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Farmácia Castro Dina Isabel Sousa Carvalho das Neves

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Farmácia Castro

Dina Isabel Sousa Carvalho das Neves

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Castro

maio de 2018 a agosto de 2018

Dina Isabel Sousa Carvalho das Neves

Orientador: Dr.(a) Maria Angelina Alves Castro Neves

Tutor FFUP: Prof. Doutor(a) Maria Beatriz Vasques Neves Quinaz

Garcia Guerra Junqueiro

outubro de 2018

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária | Farmácia Castro

Dina Neves | ii

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente

noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros

autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da

atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas,

de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio

e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 1 de outubro de 2018

Dina Isabel Sousa Carvalho das Neves

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária | Farmácia Castro

Dina Neves | iii

AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, professores, funcionários e

colegas por me terem proporcionado todas as condições necessárias para concluir o

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Um particular agradecimento à

Professora Paula Andrade por todas as oportunidades que me tem proporcionado no

laboratório de Farmacognosia do Departamento de Química.

À Comissão de Estágios expresso o meu sincero agradecimento, nomeadamente, à

minha tutora Professora Doutora Beatriz Quinaz, agradeço o seu cuidado na correção

deste relatório e a disponibilidade permanente.

À minha orientadora Dra. Maria Angelina, agradeço a oportunidade de realizar o

estágio na Farmácia Castro, os ensinamentos, o estímulo e a disponibilidade permanente.

Agradeço ainda a sua alegria e capacidade de motivar os estagiários.

A toda a equipa da Farmácia Castro, a quem exprimo as minhas saudades, agradeço

todo o auxílio e atenção prestados, a partilha de experiências profissionais, o empenho e

paciência que tiveram para comigo.

Ao meu colega estagiário Luís Reis, obrigada pelo espírito de interajuda.

Às minhas colegas farmacêuticas, Sara Gomes, Joana Andrade, Sara Pereira, Helena

Sousa, Cláudia Meneses, Juliana Azevedo e Rita Silva por serem as “substâncias ativas”.

Um especial obrigado à Andreia Fernandes por todo apoio que me concedeu ao longo

desta caminhada.

A todos os meus amigos, em especial aos mais pequeninos, Bruna, Íris, Leonor, Sara,

Cristiana, Rui e João, por fazerem parte da minha vida; e a toda a minha família, em

especial, aos meus primos e às minhas avós Dina e Conceição pelo apoio e compreensão

incondicionais.

Ao Carlos por ser a calma no meio da tempestade.

Ao meu pai José e à minha mãe Isabel e aos meus irmãos Xavier e Válter pelo o amor.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária | Farmácia Castro

Dina Neves | iv

RESUMO

O presente relatório foi realizado no âmbito na unidade curricular Estágio do

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Trata-se do resultado final de quatro

meses de estágio na Farmácia Castro em Gondomar, que se divide fundamentalmente em

duas partes: a descrição da farmácia e das atividades realizadas durante o estágio; e a

descrição dos projetos desenvolvidos durante o estágio.

A primeira parte relata a minha envolvência nos procedimentos básicos que

ocorrem na Farmácia Castro, no que diz respeito à gestão da farmácia, dispensa de

produtos e serviços prestados à população. Também se encontra descrito a minha opinião

sobre o balanço final do estágio. Destaca-se que a Farmácia Castro é farmácia-piloto na

implementação da nova versão nacional do Sifarma®, pelo que são também descritas as

vantagens do programa em relação à versão atual.

Na segunda parte, encontram-se descritos os projetos que desenvolvi na farmácia,

nomeadamente, “Sete caminhos para saúde mental” e “Rigidez arterial, o aumento”. De

um modo geral, em ambos os projetos, os objetivos visaram o aumento da literacia em

saúde e foram cumpridos com sucesso. O projeto “Sete caminhos para saúde mental”

dividiu-se em duas vertentes principais: a Farmácia Castro, onde se realizou uma

campanha de sensibilização para promoção da literacia em saúde mental e um inquérito

de avaliação do consumo responsável de benzodiazepinas e Z-hipnóticos; e a comunidade

onde a Farmácia Castro se insere, onde se realizou uma intervenção em lares de idosos.

O projeto “Rigidez arterial, o aumento” englobou a elaboração de um folheto informativo

para sensibilizar os utentes da Farmácia Castro para a temática.

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Dina Neves | v

ÍNDICE

Parte I – Descrição da farmácia e das atividades realizadas durante o estágio......... 1

A. DESCRIÇÃO DA FARMÁCIA CASTRO ................................................................ 2

1. Localização geográfica ....................................................................................... 2

2. Horário de funcionamento ................................................................................... 2

3. Recursos humanos ............................................................................................. 2

4. Perfil de utentes .................................................................................................. 3

5. Espaço físico e equipamentos ............................................................................ 3

6. Fontes de informação ......................................................................................... 5

7. Sistema informático ............................................................................................ 5

8. Cartão de cliente Farmaco® ............................................................................... 7

9. Comunicação interna e externa .......................................................................... 7

B. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO ..... 8

1. Gestão da Farmácia ........................................................................................... 8

1.1. Realização de encomendas ......................................................................... 8

1.2. Receção e verificação de encomendas ....................................................... 9

1.3. Armazenamento de produtos ......................................................................10

1.4. Gestão de devoluções ................................................................................10

1.5. Controlo de prazos de validade ..................................................................11

1.6. Contagem física de stocks ..........................................................................11

2. Dispensa de produtos ........................................................................................12

2.1. Medicamentos sujeitos a receita médica ....................................................12

2.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica..............................................16

2.3. Outros produtos de saúde ..........................................................................17

3. Serviços prestados ............................................................................................19

4. Formação profissional .......................................................................................20

C. BALANÇO FINAL .................................................................................................20

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Dina Neves | vi

Parte II – Descrição dos projetos desenvolvidos durante o estágio ..........................21

PROJETO 1: SETE CAMINHOS PARA SAÚDE MENTAL ...........................................21

1. Introdução .............................................................................................................21

2. Motivação e Objetivos ...........................................................................................24

3. Métodos ................................................................................................................24

3.1. Cartaz e marcadores de livro para sensibilização da saúde mental ............24

3.2. Atividades de estímulo mental em lares de idosos próximos da FC ............25

3.3. Inquérito de avaliação do uso de BZD e Z-H na FC ....................................25

4. Resultados e Discussão ........................................................................................26

4.1. Campanha de sensibilização na FC ............................................................26

4.2. Intervenção nos lares de idosos ..................................................................26

4.3. Utilização de BZD e de Z-H pelos utentes da FC ........................................27

5. Conclusões ...........................................................................................................36

PROJETO 2: RIGIDEZ ARTERIAL, O AUMENTO .......................................................37

1. Introdução. ............................................................................................................37

1.1. Conceitos e epidemiologia ..........................................................................37

1.2. Fisiopatologia e sintomas ............................................................................37

1.3. Fatores de risco, diagnóstico e tratamento ..................................................38

2. Motivação e Objetivos ...........................................................................................39

3. Métodos – Panfleto informativo sobre RA .............................................................40

4. Resultados e Conclusões ......................................................................................40

REFERÊNCIAS .............................................................................................................41

ANEXOS .......................................................................................................................47

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Dina Neves | vii

LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

ANF Associação Nacional de Farmácias

BZD Benzodiazepinas

CNP Código Nacional Português

FC Farmácia Castro

FEFO Fist Expired, First Out

FIFO First In, First Out

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde

IVA Imposto de Valor Acrescentado

MICF Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

MM Medicamentos Manipulados

MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MNSRM-EF Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva

em Farmácia

MSRM Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

OMS Organização Mundial de Saúde

OTC Produtos de venda livre Over The Counter

PCHC Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

PIC Preço Inscrito na Cartonagem

PV Prazo de Validade

PVF Preço de Venda à Farmácia

PVP Preço de Venda ao Público

RA Rigidez arterial

RCM Resumo das Características dos Medicamentos

SNS Serviço Nacional de Saúde

Z-H Z-hipnóticos

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ÍNDICE DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1 – Dados de identificação da Farmácia Castro. ................................................... 1

Tabela 2 – Cronograma das principais atividades realizadas durante o estágio. .............. 1

Tabela 3 – Número total de utentes consumidores de BZD e Z-H, discriminado por género, relativo a cada tópico inquirido e por cada resposta possível. ..........................................29

Figura 1 – Balanço das principais vantagens entre Sifarma® Módulo de atendimento e Sifarma® 2000. ................................................................................................................. 6

Figura 2 – Principais características das diferentes encomendas consoante o tipo de pedido. .............................................................................................................................. 8

Figura 3 – Percentagens de PVP comparticipadas relativas a cada escalão de regime geral ou especial. .....................................................................................................................15

Figura 4 – Serviços farmacêuticos prestados na FC. ......................................................19

Figura 5 – Distribuição por faixa etária dos utentes consumidores de BZD e Z-H inquiridos do sexo feminino (linha preta sólida) e do sexo masculino (linha cinzenta tracejada). .....27

Figura 6 – (A) Prevalência (em percentagem) de perturbações mentais (depressão, ansiedade, pânico), insónia e dor nos utentes consumidores de BZD e Z-H inquiridos; (B) Histograma do número de utentes por BZD ou Z-H dispensado. .....................................28

Figura 7 – Número de utentes (em percentagem) que usam BZD e Z-H, de forma responsável ou de forma irresponsável, por cada tópico inquirido relativo ao uso do medicamento. ..................................................................................................................30

Figura 8 – Proporção do número de utentes que usam BZD e Z-H, de forma responsável (A) e de forma irresponsável (B) relativamente a cada tópico inquirido, em função das possíveis respostas sobre interrupção da terapêutica (com ou sem interrupção), horário de tratamento (toma no horário indicado ou quando necessário), quantidade ingerida (toma a quantidade prescrita ou quantidade diferente) e indicação terapêutica (com ou sem indicação médica). ...........................................................................................................31

Figura 9 – Número de utentes com dependência às BZD e Z-H (linha preta sólida) ou que estão a fazer redução da dose terapêutica (linha cinzenta tracejada) em função do tempo de consumo. ....................................................................................................................33

Figura 10 – Número de utentes (em percentagem) com e sem dependência às BZD e Z-H em função das possíveis respostas sobre os tópicos perceção de risco e eficácia terapêutica. ......................................................................................................................34

Figura 11 – Representação do processo ventricular em artéria com RA normal (A) em artéria com RA aumentada (B) (adaptada de [71]). ..........................................................38

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Parte I – Descrição da farmácia e das atividades realizadas durante o estágio

O meu estágio curricular em farmácia comunitária ocorreu na Farmácia Castro (FC)

de 1 de maio a 31 de agosto de 2018. A Tabela 1 mostra os principais dados identificativos

da FC. Durante o meu estágio na FC, realizei várias atividades como mostra o cronograma

disposto na Tabela 2. Todas as atividades visaram o objectivo-base do estágio curricular:

adquirir e consolidar os conhecimentos teóricos obtidos no Mestrado Integrado em

Ciências Farmacêuticas (MICF) e desenvolver novas aptidões por contacto direto com

outros profissionais de saúde e utentes. [1] Considerando as atividades descritas, nota-se

que aprendi duas versões do mesmo sistema informático. De facto, a FC está a ser pioneira

na implementação da futura versão nacional do Sifarma®. Considero que ter aprendido as

duas versões foi uma das experiências mais desafiantes e autónomas que fiz na FC.

Tabela 1 – Dados de identificação da Farmácia Castro.

Tabela 2 – Cronograma das principais atividades realizadas durante o estágio.

Dados de identificação Farmácia Castro

Proprietária Dra. Maria Angelina Alves Castro Neves

Direção Técnica Dra. Maria Angelina Alves Castro Neves

Morada Rua Dr. Francisco Sá Carneiro, nº 657

4420-237 Gondomar

Contacto telefónico 22 483 73 21

E-mail [email protected]

Atividade realizada maio junho julho agosto

Conhecimento dos produtos disponíveis

Aprendizagem do Sifarma®2000

Aprendizagem do Sifarma® – Módulo de atendimento

Receção e verificação de encomendas

Gestão de devoluções

Armazenamento de produtos

Atendimento ao balcão com acompanhamento

Atendimento ao balcão sem acompanhamento

Avaliação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos

Projeto 1 – Sete caminhos para saúde mental

Projeto 2 – Rigidez arterial, o aumento

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A. DESCRIÇÃO DA FARMÁCIA CASTRO

1. Localização geográfica

A FC, inaugurada em fevereiro de 1987, celebra este ano 31 anos de existência,

sendo uma das farmácias mais antigas do concelho de Gondomar. A FC situa-se na Rua

Dr. Francisco Sá Carneiro, na rotunda dos Sete caminhos, pertencente à união de

freguesias de Gondomar S. Cosme, Valbom e Jovim (Anexo I). A rotunda dos Sete

Caminhos é uma das rotundas mais movimentadas do concelho de Gondomar e é muito

próxima das Unidades de saúde familiar Sete Caminhos, Monte Castro e Renascer e do

Colégio Paulo VI. Para além disso, a posição privilegiada da FC também se relaciona com

o facto de ser vizinha de uma clínica dentária e por de ser contigua, recentemente, com

um laboratório de análises clínicas. A FC localiza-se no rés-do-chão de um prédio de uma

urbanização com bastantes lugares de estacionamento e na proximidade de paragens de

autocarro. Como se encontra ao nível da rua, não há qualquer impedimento a acesso de

crianças, idosos ou cidadãos portadores de deficiência.

2. Horário de funcionamento

A FC apresenta um horário de funcionamento interrupto nos dias úteis das 9h às

22h e ao sábado das 9h às 21h. Ocasionalmente, em rotação com as outras farmácias do

município, funciona durante 24h como farmácia de serviço. Durante o meu estágio, tive

horário rotativo semanalmente: das 9h às 14h nos dias úteis e das 13h às 20h ao sábado

ou das 13h às 20h nos dias úteis e das 9h às 14h ao sábado. A partir de julho, devido à

presença do meu colega estagiário do MICF Luís Reis, passei a ter o horário rotativo à

semana: das 9h às 14h nos dias úteis e das 14h às 20h ao sábado ou das 14h às 20h nos

dias úteis e das 9h às 14h ao sábado.

3. Recursos humanos

A equipa da FC é constituída por 11 profissionais de saúde qualificados: diretora

técnica e proprietária, Dra. Maria Angelina Neves; 5 farmacêuticos (Dra. Cármen Sousa,

Dra. Ana Marques, Dra. Marta Pereira, Dr. Fábio e Dr. José Oliveira); 3 técnicos de farmácia

(Fernando Ramos, Iolanda Paiva, Maria José Soares); 1 enfermeira (Dr. Luísa Leal). A FC

conta também com um contabilista na gestão financeira e uma auxiliar de limpeza. A equipa

da FC é jovem e dinâmica, sendo bastante valorizada pelos utentes, que se sentem

confiantes no aconselhamento prestado e satisfeitos com a simpatia demonstrada.

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4. Perfil de utentes

Devido à sua localização geográfica, a FC apresenta um fluxo constante de clientes

(≃ 200 clientes por dia), que provém maioritariamente, das unidades de saúde familiar. São

clientes habituais ou ocasionais de faixas etárias variadas e de classes económicas

diferentes. De facto, não se verifica uma diferença significativa na proporção de utentes

idosos e de utentes jovens na FC. Contudo, a maioria dos utentes idosos encontra-se

fidelizado há anos e são utentes polimedicados, com pouca literacia em saúde e que

procuram as alternativas mais baratas. Importa referir que a FC é também a farmácia de

referência dos lares de idosos mais próximos.

5. Espaço físico e equipamentos

O espaço físico (interior e exterior) e equipamentos da FC estão de acordo com a

legislação em vigor e com as Boas Práticas Farmacêuticas para a farmácia comunitária.

[1, 2] O espaço exterior da FC é envidraçado e destaca-se pela presença de um letreiro

horizontal com a designação “Farmácia Castro”, um letreiro vertical com a designação

“Farmácia” e uma 1 “cruz verde” que está sempre iluminada à noite (Anexo I). Neste

espaço, elaboram-se montras profissionais e existe um painel de grandes dimensões que

faz promoção constante de produtos e/ou serviços de interesse para a farmácia. Para além

disso, no espaço exterior encontram-se as informações sobre direção técnica, horário de

funcionamento e escalas de turno das farmácias de serviço. Por outro lado, o espaço

interior da FC é tipicamente caracterizado em duas grandes áreas: área de atendimento e

armazém (Anexo II). Trata-se de um espaço climatizado (condições de temperatura e

humidades controladas periodicamente) e bem iluminado, já que o contacto com o exterior

é feito através de painéis de vidro. Também neste espaço, é possível encontrar algum

marketing farmacêutico, que vai sendo adequado à época do ano, tipo de utentes e

campanhas promocionais existentes.

i) Área de atendimento, inclui:

⎯ 8 balcões de atendimento

Cada balcão está separado fisicamente e equipado com um computador, um

terminal multibanco, uma impressora, leitor ótico e caixa registadora. O balcão onde atendi

a maioria das vezes contém uma mesa anexa para medição automática da pressão arterial.

⎯ Gôndolas e lineares com produtos de venda livre – Over the Counter (OTC)

Os OTCs, medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), estão dispostos

de acordo com marca comercial e com a finalidade de utilização e incluem produtos de

dermofarmácia e cosmética, ortopedia, higiene oral, higiene íntima, puericultura, óculos,

protetores solares, produtos dietéticos, suplementos alimentares, uso veterinário, entre

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outros. Atendendo que o estágio englobou o Verão, tive contacto com várias campanhas

promocionais de protetores solares e repelentes de insetos.

⎯ Sistema de senhas e zona de conforto

A FC dispõe de um sistema de senhas no atendimento constituído por uma máquina

própria em que cada utente tira senha; e por um ecrã que faz a chamada do utente

dependendo do número da senha. Para proporcionar o máximo de conforto aos seus

utentes enquanto aguardam a sua vez no atendimento, a FC tem uma zona de conforto

com vários sofás e com material infantil. Acho que o sistema de senhas é imprescindível

na FC, dado o afluxo constante de clientes e o ajuntamento que por vezes ocorre. Perto da

zona de conforto, a FC possui também uma balança para medição autónoma do peso

corporal.

⎯ 2 gabinetes para atendimento personalizado

Um gabinete possui todo o material necessário para administração de injetáveis,

determinação manual da pressão arterial e avaliação de parâmetros bioquímicos, enquanto

que o outro gabinete é destinado à realização de consultas de nutrição prestadas por um

nutricionista com periocidade mensal. Durante o meu estágio, neste último gabinete

ocorreram dois eventos: rastreio “Coração sem Risco” para avaliação da rigidez e tensão

arterial e evento “Bebé 4D” que oferecia 5 minutos de ecografia em 4D a grávidas.

ii) Armazém, inclui:

⎯ Gavetas deslizantes e frigorífico

Nestas gavetas, os produtos estão ordenados alfabeticamente e por forma

farmacêutica e/ou tamanho para atendimento mais rápido e eficiente. Tratam-se

maioritariamente de medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM). Contudo, não existe

divisão entre medicamentos genéricos ou comerciais, e os medicamentos psicotrópicos

também não se encontram separados dos restantes medicamentos. O frigorifico é

destinado ao armazenamento de produtos que requerem conservação entre 2º e 8ºC.

⎯ Móveis de prateleiras para os produtos excedentes

Nestes móveis são arrumados os produtos excedentes das gavetas e dos lineares

da área de atendimento. Os produtos em excesso são ordenados por ordem alfabética e

por forma farmacêutica e/ou tamanho da mesma forma que nas gavetas deslizantes.

⎯ Zona de receção e de verificação de encomendas

A receção de encomendas ocorre através de uma porta de acesso ao exterior. Os

contentores dos vários fornecedores que trabalham com a FC são colocados num local

específico. A zona de verificação de encomendas é constituída por computadores,

impressora, impressora de etiquetas, fax, leitores óticos e material de escrita. Assim, nesta

área, procede-se ao arquivo de todos os documentos referentes a faturas de encomenda,

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notas de devolução e crédito, para posterior envio à contabilidade. Neste local, encontra-

se também o contentor do Valormed®.

Para além da área de atendimento e do armazém, o espaço interior da FC contém:

⎯ Laboratório equipado para preparação de medicamentos manipulados (MM);

⎯ Gabinete de direção técnica, onde se faz a gestão interna e financeira da FC e

ocorrem as reuniões com os delegados de informação médica;

⎯ Armazém de produtos fora do prazo de validade (PV), que se destinam a ser

devolvidos aos respetivos fornecedores, de materiais utilizados na elaboração das

montras e de toda a documentação que necessita de ser guardada;

⎯ Espaço para descanso e arrumação de bens pessoais dos funcionários;

⎯ Copa para realizar refeições em caso de necessidade;

⎯ Instalações sanitárias.

6. Fontes de informação

De acordo com a legislação prevista, as farmácias têm que ter, obrigatoriamente, a

Farmacopeia Portuguesa em vigor. [3] Também Prontuário Terapêutico, Formulário

Galénico Português, Resumo das Características dos Medicamentos (RCM), Medscape,

Epocrates, Centro de Informação do Medicamento da Ordem dos Farmacêuticos e Centro

de Informação sobre Medicamentos da Associação Nacional das Farmácias (ANF)

constituem outras fontes comuns para esclarecimento de dúvidas na FC. Durante o meu

estágio, utilizei bastante o RCM via online para dúvidas próprias ou para esclarecimento

dos utentes. Relato o seguinte exemplo vivido: uma utente com prescrição de metilfenidato

tem indicação médica para comprar metilfenidato sem lactose devido a intolerância,

contudo, a utente não sabe a marca do metilfenidato sem lactose; assim foi necessário

recorrer a todos os RCM de todos os metilfenidatos existentes para dispensar o indicado à

utente.

