faculdade de odontologia de bauru · ação, por processos fotocopiadores e outros meios...

117
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU JANINE SANTOS RAMOS Correlação entre voz e processamento auditivo BAURU 2015

Upload: vuduong

Post on 21-Jan-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU

JANINE SANTOS RAMOS

Correlação entre voz e processamento auditivo

BAURU

2015

Page 2: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 3: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

JANINE SANTOS RAMOS

Correlação entre voz e processamento auditivo

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências no Programa de Fonoaudiologia.

Orientadora: Profa. Dra. Mariza Ribeiro Feniman

Versão corrigida

BAURU

2015

Page 4: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Nota: A versão original desta dissertação encontra-se disponível no Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB/USP.

Ramos, Janine Santos

Correlação entre voz e processamento auditivo / Janine Santos Ramos. – Bauru, 2015.

105p. : il. ; 30cm. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de

Odontologia de Bauru. Universidade de São Paulo

Orientadora: Profa. Dra. Mariza Ribeiro Feniman

R147c

Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a

reprodução total ou parcial desta dissertação, por processos

fotocopiadores e outros meios eletrônicos.

Janine Santos Ramos

Data:

Comitê de Ética da FOB-USP

CAAE: 20462613.1.0000.5417

Data: 26/03/2014

Page 5: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

DEDICATÓRIA

A Deus, pelo infinito amor, por ter me dado condições de lutar e alcançar os

meus objetivos, pela sabedoria ao lidar com as “pedras no caminho” que surgiram

ao longo deste percurso e por conduzir e iluminar meus planos e minha vida!

Aos meus pais, Geraldo e Vera Lúcia, pelo amor incondicional, pelo brilho

nos olhos diante das minhas conquistas e pelas inúmeras vezes em que me

enxergaram melhor do que eu sou. Pela capacidade de me olhar devagar, já que

nessa vida muita gente nos olha depressa demais. Me orgulho de quem são e

principalmente em poder chamá-los de: meus pais. Todo o amor que cabe e que não

cabe em mim é de vocês!

À minha querida irmã, Francine, por me fazer enxergar todos os dias o

quanto Deus é bom pra mim, pois há 23 anos me presenteou com um anjo de

verdade. Obrigada por me escutar sem me julgar, pela cumplicidade, pelos abraços

que confortam meu coração e por me ajudar a ser um ser humano melhor a cada

dia. Você é fundamental na minha vida! Te amo!

Page 6: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 7: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

AGRADECIMENTOS

A Deus, primeiramente, a quem pertence tudo que sou e tenho!

A toda minha linda família, avós, tios, tias, primos, que eu sei que torcem

tanto por mim, em especial meus pais, Geraldo e Vera Lúcia, pelo incentivo aos

estudos e pelo apoio durante toda a vida e principalmente nesses dois anos de

mestrado. Sem vocês eu jamais conseguiria chegar até aqui.

À Profa. Dra. Mariza Ribeiro Feniman, pela afinidade desde a graduação e

pelo acolhimento e generosidade no início do mestrado. Para mim um exemplo de

mestre, de amor à família e de amor a Deus. Obrigada pela orientação, pela

dedicação e carinho com que conduziu este trabalho. Obrigada pela confiança e por

ter feito a diferença na minha caminhada! Agradeço a Deus pelo privilégio de poder

conviver com você e aprender com sua experiência científica e de vida.

À Profa. Dra. Kelly Cristina Alves Silverio, responsável pelo meu amor à

voz e por me mostrar que é possível ter excelência na vida pessoal e profissional.

Obrigada por acreditar em mim e não me desamparar. Sou grata pelos

ensinamentos, pela importância que deu a este trabalho, pelas correções, sempre

com tanto cuidado e atenção. Soube me cobrar nos momentos certos e de uma

forma que nunca me deixava perder a motivação. Agradeço por sempre me

presentear com palavras de incentivo e carinho, foram essenciais para tornar esta

jornada mais leve e feliz. Agradeço a Deus por tê-la em minha vida e pela

oportunidade de evoluir em minha formação tendo você como espelho.

À Profa. Dra. Ingrid Gielow, pela disponibilidade e contribuições que

permitiram o aperfeiçoamento e enriquecimento do estudo, além de reforçarem

minha admiração pelo seu trabalho. É uma honra tê-la em minha banca.

À Faculdade de Odontologia de Bauru, por me acolher nesta instituição e

por fornecer estrutura necessária para o desenvolvimento desse trabalho.

Aos professores do Departamento de Fonoaudiologia da FOB-USP, meus

mestres, essenciais à minha formação profissional.

Page 8: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 9: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Aos funcionários do Departamento e Clínica de Fonoaudiologia da FOB-

USP, pelo auxílio e disposição nos momentos em que precisei de ajuda.

Aos juízes fonoaudiólogos, pela disponibilidade e dedicação com que

contribuíram com uma etapa deste trabalho.

Ao Prof. Dr. José Roberto Pereira Lauris, pelo tratamento estatístico

realizado e por auxiliar na análise do trabalho.

À funcionária Maristela Petenuci Ferrari, por não medir esforços em me

ajudar no que fosse necessário em relação ao Comitê de Ética, por me receber

sempre com um sorriso no rosto e disposição.

Às amigas amantes da voz, pelo companheirismo e respeito. Em especial,

agradeço à Larissa Siqueira e Millena Vieira, queridas companheiras com as quais

convivi diariamente, obrigada pela parceria e prontidão em me ajudar nos momentos

em que precisei, obrigada por tornarem meus dias mais felizes. Agradeço à

Vanessa Veis Ribeiro, pela disponibilidade e contribuição com as análises

estatísticas, sempre com muita paciência e carinho.

A todos os meus amigos, em especial, Alessandra Miranda, Danila

Rodrigues, Fernanda Montanher, Rafael Bastazini, Fábio Luiz, Rafael Ferreira

(Pomarola), Marília Bertozzo, Natália Favoretto, Mariana Roseiro, Andressa

Vital e Aline Erba, presentes de Deus, por compreenderem minhas ausências, e

por me lembrarem, sempre, o quanto sorrir verdadeiramente é bom. Vocês enchem

minha vida da presença de Deus e aliviam os momentos difíceis. Não poderia me

esquecer de agradecer meus queridos, Idvaldo Favaretto Jr., Luane Almeida e

Joel Pinheiro, que além de tudo, também reservaram um período precioso de

tempo para contribuírem de forma primordial com este estudo. Guardo todos de

forma especial em meu coração.

Aos pacientes e colegas que se dispuseram a participar como voluntários

da pesquisa, sempre com prontidão e carinho.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

por financiar este estudo contribuindo para o desenvolvimento científico da área.

Page 10: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 11: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

“Não considere nenhuma prática como imutável.

Mude e esteja pronto a mudar novamente.

Não aceite verdade eterna. Experimente.”

B. F. Skinner

Page 12: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 13: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

RESUMO

Introdução: A literatura revela que há uma possível relação entre processamento auditivo e as disfonias no que se refere principalmente a parâmetros acústicos da voz (frequência, intensidade e duração). Desta forma, um paciente que apresenta dificuldades auditivas para analisar e discriminar um desses parâmetros, provavelmente também apresente dificuldade para reproduzi-los vocalmente, o que justificaria a não evolução do processo terapêutico. Na clínica vocal, a avaliação da reprodução tonal vocal poderia auxiliar a identificação de dificuldades do paciente disfônico que pudessem estar relacionadas com alterações do processamento auditivo, contribuindo com o diagnóstico fonoaudiológico diferencial. Objetivo: Comparar o desempenho de mulheres disfônicas e sem alterações vocais em testes de processamento auditivo e teste de reprodução tonal vocal e correlacionar os testes de processamento auditivo utilizados com o teste de reprodução tonal vocal. Metodologia: Participaram do estudo 40 mulheres, na faixa etária de 18 a 44 anos, sendo subdivididas em dois grupos: Grupo Disfônico (20 Disfônicas) e Grupo Não Disfônico (20 Não Disfônicas). Após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, as participantes do estudo passaram por entrevista, avaliação audiológica, otorrinolaringológica, vocal (registro da voz; avaliação da reprodução tonal vocal por meio da fonetografia) e avaliação do processamento auditivo - por meio dos testes de Padrão de Frequência (TPF) e Padrão de Duração (TPD) sonora, teste de Fala Comprimida-monossílabos e dissílabos (TFC-mono/TFC-di) e teste Dicótico Não Verbal (TDNV). A análise estatística foi realizada por meio dos seguintes testes: Mann-Whitney, Teste exato de Fisher e Correlação de Spearman. Resultados: Houve diferença estatisticamente significante na comparação do desempenho de disfônicas e não disfônicas nos testes TPF e TFC-monossílabos e no teste de reprodução tonal vocal, no qual as não disfônicas obtiveram melhor desempenho. Houve correlação positiva entre o TPF, TPD, TFC (monossílabos e dissílabos) com o teste de reprodução tonal vocal. Conclusões: Mulheres disfônicas apresentam alterações em algumas habilidades do processamento auditivo, como: discriminação de padrões de som relacionados à frequência sonora e habilidade de fechamento auditivo, revelando relação importante entre produção vocal e comprometimento de funções auditivas centrais. Essas alterações revelam a necessidade de um diagnóstico mais abrangente frente às disfonias, considerando-se o processamento auditivo. Mulheres disfônicas apresentaram desempenho inferior às mulheres não disfônicas na primeira tentativa e no total de tentativas do Teste de Reprodução Tonal Vocal. Desta forma, o fonoaudiólogo deve considerar na terapia vocal a importância da apresentação/repetição de pistas auditivas para facilitar a execução de alguns exercícios vocais, e favorecer um bom desempenho e o avanço na terapia de mulheres disfônicas. Quanto melhor o desempenho nos testes de processamento auditivo, melhor o desempenho de reprodução tonal vocal de disfônicas e não disfônicas. O teste de reprodução tonal vocal pode auxiliar fonoaudiólogos e preparadores vocais na verificação de possíveis dificuldades de percepção auditiva em mulheres disfônicas.

Palavras-chave: Percepção auditiva. Voz. Disfonia. Transtornos da percepção auditiva.

Page 14: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 15: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

ABSTRACT

Correlation between voice and auditory processing

Introduction: The literature reveals a possible relationship between auditory processing and dysphonia particularly with regard to acoustic voice parameters (frequency, intensity and duration). Therefore, a patient who has hearing difficulties to analyze and discriminate one of these parameters, probably also present difficulty to reproduce them vocally, which could explain the lack of progress of the therapeutic process. In vocal practice, the evaluation of vocal tonal reproduction could help to identify dysphonic patient difficulties that could be related to auditory processing disorders, contributing to the speech differential diagnosis. Aim: To compare the performance of dysphonic women without vocal alterations in auditory processing tests and vocal tonal reproduction test and correlate the auditory processing tests used with the vocal tonal reproduction test. Methodology: The study included 40 women, aged 18-44 years, divided into two groups: Group Dysphonic (20 dysphonic) and Group not Dysphonic (20 not dysphonic). After signing the Free Informed Consent Form, the study participants underwent an interview, audiological evaluation, otorhinolaryngological, Vocal (voice record, assessment of vocal tonal reproduction through phonetography) and auditory processing evaluation - through sonorous test of Pitch Pattern Sequence (PPS) and Duration Pattern Sequence (DPS), Time-Compressed Speech test- monosyllabic and disyllabic lists (TCS-mono/TCS-di) and Non-Verbal Dichotic Test (NVDT). Statistical analysis was performed using the following tests: Mann-Whitney test, Fisher exact test and Spearman correlation. Results: There were significant differences in the comparison of performance of dysphonic and not dysphonic in PPS test and TCS-monosyllables test and vocal tonal reproduction test, in which the non-dysphonic performed better. There was a positive correlation between the PPS, DPS, TCS (monosyllabic and disyllabic) with the vocal tonal reproduction test. Conclusions: Women dysphonic present alterations in some auditory processing abilities, such as: discrimination of sound patterns related to sound frequency and auditory closure skill, revealing important relationship between vocal production and commitment of central auditory function. These alterations reveal the need for a more comprehensive diagnostic front to dysphonia, considering the auditory processing. Dysphonic women presented lower performance than non-dysphonic women on the first try and the total attempts reproduction Tonal Vocal Test. Thus, the speech pathologist should consider in voice therapy the importance of presentation/repeat auditory cues to facilitate the implementation of some vocal exercises, and encourage good performance and progress in the dysphonic women therapy. The better the performance in auditory processing tests, better the performance of vocal tonal reproduction of dysphonic and not dysphonic. The vocal tonal reproduction test can aid speech and vocal trainers to check possible difficulties in auditory perception in dysphonic women.

Keywords: Auditory perception. Voice. Dysphonia. Auditory perceptual disorders.

Page 16: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 17: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

- FIGURAS

Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta (nota solicitada:

MI 3) .............................................................................................. 46

Figura 2 - Representação numérica da reprodução tonal vocal correta ........ 46

Figura 3 - Exemplo de reprodução tonal vocal incorreta (nota solicitada:

SOL 4) ........................................................................................... 47

Figura 4 - Representação numérica da reprodução tonal vocal incorreta ..... 47

- QUADRO

Quadro 1 - Diagnóstico laringológico do grupo disfônico ................................ 43

Page 18: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 19: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Porcentagem de respostas “SIM” para cada questão do

protocolo de anamnese de processamento auditivo e valor da

comparação entre os grupos ......................................................... 54

Tabela 2 - Valores descritivos da quantidade e porcentagem de acertos de

disfônicas nos testes de processamento auditivo e teste de

reprodução tonal vocal .................................................................. 55

Tabela 3 - Valores descritivos da quantidade e porcentagem de acertos de

não disfônicas nos testes de processamento auditivo e teste de

reprodução tonal vocal .................................................................. 55

Tabela 4 - Média de acertos e desvio padrão (DP) dos valores referentes

ao desempenho de disfônicas e não disfônicas em cada

tentativa do teste de reprodução tonal vocal ................................. 56

Tabela 5 - Comparação da quantidade (nº) e porcentagem (%) de

mulheres disfônicas e não disfônicas com desempenho normal

e alterado em cada teste de processamento auditivo ................... 56

Tabela 6 - Comparação da média e desvio padrão (DP) dos valores

referentes ao desempenho de disfônicas e não disfônicas em

cada teste de processamento auditivo aplicado ............................ 57

Tabela 7 - Valores referentes à correlação entre os testes de

processamento auditivo e o teste de reprodução tonal vocal ........ 58

Page 20: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 21: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

% Porcentagem

AD Atenção Direcionada

AL Atenção Livre

FF Fala Filtrada

GD Grupo Disfônico

GIN Gap in Noise

GND Grupo Não Disfônico

IPRF Índice Percentual de Recepção da Fala

MLD Masking Level Difference

OD Orelha Direita

OE Orelha Esquerda

ORL Otorrinolaringológico

PA Processamento auditivo

PSI Pediatric Speech Intelligibility Test

RGDT Random Gap Detection Test

SNAC Sistema Nervoso Auditivo Central

SRT Limiar de Recepção de Fala

SSI Identificação de Sentenças Sintéticas

SSW Staggered Spondaic Word Test

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TDD Teste Dicótico de Dígito

TDNV Teste Dicótico Não Verbal

TFC-di Teste de Fala Comprimida - dissílabos

TFC-mono Teste de Fala Comprimida - monossílabos

TPD Teste de Padrão de Duração

TPF Teste de Padrão de Frequência

TRTV Teste de Reprodução Tonal Vocal

Page 22: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 23: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 13

2 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................... 19

2.1 ASPECTOS REFERENTES ÀS DISFONIAS FUNCIONAIS E

ORGANOFUNCIONAIS ............................................................................. 21

2.2 AVALIAÇÃO DE VOZ ................................................................................ 23

2.3 TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO: DEFINIÇÃO E

AVALIAÇÃO ............................................................................................... 25

2.4 PROCESSAMENTO AUDITIVO E VOZ ..................................................... 28

3 PROPOSIÇÃO ........................................................................................... 33

4 CASUÍSTICA E MÉTODOS ....................................................................... 37

4.1 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................. 39

4.2 CASUÍSTICA .............................................................................................. 39

4.3 PROCEDIMENTO ...................................................................................... 40

4.4 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................. 49

5 RESULTADOS .......................................................................................... 51

6 DISCUSSÃO .............................................................................................. 59

7 CONCLUSÕES .......................................................................................... 71

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 75

APÊNDICES .............................................................................................. 85

ANEXOS .................................................................................................... 89

Page 24: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 25: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

1 INTRODUÇÃO

Page 26: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 27: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

1 Introdução

15

1 INTRODUÇÃO

Sabe-se, atualmente, que a disfonia provoca impacto negativo na qualidade

de vida dos indivíduos (KASAMA; BRASOLOTTO, 2007; SPINA et al., 2009), uma

vez que impede a voz de cumprir seu papel de transmissão da mensagem verbal e

emocional (BEHLAU; AZEVEDO; PONTES, 2008), interferindo na comunicação e,

consequentemente, nas relações interpessoais.

As disfonias podem ser classificadas de acordo com a sua etiologia:

disfonias funcionais, disfonias organofuncionais e disfonias orgânicas, segundo

classificação de Behlau e Pontes (BEHLAU; AZEVEDO; PONTES, 2008).

Na categoria das disfonias funcionais há três subcategorias: disfonias

funcionais primárias por uso incorreto da voz (representa os quadros funcionais

puros, influenciados principalmente pela falta de conhecimento vocal e modelo vocal

inadequado), disfonias funcionais secundárias por inadaptações vocais (contemplam

as inadaptações anatômicas, dentre elas as assimetrias laríngeas, a fusão laríngea

posterior incompleta, desvios na proporção glótica e alterações estruturais mínimas

de cobertura de prega vocal; e as inadaptações funcionais que podem decorrer de

problemas de incoordenação ou alterações miodinâmicas) e as disfonias funcionais

por alterações psicogênicas (compreende a participação de fatores emocionais na

ocorrência da disfonia ou de conflitos gerados nos valores inerentes à voz, sendo

subclassificadas em disfonias psicogênicas com formas clínicas definidas e disfonia

da muda vocal).

