada a taxonomia

apresentada por Vergara (2010b), que a qualifica inicialmente de duas formas:

quanto aos fins e quanto aos meios. Em seguida, serão delimitados o universo e a

amostra da pesquisa, além dos critérios de seleção dos sujeitos. Ao final será

explanado como se dará a coleta e tratamento dos dados além de informações

sobre as limitações do método.

3.1. O Método Delphi

Para este trabalho de pesquisa será utilizada a metodologia Delphi. Essa

técnica passou a ser disseminada no começo dos anos 1960, com base em

trabalhos desenvolvidos por Olaf Helmer e Norman Dalker, pesquisadores da Rand

Corporation (Estes e Kuespert, 1976). O objetivo era desenvolver uma técnica para

aprimorar a opinião de especialistas na previsão tecnológica, a partir de três

condições básicas: anonimato dos respondentes, representação estatística da

distribuição dos resultados e feedback (retorno) das respostas do grupo para

reavaliação nas rodadas seguintes.

Segundo Vergara (2009), questionário é uma forma de coletar dados,

interagindo com o campo a partir de uma série ordenada de questões a respeito de

variáveis e situações onde o pesquisador deseja investigar. Tais questões são

apresentadas a um respondente por escrito, para que ele responda também desta

forma, não importando se for em papel ou em meio magnético. Os questionários são

úteis quando: se quer ouvir um grande número de respondentes; os respondentes

encontram-se em regiões geográficas distintas; o tempo para coleta é mais exíguo

do que o necessário para fazer uma entrevista; e a presença do pesquisador não é

necessária.

Sendo assim, o método Delphi consiste em consultar um grupo de analistas

sobre eventos atuais e futuros via um questionário que é repassado inúmeras vezes

até que seja obtido um consenso (convergência) entre as respostas, o que

representa a consolidação das ideias (conceitos) do grupo. Segundo Giovinazzo e

74

Wricht (2000), entende-se que a avaliação e análise coletiva do grupo são mais ricas

do que a opinião de um só indivíduo. Como dito, o anonimato dos respondentes, a

representação estatística da distribuição dos resultados e o retorno das respostas da

equipe para reavaliação das rodadas seguintes são as principais características

deste método. Além disso, o método Delphi é altamente recomendado quando não

se dispõe de dados quantitativos, ou estes não podem ser projetados para o futuro

com segurança, tendo em vista a expectativa de mudanças estruturais e processuais

nos fatores que determinam as tendências futuras.

De acordo com Giovinazzo e Fischmann (2001), a utilidade do método parte do

pressuposto de que o julgamento coletivo é melhor que uma opinião individual. Uma

das principais aplicações do método Delphi é na projeção de cenários futuros,

visando subsidiar decisões estratégicas, no âmbito de organizações ou de políticas

públicas.

Linstone e Turoff (2002) explicam que o método é bastante simples, pois trata-

se de um questionário interativo que circula repetidas vezes por um grupo de peritos,

preservando o seu anonimato. Na primeira rodada, os especialistas recebem o

questionário, preparado por uma equipe de coordenação, a ser respondido

individualmente, usualmente com respostas quantitativas apoiadas por justificativas

e informações qualitativas.

Ainda de acordo com Linstone e Turoff (2002), o questionário deve ser bem

elaborado, apresentando, para cada questão, um resumo das principais informações

conhecidas sobre o assunto e, eventualmente, extrapolações para o futuro, de forma

a facilitar o raciocínio orientado para o futuro.

Estes e Kuespert (1976) explicam que as respostas das questões quantitativas

são tabuladas, recebendo um tratamento estatístico simples (define-se mediana e

quartis), com a devolução dos resultados aos participantes para a rodada seguinte.

Quando há dados qualitativos (justificativas e opiniões) relacionados às questões

quantitativas, a coordenação busca relacionar os argumentos às projeções

quantitativas correspondentes.

Estes e Kuespert (1976) complementam que a cada nova rodada, as perguntas

são repetidas e os participantes devem reavaliar suas respostas, tendo em vista as

respostas e justificativas dadas pelos demais respondentes na rodada anterior.

Assim, são solicitadas novas previsões com justificativas, se estas previsões

divergirem das respostas centrais do grupo, repetindo-se esse processo em

75

sucessivas rodadas do questionário, até que a divergência de opiniões entre

especialistas tenha diminuído a um nível satisfatório e a resposta da última rodada

seja considerada como a previsão do grupo como um todo.

O retorno realizado a partir das diversas rodadas permite a troca de

informações entre os participantes nos questionários subsequentes (não se

esquecendo do anonimato) e, em geral, conduz a uma convergência, buscando o

consenso (Estes e Kuespert, 1976). O consenso pode ser mensurado pela relação

entre a distância entre o primeiro e o terceiro quartis das respostas e o valor da

mediana. Algumas vezes, os respondentes se posicionam em torno de duas ou três

posições distintas, não havendo um consenso.

Linstone e Turoff (2002) explicitam que a equipe coordenadora do método

Delphi deve procurar informações sobre o tema, buscando opiniões especializadas e

entrevistas com técnicos do setor, até chegar a uma primeira versão do questionário.

Estes e Kuespert (1976) complementam que, caso haja um problema de grande

abrangência e complexidade, recorre-se às técnicas de auxílio à estruturação do

problema, como análise morfológica ou análise de sistemas. Na figura 3.1 pode ser

vista a sequencia de atividades envolvidas na execução do método Delphi.

Enquanto é desenvolvido e testado o questionário da primeira rodada, a

coordenação faz a seleção dos painelistas (que fazem parte do painel de pesquisa).

A heterogeneidade é um fator estimulante, mas a qualidade do resultado depende

essencialmente dos participantes do estudo, de acordo com Giovinazzo e Wright

(2000) e Listone e Turoff (2002).

Segundo Estes e Kuespert (1976), os respondentes são contatados

individualmente pela equipe coordenadora, que lhes explica o que é a técnica

Delphi. Aos painelistas que efetivamente concordarem em participar, são enviados

os questionários com uma breve explicação e instruções de preenchimento e

devolução. A entrega pode ser efetuada em mãos, pelo correio ou via correio

eletrônico (e-mail). Normalmente, há uma abstenção de 30% a 50% dos

respondentes na primeira rodada, e de 20% a 30% na segunda rodada. Após a

análise da primeira rodada, a coordenação decide sobre a necessidade de

incorporação de novas questões na segunda rodada. A segunda rodada do

questionário apresenta obrigatoriamente os resultados do primeiro questionário,

possibilitando que cada respondente reveja sua posição em relação à argumentação

do grupo em cada questão. As rodadas ocorrem até que seja atingido um grau

76

satisfatório de convergência. No mínimo, duas rodadas são necessárias para

caracterizar a aplicação do método Delphi, sendo raros os exemplos de estudos com

mais de três rodadas de questionários.

Se o Delphi for realizado pela Internet, segundo Giovinazzo e Fischmann

(2001), conservam-se as mesmas premissas características de uma pesquisa Delphi

tradicional, ou seja, é mantido o anonimato dos respondentes, a representação

estatística da distribuição dos resultados e o feedback de respostas do grupo para

reavaliação nas rodadas subsequente, sendo que os resultados da primeira rodada

são divulgados na Internet, para que possam ser considerados pelo grupo no

preenchimento da segunda rodada. O questionário é disponibilizado na Internet,

utilizando um formulário cujos dados das respostas são encaminhados para uma

planilha eletrônica como Excel, ou outra planilha adequada para a tabulação das

informações. Os respondentes são comunicados por e-mail e preenchem o

questionário diretamente pela Internet. A sequencia básica de atividades envolvidas

na execução de um Delphi eletrônico continua sendo a mesma, podendo ser

descrita na figura 3.1.

De acordo com Estes e Kuespert (1976), quanto à elaboração de questões, não

há regras rígidas em relação a seu formato. Entretanto, erros podem fazer com que

os painelistas percam tempo desnecessário para transmitir as informações

desejadas, deixem de responder a alguma questão por falta de entendimento ou, no

pior dos casos, apresentem uma resposta com a qual os próprios não concordariam,

por falta de entendimento. Por isso, seguem abaixo as principais recomendações

para uma pesquisa Delphi eficaz e eficiente, segundo Estes e Kuespert (1976):

• Evitar eventos compostos: se o evento tiver uma parte com a qual o

painelista concorda e outra com a qual discorda, é difícil para ele saber o

que responder;

• Evitar colocações ambíguas: a primeira ambiguidade deriva da utilização de

jargão técnico, considerado como sendo de domínio público. Também o uso

de termos como “comum”, “normal”, “uso geral”, “segmento significante de”

e “será uma realidade“ pode gerar dúvidas, pois as pessoas podem possuir

conceitos diferentes sobre o significado de uma mesma palavra;

• Tornar o questionário simples de ser respondido: o questionário deve ser

projetado para a conveniência do painelista e não para a do coordenador;

77

• Estar atento ao número de questões: há um limite máximo para o número

de questões para as quais o painelista pode dispensar tratamento

adequado. Esse limite depende do tipo de questão e do perfil do

respondente, mas um valor próximo de vinte e cinco seria o ideal;

• Esclarecer previsões contraditórias: se houver eventos excludentes no

questionário, esta situação deve ser deixada clara;

• Evitar ordenamento de proposições: deve-se evitar o pedido de priorização

entre uma série grande de proposições como, por exemplo, o ordenamento

segundo a importância de cinquenta projetos de pesquisa, pois demandará

muito tempo do respondente;

• Permitir complementações dos painelistas: principalmente na primeira

rodada da pesquisa, deve ser possível permitir ao painelista acrescentar

algum comentário que considere relevante, contribuindo para o

enriquecimento da pesquisa.

A fim de elaborar os cenários da pesquisa, Giovinazzo e Wright (2000)

explicam que a técnicas podem ser divididas em extrapolativas, exploratórias e

normativas. As técnicas extrapolativas permitem a previsão, pela extrapolação para

o futuro, de eventos verificados no passado. As técnicas exploratórias concentram a

análise no processo de mudança e nos caminhos alternativos para o futuro

(identificam os eventos e as ações que são capazes de alterar os caminhos que

serão percorridos). As técnicas normativas visam orientar as ações que

determinarão o futuro, por meio da análise dos valores e necessidades do ambiente

relacionados com o objeto da previsão, sendo complementar às demais abordagens.

Wright (1986) infere que, seguindo os cenários acima, a técnica Delphi poderá

ser muito útil quando se quiser realizar uma análise qualitativa do mercado,

permitindo que se avaliem tendências futuras em face de descontinuidades

tecnológicas e mudanças sócio-econômicas.

78

FIGURA 3.1A: SEQUÊNCIA DE EXECUÇÃO DE UMA PESQUISA DELPHI –

ESTES E KUESPERT (1976)

Em uma abordagem mais sistematizada, Skulmoski, Hartman e Khran (2007)

definiram um modelo conceitual do que seria o passo a passo para a aplicação do

método Delphi em pesquisa acadêmica, como pode ser observado na Figura 3.2.

Nesse modelo, a aplicação do Delphi inicia-se considerando três pontos principais: a

79

experiência (do pesquisador ou da empresa pesquisada), a revisão da literatura

realizada pelo pesquisador e estudos-piloto. Esses três pontos reunidos dão origem

à questão da pesquisa, a qual fornecerá elementos para o desenho da pesquisa.

Posteriormente, com o estudo delineado, é o momento de escolher a amostra a ser

investigada, selecionando os indivíduos que irão fazer parte da pesquisa.

FIGURA 3.1B: SEQUÊNCIA DE EXECUÇÃO DE UMA PESQUISA DELPHI –

SKULMOSKI, HARTMAN E KHRAN (2007)

3.1.1. Vantagens do Método Delphi

Após a explanação acima acerca da definição do método Delphi, de acordo

com Estes e Kuespert (1976), seguem abaixo as vantagens de sua utilização:

• Realiza previsões em situações de carência de dados históricos;

• Apresenta um volume maior de informação e traz a análise do problema a

um nível de informação do especialista melhor informado;

• O uso de questionários e respostas escritas leva a uma maior reflexão nas

respostas, além de facilitar seu registro, em relação a uma discussão em

grupo;

• O anonimato nas respostas elimina a influência de fatores como a situação

acadêmica ou profissional do respondente;

• Fatores restritivos da dinâmica de grupo são reduzidos, como eliminação de

participantes, adesão às posições majoritárias, manipulação política, entre

outros;

• Não há custos de deslocamento de pessoal, com o envio de questionários

por correio, e-mail ou outros meios;

80

• Apesar do custo de preparação ser maior, o custo total é provavelmente

menor do que valores relacionados à reunião física de um grande grupo de

peritos;

• Uma adesão efetiva de um grande número de participantes, vantagem que

decorre da criatividade e confere credibilidade ao estudo.

3.1.2. Desvantagens do Método Delphi

O método Delphi oferece desvantagens, segundo Estes e Kuespert (1976) e

Wright (1986). As mais frequentemente apontadas são:

• Seleção de respondentes e tratamento de resultados estatisticamente não

aceitáveis;

• Dependência dos resultados em relação à escolha dos especialistas, o que

possibilita a introdução de viés pela escolha dos respondentes;

• Permite um consenso forçado;

• Dificulta a elaboração de um questionário sem ambiguidades e não

tendencioso sobre projeções futuras;

• A realização do processo completo é demorada, principalmente ao enviar o

questionário pelo correio;

• O custo de elaboração é elevado.

No caso da pesquisa Delphi ser realizada pela Internet, segundo Giovinazzo e

Fischmann (2001), é muito importante que haja uma equipe de suporte à informática,

hábil e disponível, para auxiliar no caso de problemas que possam ocorrer pela

necessidade de uso do computador, conectado à rede, para responder às questões.

3.2. Quanto aos fins

Quanto aos fins, a pesquisa será exploratória, descritiva, explicativa e

metodológica. Exploratória, pois Escritório de Gerenciamento de Projetos (Project

Management Office – PMO) é uma área onde há pouco conhecimento acumulado,

necessitando ser explorado. Descritiva, pois relatará características sobre uma

população e área de conhecimento específico (gerentes de projeto). Explicativa, pois

justificará os motivos pelos quais a pesquisa está sendo realizada, investigando os

fatores pelos quais há a necessidade de implantação e correta operação de um

Escritório de Gerenciamento de Projetos nas empresas. A mesma também será

81

metodológica, pois utilizará o método Delphi para captação e manipulação das

informações necessárias à manipulação, estudo, análise e conclusão do trabalho.

3.3. Quanto aos meios

Quanto aos meios, de acordo com Vergara (2010a), a pesquisa será

bibliográfica, experimental e de campo. Bibliográfica porque serão feitos estudos

voltados ao gerenciamento de projetos e Escritório de Gerenciamento de Projetos,

temas principais da pesquisa. Além disso, a bibliografia fornecerá um embasamento

conceitual sobre o método Delphi de pesquisa, o qual será utilizado para obtenção

das informações para análise. Experimental, porque algumas variáveis de pesquisa

sobre Escritório de Gerenciamento de Projetos serão manipuladas, a partir das

informações captadas no questionário utilizado no método Delphi, chegando-se as

variáveis dependentes e independentes. A pesquisa também será de campo, pois

serão aplicados questionários a gerentes e participantes de Escritório de

Gerenciamento de Projetos das empresas, em seus respectivos locais de trabalho,

agregando valor às respostas sobre gerenciamento de projetos e PMOs

(investigação empírica).

3.4. Universo e amostra

Segundo Vergara (2010b), o universo ou população compreende um conjunto

de elementos (empresas, produtos, pessoas, por exemplo) que possuem as

características que serão objeto de estudo. A amostra ou população amostral

compreende uma parte do universo (população) escolhida segundo um determinado

critério de representatividade.

3.4.1. Universo

O universo da pesquisa pode ser entendido como todos os gerentes,

coordenadores e demais participantes dos Escritórios de Gerenciamento de Projetos

das empresas, além de gerentes de projeto que já participaram ou conhecem o

funcionamento desses Escritórios, de forma a contribuir, com seu conhecimento

como especialistas, na resposta às perguntas do questionário em sucessivas

rodadas, buscando um consenso sobre as perguntas do tema.

82

3.4.2. Amostra

Utilizando a taxonomia de Vergara (2010b), a amostra para pesquisa será

definida a partir dos critérios de acessibilidade e tipicidade. Tipicidade porque serão

selecionados elementos representativos para a população-alvo, o que demandará

um profundo conhecimento dessa população (a técnica Delphi demanda

profissionais especializados, visando chegar ao consenso em relação às perguntas

do tema).

O critério da acessibilidade também se torna fundamental para esta pesquisa,

pois uma vez defendido o critério de tipicidade, é importante chegar aos profissionais

mais experientes no assunto. Para isso, por se tratar de gerenciamento de projetos,

o acesso a esses profissionais torna-se mais disponível via PMI-Rio, uma vez que

esses especialistas, em sua grande maioria, possuem um relacionamento com a

comunidade do PMI (Project Management Institute). O perfil dos participantes da

pesquisa será explicitado no item a seguir.

3.5. Sujeitos

Serão sujeitos desta pesquisa profissionais de gerenciamento de projetos que

trabalham ou já trabalharam em Escritório de Gerenciamento de Projetos em

qualquer empresa brasileira ou no exterior, em qualquer ramo ou segmento de

negócio. Também fará parte desse grupo o PMI, pois, tal, como comunidade, agrega

profissionais especializados e de profundo conhecimento sobre o tema em questão.

Os profissionais especializados deverão possuir uma certificação ou curso de

especialização que comprove uma formação mais aprofundada em gerenciamento

de projetos. As certificações PMP (Project Management Professional – fornecida

pelo PMI – EUA) e PRINCE2 (PRojects IN Controlled Environments – fornecida pela

OGC – Reino Unido) são as mais aceitas mundialmente. Se o profissional possuir a

certificação PgMP (Program Management Professional) tornará a pesquisa ainda

mais rica, pois se trata de uma certificação voltada para gerenciamento de

programas.

É imprescindível que os profissionais especializados tenham experiência em

gerenciamento de projetos e PMOs de, no mínimo, dez anos, a fim de que tal ajude

no desenvolvimento de respostas para os cenários da técnica Delphi, fornecendo

respostas para esta dissertação.

83

Mais detalhes dos especialistas e da pesquisa serão respondidos no item 4

desta dissertação.

3.6. Coleta de dados

Outra questão de extrema importância é definir como serão coletadas as

informações necessárias, a fim de responder ao problema levantado no início da

pesquisa. Dessa forma, é importante estar alinhado aos objetivos do estudo para

que, com a correta coleta de informações, os mesmos sejam alcançados. Assim,

segundo Vergara (2010b), serão utilizadas as seguintes técnicas de coleta de dados:

a) Pesquisa em livros, artigos especializados e publicados, páginas de

Internet, teses e dissertações relacionadas ao assunto, fornecendo

conceitos, definições e análise de conteúdo no que tange o Escritório de

Gerenciamento de Projetos, gerenciamento de projetos, além de questões

sobre modelos de maturidade em projetos.

b) Aplicação de um questionário qualificado. Uma vez que o método Delphi

será utilizado seguindo as definições do item 3.1 e segundo Vergara (2009 e

2010a), um grupo de especialistas escolhido responderá a um questionário

durante sucessivas rodadas, preservando o anonimato. Esses resultados

serão submetidos a um tratamento estatístico, buscando relacionamento

entre as perguntas e os resultados. Dependendo da análise, o questionário

poderá ser modificado durante o processo de pesquisa, incluindo-se,

suprimindo-se ou modificando-se questões. As rodadas da aplicação do

questionário serão finalizadas somente quando se chegar ao consenso

sobre as respostas, amadurecendo os resultados e possibilitando que os

mesmos sejam divulgados e aplicados para evolução e adequação dos

Escritórios de Gerenciamento de Projetos nas empresas. Um pré-teste do

questionário deverá ser realizado com poucas pessoas, para que avaliações

possam ser incorporadas, permitindo a formatação final antes da sua

publicação definitiva. Instruções de preenchimento também deverão ser

fornecidas, procurando-se evitar falhas de entendimento. O questionário

será apresentado ao respondente de maneira impressa e será, em sua

maioria, fechado (estruturado). As perguntas permitirão comentários livres

dos respondentes (questões abertas).

84

É importante ressaltar que a coleta de dados será transversal, ou seja, será

realizada em um único momento no tempo.

3.7. Tratamento de dados

Os dados extraídos pelas técnicas citadas anteriormente deverão ser tratados

para atender aos objetivos intermediários e principal desta pesquisa. De acordo com

Vergara (2010b), objetivos são alcançados a partir da coleta, tratamento e,

posteriormente, interpretação dos dados. Dessa forma, faz-se necessário efetuar a

correlação entre os objetivos e forma de atingi-los.

