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FACULDADE SÃO BERNARDO DO CAMPO Camila Aparecida Martim FEB: “HERÓIS” ANÔNIMOS DO BRASIL São Bernardo do Campo 2012

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FACULDADE SÃO BERNARDO DO CAMPO

Camila Aparecida Martim

FEB: “HERÓIS” ANÔNIMOS DO BRASIL

São Bernardo do Campo

2012

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Camila Aparecida Martim

FEB: “HERÓIS” ANÔNIMOS DO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade De São Bernardo do Campo no curso de Estudos Sociais como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em História. Orientador: Professor Especialista Alex Sandro Vioto.

São Bernardo do Campo

2012

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Martim, Camila Aparecida M333f FEB: “Heróis” Anônimos do Brasil / Camila Aparecida Martim. – São Bernardo do Campo: [s.n.], 2012. 58 f.; il. 29 cm.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Faculdade de São Bernardo, Curso de História. Orientador: Prof. Esp. Alex Sandro Vioto

1. Segunda Guerra Mundial 2. FEB 3. Soldados I. Título

CDD 940.53

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Camila Aparecida Martim

FEB: “HERÓIS” ANÔNIMOS DO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Estudos Sociais, da

Faculdade de São Bernardo do Campo, como exigência parcial para a obtenção do título de

Licenciatura em História.

__________________ em _____ de _______________ de 2012.

BANCA EXAMINADORA

Profª. Mestre Aparecida Casseb Lossano

Faculdade de São Bernardo do Campo

Profª. Mestre Ivana Lopes Teixeira

Faculdade de São Bernardo do Campo

Profº. Especialista Alex Sandro Vioto - Orientador

Faculdade de São Bernardo do Campo

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Aos ex-combatentes pela confiança e

colaboração para a realização deste

trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pela força que me deu nesta caminhada, por não deixar que eu desistisse.

Aos ex-combatentes que tornaram possível a realização deste trabalho através de seus depoimentos sobre suas experiências vividas na Segunda Guerra Mundial. Em especial aos pracinhas Antônio Cruchaki e Manoel Eliseo da Silva.

Aos meus amigos e familiares pela colaboração e confiança.

Ao orientador Profº. Especialista Alex Sandro Vioto, pela persistência e dedicação, as quais me levaram a realizar esta pesquisa. Sem a sua orientação a realização deste trabalho não seria possível.

A todos que contribuíram de alguma forma na elaboração deste trabalho.

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Os homens só se lembram de Deus e as nações só valorizam

seus soldados, quando sentem a sobrevivência ameaçada.

Passado o perigo, a maioria dos homens esquecem-se de

Deus, e as nações, de seus soldados. (autor desconhecido)

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo resgatar um período da história do Brasil que, por muitos anos, passou despercebida. Em 1939 estoura a Segunda Guerra Mundial, um conflito de grande proporção que, diferente da Primeira Guerra, teve uma participação mundial a nível mais elevado. O Brasil não ficou de fora, e, mesmo sem preparo algum, em 1943 tropas da FEB (Força Expedicionária Brasileira), composta por mais de 25 mil soldados, são enviadas para o teatro de operações na Itália. No encontro com o desconhecido, em terras inimigas, enfrentaram batalhas, o frio e o medo. Em 1945 a Alemanha assina sua rendição, tornando nossos soldados vitoriosos. Foram aclamados “heróis” pelos italianos, que viam os soldados como aqueles que os tinham libertado. Nem todos retornaram juntos ao Brasil, pois a viagem se deu em etapas. Os primeiros a chegarem foram recebidos com um grande desfile de vitória e todos queriam estar perto deles, mas a realidade mudou em pouco tempo. Sem assistência do governo, muitos desacreditaram de suas próprias vidas e logo, os pracinhas caíram no esquecimento. Palavras-chave: Segunda Guerra Mundial. FEB. Heróis. Esquecimento.

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RESUMEN

Este trabajo tiene como objetivo resgatar un periodo de la historia de Brasil que, por muchos años, ha pasado desapercibida. En 1939 explota la Segunda Guerra Mundial, un conflicto de gran proporción que, distinto de la Primera Guerra Mundial, tuvo una participación mundial a nivel más elevado. Brasil no se quedó de fuera, y, mismo sin estar preparado para ello, en 1943 tropas de la FEB (Fuerza Expedicionaria Brasilera), compuesta por más de 25 mil soldados, son enviadas para el teatro de operaciones en Italia. En el encuentro con lo desconocido, en tierras enemigas, enfrentaron batallas, el frío y el miedo. En 1945 Alemania firma su rendición, tornando nuestros soldados victoriosos. Fueron aclamados héroes por los italianos, que los veían como aquellos que los tenían libertados. No todos los soldados retornaron juntos a Brasil, pues el viaje se dio en muchas etapas. Los primeros que llegaron por acá fueron recibidos con un gran desfile de victoria y todos querían estar cerca de ellos, sin embargo la realidad se cambió en poco tiempo. Sin asistencia del Gobierno, muchos se desacreditaron de sus vidas y, luego "os pracinhas" cayeron en el olvido. Palavras-clave: Segunda Guerra Mundial. FEB. Héroes. Olvido.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................. 9

2 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................11

2.1 O BRASIL......................................................................................... 12

3 QUEM SÃO ESTES HOMENS?.....................................................14

3.1 CONVOCAÇÃO E TREINAMENTO..............................................18

4 A CONDUTA NA GUERRA.......................................................... 21

5 O RETORNO AO BRASIL..............................................................27

6 METODOLOGIA............................................................................. 29

CONCLUSÃO................................................................................... 30

REFERÊNCIAS................................................................................. 32

ANEXOS .......................................................................................... 33

APÊNDICES...................................................................................... 47

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1 INTRODUÇÃO

Na intenção de desenvolver um trabalho relacionado à Segunda Guerra

Mundial, o desempenho da FEB (Força Expedicionária Brasileira) no teatro de operações na

Itália chamou a atenção por ser considerado um episódio de grande importância para a

história do Brasil. Um tema que não é divulgado e não ganha forças com o passar do tempo e

nem mesmo ganha destaque nos livros didáticos de história.

Mais de sessenta anos se passaram e a história ficou adormecida. Mas afinal,

quem são estes homens? O que passaram na guerra? Como se deu o retorno ao Brasil e as

suas rotinas? Pretendemos percorrer estes períodos, antes, durante e depois da guerra,

analisando a conduta do pracinha1.