As disfonias organofuncionais são desencadeadas pela associação de

fatores orgânicos e funcionais, ou seja, podem representar uma etapa posterior na

evolução de uma disfonia funcional. Pinho (2001) relata que tais disfonias são

decorrentes do uso indevido da voz, porém, apresentam como consequência as

alterações orgânicas. Behlau, Azevedo e Pontes (2008) afirmam que geralmente são

disfonias funcionais com o diagnóstico tardio, seja pelo atraso na busca da solução

pelo paciente ou pelo não reconhecimento da possibilidade de desenvolvimento de

uma lesão secundária.

Por fim, as disfonias orgânicas são aquelas que independem do uso da voz,

decorrentes de fatores orgânicos e que podem ser subdivididas em disfonias

Page 28: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

1 Introdução

16

orgânicas por alterações com origem nos órgãos da comunicação e disfonias

orgânicas com origem em outros órgãos e aparelhos (BEHLAU; AZEVEDO;

PONTES, 2008).

No que diz respeito às disfonias funcionais ou organofuncionais que estão

relacionadas a comportamentos vocais inadequados, um grande número de

indivíduos não é capaz de perceber alterações quanto à própria qualidade vocal,

dificultando assim o monitoramento adequado da produção vocal e,

consequentemente, colaborando com a persistência e manutenção do abuso vocal e

padrões vocais inadequados, o que pode levar e manter a disfonia (BUOSI, 2002b).

Diante desse comportamento, uma vez que a audição é fator importante para a

manutenção de um padrão vocal adequado (BUOSI, 2002b), é pertinente pensar

que tais indivíduos possam apresentar dificuldades na percepção auditiva ou até

mesmo alterações no processamento auditivo.

O termo Processamento Auditivo (PA) se refere a como os indivíduos

analisam, classificam, organizam e interpretam os eventos acústicos que são por

eles recebidos via o sentido da audição. O PA depende de atividades sofisticadas do

sistema nervoso auditivo central (SNAC) e cérebro, bem como se desenvolve por

meio de experiências vividas no mundo sonoro desde os primeiros anos de vida,

associadas às emoções advindas destas (PEREIRA, 2011). O transtorno do

processamento auditivo refere-se à dificuldade no processamento perceptual da

informação de sinais audíveis no Sistema Nervoso Central, não atribuída à perda

auditiva nem ao déficit intelectual, demonstrado por um baixo desempenho em uma

ou mais habilidades auditivas (ASHA, 2006). Tais habilidades envolvem mecanismos

e processos do sistema auditivo, responsáveis pelos fenômenos comportamentais

de localização e lateralização do som, discriminação auditiva, reconhecimento de um

padrão sonoro, aspectos acústicos relacionados ao tempo (incluindo resolução,

mascaramento, integração e ordenação temporal) e desempenho auditivo frente a

sinais acústicos competitivos ou distorcidos (ASHA, 2006).

Alguns estudos mostram que a disfonia pode estar relacionada com

alterações no processamento auditivo em adultos (PEREIRA FILHO, 1999; BUOSI,

2002a; GIMENEZ et al., 2004; SPINA, 2009; SANTORO; RIBEIRO; MESQUITA,

2012; BUOSI; FERREIRA; MOMENSOHN-SANTOS, 2013) e em crianças (DARBY;

SMITH, 1993; CAVADAS, 1998; ARNAUT et al., 2011; NEVES et al., 2011).

Page 29: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

1 Introdução

17

Por meio de revisão bibliográfica, Buosi (2002a) mostrou a estreita relação

entre a percepção auditiva e a produção vocal, abordando a relevância do aspecto

auditivo na avaliação e terapia vocal, bem como a importância do feedback auditivo

para o automonitoramento vocal. Ou seja, se o paciente apresenta dificuldades para

discriminar um dos parâmetros acústicos da voz (frequência, intensidade ou

duração), esse pode ser um dos motivos pelo qual o processo terapêutico não está

evoluindo.

Gimenez et al. (2004) buscaram investigar a correlação entre a produção

vocal e as funções auditivas centrais, relacionadas aos padrões de frequência e de

duração em indivíduos disfônicos. Os resultados indicaram relação importante entre

as alterações da produção vocal e o comprometimento de funções auditivas centrais

relativas à percepção de duração e frequência, permitindo um diagnóstico mais

complexo acerca das disfonias.

Santoro, Ribeiro e Mesquita (2012) concluíram que professores com

diagnóstico de disfonia funcional e organofuncional apresentam maior dificuldade em

lidar com aspectos de prosódia da fala, isto é, intensidade, frequência e duração dos

estímulos sonoros, o que mostra a existência da associação entre as disfonias e a

função auditiva central. Buosi, Ferreira e Momensohn-Santos (2013) também

puderam concluir que os professores sem alterações vocais possuem melhor

habilidade para discriminar traços de frequência do que os professores com

alterações vocais (disfonias funcionais e organofuncionais).

A literatura revela então que há uma possível relação entre processamento

auditivo e as disfonias no que se refere principalmente a parâmetros acústicos da

voz, como: frequência, intensidade e duração (BUOSI, 2002a; GIMENEZ et al.;

2004; SANTORO; RIBEIRO; MESQUITA, 2012; BUOSI; FERREIRA;

MOMENSOHN-SANTOS, 2013). Desta forma, pode-se concluir que, um paciente

que apresenta dificuldades auditivas para analisar e discriminar um desses

parâmetros, provavelmente também apresente dificuldade para reproduzi-los

vocalmente, o que, segundo Buosi (2002b), justificaria a não evolução do processo

terapêutico. No entanto, os estudos não têm demonstrado como a avaliação vocal

pode apontar para um problema no processamento auditivo, considerando a

possibilidade de uma investigação mais detalhada do mesmo. Diante disso, um teste

que avalie a reprodução vocal de tais parâmetros poderia auxiliar a identificação de

Page 30: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

1 Introdução

18

dificuldades do paciente disfônico relacionadas com alterações do processamento

auditivo, contribuindo, assim, com o diagnóstico fonoaudiológico diferencial, além de

nortear o planejamento do programa de intervenção terapêutica das disfonias.

Frente ao exposto, o objetivo deste estudo é comparar o desempenho de

indivíduos disfônicos e sem alterações vocais em testes de processamento auditivo

e teste de reprodução tonal vocal e correlacionar os testes de processamento

auditivo utilizados com o teste de reprodução tonal vocal.

Page 31: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

2 REVISÃO DE LITERATURA

Page 32: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 33: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

2 Revisão de Literatura

21

2 REVISÃO DE LITERATURA

A fim de favorecer o entendimento das abordagens do estudo, serão

descritos aspectos referentes às disfonias funcionais e organofuncionais, avaliação

acústica vocal, às alterações e avaliação do processamento auditivo, bem como a

relação entre voz e processamento auditivo.

2.1 ASPECTOS REFERENTES ÀS DISFONIAS FUNCIONAIS E

ORGANOFUNCIONAIS

Conceituar voz normal não é uma tarefa fácil, uma vez que são as condições

anatomofuncionais, aspectos perceptivo-auditivos e cinestésicos, características

individuais e situações de comunicação que farão com que haja variação da

qualidade vocal de um indivíduo (BEHLAU; AZEVEDO; PONTES, 2008). Portanto,

os autores citados consideram imprescindível a percepção do ouvinte e do falante

em relação à voz, o que faz com que voz normal e disfonia sejam conceitos

negociáveis. Alguns autores (NÚÑEZ BATALLA et al., 2004; BEHLAU; AZEVEDO;

PONTES, 2008) definiram disfonia como um distúrbio da comunicação,

caracterizado por qualquer dificuldade na emissão vocal que impeça a voz de

cumprir seu papel básico, ou seja, transmitir a mensagem verbal e emocional de um

indivíduo.

As disfonias podem ser classificadas de acordo com a sua etiologia:

disfonias funcionais, disfonias organofuncionais e disfonias orgânicas, segundo

classificação de Behlau e Pontes (BEHLAU; AZEVEDO; PONTES, 2008).

As disfonias funcionais apresentam como base de seu desenvolvimento

alterações no comportamento vocal, ou seja, o próprio uso da voz é o principal fator

desencadeante da alteração vocal. Tais disfonias apresentam como principais

fatores etiológicos o uso incorreto da voz, inadaptações vocais ou alterações

psicogênicas (BEHLAU et al., 2008b). Navas e Dias (1998) também afirmaram que a

etiologia principal das disfonias citadas pode ser o uso inadequado e abusivo da voz.

Page 34: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

2 Revisão de Literatura

22

Behlau, Madazio e Pontes (2008) definiram disfonias organofuncionais como

decorrentes essencialmente de um comportamento vocal inadequado e com a

presença de alterações vocais que acompanham lesões benignas. São disfonias

funcionais diagnosticadas tardiamente, não tratadas, que evoluíram com a formação

de lesões histológicas. As principais lesões organofuncionais são: nódulos, pólipo,

edema de Reinke, úlcera de contato, granuloma e leucoplasia.

Reconhecer, na avaliação fonoaudiológica, a importância e influência do

comportamento vocal no disparo de determinados tipos de disfonia é essencial para

o diagnóstico e reabilitação dessas alterações (BEHLAU et al., 2008b). Assim como

reconhecer, nas lesões multifatoriais, a exata participação do comportamento vocal,

tanto na gênese da lesão como na manutenção do quadro, ou como uma

consequência da presença de lesão na laringe (BEHLAU; MADAZIO; PONTES,

2008).

Buosi (2002b) observou na prática clínica que, a terapia vocal realizada com

indivíduos com disfonia funcional ou organofuncional deve envolver, em maior parte,

a identificação e eliminação de hábitos vocais inadequados, bem como a

substituição de tais hábitos pelos adequados. Porém, muitos desses indivíduos

apresentam dificuldades em perceber alterações quanto à qualidade vocal,

relacionadas à discriminação de frequência, intensidade e duração sonora,

dificultando assim, a monitorização adequada da produção vocal, o que pode

contribuir significativamente para a persistência do abuso vocal e consequentemente

a manutenção de padrões vocais inadequados. A adequada monitorização auditiva

permite que o indivíduo mantenha equilibrada a intensidade e altura do som, além

de proporcionar padrões de entonação adequados (FAWCUS, 2001).

O uso incorreto e abusivo da voz pode ser decorrente de distúrbios da

percepção auditiva, uma vez que, se o feedback auditivo estiver reduzido, haverá

maior dificuldade em minimizar os abusos vocais, justamente pela ausência do

monitoramento adequado da própria voz (MANGEON; GIELOW, 2000). Portanto,

para desenvolver uma vocalização adequada é necessário, primeiramente, que haja

integridade da modalidade de recepção básica: o sistema auditivo, particularmente o

ato de “se ouvir” (BOONE; MCFARLANE, 1994). Ishii, Arashiro e Pereira (2006)

também concordaram que, para uma reprodução vocal adequada daquilo que se

Page 35: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

2 Revisão de Literatura

23

ouve, é necessário ter integridade auditiva e um processamento sensorial eficiente

das informações auditivas pelo sistema auditivo central.

Tais dificuldades do processamento perceptual são caracterizadas como

alterações em algumas habilidades auditivas, importantes para um processamento

auditivo adequado, portanto, não atribuídas à perda auditiva ou déficit intelectual

(ASHA, 2006).

2.2 AVALIAÇÃO DE VOZ

A avaliação vocal é um processo multiprofissional que envolve,

principalmente, procedimentos fonoaudiológicos e médicos. Tem como objetivo

conhecer e descrever o comportamento vocal do paciente, além de identificar as

causas e os fatores desencadeantes e mantenedores da disfonia. Envolve uma

anamnese completa, avaliação clínica do comportamento vocal, avaliação

laringológica e avaliação acústica do sinal sonoro (BEHLAU et al., 2008a), bem

como a autopercepção do paciente, por meio de protocolos de qualidade de vida em

voz (KASAMA; BRASOLOTTO, 2007). Segundo os mesmos autores, a correlação

desses dados é essencial para a compreensão do quadro da disfonia e definição de

conduta, portanto, uma avaliação complementa a outra.

A avaliação acústica oferece várias maneiras de mensurar o sinal sonoro, e

principalmente por meio da emissão de uma vogal sustentada podem ser extraídos

diversos índices, simples e confiáveis. Em outras palavras, a avaliação acústica nos

leva em direção a uma análise objetiva da voz, pois quantifica o sinal sonoro. Os

parâmetros mais importantes no uso clínico são: frequência fundamental e seus

índices de perturbação, medidas de ruído, perfil de extensão vocal e espectrografia

acústica. Entretanto, dependendo do paciente, da queixa e da hipótese etiológica,

devem ser selecionados quais parâmetros serão avaliados (BEHLAU et al., 2008a).

O perfil de extensão vocal é constituído de duas outras medidas: extensão

fonatória máxima, tradicionalmente chamada de extensão vocal, e extensão

dinâmica (BEHLAU et al., 2008a). Define-se por extensão vocal o número de notas

que um indivíduo pode emitir, da mais grave a mais aguda (BUDER; WOLF, 2003;

BEHLAU et al., 2008a), ou seja, consiste na extensão de frequências, desde a mais

Page 36: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

2 Revisão de Literatura

24

baixa até a mais elevada que um indivíduo é capaz de produzir, não importando a

qualidade, incluindo-se vocal fry e o falsete (COSTA et al., 2006; CRUZ; GAMA;

HANAYAMA, 2004). Já a extensão dinâmica refere-se à variação de intensidade que

um indivíduo é capaz de produzir, da mais fraca a mais forte emissão, ou seja,

intensidades sonoras mínimas e máximas (ESTIENNE, 2004; BEHLAU et al.,

2008a).

Dentre os métodos de avaliação da extensão vocal encontra-se a

fonetografia, a qual possibilita o registro do perfil de extensão vocal, pois

correlaciona dois importantes parâmetros acústicos vocais: a frequência e a

intensidade (CAMARGO; BARBOSA; TELES, 2007). Este método permite a

obtenção, por meio do fonetograma, do campo dinâmico vocal, quantificando as

extensões dinâmicas máximas (intensidades sonoras mínimas e máximas) da

emissão da voz para diferentes frequências, da grave para aguda, além da

possibilidade de observar graficamente os dados mencionados (ESTIENNE, 2004).

A fonetografia foi utilizada em vários estudos com o objetivo de extrair e

estudar o perfil de extensão vocal de diferentes populações (GRAMMING;

ARKELUND, 1988; HEYLEN et al., 1998; TELES-MAGALHÃES; PEGORARO-

KROOK; PEGORARO, 2000; VARGAS; COSTA; HANAYAMA, 2005; CAMARGO;

BARBOSA; TELES, 2007; ROCHA; AMARAL; HANAYAMA, 2007; SANTOS et al.,

2010; FILHO; LIBERALI, 2011; MITUUTI et al., 2013). Dentre estes, alguns

estudaram o fonetograma de disfônicos (GRAMMING; ARKELUND, 1988; HEYLEN

et al., 1998).

Gramming e Arkelund (1988) compararam o fonetograma de indivíduos

normais e indivíduos que apresentavam disfonia não orgânica e concluíram que

mulheres disfônicas obtiveram diminuição de intensidade máxima em relação às

mulheres com vozes saudáveis.

Heylen et al. (1998) avaliaram a performance vocal na fonetografia de

crianças com e sem alterações vocais e verificaram que crianças com disfonia

apresentaram a média da frequência fundamental máxima menor que o de crianças

normais, além da média da frequência fundamental mínima maior. O número de

semitons obtidos pelas crianças com alterações vocais foi significativamente menor

que o obtido pelas crianças saudáveis.

Page 37: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

2 Revisão de Literatura

25

2.3 TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO: DEFINIÇÃO E AVALIAÇÃO

A audição não é um processo simples. Para os sons serem detectados, os

estímulos auditivos viajam por meio do sistema auditivo periférico (orelha externa,

orelha média e orelha interna), responsável por receber e transmitir características

do sinal acústico para o nervo auditivo onde se convertem em sinais nervosos até

atingir o SNAC, para que haja a análise, reconhecimento e compreensão da

mensagem ouvida (FENIMAN, 2006; PEREIRA, 2011).

Portanto, o processamento auditivo se refere à capacidade do SNAC,

reconhecer e compreender os sinais sonoros que recebe (MOMENSOHN-SANTOS;

BRANCO-BARREIRO, 2004). Caso haja algum tipo de dano nas vias auditivas do

sistema nervoso central, provavelmente serão observadas alterações na capacidade

de analisar ou integrar informações sensoriais ou organizar informações sensoriais

em uma sequência de tempo (PEREIRA, 2011).

O transtorno do processamento auditivo refere-se à dificuldade no

processamento perceptual da informação de sinais audíveis no SNAC, não atribuída

à perda auditiva nem ao déficit intelectual. Há baixo desempenho em uma ou mais

habilidades auditivas, tais como localização e lateralização do som, discriminação

auditiva, reconhecimento de um padrão sonoro, aspectos acústicos relacionados ao

tempo (incluindo resolução, mascaramento, integração e ordenação temporal) e

desempenho auditivo frente a sinais acústicos competitivos ou distorcidos (ASHA,

2006). As habilidades de atenção e memória são de natureza mais geral, entretanto,

são consideradas componentes do processo de audição quando participam do

processamento auditivo (ASHA, 1996).