7. Sistema informático

Atualmente, a FC utiliza duas versões do sistema informático Sifarma® da Glintt®:

o Sifarma® 2000 e o Sifarma® Módulo de atendimento. O Sifarma® Módulo de

atendimento constitui a atualização mais recente do Sifarma® 2000 e está a ser testado

pela Glintt® apenas num grupo restrito de farmácias a nível nacional. A FC iniciou a

implementação do Sifarma® Módulo de atendimento em abril de 2018, contudo como o

programa está ainda em construção, há necessidade de recorrer, concomitantemente, à

versão Sifarma® 2000. De facto, o Sifarma® Módulo de atendimento, ao contrário do

Sifarma® 2000, apresenta apenas ferramentas referentes a atendimento e não a

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processos de gestão e de estatística (e.g. gestão de stocks, encomendas, devoluções e

receituário). Desta forma, é apenas possível comparar as duas versões em relação à

metodologia de atendimento. Nota-se que ambas as versões do Sifarma® garantem um

excelente serviço de atendimento, proporcionando funções semelhantes relativas a:

identificação do cliente/utente, processo de componentes com ou sem comparticipação e

de receitas manuais ou eletrónicas, verificação do produto dispensado, formas de

pagamento, débito e/ou crédito, e informações técnico-científicas (Anexo III). A Figura 1

mostra o balanço das principais vantagens entre Sifarma® Módulo de atendimento e

Sifarma® 2000 face ao processo de atendimento. Para além da evidente mudança de

interfase, o Sifarma® Módulo de atendimento permite associar o cliente ao utente ou a

vários utentes e proceder à emissão de faturas/recibos individualizadas por utente numa

venda com vários utentes e/ou por tipo de produto dispensado (com ou sem receita). De

um modo geral, permite um atendimento mais rápido, nomeadamente, aquando pedido de

encomendas instantâneas (num mesmo ecrã apresenta-se a disponibilidade do produto

em falta em todos os fornecedores). Esta versão também propõe uma vasta gama de

posologias para um mesmo produto, de modo a ser mais fácil de selecionar a posologia

especifica a cada utente; e pede justificação perante cancelamento do atendimento,

concedendo dados úteis para estatísticas de erros. Adicionalmente, o Sifarma® Módulo de

atendimento também se pode associar diretamente ao cartão Sauda+ das Farmácias

Portuguesas (não é aplicável à FC).

Figura 1 – Balanço das principais vantagens entre Sifarma® Módulo de atendimento e Sifarma® 2000.

Sifarma® 2000Sifarma® Módulo de

atendimento

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A única vantagem do Sifarma® 2000 face à nova versão aquando o atendimento é

permitir o processamento de descontos e de promoções, que ainda não é possível no

Sifarma® Módulo de atendimento. Noto que a implementação do Sifarma® Módulo de

atendimento é um desafio para a FC, pois exige visitas de avaliação periódicas, leitura de

tutoriais e atenção permanente às atualizações do programa. A FC está a cumprir com os

objetivos preconizados pelo projeto piloto: 90% dos atendimentos na FC são efetuados no

Sifarma® Módulo de atendimento.

A nível pessoal, nunca tinha contactado com o Sifarma®, pelo que aprender as

duas versões foi trabalhoso. Considero que o Sifarma® Módulo de atendimento é mais

intuitivo, com ferramentas mais simples e, na globalidade, oferece um atendimento menos

moroso.

8. Cartão de cliente Farmaco®

Com o objetivo de fidelizar os clientes, a FC dispõe de um cartão virtual de

descontos pelo software Farmaco®. Em cada venda, o cartão de cliente acumula, em

dinheiro, 2% do valor total pago. Posteriormente, o cliente poderá utilizar o dinheiro

acumulado na aquisição de qualquer medicamento, produto e/ou serviço na FC desde que

o valor existente em cartão seja igual ou superior ao da aquisição pretendida. Como se

trata de um cartão virtual, a sua requisição consiste apenas no preenchimento de uma ficha

virtual com os dados pessoais do cliente (e.g. nome, número de contribuinte, morada, data

de nascimento, contacto telefónico). Durante o meu estágio, procedi a vários registos de

novos clientes, à acumulação de saldo nos cartões e/ou à realização de vendas com o

saldo do cartão. De acordo com o novo Regulamento Geral de Proteção de Dados que

entrou em vigor a 25 de maio de 2018 [4], a FC foi obrigada a fazer um registo documentado

de todas as atividades de tratamento de dados pessoais. Desta forma, durante o

atendimento, a cada cliente da FC titular de cartão pedi consentimento sobre o tratamento

de dados, através do preenchimento de um contrato que aferia todas as atividades

realizadas pela FC relativas ao cartão.

9. Comunicação interna e externa

A comunicação interna da FC realiza-se principalmente por dois modos: via e-mail

e/ou mensagens enviadas através do Sifarma 2000® pelos funcionários da FC. Por outro

lado, a comunicação externa ocorre via e-mail ou mensagens telefónicas, recorrendo aos

dados registados no Cartão de cliente Farmaco®. Maioritariamente, os clientes recebem

informação sobre os serviços prestados e/ou campanhas promocionais. Noto que a FC não

possui qualquer tipo de redes sociais (e.g. Facebook, Instagram). Também a decoração

das montras visa a comunicação externa e é efetuada de forma muito cuidada na FC.

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B. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO

1. Gestão da Farmácia

1.1. Realização de encomendas

De um modo geral, a FC realiza encomendas de produtos aos seguintes

fornecedores: OCP Portugal®, Cooprofar® e Empifarma®, sendo a Alliance Healthcare®

o fornecedor secundário. A OCP Portugal® é o fornecedor maioritário, ao qual a FC solicita

três encomendas por dia. Contudo, produtos de cosmética e higiene corporal são

normalmente encomendados à Cooprofar® devido a condições comerciais mais

vantajosas. De facto, a escolha dos fornecedores é efetuada consoante a disponibilidade

e condições comerciais dos produtos. As encomendas podem classificar-se consoante o

tipo de pedido conforme representado pela Figura 2. Durante o meu estágio, pude assistir

à elaboração de todos os tipos de encomendas e realizei maioritariamente encomendas

instantâneas pelo Sifarma® aquando do atendimento e encomendas manuais na receção

de encomendas.

Figura 2 – Principais características das diferentes encomendas consoante o tipo de pedido.

Diária

Instantânea

Via Verde

Direta a laboratório

ou a delegados

Manual

✓ Gerada automaticamente pelo Sifarma®✓ De acordo com stocks máximo e mínimo ✓ Grande volume de produtos✓ Verificada por funcionário para ver se cumpre

as necessidades atuais

✓ Gerada quando produto requerido pelo utente não está disponível na FC

✓ Por contacto telefónico ou Sifarma®✓ Permite selecionar o fornecedor com produto

mais barato e informar o utente do preço e hora de chegada prevista

✓ Chegada à FC em menos de 24h após pedido

✓ Aquisição urgente de medicamentos que estão sem stock ou em rutura (ex: Lovenox®, Jardiance®, Trajenta®, Spiriva®)

✓ Exige notificação prévia ao INFARMED ✓ Chegada à FC no prazo de 48h após pedido✓ Exige receita médica do produto pedido

✓ Grande volume de produtos✓ Para produtos de alta rotação✓ Realização periódica mensal✓ Exige quantidade mínima a ser encomendada✓ Oferece condições comerciais vantajosas

✓ Gerada pontualmente quando produto está rateado ou se a encomenda diária já tiver sido efetuada

✓ Por contacto telefónico ou Sifarma®

ENCOMENDA

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1.2. Receção e verificação de encomendas

A receção e verificação de encomendas é fundamental em farmácia comunitária,

pois admite que os produtos encomendados passem a constituir stock. Qualquer tipo de

encomenda é rececionada na FC em contentores apropriados e com respetiva fatura ou

guia de remessa (Anexo IV). De referir que os produtos de frio (2ºC a 8ºC) são retirados

imediatamente dos contentores e são colocados no frigorífico, separados dos restantes

produtos que já deram entrada no stock e agregados ao papel identificativo do contentor

que os transportou. No caso de medicamentos sujeitos a controlo especial pela Autoridade

Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED) (e.g. medicamentos

estupefacientes e psicotrópicos e/ou benzodiazepinas) [5, 6], é enviado, juntamente com a

fatura, uma guia de requisição específica por cada medicamento, em duplicado, aprovada

pela entidade competente e assinada pelo fornecedor (Anexo V). Estas guias são

carimbadas e assinadas pela diretora técnica e, posteriormente, uma é arquivada na FC e

outra é devolvida ao fornecedor. Cada fatura contém: indicação do fornecedor, destinatário,

número da fatura, data de encomenda, produtos encomendados e respetivo Código

Nacional Português (CNP), quantidades encomendadas e enviadas, valor total da fatura,

Preço de Venda à Farmácia (PVF), Imposto de Valor Acrescentado (IVA) e Preço de Venda

ao Público (PVP) de cada produto encomendado.

A receção de encomenda é efetuada no Sifarma® 2000 através da identificação do

número da fatura por leitura ótica do código de barras ou manualmente e introdução do

valor total da encomenda. Posteriormente, por leitura ótica do código de barras ou por

introdução do CNP, cada produto da encomenda vai sendo introduzido no sistema

informático. Durante ou após a introdução dos produtos, faz-se verificação:

Verificação do PVP após introdução de PVF

Se produto tiver Preço Inscrito na Cartonagem (PIC), PVP deve corresponder ao

indicado no Sifarma®; se produto for OTC, PVP é estabelecido pela FC,

procedendo-se ao ajuste da margem de lucro.

Verificação do PV

Se produto rececionado possui PV inferior aos dos produtos existentes ou se tem

stock informático a zero, Sifarma® alerta para mudança para PV atual.

Verificação de quantidade

Se o número de embalagens rececionadas coincide com número de embalagens

faturadas por produto e na totalidade.

Verificação de integridade

Se as embalagens dos produtos estão integras, apresentando as condições

necessárias para venda.

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Verificação da existência de bonificações e do valor total

Se existem medicamentos com bónus e se o valor total obtido pelo Sifarma® no

final da receção corresponde ao valor total faturado.

Após processo de verificação, finaliza-se a receção de encomenda no Sifarma®: os

produtos entram automaticamente no stock da FC, assina-se e arquiva-se a fatura. Na FC,

é comum aquando receção de encomenda, separar os produtos encomendados que já

foram pagos por clientes (reservas). Em caso de inconformidades na fatura (e.g. produtos

faturados não enviados ou produtos enviados não faturados), efetua-se a reclamação ao

distribuidor que emite uma nota de crédito para a regularização do processo.

Rececionar e verificar encomendas foi a primeira atividade que fiz na FC. Considero

que é um processo fundamental para contacto primário com os produtos disponíveis na FC

e com o Sifarma® 2000 e contribui muito para a capacidade de reconhecimento dos

produtos aquando o atendimento. Durante o estágio, deparei-me várias vezes com

inconformidades nas faturas, pelo que senti necessidade de criar um suporte para registo

das reclamações (Anexo VI). Tratou-se de um pequeno projeto, muito útil e valorizado

pelos funcionários da FC, na medida em que oferece um histórico de erros.

1.3. Armazenamento de produtos

Na FC, o armazenamento de produtos é efetuado através do método Fist Expired,

First Out (FEFO): organização dos produtos por PV, mantendo os que têm menor PV no

local mais acessível para que sejam dispensados em primeiro lugar. Contudo, para

produtos que não têm PV, a FC segue o método First In, First Out (FIFO) no qual os

produtos mais antigos são os primeiros a serem vendidos. [7] Importa referir que os

produtos são também armazenados sob condições de conservação adequadas, na sua

maioria, acondicionados à temperatura ambiente 25±1ºC e humidade relativa 60%, e os

produtos de frigorifico entre 2ºC a 8ºC. [8] Na FC, todos os funcionários garantem a

reposição do stock nas gavetas deslizantes e nos lineares e gondolas da área de

atendimento. A nível pessoal, o processo de armazenamento foi crucial para conhecer a

localização dos produtos na FC, garantindo uma maior rapidez aquando da dispensa ao

utente e um menor período de tempo associado à sua procura.

1.4. Gestão de devoluções

De um modo geral, a devolução ocorre quando os produtos: i) têm PV expirado ou

a expirar; ii) são encomendados/faturados por engano; iii) não apresentam integridade

aquando receção; iv) são faturados com preço diferente do PIC; v) exigem recolha

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obrigatória. Trata-se de um processo que é limitado por prazos específicos ordenados pelo

fornecedor, cujo cumprimento é essencial para que o produto não fique na FC sem

utilidade. Numa primeira fase, as devoluções são efetuadas por registo no Sifarma®,

emitindo-se uma nota de devolução que contém: designação do produto devolvido,

justificação da devolução, o preço de custo, IVA e o número da fatura de origem. Numa

segunda fase, a nota de devolução é impressa em triplicado e devidamente rubricada e

carimbada pela FC. O triplicado é arquivado na FC, enquanto que o original e o duplicado

são anexados ao produto a ser devolvido ao fornecedor. Se a devolução é aceite, o

fornecedor emite uma nota de crédito ou substitui o produto; se a devolução não é aceite,

o produto é devolvido à FC. Caso o produto não apresente condições para venda, a FC

terá de proceder à sua quebra e eliminação via Valormed®. Durante o estágio, realizei

várias devoluções, nomeadamente, de produtos que foram faturados por engano e/ou que

não apresentavam integridade aquando receção. Também ajudei no processo de recolha

obrigatória de lotes de medicamentos contendo Valsartan na sequência da deteção de uma

impureza pelo INFARMED. [9]

1.5. Controlo de prazos de validade

O controlo de PV é realizado essencialmente em dois momentos: i) durante a

receção de encomendas pela introdução do PV atual; ii) mensalmente por emissão de uma

lista gerada pelo Sifarma® que contém os produtos cujo PV irá expirar no mês seguinte.

Como referido em 1.4., os produtos com PV expirado ou a expirar são devolvidos ao

fornecedor. Também existe a possibilidade de vender produtos com PV a expirar através

de promoções evitando a sua desvalorização total ou parcial. Com efeito, deve-se proceder

às correções necessárias no Sifarma® para que o stock físico corresponda ao stock

informático. Durante o meu estágio, assegurei o controlo de PV aquando a receção de

encomendas e assisti ao controlo por lista. Notei que o PV é um fator preponderante para

vários clientes da FC, que se preocupam em verificar se produtos dispensados tem ou não

PV expirado e/ou a duração do mesmo.

1.6. Contagem física de stocks

A gestão de stocks depende da qualidade dos processos previamente referidos:

realização e receção de encomendas e/ou armazenamento de produtos. Também o ato de

dispensa dos produtos garante uma gestão adequada, uma vez que a gestão de stocks

corresponde ao equilíbrio entre o número de produtos em stock e o número de produtos

dispensados. Frequentemente, este equilíbrio é avaliado pelo equilíbrio entre o stock físico

e stock informático indicado pelo Sifarma® 2000. De facto, o Sifarma® apresenta um papel

fundamental na gestão de stocks, na medida em que indica o stock existente de cada

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produto e/ou o seu stock mínimo e máximo; e alerta para falta de stocks. Desta forma, uma

correta gestão de stocks evita que o utente seja lesado pela falta de produto e que a FC

seja afetada pelo excesso de produtos sem saída.

2. Dispensa de produtos

A dispensa de medicamentos e/ou de outros produtos de saúde é o maior propósito

da farmácia comunitária. De facto, aquando da dispensa, o farmacêutico apresenta um

papel fundamental na promoção do uso responsável dos produtos e na avaliação correta

da prescrição e indicação terapêutica. Consequentemente, o aconselhamento

farmacêutico é preditor de uma boa adesão à terapêutica, diminuindo a taxa de problemas

associados com medicamentos.

2.1. Medicamentos sujeitos a receita médica

2.1.1. Prescrição médica

A prescrição médica é essencial para dispensa de MSRM, sendo o principal meio

de comunicação entre farmacêutico, médico e utente. Atualmente, a prescrição médica

ocorre essencialmente por receita manual (ou materializada) ou por receita eletrónica

(desmaterializada). A receita manual encontra-se em desuso e trata-se de uma receita

materializada em papel e a que apenas pode ser prescrita em situações específicas: a)

falência do sistema informático; b) inadaptação do prescritor; c) prescrição ao domicílio; d)

até um máximo de 40 receitas por mês. [10] Desta forma, a receita eletrónica garante a

maior parte das prescrições médicas. O suporte eletrónico da prescrição médica visa

sobretudo aumentar a segurança no processo de prescrição e no ato de dispensa, contudo

ainda não se encontra totalmente desmaterializado. De facto, verifica-se a coexistência de

duas formas de prescrição eletrónica: i) receita eletrónica desmaterializada ou receita sem

papel; ii) receita eletrónica materializada (prescrição impressa em papel). Em média,

considero que na FC, 90% dos utentes tem prescrição médica por receita eletrónica (80%

desmaterializada e 10% materializada) e 10% por receita manual.

A prescrição médica inclui obrigatoriamente a denominação comum internacional

da substância ativa, a forma farmacêutica, a dosagem, a quantidade e a posologia. Apenas

quando se trata de um medicamento de marca sem similar ou medicamento genérico

similar ou quando existe alguma justificação técnica, nomeadamente a) margem ou índice

terapêutico estreito; b) reação adversa prévia e c) continuidade de tratamento superior a

28 dias, a prescrição por nome comercial do medicamento ou do titular pode acontecer.

Nesta última exceção, o utente pode optar por um medicamento equivalente ao prescrito,

desde que seja de preço inferior. Em receita materializada ou manual, apenas se pode

prescrever até quatro medicamentos distintos. Nestes casos, também é apenas possível

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prescrever um máximo de quatro embalagens por receita e duas embalagens por cada

medicamento. Em receita desmaterializada, pode ser prescrito até um máximo de duas

embalagens de cada produto, ou seis, se se tratar de um medicamento destinado a

tratamento prolongado. [10] Importa referir que em regra, as receitas têm validade de 30

dias a partir da data de prescrição, no entanto receitas eletrónicas materializadas podem

ser renováveis, contendo até três vias, com validade de 6 meses. Também as receitas

desmaterializadas podem ter validade até seis meses no caso de prescrição de

medicamentos destinados a doenças ou tratamentos prolongados. Cada receita vem

acompanhada de uma guia de tratamento que chega ao utente através de mensagem de

texto, correio eletrónico ou em papel, no caso de ser pedido pelo utente ou se o prescritor

considerar apropriado.

No estágio contactei com todo o tipo de receitas durante o atendimento. Na FC,

senti que vários utentes se confundem com as guias de tratamento de receitas

desmaterializadas. Relato o exemplo mais comum: utente tem a mesma guia de tratamento

em mensagem telefónica e em papel; a primeira vez que vai à FC usa mensagem telefónica

para levantar todas as embalagens da receita; na segunda vez que vai à FC utiliza a guia

em papel para levantar todas as embalagens da receita; utente fica confuso, porque pensa

que ainda tem as embalagens por levantar, quando na realidade, estas já foram

dispensadas na primeira vez que foi à FC.

2.1.2. Ato de dispensa

O ato de dispensa inicia com introdução da receita no Sifarma® através dos códigos

de acesso facultados na receita ou guia de tratamento de receitas eletrónicas ou na própria

receita no caso de receitas manuais. No ato da dispensa de receitas manuais ou

materializadas, é necessário validar a prescrição médica, verificando alguns requisitos

específicos, como: numeração e respetivo código de barras da receita; identificação do

médico e local de prescrição; dados do utente (nome, número de utente, número de

beneficiário da entidade financeira responsável e regime especial de comparticipação, se

aplicável), data de prescrição e validade da receita. De facto, em receitas manuais, é

necessário proceder à introdução manual, no Sifarma®, dos medicamentos e respetivo

regime de comparticipação ou diploma legal que atribua uma comparticipação especial, o

que possibilita a ocorrência de mais erros. Para qualquer tipo de receita, o farmacêutico

deve sempre interpretar a prescrição médica de acordo com a necessidade e adequação

da mesma ao utente. Durante a dispensa, deve existir uma comunicação ativa entre utente

e farmacêutico. O farmacêutico deve perguntar ao utente se pretende adquirir a totalidade

dos produtos ou se apenas pretende que lhe sejam dispensados em parte. Também é

importante saber se se trata de uma medicação habitual ou se foi prescrita pela primeira

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vez, de forma a poder ajudar o utente no esclarecimento de todas as dúvidas que possam

existir relativas a: para que serve o medicamento, início do efeito, posologia, a duração do

tratamento, os cuidados específicos relativos à toma e armazenamento, possíveis

interações com alimentos e/ou medicamentos, reações adversas ou efeitos secundários

mais frequentes e o que fazer em caso de omissão de uma dose. No caso de ser

medicação habitual deve ser questionado ao utente qual o medicamento que habitualmente

leva e, no caso de não ser medicação habitual, se tem preferência por medicamento de

marca ou genérico. Nota-se que o utente pode optar por qualquer medicamento com a

mesma denominação comum internacional, forma farmacêutica, dosagem e dimensão das

embalagens, independentemente do seu preço. A dispensa termina após o farmacêutico

ter entregue os medicamentos prescritos ao utente e finalizado o processo de atendimento

no Sifarma®. Durante o estágio, aquando da dispensa, percebi que muitos utentes da FC

não percebem a necessidade de receita médica para determinados grupos de

medicamentos, nomeadamente antibióticos e benzodiazepinas.

2.1.3. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

De acordo com o decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, os medicamentos

psicotrópicos e estupefacientes estão sujeitos a um controlo especial. De facto, são

medicamentos que apenas devem ser utilizados em casos específicos devido ao elevado

risco de tolerância e dependência. Em receitas manuais ou materializadas, cada

medicamento psicotrópico e estupefaciente é prescrito isoladamente por receita; enquanto

que em receitas desmaterializadas, pode ser prescrito em conjunto com outro tipo de

medicamentos desde que a linha de prescrição seja indicativa do tipo de medicamento. O

levantamento deste tipo de medicamentos pode ser efetuado ou não pelo próprio utente,

contudo carece sempre de apresentação de um documento de identificação (e.g. cartão de

cidadão). É efetuado o registo do nome e morada do adquirente e do nome, morada,

número de identificação, data da validade do cartão de cidadão e idade do utente. No final

da dispensa do medicamento, é impresso um talão de faturação em duplicado, que é

anexado à cópia da receita e assinado pelo adquirente. Posteriormente, todos os

documentos são digitalizados e enviados ao INFARMED até ao dia 8 do mês seguinte ao

da sua faturação; e arquivados por 3 anos na FC. Durante o período de atendimento, tive

oportunidade de proceder à dispensa deste tipo de medicamentos e percebi que vários

utentes não percebem a importância do registo suprarreferido.

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2.1.4. Sistemas de comparticipação de medicamentos

O Estado Português comparticipa uma percentagem do PVP de determinados

medicamentos a beneficiários do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou de outros

subsistemas públicos. As percentagens de comparticipação do PVP são fixadas de acordo

com os seguintes escalões representados na Figura 3, previamente definidos pelo

Ministério da Saúde em função dos grupos e subgrupos farmacoterapêuticos. [11] Nota-se

que existem fundamentalmente dois tipos de regime de comparticipação, regime geral e

regime especial, cada um dividido em quatro escalões de comparticipação (A. B, C, D).

Figura 3 – Percentagens de PVP comparticipadas relativas a cada escalão de regime geral ou especial.

