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FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL - UNIBRASIL ANA PAULA MELO ERIKA MAYARA BUENO 10123 CURITIBA 2012

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Page 1: FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL - UNIBRASIL ANA … · Segundo o Dicionário de Política de Norberto Bobbio (2002, p. 319), “democracia é o governo do povo, de todos os cidadãos,

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FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL - UNIBRASIL

ANA PAULA MELO ERIKA MAYARA BUENO

10123

CURITIBA 2012

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ANA PAULA MELO ERIKA MAYARA BUENO

10123

Trabalho de Conclusão de Curso Jornalismo apresentado como requisito para a obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social das Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil. Orientador: Prof. Suzana Rozendo

CURITIBA 2012

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9

2. DELIMITAÇÃO DO TEMA .................................................................................... 11

2.1 Democracia ......................................................................................................... 11

2.2 Hierarquia política brasileira ................................................................................ 12 2.3 Vereadores em Curitiba ....................................................................................... 13

2.4 Neopentecostalismo ............................................................................................ 14

2.5 Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) .......................................................... 17

2.6 Pastor Valdemir Soares ....................................................................................... 33

2.7 Problema ............................................................................................................. 35

3. Objetivo geral ........................................................................................................ 35

3.1 Objetivos específicos .......................................................................................... 35

3.2 Justificativa .......................................................................................................... 36 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 40

4.1 JORNALISMO ..................................................................................................... 40

4.2 JORNALISMO E DOCUMENTÁRIO ................................................................... 41

4.3 DOCUMENTÁRIO ............................................................................................... 42

4.4 JORNALISMO POLÍTICO ................................................................................... 47

5. METODOLOGIA DA PESQUISA .......................................................................... 53

5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 53

5.2 PESQUISA DE CAMPO ...................................................................................... 54

5.3 PESQUISA EXPLORATÓRIA ............................................................................. 56

5.4 ANÁLISE QUESTIONÁRIO ................................................................................. 57

6. DELINEAMENTO DO PRODUTO ........................................................................ 58

6.1 FORMATO .......................................................................................................... 58

6.2 PERSONAGENS ................................................................................................. 59

6.3 FILMAGENS ........................................................................................................ 60

6.4 ESTRUTURA ...................................................................................................... 61

6.5 PÚBLICO ALVO .................................................................................................. 62

6.6 ORÇAMENTO ..................................................................................................... 62

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 65

ANEXOS ................................................................................................................... 72 

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1. INTRODUÇÃO Este projeto busca compreender de que forma o jornalismo através de um

videodocumentário, pode tornar pública as relações da IURD na política em Curitiba,

mostrando seu modo atuante na área, através da ligação com o vereador pastor

Valdemir Soares1. Tal relacionamento pode ser mostrado pelo acompanhamento dos

cultos e dos meios comunicacionais da igreja, desviando de questões como o

envolvimento em esquemas de corrupção, por não ser o foco do trabalho.

Para a contextualização do assunto, o tópico Delimitação do Tema

apresenta toda a história da Universal até os dias atuais, incluindo o perfil do

vereador, pastor representante da igreja em Curitiba. Com 35 anos de existência, a

IURD se desenvolveu de forma rápida, multiplicando suas igrejas e seus fiéis.

Comparada a grandes multinacionais, também alcançou o exterior, estando presente

em quatro continentes. Aliado à sua evolução como instituição está o seu poderio

midiático e político. A igreja possui redes de televisão, rádio, sites, portais, blogs,

jornais, revistas, e ainda conta com uma editora própria. No ramo político, foi capaz

de eleger vários candidatos com o apoio dos membros. Em alguns casos, depois

que a IURD retirou o apoio a determinados candidatos, a derrota deles nas próximas

eleições foi certa.

Tendo em vista a forte influência da igreja, que possui diversos

representantes na política, e os seus vários meios de comunicação, chega-se aos

problemas e aos objetivos da pesquisa. No próximo item está a justificativa, parte

em que se especifica os motivos de ter escolhido o suporte vídeodocumentário, o

vereador e a igreja Universal do Reino de Deus como tema.

Depois de contextualizado o assunto principal, em um segundo momento é

apresentado a fundamentação teórica, que proporciona uma melhor compreensão

dentro da pesquisa. Neste item, insere-se uma linha teórica de discussão, na qual

foram utilizados autores do meio político, como Martins (2005) e Weltman (2003).

Afunilando mais o assunto, o tópico apresenta ainda Nichols (2005), Ramos (2008) e

Zandonade e Fagundes (2012), autores que estudaram videodocumentários.

                                                            1 O candidato à reeleição como vereador pastor Valdemir Soares é o representante da Igreja Universal do Reino de Deus no legislativo municipal, e foi eleito com 12.725 mil votos, sendo o 3° mais votado.  

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Em um terceiro momento inclui-se ao projeto a metodologia da pesquisa,

tópico em que se explica o seu desenvolvimento e o processo para executá-la.

Neste projeto, elaborou-se um questionário com cinco perguntas feitas aos fiéis da

igreja, ao final do culto. O objetivo foi conhecer o que os membros pensam acerca

do envolvimento da igreja na política, e saber o que a instituição representa para

eles. (Apêndice A) 2.

O quarto item corresponde ao delineamento do produto, como foi produzido

e viabilizado. Trata-se do produto jornalístico final. O vídeodocumentário,

“mobilizador da sociedade”, segundo Zandonade e Fagundes (2003 p.11) é a parte

concreta e unificada de estudos e gravações, em busca de mostrar à sociedade, e

tornar pública a relação existente entre política e religião, através da representação

social da IURD.

                                                            2 Questionário disponível nos anexos deste trabalho.

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2. DELIMITAÇÃO DO TEMA

O delineamento do trabalho, composto por este item, apresenta assuntos

referentes à Igreja Universal do Reino de Deus, que contribui para uma maior

contextualização acerca da instituição. Em um primeiro momento, encontra-se uma

discussão sobre a política brasileira. Após, as relações entre a igreja e o meio

político e midiático também são retratadas. O perfil do vereador pastor Valdemir

Soares é apresentado pelo fato de ter sido ele o único vereador representante da

igreja, que foi candidato à reeleição este ano em Curitiba.

Tendo por base as 45 igrejas Universais na capital paranaense, tornou-se

possível mostrar a representação social da instituição durante a campanha eleitoral

de 2012. Com os questionamentos sobre as estreitas relações entre igreja, mídia e

política, chegou-se aos objetivos e problemas da pesquisa que veremos mais

adiante.

2.1 Democracia

Segundo o Dicionário de Política de Norberto Bobbio (2002, p. 319),

“democracia é o governo do povo, de todos os cidadãos, ou seja, de todos aqueles

que gozam dos direitos de cidadania, se distingue da monarquia, como governo de

um só, e da aristocracia, como Governo de poucos”.

No Brasil, de acordo com Luis Felipe Miguel 3(2004), três fatores foram

cruciais para a volta da democracia ao país: o fim da ditadura militar, a instauração

da nova Constituição de 1988 e a realização da primeira eleição direta para

presidência da República em 1989. O autor aponta a democracia brasileira como

representativa, já que, com igual poder de voto, todos os eleitores escolhem alguém

que deve representá-los no poder. Contudo, Miguel também atribui pontos negativos

a essa representação: o povo elege um governante e acaba por ser excluído das

tomadas de decisões do executivo. Assim, os eleitos pela população acabam por

não representá-la, o que gera a desigualdade política. Diante disso, a confiança das

pessoas nos políticos fica fragilizada, o que se reflete nas crescentes abstenções de                                                             3  Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/2005/07/08.shtml. Acesso: 26/05/2012 

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votos. Apesar de tantos pontos negativos, o autor confirma o avanço da democracia

no país: os cargos do executivo e do legislativo são preenchidos através das

eleições diretas; analfabetos e jovens de 16 anos têm o direito de votar e os três

poderes são independentes um do outro (MIGUEL, 2004).

Sobre esse assunto, Figueiredo e Figueiredo (1993, p. 16) atribuem ao

povo a “distribuição do poder e controle do seu exercício”. Segundo os autores, a

população é o centro do poder e só ela tem direito de dividir os poderes, dar força a

eles, escolher quem a representa e, principalmente, controlar tal poder.

2.2 Hierarquia política brasileira

O Brasil é uma República Federativa composta por 26 Estados mais o

Distrito Federal, sendo eles regidos pelos seguintes poderes: Executivo, Legislativo

e Judiciário. Althusser (1977) aponta como necessária a equivalência entre os

poderes, para que não haja perda da liberdade. Dessa forma, um poder deve regular

e limitar o outro. Na mesma linha de pensamento, Figueiredo e Figueiredo (1993)

também consideram o limite do poderio essencial para que a democracia se

estabeleça. Como tratamos do caso de um parlamentar durante o trabalho, convém

ressaltar a limitação desse poder: Do ponto de vista de sua função legislativa, o Parlamento é controlado por duas vias. Primeiro, o chefe de estado, seja ele um monarca ou presidente, tem o poder de veto ou de pedir reconsideração, isto é, que o Parlamento reveja a decisão tomada. Em grande parte dos países parlamentaristas, porém, não existe o poder de veto, mas apenas o pedido de reconsideração. Através do veto, o chefe de estado pode controlar abusos e interferir na substancia das decisões tomadas pelo legislativo. No entanto, o parlamento pode rejeitar o veto do presidente, sendo necessário para isso que no mínimo a maioria absoluta dos parlamentares vote a favor. Do ponto de vista do princípio da separação dos poderes, essa prerrogativa expressa a preponderância que deve ter o Congresso no que diz respeito à função legislativa (FIGUEIREDO; FIGUEIREDO, 1993, p. 53).

Segundo os autores, enquanto o poder executivo administra o país e o

judiciário “zela pela legalidade dos atos do executivo e do legislativo”, a esse último

cabe a função de representar a vontade do povo e criar leis que contribuam para o

bom desenvolvimento da sociedade (FIGUEIREDO; FIGUEIREDO, 1993, p. 21). É

de acordo com essas funções que chegamos até o vereador, que faz parte do poder

legislativo e por quem vamos nos valer em muitos momentos deste projeto. Além de

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legislar, desempenha as mesmas funções que os deputados perante o Executivo.

Mas, no caso deles, a fiscalização recai sobre o prefeito. O número de vereadores a

ocupar a Câmara Legislativa deve variar de acordo com o número de habitantes de

cada cidade. Apesar disso, foi definido pela Constituição Federal que uma cidade

deve ter no mínimo nove, e no máximo, 55 vereadores.

2.3 Vereadores em Curitiba

De acordo com o censo 2010 realizado pelo IBGE4, Curitiba possui

1.751.907 habitantes. Atualmente, ela conta com 38 vereadores na câmara da

capital. Devemos considerar que esse número deve aumentar de acordo com o

crescimento populacional da cidade.

Em 2012, as eleições foram para prefeitos e vereadores. Conforme veremos

adiante, a IURD conseguiu reeleger o seu próprio candidato, o vereador Valdemir

Soares do Partido Republicano Brasileiro (PRB) e deu apoio ao atual prefeito

Luciano Ducci, que não conseguiu a reeleição.

Diante desse quadro, convém abordar as características da IURD como

pertencente ao movimento neopentecostal, já que tais definições ajudam a

compreender o processo de crescimento da igreja e, até mesmo, o seu modo

atuante dentro de esferas como a política.

                                                            4 Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso: 25/04/2012.

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2.4 Neopentecostalismo

O neopentecostalismo é uma vertente do pentecostalismo, movimento

religioso5 que prega a crença nos dons do Espírito Santo, como o dom de falar em

línguas e a expulsão de demônios. Mariano (2005) divide o movimento pentecostal

em três ondas: a primeira onda, chamada pentecostalismo clássico, vai de 1910 a

1950, e tem como principais representantes a igreja Congregação Cristã e a

Assembleia de Deus. Contrárias à igreja Católica, acreditavam na volta de Jesus, na

salvação da alma e nos dons de falar em línguas. A segunda onda acreditava na

cura divina e inovou, passando a utilizar o rádio para tornar conhecida sua religião.

Iniciada nos anos 50, em São Paulo, originou novas denominações, como o Brasil

para Cristo, Casa da Benção e Deus é Amor. A segunda foi crucial para dar

notoriedade ao movimento. Já a terceira, mais conhecida como neopentecostalismo,

surgiu nos anos 70, mas ganhou força nos anos 80 e 90. Como representantes, a

Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Internacional da Graça de Deus.

Contudo, tratamos apenas da IURD, apontada como a principal desse movimento.

De acordo com Tavolaro (2007), a instituição utiliza vários elementos

durante as reuniões como a cruz, o candelabro e o óleo. Para a igreja, o Monte Sinai

e Israel são considerados lugares santos. Aberta de domingo a domingo, das 7 às

22 horas, a IURD realiza quatro cultos por dia. O autor ainda afirma que as

chamadas sessões de descarrego, cultos para expulsão de demônios do corpo das

pessoas, são as que mais atraem os fiéis e lotam os templos.

Jungblut (2005) também analisa a representatividade do bem e do mal para

a IURD:

A imagem desse ente maligno é invocada em quase todos os momentos em que os agentes dessa igreja referem-se aos concorrentes. A intenção é clara: associando os concorrentes ao diabo e denunciando a periculosidade de tal associação, fica mais fácil chamar para si a exclusividade da associação com o ente benigno que o combate, Deus. Esta disposição polarizada, Deus – nós - versus o diabo – os outros – é frequentemente manifestada nas palavras de seus pastores: a igreja Universal quer que vocês se tornem sócios de deus e não do demônio, como tem muita gente querendo aí fora nos terreiros (JUNGBLUT, 2005, p. 3).

                                                            5 Segundo Wilges (1986, p. 05), religião é “o conjunto de leis, crenças e ritos, que visa um poder que o homem, atualmente, considera Supremo, do qual se julga dependente, com o qual pode entrar em relação pessoal e do qual pode obter favores”.

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Ainda segundo o autor, a IURD não cobra de seus fiéis um determinado

comportamento. Em comparação às outras igrejas, ela é liberal. Contudo, o

alcoolismo, a prostituição e o homossexualismo, por exemplo, são repugnados pela

instituição, que afirma que tais comportamentos são oriundos de um poder maligno.

As reuniões da IURD para Jungblut (2005, p. 6), assemelham-se a “shows

de auditório”, já que nos cultos o pastor faz brincadeiras, pede às pessoas para que

dancem imitando seus gestos e “contam anedotas”.

Neopentecostalista, a IURD, apresenta dois traços do movimento

pentecostal: a crença no espírito santo e nos seus poderes (revelações, milagres,

batismo) e no demônio, como principal causador dos problemas que existem no

mundo.