Para avaliação do processamento auditivo podem ser utilizados testes

auditivos comportamentais e eletrofisiológicos (FROTA, 2011). Os testes

comportamentais avaliam as diversas habilidades auditivas e, portanto, a função

auditiva central. As habilidades alteradas norteiam o plano de intervenção; os testes

eletrofisiológicos avaliam a resposta do sistema auditivo por meio de medidas

elétricas (PEREIRA, 2011). Entretanto, a fim de respeitar a abordagem do presente

estudo será dada ênfase no processamento temporal de sinais auditivos, mais

especificamente as habilidades de ordenação e sequência temporal, habilidade de

fechamento auditivo e figura-fundo para sons não verbais.

Page 38: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

2 Revisão de Literatura

26

As habilidades do processamento temporal (ordenação e resolução

temporal) permitem ao ouvinte extrair e utilizar a prosódia da fala, ou seja, ritmo,

altura, intensidade e entonação, permitindo a identificação de palavras chaves e à

intenção da mensagem (MUSIEK, 1994). Habilidades auditivas de ordenação e

sequência temporal envolvem habilidades de sequencialização de frequência e/ou

de duração dos sons e reconhecimento de múltiplos estímulos auditivos em sua

ordem de ocorrência no tempo (FROTA, 2011), habilidades estas de grande

importância para a percepção da fala (MUSIEK, 1994). Alterações na habilidade de

ordenação temporal dos sons podem representar um déficit gnósico não verbal, que

indica dificuldade na análise dos aspectos suprassegmentais da fala (prosódia)

(PEREIRA, 2005; PEREIRA, 2009). Tal habilidade, em que muitos processos

perceptivos e cognitivos participam, é considerada uma das funções mais

importantes do SNAC, uma vez que a fala e a compreensão da linguagem são

dependentes da capacidade de se trabalhar com a sequência sonora (SCHOCHAT

et al., 2009).

Dentre os testes que avaliam a ordenação e sequência temporal há o Teste

de Padrão de Frequência (TPF) e o Teste de Padrão de Duração sonora (TPD),

melódicos, cujo estímulo provém de uma flauta transversal (PEREIRA; SCHOCHAT,

2011). Os testes de reconhecimento de padrão envolvem o processamento de dois

ou mais estímulos em uma determinada ordenação de ocorrência no tempo e tem a

função de avaliar a discriminação e sequencialização de padrões sonoros

(PEREIRA; SCHOCHAT, 2011).

De acordo com Pinheiro e Musiek (1985), os hemisférios direito e esquerdo

estariam envolvidos na sequencialização temporal. No entanto, ambos os testes

permitem dois tipos de resposta: imitação e nomeação. Na etapa de imitação

haveria maior participação do hemisfério direito e na de nomeação, do esquerdo

(PEREIRA; SCHOCHAT, 2011).

O mecanismo neurofisiológico que ocorre durante aplicação de tais testes

envolve integridade de ambos os hemisférios cerebrais, a fim de garantir adequada

percepção e a nomeação do padrão sonoro. O hemisfério não-dominante

(geralmente o direito) está relacionado à percepção e reconhecimento do contorno

acústico, importante para a ordenação temporal. O hemisfério dominante

(geralmente o esquerdo) é importante para a nomeação do padrão sonoro (exemplo:

Page 39: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

2 Revisão de Literatura

27

grave, agudo, grave ou curto, curto, longo) e também para ordenação da informação

temporal. Portanto, a nomeação de um padrão sonoro envolve, inicialmente, o

processamento do contorno acústico que, segundo os autores, ocorreria no

hemisfério direito, e em seguida haveria a transferência via corpo caloso para o

hemisfério esquerdo, uma vez que a resposta de verbalizar o padrão tonal é

solicitada (MUSIEK; REEVES; BARAN, 1985; MUSIEK; PINHEIRO, 1987). Então,

haveria uma interação inter-hemisférica na ordenação temporal, mesmo se a

sequência de estímulos não fosse realizada através de elementos linguísticos

(PINHEIRO; MUSIEK, 1985).

Em relação às bases anatômicas e fisiológicas presentes no processamento

de sequências auditivas, a mais importante área cortical para codificação de

informações temporais seria o complexo olivar superior. No sistema auditivo, as

áreas envolvidas na percepção e sequência de estímulos estariam localizadas nos

lobos temporais do cérebro, primariamente no giro temporal de Herschl. O

envolvimento da memória de curto prazo também se faz importante neste processo,

uma vez que uma sequência não poderia ser reconhecida ou processada se antes

não estivesse sido memorizada (PINHEIRO; MUSIEK, 1985).

A habilidade de fechamento auditivo se refere ao reconhecimento do sinal

acústico quando partes dele são omitidas ou distorcidas (FENIMAN, 2006). Desta

forma, segundo Bellis (1996), a habilidade de fechamento auditivo é de grande

importância nas atividades cotidianas do indivíduo, uma vez que o ambiente auditivo

cotidiano dificilmente pode ser considerado ideal, pois frequentemente depara-se

com ruídos de fundo, sotaques regionais, pessoas que falam baixo ou com

articulação travada, entre outros fatores que dificultam a compreensão de

mensagens auditivas. Os fatores extrínsecos que auxiliam o fechamento auditivo

incluem um ambiente acusticamente adequado. Por outro lado, se o ambiente

estiver desfavorável para compreensão da informação auditiva, será necessária a

presença de outros fatores, acrescida da representação repetida do sinal auditivo

dada pelo SNAC (redundância intrínseca), a fim de conseguir o fechamento auditivo

(BELLIS, 1996). Se essa redundância intrínseca estiver deficitária o indivíduo

apresenta alteração do fechamento auditivo. Diante disso, o ouvinte com alteração

na habilidade de fechamento auditivo talvez não tenha dificuldade de compreender a

informação sonora em um ambiente acústico ideal, entretanto, pode apresentar

Page 40: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

2 Revisão de Literatura

28

dificuldade em ambientes com ruídos de fundo ou com falantes desconhecidos

(BELLIS, 1996).

Um dos testes utilizados para avaliar esta habilidade é o Teste de Fala

Comprimida (TFC), que avalia o fechamento auditivo por meio do mecanismo

fisiológico de atenção seletiva. Foi desenvolvido no Brasil em 2007 (RABELO;

SCHOCHAT, 2007) e foi elaborado com mono (TFC-mono) e dissílabos (TFC-di) em

Português com compressão de 60%.

Por fim, a habilidade de figura-fundo para sons não verbais consiste na

capacidade do indivíduo prestar atenção e compreender um estímulo sonoro frente à

outra mensagem competitiva. A alteração desta habilidade pode refletir em

dificuldades de perceber aspectos suprassegmentais da fala (prosódia) (FROTA,

2011). Um dos testes utilizados para avaliação desta habilidade é o Teste Dicótico

Não Verbal (TDNV), que permite avaliar o processamento dicótico com sons não

linguísticos. Este teste é realizado em três etapas, uma delas envolvendo a atenção

livre e as outras duas envolvendo a escuta direcionada, ou seja, atenção seletiva.

Alterações neste teste representam prejuízo do processo gnósico auditivo não-

verbal, ou seja, dificuldade ou déficit de prosódia (PEREIRA; SCHOCHAT, 2011).

Mais especificamente, resultado de alteração na orelha direita implica em

dificuldades na diferenciação dos sons de fala, acentuação, extensão da palavra e

ritmo. Enquanto que, resultado de alteração na orelha esquerda implica em

dificuldades na análise do conteúdo afetivo-emocional da fala, podendo refletir na

compreensão de piadas, palavras de duplo sentido (PEREIRA; SCHOCHAT, 2011).

2.4 PROCESSAMENTO AUDITIVO E VOZ

O interesse em investigar a relação entre alterações da percepção auditiva e

disfonia despontou na discussão da apresentação do estudo no evento científico

The Voice Foundation (DARBY; SMITH, 1993), o qual verificou a ocorrência de

comportamentos de desatenção e agitação motora em crianças que apresentavam

nódulos vocais, muitas delas diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção,

sendo que muitas poderiam apresentar alterações na percepção auditiva.

Page 41: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

2 Revisão de Literatura

29

Kalil (1994) comparou o desempenho de crianças disfônicas e crianças sem

queixas fonoaudiológicas em provas de avaliação do processamento auditivo, e

observou diferença estatisticamente significante entre os grupos, mostrando

desvantagem do grupo com alteração vocal.

Cavadas (1998) avaliou e comparou o desempenho de crianças com o

diagnóstico de disfonia organofuncional e crianças sem alteração vocal em provas

de avaliação temporal do processamento auditivo. Os resultados mostraram

diferença estatisticamente significante entre os grupos, sendo o desempenho do

grupo de disfônicos inferior ao do grupo sem alteração vocal.

Pereira Filho (1999) aplicou testes que avaliaram os processos temporais de

indivíduos com disfonia funcional. Tais indivíduos apresentaram maior dificuldade

em responder aos testes de habilidades temporais auditivas do que os indivíduos do

grupo controle.

Buosi (2002a) mostrou, por meio de revisão de literatura, a estreita relação

entre a percepção auditiva e a produção vocal e assim demonstrou a importância do

feedback auditivo para o automonitoramento vocal e, portanto, a relevância do

aspecto auditivo na avaliação e terapia vocal, visto que o indivíduo disfônico

monitora sua produção vocal, basicamente, por essa via. Tal estudo afirma que a

correlação entre voz e audição se torna ainda mais sólida pelo fato destes dois

aspectos fazerem uso dos mesmos parâmetros (altura, intensidade e duração). Uma

vez que o indivíduo disfônico monitora sua produção vocal basicamente pela via

auditiva, comenta-se a respeito das consequências que as alterações do

processamento auditivo poderiam acarretar para a reabilitação vocal.

Gimenez et al. (2004) buscaram, em seu estudo, investigar a correlação

entre a produção vocal e as funções auditivas centrais, relacionadas aos padrões de

frequência e de duração. Os sujeitos passaram por avaliação auditiva e pelos

Testes: TPF e TPD, os quais avaliam a habilidade de diferenciar e reproduzir

sequências de tons em diferentes combinações de sons graves/agudos e

curtos/longos, além de avaliação vocal e avaliação otorrinolaringológica. Verificaram

importante relação entre as alterações da produção vocal e comprometimento de

funções auditivas centrais relativas à percepção de duração e frequência. Os

resultados dos testes TPF e TPD podem contribuir para o programa de intervenção

terapêutica das disfonias. Os sujeitos com queixas e/ou alterações vocais

Page 42: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

2 Revisão de Literatura

30

apresentaram alteração de tais funções e tiveram desempenho inferior aos sujeitos

sem problemas vocais nos testes TPF e TPD, tanto para nomear, como para imitar

os sons. Os sujeitos com alterações vocais apresentaram déficits na percepção

auditiva que podem ter gerado dificuldades em diferenciar e reproduzir os padrões

variados de frequência e duração. Esta evidência permitiu relacionar a estimulação

dessas funções auditivas como recurso positivo para alcançar a melhora da

produção vocal e consequentemente diminuição do tempo de tratamento da disfonia.

Spina (2009) comparou a habilidade para perceber variação de frequência

em sons vocais e som instrumental entre sujeitos com disfonia funcional, sujeitos

com voz normal e cantores. Concluiu que cantores têm habilidade superior na

percepção vocal e instrumental e sujeitos disfônicos têm maior dificuldade em

perceber variações de frequências vocais e instrumentais do que sujeitos com voz

normal. A experiência preliminar com canto melhora a percepção de diferenças e

semelhanças de frequência nos sons vocais e som instrumental; e quanto pior o

grau de disfonia, pior a percepção de diferenças e semelhanças de frequência nos

sons vocais e som instrumental.

Santoro, Ribeiro e Mesquita (2012) buscaram estudar e caracterizar a

função auditiva central de professores com diagnóstico de disfonia funcional e

organofuncional. Os autores utilizaram, para a avaliação das habilidades auditivas,

outros testes além do TPF, foram eles: Teste Gap-In-Noise (GIN), Teste Dicótico de

Dígito (TDD), Teste SSW (Staggered Spondaic Word Test), Masking Level

Difference (MLD), Identificação de Sentenças Sintéticas (SSI). Concluíram então

que, professores com diagnóstico de disfonia funcional ou organofuncional

apresentam maior dificuldade em lidar com aspectos de prosódia da fala, ou seja,

intensidade, frequência e duração dos estímulos sonoros mostrando que existe

associação entre as disfonias e a função auditiva central.

Buosi, Ferreira e Momensohn-Santos (2013) descreveram os achados da

avaliação das habilidades auditivas para discriminar traços de frequência,

intensidade e duração em um grupo de professores com alterações vocais (disfonias

funcionais e organofuncionais) e compararam a um grupo de professores sem

alteração vocal. Concluíram que os professores sem alteração vocal possuem

melhor habilidade para discriminar traços de frequência do que os professores com

alterações vocais.

Page 43: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

2 Revisão de Literatura

31

Os estudos envolvendo crianças foram se aprofundando e confirmando os

achados descritos na literatura. Arnaut et al. (2011) caracterizaram as habilidades

auditivas de localização e de ordenação temporal em crianças disfônicas, e

observaram que tais crianças apresentaram alterações das habilidades de

localização ou ordenação temporal de sons não verbais.

Neves et al. (2011) também realizaram um estudo com crianças a fim de

analisar a relação entre as alterações de processamento auditivo e a disfonia infantil.

Além da anamnese e avaliação audiológica básica, também foi realizada a avaliação

do processamento auditivo por meio dos testes: Fala Filtrada (FF), Pediatric Speech

Intelligibility Test (PSI), TPD, TPF, TDD, TDNV, SSW, Random Gap Detection Test

(RGDT). Foi realizada análise perceptivo-auditiva. Os resultados mostraram que

uma grande quantidade de crianças com diagnóstico de transtorno do

processamento auditivo possui disfonia infantil, havendo predominância do gênero

masculino. A maioria das crianças disfônicas apresentou dificuldade nos testes de

processamento temporal (TPF e TPD), e nos testes dicóticos (TDD e TDNV).

A avaliação do processamento temporal também tem sido realizada em

outras abordagens. Ishii, Arashiro e Pereira (2006), por exemplo, compararam o

desempenho de cantores que receberam orientação profissional, cantores amadores

afinados e cantores amadores desafinados nos testes TPF e RGDT. O estudo

mostrou a superioridade no TPF dos músicos que receberam teoria musical

adequada ao longo dos anos diante daqueles que não receberam nenhum tipo de

orientação teórica da música, ficando evidente que o tempo de exposição à teoria

musical é um fator importante no processamento auditivo temporal. Santos e

Bouzada (2013) compararam o desempenho de indivíduos afinados e desafinados

em testes de processamento auditivo, verificando, por meio dos testes TPF e TPD, a

relação significante entre processamento auditivo e desafinação vocal.

Page 44: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 45: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

3 PROPOSIÇÃO

Page 46: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 47: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

3 Proposição

35

3 PROPOSIÇÃO

Comparar o desempenho de mulheres disfônicas e não disfônicas em testes

de processamento auditivo e teste de reprodução tonal vocal.

Correlacionar os testes de processamento auditivo utilizados com o teste de

reprodução tonal vocal.

Page 48: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 49: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

4 CASUÍSTICA E MÉTODOS

Page 50: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 51: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

4 Casuística e Métodos

39

4 CASUÍSTICA E MÉTODOS

4.1 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto contemplou os critérios éticos descritos na resolução para

Fonoaudiologia e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres

Humanos da FOB/USP nº 607.196 (Anexo A). Todos os sujeitos da pesquisa foram

informados claramente sobre os objetivos da mesma e procedimentos a que seriam

submetidos. A partir disso foram convidados a assinar o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE), garantindo assim o sigilo e voluntariado dos mesmos

(Anexo B).

4.2 CASUÍSTICA

Participaram deste estudo 40 mulheres, voluntárias pertencentes à lista de

espera para atendimento na clínica de voz da FOB/USP e voluntárias

acompanhantes dos pacientes da clínica ou conhecidas pela pesquisadora, na faixa

etária de 18 a 44 anos (média = 27,12 anos), sendo de 30,7 a média de idade das

mulheres disfônicas e de 23,55 a média de idade das mulheres não disfônicas.

Foram subdivididas em dois grupos: Grupo Disfônico (GD) - composto por 20 com

disfonia funcional ou organofuncional. Foram considerados como disfônicos aqueles

indivíduos que apresentaram queixas vocais, alterações vocais na avaliação

perceptivo-auditiva (vozes classificadas com desvio leve, moderado ou intenso

referente ao grau geral da qualidade vocal - G da escala GRBASI (ISSHIKI et al.,

1969) e exame otorrinolaringológico que evidenciasse uma disfonia funcional ou

organofuncional; Grupo Não Disfônico (GND) - composto por 20 que não

apresentaram alterações vocais. Foram considerados como não apresentando

alterações vocais aquelas mulheres com ausência de queixa vocal, ausência de

alterações na avaliação perceptivo-auditiva (vozes avaliadas com ausência de

desvio ou desvio leve referente ao grau geral da qualidade vocal - G da escala

GRBASI (ISSHIKI et al., 1969), bem como histórico negativo de disfonia permanente

e tratamento vocal ou cirúrgico na laringe.

Page 52: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

4 Casuística e Métodos

40

Inicialmente o GND foi selecionado pela pesquisadora por não apresentar

alterações vocais evidentes e não relatarem queixa vocal. Após isso os testes foram

aplicados. Todas as vozes passaram por análise perceptivo-auditiva de três juízes

fonoaudiólogos a fim de confirmar a ausência de desvio na qualidade vocal do GND,

e a presença de desvio na qualidade vocal do GD.

Foram utilizados como critérios de inclusão: ter entre 18 e 45 anos, a fim de

isolar as variáveis resultantes do processo de muda vocal e menopausa ou

presbifonia; não ter realizado terapia fonoaudiológica ou cirurgia na laringe; não

apresentar relatos de distúrbios endocrinológicos, neurológicos, uma vez que o

SNAC controla a preparação de todos os órgãos envolvidos na produção da voz;

não apresentar queixas ou perdas auditivas, confirmadas por exame audiológico.

