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FACULDADE DE ENGENHARIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA ANA KARLA OLIVEIRA LEITE DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE SIMULAÇÃO DE MARCHA EM HIPOGRAVIDADE Porto Alegre 2017

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FACULDADE DE ENGENHARIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

ANA KARLA OLIVEIRA LEITE

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE SIMULAÇÃO DE MARCHA EM HIPOGRAVIDADE

Porto Alegre

2017

1

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

ANA KARLA OLIVEIRA LEITE

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE SIMULAÇÃO DE

MARCHA EM HIPOGRAVIDADE

Porto Alegre

2017

2

ANA KARLA OLIVEIRA LEITE

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE SIMULAÇÃO DE

MARCHA EM HIPOGRAVIDADE

Dissertação apresentada como requisito para a

obtenção do título de Mestre em Engenharia

Elétrica pelo Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Elétrica da Pontifícia Universidade

Católica do Rio Grande do Sul, área de

concentração de Sinais, Sistemas e Tecnologia

da Informação, linha de pesquisa em

Engenharia Biomédica.

Orientadora: Thais Russomano, PhD

Co-Orientador: Dr. Rafael Reimann Baptista

Porto Alegre

2017

3

4

5

Dedico esta dissertação a minha mãe, pelo apoio e amor.

6

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer, primeiramente, a minha mãe pelo apoio, carinho e dedicação.

A minha orientadora Thais pela confiança, ajuda, conselhos de vida e puxões de

orelha. Vou sempre me lembrar de você;

A Michele, Ingrid e Felipe pela ajuda com os materiais, parte burocrática e

conselhos;

Ao professor Júlio por TUDO! Não tenho palavras para descrever a gratidão que

sinto por todo o apoio e toda a ajuda em todo o processo. MUITO OBRIGADA;

Ao Professor Rafael, que me apresentou o MicroG e me apoiou em muitos

momentos;

Aos meus amigos, principalmente aqueles que estiveram ao meu lado durante todo o

mestrado;

A HP (Hewlett-Packard) e a Capes, pelo apoio a pesquisa brasileira.

A Lígia.

Muito obrigado!

7

“Não se nasce mulher: torna-se.”

(Simone de Beauvoir)

8

RESUMO

Em missões espaciais os sistemas cardiovascular, muscular e ósseo são afetados pela

falta da ação da força gravitacional terrestre. O descondicionamento muscular pode limitar a

capacidade de trabalho da tripulação devido à atrofia e à fraqueza muscular. Em

microgravidade e hipogravidade há também mudanças nas estruturas e funções de células

ósseas incluindo morfologia, citoesqueleto, crescimento celular e diferenciação, dando início

a osteopenia que pode evoluir para osteoporose. Ao analisar que o alto impacto da corrida e

caminhada causa estresse necessário para estimular os músculos e ossos responsáveis pela

manutenção da postura reduzindo os danos causados pela hipogravidade, as pesquisas

relacionadas aos sistemas simuladores de marcha aumentaram consideravelmente tornando-os

necessários para evitar descondicionamento ósseo, muscular e cardiovascular antes, durante e

após missão espacial.

A criação de um Sistema de Simulação de Marcha em Hipogravidade (SSMH)

possibilita o estudo das ações nocivas desse ambiente em órbita. Sendo assim, o presente

estudo objetivou desenvolver um sistema de simulação de marcha em hipogravidade para

estudos sobre fisiologia e biomecânica aeroespacial. Para que esse sistema seja possível, um

planejamento estrutural e funcional foi elaborado. Para o desenvolvimento de um protótipo

funcional foram necessários os subsistemas: estrutural, utilizando uma estrutura já existente

no laboratório de engenharia aeroespacial; suspensão, que envolve a soldagem do suporte para

fixação da esteira e adaptação dos suportes cabide, bem como os cabos, fitas e colete

envolvidos; de Força, composto pela esteira ergométrica e plataforma de força composta por

um CPU de transferência de dados; de comunicação, que é responsável pela comunicação

entre plataforma de força e interagir com uma CPU para o recebimento, visualização e

armazenamento de dados; e, por fim, simulação, composto por um dinamômetro e um

conjunto de cordas elásticas causando diferentes tensões.

Os resultados apresentados mostraram que a SSMH foi capaz de simular os ambientes

de Marte, Lua e Terra e também, capaz de aumentar ou diminuir o peso aparente do

voluntário através da tensão imposta pelas cordas na superfície da esteira. O sub-sistema de

comunicação mostrou-se apto a armazenar transferir os dados recebidos da CPU da

plataforma de força para o computador, em casos de armazenamento, e transmitir os dados

aos avaliadores em caso de teste. E, por fim, a estrutura permaneceu não apresentando tremor

ou oscilação quando as cargas eram manuseadas para execução dos testes.

Palavras-Chave: Microgravidade, Hipogravidade, Marcha Humana.

9

ABSTRACT

Development of a gait simulation system in hypogravity

In space missions, the cardiovascular, muscular and bony systems are affected by the

lack of the action of the terrestrial gravitational force. Muscle deconditioning may limit the

crew's ability to work due to atrophy and muscle weakness. In microgravity and hypogravity,

there are also changes in the structures and functions of bone cells, including morphology,

cytoskeleton, cell growth and differentiation, leading to osteopenia, which can progress to

osteoporosis. When analyzing that the high impact of running and walking causes the stress

necessary to stimulate the muscles and bones responsible for maintaining the posture by

reducing the damage caused by the hypogravity, the investigations related to the gait

simulator systems have increased considerably making them necessary to avoid bone

deconditioning, Muscular and cardiovascular before, during and after space mission.

The development of Gait System in Hypogravity Simulation (GSHS) allows the

study of the harmful actions of the extraterrestrial environment. Thus, the present study aimed

to develop a GSHS to study aerospace biomechanics and physiology. For this system to be

possible, a structural and functional planning was elaborated. For the development of a

functional prototype, the sub-systems were necessary: Structural, using an already existing

structure in the aerospace engineering laboratory; Suspension, which involves welding the

support for fixing the mat and adapting the hanger supports, as well as the cables, ribbons and

vest involved; Strength, consisting of treadmill and a force platform with a CPU to transfer;

Which is responsible for communicating between force platform and interacting with a CPU

for receiving, store and visualization data; And, finally, simulation, composed of a

dynamometer and a set of elastic cords causing different stresses.

The results showed that the GSHS is able to simulate the environments of Mars,

Moon and Earth being able also to increase or decrease the apparent weight of the volunteer

through the tension imposed by the ropes on the surface of the treadmill. The communication

sub-system was able to store transfer data received from the CPU from the power platform to

the computer in case of storage and transmit the data to the evaluators in case of testing. And

finally, the structure remained stable with no tremor or oscillation when the loads were

handled for the tests.

Keywords: Microgravity, Hypogravity, Human Gait.

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - O Sistema de Simulação de Marcha em Hipogravidade. ......................................... 20

Figura 2–Diagrama de blocos da integração final do sistema de simulação de marcha em

hipogravidade. .......................................................................................................................... 21

Figura 3 - Fases de apoio e balanço da marcha, juntamente com as subdivisões da fase de

apoio e os oito ciclos de toda a Marcha. ................................................................................... 33

Figura 4 - Ciclo da marcha onde é possível notar a predominância da fase de apoio (60%) em

relação a fase de balanço (40%). .............................................................................................. 34

Figura 5 - Ponte de Wheatstone. ............................................................................................... 37

Figura 6 - Sistemas de simulação de marcha. (a;b) Sistema Vertical descrito por Cavagna et

al, 1972; Donelan e Kram, 1997; Donelan e Kram, 2000. (c;d) Sistema de Suspensão Corporal

(BWS) Lateral descrito por Bogdanov, 1971; Genc, 2006. (e) Sistema de Suspensão

Horizontal descrito por Perusek, 2007. (f) Sistema de Deambulação Passiva para Simulação

de Gravidade descrito por Lu et al, 2009; Lu et al, 2011; Ma e Wang, 2012. ......................... 38

Figura 7 - Esteira vertical com apoio em banco inclinável, VertiRun. .................................... 41

Figura 8 - Sistema de controle em malha aberta do SSMH. ..................................................... 43

Figura 9 - Estrutura Piramidal desenvolvida para a simulação de ressuscitação cardíaca em

microgravidade. ........................................................................................................................ 44

Figura 10 - Sistema de Simulação de Marcha em Hipogravidade (SSMH). ............................ 45

Figura 11 - (a) Colete de imobilização dorsal KED; (b) Fitas Tubulares. ................................ 45

Figura 12 -Mosquetão oval em aço carbono com resistência de 25kN. ................................... 46

Figura 13 - Cordas Elásticas de 12mm. .................................................................................... 46

Figura 14 - Suportes cabide. ..................................................................................................... 47

Figura 15 - Dinamômetro ou Balança Dinamométrica. ........................................................... 47

Figura 16 - Cabos Elásticos 6mm. ............................................................................................ 48

Figura 17 – a) Esteira Ergométrica; b) esteira fixada na estrutura. .......................................... 48

Figura 18 - Células de Carga. ................................................................................................... 49

Figura 19 - Microcontrolador MSP430F2619. ......................................................................... 50

Figura 20 - Módulo HX711. ..................................................................................................... 51

Figura 21 - Módulo ZigBee XBee S2C. ................................................................................... 52

Figura 22 - Display LCD. ......................................................................................................... 52

Figura 23 - Microcontrolador MSP430F2274. ......................................................................... 53

Figura 24 - Diagramas de bloco do funcionamento do Sistema de Simulação de Marcha. ..... 53

11

Figura 25 - Desenho assistido por computador da estrutura metálica. ..................................... 54

Figura 26 - (a) tubo de 170cm para parte inferior de fixação da esteira;(b) tubos de 50cm para

estabilizar os dois tubos de 80cm; (c) tubos de 80cm para dar suporte a barra de 170cm; (d)

tubos de 25cm para fixar a barra de 170cm; (e) tubo de 70cm para a parte superior de fixação

da esteira; (f) suportes cabide 60cm; (g) suportes cabide 80cm. .............................................. 55

Figura 27 - Cubos vazados. ...................................................................................................... 55

Figura 28 - Localização dos suportes em relação ao corpo humano e em relação ao colete

KED. ......................................................................................................................................... 56

Figura 29 - Fixação da célula de carga em uma placa de MDF com fitas metálicas. .............. 58

Figura 30 - Posicionamento da placa de MDF com a célula de carga na estrutura. ................. 59

Figura 31 - Diagrama de Blocos da integração da célula de carga com o HX711. .................. 60

Figura 32- Esquema elétrico da instrumentação da plataforma de força. ................................ 60

Figura 33 - PCI da plataforma de força instrumentada. ........................................................... 61

Figura 34 - Esquema elétrico da instrumentação do Sub-sistema de comunicação. ................ 62

Figura 35 - Fonte de alimentação. ............................................................................................ 63

Figura 36 - (a) Manequim simulador massagem cardíaca vestido com colete de imobilização

dorsal KED; (b) Manequim preso a estrutura. .......................................................................... 68

Figura 37 -- (a) Balança doméstica marca Geom apoiada na esteira e recebendo compressão;

(b) Gráfico da calibração da plataforma de força da SSMH. ................................................... 69

Figura 38 - Motovibrador IP66 MVL vibradores industriais. .................................................. 71

Figura 39 - "Perna mecânica" para simulação de marcha. ....................................................... 71

Figura 40 - Tornozelo articulado para simular o toque inicial do calcanhar na esteira durante a

marcha. ..................................................................................................................................... 72

Figura 41 - Gráfico de amostras por segundo no teste de pressão continua. ............................ 73

Figura 42 - Teste de marcha SSMH caminhada lenta .............................................................. 74

Figura 43 - Teste de marcha SSMH caminhada rápida ............................................................ 74

12

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 - Representação matemática de força como sendo produto da massa inercial de um

corpo pela aceleração da gravidade.

Equação 2 - Fórmula da força gravitacional de Newton.

Equação 3 - Definição matemática de intensidade do campo gravitacional.

Equação 4 - Lei de Hooke.

Equação 5 - Resistência elétrica R de um condutor metálico homodêneo.

Equação 6 - Variação da resistência elétrica pela resistência elétrica do fio de um

extensômetro.

Equação 7 – Cálculo do erro percentual entre CPP e SSMH.

Equação 8 – Cálculo do erro percentual utilizando a medida de peso adquirida através da

balança e a medida de peso adquirida pela plataforma de força.

Equação 9 – Cálculo da velocidade de rotação do motor.

13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela comparativa entre estudos com simuladores de marcha em ambientes de

gravidade reduzida. ................................................................................................................... 41

Tabela 2 - Descrição de cargas suportadas por cada material presente no SSMH. .................. 57

Tabela 3 - Descrição e valores dos materiais utilizados no SSMH. ......................................... 66

Tabela 4 - Comparação de valores de alguns sistemas de suspensão corporal que estão no

mercado. ................................................................................................................................... 67

14

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

SSMH Sistema de Simulação de Marcha em Hipogravidade

GSSH Gait Simulation System in Hypogravity

eZLS enhanced Zero-gravity Locomotion Simulator

LBNP Low-Body Negative Pressure

RGS Reduced Gravity Simulator

CPP Câmara de Pressão Positiva

UGS Underwater body for Gait Simulation

NASA National Aeronautics and Space Administration

URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

ICRP International Commission on Radiological Protection

ISS International Space Station

MIR Primeira estação espacial modular

IEEE Institute Electric Electronic Engineer

PC Personal Computer

LCD Liquid Crystal Display

CPU Central Processing Unit

DMS Dispositivos Montados em Superfície

RISC Reduced Instruction Set Computer

UART Transmissão e Recepção Assíncrona Universal

JTAG Joint Test Action Group

GAP Ganho dos Amplificadores Programáveis

MIPS Millions of Instructions Per Second

OSI Open Systems Interconnection

KED Kendrick Extrication Device

PVC Policloreto de polivinila (ou policloreto de vinil)

MDF Medium Density Fiberboard

LRT Locomotion Replacement Training

CE Com Exercício

SE Sem Exercício

EP Em pé

BCAA Branch Chain Amino Acids

COM Centro de Massa

AST Área de Secção Transversa

DMO Densidade Mineral Óssea

aDMO Área de Densidade Mineral Óssea

vDMO Volume de Densidade Mineral Óssea

VE Ventrículo Esquerdo

15

VD Ventrículo Direito

VO2 Volume de Oxigênio

n Elementos da Amostra

p Probabilidade de significância

h Hora

kN Quilonewton

kgf Quilograma força

F Força (N)

m Massa (kg)

a Aceleração (m/s2)

G Constante gravitacional

g Aceleração da gravidade em Terra

A/D Analógico/Digital

µC Microcontrolador

1G Gravidade Terrestre

Ca2+ Cálcio (Biologia)

mV/V Mili Volt por Volt

V Volts

hp Horse-Power

CC Corrente Contínua

mA Miliampere

mW Miliwatt

µA Micro Ampere

Ghz Giga-Hertz

16

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 19

2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 20

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 22

3.1 CONCEITOS FÍSICOS.......................................................................................... 22

3.1.1 Força ............................................................................................................ 22

3.1.2 Primeira Lei de Newton .............................................................................. 23

3.1.3 Massa ........................................................................................................... 23

3.1.4 Segunda Lei de Newton .............................................................................. 23

3.1.5 Força Gravitacional ..................................................................................... 24

3.1.6 Peso ............................................................................................................. 25

3.1.7 Terceira Lei de Newton ............................................................................... 25

3.1.8 Mola ............................................................................................................ 26