A partir da pesquisa bibliográfica, necessária ao entendimento da importância

dos processos de gerenciamento de projetos e das atividades e estrutura de um

Escritório de Gerenciamento de Projetos, os quais ainda estão pouco difundidos, é

indispensável a utilização de uma abordagem que permita explorar esses conceitos,

buscando colocá-los em prática da maneira mais efetiva e eficiente possível. Sendo

assim, a partir das respostas às perguntas fornecidas pelos especialistas em

gerenciamento de projetos e Escritório de Gerenciamento de Projetos, serão

realizadas avaliações estatísticas simples, na busca da convergência das perguntas

e na confirmação ou não de hipóteses levantadas no item 1.4 desta dissertação.

Serão realizados pequenos testes estatísticos de comparação de valores

percentuais com mediana e quartil, conforme é solicitado pela técnica Delphi.

Algumas análises, entretanto, serão efetuadas sem levar em consideração métodos

estatísticos, a partir da análise subjetiva das perguntas respondidas. Vale ressaltar

que, conforme dito por Vergara (2010b), é possível tratar dados com e sem

estatística no mesmo estudo. Pode-se, por exemplo, utilizar estatística descritiva

para apoiar uma interpretação subjetiva.

O questionário acima citado viabilizará colher interpretações dos mais diversos

participantes, sobre Escritórios de Gerenciamento de Projetos e dos processos de

gerenciamento de projetos. Essas interpretações fornecerão impressões pessoais de

cada especialista respondente (seus pontos positivos e negativos). Os pontos mais

citados ou aqueles em que houver um maior grau de afinidade nas respostas

servirão de vestígios para identificação de práticas atuais ou tendências na operação

de PMOs nas organizações.

85

3.8. Limitação do método

Segundo Vergara (2010b), todo método tem possibilidades e limitações. Sendo

assim, de acordo com a metodologia informada para a pesquisa, apresentam-se

algumas dificuldades e limitações quanto à coleta de dados:

• Esta pesquisa utilizará somente o método Delphi. Conforme descrito no item

3.1, os especialistas recebem o questionário e o respondem em seu local de

trabalho. Ao enviar as respostas, as mesmas são analisadas e verificadas

por uma equipe de coordenação, que poderá solicitar novas respostas se o

consenso das perguntas não for obtido. Ou seja, não há deslocamento dos

respondentes para um mesmo local nem conhecimento dos participantes da

pesquisa por outra pessoa que não seja o coordenador da mesma;

• É impossível envolver todos os especialistas em Escritório de

Gerenciamento de Projetos e em gerenciamento de projetos, pois tal

inviabilizaria a execução do projeto de pesquisa.

• É difícil buscar a melhor adequação do número de pessoas para resposta

às perguntas do questionário, uma vez que pesquisas dessa natureza

envolvem um grande número de participantes, buscando-se o melhor

consenso sobre o assunto pesquisado;

• Devido a questões culturais e de posição nas empresas onde trabalham os

especialistas, algumas perguntas podem não ser respondidas em sua

totalidade ou ser omitidas. Além disso, devido ao tempo exíguo dos

especialistas, alguns questionários poderão deixar de ser respondidos, o

que eventualmente tornará mais difícil o processo de análise e conclusão da

pesquisa;

• Devido à dificuldade em conseguir dedicação dos especialistas para

resposta às perguntas, caso não seja possível conseguir em tempo hábil

convergência para as mesmas, será admissível aceitar um consenso parcial

referente às perguntas apresentadas;

• A análise do pesquisador é influenciada pela vida profissional do mesmo.

Sendo assim, buscar-se-á um distanciamento dos fatos, embora admita-se

a inexistência de neutralidade científica (Vergara, 2010b).

86

4. PESQUISA DE CAMPO

A pesquisa de campo Delphi foi inicialmente projetada para ser aplicada em

nível nacional. Entretanto, a partir do contato e apoio de especialistas estrangeiros

ligados ao PMI (Project Management Institute), foi possível aplicá-la não só no

Brasil, mas também no exterior, tornando a pesquisa internacional.

A etapa internacional da pesquisa envolveu especialistas de diversos

continentes, conforme mostrado no item 4.1.1 deste estudo. Uma vez que o

questionário requisitava respostas a muitas perguntas, era natural que houvesse

dificuldade no retorno do questionário, ainda que fosse aplicado somente a

especialistas brasileiros. Com o aumento do grau de abrangência, era nítida a visão

de que a dificuldade no retorno da pesquisa seria muito maior. Considerando que

era previsto haver mais de uma rodada até a convergência das ideias, o retorno dos

questionários para outras rodadas tornou-se um grande desafio.

O retorno da pesquisa pelos especialistas nas rodadas do Delphi ocorreu de

três formas distintas: papel, e-mail e preenchimento pela Internet, a partir da

disponibilização do questionário na página do PMI-Rio para associados ao PMI. Vale

ressaltar que, no caso da Internet, conforme explicitado no capítulo 3 desta

dissertação e destacado por Giovinazzo e Fischmann (2001), foram mantidas as

mesmas regras de aplicação, mantendo o anonimato dos respondentes.

Uma vez que houve a participação brasileira e estrangeira na pesquisa e,

conforme os conceitos da técnica Delphi explicitados no item 3.1 desta dissertação,

foi estipulado pelo coordenador da pesquisa que a convergência das perguntas seria

atingida com coincidência de 85% das opiniões dos especialistas (brasileiros e

estrangeiros), desde que todos os especialistas entendessem a pergunta e que não

houvesse nas respostas solicitação de inclusão de novas opções, o que poderia

promover a mudança de opinião dos especialistas nas rodadas subsequentes.

Para análise da convergência, foi utilizada a mediana (citada no item 3.1 deste

estudo). Segundo Mcclave, Benson e Sincich (2010), a mediana é uma medida de

localização do centro da distribuição dos dados, dividindo a amostra ordenada ao

meio. O valor da mediana pode ou não pertencer à amostra. Já a média, ao contrário

da mediana, é uma medida muito influenciada por valores muito grandes ou muito

pequenos, mesmo que apareçam em pequeno número na amostra. Dessa forma,

87

esses valores podem ser responsáveis pela má utilização da média em muitas

situações em que a mediana seria mais confiável.

Apesar de existirem poucos especialistas certificados em PgMP (Program

Management Professional) no mundo, foi possível reunir, nesta pesquisa, dois

destes profissionais (um brasileiro e um estrangeiro), o que enriqueceu o conteúdo

de avaliação deste estudo. Além disso, todos os profissionais participantes tinham,

no mínimo, dez anos de experiência profissional em gerenciamento de projetos ou

PMO, com graduação e/ou pós-graduação e/ou mestrado e/ou doutorado em sua

respectiva área de negócio. Os especialistas foram selecionados com o apoio de

profissionais do PMI, os quais conhecem profundamente a formação dos

profissionais de mercado especializados.

Com a expansão da pesquisa para o exterior, foram necessárias mudanças de

estratégia na coleta, avaliação e retorno dos dados, uma vez que cada país perpetra

sua própria cultura, evidenciando divergências. Essas diferenças serão explicitadas

abaixo, na análise do resultado.

Para os questionários enviados por e-mail, houve o cuidado em disponibilizá-

los aos especialistas em cópia oculta, para que nenhum participante tivesse acesso

à lista dos respondentes, mantendo o anonimato, que é característica da abordagem

de pesquisa Delphi. Ou seja, as opiniões de todas as rodadas foram únicas para

cada especialista respondente, sem interferências, sendo tal premissa fundamental

para a correta aplicação do método.

O questionário discriminado no volume II desta dissertação (itens 1 e 3 –

versão em português; itens 2 e 4 – versão em inglês) foi composto de vinte e cinco

perguntas, distribuídas segundo a seguinte categorização (numeração das

perguntas segue questionário, contido no volume II desta dissertação):

• Perguntas para nível estratégico do PMO (numeração da primeira rodada,

conforme volume II desta dissertação – questões em português) – 1.2.1,

1.2.2, 1.2.3, 1.2.4, 1.2.5, 1.2.6, 1.2.7, 1.2.22, 1.2.24 – focadas na estratégia

da companhia (a classificação é a mesma para os demais itens do volume II

– segunda rodada);

• Perguntas para nível tático do PMO (numeração da primeira rodada,

conforme volume II desta dissertação – questões em português) – 1.2.10,

1.2.14, 1.2.15. 1.2.16, 1.2.17, 1.2.23, 1.2.25 – focadas em pessoas,

treinamento, metodologia, suporte, coaching (explicado no capítulo 7) e

88

mentoring, conforme explicado no capítulo 7 (a classificação é a mesma

para os demais itens do volume II – segunda rodada);

• Perguntas para nível operacional do PMO (numeração da primeira rodada,

conforme volume II desta dissertação – questões em português) – 1.2.8,

1.2.9, 1.2.11, 1.2.12, 1.2.13, 1.2.18, 1.2.19, 1.2.20, 1.2.21 – focadas na

execução das atividades definidas pelos processos (a classificação é a

mesma para os demais itens do volume II – segunda rodada).

O objetivo dessa categorização foi compreender via diversas experiências

vividas pelo autor e pelo orientador desta dissertação, as principais facetas que

afetam diretamente a operação de um Escritório de Gerenciamento de Projetos

dentro das organizações. É importante ressaltar que essa proposta de categorização

está diretamente relacionada a critérios de classificação utilizados atualmente para

diferenciação das atividades do PMO, as quais foram descritas no tópico 2.5 desta

tese. Esta classificação foi elaborada após o envio do questionário, de forma a evitar

vícios e redirecionamento de respostas.

Devido à dificuldade na coleta de dados bibliográficos sobre o assunto

abordado nesta dissertação, as perguntas foram originadas a partir de estudos de

benchmarking realizados pelo PMI em anos anteriores, relacionados a

gerenciamento de projetos e PMO. Experiências e dificuldades relatadas por autores

referenciados nesta dissertação e gerentes de projeto do mercado de trabalho

também contribuíram para a elaboração deste questionário.

A aplicação das vinte e cinco perguntas era necessária, pois, além de não

haver muitas pesquisas sobre o assunto, a situação atual dos PMOs nas empresas

demanda respostas a perguntas consideradas polêmicas, as quais diminuem ou

limitam a atuação de PMOs nas organizações. Dessa forma, é a partir de

informações de especialistas a perguntas consideradas audaciosas, que será

possível evoluir na compreensão da real função do PMO e seus fatores críticos de

sucesso nas empresas e nos projetos.

4.1. Resultados da Pesquisa

Uma vez que as questões seriam respondidas por especialistas brasileiros e

estrangeiros, foi realizado um esforço adicional para que realmente nenhuma

questão relevante ficasse ausente. Por isso, a pesquisa foi composta de vinte e

cinco perguntas. Por se tratar de uma pesquisa Delphi, houve um risco iminente do

89

questionário não ser respondido por um número adequado de especialistas na

primeira rodada e um risco ainda maior das perguntas pendentes de consenso não

serem respondidas nas rodadas subsequentes. Entretanto, com o apoio, dedicação,

respeito, seriedade e, sobretudo, a vontade de cada especialista em desejar

identificar os fatores críticos de sucesso na operação de PMOs foi possível chegar a

uma convergência de opiniões sobre as perguntas do questionário.

O consenso final da pesquisa ocorreu na segunda rodada de respostas. O

ponto mais importante da abordagem Delphi foi que apenas uma minoria de

respostas às perguntas demonstrou convergência de opiniões na primeira rodada do

método, o que pode ser destacado pelas diferenças culturais existentes entre

especialistas estrangeiros e brasileiros dispersos por todo o mundo, além de

problemas na formulação de algumas destas perguntas, ambos ajustados na

segunda rodada.

4.1.1. Resultado da Primeira Rodada – Técnica Delphi

O questionário da pesquisa foi respondido inicialmente por quarenta e três

especialistas de um total de quarenta e oito (89%), sendo trinta e seis brasileiros e

sete estrangeiros (11% do total inicial não participou), todos renomados em suas

funções direcionadas a gerenciamento de projetos e Escritório de Gerenciamento de

Projetos (Project Management Office – PMO) em suas respectivas empresas. Os

participantes estrangeiros foram oriundos dos seguintes países: Argentina (um

participante), África do Sul (dois participantes), Espanha (um participante), Finlândia

(um participante) e Estados Unidos (dois participantes). O perfil dos especialistas foi

informado no capítulo 4 deste estudo.

As figuras 4.1.1A, 4.1.1B e 4.1.1C explicitam detalhes dos participantes

coletados na pergunta contida no volume II desta dissertação (item 1.2.1 –

português; 2.2.1 - inglês).

90

FIGURA 4.1.1A: PERFIL E SEGMENTO DOS ENTREVISTADOS

FIGURA 4.1.1B: SEGMENTO DOS ENTREVISTADOS (%)

91

FIGURA 4.1.1C: PARTICIPANTES POR CONTINENTE

A segunda pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.2 – português; 2.2.2 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1D.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, apesar da maioria dos especialistas

ter decidido pela opção do PMO suportar gerentes de projeto em outras áreas, não

houve um afastamento da mediana que justificasse os 85% de convergência (a

resposta “PMO suporta gerentes de projetos em outras áreas” somou, entre

brasileiros e estrangeiros, trinta respostas do total de quarenta e três participantes,

totalizando 70% de convergência). Sendo assim, como não foi possível convergir na

primeira rodada, a pergunta foi ajustada e reaplicada na segunda rodada.

A justificativa dos profissionais que optaram por um PMO suportando gerentes

de projeto alocados em outras áreas é que a equipe que define e executa atividades

de PMO (por exemplo: elaborar indicadores, desenvolver metodologia(s) de

gerenciamento de projetos, auditar, suportar, apoiar, treinar e acompanhar

atividades elaboradas pelos gerentes de projeto, gerenciar conhecimento, gerenciar

perfis de recursos de projetos necessários à organização) não deve ser a mesma

que executa as atividades de gerenciamento de projeto, para que seja possível

visualizar de forma integrada os diversos projetos em andamento ou a serem

executados, agregando um maior valor ao negócio da companhia. Segundo esses

especialistas, se o PMO também gerenciar os projetos, perderá o foco em seus

objetivos primários. A justificativa acima pode ser evidenciada de acordo com a

92

seguinte resposta do especialista brasileiro “E1”: “O PMO deve ser responsável por

suportar os gerentes de projeto que estão alocados nas áreas de negócio da

empresa, fornecendo o suporte necessário para que esse gerente possa conduzir

corretamente as atividades de gerenciamento do seu projeto. Isso inclui treiná-lo na

metodologia fornecida pelo PMO além de fornecer coaching e mentoring para que o

gerente do projeto preencha adequadamente os documentos de gerenciamento

(plano do projeto, plano de risco, plano de comunicação, plano de integração, plano

de mudança, relatório de acompanhamento, relatório de lições aprendidas, entre

outros). Se o PMO gerenciar o projeto, não terá tempo suficiente para exercer essas

atividades listadas acima, além de outras como acompanhar um determinado

portfólio de projetos de forma consolidada.”.

A justificativa dos profissionais que optaram por um PMO que detém gerentes

de projeto e gerencia esses empreendimentos é de que assim as atividades de

gerenciamento de projetos são executadas com mais veemência (intensidade). Isto

é, as atividades do PMO são conduzidas com mais facilidade se o gerente de

projetos que trabalha no PMO também gerencia projeto(s). Ainda segundo esses

entrevistados, possíveis problemas de hierarquia entre PMO e gerentes de projeto

poderiam ser amenizados dessa forma. Essa evidencia pode ser transcrita a partir

da seguinte resposta do especialista estrangeiro “E37”: “Se o PMO mantém o

controle sobre os gerentes dos projetos, fica mais fácil a adequada condução dos

projetos já que, hierarquicamente, esse gerente estaria ligado ao PMO responsável

por este portfólio, evitando interferência de um gerente funcional de outra área da

empresa.”.

Outro grupo de especialistas optou pela inexistência de uma estrutura mais

apropriada para o PMO, uma vez que, devido à cultura organizacional, uma estrutura

pode ser mais adequada em determinada circunstância e menos apropriada em

outra. A seguinte transcrição, proveniente do especialista brasileiro “E15” evidencia

este fato: “... se for mais interessante para a empresa que o PMO gerencie projetos,

então o mesmo deve gerenciá-lo. Não é a empresa que deve se adequar à estrutura

do PMO e sim o PMO que deve se adequar às necessidades da organização.”.

93

FIGURA 4.1.1D: ESTRUTURA DO PMO

A terceira pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.3 – português; 2.2.3 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1E.

A linha tracejada do gráfico corresponde à mediana dos respondentes. Pode-se

verificar que, apesar da maioria dos especialistas ter decidido pelas opções

“Definição e Suporte à Metodologia de Gerenciamento de Programas, Projetos e

Portfólio” e “Treinamento, Coaching (definição contida no capítulo 7 desta

dissertação) e Mentoring (definição contida no capítulo 7 desta dissertação) em

gerenciamento de projetos”, não houve um afastamento da mediana que justificasse

os 85% de convergência (a convergência ficou em 84%). Para esta pergunta, não

foram separados no gráfico os especialistas brasileiros dos estrangeiros a fim de não

tornar o mesmo ilegível. Sendo assim, como não foi possível convergir na primeira

rodada, a pergunta foi ajustada e reaplicada na segunda rodada.

De acordo com a análise acima, é possível verificar que os especialistas

participantes desta pesquisa salientam a importância das atividades de um PMO

tático, considerando que as atividades táticas compreendem funções relacionadas à

treinamento, coaching, mentoring e suporte e desenvolvimento de metodologia. O

resultado é interessante, pois, de acordo com os especialistas, sem a execução das

atividades táticas, dificilmente será possível preparar as pessoas e padronizar os

processos para a execução coordenada das atividades operacionais e estratégicas

(tão pouco será possível ligá-las).

94

Muitos especialistas também advertem para o fato de que há necessidade de

mapeamento dos objetivos e benefícios estratégicos da companhia, os quais estão

relacionados ao portfólio (definido no item 2.6 desta dissertação). Dessa forma, será

possível definir com mais eficácia e eficiência as atividades do PMO.

Outra observação interessante está relacionada a atividades identificadas pelos

respondentes, as quais não faziam parte da lista inicial de itens da pergunta. São

elas:

• Gerenciamento de recursos (perfis de profissionais);

• Gestão de conhecimento;

• Gestão de mudança dos projetos;

• Governança em programas, projetos e portfólio (PPP);

• Gestão das ferramentas em gerenciamento de projetos;

• Auditor dos projetos;

• Definição / Suporte na metodologia de gerenciamento de programas.

Uma vez que não houve um consenso na escolha das principais atividades

desempenhadas pelo PMO e, levando-se em consideração que novas sugestões

foram incluídas, foi necessário ajustar a pergunta para a segunda rodada.

FIGURA 4.1.1E: ATIVIDADES DO PMO

95

A quarta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.4 – português; 2.2.4 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1F.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, apesar da maioria dos especialistas

ter decidido pela opção do PMO participar no processo decisório, no caso dos

especialistas brasileiros, não houve um afastamento da mediana que justificasse os

85% de convergência (a resposta “sim” somou, entre brasileiros e estrangeiros, trinta

e duas respostas do total de quarenta e três participantes, totalizando 74% de

convergência). Além disso, três respondentes não entenderam a pergunta. As

respostas estrangeiras alcançaram consenso, mas tal não foi suficiente para se ter

consenso global na questão. Sendo assim, como não foi possível convergir na

primeira rodada, a pergunta foi ajustada e reaplicada na segunda rodada.

Com relação às respostas positivas desta pergunta, é possível destacar, pela

maioria das respostas dissertativas dos especialistas, a participação do PMO na

gestão de portfólio de projetos (a partir de uma lista de projetos previamente

definida), a elaboração e acompanhamento dos indicadores e o reporte de riscos

associados a determinadas decisões como importantes justificativas para sua

participação no processo decisório. Dessa forma, segundo os especialistas, o PMO

terá um maior conhecimento sobre os objetivos estratégicos da organização,

facilitando a identificação e execução da sua função na organização. A seguinte

transcrição do especialista brasileiro “E12” ajuda a evidenciar este fato: “... O PMO

deve participar do processo decisório da área ou da empresa, dependendo da sua

área de atuação, fornecendo informações sobre o andamento dos projetos que

compõem este portfólio para que o mesmo possa ser reavaliado constantemente, na

busca de ajustá-lo, conforme necessidade da organização. Isto inclui uma nova

priorização, uma tomada de decisão sobre possíveis problemas em seus projetos

estratégicos ou, até mesmo, na retirada de algum projeto do portfólio...”.

A palavra “participar”, contida nesta pergunta, significa atuar como um apoiador

do processo (participação indireta) ou até mesmo auxiliar diretamente na tomada de

decisão, no caso da estrutura organizacional da empresa, ou a respectiva diretoria,

permitirem ao PMO este envolvimento direto na definição e execução do plano

estratégico da companhia.

96

Outra questão importante destacada pelos especialistas é que nem todos os

PMOs devem participar deste processo a não ser aqueles que realmente estão

envolvidos neste processo, os quais são definidos como estratégicos. Para eles, a

forma de atuação do PMO junto ao portfólio depende não só do modelo de

governança da companhia como também do gerenciamento de projetos, programas

e portfólio (PPP).

FIGURA 4.1.1F: PMO PARTICIPA DO PROCESSO DECISÓRIO DA ÁREA EM QUE ATUA?

