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FACULDADE DE TECNOLOGIA SENAC PALHOÇA Pós-graduação lato sensu em Gestão Estratégica de Pessoas Aline Amanda Gonzaga Lalau Anelize Viecili Carla da Rosa Moreira Jeison dos Passos da Silva QUALIDADE DE VIDA NA EMPRESA DE TECNOLOGIA SOFTPLAN Palhoça 2015

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FACULDADE DE TECNOLOGIA SENAC PALHOÇA

Pós-graduação lato sensu em Gestão Estratégica de Pessoas

Aline Amanda Gonzaga Lalau

Anelize Viecili

Carla da Rosa Moreira

Jeison dos Passos da Silva

QUALIDADE DE VIDA NA EMPRESA DE TECNOLOGIA SOFTPLAN

Palhoça

2015

Aline Amanda Gonzaga Lalau

Anelize Viecili

Carla da Rosa Moreira

Jeison dos Passos da Silva

QUALIDADE DE VIDA NA EMPRESA DE TECNOLOGIA SOFTPLAN

Trabalho apresentado à Faculdade de Tecnologia Senac Palhoça como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gestão Estratégica de Pessoas. Orientadora: Joici Lilian Rodrigues

Palhoça

2015

Aline Amanda Gonzaga Lalau

Anelize Viecili

Carla da Rosa Moreira

Jeison dos Passos da Silva

QUALIDADE DE VIDA NA EMPRESA DE TECNOLOGIA SOFTPLAN

Trabalho apresentado à Faculdade de Tecnologia Senac Palhoça como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gestão Estratégica de Pessoas. Orientadora: Joici Lilian Rodrigues

___________________________________

Profª. Joici Lilian Rodrigues, Msc (Orientadora)

____________________________________

Profª. Andresa Darosci Silva, Msc

___________________________________

Profº. Eli Lopes da Silva, Ms

Palhoça

2015

RESUMO

Devido a competitividade no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação, a área de Gestão de Pessoas necessita criar estratégias de qualidade de vida no trabalho tornando essas ações parte dos diferenciais que a empresa oferece aos seus funcionários. Neste aspecto, esta área vem se esforçando para atrair e manter os melhores profissionais. Este trabalho consiste no diagnóstico do levantamento de dados que ocorrem nos processos de gestão de pessoas com ênfase na qualidade de vida no trabalho de uma organização da área de Tecnologia da Informação e Comunicação da Grande Florianópolis, e a proposição de estratégias de ações de qualidade de vida. Foram analisados os dados obtidos através de pesquisa participante, ou seja, observações feitas por funcionários da empresa do setor de gestão de pessoas levando em consideração o ambiente interno e externo da organização. O objetivo das estratégias é desenvolver atividades voltadas ao colaborador, envolvendo um conjunto de ações com enfoque biopsicossocial, que se caracterize por olhar a empresa e as pessoas como um todo, promovendo bem-estar e qualidade de vida no trabalho em seu formato mais amplo. Por este motivo, foram propostas estratégias baseadas no pentáculo do bem-estar do Professor Markus Nahas.

Palavras chave: Tecnologia da Informação e Comunicação. Gestão de Pessoas. Qualidade de Vida. Qualidade de Vida no Trabalho.

ABSTRACT

Due to the competitiveness in the field of Technologies of Information and Communication (TIC), personnel management requires more and more elaborate strategies to inforce welfare at work by assuring that the company offers the staff such actions. Acknowledging those aspects, the human resources department strives to attract the best professionals and to keep them. This work makes a diagnosis of all data about the process of personnel management with emphasis on quality of life while at work in an organization of TIC from the region of Florianópolis, as well as proposes actions to improve it. We analyzed data gathered through a research among employees regarding interior and exterior environment. The objective of those strategies is to develop activities that lean towards the staff in biopsychosocial perspective, providing a healthier setting. Therefore, the suggested strategies are based on the concept of Pentacle of Welfare by professor Markus Nahas. Keywords: Technologies of Information and Communication. Personnel management. Quality of life. Quality of life at work.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 6 1.2 Objetivos ........................................................................................................ 7 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 7 1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 7 1.3 Justificativa .................................................................................................... 7 1.4 Método ............................................................................................................ 9 1.4.1 Caracterização da pesquisa ............................................................................ 9 1.4.2 Técnica de coleta de dados ........................................................................... 10 1.4.3 Delimitação da população pesquisada .......................................................... 10 1.4.4 Análise dos dados ......................................................................................... 10 1.5 Diagnóstico e análise .................................................................................. 10 1.5.1 Ambiente Externo .......................................................................................... 11 1.5.1.1 Mercado de trabalho...................................................................................... 11 1.5.1.2 Mercado de recursos humanos ..................................................................... 12 1.5.2. Ambiente Interno ........................................................................................... 12 1.5.2.1 Apresentação da Empresa ............................................................................ 12 2 FUNDAMENTAÇÃO RELACIONADA AO TEMA DE ESTUDO .................. 26 2.1 Gestão de pessoas e principais tendências relacionadas à gestão estratégica de pessoas. .......................................................................................... 26 2.1.2 Qualidade de vida.......................................................................................... 27 2.1.3 Qualidade de vida no trabalho ....................................................................... 29 2.1.4 O que interfere na qualidade de vida ............................................................ 32 2.1.5 O estresse e o profissional de TI ................................................................... 33 2.1.6 Qualidade de vida no trabalho de TI.............................................................. 34 2.1.7 Qual a importância e os efeitos da qualidade de vida no trabalho ................ 35 3 ESTRATÉGIAS PARA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE QUALIDADE DE VIDA .................................................................................................................... 41 4 ANÁLISE DA VIABILIDADE DO PROJETO ................................................ 44

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 47 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 49

6

1 INTRODUÇÃO

A expressão Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) surgiu no início da década

de 50 na Inglaterra, a partir dos estudos de Eric Trist, sobre a relação

indivíduo/trabalho/organização. A Qualidade de Vida no Trabalho ganhou ênfase a

partir dos anos 90, passando a integrar o processo de Retenção de Talentos. A QVT

foi influenciada pelas teorias de participação no trabalho, para elevar o compromisso

dos empregados e a produtividade (BOM SUCESSO, 2002), pela Gestão da

Qualidade e o direito à saúde das pessoas (FRANÇA, 2007), surgindo como uma

forma de compensar o esforço exigido dos profissionais e de ajudar a manter a sua

saúde física e psicológica.

A qualidade de vida no trabalho proporciona descobertas que contribuem no

auxílio da organização de lidar com seus trabalhadores de forma adequada.

Mediante isso cabem tais questionamentos: As empresas se preocupam em

proporcionar qualidade de vida aos seus funcionários? Como fica a motivação para

realizar o trabalho adequado em empresas que não desenvolvem ações para o bem-

estar do funcionário? Por que as preocupações com a QVT vêm crescendo nos

últimos anos enquanto as empresas estão preocupadas com sua sobrevivência e a

competitividade frente ao mundo do trabalho?

A questão é que atualmente algumas empresas não se preocupam em dar

Qualidade de Vida para seus funcionários e com isso os empregados não têm

motivação para fazer um bom trabalho. Uma maneira para possibilitar uma solução

para isso é fazer com que as empresas pensem mais em seus empregados

promovendo Programas de Qualidade de Vida no Trabalho para que estes

funcionários possam ter mais produtividade e desempenho em suas atividades e,

além disso, a atividade física, no âmbito da empresa é uma questão relacionada à

promoção de saúde, não apenas como ausência de doença. A Organização Mundial

de Saúde (OMS) define saúde não apenas como ausência de doença, mas como a

situação de perfeito bem-estar físico, mental e social.

7

1.2 Objetivos

Os objetivos da pesquisa são divididos em geral e específico, sendo que o

primeiro reflete a direção da pesquisa e os específicos têm como função a

operacionalização do objetivo geral.

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral desta pesquisa é propor um programa estruturado de

qualidade de vida no trabalho para a empresa Softplan Planejamento e Sistemas,

situada na cidade de Florianópolis – SC.

1.2.2 Objetivos Específicos

Neste presente trabalho serão apresentadas as seguintes ações:

Realizar levantamento e descrição dos processos de gestão de pessoas;

Fazer revisão de literatura sobre o tema qualidade de vida no trabalho;

Elaborar proposta para implantação de programa de qualidade de vida no

trabalho.

1.3 Justificativa

A valorização do talento humano excede à recompensa financeira pelo

trabalho realizado. Ela pressupõe a atenção das empresas na construção de um

ambiente de trabalho afetivo onde seus profissionais sejam reconhecidos como

seres humanos em todas as suas dimensões – física, emocional, social, profissional,

intelectual e espiritual, oportunizando condições para a melhoria e o

autogerenciamento de seu estilo de vida na busca de qualidade (SIQUEIRA;

GOMIDE Jr., 2004, p. 302).

O quadro 1 apresenta os indicadores de qualidade de vida no trabalho mais

apontados pelos empregados das melhores empresas para se trabalhar, publicados

na Revista Exame em 1999, 2000, 2001 e 2002, nas quais destaca-se:

8

Quadro 1- Indicadores de qualidade de vida no trabalho pelos empregados das

melhores empresas de 1999, 2000, 2001 e 2002.

1999 2000 2001 2002

Orgulho do

trabalho da

empresa;

Segurança e

confiança na

gestão;

Oportunidade de

carreira;

Camaradagem no

ambiente de

trabalho;

Treinamento;

Inovação no

sistema de

trabalho;

Benefícios;

Clareza e abertura

na comunicação

interna; Salários.

Oportunidade de

carreira e

treinamento;

Segurança e

confiança na

gestão;

Orgulho do

trabalho na

empresa;

Camaradagem no

ambiente de

trabalho;

Salários;

Benefícios;

Responsabilidade

social;

Clareza e abertura

na comunicação

interna;

Segurança e

confiança na

gestão;

Camaradagem no

ambiente de

trabalho;

Orgulho do

trabalho e da

empresa;

Clareza e abertura

na comunicação

interna;

Oportunidade de

carreira e

treinamento;

Salários;

Benefícios;

Responsabilidade

social.