A importância de responder estes questionamentos é o que nos leva a

conhecer os verdadeiros “heróis” de nosso país, que, por tantos anos de suas vidas, ficaram

no anonimato.

O objetivo de desenvolver uma pesquisa sobre isto é resgatar um período da

história brasileira que, por motivos diversos, foi deixado para trás e, assim, fazer com que

este feito “heróico” não fique apenas na memória.

Assim como outros períodos históricos não ganharam espaço na vida dos

brasileiros, com a participação do país na Segunda Guerra não foi diferente. O que passou já

não tem muita importância. Mas aqueles que viveram e que sentiram na pele, seus familiares

e pessoas próximas, sofreram e sofrem por não receberem o merecido reconhecimento.

Para a realização deste trabalho foram utilizados livros, sites de história sobre

a FEB, e trabalho de campo.

Este trabalho possui cinco seções, sendo que a primeira seção vem descrever

o modo como o mundo vivia no período que estourava a grande Guerra Mundial,

contextualizando a economia mundial e os abalos sofridos com o início desta guerra.

Também é dada a ênfase ao Brasil, como estava sendo o mandato de Getúlio Vargas e como

foi decidida a entrada do país na guerra.

A segunda seção nos explica quem de fato são estes brasileiros que saíram de

suas casas, deixaram suas famílias, suas origens, para enfrentar o desconhecido.

A terceira seção relata a conduta desses soldados na guerra, como passaram

1 Termo que se refere aos veteranos do Exército Brasileiro, soldados que tinham cargos mais simples sem responsabilidades de comando.

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no período em que estiveram lá, o que enfrentaram, como aprenderam a lidar com o medo, o

clima e as surpresas dos inimigos.

A quarta seção mostra como se deu a volta ao Brasil, algo que ocorre em

etapas diversas. Podemos ver também como foram recebidos e tratados, tanto pelo povo

como pelo governo.

A quinta seção é a metodologia que vem descrever o trabalho de campo, onde

foram feitas entrevistas com dois ex-combatentes.

Este trabalho vem contribuir para a memória social e para que as futuras

gerações possam lembrar-se de quem foram os “heróis” de nosso país e seus grandes feitos

que honraram a nossa pátria.

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2 CONTEXTUALIZAÇÃO

Na era da modernização industrial, entre os anos 1870 e 1914, os países

potencialmente industrializados experimentavam as grandes modificações tecnológicas e o

crescimento econômico. Essa relação acarretou em sentimentos de rivalidade entre os países

que seguiam a lógica capitalista, disputas por territórios imperialistas e busca de matérias

primas. Essa rivalidade ocasionou uma corrida armamentista, levando, principalmente os

países europeus a investir fortemente na tecnologia de guerra. Na tentativa de defesa, esses

países criaram uma “política de alianças”, a Tríplice Aliança - tendo em sua formação

Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália - e Tríplice Entente - formado por Inglaterra,

França e Rússia. Esses blocos políticos conduziram a Primeira Guerra Mundial, que teve seu

início em 1914.

Após o primeiro grande conflito mundial, finalmente a paz parecia ter chegado,

mas o fim da Primeira Guerra fora apenas uma trégua.

A crise mundial também agravada com a quebra da bolsa de Nova York, em

1929, já que, a indústria norte americana era responsável por quase 50% da produção

mundial. Esse fator levou países capitalistas a rever novas medidas para proteger seus

mercados internos das importações. Devido a crise, reduziu-se, então, em 40% a produção

mundial. O ferro diminuiu em 60%, o aço em 58%, o petróleo em 13% e o carvão em 29%.

Com isso, a taxa de desemprego afetou os principais países industrializados. A América

Latina reduziu 40% das importações, sofrendo uma queda de 17% nas exportações.

Esse conjunto de fatores levou a Alemanha e Japão a explorar a fraqueza dos

rivais, desencadeando uma luta por mercados e fontes de matérias-primas. A Segunda Guerra

mostrou ao mundo que, as disputas imperialistas que atravessavam o capitalismo desde o

século XIX, não haviam sido resolvidas.

Em 1919, foi criada a Liga das Nações, para preservar a paz no mundo, após o

primeiro grande conflito mundial. Mas esta instituição não se mostrou forte o suficiente.

Outras causas também levariam a este novo conflito: são os interesses expansionistas de

algumas potencias mundiais, como a Alemanha, Japão, Itália, entre outras, e os interesses

imperialistas.

Com o Tratado de Versalhes, que trazia uma série de exigências a Alemanha, já

que a mesma assumiu as responsabilidades do primeiro conflito mundial, o país enfrentou

uma crise econômica e moral, fazendo com que crescesse uma revolta ainda maior e uma

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vontade de revanche. Esses aspectos alimentaram o poder do nazismo, levando a Alemanha,

em 1939 a Segunda Grande Guerra.

Mas essa guerra não se limitava apenas aos países europeus. Os países anglo-

saxônicos e o Japão também adentraram ao conflito.

Com Hitler no poder, a Alemanha foi rearmada, ocupando vários territórios

europeus como a Renânia e Tchecoslováquia, anexou a Áustria, intimidando, dessa forma, a

Inglaterra e a França. Em 01/09/1939, Hitler invadiu a Polônia, que ficou dominada por três

meses.

Apesar de iniciada uma guerra na Europa, ela só passou a ser mundial no ano

de 1941. De um lado os Países Aliados, comandados pelos Estados Unidos, Reino Unido e

União Soviética, e do outro, os Países do Eixo, liderados pela Alemanha nazista, Itália e

Japão.

2.1 O BRASIL

O Brasil, neste período tinha como seu presidente Getúlio Vargas, que

mantinha o Estado Novo, um governo ditatorial. Muitos historiadores apontaram semelhanças

entre os governos de Vargas, Hitler e Mussolini, ambos impunham a ditadura sobre seus

países. Apesar dessa desconfiança, o governo brasileiro mantinha nessa guerra uma posição

de neutralidade e isso garantiu ao país vantagens comerciais, obtendo empréstimos dos países

beligerantes. Porém, a pressão norte-americana fez com que essa decisão fosse mudada.

Os Estados Unidos, que até o momento não haviam entrado oficialmente na

guerra, sofreu um ataque surpresa do exército Japonês em sete de dezembro de 1941. Sua base

militar de Pearl Harbor, localizada em um ponto estratégico no Oceânico Pacífico, foi

bombardeada. Esse ataque decretou a entrada do país na guerra.