O regime geral aplica-se a todos os beneficiários do SNS. O regime especial varia

em função dos beneficiários ou das patologias/grupos especiais de utentes. Em função dos

beneficiários, o regime especial é dividido nos quatros escalões representados e é aplicado

aos pensionistas “cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes a retribuição mínima

mensal garantida em vigor no ano civil transato ou 14 vezes o valor do indexante dos apoios

sociais em vigor, quando este ultrapassar aquele montante.” [12] Em função das

patologias/grupos especiais de utentes, a comparticipação tem de estar definida por um

diploma legal (e.g. para artrite reumatoide, psoríase) que é obrigatoriamente mencionado

em receita pelo prescritor. Em ambos os regimes especiais, no escalão A há um acréscimo

de 5% na comparticipação e de 15% para os restantes escalões comparativamente ao

regime geral. Os beneficiários do SNS podem também beneficiar de outros sistemas

subsistemas (e.g. Savida, SAMS, Multicare) que oferecem uma comparticipação extra. Em

utentes que possuem subsistemas, aquando o atendimento, é necessário imprimir um

comprovativo relativo à comparticipação; e caso a prescrição seja por receita materializada

ou manual, é necessário fotocopiar a receita. Durante o atendimento, contactei

maioritariamente com os regimes de comparticipação 01 (Regime Geral do SNS) e 48

(Regime Pensionista do SNS) e com os subsistemas Savida e SAMS.

• Regime geral

• Regime especial

• Regime geral

• Regime especial

• Regime geral

• Regime especial

• Regime geral

• Regime especial

A B

CD

90%

95%

69%

84%

37%

52%

15%

30%

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2.1.5. Conferência do receituário e faturação

A conferência do receituário e faturação é essencial para que a FC receba o valor

correspondente à comparticipação dos medicamentos. Após atendimento, as receitas

manuais e materializadas são organizadas primariamente por série e depois por lote. A

organização das receitas por série consiste em separar as receitas consoante organismos

de comparticipação. Por cada série, as receitas são numeradas e organizadas em lotes de

30. As receitas são conferidas por processo semelhante ao da validação das prescrições

aquando o atendimento. Após conferência, no final de cada mês, a diretora técnica faz a

faturação das receitas, emitindo os verbetes de identificação dos lotes e a relação de

resumo de lotes e a respetiva fatura mensal. Os verbetes contêm a importância total do

lote correspondente ao PVP; importância total do lote paga pelos utentes; importância total

do lote a pagar pela entidade responsável; importância total do lote a pagar relativamente

à remuneração específica da farmácia; e discriminação individual de cada receita. A

relação de resumo de lotes contém informações relativas a cada lote de receitas,

nomeadamente: código, tipo e número sequencial do lote; número total dos lotes entregues

no mês; importância total do lote correspondente ao PVP; importância total do lote paga

pelos utentes; importância total do lote a pagar pelo Estado; e importância total da

remuneração especifica da farmácia. [13] Todos os documentos são enviados para cada

entidade comparticipante, centro de conferência de faturas do SNS (caso organismo seja

SNS) e/ou para ANF (caso sejam outros organismos) até ao dia 10 do mês seguinte. Em

caso de inconformidades, ocorre devolução à FC das receitas que não cumprem os

requisitos. Durante o estágio, assisti à conferência de receituário pelos funcionários da

FC e à faturação do receituário pela diretora técnica.

2.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica

Ao contrário dos MSRM, os MNSRM podem ser vendidos fora das farmácias em

locais devidamente autorizados pelo INFARMED. Contudo existem MNSRM de Dispensa

Exclusiva em Farmácia (MNSRM-EF) (e.g. Fucidine®, Actifed®), que podem apenas ser

dispensados nas farmácias mediante um protocolo de dispensa respetivo. Durante a

dispensa de MNSRM, o farmacêutico deve avaliar se o medicamento é efetivamente

necessário e/ou adequado à pessoa que se destina, analisando o motivo pelo qual o utente

apresenta queixas, duração e intensidade dos sintomas, a presença de comorbilidades e

de outra medicação que possa estar a tomar. No ato da dispensa, deve-se transmitir

informação sobre a posologia, contraindicações e efeitos secundários dos MNSRM e

alertar para consulta médica caso a situação não apresente melhorias num determinado

período de tempo. Durante o estágio, tive de indicar MNSRM em bastantes ocasiões. No

primeiro mês do estágio (maio), os MNSRM dispensados na FC eram maioritariamente

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dirigidos a alergias e mordeduras de insetos. Posteriormente, nos meses seguintes, com a

chegada do Verão, os MNSRM mais vendidos eram relativos a proteção solar,

queimaduras e produtos associados a férias e viagens (laxantes, antidiarreicos). Senti

dificuldade no aconselhamento de vários produtos, e tive, por várias vezes de pedir ajuda

aos colegas da FC aquando o atendimento.

2.3. Outros produtos de saúde

2.3.1. Medicamentos de uso veterinário

Na FC, MSRM veterinários (e.g. antiparasitários internos) encontram-se no

armazém, enquanto MNSRM e outros produtos veterinários (e.g. antiparasitários externos,

vitaminas, suplementos alimentares, produtos de higiene) estão expostos num linear da

sala de atendimento. Atendendo que o meu período de estágio coincidiu com altura do ano

em que há maior predomínio de pragas (e.g. carraças), na FC dispensei imensos

desparasitantes de uso interno e externo para animais domésticos (cão e gato). Também

assisti a situações particulares de pedidos de medicação para infeções bacterianas em

cavalos e galinhas. Por outro lado, fui abordada algumas vezes sobre a segurança de

administração de medicamentos de uso humano, nomeadamente, benzodiazepinas, em

animais, situações em que tive bastante dificuldade em dar resposta. Também tive contacto

com receitas médico-veterinárias de medicamentos de uso humano, nomeadamente

antibióticos e inibidores da bomba de protões. De facto, na FC existe uma grande procura

deste tipo de medicamentos. Como a minha formação em medicação veterinária não era

muito coesa, noto que aprendi muito nesta área da farmácia, não só através dos

conhecimentos transmitidos pela equipa da FC, como por contacto com os clientes.

2.3.2. Dispositivos médicos

Os dispositivos médicos não apresentam ações farmacológicas, metabólicas ou

imunológicas, contudo são utilizados para fins comuns aos dos medicamentos. Na FC, não

existe uma gama alargada de dispositivos relacionados com ortopedia, contudo as meias

de descanso e de compressão são dos dispositivos médicos mais dispensados. Também

pulsos elásticos, lancetas e agulhas associadas à diabetes, testes de gravidez,

preservativos, material de penso, tampões de ouvidos constituem dispositivos que foram

procurados pelos clientes aquando o meu estágio.

2.3.3. Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

Na FC, há uma vasta procura de Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

(PCHC), pelo que a maioria dos lineares da zona de atendimento apresenta PCHC

expostos. Na FC, estão disponíveis algumas linhas completas de dermofarmácia como

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Avene® e Uriage®. De referir que há uma procura quase diária da gama de perfumes IAP

Pharma®. A FC também possui uma grande oferta de produtos para higiene e cuidado

diário do corpo e zonas íntimas. Destacam-se também produtos destinados à higiene oral,

nomeadamente, pastas dentífricas, colutórios, escovas e cuidado de próteses dentárias.

Durante o estágio, como o balcão de atendimento em que me encontrava situava-se muito

perto dos lineares de produtos de higiene oral e higiene íntima, procedi quase diariamente

a aconselhamento de produtos destas áreas.

2.3.4. Produtos de puericultura

A FC apresenta uma vasta gama de produtos de puericultura. De um modo geral,

a FC trabalha com duas linhas completas (e.g. Mustela®, Aveeno® Baby), mas tem sempre

disponíveis produtos de marcas específicas que possam agradar a diferentes clientes.

Destacam-se também os leites adaptados às diferentes idades (e.g. Aptamil®), acessórios

de amamentação para a mãe (e.g. discos de amamentação Medela®) e biberões (e.g.

Nuk®). Durante o atendimento, dispensei frequentemente fraldas, discos de amamentação

e leites adaptados.

2.3.5. Suplementos alimentares

Os suplementos alimentares são definidos como “géneros alimentícios que se

destinam a complementar e/ou suplementar o regime alimentar normal e que constituem

fontes concentradas de determinados nutrientes ou outras substâncias com efeito

nutricional ou fisiológico”. [14] Na FC, a procura de suplementos alimentares não é tão alta

como PCHC, contudo constitui um volume considerável de vendas. Durante o atendimento,

dispensei sobretudo suplementos vitamínicos e/ou para a fadiga física e intelectual na

população jovem (e.g. MagnesioOK®, Centrum®, Pharmaton®). De referir também que

suplementos alimentares para regulação do sono (e.g,Valdispert NoiteTotal®, Stilnoite®)

são bastante procurados pela população adulta da FC. De um modo geral, a FC aposta na

gama suplementos Tecnilor®, sendo que MoviArtrose Tecnilor® e VenoTecnilor® foram os

suplementos que mais vendi a idosos. Atendendo ao período de estágio, também assisti a

clientes que visavam a compra de suplementos alimentares para autobronzeamento.

2.3.6. Medicamentos manipulados

Um MM é “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado ou

dispensado sob a responsabilidade do farmacêutico”. [15] Tal como referido em 1.5., a FC

possui um laboratório dirigido à preparação de MM. Na FC, o processo de preparação de

MM inclui: elaboração de ficha de preparação, registo do movimento das matérias-primas

e a criação de rótulo no Sifarma® 2000. Também é necessário calcular o preço do MM de

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária | Farmácia Castro

Dina Neves | 19

acordo com a legislação em vigor e com comparticipação (se aplicável). [16, 17] Caso os

MM sejam sujeitos a comparticipação, a sua prescrição ocorre em receita manual onde

deve estar inscrito “medicamento manipulado” ou “f.s.a.” (faça segundo a arte).

Habitualmente na FC, a procura de MM é reduzida. Contudo, durante o meu estágio tive a

oportunidade de realizar os seguintes MM: pomada de vaselina enxofrada a 6% para

tratamento da escabiose e solução tópica de Minoxidil a 5% para tratamento da calvície.

3. Serviços prestados

De acordo com a legislação, as farmácias comunitárias podem prestar serviços

farmacêuticos que promovam a saúde e o bem-estar dos utentes [18], não estando

limitadas apenas à dispensa de produtos. Na Figura 4 estão representados os principais

serviços farmacêuticos prestados pela FC, que visam também fidelização dos clientes.

Com exceção do Valormed®, todos os serviços da FC são pagos e ocorrem em gabinetes

de atendimento personalizado.

Figura 4 – Serviços farmacêuticos prestados na FC.

Na FC, a administração de injetáveis (e.g. Lentocilin®, Diprofos®) e de vacinas não

incluídas no Plano Nacional de Vacinação (e.g. Bexero®, Vaqta®) é um serviço apenas

prestado pela enfermeira que integra a equipa. Relativamente à determinação de

parâmetros bioquímicos e fisiológicos, a FC dispõe da avaliação dos parâmetros

bioquímicos colesterol total, triglicerídeos e glicemia e do parâmetro fisiológico pressão

arterial. Considerando todos os serviços disponíveis, a medição automática da pressão

arterial é o serviço mais comum na FC (também é possível a medição manual da pressão

arterial, contudo é pouco solicitada). Os parâmetros bioquímicos são medidos a partir de

sangue capilar em aparelho Refletron® Plus por espectrofotometria. Para ambos os tipos

de parâmetros, os valores obtidos são registados num cartão afim de fazer o

acompanhamento do utente. Embora hajam inconformidades em que o farmacêutico pode

estimular a aquisição de hábitos saudáveis, existem outras mais graves que exigem o

encaminhamento para médico. Durante o estágio, como o balcão de atendimento em que

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Dina Neves | 20

estive é anexo à mesa onde se efetua o controlo automático da pressão arterial, executei

com bastante frequência esta medição. Quanto a parâmetros bioquímicos, inicialmente tive

acompanhamento na execução das medições e depois passei a ter autonomia completa.

Estes serviços ajudaram-me muito na comunicação com os utentes e a melhorar o espírito

crítico face às situações novas do dia-a-dia. Na FC, também é possível realizar consultas

de nutrição. Trata-se de um serviço mensal que tem de ser previamente marcado com o

nutricionista responsável. Durante o estágio, apesar de ter tido contacto com marcações

de consultas, não tive a oportunidade de assistir a nenhuma. Relativamente ao Valormed®,

é um serviço com adesão crescente na FC. A FC disponibiliza contentores da Valormed®

aos utentes para entrega responsável das suas embalagens vazias e medicamentos fora

de uso. Considero que os utentes na FC estão muito sensibilizados para esta temática,

havendo vários utentes que apenas vão à FC com o instituto de descarregar os

contentores. De facto, a FC dispõe de uma campanha permanente referente a Valormed®,

existindo em cada balcão de atendimento um destes contentores. Durante o estágio,

também auxiliei na preparação de entrega dos contentores ao distribuidor.

4. Formação profissional

O farmacêutico deve “melhorar e aperfeiçoar constantemente a sua atividade

técnico-científica, por forma que possa desempenhar conscientemente as suas obrigações

profissionais perante a sociedade”. [19] Pelo exposto, durante estágio, assisti a várias

apresentações na FC promovidas pelos delegados representantes dos laboratórios sobre

produtos existentes ou novos produtos, como: Daflon®, Nutriben®, Parodontax®, Uriage®

e Avene® (solares) e Postinor®. Para além disso, atendendo à implementação da nova

versão do Sifarma® na FC, realizei um curso online sobre o “Sifarma: Módulo de

Atendimento” da Escola de Pós-graduação em Saúde e Gestão da ANF e assisti a uma

reunião interna de avaliação do programa.

C. BALANÇO FINAL

Faço um balanço final muito positivo do estágio curricular na FC. Considero que o

meu estágio curricular foi bastante desafiante, pondo-me à prova todos os dias. Consolidei

os conhecimentos teórico-práticos adquiridos no MICF e adquiri competências práticas da

atividade profissional. A minha maior dificuldade foi a comunicação e sinto que melhorei

muito após contacto com os utentes. Devo todas as competências adquiridas à fantástica

equipa da FC, que não se poupou a esforços para que eu adquirisse todos os seus

conhecimentos para me tornar uma excelente profissional. Hoje não tenho qualquer dúvida

do papel que o farmacêutico vigora na sociedade e considero uma mais-valia a

oportunidade de ajudar os utentes todos os dias.

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Dina Neves | 21

Parte II – Descrição dos projetos desenvolvidos durante o estágio

PROJETO 1: SETE CAMINHOS PARA SAÚDE MENTAL

1. Introdução

Sem saúde mental não há verdadeira saúde. [20, 21] A saúde mental é componente

da definição de saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e

não apenas a ausência de doença ou de enfermidade”. [22] Trata-se de “um estado de

bem-estar no qual o individuo realiza as suas capacidades próprias, pode manejar as

dificuldades normais da vida, pode trabalhar de forma produtiva e frutuosa, é capaz de

prestar uma contribuição para a sua comunidade” e que geralmente está associado a

ausência de doença e/ou de perturbação mental. [22, 23] Um estado de boa saúde mental

é caracterizado por sentimentos de felicidade e de satisfação, contrariando os conceitos

de perturbação mental (alteração de comportamento e/ou de pensamento associada a

sofrimento psíquico) e de doença mental (perturbação mental diagnosticável). As

perturbações mentais podem afetar qualquer pessoa independentemente da sua idade,

sexo e/ou classe social, sendo tradicionalmente agrupadas como: i) perturbações mentais

comuns (e.g. perturbações depressivas, de ansiedade, de uso de álcool ou outras

substancias); ii) perturbações mentais graves (e.g. esquizofrenia, doença bipolar,

depressão major); iii) demências (e.g. doença de Alzheimer); iv) perturbações do

comportamento alimentar (e.g. bulimia nervosa); v) perturbações do desenvolvimento (e.g.

autismo). [24, 25] Contudo, não existe uma oposição absoluta no binómio saúde/patologia

mental, dado que a ausência de perturbação mental não define por si só indivíduos

mentalmente sãos, bem como a presença de perturbação mental não implica por si só a

ausência de episódios de saúde mental. [24] Assim, a saúde mental não apresenta uma

definição completa, podendo ser entendida como um espectro instável que contém as

experiências em saúde, perturbação ou doença mental que os indivíduos apresentam nos

vários momentos da sua vida. [24, 26]

De facto, a saúde mental e as perturbações mentais resultam de interações

complexas entre fatores socioeconómicos, biológicos e ambientais que ainda não são

totalmente compreendidas. Numerosos estudos reportam que os valores individuais de

título cognitivo e social (e.g. capacidade de modular as próprias emoções, de enfatizar com

os outros, de lidar com eventos adversos da vida) são fundamentais para boa saúde

mental. [23, 27] História familiar, consumo de álcool ou de drogas, violência, pobreza,

exclusão social, experiências traumáticas ou de stress, estilos de vida pouco saudáveis,

envelhecimento e doenças físicas são os fatores de risco mais aludidos para o

desenvolvimento de perturbação mental. [28-30] Adicionalmente, existem fortes estigmas

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Dina Neves | 22

(e.g. autoestigma e estigma social) ligados à saúde mental que comprometem a promoção

do bem-estar. [24, 31]

A saúde mental é um dos maiores desafios do mundo em geral e de Portugal em

particular. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença mental é

uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo, afetando mais de 1 bilhão

de pessoas. [32-34] Estima-se que 4,4% da população mundial sofra de perturbação

depressiva e que 3,6% sofra de transtorno de ansiedade. [35] O número de mortos por

doença mental relaciona-se maioritariamente com o suicídio. [21, 36] No contexto europeu,

Portugal é o segundo país com maior prevalência de perturbações mentais, sendo apenas

superado pela Irlanda do Norte. [24, 37] Dados recentes mostram que o registo de

portugueses com perturbações mentais tem vindo a aumentar tendencialmente desde

2011, no que diz respeito às perturbações de ansiedade, às perturbações depressivas e

às demências. [37, 38] Atualmente, mais de um quinto dos portugueses sofre de

perturbação mental e a taxa de suicídio portuguesa está acima da média mundial. [5] Este

aumento da carga global de doença mental acarreta elevados custos em termos de

sofrimento humano, incapacidade e prejuízos económicos [24, 30] e parece relacionar-se

sobretudo com o envelhecimento da sociedade, com o agravamento dos problemas sociais

(e.g. crime económica, terrorismo) e com a falta de políticas, de tratamentos adequados e

de literacia em saúde mental. [37, 39, 40, 41]

A existência de uma população cada vez mais idosa concorre para maior incidência

global de perturbação mental, em primeiro lugar porque o aumento da idade é preditor de

declínio cognitivo, e em segundo lugar, porque os idosos estão mais vulneráveis a

isolamento social, doenças crónicas e negligência física. [36, 37] Em Portugal, existe um

grave envelhecimento demográfico, tendo o índice de envelhecimento atingido os 153

idosos por cada 100 jovens em 2017. [42, 43] A última revisão do Programa Nacional para

Saúde Mental relata que efetivamente os portugueses estão a viver mais anos, mas com

mais incapacidades na área da saúde mental. [37] O processo normal e/ou patológico de

envelhecimento é encarado como um fardo social, pelo que são frequentes a solidão e a

institucionalização nos idosos portugueses. [44]

Também a falta de literacia no domínio da saúde constitui um dos maiores

problemas relacionados com a carga de doença mental nas comunidades portuguesas.

[45] A literacia em saúde mental trata-se de um conjunto de atributos (capacidade,

compreensão, comunicação) em saúde e em doença mental, que oferece aos indivíduos

competências para tomar decisões apropriadas sobre as mesmas. [46, 47] Com efeito, o

uso incorreto de medicamentos é considerado uma das principais consequências da falta

de literacia em saúde. [46] Em Portugal, existe uma sobreutilização de benzodiazepinas

(BZD) e de Z-hipnóticos (Z-H), psicofármacos utilizados no tratamento da ansiedade e da

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insónia. [37, 48, 49] Estes medicamentos são classificados em função da indicação

terapêutica e da duração de ação (Anexo VII-A) [49] e só devem ser administrados se

insónia for grave e/ou incapacitante e por um período máximo de 4 semanas.

Relativamente ao tratamento de perturbações de ansiedade, as BZD têm indicação

terapêutica para alívio a curto prazo (8-12 semanas) da ansiedade grave e/ou incapacidade

isolada ou em associação com depressão, devendo ser descontinuadas gradualmente. [25,

50] A utilização excessiva de BZD e de Z-H aumenta o risco de défice cognitivo, de

tolerância e de dependência, o que dificulta a interrupção do tratamento. [50, 51] As

pessoas que se tornam dependentes de BZD em doses terapêuticas apresentam

comportamentos específicos (Anexo VII-B) que sugerem a falta de literacia nesta matéria.

Também a interrupção abrupta da terapêutica pode afetar a saúde mental, levando a

sintomas psicopatológicos. [50] O uso inapropriado destes medicamentos remete,

maioritariamente, à prática de automedicação, que para além do risco de dependência,

inclui: autodiagnóstico incorreto, atraso na busca de ajuda médica, reações adversas,

interações medicamentosas perigosas, forma incorreta de administração, dosagem

incorreta e/ou escolha incorreta da terapia. [52]

Evidências consistentes suportam a premissa de que intervenções comunitárias

(e.g. campanhas de sensibilização, de informação e de formação) têm impacto direto na

literacia em saúde mental [46], pelo que consequentemente são consideradas estratégias

eficazes na promoção do bem-estar mental e na prevenção das doenças mentais. [21, 28]

Promover a saúde mental e prevenir a doença mental são objetivos complementares, que

podem ser alcançados através da comunicação de medidas simples como: adoção de

estilos de vida saudável, reforço de laços familiares e de amizade, promoção da autoestima

e do prazer pela vida, estabelecimento de objetivos profissionais, realização de atividades

que melhorem as capacidades cognitivas. [29, 47, 53-55] Vários estudos indicam que os

farmacêuticos comunitários desempenham um papel importante na prestação de cuidados

de saúde mental. [56, 57] As intervenções farmacêuticas apresentam resultados positivos

na deteção precoce e no acompanhamento de indivíduos com doenças mentais, na adesão

e uso correto de tratamentos e no combate ao estigma. [56, 58, 59]

Pelo exposto, estudos concebidos, a nível de farmácia comunitária, para melhorar

a literacia em saúde mental e para promover a saúde mental na população idosa ajudariam

a diminuir a carga de doença mental nas comunidades portuguesas. Atendendo às

proporções epidemiológicas e ao facto de Portugal se estar a afastar progressivamente

das metas preconizadas pela OMS relativas às políticas e serviços de saúde mental [40],

é urgente aumentar os cuidados em saúde mental no país.

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2. Motivação e Objetivos

Durante o estágio, percebi que a realidade portuguesa de doença mental se

estendia à FC. Aproximadamente 50% das pessoas que atendi, consumiam algum tipo de

medicamentos associados à área da saúde mental, e muitas delas não sabiam o propósito

dos medicamentos. Para além disso, presenciei crises de ansiedade grave em vários

utentes da FC que exigiram chamada de emergência médica. Também percebi que na FC

nunca ninguém fizera uma iniciativa na área da saúde mental.