3.2 EXPLORAÇÃO ESPACIAL ................................................................................. 26

3.3 FISIOLOGIA AEROESPACIAL .......................................................................... 27

3.3.1 O Sistema Muscular em Microgravidade .................................................... 28

3.3.2 O Sistema Ósseo em Microgravidade ......................................................... 30

3.3.3 O Sistema Cardiovascular em Microgravidade ........................................... 31

3.4 A MARCHA HUMANA ....................................................................................... 32

3.4.1 Locomoção em Hipogravidade ................................................................... 34

3.5 PLATAFORMAS DE FORÇA .............................................................................. 35

3.5.1 Células de Carga.......................................................................................... 36

3.5.2 Extensômetros ............................................................................................. 36

3.5.3 Ponte de Wheatstone ................................................................................... 37

3.6 SISTEMAS DE SIMULAÇÃO DE MARCHA EM HIPOGRAVIDADE ........... 37

3.6.1 Simuladores de Marcha em Hipogravidade na Reabilitação ...................... 42

4 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 43

17

4.1 SISTEMA DE CONTROLE EM MALHA ABERTA .......................................... 43

4.2 IDENTIDFICAÇÃO E ADAPTAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS ........................ 44

4.2.1 A Estrutura .................................................................................................. 44

4.2.2 A Suspensão ................................................................................................ 45

4.2.3 A Simulação ................................................................................................ 47

4.2.4 A Esteira Ergométrica ................................................................................. 48

4.2.5 A Plataforma de Força................................................................................. 48

4.2.6 A Comunicação ........................................................................................... 52

4.3 DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS ........................ 53

4.3.1 Estrutura Metálica ....................................................................................... 54

4.3.2 A Suspensão Corporal ................................................................................. 56

4.3.3 Preparação das células de carga .................................................................. 58

4.3.4 Instrumentação do Sub-Sistema de Força ................................................... 59

4.3.5 Instrumentação do Sub-Sistema de Comunicação ...................................... 61

4.3.6 Fonte de Alimentação.................................................................................. 62

4.3.7 Circuito de Emergência ............................................................................... 63

4.4 O VOLUNTÁRIO E A RELIZAÇÃO DOS TESTES........................................... 63

4.5 INTEGRAÇÃO E VERSÃO FINAL DO SISTEMA ............................................ 65

4.6 ORÇAMENTO FINAL DO SSMH ....................................................................... 65

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 68

5.1 TESTE DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS ................................................... 68

5.1.1 A Estrutura, Suspensão Corporal ................................................................ 68

5.1.2 Calibração.................................................................................................... 69

5.1.3 A Plataforma de Força e o Sub-sistema de Comunicação .......................... 69

5.1.4 Teste de Marcha .......................................................................................... 70

5.1.5 Resultados dos Testes.................................................................................. 72

5.2 CONCLUSÃO E DISCUSSÕES ........................................................................... 74

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 76

18

7 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 77

ANEXOS.................................................................................................................................. 85

19

1 INTRODUÇÃO

A humanidade sempre foi fascinada pela imensidão do universo e suas estrelas. Nosso

espírito naturalmente explorador e aventureiro nos faz buscar, cada vez mais, desvendar o

espaço. Observando o céu, os sumérios calcularam a posição e o movimento dos planetas,

deram nomes as constelações do zodíaco, explicações para as estações meteorológicas, viram

e previram eclipses, etc (Robayo, 2014).

Um dos objetivos dos programas espaciais em enviar seres vivos ao ambiente extraterrestre

foi o de observar o desempenho humano em tal situação e trazê-los de volta à Terra a salvo.

As pesquisas avançaram muito nos anos 60, dando a oportunidade para Gherman S. Titov

orbitar a terra por 25h, realizando o primeiro teste de resposta humana à exposição prolongada

à microgravidade. Com o monitoramento médico realizado antes, durante e após as missões

compreendeu-se que, quanto mais tempo a tripulação permanecia no espaço, mais mudanças

fisiológicas como perda óssea e muscular, disfunções cardiovasculares e redução da função

imune, eram relatadas, o que motivou a comunidade científica a desenvolverem

contramedidas, para evitar os danos causados pela microgravidade (Clément, 2011; Grimm et

al, 2016).

Mesmo com uma rotina de exercícios diária em sistemas como ciclo-ergômetro com

vibração (Hughson, 1994); Flywheel ou volante de inércia para treinamento isoinercial

(Shackelford, 2004; Tesch, 2004); sistema de vibração isolada (Trappe, 2007); e a caixa de

pressão negativa ou LBNP box (Guell, 1995), músculos e ossos posturais (ou

antigravitacionais), como o músculo sóleo (Lambertz, 2001) e os ossos do quadril (Lang,

2004), não apresentaram melhoras relevantes.

Ao analisar que o alto impacto da corrida e caminhada causa estresse necessário para

estimular os músculos e ossos responsáveis pela manutenção da postura reduzindo os danos

causados pela hipogravidade, as pesquisas relacionadas aos sistemas simuladores de marcha

aumentaram consideravelmente tornando-os necessários para evitar descondicionamento

ósseo, muscular e cardiovascular antes, durante e após missão espacial (Cadore, 2005;

Clément, 2011).

Diante disso, foram desenvolvidos sistemas de simulação de marcha em hipogravidade,

tendo como um componente essencial esteiras ergométricas. Tais sistemas foram aprimorados

com o passar dos anos, mas algumas limitações continuam presentes, sendo elas: o

desconforto apresentado pelos sistemas de suspensão vertical (Donelan e Kram, 1997 e 2000;

20

Disiuta, 2014); alto custo do protótipo (Perusek, 2007); técnicas de execução complexas

(Mirvis, 2011).

Procurando mudar essa realidade, o presente projeto apresenta o desenvolvimento de um

sistema de simulação de marcha em ambiente de hipogravidade, sendo composto por:

Estrutura, sub-sistema de suspensão, sub-sistema de simulação, sub-sistema de força, sub-

sistema de comunicação Wireless (Figura 1).

Figura 1 - O Sistema de Simulação de Marcha em Hipogravidade.

Fonte: A Autora (2016).

A estrutura utilizada para desenvolvimento do simulador, é a mesma utilizada para a

simulação de massagem cardíaca externa (Dalmarco, 2006). Esse projeto visou aprimorar e

adaptar a estrutura existente. Um sub-sistema de suspensão foi desenvolvido especificamente

para a estrutura, assim como o suporte para fixação da esteira ergométrica, compondo então

uma estrutura mecânica que permite simular a combinação de suspensão e marcha

simultaneamente.

Para simulação dos ambientes de hipogravidade um conjunto de cordas elásticas foram

fixadas nas laterais da esteira e presas ao colete, simulando Terra, Marte e Lua através de

diferentes tensões elásticas. O sub-sistema de força é composto por esteira ergométrica e a

plataforma de força. O sub-sistema de comunicação sem fio com conexão por wifi, permite

que o pesquisador tenha acesso aos dados das células de carga.

2 OBJETIVOS

O presente estudo objetivou desenvolver um protótipo funcional de um sistema de

simulação de marcha em hipogravidade, dotada de um sistema eletrônico capaz de medir, com

a utilização de células de carga, o peso aparente do voluntário, simulando marcha em

ambientes de microgravidade (Figura 2). As fitas, cintas e o colete foram escolhidos e

21

posicionados de forma que permitem a extensão do quadril durante a marcha. Isso

possibilitará a realização de estudos de fisiologia e biomecânica aeroespacial, e futuros

estudos com envelhecimento e reabilitação física em terra, visando a utilização de materiais

de baixo custo.

Os objetivos específicos desse trabalho foram:

• Desenvolver um sistema de suspensão composto de cintos, elásticos, colete e faixas

para fixação do sujeito que permita mobilidade de tronco e quadril durante a marcha;

• Desenvolver uma plataforma de força composta por um conjunto células de carga e de

toda a eletrônica necessária para a leitura;

• Implementar uma CPU (Central Processing Unit) para a leitura, envio e

armazenamento dos dados da plataforma de força, com conexão wifi;

• Integrar a plataforma de força na parte posterior da esteira ergométrica;

• Implementar uma CPU para recebimento e visualização dos dados, provenientes da

CPU da plataforma de força, em um display LCD (Liquid Crystal Display) dotado de

conexão wifi;

• Desenvolver um sistema de interface com o usuário capaz de fornecer os dados de

forças de reação ao solo exercido pelo voluntário, durante a caminhada ou corrida em

ambiente de simulação de hipogravidade.

Figura 2–Diagrama de blocos da integração final do sistema de simulação de marcha em hipogravidade.

Fonte: A Autora (2017).

22

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A revisão da literatura e as teorias principais para o entendimento adequado desse estudo

podem ser encontradas nas seções a seguir.

3.1 CONCEITOS FÍSICOS

Devido ao caráter multidisciplinar (física, engenharia e medicina) desta pesquisa, torna-se

necessário um bom entendimento de conceitos básicos de física. A física é a mais

fundamental das ciências naturais por preocupar-se, inclusive, com os princípios básicos do

universo. Desenvolvida antes de 1900, a física clássica, inclui conceitos, teorias, leis e

experimentos em mecânica clássica, termodinâmica, eletromagnetismo e óptica.

Galileu Galilei (1564-1642) por meio de trabalho das leis de movimento com aceleração

constante contribuiu significativamente com a mecânica clássica. Johannes Kepler (1571-

1630) desenvolveu leis empíricas em relação ao movimento de corpos planetários. Isaac

Newton (1642-1727) é considerado um dos mais importantes teóricos da mecânica clássica

que, além de suas leis, foi um dos criadores do cálculo como ferramenta matemática. James

Clerk Maxwell criou uma teoria unificada do eletromagnetismo tornando-a básica para todas

as áreas da física juntamente com a mecânica. Além de muitos outros teóricos importantes

para as descobertas feitas até os dias de hoje (Serway e Jewett, 2015).

No fim do século XIX a física moderna começou a aparecer devido a gama de fenômenos

físicos que a física clássica não conseguia explicar. A teoria da relatividade e a mecânica

quântica foram os dois desenvolvimentos mais importantes da era moderna (Serway e Jewett,

2015).

3.1.1 FORÇA

Força pode significar poder, energia, impulso, etc. Nem sempre está ligado à ação

muscular ou alguma mudança no estado de movimento de um corpo. A força é uma ação

física que causa deformação ou altera o estado de repouso ou de movimento de um

determinado objeto. É uma grandeza capaz de vencer a inércia de um corpo. Os tipos de

forças conhecidas nos dias de hoje são as forças de contato (puxando uma mola ou

arremessando uma bola de basquete) que representa o resultado do contato físico entre dois

corpos, e as forças de campo que não envolvem contato físico, agindo através do espaço vazio

(Serway e Jewett, 2015).

23

Um exemplo de forças de campo é a força gravitacional entre dois corpos que provoca a

aceleração em queda livre. Ela mantém os corpos ligados a Terra e da origem ao que

comumente chamamos de peso de um corpo. A força gravitacional também é a força que

mantém os planetas do nosso sistema solar ligados ao sol. Outro exemplo é a força elétrica

que uma carga elétrica exerce sobre a outra, por exemplo, um elétron e um próton formando

um átomo de hidrogênio. E por último a força que um imã em uma barra exerce sobre um

pedaço de ferro. Já a nível atômico todas as forças classificadas como de contato acabam

sendo causadas por forças elétricas semelhantes à força elétrica de atração. A distinção de

campo e contato é usada somente a nível macroscópico (Serway e Jewett, 2015).

3.1.2 PRIMEIRA LEI DE NEWTON

Por vezes chamada de Lei da inércia, a primeira lei do movimento de Newton, pode ser

enunciada em termos mais simples como, “Se um corpo interage com outros corpos, é

possível identificar um sistema de referência em que o corpo tem aceleração zero” (Serway e

Jewett, 2015). Essa lei diz que a velocidade de um corpo tende a permanecer constante caso

nenhuma força atue sobre ele, mantendo seu estado de movimento. E no caso de uma força

agir sobre esse corpo, ocorrerá uma mudança no movimento, a qual será medida pela

aceleração (Serway e Jewett, 2015).

3.1.3 MASSA

Pode ser caracterizada como propriedade de um corpo que caracteriza o quanto ele pode

resistir a mudanças na sua velocidade. Quanto maior a massa de um corpo, menos ele acelera

sob ação de determinada força aplicada. Massa e Peso são grandezas físicas distintas, essa

diferença fica visível quando mudamos o ambiente gravitacional em questão, ou seja, um

corpo que pesa 60 kg na Terra pesa apenas 20 kg em Marte e 10 kg na Lua, mas a massa

desse corpo é sempre a mesma, independente do ambiente (Serway e Jewett, 2015).

3.1.4 SEGUNDA LEI DE NEWTON

Como descrito no tópico 3.1.2., a primeira lei de Newton preocupa-se em explicar o que

acontece com um corpo quando nenhuma força atua sobre ele, permanecendo em repouso ou

movendo-se em linha reta com velocidade constante. Mas o que aconteceria com esse corpo

se uma ou mais forças agissem sobe ele é facilmente explicado pela Segunda Lei de Newton,

que diz que “Quando vista de um referencial inercial, a aceleração de um corpo é diretamente

proporcional a resultante das forças que agem sobre ele é inversamente proporcional a sua

24

massa” (Serway e Jewett, 2015). Matematicamente podemos descrever a força como sendo

produto da massa inercial de um corpo pela aceleração da gravidade na Equação 1 (Serway e

Jewett, 2015):

𝑭 = 𝒎 . 𝒂 (1)

3.1.5 FORÇA GRAVITACIONAL

A força gravitacional está tão presente no dia-a-dia terrestre que quase não é notada. Todos

os corpos são atraídos pela Terra graças a força gravitacional Fg, direcionada ao seu centro.

Essa força é uma das forças fundamentais da natureza e é mútua de atração entre quaisquer

dois corpos no universo. Apesar de ser forte entre dois corpos macroscópicos, é a mais fraca

dentre as forças fundamentais (Serway e Jewett, 2015).

Newton sabia que uma força resultante atuava sobre a Lua, pois, se essa força não

existisse, a Lua se moveria numa trajetória em linha reta e não orbitaria de forma circular. Ele

percebeu que essa força atrativa entre Lua e Terra e entre Sol e Planetas não era algo

particular de cada destes sistemas, mas sim, uma atração geral e universal entre os corpos

(Serway e Jewett, 2015).

A Lei da gravitação universal de Newton afirma que “cada partícula do Universo atrai

todas as outras com uma força que é diretamente proporcional ao produto das suas massas e

inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas” (Serway e Jewett, 2015).

Cavendish (1731-1810) determinou a constante de gravitação universal G com valor de

6,67x10-11N.m2/kg2, analisando a força de atração entre duas pequenas esferas, que, ao ser

inserido na fórmula da força gravitacional de Newton, definida pela Equação 2, permite que a

mesma possa ser expressa como uma equação exata em forma de proporcionalidade universal

(Serway e Jewett, 2015):

𝑭 = 𝑮.𝑴𝟏.𝒎𝟐

𝒅𝟐 (2)

OndeM1é o corpo de maior massa, o qual gera o campo gravitacional, e m2é o corpo

orbitante, d é a distância entre eles (não há limite para d e o numerador nunca se anula,

mostrando que a gravidade é presente em todo espaço) e G é a constante gravitacional

universal.

Para Newton, a intensidade do campo gravitacional é definida pela Equação 3 (Serway e

Jewett, 2015):

𝒈 = 𝑮.𝑴𝟏

𝒅𝟐 (3)

25

A aceleração da gravidade na superfície da Terra é definida como g e seu valor varia

minimamente em relação à latitude em diferentes pontos do planeta. Em algumas regiões do

espaço temos a microgravidade, o qual pode possuir um intervalo de 10-2 até 10-6 g e pode ser

definido como um ambiente em que o peso aparente de um sistema é menor em relação ao seu

peso real devido à gravidade (Rogers, 1997). Já os valores compreendidos entre 10-2 g e 1g

são denominados hipogravidade e dentro desse termo temos a aceleração da gravidade em

Marte de 3,71m/s2 e na Lua de 1,62 m/s2 (Rogers, 1997).

Em 1916, Einstein publicou sua teoria da gravitação, conhecida como teoria geral da

relatividade em resposta ao fato de a massa que possui duas propriedades aparentemente

diferentes, por um lado determina uma força de atração gravitacional mútua entre dois corpos

(lei da gravitação universal de Newton) e também representa uma resistência de um único

corpo à aceleração. O que Einstein queria dizer com sua teoria é que a gravidade causa uma

deformação do tecido espaço-tempo (Russel, 2005; Serway e Jewett, 2015).

3.1.6 PESO

O peso não é uma propriedade inerente de um corpo, mas sim, uma medida da força

gravitacional entre o corpo e o Planeta em questão. Como dito, o peso depende da aceleração

da gravidade (g) ele varia com a localização, em Terra g = 9,80 m/s2. Um corpo pode pesar

menos em altitudes elevadas do que ao nível do mar pela diminuição de g devido ao aumento

da distância do centro da Terra (Serway e Jewett, 2015).