Segurança e

confiança na

gestão;

Camaradagem no

ambiente de

trabalho;

Orgulho do

trabalho e da

empresa;

Clareza e abertura

na comunicação

interna;

Oportunidade de

carreira e

treinamento;

Remuneração;

Benefícios;

Responsabilidade

social;

Fonte: Revista EXAME adaptado de Tolfo (2008, p. 9)

As melhores empresas para se trabalhar investem na qualidade de vida no

trabalho de seus colaboradores e isso fica evidenciado nas pesquisas realizadas

com essas empresas. Há todo um diferencial na avaliação dessas, onde os

colaboradores destacam o orgulho de trabalhar nas empresas, as oportunidades

oferecidas, a preocupação com a segurança, a comunicação clara, etc

9

A implementação de um programa de qualidade de vida no trabalho é

importante frente à nova realidade social onde se vislumbra o aumento da

expectativa de vida, maior consciência sobre o direito à saúde e hábitos saudáveis,

mudança no comportamento do consumidor, bem como responsabilidade social

junto aos funcionários.

Os profissionais são responsáveis por sua saúde individual, cabe à empresa o

papel de mediadora do processo de conscientização desses profissionais para a

adoção de um estilo de vida mais saudável. Com o desenvolvimento de ações que

visem a Qualidade de Vida, a empresa, em decorrência do estado de bem-estar e

satisfação pessoal gerado entre seus profissionais, certamente ainda se beneficiará

em termos de produtividade, retenção de talentos e qualidade dos serviços que

presta à sociedade brasileira.

Assim, a adoção de programas de qualidade de vida no trabalho proporciona

ao profissional maior resistência ao estresse, equilíbrio emocional, motivação

elevada, maior eficiência no trabalho e melhor relacionamento. Além disso, a

instituição é beneficiada com uma força de trabalho mais saudável, minimizando

absenteísmo/rotatividade, menor número de acidentes, menor custo de saúde

assistencial, maior produtividade, e, por último, um melhor ambiente de trabalho.

O Programa de Qualidade de Vida é um instrumento fundamental de gestão

organizacional e sua possibilidade de sucesso depende, principalmente, de um

modelo contínuo e sistêmico, questão esta não adotada pela maioria das empresas,

pois as mesmas possuem ações paliativas, aleatórias e isoladas.

1.4 Método

O método descrito nesse projeto integrador é composto pelo conjunto de

procedimentos para alcançar os fins da pesquisa por meio de ações que

conduziram a trajetória da pesquisa realizada.

1.4.1 Caracterização da pesquisa

A caracterização da pesquisa classifica-se como diagnóstico. No qual

Thiollent (2009) relata que os métodos de diagnósticos são procedimentos práticos e

adaptados onde, propõem-se a explorar o ambiente, levantando e definindo

10

problemas. Sendo assim, trata-se de reunir elementos de explicação de casos

específicos e aperfeiçoando os procedimentos de conhecimento aplicados na

realidade do ambiente. Desta forma, o diagnóstico incorpora diversas modalidades

de pesquisa e de aprendizagem.

A pesquisa ainda caracteriza-se como qualitativa e descritiva. Qualitativa, pois

esta forma de investigação faz com que os pesquisadores interpretem o que

ouviram, enxergaram e compreenderam sobre os fenômenos estudados. Descritiva,

uma vez que descreve situações e processos de recursos humanos.

Também foi utilizada a revisão da literatura.

1.4.2 Técnica de coleta de dados

As técnicas utilizadas foram de observação indireta com análise documental e

técnica de pesquisa participante, onde uma das pesquisadoras por trabalhar na

empresa pesquisada, contribuiu com algumas informações para a coleta de dados.

Sendo assim, Martins e Theóphilo (2009) descrevem que as técnicas

observacionais são procedimentos empíricos de natureza sensorial. A observação

participante é uma modalidade especial de observação na qual o pesquisador não é

apenas um observador passivo.

1.4.3 Delimitação da população pesquisada

A população pesquisada foram os Analistas e a Coordenação de

Desenvolvimento Humano e Organizacional.

Entrevista não estruturada.

1.4.4 Análise dos dados

Tende a ser de forma indutiva onde as abstrações são construídas à medida

que os dados particulares que foram recolhidos vão se agrupando (MARCONI;

LAKATOS, 2010).

1.5 Diagnóstico e análise

11

O presente diagnóstico foi realizado por meio do levantamento de dados de

como ocorrem os processos de Gestão de Pessoas na Softplan Planejamento e

Sistemas. Para isto, houve uma pesquisa do ambiente interno e externo da

organização, conforme segue.

1.5.1Ambiente Externo

A Softplan atua na área de tecnologia da informação(TI), por isso, faz-se

importante mostrar qual o contexto no qual a empresa se encontra, para melhor

entendimento dos objetivos propostos neste trabalho.

1.5.1.1 Mercado de trabalho

O mercado de trabalho procura profissionais qualificados para atender as

demandas das organizações e na área de TI não é diferente. Este é um campo que

vem crescendo e, em um ambiente de alta competitividade trazendo o desafio de ter

profissionais que agreguem valor à organização, por meio da inovação. Na região

da grande Florianópolis/SC atuam empresas de pequeno e médio porte que

desenvolvem serviços de software, hardware e equipamentos de alta tecnologia, tais

como Dígitro, Paradigma, dentre outras.

Além do conhecimento técnico os profissionais de tecnologia da informação

precisam de competências específicas, como domínio de inglês, tendo em vista que

as ferramentas utilizadas de trabalho são na língua inglesa e para tal, esses

profissionais devem estar capacitados com o devido idioma.

Entretanto, a qualificação da mão de obra ainda é um desafio para o

desenvolvimento do setor de TI em todo o Estado.

De acordo com Cigana, Rosa e Foltran (2015) retratam no Jornal Diário

Catarinense, em Florianópolis. Dados da Secretaria de Ciência, Tecnologia e

Desenvolvimento Econômico Sustentável de Florianópolis apontam que a Capital

tem em torno de 600 empresas de software, hardware e serviços de tecnologia, que

geram cerca de um bilhão de faturamento. São cinco mil empregos diretos e 75 mil

indiretos. Em 2014, a capital catarinense arrecadou R$1,3 milhão em Imposto sobre

Serviços (ISS) de empresas do ramo de tecnologia. Alcides de Ataíde, secretario

Adjunto da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico

12

Sustentável de Florianópolis, lembra que a cidade foi pioneira na estruturação de

incubadoras (área que oferecem assessoria e espaço físico para empreendedores

de TI), dando às empresas um campo fértil para se desenvolverem.

1.5.1.2 Mercado de recursos humanos

A necessidade de procurar profissionais qualificados e que apresentam

diferenciais para a empresa é cada vez mais primordial no mercado de tecnologia.

Para trazer esses talentos à empresa, é preciso muitas vezes negociar, e essas

negociações abrangem salários competitivos, benefícios diferenciados, dentre

outros. Esses benefícios fazem com que esse profissional tenha a liberdade de

escolha da empresa onde quer trabalhar, gerando uma competição no mercado para

atrair os melhores profissionais.

Após esse processo, já com o profissional trabalhando na empresa, o desafio

continua, pois, para reter esses talentos a área de desenvolvimento da Softplan

precisa promover os melhores treinamentos internos e externos, programas de

incentivo aos estudos, buscar parcerias de descontos com empresas tanto da área

de TI como empresas diversas, enfim ela precisa se diferenciar das demais

concorrentes a todo o momento.

Cabe mencionar que há uma significativa concorrência por candidatos

capacitados entre as empresas do ramo de TI, tendo em vista a grande oferta de

vagas disponíveis e a insuficiência de candidatos qualificados para ocupá-las,

forçando as empresas a criarem estratégias tanto para atrair como para reter estes

profissionais, um dos métodos utilizados por estas empresas são as remunerações

variáveis (Wood Jr.; Picarelli Filho, 2004), esta prática, funciona como forma de

negociação pela manutenção deste profissional na empresa.

1.5.2.Ambiente Interno

O ambiente interno da empresa consiste em detalhar em como as práticas de

gestão de pessoas são praticadas na empresa em questão.

1.5.2.1 Apresentação da Empresa

13

A história da Softplan inicia no dia 01 de outubro de 1990, data de sua

fundação. Quando três amigos e atuais diretores da empresa passaram a

desenvolver sistemas, realizando trabalhos “free-lance” para clínicas médicas,

pequenos comércios, escritórios de contabilidade, entre outros. Em 1991 surgiu a

oportunidade para que os três desenvolvessem um projeto maior, cujo objetivo era

informatizar uma construtora. Antes da criação da empresa, nasceu o primeiro

sistema, o SIENGE (Software de Gestão para a Indústria da Construção). Pouco

tempo depois foi decidido entre os três que aquilo se tornaria um objetivo de vida.

Ambos se desligaram de seus atuais empregos no funcionalismo público e decidiram

se dedicar ao negócio, ou seja, à criação da Softplan.

A Softplan é uma empresa especializada em planejamento e desenvolvimento

de sistemas informatizados para segmentos específicos de negócios, com foco em

cinco áreas de atuação: indústria da construção, administração pública,

departamentos de infraestrutura, transportes e obras e judiciário, ministério público e

procuradorias.

O software SIENGE é voltado à gestão de empresas do segmento da

indústria da construção, e informatiza, de maneira integrada, os departamentos de

engenharia, suprimentos, financeiros e comerciais destas empresas. Já o sistema

SAJ reúne facilidades para a automatização das rotinas jurisdicionais e

administrativas dos recursos de Tribunais de Justiça, Ministério Público e

Procuradorias. E o sistema SIDER atua na gestão dos órgãos de infraestrutura de

transportes e obras, automatizando os procedimentos administrativos e

operacionais.

Sua missão é “Fazer a diferença na vida das organizações e das pessoas

com as quais estas se relacionam provendo soluções especializadas de processo de

gestão”.

Sua visão é “20/20 – Buscando a excelência em tudo o que fazemos”.

Seus valores são “Sustentabilidade, inovação, confiança, valorização de

pessoas e relações duradouras”.

