fablab vanguarda no brasil

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    FAB LABA VANGUARDA DANOVA REVOLUO

    INDUSTRIALFabien EychenneHeloisa Neves

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    verso brasileira

    Reedio: Heloisa NevesReviso Captulo 3 (mquinas e equipamentos): Eduardo LopesReviso de texto: Ana Lucia Domingues

    Este um projeto do Editorial Fab Lab Brasil, coordenado pela Associao Fab Lab Brasil.ww.fablabbrasil.org

    EYCHENNE, Fabien e NEVES, Heloisa. Fab Lab: A Vanguarda da Nova Revoluo Industrial. SoPaulo: Editorial Fab Lab Brasil, 2013.

    Licena Creative Commons

    voc pode:copiar, distribuir, compartilhar, adpatar e fazer uso comercialdesde que:atribua o trabalho da forma especicada pelo autor ou licenciante (mas no de formaa sugerir que estes o apoiam ou subscrevem o seu uso da obra) e distribua sob licena idnticaa esta.

    Dvidas com a licena podem ser sanadas pelo e-mail: [email protected]

    Este livro uma reedio da verso francesa Fab Lab: LAvant Garde de la Nouvelle RvolutionIndustrialescrito por Fabien Eychenne, publicado por Fyp Editions, coordenado por La fabriquedes posibles - Finge dirigido por Daniel Kaplan

    www.fypeditions.com

    www.fng.org

    2013 Fab Lab Brasil. Alguns direitos reservados.

    ISBN 978-85-67201-00-9

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    sumrio

    Sobre este livro ............... p.05Os autores ............... p.07

    Captulo.1 - O que um Fab Lab? ............... p.09

    Captulo.2 - Modelos de Fab Lab ............... p.17

    Captulo.3 - Criao de um Fab Lab ............... p.27

    Captulo.4 - Projetos ............... p.45

    Captulo.5 - Educao ............... p.55

    Captulo.6 - Em direo a um ............... p.61

    novo paradigma de inovao

    agradecimento e rumo ao futuro ............... p.71

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    sobre este livroEste livro se apoia em uma srie de viagens conduzida entre 2011 e 2012, porFabien Eychenne, em vrios Fab Labs do mundo, a m de entender melhor,ir mais longe e encontrar os atores que criaram e continuam dando vida aosFab Labs. Ele tenta chegar mais prximo dos usurios que frequentam esteslaboratrios e desenhar uma tipololgia e se interessa por descobrir verdadei-ramente estes espaos, descrever as especicidades, os problemas; tentandoassim desenhar um retrato el dos diferentes encontros realizados duranteas visitas experimentais. Ao interrogar a comunidade criativa e a equipe quetrabalha nestes Fab Labs, o objetivo foi sempre o de relatar o funcionamento

    do dia-a-dia, observar os usos, prticas, projetos e compreender os modeloseconmicos emergentes.

    A reedio brasileira traz consigo esta pesquisa realizada, adicionando a expe-rincia vivencial do primeiro ano da rede no Brasil. Atravs do olhar de HeloisaNeves, o texto francs ganha uma cor brasileira e contornos do que pode vir aser a rede no pas.

    Sobre a organizao dos captulos e contedo, pode-se dizer que uma primei-ra parte, mais descritiva, deseja mostrar o Fab Lab na sua totalidade, descre-

    vendo o que exatamente esta rede, os diferentes modelos, o processo decriao de um Fab Lab, os projetos e a sua estrutura educacional. Esta des-crio tenta sempre manter a relao com os princpios gerais do ecossistemaem que estes laboratrios esto inseridos. E em seguida, ele se aprofunda nasoportunidades que os Fab Labs oferecem, em que paradigmas e mudanaseles se encaixam, especialmente sobre a perspectiva da inovao.

    Este livro no pretende ser um modelo, mas um guia para que os interessadoscomecem a compreender a complexidade da rede e seu potencial educacio-nal, social e econmico.

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    os autoresFabien Eychenne

    Depois de coordenar o programa Villes 2.0 pela organizao parisiense Fing,o autor dirigiu o projeto Fab Lab Squared, primeira iniciativa de criao deuma rede francesa de Fab Labs. Ele tambm foi responsvel pela expedioRefaire: novas prticas, novas fbricas, que pesquisa e prope novos mode-los de produo atravs de novas ferramentas, estruturas e processos; proje-to este que vem impactando positivamente diversas empresas francesas. Oautor tambm escreve para o blog Produire autrement dedicado aos modos

    de fabricao industriais a partir do sistema digital e colaborativo, publicou oestudo Tour dhorizon des Fab Labs e autor da obra La Ville 2.0, complexee familire, FYP Editions, coleo Fabrique des Posibles, 2009.

    Para maiores informaes sobre os projeto descritos, vide www.ng.org

    Heloisa Neves

    Vem trabalhando com a rede Fab Lab desde 2011, tentando compreender me-lhor como ela se estrutura e que modelos de Fab Lab poderiam ser viveis noBrasil. Se graduou pelo Fab Academy no ano de 2012, atravs do Fab LabBarcelona. Passou cinco meses colaborando com o dia-a-dia do Fab Lab Se-villa. Visitou diversos Fab Lab europeus e hoje participa ativamente da rede,especialmente no que diz respeito criao de novos laboratrios no Brasil. diretora executiva da Associao Fab Lab Brasil e Fab Manager do maisrecente laboratrio brasileiro, o Garagem Fab Lab. tambm doutoranda pelaFAU USP, onde pesquisa a relao entre Open Design, Fab Lab e Inovao.

    Participou de alguns projetos na rede, dentre eles: Fab Lab Kids, Fab LabAround the World, Fab Teletransportation e Fab Academy Brasil 2013.

    Para maiores informaes sobre a autora e os projetos descritos, vide www.heloisaneves.com

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    CAP

    TULO.

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    O que um Fab Lab?Um Fab Lab (abreviao do termo em ingls fabrication laboratory) uma

    plataforma de prototipagem rpida de objetos fsicos e est inserido em umarede mundial de quase duas centenas de laboratrios: dos Estado Unidos aoAfeganisto, da Noruega a Gana, de Costa Rica a Holanda.

    Ele se destina aos empreendedores que querem passar mais rapidamente dafase do conceito ao prottipo; aos designers, aos artistas e aos estudantes quedesejam experimentar e enriquecer seus conhecimentos prticos em eletrni-ca, em CAD/CAM1, e tambm aos makers2e hackers3 do sculo XXI. Ele estinserido em uma rede mundial de quase duas centenas de laboratrios: dosEstado Unidos ao Afeganisto, da Noruega a Gana, de Costa Rica a Holanda.