Em janeiro de 1942, o Brasil rompe suas relações com os países do eixo e em

agosto do mesmo ano, declarou guerra contra a Alemanha. Como resposta a essa decisão,

vários navios brasileiros foram afundados, resultando na morte de 607 tripulantes.

Em agosto de 1942 mais cinco embarcações brasileiras foram afundadas,

elevando para 972 o número de mortos. Esses ataques contra os navios brasileiros geraram

grandes manifestações em vários lugares do país. Iniciou-se a intervenção da população, com

manifestações realizadas por estudantes.

Havia uma relação comercial entre o Brasil e Estados Unidos, gerando uma

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aliança entre os países. As manifestações estudantis ajudaram o presidente Getúlio Vargas a

demonstrar seu total apoio aos norte americanos.

Já em 15 de março de 1943, foi aprovado pelo presidente Getúlio Vargas o

memorando sobre a FEB (Força Expedicionária Brasileira), elaborado por Eurico Gaspar

Dutra, ministro de guerra.

[...] já não era mais possível hesitar. A indignação popular chegara ao auge, e o povo, em demonstrações de rua, atacava casas e estabelecimentos alemães e italianos exigindo a declaração de guerra. Afinal, a 22 de agosto, depois de uma vibrante manifestação, em que os estudantes do Rio tiveram papel marcante, declara-se o Brasil em estado de guerra com as nações do Eixo. No ano seguinte o governo começa a organizar um corpo expedicionário cujo chefe seria o General Mascarenhas de Morais. Em 1944 embarcaram para a Itália os primeiros escalões. A cobra começa a fumar. (BASBAUM, apud SALUN, 2004, p. 125).

Iniciava-se uma grande mobilização do Exercito Brasileiro, uma tarefa nada

fácil já que havia uma grande deficiência militar, pois estavam despreparados em diversos

aspectos, como a falta de estrutura, pouca organização e mantinham os costumes dos exércitos

franceses, já que o mesmo se mostrou eficiente e superior aos métodos utilizados pela

Alemanha na Primeira Guerra Mundial.

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3 QUEM SÃO ESTES HOMENS?

Para que possamos melhor compreender como se deu, de fato, a participação

do Brasil na Segunda Guerra Mundial, devemos primeiramente conhecer a origem desses

combatentes, pois a dificuldade enfrentada foi agravante, pois saíram de sua realidade para

enfrentar o desconhecido.

Na década de 1940, 70% da população brasileira se concentrava no meio rural,

foi desta localização que, mais tarde, sairiam muitos soldados para a formação da FEB,

homens estes que, em sua maioria eram analfabetos e com a saúde debilitada, que não

participaram das manifestações que pediam uma posição do governo brasileiro, pois não

tinham um preparo físico e nem psicológico para enfrentar uma batalha.

Esses aspectos demonstraram o quanto a inspeção médica, feita pelos norte

americanos na convocação para a FEB, veio a ser falha. Alguns destes homens, quando

constatados com alguma doença, eram liberados, como se estivessem aptos para lutar. Em

alguns casos, dentes foram arrancados, já que seria mais rápido e eficaz do que realizar um

tratamento para doenças na gengiva, um problema muito comum na época.

Para exemplificar, utilizaremos o depoimento sobre a vida do pracinha, senhor

Antônio Cruchaki, filho de polonês, o senhor Antônio teve uma vida de imposições e

cobranças, por mais que enfrentasse problemas que prejudicassem seu desempenho escolar,

por ser míope, mas seus pais nunca levaram este problema em consideração. Quando

adolescente, aos 18 anos de idade, alistou-se no exército, como previa na época pela Lei de

1906, do governo de Afonso Pena, mas que só foi implantada no Brasil na Primeira Guerra

Mundial e é obrigatório até hoje, pela Lei n.º 4375, de 17 de agosto de 1964. Nos anos

seguintes não teve mais nenhum contato com o exército. Ao completar 22 anos de idade,

recebera a convocação. Mesmo sabendo que havia estourado a Segunda Guerra Mundial, não

sabia ao certo se iria para Europa lutar por sua Pátria. Mesmo assim, deixou tudo para trás e

saiu do Estado de São Paulo e seguiu com outros jovens para o Rio de Janeiro.

Como foi dito acima, o senhor Antônio Cruchaki é míope, mesmo nessa

condição, foi aprovado no exame médico, que dizia estar apto para a guerra e isso quase lhe

custou à vida:

Quando estava em cima do caminhão que nos transportava de um lado para o

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outro, na carroceria, havia cabos de telefone pelos postes, como eu não enxergava, um cabo se prendeu ao meu pescoço me arrancando um pedaço da pele. Quase perdi a vida, mas só depois disso que me fizeram uns óculos, Italiano, para que eu pudesse enxergar melhor.2

Com isso, vemos que as condições em que muitos desses jovens se

encontravam naquele momento, não eram favoráveis, mas, sem dúvidas foram diagnosticados

aptos para lutar.

Os médicos que analisaram esses soldados eram norte-americanos, mas, de

fato, e a maior preocupação de todos era preencher a cota necessária para formar um grande

exército.

Os médicos americanos aplicavam uma agulha, grossa como prego, sobre nossa pele que injetava um líquido que, se a pele não mudasse a cor, não escurecesse, significava que estávamos aptos. Muitos ficaram com a pele escurecida.3

Exames psicológicos não foram realizados. Doenças ocasionaram baixo

desempenho dos soldados. O medo de não saber o que estava por vir e o despreparo fez com

que alguns homens ficassem fora de si, e logo retornassem ao Brasil.

Jovens com mais influência no meio, ou apadrinhados por grandes nomes do

exército, acabaram se livrando da obrigação de irem para a guerra, sobrecarregando aqueles

que, por sua vez, não tinham direito de escolha, tiveram que deixar suas vidas e profissões. “A

maior parte do oficialato da ativa conseguiu escapar do envio para a guerra. Justamente os

mais pobres e menos instruídos, com poucos contatos sociais influentes que lhes permitissem

se evadir, é que foram recrutados. (EICKHOFF apud MOCELIN, p. 14, 2004)”.

Mas quem, de fato, eram e são esses homens? Vindos de diversos lugares do

país, homens e jovens de famílias simples, alguns sem estudo adequado, pois neste período no

2 Entrevista cedida pelo pracinha Antônio Cruchaki no dia 23/02/2012, no município de Santo André. O texto foi redigido conforme a sua fala.