1.5.2.1.1 Planejamento Estratégico

Para conhecer o caminho que será trilhado, qual direção seguir, é necessário

definir onde se pretende chegar. Ainda mais importante e essencial, é saber

14

exatamente de onde se está partindo, ter clara sua essência e propósito, assim é

possível tomar decisões e saber a direção a seguir para atingir seus objetivos. Os

próximos anos serão de muitas “revoluções” para a Softplan: nova sede, novos

clientes e novas estratégias mercadológicas.

1.5.2.1.2 Desenho do organograma, dos cargos, perfis profissionais

O organograma é uma espécie de diagrama usado para representar as

relações hierárquicas dentro de uma empresa, ou simplesmente a distribuição dos

setores, unidades funcionais e cargos e a comunicação entre eles.

Cada unidade de negócio possui um diretor responsável, isto é, apesar de

pertencerem à mesma empresa, os projetos possuem peculiaridades e

características particulares, como se fossem empresas distintas. Cada projeto é

subdividido em equipes, de acordo com a especialidade do negócio, facilitando a

organização do trabalho e o alcance dos objetivos. Pode-se observar esta divisão,

por meio do organograma apresentado na figura 1 e cargos na figura 2.

15

Figura 1 - Organograma da empresa

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

16

Figura 2 - Estrutura de Cargos

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

17

1.5.2.1.3 Práticas de recrutamento e seleção

O processo de recrutamento e seleção na Softplan é chamado de atratividade

e seleção. Cada colaborador deste subsistema é responsável por uma parte do

processo, sendo: a estagiária de Administração realiza a divulgação das vagas em

aberto, a Analista de DHO - Analista de Desenvolvimento Humano e Organizacional

(Psicóloga) realiza a triagem dos currículos, a Assistente de DHO efetua o

agendamento dos candidatos para avaliações técnicas, correção das avaliações e

agendamento dos aprovados para uma entrevista semiestruturada realizada pela

Analista de DHO (Psicóloga) juntamente com o Gerente ou solicitante da vaga.

Nesta entrevista é realizada a avaliação psicológica e técnica. Esta Analista de DHO

também é responsável por aplicar e corrigir os testes psicológicos, quando

necessário, além da elaboração de laudos e pareceres. Outra Analista de DHO é

responsável pela gestão das vagas e comunicação com os candidatos após

aprovação para a negociação salarial e de horários de trabalho. Após esta etapa,

caso o candidato aceite a proposta, a analista encaminha e-mail solicitando a

documentação para contratação que deverá ser enviada ao setor admissional.

A empresa utiliza diversas fontes de recrutamento, como: redes sociais

(LinkedIn e Facebook), site institucional da empresa, intranet da empresa, sites de

emprego e banco de currículos em geral e divulgação em instituições de ensino.

Além das fontes de recrutamento citadas anteriormente, a empresa possui um

programa de indicações, no qual o colaborador recebe uma bonificação através da

sua indicação, o candidato informa ao cadastrar o seu currículo, o número do cpf do

colaborador que já atua na empresa e quando o candidato iniciar na empresa, este

colaborador que o indicou, recebe um valor em dinheiro como forma de premiação

por aquela indicação.

Existe um programa de seleção interna no qual algumas vagas são

divulgadas a todos os colaboradores via e-mail, possibilitando aos colaboradores se

candidatarem e participarem do processo seletivo. É o solicitante da vaga quem

decide se a mesma terá seleção interna, externa ou mista. A seleção interna ocorre

à mesma forma do processo externo, com análise de currículos, avaliação técnica,

entrevista psicológica juntamente com a entrevista técnica e aplicação de testes

psicológicos.

18

1.5.2.1.4 Programas de treinamento e desenvolvimento

A empresa incentiva que os colaboradores participem de treinamentos, tanto

internos (instrutor da própria empresa), quanto externos (instrutores que não são

colaboradores). Atualmente os treinamentos ocorrem sob demanda, conforme a

necessidade dos setores, e o DHO é o responsável pela logística, desde o

levantamento de fornecedores e preparação do espaço físico, convocação de

participantes, solicitação do coffee-break até o registro do treinamento no sistema e

encaminhamento de pagamento do treinamento (à instituição fornecedora ou ao

instrutor interno), quando necessário.

Atualmente existem quatro Programas de Desenvolvimento em andamento,

dois deles iniciaram em 2012 e tiveram continuidade em 2013, os outros dois

iniciaram em 2013. O Conexão é um programa de desenvolvimento de lideranças,

do qual participam todos que ocupam cargo de liderança e alguns possíveis

sucessores que já estão sendo preparados. Este programa é constituído de

treinamentos e ações com o objetivo de desenvolver as seguintes competências no

público-alvo: Liderança, Comunicação, Relacionamento interpessoal, Visão

Sistêmica, Planejamento/ Pró-atividade, Foco em resultado. O outro programa

chamado Ascensão é voltado para todos os colaboradores da empresa e possui

treinamento e ações com o objetivo de desenvolver as seguintes competências:

trabalho em equipe/ sinergia, autodesenvolvimento, comunicação e feedback,

comprometimento e resultado. Dos programas que iniciaram em 2013, um é voltado

para os especialistas, que é o Constelação e tem como objetivos: ampliar

autoconhecimento, fortalecer a cultura da inovação, fortalecer a competência de

influência, antecipar tendências, fortalecer o papel de referência. E por fim a

Superação que é um programa que tem como público-alvo os gestores de projetos e

executivos de relacionamento e seus objetivos é: buscar identificar cenários

prováveis, ter foco em soluções, superar as expectativas dos clientes internos e

externos, manter o equilíbrio e atuando de forma empática, resolver as situações

com flexibilidade e assertividade, superar as dificuldades utilizando a resiliência

como competência central.

1.5.2.1.5 Métodos de avaliação de desempenho

19

Na Softplan o atual e único método de avaliação de desempenho formal é a

avaliação do período de experiência, na qual o líder avalia o colaborador quanto ao

seu desempenho no que tange a pontualidade, postura, qualidade do trabalho,

adaptação, interesse, iniciativa, relacionamento interpessoal e capacidade de

aprendizagem, quando está próximo de completar 45 (quarenta e cinco) dias na

empresa, bem como o colaborador avalia a empresa e o seu líder imediato quanto a

equipe, atividades, adaptação, entre outros. Além desta avaliação, há avaliações

informais de desempenho por meio do acompanhamento do trabalho da equipe,

feedbacks informais e intervenções, quando necessário.

1.5.2.1.6 Sistema de remuneração e benefícios

Os salários seguem o Plano de Cargos e Salários onde todos os cargos

possuem níveis e uma faixa que vai de 80% (oitenta por cento) à 120% (cento e

vinte por cento), na qual o 100% (cem por cento) é a média de mercado. Cada cargo

possui uma pontuação, estipulada de acordo com a importância do cargo para a

organização. Além do salário, a empresa oferece os seguintes benefícios:

a) Vale Alimentação e Refeição: de acordo com o valor do mercado e com a

convenção coletiva da categoria. Quando o colaborador inicia este pode optar

pela utilização do vale alimentação ou refeição, podendo realizar a troca

desta opção duas vezes ao ano nos meses de fevereiro e agosto.

b) Vale transporte: o colaborador pode optar por receber ou não, caso utilize

haverá um desconto de no máximo 6% do seu salário base.

c) Transporte: Como forma de conforto para a chegada e saída do colaborador

do parque tecnológico é fornecido, pela empresa, transporte de van, com o

trajeto entre a sede da Softplan até o início do parque, não precisando o

colaborador realizar esse deslocamento a pé.

d) Plano de Saúde: com abrangência nacional e somente com o custo da

mensalidade. Metade do custo dessa mensalidade é do colaborador e a outra

parte da empresa. Esse benefício é extensivo aos filhos e conjugues.

e) Plano Odontológico: a empresa paga 20% do valor dos serviços realizados e o

restante é custeado pelo colaborador, com desconto em sua folha de

pagamento. Esse benefício também se estende aos filhos e conjugues.

20

f) Tratado de aprendizagem: O tratado de aprendizagem é um subsidio de

educação, estendido a todos os colaboradores da Softplan. Para receber este

subsidio é preciso ter autorização direta da gerência e do diretor da empresa.

O valor do auxílio é de 50% do valor do curso de graduação ou pós-

graduação escolhido pelo colaborador. O curso escolhido, precisa estar ligado

diretamente, às atividades realizadas pelo colaborador em sua rotina na

empresa e a sua formação acadêmica.

1.5.2.1.7 Responsabilidade social corporativa e Qualidade de vida

A Softplan é uma empresa comprometida com o meio ambiente e o

desenvolvimento da comunidade, e isso a mesma faz por meio de inúmeros

projetos. Internamente existem quatro ações: On Course, Grupo Solidário, Ideias em

Ação e a Sustentabilidade da nova sede, porém cabe salientar que estas ações

sociais têm o foco no público externo. A proposta da plataforma On Course, lançada

em agosto de 2014, é disponibilizar uma sala de aula virtual para capacitação

profissional na área de TI. A iniciativa, totalmente aberta à sociedade, oferece cursos

e materiais gratuitos na área de tecnologia, e visa contribuir com a formação

profissional na comunidade.

O Grupo Solidário é uma organização de promoção humana e assistência

social, formado por colaboradores voluntários da Softplan, que promovem e

organizam campanhas beneficentes com o apoio dos demais colaboradores da

empresa. As campanhas promovidas tem como público alvo as entidades que

assistem crianças de 0 a 16 anos e idosos.

O programa Ideias em Ação tem como objetivo estimular os colaboradores a

propor de forma colaborativa, ideias criativas que possam ser implementadas na

empresa e mudem processos ou produtos. Funciona como base no Processo de

Inovação Corporativa, desenvolvido exclusivamente para a empresa e integrado a

um sistema de gestão corporativa já utilizado pelos funcionários. Neste processo,

todos os profissionais podem colaborar com sugestões, a partir de temas pré-

definidos por um comitê gestor (diretores, gerentes e colaboradores convidados) que

selecionam assuntos conforme as prioridades e direcionamento estratégico da

empresa. As ideias selecionadas ao final do processo são encaminhadas para

aplicação imediata ou para elaboração de projetos de viabilidade que, se aprovados,

21

ficam à disposição da empresa para implementação quando a administração julgar

mais apropriado. Os colaboradores, autores dessas ideias, tem seus nomes e

projetos divulgados e recebem uma premiação.