Foram utilizados como critérios de exclusão: indivíduos cantores, músicos,

aqueles que referiram tocar algum instrumento musical ou que possuíssem

educação musical em sua história, indivíduos com diagnóstico de disfonia orgânica e

aqueles que não assinaram o TCLE.

No presente estudo, elegeu-se estudar apenas mulheres disfônicas por

apresentarem maior predisposição à ocorrência de disfonia relacionada a

comportamentos vocais inadequados com lesões laríngeas quando comparadas ao

gênero masculino, devido ao padrão feminino de proporção glótica (PONTES;

BEHLAU; KYRILLOS, 1994; BEHLAU et al.; 2008a) e da observação de maior

ocorrência de mulheres na clínica de voz (SILVERIO et al., 2014).

4.3 PROCEDIMENTO

Após a assinatura do TCLE, os indivíduos passaram por entrevista,

avaliação audiológica completa (Audiometria Tonal Liminar, pesquisa do Limiar de

Recepção da Fala-SRT, pesquisa do Índice Percentual de Recepção da fala-IPRF, e

Medidas de Imitância Acústica), avaliação otorrinolaringológica, registro da voz com

avaliação da reprodução vocal de sons musicais de diferentes tons e avaliação do

processamento auditivo - por meio dos testes de Padrão de Frequência (TPF) e

Padrão de Duração (TPD) sonora, teste de Fala Comprimida (TFC) e teste Dicótico

Não Verbal (TDNV).

Page 53: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

4 Casuística e Métodos

41

Todos os procedimentos de diagnóstico audiológico e vocal foram realizados

na Clínica de Fonoaudiologia da FOB/USP em dois dias.

A entrevista, avaliação audiológica e otorrinolaringológica foram realizadas

nesta sequência. Entretanto, a avaliação do processamento auditivo e a avaliação

da reprodução tonal vocal foram realizadas de forma alternada e nunca no mesmo

dia. A escolha do procedimento a ser realizado dependeu da disponibilidade de sala

na clínica. Optou-se por dias diferentes para que o paciente não sentisse cansaço,

visto que, cada avaliação apresentava duração média de uma hora e meia,

possibilitando assim, a realização dos testes com melhor estado de alerta. A ordem

de aplicação dos testes de processamento auditivo também foi realizada de forma

alternada, para que não influenciasse no desempenho do paciente.

a. Entrevista

Inicialmente foi realizada uma entrevista com objetivo de selecionar a

população amostrada, com base nos critérios de inclusão e exclusão propostos.

Esta foi composta da aplicação de dois questionários. O primeiro abordou questões

referentes à: idade, profissão, presença ou ausência de queixa vocal, sintomas

vocais e/ou laríngeos, queixas auditivas, distúrbios endócrinos e/ou neurológicos,

atividades musicais (canto, instrumento, educação musical) e saúde geral (Anexo

C).

O outro questionário objetivou investigar a história clínica do indivíduo, em

relação a uma possível suspeita de alteração no processamento auditivo. Aplicou-se

o protocolo de anamnese proposto por Pereira e Schochat (2011) (Anexo D).

b. Avaliação audiológica

A Audiometria Tonal Liminar foi realizada, em seguida à realização da

entrevista, em cabina acústica, utilizando o audiômetro SD 50 da Siemens, fone

TDH-39P da Telephonics. Foram testadas as frequências de 250 Hz a 8000 Hz. Os

limiares de audibilidade de até 25 dB nas frequências de 250 a 8000 Hz foram

considerados dentro do padrão de normalidade. Anteriormente ao exame, as

mulheres foram submetidas à inspeção visual do meato acústico externo.

O SRT e o IPRF foram realizados no mesmo audiômetro citado

anteriormente. O SRT foi realizado utilizando-se a lista de palavras dissílabas, por

Page 54: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

4 Casuística e Métodos

42

meio da voz da examinadora. Tal avaliação teve o objetivo de confirmar os limiares

tonais aéreos na banda de frequência de 500 a 2000 Hz, por meio da obtenção do

nível mínimo de intensidade em que cada sujeito repetiu 50% das palavras

corretamente. O IPRF foi pesquisado utilizando-se a lista de palavras com

monossílabos, por meio de viva voz, a 40 dBNS a partir da média dos limiares

auditivos da via aérea nas frequências de 500, 1000 e 2000 Hz, sendo considerados

normais os índices iguais ou superiores a 92%.

As Medidas da Imitância Acústica foram realizadas por meio do analisador

de orelha média SD30 da Siemens, sendo considerado como critério de

normalidade, timpanograma tipo “A” (JERGER, 1970) e presença de reflexos

acústicos de 70 a 90 dBNS.

c. Avaliação otorrinolaringológica

A avaliação otorrinolaringológica (ORL) foi constituída de anamnese, exame

físico e endoscópico de vias aéreas superiores (Nasolaringofibroscopia,

Telelaringoscopia e Estroboscopia) e foi realizada por médico otorrinolaringologista,

na Clínica de Fonoaudiologia da FOB/USP.

Inicialmente foi realizada a nasolaringofibroscopia com aparelho de fibra

óptica flexível de 3.2 mm Olympos Medical Systems Corp Modelo ENF P4, na qual

foi solicitada a emissão da vogal /i/ prolongada, contagem e fala espontânea. Em

seguida foi realizada a telelaringoestroboscopia utilizando fibra óptica rígida 70º

Panasonic modelo GP KS152 e Endo-Estroboscópio: Rhino-Laryngeal Stroboscope -

RLS 91003 da Kay Elemetrics na qual foi solicitada a emissão da vogal /i/

prolongada, em pitch habitual. Esses exames foram gravados utilizando-se o DVD

Philips modelo 3455H, o monitor de vídeo LCD modelo LMD 1420, Sony e a

microcâmera colorida digital ENF Type P4 da Olympus Medical Systems Corp. A

fonte de luz utilizada é de halogênio 250 Watts, da Ferrari Medical.

Após a realização do exame, o médico emitia o diagnóstico com base na

imagem registrada em DVD, protocolo que faz parte da rotina de atendimentos da

Clínica de Fonoaudiologia da FOB/USP.

O Quadro 1 mostra o diagnóstico laringológico dos indivíduos do grupo

Disfônico.

Page 55: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

4 Casuística e Métodos

43

Voluntárias Diagnóstico Otorrinolaringológico

6 Espessamento mucoso e fenda triangular médioposterior ou dupla

5 Nódulos bilaterais e fenda triangular médioposterior ou fusiforme

3 Fenda: triangular posterior, médioposterior, fusiforme

2 Cisto e reação nodular contralateral ou nódulos bilaterais

1 Refluxo e fenda fusiforme posterior

2 Cisto e fenda membranácea anteroposterior ou fusiforme posterior

1 Pseudocisto com reação contralateral e fenda triangular médioposterior

Quadro 1 - Diagnóstico laringológico do grupo disfônico

d. Avaliação vocal

A avaliação da produção vocal consistiu do registro da voz das mulheres,

para propiciar posterior análise perceptivo-auditiva da qualidade vocal.

O registro da voz foi realizado em ambiente silencioso, no estúdio de voz da

Clínica-Escola de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da

Universidade de São Paulo – FOB/USP, tratado acusticamente, e utilizou o software

de edição de áudio profissional - Sound Forge 10.0, em taxa de amostragem de

44.100 Hz, canal Mono em 16 Bit; e microfone AKG, modelo C 444 PP, acoplado ao

computador. Após a colocação do microfone, que foi posicionado a quatro

centímetros da boca e em ângulo de 45°, o indivíduo permaneceu sentado em uma

cadeira de frente para a avaliadora e foi orientado a emitir a vogal /a/ de forma

sustentada, isolada e após inspiração profunda, em pitch e loudness habituais, e

contagem de números de 1 a 20 em frequência, intensidade e ritmo mais próximos

do habitual.

A fim de confirmar a ausência da disfonia no GND e a presença de disfonia

no GD, além do exame ORL, realizou-se análise perceptivo-auditiva da qualidade

vocal. Esta análise foi realizada por três juízes fonoaudiólogos com experiência em

avaliação vocal, por meio de duplo-cego. Foram analisados alguns parâmetros da

escala GRBASI (ISSHIKI et al., 1969): G - grau geral da qualidade vocal que se

refere à impressão global da voz, R - rugosidade: irregularidade na fonte sonora, B -

soprosidade: escape de ar audível na voz e S - tensão: sensação de esforço vocal.

Cada parâmetro recebeu uma classificação de acordo com o grau de desvio: zero

(nenhum desvio), um (desvio leve), dois (desvio moderado) ou três (desvio intenso),

Page 56: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

4 Casuística e Métodos

44

sendo considerada, para a análise dos dados, o resultado mais comum dos três

juízes. Assim, as vozes foram classificadas como equilibradas ou alteradas se

receberam de, pelo menos, dois dos três juízes a mesma classificação do grau de

desvio, tanto na emissão da vogal /a/, como na contagem. Não houve situação em

que a discordância dos três juízes fosse total, em nenhuma das vozes analisadas,

tanto no GND como no GD.

e) Avaliação da reprodução tonal vocal

A avaliação da reprodução tonal vocal foi realizada por meio do programa

Voice Range Profile da Multi Speech, da Kay Elemetrics, que permite a realização

da fonetografia. Para o presente estudo, foram realizadas adaptações no teste da

fonetografia com o intuito de avaliar o desempenho de discriminação e reprodução

tonal dos indivíduos, uma vez que o programa permite o registro da imitação vocal

de sons musicais de diferentes tons isoladamente.

Para a obtenção das medidas do Teste de Reprodução Tonal Vocal (TRTV),

foi solicitada a emissão da vogal /a/ prolongada em registro modal, por, no mínimo,

cinco segundos, nas intensidades: habitual, forte e fraca em diferentes frequências

(C3-131Hz a B4–494Hz). As frequências (tons) foram delimitadas para que a

atividade fosse realizada confortavelmente pelos sujeitos, ou seja, em sua tessitura

vocal (LACERDA, 1961).

Para cada tom foi solicitada a reprodução vocal correspondente. Foi dada a

oportunidade de realizar até três tentativas a fim proporcionar ao indivíduo chances

de obter melhor desempenho, visto que a amostra não possuía experiência musical,

além do que, a repetição poderia permitir ajustes do trato vocal necessários para

atingir adequada reprodução. Tais tentativas só aconteceram conforme o

desempenho do indivíduo:

1. repetir o tom ouvindo apenas “tom puro” - modelo do teclado virtual do

programa (Figuras 1 e 2);

2. caso não conseguisse, o avaliador ajudava repetindo o mesmo tom

associado à emissão vocal – o indivíduo deveria reproduzir o tom ouvindo, então, a

voz do avaliador e a nota do teclado virtual;

Page 57: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

4 Casuística e Métodos

45

3. por fim, caso ainda não conseguisse reproduzir o tom desejado, após as

duas tentativas anteriores (Figuras 3 e 4), a ajuda do avaliador foi por meio do apoio

vocal e do tom puro com escala, aplicando-se uma escala de três notas abaixo da

desejada – o indivíduo deveria alcançar o tom com a ajuda da escala.

Após a terceira tentativa de repetição do tom solicitado, a emissão foi

registrada. Em qualquer uma das tentativas considerou-se como acerto a

reprodução correta do tom solicitado, bem como a variação de meio tom acima ou

abaixo da nota desejada (Figura 1). Além disso, considerou-se como erro a

reprodução tonal vocal fora da faixa de frequência estabelecida: tom solicitado ou

variação de meio tom acima ou abaixo (Figura 3). Dados numéricos também foram

utilizados a fim de confirmar especificamente qual nota foi reproduzida e se o

indivíduo manteve a emissão por no mínimo cinco segundos (Figuras 2 e 4). Nas

figuras apresentadas a seguir (Figuras 1 a 4), o eixo das abscissas representa as

notas musicais que foram apesentadas ao indivíduo, enquanto que o eixo das

ordenadas representa a intensidade em dB que o indivíduo atingiu. No interior da

imagem (Figuras 2 e 4), os valores numéricos representam a quantidade de

segundos que o indivíduo permaneceu na nota solicitada e em qual intensidade.

O resultado de todas as tentativas foram registradas em uma ficha elaborada

para o presente estudo (Anexo E), a fim de confirmar a reprodução tonal vocal do

indivíduo e comparar o desempenho entre os grupos de indivíduos e correlacionar

com os testes do processamento auditivo.

Page 58: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

4 Casuística e Métodos

46

Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta (nota solicitada: MI 3)

Figura 2 - Representação numérica da reprodução tonal vocal correta

Page 59: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

4 Casuística e Métodos

47

Figura 3 - Exemplo de reprodução tonal vocal incorreta (nota solicitada: SOL 4)

Figura 4 - Representação numérica da reprodução tonal vocal incorreta

Page 60: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

4 Casuística e Métodos

48

f) Avaliação do processamento auditivo

A avaliação do processamento auditivo foi realizada no laboratório de

Audiologia da Clínica de Fonoaudiologia da FOB/USP. Os Testes comportamentais

utilizados foram: TPF TPD, TFC e TDNV. Foram executados em cabina acústica

utilizando o CD player versão 2011 proposto por Pereira e Schochat (2011).

O TPF (Anexo F) avaliou a habilidade de ordenação temporal por meio do

mecanismo fisiológico de processamento temporal: discriminação de padrões de

som. O teste é constituído por tons musicais de frequência baixa (440Hz) e alta (493

Hz), com duração fixa. Foram apresentadas dez sequências compostas por três

estímulos e dez sequências compostas por quatro estímulos, monoauralmente, a

50dBNS (Protocolo 15 – Faixas 15 e 16). Inicialmente os sujeitos foram instruídos, a

responder, verbalmente, a sequência escutada, utilizando o termo “fino” para sons

agudos e o termo “grosso” para os sons graves, devendo nomear a sequência de

tons ouvidos. Caso apresentasse desempenho abaixo do padrão de normalidade, foi

solicitada a tarefa de imitação (humming), devendo reproduzir vocalmente a

sequência de tons ouvidos. Foram considerados critérios de normalidade 70% ou

mais de acertos para três sons e 60% ou mais de acertos para quatro sons

(PEREIRA; SCHOCHAT, 2011).

O TPD (Anexo F) avaliou a habilidade de ordenação temporal: memória para

padrões de som, por meio do mecanismo fisiológico de processamento temporal:

discriminação de padrões de som. O teste é constituído por tons musicais longos

(2000ms) e curtos (500ms), com frequência fixa de 440 Hz. Foram apresentadas dez

sequências compostas por três estímulos e dez sequências compostas por quatro

estímulos, monoauralmente, a 50dBNS (Protocolo 15 – Faixas 17 e 18). Inicialmente

os sujeitos foram instruídos a responder, verbalmente, a sequência escutada,

utilizando o termo “longo” para estímulos longos e o termo “curto” para estímulos

curtos, devendo nomear a sequência de tons ouvidos. Caso apresentasse

desempenho abaixo do padrão de normalidade, foi solicitada a tarefa de imitação

(humming), devendo reproduzir vocalmente a sequência de tons ouvidos. Foram

considerados critérios de normalidade 100% de acertos para três sons e 90% ou

mais de acertos para quatro sons (PEREIRA; SCHOCHAT, 2011).

O TFC é sensível para avaliar a habilidade de fechamento auditivo por meio

do mecanismo fisiológico de atenção seletiva. Foram aplicadas as listas de

Page 61: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

4 Casuística e Métodos

49

monossílabos (TFC-mono) e dissílabos (TFC-di) (Anexos G e H) com compressão

de 60%, ambos com intensidade de 40dBNS para indivíduos com limiares auditivos

normais. Foi solicitado ao sujeito que identificasse e emitisse corretamente os

monossílabos/dissílabos apresentados, considerando como critério de normalidade

a obtenção de 90% de acertos ou mais em ambas as orelhas (PEREIRA;

SCHOCHAT, 2011).

O TDNV avalia a habilidade de figura-fundo para sons não verbais, por meio

do mecanismo fisiológico de atenção seletiva. Foi aplicado em três etapas (Anexo I):

atenção livre (AL), escuta direcionada (AD) à direita e escuta direcionada à

esquerda, com intensidade de 50 dBNS para indivíduos com limiares auditivos

normais. Antes de iniciar o teste foi realizada a nomeação de cada imagem que

compõe a cartela de figuras para que o paciente tivesse a chance de conhecer todas

as figuras, após isso, o paciente foi informado que ouviria dois sons ao mesmo

tempo e deveria mostrar apenas o som que achou que ouviu melhor (ordem para

atenção livre). Posteriormente, a ordem foi para escuta direcionada, e o paciente foi

informado que ouviria dois sons ao mesmo tempo e deveria mostrar apenas o som

que ouviu na orelha direita (ou na orelha esquerda), sendo considerado como critério

de normalidade 12 +/- 2 para atenção livre e > 23 acertos para escuta direcionada

(PEREIRA; SCHOCHAT, 2011).

4.4 ANÁLISE DOS DADOS

Os resultados obtidos foram tabulados em banco de dados EXCELL e

submetidos ao tratamento estatístico por meio da aplicação dos testes: Mann-

Whitney para comparar variáveis quantitativas; Teste exato de Fisher para comparar

variáveis qualitativas; Correlação de Spearman, a fim de correlacionar os resultados

obtidos na avaliação de reprodução tonal vocal e em cada teste do processamento

auditivo proposto no presente estudo. Para avaliar a associação existente entre as

variáveis qualitativas do questionário relacionado ao processamento auditivo, foi

utilizado o teste do Qui-Quadrado para cada item. O nível de significância adotado

em todos os testes foi de 5% (p<0,05).