3 Entrevista cedida pelo pracinha Antônio Cruchaki, no dia 23/02/2012, no município de Santo André. O texto foi redigido conforme a sua fala.

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Brasil o bom estudo ainda era privilégio das classes mais altas.

TABELA DA CONTRIBUIÇÃO DOS ESTADOS PARA A FEB

ESTADO QUANTIDADE DE

HOMENS

PORCENTAGEM

Distrito Federal 6.094 25,71%

São Paulo 3.889 16,41%

Minas Gerais 2.947 12,43%

Rio de Janeiro 1.942 8,19%

Rio G. do Sul 1.880 7,93%

Paraná 1.542 6,51%

Santa Catarina 956 4,03%

Bahia 686 2,89%

Mato Grosso 679 2,86%

Pernambuco 651 2,75%

Ceará 377 1,59%

Paraíba 349 1,47%

Espírito Santo 345 1,46%

Rio G. do Norte 341 1,44%

Pará 281 1,19%

Sergipe 192 0,81%

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Alagoas 148 0,62%

Maranhão 134 0,57%

Goiás 111 0,47%

Amazonas 91 0,38%

Piauí 67 0,28%

TOTAL 23.702

Fonte: MAXIMIANO, César Campiani. Barbudos, sujos e fatigados, 2005.

Nem todos os soldados que participaram da guerra estavam ligados ao Exército

Brasileiro, muitos tinham uma profissão como, por exemplo, carpinteiros, agricultores etc.

Cidades mais afastadas dos grandes centros urbanos sofreram o impacto da convocação, como Três Lagoas, na divisa de São Paulo com o antigo Mato Grosso, que contribuiu com 33 de seus jovens incorporados à FEB e enviados além-mar. A cidade catarinense de Jaraguá do Sul [...] A pequena cidade de Paranaíba, situada na divisa entre Mato Grosso e Minas Gerais [...] (MAXIMIANO, 2010, p. 15).

Ao serem convocados, estes homens ficaram retidos nos quartéis de São Paulo

e do Rio de Janeiro e não tinham permissão de sair, ou de se comunicar com outras pessoas,

nem a data de embarque era do conhecimento desses homens, os soldados ficaram retidos em

quartéis, que estavam em condições inapropriadas. Não havia colchões, no lugar usavam

sacos de estopas e com muitos percevejos, algo que incomodava o sono. A alimentação era

precária, com intervalos muito longos entre uma refeição e outra.

Estávamos famintos e demorava muito para mandarem comida. Quando vinha eram seis mexericas, um punhado de farinha, carne de sol e chá, sempre com entorpecente para que nós ficássemos alucinados e não questionar.4

4 Entrevista cedida pelo pracinha Antônio Cruchaki, no dia 23/02/2012, no município de Santo André. O texto foi redigido conforme a sua fala.

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Apesar de todas essas condições adversas a maior reclamação destes homens,

era o modo como foram tratados, lançados a situações desumanas. Como nos relata outro ex-

combatente, também do 6º RI, mas de outro escalão.

Quando saímos de Recife trataram a gente como se transporta porco, no navio largados todo mundo revoltado. Quando vimos o major lá em cima nos castelinho do navio, a turma puxou até pistola pra ele. Quando chegamos no Rio, houve uma revolução, uma revolta, a gente descia e tinha manga, tinha tudo que a legião brasileira tinha mandado pra gente e eles estavam vendendo pra gente. 5

3.1 CONVOCAÇÃO E TREINAMENTO

Os estudantes organizaram e lideravam as mobilizações após os ataques a

navios brasileiros e cobravam uma resposta do governo, já que pediam vingança. Mas quando

esta resposta veio, com o decreto que permitiu a formação da FEB, não houve colaboração

dos mesmos para o alistamento.

Para que se formasse a FEB (Força Expedicionária Brasileira) era necessário

não somente homens fortes fisicamente, mas também havia a necessidade de homens com

capacidade de realizar cálculos complexos e com diversos conhecimentos como, por exemplo,

fazer a leitura de mapas. Com isso, o baixo nível de escolaridade foi um dos empecilhos

encontrados na mobilização da FEB.

Nesse conjunto de necessidades, houve outra alternativa que decorreu da

convocação de “reservistas de 2º categoria”6.

A convocação foi muito contraditória, alguns dos soldados não tinham

qualquer ligação com o exército, apenas haviam cumprido o alistamento obrigatório na idade

exigida. Mesmo assim, receberam o chamado para guerra e saíram de suas casas sem saber ao

menos o rumo que iriam tomar. Estavam soltos ao destino. Podemos exemplificar através do

5 Entrevista cedida pelo pracinha Manoel Elison da Silva, no dia 23/07/2012, no município de São

Caetano. O texto foi redigido conforme a sua fala.

6 Que não receberam instruções para funções gerais, ou que tenham servido em Tiro de Guerra com aproveitamento satisfatório.

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depoimento do pracinha Edmundo Ramos Rosa, que passou por essa experiência:

[...] quando cheguei para receber o certificado militar, me mandaram aguardar na sala. Então apareceu um oficial e disse que eu havia sido convocado como voluntário para a guerra, que meu nome havia ido sorteado e que deveria apresentar-me o mais rápido possível no agrupamento indicado (ROSA, apud SALUN, 2004, p. 41).

Essa foi uma forma obtida pelo governo para se alcançar o número necessário

de combatentes.

A maneira como se deu a convocação e a avaliação médica dos soldados foi

muito criticada pelos mesmos. No início havia critérios rígidos para a seleção de soldados,

mas com o tempo, por não conseguirem preencher os requisitos, se deixou passar muita coisa

e esses critérios foram sendo revistos.

Esses homens mal possuíam noções de educação ou higiene pessoal, os que

possuíam um nível mais elevado era a minoria. Filhos de homens com cargos de grande

importância não foram convocados.

[...] o que acontece é que os sargentos e os soldados que foram para a guerra eram todos ‘coitadinhos’, porque ‘filho de papai’ não queria ir. Como tinham pistolão, não foram. Em nossa tropa mesmo, os combatentes era quase todos gente humilde. Vinham do Mato Grosso, do sertão de Goiás, de Minas Gerais, e foi essa gente que seguiu. Levaram dois anos para formar os expedicionários. (LACERDA, apud SALUN, 2004, p. 40).