3.1.7 TERCEIRA LEI DE NEWTON

Essa lei declara que as forças sempre ocorrem em pares, ou que uma única força isolada

não pode existir. Pode-se dizer que “se dois corpos interagem, a força F12 exercida pelo corpo

1 sobre o corpo 2 é igual em módulo e oposta em sentido à força F21 exercida pelo corpo 2

sobre o corpo 1, ou seja: F12 = - F21”. A força que o corpo 1 exerce sobre o corpo 2 pode ser

chamada de força de ação e a que o corpo 2 exerce sobre o corpo 1 pode ser chamada de

reação. A força de ação é igual em módulo à de reação e oposta em sentido, lembrando que

essas forças atuam sobre corpos diferentes. Por exemplo, a força que age sobre um projétil

que cai livremente é a força gravitacional exercida pela Terra no projétil e a reação desta força

é a força gravitacional exercida pelo projétil sobre a Terra, acelerando a mesma em direção ao

projétil. Como a Terra tem uma massa muito maior que a do projétil, sua aceleração por causa

dessa força de reação é quase desprezível de tão pequena (Serway e Jewett, 2015).

26

3.1.8 MOLA

Faz-se necessário entender a deformação sofrida por distensão e compressão de sistemas,

tendo em vista que, esse projeto possui diversos materiais elásticos como, cordas, cabos e

molas. A lei que está relacionada à elasticidade dos corpos e que é capaz de calcular a

deformação causada pela força exercida sobre o mesmo é chamada de Lei de Hooke.

Compreendida pela Equação 4:

𝑭𝒎 = −𝒌𝒙 (4)

Onde, x é a posição do objeto e k é a constante elástica do componente elástico. A força

requerida para distender ou comprimir um sistema elástico é proporcional a quantidade de

distensão ou compressão x, e o valor de k mede a rigidez da mola (Serway e Jewett, 2015).

3.2 EXPLORAÇÃO ESPACIAL

À medida que os seres humanos se aventuram em regiões ainda inexploradas do espaço,

um novo conhecimento científico acerca das adaptações a microgravidade irá afetar os

esforços da exploração. Através da história da exploração aeroespacial, a conquista de cada

novo marco fomentou novos desafios destinados a aprimorar a segurança e a saúde humana,

enquanto ao mesmo tempo se procurava emparelhar o desempenho das aeronaves com as

demandas ambiciosas de voar mais rapidamente e em altitudes cada vez mais elevadas

(McArdle, 2013; Robayo, 2014)

Com o fim da segunda guerra mundial e o início da guerra fria, Estados Unidos (EUA) e

União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) iniciaram a corrida espacial. A corrida

espacial possibilitou descobertas que afetaram nossas vidas em todos os aspectos. Essas

descobertas incluíam desenho, construção e voo de foguetes, teleguiados e sistemas de

propulsão, as demandas de adaptações fisiológicas aos voos espaciais tripulados e as mais de

30.000 aplicações práticas de “transferência de tecnologia” em virtude das experiências

interdisciplinares em físico-química, microbiologia, genética, medicina e fisiologia do

exercício (Robayo, 2014)

A URSS surpreendeu o mundo ao lançar o Sputinik I, primeiro satélite artificial a orbitar a

terra, em 4 de outubro de 1957. Esse satélite era uma esfera de metal constituído por uma liga

de alumínio com 83,6kg e 58 centímetros de diâmetro. Orbitou a Terra por três meses

completando 1400 voltas. Em novembro do mesmo ano, o Sputinik II foi lançado com um ser

vivo a bordo, a cadela Laika, com o objetivo de provar que era possível sobreviver à ausência

de gravidade e sobreviver em órbita (Robayo, 2014, Winter, 2007).

27

Em julho de 1958 a National Aeronautics and Space Administration (NASA) é criada,

sendo responsável por administrar o programa espacial dos Estados Unidos. Após esse

lançamento os experimentos e pesquisas com animais continuaram a todo vapor, até no dia 1

de abril de 1961 o primeiro ser humano é enviado pela URSS ao espaço na Vostok I. Yuri

Gagarin orbitou a terra por uma hora. Para não ficar para trás, no dia 5 de maio de 1961, os

Estados Unidos enviaram o astronauta Alan Shepard para um voo sub-orbital de 15 minutos a

bordo da Freedom7. Ainda em 1961, mais precisamente no dia 7 de agosto, Titov foi ao

espaço como o mais jovem, segundo soviético e terceiro homem a ter viajado. Essa missão

investigou os efeitos da longa exposição à gravidade reduzida no organismo humano e a

habilidade humana de trabalhar nesse ambiente (McArdle, 2013; Robayo, 2014, Winter,

2007).

Em 20 de fevereiro de 1962 os Estados Unidos enviam John Gleen para orbitar a Terra a

bordo da capsula espacial Friendship7, na qual completou três voltas em volta do planeta.

O discurso de Kennedy na Universidade Rice com a famosa frase:

“We choose to go to the moon. We choose to go to the Moon in this decade and do the other

things, not because they are easy, but because they are hard”.

“Nós decidimos ir à Lua. Nós decidimos ir à Lua nessa década e fazer as outras coisas, não

porque elas são fáceis, mas porque elas são difíceis”.

Deu início ao ambicioso programa espacial tripulado iniciado com o Projeto Mercury,

seguido do Gemini, até chegar no projeto Apolo, que foi responsável por aflorar o interesse na

exploração Lunar. A Apollo 8 foi pioneira circundando a Lua e em 1969 o Apollo 11 pousa

em superfície lunar dando oportunidade para outras seis missões Apollo alcançarem solo

Lunar. A exploração Marciana iniciou-se com a URSS enviando as sondas gêmeas Marte 2 e

3, onde somente a sonda 3 teve êxito ao aterrissar no planeta vermelho (McArdle, 2013;

Winter, 2007).

3.3 FISIOLOGIA AEROESPACIAL

A ausência de gravidade, altos níveis de radiação entre outras mudanças induzidas pelo

voo espacial afetam o corpo humano como um todo, causando mudanças significativas em

vários sistemas, um exemplo clássico é a desorientação espacial presente nas transições de

gravidade. Tanto ao entrar em um ambiente microgravitacional quanto ao se readaptar ao

ambiente terrestre, as funções neurais autonômicas são afetadas. A ausência de peso envolve a

adaptação dos efeitos reflexivos e de orientação mediados pelo sistema vestibular e também a

acomodação de todo o sistema de controle postural e muscular do corpo em um ambiente de

28

força completamente diferente. A exposição a microgravidade pode também alterar as

estratégias cognitivas utilizadas em tarefas que envolvem navegação e representação mental

do espaço tridimensional (Goswami et al. 2013; Clément, 2003).

A alta incidência de intolerância ortostática pode ser o resultado da alteração

hemodinâmica cerebral em voos espaciais levando alguns astronautas a apresentarem pré-

sincope (Blaberet al. 2011; Goswami et al. 2013). Essa intolerância é na verdade um

problema do sistema de controle cardiopostural que engloba o controle de volume sanguíneo,

controle barorreflexo, efetividade da musculatura esquelética, auto-regulação cerebral,

descondicionamento cardíaco e muscular, e controle sensório-motor (Blaberet al. 2009). O

sistema cardiovascular consegue se ajustar, dentro de poucas horas, após entrar em

microgravidade. Essa adaptação ao ambiente de gravidade reduzida causa

descondicionamento cardiovascular que podem ser notados imediatamente após a reentrada

em ambiente terrestre.

O sistema musculoesquelético sofre descondicionamento devido a mudanças no

metabolismo em consequência da ausência de gravidade, perda crônica de cálcio e diminuição

drástica do estresse causado pelo impacto (Goswami et al. 2013; Clément, 2011). E por fim, o

equilíbrio térmico, a termorregulação e os ritmos de temperatura circadiana são alterados

durante os voos espaciais reais e simulados, devido a mudanças na transferência de calor (área

de superfície corporal de troca de calor atenuada), deslocamento de fluido para o núcleo

central, alterações no sistema nervoso autônomo e alterações no metabolismo e na

composição corporal (Goswami et al. 2013).

Diante das breves mudanças fisiológicas apresentadas acima, pode-se dizer que a atividade

física é considerada necessária para manutenção da aptidão física durante as missões

espaciais. As contramedidas adotadas até os dias de hoje nas estações espaciais e em órbita

fornecem informações importantes sobre estímulos capazes de impactar na regulação da

homeostase de diversos sistemas. Os tópicos abaixo dão ênfase nos sistemas cardiovascular,

muscular e esquelético em situações reais e simuladas de ambientes microgravitacionais.

3.3.1 O SISTEMA MUSCULAR EM MICROGRAVIDADE

A carga imposta pela gravidade no corpo humano ajuda na manutenção da homeostase

corporal e a ausência dela coloca os músculos e ossos em situação de uso reduzido. Em

missões espaciais de longa duração, o descondicionamento muscular pode limitar a

capacidade de trabalho da tripulação, além de ser negativo na transição de gravidade zero

(zero G) para gravidade terrestre (1G), devido à atrofia e fraquezas musculares. Os músculos

29

anti-gravitacionais, mais conhecidos como posturais, devem sua importância e força à

gravidade (Pompero, 2003). Como os músculos correspondem a cerca de 40% da massa

corporal, mudanças no peso durante e após uma viagem espacial podem ser indicadores de

atrofia muscular (Pompero, 2003; Clément, 2011).

Um grupo de pesquisadores utilizou um Ankle Ergometer (dispositivo mecânico voltado

para estudos da biomecânica dos músculos da panturrilha expostos a microgravidade)

(Tognella et al, 1997) para avaliar os flexores plantares de quatorze cosmonautas antes e

depois da exposição a 90-180 dias de voo espacial, com o objetivo de investigar mudanças em

força, velocidade e rigidez de músculos, tendões e articulações. Os resultados mostraram uma

redução de 17% no torque de isometria máxima, 31% na velocidade máxima de

encurtamento, 39% na ativação muscular máxima, 21% de diminuição na rigidez pós voo e

aumento de 25% na rigidez do tendão muscular (Lambertz et al., 2001).

Trappe e colaboradores (2009) avaliaram 9 tripulantes da International Space Station (ISS)

que passaram por um regime de seis meses de exercícios (5h/semana exercícios aeróbios e 3-6

dias/semana de exercícios de resistência para membros inferiores, segundo o artigo). As

análises musculares foram feitas 40 dias antes da missão e quatro dias após o retorno. O

volume muscular da panturrilha diminuiu 13±2%, o Sóleo apresentou uma atrofia 15±2%

maior que o gastrocnêmio, pico de força muscular diminuiu 32% após missão, velocidade

caiu de -20% para -29%, houve diminuição de fibras do tipo I e redistribuição de fibras de

contração rápida no gastrocnêmio e sóleo. Para continuar a observação de mudanças causadas

à nível celular, Widrick et al. (1999) avaliaram 4 astronautas após 17 dias de voo espacial,

mostrando uma diminuição no diâmetro de fibras do tipo I de 8%, redução de 15% na área de

secção transversa da fibra, reduzindo a capacidade de produção de força em 21% (declínio no

pico de Ca2+).

Por fim, em estudos de acamamento (bed rest), juntamente com exercício, Mulder et al

(2015) avaliaram a eficácia de um regime de exercícios diários nomeado LRT- locomotion

replacement training (agachamento, saltos e flexão plantar), em dez indivíduos divididos em:

sem exercício (SE) e com exercício (CE), que consistia em LRT ou 25min em pé (EP) por

cinco dias de acamamento (bed rest) a inversão postural de 6°. Foi identificada uma redução

na área de secção transversa (AST) dos extensores de joelho e flexores plantares de 2-3% para

o grupo SE e CE-EP, e não houve alteração para CE-LTR. A força de extensão isométrica de

joelho diminuiu 8% para SE, manteve-se para CE-EP, e aumentou 12% para CE-LTR. Força

isométrica de flexores plantares, ativação neural e capacidade de fadiga dos extensores de

30

joelho mantiveram-se inalterada para todas as condições.

3.3.2 O SISTEMA ÓSSEO EM MICROGRAVIDADE

A remodelação óssea é essencial para a “saúde do osso” e acontece graças aos processos de

formação dos osteoblastos e reabsorção pelos osteoclastos. Esse tecido é um sistema orgânico,

dinâmico e sensível a doenças e lesões (Rossi, 2008). Segundo Shang (2013), na presença da

microgravidade, há mudança nas estruturas e funções dessas células ósseas, incluindo

morfologia, citoesqueleto, crescimento celular e diferenciação. Além disso, a formação óssea

reduzida pelos osteoblastos e a reabsorção óssea aumentada pelos osteoclastos são induzidas,

causando um grande desequilíbrio na remodelação óssea.

O efeito osteopênico do voo espacial começou a ser observado nas missões Vostok II e III

devido ao aumento da excreção de cálcio na urina de cosmonauta, o que aumenta a incidência

de formação de urolitíase (para analisar a incidência de urolitíase é necessário estimar a

supersaturação de compostos formadores de pedra presentes na urina e assim como uma

análise química da mesma) (Colleranet al. 2000). Foi o que descobriu Smith et al. (1999) ao

examinar dois cosmonautas e um astronauta antes, durante e após missão espacial (115 dias –

MIR 18). Os pesquisadores observaram que a ingestão e absorção de cálcio estavam 50%,

diferente da reabsorção óssea e excreção de cálcio pela urina que se encontravam 50%

aumentadas, totalizando uma perda de 250mg de cálcio por dia durante a missão.

Os experimentos usando ratos em suspensão caudal mostraram que a manutenção do osso

também depende da correta distribuição, pressão e fluxo do sangue. Doty (1990) fez um

experimento com 5 ratos Wistar expostos a 12,5 dias de voo espacial, mostrando uma

diminuição no número de complexos de Golgi em ratos expostos ao ambiente

microgravitacional de 11,3±6,1 de complexos por célula em comparação aos ratos controle

em cativeiro com uma média de 14,4±3,4 complexos por célula. Os autores sugerem que o

voo espacial cria uma diminuição de energia dentro dos osteoblastos alterando a síntese de

colágeno.

Em seu estudo, Sibongaet al (2007) analisaram coluna vertebral, trocânter, pélvis, colo do

fémur, lombar e calcâneo em 45 astronautas que tripularam uma missão de longa duração (> 4

meses), a perda de massa óssea variou entre 2% a 9% em todos os ossos analisados, os

autores afirmaram que são necessários cerca de nove meses para restaurar 50% da perda óssea

e três anos para ter uma recuperação total.

Um estudo com 14 tripulantes em uma missão espacialcom duração de 6 meses avaliou a

densidade mineral óssea (DMO) em área (aDMO) e volume cortical e trabecular (vDMO) do

31

quadril e coluna, os resultados mostraram uma diminuição de 0,9%/mês, na coluna, 1,4-

1,5%/mês no quadril e 0,9%/mês após 4, 5 e 6 meses de período de voo (aDMO). Perda de

vDMO total na coluna de 0,9% e vDMOtrabecular diminuiu 0,7% por mês. No quadril

vDMO cortical e trabecular 1,2% - 1,5% e 2,2 – 2,7% respectivamente (Lang, 2004).

3.3.3 O SISTEMA CARDIOVASCULAR EM MICROGRAVIDADE

O sistema cardiovascular envolve muitos subsistemas que interagem uns com os outros, e,

com outros sistemas fisiológicos para assegurar a homeostase geral. Em microgravidade, há

uma perda do gradiente de pressão hidrostática nos sistemas venoso e arterial, fazendo com

que o sangue seja deslocado da parte inferior para o tórax e cabeça, aumentando a quantidade

de sangue dentro do coração. Em resposta a isso, o coração aumenta a quantidade de sangue

bombeado e inicia uma redistribuição e diminuição do volume plasmático. Essa diminuição

de volume plasmático aumenta os níveis de hematócritos, a secreção de eritropoietina diminui

e a massa absoluta de glóbulos vermelhos também é diminuída. Esses mecanismos

compensatórios acontecem para retornarem o volume venoso central, débito cardíaco e

volume sistólico aos valores pré voo. Longas exposiçõesaoambiente de microgravidade

também reduzem a capacidadeaeróbiacausando descondicionamento cardiovascular pós-voo

(Santos e Bonamino, 2003; Hargens, 2009; Clément, 2011; Vaquer e Mesquida, 2013).