Page 62: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

4 Casuística e Métodos

50

Para o teste de correlação, adotou-se a proposta de Dancey e Reidy (2006)

em que revela que os valores de classificação da correlação são: r = 0,10 a 0,30

(fraco); r = 0,40 a 0,6 (moderado); r = 0,70 a 1 (forte).

Page 63: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

5 RESULTADOS

Page 64: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 65: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

5 Resultados

53

5 RESULTADOS

Os resultados apresentados são referentes às avaliações das vinte

voluntárias do GD (disfônicas) e vinte voluntárias do GND (não disfônicas).

Para melhor caracterização da amostra, informações referentes à idade,

diagnóstico otorrinolaringológico e desempenho nos testes: TRTV e TPF foram

descritas em quadros (Apêndices A e B).

A Tabela 1 mostra o valor da porcentagem de respostas “SIM” para cada

questão do protocolo de anamnese de processamento auditivo e o valor de “p” para

cada uma das comparações. A única questão em que o grupo diferiu

significativamente foi relacionada ao histórico de repetência escolar (p=0,037).

Page 66: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

5 Resultados

54

Tabela 1 - Porcentagem de respostas “SIM” para cada questão do protocolo de anamnese de processamento auditivo e valor da comparação entre os grupos

Perguntas Anamnese Processamento Auditivo

Não disfônicas Disfônicas Valor de “p”

% de respostas SIM % de respostas SIM

Escuta bem em ambiente silencioso? 20 (100%) 20 (100%) 1

É desatento? 12 (60%) 6 (30%) 0,056

Escuta bem em ambiente ruidoso? 15 (75%) 13 (65%) 0,49

É muito quieto? 6 (30%) 3 (15%) 0,255

Localiza o som? 19 (95%) 19 (95%) 1

É agitado? 11 (55%) 13 (65%) 0,518

Compreende bem a conversação? 18 (90%) 20 (100%) 0,146

Em que situação a conversação é mais difícil?

- ambiente silencioso 1 (5%) 0 (0%) 0,211

- em grupo 4 (20%) 8 (40%) 0,167

- com um interlocutor 1 (5%) 0 (0%) 0,311

- ambiente ruidoso 12 (60%) 16 (80%) 0,167

- em grupo 8 (40%) 13 (65%) 0,113

- com um interlocutor 2 (10%) 2 (10%) 1

- oscila independente do ambiente 4 (20%) 7 (35%) 0,288

Apresenta alguma dificuldade em fala? 4 (20%) 1 (5%) 0,151

Apresenta alguma dificuldade em leitura/escrita? 0 (0%) 0 (0%) 1

Apresenta alguma outra dificuldade? 0 (0%) 0 (0%) 1

Demorou pra aprender a falar? 1 (5%) 0 (0%) 0,311

Demorou pra aprender a andar? 0 (0%) 0 (0%) 1

Teve dificuldade pra aprender a ler? 0 (0%) 1 (5%) 0,311

Teve dificuldade pra aprender a escrever? 1 (5%) 0 (0%) 0,311

Teve outras dificuldades escolares? 1 (5%) 3 (15%) 0,291

Apresentou repetência escolar? 1 (5%) 6 (30%) *0,037

Tem boa memória? 19 (95%) 16 (80%) 0,151

Está sendo medicado? 5 (25%) 5 (25%) 1

Teve episódio de otite, dor de ouvido, principalmente nos primeiros anos de vida?

2 (10%) 3 (15%) 0,548

Teve outras doenças? 2 (10%) 4 (20%) 0,376

Está em acompanhamento médico? 5 (25%) 5 (25%) 1

Está em acompanhamento fonoaudiológico? 0 (0%) 0 (0%) 1

Está em acompanhamento psicológico? 0 (0%) 0 (0%) 1

Está em acompanhamento psicopedagógico? 0 (0%) 0 (0%) 1

Teste do Qui-Quadrado (*p<0,05)

Nas Tabelas 2 e 3 encontram-se os valores descritivos do desempenho de

disfônicas e não disfônicas nos testes de processamento auditivo (Orelha Direita –

OD; Orelha Esquerda – OE) e teste de reprodução tonal vocal.

Page 67: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

5 Resultados

55

Tabela 2 - Valores descritivos da quantidade e porcentagem de acertos de disfônicas nos testes de processamento auditivo e teste de reprodução tonal vocal

Disfônicas (n=20)

Média de acertos

Desvio padrão Mínimo Máximo Padrão de normalidade

TRTV Tentativa 1 quantidade acertos 13,70 6,626 3 27 ------

TRTV Tentativa 2 quantidade acertos 6,35 3,703 0 13 ------

TRTV Tentativa 3 quantidade acertos 1,40 1,818 0 6 ------

TRTV Total acertos 21,45 6,724 7 30 30

TPF OD % acertos 53,25 26,020 20 95 ≥ 60%

TPF OE % acertos 48,50 26,213 10 100 ≥ 60%

TPD OD % acertos 95,75 8,472 70 100 ≥ 90%

TPD OE % acertos 95,25 9,386 65 100 ≥ 90%

TFC-mono OD % acertos 77,10 5,999 62 86 90% ou mais

TFC-mono OE % acertos 82,10 5,524 68 92 90% ou mais

TFC-di OD % acertos 87,20 5,926 74 96 90% ou mais

TFC-di OE % acertos 89,60 5,009 82 98 90% ou mais

TDNV-AD OD quantidade acertos 24,00 0,000 24 24 ≥ 23

TDNV-AD OE quantidade acertos 23,95 0,224 23 24 ≥ 23

TDNV-AL OD quantidade acertos 13,30 2,430 9 19 12 ± 2

TDNV-AL OE quantidade acertos 10,65 2,434 5 15 12 ± 2

TRTV= Teste de Reprodução Tonal Vocal; TPF= Teste de Padrão de Frequência; TPD= Teste de Padrão de Duração; TFC- mono= Teste de Fala Comprimida monossílabos; TFC-di= Teste de Fala Comprimida dissílabos; TDNV-AD= Teste Dicótico Não Verbal Atenção Direcionada; TDNV-AL= Teste Dicótico Não Verbal Atenção Livre.

Tabela 3 - Valores descritivos da quantidade e porcentagem de acertos de não disfônicas nos testes de processamento auditivo e teste de reprodução tonal vocal

Não disfônicas (n=20)

Média de acertos

Desvio padrão

Mínimo Máximo Padrão de normalidade

TRTV Tentativa 1 quantidade acertos 18,80 6,70 5 27 ------

TRTV Tentativa 2 quantidade acertos 6,65 5,08 0 18 ------

TRTV Tentativa 3 quantidade acertos 0,90 1,37 0 4 ------

TRTV Total acertos 26,35 1,84 21 30 30

TPF OD % acertos 69,00 23,54 20 100 ≥ 60%

TPF OE % acertos 72,75 25,20 20 100 ≥ 60%

TPD OD % acertos 99,75 1,11 95 100 ≥ 90%

TPD OE % acertos 99,25 1,83 95 100 ≥ 90%

TFC-mono OD % acertos 80,90 5,44 68 90 90% ou mais

TFC-mono OE % acertos 85,60 4,47 74 92 90% ou mais

TFC-di OD % acertos 90,10 4,27 80 96 90% ou mais

TFC-di OE % acertos 91,80 2,58 86 96 90% ou mais

TDNV-AD OD quantidade acertos 24,00 0,00 24 24 ≥ 23

TDNV-AD OE quantidade acertos 24,00 0,00 24 24 ≥ 23

TDNV-AL OD quantidade acertos 13,50 2,66 8 19 12 ± 2

TDNV-AL OE quantidade acertos 10,55 2,68 5 16 12 ± 2

TRTV= Teste de Reprodução Tonal Vocal; TPF= Teste de Padrão de Frequência; TPD= Teste de Padrão de Duração; TFC- mono= Teste de Fala Comprimida monossílabos; TFC-di= Teste de Fala Comprimida dissílabos; TDNV-AD= Teste Dicótico Não Verbal Atenção Direcionada; TDNV-AL= Teste Dicótico Não Verbal Atenção Livre.

Page 68: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

5 Resultados

56

A Tabela 4 revela que no teste de reprodução tonal vocal houve diferença

estatisticamente significante entre o desempenho dos grupos na 1ª tentativa

(p=0,025) e no total de acertos (p=0,017).

Tabela 4 - Média de acertos e desvio padrão (DP) dos valores referentes ao desempenho de disfônicas e não disfônicas em cada tentativa do teste de reprodução tonal vocal

Teste de reprodução tonal vocal

Disfônicas Não disfônicas Valor de “p”

Média de acertos (DP) Média de acertos (DP)

1ª Tentativa 13,7 (6,62) 18,80 (6,70) *0,025

2ª Tentativa 6,35 (3,70) 6,65 (5,08) 0,924

3ª Tentativa 1,4 (1,81) 0,90 (1,37) 0,456

Total acertos 21,45 (6,72) 26,35 (1,84) *0,017

Teste de Mann-Whitney (*p<0,05)

A Tabela 5 apresenta a comparação da quantidade de mulheres disfônicas e

não disfônicas com desempenho normal e alterado em cada teste de processamento

auditivo. Foi observada diferença estatisticamente significante entre o desempenho

dos grupos apenas no TPF (p=000). Na Tabela 6, pode-se observar que a

comparação do desempenho (porcentagem ou quantidade de acertos) de disfônicas

e não disfônicas em alguns testes de processamento auditivo apresentou diferença

estatisticamente significante (TPF – OD p=0,048; OE p=0,005; TFC-mono – OD

p=0,048; OE p=0,034).

Tabela 5 - Comparação da quantidade (nº) e porcentagem (%) de mulheres disfônicas e não disfônicas com desempenho normal e alterado em cada teste de processamento auditivo

Testes de Processamento

Auditivo

Disfônicas Não disfônicas

Valor de “p” Normal nº (%)

Alterado nº (%)

Normal nº (%)

Alterado nº (%)

TPF 4 (20%) 16 (80%) 15 (75%) 5 (25%) *0,000

TPD 16 (80%) 4 (20%) 20 (100%) 0 (0%) 0,053

TFC-mono 0 (0%) 20 (100%) 0 (0%) 20 (100%) --------

TFC-di 8 (40%) 12 (60%) 13 (65%) 7 (35%) 0,102

TDNV 13 (65%) 7 (35%) 14 (70%) 6 (30%) 0,500

Teste exato de Fisher (*p<0,05) TPF= Teste de Padrão de Frequência; TPD= Teste de Padrão de Duração; TFC-mono= Teste de Fala Comprimida monossílabos; TFC-di= Teste de Fala Comprimida dissílabos; TDNV= Teste Dicótico Não Verbal.

Page 69: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

5 Resultados

57

Tabela 6 - Comparação da média e desvio padrão (DP) dos valores referentes ao desempenho de disfônicas e não disfônicas em cada teste de processamento auditivo aplicado

Testes de Processamento

Auditivo

Disfônicas Não disfônicas Valor de “p”

OD Média (DP)

OE Média (DP)

OD Média (DP)

OE Média (DP)

OD OE

TPF (%) 53,25 (26,02) 48,5 (26,21) 69,0 (23,54) 72,75 (25,20) *0,048 *0,005

TPD (%) 95,75 (8,47) 95,25 (9,38) 99,75 (1,11) 99,25 (1,83) 0,096 0,213

TFC-mono (%) 77,1 (5,99) 82,1 (5,52) 80,9 (5,44) 85,6 (4,47) *0,048 *0,034

TFC-di (%) 87,2 (5,92) 89,6 (5,00) 90,1 (4,27) 91,8 (2,58) 0,107 0,198

TDNV-AD (quantidade de acertos)

24 (0,0) 23,95 (0,22) 24 (0,0) 24 (0,0) 1,0 0,786

TDNV-AL (quantidade de acertos)

13,3 (2,43) 10,65 (2,43) 13,5 (2,66) 10,55 (2,68) 0,839 0,989

Teste de Mann-Whitney (*p<0,05) TPF= Teste de Padrão de Frequência; TPD= Teste de Padrão de Duração; TFC-mono= Teste de Fala Comprimida monossílabos; TFC-di= Teste de Fala Comprimida dissílabos; TDNV-AD= Teste Dicótico Não Verbal Atenção Direcionada; TDNV-AL= Teste Dicótico Não Verbal Atenção Livre.

Por fim, a Tabela 7 apresenta a correlação entre os testes de

processamento auditivo e o teste de reprodução tonal vocal. Foi possível observar

que houve correlação positiva, de grau moderado, em ambas as orelhas, entre o

TPF com a 1ª tentativa de reprodução tonal vocal (OD r=0,575 p=0,000; OE r=0,536

p=0,000) e com o valor total de tentativas (OD r=0,650 p=0,000; OE r=0,729

p=0,000).

Embora de ordem fraca, houve correlação negativa com a terceira tentativa

na orelha esquerda (r= - 0,361 p=0,022).

Em relação ao TPD, houve correlação positiva na orelha esquerda com o

valor total de tentativas de reprodução tonal vocal (r=0,399 p=0,010). A correlação

positiva também ocorreu, em ambas as orelhas, entre o TFC-mono e TFC-di com a

segunda tentativa de reprodução tonal vocal (TFC-mono - OD r=0,495 p=0,001; OE

r=0,431 p=0,005; TFC-di – OD r=0,440 p=0,004; OE r=0,331 p=0,036) e com o total

de acertos (TFC-mono - OD r=0,335 p=0,034; OE r=0,442 p=0,004; TFC-di – OD

r=0,474 p=0,001; OE r=0,538 p=0,000).

Page 70: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

5 Resultados

58

Tabela 7 - Valores referentes à correlação entre os testes de processamento auditivo e o teste de reprodução tonal vocal

Testes processamento

auditivo

1ª Tentativa 2ª Tentativa 3ª Tentativa Total

OD Valor “p”

(r)

OE Valor “p”

(r)

OD Valor “p”

(r)

OE Valor “p”

(r)

OD Valor “p”

(r)

OE Valor “p”

(r)

OD Valor “p”

(r)

OE

Valor “p” (r)

TPF *0,000 (0,575)

*0,000 (0,536)

0,252 (-0,185)

0,884 (-0,023)

0,109

(-0,256)

*0,022 (-0,361)

*0,000 (0,650)

*0,000 (0,729)

TPD 0,575

(0,091) 0,215

(0,200) 0,091

(0,270) 0,072

(0,287) 0,661

(-0,071) 0,884

(0,023) 0,453

(0,121) *0,010 (0,399)

TFC-mono 0,760

(-0,049)

0,842 (0,032)

*0,001 (0,495)

*0,005 (0,431)

0,903 (-0,019)

0,923 (-0,015)

*0,034 (0,335)

*0,004 (0,442)

TFC-di 0,396

(0,137) 0,108

(0,257) *0,004 (0,440)

*0,036 (0,331)

0,798 (-0,041)

0,570 (-0,092)

*0,001 (0,474)

*0,000 (0,538)

TDNV-AD ---------- 0,099

(-0,264) ----------

0,153 (0,229)

---------- 0,398

(0,137) ----------

0,109 (-0,257)

TDNV-AL 0,897

(-0,021) 0,798

(0,041) 0,512

(0,106) 0,460

(-0,120) 0,495

(-0,110) 0,641

(0,075) 0,746

(0,053) 0,766

(-0,049)

Teste de Correlação de Spearman (*p<0,05) TPF= Teste de Padrão de Frequência; TPD= Teste de Padrão de Duração; TFC-mono= Teste de Fala Comprimida monossílabos; TFC-di= Teste de Fala Comprimida dissílabos; TDNV-AD= Teste Dicótico Não Verbal Atenção Direcionada; TDNV AL= Teste Dicótico Não Verbal Atenção Livre.

Page 71: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

6 DISCUSSÃO

Page 72: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 73: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

6 Discussão

61

6 DISCUSSÃO

A avaliação do processamento auditivo de indivíduos disfônicos tem o

objetivo de investigar a integridade das habilidades auditivas importantes para um

monitoramento vocal adequado (PEREIRA FILHO, 1999), uma vez que, segundo

Ishii, Arashiro e Pereira (2006), para uma reprodução vocal adequada daquilo que

se ouve, é necessário ter integridade auditiva e um processamento sensorial

eficiente das informações auditivas pelo SNAC.

Estudos direcionados à investigação da estreita relação entre voz e

percepção auditiva mostram que a disfonia pode estar relacionada com alterações

no processamento auditivo em adultos e crianças (DARBY; SMITH, 1993;

CAVADAS, 1998; PEREIRA FILHO, 1999; BUOSI 2002a; GIMENEZ et al., 2004;

SPINA, 2009; ARNAUT et al., 2011; NEVES et al., 2011; SANTORO; RIBEIRO;

MESQUITA, 2012; BUOSI; FERREIRA; MOMENSOHN-SANTOS, 2013).

No presente estudo, foi aplicado o protocolo de anamnese de

processamento auditivo, proposto por Pereira e Schochat (2011), a fim de verificar

se os grupos apresentavam diferentes padrões de respostas quanto às questões

relacionadas à possível suspeita de alteração no processamento auditivo. A única

questão em que os grupos diferiram significativamente foi relacionada ao histórico

de repetência escolar (Tabela 1), sendo referido afirmativamente em maior

porcentagem por mulheres disfônicas. Observou-se também uma tendência a

significância na questão referente à ser desatento, entretanto, o grupo que referiu

afirmativamente em maior porcentagem foi o de mulheres não disfônicas. Diante

disso, é pertinente refletir sobre a possibilidade da dificuldade de disfônicos na auto

percepção ter interferido nas respostas dadas ao questionário, uma vez que, embora

apresentassem o fato histórico de repetência escolar, não responderam

afirmativamente questões relacionadas à dificuldades escolares que dependiam da

auto percepção (Ex.: presença de desatenção, outras dificuldades escolares,

dificuldade de leitura, escrita ou na fala, etc.). No geral, o protocolo não se mostrou

sensível para separar os grupos, revelando a necessidade da inclusão na clínica

vocal de um questionário que seja sensível para identificar queixas no paciente

Page 74: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

6 Discussão

62

disfônico que possam estar relacionas a uma possível alteração no processamento

auditivo.