A nova sede da empresa Softplan preocupou-se com um projeto arquitetônico

que buscou o equilíbrio entre o trabalho e o lazer e a sustentabilidade. O prédio

prevê a captação e o aproveitamento da água da chuva, o uso de um sistema

inteligente de persianas que controla a entrada de luz solar visando seu máximo

aproveitamento e a economia de energia elétrica. Além disso, foram priorizados a

circulação de pedestres e bicicletas em detrimento dos veículos automotivos.

Os projetos externos apoiados são: Prêmio Desterro, Social Good Brasil,

Paternidade Responsável, Fronteiras do Pensamento, Uma tarde no teatro, Jurerê

Jazz Festival e Museus Virtuais.

Em 2014 a Softplan patrocinou o Prêmio Desterro, o ciclo de palestras do

evento Fronteiras do Pensamento e o Jurerê Jazz Festival.

A Softplan está apoiando a segunda iniciativa do programa Social Good Brasil

(tem por objetivo principal inspirar, conectar e apoiar indivíduos e organizações para

utilizarem o poder das tecnologias, novas mídias e o pensamento inovador para

contribuir com a solução de problemas sociais), viabilizando financeiramente o

seminário e o média metragem resultante dele.

O projeto Paternidade Responsável visa a criação, o desenvolvimento e a

divulgação da peça de teatro de fantoches “Gislaina”, para estudantes das escolas

públicas (Balneário Camboriú, Brusque, Correia Pinto e Florianópolis em Santa

Catarina). Os assuntos serão tratados de forma lúdica e pretende-se abordar temas

como a paternidade responsável, o uso de drogas e a gravidez na adolescência.

Além disso será criado um CD com áudio e um DVD com a gravação da peça e

tradução em Libras.

O projeto Uma tarde no teatro tem como objetivo principal permitir o acesso

de crianças de escolas públicas da Grande Florianópolis/SC à experiência de

conhecer o mundo do teatro. Essa experiência englobará três etapas:

1. As crianças serão convidadas a assistir uma peça de teatro infantil no

Teatro;

2. Participarão, após a apresentação, de uma conversa com o diretor,

produtores e atores e, finalmente;

3. Conhecerão os bastidores dessa produção teatral.

22

Serão sessões no horário de aula das crianças, onde serão oferecidos o

transporte da escola para o teatro e de lá novamente para a escola, camisetas para

identificação das crianças e lanche ao final do passeio.

Museus Virtuais é um projeto que une tecnologia, cultura, arte e educação,

idealizado pelo Instituto Maratona Cultural e pela Fundação Centro de Referência

em Tecnologias Inovadoras (CERTI), através de ferramentas tecnológicas

disponíveis no espaço Floripa Interativa, um ambiente interativo imersivo destinado a

atividades ligadas à cultura digital, localizada no parque de inovação Sapiens

Parque, na Cachoeira do Bom Jesus, norte da Ilha de Santa Catarina, em

Florianópolis.

O projeto compreende uma série de intervenções realizadas por um arte

educador e tem por objetivo estimular e educar o olhar do público através do contato

virtual com a cultura e a arte em geral. Por meio de uma visita guiada a museus do

mundo, disponíveis no engenhoso programa Google Art Project, este arte educador

conduzirá semanalmente crianças de escolas públicas da cidade em uma viagem

por um tema ligado à arte. Serão 64 visitas semanais pelo prazo de um ano de

alunos da rede pública municipal e uma vista mensal, por igual prazo, aberta à

comunidade em geral, que acontecerá durante os fins de semana.

1.5.2.1.8 Estilos de liderança e utilização do poder

A liderança na Softplan é realizada de uma forma democrática, as

equipes participam das decisões, os colaboradores possuem abertura para exporem

suas opiniões e ideias, no entanto, é o líder quem toma a decisão final. Desta forma

é possível verificar que o poder também está relacionado a hierarquia, pois na

maioria das vezes somente os superiores hierárquicos possuem autonomia para

influenciar as questões estratégicas da empresa.

1.5.2.1.9 Cultura e Clima Organizacional

A empresa possui uma área recente de Cultura e Clima Organizacional, onde

suas ações estão sendo realizadas a pouco tempo, devido a pesquisa de clima

realizada no ano de 2013. As ações existentes estão ligadas à preocupação com a

satisfação do colaborador, por meio de pesquisas de adesão, quando são pensadas

23

ações voltadas ao bem-estar do colaborador, e pesquisas de satisfação, para

detectar se a ação foi bem aceita e se cumpriu com as expectativas e necessidades

dos colaboradores.

Além disso, a empresa se preocupa com a saúde física, oferecendo ginástica

laboral três vezes por semana, no período da manhã, em todos os setores.

As parcerias de descontos com estabelecimentos comerciais, como lojas,

restaurantes, academias são as principais atividades deste subsistema, que percebe

estas parcerias como a valorização das atividades fora do ambiente de trabalho,

procurando viabilizar descontos que atraiam os colaboradores a visitarem estes

estabelecimentos.

O estilo de gestão da empresa favorece a colaboração e a interação, havendo

facilidade de acesso direto aos diretores da empresa, interação entre as unidades de

negócio nos treinamentos técnicos e comportamentais, além de festa junina e de

final de ano.

1.5.2.1.10 Administração de Conflitos

A administração de conflitos, nesta empresa, é mediada e de certa forma

estimulada. A maioria dos conflitos ocorre por conta de estacionamento, que é

escasso na localidade onde fica a empresa. Nestes casos, a direção intervém,

estabelecendo as diretrizes e os critérios para definição e resolução do conflito.

Há ainda, neste sentido, a divergência entre os colaboradores com tempo de

casa, que não possuem altos cargos, e os coordenadores, mais novos na empresa,

mas com um cargo importante no organograma, o plano de cargos e salários, está

sofrendo adaptações para solucionar estes ocorridos.

Outro conflito que se identifica está ligado à utilização do cigarro e os locais

em que os fumantes se instalam para fazer o seu uso. Estas pessoas utilizam

geralmente a porta de entrada da empresa, que faz com que a fumaça entre nos

andares, se alastrem pelo piso térreo e cause certo desconforto e

descontentamento. Neste caso, o DHO intervém encaminhando e-mails orientando

os colaboradores sobre o uso do cigarro e sobre o bom convívio entre os

colaboradores fumantes e não fumantes.

Outro fator gerador de conflito é a convivência entre os colaboradores antigos

e os mais novos na empresa. Os colaboradores antigos possuem um conhecimento

24

bastante aprofundado da prática, das linguagens e formas de desenvolvimento de

software utilizado. Já os colaboradores recém-chegados possuem um bom

conhecimento técnico, porém, pouco tempo de mercado, o que gera um

descontentamento no que concerne ao tempo de resolução de um problema técnico,

dentre outros.

Existem conflitos que surgem de forma isolada nas equipes, conflitos entre os

componentes da equipe, ou destes com o próprio líder. Nestes casos, uma analista

de DHO específica é acionada para realizar a gestão do conflito e ajudar a equipe a

superá-lo.

1.5.2.1.11 Comunicação e endomarketing

Os meios de comunicação com os colaboradores utilizados na empresa são

os e-mails formulados pela área de Marketing, Softnews (jornal virtual mensal) da

empresa, na qual são postadas notícias de todas as Unidades Corporativas e de

Negócio. Além disso, os e-mails são encaminhados sempre que algum assunto

precisa ser comunicado.

Nos espaços de café, existem displays (acrílicos para exposição de cartazes

em folha A4) onde são colocadas informações sobre programas ou projetos

lançados, mudanças em algum processo, datas específicas, dentre outros.

Outro meio de comunicação entre os colaboradores é a TV Corporativa, meio

de comunicação colocado atualmente na recepção do prédio, onde são inseridas

pelo Marketing informações de todas as Unidades e o andamento de seus

programas e projetos.

1.5.2.1.12 Legislação trabalhista

A empresa possui um subsistema de administração de pessoal, que reúne as

atividades voltadas para a manutenção do colaborador. Suas atividades são com

foco nos benefícios legais,previstos na CLT(1943) tais como salário (folha de

pagamento), férias, admissão, controle de ponto, benefícios (plano de saúde,

odontológico, vale transporte, vale alimentação), rescisão. Atividades essas que

seguem a legislação trabalhista e SINDPDSC (Sindicato dos empregados em

25

empresas de processamento de dados de Santa Catarina), bem como as normas e

regras da organização.

O subsistema de administração de pessoal utiliza um indicador importante em

sua gestão, que é o turnover (índice de admitidos e demitidos na empresa em

determinado período), hoje este índice na Softplan está em torno de 4%, pois

através do crescimento da empresa existem muito mais colaboradores admitidos do

que demitidos. E os casos de demissão que ocorrem são na sua grande maioria por

iniciativa do colaborador,devido a mudaça de cidade, nova oportunidade de

emprego, efetivação em concursos públicos, dentre outros, isto equivale a cerca de

70% do total de desligamentos.

1.5.2.1.13 Política de Retenção de Capital Intelectual

A empresa possui, desde 2012, um programa específico para o

desenvolvimento de lideranças, chamado Conexão, na qual são desenvolvidas

competências necessárias aos líderes técnicos, coordenadores e gerentes da

empresa, e são aplicados testes psicológicos como forma de ampliar o

conhecimento da empresa a respeito dos colaboradores envolvidos.

A partir de 2013, todos os gerentes estão tendo acesso às sessões de

coaching. De acordo com Marques (2015), o coaching é um processo de

desenvolvimento humano, pautado em diversas ciências como: Psicologia,

Sociologia, Neurociências, Programação Neurolinguística, e que usa de técnicas da

Administração de Empresas, Gestão de Pessoas e do universo dos esportes para

apoiar pessoas e empresas no alcance de metas, no desenvolvimento acelerado e,

em sua evolução contínua. As sessões de coaching já vinham ocorrendo com os

Diretores desde 2012, sendo o mesmo realizado por uma consultoria contratada.

1.5.2.1.14 Sistema de informação em Gestão de Pessoas

A área de DHO atua desde o ano 2000 com os sistemas da empresa Sênior.