Uma hipóteselevantadaporHargens e Watenpaugh (1996) mostra que a remoção da

compressão vascular, exercidapelosórgãos, causaria diminuição das pressõesintravasculares,

levando a redução da pressãovenosa central. A ausência da gravidade provoca a inibição dos

reflexos induzidos pelo barorreceptor, resultando em grandes mudanças na distensão

necessária para induzir as mesmas alterações na frequência cardíaca em micro ou

hipogravidade comparado com a gravidade da Terra. Consequentemente, observa-se uma

redução da resistência vascular sistêmica e uma ligeira diminuição da pressão arterial durante

o voo espacial. (Vaquer e Mesquida, 2013; Russomano, 2012; Clément, 2011).

Uma avaliação de massa e volume do ventrículo esquerdo (VE) e ventrículo direito

(VD)foi realizada por Dorfman e colaboradores (2007) em 24 mulheres saudáveis após 60

dias de acamamento com inversão posturas de 6º (headdown-tiltbedrest). As voluntárias

foram divididas em grupo controle (1), grupo exercício (que realizaram exercícios em uma

esteira vertical em câmara de pressão negativa a 40-80% do volume de O2 (Oxigênio)

consumidopré-acamamento e treino de resistência com Flywheel) (2) e grupo suplementado

de proteína e aminoácido de cadeia ramificada (BCAA) (3). O Grupo 1 mostrou redução no

volume de VE (96±26 para 77±25 ml; P=0.03) e VD (104±33 para 86±25 ml; P=0.02), massa

32

de VE (2.2±0.2 para 2.0±0.2 g/kg; P=0.003) e VD (0.8±0.1 para 0.6±0.1 g/kg; P<0.001), no

Grupo 2 não houveram mudanças no volume de VE e VD, mas houveram aumentos

significativos na massa do VE (1.9±0.4 para 2.3±0.3 g/kg; P<0.001) e VD (0.7±0.1 para

0.8±0.2 g/kg; P=0.002), já o Grupo 3 não apresentou redução na massa do VE e VD mas

houveram diminuições no volume de VE (103±14 para 80±16 ml; P=0.02). Esse estudo levou

os pesquisadores à conclusão de que o uso de suplementação combinado com exercícios

físicos poderia ser uma potente contramedida para evitar o descondicionamento

cardiovascular.

Um estudo recrutou uma série de participantes onde, 8 homens sedentários foram expostos

a 6 (n=5) e 12 (n=3) semanas de acamamento (bedrest) horizontal e 4 astronautas expostos a

eliminação completa dos gradientes hidrostáticos durante voo espacial de 10 dias. Dentre as

amostras coletadas destaca-se a análise da massa muscular do ventrículo esquerdo (VE).

Durante 6 semanas de acamamento (bedrest) houve diminuição de massa do VE de 8.0±2.2%

(p=0.005), com uma atrofia adicional de 7.6±2.3% em 12 semanas e após 10 dias de voo

houve diminuição de massa do VE de 12±6.9% (p=0.07). Os autores sugerem um

remodelamento fisiológico em respeito às mudanças de carga, mostrando a redução de

trabalho do miocárdio induzida por um ambiente de microgravidade real ou simulado

demonstra a plasticidade do músculo cardíaco sob condições adversas (Perhonen et al, 2001).

3.4 A MARCHA HUMANA

A locomoção é uma forma eficiente e única de sobreviver no reino animal, permitindo

escapar do perigo ou perseguir uma presa e buscar um clima melhor. Nós, seres humanos, nos

locomovemos usando as pernas, o que não é muito eficaz devido ao continuo

reposicionamento do pé no chão e a consequente desaceleração, mas, com a vantagem de que

elas permitem a mudança brusca de direção, saltar obstáculos, escalar, entre outras

características (Saibene, 2003).

Caminhar e correr são movimentos básicos presentes no dia-a-dia do homem e por mais

comuns que pareçam são movimentos muito complexos. Eles podem ser descritos usando

dois modelos simples: um pêndulo invertido e uma mola. A marcha humana é um processo de

locomoção onde o corpo ereto em movimento é primeiramente apoiado por uma perna e logo

pela outra. O ato de andar é caracterizado pela ação de forças contínuas de reação do solo que

apoiam o corpo e pelo movimento periódico de cada um dos pés durante cada fase de apoio.

Os músculos se contraem em cada etapa para mover os segmentos corporais na sequência

33

correta, e o trabalho é feito pela interação de energias mecânicas, potencial, cinética e elástica.

(Vaughan, 1992; Saibene, 2003).

“A locomoção humana envolve a transferência de um centro de massa (COM) através de

uma determinada distância. O ciclo da marcha descreve os parâmetros de tempo e espaço que

ocorrem nas distintas atividades de caminhada e corrida. Os membros inferiores do corpo

experimentam ambos os períodos de apoio e balanço, mas o tempo de contato destas fases de

apoio e balanço diferenciam as duas tarefas de caminhada e corrida” (Dicharry, 2010). O

padrão de marcha humana pode ser associado ao movimento de uma roda, pois o padrão

cíclico do movimento é repetido diversas vezes, passo após passo.

A Marcha é dividida em duas fases, a fase de apoio (pés no chão) e a fase de balanço (onde

o pé não está mais em contato com o chão e a perna correspondente está se deslocando para

frente preparando-se para o próximo passo). A fase de apoio, por sua vez, é subdividida em

três partes: Primeiro apoio duplo, onde os dois pés estão em contato com o chão; Apoio

simples, quando o pé direito está apoiado e o pé esquerdo está em movimento; e Segundo

apoio duplo, quando os pés estão novamente em contato com o solo (Figura 3) (Vaughan,

1992).

Figura 3 - Fases de apoio e balanço da marcha, juntamente com as subdivisões da fase de apoio e os oito

ciclos de toda a Marcha.

Fonte: Adaptado de Vaughan (1992).

Segundo Dicharry (2010) e Vaughan (1992) a marcha humana pode ser subdividida em

oito ciclos, onde cinco deles acontecem na fase de apoio (Figura 4): contato inicial, onde o

ciclo se inicia e é representado o ponto em que o centro de gravidade do corpo está na posição

mais baixa; resposta a carga, onde a superfície plantar toca o solo; apoio médio, onde o pé em

movimento passa o pé de apoio e o centro de gravidade está na posição mais alta; postura

final, quando o calcanhar perde o contato com o solo; e, por fim, pré-balanço, onde temos o

34

término da fase de apoio e o pé deixa o chão. E os outros três estão compreendidos na fase de

balanço: balanço inicial ou aceleração, a qual começa quando o pé deixa o chão ativando os

músculos flexores do quadril; balanço médio que acontece quando o pé passa pelo outro

apoiado coincidindo a fase de apoio médio do outro pé; e a fase de balanço final ou

desaceleração, onde os músculos agem desacelerando o movimento e preparando o próximo

pé para o contato inicial.

Figura 4 - Ciclo da marcha onde é possível notar a predominância da fase de apoio (60%) em relação a fase

de balanço (40%).

Fonte: Adaptado de Vaughan (1992).

Cerca de 60% do tempo é gasto durante a fase de apoio e os outros 40% são gastos durante

a fase de balanço em um ciclo normal de marcha. Ao contrário de caminhar, correr possui

características reversas onde, menos de 40% do tempo é gasto na fase de apoio e mais de 60%

é gasto na fase de balanço. Na corrida, o aumento do comprimento da passada é associado ao

aumento na velocidade e limitado pelo comprimento da perna e da habilidade para realizar a

passada. Apesar da cadencia poder ser treinada, é um impacto direto no contato com o solo e a

força de reação do solo atuando no corredor, refletem que uma cadência preferencial pode ser

escolhida para conter as forças de impacto e taxas de carga (Dicharry, 2010).

3.4.1 LOCOMOÇÃO EM HIPOGRAVIDADE

A gravidade é uma força onipresente que desenvolve um papel essencial na vida e

desenvolvimento neuromuscular durante o movimento, isso implica em orientação espacial,

tonificação da musculatura antigravitacional e regras de movimentação em um campo

gravitacional. Como os humanos nasceram e se desenvolveram sob a aceleração constante

dessa força, o sistema nervoso central, presumivelmente percebe a gravidade como um

parâmetro constante, por isso, para estudar a marcha hipogravidade estando na Terra a

35

comunidade cientifica depende do desenvolvimento de simuladores de marcha em

hipogravidade (como pode ser visto no tópico 3.6) esses dispositivos mostram como pode ser

o comportamento da fisiologia e biomecânica em um ambiente extraterrestre (Newman and

Alexander, 1993; Grambelli et al., 2016).

Em um ambiente com hipogravidade real, como a Lua (0,16 G), astronautas adotaram uma

forma de incomum de marcha chamada de looping, que nada mais é que um salto sem troca

de base como em uma marcha normal. Isso gera questionamentos como: Quais as mudanças

no padrão de marcha humana causadas pela redução na força gravitacional? (Grambelli et al.,

2016).

Pavei e colaboradores (2015), fizeram uma comparação entre o salto (skipping) e a corrida,

para isso, construíram um sistema de suspensão corporal para simulação de marcha em

hipogravidade e analisaram o gasto metabólico e a biomecânica da locomoção. O estudo

mostrou que o skipping em gravidade lunar é metabolicamente mais econômico que a corrida

em Terra, aproximando-se aos valores da caminhada em Terra. Outro estudo de Pavei e

Minetti (2015) também mostra que o skipping é metabolicamente caro em Terra, mas, esse

gasto é reduzido consideravelmente com a gravidade reduzida tanto em Marte quanto em Lua.

Corroborando com os estudos de 1992 feitos por Farley, et al (1992), que descobriram que

com uma redução de 75% houve uma redução do consumo de energia em 72% na corrida e

33% na caminhada.

3.5 PLATAFORMAS DE FORÇA

A plataforma de força é um dispositivo capaz de medir as forças aplicadas em sua

superfície durante qualquer tipo de apoio, permitindo a caracterização biomecânica de cada

força. Para isso, o dimensionamento, transdutores e método de aquisição de dados deve ser

desenvolvido de acordo com o tipo de análise (Oliveira, 2011; Urquiza, 2007). Essas

plataformas medem as três componentes das forças de reação do solo e cada um de seus

sensores é capaz de registrar a força aplicada nas direções médio-lateral (X), ântero-posterior

(Y) e vertical (Z) (Barela & Duarte, 2011).

O centro de pressão pode ser obtido a partir das componentes das forças de reação do solo

e das componentes do momento de força. Ele é o ponto de aplicação das forças verticais que

agem sobre a superfície do suporte e refere-se a uma medida de posição definida por duas

coordenadas na superfície da plataforma que são identificadas em relação à orientação do

indivíduo que se encontra sobre a plataforma (Barela, 2011).

36

A força aplicada na superfície é detectada pelos sensores e os sinais elétricos são

amplificados filtrados e armazenados em um microcontrolador. Para que a aquisição e

processamento de dados aconteçam, as informações adquiridas pela plataforma passam por

um condicionador de sinais, em seguida por um conversor A/D, até chegar ao computador.

3.5.1 CÉLULAS DE CARGA

Esse componente é um dos mais importantes transdutores, medindo deformações

ocasionadas por diversos tipos de forças. Sendo assim, podemos classifica-la como“um

transdutor que converte força mecânica em variações de resistência elétrica devido à

deformação de extensômetros colados em uma peça metálica (alumínio, aço liga ou aço

inoxidável), denominada corpo da célula de carga”. O corpo da célula de carga é inteiramente

solidário a deformação, transmitindo-a aos extensômetros que, por sua vez, medem a

intensidade dessa força. Os extensômetros baseiam-se na variação da resistência ôhmica de

seus sensores, e cada célula de carga, comumente, possui quatro extensômetros,

compreendendo a ponte completa de Wheatstone (Urquiza, 2005; Barela, 2011; Oliveira,

2011).

3.5.2 EXTENSÔMETROS

Um extensômetro, nada mais é que, um medidor de deformação axial e transversal através

de rosetas de 90°.Esses componentes de resistência elétrica, são pequenas grades formadas

por finas lâminas metálicas que são coladas a superfície de um corpo. Sua resistência varia

entre 120 ou 350 Ω e em usos especiais 500 e 1000 Ω. As cargas mecânicas aplicadas a ele

provocam deformações que são transmitidas a grade. A sensibilidade desses materiais leva a

mudança na resistência elétrica do extensômetros em função da carga induzida a ele (Dally et

al., 1991Urquiza, 2005; Fraga, 2013).

Seu princípio de operação é baseado na relação entre deformação mecânica e resistência

elétrica dos condutores, pois, um condutor tem sua resistência alterada quando sofre algum

tipo de tensão mecânica. A Equação 5, abaixo, representa a resistência elétrica R de um

condutor metálico homodêneo de comprimento L, área A e resistividade elétrica p, sendo

(Urquiza, 2005):

𝑹 =𝒑∗𝑳

𝑨 (5)

A variação da resistência elétrica ∆R, pela resistência elétrica do fio R, quando em função

dos parâmetros K (constante característica do extensômetro) e Ꜫ (deformação específica

37

(m/m) do fio), pode ser dada pela Equação 6, abaixo. Está sendo denominado de fio, o

condutor da grade de medida de extensômetro (Urquiza, 2005).

∆𝐑

𝑹= 𝐊Ꜫ (6)

Esses extensômetros sofrem variação de sua resistência elétrica, para isso, são conectados

em um circuito tipo ponte de Wheatstone para obtenção de saída desse sinal em desequilíbrio,

essa ponte de Wheatstone é um circuito essencial a operação de um transdutor extensométrico

(Urquiza, 2005).

3.5.3 PONTE DE WHEATSTONE

Em 1843, o físico inglês Sir Charles Wheatstone desenvolveu um circuito elétrico com fios

dispostos em forma de ponte. Esse circuito mede a resistência elétrica dos fios a ele

conectados, independentemente de sua instabilidade. O circuito de ponte de Wheatstone

(Figura 5) é ideal para medir as alterações de resistência, capacitâncias e indutâncias

(impedâncias) e variações relativas que ocorrem no extensômetros. Esta ponte, recebendo

uma alimentação de 10 a 12 Vcc e o desbalanceamento da mesma, em virtude da deformação

dos extensômetros, é proporcional a força que a provoca. É através da medição deste

desbalanceamento que se obtém o valor da força aplicada (Doebelin, 1990; Urquiza, 2005;

Fraga, 2013).

Figura 5 - Ponte de Wheatstone.

Fonte: Adaptado de Fraga (2013).

3.6 SISTEMAS DE SIMULAÇÃO DE MARCHA EM HIPOGRAVIDADE

Desde a ida do primeiro homem à Lua até os dias de hoje, as pesquisas sobre o ambiente

extraterreste e seus efeitos sobre a fisiologia humana vem aumentando cada vez mais. Para

isso, projetos são testados em Terra utilizando simuladores de microgravidade para

comprovar e avaliar seu funcionamento antes de serem acrescentados em missões. Uma das

38

formas mais utilizadas para estudar o comportamento do corpo em ambientes hipogravidade é

a simulação da marcha nesse ambiente. Para isso, inúmeros protótipos foram desenvolvidos

tentando alcançar a simulação mais fidedigna possível, como é mostrado na figura 6.

Figura 6 - Sistemas de simulação de marcha. (a;b) Sistema Vertical descrito por Cavagna et al, 1972;

Donelan e Kram, 1997; Donelan e Kram, 2000. (c;d) Sistema de Suspensão Corporal (BWS) Lateral descrito por

Bogdanov, 1971; Genc, 2006. (e) Sistema de Suspensão Horizontal descrito por Perusek, 2007. (f) Sistema de

Deambulação Passiva para Simulação de Gravidade descrito por Lu et al, 2009; Lu et al, 2011; Ma e Wang,

2012.

Fonte: Adaptado de Sylos-Labini (2014).