O obreiro6 da IURD da sede regional do Bairro Alto, Thiago Luiz Dias, em

entrevista7 às autoras, explicou que, na igreja, cada dia da semana a reunião é

direcionada para um tema: domingo (família), segunda (vida financeira), terça

(milagre), quarta (busca do Espírito Santo), quinta (reunião das mulheres), sexta

(libertação) e sábado (vida sentimental).

Segundo Campos (2006), o pastor da IURD cuida de tudo que se refere ao

templo em que está, contando com o apoio do pastor auxiliar e uma equipe de

obreiros. É função do pastor da igreja também lotar os cultos, seja através da

organização de reuniões especiais ou por meio da evangelização nas ruas.

Na conquista dos fiéis, Jungblut (2005) caracteriza a igreja como forte

concorrente diante de outras instituições. Para isso, se utiliza da polaridade entre o

bem e o mal: ela como provinda do Espírito Santo, e outras denominações,

enganadoras. O mesmo discurso é usado na política segundo Oro (2003):

A consequência desse discurso é que para os fiéis iurdianos, votar não constitui apenas um ato cívico e de cidadania. Ele é também concebido como um ato que preenche um sentido quase religioso. Trata-se de um gesto de exorcismo do demônio que se encontra na política e de sua libertação para que ela seja ocupada por “pessoas tementes ao Senhor Jesus”, segundo a expressão do bispo Rodrigues. Não é por acaso que o slogan dos candidatos da IURD nas eleições de 98 foi “fé para mudar”, e que um dos lemas de campanha dizia: “conhecereis o seu voto e o seu voto vos libertará” (ORO, 2003, p.106).

                                                            6 O obreiro tem a finalidade de servir no reino de Deus. Nas igrejas é o auxiliar do pastor, e também é visto como uma autoridade espiritual. 7 Entrevista concedida no dia 14/04/2012 em Curitiba.

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Foi constatado pelas autoras, em gravação durante o culto no dia 17 de

abril, na IURD do bairro Cajuru, o discurso dos pastores dizendo que o povo deveria

votar em homens de Deus, como o candidato a reeleição, o vereador pastor

Valdemir Soares. Pode-se notar então, que essa característica neopentecostal da

IURD se reflete também em seu modo de atuar politicamente. Para eles, a época de

eleição é uma guerra, na qual o inimigo (concorrente político, visto pela igreja como

símbolo do mal por não pertencer a ela) deve ser derrotado. Discurso este que

esteve presente em todas as visitas feitas à igreja pelas autoras deste trabalho.

Com 35 anos de existência, a IURD alcançou proporções de crescimento

inigualáveis a qualquer outra denominação no mesmo período de tempo. Por isso,

cabe ressaltar o seu desenvolvimento tanto nacional, quanto internacional, não só

como instituição, mas como atuante nas esferas política e midiática.

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2.5 Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)

No dia 9 de julho de 1977, a igreja Universal do Reino de Deus foi fundada

pelo pastor Edir Macedo. Mas esse não foi o primeiro nome da igreja. Antes ela se

intitulava Casa da Bênção. Tavolaro (2007) explica que, no início, o bispo Edir

Macedo dirigia a igreja junto com o cunhado Romildo Ribeiro Soares, que, após dois

anos, por votação dos pastores, perdeu para ele o comando da igreja. Hoje, Soares

é líder da igreja Internacional da Graça. O segundo templo da IURD foi construído

em um terreno comprado no bairro Padre Miguel. Depois vieram as igrejas de

Grajaú, Campo Grande, Duque de Caxias e Nova Iguaçu na Baixada Fluminense.

Depois, o desenvolvimento foi rápido e, em 1980, já se espalhava por todo o Brasil.

Também nesse ano foi criado o primeiro templo no exterior, em Mount Vernon, Nova

York. O autor destaca o desenvolvimento no Brasil: “em oito anos, já havia 195

templos em catorze estados brasileiros e no Distrito Federal. Em média, 24 templos

por ano, dois a cada mês. Um a cada quinze dias” (TAVOLARO, 2007, p. 121).

Atualmente, é difícil contar o número de igrejas e fiéis pertencentes a IURD,

já que tais números sempre estão aumentando. O autor conta ainda que, até o

fechamento do seu livro “O Bispo”, existia 4748 templos, 9660 pastores só no Brasil

e 172 países de quatro continentes em que a instituição estava presente. Não há

como calcular o número exato de fiéis, mas estima-se que sejam aproximadamente

oito milhões.

Com características de expansionismo superior ao de multinacionais, como

a Philips Morris, presente em 160 países, e o MC Donald’s, em 118, a igreja alcança

vários setores de negócios, segundo Tavolaro: Um grande volume de negócios também gira em torno da igreja no Brasil. Construtoras, seguradoras, empresa de táxi aéreo, agências de turismo, mídia, consultorias. As empresas que orbitam em torno da Universal geram 22 mil empregos diretos e mais de 60 mil indiretos só no Brasil. O balanço não inclui pastores e bispos, que recebem a chamada “ajuda de custo” por obra voluntária. A igreja responde mensalmente por 8806 imóveis alugados, entre residências para pregadores e prédios usados para templos, o que a transforma em uma das maiores locatárias do país (TAVOLARO, 2007, p. 244).

A IURD conta com um bispo responsável em cada país e outro em cada

Estado, mas todo poder é centralizado em um pequeno grupo composto por bispos

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de confiança, sempre tendo Edir Macedo como responsável pela igreja. Para

atender todos os 172 países, o líder da IURD utiliza um jato Falcon 2000 Ex Easy.

Com o crescimento rápido nos anos 80 e com a obtenção de emissoras de televisão

e rádio, obreiros, pastores e bispos ocuparam funções em diversas áreas. Isso

porque a direção da igreja prefere colocar nesses cargos pessoas ligadas a ela.

Exemplos podem ser vistos, como o de Manoel Francisco da Silva, pastor que hoje é

controlador da Record Internacional nos Estados Unidos e Honorilton Gonçalves,

também pastor que comandou a Record no Brasil na década de 90 e até os dias

atuais é superintendente artístico na emissora.

Segundo o vereador Pastor Valdemir Soares (PRB)8, o mesmo acontece no

envolvimento da igreja com a política: “são escolhidos pastores confiáveis que

deixam o altar para se dedicar à política, mas sem se desligar da igreja”. Mesmo

com todo o controle da IURD, Campos (2006) questiona o seu crescimento:

Macedo mantém os leigos afastados da gestão dos bens simbólicos e materiais acumulados. A manipulação do capital simbólico acumulado está reservado a uma limitada oligarquia, o que certamente dificulta até mesmo o questionamento interno das diretrizes adotadas e das decisões sobre o destino desses bens. Por outro lado, o rígido controle estabelecido pelo líder carismático sobre o conjunto da organização poderá levá-la a uma perda do dinamismo e da flexibilidade, elementos indispensáveis a uma religião que procura colocar em primeiro lugar as necessidades de um mercado devidamente segmentado. Resta saber até quando o clima sociocultural estimulará o rápido crescimento de empreendimentos como o da igreja Universal do Reino de Deus, cuja mola mestra da expansão repousa em estratégias de comunicação e marketing (CAMPOS, 2006, p. 133).

Por outro lado, Tavolaro (2007) destaca a popularidade da IURD por realizar

grandes eventos e reunir milhões de pessoas. O primeiro deles foi feito no Ginásio

do Olaria Atlético Clube, no Rio de Janeiro. O bispo fez a reunião em cima de um

caixote. Outras concentrações aconteceram no Estádio do Bangu, conhecido como

Moça Bonita e no Maracanãzinho. Em 1987, um megaevento lotou vários estádios

do Brasil ao mesmo tempo, como o Morumbi (SP), Pacaembu (SP), Fonte Nova

(BA), Mineirão (BH), Pinheirão (PR) e Mané Garrincha (DF), por exemplo. Mas o

recorde de público foi atingido em 2004, quando 1,5 milhão de fiéis participaram do

evento no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. O autor ainda compara os

eventos da IURD com os da igreja Católica: enquanto na época ela reuniu 120 mil

                                                            8 Partido Republicano Brasileiro, criado em 2003, mas seu registro definitivo consta a data de 2005,

segundo informações obtidas pelo site do partido. 

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através de doações pelo link. Até a metade do mês de outubro, 38% da obra já havia

sido concluída. Serão 28 mil metros quadrados na Avenida Celso Garcia, no Bairro

do Brás, na cidade de São Paulo; e 74 mil metros quadrados de área construída. O

prédio da frente terá sete metros abaixo do solo e 55 metros de altura. Nos dois

subsolos, 1200 vagas de estacionamento. O local terá também 36 escolas bíblicas

que irão comportar 1300 crianças e haverá espaço para estúdios de TV e rádio.

Segundo entrevista de Edir Macedo, postada no referido site, o projeto irá trazer a fé

judaica e reavivar a evangélica.

Já o site Gospel Prime10 mostra que o projeto terá espaço para apartamentos que serão usados pelos líderes da instituição. O luxo poderá ser percebido nos 740 metros quadrados com academia, jardim interno, suítes com hidromassagem, churrasqueira, sauna e jacuzzi.

Para alguns estudiosos, a motivação para a construção dos grandes templos é a afirmação de cada uma das igrejas ante as demais. Ricardo Bitun, professor de ciências da religião da Universidade Mackenzie, entende que, quando uma igreja constrói um megatemplo, de forma simbólica está provando que não é um movimento religioso efêmero. “É uma mostra de que tem raízes fortes e que veio para ficar, um marketing tremendo” (SITE GOSPEL PRIME, 2011, dez).

Mafra (2011, n. p)11 analisa a questão de outra forma. Para ela, a cúpula iurdiana não está preocupada com qualquer estabelecimento da relação com o passado, já que o templo será construído nos moldes antigos. A autora afirma que o objetivo da construção “propõe outro entendimento do cristianismo, segundo o qual, na longa narrativa judaico-cristã, Roma e Europa seriam largamente ignoradas. Com o templo, uma linha espaço-temporal cruzará o Mediterrâneo e o Atlântico, ligando Israel ao Brás, sem desvio em terras europeias”. Outra grande obra da IURD será iniciada em Curitiba. Adquirido pela IURD

em 2012, a antiga fábrica da Matte Leão foi demolida para dar lugar ao novo

Cenáculo do Espírito Santo (Figura 2).

                                                            10Disponível em: http://noticias.gospelprime.com.br/megatemplos-catolicos-e-evangelicos-do-brasil-

são destaque-na-revista-epoca/#ixzz1uHcnPxgw. Acesso em: 15/04/2012. 11 Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-93132011000300005&script=sci_arttext Acesso em 21/04/2012

 

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2.5.2 IURD e mídia

Conforme Santana (2005), a IURD é a grande incentivadora do interesse da

sociedade pela relação entre evangélicos13 e mídia. O crescimento dessa igreja e

suas posturas políticas e midiáticas são fatores que impulsionaram os estudos sobre

esta instituição religiosa. Além disso, dados como os do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), acirraram as pesquisas pelo fato de mostrarem o

crescimento gradual dos evangélicos e a diminuição de católicos.

Uma expressiva redução de católicos apostólicos romanos de 95% para 73,6% da população no período 1940/2000. Enquanto isso, os evangélicos cresceram de 2,6% para 15,4%. O estudo demonstra que, em 1940, 98,9% dos moradores do Nordeste eram católicos e no Censo de 2000, a região também manteve-se com a maior proporção de católicos (79,9%). Em relação aos evangélicos, o Sul apresentava o maior percentual regional (8,9%), enquanto em 2000 esta liderança foi ocupada pela região Norte (19,8%). Entre os estados, Rondônia apresentou um aumento extraordinário entre os evangélicos, no período 1940/2000, chegando a 27,2% da população total. A perda de integrantes católicos no estado também impressiona: -39,8%. Piauí manteve-se como o estado com o maior percentual de católicos entre a década de 40 (99,6%) e o ano 2000 (89,8%) (IBGE)14.

Para Santana (2005), outro quesito relevante para entender mídia e religião

é o fato da televisão ter se transformado em um grande veículo de comunicação de

massa. Diversos segmentos da sociedade buscam estudar a ligação entre o

crescimento das igrejas e o uso de suas mídias, o favorecimento de um através do

outro. Mas foi em 1940, pela igreja Adventista, que se pode notar essa relação. Foi

ela quem conseguiu o primeiro programa de rádio em nível nacional, seguida pela

Assembleia de Deus, a igreja do Evangelho Quadrangular, o Brasil Para Cristo e a

Deus É Amor. Na década de 60, apareceram os primeiros programas evangélicos

televisivos. A Nova Vida, tendo por representante o missionário Robert McAlister, foi

a primeira com características pentecostais a fazer seu programa na TV Tupi, Rio de

Janeiro. Desde então, várias denominações conquistaram espaços em rádio e TVs.

Mas foi a IURD, em 1989, que se tornou dona de uma emissora de televisão: a Rede

Record.

                                                            13 Segundo o dicionário Aurélio, entende-se por evangélico, pessoas pertencentes a certos grupos

religiosos não ligados ao protestantismo histórico, e que afirmam seguir os evangelhos com rigor. 14 Disponível em: http://www.ibge.com.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=892. 

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Tavolaro (2007) aborda todo o caso da compra da Rede Record. Nas

primeiras negociações, Edir Macedo enviou o pastor e ex-deputado federal Laprovita

Vieira, para negociar a compra. Ele achava que se aparecesse como o principal

interessado, negariam a venda. Outros grupos também entraram na disputa pela

emissora: Grupo Televisa, Grupo Abril, Jornal do Brasil, o empresário Eduardo Alves

da Silva e o ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia. De acordo com o autor,

os então donos da Record, Silvio Santos e a família Machado de Carvalho

pretendiam vendê-la porque a falência já era prevista. O faturamento anual da

emissora era de 2,5 milhões de dólares. Já as despesas somavam 20 milhões de

dólares.

As propostas do pastor Laprovita Vieira agradaram aos donos da TV. O

bispo teve que desembolsar, então, sete milhões de dólares como um sinal da

compra. E, dentro de 45 dias, outros sete milhões deveriam ser pagos. Mas, no

acerto da segunda parcela da entrada, não havia dinheiro suficiente para fazer o

pagamento. Sendo assim, Laprovita e Edir Macedo se reuniram com os donos para

pedir o reparcelamento da dívida. Foi nesse dia que, irritado, o líder da IURD se

apresentou como o real interessado na compra. Sabendo disso, Silvio Santos tentou

voltar atrás, mas não conseguiu, pois estava preso ao contrato e ao sinal de entrada.

O medo dele era de que transformassem a televisão em uma igreja eletrônica

(exclusiva de conteúdo religioso) e ganhassem audiência.