A quinta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta dissertação

(item 1.2.5 – português; 2.2.5 - inglês) apresentou comportamento conforme

ilustrado na figura 4.1.1G.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, apesar da maioria dos especialistas

ter decidido pela opção do PMO ser envolvido na governança, no caso dos

especialistas brasileiros, não houve um afastamento da mediana que justificasse os

85% de convergência. O mesmo ocorreu com os especialistas estrangeiros (a

resposta “sim” somou, entre brasileiros e estrangeiros, vinte e sete respostas do total

de quarenta e três participantes, totalizando 63% de convergência). Além disso,

alguns respondentes não entenderam a pergunta, pois, segundo eles, a mesma não

deixava claro se retratava governança funcional ou em gestão de projetos,

programas e portfólio (PPP). O objetivo era verificar a relação do PMO com a

97

governança em gestão de PPP, a qual está diretamente entrelaçada com a

governança corporativa (para definição do termo, consultar capítulo 7 desta

dissertação). Sendo assim, como não foi possível convergir na primeira rodada, a

pergunta foi ajustada e reaplicada na segunda rodada.

Seguindo os conceitos de governança corporativa, a governança em gestão de

PPP estabelece os processos, relacionamentos e políticas necessários para

assegurar a gestão adequada do portfólio, de projetos e de programas estratégicos

da companhia.

Quanto aos respondentes que confirmaram o envolvimento do PMO na

governança de PPP, é interessante ressaltar em seus comentários que, se o PMO

participa do processo decisório, definição de estratégias, definição de metodologia,

elaboração de indicadores, ele está, de certa forma, envolvido na governança

corporativa. Para alguns desses especialistas, a governança permite maiores

probabilidades de sucesso de um PMO nos níveis estratégico, tático e operacional,

associando seus valores à missão, visão e objetivos da organização, como pode ser

evidenciada pela seguinte afirmativa do especialista estrangeiro “E39”: “... o PMO

ajuda a organização a estabelecer suas regras e políticas a partir do momento que

define como serão apurados os indicadores dos projetos e qual metodologia será

adotada para condução dos mesmos.”.

A reformulação da pergunta para a próxima etapa (segunda rodada) deixou

clara essa diferenciação, na busca do consenso nas respostas.

FIGURA 4.1.1G: PMO É ENVOLVIDO NA GOVERNANÇA DA EMPRESA?

98

A sexta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta dissertação

(item 1.2.6 – português; 2.2.6 - inglês) apresentou comportamento conforme

ilustrado na figura 4.1.1H.

A linha tracejada do gráfico corresponde à mediana dos respondentes. Pode-se

verificar que, apesar da maioria dos especialistas ter decidido pela opção “Baixo

valor agregado pelo PMO”, não houve um afastamento da mediana que justificasse

os 85% de convergência (a convergência ficou em 77%, considerando que trinta e

três brasileiros escolheram esta opção, de um total de quarenta e três participantes).

Para esta pergunta, não foram separados no gráfico os especialistas brasileiros dos

estrangeiros, a fim de não tornar o mesmo ilegível. Como não foi possível convergir

as respostas na primeira rodada, a pergunta foi ajustada e reaplicada na segunda

rodada.

A maioria dos especialistas respondeu que a falta de valor agregado pelo PMO

para a companhia o leva a ser considerado burocrático ou desnecessário para as

áreas ou até mesmo para toda a empresa. Um PMO que não demonstra valor à

organização não consegue patrocínio da alta direção para se estabelecer. Dessa

forma, acaba falhando na sua função. É importante ressaltar que a alta direção

costuma não considerar somente valores intangíveis, mas sim valores tangíveis

(benefícios financeiros). Assim, métodos de cálculo de retorno financeiro para a

organização, nesse momento, são muito bem vindos para a comprovação de valor

de um PMO. A seguinte transcrição do especialista brasileiro “E2” ajuda a entender

esta questão: “O PMO executa atividades consideradas intangíveis

(acompanhamento, controle, treinamento, entre outras). Como a diretoria executiva

espera avaliar os valores por meio de fatos e dados (retorno financeiro), indicadores

de mensuração das atividades de um PMO como satisfação do cliente, utilização de

metodologia, projetos cumpridos no custo, retrabalho das atividades dos projetos e

projetos cumpridos no prazo, contribuirão para evidenciar esses valores agregados,

justificando a existência desse PMO”.

A falta de comunicação (item que também foi fortemente evidenciado nas

respostas desta pergunta na primeira rodada) pode levar uma organização a

introduzir PMOs onde não são necessários, gerando “falsas” expectativas que não

poderão ser alcançadas, segundo a muitos especialistas.

Um nível de maturidade baixo para o PMO também foi sinalizado de forma

severa nas respostas, uma vez que levaria o PMO a executar de forma desordenada

99

suas atividades, causando uma impressão totalmente contrária a esperada pela

organização. Sem maturidade não é possível ao PMO estabilizar processos de

projetos, diminuir problemas e, consequentemente, agregar valor à empresa.

FIGURA 4.1.1H: POR QUE O PMO É CONSIDERADO BUROCRÁTICO OU

DESNECESSÁRIO?

A sétima pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.7 – português; 2.2.7 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1I.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, apesar da maioria dos especialistas

ter decidido pelo PMO e SMO (Strategic Management Office) serem equipes

distintas, não houve um afastamento da mediana que justificasse os 85% de

convergência (a resposta “equipes distintas” somou, entre brasileiros e estrangeiros,

trinta e duas respostas do total de quarenta e três participantes, totalizando 74% de

convergência). Além disso, três respondentes não entenderam a pergunta. Sendo

assim, como não foi possível convergir na primeira rodada, a pergunta foi ajustada e

reaplicada na segunda rodada.

Para os especialistas que consideraram a necessidade de distinção entre as

duas equipes, foi unânime a opinião de que é importante manter determinados

100

assuntos separados para que cada área possa exercer adequadamente sua função.

Esses especialistas também deixaram claro que esta separação deve ser funcional e

não deve haver hierarquia entre as duas áreas, evitando disputa de poder, tornando

prejudicial para a organização aquilo que deveria ser um diferencial. As duas áreas

devem reportar suas atividades para a respectiva diretoria, a qual poderá ser a

mesma. Cada área possui suas próprias funções que devem ser suportadas,

cooperadas, somadas ao final e não concorridas (disputa de poder). Ainda segundo

esses especialistas, enquanto o SMO define as estratégias de uma área ou

corporação, o PMO deve ser responsável por gerenciar e reportar projetos,

programas e portfólios segundo estas estratégias. Dessa forma, o SMO é

identificado como um envolvido (stakeholder) importante para o PMO.

Para os especialistas que consideraram a necessidade de se manter uma única

equipe, foi argumentado que as atividades estratégicas de pessoas que atuariam no

SMO deveriam ser tarefas adicionais a serem executadas pelo PMO, em um nível

mais estratégico. Dessa forma, a burocracia seria menor, uma vez que haveria

apenas um líder para condução das atividades. Assim, por ser uma área nova nas

organizações, esses especialistas entendem que a proposta de um SMO deve ser

mais amadurecida e avaliada antes de se tornar uma prática.

FIGURA 4.1.1I: QUAL DEVE SER A RELAÇÃO ENTRE PMO E SMO NAS

ORGANIZAÇÕES?

101

A oitava pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta dissertação

(item 1.2.8 – português; 2.2.8 - inglês) apresentou comportamento conforme

ilustrado na figura 4.1.1J.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, apesar da maioria dos especialistas

ter decidido pela opção do PMO ser o responsável pelas ferramentas de

gerenciamento de projetos, no caso dos especialistas brasileiros, não houve um

afastamento da mediana que justificasse os 85% de convergência (a resposta “sim”

somou, entre brasileiros e estrangeiros, vinte e oito respostas do total de quarenta e

três participantes, totalizando 65% de convergência). No caso dos especialistas

estrangeiros, alcançou-se 86% de convergência, mas tal não foi suficiente para o

consenso da questão. Além disso, houve não compreensão da pergunta em ambas

as partes, como pode ser observada na transcrição a seguir do especialista

estrangeiro “E40”: “A pergunta quer saber se o PMO deve ser responsável pelas

ferramentas de gerenciamento de projetos ou se o mesmo deve ser responsável por

executá-las? Não ficou claro para mim o assunto a ser tratado aqui.”. Sendo assim,

como não foi possível convergir na primeira rodada, a pergunta foi ajustada e

reaplicada na segunda rodada.

Apesar do objetivo da pergunta ser a avaliação do PMO como responsável

pelas ferramentas de gerenciamento de projetos, a mesma não deixou esta questão

muito clara. Os comentários dos especialistas que não concordaram com o controle

das ferramentas de gerenciamento de projetos pelo PMO também evidenciaram esta

dificuldade de entendimento.

De qualquer modo, para a maioria dos especialistas, o PMO deve ser

responsável pelas ferramentas de gerenciamento de projetos, uma vez que esse

controle facilita a padronização das atividades pelos gerentes dos projetos, da forma

que o PMO considerar mais apropriado. O PMO deve estar preparado para a

diversidade e diferenças de experiência e conhecimento dos gerentes de projetos. A

escolha de ferramentas apropriadas ajuda a manter a integridade das informações

dos projetos, o que é fundamental para a correta execução do plano estratégico da

organização. A seguinte observação realizada pelo especialista brasileiro “E25”

exprime esta ideia: ”... o PMO deve ser responsável pelas ferramentas de

gerenciamento de projetos para que possa aplicar sua metodologia adequadamente,

102

escolhendo, assim, a ferramenta mais apropriada para seus processos a serem

executados pelos gerentes de projeto...”.

Para os que não concordaram com a pergunta, é defendida a opinião de que o

PMO não deve ter essa atribuição, pois isso o prejudicaria na condução das demais

atividades.

FIGURA 4.1.1J: O PMO DEVE SER RESPONSÁVEL PELAS FERRAMENTAS DE

GP?

A nona pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta dissertação

(item 1.2.9 – português; 2.2.9 - inglês) apresentou comportamento conforme

ilustrado na figura 4.1.1K.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, houve consenso maior que 85%, se

somados os brasileiros e os estrangeiros (quarenta do total de quarenta e três

participantes, totalizando 93% de convergência) pela opção de definição do

processo antes da ferramenta. Entretanto, apareceu a nova opção “ferramenta e

processo ao mesmo tempo”, a qual não havia na pergunta inicialmente aplicada. Por

isso, a pergunta foi ajustada e reaplicada na segunda rodada.

Para os que responderam positivamente a esta pergunta, suas opiniões

convergiram para o fato de que os processos são responsáveis pelo detalhamento

dos procedimentos a serem executados segundo uma determinada política de

trabalho. Desta forma, não existe uma ferramenta que trará solução para as

atividades, a não ser que esteja devidamente customizada segundo os

103

procedimentos definidos nas áreas da companhia. Até que os processos sejam

definidos, qualquer que seja a ferramenta implantada não trará resultado e ganho

adequados, uma vez que nenhuma ferramenta surge para atender a um processo

que não existe. Ainda segundo estes especialistas, os processos devem refletir o

ambiente organizacional (as ferramentas automatizam os processos). A explicação

acima pode ser visualizada a partir da seguinte transcrição, realizada pelo

especialista brasileiro ”E34”: “A ferramenta deve existir para automatizar um

processo definido previamente de forma a flexibilizar-lo segundo as necessidades da

área e da organização. Se não há processo, não há como definir qual a melhor

ferramenta para execução das atividades relacionadas a este processo. Também

não é possível definir se a mesma deve ser comprada no mercado ou se deve ser

desenvolvida internamente à organização.”.

Alguns especialistas estrangeiros responderam que a ferramenta e o processo

devem ser definidos ao mesmo tempo, porque processos tendem a ser burocráticos.

Dessa forma, as ferramentas facilitam a definição dos processos uma vez que não

adicionam regras nem complexidade. De acordo com esses especialistas, ao mesmo

tempo, as ferramentas auxiliam os gerentes de projeto na utilização das

informações, o que torna mais simples a definição dos procedimentos que compõem

os processos de uma determinada área da companhia. Sendo assim, as ferramentas

e os processos estão integrados e não podem ser definidos separadamente. A

seguinte transcrição do especialista estrangeiro “E42” ajuda a expressar esta

opinião: “... sem as ferramentas não é possível definir um processo factível às

necessidades da organização, pois elas ajudam o gerente de projeto na coleta e

identificação das informações, permitindo uma análise apurada. Para entender e

desenhar o processo, deve-se coletar e analisar as informações pertinentes, a partir

de uma ferramenta que seja adequada à estrutura da informação da empresa.

Sendo assim, não há como o processo e ferramenta conviverem separados, pois há

uma certa dependência para que promovam as atividades de um departamento ou

uma organização.”.

104

FIGURA 4.1.1K: O QUE DEVE SER DEFINIDO PRIMEIRAMENTE: FERRAMENTA OU PROCESSO?

A décima pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.10 – português; 2.2.10 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1L.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, apesar da maioria dos especialistas

ter optado pela opção de não existir uma estrutura organizacional mais adequada ao

PMO, não houve um afastamento da mediana que justificasse os 85% de

convergência (a opção “não existe” somou, entre brasileiros e estrangeiros, vinte e

sete respostas, o que caracterizou 63% do total das quarenta e três respostas).

Sendo assim, como não foi possível convergir na primeira rodada, a pergunta foi

ajustada e reaplicada na segunda rodada.

Na maioria das opiniões, o valor do PMO é mais reconhecido em organizações

com estruturas menos projetizadas. A estratégia define a estrutura e a estrutura

define que o PMO é necessário, além de como deve ser implantado (a estrutura

local que fornece maiores valor e benefício à organização deve ser selecionada).

Dessa forma, de acordo com as respostas desses especialistas, a questão não é

qual a melhor estrutura para o PMO, mas sim qual o melhor PMO para a estrutura.

Segundo eles, o PMO é uma área de suporte que deve funcionar da melhor forma

possível para qualquer estrutura organizacional. Sendo assim, não há uma estrutura

mais adequada para implantação e operação de um PMO. Cada organização deve

refletir sobre qual estrutura melhor se alinha aos seus objetivos estratégicos.

105

Para uma minoria de especialistas, a estrutura projetizada permite uma

definição mais clara de autoridade sobre o projeto, por intermédio da figura do

gerente de projeto à frente da estrutura organizacional.

Os especialistas que definiram a estrutura funcional como a mais adequada,

eles destacaram que, se o PMO deve ser definido com processos e procedimentos

claros, a estrutura funcional facilitaria esse trabalho, já que processos de melhoria

contínua são estabelecidos neste tipo de estrutura.

Segundo outro grupo de especialistas, uma estrutura matricial balanceada

permitiria uma atuação mais precisa dos gerentes de projeto nas áreas de negócio,

ao mesmo tempo em que recebem suporte, treinamento, coaching (definição pode

ser consultada no capítulo 7 desta dissertação) e mentoring (definição pode ser

consultada no capítulo 7 desta dissertação) das atividades de gerenciamento de

projetos pelos PMOs. Ao mesmo tempo, o PMO poderia atuar nos projetos com mais

precisão, a fim de prover suporte e feedback adequados ao gerente do projeto.

Nessa estrutura, segundo esses especialistas, as pessoas estão distribuídas por

áreas de especialização funcional, incluindo o PMO, com igual autoridade.

Existem especialistas que defendem uma estrutura matricial forte como a mais

adequada já que, segundo esses profissionais, os projetos da organização são

conduzidos por um gerente de projetos cedido pelo Escritório de Gerenciamento de

Projetos, tendo este PMO mais liberdade para executar seu trabalho, ainda que

comparativamente à estrutura projetizada. Além disso, o gerente de projetos possui

mais autoridade para negociar com o gerente funcional.

É interessante ressaltar também que houve comentários sobre as estruturas

invisíveis na organização, as quais funcionariam ou de forma virtual ou misturando

várias áreas de atuação em um mesmo departamento. Conforme transcrição do

especialista brasileiro “E36”, “Diversas empresas operam, hoje, com estruturas

invisíveis. A pessoa entra na empresa, busca a área de marketing, por exemplo, e

não encontra. Todas as funções estão misturadas em um mesmo local ou são

virtuais...”. Segundo esses especialistas, essa proposta poderia, no futuro, ser

estendida também ao PMO.

106

FIGURA 4.1.1L: QUAL ESTRUTURA ORGANIZACIONAL É MAIS ADEQUADA PARA O PMO?

A décima primeira pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.11 – português; 2.2.11 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1M.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, apesar da maioria dos especialistas

ter optado pela opção do PMO suportar gerentes de projeto em outras áreas, não

houve um afastamento da mediana que justificasse os 85% de convergência (a

resposta “sim” somou, entre brasileiros e estrangeiros, vinte e sete respostas do total

de quarenta e três participantes, totalizando 63% de convergência). Também houve

desentendimento da pergunta por profissionais de ambos os grupos. Sendo assim,

como não foi possível convergir na primeira rodada, a pergunta foi ajustada e

reaplicada na segunda rodada.

O objetivo da pergunta é saber do respondente se o PMO deve se envolver no

portfólio de uma área ou organização. Existem casos em que o PMO atua

diretamente no portfólio e outros em que o PMO executa diretamente a atividade de

107

portfólio, dependendo da organização. Dessa forma, houve certa divisão das

respostas.

Para os que responderam positivamente, foi explicitado que a participação do

PMO nessas atividades é importante na seleção adequada de projetos da área ou

da organização. Segundo esses especialistas, essa participação proporciona ao

PMO uma visão completa de todos os projetos da área ou da empresa, de acordo

com seu limite de atuação. Os especialistas explicam que, as atividades de

governança para o portfólio ajudam a “desafogar” as atividades do PMO, permitindo

atuar com mais objetivo em suas funções. Uma ferramenta adequada para gestão

de portfólio também ajudaria na execução das atividades a serem desempenhadas

pelo PMO.

Para os que responderam negativamente, a opinião é de que o PMO não deve

gerenciar, planejar e executar o portfólio, mas sim apoiar essas atividades,

controlando e monitorando a carteira. Para alguns especialistas, o Strategic

Management Office (SMO) é que deve ser o responsável pela gestão de portfólio da

organização.

FIGURA 4.1.1M: O PMO DEVE PLANEJAR, EXECUTAR E GERENCIAR O PORTFÓLIO DA ÁREA OU EMPRESA EM QUE ATUA?

A décima segunda pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.12 – português; 2.2.12 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1N.

108

A linha tracejada do gráfico corresponde à mediana dos respondentes. Pode-se

verificar que, apesar da maioria dos especialistas terem decidido pela opção “Prover

os Valores Esperados (internos e externos)”, não houve um afastamento da mediana

que justificasse os 85% de convergência (a convergência ficou em 70%, levando em

consideração que foram trinta respondentes para um total de quarenta e três

participantes). Para esta pergunta, não foram separados no gráfico os especialistas

brasileiros dos estrangeiros a fim de não tornar o mesmo ilegível. Sendo assim,

como não foi possível convergir na primeira rodada, a pergunta foi ajustada e

reaplicada na segunda rodada.

Provimento de valores esperados (internos e externos), elaboração de

processos padronizados e patrocínio executivo foram os itens que receberam maior

pontuação de acordo com os especialistas. O fator valor já foi discutido na segunda

pergunta, o que realmente demonstra uma forte preocupação dos respondentes com

sucesso e fracasso do PMO quando o assunto é demonstração de resultados

preferencialmente tangíveis. Os valores externos estão ligados diretamente à

satisfação dos clientes com relação aos seus projetos solicitados e, indiretamente,

ao empenho do PMO para que isso seja possível. Tal requer um entendimento

adequado dos requisitos funcionais e não funcionais. Uma revisão da qualidade dos

serviços prestados também ajuda muito, segundo especialistas, na busca dos

valores esperados. A seguinte transcrição do especialista “E27” reflete esta análise:

”... o PMO precisa prover os valores esperados, tanto internos (para a própria

equipe) quanto externos (para os clientes das demais áreas da empresa ou externos

à organização). Dessa forma, a avaliação da qualidade do serviço prestado requer

indicadores apropriados para que seja possível tangibilizar estas funções,

promovendo a satisfação de seus clientes, a partir do atingimento dos requisitos

funcionais e não-funcionais.”.

Na opinião dos especialistas, promover processos padronizados também é de

suma importância, uma vez que facilita o controle das atividades de

acompanhamento dos projetos, que deve ser feito em cada projeto ou segundo uma

seleção que pode ser considerada a partir da priorização do portfólio.

O fator “Patrocínio Executivo” também foi assinalado pela maioria dos

especialistas. Sem tal patrocínio não é possível executar e obter reconhecimento

pelas melhorias obtidas, ainda que haja a melhor das intenções por parte do PMO. A

seguinte opinião do especialista estrangeiro “E39” elucida esta questão: “... um dos

109

principais fatores para o sucesso de um PMO é o patrocínio da alta administração.

Ainda que existam muitas resistências dos demais clientes, se a alta direção apoiar

a padronização e condução das atividades pelo PMO, a tendência será uma

aceitação do trabalho, ainda que fomente drásticas mudanças no processo atual.