    Um Fab Lab agrupa um conjunto de mquinas por comando numrico de n-vel prossional, porm de baixo custo, seguindo um padro tipolgico. Soexemplos: uma mquina de corte a laser capaz de produzir estruturas 2D e 3D,uma mquina de corte de vinil que fabrica antenas e circuitos exveis, umafresadora de alta resoluo para fabricar circuitos impressos e moldes, umaoutra maior para criar peas grandes. H tambm componentes eletrnicosmltiplos, bem como ferramentas de programao associadas a microcontro-ladores abertos, de baixo custo e ecientes. Estes dispositivos so controlados

    por meio de um software comum de concepo e fabricao assistida por com-putador. Os outros sistemas mais avanados, tais como as impressoras 3D,podem igualmente equipar certos Fab Labs.

    Apesar das mquinas de comando numrico serem uma grande atrao nosFab Labs, a caracterstica principal deste laboratrio sua abertura. Con-trariamente aos laboratrios tradicionais de prototipagem rpida que podemser encontradas em empresas, em centros especializados dedicados aos pro-

    1 Em ingls: CAD (Computer Aided Design - Projeto Assistido por Computador) e CAM (Computer AidedManufacturing - Fabricao Assistida por Computador)

    2 Maker: um maker a pessoa que faz ou fabrica os objetos com suas prprias mos, desenvolvendo todo oprocesso. Est relacionado com o movimento DIY (do it yourself faa voc mesmo). um conceito antigo,mas que passou a ter grande importncia com a surgimento dos novos espaos de produo desencadea-dos com a revoluo digital.

    3 Hacker um indivduo que se dedica, com intensidade incomum, a conhecer e modicar os aspectos maisinternos de dispositivos, programas e redes de computadores.

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    ssionais ou universidades, os Fab Labs so abertos a todos, sem distinode prtica, diploma, projeto ou uso. Os Fab Labs se inscrevem no movimentodo terceiro lugar4 e nos mecanismos de trabalho colaborativo da internet e,em particular, da web 2.0. Estes mecanismos de troca, de peer-to-peer5, decolaborao, de cooperao, de interdisciplinaridade, de compartilhamento,

    de aprendizagem atravs da prtica, do do it yourself6, de prticas inovado-ras ascendentes e comunitrias so favorecidas e encorajadas. Esta abertu-ra, chave do sucesso e da popularidade dos Fab Labs, facilita os encontros,o acaso e o desenvolvimento de mtodos inovadores para o cruzamento decompetncias. Estes espaos abertos a todos e acessvel (tarifas baixas oumesmo o acesso livre) favorece a reduo de barreiras inovao e consti-tuio de um terreno frtil inovao.

    HistriaO primeiro Fab Lab surgiu no Massachusetts Institute of Technology (MIT)7,mais especicamente no laboratrio interdisciplinar chamado Center for Bitsand Atoms (CBA)8 fundado em 2001 pela National Science Foundation (NSF)9.Este ambicioso centro de pesquisa tem como objetivo o interesse pela re-voluo digital e, em particular, pela fabricao digital, cujas evolues po-deriam, eventualmente, produzir ferramentas capazes de unir a matria aonvel atmico. Os Fab Labs10so para o CBA o componente educacional de

    sensibilizao fabricao digital e pessoal, democratizando a concepo dastecnologias e das tcnicas e no somente o consumo.

    O primeiro Fab Lab foi implantado no CBA sob a liderana de Neil Gershen-feld11, professor e diretor do CBA, vinculado ao clebre MIT Media Lab. Seuscampos de pesquisa so bastante interdisciplinares, da fsica computaoquntica, da nanotecnologia fabricao pessoal. Durante seu discurso naconferencia TED 200612, Gershenfeld retorna gnese dos Fab Labs: a mde trabalhar questes de fabricao digital, o CBA obteve um nanciamentoimportante para compra de mquinas capazes de fabricar qualquer coisa em

    qualquer escala. Eu passei muito tempo ensinando aos estudantes como usarestas ferramentas. Para facilitar este processo, criei um curso intitulado Howto Make Almost Anything (traduo para o portugus: como fazer quase qual-quer coisa). Estudantes de todos os cursos apareceram. Eles no possuamnecessariamente as habilidades tcnicas, mas todos eles produziram resulta-

    4 Vericar sobre o conceito de terceiro lugar no livro de referncia do socilogo americano Ray Oldenburg,The Great Good Place: Cafes, Coffee Shops, Community Center, Beauty Parlors, General Stores, Bars,Hangouts and How They Get You Through the Day. EUA: Paragon House, 1989.

    5 Par a par ou ponto a ponto, na traduo ao portugus6 Faa voc mesmo, na traduo ao portugus7 Cf. www.web.mit.edu8 Cf. www.cba.mit.edu9 Cf. www.nsf.gov10 Cf. www.fab.cba.mit.edu11 Cf. http://en.wikipedia.org/wiki/Neil_Gershenfeld12 Cf. http://www.ted.com/talks/neil_gershenfeld_on_fab_labs.html- Vdeo Neil Gershenfeld on Fab Labs

    durante o TED

    http://www.ted.com/talks/neil_gershenfeld_on_fab_labs.htmlhttp://www.ted.com/talks/neil_gershenfeld_on_fab_labs.html
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    dos incrveis, surpreendentes. E eu percebi que o killer product (aquele quedesencadeia o surgimento de um mercado) da fabricao pessoal o produtoque trata de um mercado de uma pessoa. No h necessidade de proceder atais dispositivos para fabricar um produto que encontramos na grande distri-buio, mas eles so teis para fabricar o que nico. Os estudantes portanto

    inverteram as mquinas para inventar a fabricao pessoal (...).Neste contexto e alm do espao da universidade, os Fab Labs foram criadosseguindo um modelo que provm da internet, mais especicamente da webcolaborativa 2.0, que auxiliou na democratizao das ferramentas de compar-tilhamento, de edio, criao e deu a permisso ao usurio de se transformarem ator do processo.13

    Neste sentido, os Fab Labs devem responder a algumas questes:

    Ser vetor de empoderamento, de implementao de capacidade, ser um or-ganismo ativo

    Voltar aprendizagem da prtica da tecnologia (o fazer) na criao de prot-tipos, permitindo espao para o erro de forma incremental, e no privilgio dasabordagens colaborativas e transdisciplinares

    Responder aos problemas e questes locais, em particular nos pases emdesenvolvimento, se apoiando na rede internacional

    Valorizar e pr em prtica a inovao ascendente

    Ajudar a incubar empresas para facilitao de processos

    How to Make (Almost) Anything

    Sob este ttulo representativo das possibilidades abertas pelos Fab Labsencontra-se um mdulo de formao bastante popular no MIT, propostopor Neil Gerhsenfeld. Criado no incio dos anos 2000, este curso permiteaos estudantes dominar a utilizao de diferentes mquinas de comandonumrico disponveis no Center for Bits and Atoms (CBA). Ele conduziuGershenfeld a desenvolver o primeiro Fab Lab, a m de facilitar o acesso

    s mquinas digitais. Primeiramente reservado aos estudantes do cam-pus, o mdulo do curso est atualmente disponvel online.14 Ele a baseda formao distribuda proposta pelo Fab Academy15 , curso distribudoda rede Fab Lab, cujas aulas so ministradas pelo prprio professor NeilGershenfeld e coordenado por diferentes laboratrios da rede.