39

Donelan e Kram (1997, 2000) desenvolveram um sistema de suspensão (Reduced Gravity

Simulator – RGS) que exerce uma força ascendente constante ao tronco do indivíduo, através

de uma sela construída, a partir de um assento de bicicleta anexado a um suporte de tubos de

plástico em forma de U. Para simular o peso em certo ambiente gravitacional, foi usado um

sistema de amortecimento por mola, cabos e roldanas. Três anos depois, esses autores

trocaram a sela por um cinto Harness. Os outros componentes do sistema eram uma esteira

ergométrica, plataforma de força, os fios de suspensão eram ligados a um carrinho que se

deslocava horizontalmente composto de uma polia de rolamento. O sistema faz uma

suspensão através de roldanas, cabos e molas, diferentemente de outros sistemas que usam

contrapesos para esse fim. Salisbury et al (2015) mostraram em seu estudo a percepção

subjetiva de dor e conforto dos 11 sujeitos de pesquisa em um sistema de suspensão vertical

por cintos, onde as médias para dor e conforto em Lua e Marte, respectivamente, foram

5,73±2,57 e 1,64±0,50 (marte) 7±2,28 e 1,55±0,68 (Lua).

O centro de pesquisa Glenn (NASA) e colaboradores realizaram o projeto “Exercise

Countermeasures Project” com o objetivo de desenvolver o enhanced Zero-Gravity

Locomotion Simulator (eZLS), que consiste em um sistema de suspensão para manter o

sujeito em decúbito dorsal; uma esteira vertical composta de uma mesa de mais ou menos 8

rolamentos de ar; uma interface para exibir dados de forças de reação vindos da plataforma de

força; e 4 molas isoladoras imitar a dinâmica em órbita. Esse dispositivo foi desenvolvido

para simular a marcha em hipogravidade ajudando na manutenção da saúde e segurança das

tripulações de astronautas e a próxima geração de exploradores espaciais. Ele permite também

o desenvolvimento e validação de dispositivos avançados de contramedidas e criar requisitos

e prescrições de exercícios para diminuir os efeitos fisiológicos prejudiciais do voo espacial

de longa duração. Os pesquisadores realizaram um teste de conforto para avaliar dois tipos de

cintos o US Harness e o CCF Prototype Harness, 6 sujeitos foram suspensos e deveriam

correr por 3 minutos com 50, 75 e 100% do peso corporal e através de uma escala analógica

visual onde o lado esquerdo continha a palavra “No Pain (Sem dor)” e o lado direito “ Worst

Imaginable Pain (Pior dor imaginável)” avaliando o nível de conforto nas categorias: pescoço,

quadril, ombros, costas, cintura e geral. Os resultados mostraram que o US Harness se

mostrou mais desconfortável para ombros, costas e pescoço, enquanto que o CCF Prototype

Harness mostrou-se desconfortável apenas para costas e quadris. Os autores concluem que

ainda precisam de mais testes para melhorar a questão do conforto durante a suspensão e os

testes (Perusek, 2007).

40

A imersão subaquática é uma técnica que também já foi utilizada para simulações de

marcha com diminuição do peso aparente, devido ao fenômeno do empuxo de Arquimedes.

Um underwater body for gait simulation (UGS) foi desenvolvido por um mestrando na

University of Maryland com o objetivo de simular a marcha com mudança de peso aparente

através do empuxo em diferentes ambientes gravitacionais. A composição do sistema se dá

por uma esteira ergométrica modificada para submersão, uma plataforma estacionaria para

fixar a esteira, um sistema de lastro para manter o sujeito na esteira, suprimento de ar. O

problema encontrado para simulação foram as forças de arrasto que, durante o exercício,

geram forças opostas ao movimento, mudando parâmetros fundamentais para análise

científica (Mirvis, 2011).

Em 2014, o Laboratório de Engenharia Aeroespacial do Centro de Microgravidade da

PUCRS desenvolveu uma Câmara de Pressão Positiva(CPP) para simulação da marcha em

ambientes de hipogravidade. Esse sistema é composto de um soprador; sensores de pressão,

umidade, temperatura; células de carga; válvulas de emergência; microcontrolador, circuito de

emergência; interface humana e coleta de dados; estrutura metálica; câmara principal em

PVC; esteira ergométrica; short de Neopreme. O objetivo do desenvolvimento da CPP é servir

de alternativa para diminuir o peso aparente do sujeito, através da pressão positiva, sobre um

sistema de exercícios físicos, gerando um ambiente de hipogravidade para estudos em

fisiologia aeroespacial. As limitações observadas no sistema se dão pelo fato de que, a forma

como o sujeito é suspenso causa grande pressão na virilha, podendo gerar alterações

fisiológicas ou biomecânicas durante o teste devido ao desconforto (Disiuta, 2014).

Com a finalidade de criar um sistema capaz de ajudar na reabilitação de atletas com lesões

em membros inferiores Jordan e Colaboradores (2017) criaram uma esteira vertical com um

sistema de simulação de marcha em posição horizontal (Figura 7). O sistema de suspensão é

composto por cabos presos aos membros inferiores e um banco com inclinação a 40° e 70° ea

esteira não é motorizada. O artigo não oferece informações mais claras sobre a parte

eletrônica do sistema e não informa também, se existe um sistema de mensuração de Forças

de Reação ao Solo (FRS). Um ponto interessante para questionar esse sistema seria se o apoio

dos membros superiores em um banco inclinável diminui o impacto pelas forças de reação ao

solo causadas pela marcha, por não deixar o corpo livre para dissociação normal de quadril

diminuindo a mobilidade da marcha? Para responder essa pergunta, seria interessante realizar

um teste comparativo entre a suspensão livre com colete e cabos e a suspensão com apoio em

banco fixo.

41

Figura 7 - Esteira vertical com apoio em banco inclinável, VertiRun.

Fonte: Adaptado de Jordan et al (2017).

A Tabela 1 apresenta um quadro comparativo dos sistemas desenvolvidos para simulação

da marcha em hipogravidade, incluindo características e limitações.

Tabela 1 - Tabela comparativa entre estudos com simuladores de marcha em ambientes de gravidade

reduzida.

Sistema

Posição da

esteira

ergométrica

Sistema de

suspensão Limitações

Coleta de forças

de reação

RGS

(1997,

2000)

Horizontal Roldanas e cinto

Harness

Desconforto e

dores causados

pela suspensão

Plataforma de força

eZLS

(2007) Vertical

Cabos e Colete –

Suspensão

Horizontal

Desconforto

causado pelo cinto

em ombros,

pescoço, quadril e

costas

Quadro de forças

de reação

UGS

(2011) Horizontal Empuxo Forças de arrasto (Não ficou claro)

CPP

(2014) Horizontal

Pressão Positiva e

Short – suspensão

vertical

Desconforto e

dores causados

pela suspensão

Células de Carga

42

Fonte: A Autora (2016).

3.6.1 SIMULADORES DE MARCHA EM HIPOGRAVIDADE NA REABILITAÇÃO

Para que seja possível simular marcha em hipogravidade estando em Terra, a comunidade

cientifica vem desenvolvendo sistemas de suspensão corporal que permitem a diminuição do

peso aparente. Essa suspensão corporal pode ser feita por meio de coletes, pressão positiva

(Disiuta, 2014), submersão total ou parcial em meio líquido (Mirvis, 2011), Suspensão

corporal vertical (Donelan e Kram, 1997 e 2000), Suspensão corporal horizontal (Perusek,

2007; Jordan, 2017) entre outros, podendo adotar posição vertical, horizontal ou inclinada,

juntamente com uma esteira ergométrica e tem como objetivo suspender o voluntário e

colocá-lo sobre a mesma.

Esses simuladores permitem não só a ampliação do conhecimento sobre a fisiologia e

biomecânica aeroespacial como também auxiliam no processo de reabilitação neuromuscular

de crianças e adultos com Paralisia Cerebral (PC) (Matsuno et al. 2010; Cernack et al, 2008),

pacientes que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC) (Ortoboni et. al, 2002; Eng, J.J;

Tang, P. F, 2007; McCain, K.J et al., 2008), Lesão Medular (LM) (Dutra et al., 2013), pessoas

em reabilitação de traumas em membros inferiores (Jordan et al. 2017), entre outras

patologias que dificultem capacidade de executar a marcha.

Os benefícios de utilizar um sistema de suspensão corporal para simulação de marcha estão

no fato de que tais sistemas são capazes de reduzir o peso aparente. É o que mostra o estdo de

Finch e colaboradores (1999) onde gatos adultos com lesão medular completa submetidos a

estimulados a andar com treino locomotor com suporte de peso corporal (TLSP), conseguiram

dar passos com as patas traseiras em sete meses de treino locomotor. Mostrando que o

movimento continuo da esteira juntamente com a repetição das passadas podem ser os

responsáveis por estimular os circuitos neurais de controle locomotor ou gerador central de

padrões a nível medular (Finch et al, 1999; Dutra et al, 2013; Capaday, 2002).

Esse aprendizado motor é capaz de trazer melhoras biomecânicas nos membros inferiores

aumentando a amplitude de movimento, força e estabilidade para executar a marcha e

proporcionando um novo padrão de marcha principalmente por meio de plasticidade neural.

Ou seja, a repetição pode melhorar o output motor promovendo a ativação do sistema

Vertirun

(2017) Vertical

Banco inclinável e

Cabos nos membros

inferiores

Esteira não

motorizada. (Não ficou claro)

43

neuromuscular com o objetivo de treinar novamente o sistema nervoso recuperando tarefas

motoras especificas (Behrman et al, 2007; Mulroy et al, 2010, Dutra et al, 2013).

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Para desenvolvimento do Sistema de Simulação de Marcha em Hipogravidade (SSMH),

foram dados vários passos desde sua idealização até os testes finais para validação do sistema.

Esses passos foram:

Levantamento bibliográfico sobre fisiologia aeroespacial; simuladores de marcha em

gravidade reduzida já desenvolvidos e que mais se assemelham ao protótipo proposto;

Identificação e Adaptação dos equipamentos necessários para desenvolvimento do protótipo

funcional; Idealização do sistema de controle; Integração dos componentes eletrônicos e

mecânicos; Teste dos componentes eletrônicos; Integração do sistema; Teste funcional do

sistema integrado.

4.1 SISTEMA DE CONTROLE EM MALHA ABERTA

Para possibilitar a simulação de ambientes gravitacionais, foi utilizado um sistema de

controle em malha aberta. Esse sistema de controle não possui realimentação, ou seja, quando

aplicado um sinal de controle na entrada do sistema é esperado que a variável da saída

consiga atingir um determinado valor ou comportamento desejado. Sendo assim, a entrada

não depende da saída.

O controle realizado no SSMH consiste em determinar o ambiente e peso do voluntário

nesse ambiente, acionar o sistema de simulação de ambiente, receber os dados das células de

carga relacionados ao peso aplicado pelo voluntário na plataforma, visualizar tais dados no

display e caso esses dados estejam corretos, iniciar os testes. Caso contrário, as alterações

devem ser feitas no sistema de simulação de ambiente para que o voluntário alcance o peso

proposto (Figura 8).

Figura 8 - Sistema de controle em malha aberta do SSMH.

Fonte: A Autora (2017).

44

4.2 IDENTIDFICAÇÃO E ADAPTAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

Nesse capítulo serão apresentados os subsistemas que compõem o Sistema de Simulação

de Marcha em hipogravidade.

4.2.1 A ESTRUTURA

A estrutura mecânica utilizada no presente estudo já era existente no Laboratório de

Engenharia Aeroespacial da PUCRS (Dalmarco, 2006), a qual consiste em uma estrutura

piramidal cuja base tem comprimento de 3000mm por largura 2260mm e a altura da estrutura

é de 2000mm e é feita em barras de aço de carbono de 60mm x 30mm e espessura de parede

de 1,5mm (Figura 9).

Figura 9 - Estrutura Piramidal desenvolvida para a simulação de ressuscitação cardíaca em microgravidade.

Fonte: Dalmarco (2006).

Para possibilitar o desenvolvimento do projeto, foi soldado um suporte vertical, de mesmo

material, para fixar a esteira ergométrica adequadamente, permitindo diversificar a utilização

nesta estrutura (Figura 10). Essa esteira poderá ser removida sempre que preciso, deixando

apenas o suporte o qual foi projetado de modo a não atrapalhar as coletas de dados do sistema

de simulação de massagem cardíaca em hipogravidade, por exemplo.

45

Figura 10 - Sistema de Simulação de Marcha em Hipogravidade (SSMH).

Fonte: A Autora (2017).

4.2.2 A SUSPENSÃO

Para permitir a suspensão horizontal do sujeito, foi criado um sub-sistema de suspensão

composto por um colete imobilizador KED (Kendrick Extrication Device), quatro pares de

fitas tubulares com dois metros de comprimento (cada), três pares de cordas elásticas de

12mm e dois metros de comprimento (cada) e seis suportes cabide de 70mm x 50mm.

O colete KED (Figura 11a) foi projetado para imobilizar toda a coluna utilizado

geralmente para vítimas de trauma que precisam ser imobilizadas. Possui alças de nylon e

revestimento interno de tacos de madeira maciça que garante firmeza e resistência do

equipamento, respeitando as curvaturas da coluna e servindo de apoio da cabeça até a cintura

pélvica. Este colete tem 82cm de comprimento por 82 cm de largura e é capaz de suportar até

120kg (Biotecmed, 2017; APH, 2017).

Figura 11 - (a) Colete de imobilização dorsal KED; (b) Fitas Tubulares.

Fonte: A Autora (2017).

Para garantir a suspensão, foram adaptadas quatros pares de fitas tubulares (utilizadas em

esportes de aventura como o rapel) com resistência de até 16 kN (Figura 11b) e dois metros de

comprimento (cada) que foram presas ao colete KED e aos suportes cabide. Para que isso

(a) (b)

46

fosse possível, quatro pares de mosquetões ovais e em aço carbono com acabamento

bicromatizado; trava de rosca; resistência longitudinal de 25kN e dimensões de 10,9 cm de

altura x 5,7 cm de largura (Figura 12), foram costurados no colete KED e fixados nos suportes

cabide.

Figura 12 -Mosquetão oval em aço carbono com resistência de 25kN.

Fonte: A Autora (2017).

Conectando pernas, coxas e braços, três pares de corda elástica de 12mm (Figura 13), com

capacidade de 2200kgf com dois metros de comprimento, cada, foram adaptadas a estrutura

ligando os membros citados aos suportes cabide.

Figura 13 - Cordas Elásticas de 12mm.

Fonte: A Autora (2017).

Seis suportes em formato de cabide (Figura 14), feitos em barras de aço de carbono de

70mm x 50mm e espessura de parede de 2,25mm,foram fixados na parte superior da estrutura

piramidal.

47

Figura 14 - Suportes cabide.

Fonte: A Autora (2017).

4.2.3 A SIMULAÇÃO

Para simulação de Terra, Marte e Lua, foram utilizados seis pares de cabos elásticos de

6mm, um dinamômetro e dois pares de mosquetões ovais em aço (dois ligados ao colete e

dois ligados a esteira). A balança de medição de força com capacidade de até 100kg, utilizada

neste projeto, pode ser considerada um tipo de dinamômetro. Um dinamômetro (Figura 15)

usa a deformação linear de uma mola para medir força, podendo ter valores expressos em

Newtons (N) ou quilograma-força (kgf) (Serway e Jewett, 2015).

Figura 15 - Dinamômetro ou Balança Dinamométrica.

Fonte: A Autora (2017).

Os cabos possuem cobertura em poliéster trançado com boa resistência a abrasão, alma em

borracha natural de multifilamentos. Foram utilizados 24 metros de cabo elástico de 6mm de

espessura (Figura 16), com capacidade de 650 kgf.

48

Figura 16 - Cabos Elásticos 6mm.

Fonte: A Autora (2017).

4.2.4 A ESTEIRA ERGOMÉTRICA

Para a simulação da marcha em ambiente de hipogravidade, foiadaptada uma esteira da

marca Polimet modelo EP-1600, motor de 1,6 hp (CC), tensão bivolt (127/220v), capacidade

de indivíduos de até 110 kg, velocidade de até 9 km/h, dimensões de 66cm de largura, 133 cm

de altura e 130cm de comprimento (Figura 17a). Essa esteira foi fixada na estrutura triangular,

em posição vertical através de um suporte soldado na estrutura piramidal (Figura 17b).

Figura 17 – a) Esteira Ergométrica; b) esteira fixada na estrutura.

Fonte: A Autora (2017).

4.2.5 A PLATAFORMA DE FORÇA

Uma plataforma de força, uni vetorial, foi utilizada para medir a força do impacto da

pisada durante a coleta de dados. Esse dispositivo tem a finalidade de coletar esses dados para

mostrar as forças de reação da pisada com o solo em diferentes ambientes. As dimensões

estimadas da plataforma de força a ser acoplada ao sistema deve ser de aproximadamente

95cm de comprimento por 33cm de largura, que corresponde a área da lona da esteira

ergométrica.