Sem o patrocínio executivo como primeiro fator na busca do sucesso do PMO, não

há como o mesmo se estabilizar em uma organização, mesmo que esteja muito bem

intencionado...”. Sem o apoio da alta administração, é difícil chegar às áreas com as

padronizações necessárias, assim como acompanhar os projetos com indicadores.

Os especialistas explicam que, em um primeiro momento, as pessoas não querem

ser controladas, ainda que seja explicado que o motivo não é o de “denunciar”, mas

sim o de identificar problemas a fim de executar planos de ação antes que o

problema atinja um nível crítico para a organização (ação pró-ativa em detrimento da

ação reativa).

Fatores relacionados à maturidade do PMO e promoção de treinamento,

suporte, coaching (definição contida no capítulo 7 desta dissertação) e mentoring

(definição contida no capítulo 7 desta dissertação) também foram citados por grande

parte dos especialistas. Como já foi comentado na análise de perguntas anteriores,

eles estão diretamente relacionados à obtenção de valor pela organização. Sem

estes itens não há como o PMO se comprometer em promover valores que serão

imprescindíveis para continuação de suas atividades. A seguinte transcrição do

especialista brasileiro “E32” reflete o explicitado acima: “O PMO deve, em uma de

suas principais atribuições, fornecer treinamento, coaching e suporte adequados

para que seus clientes entendam as necessidades do PMO e estejam preparados

para atuar conforme o esperado. Dessa forma, haverá mais sinergia entre as

equipes, facilitando a aceitação das metodologias e padrões definidos pelo Escritório

de Projetos. Para isso ocorrer, o PMO precisa estar amadurecido não só em seus

conhecimentos, mas também no relacionamento entre as pessoas, para que a

negociação com seus clientes seja conduzida de forma saudável, o que ajudará a

conquistar um maior sucesso na execução dos projetos e, consequentemente, do

portfólio e do plano estratégico da organização.”.

110

FIGURA 4.1.1N: QUAIS SÃO OS FATORES DE SUCESSO NA OPERACIONALIZAÇÃO DE PMOs?

A décima terceira pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.13 – português; 2.2.13 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1O.

A linha tracejada do gráfico corresponde à mediana dos respondentes. Pode-se

verificar que, apesar da maioria dos especialistas ter decidido pela opção “Falta de

Patrocínio Executivo”, não houve um afastamento da mediana que justificasse os

85% de convergência (a convergência ficou em 58%, levando em consideração que

foram vinte e cinco respondentes para um total de quarenta e três participantes).

Para esta pergunta, não foram separados no gráfico os especialistas brasileiros dos

estrangeiros a fim de não tornar o mesmo ilegível. Sendo assim, como não foi

possível convergir na primeira rodada, a pergunta foi ajustada e reaplicada na

segunda rodada.

Começando pela questão do valor esperado, de acordo com os especialistas, o

desalinhamento das expectativas com a realidade prejudica a percepção de valor do

PMO pela alta administração e demais áreas da organização. A demora na

percepção de valor do PMO pela empresa também prejudica sua implantação e

reconhecimento, já que antes mesmo do PMO ser implantado é criada uma

111

resistência quanto à sua real utilidade para a companhia. Como em muitas das

vezes, a implantação do PMO é lenta, existe uma forte tendência ao seu insucesso

antes mesmo do início de sua operação. Também segundo os especialistas, PMOs

que se mantém limitados à área operacional, deixando de se integrar com a

estratégia, portfólio, processos e pessoas tendem a perder valor com o decorrer do

tempo. A seguinte transcrição do especialista estrangeiro “E41” ajuda a entender o

explicitado acima: “... qualquer implantação lenta ou difícil causa resistência das

pessoas por conta do excessivo impacto nas atividades da organização. Por isso,

precisa-se ter cuidado com a implantação de um PMO, para que a mesma não

prejudique ou invalide sua operação...”.

Outra questão está ligada à burocracia e auditoria. Segundo os especialistas,

PMOs que criam regras em excesso em suas metodologias e não são flexíveis com

as áreas de negócio da organização, funcionando basicamente como um processo

de auditoria (cobrança detalhada e pedante), perdem o valor esperado. Esses PMOs

deixam de operar de forma amigável onde o Escritório deve suportar, apoiar e treinar

os gerentes de projeto das áreas. Segundo esses especialistas, o PMO não pode

conflitar com o gerente de projeto, mas sim atuar como um parceiro. Diferenças de

opiniões são sempre negociadas, o que leva a entender que o PMO deve saber

negociar. É importante ressaltar também que a flexibilidade do PMO é importante no

processo de adaptação às prioridades de negócio da companhia, conseguindo,

assim, o apoio de todos. É possível entender a dificuldade acima a partir da seguinte

opinião do especialista brasileiro “E29”: “Um PMO não pode criar excessivas regras

de controle nem metodologias extensas e engessadas para não transformar o

esforço de acompanhar um projeto ou programa em algo maior do que,

propriamente, as atividades de execução de sua obra ou produto. Se isso ocorrer, o

PMO incomodará de tal forma que tornará suas atividades desnecessárias, podendo

ser até pedante no relacionamento, já que o processo de auditoria, neste caso, será

imenso.”.

A falta de patrocínio executivo, como já relatado na pergunta 1.2.12 da

pesquisa (versão em português contida no volume II desta dissertação) e 2.2.12

(versão em inglês contida no volume II desta dissertação), também foi fortemente

evidenciado pelos especialistas. Segundo eles não há dúvida de que a falta de apoio

da alta administração acarretará em um PMO sem reconhecimento para as outras

áreas da companhia. Um PMO também deve tomar decisões que precisam de

112

patrocínio executivo. Com o tempo, sem esse apoio, o PMO provavelmente perderá

força, sendo tratado como caso de insucesso na organização.

FIGURA 4.1.1O: QUAIS SÃO OS FATORES DE INSUCESSO NA OPERACIONALIZAÇÃO DE PMOs?

A décima quarta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.14 – português; 2.2.14 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1P.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Esta pergunta foi uma das poucas que logrou

convergência total (100%) na primeira rodada tanto pelos especialistas brasileiros

quanto pelos estrangeiros. Sendo assim, não foi necessário reaplicá-la na segunda

rodada.

Conforme declarado pelos especialistas, a avaliação do PMO pelo seu

coordenador deve ocorrer mesmo que esta não seja uma política de avaliação na

empresa, pois, dessa forma, o desenvolvimento da equipe e a relação interpessoal

são facilitados, trazendo uma harmonia maior para o grupo, não só internamente,

mas também para os seus clientes. A avaliação também é importante para que

sejam encontrados pontos fracos na equipe que precisam ser aperfeiçoados no

113

PMO. Com essa avaliação também é possível, segundo os respondentes, melhorar

cada vez mais o atendimento do PMO junto aos seus clientes, seja na organização,

seja fora dela, trazendo a visão de parceria, fundamental para o sucesso de um

PMO.

Os especialistas também explicaram que essas avaliações devem estar

alinhadas com a missão, visão e objetivos da área ou da empresa onde o PMO atua.

Desvirtuar o real objetivo da avaliação proporcionará desgastes e conflitos internos,

sem atingimento dos resultados esperados.

A avaliação também é fundamental para que seja verificado se o PMO vem

agregando o valor que se espera. Segundo os especialistas, nesse momento,

possíveis correções poderão ser aplicadas no intuito de trazer a condução do PMO

novamente para o caminho certo. Como já visto nas perguntas anteriores, a

percepção de valor de um PMO é chave para o sucesso de sua operação e

reconhecimento junto à organização. A seguinte opinião do especialista brasileiro

“E12” ajuda a comprovar esta questão: “O coordenador de um PMO deve avaliar sua

equipe para poder ter parâmetros a fim de estabelecer procedimentos de melhoria

contínua das suas funções prestadas (valor agregado).”.

Com as avaliações também será possível verificar se o PMO possui as

competências necessárias para atingimento de suas metas ou se, por exemplo,

novas contratações precisam ser realizadas ou se treinamento para a equipe é

exigido.

Os especialistas entendem que avaliações devem ser realizadas

constantemente pelo coordenador, sempre trazendo o resultado das avaliações

(feedback) para a equipe. O grupo precisa saber do resultado para que possa

auxiliar o coordenador do PMO na busca de melhorias nas “lacunas” encontradas.

Essas avaliações devem ocorrer ao menos uma vez ao ano, sendo que, em casos

mais críticos devem ser realizadas com uma periodicidade menor (semestralmente

ou até mesmo trimestralmente). De acordo com a maioria dos especialistas, é

importante ouvir e ser ouvido, pois críticas construtivas são sempre bem vindas.

Ainda segundo eles, a avaliação não deve ter o objetivo de prejudicar um

companheiro de equipe, mas sim, de apoiá-lo na busca dos seus melhores

resultados (meritocracia).

114

FIGURA 4.1.1P: O COORDENADOR DO PMO DEVE AVALIAR SUA EQUIPE?

A décima quinta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.15 – português; 2.2.15 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1Q.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, apesar da maioria dos especialistas

ter optado pela opção dos integrantes da PMO avaliarem seus companheiros de

equipe, não houve um afastamento da mediana que justificasse os 85% de

convergência (a resposta “sim” somou, entre brasileiros e estrangeiros, trinta e três

respostas do total de quarenta e três, totalizando 77% de convergência). Além disso,

existiram participantes que não entenderam a pergunta. Sendo assim, como não foi

possível convergir na primeira rodada, a pergunta foi ajustada e reaplicada na

segunda rodada.

Para os especialistas que responderam positivamente à pergunta, a avaliação

da equipe pela própria equipe é saudável, pois são igualadas as oportunidades.

Cada pessoa considera seu colega de trabalho como um cliente, trazendo ideias de

apoio, ajuda para levantar o time nos quesitos que precisam ser melhorados e na

disseminação de boas práticas para os demais membros da equipe.

Os especialistas entendem que avaliações 360º devem ocorrer ao menos uma

vez ao ano, sendo que, em casos mais críticos, devem ser realizadas

semestralmente. O resultado das avaliações (feedback) também deve ser levado à

equipe, mas com cautela, uma vez que questões pessoais não devem ser

divulgadas. Segundo os especialistas, é importante lembrar que somente problemas

115

profissionais devem ser tratados na empresa, uma vez que questões pessoais em

nada se relacionam com a organização. Os especialistas advertem para o fato de

que se a organização ou o PMO forem imaturos, as avaliações poderão se tornar

destrutivas e inadequadas. Sendo assim, elas precisam ser bem elaboradas a fim de

que a avaliação não seja utilizada para fins pessoais, o que perpetraria falta de ética

e respeito na organização.

Para os especialistas que responderam negativamente, há a compreensão de

que se o coordenador ou líder conhece bem sua equipe, cabe a ele concluir e tomar

decisões a partir de sua própria avaliação. De acordo com estes respondentes, há

pessoas que não são capazes de avaliar companheiros de equipe por conta da

diferença de função. Além disso, alguns profissionais poderiam se aproveitar da

ocasião para resolver questões pessoais o que, conforme dito no parágrafo anterior,

não seria ético.

FIGURA 4.1.1Q: OS INTEGRANTES DO PMO DEVEM AVALIAR SEUS COMPANHEIROS?

A décima sexta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.16 – português; 2.2.16 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1R.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que a maioria dos especialistas

entendem ser importante que os integrantes do PMO se auto avaliem, havendo

convergência maior que 85% tanto para os especialistas brasileiros quanto para os

estrangeiros (a resposta “sim” somou, entre brasileiros e estrangeiros, trinta e sete

116

respostas do total de quarenta e três, totalizando 86% de convergência). Entretanto,

houve especialistas que não entenderam a pergunta. De acordo com a regra

estipulada pelo coordenador do método e apresentada no capítulo 4 desta

dissertação, houve necessidade de ajustar e reaplicar a pergunta na segunda

rodada.

Para as pessoas que responderam positivamente a esta pergunta, a auto

avaliação deve fazer parte do processo completo de avaliação, sendo um fator

motivador para eliminação de fraquezas e atingimento de metas. A auto avaliação

poupa tempo quando há concordância na otimização ou melhoria de planos, já que o

coordenador passa a ter uma ideia de como pensam as pessoas de sua equipe,

alinhando expectativas e facilitando sua ação como líder.

A maioria dos especialistas também concorda que auto avaliações devem

ocorrer, pelo menos, uma vez ao ano ou semestralmente.

Para os especialistas que responderam negativamente à pergunta, há o

entendimento de que, conforme a pergunta anterior, os profissionais possuem

defeitos e qualidades, os quais devem ser avaliados pelo seu coordenador, que os

orientará de forma adequada. Sendo assim, esses respondentes não visualizam

agregação de valor neste tipo de avaliação.

FIGURA 4.1.1R: OS INTEGRANTES DO PMO DEVEM SE AUTO AVALIAR?

A décima sétima pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.17 – português; 2.2.17 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1S.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Esta pergunta foi uma das poucas que logrou

117

convergência total (100%) na primeira rodada tanto pelos especialistas brasileiros

quanto pelos estrangeiros. Sendo assim, não será necessário reaplicá-la na

segunda rodada.

Para todos os especialistas é indiscutível o fato de que o PMO deve ser

continuamente avaliado por outras áreas da organização, principalmente pelas áreas

de negócio, onde surgem os projetos a serem executados e gerenciados. São os

clientes (neste caso, internos à companhia, incluindo os gerentes de projeto) que

utilizarão os serviços prestados pelos PMOs. Assim, sua avaliação é fundamental

para identificar oportunidades de melhoria de atuação do PMO da mesma forma que

cada membro do PMO deve ser avaliado pelos seus colegas de trabalho. Os

especialistas também alertam para o fato de que este é o melhor método para se

saber quanto alinhado com a estratégia da empresa o PMO está. A análise acima

pode ser comprovada com a seguinte transcrição do especialista estrangeiro “E40”:

“Os clientes são o ‘termômetro’ para o PMO. Se há uma boa avaliação pelos

clientes, significa que o Escritório de Projetos está no caminho certo, ajudando a

promover um maior sucesso para os projetos da organização. Se o PMO não está

sendo bem avaliado, significa que seus métodos e procedimentos não estão

agradando seus clientes, o que diminuirá sua credibilidade, causando baixa

expectativa e dificultando a manutenção de justificativas para sua existência perante

à alta administração, ainda que possua um alto patrocínio.”.

Os respondentes ressaltam que o PMO é um prestador de serviço e, por isso,

possui metas a serem cumpridas, as quais precisam ser avaliadas constantemente.

Neste caso, índices de satisfação do cliente e/ou de entregas, calculados a partir de

um relatório de avaliação contendo perguntas sobre atuação do PMO, podem ajudar

na melhoria das atividades do PMO, ajustando as expectativas de colaboração com

as metas das áreas de negócio da organização. Este(s) indicador(es) pode(m) ser

definido(s) no plano de comunicação do PMO.

Os especialistas expressaram que, devido ao grau de importância do PMO

perante seus clientes, as avaliações devem ocorrer mensalmente ou, até mesmo, ao

término de cada projeto. Alguns especialistas também sugerem uma avaliação anual

a fim de verificar o que foi feito naquele ano e o que pode ser otimizado para o

próximo, de acordo com os requisitos dos envolvidos (stakeholders).

118

FIGURA 4.1.1S: O PMO DEVE SER AVALIADO POR OUTRAS ÁREAS DA ORGANIZAÇÃO?

A décima oitava pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.18 – português; 2.2.18 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1T.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Esta pergunta foi uma das poucas que logrou

convergência na primeira rodada (a resposta “sim” somou, entre brasileiros e

estrangeiros, quarenta e uma respostas do total de quarenta e três, totalizando 95%

de convergência). Sendo assim, não será necessário reaplicá-la na segunda rodada.

Somente um especialista estrangeiro não considerou necessária a realização

da implantação de um PMO como projeto. Para este especialista, o PMO é uma

função de suporte e não um projeto. Por isso, deve ser tratado como uma atividade

rotineira ou “on-going”. Assim, desenvolvimento, melhoria ou modificação de um

PMO devem ser tratados como atividades de rotina.

Para os demais especialistas que responderam positivamente a esta questão, o

sucesso de uma organização não depende somente do sucesso de seus projetos.

Projetos são implementados para realizar a(s) estratégia(s) das organizações. Se a

estratégia não for a mais adequada, isso não significará que o sucesso de seus

projetos fará da empresa bem sucedida em seus negócios. O PMO deve ser

entendido como um modelo incluído em uma estrutura organizacional que ajuda a

companhia a focar em projetos de uma forma organizada, atingindo seus objetivos

estratégicos. Por isso, a implementação do PMO, assim como qualquer outra

iniciativa, deve ser implementada como projeto (iniciado, planejado, executado,

119

finalizado e controlado – reportado), tentando garantir uma forma mais eficiente e

organizada de atingimento dos objetivos da organização. A implantação de um PMO

também possui escopo e datas de início e término definidos, essenciais para

identificação do mesmo como um projeto.

Os especialistas advertem para o fato de que também devem ser

implementados processos neste projeto de implantação. Ainda que sejam

desenvolvidas melhorias futuras, as mesmas deverão ser tratadas como projetos de

evolução do PMO, com escopo e datas de início e término definidos.

FIGURA 4.1.1T: A IMPLANTAÇÃO DE UM PMO DEVE SER REALIZADA COMO PROJETO?

A décima nona pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.19 – português; 2.2.19 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1U.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que a maioria dos especialistas decidiu

pela opção de ser possível padronizar a estrutura de um cronograma até um

determinado nível. Tanto os especialistas brasileiros quanto os especialistas

estrangeiros convergiram suas opiniões em mais de 85% (a resposta “sim” somou,

entre brasileiros e estrangeiros, trinta e oito respostas do total de quarenta e três,

totalizando 88% de convergência). Entretanto, houve um especialista que não

entendeu a pergunta. De acordo com a regra estipulada pelo coordenador do

120

método, apresentada no capítulo 4 desta dissertação, houve necessidade de ajustar

e reaplicar a pergunta na segunda rodada.

Alguns respondentes expuseram dúvidas acerca do objetivo desta pergunta. O

objetivo da mesma era verificar, junto aos especialistas, se é possível padronizar

estruturas de cronogramas até um determinado nível para cada segmento ou setor

de atuação das empresas.

Para os especialistas que responderam positivamente a essa pergunta, a

padronização garante um mínimo de coerência e similaridade entre as diversas

áreas. Esta padronização deve ser complementada com uma metodologia simples,

visando diminuição de regras. Cronogramas que seguem um padrão até um

determinado nível facilitam o trabalho de análise e entendimento não só dos

gerentes dos projetos como também do PMO que cuidará do reporte à alta

administração (formas padronizadas para reporte de resultados). Neste caso,

modelos de cronogramas são muito bem vindos já que auxiliam o planejamento

pelos gerentes de projeto, poupando trabalho. A partir de uma EAP (Estrutura

Analítica do Projeto – definição está contida no capítulo 7 deste estudo) padrão é

possível montar um modelo de cronograma sem complicações. Se o projeto tiver

características específicas, poderá ser ajustado a partir de um determinado nível às

suas necessidades. Cronogramas não padronizados seguem regras distintas de

acompanhamento, o que dificulta a análise e o reporte. A seguinte transcrição do

especialista brasileiro “E25” demonstra a análise acima: “... um cronograma deve

seguir um padrão previamente implantado a partir de uma EAP, para que seja

possível extrair, com mais facilidade e precisão, indicadores de acompanhamento de

projetos e portfólio. Entretanto, devem existir vários padrões de cronograma, já que

os projetos não são do mesmo tipo. Além disso, os padrões de EAP e cronograma

devem ser mantidos até um determinado nível, já que, como cada projeto possui

suas próprias características, deste nível em diante cada projeto deve desempenhar

seu próprio detalhamento, caracterizando uma flexibilização do cronograma.”.

Outra questão interessante apontada por estes especialistas diz respeito aos

entregáveis (entradas e saídas) das fases do projeto. Se houver padronização, fica

muito mais fácil controlar estas entradas e saídas, garantindo que uma fase posterior

do projeto não começará enquanto houver artefatos a serem disponibilizados como

saída da fase anterior (integridade do projeto). De qualquer forma, a padronização

precisa ser comunicada e validada por todos os envolvidos com antecedência.

121

Os especialistas alertam para o fato de que, para que esse trabalho logre

sucesso, é importante que haja maturidade, comprometimento e envolvimento das

equipes do PMO e de gerenciamento de projetos neste processo de padronização.

Para os especialistas que responderam negativamente, a questão está

associada à mudança e ao atingimento das necessidades dos gerentes de projeto.

Se o cronograma não fosse modificável, seria padronizado. Como existem muitas

mudanças envolvidas no decorrer de cada projeto, fica difícil elaborar modelos

padronizados. Além disso, um modelo padronizado pode não atender às

expectativas de execução e reporte do projeto, na visão do gerente de projeto e do

cliente. A seguinte transcrição do especialista estrangeiro “E43” reflete a análise

acima: “... se um cronograma seguir um padrão de estruturação, será muito

complicado gerir mudanças no projeto. Além disso, todo este esforço pode não

atender às necessidades dos envolvidos no projeto, causando ruídos no reporte das

informações. Não vale a pena este esforço, tendo em vista que os indicadores

podem ser retirados projeto a projeto.”.