Assim, achei pertinente a conceção de um projeto para promover o bem-estar

mental e prevenir as doenças mentais na população que integra a FC e na comunidade

onde esta se insere. A nível da comunidade, considerei importante atingir a população de

idosos institucionalizados em lares próximos da farmácia, na medida em que estas pessoas

não têm capacidade de ir à FC e estão mais propensas ao desenvolvimento de doenças

mentais. A ideia do projeto ficou definida quando a diretora técnica me propôs a elaboração

de uma atividade no âmbito da campanha “Dormir e relaxar sem depender de

benzodiazepinas”, projeto nacional que visa diminuir a sobreutilização de BZD e Z-H [50]

e que está a ser instituído nas farmácias do conselho de Gondomar por iniciativa da ANF.

Desta forma, criei o projeto “7 caminhos para Saúde Mental” com o principal objetivo

de promover a saúde e prevenir a doença mental nos utentes da FC e respetiva

comunidade, durante os meses de junho a agosto. O nome do projeto remete para a

localização geográfica da FC (Sete Caminhos) e para as opções (caminhos) fundamentais

para alcançar boa saúde mental. Especificamente, este trabalho pretendeu:

⎯ Aumentar a literacia em saúde mental, sensibilizando os utentes da FC para a

gravidade da carga de doença mental em Portugal e para as medidas básicas de

promoção de saúde e prevenção de doença mental;

⎯ Promover saúde e prevenir a doença mental subjacente ao envelhecimento,

estimulando as capacidades cognitivas de idosos institucionalizados em lares

próximos da FC;

⎯ Definir o perfil do utente da FC que toma BZD e Z-H, avaliando as características

sociodemográficas, o padrão de consumo, o uso responsável dos medicamentos e

literacia em saúde mental.

3. Métodos

3.1. Cartaz e marcadores de livro para sensibilização da saúde mental

Para aumentar a literacia em saúde mental na população da FC realizei uma

campanha de sensibilização entre os meses de junho e de agosto. A campanha foi

efetuada através da afixação de um cartaz na FC e da distribuição de marcadores de livro

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com linguagem e mensagens simples relacionadas com a saúde mental. O cartaz foi

colocado à entrada da FC e pretendeu sensibilizar os utentes para a problemática

portuguesa relacionada com a saúde/doença mental (Anexo VIII-A). Os marcadores de

livro continham inscritas sete medidas básicas para promoção da saúde e prevenção da

doença mental (“7 caminhos para Saúde Mental”), previamente reportadas em [47], e

destinavam-se aos utentes da FC em geral (Anexo VIII-B).

3.2. Atividades de estímulo mental em lares de idosos próximos da FC

Para promover saúde e prevenir doença mental na comunidade onde a FC se

insere, construi um programa de atividades lúdicas de estímulo mental dirigidas a idosos

institucionalizados em lares próximos da FC. O Programa “Ca-7” (cassete) visa a

realização de diferentes atividades que estimulam as capacidades cognitivas,

particularmente, o centro da memória (Anexo IX). Tratam-se de atividades simples e

facilmente adaptáveis, idealizadas para não comprometer a participação dos idosos com

mobilidade reduzida ou com incapacidade em escrever, falar e/ou ouvir.

Após tentativa de contacto telefónico e e-mail com vários lares de idosos próximos

da FC, o Lar D. Miguel e o Lar Dienia mostram disponibilidade e interesse neste projeto.

Marquei uma reunião com cada diretora do lar para entender quais as atividades do

Programa Ca-7 mais adequadas aos respetivos utentes. A intervenção no Lar D. Miguel foi

realizada durante a tarde do dia 24 de julho, executando as atividades “Caixa de pandora”

e “Jogo da bata-quente”, com um grupo de 22 idosos com idades compreendidas entre 80-

90 anos. A intervenção no Lar Dienia ocorreu na tarde do dia 26 de julho com um grupo de

10 idosos entre os 75 e os 95 anos de idade, realizando a atividade previamente acordada

“Caixa de pandora”. No Lar Dienia, a pedido da diretora do lar, também promovi uma

atividade sobre o “Dia dos Avós” (dia da data de intervenção no lar). Esta atividade consistiu

no preenchimento de um certificado (Anexo X-A) pelos idosos para oferecerem aos seus

netos. No total, em cada lar, as duas atividades programadas no âmbito da saúde mental

demoraram cerca de 90 minutos.

3.3. Inquérito de avaliação do uso de BZD e Z-H na FC

A população da FC que consome BZD e Z-H foi avaliada através da realização de

um inquérito, durante os meses de julho e de agosto, aos utentes da FC a quem se

dispensava um destes medicamentos. Para além das características sociodemográficas

(género e idade), o inquérito foi constituído por 10 perguntas de resposta rápida

relacionadas com o uso do medicamento (Anexo XI). Para não perturbar o ritmo normal

da FC, solicitava aos utentes que preenchessem o inquérito quando eu ia buscar a

medicação; e no final, eu escrevia o nome da BZD e Z-H dispensada na parte de trás da

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folha do inquérito. As respostas obtidas no inquérito foram utilizadas para caracterizar o

padrão sociodemográfico e de consumo de BZD e Z-H dos utentes inquiridos e para avaliar

o seu uso responsável relativo a indicação, quantidade, horário e interrupção de

terapêutica. Estimou-se o nível de dependência às BZD e Z-H da população inquirida

considerando as respostas relativas a tempo de consumo e redução da dose; e o nível de

literacia, atendendo aos dados de perceção de risco e de eficácia terapêutica. Todos os

resultados permitiram estabelecer o perfil do utente comum da FC que toma BZD e Z-H.

Para averiguar diferenças entre utentes do sexo feminino e do sexo masculino, foi efetuada

uma análise estatística através do teste T-student pelo software KaleidaGraph 4.0 Synergy,

considerando os dados não emparelhados com variância desigual. As diferenças foram

consideradas estatisticamente significativas quando p<0,05.

4. Resultados e Discussão

4.1. Campanha de sensibilização na FC

Considero que a campanha de sensibilização teve resultados bastante positivos na

promoção da literacia em saúde mental na FC. Dispensei 80 marcadores de livro e houve

vários utentes que me abordaram sobre o cartaz exposto. Como foi a primeira vez que

alguém abordou um tema relacionado com saúde mental na FC, vários utentes

comentaram a necessidade de se “falar mais” sobre esta matéria, nomeadamente, as

camadas mais jovens afetadas por perturbação mental.

4.2. Intervenção nos lares de idosos

A intervenção nos lares de idosos foi muito enriquecedora a nível pessoal e

profissional, tendo superado as minhas expectativas. Em ambas as reuniões com as

diretoras do lar, tinha sido previamente alertada para que muitos idosos não quisessem

participar nas atividades propostas. No entanto, em ambos os lares, a maioria dos utentes

integrou as atividades, compreendeu o seu propósito e realizou-as com sucesso (algumas

fotografias das atividades estão expostas no Anexo X-B). Mostraram-se muito contentes

e acharam interessante que fosse promovida por um elemento da farmácia. Importa referir

que, de um modo geral, os idosos participantes se caracterizavam por ter mobilidade

reduzida e vários apresentavam doença de Alzheimer. No Lar D. Miguel, tive mesmo de

adaptar as atividades para serem passiveis de ser realizadas pelos idosos com a ajuda da

animadora residente. No Lar Dienia, no âmbito do “Dia dos Avós”, os familiares dos idosos

estiveram presentes na intervenção e apelaram à participação dos idosos nas atividades.

Também me comunicaram, da mesma forma que os utentes da FC, que era um tema

pertinente e raramente abordado.

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4.3. Utilização de BZD e de Z-H pelos utentes da FC

4.3.1. Caracterização sociodemográfica e do padrão de consumo dos utentes

No total, obteve-se uma amostra de 46 utentes consumidores de BZD e de Z-H,

constituída por 36 mulheres e por 10 homens. Atendendo que o inquérito foi efetuado em

período de férias (julho e agosto), em que a FC atendia em média, 100 utentes por dia,

considero que a amostra obtida (46 utentes) é representativa da população de utentes

consumidores de BZD e Z-H da FC. O predomínio de utentes consumidores do sexo

feminino (78%) está de acordo o padrão de consumo nacional [49, 50] e sugere que na FC

haja maior prevalência de perturbação mental em utentes mulheres do que em homens.

A Figura 5 mostra a distribuição por faixa etária, discriminada por género, dos

utentes consumidores de BZD e de Z-H inquiridos na FC. Os dados indicam que a maioria

das mulheres consumidoras têm idade compreendida entre os 37-53 anos, enquanto que

a maioria dos utentes homens está na faixa dos 54-70 anos. Para ambos os sexos, verifica-

se um decréscimo do número de utentes entre as faixas etárias 54-70 e 71-87 anos, o que

indica que não há aumento de consumo de BZD e Z-H com o aumento da idade. De facto,

é nas mulheres entre 37-53 anos que se verifica maior consumo de BZD e Z-H. Em

Portugal, a proporção da população que usa BZD e Z-H tende a aumentar tendencialmente

com o envelhecimento. Pelo exposto, na FC, o consumo de BZD e de Z-H parece ocorrer,

maioritariamente, em mulheres de idade precoce.

Figura 5 – Distribuição por faixa etária dos utentes consumidores de BZD e Z-H inquiridos do sexo feminino

(linha preta sólida) e do sexo masculino (linha cinzenta tracejada).

De acordo com a literatura [50], a maioria dos utentes consumidores de BZD e Z-H

da FC utiliza a medicação para o tratamento da insónia e da ansiedade (Figura 6A). Cerca

de 13% dos indivíduos inquiridos utiliza BZD ou Z-H para tratar depressão, e 4% dos

utentes utiliza os medicamentos para o tratamento de crises de pânico ou de dor. Os dados

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20-36 37-53 54-70 71-87

de

ute

nte

s

Faixa etária (anos)

Sexo feminino

Sexo masculino

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária | Farmácia Castro

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obtidos, discriminados por género, estão descritos na Tabela 3 e apresentam diferenças

estatísticas significativas entre si. Analisando o padrão de consumo por cada BZD e Z-H

(Figura 6B), observa-se que 12 BZD diferentes e 1 Z-H foram dispensados durante o

inquérito. Na totalidade de BZD e Z-H, a substância mais consumida entre os utentes

inquiridos é Alprazolam, e depois, Zolpidem, único Z-H comercializado em Portugal.

Relativamente às BZD, os utentes da FC consomem mais BZD ansiolíticas (89%)

que BZD hipnóticas (10%). Predominam as BZD ansiolíticas de ação intermédia e a seguir

as BZD de ação longa com número igual de utentes relativos a Zolpidem. Com efeito,

Alprazolam, Lorazepam e Diazepam, as três BZD mais utilizadas a nível nacional [48, 49],

são também as BZD mais utilizadas pelos utentes da FC. Não existem diferenças

importantes no padrão de consumo de BZD hipnóticas. Assim, o utente comum da FC que

consome BZD e Z-H caracteriza-se por usar, predominantemente, BZD ansiolíticas de ação

intermédia ou Z-H de curta ação no tratamento de insónia ou de ansiedade.

Figura 6 – (A) Prevalência (em percentagem) de perturbações mentais (depressão, ansiedade, pânico), insónia

e dor nos utentes consumidores de BZD e Z-H inquiridos; (B) Histograma do número de utentes por BZD ou Z-

H dispensado.

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Tabela 3 – Número total de utentes consumidores de BZD e Z-H, discriminado por género, relativo a cada

tópico inquirido e por cada resposta possível.

(a) Diferenças estatísticas significativas entre indivíduos do sexo feminino e utentes do sexo masculino com p<0,05.

Número de utentes

Tópico Resposta possível Sexo

feminino(a) (Total= 36)

Sexo masculino(a)

(Total= 10)

Total (Total= 46)

Perturbação que exige tratamento com BZD ou Z-H

Insónia 17 5 22 Ansiedade 10 4 14 Depressão 5 1 6

Pânico 2 0 2

Dor 2 0 2

Indicação terapêutica

Por prescrição médica 32 9 41 Por iniciativa própria ou

conselho de familiar/amigo 4 1 5

Horário de tratamento

Toma no horário indicado pelo médico

29 9 38

Toma quando acha necessário 7 1 8

Quantidade ingerida

Toma o número de comprimidos indicado pelo médico

26 8 34

Às vezes, toma mais comprimidos

6 1 7

Às vezes, toma menos comprimidos

4 1 5

Interrupção da terapêutica

Parou de tomar voluntariamente o medicamento durante o

período de tratamento prescrito 10 4 14

Não parou de tomar voluntariamente o medicamento durante o período de tratamento

prescrito

26 6 32

Tempo de consumo

Menos de 1 mês 4 1 5 Mais de 1 mês 3 0 3 Mais de 1 ano 15 4 19 Mais de 5 anos 14 5 19

Dependência Sente que precisa do medicamento para realizar as

tarefas do dia-a-dia 21 6 27

Não sente que precisa do medicamento para realizar as

tarefas do dia-a-dia 15 4 19

Redução da dose

Está a fazer redução da dose 5 1 6 Não está a fazer redução da

dose 31 9 40

Perceção de risco

Conhece os riscos do uso incorreto do medicamento

26 4 30

Não conhece os riscos do uso incorreto do medicamento

10 6 16

Perceção de eficácia terapêutica

Considera que o medicamento é eficaz contra o seu problema

32 9 41

Não considera que o medicamento é eficaz contra o

seu problema 4 1 5

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4.3.2. Avaliação do uso responsável de BZD e Z-H pelos utentes

4.3.2.1. Indicação, quantidade, horário e interrupção de terapêutica

O uso responsável de BZD e Z-H pelos utentes da FC foi avaliado através das

respostas ao inquérito relacionadas com indicação terapêutica, horário de tratamento,

quantidade ingerida e interrupção da terapêutica. O número de utentes por resposta a cada

tópico está descrito na Tabela 3. Considera-se que o utente usa BZD e Z-H de forma

responsável quando: i) tem indicação terapêutica por médico; ii) toma o medicamento no

horário e/ou na dose indicados pelo médico; ou iii) não interrompe voluntariamente o

tratamento durante o período prescrito. Assim, o uso irresponsável de BZD e Z-H ocorre

quando o utente: i) não tem indicação terapêutica por médico, mas por conselho de

familiar/amigo; ii) não toma o medicamento no horário e/ou na dose indicados pelo médico;

ou iii) interrompe voluntariamente o tratamento durante o período prescrito.

A Figura 7 mostra a distribuição do número de utentes por uso responsável e por

uso irresponsável relativamente aos tópicos indicação terapêutica, horário de tratamento,

quantidade ingerida e interrupção da terapêutica. Para todos os tópicos, a percentagem de

utentes que faz uso responsável é superior à percentagem de utentes que faz uso

irresponsável. Contudo, há, em média, 21% de utentes que não fazem uso correto de BZD

e Z-H. Embora mais de 80% dos utentes afirme tomar BZD e Z-H por indicação médica e

no horário indicado, aproximadamente 30% diz não tomar a quantidade prescrita e

interromper o tratamento.

Figura 7 – Número de utentes (em percentagem) que usam BZD e Z-H, de forma responsável ou de forma

irresponsável, por cada tópico inquirido relativo ao uso do medicamento.

Os maiores contributos para as percentagens de uso responsável e de uso

irresponsável são, respetivamente, a percentagem de utentes com indicação terapêutica

por médico (89%) e a percentagem de utentes que interrompem a terapêutica (30%).

30%

26%

17%

11%

70%

74%

83%

89%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Interupção da terapêutica

Quantidade ingerida

Horário de tratamento

Indicação terapêutica

Número de utentes

Uso irresponsável

Uso responsável

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A Figura 8 mostra as proporções do número de utentes que usam BZD e Z-H, de

forma responsável (Figura 8A) e de forma irresponsável (Figura 8B), por cada tópico

inquirido em função das possíveis respostas a cada tópico. Os dados da Figura 8A indicam

que a maioria dos utentes que tem indicação médica para fazer BZD ou Z-H não interrompe

o tratamento e que toma o medicamento no horário indicado e na quantidade prescrita pelo

médico. Verifica-se um padrão semelhante em utentes que iniciaram o tratamento sem

indicação médica (Figura 8B). Contudo, em utentes que aferiram tomar BZD e Z-H porque

o médico indicou, há cerca de duas vezes menos casos de utentes que tomaram BZD e Z-

H em quantidade diferente da prescrita e de utentes que tomaram BZD e Z-H quando

acham necessário. Relativamente à quantidade ingerida, observa-se que todos os utentes

que tomam BZD e Z-H na quantidade prescrita cumprem o horário de tratamento. De facto,

a maioria dos utentes que toma o medicamento em quantidade diferente, tomam-no

principalmente quando acham necessário. Com efeito, verifica-se que todos os indivíduos

que tomam o medicamento fora de horário de tratamento, ingerem uma quantidade

diferente da prescrita. Nestes utentes, também ocorre maior proporção de casos de

interrupção da terapêutica e associados a falta de indicação médica.

Figura 8 – Proporção do número de utentes que usam BZD e Z-H, de forma responsável (A) e de forma

irresponsável (B) relativamente a cada tópico inquirido, em função das possíveis respostas sobre interrupção

da terapêutica (com ou sem interrupção), horário de tratamento (toma no horário indicado ou quando

necessário), quantidade ingerida (toma a quantidade prescrita ou quantidade diferente) e indicação terapêutica

(com ou sem indicação médica).

Horário indicado Quando necessário Quantidade prescrita Quantidade diferente

Sem interrupção da terapêutica Com interrupção da terapêutica Com indicação médica Sem indicação médica

Horário de tratamento

Interrupção da terapêutica

Quantidade ingerida

Indicação terapêutica

A B

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Nos usos responsável e irresponsável de BZD e Z-H, observam-se proporções

praticamente iguais de utentes que interrompem a terapêutica nos tópicos relativos a

quantidade ingerida e horário de tratamento. Verifica-se que em utentes que interrompem

a terapêutica, é mais frequente que tomem BZD e Z-H quando acham necessário e numa

dose diferente do que em utentes que não interrompem a terapêutica. Curiosamente,

existem mais casos de utentes com indicação médica em utentes que interrompem a

terapêutica do que em utentes que não interrompem a terapêutica. Estes dados confirmam

que não há proporcionalidade direta entre indicação terapêutica.

Por outro lado, é evidente que existe uma correlação positiva entre horário de

tratamento, quantidade ingerida e interrupção da terapêutica. Os utentes consumidores de

BZD e Z-H da FC que tomam o medicamento na dose prescrita são maioritariamente

utentes que cumprem o horário de tratamento e vice-versa. Utentes que tomam BZD e Z-

H em quantidade diferente, geralmente, são utentes que não cumprem no horário errado e

vice-versa. Também se nota que a interrupção da terapêutica ocorre mais frequentemente

em indivíduos que não tomam BZD e Z-H na dose e no horário prescrito, do que em

indivíduos que fazem uso responsável nestes tópicos. Portanto, a utilização responsável

relativa a um destes tópicos (quantidade ingerida, horário de tratamento ou interrupção da

terapêutica) predita a utilização responsável dos restantes.

4.3.2.2. Dependência e redução da dose

O uso responsável de BZD e Z-H pelos utentes da FC foi também avaliado através

das respostas ao inquérito relacionadas com dependência às BZD e Z-H, redução da dose

terapêutica e tempo de consumo. Os utentes que aferiram precisar do medicamento para

realizar as tarefas do dia-a-dia foram considerados dependentes às BZD e Z-H. Considera-

se que os utentes utilizam BZD e Z-H, de forma responsável, quando procedem à redução

da dose de BZD ou Z-H por um período máximo de 3 meses, evitando risco de

dependência. Note-se que em cerca de metade dos doentes que utilizam BZD por mais de

1 mês ocorre dependência. [50] Os dados obtidos em inquérito (Tabela 3) sugerem que a

maioria dos utentes da FC utilize BZD e Z-H de forma irresponsável nestes tópicos, porque

cerca de 80% dos inquiridos utilizam BZD ou Z-H há mais de 1 ou 5 anos; e existem cerca

de seis vezes mais casos de utentes dependentes (60% dos indivíduos inquiridos) do que

utentes que estão a fazer redução da dose (13% dos indivíduos inquiridos). A Figura 9

mostra a variação do número de utentes com dependência às BZD e Z-H ou que estão a

fazer redução da dose terapêutica em função do tempo de consumo do medicamento. Os

níveis de dependência e de redução da dose de BZD e Z-H apresentam um comportamento

similar ao longo do tempo de consumo, no entanto para o mesmo tempo de consumo, há

mais utentes dependentes do que utentes em redução de dose.

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Figura 9 – Número de utentes com dependência às BZD e Z-H (linha preta sólida) ou que estão a fazer redução

da dose terapêutica (linha cinzenta tracejada) em função do tempo de consumo.

Os dados da figura sugerem que o número de utentes com dependência e com

redução da dose aumente com o aumento do tempo de consumo. Em ambos os tópicos,

se verifica um aumento exponencial do número de utentes entre consumo há mais de 1

mês e consumo há mais de 1 ano; e não existem diferenças significativas no número de

utentes que está a tomar o medicamento há menos ou há mais de 1 mês, bem como há

mais de 1 ano ou há mais de 5 anos. De facto, a Tabela 3 mostra que, na totalidade, existe

um número igual de utentes que tomam o medicamento há mais de 1 ano e há mais de 5

anos (19 em 46 utentes). O aumento do nível de dependência com aumento do tempo está

previsto pela literatura [50], todavia o aumento do nível de redução da dose após 1 mês

não é adequado. De facto, verifica-se que a maioria dos utentes dependentes e dos utentes

com redução da dose consome BZD e Z-H há mais de 1 ano. Desta forma, não ocorre a

proporcionalidade inversa prevista para dependência e redução da dose terapêutica, o que

confirma a premissa de que os utentes da FC não fazem uso responsável de BZD e Z-H

relativamente ao tempo de consumo.

4.3.2.3. Perceção de risco e de eficácia terapêutica

As respostas ao inquérito, associadas a perceção de risco e de eficácia terapêutica,

foram utilizadas para correlacionar o nível de dependência às BZD e Z-H dos utentes da

FC com o seu grau de literacia em saúde mental e de uso responsável. Considerou-se que:

i) utentes que aferiram conhecer os riscos para a saúde do uso incorreto de BZD e Z-H têm

maior literacia em saúde do que aqueles aferiram não conhecer os riscos; ii) utentes que

acham que BZD e Z-H tomada não é eficaz contra o seu problema fazem uso irresponsável,

porque se a toma não é eficaz pode não ser a mais adequada para o utente.