O treinamento também apresentou falhas e foi criticado, como os outros

problemas que surgiram na organização da FEB. Os soldados sofreram com as mudanças nos

equipamentos e a nova adaptação ao padrão norte americano, já que o Exército Brasileiro

estava sob a influência dos padrões franceses. O tempo não foi suficiente para essa

adequação, levando, assim, a falhas na estrutura. Nada do que estavam acostumados serviria

na Europa, por isso houve um “atraso” na hora das coisas se encaixarem.

Os armamentos utilizados pelos soldados da FEB foram enviados pelos norte

americanos. A princípio, a quantidade era insuficiente e o manuseio ficou ainda mais

complicado, já que os manuais eram escritos em inglês.

Vimos, então, que a batalha enfrentada pelos integrantes da FEB, começou a

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ser travada no Brasil. Foram expostos a situações desumanas que os deixaram em um estado

de desconforto, mesmo antes de terem a certeza de que lutariam na Europa.

A próxima seção retrata a conduta dos pracinhas na guerra.

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4 A CONDUTA NA GUERRA

No dia do embarque muitos praças e até mesmo oficiais desertaram, preferindo

enfrentar a corte marcial, mas não foi isso que ocorreu, devido a anistia presidencial, ato pelo

qual o poder legislativo deixa a pessoa impune.

Alguns praças relembram que, havia muitos meios para não embarcar, como,

contrair doenças venéreas propositalmente, para serem reprovados na inspeção, ou colocar

creme dental no pênis, pois, ao serem examinados sairiam um “pus branco”, que na realidade

seria o creme.

Prontos para embarcar, saíram com a roupa do corpo. Não levaram nada do que

necessitariam na Europa. “A única coisa que levamos como arma, foi um canivete” 7.

Como no Brasil não havia navios o suficiente para transportar 25 mil homens

para o porto de Nápoles, os americanos ficaram encarregados do transporte.

No mês de julho de 1944, o 6º RI (Regimento de Infantaria) embarca para a

Itália. Nada sobre o embarque foi divulgado no Brasil.

DIVISÃO DE SOLDADOS POR ESCALÕES

7 Entrevista cedida pelo pracinha Antônio Cruchaki, no dia 23/02/2012, no município de São Caetano. O texto foi redigido conforme a sua fala.

Escalões Homens

1º Escalão 5.075

2º e 3º Escalão 10.375

4º Escalão 4.691

5º Escalão 5.082’

Via aérea 111

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Fonte: SALUN, Alfredo Oscar. “Zé Carioca vai à guerra”, 2005.

Segundo dados apresentados, 25.334 soldados brasileiros foram enviados para

a guerra.

Em cada compartimento do navio, 300 homens se alojavam. Foram 16

dias de grande agonia, entre o céu, o mar e o desconhecido. Após a refeição, os soldados eram

obrigados a ficarem no convés, expostos ao calor excessivo. Os banheiros eram disputados e o

a água do banho era salgada.

Para se distraírem, jogavam baralho e cartas, cantavam músicas e tocavam

instrumentos. Mas muitos passavam mal e nem a diversão conseguia distraí-los.

A relação entre os oficiais e pracinhas não era muito amigável. Havia certo pré-

conceito em relação a esses homens vindos de lugares pobres, em sua maioria, do sertão

brasileiro que mal sabiam ler ou escrever.

O jornal A noite trazia o seguinte relato: “[...] Nossos soldados estão felizes e

contentes, sua alimentação à altura dos seus costumes e fumam a vontade” (À noite

25.07.1944. apud, SALUN, p.46, 2004), mas o que realmente estava acontecendo era o

contrario, os soldados tinham uma má alimentação, tanto nos quartéis, ao serem convocados,

quanto no navio, ao partirem para a Itália.

Quando nós chegamos ao quartel, depois de passar horas de um lado para o outro, nos serviram apenas uma saquinho com farinha e jabá, meia dúzia de mexericas e uma caneca de chá, que já vinha com entorpecente para a gente ficasse fora de si. Depois de muitas horas sem comer, pois o que havia nos vagões a vontade era água, chegamos em outro quartel, onde nos ofereceram feijão preto com jabá. Depois fomos dormir em sacos de estopa cheios de percevejos que nos impediam de dormir. Ali ficamos sem poder sair. 8

Os pracinhas começaram a receber uma alimentação adequada apenas quando

se juntaram aos soldados norte-americanos, pois eram mais organizados em diversos aspectos.

8 Entrevista cedida pelo pracinha Antônio Cruchaki, no dia 23/02/2012, no município de São Caetano. O texto foi redigido conforme a sua fala.

Total 25.334

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Esta falta de organização levou os soldados a se tratarem com indiferença, como nos relata

Júlio do Vale:

O nosso exército só aprendeu a viver depois da guerra. Antes um cabo mandava como general, os oficiais e sargentos não se misturavam. Nós éramos tratados como capachos. Depois da guerra eles foram aprender com os americanos [...] (VALLE, apud SALUN, 2004, p. 74).

Além da discriminação que os soldados mais simples sofreram, ao se juntarem

com os norte-americanos, se depararam com o preconceito em relação aos negros. Havia a

Divisão nº 92 do Exército americano, que era composto apenas por negros, por isso os

denominavam “Divisão Negra”. Alguns de seus líderes, durante a guerra, discursavam que os

negros não tinham problemas com Hitler, mais sim com o racismo doméstico e contra ele

deveriam lutar.

O primeiro escalão que chegou a Itália, a 16 de julho de 1944, teve o

desembarque noticiado pelo jornal “À noite“, no dia 19 de julho de 1944. Ao chegarem ao

porto de Nápoles, os praças se depararam com um cenário de destruição e muito lixo de

guerra.

Não havia alimentos, armas ou até mesmo barracas para os febianos. Os

americanos tentaram obter o armamento necessário. Neste período, os soldados treinavam, o

que na opinião de alguns soldados, era somente para manter a forma física.

Os praças tinham a permissão para enviar e receber cartas, mas essas passavam

por uma rigorosa inspeção, para garantir que não houvesse a saída informações perigosas que

pudessem arriscar a operação

Havia uma censura do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) em

relação às notificações de guerra. Mesmo assim, foi documentada a atuação dos febianos. Os

jornalistas responsáveis em publicar os relatos, eram submetidos a um processo seletivo para

se obter uma aprovação do DIP e uma credencial oficial como correspondentes de guerra.