Estudos vêm mostrando que alterações no processamento auditivo temporal

podem ocorrer em indivíduos disfônicos, mais especificamente nas habilidades de

ordenação e sequência temporal (CAVADAS, 1998; PEREIRA FILHO, 1999;

GIMENEZ et al., 2004; ARNAUT, et al., 2011; NEVES et al., 2011; SANTORO;

RIBEIRO; MESQUITA, 2012; BUOSI; FERREIRA; MOMENSOHN-SANTOS, 2013).

No entanto, outras habilidades do processamento auditivo devem ser investigadas

em indivíduos disfônicos, como a habilidade de figura-fundo e de fechamento

auditivo, já que estão associadas, quando alteradas, a um déficit de prosódia ou

dificuldade em compreender mensagens incompletas ou distorcidas,

respectivamente. Tais alterações podem ser observadas clinicamente em indivíduos

com disfonia comportamental, visto que há muitas dificuldades em perceber

modulação da voz e reproduzi-la, o que influencia no monitoramento adequado da

voz e contribui para manutenção de padrões vocais alterados (BUOSI, 2002b).

Esses fatores podem contribuir para a manutenção da disfonia ou para o atraso da

solução da disfonia no processo terapêutico. Portanto, com o intuito de avaliar

algumas habilidades do processamento auditivo de mulheres disfônicas, este estudo

buscou selecionar os seguintes testes: Teste de Padrão de Frequência (TPF), Teste

de Padrão de Duração (TPD), Teste Dicótico Não Verbal (TDNV) e Teste de Fala

Comprimida (monossílabos e dissílabos) – TFC-mono e TFC-di.

É importante ressaltar que os testes TPF e TPD foram considerados os mais

adequados para investigar o processamento auditivo em indivíduos disfônicos

(BARAN; MUSIEK, 2001; NEIJENHUIS et al., 2001; GIMENEZ et al., 2004).

O TPF foi selecionado por proporcionar a avaliação da habilidade auditiva de

ordenação e sequencialização temporal por meio do mecanismo fisiológico de

discriminação de padrões de som relacionados à frequência sonora. Em relação ao

TPD, esse foi selecionado por proporcionar a avaliação da habilidade auditiva de

ordenação e sequencialização temporal por meio do mecanismo fisiológico de

discriminação de padrões de som relacionados à duração sonora.

Há diferentes versões desses testes disponíveis na literatura: a versão

americana do TPF foi proposta por Frank Musiek e seus colaboradores (PINHEIRO,

1976) e em 1990 o TPD foi proposto por Musiek, Baran e Pinheiro (1990). Estas

Page 75: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

6 Discussão

63

duas versões são utilizadas no Brasil, pois foram padronizadas para falantes do

Português (CORAZZA, 1998; SCHOCHAT; RABELO; SANFINS, 2000). Outra

versão dos testes foi desenvolvida e comercializada pela Auditec (AUDITEC, 1997),

que diverge da versão americana criada por Pinheiro (1976) apenas em relação à

duração, frequência e intervalos entre os estímulos apresentados, mas o objetivo é o

mesmo. A versão do TPD pela Auditec apresenta as mesmas características da

proposta de Musiek. Segundo Delecrode et al. (2014) não há consenso em relação a

qual versão utilizar (Musiek ou Auditec), sendo que os estudos realizados não

justificam o motivo da escolha da versão. Esses autores também sugerem a

realização de novos estudos com o objetivo de comparar a sensibilidade,

especificidade e a concordância entre as versões em diferentes populações clínicas.

Entretanto, os testes de ordenação temporal utilizados no presente estudo foram

referentes à versão melódica proposta por Pereira e Schochat (2011), cujo estímulo

(som) é produzido por um instrumento musical que foi denominado por Taborga-

Lizarro (1999) de flauta transversa. Esta versão pode ser aplicada em crianças a

partir de nove anos de idade (TABORGA-LIZARRO, 1999). A escolha do teste

considerou as dificuldades apresentadas pelos pacientes disfônicos em relação à

capacidade de percepção auditiva de parâmetros acústicos da fala (frequência,

intensidade e duração), ou seja, dificuldade na percepção do contorno melódico da

fala, que segundo Duarte (1998) diz respeito à entonação, consequentemente à

prosódia.

Sabe-se que os testes permitem dois tipos de resposta: imitação e

nomeação. Na etapa de imitação haveria maior participação do hemisfério direito e

na de nomeação, do esquerdo (PEREIRA; SCHOCHAT, 2011). Sendo assim,

indivíduos com lesão unilateral no hemisfério direito apresentariam alteração em

ambas as tarefas de resposta solicitadas, uma vez que este hemisfério seria o

responsável pela identificação do padrão acústico. Em lesões no hemisfério

esquerdo, espera-se a adequação na tarefa de imitação e rebaixamento na de

nomeação, uma vez que, a rotulação linguística depende da integridade deste

hemisfério (ELIAS et al., 2007). No presente estudo, em ambos os testes foi

realizada inicialmente a tarefa nomeação que, quando alterada, solicitava-se ao

paciente realizar a tarefa de imitação. Entretanto, não houve diferença entre o

desempenho nas duas tarefas, ou seja, o paciente que apresentou alteração na

Page 76: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

6 Discussão

64

nomeação também apresentou na imitação. Sabe-se que, no caso das mulheres

disfônicas, a realização da tarefa de imitação poderia influenciar negativamente seu

desempenho (GIMENEZ et al., 2004). Segundo Gimenez et al. (2004), indivíduos

com alterações vocais apresentam menores habilidades de monitoramento vocal,

relacionadas ao desarranjo neuromuscular que, consequentemente, altera a

qualidade da emissão vocal, pois, no estudo realizado pelos mesmos autores o

grupo de indivíduos com alterações vocais apresentou pior desempenho em tarefas

de imitação quando comparadas ao desempenho nas tarefas de nomeação. Os

mesmos autores sugerem a adaptação das informações relatadas na literatura

quanto à interpretação de achados do exame de processamento auditivo e à maior

facilidade para as tarefas de imitação (CORAZZA, 1998) devendo-se considerar os

casos em que haja alterações vocais, visto que indivíduos disfônicos poderiam

apresentar dificuldade em reproduzir diferenças tonais por falha na execução

motora, as quais poderiam ser erroneamente interpretadas.

Uma vez que, os resultados do TPF revelaram que, tanto na análise

qualitativa, (Tabela 5) quanto quantitativa (Tabela 6), o desempenho de disfônicas

(GD) foi significativamente inferior ao desempenho das não disfônicas (GND). Torna-

se importante comentar que esses resultados concordam com os encontrados em

outros estudos em adultos disfônicos, mesmo com utilização de versões diferentes

do TPF (GIMENEZ et al., 2004; SANTORO; RIBEIRO; MESQUITA, 2012; BUOSI;

FERREIRA; MOMENSOHN-SANTOS, 2013). Estes resultados tornam as alterações

apresentadas pelas mulheres disfônicas ainda mais importantes, já que os valores

de normalidade da versão melódica dos testes são referentes à faixa etária a partir

de nove anos. A literatura também relata que a perda auditiva coclear reflete sobre

vários aspectos da percepção auditiva, dentre eles a alteração na seletividade e

discriminação de frequência (MOORE, 1996). Entretanto, essa possibilidade foi

descartada do presente estudo, uma vez que, como critério de exclusão, todos os

sujeitos passaram por exame de Audiometria Tonal Liminar, confirmando os limiares

auditivos dento do padrão de normalidade.

Ao analisar os resultados do TPD é possível notar que, embora não haja

diferença estatisticamente significante na comparação do desempenho de disfônicas

e não disfônicas, houve uma tendência maior à alteração no GD (Tabela 5). O

mesmo aconteceu no estudo de Buosi, Ferreira e Momensohn-Santos (2013), que

Page 77: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

6 Discussão

65

aplicaram o teste em 44 professoras subdivididas em disfônicas e não disfônicas e

relatou haver diferenças, em termos percentuais, de percepção de duração entre os

grupos, com o grupo disfônico em desvantagem, porém, a diferença não foi

estatisticamente significante quanto aos índices de acerto. Outros pesquisadores

(GIMENEZ et al., 2004) também utilizaram o TPD para avaliar as habilidades

auditivas de disfônicos e, ao contrário deste estudo, encontraram significância

estatística na comparação, observando melhor desempenho do grupo sem

alterações vocais. Um aspecto que talvez possa ter influenciado os resultados desse

teste foi o tamanho da amostra, já que houve tendência à diferença entre os grupos.

Outro aspecto que pode ser considerado é a versão do teste utilizado, uma vez que,

os valores de normalidade são referentes à faixa etária a partir de nove anos, o que

pode favorecer um desempenho satisfatório de adultos e mascarar uma possível

alteração de discriminação e ordenação de padrões de som relacionados à duração

sonora.

Torna-se importante ressaltar que, no presente estudo, não foi encontrada

vantagem de nenhuma orelha nos testes de padrão de frequência e de duração, o

que também é relatado pela literatura (MUSIEK, 1994; CORAZZA, 1998;

SCHOCHAT; RABELO; SANFINS, 2000).

O TFC foi utilizado com o objetivo de avaliar o fechamento auditivo por meio

do mecanismo fisiológico de atenção seletiva. Neste caso foi utilizada a duração do

estímulo como parâmetro degradado. Foi possível observar que, no resultado do

desempenho na lista de monossílabos, todos os indivíduos foram classificados como

alterados no TFC-monossílabos (Tabela 5), tendo em vista que apresentaram

desempenho inferior ao padrão de normalidade (≥ 90%) adotado na versão utilizada

(RABELO; SCHOCHAT, 2007). Esses resultados diferem dos resultados do estudo

que validou o teste (RABELO; SCHOCHAT, 2007), já que a maioria dos indivíduos

deveria apresentar acertos acima de 90%. No TFC-dissílabos houve equilíbrio no

desempenho de mulheres disfônicas e não-disfônicas, pois na comparação

qualitativa e quantitativa entre os grupos, não houve diferença significante (Tabelas

5 e 6).

Rabelo e Schochat (2007) relataram que os indivíduos adultos normo-

ouvintes apresentaram melhor desempenho no teste com monossílabos quando

comparados com dissílabos. Os autores justificam tais achados com o fato de os

Page 78: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

6 Discussão

66

vocábulos dissílabos originarem outras palavras após a distorção causada pela

compressão, dificultando a inteligibilidade, o que não ocorre com os monossílabos

em português do Brasil. Um fator que pode ter influenciado no presente estudo para

um melhor desempenho na lista de dissílabos do protocolo aplicado, é o fato de que

as listas de dissílabos se repetem, ou seja, as listas de 50 palavras se repetem em

ambas as orelhas, porém, as 25 primeiras palavras se tornam as 25 últimas quando

apresentadas à orelha oposta. Em contrapartida, nas listas de monossílabos, as

palavras apresentadas eram diferentes para cada uma das orelhas, apenas algumas

se repetiam e de forma aleatória. Não foram encontrados outros estudos na

literatura brasileira utilizando este teste, impossibilitando comparações. Portanto, é

necessária a realização de outros estudos a fim de verificar se há limitações neste

teste, podendo ser em relação à porcentagem de compressão das palavras (60%)

ou em relação à intensidade com que são apresentadas (40 dB acima da média dos

limiares auditivos), ambos dificultam a compreensão do teste. Torna-se importante

ressaltar que, no presente estudo, todos os cuidados em relação à forma de

aplicação do teste foram tomados, sendo realizada a programação do audiômetro

para realização do teste, a calibração do teste, a verificação do funcionamento dos

fones auriculares, o seguimento do protocolo de aplicação e a realização do teste

em ambiente acústico adequado (cabina acústica).

Ao se realizar a análise quantitativa dos resultados do TFC-monossílabos e

comparar a porcentagem de acertos de disfônicas e não-disfônicas, observou-se

que mulheres disfônicas apresentaram significativamente mais erros em ambas as

orelhas (Tabela 6). Estes dados revelam que, mesmo todas estando abaixo do

padrão de normalidade proposto pelo teste, mulheres disfônicas apresentam

desempenho pior em tarefas de fechamento auditivo do que mulheres não

disfônicas. Esta informação leva à reflexão de que, talvez, a habilidade de

fechamento auditivo também esteja alterada em disfônicos, uma vez que, neste

teste, envolve modificações na duração, consequentemente na velocidade da

palavra. Também é pertinente refletir sobre o fato de que, se o indivíduo não está

compreendendo a mensagem durante uma conversação em um ambiente acústico

considerado não ideal, por apresentar alteração na habilidade de fechamento

auditivo, pode-se supor que o interlocutor também esteja com dificuldade para

compreendê-lo. Portanto, haverá uma tendência de aumento da intensidade vocal, a

Page 79: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

6 Discussão

67

fim de facilitar a compreensão do ouvinte, colaborando com o abuso vocal e com o

desenvolvimento ou manutenção da disfonia. Padilha et al. (2012) observaram em

seu estudo com teleoperadores que havia aumento de intensidade vocal no

ambiente de trabalho, uma vez que, as condições do local, dentre outros fatores,

envolvia ruído de fundo e ambiente com acústica insatisfatória.

O TDNV foi selecionado a fim de avaliar a habilidade de figura-fundo para

sons não verbais, uma vez que o prejuízo desta habilidade pode estar associado a

um déficit de prosódia (PEREIRA; SCHOCHAT, 2011). Ao analisar o TDNV (Tabelas

5 e 6), observa-se que, no presente estudo, o teste não foi sensível para detectar

alterações de processamento auditivo em disfônicas, uma vez que não houve

significância estatística na comparação entre os grupos. Entretanto, outro estudo,

mas que envolveu crianças disfônicas (NEVES et al., 2011), também utilizou o TDNV

e encontrou que a maioria delas apresenta dificuldade em testes de processamento

temporal e nos testes dicóticos, dentre eles o TDNV. Visto que, alterações no TDNV

podem representar um déficit de prosódia que é um dos aspectos que podem estar

alterados em disfônicos, sugere-se outros estudos que busquem investigar a relação

do teste com a disfonia.

Os resultados observados nos testes de processamento auditivo utilizados

no presente estudo permitem constatar que mulheres disfônicas apresentam maior

dificuldade em algumas habilidades do processamento auditivo quando comparadas

às mulheres não disfônicas, principalmente àquelas habilidades que estão

relacionadas a parâmetros acústicos da voz como frequência e duração. E a

percepção auditiva desses parâmetros, segundo Gimenez et al. (2004), exerce

importante influência na produção vocal.

Segundo Buosi (2002b), um paciente que apresenta dificuldades auditivas

para analisar e discriminar um dos parâmetros vocais, provavelmente apresentará

dificuldade para reproduzi-los vocalmente. Entretanto, na literatura não são

encontrados estudos que descrevam como a avaliação vocal pode apontar para um

problema no processamento auditivo, considerando a possibilidade de uma

investigação mais detalhada do mesmo.

Então, visando atingir um dos objetivos deste estudo, houve a necessidade

de se buscar um teste simples na área de voz que pudesse apontar para uma

possível necessidade de investigação do processamento auditivo. Um teste de

Page 80: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

6 Discussão

68

reprodução de tons, com frequências e intensidades diferentes, seria a principal

forma de investigar essa possível relação. O instrumento selecionado para o

desenvolvimento do Teste de Reprodução Tonal Vocal (TRTV) foi o programa

utilizado para execução da fonetografia. A fonetografia possibilita o registro do perfil

de extensão vocal, pois correlaciona dois importantes parâmetros acústicos vocais:

a frequência e a intensidade (CAMARGO; BARBOSA; TELES, 2007).

No presente estudo, a fonetografia foi utilizada com outro objetivo, a fim de

possibilitar a avaliação da reprodução vocal de tons (notas musicais) isolados, na

tentativa de identificar dificuldades do paciente disfônico que pudessem estar

relacionadas com a percepção e discriminação de parâmetros acústicos, ou seja,

alterações de processamento auditivo. Optou-se pela reprodução de tons isolados e

não sequencializados, pois, segundo Cedolin e Delgutte (2010), tarefas mais simples

exigem menos das funções centrais, enquanto que a tarefa de sequência sonora irá

envolver mais habilidades auditivas. Considerando o fato de que os sujeitos do

estudo não apresentavam histórico musical ao longo de suas vidas, e que segundo

Behlau e Pontes (1995) o paciente disfônico não é do tipo perceptual

predominantemente auditivo e tem dificuldade em realizar corretamente esta tarefa,

o ideal foi avaliá-los em uma tarefa simples de reprodução tonal vocal. Pode-se

transpor essa informação para a rotina da clínica vocal, visto que, pacientes

disfônicos podem apresentar problemas na terapia vocal para discriminar frequência

e lembrar-se dos sons de suas próprias vozes (BUOSI, 2002b). Desta forma, o

fonoaudiólogo deve, nesses casos, enfatizar em terapia o treinamento auditivo, por

meio de pistas auditivas, dispositivos de feedback auditivo, instruções de

discriminação de altura, a fim de que o paciente aprenda a ouvir e monitorar

auditivamente a própria vocalização (BUNCH, 1982; BOONE, 1996), uma vez que a

monitorização auditiva contínua favorece a manutenção da intensidade e altura do

som pelo indivíduo, o que irá refletir em padrões de entonação coerentes e

apropriados (FAWCUS, 2001).