FIGURA 4.1.1U: É POSSÍVEL PADRONIZAR UMA ESTRUTURAÇÃO DE

CRONOGRAMA, AINDA QUE ATÉ UM DETERMINADO NÍVEL?

A vigésima pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.20 – português; 2.2.20 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1V.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Esta pergunta foi uma das poucas que logrou

122

convergência total (100%) na primeira rodada tanto pelos especialistas brasileiros

quanto pelos estrangeiros. Entretanto, foi detectado pelos próprios especialistas que

era parecida com a pergunta 1.2.21 (versão em português) e 2.2.21 (versão em

inglês). Sendo assim, as perguntas foram unificadas, alterando seu enunciado

original. Seguindo o método adotado, como houve mudança no enunciado da

questão, foi necessário reaplicá-la na segunda rodada.

Não há dúvida, pelos especialistas, de que um PMO contribui para a diminuição

dos projetos concluídos sem êxito. Entretanto, alguns especialistas ficaram na

dúvida sobre a abrangência de atuação da pesquisa Chaos Report (2009). Esta

pesquisa abrange projetos de Tecnologia de Informação (TI). Por isso a pergunta

precisou ser ajustada.

Um ponto importante identificado nesta pergunta pelos especialistas é que faz-

se necessária agregação de valor para as ações de planejamento, a fim de que os

projetos sejam não só executados conforme combinado, mas que este planejamento

esteja de acordo com as expectativas dos clientes, evitando estimativas indesejáveis

de prazo e custo. Não faz sentido executar o que o cliente não pediu, devendo ser

desenvolvido somente o que por ele foi solicitado. Caso o mesmo deseje mudar o

que foi inicialmente proposto, não haverá problema na execução destas mudanças,

desde que previamente acordadas e documentadas.

Os especialistas também explicitaram que a aplicação consistente pelos

gerentes de projeto das metodologias e práticas desenvolvidas pelo PMO, além da

correta apuração dos indicadores de acompanhamento dos projetos a ser realizada

pelo PMO contribuem mais precisão para seu sucesso na conclusão, de acordo com

os objetivos da organização. Para isso, a governança em gerenciamento de

programas, projetos e portfólio (PPP) é fundamental. O correto registro e

acompanhamento das lições aprendidas nos projetos, tanto quanto capacitação do

PMO e dos gerentes de projeto também são de extrema importância para que haja

mais sucesso nos projetos executados, evitando que os mesmos erros sejam

cometidos.

123

FIGURA 4.1.1V: UM PMO PODE CONTRIBUIR PARA UM MAIOR SUCESSO DOS PROJETOS EM SEUS DIVERSOS SEGMENTOS?

A vigésima primeira pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.21 – português; 2.2.21 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1W.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Esta pergunta foi uma das poucas que logrou

convergência total (100%) na primeira rodada tanto pelos especialistas brasileiros

quanto pelos estrangeiros. Entretanto, conforme explicitado na pergunta anterior foi

detectado pelos próprios especialistas que seu enunciado era parecido com a

pergunta 1.2.20 (versão em português) e 2.2.20 (versão em inglês). Vale ressaltar

que estas as perguntas se relacionaram de forma intensa ao ponto de convergirem

no resultado, conforme demonstrado nas figuras 4.1.1V e 4.1.1W. Como esta

pergunta foi unificada e reaplicada na questão anterior, não houve necessidade de

respondê-la novamente.

124

FIGURA 4.1.1W: UM PMO PODE AJUDAR NA DIMINUIÇÃO OU ELIMINAÇÃO DE PROBLEMAS RELACIONADOS A GERENCIAMENTO DE PROJETOS?

A vigésima segunda pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.22 – português; 2.2.22 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1X.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que a maioria dos especialistas decidiu

que a falta de um órgão de conselho profissional não contribui para dificuldades e

resistências em gerenciamento de projetos nas organizações. No caso dos

especialistas brasileiros, não houve um afastamento da mediana que justificasse os

85% de convergência (a resposta “não” somou, no total, vinte respostas para um

total de quarenta e três, totalizando 47% de convergência). Entretanto, em relação

aos especialistas estrangeiros houve uma opinião unânime e contrária aos

brasileiros. É importante ressaltar também que uma quantidade considerável de

especialistas não entendeu a pergunta. Sendo assim, como não foi possível

convergir na primeira rodada, a pergunta foi ajustada e reaplicada na segunda

rodada.

Na realidade, esta pergunta gerou um grande desentendimento sobre seu

objetivo, principalmente pelos especialistas estrangeiros. Como, no exterior, as

culturas são diferentes, a pergunta deveria, primeiramente, esclarecer o que é um

órgão de conselho de profissão (federal e regional).

125

Segundo PISCITELLI (2008), Conselhos Federais e Regionais das profissões

regulamentadas são autarquias federais incumbidas de normatização e fiscalização

do exercício dessas profissões, não dependendo do orçamento da União. Seu

funcionamento é financiado com recursos provenientes das chamadas anuidades

(tributos), devidas pelos associados e exigidas de todos os que estão sujeitos à

inscrição em virtude do exercício de atividade relacionada à formação que ensejou o

ingresso (exercício) no respectivo cargo, emprego ou função. Sua função, dirigida ao

exercício da profissão, visa assegurar aos usuários desses serviços, ao próprio

Estado (por delegação) e à sociedade em geral proteção e credibilidade em suas

relações com esses profissionais. Como exemplos de conselhos profissionais,

podem ser citados o CRM (Conselho Regional de Medicina), OAB (Ordem dos

Advogados do Brasil), CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), CRA

(Conselho Regional de Administração).

Para os especialistas que responderam positivamente a esta pergunta, foi

explicitado que a credibilidade e confiança prestados pelo conselho de profissão

(conselho de classe) devem fortalecer a confiança das empresas nestes

profissionais. Entretanto, estes valores devem ser conquistados pelos profissionais

que executam atividades de gerenciamento de projetos nas empresas. Dessa forma,

alguns especialistas sugerem que o PMI seja o órgão formal a ser regulado de forma

a fortalecer esta relação formal. No Brasil, seria necessário regular perante o

Governo Federal e/ou Estadual. No exterior, também haveria esta necessidade.

Treinamento e desenvolvimento também poderiam ser fortalecidos a partir do

conselho profissional. Segundo estes especialistas, não haveria necessidade de

tributação. A seguinte opinião do especialista brasileiro “E2” reflete a análise

supracitada: “Sim, mas sem objetivos de arrecadação, conforme outras áreas. Seria

importante um órgão de conselho regulamentador para uma nova missão, ou seja,

evoluir de uma forma coordenada.”.

Para os especialistas que responderam negativamente a esta pergunta,

basicamente, os mesmos relataram não haver relação entre maturidade de PMO e a

existência de um órgão de conselho de classe até porque o conceito de PMO é

recente. Para estes respondentes, um órgão de conselho profissional está mais

interessado na política, arrecadação de tributos e burocratização do trabalho. O

problema, neste caso, é a falta de alinhamento estratégico entre o PMO e a

organização (alta administração). Não será um conselho profissional que resolverá

126

este problema. A seguinte opinião do especialista brasileiro “E10” reflete a análise

supracitada: “Não, pois não há uma relação de maturidade do PMO com a existência

de um órgão de conselho profissional. Este órgão possui interesses maiores, como o

de arrecadação de tributos e burocratização do processo.”.

FIGURA 4.1.1X: A FALTA DE UM ÓRGÃO DE CONSELHO DE CLASSE (EX: OAB, CRM, CREA) CONTRIBUI PARA DIFICULDADES E RESISTÊNCIAS EM GP NAS

ORGANIZAÇÕES?

A vigésima terceira pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.23 – português; 2.2.23 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1Y.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que a maioria dos especialistas decidiu

que as práticas de benchmarking em gerenciamento de projeto ajudam o PMO nas

suas atividades. Entretanto não houve um afastamento da mediana que justificasse

os 85% de convergência (a resposta “sim” somou, entre brasileiros e estrangeiros,

vinte e três respostas do total de quarenta e três, totalizando 53% de convergência).

É importante ressaltar também que uma quantidade considerável de especialistas

não entendeu a pergunta. Sendo assim, como não foi possível convergir na primeira

rodada, a pergunta foi ajustada e reaplicada na segunda rodada.

De fato a pergunta precisa ser reformulada, pois o objetivo é saber do

especialista se as práticas de benchmarking em gerenciamento de projetos ajudam o

127

PMO nas suas atividades e resultados, independentemente da empresa do

respondente fazer uso ou não das práticas de benchmarking.

Os especialistas que responderam positivamente à pergunta, não só trabalham

em empresas que fazem uso de práticas de benchmarking como entendem que

estes estudos ajudam as organizações, estabelecendo onde elas se encontram no

continuum da maturidade. Dessa forma, fica possível verificar aonde se quer chegar

com o PMO e o que é necessário fazer a partir da identificação de “lacunas” a serem

preenchidas e qual(is) estratégia(s) serão necessária(s) para o atingimento do nível

desejado do continuum. O estudo de benchmarking também ajuda o PMO a checar

melhores formas de trabalho a partir do nivelamento junto ao mercado, buscando

fornecer maior valor para a área ou organização onde atua. Segue a opinião do

especialista estrangeiro “E39”, que reflete as opiniões supracitadas: “... o

benchmarking ajuda o PMO, comunicando-o sobre a necessidade para algumas

atividades relacionadas ao desempenho de uma área ou da organização. Isso pode

ajudar a definir prioridades no atingimento de objetivos organizacionais considerados

críticos.”.

Os especialistas que responderam negativamente à pergunta justificaram que

suas empresas não fazem uso das práticas de benchmarking.

FIGURA 4.1.1Y: PRÁTICAS DE BENCHMARKING EM GP AJUDAM O PMO EM SUAS ATIVIDADES E RESULTADOS?

128

A vigésima quarta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.24 – português; 2.2.24 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1Z.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que a maioria dos especialistas decidiu

que indicadores de gerenciamento de projetos e PMO contribuem positivamente

nessas atividades. Houve convergência maior que 85% para os especialistas

brasileiros (a resposta “sim” somou, entre brasileiros e estrangeiros, trinta e nove

respostas do total de quarenta e três, totalizando 91% de convergência). Entretanto,

existiram especialistas que não entenderam a pergunta. De acordo com a regra

estipulada pelo coordenador do método, apresentada no capítulo 4 desta

dissertação, houve necessidade de ajustar e reaplicar a pergunta na segunda

rodada.

Os especialistas que responderam negativamente informaram que não utilizam

indicadores em suas organizações. De qualquer forma, a pergunta será reformulada

para que o respondente informe sua opinião independentemente da empresa utilizar

ou não indicadores.

Os especialistas que responderam positivamente informaram que a utilização

de métricas é fundamental, pois, expectativas são estabelecidas por meio de

indicadores. Atendê-las junto aos clientes significa creditar valor às atividades do

PMO, justificando sua existência e o sucesso na sua operacionalização. Esses

indicadores também ajudam a obter maior atenção a determinadas atividades que,

provavelmente serão executadas em outros projetos, diminuindo a ocorrência de

erros e aproveitando os pontos positivos. Os especialistas também avaliaram os

indicadores como fundamentais para a análise do valor agregado do PMO para uma

determinada área ou organização, pois são responsáveis por tangibilizar atividades

que são consideradas intangíveis, como controlar, acompanhar, monitorar, treinar. A

seguinte transcrição do especialista brasileiro “E29” ajuda a compreender como foi

possível realizar a análise acima: “Sim, Demming já provou essa necessidade

décadas atrás. Qualquer processo de negócio deve ser medido para que seja

possível avaliar o valor relacionado, pois torna tangível algo que, até então, só se

conhecia a atividade. Como o PMO executa atividades bastante intangíveis, esta é a

forma de mostrar quanto valor o mesmo está agregando à organização. Uma vez

que os indicadores de projetos também estão ligados ao PMO, devem ser utilizados

129

em conjunto com os indicadores do PMO para avaliar o máximo de seu retorno

financeiro...”.

Muitos especialistas informaram utilizar mensalmente indicadores de prazo do

projeto, custo do projeto, valor agregado do projeto, qualidade do projeto, riscos do

projeto, tempo perdido na execução, satisfação do cliente, processos de PMO,

quantidade de mudanças no projeto e atingimento dos objetivos do projeto para o

negócio da organização.

FIGURA 4.1.1Z: A UTILIZAÇÃO DE INDICADORES DE GP e PMO PODE CONTRIBUIR PARA GERENC. DE PROJETOS MAIS ADEQUADOS E

ATINGIMENTO DAS METAS ORGANIZACIONAIS?

A vigésima quinta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 1.2.25 – português; 2.2.25 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.1AA.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que a maioria dos especialistas optou

por um PMO composto de recursos próprios e terceirizados. Houve convergência

maior que 85% tanto para os especialistas brasileiros quanto para os estrangeiros (a

resposta “Mesclado” somou, entre brasileiros e estrangeiros, trinta e sete respostas

do total de quarenta e três, totalizando 86% de convergência). Entretanto, existiram

especialistas que não entenderam a pergunta. De acordo com a regra estipulada

pelo coordenador do método, apresentada no capítulo 4 desta dissertação, houve

necessidade de ajustar e reaplicar a pergunta na segunda rodada.

130

É interessante ressaltar que nenhum especialista sugeriu terceirizar totalmente

o PMO, demonstrando que há a necessidade de recursos próprios da organização

para manutenção do conhecimento, caso dos recursos terceirizados deixem a

companhia. Os especialistas destacam que, ainda que haja uma preferência pela

composição do PMO, esta definição dependerá do momento da empresa e de seu

segmento.

Para os especialistas que responderam que o PMO deve ser composto de

recursos próprios, a justificativa é que, para PMOs pequenos, não há necessidade

de terceirização de recursos.

Para os especialistas que responderam que o PMO deve ser composto de

recursos próprios e terceirizados (mesclado), foi explicado que as trocas de

experiência e conhecimento são os fatores mais importantes para que justifique a

mescla de recursos. Em muitas organizações não é possível conseguir recursos com

todos os perfis profissionais e conhecimentos necessários à função. Para treinar

estas pessoas, além de demandar tempo que muitas vezes é exíguo para a

empresa, pode ocorrer a retirada do profissional primário de uma área onde executa

sua atividade com excelência para incumbi-lo de inúmeras outras, degradando seu

desempenho. Além disso, recursos terceirizados fornecerão conhecimento novo

para a organização, sendo possível passá-lo a os demais funcionários próprios.

Estes respondentes também ressaltaram que a liderança do PMO não deve ser

terceirizada sob nenhuma hipótese. Esta coordenação precisa estar sob domínio de

um recurso próprio da organização até porque isso trará mais força ao PMO junto

aos clientes e a alta administração. A seguinte transcrição do especialista brasileiro

“E34” ajuda a compreender a análise acima: “Deve ser uma mescla de recursos,

pois nem sempre a organização dispõe de recursos capacitados e experientes para

as atividades de gerenciamento de projetos. Os recursos terceirizados, vindos do

mercado agregarão rápido conhecimento e experiência, necessários para uma

rápida composição da equipe do PMO.”.

Segundo alguns especialistas, pesquisas da Pricewaterhouse Coopers – PWC

(2010), PMI e Human Systems (2010) explicam que terceirização entre 22% e 27%

de recursos de projetos melhora o resultado dos projetos.

131

FIGURA 4.1.1AA: COMO DEVE SER COMPOSTO UM PMO DE SUCESSO NAS ORGANIZAÇÕES?

Conforme análise realizada, ao final da aplicação da primeira rodada da

pesquisa Delphi, as perguntas contidas no volume II desta dissertação que

convergiram e não precisaram ser reaplicadas foram: 1.2.14, 1.2.17, 1.2.18

(português) e 2.2.14, 2.2.17, 2.2.18 (inglês).

A pergunta 1.2.20 do volume II desta dissertação será incorporada à pergunta

1.2.21 deste mesmo volume. Por isso, mesmo tendo atingido a convergência, foram

unidas e reaplicadas a partir de uma única pergunta, pois teve o enunciado alterado

e, seguindo a regra do método, necessita desta reaplicação. O mesmo procedimento

se aplica às perguntas em inglês 2.2.20 e 2.2.21 do volume II deste estudo.

4.1.2. Resultado da Segunda Rodada – Técnica Delphi

O questionário referente à segunda rodada da pesquisa Delphi foi aplicado aos

mesmos quarenta e três especialistas da primeira rodada. Entretanto, somente trinta

e quatro responderam, sendo vinte e oito brasileiros e seis estrangeiros. Dessa

forma, houve uma participação de 79% de respondentes da primeira rodada,

ocorrendo uma perda de 21% do total, o que não comprometeu a segunda rodada,

conforme explicado no capítulo 3 desta dissertação. Os participantes estrangeiros

foram oriundos dos seguintes países: Argentina (um participante), África do Sul (um

participante), Espanha (um participante), Finlândia (um participante) e Estados

132

Unidos (dois participantes). O perfil dos especialistas foi informado no capítulo 4

deste estudo.

As figuras 4.1.2A, 4.1.2B e 4.1.2C explicitam detalhes dos participantes

coletados na pergunta contida no volume II desta dissertação (item 3.2.1 –

português; 4.2.1 - inglês).

Para buscar um melhor entendimento das perguntas por parte dos especialistas

e, focando na convergência da mesma, foram realizadas duas importantes

mudanças no questionário para a segunda rodada: os gráficos da avaliação

pertinente à rodada anterior foram incluídos (conceito de utilização da técnica

Delphi) e foram agregadas as principais opiniões provenientes dos especialistas que

responderam pela maioria em cada uma das perguntas. Estas duas mudanças

contribuíram intensamente para que não fosse necessário aplicar a terceira rodada

da pesquisa.

FIGURA 4.1.2A: PERFIL E SEGMENTO DOS ENTREVISTADOS

133

FIGURA 4.1.2B: SEGMENTO DOS ENTREVISTADOS (%)

FIGURA 4.1.2C: PARTICIPANTES POR CONTINENTE

A segunda pergunta do questionário Delphi, contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.2 – português; 4.2.2 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2D.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta,

houve uma convergência quase que total das respostas (a resposta “não existe”

somou, entre brasileiros e estrangeiros, trinta e três respostas do total de trinta e

134

quatro, totalizando 97% de convergência), não havendo necessidade, neste caso, de

uma rodada subsequente.

O ponto mais interessante desta questão foi que, após a identificação na

primeira rodada por alguns especialistas da opção de inexistência de estrutura mais

adequada ao PMO e ajuste da pergunta, a maioria absoluta dos especialistas

ajustou suas respostas. Isso demonstra que a pergunta não estava bem formulada

na primeira rodada. A esmagadora maioria, que optou pela inexistência de uma

estrutura mais adequada, defendeu que, devido à cultura organizacional, uma

estrutura pode ser mais adequada em determinada circunstância e menos

apropriada em outra. A seguinte opinião do especialista estrangeiro “E39” reflete a

análise acima: “... a inclusão do item ‘não existe’ me fez mudar de resposta, pois não

sabia se era uma opção válida. Realmente não há uma estrutura que melhor atenda

às necessidades do PMO. Entretanto, estruturas funcionais e matriciais podem ser

mais prejudiciais por serem antigas e limitarem o trabalho do PMO.”.

FIGURA 4.1.2D: ESTRUTURA DO PMO

0

5

10

15

20

25

30

PMO Suporta GPs em outras 

Áreas

PMO Detém os GPs e Gerencia 

o Projeto

Não Existe Não Entendeu a Pergunta

Total

0; 0%

1; 4%

27; 96%

0; 0%

28; 82%

0; 0% 0; 0%

6; 100%

0; 0%

6; 18%

QTDE de Entrevistados

Brasileiro

Estrangeiro

14,5

3,5

A terceira pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.3 – português; 4.2.3 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2E.

A linha tracejada do gráfico corresponde à mediana dos respondentes. Pode-se

verificar que, após reaplicação da pergunta houve convergência para os seguintes

itens de resposta:

135

• Elaboração de Material para a Alta Administração – 97% de convergência;

• Apoio à Gestão de Portfólio – 88% de convergência;

• Definição e Suporte de Metodologia para Projetos, Programas e Portfólio

(PPP) – 100% de convergência;

• Treinamento, Coaching (definição contida no capítulo 7 desta dissertação) e

Mentoring (definição contida no capítulo 7 desta dissertação) em

gerenciamento de projetos – 94% de convergência;

Desta vez, houve um afastamento da mediana, justificando os 85% de

convergência, não havendo necessidade, neste caso, de uma rodada subsequente.

Para esta pergunta, não foram separados os especialistas brasileiros dos

estrangeiros no gráfico a fim de não tornar o mesmo ilegível.