Ao comprar a Record, segundo Tavolaro (2007), o valor da dívida assumida

pelo bispo foi de 45 milhões de dólares. Contudo, em 1992, a conta já havia sido

quitada. Até o fim da década de 80, o patrimônio da emissora era um prédio de oito

mil metros quadrados com, aproximadamente, 700 funcionários. Além disso,

ocupava os últimos lugares no ranking de audiência. Em maio de 2007, o autor

destaca o seu crescimento:

(...) o complexo de produção da Record tem 48 mil metros quadrados apenas em São Paulo. No Rio, no Rec Nov, área exclusiva de teledramaturgia, mais 31 mil metros construídos em um terreno de 200 mil metros quadrados. Seis mil funcionários em todo o país produzem 85 horas de conteúdo nacional. A cobertura em 98% do país é feita por 99 emissoras, entre próprias e afiliadas. O sinal internacional chega a 125 paises de quatro continentes. É segunda televisão mais assistida do Brasil. E, segundo analistas de mercado, vale atualmente 2 bilhões de dólares (TAVOLARO, 2007, p. 161).

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Apesar de a televisão ser um grande meio de comunicação de interesse de

várias denominações, Santana (2005, p. 59) aponta o rádio como principal veículo

utilizado pelas instituições. Segundo o autor, “é ainda através do rádio que os

evangélicos se inserem na comunicação de massa do Brasil. O rádio é a mídia de

maior alcance de público. Pelo tipo de linguagem utilizada, pelo seu poder de

mobilização e divulgação de posições e informações”.

De acordo com Proença (2005), sabendo da necessidade de meios de

comunicação para atrair os fiéis aos templos, o bispo, em 1984, adquiriu a rádio

Copacabana Rio. Porém, como mostra Tavolaro (2007), em 1979, ele já havia

conseguido 15 minutos na programação da Rádio Metropolitana, Rio de Janeiro.

Depois, o tempo aumentou para 40 minutos com o programa O Despertar da Fé.

Outros horários em outras emissoras como a rádio Record, antiga Ipanema, também

foram adquiridos. O autor responsabiliza a igreja Universal do Reino de Deus por ser

a propulsora da estreita relação entre mídia e religião, pela grande atuação neste

setor.

Já Rocha (2006) destaca que o patrimônio da IURD no fim da década de 90

era composto por 38 emissoras de rádio (AM/FM) e televisão. Atualmente, conta

com jornais, revistas, portais, uma gravadora gospel e uma editora de materiais

cristãos (livros, jornais, revistas). Para o autor:

A extensão dos negócios de Edir Macedo talvez faça dele o mais poderoso empresário de comunicação social do Brasil, já que seu holding tem mais emissoras de TV próprias do que afiliadas no território nacional (ROCHA, 2006, p.8).

Segundo Tavolaro (2007, p. 155), o receio de Silvio Santos, na época da

venda da Record, tinha razões futurológicas. O autor descreve uma das falas de

Silvio: “Esses caras vão transformar a Record em uma igreja eletrônica e vão tomar

dois pontos da minha audiência lá na frente”.

Confirmando as probabilidades consideradas pelo apresentador, Ribeiro e

Pinto (2007), afirmam que desde a compra da Record pelo bispo, a emissora

apresentou “características da igreja eletrônica”. Quando a televisão surgiu, várias

denominações passaram a utilizá-la para divulgar sua fé e torná-la conhecida. O

pastor Billy Graham, pregador batista norte americano, foi quem deu início aos

cultos eletrônicos que, depois, se difundiram pelo mundo.

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Já nos anos sessenta, algumas igrejas evangélicas começaram a adquirir suas próprias redes de televisão, visto que notaram o quanto era rentável para o aumento de sua popularidade. A característica mais evidente que diferencia a igreja eletrônica são os líderes carismáticos (televangelistas), que na maior parte das vezes acabam sendo considerados verdadeiros astros pelos fiéis. A transmissão da Igreja Eletrônica representa uma realidade cultural em particular, representa um jogo específico de símbolos e valores para seus telespectadores (RIBEIRO; PINTO, 2007, p. 4).

Ainda conforme os autores, a forma como as religiões tratam dos problemas

pessoais dos telespectadores e o avivamento da fé e da esperança são fatores

primordiais para o crescimento desse tipo de programação. Para quem assiste, é

como se realmente estivesse na igreja participando do culto. Atos como colocar um

copo de água na frente do televisor para que o pastor abençoe e depois a pessoa

venha a tomar, são características que conquistam o público.

No Brasil, a Igreja eletrônica se expandiu em 1992, porém há apenas duas

instituições que mais apresentam semelhança a esse formato: a IURD e a Rede

Vida, da religião católica.

O jornal Folha Universal, de 26 de fevereiro de 2012, divulgou uma pesquisa

que detalha o aumento de 10% na audiência da Record durante o horário de

transmissão dos programas da IURD. O destaque é o Programa Fala que Eu te

Escuto, produzido no Rio de Janeiro e São Paulo, apresentado pelos bispos

Clodomir Santos e Adilson Silva. O quadro alcança durante a madrugada nove

pontos de audiência, o que equivale a 522 mil residências assistindo a programação.

Durante toda a madrugada, uma equipe de pastores fica de plantão atendendo aos telefonemas tanto para direcionar ao programa Fala que Eu te Escuto, como para prestar orientações aos que ligam de todas as partes do pais. É também durante as madrugadas que centenas de milhares de pessoas estão à beira do desespero, muitas vezes solitárias, envolvidas com os problemas, sofrendo de insônia, outras vezes alcoolizadas, drogadas com a família desestruturada, inclusive projetando acabar com a própria vida. Neste momento, ao telefone ou pela TV, eles recebem orações e são orientados a buscar ajuda em um dos templos da IURD (FOLHA UNIVERSAL, 2012).

De acordo com Tavolaro (2007, p. 238), entre os meios de comunicação da

IURD está a revista Plenitude que possui uma “tiragem mensal de 250 mil

exemplares”. Os assuntos giram em torno de comportamento, relações no trabalho,

autoestima e crises profissionais. Assim como o jornal Folha Universal, na revista “o

fator político comercial é uma das características latentes da manutenção dos

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veículos da IURD”. Rocha (2006) destaca um relato do jornalista Rodrigo Fernandes

que trabalhou na revista.

Eu fiz muitas matérias de interesse político, que eram manipuladas de forma brutal. Alguns políticos são da própria igreja como o vereador bispo Marcelo Crivella, o deputado bispo Léo Vivas e o vice-presidente da república José Alencar. Eu sempre fiz as matérias que eles mandavam, é claro que direcionava de acordo com a vontade deles. Lá se segue [sic] os ideais do bispo Edir Macedo, se faz tudo para agradá-lo, o que Léo manda é lei, todos tem que se esquematizar em suas estratégias (ROCHA, 2006, p. 10-11).

Conforme cita Ribeiro e Pinto (2007), o maior portal evangélico da América

Latina, o Arca Universal, criado em 2001, é feito para evangélicos que querem se

inteirar do “mundo iurdiano”. Além de informações sobre a igreja, há notícias

nacionais e internacionais. Conforme Rocha (2006, p. 14), a Arca Universal nasceu

junto com outros portais como o UOl e a Globo.com. “O objetivo do portal era criar

uma central única de entretenimento e jornalismo para os fiéis”.

Tavolaro (2007) também conta que a instituição possui um dos parques

gráficos mais modernos do Brasil: a Universal Produções. Conforme o site Gospel

Mais15, em todos os países onde a IURD está presente, as pessoas podem acessar

a IURD TV, que conta com a programação da igreja durante 24 horas.

O bispo Edir Macedo também utiliza um blog, que foi criado em 2008,

segundo Sanchotene (2011, p. 4), no qual ele divulga mensagens bíblicas aos fiéis.

Segundo o site Folha Universal,16 o blog do bispo recebe 100 mil visitas por dia.

A IURD possui três jornais nacionais: o Hoje em Dia (MG), Correio do Povo

(RS) e o Folha Universal. Contudo, abordamos apenas o último por ser o de maior

alcance à população, tendo em vista sua distribuição em todo o Brasil e em alguns

países do exterior.

Segundo Ribeiro e Pinto (2007), o jornal Folha Universal, criado em 1992,

tem uma tiragem média de dois milhões de exemplares por semana. Sua

distribuição é gratuita, sendo mantida pela IURD. Os autores apontam o jornal como

um meio para engrandecer a própria igreja, mas também destacam a boa qualidade

do material quanto às matérias, a diagramação e a ilustração (quase toda colorida).

Diferentemente de outros jornais, divide-se em dois cadernos: o primeiro anuncia o                                                             15 Disponível em: http://noticias.gospelmais.com.br/igreja-universal-reino-deus-completa-34-anos

existencia21860.html. Acesso em: 12/02/2012. 16 Disponível em: http://www.folhauniversal.com.br/capaiurd/noticias/entre_doutores-5791.html.

Acesso em: 01/04/2012.  

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surgimento de novas igrejas, testemunhos de vida, textos escritos pelo bispo Edir

Macedo e outras notícias voltadas à IURD. O segundo caderno, é voltado a

problemas sociais e políticos.

Outro ponto forte da Folha Universal é a coluna dedicada a opinião do leitor. Desta forma o veiculo demonstra abertura a participação do público, o que aumenta ainda mais sua credibilidade. No entanto, o que mais emociona os fiéis é poder acompanhar os artigos assinados pelo bispo Edir Macedo e outros líderes da igreja, como o bispo Marcelo Crivella. Os fiéis acreditam ter através da Folha Universal um meio para escutar o divino, já que os seus líderes carismáticos são vistos como pessoas a serviço de Deus (RIBEIRO, PINTO, 2007, p. 6).

Conforme Proença (2005, p. 5), o jornal confeccionado em quatro cores

chega às igrejas aos sábados e é distribuído aos domingos. Mas “também pode ser

acessado pelo site da IURD. Além disso, há um acervo atualizado do respectivo

jornal no Centro de Documentação e Pesquisa em História - CDPH da Faculdade

Teológica Sul Americana, em Londrina, Paraná”.

Já para Rocha (2006), a linha editorial da Folha Universal é tendenciosa. A

autora destaca uma entrevista com um dos ex-programadores do jornal:

[...] a Folha Universal parecia ser um jornal normal. Os três primeiros meses em que trabalhei lá foram bem tranquilos; mas com a proximidade da política e por eles terem os candidatos deles, em tese, a situação começou a mudar porque a pressão sobre a Folha começou a ser muito pesada. A gente, profissionais de comunicação, começou a ser muito visado porque tinha que ficar dando matérias como meio de atacar os outros (ROCHA, 2006, p. 11).

Os meios de comunicação da IURD ajudam a divulgar seus interesses

políticos. Não é somente em cima do altar que os pastores pedem votos aos fiéis

para os seus representantes ou aliados, como foi gravado pelas autoras17, situação

em que o pastor Márcio Diniz explicou aos membros da igreja a necessidade de

votarem em pessoas escolhidas por Deus. Na ocasião, os pedidos de voto foram ao

candidato à reeleição, como vereador, o pastor Valdemir Soares, e ao candidato à

reeleição da prefeitura de Curitiba, Luciano Ducci. A instituição desenvolve um forte

trabalho nas redes sociais e demonstra seu posicionamento político através dos

seus meios de comunicação, como jornais e programas de rádio e TV. Um exemplo

é a programação do dia 6 de outubro da IURDTV, durante o programa Obreiros Em                                                             17 Gravação realizada no dia 17/04/2012, na IURD regional do Bairro Alto, em Curitiba.

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Foco. O bispo Sérgio Correia, responsável pela IURD no Brasil, orientou os fiéis a

votarem nos candidatos da igreja de suas respectivas cidades, porque, segundo ele,

dessa forma eles estariam votando no Senhor Jesus. Outro exemplo é o jornal Folha

Universal18 do dia 02/09/2012, no qual a igreja ataca o jornal Folha de São Paulo e

critica o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) da cidade. O pastor Carlos

Oliveira, comenta uma publicação de capa do jornal Folha de São Paulo, do dia 20

de agosto de 2012, que tinha a seguinte chamada: “Russomano é o Davi que

perderá para dois Golias”. Assim como em Curitiba a IURD apoia o candidato a

reeleição Luciano Ducci, em São Paulo Celso Russomanno é o apoiado. No jornal

Folha Universal, do dia 2 de setembro de 2012, o pastor responde:

O jornal “Folha de São Paulo” parece ter se definido partidariamente, ao menos para as eleições municipais de outubro próximo, ao fazer clara oposição aos não tucanos, além de sinalizar ou reafirmar seu historicamente conhecido perfil de intolerância religiosa. Ébrio! Que o jornal “Folha de São Paulo”, pelo menos agora, não seja mais inábil do que já foi e tem sido. Ainda que se trate de um artigo de opinião, ao postá-lo em sua capa, a “Folha” o fez para tentar desclassificar o candidato Celso Russomanno, além de mais uma vez buscar afrontar não só os evangélicos, católicos, mas os cristãos e religiosos de modo geral. (FOLHA UNIVERSAL, 2012).

Dos seis jornais da Folha Universal publicados entre o período de 26 de

agosto de 2012, até 30 de setembro do mesmo ano, em quatro deles o apoio pelo

candidato Celso Russomanno foi bem claro, aparecendo em partes de destaque do

jornal, inclusive uma delas, matéria de capa.

                                                            18http://www.folhauniversal.com.br/nacional/politicaefe/noticias/o_cristao_e_a_cidadania_folha_de_s_paulo_tem_bico_de_tucano-14343.html. Acesso em: 15/10/2012.

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2.5.3 IURD e política

Oro (2003, p. 97) atribui o sucesso eleitoral da IURD “à sua forma de

organização eclesial carismática e centralizadora e à sua capacidade de trazer para

o campo político importantes elementos práticos e simbólicos do campo religioso”. O

autor continua dizendo que, na IURD, não são os candidatos quem optam por

obterem cargos políticos. A escolha compete à igreja. Ela seleciona os pastores, e

não há importância em ser muito ou pouco conhecido. Quem apresentar o perfil

exigido pela igreja (bom caráter, sem interesses pessoais, sem vaidades, egoísmos)

é apoiado por ela. Os candidatos, na posição de servos de Deus, só obedecem. O

pastor escolhido, então, passa a representá-la. E, ainda segundo o autor, “o possível

carisma pessoal dos candidatos a cargos políticos egressos da igreja fica

subordinado ao carisma institucional da própria igreja” (ORO, 2003, p. 97). Os

pastores eleitos, segundo o pastor Márcio Diniz, não são donos de seus próprios

mandatos, ficando sujeitos às ordens e aos interesses da instituição. Contudo, a

IURD se utiliza de procedimentos para lançar uma candidatura, como explica Oro

(2003): (...) realiza antes das eleições uma espécie de “recenseamento” de seus membros/fiéis para descobrir seus dados eleitorais. Tais dados são apresentados aos bispos regionais, que por sua vez, os transmitem ao bispo Rodrigues. Juntos deliberam quantos candidatos devem lançar em cada município ou estado, dependendo do tipo de eleição, do quociente eleitoral dos partidos e do número de leitores recenseados pelas igrejas locais. Lançados os candidatos, usam os cultos, as concentrações massivas e a mídia própria (televisão, rádio, jornal) para fazer publicidade dos mesmos (ORO, 2003, p. 100).