Foi possível observar no TRTV que houve diferença estatisticamente

significante entre o desempenho dos grupos na 1ª tentativa e no total de acertos

(Tabela 3). Portanto, as mulheres não disfônicas conseguiram desempenhar

corretamente a solicitação de reprodução do tom em apenas uma tentativa,

enquanto que as disfônicas necessitaram de mais tentativas (duas ou três) para

Page 81: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

6 Discussão

69

reproduzirem corretamente o tom solicitado ou nem conseguiram a reprodução

correta. Diante disso, pode-se concluir que mulheres disfônicas precisam de mais

pistas auditivas para conseguir perceber auditivamente estímulos e reproduzi-los

vocalmente. O teste de reprodução tonal vocal mostrou-se sensível para essa

população, podendo auxiliar fonoaudiólogos e preparadores vocais na verificação de

possíveis dificuldades de percepção auditiva em disfônicos.

A literatura mostra um estudo em que Moreti, Pereira e Gielow (2012)

desenvolveram um procedimento de triagem de afinação vocal e verificaram sua

aplicabilidade, comparando o desempenho de musicistas e não musicistas. A

aplicação da triagem envolvia a discriminação e a reprodução vocal de tons isolados

e a ordenação temporal de alguns deles, ou seja, reprodução, por meio de imitação

vocal, de sequências de três tons (sequencialização sonora). Os autores utilizaram o

programa Vocalgrama (versão 1.8i CTS Informática) para a análise acústica

computadorizada, a fim de comparar a emissão vocal do indivíduo com o tom

apresentado originalmente. Partindo deste pressuposto, também é possível utilizar a

Fonetografia para esse tipo de análise (avaliar a reprodução vocal de tons), uma vez

que ambos os programas têm a finalidade de avaliar a extensão vocal (TITZE et al.,

1995; ROUBEAU et al., 2004). Ou seja, ambos os programas são utilizados como

método de avaliação acústica para explorar e registrar as possibilidades extremas

da voz em relação à frequência e intensidade (DEJONCKERE; VAN WIJCK;

SPEYER, 2003). Alguns autores estudaram o fonetograma de disfônicos

(GRAMMING; ARKELUND, 1988; HEYLEN et al., 1998) e verificaram que as

diferenças entre os grupos disfônicos e não disfônicos foram em relação à extensão

dinâmica e extensão vocal, na qual as duas encontraram-se reduzidas em indivíduos

com alterações vocais. Entretanto, não houve relatos quanto às dificuldades dos

indivíduos disfônicos para reproduzirem corretamente o tom solicitado.

Por fim, visando verificar se a identificação de dificuldades do paciente

disfônico no TRTV poderia estar relacionada com alterações do processamento

auditivo, a correlação do TRTV com cada teste de processamento auditivo (Tabela

6) foi positiva, de grau moderado, em ambas as orelhas, entre o TPF com a primeira

tentativa de reprodução tonal vocal e com o valor total de tentativas. Ou seja, quanto

maior a porcentagem de acertos no TPF, maior a quantidade de acertos na primeira

tentativa de reprodução tonal vocal e maior a quantidade de acertos total.

Page 82: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

6 Discussão

70

Embora de ordem fraca, houve correlação negativa com a terceira tentativa

na orelha esquerda, ou seja, quanto maior a porcentagem de acertos no TPF, menor

a quantidade de acertos na terceira tentativa de reprodução tonal vocal, o que é

coerente, uma vez que, provavelmente o indivíduo já tenha acertado e reproduzido

corretamente na primeira tentativa.

Em relação ao TPD, houve correlação positiva na orelha esquerda com o

valor total de tentativas de reprodução tonal vocal. O fato da ocorrência de

correlação em apenas uma das orelhas pode ser em decorrência do baixo valor

amostral.

Uma vez que não houve correlação entre o TDNV e o TRTV, pode-se

afirmar que, neste estudo, o TDNV não permitiu a identificação de alterações do

processamento auditivo relacionadas com a disfonia.

A correlação positiva também ocorreu, em ambas as orelhas, entre o TFC-

mono e TFC-di com a segunda tentativa de reprodução tonal vocal e com o total de

acertos. Esse fato leva novamente à reflexão sobre a possibilidade da habilidade de

fechamento auditivo estar envolvida e alterada em indivíduos com dificuldade de

percepção auditiva, reforçando a necessidade de melhor investigação por meio de

outros estudos e da realização de testes que avaliem o fechamento auditivo no qual

haja degradação de outros parâmetros como frequência e intensidade.

A partir dos dados relatados, é possível verificar que o TRTV auxilia na

identificação de dificuldades do paciente disfônico relacionadas com alterações do

processamento auditivo, contribuindo, assim, com o diagnóstico fonoaudiológico

diferencial, além de nortear o planejamento do programa de intervenção terapêutica

das disfonias. Esse fato reforça a proposta já citada por alguns autores (CAVADAS,

1998; PEREIRA FILHO, 1999) que diz respeito à importância de se avaliar as

habilidades auditivas de indivíduos disfônicos, a fim de verificar se há prejuízo nessa

área, otimizando assim, o processo terapêutico da reabilitação vocal.

Torna-se importante ressaltar que a avaliação da reprodução tonal vocal não

tem como objetivo substituir a avaliação das habilidades auditivas, mas contribuir

com a investigação inicial de uma possível alteração do processamento auditivo no

paciente disfônico. E, até mesmo, auxiliar na decisão de encaminhamento do

indivíduo para avaliação do processamento auditivo.

Page 83: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

7 CONCLUSÕES

Page 84: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 85: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

7 Conclusões

73

7 CONCLUSÕES

Mulheres disfônicas apresentaram desempenho inferior ao das mulheres

não disfônicas no Teste de Padrão de Frequência e Teste de Fala Comprimida-

monossílabos. Assim, neste estudo, observou-se que as mulheres disfônicas

apresentam alterações em algumas habilidades do processamento auditivo, como:

discriminação de padrões de som relacionados à frequência sonora e habilidade de

fechamento auditivo, revelando, relação importante entre produção vocal e

comprometimento de funções auditivas centrais. Essas alterações revelam a

necessidade de um diagnóstico mais abrangente frente às disfonias, considerando-

se o processamento auditivo. Mulheres disfônicas apresentaram desempenho

inferior às mulheres não disfônicas na primeira tentativa do Teste de Reprodução

Tonal Vocal e no total de tentativas. Desta forma, o fonoaudiólogo deve considerar

na terapia vocal a importância da apresentação/repetição de pistas auditivas para

facilitar a execução de alguns exercícios vocais, e favorecer um bom desempenho e

o avanço na terapia de mulheres disfônicas.

Houve correlação positiva entre o Teste de Reprodução Tonal Vocal e os

testes: Teste de Padrão de Frequência, Teste de Padrão de Duração, Teste de Fala

Comprimida-monossílabos e Teste de Fala Comprimida-dissílabos. Portanto, quanto

melhor o desempenho nos testes de processamento auditivo, melhor o desempenho

de reprodução tonal vocal de disfônicas e não disfônicas. O Teste de Reprodução

Tonal Vocal pode auxiliar fonoaudiólogos e preparadores vocais na verificação de

possíveis dificuldades de percepção auditiva em mulheres disfônicas.

Page 86: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 87: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

REFERÊNCIAS

Page 88: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 89: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Referências

77

REFERÊNCIAS

ARNAUT, M. A. et al. Processamento auditivo em crianças disfônicas. Braz J Otorhinolaryngol, São Paulo, v. 77, n. 3, p. 362-368, jun. 2011.

ASHA-AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION. Central Auditory processing: current status of research and implications for clinical practice. Am J Audiol, v. 5, p. 41-54, 1996.

ASHA-AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION. Preferred practice pattern for the profession of audiology. [Preferred Practice Patterns]; 2006. Disponível em: <http://www.asha.org/policy>. Acesso em: 25 ago. 2014.

AUDITEC. Evaluation manual of pitch pattern and duration pattern sequence. St Louis: Auditec, 1997. 13 p.

BARAN, J. A.; MUSIEK, F. E. Avaliação comportamental do sistema nervoso auditivo central. In: MUSIEK, F. E.; RINTELMANN, W. F. Perspectivas atuais em avaliação auditiva. São Paulo: Manole, 2001. cap. 13, p. 371-409.

BEHLAU, M. S.; PONTES, P. A. L. Avaliação e tratamento das disfonias. São Paulo: Lovise, 1995. p. 17-30

BEHLAU, M.; AZEVEDO, R.; PONTES, P. Conceito de voz normal e classificação das disfonias. In: BEHLAU, M. (Org.). Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter, 2008. cap. 2, p. 53-84.

BEHLAU, M.; MADAZIO, G.; PONTES, P. Disfonias organofuncionais. In: BEHLAU, M. (Org.). Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter, 2008. cap. 5, p. 296-341.

BEHLAU, M. et al. Avaliação de voz. In: BEHLAU, M. (Org.). Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter, 2008a. cap. 3, p. 85-245.

BEHLAU, M. et al. Disfonias funcionais. In: BEHLAU, M. (Org.). Voz: o livro do especialista. Rio de Janeiro: Revinter, 2008b. cap. 4, p. 247-293.

BELLIS, T. J. Assessment and management of central auditory processing disorders: from science to practice. San Diego: Singular Publishing Group, 1996.

BOONE, D. R. Sua voz está traindo você? Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. 197 p.

BOONE, D. R.; MCFARLANE, S. C. A voz e a terapia vocal. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. p. 61-162.

Page 90: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Referências

78

BUDER, E. H.; WOLF, T. Instrumental and perceptual evaluations of two related singers. J Voice, New York, v. 17, n. 2, p. 228-244, June 2003.

BUNCH, M. A. Dynamics of the singing voice. New York: Springer-Verlag; 1982. 139 p.

BUOSI, M. M. B. A interdependência entre habilidades auditivas e produção vocal / The interdependence betweeb auditory skills and vocal production. Fono atual, São Paulo, v. 5, n. 20, p. 53-57, abr./jun. 2002a.

BUOSI, M. M. B. Professores disfônicos: considerações sobre a percepção auditiva. 2002. Dissertação (Mestrado em Fonoaudiologia) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2002b.

BUOSI, M. M. B.; FERREIRA, L. P.; MOMENSOHN-SANTOS, T. M. Percepção auditiva de professores disfônicos. Audiol Commun Res, São Paulo, v.18, n. 2, p. 101-108, jun. 2013.

CAMARGO, T. F.; BARBOSA, D. A.; TELES, L. C. S. T. Características da fonetografia em coristas de diferentes classificações vocais. Rev Soc Bras Fonoaudiol, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 10-17, mar. 2007.

CAVADAS, M. Avaliação do processamento auditivo central em crianças com disfonia orgânico-funcional. 1998. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 1998.

CEDOLIN, L.; DELGUTTE, B. Spatiotemporal representation of the pitch of harmonic complex tones in the auditory nerve. J Neurosci, Baltimore, v. 30, n. 38, p. 12712-12724, Sept. 2010.

CORAZZA, M. C. A. Avaliação do processamento auditivo central em adultos: testes de padrões tonais auditivos de frequência e testes de padrões tonais auditivos de duração. 1998. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 1998.

COSTA, P. J. B. M. et al. Extensão vocal de cantores de coros evangélicos amadores. Rev CEFAC, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 96-106, 2006.

CRUZ, T. L. B.; GAMA, A. C. C.; HANAYAMA, E. M. Análise da extensão e tessitura vocal do contratenor. Rev CEFAC, São Paulo, v. 6, n. 4, p. 423-428, 2004.

DANCEY, C. P.; REIDY, J. Análise de correlação: o r de Pearson. In: ______. Estatística sem matemática para psicólogos: usando SPSS para Windows. Porto Alegre: Artmed, 2006.

Page 91: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Referências

79

DARBY, K. P.; SMITH, M. E. Repeat offender syndrome: considerations on why vocal nodules recur. Annual Symposium of the Voice Foundation: Care of the Professional Voice, Philadelphia, PA, June, 1993.

DEJONCKERE, P. H.; VAN WIJCK, I.; SPEYER, R. Efficacy of voice therapy assessed with the Voice Range Profile (Phonetogram). Rev Laryngol Otol Rhinol (Bord), Bordeaux, v. 124, n. 5, p. 285-289, 2003.

DELECRODE, C. R. et al. Testes tonais de padrão de frequência e duração no brasil: revisão de literatura. Rev CEFAC, São Paulo, v. 16, n. 1, p. 283-293, fev. 2014.

DUARTE, F. J. C. O chá das sílabas: o canto e o padrão respiratório da fala no Brasil. In: FERREIRA, L. P. et al. (Org.). Voz profissional: o profissional da voz. 2. ed. Carapicuíba (SP): Pró-Fono, 1998. p. 57-66.

ELIAS, K. M. I. F. et al. Processamento auditivo em criança com doença cerebrovascular. Pró-Fono R Atual Cient, Barueri, v. 19, n. 4, p. 393-400, dez. 2007.

ESTIENNE, F. Voz falada, voz cantada: avaliação e terapia. Rio de Janeiro: Revinter, 2004.

FAWCUS, M. Disfonias: diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. 386 p.

FENIMAN, M. R. Reconhecendo crianças com transtorno do processamento auditivo. In: GENARO, K. F.; LAMONICA, D. A. C.; BEVILACQUA, M. C. O processo de comunicação: contribuição para a formação de professores na inclusão de indivíduos com necessidades educacionais especiais. São José dos Campos: Pulso, 2006. p. 127-136.

FILHO, I. A. S.; LIBERALI, R. Comparativo de flexibilidade da voz em mulheres idosas e mulheres jovens. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v. 5, n. 28, p. 328-334, jul./ago. 2011.

FROTA, S. Avaliação do processamento auditivo: testes comportamentais. In: BEVILACQUA, M. C. et al. Tratado de audiologia. São Paulo: Santos, 2011. cap. 18, p. 293-313.

GIMENEZ, T. N. et al. Estudos das funções auditivas centrais - duração e frequência - nas alterações vocais. Rev CEFAC, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 77-82, jan./mar. 2004.

GRAMMING, P.; ARKELUND, L. Non-organic dysphonia. II. Phonetogram for normal and pathological voices. Acta Otolaryngol, Oslo, v. 106, n. 5/6, p. 468-476, Nov./Dec. 1988.

Page 92: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Referências

80

HEYLEN, L. et al. Evaluation of the vocal performance of children using a voice range profile index. J Speech Lang Hear Res, Rockville, v. 41, n. 2, p. 232-238, Apr. 1998.

ISHII, C.; ARASHIRO, P. M.; PEREIRA, L. D. Ordenação e resolução temporal em cantores profissionais e amadores afinados e desafinados. Pró-Fono R Atual Cient, Barueri (SP), v. 18, n. 3, p. 285-292, set./dez. 2006.

ISSHIKI, N. et al. Differential diagnosis of hoarseness. Folia Phoniatr Logop, v. 21, p. 9-19, 1969.

JERGER, J. Clinical experience with impedance audiometry. Arch Otolaryngol, Chicago, v. 92, n. 4, p. 311-324, Oct. 1970.

KALIL, D. Avaliação do processamento auditivo central em disfônicos. 1994. Monografia (Especialização) - Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina, São Paulo, 1994.

KASAMA, S. T; BRASOLOTTO, A. G. Percepção vocal e qualidade de vida. Pró-Fono R Atual Cient, Barueri (SP), v. 19, n. 1, abr. 2007.

LACERDA, O. Classificação das vozes. In: ______. Compêndio de teoria elementar da música. 12. ed. São Paulo: Ricordi, 1961. p. 125-128.

MANGEON, C. H.; GIELOW, I. Treinamento auditivo na terapia de crianças com nódulos nas pregas vocais. In: BEHLAU, M. S. O melhor que vi e ouvi II: atualização em laringe e voz. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. p. 260-262.

MITUUTI, C. T. et al. Characteristics of phonetography on subjects with dentofacial balance in vocal post mutation. Rev CEFAC, São Paulo, v.15, n. 5, p.1300-1307, Out. 2013.

MOMENSOHN-SANTOS, T. M.; BRANCO-BARREIRO, F. C. A. Avaliação e intervenção fonoaudiológica no transtorno do processamento auditivo. In: FERREIRA, L. P.; BEFI-LOPES, D.; LIMONGI, S. C. O. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 2004. p. 553-568.

MOORE, B. C. J. Perceptual consequences of cochlear hearing loss and their implications for the design of hearing aids. Ear Hear, Baltimore, v. 17, n. 2, p. 133-161, Apr.1996.

MORETI, F.; PEREIRA, L. D.; GIELOW, I. Triagem da afinação vocal: comparação do desempenho de musicistas e não musicistas. J Soc Bras Fonoaudiol, São Paulo, v. 24, n. 4, p. 368-73, 2012.

MUSIEK, F. E. Frequency (pitch) and duration pattern test. J Am Acad Audiol, Burlington, v. 5, n. 4, p. 265-268, July 1994.

Page 93: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Referências

81

MUSIEK, F. E.; PINHEIRO, M. L. Frequency patterns in cochlear, brainstem and cerebral lesion. Audiology, v. 26, n. 2, p. 76-88, 1987.

MUSIEK, F. E.; BARAN, J. A.; PINHEIRO, M. L. Durations pattern recognition in normal subjects and patients with cerebral and cochlear lesions. Audiology, New York, v. 29, n. 6, p. 304-313, 1990.

MUSIEK, F. E.; REEVES, A. G.; BARAN, J. A. Release from central auditory competition in the split-brain patient. Neurology, Minneapolis, v. 35, n. 7, p. 983-987, July 1985.

NAVAS, M. D.; DIAS, R. P. Disfonias funcionais. In: PINHO, R. M. S. Fundamentos em fonoaudiologia: tratando os distúrbios da voz. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. p. 73-79.

NEIJENHUIS, K. A. et al. Development of a central test battery for adults. Audiology, New York, v. 40, n. 2, p. 69-77, Mar./Apr. 2001.

NEVES, I. C. R. et al. Correlação entre distúrbio de processamento auditivo e disfonia infantil em crianças. In: Congresso Sul brasileiro de fonoaudiologia, IV, 2011, Balneário Camboriú. Anais... Balneário Camboriú, 2011.