De acordo com a análise acima, é importante destacar que os especialistas

participantes desta pesquisa salientam a importância das atividades de um PMO

tático para a atuação completa deste, conforme explicado na avaliação da primeira

rodada. O fator mais relevante desta reaplicação foi que, ao serem incluídas todas

as opções levantadas pelos profissionais da primeira rodada, houve uma adesão

bem maior das respostas, facilitando a convergência. Sendo assim, é possível

concluir que a readequação e reaplicação da pergunta na segunda rodada foram

fundamentais para sua convergência e seu melhor aproveitamento. Muitos

especialistas explicaram que, questões como gestão das ferramentas de projeto,

programa e portfólio e elaboração de relatório de lições aprendidas são atividades

de grande importância para o PMO. As lições aprendidas não estão somente

associadas aos projetos, mas também aos processos e atividades do Escritório de

Gerenciamento de Projetos. A seguinte transcrição do especialista brasileiro “E5”

demonstra a análise supracitada: “A definição e suporte à metodologia de

gerenciamento de projetos é fundamental para que sejam realizadas as atividades

de elaboração de material à alta administração e apoio à gestão de portfólio, além

de inúmeras atividades operacionais. Sem uma metodologia bem definida, não há

como planejar e executar nenhuma atividade com eficácia e eficiência, seja de PMO,

seja de projeto.”.

136

FIGURA 4.1.2E: ATIVIDADES DO PMO

A quarta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.4 – português; 4.2.4 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2F.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta,

ocorreu uma convergência total das respostas (100%), não havendo necessidade,

neste caso, de uma rodada subsequente.

Com os ajustes necessários, não existiram mais desentendimentos sobre a

pergunta. A dúvida, na primeira rodada, estava relacionada à expressão “qualquer

PMO”, que foi esclarecida. Por isso, segundo os especialistas, nem todos os PMOs

devem participar do processo decisório a não ser aqueles que realmente estão

envolvidos neste processo, os quais são definidos como estratégicos. PMOs

operacionais somente disponibilizam informações para serem decididas por outra

área da organização, que poderá ser um PMO estratégico ou um SMO. PMOs

táticos serão responsáveis por treinamento necessário em gerenciamento de

projetos e/ou, programas e/ou portfólio. É importante destacar que, conforme

explicitado pelos especialistas e , de acordo com o modelo de maturidade Maturity

137

Cube, citado no item 2.5, um PMO pode ser, ao mesmo tempo, estratégico, tático e

operacional, dependendo da necessidade e estratégia da organização.

FIGURA 4.1.2F: PMO PARTICIPA DO PROCESSO DECISÓRIO DA ÁREA EM QUE ATUA?

A quinta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta dissertação

(item 3.2.5 – português; 4.2.5 - inglês) apresentou comportamento conforme

ilustrado na figura 4.1.2G.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta,

houve uma convergência total das respostas (100%), não havendo necessidade,

neste caso, de uma rodada subsequente.

A pergunta foi ajustada, pois não estava claro para os especialistas se a

questão tratava de governança corporativa ou em gestão de projetos, programas e

portfólio (PPP).

Considerando que a governança em gestão de PPP estabelece os processos,

relacionamentos e políticas necessários para assegurar a gestão adequada do

portfólio, dos projetos e dos programas estratégicos da companhia, segundo os

especialistas, é fundamental a participação do PMO na governança de PPP.

138

FIGURA 4.1.2G: PMO É ENVOLVIDO NA GOVERNANÇA DA EMPRESA?

A sexta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta dissertação

(item 3.2.6 – português; 4.2.6 - inglês) apresentou comportamento conforme

ilustrado na figura 4.1.2H.

A linha tracejada do gráfico corresponde à mediana dos respondentes. Pode-se

verificar que, após reaplicação da pergunta, houve convergência para o seguinte

item de resposta: “Baixo Valor Agregado pelo PMO” (a convergência ficou em 97%,

levando em consideração que foram trinta e três respondentes para um total de trinta

e quatro participantes). Sendo assim, não houve necessidade, neste caso, de uma

rodada subsequente. Para esta pergunta, não foram separados os especialistas

brasileiros dos estrangeiros no gráfico a fim de não tornar o mesmo ilegível.

Com a reformulação da pergunta e inclusão das opções levantadas pelos

especialistas na primeira rodada, houve uma maior adesão às respostas. Sendo

assim, o baixo valor agregado pelo PMO, a falta de comunicação e informação, o

baixo nível de maturidade em gerenciamento de projetos e falta de entendimento da

necessidade dos stakeholders ficaram acima do valor da mediana, sendo marcados

pela maioria dos especialistas.

Complementando o que foi analisado pelos especialistas na primeira rodada, a

resistência à mudança na organização transforma o PMO em uma entidade bastante

burocrática já que, desta forma, o PMO fica bem mais afastado dos clientes,

dificultando a condução dos respectivos projetos.

139

FIGURA 4.1.2H: POR QUE O PMO É CONSIDERADO BUROCRÁTICO OU DESNECESSÁRIO?

A sétima pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.7 – português; 4.2.7 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2I.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta,

houve uma convergência quase que total das respostas (a resposta “equipes

distintas” somou, entre brasileiros e estrangeiros, trinta e duas respostas do total de

trinta e quatro participantes, totalizando 94% de convergência), não havendo

necessidade, neste caso, de uma rodada subsequente.

Na primeira rodada, ocorreu desentendimento de alguns respondentes por não

conhecerem o que era SMO (Strategic Management Office). Com o ajuste da

pergunta e inclusão das opiniões dos que responderam pela maioria (SMO e PMO

como equipes distintas), houve um melhor entendimento da mesma, permitindo sua

convergência.

140

É importante ressaltar que, com o melhor entendimento, houve mudança de

opinião entre alguns especialistas, mas as respostas dissertativas da segunda

rodada não agregaram novas opiniões em relação ao que foi informado pelos

especialistas na primeira rodada.

FIGURA 4.1.2I: QUAL DEVE SER A RELAÇÃO ENTRE PMO E SMO NAS ORGANIZAÇÕES?

A oitava pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta dissertação

(item 3.2.8 – português; 4.2.8 - inglês) apresentou comportamento conforme

ilustrado na figura 4.1.2J.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta,

houve uma convergência total das respostas (100%), não havendo necessidade,

neste caso, de uma rodada subsequente.

Esta pergunta foi ajustada para a segunda rodada devido a uma falha de

formulação. O objetivo da questão era saber dos respondentes se o PMO deveria

ser o responsável pelas ferramentas de gerenciamento de projetos. Esta falha

ocasionou maior índice de desentendimento pelos especialistas na primeira rodada.

Com o ajuste, houve clareza do objetivo, levando a uma convergência total de que o

PMO deve ser responsável pelas ferramentas de gerenciamento de projetos.

Quanto aos comentários, não houve adição de opiniões em relação ao relatado

previamente na primeira rodada.

141

FIGURA 4.1.2J: O PMO DEVE SER RESPONSÁVEL PELAS FERRAMENTAS DE GP?

A nona pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta dissertação

(item 3.2.9 – português; 4.2.9 - inglês) apresentou comportamento conforme

ilustrado na figura 4.1.2K.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta,

houve uma convergência total das respostas (100%), não havendo necessidade,

neste caso, de uma rodada subsequente.

Esta pergunta havia convergido em mais de 85% na primeira rodada.

Entretanto como apareceu uma nova opção, a mesma poderia promover a mudança

de opinião por parte dos especialistas em futuras rodadas da pesquisa. Por isso,

conforme estipulado no capítulo 4 desta dissertação, foi entendido que a pergunta

deveria ser reaplicada. Entretanto, na segunda rodada, mesmo com a inclusão da

nova opção “Ferramenta e Processo ao Mesmo Tempo”, houve uma convergência

total dos especialistas para a opção onde o processo deve ser definido

primeiramente. Sendo assim, a nova opção não afetou as respostas dos

especialistas provenientes da primeira rodada.

Quanto às opiniões dos especialistas, não houve mudança em relação à

primeira rodada da pesquisa Delphi.

142

FIGURA 4.1.2K: O QUE DEVE SER DEFINIDO PRIMEIRAMENTE: FERRAMENTA OU PROCESSO?

A décima pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.10 – português; 4.2.10 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2L.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta,

houve uma convergência quase total das respostas (a resposta “não existe” somou,

entre brasileiros e estrangeiros, trinta e três respostas do total de trinta e quatro

participantes, totalizando 97% de convergência), não havendo necessidade, neste

caso, de uma rodada subsequente.

Com a descrição das principais opiniões dos especialistas provenientes da

opção que logrou maioria das respostas, foi possível sensibilizar alguns

respondentes de opiniões contrárias, o que contribuiu para a convergência total das

respostas, não sendo possível definir a melhor estrutura de PMO para as

organizações. Cada empresa deve refletir sobre qual modelo melhor se alinha aos

seus objetivos estratégicos. Vale ressaltar que não houve adição de opiniões em

relação à primeira rodada da pesquisa, pois os principais comentários dos

especialistas da primeira rodada já haviam sido incluídos no questionário da

segunda rodada. Sendo assim, a expressiva maioria somente selecionou a opção,

sem novas contribuições dissertativas.

143

FIGURA 4.1.2L: QUAL ESTRUTURA ORGANIZACIONAL É MAIS ADEQUADA PARA O PMO?

A décima primeira pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.11 – português; 4.2.11 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2M.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta,

houve uma convergência total das respostas (100%), não havendo necessidade,

neste caso, de uma rodada subsequente.

Basicamente, o fator que contribuiu para a não convergência da pergunta na

primeira rodada foi uma falha de formulação, causando dificuldade de entendimento

da mesma por parte de alguns respondentes. O objetivo da pergunta era saber se o

PMO deveria se envolver no portfólio de uma área ou organização. Neste caso, não

há dúvida, por parte dos especialistas de que o PMO precisa e deve se envolver no

portfólio de um departamento ou da empresa, dependendo de sua área de atuação.

Entretanto, isso não significa que o PMO deva ser responsável por gerir todo o

portfólio, até porque, esta função pode estar definida para ser executada por outra

área da organização, como, por exemplo, o SMO (Strategic Management Office).

144

FIGURA 4.1.2M: O PMO DEVE PLANEJAR, EXECUTAR E GERENCIAR O PORTFÓLIO DA ÁREA OU EMPRESA EM QUE ATUA?

A décima segunda pergunta do questionário Delphi, contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.12 – português; 4.2.12 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2N.

A linha tracejada do gráfico corresponde à mediana dos respondentes. Pode-se

verificar que, após reaplicação da pergunta, houve convergência para os seguintes

itens de resposta:

• Patrocínio Executivo – 100% de convergência;

• Prover os Valores Esperados (Internos e Externos) – 97% de convergência;

• Elaboração de Processos Padronizados (Metodologia) – 100% de

convergência.

Desta vez, ocorreu um afastamento da mediana, justificando os 85% de

convergência, não havendo necessidade, neste caso, de uma rodada subsequente.

Para esta pergunta, não foram separados no gráfico os especialistas brasileiros dos

estrangeiros a fim de não tornar o mesmo ilegível.

Com a reformulação da pergunta e inclusão das opções levantadas pelos

especialistas na primeira rodada, houve uma maior adesão às respostas. De

qualquer forma, as questões com índice de convergência maior que 85%

(provimento de valores esperados – internos e externos; elaboração de processos

padronizados; e patrocínio executivo) continuaram sendo as mesmas que obtiveram

maior votação, se comparado à primeira rodada.

145

Quanto às opiniões dos especialistas, não houve fomento de novas ideias em

relação à primeira rodada da pesquisa Delphi.

FIGURA 4.1.2N: QUAIS SÃO OS FATORES DE SUCESSO NA OPERACIONALIZAÇÃO DE PMOs?

A décima terceira pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.13 – português; 4.2.13 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2O.

A linha tracejada do gráfico corresponde à mediana dos respondentes. Pode-se

verificar que, após reaplicação da pergunta, houve convergência para o seguinte

item de resposta: “Falta de Patrocínio Executivo” (a convergência ficou em 97%,

levando em consideração que foram trinta e três respondentes para um total de trinta

e quatro participantes).

Desta vez, houve um afastamento da mediana, justificando os 85% de

convergência, não havendo necessidade, neste caso, de uma rodada subsequente.

Para esta pergunta, não foram separados os especialistas brasileiros dos

estrangeiros no gráfico a fim de não tornar o mesmo ilegível.

Da mesma forma que na pergunta anterior, com a reformulação da questão e

inclusão das opções levantadas pelos especialistas na primeira rodada, houve uma

146

maior adesão às respostas. As respostas mais escolhidas continuaram sendo as

mesmas que obtiveram maior votação, se comparado à primeira rodada.

O item que ganhou destaque em relação à primeira rodada da pesquisa foi

“Falta de Processos Padronizados (Metodologia)”. De acordo com os respondentes

desta segunda rodada, se não há procedimentos bem definidos e uma metodologia

bem escrita, não há como um PMO manter o controle da condução das suas

atividades e dos gerentes de projeto nas áreas de negócio. Sem esse controle não é

possível prover valor esperado (item mais votado na pergunta anterior), não

justificando a presença do PMO na organização. Essa análise pode ser verificada na

seguinte transcrição do especialista brasileiro “E29”: “... a metodologia é sempre o

início para uma execução adequada, eficiente e eficaz das atividades do PMO. Sem

metodologia, cada um executa de uma forma e não se chega a lugar algum.”.

FIGURA 4.1.2O: QUAIS SÃO OS FATORES DE INSUCESSO NA OPERACIONALIZAÇÃO DE PMOs?

A décima quarta pergunta do questionário Delphi não foi reaplicada na segunda

rodada por ter convergido na primeira.

147

A décima quinta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.15 – português; 4.2.15 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2P.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta,

houve uma convergência quase que total das respostas (a resposta “sim” somou,

entre brasileiros e estrangeiros, trinta e três respostas do total de trinta e quatro

participantes, totalizando 97% de convergência), não havendo necessidade, neste

caso, de uma rodada subsequente.

No caso desta pergunta, não ocorreu convergência na primeira rodada porque

não estava descrito na pergunta que se tratava de avaliação 360º (definição pode

ser consultada no capítulo 7 desta dissertação). Por isso, alguns especialistas

tiveram dúvidas na sua composição. Além disso, outros profissionais não

concordaram, até porque, não poderiam perceber o valor da avaliação de

companheiros de equipe sem entender como funcionaria este processo.

Com a introdução do conceito da avaliação 360°, somente um especialista

continuou defendendo a ideia de que há pessoas que não são capazes de avaliar

companheiros de equipe por conta da diferença de função. Quanto aos demais, foi

percebido que, com a introdução de um mecanismo amadurecido nas organizações,

seria possível tratar problemas como o despreparo de alguns profissionais em

avaliar demais pessoas. Com esta opinião coletada de alguns respondentes da

segunda rodada, foi possível concluir que houve mudança de raciocínio de alguns

especialistas. A seguinte opinião do especialista brasileiro “E20” ajuda a fomentar a

análise supracitada: “Realmente, com a aplicação do amadurecido método 360° por

pessoas capacitadas, é possível mapear as dificuldades de relacionamento pessoal

ou de trabalho. A figura de um mediador contribui muito para o levantamento e

ajuste dos pontos críticos.”.

A periodicidade de aplicação desta avaliação continuou sendo defendida pelos

especialistas conforme primeira rodada da pesquisa Delphi.

148

FIGURA 4.1.2P: OS INTEGRANTES DO PMO DEVEM AVALIAR SEUS COMPANHEIROS?

A décima sexta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.16 – português; 4.2.16 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2Q.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta,

houve uma convergência quase que total das respostas (a resposta “sim” somou,

entre brasileiros e estrangeiros, trinta e duas respostas do total de trinta e quatro

participantes, totalizando 94% de convergência), não havendo necessidade, neste

caso, de uma rodada subsequente.

O caso desta pergunta é o mesmo da questão anterior. Até ocorreu

convergência na primeira rodada em mais de 85% das respostas. Entretanto, houve

desentendimento por parte de um especialista, uma vez que não estava descrito na

pergunta que se tratava da avaliação 360° (definição pode ser consultada no

capítulo 7 desta dissertação). Dessa forma, a pergunta precisou ser reaplicada.

Com a introdução do conceito da avaliação 360° na questão, somente dois

especialistas continuaram defendendo a ideia de que não há valor neste tipo de

avaliação. Quanto aos demais, foi percebido que, com a introdução de um

mecanismo amadurecido nas organizações, seria possível tratar problemas como o

despreparo de alguns profissionais em avaliar demais pessoas. Com esta opinião

coletada a partir de alguns respondentes na segunda rodada, foi possível concluir

que houve mudança de raciocínio de alguns especialistas.

A periodicidade de aplicação desta avaliação continuou sendo defendida pelos

especialistas da mesma forma que na primeira rodada da pesquisa Delphi.

149

FIGURA 4.1.2Q: OS INTEGRANTES DO PMO DEVEM SE AUTO AVALIAR?

A décima sétima e décima oitava perguntas do questionário Delphi não foram

reaplicadas na segunda rodada por terem convergido na primeira.

A décima nona pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.19 – português; 4.2.19 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2R.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta,

houve uma convergência total das respostas (100%), não havendo necessidade,

neste caso, de uma rodada subsequente.

Como houve problema de formulação da questão, um especialista identificou

dúvidas no objetivo da pergunta. Por isso, ainda que houvesse convergência em

mais de 85% das respostas na primeira rodada, foi necessário reaplicar a questão.

Com o ajuste da pergunta, seu objetivo, que era o de verificar, junto aos

especialistas, a possibilidade de padronização das estruturas de cronogramas até

um determinado nível para cada segmento de atuação de uma empresa, ficou claro.

Sendo assim, até mesmo os especialistas que, na primeira rodada, foram contrários

à ideia de padronização de um cronograma até um determinado nível, defenderam,

na segunda rodada, de forma unânime, a proposta de padronização como um

artefato de apoio ao controle do andamento das atividades dos projetos e reporte

das informações de avanço físico e financeiro juntamente com indicadores de

andamento do projeto. Assim, seria possível sair de uma situação descontrolável

para outra mais gerenciável. De qualquer modo, os especialistas explicitaram

novamente a importância de manter o cronograma flexível a partir de um

150

determinado nível, pois os projetos não são iguais, e, por isso, precisam de suas

particularidades registradas para correto controle de seu progresso.

Alguns especialistas que foram contrários a esta padronização na primeira

rodada da pesquisa não responderam à segunda, o que ajudou na convergência

total nesta reaplicação.

FIGURA 4.1.2R: É POSSÍVEL PADRONIZAR UMA ESTRUTURAÇÃO DE

CRONOGRAMA, AINDA QUE ATÉ UM DETERMINADO NÍVEL?

A vigésima pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.20 – português; 4.2.20 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2S.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta,

houve uma convergência total das respostas (100%), não havendo necessidade,

neste caso, de uma rodada subsequente.

É importante ressaltar que esta pergunta já havia convergido totalmente na

primeira rodada. Entretanto, a mesma precisou ser reaplicada, pois, seguindo o

conceito do método, ao ser incorporada à pergunta 1.2.21 – versão em português e

2.2.21 – versão em inglês (números das perguntas da primeira rodada, contidas no

volume II desta dissertação), teve seu enunciado alterado, o que poderia causar

mudança de opinião dos especialistas em uma aplicação subsequente.

Entretanto, mesmo com sua reaplicação, os especialistas não tiveram dúvidas

de que um PMO contribui para o aumento dos projetos concluídos com êxito.

151

A pergunta também foi ajustada a fim de informar a correta aplicação da

pesquisa Chaos Report (Standish Group), que ocorre somente para projetos de

Tecnologia da Informação (TI). Para melhorar o histórico da análise, foi incluída

informação de mais uma pesquisa (Pulse of the Profession – PMI), a fim de incluir

dados sobre projetos de outras áreas de atuação, além da TI.

FIGURA 4.1.2S: UM PMO PODE CONTRIBUIR PARA UM MAIOR SUCESSO DOS PROJETOS EM SEUS DIVERSOS SEGMENTOS?

A vigésima primeira pergunta do questionário Delphi não foi reaplicada na

segunda rodada por ter convergido na primeira, além de ter sido incorporada à

vigésima pergunta (imediatamente anterior no questionário).

A vigésima segunda pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.22 – português; 4.2.22 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2T.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta na

segunda rodada, ainda não foi possível convergi-la (a resposta “não” somou, entre

brasileiros e estrangeiros, dezoito respostas do total de trinta e quatro participantes,

totalizando 53% de convergência), a pergunta precisaria ser reaplicada na terceira

rodada, mas, considerando a limitação deste estudo, conforme descrito no item 3.8,

não haverá reaplicação, pois foi a única pergunta que não convergiu. Além disso,

alguns especialistas foram irredutíveis com relação às suas respostas, como é

possível verificar na seguinte transcrição do especialista brasileiro “E10”: “Como foi

152

comentado na primeira rodada, considero o conselho de profissão uma forma de se

cobrar tributos e burocratizar o processo. Nenhuma outra opinião fará mudar minha

posição.”. Sendo assim, a continuação da aplicação do método Delphi

provavelmente não resolveria mais esse problema por conta de sua fragilidade na

participação, à distância, dos especialistas.