O Brasil também foi notícia e alvo de críticas nos meios de comunicação dos

inimigos, que apontavam a decisão do Brasil em estar do lado dos “Aliados”.

Com a ajuda do DIP, o Correio Paulistano publicava trechos dessas cartas e os

jornais, para realizar uma “falsa” imagem da guerra, destacavam as qualidades e acertos da

FEB, sempre omitindo os erros cometidos durante a campanha, isso para criar uma imagem

de patriotismo e divulgar uma união nacional, em busca da mesma meta.

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Chegando diariamente ao ministério da guerra centenas de telegramas e cartas de pessoas de todas as classes sociais, oferecendo seus serviços militares para a defesa do Brasil. O ministro da Guerra na impossibilidade de responder todos esses telegramas e cartas, agradece em nome do exercito todos os quantos sacrificaram espontaneamente pela vontade de servir a pátria [...] Aproveita ainda a oportunidade para confirmar sua satisfação diante dessa atitude patriótica dos brasileiros, com sua demonstração de civismo (O Estado de São Paulo, 15.09.1942, apud SALUN, 2004).

Na guerra os brasileiros recebiam panfletos dos alemães que queriam acabar

com a moral dos soldados brasileiros, levantando a questão da “falsa amizade” dos norte-

americanos em relação ao Brasil.

Antes da chegada dos brasileiros, os italianos já estavam transmitindo entre si,

noticias sobre os brasileiros. Alegavam que estes eram bárbaros e sanguinários,

principalmente os negros.

Apesar de terem voltado vitoriosos, não foi fácil enfrentar o inimigo, pois não

tiveram treinamento o suficiente. “A culpa toda foi falta de comando, porque não tinha uma

senha. Não teve uma organização, isso foi ignorado na linha de frente9”. Ao chegarem à

Europa, se depararam com uma grande defensiva por parte dos Italianos, que estavam

preparados com armas automáticas. O Brasil fez o uso das armas dos norte-americanos, mas

não foram instruídos em relação ao uso das mesmas.

Saímos daqui em um navio com muitos homens, 16 dias entre céu e mar. Refeições dadas a cada 12 horas. Não tínhamos bebida livre, apenas água, nem mulheres, nenhuma diversão além de jogos. A única coisa que havia em nosso bolso era um canivete, ate isso tiraram de nós na volta. 10

Enfrentaram muitas dificuldades em vários aspectos como a falta de instrução,

o frio excessivo (o contato com a neve, uma novidade para os brasileiros), o medo do

9 Entrevista cedida pelo pracinha Manoel Elison da Silva, no dia 23/07/2012, no município de São Caetano. O texto foi redigido conforme a sua fala.

10 Entrevista cedida pelo pracinha Antônio Cruchaki, no dia 23/02/2012, no município de Santo André. O texto foi redigido conforme a sua fala.

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inesperado e a falta de conhecimento.

Muitos, tomados pelo medo e a incerteza, não achavam saídas para seguir

adiante, alguns fugiram e outros encontraram a fé que não tinham, como vemos na oração

escrita por um soldado durante a guerra:

Escuta Deus: jamais falei contigo. Hoje quero saudar-te; Bom dia! Sabe, disseram que tu não existes, e eu, tolo, acreditei que era verdade. Nunca havia reparado a tua obra. Ontem à noite, da trincheira rasgada por granadas, vi teu céu estrelado. E compreendi então que me enganaram. Não sei se apertaras a minha mão. Vou te explicar e hás de compreender. E engraçado: neste inferno hediondo achei a luz para enxergar o teu rosto. Dito isto, já não tenho muita coisa a te contar: só que...que...tenho muito prazer em conhecer-te. Faremos um ataque à meia noite. Não sinto medo. Deus, sei que tu velas... Ah! E o clarim! Bom Deus, devo ir-me embora. Gostei de ti, vou ter saudade... Quero dizer: será cruenta a luta, bem o sabes, e esta noite pode ser que eu vá bater-te a porta! Muito amigos não somos, e verdade. Mas... Sim, estou chorando! Vês, Deus, penso que já não sou tão mau. Bem, Deus, tenho que ir. Sorte e coisa bem rara: juro, porem: já não receio a morte.11

O inverno rigoroso pegou os brasileiros de surpresa - 15º a 20ºC, negativos -,

os colocando em uma situação nada cômoda, pois não estavam acostumados com o frio e a

neve. Seus equipamentos, roupas, não eram adequadas para suportar o clima frio. As botas

usadas pelos brasileiros causavam o que eles chamavam de “pé de trincheira”, quando havia o

congelamento dos pés. O frio chegou a ser mais temido pelos pracinhas do que as próprias

batalhas. “Quando você ficava muito tempo na trincheira, se retirasse a luva, os dedos

gelavam e endureciam, então você precisava ficar esfregando as mãos para poder enfiar o

dedo no gatilho”. (SANTOS TORRES, entrevista apud Maximiano, p. 107, 2004)

O uniforme dos soldados brasileiros, não era o ideal para aguentar as mudanças

climáticas e não se adequava ao formato do corpo e foi apelidado de “Zé carioca”, por causa

de sua cor (anexo p. 34).

Já no Brasil, as notícias chegavam com certa diferença do que realmente

acontecia, como podemos ver, mais uma vez, nos relatos do Jornal “A Noite“.

As forças do Brasil enfrentavam com galhardia os rigores do inverno no

11 Cópia de uma oração encontrada no bolso de uma sodado não identificado e foi cedida pelo pracinha Antônio Cruchaki durante a entrevista do dia 23/02/2012.

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Apeninos [...] nossos soldados, longe de estarem reclamando do frio, compreendem que é necessário continuar investindo para expulsar os alemães e completar a tarefa que lhes foi designada; contam para isso com roupas quentes e toda a sorte de mantimentos para estarem sempre aquecidos. (A Noite, 20.2.194, apud SALUN, 2004, p. 68).

A atuação da FEB foi somente em território italiano. Participaram de

conquistas de alguns pontos importantes do país, como Monte Castello e Montese.

TABELA SOBRE AS AÇÕES DA FEB NA ITÁLIA

Regiões Data

Camaiore 18.09.1944

Monte Prano 26.09.1944

Monte Castello 21.02.1945

Castelnuevo 05.03.1945

Montese 14.04.1945

Zocca 20.04-1945

Collechio 26.04.1945

Fornovo 28.04-1945

Fonte: SALUN, Alfredo Oscar. “Zé Carioca vai a guerra”, 2005

Ao ver dos italianos, os brasileiros eram os libertadores, por isso, os soldados

foram aclamados pelos moradores das pequenas cidades da Itália e disputados pelas moças, e

isso fez com que eles se sentissem melhores.

