farmacogenética - farmacogenética e suas implicações em termos de saúde pública

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CURSO DE FARMÁCIA E BIOQUÍMICA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FARMACOGENÉTICA (TRABALHO) FARMACOGENÉTICA: IMPLICAÇÕES EM TERMOS DE SAÚDE PÚBLICAAlunos: André Luis Barbosa Corte, Fátima Terezinha Santos, Henrique Martins Páros, Marilei Aparecida da Silva Guedes, Raoni da Silva Silos, Thaís Nímia da Silva.

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Trabalho da disciplina de Farmacogenética, do 4º ano do curso de Farmácia e Bioquímica da Universidade Paulista (campus Araçatuba).Trata das implicações do estudo e aplicação da Farmacogenética nos processos de saúde pública.No entanto, considerando a escasses de dados relacionados a este novo ramo de estudo, as informações contidas neste trabalho representam, em grande parte, somente especulações e previsões baseadas nas opiniões dos autores das bibliografias consultadas; sem necessariamente refletirem em situações de fato ocorridas.

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Page 1: Farmacogenética - Farmacogenética e suas Implicações em Termos de Saúde Pública

CURSO DE FARMÁCIA E BIOQUÍMICAINSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

FARMACOGENÉTICA(TRABALHO)

FARMACOGENÉTICA:

“IMPLICAÇÕES EM TERMOS DE SAÚDE PÚBLICA”

Alunos: André Luis Barbosa Corte, Fátima Terezinha Santos, Henrique Martins Páros, Marilei Aparecida da Silva Guedes, Raoni da Silva Silos, Thaís Nímia da Silva.

ARAÇATUBA2008

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CURSO DE FARMÁCIA E BIOQUÍMICAINSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Farmacogenética: Implicações em Termos de Saúde Pública

Há muito tempo se sabe que pacientes tratados com as mais diversas drogas apresentam variabilidade de resposta e de susceptibilidade a toxicidade a medicamentos. De fato, uma proporção considerável de pacientes tomando uma dose padronizada de determinado medicamento não responde, responde apenas parcialmente ou experimentam reações adversas ao medicamento. Além disso, aproximadamente 4% de todos os novos medicamentos lançados são retirados do mercado devido às reações adversas, configurando uma situação desastrosa para a indústria farmacêutica, que gasta milhões de dólares para desenvolver um novo produto. Dessa forma, se faz importante estudar os aspectos que podem influenciar as respostas aos medicamentos e os fatores que podem levar às reações adversas.

As variações na resposta ao tratamento podem ser decorrentes de vários fatores tais como doenças, diferenças na farmacocinética e farmacodinâmica dos medicamentos, fatores ambientais e fatores genéticos. Considerando que os fatores genéticos podem contribuir para a eficácia e a segurança de um medicamento, a Farmacogenética vem sendo fomentada recentemente. A Farmacogenética estuda as influências genéticas sobre as respostas a medicamentos, objetivando aperfeiçoar o tratamento através da personalização terapêutica, conforme as diferenças nas características genéticas dos indivíduos.

No entanto, apesar do que possa parecer, o emprego da Farmacogenética como ferramenta para a individualização terapêutica representa um grande desafio para o futuro, ainda mais se levarmos em consideração suas implicações em termos de saúde pública. Pois, embora possa trazer muitos benefícios, como por exemplo, a possibilidade de evitar reações adversas a medicamentos em subgrupos de pacientes geneticamente distintos e a redução substancial da necessidade de hospitalização, e seus custos associados, devido a estas mesmas reações; seria necessário traçar o perfil genético de cada paciente; o que envolveria, entre outras coisas, a aplicação de exames que, mesmo rápidos e seguros, teriam de se tornar rotina nos serviços de saúde (que dependendo de seus custos poderiam ser proibitivos para determinados países).

De fato, a Farmacogenética cria problemas e novos mercados para a indústria farmacêutica, que sempre trabalhou no atacado, receitando de forma ampla medicamentos para uma determinada patologia. Com essa nova área de pesquisa, há um fracionamento do mercado (devido às suas características genéticas), o que pode significar desde a formação de públicos cativos para determinados medicamentos até o estabelecimento de monopólios baseados na detenção das informações referentes a estes “medicamentos geneticamente restritos”.