    Um movimento mundial

    O conceito de Fab Lab criado inicialmente pelo CBA-MIT e nanciado em par-

    13 Cf. Neil Gershenfeld, conferncia Fab6, The sixth international Fab Lab conference , de 15 a 20 deagosto de 2012 (http://fab6.nl)

    14Cf. http://fab.cba.mit.edu/classes/863.12/e15 Vericar maiores detalhes sobre o Fab Academy no captulo 5 deste livro

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    te pela NSF emancipou e desenvolveu-se internacionalmente, independentedo seu criador. De acordo com Gershenfeld, o nmero de laboratrios dobratodos os anos.16 Hoje, a pgina web ocial do CBAconta com 120 laboratriosem operao na escala global e 25 em planejamento17.

    A dimenso rede est inscrita na essncia do Fab Lab por diversos motivos.

    Primeiramente, os Fab Labs seguem a internet e, como tal, so formidveisplataformas de inovao colaborativa. Em segundo lugar, facilitam sobrema-neira a abertura, a conexo entre pessoas e organizaes, as trocas e oscruzamentos entre os membros que o utilizam. Alm disso, o kit padro demquinas por comando numrico comum aos diferentes Fab Labs permite re-plicar processos desenvolvidos em qualquer laboratrio, independente de sualocalizao. Esta singularidade tecnolgica permite e facilita o compartilha-mento do conhecimento e do saber. Vale ressaltar que essas trocas no sodirigidas unicamente sobre um eixo global norte-sul, apresentando mltiplos

    vetores horizontais. A rede desenvolveu uma comunidade mundial alimentadapelas especicidades culturais, tcnicas, econmicas e sociais. A criao deum projeto colaborativo se d em funo de competncias locais disponveis,sendo que todos os interessados participam na realizao de alguma tarefa.Uma vez prototipado o objeto e testados os processos, o projeto pode facil-mente ser replicado pelos outros Fab Labs da rede.

    Se num primeiro momento, os Fab Labs foram desenvolvidos sob a gide doCBA-MIT, sua popularidade levou muitas estruturas a criar seus prprios la-

    boratrios de fabricao digital abertos, os quais seguem os princpios criadospelo prprio CBA-MIT, porm com bastante independncia para adequar-se realidade local. Sua popularidade e o fato do Fab Lab no ser uma marca

    16 Cf. https://vimeo.com/25814127 - Vdeo de apresentao dos Fab Labs realizado por Nod-a, Fing e SiliconSentier, baseado na interveno de Neil Gershenfeld no Festival Future en Seine 2011 em Paris

    17 Cf. http://fab.cba.mit.edu/about/labs. Nmero vericado em junho/2013

    Mapa Mundial dos Fab Labs.Fonte: http://goo.gl/maps/NQEdw

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    registrada tambm tem provocado um segundo efeito: alguns laboratrios queno compartilham os princpios de abertura, inovao social e democratizaoda tecnologia, sendo considerados somente laboratrios de prototipagem, es-to usando o nome Fab Lab por uma questo de publicidade ou mesmo porfalta de conhecimento, pensando assim pertencer rede.

    A Associao Fab Lab Brasil

    No Brasil, assim como em outros pases como Holanda, Portugal e Peru,a criao de uma associao nacional tem como objetivos: esclarecerquestes referentes aos princpios de um Fab Lab, auxiliar na divulgaode informaes consistentes e tambm ajudar os laboratrios nascentes,a m de que o conceito seja realmente compreendido e estes laborat-rios possam ser, alm de mquinas e softwares, verdadeiras plataformasde inovao. No Brasil, este trabalho vem sendo realizado pela Associa-

    o Fab Lab Brasil, criada em dezembro de 2012.18

    No Brasil, este trabalho vem sendo realizado pela Associao Fab LabBrasil, criada em dezembro de 2012.19 Em relao aos laboratrios fsi-cos, o Brasil conta com dois deles em funcionamento: o Fab Lab SP, queest situado dentro da FAU USP e o Garagem Fab Lab, no centro de SoPaulo. Ele tambm conta com alguns em planejamento nas cidades doRio de Janeiro, Curitiba, Florianpolis, Porto Alegre, Fortaleza e Recife20.

    Por uma fabricao digital pessoal

    A fabricao digital permite criar uma cadeia integrada da concepo pro-duo. Esta cadeia passa pela utilizao da lgica de CAD (projeto assistidopor computador) e CAM (fabricao assistida por computador). Este no umprocesso recente, Neil Gershenfeldlembra que a conexo de um computador uma mquina foi realizada no ano de 1950 no MIT21, sendo que as grandesindstrias utilizam este sistema em linhas de montagem h anos. Os centros

    de mecatrnica que auxiliam as empresas a desenvolver prottipos rpidostambm possuem experincia no tema.

    A mudana causada pelos Fab Labs percebida na paisagem da inovaoe na possibilidade da oferta ao pblico de se apropriar da fabricao digitalpessoal. Desta maneira, os usurios podem rapidamente passar de uma ideia sua concepo atravs da lgica de CAD e realizar um primeiro prottipo.Muitas pessoas dizem que o Fab Lab permite renar o projeto, estimar suaviabilidade e, se a inteno de desenvolver uma srie ou produto, ser capazde apresentar aos potenciais investidores um primeiro modelo funcional, osquais podem, em seguida, ser retrabalhados em diferentes centros especiali-

    18 Cf. www.fablabbrasil.org19 Cf. www.fablabbrasil.org20 Cf. http://goo.gl/maps/9Fyps21 Cf. http://vimeo.com/29048682- Entrevista de Neil Gershenfeld no festival Future en Seine em 2011 em

    Paris

    http://vimeo.com/29048682http://vimeo.com/29048682http://vimeo.com/29048682
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    zados. Os Fab Labs, por conseguinte, fazem parte do ciclo de vida do produto,visto que sua exibilidade e acessibilidade os tornam verdadeiras plataformase reduzem barreiras inovao.