(a)

(b)

(a)

49

Um sistema de medição composto por quatro HX711 (amplificador e conversor de 24 Bits)

e por um MSP430F2619 foi responsável pela medição das células de carga. Um rádio Xbee-

S2C transmitirá os dados coletados a uma taxa de até 80 amostras/segundo.

4.2.5.1 As Células de Carga

Foram utilizadas quatro células de carga de meia ponte (Figura 18), onde cada uma tem a

capacidade de medição de até 50 kg as quais serão combinadas para aumentar a capacidade de

carga em até 200 kg. Em liga de alumínio, dimensões de 28 x 28 x 7mm e peso de 20g, possui

potência nominal de 1,0 ± -,1 mV/V; margem de erro de 0,2%; resistência de entrada e de

saída de 1000 ± 50 Ω. Possui três fios com modo de conexão: Vermelho positivo; Branco

negativo; Preto positivo.

Figura 18 - Células de Carga.

Fonte: A Autora (2017).

4.2.5.2 O Layout da Placa de Circuito Impresso

Para o desenvolvimento da placa de circuito impresso foi utilizado o software Altium

Designer, desenvolvido pela empresa Altium. A escolha do software se deu pela versatilidade,

recursos disponíveis e confiabilidade, dando total liberdade de desenvolvimento e

dimensionamento de componentes. Outro ponto importante desse software é a utilização de

componentes DMS (Dispositivos Montados em Superfície) garantindo a exatidão nas

medidas, a qual é imprescindível (Lira et al, 2013; DatasheetAltium Designer, 2016).

4.2.5.3 O Microcontrolador MSP430F2619

O microcontrolador utilizado foi o MSP430F2619 (Figura 19), uma CPU de 16 bits da

Texas Instruments (Texas, 2015). Esses microcontroladores possuem baixo consumo (0,1µA

50

para retenção de dados na RAM, 0,8 µA para funcionamento no modo de relógio de tempo

real e 250 µA/MIPS em funcionamento normal); Baixa tensão de operação (a partir de

1,8Volts até 3,6Volts); Conjunto de instruções ortogonais (disponibilidade de qualquer modo

de endereçamento para qualquer instrução); Arquitetura RISC (número reduzido de

instruções, 27 físicas e 24 emuladas); Grande quantidade de periféricos; Facilidade de

gravação e de depuração (interface Joint Test ActionGroup, ou JTAG, que permite ao

programador fazer a gravação e a depuração diretamente na placa); São disponíveis em

diversos tipos de encapsulamento (Pereira, 2005; Texas, 2015).

O MSP430 é uma poderosa ferramenta. “Sua arquitetura RISC combina um conjunto

reduzido de instruções com uma arquitetura de barramento clássica Von Neumann,

permitindo que a CPU possua um espaço único de endereçamento de memória”. O MSP430

possui um grande número de periféricos internos capazes, por exemplo, de realizar a leitura

de células de carga (conversores A/D de 12 bits) além de diversos tipos de portas de

comunicação, entre elas a USART, utilizada para se comunicar com o XBee (Pereira, 2005;

Texas, 2015).

Figura 19 - Microcontrolador MSP430F2619.

Fonte: Texas Instruments (2016).

4.2.5.4 O Módulo HX711

O módulo HX711 (Figura 20) foi projetado para ler e condicionar o sinal de duas células

de carga e digitalizar esses sinais em um único componente podendo ser utilizado em

aplicações como balanças, sensoriamento de peso e controle de processos industriais. Utiliza

como base o chip HX711 responsável por digitalizar os sinais de leitura dos extensômetros

para posteriormente serem processados. Os pontos relevantes para utilização desse

componente são: Conversor interno A/D de 24 bits; Tensão de referência interna; Seleção de

ganho dos amplificadores programáveis (GAP) entre 32, 64 e 128; Interface de comunicação

serial simples (similar a uma porta SPI); Oscilador incluso no próprio dispositivo; Baixo

51

consumo de energia, na faixa de 1,5 mA (em operação normal); Tensão de operação entre 2,6

– 5,5 Volts (Datasheet HX711, 2016).

Figura 20 - Módulo HX711.

Fonte: A Autora (2017).

4.2.5.5 O Módulo ZigBee

A tecnologia ZigBee designa um conjunto de especificações para a comunicação sem fio

entre dispositivos eletrônicos, com ênfase na baixa potência de operação, baixa taxa de

transmissão de dados e no baixo custo de implantação. Tal conjunto de especificações define

camadas do modelo OSI subsequentes àquelas estabelecidas pelo padrão IEEE 802.15.4. Esse

módulo ZigBee XBee S2C (Figura 21) possui características como: Alcance de até 100m em

ambiente fechado ou urbano; potência de transmissão 1mW; Baixo consumo de energia na

ordem de 10 µA em condições normais; Tensão de utilização 2,8 a 3,4 V; Comunicação serial

via USART; Módulo compacto e antena integrada; Simples configuração dos módulos e da

rede de comunicação dos mesmos; Topologia em estrela; Banda de frequência de operação

2,4 Ghz (Digi, 2016).

52

Figura 21 - Módulo ZigBee XBee S2C.

Fonte: A Autora (2017).

4.2.6 A COMUNICAÇÃO

Para maior mobilidade e praticidade, o sistema de comunicação é sem fio via

radiofrequência. Para recepção de dados do microcontrolador do sub-sistema de força foi

utilizado mais um módulo ZigBeeXBee S2C fabricado pela DigiInternational Inc. (Digi,

2016), um módulo microcontrolador MSP430F2274 fabricado pela Texas Instruments Inc.

(Texas, 2015), e um Display LCD 16x2 fabricado pela Xiamen Amotec Display CO., LTD

(Datasheet Display LCD, 2017) fixados em uma placa de circuito impresso desenhada com

Altium Designer (DatasheetAltium Designer, 2016). Essa PCI, possui ainda, uma entrada

USB fêmea mini para transferência de dados para o computador.

4.2.6.1 O Display LCD

Para visualização dos dados recebidos da plataforma de força, foi utilizado um Módulo

LCD No. ADM1602K-NSW-FBS/3.3V (Figura 22), com 16 caracteres e duas linhas; 4-bit ou

8-bit MPU interface; controlador ST7066 embutido; Modo de exibição e variações de luz

negra; Compatível com ROHS (Datasheet Display LCD, 2017).

Figura 22 - Display LCD.

53

Fonte:https://www.felipeflop.com.br/produto/display-lcd-16x2-backlight-azul/. Acessado em: 08 de ago.

2017.

4.2.6.2 O Microcontrolador MSP430F2274

Este microcontrolador é escravo do sistema de medição de carga e tem a finalidade de

indicar as leituras feitas nas células de carga (Figura 23). Possui características como: Baixa

tensão de operação 1,8V a 3,6V; Baixo consumo, modo ativo 270µA a 1 MHz 2,2V, modo

standby 0,7µA e modo off (retenção de RAM) 0,1µA; Arquitetura RISC 16-bit; Dois

amplificadores operacionais configuráveis; Módulo de emulação On-Chip; Memória flash de

32KB + 256B e 1KB RAM.

Figura 23 - Microcontrolador MSP430F2274.

Fonte: Texas Instruments (2016).

4.3 DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

Este capítulo foi destinado para descrição do desenvolvimento dos materiais e

equipamentos componentes do Sistema de Simulação de Marcha em Hipogravidade (Figura

24).

Figura 24 - Diagramas de bloco do funcionamento do Sistema de Simulação de Marcha.

Fonte: A Autora (2017).

54

4.3.1 ESTRUTURA METÁLICA

Estrutura piramidal cuja base tem comprimento de 3000mm por largura 2260mm e a altura

da estrutura é de 2000mm e é feita em barras de aço de carbono de 60mm x 30mm e espessura

de parede de 1,5mm. Quatro cubos de 53x50cm foram fixados aos pés da estrutura para

melhorar a estabilização da mesma (Figura 25).

Figura 25 - Desenho assistido por computador da estrutura metálica.

Fonte: A Autora (2017).

4.3.1.1 Desenho assistido por computador da soldagem feita na estrutura metálica

Foram necessários 13 metros de tubo metalon, com 70mm x 50mm com 2,25mm de

espessura de parede, para desenvolvimento e soldagem do suporte para a esteira ergométrica e

suportes cabide para suspensão. Desses 13 metros foram cortados: 1 tubo de 70cm para a

parte superior de fixação da esteira; 1 tubo de 170cm para parte inferior de fixação da esteira;

2 tubos de 80cm para dar suporte a barra de 170cm responsável pela fixação inferior da

esteira; 2 tubos de 50cm para estabilizar os dois tubos de 80cm descritos acima; 2 tubos de

25cm para fixar a barra de 170cm responsável pela fixação inferior da esteira (Figura 26).

55

Figura 26 - (a) tubo de 170cm para parte inferior de fixação da esteira;(b) tubos de 50cm para estabilizar os dois

tubos de 80cm; (c) tubos de 80cm para dar suporte a barra de 170cm; (d) tubos de 25cm para fixar a barra de

170cm; (e) tubo de 70cm para a parte superior de fixação da esteira; (f) suportes cabide 60cm; (g) suportes

cabide 80cm.

Fonte: A Autora (2017).

Para que a suspensão do sujeito fosse possível, 4 tubos de 60cm e 2 tubos de 80cm foram

cortados e usados como suporte para suspensão. Para fixar, de forma segura, esses suportes, 6

cubos vazados de 7,4x8,4cm foram montados e soldados na parte superior do suporte. Esses

cubos possuem um parafuso, que, quando apertado, trava os suportes cabide (Figura 27).

Figura 27 - Cubos vazados.

Fonte: A Autora (2017).

A

B

C

D

E F

E

G

E

56

4.3.2 A SUSPENSÃO CORPORAL

Sete barras de aço carbono (4 barras de 60cm e 2 barras de 80cm) foram fixadas na parte

superior da estrutura piramidal, similar a uma espinha de peixe. Esses cintos serão atados no

colete. Cinco suportes estarão localizados na região do tórax (cabeça, ombros, braços e

cintura), um na altura da coxa e um na altura da perna (Figura 28).

Para dar maior mobilidade ao movimento de pernas e braços do voluntário, foram

colocadas fitas com velcro no bíceps, coxa e perna e, conectando os velcros aos suportes,

foram adaptados três pares de cordas elásticas de 12mm e dois metros de comprimento (cada).

O colete KED foi adaptado com ganchos para que os cintos liguem sujeito e estrutura. Esse

colete é independente da estrutura e o sujeito terá que vesti-lo antes de começar o teste.

Figura 28 - Localização dos suportes em relação ao corpo humano e em relação ao colete KED.

Fonte: A Autora (2017).

4.3.2.1 Peso suportado pela estrutura

Levando em consideração os pesos suportados por cada material utilizado tanto na

suspensão quanto na estrutura (Tabela 2), é possível definir uma carga máxima levando em

consideração o peso suportado por todos os componentes. O componente que suporta

menores cargas é a esteira ergométrica (110kg). Afim de não colocar nenhum equipamento

em situação de carga máxima e consequentemente manter a segurança de todo o sistema e dos

voluntários, a carga máxima que será colocada no SSMH será de 100kg.

57

Tabela 2 - Descrição de cargas suportadas por cada material presente no SSMH.

MATERIAL PESO SUPORTADO

Células de Carga 50kg cada (200kg total)

Colete KED 120kg

Esteira Ergométrica 110kg

Mosquetão Oval 25kN cada

Fitas Tubulares 16kN

Cordas elásticas (12mm) 2200kgf

Cordas elásticas (6mm) 650kgf

Fonte: A Autora (2017).

4.3.2.2 Simulação de ambiente gravitacional

O sistema de simulação de marcha em hipogravidade tem como uma das finalidades,

simular Lua, Marte e Terra. Para isso, vinte e quatros metros de cabo elástico de 6mm foram

utilizados para simular os diversos ambientes. Esses cabos foram cortados em seis pares de

dois metros (cada). O uso dos cabos varia de acordo com o peso do sujeito e o ambiente a ser

simulado, ou seja, quanto maior o peso a ser simulado, maior a quantidade de cabos fixados

entre esteira e sujeito.

Os cabos foram presos ao colete KED por meio de mosquetões, a outra ponta dos cabos

foram unidas e presas a um único mosquetão, e esse, preso ao dinamômetro localizado atrás

da esteira, os cabos foram tensionados ou afrouxados de acordo com o ambiente proposto e o

peso apresentado pelo dinamômetro. O dinamômetro serve para garantir que a força peso

dada pela plataforma de força é o mais próximo possível do esperado. É importante ressaltar

que, após a calibração da plataforma de força (que deverá ser feita antes do início de cada

coleta), o dinamômetro pode ser retirado não tendo a necessidade de permanecer conectado

aos cabos durante as coletas.

O sistema de controle para simulação de ambiente será em malha aberta onde o sinal de

entrada é independente do sinal de saída. Espera-se que o sinal de saída apresente os valores

desejados sem que seja preciso utilizar esses valores para modificar a entrada.

58

4.3.3 PREPARAÇÃO DAS CÉLULAS DE CARGA

Antes da instrumentação da plataforma de força, foi necessário preparar a célula de carga

(Figura 29) para que ela pudesse ser fixada entre o tubo metalon e o solo da esteira. Essa

fixação foi precisa para que a célula de carga ficasse próxima o suficiente da esteira afim de

captar as forças de reação da pisada.

Figura 29 - Fixação da célula de carga em uma placa de MDF com fitas metálicas.

Fonte: A Autora (2017).

Para fixar a esteira na estrutura, foram colocados quatro parafusos próximos a cada pé da

esteira. Esses parafusos permitem criar um espaço entre o tubo metalon e o solo da esteira

para que as células de carga sejam posicionadas. Como esses dispositivos possuem apenas

7mm de espessura, foram coladas a uma placa de MDF de 1 cm de espessura (Figura 30) e

colocadas entre esteira e estrutura com uma fita dupla face.

59

Figura 30 - Posicionamento da placa de MDF com a célula de carga na estrutura.

Fonte: A Autora (2017).

4.3.4 INSTRUMENTAÇÃO DO SUB-SISTEMA DE FORÇA

Quatros células de carga com meia ponte e capacidade de 200kg (no total) foram fixadas

em cada pé da esteira, ligadas a uma placa de circuito impresso contendo quatro módulos

HX711 (um para cada célula de carga), um microcontrolador MSP430F2619 e um módulo

ZigBee Xbee S2C.

Por possuírem apenas dois extensômetros, com configuração de meia ponte, se fez

necessário a adição de dois resistores em cada módulo HX711 para completar o circuito de

Wheatstone das quatro células de carga presentes no sistema. Esses resistores foram fixados

nas portas “VCC”, “INA-“ e “GND” da placa HX711 (Figura 31).

O sinal vindo da célula de carga chega pelas entradas INA+ e INA- do HX711, essas

portas são as mais recomendadas pois podem ser programadas com um ganho de 128 ou 64

correspondente a uma tensão de entrada de ± 20mV ou ± 40mV, respectivamente, quando

uma fonte de 5V está conectada ao pino de alimentação analógico AVDD. Esse sinal passa

por um amplificador programável de baixo ruído e um conversor A/D de 24 bits responsável

por digitalizar o sinal já amplificado. Depois de tratado, o sinalsaí pela porta “Dout” para o

microcontrolador MSP430F2619 (Figura 32). Esse processo foi responsável pela filtragem,

amplificação e digitalização de uma única célula de carga.

(a) (b)

60

Figura 31 - Diagrama de Blocos da integração da célula de carga com o HX711.

Fonte: Datasheet HX711 (2016).

O sinal digitalizado chega ao MSP430F2619 pelas entradas P1.5, P4.4, P5.5 e P5.6, uma

entrada para cada HX711. O clock de cada HX711 foi colocado no mesmo pino P5.4 para que

fossem sincronizados. O MSP430 realiza a leitura do sinal digitalizado e amplificado vindo

do modulo HX711 integrando os quatro sinais. Em seguida, transfere os dados através de

comunicação cruzada até o ZigBee pelas portas de comunicação USART, ou seja, o MSP430

e o Modulo ZigBee comunicam-se pelas portas P3.7, P3.6 (MSP430) e Rx, Tx (ZigBee). Esse

sistema foi alimentado por uma fonte de 5V de tensão. A comunicação e todo a

instrumentação da plataforma de força pode ser vista na Figura 30.