Alguns candidatos são apoiados pela IURD, mas por motivos de falta de

submissão a ela, tem esse apoio retirado. Ainda segundo o autor, todos esses

candidatos foram derrotados em suas próximas candidaturas. “É o caso do pastor

Paulo Moreira, que em 1998 concorreu a deputado estadual no Rio Grande do Sul e

com o apoio da igreja foi eleito com 60.474 votos. Nas eleições de 2002, quando não

contou mais com tal apoio, obteve apenas 2.464 votos” (ORO, 2003, p. 103).

Contudo, os casos de derrota nas eleições também acontecem. Um deles foi

a eleição de 2002 para deputado federal e estadual, em que três candidatos da

IURD participaram da campanha, mas apenas dois conseguiram se eleger. O

motivo da derrota do pastor Dalton Duarte foi déficit da legenda, apesar de ter sido o

mais votado do Partido Liberal (PL).

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A primeira grande participação da IURD na política foi em 1986 na eleição

de um deputado federal. Em 1990, elegeu três federais e seis estaduais. Em 1994,

seis federais e oito estaduais. Em 1998, elegeu 26 estaduais de 18 estados do Brasil

e 17 federais. Oro (2003 p. 99) diz que, em 2000 foram eleitos “dezenas de

vereadores em todos os Estados do país e, em 2002, elegeram 16 federais e 19

estaduais”. Nunes (2006) aponta a IURD como pluripartidária:

A IURD é pluripartidária, estando os políticos iurdianos espalhados pelos vários partidos. Recentemente, o PRB vem se tornando o partido que mais atrai os iurdianos, ainda mais depois que lançou a candidatura do senador Marcelo Crivella, bispo da Universal, para governador do Rio de Janeiro. Contudo, continua prevalecendo o pluripartidarismo. Possui uma rígida e vertical hierarquia. No topo está o intocável Edir Macedo, que estabeleceu as diretrizes principais e a quem todos devem obedecer (NUNES, 2006, p. 129).

O principal coordenador político da IURD no Brasil, de 1996 até 2005, era o

bispo Rodrigues. Era ele quem definia as diretrizes e estabelecia quais decisões

seriam tomadas nas eleições em todo o país. Segundo Conrado (2000), nenhum dos

parlamentares iurdianos esteve envolvidos em esquemas de corrupção no meio

político, mas na contramão deste argumento, Nunes (2006) confirma o

envolvimento:

Alguns políticos iurdianos, aqueles que deveriam estabelecer uma nova ética na política brasileira, envolveram-se em escândalos de corrupção. O melhor exemplo é o caso do deputado federal Carlos Rodrigues, mais conhecido como bispo Rodrigues (PL-RJ). Bispo Rodrigues foi um dos fundadores da igreja Universal e, durante muito tempo seu coordenador político e principal líder da igreja no congresso, alcançando dentro da IURD grande poder e influência. Em 2005, envolveu-se no “esquema do mensalão”, de Marcos Valério, sendo acusado de receber 400 mil reais (NUNES, 2006. p. 130).

Desde então, o bispo Marcelo Crivella é o ícone político maior da IURD no

Brasil, sendo que, em 2012, a presidente Dilma Roussef declarou-o Ministro da

Pesca. Nunes define a mobilização como a principal estratégia da IURD para a

eleição de seus candidatos, que sempre contam com o apoio dos meios de

comunicação.

O autor destaca ainda um trecho de uma matéria da Folha de São Paulo,

veiculada em dois de outubro de 2006, que especifica essa relação entre

mobilização e mídia.

.

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O principal templo da igreja Universal foi transformado (...) em palanque eleitoral de Marcelo Crivella, candidato do PRB ao governo do Rio de Janeiro. Na Catedral Mundial da Fé, o bispo Romualdo Panceiro ignorou a lei eleitoral que proíbe a propaganda política em templos religiosos e pediu votos dos fiéis para Crivella e para os candidatos a deputados ligados a igreja. (...) No término do culto, assistido por mais de 10 mil pessoas e transmitido ao vivo pela rede Aleluia de rádio, Panceiro discursou em favor de Crivella. (...) Panceiro foi cuidadoso ao fazer seu discurso, pediu que a transmissão na rádio fosse cortada e só começou a agir explicitamente como cabo eleitoral após receber a confirmação que suas declarações não eram veiculadas” (NUNES, 2006 p. 130).

Através de seus meios de comunicação, a IURD também incentiva os fiéis a

participar politicamente votando nos candidatos apresentados pela igreja. Nunes

(2006) destaca, em seu artigo, um trecho retirado do jornal Folha Universal de

fevereiro de 2006:

(...) O povo de Deus tem que ficar atento nas próximas eleições, escolhendo os melhores candidatos. Se ficarmos indiferentes à política e não lutarmos pelos nossos direitos, os corruptos entrarão novamente [...]. Sabemos das perseguições que a igreja do senhor Jesus enfrenta, por isso, temos que votar em homens e mulheres de Deus para deputado federal, estadual e governador. [...] Quando tomamos atitudes com sabedoria e votamos em candidatos ungidos com o Espírito Santo, com certeza, a história da política brasileira será outra (NUNES, 2006, p. 131).

Além das estratégias usadas nos meios comunicacionais para eleger um

candidato, a IURD trabalha de outras formas para conquistar votos: uma delas é

incentivando os jovens da igreja que tem 16 anos a fazerem o título, dizendo que se

fizerem estarão exercendo seus direitos, e também contribuindo para colocar no

poder legislativo municipal, um homem de Deus.

Segundo a obreira da IURD do Bairro Alto que também não quis se

identificar, Vera Marques, em entrevista gravada às autoras19, as lideranças das

igrejas também fazem reuniões com obreiros e evangelistas todos os domingos

após o culto com os fiéis, cada qual em sua respectiva região. Em uma reunião no

dia 29 de abril, o pastor Douglas Meleu pediu para que todos que não votassem em

Curitiba transferissem seus títulos para a capital, para dar apoio ao pastor Valdemir

Soares, candidato à reeleição como vereador representante da IURD. Quem não o

fizesse, segundo Vera, teria sérios problemas com a direção da igreja. Vera votava

em Colombo, mas na eleição de 2012, em função da ordem, transferiu o título e

votou na capital.

                                                            19 Entrevista cedida às autoras no dia 29/04/2012.

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Outro trabalho desenvolvido pela igreja Universal do Reino de Deus é a

chamada “Gincana de Grupos”: os obreiros, evangelistas e os jovens da igreja são

divididos em vários grupos. A competição é composta por duas etapas: o trabalho

espiritual que consiste em trazer pessoas novas para a igreja, e o trabalho político,

no qual, cada rua adotada para divulgação do candidato pastor Valdemir Soares

vale 500 pontos. No final da competição que foi até o dia 7 de outubro de 2012,

quem tivesse entregado santinhos em mais ruas, ganharia quatro ingressos no

cinema e um vale churrascaria. (Apêndice A)20.

A outra parte da gincana denominava-se “Multiplicadores de Votos”: a cada

30 pessoas que o membro da equipe conquistasse o voto para o pastor Valdemir

Soares, ganhava cinco mil pontos. Mas teria que ter na lista o nome e o telefone do

eleitor, que serviria para um trabalho posterior do próprio pastor, quando ele ligaria

para os contatos reconfirmando o voto. O mesmo procedimento era feito com os

emails dos eleitores. (Apêndice A)21.

Segundo Tavolaro (2007), Edir Macedo tem um vasto contato com

representantes políticos.

Hoje, o bispo Macedo é respeitado entre os parlamentares e demais autoridades políticas. Não apenas pela expressividade dos políticos da igreja, mas, sobretudo, pela robustez dos milhões de votos que carrega consigo. A maior liderança evangélica do país passou a ser tratada, de alguns anos pra cá, com mais atenção pelos governantes. Ter Edir Macedo como inimigo nunca foi um bom negócio para quem depende do apoio das classes mais populares para se manter no poder (TAVOLARO, 2007, p. 217).

Em vista deste reconhecimento de Edir Macedo como líder político, o

presente projeto deve tornar conhecidas as relações da IURD na política em

Curitiba, mostrando seu modo atuante na área, através da ligação com o vereador

pastor Valdemir Soares.

                                                            20 O material da Gincana de Grupos está disponível nos anexos deste trabalho.

21 O material dos Multiplicadores de Votos está disponível nos anexos deste trabalho.  

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2.6 Pastor Valdemir Soares

Através do site da Câmara Municipal de Curitiba22, traçamos um perfil sobre

a vida e carreira do candidato a vereador Valdemir Soares, que nasceu na cidade do

Rio de Janeiro em 1972. Casado com Alessandra Soares e pai de Lucas Soares,

vive em Curitiba desde 1993. Atuou como conferencista evangélico, apresentador e

radialista. Entre suas principais atuações no Estado do Paraná está o trabalho de

ressocialização de jovens e dependentes químicos, que culminou com o movimento

“Curitiba Te Quero Sem Drogas”. Como radialista, apresentou diversos programas

em emissoras paranaenses, entre elas a Rádio Ativa (Toledo–PR), Rádio Atalaia

(Londrina-PR) e Rádio Gospel FM, de Curitiba. Na televisão, esteve à frente da

Rede Record, Bandeirantes e CNT. Além disso, é pastor licenciado da igreja

Universal do Reino de Deus.

Em sua carreira política, já comandou a Associação Beneficente Cristã

(ABC) e a Companhia popular de habitação de Curitiba (COHAB). Como

parlamentar, obteve 20 projetos de lei aprovados, dentre eles, “a Lei Fé, que

regulamenta a assistência social religiosa em unidades de internação coletiva e

hospitais e a Lei Respeito ao Deficiente - que obriga os shoppings e hipermercados

a disponibilizar cadeiras de rodas para portadores de deficiências físicas”.

De acordo com informação do site, o vereador foi eleito pela primeira vez em

2000, quando alcançou 10.698 votos. Valdemir Soares conseguiu a reeleição em

2004 e em 2008, época em que atingiu o recorde de 14.186 votos. Nas eleições

deste ano, o legislador esteve entre os três vereadores mais votados da cidade de

Curitiba, com 12.725 votos válidos. (Figura 3.)

                                                            22 Disponível em: http://www.cmc.pr.gov.br/ Site da Câmara de Curitiba. Acessado em: 18/03/2012.

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  344

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2.7 Problema

Com as informações sobre a IURD e o candidato pastor Valdemir Soares

apresentadas, chegou-se ao problema do projeto: de que forma um

videodocumentário jornalístico pode tornar público o modo de atuação da IURD na

política em Curitiba, através da campanha do pastor Valdemir Soares nas eleições

de 2012?

3. Objetivo geral

Tornar pública as relações da IURD na política em Curitiba, mostrando seu

modo atuante na área através da ligação com o vereador pastor Valdemir Soares.

3.1 Objetivos específicos

a. Disponibilizar um videodocumentário jornalístico sobre a participação da IURD

nas eleições 2012;

b. Investigar como a IURD utiliza a mídia nas campanhas eleitorais;

c. Informar jornalisticamente o público sobre a relação IURD – Política.

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3.2 Justificativa

A escolha pela IURD tem por motivos as bases numéricas: além de

conseguir atrair milhões de pessoas (tendo, aproximadamente oito milhões de fiéis

no Brasil), possui mais de cinco mil templos, está presente em 172 países, e obtém

emissoras de rádio, TV, sites e portais na internet. Mesmo sendo acusada de

esquemas de corrupção, o desenvolvimento da IURD é notável e acelerado. Não

convém a este trabalho abordar assuntos referentes a acusações contra a igreja,

mas sim, focar na sua relação com a política, já que conta com vários

representantes tanto no Poder Legislativo, quanto no Executivo. Alguns são pastores

da própria instituição; outros provêm de apoios mútuos.

As eleições de 2012 para vereadores e prefeitos possibilitou a realização do

trabalho. O contato e a aceitação do vereador pastor Valdemir Soares, escolhido por

ser o único representante da IURD como vereador de Curitiba, em deixar ser

acompanhado durante a sua campanha eleitoral, também viabilizaram o projeto. O

acompanhamento, nesse caso, pode ser feito apenas nos movimentos fora da igreja,

já que o pastor ele não concordou com as gravações dentro da instituição. Optou-se

por retratar religião e política, justamente pelo fato da opinião pública dizer que

essas duas temáticas não se misturam.

De acordo com Silva (2005), vários são os contextos históricos em que se

torna perceptível o enlace entre política e religião. Casos como os conflitos entre

Parlamento e a Coroa Inglesa no século XVII, protestantes e católicos na Irlanda e

palestinos e israelenses no Oriente Médio, são sinais dessa relação. E, apesar da

opinião pública, o questionamento sobre elas é inevitável. Para Freston (2006, p.

12), a mistura entre política e religião é irrevogável, já que o deus bíblico tem o

atributo divino da onipresença, estando “em todas as áreas da vida humana”.

Thoburn (1975) afirma que a política é exercida baseada na religião.

Política tem a ver com o governo civil. Políticos são reeleitos, fazem leis, lançam impostos, gastam, regulamentam e controlam. Toda lei decretada em toda decisão feita é baseada em algum sistema moral. Toda moralidade é baseada em uma religião. Assim, quem disse que política e religião não se misturam? (THOBURN, 1975, p. 5).

Em contraposição ao crescimento numérico da IURD, os materiais

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divulgados sobre a relação da igreja com a mídia e a política são relativamente

baixos, não sido encontrado pelas autoras em sites de busca, nenhum produto

audiovisual que mostre a participação política da IURD, principalmente em Curitiba.

Por isso, a utilização de um vídeodocumentário para mostrá-la. Para Zandonade e

Fagundes (2003, p. 8), o proporcionamento de “fácil compreensão dos

telespectadores, como a linguagem mais aprofundada e o maior tempo

disponibilizado para a sua produção e exibição” permite haver uma inteiração maior

do assunto que, por envolver temas complexos, demanda mais tempo de exposição.