    O nome Fab Lab e a Fab CharterA m de guardar o esprito desenvolvido pelos primeiros Fab Labs notada-mente sua abertura o CBA redigiu uma carta co-escrita pelos primeiros FabLabs, denominada Fab Charter22, cuja primeira publicao data de agosto de2007 e sua reestruturao de outubro de 2012. O respeito a ela permite aqualquer laboratrio o direito de se inscrever na rede e intitular-se Fab Lab.Em certos pases, por exemplo, Holanda e Portugal, onde o termo Fab Lab foiregistrado como uma marca23, o respeito Fab Charter d o direito de utiliza-

    o do nome.Portanto, o processo para poder usar o nome Fab Lab , primeiramente, seguira Fab Charter. Depois disto, contatar a associao nacionalcorrespondente oudiretamente o CBA e pedir que o nome do laboratrio seja agregado lista.Deve-se axar a carta ao laboratrio, a m de que todos os usurios tenhamacesso e respeito a ela.

    A Fab Charter

    O que um Fab Lab?Fab Labs so uma rede global de laboratrios locais, permitindo a inven-o e fornecendo acesso a ferramentas de fabricao digital.

    O que contm um Fab Lab?

    Fab Labs compartilham um inventrio de mquinas e componentes emevoluo que auxilia na capacidade bsica de fazer (quase) qualquercoisa, permitindo tambm o compartilhamento de projetos desenvolvidosali pelas pessoas.

    O que fornece a rede Fab Lab?

    Assistncia operacional, educacional, tcnica, nanceira e logstica,alm do que est disponvel dentro dos laboratrio.

    Quem pode usar um Fab Lab?

    Fab Labs esto disponveis como um recurso da comunidade, oferecen-do acesso livre para os indivduos, bem como o acesso programado paraprogramas especcos.

    Quais so as suas responsabilidades?

    segurana: no ferir as pessoas ou danar as mquinas

    operaes: ajudar com a limpeza, manuteno e melhoria do laboratrio

    conhecimento: contribuir para a documentao e instruo

    22 Cf. http://fab.cba.mit.edu/about/charter23 Cf. http://fablab.nl/licenties/ e http://www.fablabedp.edp.pt/

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    Quem o dono das invenes realizadas dentro do Fab Lab?

    Projetos e processos desenvolvidos no Fab Lab podem ser protegidos evendidos. O inventor escolhe a maneira como seu projeto ser realizado,porm, a documentao do projeto contendo os processos e as tcnicas

    envolvidas deve permanecer disponvel para que os outros usurios pos-sam aprender com ela.

    Como as empresas podem utilizar um Fab Lab?

    As atividades comerciais podem ser prototipadas e incubadas em umFab Lab, mas no devem entrar em conito com outros usos. Elas de-vem crescer alm do laboratrio e beneciar os inventores, os prprioslaboratrios que lhes deram suporte e as redes que contriburam para oseu sucesso.

    (adaptao da Fab Charter para o portugus realizada pelos autores deste livro)

    Indo alm da Fab Charter, elencamos aqui uma srie de pontos desenvolvi-dos por Sherry Lassiter, program manager da rede mundial Fab Lab, a qualauxilia no entendimento da mesma e aprofunda alguns pontos no tocante utilizao do nome:

    Abertura - primeiro ponto e o mais importante, a abertura do Fab Lab ao pbli-co essencial. Um Fab Lab tem como objetivo democratizar o acesso s ferra-mentas e mquinas para permitir a inveno e as expresses pessoais. O FabLab deve ser aberto ao pblico, gratuitamente ou em troca de servios (auxlionas rotinas dirias, formao, palestras, workshops etc), ao menos uma parteda semana, um dos pontos verdadeiramente essenciais.

    Carta - os Fab Labs seguem a Fab charter. Esta carta deve ser publicada emalgum lugar da pgina web do Fab Lab e axada no espao.

    Mquinas e Processos - os Fab Labs devem compartilhar ferramentas e pro-cessos comuns. Ser apenas um laboratrio de prototipagem ou simplesmentepossuir uma impressora 3D no o equivalente a um Fab Lab. Os laboratrioscompartilham o conhecimento, o saber, os arquivos, a documentao e cola-boram com os outros Fab Labs nacional e internacionalmente. Se um Fab Labfabrica algum objeto em Boston e envia os arquivos e documentao neces-sria, voc deve poder reproduzir este projeto facilmente em qualquer outrolaboratrio do mundo.

    Rede de Fab Lab - voc deve participar ativamente da rede de Fab Labs, nopermanecendo isolado, mas sim fazendo parte de uma comunidade de com-partilhamento de conhecimento. A videoconferncia uma das ferramentas

    para entrar em contato com outros Fab Labs, assim como participar dos en-contros anuais, colaborar e realizar parcerias atravs de workshops, projetos,concursos com outros Fab Labs.

    Juntas, estas quatro caractersticas permitem criar este ambiente chamadoFab Lab e, estando estas condies atendidas, o logo Fab Lab poder ser

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    utilizado. Porm, importante ressaltar que a permisso somente para ouso do logo Fab Lab e no do MIT. Estes so usos distintos e no devem serconfundidos.

    Como a rede Fab Lab possui o princpio de horizontalidade de maneira muitoforte, uma outra lista colaborativa24foi criada e pode ser alimentada pela pr-pria comunidade. Ela de conhecimento do CBA-MIT, mas controlada dire-tamente pela comunidade. Atravs de uma auto-avaliao possvel incluirum laboratrio ela. A avaliao feita atravs de um sistema de notao (A,B, C) associada a quatro critrios: acesso ao Fab Lab, adeso a Fab Charter,mquinas e processos e participao na rede.

    24 Cf. http://wiki.fablab.is/wiki/Portal:Labs

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    CAPTULO.2

    Modelos

    de Fab LabOs Fab Labs, apesar de se apoiarem em princpios comuns como os descritospela Fab Charter (carta de princpios), possuir um kit padro de mquinas euma rede internacional, ir destacar-se entre si em funo da organizao desuporte, dos modos de nanciamento e da equipe que trabalha no laboratrio.