Outro ponto importante a ser ressaltado seria que, se houver um interesse real das indústrias farmacêuticas em particularizar as drogas, isso pode acarretar em uma “generalização etno-genética inconseqüente”; ou seja, certos medicamentos que tenham sido formulados para um determinado público-alvo podem, devido à inexistência de tradição de uma indústria farmacêutica nacional em determinados países (incluindo o Brasil), ser oferecidos a uma população que, apesar de partilhar semelhanças com aquele público-alvo, possui particularidades que deveriam ser levadas em conta na avaliação do emprego daquele medicamento. Para ilustrar esta situação podemos tomar o exemplo hipotético de um medicamento elaborado para o benefício da população negra norte-americana e que poderia ser exportado para o Brasil e empregado em nossa população negra; nesse caso se torna óbvio que, apesar de ambas as populações serem negras, a população norte-americana difere da brasileira por inúmeros fatores genéticos decorrentes principalmente de seu país de origem; de modo que o medicamento provavelmente não possuirá o mesmo efeito e, portanto, não é adequado às duas populações.

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Baseado no exemplo acima podemos identificar mais um ponto importante a ser levado em consideração na avaliação do emprego da Farmacogenética e de suas implicações: a necessidade de cada país, dentro de suas políticas de saúde, em identificar o perfil genético de sua respectiva população, para que seja possível se beneficiar dos medicamentos elaborados segundo os polimorfismos genéticos exibidos. Ou seja, mesmo que não haja a produção nacional de novas drogas a partir da Farmacogenética, é importante o investimento em pesquisas, pois é necessário conhecer a variabilidade genética da população. Essa conduta pode, inclusive, constituir uma forma de poder pressionar quais medicamentos serão importados por um determinado país (o que afeta profundamente a realidade dos serviços de saúde).

Outro impacto da Farmacogenética na saúde como um todo é a redução dos custos e do tempo para o desenvolvimento de novos medicamentos. A escolha de indivíduos para os testes clínicos baseada na análise farmacogenética leva a exclusão das pessoas que tendem a não responder ao composto químico nas fases II (testes de segurança e eficácia) e III (ampliação dos testes para grupos variados de pacientes) das pesquisas, o as torna mais rápidas e menos caras.

Por fim, uma última implicação da Farmacogenética pode ser citada, desta vez no campo ético. Seria a possibilidade de que as companhias e serviços de saúde fossem processados por colocar pacientes em risco ao não empregarem as tecnologias de individualização de tratamento. Em outras palavras, com o advento e crescimento dessa área de pesquisa passa a ser possível prever e prevenir diversos males e inconvenientes (alguns até fatais) decorrentes do emprego dos medicamentos; de modo que, um dia, poderá ser considerado não ético não realizar tais testes rotineiramente para evitar a exposição dos indivíduos a doses de medicamentos que podem lhes ser prejudiciais. Dessa forma, a Farmacogenética assume um lugar de destaque nas questões em que se tem de determinar a responsabilidade de uma determinada empresa em relação às reações adversas que seus medicamentos possam causar; uma vez que agora se torna possível direcionar o uso destes medicamentos, beneficiando os públicos corretos e protegendo os demais.

Em resumo, a Farmacogenética, enquanto uma nova tecnologia, possui inúmeras implicações nos mais diversos aspectos sociais e econômicos; de modo que seria impossível reuni-las em um único trabalho. Mas, através do pouco mostrado aqui, torna-se óbvia sua importância e necessidade na elaboração e promoção das políticas de saúde não apenas brasileiras como dos demais países do mundo.

Bibliografia

SALZANO, F. M. Genética e farmácia. São Paulo: Manole, 1989;

METZGER, I. F., SOUZA-COSTA, D. C., TANUS-SANTOS, J. E. Farmacogenética: princípios, aplicações e perspectivas. Medicina (Ribeirão Preto) 2006;

ANÔNIMO. Indústria pode ganhar mais que pacientes com farmacogenômica. Disponível em: <http://comciencia.br>. Acessado em: Agosto de 2008;

ANÔNIMO. A revolução da genética no setor farmacêutico. Disponível em: <http://www.sbac.org.br>. Acessado em: Agosto de 2008.