A dificuldade de comunicação com os líderes da igreja é grande. Até

mesmo as autoras deste trabalho tentaram uma aproximação com as lideranças da

igreja, para poder realizar as gravações dentro da própria IURD. Contudo, isso não

foi permitido pelo líder no Paraná, pastor Alexandre Mendes. O vereador Valdemir

Soares, também negou a possibilidade de gravações dentro da instituição, sob a

alegação de que não queria misturar a política com a igreja. Mas, baseado nos

princípios de relevância social, já que o trabalho da IURD e sua atuação política

podem interferir diretamente no cenário político de uma sociedade, optamos por

realizar as gravações mesmo sem a autorização necessária, cumprindo assim, como

jornalistas, o compromisso social de informar a população sobre o assunto. O

Código de Ética dos Jornalistas afirma que é permitido filmar sem autorização,

contanto que não tenha outra forma de informar a população, e que o assunto seja

de relevância social.

Em vários artigos e livros consultados, os autores expõem as dificuldades de

entrar em contato com a instituição:

(...) todos que tentam fazer da igreja Universal do Reino de Deus um objeto de estudo, encontram uma enorme má vontade por parte de seus pastores e bispos. As negativas e indisposições para com pesquisadores e jornalistas tem sido interpretadas pela imprensa como um sinal evidente de que há algo escondido e escandaloso por trás dos bastidores (CAMPOS, 2006, p. 104).

Já que a mídia desconhece os bastidores, como afirma Campos (2006),

através de um produto jornalístico, buscou-se mostrar à sociedade as participações

da IURD no cenário político e midiático. Segundo Tavolaro (2007, P. 223), os

advogados da igreja orientam os pastores a não falar com a imprensa, nem fornecer

informações referentes ao direcionamento da instituição. Outra questão é o forte

poder midiático da IURD, que também foi determinante para a pesquisa. Segundo

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Rocha (2006, p. 01), “o avanço das tecnologias e a religião ocupam um lugar de

poder na economia, na cultura, na política e na sociedade”. Da mesma forma, Nunes

(2006) destaca a importância que deve ser dada a estudos que tratam da IURD no

ramo político:

Com tudo isso, o surpreendente crescimento da IURD e seu grande potencial de votos não podem ser ignorados. Praticamente todos os grandes partidos políticos brasileiros tentam obter o apoio iurdiano, tornando dessa forma a Igreja Universal do Reino de Deus uma importante e decisiva componente no mercado do cenário político brasileiro (NUNES, 2006, p. 131).

Além disso, Oro (2003, p. 53) afirma que a Universal está causando um

“efeito mimético junto a outras instituições”, que conhecendo o sucesso político e

midiático da IURD, procuram imitá-la. Portanto, tornar conhecida as atuações da

instituição, também é relevante para estudos futuros sobre outras denominações.

Para embasar este trabalho, fez-se necessário um levantamento bibliográfico sobre

os assuntos relacionados ao tema de estudo: jornalismo político e documentário. Os

estudos sobre jornalismo político e nos serviram de apoio para entender de forma

mais completa alguns aspectos e técnicas desta prática. Elementos que foram

determinantes para o desenvolvimento do trabalho. Martins (2005, p. 33) destaca

que: “(...) devemos lealdade à sociedade, que espera receber dos jornalistas

informação fidedigna, correta e isenta”.

Vale considerar que toda e qualquer prática do jornalismo é uma “arma”

devastadora na luta contra a corrupção e impunidade. Fortes (2005) aponta alguns

passos a serem seguidos pelos jornalistas, dentre eles: a curiosidade, desconfiança,

checagem dos fatos, objetividade, precisão, respeito às fontes e responsabilidade.

Os estudos sobre documentário, segundo Nichols, mostram que:

(...) os documentários não defendem simplesmente os outros, representado-o de maneiras que eles próprios não poderiam;os documentários intervêm mais ativamente, afirmam qual é a natureza de um assunto, para conquistar consentimento ou influenciar opiniões (NICHOLS, 2005, p. 30).

A união da imagem com a linguagem falada tende a proporcionar maior

entrosamento do telespectador com o assunto. Assim, por meio deste suporte,

buscamos trazer para a sociedade uma representação de como a Igreja Universal

do Reino Deus trabalha paralelamente à política nesse período de eleições.

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Moroni e Filha (2006) levantam questões pertinentes que contribuíram para

a escolha do suporte documentário. Para as autoras, a imagem é universal, dessa

forma, vale lembrar que a IURD possui sedes em diversos países. Assim podemos

perceber que a imagem também pode ser entendida e reconhecida mundialmente.

Já no caso de um site ou livro, isso não seria possível sem que houvesse uma

tradução. Vale considerar também o advento da internet, no qual, através de sites

como o Youtube, em questão de segundos, o audiovisual pode ser compartilhado e

visto por milhares de pessoas. “A imagem não tem fronteiras” (SQUIRRA, 1995,p.3

apud Moroni e Filha, 2006, p.8).

Segundo Nichols (2005, p. 27), os documentários nos possibilitam olhar para

situações que merecem atenção. De acordo com o autor, através dele podemos nos

deparar com diferentes questões sociais. “O documentário acrescenta uma

dimensão à memória popular e à história social”. Da mesma forma, Silva (2012),

também ressalta o uso da imagem: “A imagem às vezes ressoa mais alto do que as

palavras em qualquer panfleto, ela detém um poder supremo, e a mídia faz uso de

desse poder, no caso de filmes como Vida Secas as cenas fazem refletir e

estigmatizam a mente (SILVA, 2012, n. p)”.

Diz o dito popular: “uma imagem fala mais que mil palavras”. Durante as

gravações, diversas foram as possibilidades de mostrar os acontecimentos de

grande relevância social. Dessa forma, acreditamos que apenas relatar tais

situações através de palavras não seria o suficiente, e assim optamos pelo

audiovisual, por acreditar em seu poder de disseminação e impacto diante da

sociedade.

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4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, o presente trabalho discorre sobre a parte teórica que o

fundamenta, limitando-se a tratar, especificamente, de aspectos relevantes para o

entendimento do tema. Nele, tratou-se do gênero jornalismo político, discutindo entre

outros, suas práticas e técnicas. Fez-se indispensável a apresentação sobre o tema

documentário, considerando que este foi o suporte escolhido para a produção do

videodocumentário “10123”.

4.1 JORNALISMO

O Código de Ética dos Jornalistas brasileiros afirma que a função do

jornalista é: divulgar todos os fatos que sejam de interesse público; lutar pela

liberdade de pensamento e expressão; defender o livre exercício da profissão e

combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando exercida

com o objetivo de controlar a informação (CÓDIGO DE ÉTICA DOS JORNALISTAS

BRASILEIROS, n.p.).

Dessa forma, verificou-se que o jornalismo tem o papel fundamental de

informar, comunicar e denunciar os fatos. Assim, cabe ao jornalista assumir seu

papel de representante da sociedade. NICHOLS (2005, p.28) afirma que: “os

documentaristas muitas vezes assumem o papel de representantes do público. Eles

falam em favor dos interesses de outros”.

Uma das possibilidades para que o jornalista exerça sua função é o método

documental. Ainda, segundo o autor, os documentários podem representar o mundo

como um advogado representa os interesses de um cliente. Logo, vale considerar

que o jornalista tem um compromisso com a sociedade, e que deve garantir o direito

à informação. Portanto, neste trabalho partiu-se deste princípio.

Para Nichols (2005), o documentário engaja-se no mundo pela

representação.

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Em primeiro lugar, os documentários oferecem-nos um retrato ou uma representação reconhecível do mundo. Pela capacidade que têm o filme e a fita de áudio de registrar situações e acontecimentos com notável fidelidade, vemos nos documentários pessoas, lugares e coisas que também poderíamos ver por nós mesmos, fora do cinema. Essas característica por si só, muitas vezes fornece uma base para a crença: vemos o que estava lá diante da câmera; deve ser verdade (NICHOLS, 2005, p. 28).

Mesmo nos dias atuais, com os riscos de manipulação de imagens, deve-se

se basear na ética e respeito de cada profissional. Pois, ainda de acordo com o

Código de Ética da categoria, “o compromisso fundamental do jornalista é com a

verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos

acontecimentos e sua correta divulgação”.

4.2 JORNALISMO E DOCUMENTÁRIO

De acordo com Consuelo Lins e Cláudia Mesquita (2008), já no final da

década de 90 os filmes começaram a chegar ao que elas chamaram de “tela

grande”, e a partir de então, foram discutidos pelo público e pelos críticos. Entre os

filmes que tiveram destaque estão: “Nós Aqui Estamos e Por Vós Esperamos”, de

Marcelo Masagão, com público aproximado de 59 mil espectadores; “Santo Forte”,

de Eduardo Coutinho e “Noticias de Uma Guerra Particular”, de João Salles.

Segundo Nichols (2005), existem duas formas de documentário: os de

satisfação de desejos, o que normalmente chamamos de ficção; e documentários de

representação social. No último caso, as pessoas são chamadas de atores sociais, e

não artistas teatrais, como se dá na ficção. Para o autor, esses filmes podem

representar ideias e visões de um mundo que já vivemos, e nos dão a possibilidade

de ver e ouvir a matéria que é feita da realidade de diferentes grupos sociais.

Expressam nossa compreensão sobre o que a realidade foi, é e o que poderá vir a ser. Esses filmes também transmitem verdades, se assim quisermos. Precisamos avaliar suas reivindicações e afirmações, seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos, e decidir se merecem que acreditemos neles. Os documentários de representação social proporcionam novas visões de um mundo comum, para que exploremos e compreendemos (NICHOLS, 2005, p. 26 - 27).

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Ainda conforme Nichols (2005), os documentários representam uma

determinada visão do mundo, talvez até mesmo uma visão com a qual ainda não

nos deparamos, mesmo que tal representação possa nos ser familiar. Através dos

documentários têm-se diversas possibilidades, entre elas, a de conhecer, descobrir,

familiarizar-se e, muitas vezes, se indignar com o que vemos bem ali, diante de nós.

4.3 DOCUMENTÁRIO

Zandonade e Fagundes (2003, p.15) acreditam que “o documentário se

caracteriza por apresentar determinado acontecimento ou fato, mostrando a

realidade de maneira mais ampla e pela sua extensão interpretativa”. Para as

autoras, o gênero pode ser utilizado como forma de expressão de uma sociedade e

também uma maneira de registrar acontecimentos. Já Ramos (2011, p. 6) considera

que: “o discurso documentário seria uma narrativa com imagens, composta por

asserções que mantém uma relação, similar a esta, com a realidade que o

designam”.

De acordo com Nichols (2005, p.135), o documentário está em constantes

mudanças, pois ele não segue um único conjunto de técnicas e nem se limita a

apenas algumas questões, podendo apresentar diferentes formas e estilos. O autor

define algumas características para o documentário, o que ele chama de

“subgêneros do gênero documentário”, quais sejam: os modos “poético, expositivo,

participativo, observativo, reflexivo e performático”. O mesmo autor segue definindo

os diferentes tipos da seguinte maneira: o poético trabalha de forma a reunir

estilhaços do mundo, de forma poética; já o observativo não se utiliza e não situa o

espectador. Evita dar um contexto, uma voz. Ele apenas observa as coisas como

elas acontecem a partir do momento que a câmera é ligada. O reflexivo pode

também ser chamado de contemplativo, ele vem interrogar outros gêneros do

documentário. O expositivo é utilizado para tratar de questões históricas, o que

Nichols (2005, p.142) denomina de “voz de Deus”. “O orador é ouvido, mas jamais

visto”. A narração é fundamental neste estilo de documentário, pois, é utilizada para

recontar fatos históricos. E é este que se encaixa neste trabalho, já que usamos o

estilo narrativo e remontamos os fatos da campanha. Já o performático levanta a

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discussão sobre o que vem a ser o conhecimento, trata de questionamentos. Por

fim, o participativo trabalha de forma dinâmica, o cineasta participa da vida dos

“atores sociais”, faz entrevistas, e, se necessário, utiliza-se de arquivos para

contextualizar.

Alguns documentários tentam explicar aspectos do mundo. Analisam problemas e propõem soluções. Por meio de suas representações, tentam tornar compreensíveis aspectos do mundo histórico. Buscam mobilizar nosso apoio em defesa de uma posição ou outra. Outros documentários nos convidam a compreender aspectos do mundo de maneira mais completa. Observam, descrevem ou evocam poeticamente situações e interações. Em suas representações, tentam enriquecer nossa compreensão de aspectos do mundo histórico. Complicam nossa adesão a certas posturas, eliminado a certeza com a complexidade ou a dúvida (NICHOLS, 2005, p. 207).

De acordo com Altafini (1999), o documentário teve sua origem nos

primórdios do cinema, no fim do século passado. No Brasil, Afonso Segreto foi o

primeiro homem a fazer um plano cinematográfico, isso em 1898, quando filmou a

chegada de um navio na Baía de Guanabara. Para Lins e Mesquita (2008), o

documentário começou a ganhar visibilidade no final dos anos 90. Para isso contou

com grandes nomes do gênero como Eduardo Coutinho, Marcelo Masagão, João

Moreira Salles e Kátia Lund. De acordo com as autoras, o barateamento e a

chegada de equipamentos digitais, serviram como estímulo para o avanço da

produção no Brasil. Além disso, leis de incentivo surgiram, dando um real apoio a

prática do cinema.

Seria, contudo, exagerado afirmar, como aponta Carlos Augusto Calil, que o documentário conquistou na atual década de 2000 um mercado sólido no Brasil. O público dos longas metragens brasileiros dificilmente ultrapassa a faixa dos 20 mil espectadores (LINS; MESQUITA, 2008, p. 12).

Lins e Mesquita (2008) destacam um importante momento para o

documentário no Brasil: logo após a ditadura militar, a televisão se limitava a mostrar

um Brasil rico, branco e limpo. Restou então, ao documentário, mostrar o outro lado

e tornar visível a vida de pessoas em situação de rua, profissionais do sexo, presos,

entre outros. Contudo, no início dos anos 80, programas televisivos passaram a

pautar tais temas. Conforme as autoras, o programa Aqui Agora, com primeira

exibição em 1991, foi o pioneiro na prática e serviu como modelo de

sensacionalismo na televisão.

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O programa exibe “a vida como ela é” nas favelas e periferias pobres da cidade de São Paulo, através de longos planos-sequências tremidos, com narrações feitas ao vivo pelos próprios repórteres, repletos de “sujeiras” que eram até então, mantidas fora do ar. Elementos estéticos do Cinema Verdade dos anos 60 – câmera na mão e som direto – são reciclados e associados a um tipo de jornalismo que faz da miséria espetáculo midiático, mas que permite eventualmente vislumbrar imagens de um Brasil que não aparecia na TV (LINS; MESQUITA, 2008, p. 44).

Ainda assim, o programa serviu como forma de representação para

determinadas classes até então “desconhecidas” no Brasil. Como sabemos, o

documentário tem como principal objetivo representar a realidade. Muitas são as

discussões em torno de tal afirmação. “Só por si, documentário é um termo que

arrasta consigo um peso: a obrigação de representar a realidade”. (PENAFRIA,

2006, p. 2).