    Na grande maioria dos casos, uma organizao me, uma estrutura associa-tiva, uma fundao, uma universidade, um programa governamental so res-ponsveis pelo projeto de criao de um Fab Lab. Esta entidade tem um papel

    importante na orientao deste espao e lhe d uma cor. A organizao ouorganizaes que nanciam um Fab Lab possuem um papel determinante nadenio do mesmo (tipo de uso, tipos de usurios, modelo de gesto e deorganizao). Sendo assim, possvel desenhar trs categorias de fab labs:

    aqueles que so sustentados por uma universidade ou uma escola: osFab Labs Acadmicos. Estes Fab Labs recebem projetos de estudantese um nmero menor de usurios externos. Eles organizam regularmente

    workshops e os alunos podem ter acesso s maquinas por um menor custo,sendo que o valor para usurios externos superior. Acerca do modelo denegcios, estes Fab Labs dependem majoritariamente das universidade econtam geralmente com uma ajuda de autoridades locais e, por vezes, al-guns parceiros privados. A receita no cobre as despesas e este modelo deFab Lab, geralmente, no sustentvel nanceiramente.

    aqueles que tm por vocao o desenvolvimento de produtos, concebidos

    conjuntamente com empresas, startups, auto-empreendedores e makers: osFab Labs Profssionais. Apesar de precisar se preocupar com a sustentabi-lidade nanceira, devem igualmente permitir pelo menos uma jornada OpenLabpor semana. Ou seja, ao menos um dia da semana precisam abrir suasportas a usurios que iro utilizar o laboratrio a custo zero (uso de mquinase/ou participao em atividades), pagando somente o material que utilizarem

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    e, os outros dias sero reservados s atividades pagas. Estes Fab Labs, emsua maioria, precisam se sustentar nanceiramente, visto que no possuemestruturas nanciadoras por perodo indeterminado. O que geralmente ocorre de se beneciarem, nos primeiros anos, de auxlios pblicos ou investimen-to inicial de associao de industrias ou mesmo do governo local. Depois

    disto, precisam buscar sua sustentabilidade nanceira.

    aqueles que so sustentados por governo, institutos de desenvolvimento epor comunidades locais: os Fab Labs Pblicos. Estes so realmente aces-sveis a todos e totalmente gratuitos na totalidade do tempo. Os workshops ecursos de formao so organizados a m de permitir um grande nmero deacesso pelo mais variado pblico. Os Open Lab Days, que nos outros mode-los aparecem na menor parte da semana, o modelo aqui vigente durante

    todo o tempo.

    O Fab Lab Acadmico

    Objetivo

    O objetivo dos Fab Labs Acadmicos desenvolver uma cultura de aprendiza-gem atravs da prtica, permitir aos estudantes a realizao de projetos colo-cando a mo na massa, mas tambm organizando um espao transdisciplinar

    e aberto ao exterior. Estes Fab Labs so criados geralmente por universidadesou centros de ensino.

    Alguns exemplos25

    Fab Lab Barcelona, criado pelo IaaC (Institute for Advanced Architecture ofCatalonia)

    LCCC Fab Lab, criado pela Loiran Country Community College nos EUA

    Fab Lab Sevilla situado dentro da Universidad de Sevilla

    FabLab@School, situado dentro da Stanford University Fab Lab Lima, apoiado pela Universidad Nacional de Ingeniera

    Fab Lab SP, criado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universi-dade de So Paulo

    Organizao de suporte

    Na maioria dos Fab Labs visitados, o nanciamento assegurado pela univer-sidade ou centro de ensino que disponibiliza a estrutura fsica, mquinas, com-

    ponentes, tcnicos, concepo pedaggica e ps- doutorandos para facilitar ofuncionamento do laboratrio.

    25 Vericar outras informaes sobre o modelo Fab Lab Acadmico e alguns destes Fab Labs citados notexto de Sara Alvarellos para o blog Complexitys - http://complexitys.com/english/34-fabbing-architecture-fab-lab-sevilla/#.UdyJqj6glcw

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    Em alguns casos, este Fab Labs tambm recebem auxlios pblicos oferecidospor diferentes escalas do governo, como o caso do Fab Lab Barcelona, querecebe alm do suporte do IaaC, um nanciamento da regio da Catalunha eoutro da cidade de Barcelona.

    Usurios os estudantes de graduao (realizao de projetos da faculdade)

    os ps graduandos (desenvolvimento de pesquisa prtica individual ou atra-vs dos grupos de pesquisas)

    os professores (desenvolvimento de atividades de pesquisa e ensino)

    comunidade em geral (atividades de extenso)

    prossionais empreendedores (prottipos ou pequenas sries de produtoscom nalidade comercial)

    artistas (fabricao de obras nicas)

    Servios

    Programas propostos para desenvolver o acesso s cincias e tcnicas, edemocratizar a prtica

    Projetos de extenso para acesso da comunidade

    Formaes e cursos sobre o uso das mquinas digitais, plataforma de proto-tipagem rpida, eletrnica, programao ou temas mais especcos

    Uso de maquinrio para realizao de prottipo, projetos nicos ou pequenasries pelos prossionais empreendedores, artistas e estudantes

    Oportunidade de participao em projetos colaborativos da rede

    Tipos de projeto

    Geralmente associados com a instituio de ensino e sua rea de conheci-mento. Apesar do laboratrio estar aberto realizao de qualquer projeto,pelas habilidades da equipe e do Fab Manager, estes Fab Labs acabam por

    desenvolver-se mais na rea onde atuam a organizao de suporte. Com isto,o Fab Lab acaba por criar uma personalidade e, com o tempo, se aprofundaem assuntos mais especcos. No h problema nisto, desde que no restrinjaprojetos que podem no estar atrelados sua principal competncia.

    Agenda Tipo

    Ao menos um Open Lab semanal, gratuito e aberto a todos os interessados

    Nos outros dias: uso de mquinas via reserva online para estudantes e pro-

    ssionais Cursos e workshops distribudos por toda a semana

    Investimento inicial

    Geralmente, a organizao de suporte cede o espao e compra as mquinas,

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    componentes, acessrios e consumveis para a abertura do laboratrio. Elatambm paga pela capacitao e salrio da equipe (Fab Manager e Gurus)e disponibiliza bolsistas para estagiar no espao. O investimento inicial paraabertura de um Fab Lab Acadmico gira em torno de 300.000 reais, sem con-tar com o custo mensal de salrios e manuteno do local.

    Recursos Humanos

    Este modelo conta geralmente com um Diretor (professor responsvel peloprojeto), um Fab Manager (dedicao exclusiva, sendo s vezes um prossio-nal contratado ou um bolsista de ps-doutorado), cerca de dois Gurus (instru-tores competentes nas reas de eletrnica, programao e fabricao digital)e cerca de trs estudantes de graduao bolsistas que auxiliaro na dinmicadiria do laboratrio. Os alunos de ps-graduacao auxiliam em atividades es-pecicas.

    Modelo econmico

    Pode apresentar duas variaes: ou a organizao de suporte permite o pa-gamento do aluguel das mquinas e workshops para complementar a receitamensal ou o uso das mquinas e participao em workshops e cursos sopagos com conhecimento, atravs de contrapartida em horas de trabalho nolaboratrio, realizao de workshops e cursos abertos a todos.