NÚÑEZ BATALLA, F. et al. Evaluación perceptual de la disfonía: correlación con los parámetros acústicos y finalidad. Acta Otorrinolaringol Es, Barcelona, v. 55, n. 6, p. 282-287, jun./jul. 2004.

PADILHA, M. P. Grau de quantidade de fala e intensidade vocal de teleoperadores em ambiente laboral e extralaboral. Rev Soc Bras Fonoaudiol, São Paulo, v. 17, n. 4, dez. 2012.

PEREIRA FILHO, R. Avaliação dos processos auditivos temporais em adultos disfônicos funcionais. 1999. Monografia (Especialização em Distúrbios da Comunicação Humana) - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 1999.

PEREIRA, L. D. Processamento auditivo. In: LOPES, F. O. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Tecmed, 2005.

PEREIRA, L. D. Sistema auditivo e desenvolvimento de habilidades auditivas. In: FERNANDES, F. D. M.; MENDES, B. C.; NAVAS, A. L. G. Tratado de fonoaudiologia. 2. ed. São Paulo: Roca, 2009. p. 3-8.

PEREIRA, L. D. Introdução ao processamento auditivo central. In: BEVILACQUA, M. C. et al. Tratado de audiologia. São Paulo: Santos, 2011. cap. 17, p. 279-291.

PEREIRA, L. D., SCHOCHAT, E. Testes auditivos comportamentais para avaliação do processamento auditivo central. São Paulo: Pró-Fono, 2011. 82 p.

Page 94: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Referências

82

PINHEIRO, M. L. Auditory pattern reversal in auditory perception in patients with left and right hemisphere lesions. Ohio J Speech Hear, v. 2, p. 9-20, 1976.

PINHEIRO, M. L.; MUSIEK, F. E. Sequence and temporal ordering in the auditory system. In: ______. Assessment of central auditory dysfunction: foundation and clinical correlates. Baltimore: Willians & Wilkins, 1985. p. 219-238.

PINHO, S. M. R. Terapia vocal. In: ______ (Org.). Tópicos em voz. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. cap. 1, p. 1-17.

PONTES, A. L.; BEHLAU, M. S.; KYRILLOS, L. Glottic configurations and glottis proportion: an attempt to understand the posterior triangular glottis chink. Rev Laringol, v. 115, p. 261-266, 1994.

RABELO, C. M.; SCHOCHAT, E. Time-compressed speech test in Brazilian Portuguese. Clinics, São Paulo, v. 62, p. 261-272, June, 2007.

ROCHA, T. F.; AMARAL, F. P.; HANAYAMA, E. M. Extensão vocal de idosos coralistas e não coralistas. Rev CEFAC, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 248-254, jun. 2007.

ROUBEAU, B. et al. Laryngeal registers as shown in the voice range profile. Folia Phoniatr Logop, Basel, v. 56, n. 5, p. 321-333, Sept./Oct. 2004.

SANTORO, S. D; RIBEIRO, L. C; MESQUITA, L. G. Caracterização da função auditiva central em professores com diagnóstico de disfonia funcional ou organofuncional. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FONOAUDIOLOGIA, 20., 2012, Brasília, DF. Anais... Brasília, DF, 2012. p. 2447. Disponível em: <http://www.sbfa.org.br/portal/anais2012/trabalhos_select.php?id_artigo=2447&tt=SESS%C3O%20DE%20POSTERS>. Acesso em: 20 set. 2014.

SANTOS, C. C. et al. Características da fonetografia em mulheres com equilíbrio dentofacial. Rev Soc Bras Fonoaudiol, São Paulo, v. 15, n. 4, p. 584-588, dez. 2010.

SANTOS, G. D.; BOUZADA, M. A. C. O processamento auditivo central e a desafinação vocal. Rev Cient Inter, Rio de Janeiro, v. 25, n. 6, p. 93-196, abr./jun. 2013.

SCHOCHAT, E.; RABELO, C. M.; SANFINS, M. D. Processamento auditivo central: testes tonais de padrão de frequência e de duração em indivíduos normais de sete a dezesseis anos. Pró-Fono R Atual Cient, Barueri (SP), v. 12, n. 2, p. 1-7, set. 2000.

SCHOCHAT, E. et al. Processamento auditivo: comparação entre potenciais evocados auditivos de média latência e testes de padrões temporais. Rev CEFAC, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 314-322, jun. 2009.

Page 95: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Referências

83

SILVERIO, K. C. A. et al. Muscleskeletal pain in dysphonic women. CoDAS, São Paulo, v. 26, n. 5, Oct. 2014.

SPINA, A. L. Auto-avaliação vocal, qualidade de vida e avaliação da percepção de sons vocais e sons instrumentais de sujeitos disfônicos. 2009. Tese (Doutorado em Ciências Médicas) - Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas (SP), 2009.

SPINA, A. L. et al. Correlation between voice and life quality and occupation. Braz J Otorhinolaryngol, São Paulo, v. 75, n. 2, p. 275-279, Mar./Apr. 2009.

TABORGA-LIZARRO, M. B. Processos temporais auditivos em músicos de Petrópolis. 1999. Monografia - Universidade Católica de Petrópolis, Rio de Janeiro, 1999.

TELES-MAGALHÃES, L. C.; PEGORARO-KROOK, M. I.; PEGORARO, R. Study of the elderly females’ voice by phonetography. J Voice, New York, v. 14, n. 3, p. 310-321, Sept. 2000.

TITZE, I. R. et al. Comparison between clinician-assisted and fully automated procedures for obtaining a voice range profile. J Speech Hear Res, Washington, v. 38, n. 3, p. 526-535, June1995.

VARGAS, A. C.; COSTA, A. G.; HANAYAMA, E. M. Perfil da extensão vocal em indivíduos falantes normais do português brasileiro. Rev CEFAC, São Paulo, v. 7, n. 1, p.108-116, 2005.

Page 96: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 97: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

APÊNDICES

Page 98: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 99: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Apêndices

87

APÊNDICE A

Distribuição de mulheres disfônicas de acordo com a idade, diagnóstico laringológico, número de acertos no teste de Reprodução Tonal Vocal (TRTV)e resultados do Teste de Padrão de Frequência (TPF)

Grupo Disfônico Idade (anos)

Diagnóstico Acertos TRTV

TPF

GD 1 19 Cisto e reação nodular

contralateral ou nódulos bilaterais 24 Alterado

GD 2 26 Cisto e reação nodular

contralateral ou nódulos bilaterais 27 Alterado

GD 3 34 Espessamento + fenda triangular

médioposterior 12 Alterado

GD 4 20 Nódulos bilaterais + fenda triangular médioposterior

23 Alterado

GD 5 33 Fenda fusiforme posterior discreta 19 Alterado

GD 6 37 Espessamento + fenda dupla 30 Normal

GD 7 32 Pseudocisto com reação

contralateral + fenda triangular médioposterior

27 Normal

GD 8 30 Fenda fusiforme posterior 27 Alterado

GD 9 30 Nódulos 23 Alterado

GD 10 26 Possível cisto discreto em terço

médio e fenda fusiforme posterior 15 Alterado

GD 11 44 Nódulos + fenda fusiforme

posterior 12 Alterado

GD 12 18 Nódulos bilaterais + fenda triangular médioposterior

27 Normal

GD 13 42 Fenda fusiforme posterior + sinais

de refluxo laringofaringeo 28 Normal

GD 14 31 Espessamento + fenda dupla 25 Alterado

GD 15 28 Espessamento + fenda dupla 26 Alterado

GD 16 20 Fenda triangular médioposterior 27 Alterado

GD 17 42 Cisto + constrição anteroposterior

+ fenda membranácea anteroposterior

17 Alterado

GD 18 28 Espessamento 7 Alterado

GD 19 30 Espessamento 21 Alterado

GD 20 44 Nódulo + fenda triangular

médioposterior 12 Alterado

Page 100: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Apêndices

88

APÊNDICE B

Distribuição de mulheres não disfônicas de acordo com a idade, número de acertos no teste de Reprodução Tonal Vocal e resultados do Teste de Padrão de Frequência

Grupo Não Disfônico Idade (anos) Acertos TRTV TPF

GND 1 19 27 Alterado

GND 2 27 27 Normal

GND 3 18 24 Normal

GND 4 24 27 Normal

GND 5 19 24 Alterado

GND 6 27 27 Normal

GND 7 20 27 Normal

GND 8 19 26 Alterado

GND 9 23 27 Normal

GND 10 22 27 Normal

GND 11 24 24 Alterado

GND 12 28 27 Normal

GND 13 44 30 Normal

GND 14 23 27 Normal

GND 15 21 27 Normal

GND 16 19 21 Alterado

GND 17 24 27 Normal

GND 18 20 27 Normal

GND 19 23 27 Normal

GND 20 27 27 Normal

Page 101: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

ANEXOS

Page 102: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta
Page 103: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

91

ANEXO A

Page 104: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

92

ANEXO B

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa com o título: ASSOCIAÇÃO ENTRE EXTENSÃO

VOCAL E PROCESSAMENTO AUDITIVO, e tem o objetivo de investigar a alteração na voz e sua associação com possíveis alterações na audição. Os resultados serão analisados e utilizados como base para futuros estudos, com o intuito de desenvolver ações que promovam melhorias na saúde da voz e da audição da sociedade.

A pesquisa será realizada na Faculdade de Odontologia de Bauru e consiste de 4 etapas: - dois questionários; um deles com questões referentes à: idade, profissão, presença ou não de queixa vocal,

sintomas vocais e/ou laríngeos, queixas auditivas, se apresenta ou apresentou distúrbios hormonais ou neurológicos, se toca algum instrumento musical e saúde geral. O segundo questionário abordará questões apenas referentes ao processamento auditivo, isto é, o que você faz com o que ouve?

- avaliação da audição; a qual será realizada por meio de exames não invasivos com o objetivo de avaliar a integridade da audição (se você escuta bem) e do processamento auditivo. Será realizada por fonoaudiólogo na Clínica de Fonoaudiologia da FOB/USP.

- avaliação otorrinolaringológica; será constituída de uma entrevista inicial, exame físico e endoscópico de vias aéreas superiores (verifica se está normal sua laringe e cordas vocais. Os nomes desses exames são: Nasolaringofibroscopia, Telelaringoscopia e Estroboscopia), e será realizada por médico otorrinolaringologista, na Clínica de Fonoaudiologia da FOB/USP.

- avaliação da voz; consistirá na gravação da voz para análise acústica e da qualidade da voz, ou seja, avaliar a saúde de sua voz. Será realizada por fonoaudiólogo na Clínica de Fonoaudiologia da FOB/USP.

Todo o processo tem previsão de duração de 4 horas. Ressaltamos que estes procedimentos da pesquisa serão acompanhados por profissionais capacitados e não trazem malefícios à saúde.

Caso algum destes procedimentos realizados evidencie alguma alteração, você terá prioridade e direito ao atendimento e tratamentos necessários gratuitamente na Clínica de Fonoaudiologia da FOB/USP, mesmo após o término da pesquisa.

Você tem direito de se recusar a realizar qualquer um dos procedimentos ou desistir de participar da pesquisa. Isso não acarretará nenhuma penalidade contra você.

Todas as informações coletadas são confidenciais, portanto, somente o pesquisador e a orientadora terão acesso aos dados coletados.

A presente pesquisa não lhe trará nenhum gasto financeiro nem oferecerá riscos à sua dignidade. Você também terá o direito de procurar obter indenização caso se sinta lesado de alguma forma. Se houver qualquer dúvida sobre este estudo, dos procedimentos a serem realizados ou de seus direitos, você

poderá entrar em contato com a pesquisadora Janine Santos Ramos pelos telefones (14) 9712-6249/(14) 3208-6956; email: [email protected]. Ou ainda poderá entrar em contato com a professora responsável, Profa. Dra. Mariza Ribeiro Feniman, pelo telefone (14)3235-8332; email: [email protected], na FOB-USP, localizada na Alameda Doutor Octávio Pinheiro Brisolla, Vila Universitária, 9-75, Bauru-SP

Se você se sentir lesado ou enganado por participar da pesquisa e quiser fazer alguma reclamação poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Bauru (CEP-FOB), localizado na Alameda Doutor Octávio Pinheiro Brisolla, 9-75, Vila Universitária, Bauru-SP, pelo telefone (14) 3235-8356 ou pelo email: [email protected].

Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o Sr. (a)

______________________________________________________________, portador da cédula de identidade __________________________, após leitura minuciosa das informações constantes neste TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO, devidamente explicada pelos profissionais em seus mínimos detalhes, ciente dos serviços e procedimentos aos quais será submetido, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO concordando em participar da pesquisa proposta.

Fica claro que o sujeito da pesquisa ou seu representante legal, pode a qualquer momento retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar desta pesquisa e ciente de que todas as informações prestadas tornar-se-ão confidenciais e guardadas por força de sigilo profissional (Art. 13o do Código de Ética da Fonoaudiologia). Por fim, como pesquisadora responsável pela pesquisa, comprometo-me a cumprir todas as exigências contidas no item IV.3 da resolução do CNS/MS n. 466 de dezembro de 2012, publicada em 13 de junho de 2013.

Por estarmos de acordo com o presente termo o firmamos em duas vias (uma via para o sujeito da pesquisa e

outra para a pesquisadora) que serão rubricadas em todas as suas páginas e assinadas ao seu término.

Bauru, SP, ________ de ______________________ de ________.

________________________________________ Assinatura do Sujeito da Pesquisa

_____________________________________ Janine Santos Ramos

Assinatura da Pesquisadora

Page 105: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

93

ANEXO C

Data:_________

1. Identificação:

Nome completo:_____________________________________________

Data de nascimento:___/___/_____ Escolaridade:_____________

Sexo: ( )Masculino ( )Feminino

Profissão:__________________________________________________

Atividade com uso da voz______________________________________

Endereço:_______________________________________________________

Telefone para contato: (___) ______________

2. Você tem ou já teve alteração na sua voz?

( ) não ( ) sim, tive ( ) sim, tenho

3. O que você acha de sua voz? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Se “sim”, fez ou faz algum tratamento? Qual?

5. Realizou/realiza terapia fonoaudiológica?

( ) não ( ) sim, realizei ( ) sim, realizo

6. Investigação de Sintomas vocais e laríngeos: Assinale o que você sente em relação à sua voz ou garganta e a frequência de aparecimento:

( ) Rouquidão ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Perda da voz ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Falhas na voz ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Falta de ar ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Voz fina ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Voz grossa ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Voz variando grossa/fina ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não

sei ( ) Voz fraca (baixa) ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Voz forte (alta) ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Esforço ao falar ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Cansaço ao falar ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Picada na garganta ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não

sei ( ) Bola na garganta ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Pigarro ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Tosse seca ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Tosse com catarro ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Dor ao falar ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Dor ao engolir ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Dificuldade para engolir ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não

sei ( ) Ardor na garganta ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Secreção/catarro na garganta ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre

( )não sei ( ) Garganta seca ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não sei ( ) Coceira na garganta ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não

sei ( ) Sensação de queimação ( ) nunca ( ) raramente ( ) às vezes ( ) quase sempre ( ) sempre ( ) não

sei ( ) Outros:____________________________________________________________

Page 106: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

94

7. Quanto a sua saúde geral:

Problemas neurológicos? ( ) Não ( ) Sim Se sim, quais? ____________________________________________ Problemas digestórios? ( ) Não ( ) Azia ( ) Refluxo gastro-esofágico ( ) Gastrite ( ) Outro:______________________________________ Problemas Hormonais? ( ) Não ( ) Sim Se sim, quais? ____________________________________________ Apresenta queixas auditivas (escuta bem?)? ( ) Não ( ) Sim Se sim, quais? ____________________________________________ Apresenta zumbido? ( ) Não ( ) Sim Se sim, quais? ____________________________________________ Faz uso de medicamentos? ( ) Não ( ) Sim Se sim, quais? ____________________________________________ Outros problemas de saúde? ( )Não ( )Sim Se sim, quais? ____________________________________________

8. Aprendeu ou está aprendendo a tocar algum instrumento musical?

( ) não ( ) sim 9. Você é cantor ou músico? Ou fez aulas de canto?

( ) não ( ) sim Partes adaptadas de: Ferreira LP, Giannini SPP, Latorre MRDO, Zenari MS. Distúrbio de voz relacionado ao trabalho: proposta de um instrumento para avaliação de professores. Distúrb Comum. São Paulo. 2007;19(1):127-36.

Page 107: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

95

ANEXO D

Page 108: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

96

Page 109: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

97

ANEXO E

PROTOCOLO DE PESQUISA EM FONETOGRAFIA

Voice Range Profile (VRP)

KAY-Lab

Nome:______________________________________________ DN: ___/___/___

Data da gravação: ___/___/___

Arquivo: MV ______

FONETOGRAFIA

Agudo Treino 1ª tentativa 2ª tentativa 3ª tentativa

Dó (C4)

Forte

Habitual

Fraco

Mi (E4)

Forte

Habitual

Fraco

Sol (G4)

Forte

Habitual

Fraco

Lá (A4)

Forte

Habitual

Fraco

Si (B4)

Forte

Habitual

Fraco

Grave Treino 1ª tentativa 2ª tentativa 3ª tentativa

Si (B3)

Forte

Habitual

Fraco

Lá (A3)

Forte

Habitual

Fraco

Sol (G3)

Forte

Habitual

Fraco

Mi (E3)

Forte

Habitual

Fraco

Dó (C3)

Forte

Habitual

Fraco

Page 110: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

98

ANEXO F

Page 111: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

99

Page 112: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

100

ANEXO G

Page 113: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

101

Page 114: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

102

ANEXO H

Page 115: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

103

Page 116: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

104

ANEXO I

Page 117: FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU · ação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. ... To compare the ... Figura 1 - Exemplo de reprodução tonal vocal correta

Anexos

105