Figura 32- Esquema elétrico da instrumentação da plataforma de força.

Fonte: A Autora (2017).

61

Para fins de calibração das células de carga e equilíbrio da Ponte de Wheatstone, foi

montado um circuito em protoboard onde as quatro células de carga foram instrumentadas,

mas sua calibração foi feita de forma individual. Para ajuste do potenciômetro e equilíbrio das

células de carga, foi utilizado um multímetro da marca FLUKE modelo 117 com medida de

tensão em mV. A calibração foi realizada através do ajuste do ganho de saída, onde foram

adicionadas cargas conhecidas. Foram utilizadas anilhas de ferro com massa de 6,2kg,

medidas por uma balança doméstica da marca Geom B530. Essa massa, gerou um sinal de

saída, medido pelo multímetro, com valor de 62mV, ou seja, 100g/mV.

Após a calibração, os componentes foram instrumentados na placa de circuito impresso

usinada pela prototipadora CNC para circuito impresso modelo LPKF ProtoMAt S103 do

Laboratório de Ensino e Pesquisa da PUCRS. Uma placa contendo os quatro módulos

HX711, o microcontrolador e o módulo ZigBee, foram o suficiente para receber o sinal das

quatro células de carga (Figura 33).

Figura 33 - PCI da plataforma de força instrumentada.

Fonte: A Autora (2017).

4.3.5 INSTRUMENTAÇÃO DO SUB-SISTEMA DE COMUNICAÇÃO

O sub-sistema de comunicação é composto por um módulo ZigBee S2C, o qual se

comunica com o módulo ZigBee S2C da placa presente na plataforma de força via

radiofrequência. Ao chegarem no módulo ZigBee, esses dados são transferidos ao

MSP430F2274 através das portas USART de comunicação cruzada, ou seja, o MSP430 e o

Modulo ZigBee comunicam-se pelas portas P3.5, P3.4 (MSP430) e Rx, Tx (ZigBee) (Figura

34).

Recebido os dados, por ser um microcontrolador escravo do sistema de medição de carga,

o MSP430F2274 tem a finalidade de indicar as leituras feitas nas células de carga. O display

62

LCD é ligado ao microcontrolador através de suas portas “RS” e “E” nas portas P3.6 e P3.7

do MSP430.

Os pinos DB0-DB7 presentes no display e responsáveis pela transferência de dados com o

MSP430F2274. Onde de B0 a B3, possuem quatro linhas de baixa ordem de barramento de

dados de três estados e não operam a 4-bit, e B4 ao B7 possuem quatro linhas de alta ordem

de barramento de dados de três estados e são usados para comunicação com CPU. Esses pinos

estão diretamente ligados ao MSP430 por suas portas P4.0 até P4.7.

Esse sistema foi alimentado por uma fonte de 5V de tensão e seu esquema elétrico pode ser

visto na Figura 35.

Figura 34 - Esquema elétrico da instrumentação do Sub-sistema de comunicação.

Fonte: A Autora (2017).

4.3.5.1 Software de Aquisição de Dados

Para aquisição e armazenamento de dados, foi desenvolvido um software capaz de coletar

os dados adquiridos e gerar um arquivo em formato .txt para análise dos mesmos.

4.3.6 FONTE DE ALIMENTAÇÃO

Para alimentar o circuito elétrico tanto da plataforma de força quanto do sub-sistema de

comunicação, foi necessário o desenvolvimento de uma fonte de alimentação

aproximadamente 5V (Figura 35), já que essa é a tensão mais alta apresentada em todo o

circuito, e uma corrente de até 1,5 mA. Sendo assim, foi necessário a utilização de um

63

conversor chaveado CC-CC PT78ST105 conectado a fonte de 24 V, responsável por gerar a

saída de 5V. Essa saída de tensão foi ideal para alimentar o display LCD com corrente de mA

ideal para consumo, o HX711 com 1,5mA de corrente ideal para consumo. Para gerar uma

saída de 3,3, foi utilizado um CC-CC PT78ST133 também conectado a fonte de 24 V. Essa

saída de tensão serviu para alimentar o ZigBee com corrente de 10 µA ideal para consumo e o

MSP430F2619 e o MSP430F2274 250 µA de corrente ideal para consumo.

Figura 35 - Fonte de alimentação.

Fonte: A Autora (2017).

4.3.7 CIRCUITO DE EMERGÊNCIA

Para garantir a segurança do participante, em relação ao sistema de suspensão corporal,

durante as pesquisas, em caso de qualquer emergência, um botão de parada estará posicionado

ao alcance do voluntário e que, quando acionado, têm a finalidade de para o movimento da

esteira, desabilitando seu comando. O botão utilizado para esse fim é um botão da marca

SCHMERSAL E2-40/03 opaco em policarbonato/poliamida com 30% de fibra de vidro, com

vida mecânica de 5x104 operações, com acoplamento RMF-02 e bloco de contato CLP em

termoplástico, vida mecânica de 5x104 operações, com conector tipo parafuso e ambos

resistentes ao choque e a vibração (Schmersal E2-40/03, 2017).

4.4 O VOLUNTÁRIO E A RELIZAÇÃO DOS TESTES

Para validação do SSMH como um todo, será necessário a realização de testes com

humanos para avaliação de comunicação entre CPU da plataforma de força e CPU de

recebimento de dados tentando minimizar ao máximo os erros e melhorar a eletrônica do

64

sistema; desconforto gerado pelo sistema de suspensão para que os testes não sejam

comprometidos caso algum voluntário venha a desistir por dor ou desconforto; segurança

geral, avaliando tanto a parte mecânica quanto elétrica para que a saúde e integridade física de

voluntários e pesquisadores não seja comprometida durante as pesquisas e também, para

tentar

4.4.1.1 Posicionamento e segurança do voluntário durante os testes

Uma maca de 89cm de altura por 198cm de comprimento e 60cm de largura será

posicionada na direção dos suportes cabide para que o voluntário deite e as fitas e cordas

sejam fixadas ao colete KED e as faixas localizadas no bíceps, coxa medial e perna. A altura

da maca é a mesma altura que o voluntário permanecerá em suspensão. Após a fixação das

fitas a maca será retirada e um colchão inflável de casal da marca Bestway com o peso

máximo suportado de 295kg e com medidas de 0,22m de altura, 1,37m de largura e 1,91m de

profundidade, será colocado no chão, abaixo do voluntário para que, em casos de falha na

suspensão e eventuais quedas, o colchão amorteça o impacto com o chão e, pelo largura e

profundidade, tente evitar que o voluntário bata alguma parte do corpo no chão.

Alguns materiais para o desenvolvimento do SSMH foram escolhidos por serem utilizados

em situações que exigem segurança e precisão. Como por exemplo, esportes de aventura

como rapel, bungee jump, etc (fitas tubulares, mosquetões ovais e cordas elásticas), com

grande capacidade de sustentar peso (25kN) e impactos, e resgate de vítimas de trauma que

precisam ser imobilizadas e carregadas até um veículo ou local para atendimento (Colete

KED).

4.4.1.2 Conforto durante os testes

Para avaliar o conforto do sistema de suspensão durante os testes será utilizada a Escala

Analógica Visual ou Visual Analog Scale (VAS) para mensurar dor e conforto que podem ser

geradas pelo colete durante os testes assim como feito no estudo de Perusek (2007), onde os

autores avaliaram o conforto dos cintos e de todo sistema de suspensão nas regiões dos

ombros, pescoço, quadril, lombar, pernas e braços utilizando uma escala analógica visual

(como citado no item 3.6 dessa dissertação).

Bijur e colaboradores (2001) fizeram um estudo onde avaliavam a confiabilidade do VAS

mostrando que o mesmo é altamente confiável para medição de dor aguda. Sendo assim, o

VAS será utilizado para mensurar dor e conforto na região dos ombros, pescoço, quadril,

lombar, pernas e braços após o teste em cada ambiente para que seja possível analisar tanto o

65

conforto do colete e do sistema de suspensão, quanto o conforto em relação a cada ambiente

simulado. Essa escala consiste em uma linha horizontal onde o lado esquerdo contém a

palavra “No Pain (Sem dor)” e o lado direito “ Worst Imaginable Pain (Pior dor imaginável)”

e os vountários devem apontar onde encontram-se no momento.

4.5 INTEGRAÇÃO E VERSÃO FINAL DO SISTEMA

Com a integração de todo o sistema é possível obter o peso aparente do voluntário em

Terra, Marte e Lua. Para isso, são necessários alguns passos desde a chegada do voluntário ao

laboratório até o fim do experimento. Serão necessários, pelo menos, dois pesquisadores, um

para operar o sistema eletrônico e um para operar o sistema mecânico e ajudar o voluntário.

Os passos são:

• Após assinar o Termo de Consentimento, o voluntário é medido e pesado e veste o colete

KED e deita na maca que estará localizada abaixo da suspensão. O pesquisador prende os

mosquetões com fitas vermelhas ao colete KED e as cordas elásticas, também com

mosquetões, as faixas localizadas nas pernas, coxas e braços. Após esse passo, o pesquisador

verifica todos as fitas e cordas para garantir que todas estejam presas e niveladas;

• Com o voluntário suspenso, o pesquisador responsável por operar o sistema eletrônico

seleciona-se o ambiente inicial;

• O pesquisador responsável pelo sistema mecânico tensiona os cabos utilizando o

dinamômetro como guia para calibração da plataforma de força. Ao tensionar o cabo, o

voluntário é pressionado levemente junto da esteira, essa pressão é captada pelas células de

carga, que enviam um sinal para o sistema eletrônico repensável por processar esses dados. O

pesquisador visualiza esses dados e, caso não sejam os valores esperados, muda a tensão dos

mesmos até que os valores ideais para cada ambiente sejam alcançados pela plataforma de

força. Após isso, o dinamômetro é retirado e os cabos permanecem presos a esteira;

• Ao alcançar tal ambiente, o teste pode ser iniciado.

• Em caso de problemas com o voluntário ou o sistema como um todo, um botão de

emergência poderá ser pressionado causando o desligamento da esteira e o teste é

interrompido.

4.6 ORÇAMENTO FINAL DO SSMH

Um dos objetivos dessa dissertação foi desenvolver um protótipo funcional com materiais

de baixo custo, para isso, a Tabela 3 apresenta os valores de cada componente e ao fim, o

valor total que foi destinado ao projeto.

66

Tabela 3 - Descrição e valores dos materiais utilizados no SSMH.

MATERIAL FORNECEDOR QUANTIDADE VALOR

UNIDADE

VALOR

TOTAL

Esteira ergométrica Life

Zone 1660 dobrável e

bivolt

Loja virtual shoptime 1 unidade R$ 849,99 R$ 849,99

Células de Carga 50kg Loja virtual Eletrogate 4 unidades R$ 18,90 R$ 75,60

Módulo A/D 24 bits

HX711

Loja virtual Auto Core

Robótica 4 unidades R$ 18,90 R$ 75,60

Módulo Digi XBee

802.15.4 – Antena Wire –

Low Power

Loja virtual XBee

Store 2 unidades R$ 151,47 R$ 302,94

Fita Tubular 25kN Loja virtual Alpimonte 16 metros R$ 6,90

(metro) R$ 110,40

Corda elástica 12mm Loja virtual Casa das

Cordas 12 metros

R$ 5,50

(metro) R$ 66,00

Cabo elástico 6mm Loja virtual Armazém

Naval 24 metros

R$ 6,00

(metro) R$ 144,00

KED imobilizador dorsal

adulto

Loja virtual

Biotecmed 1 unidade R$ 179,90 R$ 179,90

Dinamômetro 100kg Loja virtual Agroline 1 unidade R$ 35,00 R$ 35,00

Tubos Metalon 70x50mm Loja virtual Tubonasa 3 unidades (6

metros cada) R$ 138,00 R$ 414,00

TOTAL R$ 2253,45

Fonte: A Autora (2017).

Com a finalidade de comparar os preços de outros sistemas de simulação de marcha em

esteira ou piso fixo com suspensão corporal para diminuição do peso corporal, foi realizada

uma pesquisa online utilizando os termos: Unweighing System; Suporte de peso corporal para

treino de marcha; Underwater treadmill systems; Simuladores de marcha com suporte de peso

corporal. Com isso, foram selecionadas cinco marcas que possuíam sistema de suspensão

corporal voltados para fitness e reabilitação.

67

Tabela 4 - Comparação de valores de alguns sistemas de suspensão corporal que estão no mercado.

MARCA CARACTERÍSTICAS VALORES

Biodex Suporte para suspensão corporal; controle

para elevação elétrica; Harness; leitor digital;

ajustável para adultos e crianças; treinamento

para o terapeuta; 1 ano de garantia; Sem

esteira.

USD 24700,00

Physiogate Suporte para suspensão corporal; Harness;

Display com informações de peso corporal e

descarga de peso em cada membro; Sem

esteira.

USD 9999,00

Glidecicle Suspensão por cintos e com uma espécie de

banco; suporte com rodas.

USD 1649,00

AquaCiserIII Esteira; Tanque para água com todo aparato

necessário para o funcionamento do mesmo;

painel Touch Screen; Variações de programa

na esteira; Usado para fitness e reabilitação;

Instalação; 1 ano de garantia.

USD 106326,00

Usilever Suporte para suspensão corporal; controle

para elevação elétrica; Harness; Sem Esteira;

1 ano de garantia.

R$ 7200,00

Fonte: A Autora (2017).

Como pode ser visto na Tabela 4, de oito marcas pesquisadas apenas cinco delas possuíam

informações sobre valores. Dessas cinco marcas, apenas a AquaCiserIII possui todo sistema

completo e já vem com a esteira ergométrica adaptada para água. As marcas Usilever, Biodex

e Physiogate possuem apenas o suporte para suspensão, Harness, elevação eletrônica e leito

digital, mas, não vem acompanhadas de esteira ergométrica. E por fim, a Glidecicle que é

apenas um suporte para suspensão corporal com rodas, banco e guidão imitando uma

bicicleta.

O SSMH apesar de simples, desempenha as funções básicas como suspensão, simulação de

marcha em diferentes ambientes, plataforma de força e leitura digital das células de carga, e é

composto por uma esteira ergométrica, um colete KED, uma plataforma de força, um leitor

digital de cargas, conjunto de cabos e cintos para suspensão e simulação de ambiente. Os

68

materiais utilizados nesse projeto foram escolhidos de acordo com o melhor custo benefício.

E, é possível aprimorar ainda mais o sistema sem aumentar absurdamente o orçamento final.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Esta seção apresenta os testes realizados para fazer a coleta de resultados e as discussões

das análises descritas nessa dissertação.

5.1 TESTE DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

Para validação do Sistema de Simulação de Marcha em Hipogravidade, foi necessária a

realização de teste funcionais nos componentes eletrônicos e em estruturas de grande

importância para o sistema. A plataforma de força foi testada juntamente com o sub-sistema

de comunicação e simulação e, a estrutura foi testada juntamente com a suspensão corporal. A

frequência de amostragem da plataforma de força variou de 0 a 80 amostras por segundo,

podendo estar mais alta ou mais baixa dependendo do teste realizado. O objetivo dessa

oscilação foi para testar o sub-sistema de aquisição de dados que está interligado

funcionalmente com o sub-sistema de comunicação e armazenamento de dados.

5.1.1 A ESTRUTURA, SUSPENSÃO CORPORAL

Para testar a suspensão corporal e seus componentes, foi utilizado um manequim de

simulação de massagem cardíaca de aproximadamente 15kg. Esse manequim foi vestido com

o colete KED (Figura 36a) e preso a estrutura (Figura 36b). Após estar preso a estrutura, um

nível com ampola foi colocado em cima de seu tronco para que fosse possível ajustar todas as

cordas na mesma altura

Figura 36 - (a) Manequim simulador massagem cardíaca vestido com colete de imobilização dorsal KED; (b)

Manequim preso a estrutura.

Fonte: A Autora 2017.