    Aqui no se aplica o uso de cota mensal de scio como pode aparecer em

    outros modelos. O pagamento se efetua na hora ou pelo tipo de utilizao. NosFab Labs Acadmicos, a maioria dos custos so suportados pela organizaocomo uma forma de retribuir prpria rede e comunidade os benefcios rece-bidos e tambm como forma de disponibilizar aos seus alunos um laboratriode qualidade e conectado globalmente.

    Localizao

    O Fab Lab Acadmico est situado dentro de universidades ou centros de

    ensino.

    O Fab Lab Profissional

    Objetivo

    Mesmo respeitando a carta de princpios, o Fab Lab Prossional dirige princi-palmente seus servios a um pblico de empresas, inovadores, startups, colo-cando frente as possibilidades de prototipagem rpida, de conselho, locao

    de mquinas, de formao e de servios personalizados acompanhados deuma abordagem de inovao.

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    Alguns exemplos26

    Fab Lab Manchester - Inglaterra

    Protospace - Fab Lab Utrecht Holanda

    Fab Lab Leon - Espanha

    Tech Shop

    Estes Fab Labs se aproximam de outros modelos de laboratrios de fa-bricao digital existentes como os conhecidos Tech Shops. Estes es-paos bm disponibilizam acesso s mquinas digitais, porm, semprede forma paga e sem obrigatoriedade de compartilhamento do conhe-cimento ou acesso a uma rede. Os Tech Shops possuem mquinas degrande performance e em nmero maior que os Fab Labs. O acesso feito via pagamento de uma mensalidade (como em uma academia

    de ginstica) e cada servio adicional, como formao sobre mquinas,conselho personalizado e assessoria de prototipagem, deve ser pagoadicionalmente. So espaos preparados para receber o prossional eajud-lo a desenvolver prottipos e pequenas sries. Por enquanto, si-tuam-se somente nos Estados Unidos, em grandes espaos industriais(cerca de 1500 m2). A grande diferena entre os Fab Labs Prossionais eo Tech Shop o fato dos Fab Labs seguirem a Fab Charter e seus ideaisde abertura e democratizao da informao e da tecnologia, possuir umcompromisso com a educao, uso gratuito do espao durante os OpenLab Days e de se beneciar de uma rede de quase 200 laboratrios que

    colaboram entre si.

    Organizao de suporte

    Os Fab Labs Prossionais buscam alcanar o equilbrio nanceiro atravs daoferta dos servios disponveis (aluguel de mquinas, cursos, workshops, alu-guel de todo o espao etc). Alguns deles foram criados unicamente com fundosprivados, outros dispem de ajuda pblica ou de subveno privada para osprimeiros anos de funcionamento. As parcerias com as incubadoras de empre-sas ou estruturas dedicadas inovao permitem o contato com um pblico deprossionais que possivelmente ir retornar ao laboratrio em projetos futuros.

    Usurios

    prossionais empreendedores ou startups (prottipos ou pequenas sries deprodutos com nalidade comercial)

    empresas (prottipos, realizao de capacitao, cursos e espao de criativi-dade para seus funcionrios)

    amadores / entusiastas (desenvolvimento de projetos pessoais via fabrica-o digital)

    26 Vericar outras informaes sobre o modelo Fab Lab Prossional e alguns destes fab labs citados no textode Sara Alvarellos para o blog Complexitys - http://complexitys.com/english/24-fabbing-entrepreneurship-fab-lab-leon/#.UdyIiD6glcw

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    estudantes (projetos escolares)

    Servios

    Todos os servios necessrios por conduzir um projeto desde a concepo ata realizao:

    Aconselhamento e auxlio no desenvolvimento dos projetos

    Palestras e mesas de discusso acerca de temas como novos processos deproduo, inovao, licena aberta, colaborao, dentre outros temas con-temporneos que cerceiam o universo do prossional da rea

    Locao de espao para eventos diversos

    Locao de mquinas

    Aconselhamento em marketing, comunicao, desenvolvimento de projeto e

    auxlio pesquisa de parceiros industriais ou nanceiros Oportunidade de participao em projetos colaborativos da rede

    Tipos de projeto

    Na maioria dos casos, os projetos desenvolvidos possuem viso comercial. OFab Lab intervm montante, a m de realizar prottipos funcionais e peque-nas sries para nichos de mercado. Dentre diversos exemplos, podemos citaro projeto Its Unique27, um carto pop up prototipado no Fab Lab Manchestere o projeto Ultimaker28iniciado no Protospace - Fab Lab Utrecht.

    Agenda Tipo

    Ao menos um Open Lab semanal gratuito e aberto a todos os interessados

    Nos outros dias: uso de mquinas via reserva online ou reserva total do es-pao

    Cursos e workshops distribudos por toda a semana

    Investimento inicialO investimento inicial para um Fab Lab Prossional gira em torno de 400.000reais em mquinas, componentes eletrnicos, acessrios e consumveis paraos primeiros seis meses. O custo de manuteno mensal depende do tamanhodo laboratrio, da quantidade de prossionais que compem a equipe e dosservios oferecidos.

    Recursos Humanos

    Abriga um nmero maior de prossionais. A equipe geralmente formada porum ou dois Diretores (podendo um deles ser o Diretor Criativo), um Fab Ma-nager e cerca de 3 a 5 Gurus (instrutores capacitados para auxiliar os pros-sionais em todas as etapas do projeto e em todos os processos), alm dos

    27 Cf. http://www.fablab.is/w/images/7/7a/Fab_Lab_Case_Study_Its_Unique.pdf28 Cf. http://ultimaker.com/

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    estagirios (entre 3 e 5).

    Modelo econmico

    Neste modelo, os servios devem ser pensados de modo a sustentar o espa-o, sendo vistos como receita. Como o modelo de Fab Lab, em geral, possuia obrigatoriedade de acesso gratuito a atividades de democratizao, um mo-delo de negcios misto, que rena receitas provenientes tanto de usurio nalquanto de parceiros e apoiadores pblico e privados pode ser um caminhopara a sustentabilidade nanceira.

    Localizao

    Os Fab Labs Prossionais esto situados em zonas industriais ou no centrodas cidades.

    O Fab Lab Pblico

    Objetivo

    Sob o rtulo de Fab Lab Pblico esto os Fab Labs abertos realmente a todos,em lugares totalmente acessveis e cuja nalidade dar acesso s mquinasdigitais, s praticas e cultura do movimento maker e da fabricao digital. Es-tes lugares so vistos como vetores de emancipao e so geralmente apoia-

    dos por iniciativas pblica ou privada, ou mesmo pelo mescla da duas.Alguns exemplos29

    O DHub Barcelona, projeto que ocupou um museu durante um tempo deter-minado com uma estrutura do tipo Fab Lab. Este projeto foi coordenado peloIaaC/Fab Lab Barcelona e nanciado pela Fundacin Espaola para la Cien-cia y Tecnologa, o Ministrio da Economia e a Regio da Catalunha. A aoteve como objetivo democratizar o uso da tecnologia de fabricao digital eabrir o conceito de Fab Lab a um pblico maior

    O Fab Lab Amsterdam, nanciado pela Waag Society (instituto de arte, cin-cia e tecnologia) e a MediaGuild, associao que ajuda startups a crescer.