0

2

4

6

8

10

12

14

Menos de1 mês

Mais de 1mês

Mais de 1ano

Mais de 5anos

de

ute

nte

s

Tempo de consumo

Dependência

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Os resultados previamente descritos na Tabela 3 mostram que 35% dos utentes

consumidores de BZD e Z-H não conhece os riscos do uso irresponsável do medicamento,

e por isso carece de literacia nesta matéria. Ao invés dos outros tópicos abordados,

observa-se um padrão diferente de perceção de risco entre indivíduos do sexo feminino e

do sexo masculino. Verifica-se que, ao contrário das mulheres, há mais homens que não

conhecem os riscos de uso irresponsável do que homens que conhecem (esta é a única

proporção com relevância suficiente encontrada entre sexos). Por outro lado, 90% da

população inquirida afirma que BZD e Z-H são eficazes contra o seu problema, o que

sugere uso responsável relativo à finalidade do medicamento.

A Figura 10 mostra o número de utentes considerados dependentes e não

dependentes de BZD e Z-H em função de cada resposta possível relativa à perceção de

risco e eficácia terapêutica. Utentes dependentes e utentes não dependentes apresentam

proporções similares relativamente ao tópico de perceção de risco, pelo que utentes com

dependência às BZD e Z-H apresentam nível semelhante de literacia em saúde que utentes

não dependentes. A dependência às BZD e Z-H em utentes da FC parece não se

correlacionar diretamente com falta de literacia, porque a maioria dos utentes dependentes

conhece os riscos de uso irresponsável.

A principal diferença entre os dois grupos de utentes relaciona-se principalmente

com a sua opinião sobre a eficácia terapêutica de BZD e Z-H. Em indivíduos não

dependentes, existe cerca de quatro vezes mais utentes que acham que a terapêutica não

é eficaz relativamente a utentes dependentes; logo utentes não dependentes fazem uso

irresponsável, porque se a toma não é eficaz pode não ser a mais adequada para o utente.

Estes dados estão de acordo com o conceito de dependência: utentes consideram BZD e

Z-H tão eficaz no seu problema que não conseguem parar o tratamento (Anexo VII-B).

Figura 10 – Número de utentes (em percentagem) com e sem dependência às BZD e Z-H em função das

possíveis respostas sobre os tópicos perceção de risco e eficácia terapêutica.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Dependentes Nãodependentes

me

ro d

e u

ten

tes

Nível de dependência

Não conhecem

Conhecem

Não eficaz

Eficaz

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De um modo geral, os resultados sobre o uso de BZD e Z-H mostram que os utentes

da FC não fazem uso responsável em todos os tópicos referentes ao uso do medicamento.

A maioria dos utentes da FC consumidores de BZD e Z-H fazem uso responsável de BZD

e Z-H relativamente a indicação terapêutica, quantidade ingerida, horário e eficácia

terapêutica. No entanto, existe uma percentagem significativa de uso irresponsável, que

parece estar associada, maioritariamente com a interrupção da terapêutica ou com o

elevado tempo de consumo (sobreutilização). A maioria dos utentes alega ter dependência

às BZD e não há praticamente utentes que estejam a reduzir a dose terapêutica. Este uso

irresponsável não se relaciona com a falta de literacia em saúde mental.

4.3.3. Perfil do utente comum da FC que consome BZD e Z-H

O perfil do utente da FC que toma BZD e Z-H foi elaborado através dos resultados

da caracterização sociodemográfica e do padrão de consumo dos utentes e da avaliação

do uso responsável de BZD e Z-H. Com efeito, o utente comum da FC que consome BZD

e Z-H caracteriza-se predominantemente por:

⎯ Ser do sexo feminino com idade compreendida entre os 37-53 anos;

⎯ Utilizar Alprazolam e Zolpidem no tratamento da ansiedade e da insónia;

⎯ Utilizar BZD e Z-H de forma responsável, nomeadamente:

▪ Tomar BZD e Z-H por indicação médica;

▪ Cumprir a dose prescrita no horário prescrito;

▪ Não interromper voluntariamente a terapêutica;

▪ Considerar que BZD e Z-H é eficaz no tratamento;

⎯ Utilizar BZD e Z-H de forma irresponsável, nomeadamente:

▪ Tomar BZD e Z-H há mais de 1 ou 5 anos;

▪ Não fazer redução da dose terapêutica;

▪ Ter dependência às BZD e Z-H;

⎯ Conhecer o risco do uso irresponsável de BZD e Z-H;

▪ Se for do sexo masculino, ter menor literacia na perceção de risco.

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5. Conclusões

Considerando os resultados na sua globalidade, pode-se concluir que os objetivos

estipulados para o projeto Sete caminhos para saúde mental foram cumpridos. A

campanha de sensibilização na FC atingiu pelo menos 80 utentes e constituiu um contacto

primário de muitos com a problemática nacional e com sete medidas básicas de promoção

de saúde e prevenção de doença mental. A intervenção nos lares de idosos permitiu uma

projeção local do tema saúde/doença mental, atingindo pessoas que não teriam

capacidade para ir à FC e que estão mais propensas ao desenvolvimento de doença

mental. Quer na FC quer nos lares de idosos, o projeto foi a primeira intervenção

farmacêutica realizada sobre saúde/doença mental, pelo que foi considerada inovadora a

nível comunitário, e bastante motivante, a nível pessoal.

Neste projeto, a minha principal dificuldade foi a elaboração do inquérito de

avaliação do uso de BZD e Z-H, porque tive bastante dificuldade em obter a amostra de

utentes. Os resultados obtidos do inquérito permitiram construir uma proposta coerente do

perfil do utente comum da FC que consome BZD e Z-H, que será posteriormente

apresentada pela diretora técnica em reunião da ANF, no âmbito da campanha “Dormir e

relaxar sem depender de benzodiazepinas”.

Na FC, há sobreutilização de BZD e Z-H, maioritariamente, sem redução da dose

e por mulheres em idade precoce; contudo, geralmente os utentes consumidores tomam

BZD e Z-H na quantidade e horário prescrito e não interrompem a terapêutica. De facto, a

maioria dos consumidores apresenta dependência às BZD e Z-H. A sobreutilização e a

dependência sugerem uso irresponsável pelos utentes da FC e falta de literacia em saúde

mental, todavia a maioria dos consumidores diz conhecer os riscos do uso irresponsável

de BZD e Z-H. Estes resultados sugerem que os utentes, particularmente os que tem

dependência às BZD e Z-H, não estejam bem informados para a temática. Por outro lado,

a falta de perceção de eficácia em utentes não dependentes predita que estes utentes não

estejam a fazer uso mais adequado de BZD e Z-H. Assim, conclui-se que na população de

utentes consumidores de BZD e Z-H da FC é urgente implementar estratégias para diminuir

a sobreutilização, dependência e uso irresponsável destes medicamentos.

Pelo exposto, o projeto Sete caminhos para saúde mental providenciou iniciativas

de promoção da saúde e prevenção da doença mental nos utentes da FC e na respetiva

comunidade, nomeadamente em idosos institucionalizados. Acho que a implementação

deste projeto desempenhou um papel preponderante no arranque à promoção da literacia

em saúde mental da população da FC, particularmente, por oferecer informação útil para

elaboração de futuras intervenções farmacêuticas dirigidas a consumidores de BZD e Z-H.

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PROJETO 2: RIGIDEZ ARTERIAL, O AUMENTO

1. Introdução

1.1. Conceitos e epidemiologia

A rigidez arterial (RA) corresponde à rigidez das artérias, propriedade mecânica

resistente à deformação. [60, 61] As artérias com RA adequada asseguram o transporte

de sangue aos tecidos periféricos em função da pressão exercida pelas ejeções

sanguíneas do coração, nomeadamente, do ventrículo esquerdo. [62] Assim, a RA é

entendida como a relação entre a mudança na pressão e a mudança no volume de sangue

nas artérias e depende da elasticidade, compilância e distensibilidade das mesmas. [60]

Em estado fisiológico, as artérias distendem-se quando a pressão arterial aumenta

para acomodar o fluxo sanguíneo durante a sístole (contração dos ventrículos e ejeção

ventricular); e posteriormente, recuam quando a pressão arterial diminui para promover o

fluxo sanguíneo para a circulação periférica durante a diástole (relaxamento dos

ventrículos, enchimento passivo ventricular) (Figura 11A). Apenas artérias com RA normal

têm capacidade de promover este efeito de amortecimento na flutuação da pressão

sanguínea (efeito Windkessel) e assim, permitir o normal funcionamento do transporte de

sangue. [63, 64] Concomitantemente, a cada batimento cardíaco é gerada uma onda (onda

de pulso) que percorre as artérias a uma dada velocidade, e que quando encontra

resistência periférica, gera uma nova onda refletida ao coração. [65, 66] A velocidade da

onda refletida e o momento cardíaco em que ocorre (sístole ou diástole) dependem da RA;

sendo que, numa situação normal, a onda é refletida mais tarde no ciclo cardíaco e atinge

o coração na diástole. [65]

O aumento da RA (enrijamento) é consequência da arteriosclerose subjacente ao

processo normal de envelhecimento, que se caracteriza pelo endurecimento, perda de

elasticidade e espessamento progressivo das paredes das artérias (endotélio). [62, 66]

Desta forma, o incremento da RA é preditor de doença cardiovascular, contribuindo para a

elevada prevalência de doença cardiovascular no mundo. [61, 66] Note-se que as doenças

cardiovasculares são a primeira causa de morte no mundo, atingindo 17.7 milhões pessoas

por ano. [67] Em Portugal, nos últimos anos, tem-se verificado uma redução do número de

mortes por doença cardiovascular em detrimento do aumento do número de tumores

malignos, contudo as doenças cardiovasculares continuam a ser a primeira causa de morte

no país que apresenta um grave envelhecimento demográfico. [68, 69]

1.2. Fisiopatologia e sintomas

O processo de RA aumentada é resultado de interações complexas entre os

componentes do endotélio vascular. [63, 66] Note-se que o endotélio dos vasos é

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constituído por três camadas: i) túnica externa ou adventícia, composta por tecido

conjuntivo e tecido elástico; ii) túnica média, composta por células musculares lisas e tecido

elástico; iii) túnica interna ou intima, constituída por células endoteliais, colagénio e tecido

elástico. [62] Com a progressão da idade, há perda de organização do tecido elástico, com

fragmentação e perda de fibras de elastina, deposição de colagénio e hipertrofia das

células de músculo liso, assim como espessamento desordenado da túnica média com

deposição de glicosaminoglicanos, fibrose e calcificação. [63,70] Ocorre também disfunção

endotelial e alterações na modulação dos recetores da angiotensina tipo dois, síntese de

NO e de aldosterona. [60, 62]

Figura 11 – Representação do processo ventricular em artéria com RA normal (A) em artéria com RA

aumentada (B) (adaptada de [71]).

Consequentemente, as artérias ficam mais rígidas (menor complacência,

elasticidade, distensibilidade), diminuindo o efeito de Windkessel (Figura 11B). [63] Por

sua vez, este processo resulta num aumento da velocidade de onda de pulso, que tende a

acontecer na sístole. [65] Verifica-se o aumento da pressão sistólica e diminuição da

pressão diastólica, com consequente aumento da frequência e da carga de trabalho

cardíaca e redução da perfusão coronária. [66] De facto, as artérias perdem a capacidade

de acomodar o sangue ejetado pelo ventrículo esquerdo, exigindo uma maior quantidade

de força do coração para expandir. Ao longo do tempo, este aumento de carga pode levar

a disfunção e falha do ventrículo esquerdo. [60, 62] Macroscopicamente, as artérias

parecem disformes e dilatadas.

1.3. Fatores de risco, diagnóstico e tratamento

Para além do envelhecimento, a RA aumentada depende de condições fisiológicas

(baixo peso ao nascer, ciclo menstrual, menopausa), características genéticas (história

familiar de hipertensão, diabetes ou enfarte do miocárdio, polimorfismos genéticos), fatores

A B

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de risco cardiovascular (sedentarismo, obesidade, tabagismo, hipertensão, dislipidemia,

intolerância a glucose, stress, síndrome metabólica, diabetes), doenças cardiovasculares

e também doenças não cardiovasculares, nomeadamente doença renal crónica, artrite

reumatoide ou lúpus eritematoso sistêmico. [65, 72] Estudos recentes sugerem que a

depressão seja também fator de risco para incremento de RA. [73] O diagnóstico de RA

aumentada pode ser por métodos invasivos e não invasivos. Na atualidade, os métodos

não invasivos encontram aplicabilidade crescente, sendo que a medida da velocidade de

onda de pulso por tonometria arterial é considerada o padrão-ouro dos estudos

hemodinâmicos. [63, 66] O formato de cada onda e o valor da sua velocidade traduzem

indiretamente a medida da rigidez das artérias. Assim, este método consegue prever a

mortalidade cardiovascular, pois permite detetar precocemente o dano nas artérias. De

facto, numerosos estudos mostraram que a velocidade da onda de pulso poderia ser aditiva

ao score de risco de Framingham para avaliação do risco cardiovascular em indivíduos

com diabetes e hipertensão. [61] A RA aumentada é considerada um processo pouco

reversível, pelo que o tratamento farmacológico que existe é maioritariamente sintomático

e não efetivo (e.g. agentes antihipertensores, hipoglicemiantes). Por outro lado, medidas

não farmacológicas parecem ter um impacto direto na RA [74-76], nomeadamente: adoção

de estilos de vida saudável, prática de exercício físico, redução da ingestão de sal, moderar

o consumo de álcool.

2. Motivação e Objetivos

Poucas semanas após o início do estágio, fui informada que iria ocorrer um rastreio

na FC sobre RA. O rastreio, que visava a avaliação da RA e tensão arterial nos utentes da

FC, iria ser realizado no âmbito do programa “Coração sem Risco”, promovido pelos

laboratórios KRKA, que pretende sensibilizar e prevenir as doenças cardiovasculares no

território nacional. Apesar de ser gratuito, a logística do rastreio exigia que os utentes

interessados procedessem à marcação do mesmo na FC. Para melhor integração na

temática do rastreio, os funcionários da FC entregaram-me o panfleto do programa

“Coração sem Risco” que iria ser distribuído aos participantes. Notei que este panfleto se

focava nas medidas básicas de prevenção de doenças cardiovasculares e não tinha

qualquer informação sobre RA. Por outro lado, senti que não tinha conhecimento suficiente

nesta matéria para dar resposta aos utentes.

Desta forma, elaborei o projeto “Rigidez arterial, o aumento” com o principal objetivo

de aumentar a literacia em saúde sobre RA em utentes participantes no rastreio.

Especificamente, este projeto pretendeu sensibilizar os utentes da FC para: i) gravidade

de RA aumentada; ii) importância da determinação da medida da RA; iii) medidas básicas

de prevenção de RA aumentada.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária | Farmácia Castro

Dina Neves | 40

3. Métodos – Panfleto informativo sobre RA

Para aumentar a literacia em saúde sobre RA nos utentes participantes, elaborei

um panfleto informativo sobre a temática para ser distribuído durante o rastreio. O panfleto

foi construído com linguagem e mensagens simples relacionadas com RA, destacando a

fisiopatologia, fatores de risco, sintomas, diagnóstico e prevenção de RA aumentada

(Anexo XII). O rastreio foi realizado durante todo o dia 16 de maio de 2018 no gabinete de

atendimento personalizado da FC com participação prevista de 10 utentes e sob orientação

de uma profissional de saúde especializada na avaliação da RA.

4. Resultados e Conclusões

Considero que este projeto teve resultados positivos na promoção da literacia em

saúde nos utentes participantes no rastreio. A adesão ao rastreio foi superior à esperada,

sendo que, no total, 15 panfletos foram dispensados. A orientadora do rastreio referiu que

o panfleto ajudou a que muitos utentes se apercebessem da importância da determinação

da medida da RA e consequentemente que aderissem ao rastreio. Também referiu que

embora muitos utentes conhecessem as medidas básicas de prevenção, não as colocavam

em prática; pelo que, o panfleto foi útil para alertar os utentes para a gravidade de RA

aumentada. A nível pessoal, após ter realizado este projeto, sinto-me mais preparada para

encarar a temática, sendo capaz de reconhecer os aspetos fundamentais de RA

aumentada.

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ANEXOS

Anexo I – Espaço exterior da FC.

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Anexo II – Área de atendimento (A) e armazém (B) da FC.

A B

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Anexo III – Sifarma® Módulo de Atendimento: (A) identificação do cliente/utente; (B) processo de

componentes com ou sem comparticipação e de receitas manuais ou eletrónicas (C), verificação do

produto dispensado (D), formas de pagamento, débito e/ou crédito (E).

A

B

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C

D

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E

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Anexo IV – Exemplo de fatura.

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Anexo V – Exemplo de guia de requisição de estupefacientes e psicotrópicos e/ou BZD.

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Anexo VI – Suporte para registo de erros de encomendas.

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Anexo VII – (A) Classificação de BZD e Z-H baseada nos efeitos clínicos e na duração de ação; (B)

Comportamentos correlacionados com dependência às BZD e Z-H. Ambas as figuras são adaptadas

de [50].

A

B

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Anexo VIII – (A) Cartaz de sensibilização para a problemática portuguesa relacionada com a

saúde/doença mental; (B) Marcador de livro para sensibilização de sete medidas básicas para

promoção de saúde e prevenção da doença mental.

A

B

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Anexo IX – Descrição das atividades lúdicas realizadas no âmbito do Programa Ca-7 para

promoção e a prevenção da saúde mental em utentes dos lares de idosos D. Miguel e Dienia.

Jogo da bata-quente

O grupo reúne-se em círculo com o animador. À medida que uma música começa a tocar,

o animador passa uma pequena bola ao grupo de participantes, que vai passando de

participante em participante. Quando a música para, a pessoa que ficou com a bola deve

apenas dizer o seu nome. Depois, a música começa a tocar novamente e a bola vai

passando. Quando a música parar, a pessoa que ficar com a bola deve dizer o seu nome

e indicar o nome da pessoa que anteriormente tinha ficado com a bola.

Caixa de pandora

Coloca-se vários objetos (colher, pente, escova de dentes, tesoura, jornal, lápis, ect),

dentro de uma caixa. Com os participantes reunidos, o animador retira e mostra cada objeto

aos participantes, dizendo o nome e colocando-o em cima de uma mesa. Após todos os

objetos estarem em cima da mesa, o animador cita o nome de todos os objetivos e coloca-

os novamente dentro da caixa. Com os objetos guardados, pede-se aos participantes que

referiram o maior número de objetos que se lembrem. O animador regista os nomes e

depois retira novamente um objeto de cada vez da caixa, conferindo se ele foi ou não

lembrado.

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Anexo X – (A) Certificado de excelência elaborado no âmbito da atividade “Dia dos Avós” proposta

pelo Lar Dienia; (B) Fotografias da intervenção nos lares de idosos.

A

B

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Anexo XI – Inquérito de avaliação do uso de BZD e Z-H, distribuído durante os meses de julho e de

agosto, aos utentes da FC a quem se dispensava um destes medicamentos.

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Anexo XII – Panfleto informativo sobre RA.

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Hospital Geral de Santo António – Centro Hospitalar do Porto

Dina Isabel Sousa Carvalho das Neves

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Hospital Geral de Santo António – Centro Hospitalar do Porto

março de 2018 a abril de 2018

Beatriz Afonso Namora Baldaque Marinho

Carina Tavares da Costa

Dina Isabel Sousa Carvalho das Neves

Jéssica Carina Silva Rodrigues

Orientador: Dra. Teresa Alexandra Teixeira Almeida

outubro de 2018

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar | Hospital Geral de Santo António

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DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado

previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As

referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam

escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente

indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de

referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio

constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 1 de outubro de 2018

Dina Isabel Sousa Carvalho das Neves

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Dina Neves | iii

AGRADECIMENTOS

À Comissão de Estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do

Porto, por nos ter dado a oportunidade de conhecer a realidade da farmácia

hospitalar.

À Doutora Patrocínia Rocha, Diretora dos Serviços Farmacêuticos, e ao

Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Porto pela oportunidade de

realizarmos o estágio nesta que é uma instituição de referência no nosso país.

À Doutora Teresa Almeida, nossa orientadora e um pilar da nossa

aprendizagem, pela disponibilidade, dedicação e simpatia. Pela forma como nos

recebeu, nos orientou e nos transmitiu os seus conhecimentos.

A todos os farmacêuticos, técnicos de farmácia, assistentes técnicos e

operacionais dos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospital do Porto, que nos

acolheram nas diversas unidades, pelos valiosos conhecimentos científicos e

técnicos partilhados connosco.

À nossa família e amigos por todo o seu apoio.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Hospitalar | Hospital Geral de Santo António

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RESUMO

No âmbito do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, realizamos

o nosso estágio curricular em farmácia hospitalar nos Serviços Farmacêuticos

do Centro Hospitalar do Porto. Com uma duração de 8 semanas, tivemos a

oportunidade de contactar com a realidade de um Farmacêutico Hospitalar

intervindo em todos os setores que constituem os Serviços Farmacêuticos.

Neste relatório, descrevemos a organização dos Serviços Farmacêuticos,

relatando as tarefas diárias desempenhadas pelos profissionais de saúde, bem

como a nossa experiência neste estágio. Descreve-se todo o circuito do

medicamento, desde da sua aquisição à sua dispensa. Exploramos também a

organização e tarefas desempenhadas nas áreas de produção de medicamentos

estéreis, não estéreis e citotóxicos. Ainda dentro dos diferentes setores com que

contactamos nos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto,

descrevemos a nossa intervenção no circuito do medicamento experimental e os

procedimentos característicos deste setor.

Neste seguimento, tentamos explicar as diversas regras, e exigências de

qualidade, reguladas por leis específicas que regulam o meio hospitalar e ainda

relatar a importância do Farmacêutico e da sua Intervenção na promoção da

saúde pública.

Por último, é apresentada uma conclusão onde é realizada uma análise

SWOT referente aos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto.