Foi de grande importância para o desenvolvimento do documentário a

chegada do cinema novo. Isso porque, segundo Altafini (1999,n. p.), “a proposta do

documentário que surgiu com o Cinema Novo, era assumir uma postura crítica

diante da realidade brasileira”. Além disso, foram muitas as realizações obtidas no

documentário, a partir deste momento. Para o autor, a chegada do movimento deu

vida a uma nova geração de documentaristas brasileiros, que se apoiaram em

nomes como: Jean Rouch, Chris Maker, Dziga Vertov, entre outros. Uma de suas

principais características era assumir uma postura crítica diante da realidade

brasileira.

Antes o documentário era produzido com a finalidade de registrar uma “ilusão” de realidade e difundir aquele material filmado como uma ideia fechada, sem possibilidade de interpretações, onde a própria narrativa generalizante direciona o espectador para uma recepção passiva, simplificando a complexidade do real. Agora, o cineasta fazia questão de deixar claro para seu público que aquilo era um filme, aquele registro era um só olhar sobre determinada realidade, que poderia deixar margem para outras interpretações dependendo do nível de consciência e de conhecimento da pessoa para com aquela realidade documentada (ALTAFINI, 1999, n. p.).

Outro fato que foi de grande relevância para a chegada do Cinema Novo no

Brasil foi a inovação das tecnologias de som e imagem que contribuíram para o

desenvolvimento do gênero. De acordo com Altafini (1999), os cineastas começaram

a utilizar câmeras mais leves e compactas que iam de 35 mm a 16 mm. Tal

circunstância resultou na frase: “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, de

Glauber Rocha. Segundo o autor, a frase se tornou slogan do movimento. Diversas

técnicas foram utilizadas nessas produções, que tanto o cineasta quanto sua equipe,

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eram mostrados. A câmera em movimento possibilitou novas formas de imagens: ela

deixa de ser limpa e estática, e passa a se utilizar da luz natural. O autor ainda

afirma que, antes, as filmagens eram produzidas sem som. Tal etapa era realizada

depois, e isso impossibilitava que as pessoas entrevistadas tivessem seus

depoimentos gravados. As sonoras eram substituídas pelo que o autor vem a

chamar de “voz do saber”. Logo com a chegada do som direto foi possível a

gravação do depoimento original do indivíduo, dando maior veracidade aos fatos, já

que vinha acompanhado das características do entrevistado (ALTAFINI, 1999).

A tomada de depoimentos ao vivo na rua sobre qualquer assunto que depois a televisão banalizou aparece neste período como uma das inovações de linguagem do cinema brasileiro desta época. São representantes desta estética documentários como “Opinião Pública, 1967, direção de Arnaldo Jabor, Garrincha, Alegria Do Povo, 1962, de Joaquim Pedro de Andrade, Maioria Absoluta, 1964 de Leon Hirszman ou mesmo em ficções como A Grande Cidade de Cacá Diegues, 1966 (ALTAFINI, 1999).

Nichols (2005, p.26) afirma que todo filme é um documentário, mesmo

sendo ele uma ficção. Isso porque “mesmo a mais extravagante das ficções

evidencia a cultura que a produziu e reproduz a aparência das pessoas que fazem

parte dela”. Já para Ramos (2008, p.22), diferente da ficção, o documentário

apresenta asserções ou hipóteses sobre o mundo histórico: “são duas tradições

narrativas distintas, embora muitas vezes se misturem”.

Para Nichols (2005, p.27), os dois tipos de filme necessitam ser

interpretados, e tal interpretação vai depender de como o filme, através de sua

organização, vai transmitir significados e valores ao espectador. “A crença depende

de como reagimos a esses significados e valores, podemos acreditar nas verdades

de ficções assim como na das não ficções”. Mas, como sabemos, entre o

documentário e a ficção se estabelecem diferentes padrões e formatos, a começar

pelo o que o autor chama de “representação do outro”, ou seja, o que fazemos dos

nossos atores? Na ficção é simples: os atores fazem aquilo que está no roteiro,

atuam de acordo com o que lhe é passado, desempenham determinado papel como

atores e atrizes que são. No documentário, essa questão se dá de forma complexa,

já que nesse caso as pessoas estão mostrando a realidade em que vivem. São elas,

de acordo com Nichols (2005.p.32), “atores sociais”. É importante perceber o grau

de importância dessa questão. “E se o convite for não para atuarmos no filme, mas

para estarmos no filme, para sermos nós mesmos no filme? O que os outros

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pensarão de nós? Como nos julgarão”. É essencial que o cineasta pense em todas

essas circunstâncias na hora de representar determinadas realidades, a partir de um

ator social, a fim de prevenir danos e desgastes para a vida desses indivíduos.

Lins (2007, p.163), sobre os personagens dos documentários de

representação da realidade, cita: “continuam, porém, a viver depois do filme, e a

imagem que se produz delas pode afetá-las, para o bem e para o mal”. De acordo

com a autora, o cineasta Eduardo Coutinho sempre foi muito atento a esta questão,

deixando de editar falas e imagens a fim de não prejudicar seus entrevistados.

Já Nichols (2005, p.37) levanta uma questão pertinente aos

documentaristas que, muitas vezes, se deparam com impasses éticos: “Quais as

consequências ou os riscos que os cineastas devem informar às pessoas que

aparecem em seus filmes”? “Até que ponto o cineasta pode revelar honestamente

suas intenções ou prever os efeitos reais de um filme?”.

Para ele, uma das formas de tratar essa questão é falar para os

entrevistados sobre as possíveis consequências de sua participação. O autor

acredita que a ética é essencial na formação de um documentarista.

Levando em consideração que a maioria dos cineastas agem como representantes das pessoas que são filmadas ou da instituição patrocinadora, e não como membro da comunidade, frequentemente surgem tensões entre o desejo do cineasta de fazer um filme marcante e o desejo dos indivíduos de ter respeitado seus direitos sociais e sua dignidade pessoal (NICHOLS, 2005, p. 38).

Para Penafria (2001), é importante que os documentaristas se questionem

sobre suas motivações e intenções na produção do documentário, sobre o que se

quer mostrar, e a partir de qual ótica manifestar-se.

O documentarista deve poder ser livre de fazer as suas próprias escolhas fílmicas de modo a transmitir-nos um ponto de vista sobre determinada realidade. Novos modos de ver o mundo podem implicar novas construções visuais. Experimentar o pulsar da vida das pessoas e dos acontecimentos do mundo no ecrã é o que o documentário tem de mais gratificante para nos oferecer. É, sem dúvida, um modo de incentivar um conhecimento aprofundado sobre a nossa própria existência (PENAFRIA, 2001, p. 9).

Assim, fica claro que o documentarista deve ser livre na hora de decidir as

mais diversas técnicas da prática, a fim de representar determinada realidade, a

partir do seu ponto de vista. Ele tem livre arbítrio para decidir o quê e como

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representar. “No documentário há lugar quer para narcisismos, quer para

voyeurismo, quer para a defesa de vozes que não têm a oportunidade de se

expressar” (PENAFRIA, 2001, p. 9). Desta forma, podemos perceber que um dos

objetivos do documentário é levantar discussões, sobre um mundo que, muitas

vezes, nos é estranho aos olhos.

4.4 JORNALISMO POLÍTICO

O jornalismo político é um gênero do jornalismo que atua no âmbitos

político, nacional, municipal ou regional. De acordo com Martins (2005), para cobrir

política, tem que gostar de política. É necessário que o profissional sinta prazer em

trabalhar na área, pois nessa rotina o repórter vai encontrar muitas dificuldades e

obstáculos, mas também pode encontrar estímulos e gratificações. Para Abreu

(2003), muitos jornalistas optaram por essa profissão a fim de “exercer o

engajamento político, divulgar uma ideologia e atuar politicamente” (ABREU, 2003,

p.21).

A autora ressalta que alguns jornais da chamada “imprensa alternativa”

tomaram partido na luta contra a repressão e não hesitaram ao difundir suas

posições políticas. Já os veículos de comunicação que seguiam uma linha comercial

foram obrigados a, muitas vezes, “calarem-se”. Em outros momentos se utilizavam

de uma linguagem subliminar, a fim de denunciar sem que fossem percebidos. “Os

jornalistas que iniciaram carreira nesse período, aprenderam a usar uma linguagem

cifrada para transmitir informações proibidas” (ABREU, 2003, p.19). Segundo

Martins, (2005, p.17), décadas atrás, os meios de comunicação trabalhavam de uma

forma partidária, assim, a informação era destinada também a um público

partidarizado. “Para um e para outro, a opinião era tão mais importante que a

notícia. O leitor comprava o jornal esperando encontrar uma cobertura afinada com

seu viés político ou, pelo menos, não muito distante dele”. Martins afirma que hoje,

opinião e informação-política estão devidamente separadas nas páginas dos jornais.

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Nas épocas de campanha eleitoral, os jornais ainda que apoiem esta ou aquela candidatura na página editorial tentam manter uma postura equilibrada, dando espaço semelhante para os principais contendores e evitando demonstrar preferência por sicrano ou beltrano (MARTINS, 2005, p.17-18).

De acordo com o autor, esta mudança de jornalismo político engajado, para

uma cobertura mais objetiva tem motivos específicos. Com a chegada da

modernização, os custos aumentaram consideravelmente e “muitos jornais, por falta

de capital ou de capacidade de renovação, não conseguiram resistir aos novos

tempos e quebraram. A concentração foi brutal” (MARTINS, 2005, p. 18). Miguel

(2002) também relata o desenvolvimento da mídia e as mudanças que ela acarretou

no espaço político. “Já no começo do século, fez se notar a presença do rádio,

secundado pelo cinema, que se mostrou um importante instrumento de propaganda.

Os novos meios exigiam novos tipos de políticos, que soubessem como utilizá-los”

(MIGUEL, 2002, p. 155). De acordo com o autor, Adolf Hitler e Franklin Roosevelt

foram nomes marcantes da política da era do rádio, considerando que cada um

utilizou o meio de formas distintas (MIGUEL, 2002, p.155). Já alguns países

utilizaram-se do cinema para difundir seus ideais. O autor cita:

Mas o meio dominante, desde que surgiu, e que por enquanto não parece ser desafiado pelas novas tecnologias, é a televisão. Ela revolucionou nossa percepção do mundo, em especial do mundo social e, dentro dele, da atividade política (MIGUEL, 2002, p.155).

Para Martins (2005, p.26), o grande palco das lutas políticas são os jornais,

as revistas e a televisão, pois é através desses meios que os mais diferentes

representantes políticos “estão o tempo todo tentando vender seu peixe ou

reclamando de alguma matéria - em suma, buscando influenciar o tom noticiário”.

Miguel (2002) defende que: “Os meios de comunicação são, em si mesmos, uma

forma de representação política” (MIGUEL, 2002, p. 163). De acordo com o autor, os

meios de comunicação são a base fundamental para a transmissão das mais

diferentes concepções de mundo e de espaços políticos. É através deles que a

sociedade pode conhecer e se identificar com os mais variados tipos de

representações políticas e sociais.

Para Martins (2005) não existe uma ética específica no jornalismo político,

nem mesmo uma ética do jornalismo. O que ocorre é que todo indivíduo,

independentemente de raça, religião, classe social ou profissão, procura seguir

determinados valores éticos. “O responsável pelo departamento de compras de uma

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empresa mexe com muito mais dinheiro do que um cobrador de ônibus - as

situações de risco são diferentes -, mas, em tese, os dois devem seguir a mesma

regra moral: não roubar” (MARTINS, 2005, p.30). De acordo com o referido autor, o

jornalista deve ser leal às suas fontes, aos colegas, à categoria, ao chefe, à

empresa, à sua carreira e, principalmente, à sociedade.

Para Abreu (2003), o jornalista desempenha um importante papel social,

“seu trabalho de construção da realidade é resultado de certo tipo de olhar, da

utilização de uma forma particular de discurso, e para ser aceito deve ser percebido

como muito próximo do real” (DELFORCE. 1996, apud ABREU. 2003.p.17). Para a

autora, é necessário que haja “uma maior reflexão sobre a ação da mídia e sobre os

produtores e difusores da informação que tornaram a política mais transparente e

mais democrática” (ABREU, 2003, p.14). De acordo com os estudos da autora, é

necessário que sejam seguidos dois requisitos essenciais para que se possa haver

uma democracia, são eles: “liberdade de expressão e fontes alternativas de

informação. São estes, entre outros, os requisitos para que um grande número de

pessoas tenha igual oportunidade de controlar e contestar a conduta do governo”

(DAHL, 1997, apud ABREU, 2003, p.15). Dessa forma:

Esses requisitos estão sujeitos às leis do mercado midiático como o poder dos anunciantes ou dos acionistas das empresas que financiam as páginas dos jornais, o poder político, o poder dos donos dos jornais e o poder dos leitores. Mas outra dependência deve ser examinada: a adesão dos jornalistas a determinados valores, crenças e ideologias que interferem na seleção e no tratamento dado à informação (ABREU, 2003, p.15).

Martins (2005) defende que é importante que o jornalista respeite o que ele

chama de “contrato informal”. Este dá ao jornalista o direito de liberdade de

imprensa, que permite a diferentes espaços públicos e facilita a busca de

informação. Ao falar de democracia, o autor explica: Democracia não significa apenas eleições regulares e vigilância dos eleitores sobre os políticos. Implica também aumento do espírito crítico e maior interferência da sociedade em todos os espaços públicos e de formação de opinião pública. A imprensa é um deles, talvez o mais importante deles (MARTINS, 2005, p. 26).

Mas é importante que o profissional não se esqueça de prestar contas à

sociedade, levando a ela as informações, sem querer tirar proveito para si ou para

terceiros. Martins (2005) acredita que mesmo a opinião pública sendo de extrema

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importância ao jornalista político, o profissional deve ser leal à sociedade e não à

opinião pública. Sociedade e opinião pública são coisas diferentes. Simplificando, a opinião pública é a opinião predominante na sociedade (ou em seu segmento mais ativo e participativo) em um determinado momento. Não se confunde com a própria sociedade, cujos interesses, objetivos e definições são permanentes e consolidados (MARTINS, 2005, p. 35).