    O Fab Lab Afeganisto, inteiramente nanciado pela NSF (National ServiceFoundation)

    Os Fab Labs da frica do Sul, nanciados pelos governos locais e usadospor estruturas pblicas

    O Fac Lab Paris, nanciado pela empresa Orange e apoiado pela Universitde Cergy Pontoise

    Os Fab Labs a serem implantados na cidade de Barcelona pelo projeto FabCity

    29 Vericar outras informaes sobre o modelo Fab Lab Pblico e alguns destes fab labs citados no texto deSara Alvarellos para o blog Complexitys - http://complexitys.com/english/44-fabbing-cities-barcelona-fab-ci-ty/#.UdyJ7j6glcw

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    Organizao de suporte

    Estes Fab Labs so nanciados por comunidades locais, governo, estruturasrelacionadas com a inovao e, por vezes, subvenes privadas.

    Usurios

    O objetivo deste modelo de Fab Lab o de ser aberto ao mximo ao grandepblico que, em um primeiro momento, ir explorar os recursos oferecidospelas mquinas para realizar pequenas atividades (corte a laser de pequenosobjetos, impresso 3d, trabalhos de eletrnica simplicados). O objetivo queos usurios descubram as tecnologias, se capacitem e passem a trabalhar emprojetos colaborativos. No Fab Lab de Amsterdam encontram-se estudantesde escolas de design, belas artes e arquitetura que no possuem acesso aeste tipo de maquinrio de comando numrico nos seus estabelecimentos. No

    Fac Lab de Paris os usurios so os mais variados, sendo que quase todosdesconheciam a tecnologia antes de vir ao laboratrio.

    Servios

    Formao e capacitao nos temas de eletrnica, programao e fabricaodigital

    Palestras e mesas redondas sobre os temas relacionados ao movimentomaker e inovao social via fabricao digital

    Cursos para domnio de tcnicas de prototipagem rpida, capacidade deoperar as mquinas por si mesmos

    Mquinas em servio livre ou acompanhadas por um facilitador/estagirio

    Atividades para crianas atravs do projeto Fab Lab Kids

    Capacitao prossional atravs do Fab Academy

    Tipos de projeto

    Na maioria dos casos, os projetos envolvem problemtica local e so desen-

    volvidos atravs de uma lgica de emancipao. Porm, encontramos tambmprojetos realizados por amadores, artistas, engenheiros e designers que jpossuam habilidades para este tipo de tecnologia e desenvolviam os maisdiversos tipos de projetos. Mas, de maneira geral, os projetos aqui desenvolvi-dos devem ser preocupar com a emancipao do cidado.

    Agenda tipo

    Open Lab Days durante toda a semana

    Cursos e workshops distribudos por toda a semana, muitos deles conectan-do prossionais da prpria rede Fab Lab

    Palestras e conferencias nacionais e internacionais atravs de eventos es-peccos

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    Investimento inicial

    O investimento inicial para um Fab Lab Pblico vai depender do tamanho doespao, das atividades a serem desenvolvidas e da comunidade de usurios.Dependendo do conceito do projeto, pode-se investir em um maior nmero demquinas para atender a um maior nmero de usurios. Mas, para um valorde grandeza, pode-se considerar que o investimento inicial de um Fab LabPblico representa cerca de 300.000 reais, acrescidos dos custos mensais desalrios da equipe e manuteno do espao e das mquinas.

    Recursos humanos

    Um Fab Lab possui um ou dois Fab Managers em regime integral e Gurusque geralmente so contratados por atividade (j que aqui as atividades somais diversicadas). Alguns laboratrios optam por contratar um ou dois Gurus

    permanentes. Tambm h os estagirios, que vo auxiliar o Fab Manager naadministrao do espao e organizao das atividades.

    Modelo econmico

    Geralmente, a organizao de suporte nancia o Fab Lab Pblico, sendo esteentendido como uma estrutura pblica da cidade, no possuindo a necessi-dade de se sustentar nanceiramente. Muito comum so as parcerias comempresas em projetos especcos, a m de que atividades especiais possamser realizadas no espao e o contato entre diferentes pblicos se forme.

    Localizao

    Atualmente o que se nota que o Fab Lab Pblico est situado, majoritaria-mente, dentro de universidades. No entanto, so bem vindos e se adequammelhor ao modelo, espaos mais prximos da comunidade: em centros debairro, estruturas da cidade como os conhecidos Tele Centros, museus, cen-tros culturais ou mesmo em espaos de inovao.

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    CAP

    TULO.

    3

    Criao deum Fab LabAs mquinas e processos que compem um Fab Lab no so recentes. Na

    verdade, muitos laboratrios de universidades, centros de P&D, plataformasde prototipagem rpida com utilizao de mquinas de comando numricoexistem h muito tempo, mas estavam limitadas ao uso estritamente estudantilou prossional. A grande inovao do Fab Lab encontra-se na abertura destatecnologia para todos os usurios e no cruzamento de informaes entre estesdiferentes pblicos. Ela o elemento central e determinante no desenvolvi-mento e democratizao da fabricao digital. A abertura, assim como o baixoinvestimento nanceiro para usufruir destes espaos criam um terreno frtil inovao.

    Espao Fsico e Configurao

    O CBA-MIT no dene o espao necessrio ao estabelecimento de um FabLab ou de seu layout, mas ao visitar os laboratrios Fab Lab ao redor do mun-do, um padro comum emerge:

    espao compreendido entre 100 e 250m2

    ao menos uma sala separada e fechada para o uso da fresadora de grande

    formato uma grande pea central, onde encontramos de um lado as mquinas menos

    barulhentas e do outro aquelas que so perigosas e/ou que geram poeira;postos informticos; vrios escritrios livres e mesas de reunio ou trabalhopara uso de computador porttil

    espao com possibilidade de relaxamento equipado com uma mquina decaf, uma geladeira e sofs

    espao de exposio de projetos nalizados

    estocagem de materiais e pequenas ferramentas

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    A congurao deste espao varia fortemente em funo dos edifcios onde osFab Labs esto instalados. Por exemplo, o Fab Lab Amsterdam situa-se emum castelo antigo do sculo XVII e acomoda-se em 180m2de maneira bemcompartimentada (diversas salas separadas). J o Fab Lab Barcelona, porestar abrigado dentro de uma grande nave industrial, possui ambientes mais

    udos e um espao de estocagem grande1.A localizao, o tipo de apoio e o espao fsico do uma cor ao Fab Lab, po-rm, os servios propostos, as equipes tcnicas e os modelos de nanciamen-to oferecem igualmente uma grande importncia na congurao.