Os módulos que a empresa trabalha atualmente são: Rubi (folha de pagamento),

Benefícios (movimentações dos benefícios da empresa), TR (treinamento), Medicina

e Segurança (segurança do trabalho), CS (cargos e salários).

26

2 FUNDAMENTAÇÃO RELACIONADA AO TEMA DE ESTUDO

Neste capítulo traremos a fundamentação teórica com os conceitos de

qualidade de vida, qualidade de vida no trabalho, especialmente na área de TI e a

importância dos programas de qualidade de vida nas empresas.

2.1 Gestão de pessoas e principais tendências relacionadas à gestão estratégica de pessoas.

Para Chiavenato (2010), a gestão de pessoas é uma área estratégica dentro

das organizações. Esta depende de vários aspectos, como a cultura que existe em

cada organização, da estrutura organizacional adotada, das características do

contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia utilizada, dos

processos internos, do estilo de gestão utilizado e de uma infinidade de outras

variáveis importantes. Dentro desse contexto, a gestão de pessoas busca auxiliar o

administrador com sua equipe, pois é com a sua equipe que este realiza as tarefas e

alcança as metas e objetivos.

De acordo com Arapiraca (2010), inovar, pensar no futuro, crescer,

preocupar-se com a equipe são competências dos gestores de sucesso. O RH tem

papel fundamental na formação desse profissional. A área de RH está mudando. A

forma como as organizações efetuam a gestão de pessoas passa a ter caráter mais

estratégico.

A gestão de pessoas é um conjunto integrado de processos dinâmicos e

interativos. Desta forma, Chiavenato (2010) descreve os seis processos básicos da

gestão de pessoas, sendo:

1. Processo de Agregar Pessoas: são os processos utilizados para integrar as

novas pessoas na empresa através do recrutamento e seleção de pessoas.

2. Processo de Aplicar Pessoas: são os processos utilizados para descrever as

atividades que as pessoas irão realizar na empresa, orientar e acompanhar seu

desempenho. Incluindo descrição de cargos e avaliação de desempenho.

3. Processos de Recompensar Pessoas: são os processos utilizados para

incentivar as pessoas e satisfazer suas necessidades individuais mais elevadas.

Incluindo recompensas, remuneração e benefícios.

27

4. Processos de Desenvolver Pessoas: são os processos utilizados para

capacitar e desenvolver as pessoas tanto profissional quanto pessoalmente.

Através da gestão do conhecimento, competências, aprendizagem, programas de

mudanças e desenvolvimento de carreiras.

5. Processos de Manter Pessoas: são os processos utilizados para criar

condições ambientais e psicológicas satisfatórias para as atividades das pessoas.

6. Processos de Monitorar Pessoas: São os processos utilizados para

acompanhar e controlar as atividades das pessoas e verificar os resultados.

Portanto, além de todos esses processos estarem relacionados entre si, eles

influenciam um ao outro, pois a gestão de pessoas para ser estratégica deve

trabalhar esses processos não de forma isolada e sim interligada.

Uma das tendências das empresas atualmente é a capacidade de reter

talentos por meio da qualidade, bem-estar e felicidade no trabalho através dos

programas de qualidade de vida. (LIMONGI-FRANÇA, 2014).

2.1.2 Qualidade de vida

Por meio das pesquisas realizadas pode-se evidenciar que ainda não há um

consenso quanto a melhor definição do termo “Qualidade de Vida”, posto que o

mesmo vem gerando debates e há uma crescente mudança nos enfoques da

discussão, que ora traz aspectos mais objetivos, ora subjetivos, o que implica numa

conceituação bastante ampla. Há conceitos ligados a saúde, felicidade, bem-estar,

liberdade, realização pessoal, relacionamentos e lazer. Há também uma percepção

diferenciada no que é qualidade de vida quando se analisa o contexto físico, político

e social (KLUTHCOVSKY; TAKAYANAGUI, 2007).

“Num sentindo mais amplo, qualidade de vida pode ser uma medida da

própria dignidade humana, pois pressupõe o atendimento das necessidades

humanas fundamentais”. (NAHAS, 2010, p.15).

Segundo Pereira, Teixeira e Santos (2012), os estudos classificam a

qualidade de vida de acordo com quatro abordagens: econômica, psicológica,

biomédica e geral ou holística. A abordagem socioeconômica foi utilizada pela

primeira vez neste contexto em 1960 quando políticos norte-americanos o usaram

como plataforma política, pois falar de qualidade de vida seria como uma

recomendação para o sucesso administrativo. Já a abordagem psicológica indica

28

reações subjetivas de um indivíduo às suas vivências. A abordagem médica está

diretamente ligada às questões de condições de saúde. Por fim, a abordagem geral

ou holística considera o conceito de qualidade de vida multidimensional, pois

acredita que difere de pessoa para pessoa de acordo com seu ambiente.

Características como valores, inteligência, interesses são importantes de serem

considerados.

De acordo com Nahas (2010), são múltiplos os fatores que determinam a

qualidade de vida de pessoas ou comunidades. Em geral associa-se a qualidade de

vida a fatores como: estado de saúde, longevidade, satisfação no trabalho, salário,

lazer, relações familiares, disposição, prazer e até espiritualidade.

Atualmente os conceitos mais aceitos de qualidade de vida buscam dar conta de uma multiplicidade de dimensões discutidas nas chamadas abordagens gerais ou holísticas. O principal exemplo que pode ser citado é o conceito preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no qual qualidade de vida reflete a percepção dos indivíduos de que suas necessidades estão sendo satisfeitas ou, ainda, que lhes estão sendo negadas oportunidade de alcançar a felicidade e a auto-realização, com independência de seu estado de saúde físico ou das condições sociais e

econômicas. (PEREIRA; TEIXEIRA; SANTOS, 2012, p. 244 e 245).

A proposta de Herculano (2000) é que qualidade de vida seja definida como o

conjunto das condições econômicas, ambientais, científico-culturais e políticas

construídas coletivamente e a disposição dos indivíduos para que possam

desenvolver suas potencialidades.

Qualidade de vida é uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar. (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000, p. 8).

Por meio da revisão da literatura realizada sobre o conceito, em todas as

sondagens feitas sobre o conceito de qualidade de vida, os valores como amor,

liberdade, solidariedade e inserção social, realização pessoal e felicidade estão

presentes (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000).

Nahas (2010) esclarece que a mobilidade, a autonomia e a qualidade de vida

das pessoas estão diretamente associadas aos fatores do estilo de vida, que

segundo ele formam o pentáculo do bem-estar, conforme segue: nutrição, atividade

29

física, comportamento preventivo, relacionamentos e controle do estresse. Quanto

ao estresse geralmente ele é decorrente do estilo de vida que adotamos e da forma

como enfrentamos as adversidades, por vezes não somos capazes de eliminar as

situações de estresse, mas podemos mudar a maneira de lidar com essas situações.

Considerando que boa parte da carga horária diária o indivíduo dedica ao

trabalho, como é a qualidade de vida no trabalho?

2.1.3 Qualidade de vida no trabalho

O termo qualidade de vida no trabalho herda a amplitude da definição geral

do termo qualidade de vida, mas engloba aspectos como motivação, satisfação,

condições de trabalho, estresse e estilos de vida (TOLFO 2008).

Embora não se tenha uma definição clara do conceito de qualidade de vida no

trabalho, praticamente todas as definições apontam que seria um movimento de

reação aos métodos tayloristas, e consequentemente, nasceu como um instrumento

com o objetivo de propiciar uma maior humanização do trabalho, aumento do bem-

estar dos trabalhadores e uma maior participação destes nas decisões e problemas

no trabalho (SAMPAIO, 2012).

Tolfo, Silva e Luna (2010) apud Zanelli, Silva e Tolfo (2011) descrevem que a

qualidade de vida no trabalho pode ser definida com base na saúde, na motivação,

na satisfação, nas condições ergonômicas e trabalhistas, no estresse, nos estilos de

liderança, na prática de atividade física, dentre outros.

De acordo com Albuquerque e Limongi-França (1998) “qualidade de vida no

trabalho é uma evolução da Qualidade Total. É o último elo da cadeia. Não dá para

falar em Qualidade Total se esta não abranger a qualidade de vida das pessoas no

trabalho”.

Os autores acima citados atribuem sucesso aos Programas de Qualidade

Total, quando estes incluem ações de qualidade de vida no trabalho, havendo uma

melhora significativa na produtividade, redução do turnover e elevada motivação dos

colaboradores.

Qualidade de vida no trabalho é percebida como uma maneira de pensar a

respeito das pessoas, trabalho e organização (FERNANDES; GUTIERREZ, 1988).

30

No conjunto de estudos, verifica-se também que a qualidade de vida no

trabalho contempla, didaticamente falando, conteúdos subjetivos (satisfação

e necessidades intrínsecas) e os objetivos e concretos (remuneração e

condições de trabalho). (ZANELLI; SILVA; TOLFO 2011 p. 20).

Qualidade de vida no trabalho também está interligada com as propostas de

cogestão, decisões consultadas e de outras formas menos diretas de participação,

bem como concepção de bem-estar do empregado e humanização do trabalho.

(SAMPAIO, 2012).

Para Bernal (2010) qualidade de vida no trabalho estaria interligada com a

satisfação profissional, participação dos trabalhadores na gestão empresarial,

ambiente corporativo produtivo, satisfatório e democrático.

Albuquerque e Limongi-França (1998), entendem a qualidade de vida no

trabalho como o conjunto de ações de uma organização que envolve diagnóstico e

implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais dentro e

fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições de desenvolvimento

humano para e durante a realização do trabalho.

Limongi-França e Zaima (2002) compartilham da ideia dos autores

Albuquerque e Limongi-França (1998), pois afirmam que qualidade de vida no

trabalho “é o conjunto das ações de uma empresa que envolve a implantação de

melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de

trabalho”.

A Qualidade de vida no trabalho (QVT) é voltada para auxiliar ou proporcionar

satisfação e bem-estar ao trabalhador no desempenho de suas atividades. O termo

qualidade de vida no trabalho possui diversas definições entre os autores.