(b) (a)

69

5.1.2 CALIBRAÇÃO

O processo de calibração foi realizado com a utilização de uma balança doméstica. Esta

balança foi colocada sobre a plataforma e aplicou-se uma carga conhecida. Com a indicação

feita no display da balança corrigiu-se o valor indicado na plataforma de força. Uma vez feito

isto, fez a tara da plataforma de força. O sinal mostrado na figura mostra o valor inicial sem

carga. Os dois pequenos picos são a aplicação de dois pequenos toques necessários para

acordar a balança. Segue então a aplicação de uma carga de 23kg a qual pode ser lida no

gráfico. Ao final a carga é eliminada e a plataforma de força volta para a indicação de 0kg

(Figura 37).

Figura 37 -- (a) Balança doméstica marca Geom apoiada na esteira e recebendo compressão; (b) Gráfico da

calibração da plataforma de força da SSMH.

Fonte: A Autora (2017).

5.1.3 A PLATAFORMA DE FORÇA E O SUB-SISTEMA DE COMUNICAÇÃO

Para validação dos componentes eletrônicos do sub-sistema de força foi utilizada uma

técnica de simulação de forças aplicadas sobre a superfície da esteira com o uso de um saco

de boxe de aproximadamente 72kg. Para prender o saco, foram utilizados os cabos e ganchos

do sub-sistema de simulação. O saco foi pressionado contra a plataforma e mantido ali por

118s, obtendo 100 amostras a uma frequência de 1,2s. Esse teste foi chamado de “pressão

continua”.

0

5

10

15

20

25

1 8

15

22

29

36

43

50

57

64

71

78

85

92

99

Calibração

Pes

o(k

g)

Amostras (n)

b)

a)

a)

70

Fonte: A Autora (2017).

Para comparação, o mesmo procedimento foi adotado com uma balança da marca GEOM

para estipular o peso real do saco de boxe. Para análise dos dados recebidos pela plataforma

de força, foi utilizada uma planilha de cálculo, através de regressão linear por mínimos

quadrados. A Equação 8 foi utilizada para calcular o erro percentual entre a medida de peso

adquirida através da balança e a medida de peso adquirida pela plataforma de força.

𝑬𝒓𝒓𝒐 (%) = 𝑴𝒓𝒂−𝑴𝒂

𝑴𝒓𝒃 𝐱 𝟏𝟎𝟎 (8)

Onde Mra é o peso real adquirido pela balança digital multiplicado pela aceleração da

gravidade no ambiente simulado, Ma é o peso adquiro pela plataforma de força do SSMH e

Mrb é o peso real adquirido pela balança digital.

5.1.4 TESTE DE MARCHA

Com a finalidade de testar a plataforma de força em uma situação mais parecida com a

marcha, um motor que converte movimento rotacional em linear, assíncrono, fundido em liga

especial de alumínio, resistente a esforços intermitentes, modelo IP66 da MVL vibradores

industriais (Figura 38) com duas hastes e um pé mecânico em cada uma das pontas (Figura

39) foi preso próximo a esteira a uma distância que o pé mecânico articulado tocasse o solo

em todas as fases de apoio da marcha.

71

Figura 38 - Motovibrador IP66 MVL vibradores industriais.

Fonte: A Autora (2017).

Figura 39 - "Perna mecânica" para simulação de marcha.

Fonte: A Autora (2017).

O pé mecânico é articulado na região do tornozelo (Figura 40) para que, ao tocar a esteira,

ele deslize para que seja possível simular o toque inicial do pé com o solo durante a marcha e

também, analisar o tempo de toque de cada pé na esteira.

72

Figura 40 - Tornozelo articulado para simular o toque inicial do calcanhar na esteira durante a marcha.

Fonte: A Autora (2017).

Com um tacômetro, foi obtida a velocidade de rotação do motor para obter sua taxa

amostral (Equação 9) e sincronizar a velocidade de passada do motor com a velocidade da

esteira ergométrica. As leituras de dados feitas pelo conversor A/D foram de 10 amostras por

segundo.

𝑇𝑡𝑎𝑐ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 = 𝑛.1

𝑓𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑔𝑒𝑚 (9)

5.1.5 RESULTADOS DOS TESTES

Ao pesar o saco de boxe, a balança acusou um peso de 72 kg e, a média de peso

apresentada pela plataforma do SSMH foi de 74,47kg. Com uma taxa de amostragem de 1,2s

e tempo de coleta de 118,8s, foram coletadas aproximadamente 100 amostras entre elas,

amostras transitórias de colocação e retirada de peso da plataforma e tempo sem estímulo que

corresponde a segundos que antecedem e procedem o contato da massa de peso conhecido

com a superfície da esteira (Figura 41). Com esses dados sabemos que o Erro % do SSMH

encontra-se em 2,84 %.

73

Figura 41 - Gráfico de amostras por segundo no teste de pressão continua.

Fonte: A Autora (2017).

5.1.5.1 Resultado Teste de Marcha

Os testes foram realizados em duas situações, caminhada lenta (Figura 43) e caminhada

rápida (Figura 44). O teste de caminhada lenta durou quase um minuto e, com a frequência de

amostragem em 10 a 80 amostras por segundo, cerca de 500 amostras foram coletadas durante

o teste. Utilizando a equação 9, foi possível quantificar a rotação do motor da esteira a 50rpm

durante a coleta de dados.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97

Teste de pressão continua

Amostras (n)

Pes

o(k

g)

74

Figura 42 - Teste de marcha SSMH caminhada lenta

Fonte: A Autora (2017); Fay (2017).

O teste de caminhada rápida teve duração menor (em torno de 30 segundos) mantendo a

frequência de amostragem de 10 a 80 amostras por segundo e com o motor ainda a 50rpm,

onde aumentamos apenas a velocidade do motovibrador em relação ao teste anterior.

Figura 43 - Teste de marcha SSMH caminhada rápida

Fonte: A Autora (2017); Fay (2017).

5.2 CONCLUSÃO E DISCUSSÕES

Levando em consideração custo e tempo para execução do projeto como um todo, os

resultados mostraram que o erro percentual do SSMH foi de 2,84%, mantendo-se abaixo de

5%. Comparando esse sistema com a CPP (0,36 de erro percentual) e as balanças comerciais

que possuem um erro de 1% (Leite, 2017) podemos perceber que apesar de ser um sistema

75

simples, de baixo custo e protótipo primário, o erro da SSMH em 2,84 % não ficou muito

distante dos sistemas já validados.

Outro fato que deve ser levado em consideração é que, a balança comercial e a CPP estão

na posição horizontal e não precisaram de nenhum tipo de pressão ou tração para atingir o

peso aparente na gravidade terrestre, pois já estavam em posição privilegiada para o mesmo.

E ainda, o sistema da CPP foi aprimorado e encontra-se muito mais robusto devido aos seus

equipamentos mais precisos. Como o SSMH é um projeto de baixo custo, certos componentes

não puderam ser adquiridos em sua versão mais sofisticada, como por exemplo, as células de

carga.

No caso do SSMH, para que a plataforma de força entre em operação é necessário que o

sub-sistema de simulação e suspensão estejam funcionando adequadamente, conseguindo

manter qualquer massa pressionando a superfície da esteira pelo valor de Erro %, pois, devido

a posição vertical da esteira, só é possível causar algum tipo de pressão e estímulo na

superfície da esteira se houver um sistema que pressiona os objetos contra a esteira. No caso

do SSMH, esse sistema é composto por cordas elásticas que podem ceder dependendo do

tempo de exposição a certa tensão.

O teste de marcha foi realizado com uma frequência de amostragem de 10 amostras por

segundo. Em seu estudo, Chung (2000) realizou uma bateria de testes para analisar a cinética

e cinemática da marcha de 44 homens adultos utilizando duas plataformas de força a uma

frequência de 60Hz e seis câmeras. Além dos resultados esperados, o autor registrou uma

cadência de 128,7±7,7 passos/min. Levando em consideração esse número de passos já

registrado na literatura, assim como Cairns et al. (1986) em 124,8±5,4 passos/min, Kadaba et

al. (1989) em 111,6±8,3 passos/min e, por fim, Kerrigan et al. (1998) em 119,0±10

passos/min. Analisando o número de passos médio dado pelos participantes dos quatro

estudos, foi possível obter uma média de 2,01 passos por segundo, ou, duas amostras por

segundo.

Podemos concluir que apesar do erro percentual ser maior que o de balanças comerciais,

ele ainda se encontra em um limiar abaixo de 5%. Sendo assim, a plataforma de força foi

capaz de captar os sinais, ler, filtrar, amplificar, processar e transmiti-los de forma digitalizada

para transmissão desses dados em um display LCD do sub-sistema de comunicação, podendo

ainda, gravar esses dados para armazenamento em um computador. Ao submeter a suspensão

a tal massa de 72kg foi possível observar que o sub-sistema estrutural e de suspensão corporal

são capazes de suportar uma pessoa de aproximadamente 70kg em contato constante com a

76

esteira, e, corroborando com esse raciocínio, a Tabela 2 mostra a capacidade de carga de cada

material utilizado pela SSMH, podendo dizer que esse sistema é capaz de suportar cargas de

aproximadamente 100kg.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando comparado o erro% da CPP de 0,36% e o peso adquirido pelo SSMH com um erro

percentual de 2,84 % nota-se que ainda é necessário o maior aprimoramento do sistema como

um todo. A comparação com um sistema extremamente preciso como a CPP é necessária pois

quanto mais precisão, mais robustos serão os dados. Outros sistemas necessitam de

aprimoramento para que o sistema de simulação de marcha seja mais versátil e prático,

possibilitando pesquisas em outras áreas de conhecimento futuramente.

Os estudos de Chung (2000); Cairns et al. (1986); Kadaba et al. (1989); Kerrigan et al.

(1998) citados acima servem para justificar a utilização de uma zona de frequência amostral

de até 80 amostras por segundo. A análise dos testes desses autores foi feita utilizando dados

de análise de marcha de voluntários adultos, por isso a média de passos foi de 2

passos/segundo, ou seja, duas amostras por segundo. Ao definir uma taxa amostral de até 80

amostras/segundo torna o SSMH capaz de coletar dados em intensidades maiores de exercício

como no caso da caminhada rápida ou até mesmo corrida.

A multidisciplinaridade no campo da pesquisa e desenvolvimento de equipamentos e

soluções que contribuam com o bem-estar da sociedade tem sido cada vez mais notada. Os

campos da Engenharia, Medicina, Educação Física, Fisioterapia, Nutrição, entre outros, tem

acolhido e fomentado desafios interessantes com este fim. Para simular um ambiente com

gravidade reduzida no SSMH diminuímos a tração dos cabos elásticos diminuindo,

consequentemente, o peso aparente e a força de impacto no momento em que o pé toca a

superfície da esteira. Ao desenvolver um sistema desse tipo, amplia-se a variedade de

pesquisas que podem ser realizadas. A sarcopenia, osteopenia ou osteoporose, por exemplo,

são problemas observados em astronautas que retornam de missões espaciais e em simulações

de exposição a microgravidade (acamamento com e sem inversão postural) com duração de 5

dias a 6 meses (Doty, 1990; Widrick et al, 1999; Lambertz et al, 2001;Perhonen 2001; Lang,

2004; Dorfman, 2007; Trappe et al, 2009; Mulder et al (2015) e em idosos sedentários ou

longevos.

O SSMH foi projetado para, futuramente, possibilitar pesquisas na área da reabilitação,

envelhecimento, obesidade e todas as outras áreas que relacionam impacto e corpo humano,

77

porque, querendo ou não, a gravidade é a responsável pelo impacto que o corpo sofre a cada

passo dado e, em algumas patologias, esse impacto pode ser nocivo para articulações, ossos e

músculos. Sendo assim, torna-se necessário o aprimoramento constante do sistema para que

futuramente o campo de pesquisa aumente.

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Centenário. São Paulo: Livraria da Física, 2007.

85

ANEXOS

Anexo 1 - Programa de teste de aquisição de dados.

// oooO XCTU Oooooooooooooooooooooooooooooo // oo // oo DAN5 DAN3 oo // oo Xbee 802.15.4 Xbee 802.15.4 oo // oo 115200 8-N-1 115200 8-N-1 oo // oo Channel: C Channel: C oo // oo PAN ID: AAAA PAN ID: AAAA oo // oo DH: 0000 DH: 0000 oo // oo DL: FFF3 DL: FFF4 oo // oo MY: FFF4 MY: FFF3 oo // oo oo // oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo #include<windows.h> #include<stdio.h> // Baudrate.... #define br9600 9600 #define br19200 19200 #define br38400 38400 #define br57600 57600 #define br115200 115200 // Comm Name #define COM1 1 #define COM2 2 #define COM3 3 #define COM4 4 HANDLE serialOpen(char *comPort, DWORD serialBaud) HANDLE hcom; DCB dcbSerialParams = 0; COMMTIMEOUTS timeouts = 0; char serialName[30] = "\\\\.\\"; strcat(serialName, comPort); hcom = CreateFile(serialName, GENERIC_READ|GENERIC_WRITE, 0, NULL, OPEN_EXISTING, FILE_ATTRIBUTE_NORMAL, NULL ); if (hcom != INVALID_HANDLE_VALUE) dcbSerialParams.DCBlength = sizeof(dcbSerialParams); dcbSerialParams.BaudRate = serialBaud; dcbSerialParams.ByteSize = 8; dcbSerialParams.StopBits = ONESTOPBIT; dcbSerialParams.Parity = NOPARITY; SetCommState(hcom, &dcbSerialParams); // Set COM port timeout settings timeouts.ReadIntervalTimeout = 50; timeouts.ReadTotalTimeoutConstant = 50; timeouts.ReadTotalTimeoutMultiplier = 10; timeouts.WriteTotalTimeoutConstant = 50;

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timeouts.WriteTotalTimeoutMultiplier = 10; SetCommTimeouts(hcom, &timeouts); // Verificar se hcom é diferente de INVALID_HANDLE_VALUE return hcom; void serialClose(HANDLE hcom) CloseHandle(hcom); int serialWrite(HANDLE hcom, unsignedchar *send, int nbytes) DWORD bytes_written; if (WriteFile(hcom, send, nbytes, &bytes_written, NULL) == 0) bytes_written = 0; return bytes_written; int serialRead(HANDLE hcom, unsignedchar *receive, int nbytes) DWORD bytes_readden; if (ReadFile(hcom, receive, nbytes, &bytes_readden, NULL) == 0) bytes_readden = 0; return bytes_readden; char uart_getchar(HANDLE hcom) char ch; int erro; do erro = serialRead(hcom, &ch, 1); while(erro == 0); return ch; float serialReadScale(HANDLE hcom) DWORD n; char start = 0, c = 0; float peso = 0; while(start != '*') start = uart_getchar(hcom); while(c != ',') c = uart_getchar(hcom); if(c != ',') peso = 10*peso + (c - '0'); c = uart_getchar(hcom); peso = peso + 0.1*(c - '0'); return peso; int positChar(char *str, char ch)

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int p = 0, i = 0; char x; do x = *(str+i); if (x == ch) p = i; else i++; while((p == 0) && (x != NULL)); return p; // oooO XCTU Oooooooooooooooooooooooooooooo // oo oo // oo DAN5 DAN3 oo // oo Xbee 802.15.4 Xbee 802.15.4 oo // oo 115200 8-N-1 115200 8-N-1 oo // oo Channel: C Channel: C oo // oo PAN ID: AAAA PAN ID: AAAA oo // oo DH: 0000 DH: 0000 oo // oo DL: FFF3 DL: FFF4 oo // oo MY: FFF4 MY: FFF3 oo // oo oo // oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo int main(void) HANDLE hSerial; FILE *f; char fname[]="SSMH.csv", str[100]; int n, p; float tara, peso; f = fopen(fname, "w"); hSerial = serialOpen("COM1", br115200); if(hSerial != INVALID_HANDLE_VALUE) printf("Fazendo a tara do peso...\n"); tara = 0; for(n=0; n<20; n++) peso = 1.6*(serialReadScale(hSerial)+2875+4.3); tara = tara + peso; tara = tara/20; printf("Fazendo a coleta de dados...\n"); for(n=0; n<100; n++) peso = 1.6*(serialReadScale(hSerial)+2875+4.3) - tara; if (peso<0) peso = 0; printf("Peso: %.2f\n", peso); sprintf(str, "%.1f", peso); p = positChar(str, '.'); if(p > 0) str[p] = ','; fprintf(f, "%s\n", str); printf("Dados coletados...\n"); serialClose(hSerial);

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else printf("Falha ao abrir porta COM\n"); serialClose(hSerial); fclose(f); system("PAUSE"); return 0;