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ÍNDICE

I. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

1. Centro Hospitalar do Porto ...................................................................... 1

1.1. Serviços Farmacêuticos ....................................................................... 1

1.2. Organização do Estágio Curricular ...................................................... 2

II. CIRCUITO DO MEDICAMENTO ........................................................................ 2

1. Armazém de Produtos Farmacêuticos .................................................... 2

1.1. Seleção e aquisição de medicamentos e de produtos farmacêuticos .. 3

1.2. Gestão de stock ................................................................................... 4

1.3. Receção, armazenamento e conservação de medicamentos .............. 4

2. Unidade de Farmacotecnia ....................................................................... 5

2.1. Processo de produção de medicamentos estéreis .............................. 6

2.2. Processo de produção de medicamentos não estéreis........................ 7

2.3. UFO: produção de medicamentos citotóxicos ...................................... 8

2.4. Fracionamento de medicamentos para reembalagem ....................... 10

3. Distribuição ............................................................................................. 10

3.1. Distribuição Clássica .......................................................................... 11

3.2. Distribuição em Regime de Ambulatório ............................................ 11

3.3. Distribuição Individual Diária: sistema em dose unitária .................... 14

3.3.1. Validação e monitorização das prescrições médicas ........................... 14

3.3.2. Dispensa de medicamentos e de produtos farmacêuticos ................... 15

4. Investigação e Desenvolvimento ........................................................... 16

4.1. Ensaios Clínicos................................................................................. 16

4.2. Circuito do Medicamento Experimental .............................................. 17

III. INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA E CUIDADOS FARMACÊUTICOS ......... 19

IV. CONCLUSÃO ................................................................................................. 20

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 21

ANEXOS .............................................................................................................. 25

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LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

AO Assistente Operacional

APF Armazém de Produtos Farmacêuticos

BPC Boas Práticas Clínicas

CA Conselho de Administração do CHP

CAUL Certificado de Autorização de Utilização de Lotes

CdM Circuito do Medicamento

CFT Comissão de Farmácia e Terapêutica

CFLv Câmara de Fluxo Laminar Vertical

CHP Centro Hospitalar do Porto

CMIN Centro Materno Infantil do Norte

DCI Denominação Comum Internacional

DID Distribuição Individual Diária

DL Decreto-Lei

EC Ensaios Clínicos

FEFO First Expired, First Out

FNM Formulário Nacional do Medicamento

GHAF Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia

HGSA Hospital Geral de Santo António

HJU Hospital Joaquim Urbano

HLS Hospital Logistics System

HMP Hospital Maria Pia

HBV Hepatite B

ID Investigação e Desenvolvimento

INFARMED Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento

ME Medicamento Experimental

OP Ordem de Preparação

PF Produtos Farmacêuticos

PV Prazo de Validade

RCM Resumo das Características do Medicamento

SA Serviços de Aprovisionamento

SC Serviços Clínicos

SF Serviços Farmacêuticos

SWOT Strengths, Weaknesses, Opportunities, Treats

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Dina Neves | vii

TDT Técnico de Diagnóstico e Terapêutica

TSS Técnico Superior de Saúde

UF Unidade de Farmacotecnia

UFA Unidade de Farmácia de Ambulatório

UFO Unidade de Farmácia Oncológica

INDICE DE ANEXOS

Anexo I – Cronograma do plano individual de estágio curricular. ................................ 25

Anexo II – Sistema de gestão de stocks por cartão Kanban. ...................................... 25

Anexo III – Exemplo de uma Ordem de Preparação de Produtos Estéreis. .................. 26

Anexo IV – Exemplo de uma Ordem de Preparação de Nutrição Parentérica. .............. 27

Anexo V – Exemplo de ordem de preparação de um manipulado não estéril. .............. 28

Anexo VI – Exemplo de um rótulo de um manipulado não estéril. ............................... 29

Anexo VII – Cálculos de volumes de Mesna e de solução diluidora necessários para emissão de OP de medicamento Mesna sob forma de bomba perfusora, prescrita para

perfundir 1800 mg de fármaco durante 18h. .............................................................. 30

Anexo VIII – Exemplo de tabuleiro com material necessário para preparação e reembalagem de medicamento Mesna sob forma de bomba perfusora. (a) Mesna; (b)

bomba perfusora; (c) dois rótulos identificativos. ........................................................ 31

Anexo IX – Patologias abrigadas por diploma legal para distribuição em Ambulatório. .. 32

Anexo X – Modelo Nº1804 INCM: impresso para requisição/distribuição/administração de

Hemoderivados. ...................................................................................................... 33

Anexo XI – Impresso para prescrição de medicamentos em terapêutica programada, em

regime de ambulatório, usado pelo serviço de Gastrenterologia e Nutrição. ................. 34

Anexo XII – Folheto Informativo elaborado por grupo de estagiários. .......................... 35

Anexo XIII – Termo de Responsabilidade entregue aos doentes de ambulatório. ......... 36

Anexo XIV – (1) Sala para atividades diárias dos TSS; (2) Carro de aviamento; (3) Caixas para dispensa de estupefacientes e psicotrópicos; (4) Medicamento em dose unitária; (5)

Exemplo de dispensa de hemoderivados. ................................................................. 37

Anexo XV - Accoutabillity Record, Registo de Receção, Dispensa e Devolução por número

de kit. 38

Anexo XVI – Modelo de Prescrição de Medicamentos de Ensaio Clínico. .................... 39

Anexo XVII – Análise SWOT. .................................................................................. 40

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Dina Neves | 1

I. INTRODUÇÃO

1. Centro Hospitalar do Porto

O Centro Hospital do Porto (CHP) é uma entidade pública empresarial criada em

2007 pelo Decreto-Lei (DL) nº 326/2007, de 28 de setembro, que resulta da união dos

hospitais da cidade do Porto: Hospital Geral de Santo António (HGSA), Hospital Maria Pia e

Maternidade de Júlio Dinis [1]. Em 2011, aliou-se o Hospital Joaquim Urbano, e em 2013 o

Centro de Genética Médica Doutor Jacinto Magalhães. A junção de especialidades na área

da saúde da criança e da mulher, existentes previamente no HGSA, Hospital Maria Pia e

Maternidade de Júlio Dinis, permitiu criar o Centro Materno Infantil do Norte (CMIN). Assim,

o CHP tem, atualmente, duas localizações diferentes: o HGSA, que se localiza no Largo do

Professor Abel Salazar, e o edifício do CMIN, que se localiza no Largo da Maternidade Júlio

Dinis. O nosso estágio realizou-se no HGSA, mas tivemos a oportunidade de conhecer as

instalações e o funcionamento do CMIN.

1.1. Serviços Farmacêuticos

Os Serviços Farmacêuticos (SF) são localizados no edifício neoclássico do CHP,

com exceção da Unidade de Farmácia Oncológica (UFO), localizada no edifício Doutor Luís

de Carvalho no Serviço de Hematologia Clínica. Sob a direção técnica da Doutora Patrocínia

Rocha, os SF correspondem a uma equipa multidisciplinar constituída por 22 técnicos

superiores de saúde (TSS), 27 técnicos de diagnóstico e de terapêutica (TDT), 15

assistentes operacionais (AO) e 3 assistentes técnicos. Num sistema de rotatividade, os

vários colaboradores dos SF dividem-se pelos diferentes setores dos SF com funções bem

discriminadas: Unidade de Farmácia de Ambulatório (UFA), Armazém de Produtos

Farmacêuticos (APF), Distribuição Individual Diária (DID), Investigação e Desenvolvimento

(ID) e Unidade de Farmacotecnia (UF), subdividida na produção de estéreis, não estéreis e

UFO. As funções atribuídas aos profissionais de saúde referentes a cada setor e os

respetivos protocolos são apresentados nas instruções de trabalho dos SF.

Essenciais na gestão do circuito do medicamento (CdM), os SF têm como principais

áreas de intervenção: a seleção da medicação e a sua aquisição, armazenamento,

realização de preparações, distribuição da medicação, controlo da qualidade, bem como

garantir a segurança e eficácia das terapêuticas aplicadas, entre outros. Estas atividades

são validadas por comissões técnicas e grupos de trabalho dos SF, como a Comissão de

Farmácia e Terapêutica (CFT). Para garantir o cumprimento de procedimentos e identificar

oportunidades da melhoria dos SF, são realizadas auditorias periódicas, essenciais para o

controlo de qualidade dos serviços prestados.

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Dina Neves | 2

1.2. Organização do Estágio Curricular

O nosso estágio curricular no CHP realizou-se durante os meses de março e abril

de 2018 e integrou outros colegas estagiários, um colega do Mestrado Integrado em

Ciências Farmacêuticas da Facoltà di Scienze del Fármaco da Università di Pavia e uma

colega do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Ciências e

Tecnologia da Universidade do Algarve. O plano de estágio foi organizado de acordo com o

cronograma disposto no Anexo I, a título individual. Destacamos que o início do estágio

(março) foi marcado pelo surto de sarampo no CHP, que obrigou a medidas extraordinárias

de assepsia nos SF.

Na primeira semana de estágio, foram apresentados os aspetos gerais de cada setor

dos SF através de exposições em PowerPoint; e procedeu-se à formação dos grupos de

trabalho, cada um com dois elementos. Posteriormente, em cada semana, cada grupo de

trabalho foi distribuído por um dos setores dos SF. Às segundas-feiras, cada grupo procedia

à leitura das matrizes de processo e das instruções de trabalho do setor atribuído, e nos

restantes dias, participava nas atividades diárias do setor. Na última semana do estágio

curricular, procedeu-se à elaboração do presente relatório. De referir que, durante o período

de estágio, tivemos oportunidade de visitar o Museu do CHP, uma área expositiva do

contexto farmacêutico dos séculos XIX e XX; e presenciamos uma auditoria geral aos SF,

que avaliou criteriosamente as atividades de todos os setores.

II. CIRCUITO DO MEDICAMENTO

1. Armazém de Produtos Farmacêuticos

O APF é o armazém central do CHP, que assegura a disponibilização de

medicamentos e produtos farmacêuticos (PF) em quantidade e qualidade adequadas, no

prazo expectável e ao menor custo possível [2]. É neste setor que se inicia a primeira fase

do CdM [3, 4], que engloba o processo de aquisição, receção, armazenamento,

conservação, gestão e distribuição dos medicamentos e PF. De forma a garantir uma gestão

eficaz de todos estes processos, aplica-se o sistema Kanban [5]. Este sistema consiste em

utilizar um cartão identificativo junto ao stock de cada medicamento ou PF, que descreve o

produto, indicando quando é que se atinge o ponto de encomenda (o stock mínimo do

produto no armazém até nova encomenda), a quantidade a encomendar após se atingir o

ponto de encomenda, o código de barras e a sua localização no setor. A título de exemplo,

o Kanban referido no Anexo II indica que quando o stock de Mesna atingir as 200 unidades,

é necessário realizar um novo ponto de encomenda de 200 unidades de Mesna.

O APF organiza-se em vários setores como: o armazém geral, destinado à

generalidade dos medicamentos identificados por ordem alfabética através da Denominação

Comum Internacional (DCI); um corredor destinado ao armazenamento de colírios, pomadas

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Dina Neves | 3

oftálmicas, gotas auriculares, soluções nasais, antídotos, medicamentos manipulados e

agentes de contraste radiológico; nutrição artificial; material de penso; uma sala de

armazenamento de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos, com acesso restrito;

uma câmara frigorífica, com sistema de controlo e registo da temperatura e alarme,

destinada ao armazenamento de medicamentos termolábeis; uma sala de antisséticos e

produtos inflamáveis; uma zona destinada a medicamentos ou outros PF de grande volume;

e dois corredores destinado a medicamentos pertencentes à UFA e à DID.

1.1. Seleção e aquisição de medicamentos e de produtos farmacêuticos

A seleção dos medicamentos e PF a adquirir é da maior importância, uma vez que

uma seleção adequada permite obter medicamentos e PF na quantidade, qualidade e prazo

requeridos pelos SF [4]. Esta seleção é baseada em evidências clínicas, eficácia, segurança

e qualidade, tendo em consideração a relação custo/benefício. Regularmente são também

revistos os preços praticados pelos diferentes laboratórios com vista a obter o menor custo

ao CHP, não comprometendo parâmetros essenciais como a qualidade e segurança. Para

este fim, recorre-se ao Formulário Nacional do Medicamento (FNM), adaptando-o à

realidade de cada hospital, através de adendas elaboradas pela CFT. Após seleção dos

medicamentos e PF e posterior autorização para o seu uso no hospital, estes vão sendo

continuamente encomendados sempre que se atinjam os designados pontos de encomenda

definidos pelos respetivos Kanban. Quando tal se verifica os Kanban são retirados e

colocados em local próprio. Diariamente, os Kanban são recolhidos e introduzidos na lista

comum, acessível através do software informático de Gestão Hospitalar de Armazém e

Farmácia (GHAF), programa experimental de processamento e aquisição de dados

implementado em todos os setores dos SF. Posteriormente, os serviços de

aprovisionamento (SA) efetuam a compra dos medicamentos e PF introduzidos. Após

emissão da nota de encomenda, os Kanban são guardados na zona de receção até entrega

da encomenda.

Existe ainda outra forma de obter medicamentos e PF, através de empréstimos

obtidos por parte de outros hospitais, podendo também verificar-se o oposto, cedência de

empréstimos. Sempre que tal se verifica são emitidas duas vias do documento de

empréstimo (uma que é arquivada e outra que segue com o medicamento/PF) e uma guia

de transporte.

Outra alternativa é realizar uma encomenda à Farmácia Lemos, ainda que esta

situação apenas se verifique para alguns manipulados ou PF de utilização esporádica. Pode

ainda ser necessário adquirir medicamentos extra-formulário, ou seja, medicamentos que

não constem nem no FNM nem nas respetivas adendas. Nestas situações, e caso não exista

Autorização de Introdução no Mercado é solicitada uma Autorização de Utilização Especial

ao Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (INFARMED).

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1.2. Gestão de stock

Uma gestão eficiente de stock é crucial para que garantir que se encontram

disponíveis os medicamentos necessários para suprir as necessidades dos doentes do

hospital, e assim assegurar um tratamento eficaz, sem atrasos ou interrupções. Desta forma,

é preciso encontrar um equilíbrio entre adquirir a quantidade suficiente dos produtos para

suprir as necessidades e não um excesso que conduza à sua inutilização por expiração do

prazo de validade (PV). Para tal estão implementadas várias metodologias que, em

conjunto, contribuem para uma gestão de stock racional. O stock pode ser gerido

informaticamente no GHAF, por sistema manual Kanban [6], por reposição Hospital Logistics

System (sistema de caixas, trocando-se as caixas SUC® vazias por cheias) e por reposição

de stocks nivelados.

Os medicamentos e PF encontram-se organizados nas prateleiras por ordem

alfabética da DCI e é aplicada a regra de “First Expired, First Out” (FEFO), que indica que

em primeiro lugar se utilizam os produtos com o PV mais curto. Na última semana de cada

mês, verificam-se quais os medicamentos e PF com o PV inferior a 3 meses sendo estes

assinalados com uma etiqueta específica. No próprio mês também se verificam os produtos

que terminam nesse mês sendo colocados em local próprio. Quando se encontram

expirados, danificados ou impróprios para consumo, os produtos são enviados para

incineração [7]. Para efetuar um controlo interno mais eficiente são realizados e atualizados

inventários a fim de se confirmar se o stock informático corresponde ao stock físico.

Concomitantemente, é necessário que as entradas, débitos, transferências, créditos,

inutilizações e devoluções sejam atualizadas [8].

1.3. Receção, armazenamento e conservação de medicamentos

A receção e conferência de encomendas é o primeiro passo da cadeia que garante

que os produtos recebidos estão em conformidade com o que foi pedido. Quando a

encomenda chega, o AO prepara-a para ser conferida pelo TDT. O TDT fica então

responsável por verificar uma série de parâmetros como: se a encomenda se destina ao

hospital, se o número de volumes de mercadorias entregues corresponde ao que está

indicado na guia de remessa e na nota de encomenda; conferir o estado das embalagens,

o lote e o PV; e verificar qual o seu destino interno (APF ou outro armazém). De seguida,

associa-se o respetivo Kanban, que é colocado junto da encomenda para ser arrumado no

devido local. A documentação como as guias de remessa, faturas e notas de encomenda

segue para os SA para que seja inserida no GHAF [3]. Existem casos especiais em que este

circuito é diferente. Para produtos cujo PV não é superior a 6 meses, a encomenda fica

sujeita a uma “validação condicional”, ou seja, só será aceite com a condição de garantia de

troca por outros produtos com PV mais alargado. No caso de uma encomenda conter

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produtos termolábeis, estes são os primeiros a ser conferidos, de modo a não quebrar a

cadeia de frio [3].

Os medicamentos hemoderivados ou derivados do plasma humano devem incluir

uma etapa de verificação do respetivo certificado do INFARMED - Certificado de Autorização

de Utilização de Lotes (CAUL). Relativamente a matérias-primas, deve estar presente o

documento que comprova a qualidade do lote (Boletim de Análise). Os estupefacientes e

psicotrópicos são enviados para o farmacêutico responsável e armazenados numa sala

fechada de acesso condicionado [3]. Em relação aos dispositivos médicos, é necessário a

confirmação da presença da marcação “CE” e arquivar os respetivos certificados que os

acompanham. Durante esta verificação, qualquer não conformidade deve ser devidamente

registada e comunicada para posterior decisão.

O armazenamento é um outro parâmetro essencial para garantir a qualidade e

eficácia dos medicamentos, que deve ter em consideração as características dos mesmos,

de forma a garantir que são conservados em condições adequadas de luminosidade,

temperatura e humidade. O APF reúne as condições que satisfazem a correta conservação

dos medicamentos, sendo estas monitorizadas por um sistema de controlo e registo

automático de funcionamento contínuo [3].

Neste setor, tivemos a oportunidade de proceder ao aviamento de estupefacientes

para os diferentes serviços bem como de hemoderivados. Pudemos ainda participar na

preparação do stock de ambulatório, organizar Kanban e dar entrada na lista comum dos

diferentes produtos.

2. Unidade de Farmacotecnia

A unidade de farmacotecnia (UF) é um dos setores dos SF e que tem como objetivo

preparar medicamentos necessários ao hospital, que não se encontram disponíveis no

mercado ou cuja manipulação seja uma mais valia. Este setor revela-se de grande

importância, dado que hoje em dia a personalização da terapêutica é essencial em inúmeros

casos e, por outro lado, permite o fracionamento/reembalamento de certos medicamentos,

levando a uma redução de desperdícios e de custos para o CHP.

Independentemente da preparação farmacêutica em causa, os medicamentos

manipulados devem ser preparados tendo em conta a garantia de qualidade exigida por lei,

em ambientes controlados e seguindo normas adequadas. Por este motivo, têm que cumprir

as “Boas Práticas a observar na Preparação de Medicamentos Manipulados em Farmácia

de Oficina e Hospitalar”, regulada pelos DL nº 90/2004, de 20 de abril e nº 95/2004, de 22

de abril e pela portaria nº 594/2004, de 2 de junho [9, 10, 11].

Os processos que requerem esterilização do local de produção, como é o caso da

produção de medicamentos estéreis e de citotóxicos na UFO, devem decorrer numa Câmara

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de Fluxo Laminar Vertical (CFLv), recorrendo a técnica assética, numa sala com ambiente

controlado, ao nível de temperatura, humidade e pressão. Na sala de preparação de

produtos estéreis, a pressão é positiva, de forma a evitar a contaminação do ambiente

interno, enquanto que na sala de preparação de produtos citotóxicos, a pressão da sala é

negativa, evitando a contaminação do ambiente externo à sala com produtos tóxicos. Em

ambos estes setores da UF, há uma divisão em 3 zonas, com grau de esterilidade crescente:

a zona negra, que consiste numa zona de apoio logístico, a zona cinzenta, onde ocorre o

fardamento com bata esterilizada, touca, máscara, protetores de sapatos e luvas estéreis, e

a zona branca, em que se efetua a preparação dos medicamentos na CFLv. Na zona branca,

qualquer produto que entre na CFLv, seja material, matéria-prima ou mãos dos operadores,

deve ser descontaminado com álcool 70º. No início e no final de cada sessão de trabalho

dá-se a desinfeção e limpeza quer da CFLv, quer da restante sala branca.

2.1. Processo de produção de medicamentos estéreis

Este setor é responsável pela produção de estéreis extemporâneos e de nutrição

parentérica, prescritos pelos vários SC do CHP.

Relativamente aos estéreis extemporâneos, são preparados medicamentos de uso

intravenoso e oftálmico, como colírios e medicamentos intravítreos. Os SC podem efetuar o

pedido de preparação por Kanban ou no GHAF. Quando o pedido chega aos SF, e após

validação da requisição por um farmacêutico, este emite a Ordem de Preparação (OP)

(Anexo Iii) e imprime os rótulos, sendo que esta tarefa deve estar sujeita a dupla verificação

por outro TSS. A designação do lote atribuído a cada preparação deve seguir a metodologia

da instrução de trabalho descrita na IT.SFAR.GER.035/2 [12].

Em relação à nutrição parentérica, o procedimento é o mesmo que para os estéreis

extemporâneos. No entanto, a prescrição chega aos SF através do GHAF e a OP é diferente

(Anexo IV). Estas preparações são prescritas, na maioria dos casos, pelos SC de

neonatologia e pediatria, que apresentam utentes com maior défice de aporte nutricional. O

farmacêutico deve validar a prescrição, tendo sempre especial atenção à composição

quantitativa e qualitativa das soluções I e II (hidrossolúvel e lipossolúvel, respetivamente). A

solução I resulta da conjugação de macro com micronutrientes. A adição dos

macronutrientes à bolsa é feita com um sistema automático e a adição dos micronutrientes

é feita manualmente. O enchimento da solução II é realizado de forma manual, sendo

acondicionada numa bolsa ou numa seringa, conforme o volume final. No final da

preparação é feito um controlo gravimétrico da bolsa que contêm a solução I e um controlo

microbiológico da primeira e da última bolsa de cada sessão de trabalho. Cada bolsa é

identificada com os rótulos previamente impressos e embalada em folha de alumínio para

proteção da luz. Exteriormente a esta proteção é também adicionado um rótulo. No final

ambas as soluções são acondicionadas em conjunto em manga termosselada.

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Durante o nosso estágio, tivemos oportunidade de acompanhar várias sessões de

trabalho na CFLv, onde foram preparadas diferentes bolsas de nutrição parentérica,

intravítreos e fracionamentos. Assistimos também à emissão das OP e executámos os

ensaios de verificação de qualidade. Para tal, seguimos todas as normas de fardamento e

proteção individual, as quais estão descritas anteriormente.

2.2. Processo de produção de medicamentos não estéreis

À semelhança das restantes áreas de produção, este setor visa a preparação e

disponibilização de produtos, neste caso específico, de formulações galénicas não estéreis

como as formas farmacêuticas sólidas (ex. papéis farmacêuticos), semissólidas (ex. pastas,

pomadas e cremes) e líquidas (ex. soluções, loções e suspensões), garantindo o

cumprimento da regulamentação e das Boas Práticas Farmacêuticas [13]. Estas

formulações são preparadas em sala específica e para cada uma está definida uma

metodologia de preparação. No entanto, no caso de se tratar de uma formulação nova, esta

tem de ser revista bibliograficamente em conjunto com outros hospitais experientes, de

forma a ser validada corretamente.

A preparação de formulações não estéreis pode desencadear-se por diversas

formas, tais como, através de uma prescrição médica, um pedido de um SC via GHAF, pela

UFA ou pelo sistema de Kanban. Depois de analisada e verificada a validade da requisição

pelo farmacêutico é emitida uma OP e o respetivo rótulo, o qual se deve encontrar em

conformidade com a legislação em vigor. O rótulo deverá conter informação relativa a:

composição qualitativa e quantitativa; número de lote; PV; condições de conservação;

instruções especiais de utilização; via de administração; identificação do local de preparação

e do farmacêutico responsável [14]. Quanto à OP (Anexo V), esta deve incluir para além

dos pontos já referidos para o rótulo (Anexo VI), toda a informação relativa à técnica de

preparação do produto (composição qualitativa e quantitativa, dosagem, forma

farmacêutica, técnica de preparação e número de unidades); informação sobre as matérias-

primas utilizadas quanto ao lote, origem e PV (atribuído de acordo com a

IT.SFAR.GER.083/1); e ensaios de verificação da qualidade do produto final, bem como os

procedimentos específicos de cada preparação, através dos quais se dá como conforme a

preparação em causa.