Qualidade de vida no trabalho (QVT) é um conceito que se refere aos aspectos da experiência do trabalho, como estilo de gestão, liberdade e autonomia para tomar decisões, ambiente de trabalho agradável, camaradagem, segurança no emprego, horas adequadas de trabalho e tarefas significativas e agradáveis. (CHIAVENATO, 2009, p. 13).

Ainda de acordo com Chiavenato (2009, p. 487):

A QVT assimila duas posições antagônicas: de um lado, a reivindicação dos colaboradores quanto ao bem-estar e satisfação no trabalho e, de outro, o interesse das organizações quanto aos seus efeitos potenciadores sobre a produtividade e a qualidade.

31

O conceito de qualidade de vida no trabalho vem sendo avaliado e

questionado ao longo do tempo, e suas diversas interpretações focam desde a

ausência de doenças no âmbito das pessoas até as exigências de recursos de

natureza gerencial no nível das organizações. Limongi-França e Arellano, (2002)

enumeram uma série de valores relativos às demandas de qualidade de vida no

trabalho:

a) saúde: com intuito de preservar a integridade física, psicológica e social do ser

humano, propiciando maior expectativa de vida;

b) ecologia: o homem sendo integrante e responsável pela preservação do

ecossistema e dos insumos da natureza, além de ator do desenvolvimento

sustentável;

c) ergonomia: estuda as condições de trabalho ligadas à pessoa, visando ao

conforto e ao desempenho nas diversas posições de trabalho;

d) psicologia: demonstra a influência das atitudes internas e perspectivas de vida

da pessoa, além da importância do significado intrínseco das necessidades

individuais para seu envolvimento com o trabalho.

Os autores citam ainda a Sociologia, a Economia, a Administração e a

Engenharia, cujas atuações abrangem aspectos comportamentais, visando à

concretização dos resultados da empresa.

A QVT tem sido utilizada como indicador das experiências humanas no local de trabalho e o grau de satisfação das pessoas que desempenham o trabalho. O conceito de QVT implica em profundo respeito pelas pessoas. Para alcançar níveis elevados de qualidade e produtividade, as organizações precisam de pessoas motivadas que participem ativamente nos trabalhos que executam e que sejam adequadamente recompensadas

pelas suas contribuições. Chiavenato (2009, p. 487)

Ou seja, a qualidade de vida no trabalho, além de envolver aspectos físicos e

ambientais, assimila tanto o lado das reivindicações dos trabalhadores, ligadas ao

seu bem-estar e satisfação, quanto o lado do interesse das organizações, com

relação à produtividade e à qualidade.

Outra questão amplamente discutida nos ambientes de trabalho é o estresse.

“A pressão é motivadora, estimulante e energizante, mas, quando ultrapassa o limite

que o indivíduo consegue suportar, penetra-se na esfera do estresse” (COOPER;

CARTWRIGTH, 2008, p. 17). Alvesson (1987 apud LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO,

2002) cita estudos em que se estabelece uma correlação forte entre experiências de

32

estresse mental, pressões no trabalho e sintomas psicossomáticos. As principais

causas são “trabalho com exaustivo esforço físico, padrões forçados de trabalho,

problemas salariais, atividades estúpidas e desinteressantes” (LIMONGI-FRANÇA;

ARELLANO, 2002, p. 300).

A qualidade de vida no trabalho deve, portanto, estar associada à ética da

condição humana, de modo que contribua para a melhora da produtividade,

relacionando o trabalho em si com o ambiente de trabalho e as características

pessoais do trabalhador.

2.1.4 O que interfere na qualidade de vida

Há dois elementos que podem interferir na qualidade de vida no trabalho, são

os ambientais (condições físicas, clima organizacional, expectativas de ascensão

profissional, relacionamento com os colegas) e os comportamentais (autonomia,

participação, comunicação, aconselhamento pessoal). (FERNANDES; GUTIERREZ,

1988).

Quando se fala em qualidade de vida no trabalho há alguns indicadores

apontados pelos estudiosos, dentre eles destacam-se: compensação justa e

adequada (equidade salarial interna e externa e benefícios); condições de trabalho

(condições físicas seguras e salutares e jornada de trabalho); oportunidade de uso e

desenvolvimento de capacidades (autonomia e possibilidades de autocontrole);

aplicação de habilidades variadas e perspectivas sobre o processo total do trabalho;

oportunidade de crescimento contínuo e segurança (oportunidade de desenvolver

carreira e segurança no emprego); integração social no trabalho (apoio dos grupos

primários, igualitarismo e ausência de preconceitos); constitucionalismo (normas e

regras, respeito à privacidade pessoal e adesão a padrões de igualdade); trabalho e

espaço total da vida (papel do trabalho frente ao conjunto da vida do empregado) e

relevância social da vida no trabalho (relevância social do trabalho e da organização

no ambiente no qual se insere (ZANELLI; SILVA; TOLFO, 2011).

Há autores que descrevem o estresse como um dos fatores que podem

influenciar negativamente na qualidade de vida no trabalho, pois ele pode ser

desencadeado por exigências ocupacionais intrínsecas ao posto de trabalho, conflito

de funções, ambiguidade de funções, trabalho excessivo ou insuficiente no cargo

exercido, falta de apoio, falta de participação nas decisões, avaliação de

33

desempenho deficiente, más condições de trabalho, frustrações no desenvolvimento

profissional e desequilíbrio entre as responsabilidades de casa e do trabalho

(BERNAL, 2010)

Não há qualidade de vida no trabalho se as condições em que se trabalha

não permitem viver em nível tolerável de estresse, de preferência tendo como meta

o eustresse (estresse positivo) e não o distresse (estresse excessivo), tensão nociva

que gera, entre outros, os distúrbios psicossomáticos. O estresse é, talvez, a melhor

medida do estado de bem-estar obtido ou não pela pessoa. A qualidade de vida no

trabalho é individualizada na pessoa por meio de suas diferentes manifestações de

estresse (ALBUQUERQUE; LIMONGI- FRANÇA, 1998).

Segundo Servino (2010), os profissionais da área de tecnologia desenvolvem

estresse no ambiente de trabalho, por inúmeros fatores, dentre eles: prazos

escassos, pouca autonomia para o desenvolvimento de sistemas, pressão do gestor,

poucos recursos, sobrecarga de trabalho, ausência de um grupo coeso, conflitos no

grupo de trabalho, alto grau de responsabilidade e uso constante da mente.

A maior parte das empresas de TI apresenta um ambiente de trabalho por

vezes mais informal e permitem aos colaboradores definirem seus horários e

métodos de trabalho, porém mesmo assim, os colaboradores das empresas de TI

ainda apresentam doenças relacionadas ao trabalho, bem como o estresse pelas

pressões em realizar as tarefas, sendo que tal questão poderia ser amenizada com

a execução de um programa estruturado de qualidade de vida no trabalho.

2.1.5 O estresse e o profissional de TI

A área de TI é conhecida como uma das mais estressantes para se trabalhar,

agora mais ainda já que o papel que ela desempenha no mundo é fundamental. Os

profissionais do setor são o tempo todo desafiados a cumprir prazos, lidar com o

inesperado e solucionar situações complexas, e para justificar esta informação, que

Servino (2010), utilizou como material, a pesquisa de Moore (2000) com 331

profissionais de tecnologia emdiversas indústrias nos Estados Unidos. Na amostra,

331 participantes trabalhavamem 259 empresas. Dessas empresas, a grande

maioria (213) tinha um únicoparticipante no estudo. A organização com a maioria

dos participantes foi umagrande companhia de seguros que foi representada por 11

34

indivíduos. A maioria dos participantes do estudo tinha aproximadamente 44 anos de

idade e tinha sido contratado pela organização há quase 11 anos. Os resultados do

estudo revelaram que: (1) Exaustos profissionais de tecnologia da informação

relataram maior intenção de abandonar o emprego do que os profissionais de ti que

não estavam exaustos; (2) sobrecarga de trabalho, ambiguidade de papéis, e de

equidade de recompensas percebidas contribuíram significativamente para o

esgotamento dos profissionais de tecnologia da informação e; (3) os profissionais de

tecnologia da informação que se encontravam esgotados, identificavam a

insuficiência de pessoal e recursos como a principal causa da sobrecarga de

trabalho e de sua exaustão.

Permanecer em um estado de stress constante pode, além dos efeitos citados

anteriormente, inclusive comprometer seriamente a qualidade do trabalho e seu

rendimento. Apesar das exigências modernas pela velocidade e produtividade é

necessário avaliar nossos limites físicos e psíquicos para que o trabalho ou a vida

profissional, acima de tudo, tenham qualidade, peça fundamental nas empresas

modernas.

2.1.6 Qualidade de vida no trabalho de TI

Algumas empresas possuem o foco tão competitivo, exigindo cada vez mais

produtividade, agilidade, criatividade, dentre outros, de seus colaboradores, que

acabam esquecendo, do resultado físico e psicológico que estas cobranças

ocasionam. Segundo Marras (2000, p. 302), “uma empresa com “boa saúde” tem

necessariamente melhor desempenho do que outra cujo quadro de saúde esteja

prejudicado”.

Na área de TI, os principais fatores de risco a saúde são: problemas visuais,

LER/DORT (lesão por esforço repetitivo/distúrbio osteomuscular relacionado ao

trabalho), fadiga, dores lombares e cervicais. Estas doenças são ocasionadas

principalmente pelo uso contínuo do computador, tanto na parte visual, como na má

postura, e por último por esforço repetitivo na digitação.

Como forma de prevenção a estes problemas de saúde, Dessler (2003, p.

294) recomenda as empresas e aos colaboradores de TI:

Dê pausas para descanso aos funcionários: Recomenda-se uma pausa de 15

minutos a cada duas horas de trabalho;

35

Projete estações de trabalho flexíveis: Utilize teclados móveis, cadeiras

ajustáveis com suporte lombar e monitores de vídeo com altura;

Reduza o reflexo: Use cortinas nas janelas, filtros contra reflexo e iluminação

indireta;

Faça exames de visão: Faça exames de vista completos nos funcionários.