Martins (2005 p.41) defende o uso de câmeras ocultas e gravações ilegais,

desde que sejam utilizadas em favor de interesse público relevante. O autor

considera a banalização da prática, mas, em determinadas circunstâncias, afirma

ser a favor do uso. “Por isso mesmo, não faz o menor sentido divulgar uma gravação

feita ilegalmente para sustentar uma matéria sobre a briga entre um cacique político

e sua amante, ou algo semelhante”. Dessa forma, não é errado que jornalista use

gravações cedidas a ele por terceiros em favor de um bem maior. O autor ressalta

que o repórter só pode fazer gravações se for de uma conversa sua com outra

pessoa, e de maneira nenhuma deve gravar conversas de terceiros. É necessário

que o jornalista converse com os mais diferentes tipos de pessoas. Essa regra,

como defende autor, é importante em todas as áreas do jornalismo.

A regra de bater papo com todo mundo é para ser seguida sem preconceitos. Conversa-se com qualquer um, desde que ele tenha ou possa ter informação. Caciques ou integrantes do “baixo clero”, gente séria ou vivaldinos, pessoas preparadas ou energúmenos, ministros ou funcionários de carreira, todos têm ou podem ter alguma informação para dar. Tanto vale conversar com quem é sério e tem espírito público como com quem é pilantra e, por trás de um discurso arrumadinho, só pensa em seus interesses particulares (MARTINS, 2005, p. 49).

Segundo Serrano (1999), a atuação dos jornalistas é muito relevante para

os políticos, pois, é através dos jornalistas que eles ganham visão e popularidade

diante da sociedade, dessa forma: “Os jornalistas são, nesta matéria aliados dos

políticos” (SERRANO, 1999, p.6).

De acordo com a autora, assim como existem bons motivos para a

colaboração entre jornalistas e políticos, há também motivos para conflitos. De um

lado estão os jornalistas que anseiam por agir de acordo com o que acreditam,

procurando não ser manipulados pelos políticos e seus assessores, do outro estão

os políticos que temem a manipulação e alteração dos seus discursos por parte dos

jornalistas.

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Para a autora, a função da mídia frente à política deu um grande salto

“sobretudo, em algumas democracias ocidentais para outra, situada por alguns

pesquisadores nos anos sessenta, em que os jornalistas deixaram de dar apenas

cobertura aos líderes políticos para passarem a criticá-los e escrutinar as suas ações

e atitudes” (SERRANO,1999,p.10). Segundo Serrano, a partir de então surge um

jornalismo crítico disposto a vigiar constantemente a vida política. Assim sendo, os

políticos começam a ser mais “vistos” pelos cidadãos.

(...) O poder político é, assim, obrigado a gerir ao mesmo tempo o acontecimento e as reações múltiplas e cruzadas da opinião pública. Os jornalistas (e os institutos de sondagem) são atores políticos que nenhum político pode desprezar na sua atividade quotidiana. Eles desempenham a vários níveis um papel importante na atividade governamental pela capacidade que possuem de forçar a discussão de determinados temas que não seriam prementes se não surgissem como “temas quentes” nas manchetes dos jornais ou em reportagens televisivas. Os media interferem na atividade dos governos, marcam a agenda, colocando os políticos sobre pressão constante e obrigando-os a tratar com urgência determinadas questões que requerem aprofundamento e estudo (SERRANO, 1999, p.10).

Martins (2005, p.63) afirma ainda que políticos são fontes imprescindíveis,

mas, por outro lado são pouco confiáveis. Por isso, é necessário um bom jogo de

cintura por parte dos jornalistas. Para o autor, é importante que o jornalista se utilize

do maior número de dados e informações possíveis, pois, o irrelevante de hoje, pode

ser o furo de amanhã. O autor destaca que é necessário aos jornalistas estar

sempre atento aos possíveis interesses dos políticos. “Nunca se deve perder isso de

vista. Entender os interesses existentes por trás dos discursos é fundamental na

cobertura política”. Para o autor, os políticos tendem a tratar de assuntos que lhes

são favoráveis e despistar aqueles que possam lhes causar incômodos.

Na luta política, os atores sempre tentam apresentar os fatos pelo ângulo

que lhes é mais favorável e se esforçam para tirar o foco dos aspectos que lhes são mais desconfortáveis. “O que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde’, resumiu Rubens Ricupero, ministro da Fazenda do governo Itamar Franco. O comentário descontraído, que era pra ficar entre quatro paredes, ganhou o mundo graças à indiscrição de uma antena parabólica. E derrubou-o do cargo, porque, na política, certas coisas nunca podem ser ditas com todas as letras. (MARTINS, 2005, p.70).

Segundo Martins (2005), é comum que políticos culpem a mídia quando suas

declarações não são vistas de forma positiva pela sociedade. De acordo com autor,

é possível perceber certos exageros por parte dos jornalistas, mas declara:

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Como não somos assessores de políticos para ficar depurando seus discursos, se o sujeito pisou em uma casca de banana que ele mesmo jogou no chão, é problema dele. Não nos cabe corrigir suas besteiras ou esconder suas derrapadas. Nossa função é informar a sociedade. (MARTINS, 2005, p.78).

Martins (2005, p.93) defende que “a sociedade tem o direito de saber como

o dinheiro público está sendo gasto e se as normas de moralidade que devem reger

a administração do Estado estão sendo obedecidas”. Miguel (2002) levanta uma

questão pertinente para a discussão ao relatar que os meios de comunicação além

de muito influentes, são agentes essenciais na aposta política. Weltman (2003)

destaca o importante papel da mídia na hora de garantir o exercício da cidadania.

Ela impõe suas coordenadas e linguagens específicas sobre as estratégias para as principais disputas eleitorais; fornece os principais elementos simbólicos e cognitivos para a escolha do eleitor; forja- conscientemente ou não, deliberadamente ou não consensos sobre a pauta política e institucional; define, de um modo ou de outro, a agenda pública, dos seus termos mais gerais a alguns dos mais específicos. Defende o consumidor, julga a justiça, denuncia a corrupção, expõe a fraude (WELTMAN, 2003, p. 129-130).

Assim, podemos verificar que a prática do jornalismo político pode servir

como um importante aliado e uma força decisiva na hora de fazer valer o direito do

cidadão. É papel do jornalista cobrar e questionar as práticas dos políticos, a fim de

manter a população informada sobre o exercício desses indivíduos, indo contra todo

e qualquer tipo de corrupção. Dessa forma, nos baseamos nesses fundamentos

durante a produção do documentário “10123”, com o intuito de descobrir a atuação

da IURD nas eleições 2012, como trabalham para eleger seus candidatos dentro e

fora da igreja e, através dos mais diversos meios de comunicação de que dispõem.

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5. METODOLOGIA DA PESQUISA

Este item é composto pela explicação dos métodos científicos utilizados

para a realização do trabalho. Nela consta a pesquisa da equipe de caráter

exploratório, que foi realizada com 20 fiéis da IURD na sede regional do Bairro Alto.

Apresenta também os autores utilizados na composição da delimitação do tema e da

fundamentação teórica, que possibilitaram uma maior compreensão acerca do tema.

5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Para fundamentar o trabalho e direcioná-lo, a pesquisa bibliográfica foi a

primeira a ser realizada. Discussões e questionamentos nortearam o tema central da

pesquisa, no início mais abrangente, citando democracia e hierarquia política

brasileira. Depois afunilando, girou em torno da IURD e da sua participação política

com o uso dos meios de comunicação. Dessa forma, o debate que se procurou

estabelecer, foi sobre a potencialidade da IURD em relação à política, se a

instituição tem peso para mudar o cenário político e qual é a sua representação

social perante a população.

Para a contextualização aprofundada no que se refere a IURD, foram

destacados seu desenvolvimento e características, tendo como apoio autores como

Tavolaro (2007), pelo qual se pode entender e utilizar boa parte de seus estudos

sobre a IURD, já que obteve um contato direto com representantes da instituição e

deu voz a eles. Com Campos (2006), Rocha (2005), Proença (2005), Santana

(2005), Sanclotene (2011), Mafra (2011) e Ribeiro Pinto (2007), pode-se trazer

outros aspectos do crescimento iurdiano e seus meios de comunicação, contando

ainda com o apoio de sites da igreja e outros que mencionavam o tema. Para tratar

de política, Oro (2003) e Nunes (2006) mostram o envolvimento da IURD no ramo

político e apresentam estratégias utilizadas por ela. Nas características

neopentecostais, Mariano (2005) e Jungblut (2005) complementam a pesquisa,

especificando as características da IURD.

Após os estudos de base sobre a instituição, foi apresentado o perfil do

vereador pastor Valdemir Soares, para então levantar discussão acerca do produto

final: o videodocumentário. Apoiado em autores como Nichols (2005), Zandonade e

Fagundes (2003), Lins (2008) e Altafini (1999) que contextualizaram as relevâncias

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do videodocumentário, foi concluído que esse suporte é o mais adequado para o tipo

de trabalho feito, proporcionando ao telespectador maior entendimento com a junção

de imagem e som.

Levantados os estudos bibliográficos que serviram para causar

questionamentos, que orientaram o processo de pesquisa e serviram para

reconstruir a realidade, encontrou-se o problema, que segundo Minayo (2001, p. 17),

“nada pode ser intelectualmente um problema se não tiver sido, em primeiro lugar,

um problema da vida prática”. Dessa forma, como tornar pública as relações da

IURD na política em Curitiba, mostrando seu modo atuante na área através da

ligação com o vereador pastor Valdemir Soares?

Para conhecer as práticas do jornalismo político, que incidem diretamente

sobre o tema da pesquisa, Martins (2005), Abreu (2003) e Miguel (2002), foram

cruciais para entender as características e utilidades do gênero.

O levantamento dos dados apresentados acima foi indispensável para o

aprofundamento da pesquisa. Somaram-se a ela duas pesquisas de campo.

5.2 PESQUISA DE CAMPO

Sabendo da estratégia da IURD em levar às igrejas os candidatos à

reeleição, antes mesmo de começar o período eleitoral, a equipe tomou

conhecimento pelos obreiros do Bairro Alto, de dois eventos com datas marcadas

em duas igrejas diferentes. Uma delas seria no dia 10 de abril, terça feira, no bairro

São Gabriel, em Curitiba. A outra, no dia 17 de abril, também na terça feira, no

Bairro Alto. Nos cartazes de divulgação da reunião, que convida à todos para

participar, nenhum anúncio político foi encontrado, nada que se referisse aos

candidatos. Apenas falava da presença do pastor Alexandre Mendes, líder da IURD

no Estado, considerado uma espécie de “celebridade”. Como o referido pastor

anunciou que iria estar na igreja, os fiéis se mobilizaram para lotar o culto, segundo

informações do obreiro Thiago Luis Dias, do Bairro Alto.

No dia 10, na igreja do São Gabriel, o movimento foi grande. Ônibus

alugados pela igreja chegavam trazendo centenas de fiéis. A reunião começou às

19h30. O pastor Alexandre fez orações de libertação de pessoas que manifestaram

espíritos malígnos; pregou; pediu dízimos e ofertas e entregou uma rosa branca

para que as pessoas levassem para casa (o mal seria atraído para a rosa que

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deveria ser levada na próxima terça). Às 20h25, o pastor Alexandre chamou o

vereador pastor Valdemir Soares e o prefeito Luciano Ducci (prefeito apoiado pela

igreja), para subir no altar. “Vocês têm que votar em homens de Deus”, dizia

Alexandre. “Querem fechar as igrejas, mas eles estão lá impedindo que isso

aconteça. Vocês gostariam que a igreja fechasse as portas, pessoal?”, indaga. “Por

isso eu quero pedir pra você que não só ore por eles, mas eu quero pedir o seu

voto”, conclui.

Depois de apresentar os candidatos, o pastor perguntou o número eleitoral

deles e o povo respondia: “10123 e 40”. Enquanto o Alexandre falava, Ducci apenas

sorria. Ao fim, uma oração pelo prefeito e pelo vereador foi feita. Depois o próprio

vereador realizou a última oração para os fiéis irem embora. Quando terminou o

culto, o pastor Valdemir ainda ficou andando pela igreja e cumprimentando as

pessoas. Ducci, depois que desceu do altar, não foi mais visto pelas autoras.

Na segunda ida a campo, no dia 17 de abril, no Bairro Alto, o pastor Marcio

Diniz foi quem fez a reunião. O mesmo procedimento realizado na reunião em São

Gabriel foi repetido, mas apenas fora de ordem: pregação, pedido de dízimos e

ofertas, oração de libertação e entrega de materiais como a rosa, e dessa vez, um

pequeno recipiente com óleo consagrado.

Às 20h10, o pastor Valdemir foi chamado para subir ao altar. O prefeito não

compareceu, nem o pastor Marcio deu explicações a respeito. Contudo, mesmo

assim, pediu votos para ambos.

Observou-se que, nas duas visitas à IURD, a igreja levou equipamentos e

câmeras. Uma delas estava centralizada no fundo do salão, filmando diretamente o

altar. A outra, apoiada em uma espécie de tripé enorme que se movimentava para

todos os lados, filmava os fiéis. Segundo análise das autoras, a maneira de pedir

votos aos fiéis não muda de uma igreja para outra, nem de um pastor para outro.

Há uma espécie de padronização do que vai ser falado. O modo como os cultos são

dirigidos também não diferem muito. E é impressionante a maneira como as

pessoas já sabiam os números dos candidatos, o que demonstra que já há algum

tempo, os pastores vinham falando sobre esse assunto. Nas duas reuniões, cerca

de 400 pessoas estavam presentes. E como em São Gabriel, o pastor Valdemir, ao

final do culto, cumprimentou os membros. Dessa forma chega-se a conclusão de

que a IURD tem um preparo para a campanha de um candidato e possui discurso

próprio para convencer os fiéis a votarem nele. Pelo que foi observado, os

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chamados “membros firmes” da igreja (aqueles que frequentam a instituição há pelo

menos um ano) são os principais aliados da IURD, na medida em que contribuem

com o trabalho de forma voluntária, inclusive para a divulgação do candidato político,

como ocorreu ao fim das duas reuniões, momento em que entregaram na saída os

santinhos do prefeito Luciano Ducci e do vereador pastor Valdemir Soares.

5.3 PESQUISA EXPLORATÓRIA

Foi utilizado o método exploratório para se conhecer mais sobre o assunto

através de um questionário23, aplicado aos fiéis envolvidos com as práticas da IURD.

O questionário de sete perguntas inclui o nome do entrevistado, bairro,

escolaridade, idade e, até mesmo, espaço para assinatura, em busca de dar maior

credibilidade ao trabalho. As perguntas foram voltadas a questões referentes à

ligação dos membros com a IURD e ao que pensam a respeito da política na igreja.

Todas as perguntas possuíam relevância porque foram complementares e

apresentaram dados concretos, fundamentais para se entender a posição do

membro frente ao envolvimento da IURD com o meio político e também a relação

das pessoas com os meios de comunicação iurdianos.