Ficaram aguardando o retorno em um local a 50 km da cidade de Nápoles.

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5 O RETORNO AO BRASIL

O retorno para o Brasil também foi bastante conturbado, pois os soldados

ficaram longos dias aguardando o retorno em acampamentos, onde se sentiam como

prisioneiros, já que não tinham a permissão de sair, aguardando o momento para embarcar,

sem saber, novamente, local, data e hora. Nem todos voltaram logo após o término da guerra.

Finalmente chegada a hora do embarque, seis navios foram utilizados, mas a

volta se deu lentamente e em várias etapas. Porém, após inúmeras batalhas e o sofrimento pela

espera, nem todos os soldados puderam retornar logo aos seus lares.

Quando terminou a guerra, ficamos nos barracões sem permissão pra sair, mas a gente saía escondido com alguns Italianos. A principio a gente embarcar no porto de Gênova, mas estava perigoso, pois ainda havia minas instaladas. Então, fomos colocados nos caminhões e logo embarcamos no porto de Nápoles. Todos acenavam na despedida. 12

Apenas os primeiros sobreviventes que retornaram ao Brasil tiveram uma boa

recepção e foram recebidos como “heróis” pela população. Os mesmos estavam trazendo

consigo os armamentos utilizados. No desfile dia 18 de julho de 1945, que passou por

diversos lugares, como a Avenida Rio Branco, Praça Mauá e Cais do Porto no Rio de Janeiro,

foram bem disputados, todos queriam estar perto deles, saber os detalhes. Mas logo foram

entregues ao esquecimento. Os últimos, ao chegarem ao porto do Rio de Janeiro, nem isso

receberam.

Foram acolhidos com um desfile na cidade e o acolhimento foi tão caloroso

que alguns soldados saíram machucados, já que o cordão de isolamento feito pela polícia

militar e aeronáutica, não foi o suficiente para segurar a população presente na praça, pois

todos queriam arrancar algo dos soldados para guardarem como lembrança.

Passada a euforia pública, estes homens começaram a se ver largados aos

poucos, sem apoio do governo. Segundo o depoimento do veterano Antônio Cruchaki, houve

12 Entrevista cedida pelo pracinha Manoel Elison da Silva, no dia 23/07/2012, no município de São Caetano. O texto foi redigido conforme a sua fala.

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uma revolta e eles foram atrás de seus direitos com armas nas mãos, até que chegaram a um

acordo e receberam o restante do dinheiro para completar o que faltava para suas passagens, e

só assim puderam voltar aos seus lares.

Já para não haver o mesmo desentendimento com os próximos soldados que

iriam retornar da Itália, os armamentos foram recolhidos, e eles não puderam trazer consigo

arma alguma, nem mesmo seus canivetes.

Ao chegarem ao porto do Rio de Janeiro, não foram acolhidos, não teve desfile

ou coisa parecida. Largados à própria sorte tiveram que “mendigar” para conseguir

retornarem às suas famílias. Se iniciava mais uma batalha, agora em terra brasileira.

Nenhum exame foi feito ao retornarem. Nenhum apoio do governo chegou até

eles. Isso agravou a situação de cada um aqui no Brasil. Muitos não conseguiram se readaptar,

voltar novamente ao cotidiano de alguns anos antes. Com problemas psiquiátricos e

financeiros, alguns pracinhas se tornaram mendigos. Muitos desses morreram nas ruas.

Quando chegamos ao Rio de Janeiro, até nosso canivete foi retirado, pois o governo temia uma revolta, já que, nem os primeiros a chegarem receberam suas recompensas. Nós fomos jogados e nem dinheiro para voltar para casa recebemos, tivemos que sair pedindo emprestado. Somente 40 anos depois recebemos um parecer do governo. Mas o trauma ninguém tira.13

Logo vieram as proibições. Os soldados não podiam se reunir em grupos,

realizar publicações ou até mesmo, vestir o uniforme.

De acordo com depoimentos dos ex-combatentes de guerra, vemos que, apesar

de seus feitos pela pátria, isto não foi o suficiente para que houvesse um reconhecimento

merecido.

6 METODOLOGIA

13 Entrevista cedida pelo pracinha Antônio Cruchaki, no dia 23/02/2012, no município de Santo André. O texto foi redigido conforme a sua fala.

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A pesquisa de campo surgiu com a necessidade de complementar as leituras

realizadas durante o processo de realização do trabalho. Ocorreram duas entrevistas com ex-

combatentes da Força Expedicionária Brasileira, com o objetivo de conhecer a versão de

quem, de fato, participou dos acontecimentos.

Estas entrevistas foram abertas, sem muitas realizações de perguntas, deixando

os entrevistados à vontade para contar suas experiências. Isso se deu de uma forma muito

fácil, já que os mesmos contaram de forma cronológica, relembrando, desde a convocação, até

os dias de hoje.

No dia 23/02/2012, na cidade de Santo André, foi realizada a entrevista com o

pracinha Antônio Cruchaki. Ele descreveu suas experiências resgatando suas memórias, algo

que o deixou muito emocionado.

Já no dia 23/07/2012, na cidade de São Caetano, foi a vez da entrevista com o

pracinha Manoel Eliseo,que também contou suas experiências e muito emocionado relatou as

suas histórias como integrante do primeiro escalão a ir para Itália e de seu retorno e

participação do desfile dos “heróis”.

CONCLUSÃO

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O tempo vem nos revelar que a memória social é algo sem relevância para os

brasileiros, mas ao mesmo tempo não podemos atribuir a culpa desse esquecimento somente a

baixa qualidade do ensino.

Mesmo passados longos anos dos fatos, muitos dos ex-combatentes buscam dar

sempre mais vida à história, para que assim ela não morra com eles. É com muita tristeza que

eles relembram do passado, pois os “heróis” foram esquecidos logo que retornaram ao Brasil.

O trauma trazido pela guerra não foi fácil de lidar. Desde a convocação até os

tempos de readaptação foi um doloroso caminho a trilhar, não houve uma organização devida

no início e nem um apoio do governo ao retornarem sendo até mesmo impedidos de contar

suas experiências. Essas imposições e falta de auxílio desencadearam diversas situações,

como o desemprego, pois muitos acreditavam que os soldados, por suas experiências

traumáticas, teriam voltados loucos. A loucura foi mesmo o destino de alguns destes. Outro

resultado desse esquecimento foi a mendicância e muitos morreram nesta situação.