Durante a execução são preenchidos todos os campos da ficha que permitirão a

rastreabilidade da preparação [15]. A validação e supervisão do produto final são da

responsabilidade do farmacêutico. Para finalizar o processo, é necessário dar saída

informática e manual das matérias-primas utilizadas e criar no GHAF o perfil do produto não

estéril produzido após rotulagem e embalamento do mesmo.

No nosso estágio, tivemos a possibilidade de seguir todo o processo, desde a

emissão das OP até aos registos dos débitos de matérias-primas e entradas das

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composições. De salientar a participação ativa na execução de algumas formulações, como

por exemplo, pomada de Sirolimus, suspensão oral de Sildenafil, Hidrato de Cloral,

substituto de saliva, entre outras. Procedemos também ao fracionamento de embalagens de

comprimidos de cálcio efervescentes bem como à sua posterior e adequada reembalagem.

2.3. UFO: produção de medicamentos citotóxicos

A Unidade de Farmácia Oncológica (UFO), tem o objetivo de providenciar,

diariamente, medicamentos citotóxicos aos doentes em tratamento no Hospital de Dia e no

Serviço de Internamento do CHP, maioritariamente, associados aos SC de Oncologia e de

Hematologia. A UFO integra uma equipa constituída por dois TSS, dois TDT e um AO, que

assegura o cumprimento dos princípios de QuaPos (Quality Standard for the Oncology

Pharmacy Service) [16, 17]. De notar que os fármacos citotóxicos são considerados

medicamentos de alto de risco, pelo que os profissionais responsáveis pela sua produção

estão expostos, ocupacionalmente, a efeitos adversos para a saúde [18]. Como referido em

3., a UFO envolve três zonas distintas, em que a zona negra corresponde ao armazém da

UFO, a zona branca à zona de manipulação/reembalagem de citotóxicos, e a zona cinzenta

ao transfere de tabuleiros entre as zonas branca e negra. Os TSS encontram-se na zona

negra, que contém os suportes informáticos e os armários e frigóricos para arrumação dos

citotóxicos. De um modo geral, as principais atividades diárias dos TSS na UFO consistem

na gestão do armazém e nos processos de validação das prescrições médicas, de

preparação e de dispensa de medicamentos citotóxicos (e.g. mesna, ciclofosfamida,

cisplatina). A gestão do armazém da UFO envolve a verificação de Kanban e consequentes

pedidos de encomenda e reposição de stocks, bem como o controlo das devoluções dos

medicamentos com PV inferior a três meses e de baixa rotatividade. Os processos diários

de validação das prescrições médicas, de preparação e de dispensa de citotóxicos,

realizados pelos TSS, envolvem, sequencialmente, as seguintes etapas [19, 20]:

1. Elaboração prévia da lista de doentes que irão receber tratamento (nomeadamente,

ciclos de quimioterapia), efetuada através do cruzamento de dados do software de

agendamento de tratamentos (SClinico) e do software de validação/prescrição médica

(GHAF, CdM).

2. Validação e monitorização das prescrições médicas via GHAF, iniciada à medida que os

enfermeiros do Hospital de Dia e do Serviço de Internamento confirmam que os doentes

estão aptos para receber tratamento. Considera-se que uma prescrição está validada,

quando está de acordo com os protocolos, autorizações e deliberações do CHP relativos

a quimioterapia [19], o que, de um modo sintético, é expresso pela “6-R-Rule”: Right

Patiente, Right Drug, Right Apllication, Right Dose, Right Docummentattion, Right Time

[21]. De notar que para além da prescrição informática via GHAF, existe um modo de

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prescrição/validação manual de citotóxicos através de folhas próprias para prescrição de

medicação para doentes do Hospital de Dia ou do Serviço de Internamento.

3. Emissão das OP de medicamentos sujeitos a manipulação. Com exceção dos

comprimidos (e.g. dexametasona, ondansetron), imunoglobulinas e medicamentos de ID,

os restantes citotóxicos providenciados pela UFO, requerem manipulação prévia,

efetuada pelos TDT, na zona branca. As OP são elaboradas considerando os cálculos

de volumes de fármaco e de solução diluidora necessários para preparar a forma

farmacêutica prescrita pelos médicos (bombas perfusoras, soluções diluídas ou bólus)

com duração e ritmo de tratamento específicos (Anexo VII).

4. Preparação de tabuleiros com material necessário para preparação e reembalagem dos

medicamentos citotóxicos sujeitos a manipulação. Após emissão das OP, os TSS

preparam os tabuleiros que fazem o transfere da zona negra para a zona branca e que

contêm, individualmente, por doente (Anexo VIII): (a) um fármaco citotóxico, previamente

descartonado; (b) uma solução diluidora; (c) um suporte de preparação, i.e. seringa; (d)

dois rótulos para colocar nas embalagens primária e secundária da preparação final

(aplicável para medicamentos sujeitos e não sujeitos a manipulação).

5. Verificação do processo de manipulação dos medicamentos citotóxicos. Na zona branca,

os TDT operam com fardamento e equipamento de proteção individual próprio em CFLv

vertical (classe IIB) a pressão negativa com dois filtros High Efficiency Particulate

Arrestance, sob as boas práticas de fabrico suportadas por guidelines PiC/S

(Pharmaceutical Inspection Co-operation Scheme), ESMO (Oncology Clinical Practice

Guidelines) e ISOPP (Standards of Practice. Safe Handling of Cytotoxics) [21]. Os TSS

verificam, via GHAF, se a preparação dos citotóxicos pelos TDT está conforme as

respetivas OP, através de visualização de imagens da embalagem primária, capturadas

por uma câmara fotográfica incorporada na CFLv.

6. Validação das preparações finais de medicamentos citotóxicos. As preparações finais

(embalagens primárias) são reembaladas em manga termosselada (embalagem

secundária), protegidas da luz, e libertadas, através do transfere para a zona negra,

aproximadamente 1 hora após a confirmação inicial dada pelos enfermeiros (Anexo VIII).

Na zona negra, os TSS fazem uma nova validação do conteúdo das preparações, e

colocam-nas em contentores referentes a “cadeirões”, “camas” ou “cateteres” de acordo

com a localização dos respetivos doentes no Hospital de Dia ou no Serviço de

Internamento.

7. Dispensa das preparações finais de medicamentos citotóxicos. Considera-se que os

citotóxicos estão dispensados quando são entregues aos doentes no Hospital de Dia ou

no Serviço de Internamento. Os TSS são responsáveis pela entrega dos citotóxicos aos

AO ou enfermeiros que realizam o transporte dos citotóxicos da UFO para os SC, em

contentor fechado, inquebrável e refrigerado (se aplicável)

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Pelo exposto, a UFO apresenta diariamente um papel fundamental na prestação de

cuidados de saúde a doentes oncológicos, garantindo a produção personalizada de

fármacos citotóxicos de qualidade, eficazes e seguros.

Na UFO, os nossos grupos de trabalho tiveram a oportunidade de intervir nas

diferentes etapas dos processos diários de validação das prescrições médicas, de

preparação e de dispensa de citotóxicos. Numa primeira fase, observámos o processo de

validação das prescrições médicas pelos TSS via GHAF, destacando o cuidado dos TSS

em contactar os médicos aquando incerteza das dosagens de citotóxicos prescritas; e

elaboramos cálculos necessários para emissão de OP referentes a bombas perfusoras.

Numa segunda fase, ajudamos os TSS na preparação dos tabuleiros para manipulação dos

citotóxicos, colocando o material necessário nos tabuleiros e elaborando rótulos

identificativos. Aparentemente simples, esta atividade foi bastante enriquecedora, na

medida em que promoveu o nosso contacto primário com medicamentos oncológicos

exclusivos de uso hospitalar. Numa terceira fase, tivemos a oportunidade de acompanhar o

processo de manipulação dos citotóxicos pelos TDT na zona branca. Para além de

integrarmos a equipa da UFO nas suas atividades diárias, presenciámos algumas situações

excecionais, nomeadamente, paragens na linha de produção devido a condições não

adequadas do diferencial de pressão dentro da zona branca, e cuidados redobrados de

higiene/assepsia/segurança dentro da UFO devido à possibilidade de contágio durante o

surto de sarampo.

2.4. Fracionamento de medicamentos para reembalagem

O fracionamento da medicação tem como principal objetivo disponibilizar doses não

existentes no mercado a partir de formulações previamente comercializadas. Sem promover

alterações na qualidade e nas caraterísticas físico-químicas do medicamento, esta atividade

tem como objetivo secundário promover ao máximo da utilização dos medicamentos, sem

desperdício [22]. Os medicamentos passíveis de fracionamento devem ter essa informação

indicada no respetivo RCM.

No âmbito do nosso estágio, tivemos a oportunidade de participar neste processo de

fracionamento, tanto na produção de estéreis como não estéreis, nomeadamente no

fracionamento de comprimidos e de ampolas (exemplo, Bevacizumab). No fracionamento

de ampolas, destacamos a quantidade de “doses” que se consegue obter a partir de um só

frasco de medicamento, evidenciando a importância deste processo para a racionalização

da medicação.

3. Distribuição

A distribuição de todos os medicamentos e PF armazenados é da responsabilidade

dos SF. Esta distribuição garante a satisfação das prescrições referentes a doentes em

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regime de internamento, essencialmente através da distribuição clássica e da DID, e aos

doentes em regime de ambulatório.

3.1. Distribuição Clássica

A distribuição clássica foi o primeiro sistema de distribuição implementado no CHP

e está dividido em três circuitos (A, B e C). Estes circuitos englobam todos os blocos,

Serviços Clínicos (SC), consultas, veículos médicos de emergência e farmácias satélites,

como as farmácias do CMIN e da UFO. O principal objetivo deste sistema de distribuição é

o fornecimento de medicamentos, que pode ocorrer, após o pedido de reposição de stock,

em formato eletrónico ou manual. A reposição por stocks é feita no local após contagem das

unidades consumidas, obedecendo a quantitativos previamente estudados e acordados

entre os SC e os SF, para que todos os procedimentos inerentes à administração da

medicação e à gestão de stocks por parte da farmácia estejam facilitados, assegurando

desta forma um stock fixo no respetivo local [23]. Existem também no CHP dois armazéns

informatizados (um no bloco operatório e outro nos cuidados intensivos) com o sistema

semiautomático Pyxis Medstation®. Dentro da distribuição clássica podem ainda verificar-se

três processos, ainda que, como anteriormente referido, todos sigam quantidades de stock

acordadas entre os SC e os SF. O primeiro sistema ocorre em Hospital Logistics System,

em que os SC e os SF vão trocando caixas SUC® cheias por vazias. O segundo sistema

consiste na reposição por unidades consumidas e, por último, o terceiro processo consiste

na reposição por Kanban [23].

No decurso do nosso estágio participámos na reposição de stock dos diferentes serviços

abrangidos pelos 3 circuitos. Foi-nos ainda proporcionada uma visita ao Pyxis Medstation®

dos cuidados intensivos, onde auxiliamos também na reposição do respetivo stock.

3.2. Distribuição em Regime de Ambulatório

A distribuição em regime de ambulatório tem como missão “assegurar a distribuição

de medicamentos e outros produtos de saúde aos clientes, incluindo os doentes do

ambulatório, nas quantidades, qualidade e prazos exigidos, assegurando a preservação das

características dos mesmos” [24]. Este meio de distribuição surge devido à necessidade de

maior controlo e vigilância na utilização de determinadas terapêuticas associadas a efeitos

adversos mais graves. Desta forma, este regime de distribuição tenta potenciar a adesão

dos doentes à terapêutica. Para além desta vertente, a cedência destes medicamentos, feita

de forma totalmente gratuita, procura melhorar a qualidade de vida dos utentes, já que os

mesmos podem fazer o tratamento em casa, num ambiente mais confortável, reduzindo os

custos associados ao internamento.

A medicação cedida neste regime deve constar no FNM, que está em constante

atualização, e pode estar aprovada por uma de duas vias: através de diplomas legais que

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constam no Diário da República ou através do Conselho de Administração do CHP (CA) e

pela CFT. Alguns exemplos de patologias comuns que estão autorizadas nestes diplomas

(Anexo IX) são: insuficiência renal crónica e profilaxia de rejeição aguda de transplante

renal, síndrome da imunodeficiência adquirida, fibrose quística e doenças oncológicas.

Neste caso, é feita uma comparticipação total por parte do Estado, sendo que muitos destes

medicamentos não estão disponíveis em farmácia comunitária, devido ao seu uso

controlado e custo bastante elevado. No caso de patologias que não estão descritas e

aprovadas no Diário da República, como é o caso da hepatite B, a autorização é dada pelo

CA e pela CFT e os custos são totalmente suportados pelo CHP.

Há ainda uma outra situação que deve ser referida: as utilizações off-label, ou seja,

o uso de medicamentos para indicações não descritas no Resumo das Características do

Medicamento (RCM). Esta situação pode acontecer mesmo numa patologia aprovada por

diplomas legais. No entanto, para que possa ser cedido de forma gratuita, e dado que é para

uma utilização off-label, é necessária uma aprovação pela CFT. Nestes casos, os custos

são suportados na íntegra pelo CHP.

A UFA localiza-se nos SF do CHP, sendo constituída por uma sala de espera para

os utentes e 4 balcões de atendimento, devidamente sinalizados, sendo um dos postos de

atendimento localizado num gabinete separado. Esta unidade tem um horário de

funcionamento das 9h às 17h de segunda a sexta. A medicação encontra-se num módulo

de gavetas, organizando-se por patologias, e dentro destas por ordem alfabética, segundo

a DCI e pelo princípio FEFO. Além disso, existem ainda frigoríficos, onde se localizam os

medicamentos que necessitam de ser conservados entre 2-8ºC, e estantes onde estão

armazenados parte dos produtos de nutrição. Alguns produtos da UFA em excedente

localizam-se no APF.

Para que a dispensa dos medicamentos possa ser feita em regime de ambulatório é

necessário que o utente apresente uma prescrição válida, isto é, uma prescrição eletrónica

de acordo com as normas estabelecidas com modelo apropriado de prescrição médica para

a UFA, que contenha dados de identificação do doente; DCI do medicamento; forma

farmacêutica, dose, frequência, via de administração; identificação da especialidade médica

emissora da prescrição; indicação da próxima consulta; identificação e assinatura do

prescritor; identificação do diploma legal a que obedece a prescrição médica ou, caso seja

necessário, verificar nas deliberações da CFT se o doente se encontra autorizado [25].

Normalmente, a prescrição está em formato eletrónico, mas existem exceções, como é o

caso das prescrições de medicamentos hemoderivados e de prescrições do serviço de

Gastrenterologia e Nutrição (Anexo X, Anexo XI). Nestes casos, é necessário registar o

número do lote e o respetivo CAUL. No que toca à dispensa de medicamentos, estes devem,

sempre que possível, ser cedidos nas suas embalagens originais.

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Durante a dispensa, para que a terapêutica seja segura, eficaz e de qualidade, um

parâmetro importante é a quantidade a dispensar, que está assente nas instruções de

trabalho do CHP, onde se define que qualquer medicamento pode ser dispensado até 3

meses desde que: o montante do seu valor total seja inferior a 100€; para doentes residentes

em qualquer área, ou até 300€, se residirem fora do distrito do Porto, sendo que acima

destes montantes, a medicação apenas pode ser dispensada para 1 mês. A medicação para

doentes transplantados renais ou hepáticos, pode, excecionalmente, ser cedida até 3 meses

[26].

Outro aspeto importante é a informação ao doente, pelo que, na primeira vez que o

mesmo faz o levantamento do tratamento em ambulatório, deve ser-lhe fornecida

informação detalhada, por exemplo, através da entrega de folhetos informativos elaborados

pelos SF (Anexo XII). Além desta informação, deve também ser entregue um termo de

responsabilidade (Anexo XIII), que será assinado pelo doente, onde refere quem é

responsável pelo levantamento, transporte, acondicionamento e toma de forma correta e no

qual pode delegar essas funções a outra pessoa da sua confiança. O farmacêutico é ainda

responsável por ponderar o fornecimento de material acessório à terapêutica, como

contentores de risco biológico, seringas, malas térmicas de transporte, de forma a promover

a segurança e o sucesso da mesma.

No final da dispensa, o farmacêutico deve ainda confirmar se há medicação

pendente daquela prescrição para ser levantada posteriormente. Em caso afirmativo, deve

ser impresso um documento que refira a medicação pendente, que é entregue ao doente

para que, numa próxima, possa levantar a medicação em falta.

Se por algum motivo ocorrer a devolução de algum medicamento, é também da

responsabilidade do farmacêutico fazer a gestão da medicação devolvida, verificando a

origem do medicamento, as condições de conservação, se está em conformidade com as

normas exigidas de integridade física da embalagem primária e secundária, o PV e se os

medicamentos em dose unitária se apresentam devidamente rotulados.

A UFA pode, em situações concretas, estabelecidas no DL nº 206/2000, de 1 de

setembro, e autorizadas pelo Ministério da Saúde, proceder à venda de medicamentos

como, por exemplo, em circunstâncias excecionais, em ocorra o comprometimento do

acesso ao medicamento, por descontinuidades no fornecimento ou distribuição do mesmo

[27, 28].

Neste setor tivemos a oportunidade de preparar a medicação a ser dispensada de

nutrição e fibrose quística, organizar a medicação devolvida, fazer a dispensa ao balcão e

verificação de lotes.

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3.3. Distribuição Individual Diária: sistema em dose unitária

A Distribuição Individual Diária (DID) é o setor dos SF que objetiva a distribuição

diária de medicamentos e de PF, maioritariamente sob sistema de distribuição em dose

unitária, aos doentes dos SC de Internamento do CHP. No processo de distribuição diária

participam TSS, que são responsáveis pela validação das prescrições médicas e pela

respetiva dispensa e devoluções dos fármacos prescritos; uma equipa constituída por TDT,

responsáveis pela identificação, individualização e aviamento dos medicamentos e gestão

de stocks [29]. Desta forma, o espaço físico da DID envolve três áreas distintas, isto é, uma

sala que integra vários computadores para validação e dispensa de medicamentos pelos

TSS (Anexo XIV-1); e duas salas com aparelhos próprios para fracionamento e aviamento

de medicamentos em dose unitária pelos TDT. As atividades diárias dos TSS na DID são

baseadas no conceito “Plan-Do-Check-Act”, que visa a implementação de um ciclo de

planeamento, de execução, de verificação e de atuação sobre os serviços prestados [30].

3.3.1. Validação e monitorização das prescrições médicas

O processo de validação e monitorização das prescrições médicas pelos TSS inicia-

se com a entrada das prescrições médicas no software GHAF (via GHAF ou via Portal

Interno do CHP) à medida que os enfermeiros do serviço de internamento confirmam que

os doentes estão aptos para receber tratamento. A entrada das prescrições médicas via

GHAF é um processo em constante atualização, uma vez que, dirigindo-se a doentes

internados, as prescrições são frequentemente alteradas. Por este motivo, o setor da DID

está aberto durante 24 horas para garantir a distribuição da medicação diária de cada doente

atualizada.

No sistema informático, as prescrições ficam agrupadas consoante o serviço de

internamento de origem. Os TSS iniciam a validação dos grupos de prescrições,

obedecendo a uma ordem de trabalho pré-estabelecida, que indica quando e qual o grupo

de prescrições a ser validado. Caso existam prescrições assinaladas como urgentes, estas

são prioritárias face à ordem de validação pré-estabelecida. De um modo sucinto, validar a

prescrição médica consiste em verificar se o perfil farmacoterapêutico prescrito para o

doente está de acordo com as suas características fisiológicas, condições de administração

e duração do tratamento [30-32]. Em caso de não conformidades, é essencial que os TSS

intervenham diretamente no momento da validação, normalmente contactando os

médicos/enfermeiros envolvidos, a fim de otimizar a farmacoterapia antes da sua dispensa.

Para além da validação das prescrições eletrónicas via GHAF, os TSS são

responsáveis pela validação de prescrições via manual, nomeadamente, referentes a

medicamentos de controlo especial não sujeitos a distribuição em dose unitária (fármacos

estupefacientes, psicotrópicos, hemoderivados, anti-infeciosos, nutrição artificial, antídotos,

insulinas, material de penso). As prescrições deste tipo de fármacos são efetuadas em

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impressos específicos e têm PV limitados, isto é, estupefacientes e psicotrópicos em Modelo

nº1509 da Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) com validade de 24 horas;

hemoderivados em Modelo nº1804 da INCM com validade de 24 horas [33]. Os TSS validam

estas prescrições através do preenchimento de campos referentes a receção/validação nos

impressos.

Adicionalmente, é importante referir que a validação por farmacêuticos das

prescrições médicas tem tido um impacto significativo no uso racional dos medicamentos,

na redução de efeitos adversos à saúde, e consequentemente nos custos associados.

Atualmente, procura-se que este processo de análise da medicação integre o conceito da

reconciliação terapêutica, incorporando dados relativos, por exemplo, a medicamentos não

sujeitos a receita médica, produtos naturais e suplementos alimentares [31, 34].

3.3.2. Dispensa de medicamentos e de produtos farmacêuticos

Após validação das prescrições médicas, independentemente de via GHAF ou

manual, os TSS fazem o débito no software GHAF da medicação a ser dispensada por

doente. Considerando as prescrições médicas via GHAF de medicamentos sujeitos ou não

a distribuição em dose unitária, os TSS emitem listagens da medicação a ser dispensada de

cada serviço de internamento via GHAF ou manual após débito. Primariamente, são

emitidas listas com revertências, uma vez que a medicação dos doentes pode ser alterada

ao longo do dia; posteriormente, caso se verifiquem revertências e a medicação já tenha

sido dispensada, os TSS emitem novas listas sem revertências que incluem as alterações

propostas [29]. Os medicamentos e PF a dispensar são preparados pelos TDT, que se

regem pelas listagens emitidas pelos TSS. Os TDT aviam a medicação por processo manual

ou semiautomático. De notar que se a medicação prescrita for distribuída em dose unitária,

os TDT têm de proceder previamente ao fracionamento da medicação (Anexo XIV-4).