As dúvidas provenientes da primeira rodada (principalmente, dos participantes

estrangeiros), foram sanadas após ajustes da pergunta com detalhada explicação do

que é conselho profissional. Entretanto, por envolver questões políticas quanto sua

regulamentação, ainda houve uma divisão muito forte de opiniões quanto à sua

utilização no sentido de regulamentar oficialmente a profissão de gerente de

projetos.

Neste caso, a falta de convergência (não-conclusão) é a conclusão desta

avaliação, ou seja, não é possível concluir, por esta amostra de especialistas

participantes tanto no Brasil quanto no exterior, se o órgão de conselho profissional

contribuiria para diminuir ou extinguir dificuldades e resistências voltadas a

gerenciamento de projetos nas organizações.

As opiniões dos especialistas continuaram as mesmas explicitadas na primeira

rodada da pesquisa Delphi, a não ser pelas dúvidas levantadas, as quais foram

sanadas para a segunda rodada, não sendo mais um problema de desentendimento

do enunciado o fato da não convergência desta pergunta.

No capítulo 6 deste estudo serão informadas as implicações desta falta de

convergência (não-conclusão) para futuros estudos.

153

FIGURA 4.1.2T: A FALTA DE UM ÓRGÃO DE CONSELHO DE CLASSE (EX: OAB, CRM, CREA) CONTRIBUI PARA DIFICULDADES E RESISTÊNCIAS EM GP NAS

ORGANIZAÇÕES?

A vigésima terceira pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.23 – português; 4.2.23 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2U.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta

houve uma convergência quase que total das respostas (a resposta “sim” somou,

entre brasileiros e estrangeiros, trinta e três respostas do total de trinta e quatro

participantes, totalizando 97% de convergência), não havendo necessidade, neste

caso, de uma rodada subsequente.

Como havia problemas estruturais na questão, a mesma precisou ser ajustada

para entendimento de todos. O objetivo da pergunta era saber do especialista, se as

práticas de benchmarking em gerenciamento de projetos ajudam o PMO nas suas

atividades e resultados, independentemente da empresa onde o respondente

trabalha fazer uso ou não das práticas de benchmarking.

Quando a pergunta foi reaplicada, pedindo a opinião dos especialistas sobre

benchmarking, independente da atual empresa do especialista fazer uso ou não

desta técnica, quase todos os especialistas responderam que o benchmarking

ajudaria muito o PMO e, consequentemente, as organizações com base em

informações históricas e boas práticas do mercado. Apenas um especialista

respondeu que práticas externas podem influenciar negativamente empresas que

154

são conduzidas sob ótica cultural distinta, podendo destruir todo um processo

construído especificamente para uma determinada empresa. De qualquer modo, a

maioria dos especialistas respondeu que o benchmarking é apenas um estudo para

avaliação das organizações. A implementação, segundo o histórico e boas práticas,

de acordo com muitos dos especialistas, devem ser estudadas e adaptadas para a

empresa em questão, se for o caso da aplicação.

FIGURA 4.1.2U: PRÁTICAS DE BENCHMARKING EM GP AJUDAM O PMO EM SUAS ATIVIDADES E RESULTADOS?

A vigésima quarta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.24 – português; 4.2.24 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2V.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta,

houve uma convergência total das respostas (100%), não havendo necessidade,

neste caso, de uma rodada subsequente.

Como existiram especialistas que não entenderam a pergunta por não saberem

se a mesma questionava sobre utilização de indicadores de gerenciamento de

projetos ou de PMO, a questão foi ajustada, buscando entender que a proposta era

de analisar a utilização de indicadores de projetos e de PMO no atingimento de

metas organizacionais.

155

Outro problema da questão estava relacionado ao fato das pessoas não

responderem a pergunta já que suas empresas não utilizavam indicadores. Este

ajuste também foi realizado para que o especialista respondesse sobre os

indicadores, independentemente de sua organização efetuar uso destes.

Com este entendimento, não houve dúvida, por parte dos especialistas, de que

os indicadores de projetos e de PMO contribuem incondicionalmente para o

atingimento das metas organizacionais.

Quanto às opiniões dos especialistas, somente respostas relacionadas à

indicadores de PMO agregaram na segunda rodada em relação à primeira. Alguns

especialistas informaram utilizar indicadores de satisfação das atividades do PMO

junto aos seus clientes. Outro indicador citado foi o de auditoria (saturação) de

controle pelo PMO. Esse indicador seria responsável por avaliar o quanto o

envolvimento do PMO estaria burocratizando os projetos de negócio da organização.

A seguinte transcrição do especialista estrangeiro “E42” ajuda a entender melhor a

utilização deste indicador de auditoria: “... o indicador de auditoria (saturação) seria

responsável por verificar o quanto o PMO estaria impactando as atividades dos

gerentes de projeto das áreas de negócio. É uma forma de verificar quanto o PMO

impacta a produtividade destes gerentes. Este indicador é uma soma de resultados a

partir da aplicação de um questionário, o qual inclui questões como: quantas vezes

por dia o PMO entra em contato com o gerente de projetos; quantos dias por mês o

gerente do projeto atua administrativamente para atender ao PMO, deixando de

repassá-los ao cliente deste projeto (dias não faturados).”. A partir de uma lista de

eventos semanais solicitados pelo PMO, haveria uma classificação e priorização dos

mesmos. O cálculo deste valor seria acompanhado de uma faixa, a qual indicaria o

quanto o PMO estaria travando as atividades do projeto de negócio das áreas da

organização.

156

FIGURA 4.1.2V: A UTILIZAÇÃO DE INDICADORES DE GP e PMO PODE CONTRIBUIR PARA GERENC. DE PROJETOS MAIS ADEQUADOS E

ATINGIMENTO DAS METAS ORGANIZACIONAIS?

A vigésima quinta pergunta do questionário Delphi contida no volume II desta

dissertação (item 3.2.25 – português; 4.2.25 - inglês) apresentou comportamento

conforme ilustrado na figura 4.1.2W.

As linhas tracejadas do gráfico correspondem à mediana dos respondentes

brasileiros e estrangeiros. Pode-se verificar que, após reaplicação da pergunta,

houve uma convergência quase que total das respostas (a resposta “mesclado”

somou, entre brasileiros e estrangeiros, trinta e três respostas do total de trinta e

quatro participantes, totalizando 97% de convergência), não havendo necessidade,

neste caso, de uma rodada subsequente.

Como ocorreram desentendimentos por parte de alguns especialistas na

rodada anterior, a pergunta foi ajustada, incluindo a opção que permitia compor o

PMO com recursos próprios e terceirizados, opção que já havia sido a maioria na

primeira rodada da pesquisa. Com este ajuste, houve o entendimento da pergunta

por quase todos os especialistas na segunda rodada, havendo uma convergência

para a opção de um PMO composto por recursos próprios e terceirizados. Somente

um especialista continuou defendendo a posição de compor um PMO somente com

recursos próprios.

Quanto às opiniões dos especialistas, não houve novas agregações em relação

ao que foi colocado pelos mesmos na primeira rodada, valendo ressaltar a posição

deles de que os recursos terceirizados poderão agregar muito conhecimento à

157

equipe, promovendo um PMO mais amadurecido e consistente no atendimento às

necessidades de um departamento ou de toda a organização.

FIGURA 4.1.2W: COMO DEVE SER COMPOSTO UM PMO DE SUCESSO NAS ORGANIZAÇÕES?

158

5. CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS

Consolidando a análise realizada no capítulo 4, seguem as tabelas 5.1 e 5.2

com o resultado da convergência das perguntas relacionada à pesquisa Delphi da

primeira e segunda rodadas. A numeração das perguntas provenientes destas duas

tabelas faz referência ao volume II desta dissertação.

TABELA 5.1: CONVERGÊNCIA DAS PERGUNTAS – PRIMEIRA RODADA

Português Inglês Classificação Convergiu ? Convergência Principal Motivo da Não-Convergência1.2.2 2.2.2 ESTRATÉGICO NÃO 70% Opiniões divergentes dos especialistas.1.2.3 2.2.3 ESTRATÉGICO NÃO 84% Aparecimento de novas opções, identif icadas pelos especialistas.1.2.4 2.2.4 ESTRATÉGICO NÃO 74% Falta de entendimento da pergunta.1.2.5 2.2.5 ESTRATÉGICO NÃO 63% Falta de entendimento da pergunta.1.2.6 2.2.6 ESTRATÉGICO NÃO 77% Aparecimento de novas opções, identif icadas pelos especialistas.1.2.7 2.2.7 ESTRATÉGICO NÃO 74% Opiniões divergentes dos especialistas.1.2.8 2.2.8 OPERACIONAL NÃO 65% Falta de entendimento da pergunta.1.2.9 2.2.9 OPERACIONAL NÃO 93% Existiram especialistas que não entenderam a pergunta.

1.2.10 2.2.10 TÁTICO NÃO 63% Opiniões divergentes dos especialistas.1.2.11 2.2.11 OPERACIONAL NÃO 63% Falta de entendimento da pergunta.1.2.12 2.2.12 OPERACIONAL NÃO 70% Aparecimento de novas opções, identif icadas pelos especialistas.1.2.13 2.2.13 OPERACIONAL NÃO 58% Aparecimento de novas opções, identif icadas pelos especialistas.1.2.14 2.2.14 TÁTICO SIM 100% N/A.1.2.15 2.2.15 TÁTICO NÃO 77% Falta de entendimento da pergunta.1.2.16 2.2.16 TÁTICO NÃO 86% Falta de entendimento da pergunta.1.2.17 2.2.17 TÁTICO SIM 100% N/A.1.2.18 2.2.18 OPERACIONAL SIM 95% N/A.1.2.19 2.2.19 OPERACIONAL NÃO 88% Existiram especialistas que não entenderam a pergunta.1.2.20 2.2.20 OPERACIONAL NÃO 100% Pergunta reformulada devido à unif icação com questão 1.2.20 / 2.2.20.1.2.21 2.2.21 OPERACIONAL SIM 100% N/A.1.2.22 2.2.22 ESTRATÉGICO NÃO 47% Falta de entendimento da pergunta.1.2.23 2.2.23 TÁTICO NÃO 53% Falta de entendimento da pergunta.1.2.24 2.2.24 ESTRATÉGICO NÃO 91% Existiram especialistas que não entenderam a pergunta.1.2.25 2.2.25 TÁTICO NÃO 86% Existiram especialistas que não entenderam a pergunta.

Perguntas - 1ª Rodada da Pesquisa Delphi

TABELA 5.2: CONVERGÊNCIA DAS PERGUNTAS – SEGUNDA RODADA

Português Inglês Classificação Convergiu ? Convergência Principal Motivo da Não-Convergência3.2.2 4.2.2 ESTRATÉGICO SIM 97% N/A.3.2.3 4.2.3 ESTRATÉGICO SIM 100% N/A.3.2.4 4.2.4 ESTRATÉGICO SIM 100% N/A.3.2.5 4.2.5 ESTRATÉGICO SIM 100% N/A.3.2.6 4.2.6 ESTRATÉGICO SIM 97% N/A.3.2.7 4.2.7 ESTRATÉGICO SIM 94% N/A.3.2.8 4.2.8 OPERACIONAL SIM 100% N/A.3.2.9 4.2.9 OPERACIONAL SIM 100% N/A.

3.2.10 4.2.10 TÁTICO SIM 97% N/A.3.2.11 4.2.11 OPERACIONAL SIM 100% N/A.3.2.12 4.2.12 OPERACIONAL SIM 100% N/A.3.2.13 4.2.13 OPERACIONAL SIM 97% N/A.3.2.15 4.2.15 TÁTICO SIM 97% N/A.3.2.16 4.2.16 TÁTICO SIM 94% N/A.3.2.19 4.2.19 OPERACIONAL SIM 100% N/A.3.2.20 4.2.20 OPERACIONAL SIM 100% N/A.3.2.22 4.2.22 ESTRATÉGICO NÃO 53% Opiniões divergentes e irredutíveis dos especialistas.3.2.23 4.2.23 TÁTICO SIM 97% N/A.3.2.24 4.2.24 ESTRATÉGICO SIM 100% N/A.3.2.25 4.2.25 TÁTICO SIM 97% N/A.

Perguntas - 2ª Rodada da Pesquisa Delphi

159

É importante destacar que não houve convergência da vigésima segunda

pergunta do questionário Delphi, contida no volume II desta dissertação (item 3.2.22

– português; 4.2.22 - inglês). Conforme citado no item 3.8 (limitação do método),

levando em consideração a falta de tempo hábil e o conjunto de opiniões irredutíveis

dos especialistas na segunda rodada da pesquisa, haverá necessidade de um

estudo mais aprofundado a ser desenvolvido em outro trabalho, em busca de uma

posição final.

Com relação às hipóteses levantadas no item 1.4 desta dissertação, é possível

inferir, de acordo com a pesquisa aplicada, que:

• A implantação de um PMO nas empresas realmente reduz despesas,

melhora qualidade e suporta as atividades para que os processos de

negócios sejam atingidos com maior eficácia e eficiência a partir do

gerenciamento mais adequado dos projetos. Foi comentado pelos

especialistas em vários momentos sobre a necessidade de participação do

PMO na busca de padronização de acompanhamento, metodologia e

treinamento em projetos. Entretanto, há uma cobrança cada vez maior em

retornos que possam ser diretamente mensuráveis. Os clientes realmente

desejam um PMO que possa suportá-los, desde que não impacte

diretamente em suas atividades. Por isso o PMO precisa ser

suficientemente amadurecido para que sua atuação possa somente agregar

valor ao negócio da organização;

• O PMO contribui com critérios de controle para fazer com que o processo de

gerenciamento de projetos seja mais transparente, interativo e eficaz,

buscando melhores resultados. Ficou nítida a ideia de que indicadores

devem ser aplicados para corrigir problemas de percurso e não para apontar

culpados. Esses indicadores apoiam diretamente na antecipação de

possíveis problemas, já que, permitem identificar, com antecedência,

dificuldades que serão responsáveis pela elaboração de mecanismos

alternativos, reduzindo gastos e poupando tempo de solução de problemas

que poderiam ter sido evitados (ação pró-ativa em detrimento a ação

reativa). De acordo com a posição de alguns especialistas, expectativas são

estabelecidas por meio de indicadores. Por isso, atendê-las junto aos

clientes significa creditar valor às atividades do PMO, justificando sua

existência e o sucesso na sua operacionalização;

160

• O PMO contribui com uma melhor definição e acompanhamento do portfólio

de projetos da empresa, favorecendo um melhor alcance dos resultados

esperados, segundo os processos de negócio desta empresa. Os

especialistas concordaram que um dos fatores críticos de sucesso na

operação do PMO é apoiar no acompanhamento do portfólio, suportando,

em muitos casos, o processo decisório de uma organização. Ainda que o

PMO e o SMO existam como equipes distintas (entendimento dos

especialistas), é fundamental que o PMO atue conjuntamente com o SMO a

fim de que se possa executar as atividades estratégicas definidas no plano

estratégico, com apoio da governança corporativa, acompanhando-as da

forma mais otimizada possível para a organização.

161

6. CONCLUSÕES

O objetivo principal desta dissertação foi o de identificar e analisar os principais

fatores para o sucesso da operação, de forma eficaz e eficiente, de Escritórios de

Gerenciamento de Projetos nas organizações, segundo padrões internacionalmente

reconhecidos (PMI), a partir do conceito de PMO – Project Management Office.

Sendo assim, de acordo com as respostas dos especialistas provenientes destas

duas rodadas de pesquisa Delphi, foram identificados os seguintes principais fatores

de sucesso da operação de PMOs nas organizações:

• Valor agregado: este fator foi citado em quase todas as perguntas (primeira

e/ou segunda rodadas). Além disso, foi selecionado como um dos principais

itens, quando a pergunta permitia a escolha desta opção. Conforme pôde

ser verificado na análise da pesquisa de campo, se o PMO não demonstrar

valor, perderá credibilidade dos seus clientes e do patrocínio da alta

administração, não justificando sua existência. Os valores precisam ser

primeiramente identificados para que possam ser mensurados em seguida;

• Métricas de PMO e de projetos: de acordo com a análise da pesquisa, pode-

se concluir que o PMO precisa de métricas para comprovar seu valor

agregado, uma vez que, por definição, executa funções consideradas

intangíveis (acompanhamento, controle, análise, treinamento, coaching,

mentoring, entre outras) e difíceis de mensurar. Sendo assim, as métricas

têm por objetivo tangibilizar essas atividades, por meio de indicadores. Vale

ressaltar que os indicadores de projetos também devem ser utilizados na

medição das atividades do PMO, uma vez que estão intrinsecamente

relacionadas com as funções do PMO;

• Patrocínio e alinhamento com a alta administração: de acordo com o

resultado da pesquisa, foi selecionado como um dos principais itens, quando

a pergunta permitia a escolha desta opção. Pode-se concluir do resultado

que, se não houver patrocínio executivo, não há possibilidade do PMO se

sustentar na estrutura organizacional, uma vez que, não conseguirá apoio e

credibilidade necessários para ser respeitado por seus clientes internos e

externos, não sendo possível promover suas atividades, causando seu

colapso;

162

• Treinamento, coaching, mentoring adequados aos envolvidos: de acordo

com o resultado da pesquisa, foi selecionado como um dos principais itens,

quando a pergunta permitia a escolha desta opção. Sendo assim, pode-se

concluir que se o PMO não souber se comunicar com seus clientes internos

e externos, não conseguirá expor seu trabalho, comprometendo sua

justificativa de existência e perdendo credibilidade junto às demais equipes,

o que causará seu fracasso;

• Metodologia adequada às necessidades da organização: de acordo com o

resultado da pesquisa, foi selecionado como um dos principais itens, quando

a pergunta permitia a escolha desta opção. Uma metodologia, para ser

aceita, precisa ser adaptada às necessidades da área de atuação. Se a

metodologia de trabalho proposta pelo PMO é rígida e/ou extensa, será

duramente criticada por seus clientes dentro e fora da organização, o que

levará a uma perda de credibilidade, além do comprometimento da execução

de atividades e/ou projetos críticos para a empresa, dificultando o

desenvolvimento de seu portfólio;

• Entendimento dos demais clientes (o primeiro – alta administração – já foi

citado anteriormente): segundo o resultado da pesquisa, em vários

momentos foi constatado que, se o PMO não tiver credibilidade junto aos

seus clientes, perderá apoio e importância, ainda que suas atividades sejam

importantes para a organização. Com o tempo, será ofuscado e até

prejudicado por não conseguir exercer adequadamente suas atividades junto

às demais áreas da organização. Isso comprometerá seu desempenho de

atuação, perdendo foco, controle e, por fim, sua justificativa de existência.

A técnica Delphi, utilizada nesta pesquisa, apresentou excelentes resultados na

busca por consenso entre especialistas em assuntos atuais nas organizações, os

quais possuem pouca bibliografia. Aqui, e técnica Delphi ajudou a confirmar os

fatores reais de sucesso para operação de PMOs, obtidos da pesquisa e citados no

parágrafo anterior, além de confirmar a ordenação, priorização e execução destes

fatores.

É importante assinalar nesta conclusão que, por existirem poucas pesquisas

quantitativas sobre PMOs, o uso do método Delphi para pesquisa de campo se

demonstrou mais aplicável e bastante produtivo no levantamento de informações

163

quantitativas e qualitativas, as quais poderão ser utilizadas em futuras pesquisas

acadêmicas sobre o assunto.

A partir da inferência realizada sobre as hipóteses no capítulo 5, é possível

concluir que, as organizações são diretamente afetadas pelas atividades

operacionais, táticas e estratégicas de um PMO. Se um Escritório de Projetos é bem

administrado em um departamento ou em uma organização, existe uma forte

tendência para que as atividades gerenciais de uma empresa sejam conduzidas de

forma satisfatória, elevando a maturidade da organização a partir de um melhor

gerenciamento de seu portfólio, fundamental para o atingimento de seus objetivos e

declarados por meio do seu plano estratégico.

Como a pesquisa foi executada internacionalmente, a diferença cultural atuou

fortemente de forma a promover uma baixa taxa de convergência das perguntas na

primeira rodada. Como o questionário não foi previsto inicialmente para a aplicação

no exterior, algumas perguntas precisaram ser ajustadas, a fim de resolver

problemas de entendimento dos participantes dos diversos países. Sendo assim, foi

um grande desafio entender o perfil dos participantes e ajustar adequadamente as

perguntas para que houvesse o sucesso de convergência na segunda rodada da

pesquisa Delphi.