Além destas recomendações, pode-se incluir um programa de ginástica

laboral na empresa, palestras e orientações à saúde do colaborador, criação da

CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), dentre outras ações.

2.1.7Qual a importância e os efeitos da qualidade de vida no trabalho

A importância dos estudos e implantação da gestão da qualidade de vida nas

organizações está em identificar o estresse e as doenças associadas às condições

do ambiente organizacional, bem como em buscar a expansão do conceito de

qualidade total, visto que, atualmente tal conceito está inteiramente interligado a

qualidade de vida no trabalho (ALBUQUERQUE; LIMONGI-FRANÇA, 1998).

Conforme Sampaio (2012), quando as organizações promovem ações para

prevenção do distresse ocupacional e a promoção do bem-estar dos funcionários,

visivelmente destaca-se no ambiente:

1) Condições de trabalho seguras e saudáveis, que envolvem o ambiente

físico, jornada de trabalho, salário e benefícios;

2) Propósito para trabalhar, que envolve orientação, direção e um sentido

para trabalhar;

3) Comportamentos éticos para fazer um trabalho moralmente aceitável em

seus processos e resultados, o que possibilita que as pessoas falem de seu

trabalho sem culpa ou vergonha, mas com dignidade e orgulho;

4) Estímulo da eficácia pessoal;

5) Ajuste na carga horária de trabalho e orientações claras, recursos

suficientes e feedback contínuos;

6) Desenvolvimento da autonomia;

7) Apoio dos gestores e colegas quando encontram dificuldades e problemas,

o que é fundamental em tempos de estresse porque possibilita redução do

seu impacto negativo;

8) Reconhecimento pelos resultados; e

36

9) Trabalho em equipe.

Fernandes e Gutierrrez (1988) destacam que ao criar um plano de qualidade

de vida no trabalho se deve considerar a compensação justa e adequada, condições

de trabalho seguras e saudáveis, oportunidades imediatas para desenvolver e usar

capacidades humanas, oportunidades futuras para crescimento contínuo e garantia

de emprego, integração social na organização, constitucionalismo na organização,

trabalho e espaço total na vida do indivíduo e relevância social do trabalho.

A gestão de múltiplos fatores (físicos, tecnológicos e sóciopscicológicos)

impacta na cultura e no clima da organização, de modo a gerar melhorias no bem-

estar do trabalhador e na produtividade da empresa (TOLFO 2008). Quando

tecnicamente administrados e corretamente combinados, os fatores organizacionais,

ambientais e comportamentais, elevam o nível de satisfação e produtividade

(FERNANDES; GUTIERREZ, 1988).

As empresas no Brasil que concebem a qualidade de vida no trabalho com

políticas e estratégias de gestão foram apontadas pela Revista Exame por quatro

anos consecutivos como as melhores empresas para se trabalhar. A qualidade de

vida no trabalho também está interligada com as empresas que buscam os

Programas de Qualidade Total (TOLFO 2008).

Uma autêntica qualidade de vida no trabalho requer que se reconheça o valor

como pessoa dos trabalhadores, dando-se resposta as suas necessidades

psicossociais, como autoestima, autorrealização, relações interpessoais, etc. De

fato, esse reconhecimento reduziria significativamente a incidência de estresse e

assédio psicossocial no trabalho (BERNAL, 2010).

“Constatou-se que a ausência de estratégia de QVT tem gerado o aumento

do nível de stress e dificultado a gestão da qualidade total.” (ALBUQUERQUE;

LIMONGI-FRANÇA, p.50, 1998). O desafio das empresas é promover condições que

atendam as necessidades das pessoas como, por exemplo, um ambiente de

trabalho confortável e seguro para que seus colaboradores desempenhem suas

atividades sem riscos para sua saúde e muito mais motivados.

Na visão de Chiavenato (2009, p.13), “um programa de QVT procura

estruturar o trabalho e o ambiente de trabalho no sentido de satisfazer a maioria das

necessidades individuais das pessoas e tornar a organização um local desejável e

atraente”. A importância das necessidades humanas varia conforme a cultura de

cada indivíduo e cada organização. Portanto, a QVT não é determinada apenas

37

pelas características individuais (necessidades, valores, expectativas) ou

situacionais (estrutura organizacional, tecnologia, sistemas de recompensas,

políticas internas), mas, sobretudo pela atuação sistêmica dessas características

individuais e organizacionais.

Uma das maiores justificativas para as empresas investirem nos programas

de qualidade de vida no trabalho, se refere às despesas com assistência médica e

indenizações trabalhistas. Mesmo com todo avanço tecnológico e constantes

melhoramentos das ciências médicas e da saúde, a incidência de doenças tem

aumentado de forma crescente. De acordo com Silva e Marchi (1997), estima-se que

as empresas, em especial as de maior porte, enfrentarão sérios problemas no futuro,

pois as despesas referentes à assistência médica são cada vez maiores, existe uma

tendência muito forte dos gastos com as despesas ultrapassarem os lucros,

prejudicando consideravelmente a saúde financeira da empresa. Esta constatação é

muito séria, e revela uma dura realidade, pois se a lucratividade está ameaçada, a

saúde dos trabalhadores se encontra em situação ainda pior. Faz-se necessária a

adoção de medidas eficientes e eficazes para combater este mal comum.

De acordo com Fernandes (1996), a qualidade de vida também pode ser

medida por meio de indicadores, conforme o quadro 2 apresenta:

Quadro 2 – Indicadores de Qualidade de Vida no Trabalho

Econômico

Equidade salarial

Remuneração adequada

Benefícios

Local de trabalho

Carga horária

Ambiente externo

Político

Segurança no emprego

Atuação sindical

Retroinformação

Liberdade de expressão

Valorização do cargo

Relacionamento com a chefia

Psicológico Realização potencial

Nível de desafio

38

Desenvolvimento pessoal

Desenvolvimento profissional

Criatividade

Auto avaliação

Variedade de tarefa

Identidade com a tarefa

Sociológico

Participação das decisões

Autonomia

Relacionamento interpessoal

Grau de responsabilidade

Valor pessoal

Fonte: Westley (1979) adaptado por Rushel (1993) apud Fernandes (1996, p.53)

1.Indicador econômico: representado pela equidade salarial e equidade no

tratamento recebido;

2.Indicador político, representado pelo conceito de segurança no emprego, o direito

a trabalhar e não ser discriminatoriamente dispensado;

3.Indicador psicológico, representado pelo conceito de auto realização;

4.Indicador sociológico, representado pelo conceito de participação ativa em

decisões diretamente relacionadas com o processo de trabalho, com a forma de

executar as tarefas, com a distribuição de responsabilidade da equipe.

Nahas (2010) compartilha informações do documento preparado por

especialistas do Fórum Econômico Mundial realizado em 2007, onde apresenta

dados sobre doenças crônicas do mundo e lista ações recomendadas para

prevenção dessas doenças e redução de custos empresariais:

1.Fazer um diagnóstico dos riscos para a saúde dos trabalhadores – tanto

ambientais e das condições de trabalho, quanto do estilo de vida e

comportamentos que o exponham a riscos de doenças crônicas. Essas

informações podem servir como referência para medir o progresso e

efetividade de ações futuras;

2.Procurar criar uma cultura de vida saudável na organização, sendo que os

objetivos de negócios e a missão da empresa não devem estar separados

das questões de bem-estar dos trabalhadores;

39

3.Comprometer-se a investir recursos adequados para a promoção da saúde

dos trabalhadores;

4.Melhorar a efetividade dos programas de bem-estar;

5.Liderar pelo exemplo. Todos os trabalhadores, a começar pelos gestores

devem comprometer-se com as ações de bem-estar desenvolvidas pela

organização.

Uma vez não trabalhados adequadamente nas empresas, os indicadores

acima citados se tornam obstáculos a um programa de QVT devidamente eficiente.

Almejando uma equidade e uma coesão nestes indicadores, apresentam-se

estratégias para a implantação de um programa de QVT, considerando ainda a

compilação das ideias dos autores citados neste projeto:

Quadro 3 - Relação das ideias dos autores citados neste projeto

Kluthcovsky e Takayanagui 2007

Conceitos ligados a saúde, felicidade, bem-estar, liberdade, realização pessoal, relacionamentos e lazer.

Pereira, Teixeira e Santos (2012)

Classificação da qualidade de vida, econômica, psicológica, biomédica e geral ou holística.

Nahas (2010), Associa-se a qualidade de vida a fatores como: estado de saúde, longevidade, satisfação no trabalho, salário, lazer, relações familiares, disposição, prazer e até espiritualidade.

Herculano (2000) Qualidade de vida seja definida como o conjunto das condições econômicas, ambientais, científico-culturais e políticas construídas coletivamente e a disposição dos indivíduos

Minayo, Hartz e Buss (2000) Grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial

Tolfo (2008) Qualidade de vida, mas engloba aspectos como motivação, satisfação, condições de trabalho, estresse e estilos de vida.

Sampaio (2012). Maior humanização do trabalho, aumento do bem-estar dos trabalhadores e uma maior participação destes nas decisões e problemas no trabalho

Fernandes e Gutierrez (1988)

Qualidade de vida no trabalho é percebida como uma maneira de pensar a respeito das pessoas, trabalho e organização

Albuquerque e Limongi-França (1998)

Conjunto de ações de uma organização que envolve diagnóstico e implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais dentro e fora do ambiente de trabalho.

Chiavenato (2009) Estilo de gestão, liberdade e autonomia para tomar

40

decisões, ambiente de trabalho agradável, camaradagem, segurança no emprego, horas adequadas de trabalho e tarefas significativas e agradáveis.

Fonte: Elaborado pelos autores (2015)

41

3 ESTRATÉGIAS PARA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE QUALIDADE DE

VIDA

Como identificar lacunas em uma organização onde os principais processos

de RH já estão mapeados? A equipe sugeriu uma ação que pudesse ser um

diferencial competitivo para reter os profissionais da Softplan visto que as ações de

responsabilidade social estavam com foco no público externo e nem tanto ao corpo

de funcionários. A rotatividade em 4% e 70% dos pedidos de demissão são por parte

dos funcionários – ou seja, a empresa precisa atender as necessidades dos

funcionários para que aumente o seu comprometimento (vínculo).