O processo manual consiste em dispensar o stock avançado da DID, que se

encontra alocado nas torres e nas células, respetivamente, para medicamentos de menor e

de maior rotatividade. O aviamento semiautomático realiza-se através da solicitação de

medicamentos pelo TDT ao dispensador automático de medicamentos Pharmapick®, que é

constituído por um conjunto de gavetas, cada uma com um medicamento. Trata-se de um

aviamento feito por medicamento e não por doente, na medida em que o Pharmapick®

dispensa apenas um medicamento de cada vez. Ambos os processos de aviamento visam

a posterior colocação da medicação unitária em carros constituídos por malas (Anexo XIV-

2). Cada mala é referente a um SC de internamento e é constituída por gavetas (cassetes

de unidose). Por sua vez, cada gaveta é referente a um doente e contém a medicação

individual em dose unitária para 24h. Medicação revertida, cuja primária já tenha sido

entregue, não é colocada nos carros, mas depositada em caixas SUC® dentro de envelopes

identificados após aviamento manual.

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No processo de dispensa de medicamentos prescritos via manual, utiliza-se

geralmente o aviamento manual. Contudo, no caso de medicamentos sujeitos a controlo

especial, o aviamento não é realizado nas instalações da DID, mas no APF, ao abrigo dos

decretos-lei e despachos aplicáveis, sob responsabilidade dos TSS. Destacam-se os

estupefacientes e psicotrópicos (morfina, fentanilo, fenobarbital, petidina, etc.) que estão

alocados numa sala de acesso restrito no APF, à qual apenas os TSS têm acesso. O

aviamento deste tipo de medicamentos implica que a medicação e respetiva documentação

de receção/débito sejam colocadas pelos TSS em caixas fechadas, inquebráveis,

identificadas com o nome do serviço de Internamento de destino e refrigeradas se aplicável

(Anexo XIV-3, 5). Após aviamento, toda a medicação dispensada na DID é entregue por AO

nos SC de internamento.

Na DID, os nossos grupos de trabalho participaram ativamente nos processos diários

de validação e de dispensa dos medicamentos e produtos farmacêuticos prescritos.

Observámos a validação das prescrições médicas e respetivas intervenções farmacêuticas,

colaborando com a disponibilização de informação sobre medicamentos através do software

UpToDate. Destacamos a nossa participação numa intervenção farmacêutica invulgar, em

que revemos toda a informação bibliográfica sobre um fármaco de uso veterinário que iria

ser administrado excecionalmente a um doente. Validámos requisições de

estupefacientes/psicotrópicos e de hemoderivados, através do preenchimento dos

respetivos impressos. Relativamente ao processo de dispensa, efetuámos, diariamente, o

débito via GHAF de estupefacientes e psicotrópicos e respetivo aviamento com preparação

das caixas na sala restrita. Consideramos que a repetição desta atividade diária teve um

papel fundamental na nossa familiarização com o software GHAF. Também auxiliámos no

aviamento de medicação revertida, organizando a medicação em dose unitária em caixas

SUC®. Esta atividade permitiu-nos contactar com os processos diários efetuados pelos TDT

nos diferentes suportes de aviamento, células, torres e Pharmapick®.

4. Investigação e Desenvolvimento

No CHP, as atividades de ID são essenciais para o desenvolvimento dos cuidados

de saúde. Assegurando o cumprimento da legislação em vigor e das recomendações

internacionais de Boas Práticas Clínicas (BPC), todas as atividades de ID são realizadas em

coerência com os princípios e regras em vigor no CHP [35].

4.1. Ensaios Clínicos

No âmbito da promoção do desenvolvimento de novos medicamentos para

introdução no mercado ou para a introdução de um medicamento já comercializado com

uma nova indicação terapêutica, é essencial a realização de ensaios clínicos (EC). O DL nº

46/2004, 19 de agosto, carateriza um EC como sendo qualquer tipo de investigação no

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Homem que objetive a caraterização de Medicamentos Experimentais (ME) a nível

farmacológico, farmacodinâmico, farmacocinético e dos efeitos adversos associados. O

objetivo principal da realização dos EC assenta na determinação da segurança e eficácia

dos ME [36]. O EC corresponde à segunda fase de investigação dos ME, podendo ser

classificado em diferentes formas. Quanto à fase de desenvolvimento, o EC pode distinguir-

se em 4 fases, I, II, III ou IV que envolvem, respetivamente, grupos de pessoas saudáveis,

pequenos e grandes grupos de indivíduos doentes, e grandes grupos de doentes após

atribuição da AIM (estudo de interações medicamentosas e efeitos adversos). A

classificação do EC pode ainda ser feita de acordo com o desenho experimental, número de

centros intervenientes, nível de ocultação e aleatorização [37].

Para o normal funcionamento do EC estão envolvidas um conjunto de intervenientes

em total cooperação como o promotor, autoridades reguladoras, investigador, sujeito de

investigação e, com especial importância, o farmacêutico [37]. O promotor, cuja função é a

de conceção, gestão e financiamento do EC, faz uma visita de pré-estudo aos possíveis

centros de ensaios. Após a aprovação do centro pelo promotor e do estudo pelas

autoridades reguladoras, como o INFARMED e a Comissão de Ética para Investigação

Clínica, é realizada uma visita de iniciação [37]. Esta visita, conduzida por um monitor,

entidade denominada pelo promotor para acompanhamento do estudo até ao seu término,

tem como propósito treinar toda a equipa envolvida para os procedimentos do EC. A

sistematização destes procedimentos em Procedimentos Normalizados de Trabalho (SOP)

é função do farmacêutico responsável pela unidade e têm como objetivo facilitar o

cumprimento das BPC assim como garantir a qualidade de todo o EC [37]. Nos SF, as

instalações atribuídas para o setor dos EC seguem as BPC. O espaço é composto por duas

salas contíguas: o gabinete de trabalho e a sala de armazenamento dos ME.

4.2. Circuito do Medicamento Experimental

O medicamento experimental (ME) tem a si um circuito associado, estritamente

controlado, da responsabilidade do farmacêutico. Como primeiro procedimento do circuito

do ME, surge a receção, onde é confirmada a quantidade de embalagens rececionadas,

bem como o estado de integridade das mesmas, prazos de validade e forma farmacêutica.

Por vezes, as encomendas surgem acompanhadas por um Data Logger cuja principal

funcionalidade é o registo de temperatura durante o transporte. Caso sejam detetados

desvios de temperatura, a medicação é colocada em quarentena à espera de resposta do

promotor [38]. Nesta fase é necessário preencher o formulário de receção (Anexo XV), bem

como notificar o promotor da receção através de métodos pré-estabelecidos (IVRS –

Interactive Voice Response System - ou IWRS – Interactive Web Response System) [37,38].

O acondicionamento da medicação é feito por número de kit e por estudo. A

medicação de frio é armazenada no frigorifico, à temperaturas de 2 a 8ºC, e a medicação

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de temperatura ambiente é sujeita à temperatura entre os 15 e 25ºC. Estas condições são

também controladas com Data Logger cuja informação é avaliada quinzenalmente. Todos

os desvios de temperatura devem ser notificados ao promotor, e de forma semelhante ao

que ocorre na receção, a medicação deve ser colocada em quarentena [38].

Podendo ou não ser sujeita a manipulação prévia, a medicação é dispensada pelo

farmacêutico, na presença de prescrição médica, feita em impresso próprio de acordo com

o protocolo (Anexo XVI). A medicação dispensada deve conter o número do processo do

doente e a data em que foi feita a dispensa. Neste procedimento deve ser preenchido o

formulário de dispensa por kit e/ou por doente (Anexo XV). Comummente, o doente que

efetua o levantamento da medicação traz consigo as embalagens vazias e/ou a medicação

não utilizada. Esta medicação devolvida é contabilizada e registada nos formulários de

devolução (Anexo XV). O promotor é responsável pela destruição da medicação,

respeitando normas previamente estabelecidas, podendo atribuir essa função ao CHP.

Intercaladas com o circuito do ME, surgem as auditorias e visitas do periódicas do monitor,

com o objetivo de garantir a linearidade do processo e o correto funcionamento do estudo

[38]. No final do estudo toda a documentação deve ser arquivada, de acordo com o 20º

artigo do DL 102/2007, por um período mínimo de 5 anos após a conclusão do estudo. A

maioria dos promotores solicita que esse arquivo seja feito por um período de 15 anos, como

tentativa de uniformização do procedimento dos estudos multicentralizados [38].

No nosso estágio foi possível intervir em praticamente todas estas etapas de

implementação e realização dos EC. A participação em visitas de iniciação permitiu-nos

conhecer mais detalhadamente alguns estudos a ser iniciados nos SF do CHP. Após estas

visitas, tivemos a oportunidade de redigir o respetivo SOP. Adicionalmente, pudemos

conhecer estudos já em vigor através da leitura dos respetivos protocolos, bem como

participar em todo o CdM de diferentes EC, preenchendo as fichas de receção, dispensa e

devolução, e selecionando a medicação a dispensar ao utente. Para obtermos um

conhecimento mais avançado sobre a logística dos EC foi-nos ainda disponibilizada a

possibilidade de realização de um curso online sobre este tema e sobre BPC.

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III. INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA E CUIDADOS FARMACÊUTICOS

Como prestador de serviços de saúde, o farmacêutico tem como responsabilidade

educar o doente para a sua doença e para a sua terapêutica de forma a promover o uso

racional da medicação. Contudo, a função do farmacêutico não se restringe apenas à

educação do doente. A intervenção farmacêutica é essencial para a implementação de

processos de reconciliação terapêutica, dos quais o doente só pode beneficiar [39]. A

reconciliação terapêutica corresponde a um processo no qual a medicação do doente é

analisada sempre que sejam realizadas alterações na medicação. O objetivo deste processo

é evitar discrepâncias, nomeadamente omissões, duplicações ou doses inadequadas, e

assim promover a adesão à medicação e prevenir incidentes relacionados com a terapêutica

[40].

Reserva-se ao farmacêutico a função de avaliação de perfis do uso dos

medicamentos/PF através de diferentes indicadores (efeitos adversos, por exemplo) e de

estudos retrospetivos ou prospetivos. A partir desta a avaliação, o farmacêutico tem como

função a elaboração de pareceres técnicos para introdução ou eventual substituição de

medicação [39]. No âmbito dos cuidados farmacêuticos, o farmacêutico pode atuar na

identificação de possíveis interações farmacológicas entre medicamentos prescritos e

noutros problemas relacionados com os medicamentos [41]. Após a identificação destes

aspetos o farmacêutico deve comunicá-los aos clínicos de forma a prevenir os resultados

negativos associados à medicação [42]. Durante o nosso estágio, podemos ter um papel

proativo ao nível da intervenção farmacêutica através da elaboração de um folheto

informativo a ser disponibilizado na UFA (Anexo XII).

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IV. CONCLUSÃO

De forma a resumir a nossa experiência nos serviços farmacêuticos do HGSA,

realizamos uma análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Treats) (Anexo

XVII), na qual salientamos alguns dos pontos que para nós se destacaram ao longo destes

dois meses. Como pontos fortes (Strengths) destacamos a organização dos setores dos SF

com distribuição de tarefas bem definidas pelos diferentes profissionais de saúde; e a

presença de uma equipa multidisciplinar que garante um maior apoio ao doente quer na sua

educação quer na promoção da saúde pública em geral. Relativamente aos pontos fracos

(Weaknesses), do nosso ponto de vista, o sistema de rotatividade dos TSS pelos vários

sectores não permite a sua especialização nos mesmos e consequentemente afeta a

produtividade e a qualidade do trabalho realizado. Um outro aspeto é a localização dos

serviços farmacêuticos, mais concretamente da UFA. Segundo a legislação atual, a UFA

deveria ter um acesso pelo exterior do hospital o qual não se verifica e dificulta a

acessibilidade dos doentes à farmácia, o que em alguns casos pode ser um obstáculo.

Relativamente às oportunidades (Opportunities), salientamos o facto do HGSA promover a

formação contínua dos seus colaboradores e estagiários, frisando que tivemos a

oportunidade de participar em duas formações extra-estágio. Contudo, a falta de recursos

humanos é uma ameaça (Treats) à qualidade e ao normal funcionamento dos SF e ao

cumprimento das tarefas diárias, dado que conduz à sobrecarga dos colaboradores. Posto

isto, o balanço global da nossa passagem pelos SF do HGSA é positivo. Ao longo destes

dois meses, tivemos a possibilidade de conhecer a realidade um SF com as suas limitações

e qualidades, o que para nós se revelou uma aprendizagem. Vemos potencial de

melhoramento e expansão das atividades diárias realizadas e que no futuro isso se traduza

quer na melhoria das condições de trabalho quer na qualidade com que é prestado.

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REFERÊNCIAS

[1] Decreto-Lei nº 326/2007, de 28 de setembro – Constituição do CHP. Diário da República.

[2] Manual da Farmácia Hospitalar, CE. Manual da farmácia hospitalar. Lisboa, Ministério da

Saúde.

[3] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.007/3 – Receção e armazenamento de medicamentos - Hospital de Santo António

- Centro Hospitalar do Porto E.P.E.

[4] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Matriz de processo

IM.GQ.GER.043/5 - Programa Gestão de Compras - Hospital de Santo António - Centro

Hospitalar do Porto E.P.E.

[5] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.061/2 – Cálculo de Pontos de Encomenda e Quantidades a encomendar –

Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto E.P.E.

[6] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.072/2 – Deteção de erros nos quantitativos do stock informático de medicamentos

e produtos farmacêuticos – Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

[7] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.123/0 – Orientações de triagem e arrumação de medicamentos doados pelos

doentes - Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto E.P.E.

[8] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.062/2 – Procedimento a adotar no inventário dos SF - Hospital de Santo António

- Centro Hospitalar do Porto E.P.E.

[9] Decreto-Lei nº 95/2004, de 22 de abril - Regime jurídico da prescrição e preparação de

medicamentos manipulados. Diário da República.

[10] Decreto-Lei nº 90/2004, de 20 de abril - Regime jurídico da Autorização de Introdução no

Mercado, fabrico, comercialização e comparticipação de medicamentos de uso humano. Diário

da República.

[11] Portaria nº 594/2004, de 2 de junho - Boas práticas a observar na preparação de

medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar. Diário da República.

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[12] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.035/2 – Designação do Lote de Produção - Hospital de Santo António – Centro

Hospitalar do Porto, E.P.E.

[13] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Matriz de processo

IM.GQ.GER.043/5 – Fracionamento de Medicamentos para Reembalagem – Hospital de Santo

António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

[14] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.101/1- Rotulagem de Não Estéreis- Hospital de Santo António – Centro Hospitalar

do Porto, E.P.E.

[15] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.084/1- Ordem de Preparação de Manipulados Não Estéreis- Hospital de Santo

António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

[16] European Society of Oncology Pharmacy. QuapoS 4 - Quality Standard for the Oncology

Pharmacy Service with Commentary 2009.

[17] Ordem dos Farmacêuticos - Conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar.

Manual de Boas Práticas de Farmácia Hospitalar: Processos de Suporte 2018.

[18] Suspiro A, Prista J. Occupational exposure to anticancer drugs and adverse health effects.

Revista Portuguesa de Saúde Pública 2012, 30 (1):76-88.

[19] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E.- Matriz de processo

IM.GQ.GER.O43/5 – Gestão da Qualidade – Processo de Produção de Citotóxicos - Hospital de

Santo António – Centro Hospitalar do Porto E.P.E.

[20] Ordem dos Farmacêutico - Conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar.

Manual de Preparação de Citotóxicos 2013.

[21] Hospital and Clinical Pharmacy Academy. Best Practice for Preparing and Managing

Oncology Therapy 2014.

[22] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Matriz de Processo

IM.GQ.GER.043/5 – Fracionamento de Medicamentos para Reembalagem - Hospital de Santo

António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

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[23] - Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.105/1 – Aviamento de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos em Dose Unitária

– Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto E.P.E.

[24] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Matriz de processo,

IM.GQ.GER.043/5. Hospital Geral de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

[25] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.053/1 – Validação e Monitorização da Prescrição Médica de Ambulatório –

Hospital Geral de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

[26] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.054/1 - Orientações para a Dispensa de Medicamentos na Farmácia de

Ambulatório - Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

[27] Decreto-Lei nº 206/2000, de 1 de setembro - Regime jurídico de dispensa de medicamentos

pela farmácia hospitalar. Diário da República.

[28] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.022/1 - Venda de Medicamentos - Hospital de Santo António – Centro Hospitalar

do Porto, E.P.E.

[29] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Matriz de processo

IM.GQ.GER.043/5 - Programa Distribuição Individual Diária (DID) - Hospital de Santo António -

Centro Hospitalar do Porto E.P.E.

[30] Ordem dos Farmacêuticos - Conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar.

Manual de Boas Práticas de Farmácia Hospitalar: Processos de Suporte 2018.

[31] Clementz A, Jost J, Tchalla A, Julia F, Marie-Daragon A, Karam HH, Ratsimbazafy V.

Prescription validation and pharmaceutical intervention in an adult emergency department:

Implementation and evaluation. Le Pharmacien Hospitalier et Clinicien 2017, 52(2): 47-53.

[32] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.102/1 - Validação e Monitorização da Prescrição Médica DID - Hospital de Santo

António - Centro Hospitalar do Porto E.P.E.

[33] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.105/3 - Aviamento de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos em Dose Unitária

- Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto E.P.E.

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[34] Direção Geral de Saúde. Norma nº 018/2016 de 30/12/2016 - Reconciliação da medicação.

[35] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Matriz do processo

IM.GQ.GER.043/5 - Investigação e Desenvolvimento - Hospital de Santo António – Centro

Hospitalar do Porto, E.P.E.

[36] Decreto-Lei n.º 46/2004, de 19 de agosto - Realização de ensaios clínicos com

medicamentos de uso humano. Diário da República

[37] Almeida, T. (2010) Implementação e atividades de uma Unidade de Ensaios Clínicos nos

Serviços Farmacêuticos de um Hospital Central Universitário.

[38] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de trabalho

MA.SFAR.GER.003/1- Ensaios Clínicos - Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do

Porto, E.P.E.

[39] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.044/2 - Estudo de utilização de medicamentos - Hospital de Santo António –

Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

[40] Direção geral de Saúde. Norma 018/2016. de 30/12/2016. Reconciliação de medicação.

Disponível em: www.dgs.pt (acedido a 25/04/2018).

[41] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.030/1 - Identificação e notificação de interações entre medicamentos - Hospital de

Santo António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

[42] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.031/1 - Identificação e resolução de PRMs - Hospital de Santo António – Centro

Hospitalar do Porto, E.P.E.

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ANEXOS

Anexo I – Cronograma do plano individual de estágio curricular.

Anexo II – Sistema de gestão de stocks por cartão Kanban.

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Anexo III – Exemplo de uma Ordem de Preparação de Produtos Estéreis.

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Anexo IV – Exemplo de uma Ordem de Preparação de Nutrição Parentérica.

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Anexo V – Exemplo de ordem de preparação de um manipulado não estéril.

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Anexo VI – Exemplo de um rótulo de um manipulado não estéril.

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Anexo VII – Cálculos de volumes de Mesna e de solução diluidora necessários para

emissão de OP de medicamento Mesna sob forma de bomba perfusora, prescrita para

perfundir 1800 mg de fármaco durante 18h.

Dados: Cada frasco de Mesna contém 400 mg de Mesna/4 mL. A bomba perfusora

prescrita apresenta uma velocidade de fluxo de 10 mL/h associada a um tempo de

perfusão máximo de 27h, um volume máximo de 270 mL e um volume residual de 8 mL.

• Concentração de Mesna por frasco

= 400 mg/ 4 mL = 100 mg/mL de Mesna

• Volume de Mesna necessário para preparar medicamento com 1800 mg de

Mesna e com concentração de Mesna de 100 mg/mL

= 1800 mg/(100 mg/mL) = 18 mL de Mesna

• Volume total de medicamento a ser perfundido durante 18h, considerando o uso

de bomba perfusora com capacidade de 10 mL/h

= 18 h x 10 mL/h = 180 mL de medicamento

• Correção do volume de Mesna necessário para preparar medicamento a ser

perfundido durante 18h, considerando o uso de bomba perfusora com

capacidade de 10 mL/h e volume residual de 8 mL

= 18 mL de Mesna 180 mL de medicamento

x 180 + 8 mL de medicamento

⇔ x = (18 x (180 + 8))/180 = 18,8 mL de Mesna

• Volume de solução diluidora necessário para preparar medicamento,

considerando o volume de Mesna a adicionar e o uso de bomba perfusora com

capacidade de 10 mL/h e volume residual de 8 mL

= (180 +8) – 18,8 = 169,2 mL

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Anexo VIII – Exemplo de tabuleiro com material necessário para preparação e

reembalagem de medicamento Mesna sob forma de bomba perfusora. (a) Mesna; (b)

bomba perfusora; (c) dois rótulos identificativos.

(a)

(b)

(c)

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Anexo IX – Patologias abrigadas por diploma legal para distribuição em Ambulatório.

Patologias abrigadas por diploma legal para distribuição em

Ambulatório

Acromegália

Antiepilético e Anticonvulsivante

Artrite Idiopática Juvenil Poliarticular, Artrite Psoriática, Artrite Reumatóide, Espondilite Anquilosante, Psoríase em placas

Deficiência da Hormona de Crescimento na criança, Síndrome de Turner, Perturbações do Crescimento, Síndrome de Prader-Will, Terapêutica de

substituição em adultos

Doença de Crohn e Colite Ulcerosa

Esclerose Lateral Amiotrófica

Esclerose Múltipla

Fibrose Quística

HCV

Hiperfenilalaninemia em doentes com Fenilcetonúria e em doentes com deficiência em tetrahidrobiopterina

IRC e transplantes renais

Oncologia

Polineuropatia Amiloidótica Familiar

Paraplegias Espásticas Familiares e Ataxias Cerebelosas Hereditárias

Profilaxia de Rejeição Aguda do Transplante Hepático

Profilaxia de Rejeição Aguda do Transplante Renal

Síndroma de Lennox-Gastaut

Tuberculose

VIH

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Anexo X – Modelo Nº1804 INCM: impresso para requisição/distribuição/administração

de Hemoderivados.

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Anexo XI – Impresso para prescrição de medicamentos em terapêutica programada,

em regime de ambulatório, usado pelo serviço de Gastrenterologia e Nutrição.

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Anexo XII – Folheto Informativo elaborado por grupo de estagiários.

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Anexo XIII – Termo de Responsabilidade entregue aos doentes de ambulatório.

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Anexo XIV – (1) Sala para atividades diárias dos TSS; (2) Carro de aviamento; (3)

Caixas para dispensa de estupefacientes e psicotrópicos; (4) Medicamento em dose

unitária; (5) Exemplo de dispensa de hemoderivados.

(1)

(2) (3)

(4)

(5)

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Anexo XV - Accoutabillity Record, Registo de Receção, Dispensa e Devolução por

número de kit.

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Anexo XVI – Modelo de Prescrição de Medicamentos de Ensaio Clínico.

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Anexo XVII – Análise SWOT.

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