Apesar da riqueza nas perguntas, devido ao seu grande número e a exigência

do método Delphi na busca de respostas (opiniões) dissertativas, houve dificuldade

inicial em conseguir as respostas dos especialistas (a primeira rodada ficou por mais

de seis meses aguardando retorno, atrasando o cronograma inicial de elaboração da

tese), já que o tempo de resposta da pesquisa dissertativa era de aproximadamente

quarenta minutos em cada rodada. Neste caso, foi importante o oferecimento de

brindes (no caso, um livro voltado para gerenciamento de projetos) a fim de que

houvesse uma quantidade razoável de respostas na primeira rodada, já que se

esperava, nas rodadas subsequentes, quantidades menores de participantes do

mesmo conjunto inicial de especialistas. É importante destacar que a participação do

Project Management Institute (PMI) foi de suma importância na divulgação da

pesquisa, no oferecimento do livro e na possibilidade de utilização do método Delphi

também pela Internet, o que enriqueceu o método com uma maior coleta de

informações, possibilitando uma maior participação de profissionais especializados

em gerenciamento de projetos e PMOs.

164

Ainda relacionado à pesquisa desta dissertação, uma amostra extremamente

qualificada de especialistas acreditou na iniciativa de promover fatores críticos de

sucesso na operação de PMOs. Essa amostra acompanhou as duas rodadas da

análise qualitativa, proporcionando conhecimento dos resultados agregados do

grupo a cada rodada, confirmando ou ajustando sua própria opinião. Com a

participação de especialistas brasileiros e estrangeiros, a pesquisa forneceu

resultados ainda mais ricos, considerando que as opiniões foram procedentes de

diversas localizações. Entretanto, vale ressaltar que, pela dificuldade de contato com

profissionais estrangeiros para o preenchimento do questionário, não foi possível

envolver especialistas de todos os continentes, o que dificultou uma maior coleta de

opiniões nas rodadas da pesquisa.

O resultado da pesquisa procurou detectar a visão atual e futura dos

formadores de opinião em operacionalização de PMOs no ambiente empresarial; na

filosofia e princípios de gestão de PMOs; no formato das áreas nas empresas e no

perfil dos seus especialistas. Como qualquer metodologia de previsão de cenários,

seu objetivo não foi o de realizar um prognóstico absolutamente correto, mas sim de

fornecer orientações gerais, que balizassem a prática e apoiassem as decisões

daqueles que vivem o cotidiano das organizações.

Foi bastante evidenciado nesta dissertação que PMOs são uma realidade em

gerenciamento de projetos nas organizações. Dessa forma, considera-se que a

pesquisa foi planejada, conduzida e realizada de forma satisfatória, uma vez que os

resultados obtidos atingiram os objetivos esperados.

Conforme pode ser concluído das perguntas 3.2.9 (versão em português –

volume II desta dissertação – segunda rodada) e 4.2.9 (versão em inglês – volume II

desta dissertação – segunda rodada) da pesquisa Delphi, o processo precisa ser

definido primeiramente para que possa ser escolhida a ferramenta adequada. Desta

forma, as condições de operacionalização de um PMO ficam muito mais adequadas,

uma vez que os processos são implantados de acordo com a(s) estratégia(s) da

organização, diminuindo consideravelmente as chances de decisão(ões)

prematura(s) sobre uma determinada ferramenta. Uma destas decisões pode ser a

de comprar e adaptar uma ferramenta já existente no mercado ou, até mesmo, a de

construir uma nova ferramenta para as necessidades da organização. Vale destacar

que as organizações, na busca da velocidade de implementação de suas atividades

e por conta do modismo do mercado, acabam por falhar nesta ordem de execução,

165

priorizando a ferramenta, comprometendo substancialmente a implantação e

execução das atividades não só de um PMO, mas também das áreas de negócio de

uma empresa.

Conforme observado em duas das três perguntas que convergiram na primeira

rodada da pesquisa (questões táticas 1.2.14 e 1.2.17 – versão em português –

volume II desta dissertação – primeira rodada), existe uma preocupação mundial

com PMOs quando o foco é treinamento, suporte, metodologia, coaching (definição

pode ser consultada no capítulo 7 desta dissertação) e mentoring (definição pode

ser consultada no capítulo 7 desta dissertação). A pergunta 3.2.3 (versão em

português – volume II desta dissertação – segunda rodada) também evidenciou esta

preocupação, uma vez que essas foram as principais atividades do PMO

convergidas pelos especialistas em suas respostas na segunda rodada. Neste caso,

é possível concluir que, seguindo o conceito de divisão das atividades pelas

camadas da pirâmide, o nível tático é um importante integrador das atividades

operacionais com as atividades estratégicas, fundamentais para o funcionamento

adequado de um PMO.

Quando o assunto foi profissionais de trabalho, existe uma forte concordância

pelos especialistas na avaliação das pessoas para melhores funcionamento e

demonstração de resultado do PMO. Pode ser concluído que não se trata de

prejudicar, mas sim, de agregar valor ao PMO. Por isso, um PMO de sucesso deve

se preocupar em possuir uma mescla de recursos próprios e terceirizados. Se há

uma equipe madura, comprometida, satisfeita e coesa, há bons relacionamentos de

troca de conhecimento e uma preocupação menor com rotatividade de recursos.

Ainda com relação aos profissionais, há de se concluir que não se pode correr

o risco de transformar um excelente técnico em um gerente de projetos sem

habilidades, o que comprometerá a correta realização do projeto e,

consequentemente, a dificultará o acompanhamento dos empreendimentos pelo

PMO.

Outro fator que pode ser concluído a partir da análise deste estudo é que a

fragilidade da operacionalização de PMOs também pode ser explicada pela

ausência da carreira (função) de gerente de projetos nas empresas, como pode ser

visto atualmente. Apesar do crescente destaque nesta função, sem uma

formalização, sua ação fica limitada, complicando o fortalecimento da ideia de que o

gerente de projetos é o responsável pelo empreendimento (projeto) e precisa ter

166

disponível, a qualquer momento, a equipe necessária para sua adequada condução.

Em conjunto, o PMO obteria respaldo oportuno para acompanhar com clareza estes

empreendimentos, formalizando corretamente seu papel de gerenciador de projetos,

programas e portfólios nas organizações, de acordo com o seu perfil. A figura

abaixo, retirada da pesquisa Maturidade Brasil (2010), evidencia esta dificuldade,

esclarecendo as inúmeras dificuldades dos especialistas nas questões da pesquisa.

FIGURA 6.1: NÍVEL DE FORMALIZAÇÃO DO CARGO GERENTE DE PROJETOS –

MATURIDADE BRASIL (2010)

É importante destacar que a divergência das opiniões das perguntas 3.2.22

(versão em português – volume II desta dissertação – segunda rodada) e 4.2.22

(versão em inglês – volume II desta dissertação – segunda rodada) estão

diretamente associadas à figura acima. Para este caso, a condução de uma

pesquisa presencial dos especialistas poderá ser o diferencial na busca da

convergência sobre o assunto relacionado à criação de um órgão de conselho

profissional na regulamentação da profissão de gerente de projeto. Este

envolvimento presencial ajudará na limitação da técnica Delphi, onde a participação

dos especialistas é realizada à distância, preservando o anonimato. A incerteza

encontrada por estes especialistas na pesquisa justifica não só a grande quantidade

de empresas sem formalização da função de gerente de projetos como também

demonstra o alto número de organizações que não disponibilizam um plano de

carreira para esta função.

167

Sendo assim, para os interessados sobre a importância do PMO nas

organizações, em especial, pesquisas sobre operacionalização do mesmo, é

interessante propor linhas de estudos futuros voltadas a:

• Envolvimento de um conselho de profissão regulamentado para a função de

gerente de projetos: de acordo com o informado no parágrafo anterior, é

importante concluir que há necessidade de estudos futuros para que seja

buscada uma solução para esta incerteza quanto o envolvimento ou não de

um conselho de profissão a fim de aumentar a credibilidade, apoio e respeito

à carreira de gerente de projeto;

• Mensuração de indicadores de desempenho e utilização de PMOs nas

organizações: os especialistas explicitaram indicadores de medição de PMO

e projetos nas perguntas 1.2.24, 2.2.24 (primeira rodada, versões em

português e inglês – volume II) e 3.2.24 e 4.2.24 (segunda rodada, versões

em português e inglês – volume II). Dessa forma, estudos futuros poderiam

mensurar estes indicadores nas organizações, tornando tangíveis os valores

agregados pelos PMOs, o que possibilitaria avaliar a real situação dos

mesmos e onde se desejaria alcançar;

• Promover uma avaliação mais detalhada do comportamento dos

especialistas estrangeiros nesse estudo: apesar desta dissertação ter

coletado informações de profissionais brasileiros e estrangeiros, por conta

da pequena quantidade de participantes do exterior, não foi realizada uma

análise mais apurada do comportamento desses participantes. Por isso,

estudos futuros nesse tema poderiam ser realizados com um universo maior

de profissionais estrangeiros;

• Identificação de estudos similares em outros países, de modo a estabelecer

benchmarking para comparação: apesar da dificuldade na obtenção de

bibliografia sobre PMOs, é importante verificar se há novas publicações para

que seja possível comparar e evoluir o trabalho, de acordo com as

constantes mudanças ocorridas na área de gerenciamento de projetos e

PMO.

Com relação às implicações acadêmicas, uma vez que existem poucas

informações bibliográficas sobre este tema, pode-se concluir que o estudo será de

grande utilidade para levantamento de informações sobre fatores críticos de sucesso

na operação de PMOs. Além das inferências dos especialistas, os valores

168

levantados a partir dos gráficos das perguntas poderão popular uma base de

informações, possibilitando futuras pesquisas não só qualitativas, como também

quantitativas a respeito desse assunto, o qual carece deste tipo de informação.

A partir do exposto neste estudo, o conjunto de fatores críticos de sucesso na

operação de PMOs servirá para o planejamento, desenvolvimento e estabilização de

Escritórios de Gerenciamento de Projetos nas empresas, não importando seu

segmento, possibilitando maior eficácia e eficiência no desenvolvimento, reporte e

integração de projetos.

169

7. GLOSSÁRIO

Tornando mais clara a compreensão dos propósitos desta pesquisa, seguem

alguns termos para melhor esclarecimento e definição.

• Associação Brasileira de Gerenciamento de Projetos (ABGP): surgiu a partir

da iniciativa de três profissionais que vêm desenvolvendo, ao longo dos

últimos anos, estudos, pesquisas e consultorias em gerenciamento de

projetos. A ABGP foi registrada oficialmente em 22/11/2001 e apresentada

às comunidades empresarial, tecnológica e científica durante o Seminário

Internacional de Logística e Gerência de Projetos, realizado em Curitiba, de

29 a 30/11/2001 (fonte: Wikipédia);

• Avaliação 360º (também conhecida como feedback 360º, Avaliação

Multivisão e Feedback com Múltiplas Fontes): é um método de avaliação

utilizado na área de gestão estratégica de pessoas e, que tem por objetivo,

apoiar o desenvolvimento e o desempenho gerencial. Contribui para o

desenvolvimento de competências e comportamentos de liderança

demandados pela organização que o utiliza. Trata-se de um processo no

qual os participantes do programa recebem simultaneamente feedbacks

estruturados de seus superiores, pares, subordinados e outros stakeholders

(envolvidos). O participante executa também uma auto avaliação. Estes

feedbacks são fornecidos por meio de um questionário específico que

descreve os comportamentos de liderança. considerados essenciais pela

organização, a fim de viabilizar os seus objetivos estratégicos. Os

resultados destes feedbacks são confidenciais e a pessoa que os recebe

não sabe quem a avaliou. Somente o avaliado terá acesso ao resultado

integral da avaliação. Trata-se de um instrumento individual, onde avaliado

utiliza os feedbacks recebidos para guiar o seu desenvolvimento

profissional, principalmente no que se refere a competências e

comportamentos de liderança (fonte: Wikipédia).

• Benchmarking: é um processo sistemático e contínuo de avaliação dos

produtos, serviços e processos de trabalho das organizações que são

reconhecidas como representantes das melhores práticas. Tem por

finalidade comparar desempenhos e identificar oportunidades de melhoria

na organização que está realizando ou monitorando o benchmarking. O

170

benchmarking é um dos mais úteis instrumentos de gestão na melhoria do

desempenho das empresas e na conquista da superioridade em relação à

concorrência. Baseia-se na aprendizagem das melhores experiências de

empresas similares e ajuda a explicar todo o processo que envolve um

excelente desempenho empresarial. Habitualmente, um processo de

benchmarking começa quando se constata que a empresa está por diminuir

sua rentabilidade. Quando a aprendizagem resultante de um processo de

benchmarking é aplicada de forma correta, facilita a melhoria do

desempenho em situações críticas no seio de uma empresa (fonte:

Wikipédia);

• Chief Executive Officer (CEO): Também chamado de diretor executivo ou

diretor geral é a pessoa com a mais alta responsabilidade ou autoridade em

uma organização. Apesar de ser possível haver mais de um CEO em uma

empresa, geralmente o posto é ocupado por um indivíduo somente,

temendo-se que tal compromisso crie conflito dentro da organização sobre

quem tem o poder de decisão. Todos os demais executivos prestam contas

ao CEO. Com a crescente globalização da economia e dos negócios, o

termo vem sendo empregado também em países de língua não inglesa

(fonte: Wikipédia);

• Chief Project Officer (CPO): Posição na empresa que fornece supervisão de

projeto em praticamente todas as áreas da organização, o que inclui

gerenciamento de projetos de nível corporativo e supervisão da distribuição

e alocação em todos os projetos. As mais importantes responsabilidades de

um CPO são: direção e entrada estratégica; gestão de portfólio; priorização

de recursos; interface comercial; desenvolvimento de padrões de

gerenciamento de projeto; políticas; diretrizes; procedimentos; revisão e

análise de projeto; orçamento; e desenvolvimento de competência. (fonte:

Bigelow, 2003);

• Capability Maturity Model (CMM): pode ser definido como sendo uma soma

de melhores práticas para diagnóstico e avaliação de maturidade do

desenvolvimento de softwares em uma organização. Não deve ser

entendido como uma metodologia, pois não diz exatamente como fazer,

mas sim o que deve ser feito. Descreve os principais elementos de um

processo de desenvolvimento de software a partir dos estágios de

171

maturidade por onde passam as organizações. A avaliação proposta pelo

modelo é contínua, identificando problemas e ações corretivas, dentro de

uma estratégia de melhoria dos processos. Esse caminho de melhoria é

definido por cinco níveis de maturidade: Inicial, Repetível, Definido,

Gerenciado, Otimizado (fonte: Wikipédia);

• Capability Maturity Model Integration (CMMI) é um modelo de referência que

contém práticas (genéricas ou específicas), necessárias à maturidade nas

seguintes disciplinas específicas: Systems Engineering, Software

Engineering, Integrated Product, Process Development e Supplier Sourcing.

Desenvolvido pelo SEI (Software Engineering Institute) da Universidade

Carnegie Mellon, o CMMI é uma evolução do CMM e procura estabelecer

um modelo único para o processo de melhoria corporativo, integrando

diferentes modelos e disciplinas. O CMMI foi baseado nas melhores práticas

para desenvolvimento e manutenção de produtos. Há uma ênfase tanto em

engenharia de sistemas quanto em engenharia de software, além de uma

integração necessária para o desenvolvimento e a manutenção (fonte:

Wikipédia);

• Coaching: é um processo que possui início, meio e fim, definido em comum

acordo entre o coach (profissional) e o coachee (cliente), de acordo com a

meta desejada pelo cliente, onde o coach apoia o cliente na busca de

realização das metas de curto, médio e longo prazo, por meio da

identificação e uso das próprias competências desenvolvidas e do

reconhecimento e superação de suas fragilidades (fonte: Wikipédia);

• Estrutura Analítica do Projeto (EAP): Em gerência de projetos, uma

Estrutura Analítica de Projetos (EAP), do Inglês, Work Breakdown Structure

(WBS) é uma ferramenta de decomposição do trabalho do projeto em partes

manejáveis. É estruturada em árvore exaustiva, hierárquica (da mais

genérica para a mais específica), orientada às entregas que precisam ser

realizadas para completar um projeto (fonte: Wikipédia);

• Governança corporativa: É o conjunto de processos, costumes, políticas,

leis, regulamentos e instituições que regulam a maneira como uma empresa

é dirigida, administrada ou controlada. O termo inclui também o estudo

sobre as relações entre os diversos atores envolvidos (stakeholders) e os

objetivos pelos quais a empresa se orienta(fonte: Wikipédia).

172

• International Project Management Association (IPMA): é uma organização

da Suíça sem fins lucrativos, para a promoção internacional de

gerenciamento de projetos. IPMA é uma federação com cerca de cinquenta

associações de gerenciamento de projeto nacionais e internacionais com

mais de quarenta mil membros em 2009. A associação foi iniciada em 1965

em Viena por um grupo europeu de gestores, inicialmente estabelecida sob

o nome International Management Systems Association (IMSA). O primeiro

congresso internacional foi realizado em Viena (1967) e contou com a

presença de profissionais de trinta países diferentes. Em 1979, a

associação foi renomeada para International Project Management

Association (fonte: Wikipédia);

• OPM3 - Organizational Project Management Maturity Model: é uma boa

prática reconhecida mundialmente para avaliar e desenvolver capacidades

na área de gestão de portfólio, gerenciamento de programas, e

gerenciamento de projetos, publicada pelo Project Management Institute

(PMI). Fornece um método para que as organizações entendam seus

processos organizacionais de gerenciamento de projetos e possam medir

suas capacidades na preparação de melhorias. Este conjunto de boas

práticas ajuda organizações a desenvolver o caminho que a companhia

seguirá a fim de promover desempenho (fonte: Wikipédia);

• Painelistas: Respondentes; participantes do painel. No contexto da pesquisa

está relacionado aos especialistas que responderão a pesquisa do método

Delphi (fonte: Dicionário Aurélio);

• PMI-Rio: Project Management Institute – Seção do Rio de Janeiro;

• Project Management Body of Knowledge (PMBOK): O PMBOK é um guia de

boas práticas que identifica um conjunto de conhecimentos em

gerenciamento de projetos. É amplamente reconhecido como boa prática,

sendo, em razão disso, utilizado como base pelo Project Management

Institute (PMI). Uma boa prática não significa que o conhecimento e as

práticas devem ser aplicados uniformemente a todos os projetos, sem

considerar se são ou não apropriados. É baseado em processos e

subprocessos para descrever, de forma organizada, o trabalho a ser

realizado durante o projeto. Essa abordagem se assemelha à empregada

173

por outras normas como a ISO 9000 e o CMMI. Os processos descritos se

relacionam durante a condução do trabalho e a descrição de cada um deles

é feita em termos de entradas (documentos, planos, entre outros),

ferramentas e técnicas (processamento das entradas) e saídas

(documentos, produtos, entre outros) fonte: Wikipédia.

• Project Management Institute (PMI®): é uma entidade mundial sem fins

lucrativos, voltada ao gerenciamento de projetos. Estabelecido em 1969 e

com sede na Filadélfia, Pensilvânia e Estados Unidos, o Project

Management Institute foi fundado por cinco voluntários. Hoje, o PMI é

considerado uma comunidade global, com mais de duzentos mil

profissionais associados, representando cento e oitenta e cinco países.

Existem profissionais afiliados a todas as indústrias, incluindo aeroespacial,

automotiva, negócios, construção, engenharia, serviços financeiros,

tecnologia da informação, farmacêutico, saúde e telecomunicações (fonte:

Wikipédia).

• Return on Investiment (ROI): Em finanças, return on investiment (em

português, retorno sobre investimento), também chamado taxa de retorno

(em inglês, rate of return ou ROR), taxa de lucro ou simplesmente retorno é

a relação entre o dinheiro ganho ou perdido por intermédio de um

investimento e o montante de dinheiro investido (fonte: Wikipédia).

• Stakeholder: em português, envolvidos ou parte interessada ou

interveniente é o termo usado em diversas áreas como administração e

projetos e referencia as partes interessadas, que devem estar de acordo

com as práticas de governança corporativa executadas pela empresa. O

termo foi usado pela primeira vez pelo filósofo Robert Edward Freeman.

Segundo ele, os stakeholders são elementos essenciais ao planejamento

estratégico de negócios. De maneira mais ampla, compreende todos os

envolvidos em um processo, que pode ser de caráter temporário como um

projeto ou duradouro como um negócio de uma empresa ou a Missão de

uma organização (fonte: Wikipédia).

• Tutoria (Mentoring): A tutoria, também chamada de mentoring, é um método

bastante utilizado para efetivar uma interação pedagógica. Os tutores

acompanham e comunicam-se com seus alunos de forma sistemática,

planejando, dentre outras atividades, o seu desenvolvimento, avaliando a

174

eficiência de suas orientações de modo a resolver problemas que possam

ocorrer durante o processo. Uma de suas aplicações pode ocorrer em

instituições educacionais onde exista a tendência de desistência do aluno

frente aos desafios encontrados. Neste caso, o contato com o aluno começa

pelo conhecimento de toda a estrutura do curso, sendo necessário que o

acompanhamento ocorra com frequência regular, de forma rápida e eficaz

(fonte: Wikipédia).

175

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Paulo, Novembro de 1986, p. 199-207.

183

9. ANEXOS

9.1. Anexo I: Fluxo de Processos PMBOK – 4ª Edição (2008)