O objetivo das estratégias é desenvolver atividades voltadas ao colaborador,

envolvendo um conjunto de ações com enfoque biopsicossocial, que se caracterize

por olhar a empresa e as pessoas como um todo, promovendo bem-estar e

qualidade de vida no trabalho em seu formato mais amplo.

Para a implantação do programa deverá ser formado um Comitê

multidisciplinar que proporá ações sistemáticas que atenderão num primeiro

momento os colaboradores lotados nas Unidades Corporativas e Unidades de

Negócios, cujos colaboradores estão lotados em Florianópolis. Sendo que tal comitê

deverá ser coordenado pelo DHO.

O projeto apresentado propõe que as ações do Programa de Qualidade de

Vida sejam contempladas dentro do “Pentáculo do Bem-Estar”, teoria desenvolvida

pelo Prof. Markus Nahas que considera o estilo de vida um dos fatores mais

importantes e determinantes da saúde dos indivíduos. O Pentáculo é dividido nos

seguintes fatores de estilo de vida: Nutrição (alimentação equilibrada e saudável),

Atividade Física (prática contínua de atividades físicas), Relacionamento (atividades

em família e integração com a equipe de trabalho), Estresse (ações para controle do

estresse) e Comportamento Preventivo (conscientização quanto a hábitos).

Todas as atividades projetadas deverão estar voltadas para a interiorização

de estilos de vida saudáveis, tendo como resultado final a melhoria da qualidade de

vida.

O comitê deverá elaborar uma planilha de atividades onde deverão constar as

seguintes informações:

1.Descrição das ações e em qual área do pentáculo ela está contemplada

(lembrando que uma ação pode envolver uma ou mais áreas do pentáculo);

42

2.Recursos necessários;

3.Número de pessoas contempladas;

4.Frequência de realização (priorizar atividades contínuas com frequência semanal

e/ou mensal);

5.Estratégias de acompanhamento e avaliação das ações;

Como divulgação do programa será necessária a sensibilização dos gestores

por intermédio de uma reunião onde haverá apresentação do comitê, objetivos do

programa e programação a ser desenvolvida. Após reunião, cada gestor repassará a

sua equipe a proposta do programa.

Após a reunião poderá ser oferecido um coffee-break com uma temática

saudável: frutas, sucos, bolos e sanduíches integrais.

Como programação, sugerimos as atividades abaixo, com base no pentáculo:

Quadro 4: Programação com base no pentáculo

Nutrição Sexta na Feira (toda sexta-feira poderá ser disponibilizado frutas aos colaboradores, em lugar de acesso comum);

Oficina Culinária (sucos e alimentação saudável);

Confraternização com cardápio saudável (sucos, frutas, alimentos integrais, etc.)

Atividade Física Ginástica Laboral;

Avaliações Físicas;

Torneios Esportivos;

Sábado Ativo (atividade de lazer ativo, como trilhas ecológicas, atividades de aventura, caminhadas orientadas, etc.)

Controle do Estresse Momento Bem-Estar (sessões de relaxamento, yoga e tai-chi);

Quick Massage;

Oficinas de Meditação.

Comportamento Preventivo Campanhas de antitabagismo, IMC saudável, antidrogas, sedentarismo, etc.

Relacionamento Treinamentos vivenciais ao ar livre;

Jogos Cooperativos;

Dinâmicas de grupo;

Sessões de cinema, teatro e música.

Fonte: Elaborado pelos autores (2015)

Para a implantação do programa, como investimentos serão necessários

materiais de consumo (alimentos para oficinas culinárias, etc) e contratação de

prestadores de serviços (massoterapeuta, orientadores de atividades físicas, etc).

43

Também poderão ser firmadas parcerias para que a empresa não possua custo na

execução das atividades (palestras com Unimed, CEPON, Bombeiros), bem como

valorizar os talentos da própria empresa.

Para divulgação das ações sugerimos utilização de e-mail, murais, plano de

fundo do computador, etc.

Para acompanhamento do projeto, é necessária a elaboração do relatório

após cada trimestre de execução das atividades, bem como, pesquisa anual de

satisfação do programa para a devida avaliação de manutenção ou alterações

necessárias. Importante também a mensuração do programa por intermédio dos

indicadores de rotatividade e absenteísmo.

44

4 ANÁLISE DA VIABILIDADE DO PROJETO

Ao se realizar a análise da viabilidade do projeto, o primeiro pensamento está ligado a finanças que é algo amplo e que

afeta diretamente a vida de todas as pessoas e empresas. A análise surge com o propósito de definir se o projeto é

financeiramente possível para aplicação na empresa.

De acordo com Assaf Neto (2002) a administração financeira, por sua vez, é a ciência que tem por finalidade maximizar a

riqueza dos proprietários, gerindo com competência seus recursos. A empresa deverá proporcionar aos seus donos o maior

retorno possível sobre seus investimentos. Assim sendo os recursos escassos, cabe ao departamento financeiro tomar as

decisões a fim de obter deles os melhores benefícios no futuro.

Já Gitman (2010), discorre o termo finanças como a arte e a ciência de administrar o dinheiro. Pois todas as pessoas e

empresas obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem dinheiro. Dessa maneira, finanças está ligada aos instrumentos

envolvidos na transferência de dinheiro entre pessoas, empresas e órgãos governamentais. Grande maioria dos que

compreenderem esse termo irão se beneficiar de forma eficaz no mercado.

Quadro 5: Orçamento das ações que serão realizadas na empresa

Nº de colaboradores: 800

Nº Ação Área do

Pentáculo

Frequência de

Realização

Período de Realização

Objetivo Investimento

Mensal Investimento

Anual Observações

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1 Ginástica Laboral Atividade Física, Relacionamento Interpessoal e Controle de Estresse

3xsemana jan-dez Incentivar o colaborador a alongar seu corpo para melhor desempenho no trabalho diário, minimizando o estresse e problemas físicos (LER/DORT).

R$ 2.762,00 R$ 33.144,00

2 Quick Massagem Estresse 2xsemana jan-dez Manter a saúde e bem-estar dos colaboradores através de massagem individual realizada durante o expediente

R$ 2.400,00 R$ 28.800,00 O profissional de massoterapia poderá atender por dia, 30 colaboradores, considerando os intervalos necessários, sendo a média de valor por colaborador de R$ 10,00, considerando 15’ masssagem

3 Dia da Fruta Nutrição 1xsemana jan-dez Proporcionar e estimular os colaboradores a acrescentar frutas na sua alimentação diária

R$ 2.000,00 R$ 24.000,00

4 Trilha/Caminhadas Atividade Física 6xano jan-dez Desenvolver atividades físicas em contato com a natureza contribuindo para a melhoria da saúde e bem-estar dos colaboradores.

R$ 150,00 R$ 900,00

Média para 100 colaboradores

5 Palestras/ Orientações

Comportamento preventivo

2x ano A definir Orientações diversas de segurança para os colaboradores, exemplos: prevenção contra incêndios, manuseio de alimentos, tabagismo, uso de medicamentos, etc.

Parcerias Parcerias Parcerias com Unimed, Laboratório Santa Luzia, Corpo de Bombeiros, HEMOSC, Cepom, etc.

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Observações: 1) Os valores dos custos apresentados foram estimados após análise do Programa de Qualidade de Vida implantado pela empresa Sesc - Serviço Social do Comércio/SC; 2) As horas de elaboração do presente projeto foram de aproximadamente 100h, com o custo total de R$ 15.000,00, considerando o custo médio de consultoria do profissional de gestão de pessoas.

Fonte: Elaborado pelos autores (2015)

47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o diagnóstico realizado observamos que a empresa Softplan apresenta

inúmeros projetos voltados ao público externo, especialmente no que tange a

responsabilidade social. Quanto ao público interno o destaque é o investimento da

empresa ao desenvolvimento dos colaboradores, por intermédio de bolsas de

estudos e estruturação de cursos e treinamentos.

Embora a empresa apresente tais destaques, não há nada voltado a

qualidade de vida no trabalho, pois desenvolvem semanalmente apenas a ginástica

laboral, mas não possuem um plano estruturado, com ações diversificadas.

Após estudos, entendemos que a qualidade de vida no trabalho está

diretamente ligada à motivação, pois quanto mais motivado estiver o colaborador,

maior será a sua autoestima e consequentemente terá mais saúde e vontade de

gerar melhores resultados no trabalho.

Propor momentos e espaços onde os colaboradores possam expor o que lhes

traz satisfação no trabalho, trocar experiências e se socializarem, proporcionam aos

colaboradores qualidade de vida. Proporcionar a satisfação do colaborador no

trabalho gera neste o compromisso e aumento da produtividade.

Conforme demonstra o projeto, as pesquisas apontam que as melhores

empresas para trabalhar possuem um programa específico de qualidade de vida no

trabalho e que isso gera bons resultados para a empresa, especificamente quanto a

diminuição dos indicadores de absenteísmo e rotatividade.

Embora não tenhamos dados quanto à situação financeira da empresa, as

fontes informais (sites de notícias) apontam que a Softplan possui um lucro estimado

em mais de R$ 4.000.000,00 (quatro milhões) e após análise financeira do projeto

vislumbramos que o mesmo representa 0,175% do lucro mensal da empresa. Ainda

foi possível com as estimativas de lucro e custos do projeto, obter uma taxa de

retorno de 61% (sessenta e um por cento), quando a empresa preconiza tal taxa em

20% (vinte pro cento).

O grande desafio para as empresas é promover condições que atendam às

necessidades dos colaboradores para que possam reverter em resultados eficazes.

Para promover a QVT os colaboradores devem estar satisfeitos com aquilo que

fazem, promovendo a qualidade física e psicológica, e consequentemente ajudando

na retenção do colaborador na empresa. Cabe aqui ressaltar que a empresa deve

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ser a mediadora no processo de conscientização dos colaboradores com a adoção

de um estilo de vida mais saudável.

A QVT se legitima na valorização do colaborador por parte da empresa ao

proporcionar as condições adequadas ao exercício da atividade, sendo que o

sucesso da atividade se refletirá na qualidade do trabalho realizado, voltando em

lucro para a empresa.

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REFERÊNCIAS

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