Ao final do culto, no dia 20 de maio, novamente na igreja do Bairro Alto, 20

pessoas de idades diferentes foram abordadas. Algumas se recusaram a responder

o questionário, outras aceitaram tranquilamente. Outras ainda, perguntaram se o

pastor sabia que a equipe estava fazendo a pesquisa. Respondemos que sim, por

isso, elas responderam o questionário.

A celebração acabou por volta das 9h40. Tentamos abordar pessoas de

idades diferentes e equilibrar entre a opinião de homens e mulheres, para não ter a

participação massiva delas, que são maioria nas igrejas.

Em menos de 30 minutos, já havíamos entrevistado as 20 pessoas. O pastor

da IURD Douglas Meleu, permitiu a pesquisa, contanto que fosse feita fora da igreja.                                                             23 Questionário disponível nos anexos do projeto.

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5.4 ANÁLISE QUESTIONÁRIO

Preenchidos os questionários, foi possível observar que a frequência das

pessoas nos cultos influencia diretamente na política. Segundo a pesquisa, três

pessoas que possuíam menos de um ano de igreja até votariam nos candidatos da

IURD, mas não pediriam o voto de outras pessoas para eles. Mas quando se tratava

de confiança nos pastores, os membros recentes disseram que confiavam e tinham

acesso frequente aos produtos da igreja.

Outra observação refere-se ao duplo sentido apontado pela maioria:

achavam que política e religião não deveriam se misturar, mas aprovavam as

medidas da IURD em trazer para o altar os candidatos e pedir votos.

Os que possuíam mais de cinco anos de igreja, pelas análises feitas, foram

“mais fiéis” à instituição, comprometendo-se a pedir votos em favor dela. Essas

pessoas vão aos cultos mais de três vezes na semana e acessam frequentemente

os materiais da IURD. No que se refere à idade, não se notou diferença pelo fato de

os jovens mostrarem ser proativos e ligados à instituição. Dos seis entrevistados

com idades entre 15 e 25 anos, o resultado foi muito parecido com os dos mais

velhos. Apoiaram a igreja e pediriam votos para os candidatos.

Assim, conclui-se que o acesso aos meios de comunicação da IURD é

constante, tanto por membros recentes, quanto pelos mais velhos de igreja.

Contudo, esse quadro muda na política. O voto de um novato, a IURD até conquista,

mas não consegue, de acordo com as pesquisas, fazer com que essa pessoa peça

votos a terceiros. Para a IURD, então, os fiéis antigos são valiosos, na medida em

que participam ativamente da política direcionada pela igreja.

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6. DELINEAMENTO DO PRODUTO

As explicações dadas a seguir justificam as escolhas das particularidades

do produto. Cada subitem abrange especificidades referentes ao videodocumentário

em questão, e dessa forma, torna-se possível compreender as escolhas feitas pelas

autoras.

6.1 FORMATO

O suporte videodocumentário foi a melhor forma encontrada pela equipe

para retratar o tema abordado. A junção de imagem e som facilita o entendimento de

quem assiste, e por ser um tema que suscita debates, a gravação audiovisual foi a

alternativa mais propensa por expor a realidade de forma ampla. Outro fator

relevante na opção pelo videodocumentário é o tempo suficiente para se mostrar as

participações da IURD nos meios político e midiático.

A ideia do projeto também foi mostrar a atuação da IURD no período

eleitoral, através de seus meios de comunicação. Dessa forma, se quem assistir ao

vídeo puder ver a capa do jornal elogiando determinado candidato, ouvir o pastor

falando ao rádio em prol de seus representantes e ainda acompanhá-lo o em cima

do altar pedindo votos, entenderá melhor o que se deseja atingir com o trabalho, ou

seja, tornar pública as relações da IURD na política e na mídia. Um dos pontos favoráveis é o grande diferencial do produto de poder ser

veiculado na internet. Segundo o site Frases da Vida24, um relatório feito pela

Forrester Research, mostra que os “brasileiros acessam com maior frequência os

sites de mídias e vídeos online, do que assistem à TV”. Isso comprova que a internet

é mais atraente que a televisão, motivo que deixa os brasileiros conectados, em

média, 23,8 horas por semana e assistem a apenas 6,2 horas de TV.

Portanto, já que Zandonade e Fagundes (2003, p. 31) afirmam que o

vídeodocumentário é “elitizado” e que poucas pessoas “frequentam as salas de

                                                            24 Disponível em: http://frasesdavida.wordpress.com/2012/04/10/brasileiros-passam-mais-tempo-na-

internet-do-que-na-frente-da-tv/  

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exibição em busca de conhecimento”, com o apoio da internet, este projeto se

difunde de forma mais intensa.

Foi através da imagem e do som que as autoras pretenderam mostrar os

membros entregando santinhos nas ruas, as postagens do candidato nas mídias

sociais e a divulgação em outros meios de comunição, o movimento de campanha

do candidato e, principalmente, vereador, prefeito e liderança da IURD juntos no

mesmo altar. A duração do videodocumentário é de 15 minutos.

6.2 PERSONAGENS

Os principais personagens do trabalho são a igreja Universal do Reino de

Deus e o vereador pastor Valdemir Soares, junto com os membros e obreiros da

sede regional do Bairro Alto, que concederam entrevistas particulares às autoras.

Contudo, como durante a campanha a IURD realiza uma espécie de city tour, no

qual um pastor visita todas as igrejas da capital levando também os candidatos,

todas elas são personagens com os seus fiéis.

As autoras optaram por escolher apenas duas igrejas: Bairro Alto e Catedral

da Fé-centro, deixando as outras 43 existentes de fora, por não haver tempo

suficiente para encaixar todas no vídeo, e também por ser desnecessário, já que na

IURD o que é estipulado para uma igreja é seguido por todas as outras. As regras

não mudam de uma para outra.

O candidato à reeleição na prefeitura de Curitiba, Luciano Ducci, apesar de

ter aparecido menos, também foi determinante para o fechamento do trabalho. De

certa forma, os próprios veículos de comunicação da igreja foram personagens, na

medida em que trataram do assunto política.

Da sede regional do Bairro Alto, Thiago Luis Dias, obreiro há oito anos, junto

com dona Conceição Coelho dos Santos, obreira há 13 anos, foram os entrevistados

que contaram sobre as medidas tomadas pela IURD e sobre a direção da igreja.

Contudo, não aparecem nas gravações, sendo apenas informantes. Dois dos

obreiros do mesmo bairro participaram do vídeodocumentário, contando como era o

trabalho dos pastores, mas não quiseram ser identificados. A integrante do grupo de

evangelistas Vera Marques, que participou das gravações relatando o pedido do

pastor para que ela transferisse o título para Curitiba, já que votava em Colombo e lá

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não tinha nenhum candidato da igreja. Dessa forma, ela poderia votar na capital e

ajudar com mais um voto para o candidato pastor Valdemir Soares. Outro

entrevistado é o Rogério Carlos Born, que conta sobre o que é proibido pelo TRE

(Tribunal Regional Eleitora) dentro das igrejas. Os pastores Márcio Diniz e Josieldo

Oliveira, assim como o bispo Wagner Negrão, também foram personagens cruciais

para o desenvolvimento do videodocumentário, já que foram eles quem realizaram

os cultos gravados pelas autoras. Como na IURD a hierarquia é muito respeitada,

outros pastores só falam com a autorização do pastor Alexandre Mendes,

responsável pela IURD no Paraná. Os integrantes do Grupo Jovem25, por terem

participado ativamente da campanha, também se tornaram personagens, assim

como o bispo Sérgio Correia, que pediu votos através do programa IURDTV. Dessa

forma, até Curitiba se torna personagem por se tratar de uma campanha na capital.

6.3 FILMAGENS

As gravações ocorreram principalmente dentro das igrejas, por isso o ângulo

da câmera, está mais afastado do pastor que está pregando. Devido à falta de

autorização para filmar, a posição da câmera foi, na maioria das vezes, na lateral

direita do altar, local onde permanecem os obreiros. Assim, pudemos nos misturar à

eles para conseguir as imagens.

Cenas da campanha do vereador Valdemir Soares no Calçadão da XV em

Curitiba também foram feitas, inclusive com os MC’s que fazem parte do Grupo

Jovem Curitiba. Nas imagens do culto nas igrejas, os pastores não foram

identificados com GC, já que, para as autoras, o importante é dar destaque ao

discurso utilizado. Os enquadramentos foram semelhantes apenas nas

gravações dentro das igrejas. Em outras cenas, apesar de trabalhar com apenas

uma câmera, buscou-se formatos tanto de perto quanto de longe, inclusive, sendo

utilizado o zoom algumas vezes.

Um único personagem que não quis se identificar teve a voz e a imagem

distorcidas para não ser reconhecido. Optou-se por um enquadramento que                                                             25 Grupo criado pela IURD composto por jovens entre 15 e 30 anos.  

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mostrasse apenas da altura da boca até a cintura. Em outros casos foi filmado

apenas as mãos. Já com os outros entrevistados usamos perfis diferentes e que

escondessem um pouco do rosto, tanto para variar os ângulos, quanto para não

expor muito a fonte.

Imagens de entrega de santinhos pelo bairro também foram feitas em vários

ângulos, uns abertos outros mais fechados para diversificação de cenas. Além disso,

trabalhamos com o recurso de edição para destacar partes de documentos, como a

gincana da igreja e materiais de multiplicação de votos.

As filmagens aconteceram de acordo com os eventos nas igrejas que as

autoras descobriam que iriam acontecer, sendo deixadas para o final as gravações

com os entrevistados, até mesmo pela dificuldade em convencê-los a falar sobre o

assunto por medo de sofrerem represálias dos pastores, segundo o que eles

mesmos disseram.

6.4 ESTRUTURA

Usamos o estilo narrativo para iniciar o vídeo documentário. A primeira cena

é do movimento de campanha do candidato pastor Valdemir Soares no Calçadão da

XV em Curitiba. Após isso, se inicia o trabalho da igreja em levar os candidatos

(vereador e prefeito) até o altar da instituição para apresentá-los ao povo.

Seguindo uma linha não linear de tempo, os pastores e bispos aparecem

cada qual, pedindo os votos dos fiéis. Intercalamos essas cenas com o depoimento

dado por um dos obreiros. Em seguida, destacamos um dos trabalhos feito pela

IURD para conquistar votos: uma gincana. Expomos uma versão do material e

explicamos como funciona a competição. Depois, entram as entrevistas que

prosseguem contando alguns dos métodos adotados pela igreja para trabalho

estritamente político, e ainda, a entrevista com a juíza falando sobre as

irregularidades de campanha dentro da igreja. Logo depois, destacamos a

participação político-midiática iurdiana, tanto nas mídias sociais, como no jornal e na

programação da TV. Um dos destaques é o bispo Sérgio Correia, que durante o

programa chamado Obreiros Em Foco, afirma que o eleitor votando nos candidatos

da igreja estará votando no Senhor Jesus.

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Para finalizar, destacamos a vitória do candidato na eleição e sua

comemoração pelos 12.725 votos.

6.5 PÚBLICO ALVO

O Videodocumentário é destinado para quem desconhece o poder político e

midiático da IURD. Sendo um produto digno de jornalismo, o público-alvo se torna

toda a sociedade, mesmo porque, as decisões políticas afetam a todos, sem

restrição. Contudo, para dar maior notoriedade ao trabalho, pretende-se colocá-lo na

internet, no site do You Tube (www.youtube.com) ficando acessível aos internautas

e no site Porta Curtas (www.portacurtas.com.br) para disponibilização gratuita na

internet.

O produto também pode ser pauta da imprensa, que tomando conhecimento

do material, passará a divulgar e discutir mais o tema, levando informação relevante

à população.

6.6 ORÇAMENTO

O material utilizado, uma câmera apenas, foi emprestado de uma colega de

turma. Assim, as autoras não tiveram gastos, nem com material para gravação, nem

para edição, que também foi feita na faculdade. Houve custo somente para o

deslocamento até os locais de gravação.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho de conclusão de curso teve como principal foco, mostrar

por meio de um videodocumentário jornalístico, a relação da Igreja Universal do

Reino de Deus, no meio político na cidade de Curitiba durante as eleições de 2012.

Durante o período de campanha e após dois meses de acompanhamento do

trabalho da igreja, foi permitido avaliar a atuação política e midiática, dentro e fora da

IURD para reeleger seu candidato, pastor Valdemir Soares. O projeto teve como

problema o objetivo de através de um vídeodocumentário jornalístico, tornar pública

as relações da IURD na política em Curitiba, mostrando seu modo atuante na área,

através da ligação com o vereador pastor Valdemir Soares.

Para o alcance deste resultado foi necessário estudos aplicados sobre a

igreja. De início, buscou-se um levantamento de informações referente ao

surgimento da instituição, o desenvolvimento e a relação com o meio político e

midiático, para se ter conhecimento de como ela era retratada nessas esferas.

Também foi fundamental um estudo sobre o candidato e representante da IURD na

capital. Para avaliar a receptividade dos fiéis quanto aos pedidos de voto na igreja, e

ao acesso aos meios comunicacionais da instituição, um questionário foi elaborado e

respondido por 20 membros da IURD. De modo geral, segundo análise do

questionário, eles votam nos candidatos da igreja e têm frequente acesso à mídia

iurdiana.

Ao refletir sobre a representatividade política da igreja, foi percebido que ela

utiliza de todos os recursos disponíveis para pedir o voto dos fiéis, seja no altar,

redes sociais, ou programações de rádio e TV, sob a alegação de que votar em

homens de Deus é a melhor escolha. A IURD não contrata cabos eleitorais, nem

equipes para trabalhar durante a campanha política. Os próprios membros

desempenham essa função. Apesar do total apoio que a instituição oferece ao

candidato,segundo os pastores,é ela quem possui o mandato, sendo nesse caso,

Valdemir Soares alguém que a representa.

A metodologia da pesquisa foi utilizada para embasar conhecimentos acerca

da esfera política podendo-se observar que a totalidade das ações da igreja no

cenário político local são pouco conhecidas. Nesse sentido, notamos que a

divulgação de um material sobre o trabalho da IURD e sua capacidade de interferir,

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ou até mesmo definir uma eleição, tem relevância social, na medida em que, a

política atinge a todos os cidadãos.

Assim, pode-se concluir que foi possível fazer um videodocumentário

retratando a representatividade da IURD na política da capital, usando como

recursos os cultos em que pastores pediam votos e a programação de TV e redes

sociais divulgando os candidatos. Nas pesquisas de campo, pode- se perceber a

potencialidade da instituição para eleger um candidato e suas relações políticas

externas de apoio para obter vantagem à igreja.

Deixa-se então, registrado neste trabalho, novas informações a respeito da

representatividade social da instituição e, principalmente, um ponto de partida para

quem tiver a pretensão de pesquisar o tema, podendo contribuir para novos

conhecimentos acerca do assunto.

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ANEXOS