Contar suas experiências, após longos anos, não é simples, em vista que a

emoção, dor, revolta, vem com as lembranças e também o fato de não terem recebido o que

dinheiro nenhum pode trazer: o reconhecimento. Em alguns relatos, os pracinhas deixam claro

que na Itália se tem muito mais respeito pelos feitos da FEB do que no próprio país de origem.

Muitos monumentos foram erguidos em homenagem aos soldados, mas nem

todos recebem a atenção merecida da população brasileira. O mais conhecido monumento se

encontra no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro e é o Monumento Nacional aos Mortos da

Segunda Guerra Mundial, que foi erguido em 1960 e abriga restos mortais dos ex-

combatentes brasileiros que morreram na guerra. Mesmo recebendo muitos turistas na cidade,

a visitação ao monumento não é frequente.

Alguns dos próprios pracinhas foram atrás das autoridades para que fossem

erguidos monumentos em suas cidades. Outros ainda lutaram, e ainda lutam, para preservação

de alguns desses monumentos. Mas isso não é o bastante.

Esses homens não querem ser colocados em pedestais, nem tão pouco receber

grandes quantias de dinheiro, pois, o que pagaria todas as suas realizações seria o simples fato

de serem reconhecidos pelas gerações futuras como os verdadeiros “heróis”, e que todos

pudessem afirmar: Sim, o Brasil tem heróis.

As escolas devem se empenhar e serem grandes aliadas no ensino e na

formação da identidade dos brasileiros. Devemos nos mobilizar mais para que a história da

FEB seja tratada com dignidade.

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REFERÊNCIAS

LONGA JORNADA COM A FEB NA Itália: DE VOLTA A VIDA CIVIL. Disponível em:<www.portalfeb.com.br>.

LOSSANO, Aparecida Casseb et al. Manual de Orientação de Trabalhos Acadêmicos. FASB ed. São Bernardo do Campo. 2010.

MAXIMIANO, César Campiani; GONÇALVES, José, Irmãos de Arma. São Paulo: Conex, 2005.

MAXIMIANO, César Campiani, Sujos, barbudos e fatigados. São Paulo: Grua livros, 2010.

MOCELIN, Ketrim Daiana, Memórias de Guerra: A trajetória da FEB na 2ª Guerra

Mundial. Disponível em:<

http://www.utp.br/historia/revista_historia/numero_3/link/Ketrim_Daiana_Mocelin.pdf>.

SALUN, Alfredo Oscar, Zé Carioca vai à guerra. São Paulo: Pulsar, 2004.

SOUSA, Rainer, Brasil na Segunda Guerra Mundial. Disponível em:< http://www.brasilescola.com/historiab/brasil-segunda-guerra.htm>.

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. Disponível em:<www.suapesquisa.com/segundaguerramundial>.

70 ANOS DO INÍCIO DA GUERRA. Disponível em:<www.noticias.terra.com.br>.

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ANEXOS

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Imagem 1 - Uniforme da FEB

Fonte: <http://www.ecsbdefesa.com.br/arq/Art%207.htm>

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35

Imagem 2 - Anexação da Áustria e da Checoslováquia

Fonte:<http://www.terra.com.br/noticias/70-anos-segunda-guerra/segunda-guerra-comeco-1.htm>

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36

Imagem 3 – Monumento em Pistóia

Fonte: MAXIMIANO, César Campiani. Irmãos de Armas, pag. 302.

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37

Imagem 4 – Capacete usado na Segunda Guerra

Fonte: MAXIMIANO, César Campiani. Irmãos de Armas, pag. 301.

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38

Imagem 5 - Objetos

Fonte: MAXIMIANO, César Campiani. Irmãos de Armas, pag. 300.

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39

Imagem 6 - Medalhas e Distintivos

Fonte: MAXIMIANO, César Campiani. Irmãos de Armas, pag. 299.

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40

Imagem 7 - Capa da Revista “E a cobra fumou!”

Fonte: MAXIMIANO, César Campiani. Irmãos de Armas, pag. 286.

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Imagem 8 - Roteiro da FEB

Fonte: MAXIMIANO, César Campiani. Irmãos de Armas, pag. 287.

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Imagem 9 - 1º Batalhão do 6º RI. / Mussoline, sua Amante e líderes assassinados.

Fonte: MAXIMIANO, César Campiani. Irmãos de Armas, pag. 284.

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Imagem 10 - Mapa da Região de Montese - Zocca

Fonte: MAXIMIANO, César Campiani. Irmãos de Armas, pag. 284.

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44

Imagem 11 - Edição “E a cobra fumou!”

Fonte: MAXIMIANO, César Campiani. Irmãos de Armas, pag. 256.

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45

Imagem 12 - Soldados enfrentam a neve

Fonte: MAXIMIANO, César Campiani. Irmãos de Armas, pag. 257.

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Imagem 13 - Navio norte-americano

Fonte: MAXIMIANO, César Campiani. Irmãos de Armas, pag. 237.

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APÊNDICES

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Imagem 01 - Acervo Pessoal do Veterano Antônio Cruchaki

Fonte: MARTIM, Camila Aparecida.

Imagem 02 - Acervo Pessoal do Veterano Antônio Cruchaki

Fonte: MARTIM, Camila Aparecida.

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Imagem 03 - Acervo Pessoal do Veterano Antônio Cruchaki

Fonte: MARTIM, Camila Aparecida.

Imagem 04 - Acervo Pessoal do Veterano Antônio Cruchaki

Fonte: MARTIM, Camila Aparecida.

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Imagem 05 - Acervo Pessoal do Veterano Antônio Cruchaki

Fonte: MARTIM, Camila Aparecida.

Imagem 06 - Acervo Pessoal do Veterano Antônio Cruchaki

Fonte: MARTIM, Camila Aparecida.

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Imagem 07 - Veterano Antônio Cruchaki

Fonte: MARTIM, Camila Aparecida.

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Imagem 08 – Veterano Manoel Elison da Silva

Fonte: MARTIM, Camila Aparecida.

Imagem 09 – Veteranos Manoel Elison da Silva e Antônio Cruchaki

Fonte: MARTIM, Camila Aparecida.