    Mquinas e Equipamentos

    Os Fab Labs tm a particularidade de serem equipados com mquinas de co-

    mando numrico. Estas mquinas so comandadas por computadores capa-zes de interpretar os arquivos de CAD (computer aided design), traduzindo ascoordenadas X, Y e Z do modelo ou desenho digital em uma srie de coman-dos de posio, velocidade, corte ou extruso, reconhecveis pela mquina.Cinco mquinas por comando numrico constituem a base de equipamentosde um Fab Lab. O inventrio disponibilizado pelo CBA-MIT2(e em processode nacionalizao pela Associao Fab Lab Brasil) apresenta alm das m-quinas, que permitem realizar mltiplos trabalhos, componentes eletrnicose acessrios necessrios para a criao de um Fab Lab. Possuir este kit b-

    sico importante para a replicabilidade dos projetos em qualquer um doslaboratrios ao redor do mundo e a criao de processos de trabalho similares.

    Cortadora de Vinil

    A cortadora de vinil basicamente igual a uma impressora caseira de papel,que ao invs de reservatrios de tinta, possui em sua cabea de impressouma na lmina de ao. Ela permite cortar materiais como vinil, papis, lmesdo tipo transfers, certos tecidos e adesivos de cobre usados na criao de cir-cuitos impressos. Mquina relativamente fcil de comandar, majoritariamen-te usada para customizao de peas, mas igualmente usada para impressode pequenos circuitos simples. Foram encontrados nos Fab Labs pesquisadosdois modelos, a Roland GX-24 e a Craft Robo Pro e os preos variam entre4.500 e 8.500 reais3.

    1 Para uma melhor visualizao dos espaos, checar: http://heloisaneves.com/2013/03/08/fab-lab-around-the-world-different-models/2 Cf. http://fab.cba.mit.edu/about/fab/inv.html3 Valores relativos ao incio de 2013

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    Cortadora a Laser

    A cortadora a laser igualmente uma mquina de comando numrico e quedireciona com muita preciso um feixe de laser de CO2 sobre o material a ser

    cortado ou gravado, movimentando-se sempre em dois eixos (X e Y). A po-tncia do laser (medida em Watts) dene a espessura dos materiais a seremcortados e est diretamente relacionada com a velocidade com que a mquina capaz de operar.

    Em nossas observaes, durante a pesquisa de campo para a realizaodeste livro, percebeu-se que a cortadora a laser uma das mquinas maispopulares. uma mquina fcil de ser usada pelos iniciantes e rapidamenteaproprivel pela sua simplicidade. Ela trabalha atravs de softwares de dese-nho vetorial populares, sendo tambm bastante segura, pois o feixe de laser

    somente funciona quando a porta est fechada (a abertura da mesma impedeinstantaneamente a tarefa). Por m, dentro das mquinas que compem umFab Lab, esta uma das mais rpidas.

    Suas duas funes bsicas so o corte e a gravao de materiais:

    Corte: madeira, papel, papelo, acrlico, couro, tecido, feltro

    Gravao: metal, alumnio, pedra, madeira

    Os materiais mais comumente utilizados so a madeira (MDF), o acrlico epapelo; entre 2 e 10mm. Uma cortadora a laser do porte das que se utilizadentro da rede Fab Lab pode custar entre 20.000 e 90.000 reais em funodo tamanho, da potncia e dos perifricos (exaustores de extrao de fumaa,ltros, grelhas tipo colmeia e chillers para resfriamento do laser).

    Trotec Speedy 100, Epilog Mini 24 e LaserPro Spirit GE

    Roland CAMM 1 GX24 e CraftRoboPro

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    Dica

    Os modelos de maior performance so aqueles que possuem maior po-tncia do laser e maior rea de trabalho. Pode-se dizer que uma mquinade 100W de potncia e uma rea de 900x600mm atende perfeitamente aquase todas as atividades a serem desenvolvidas em um Fab Lab. Comrelao manuteno, tendo em conta que as mquinas de corte laserso muito utilizadas, necessria uma ateno constante: limpeza dalente, troca dos espelhos e, s vezes, troca de motores. Os Fab Mana-gers aconselham possuir 1 ou 2 kits de reparao em estoque. Importan-te tambm que cada laboratrio possua uma lista com a potncia e ve-locidade utilizada para cada material em suas diversas espessuras. Istoaumenta a vida til da mquina, evitando a utilizao de potncia acimaou abaixo da necessria. Existem alguns materiais que so fortementedesaconselhados ao uso na cortadora a laser, devido a fumaa txicaproduzida no corte. Dentre estes, orienta-se no usar o corte de PVC,ltex e alguns outros plsticos como os derivados do Cloro. O importante sempre consultar o fornecedor do material ou do equipamento e veri-car se seu uso aconselhado ou permitido. Caso seja desaconselhado,a melhor opo o corte em uma fresadora. Outro ponto relevante aexausto. importante que esta sempre seja feita de forma adequada, am de evitar o desgaste precoce da mquina e proteger os usurios deum ambiente contaminado pela fumaa produzida pelo corte.

    Fresadora de Preciso

    A fresadora de preciso uma mquina por comando numrico dotada deuma fresa em sua cabea que se move sobre trs eixos (X, Y e Z). A fresa des-basta o material, retirando parte dele segundo o desenho que lhe foi enviado.Existem diversos modelos e tamanhos de fresas, que devem ser alteradas deacordo com a nalidade do projeto, o material e a estratgia realizada paratal. Algumas fresas possuem funes mais bsicas como desbastamento domaterial, enquanto outras so utilizadas ao nal do processo para obter o aca-

    bamento no. Algumas possuem pontas circulares, outras chatas ou de corte,as espessuras tambm se diferenciam. muito importante o uso correto dafresa tanto para a manuteno da mquina quanto para o bom resultado doobjeto que est sendo fresado.

    Nos Fab Labs, estas mquinas possuem diversos usos mas os mais pratica-dos so: fabricao de circuitos impressos (utilizao de lmes de cobre sobreuma placa de bra ou fenolite) e fabricao de moldes (fresa-se o material demolde que servir por sua vez, para a realizao do contramolde em siliconeou material similar). Estas duas utilizaes so as mais frequentes, mas estamquina pode tambm usinar madeira, espuma, dentre outros materiais.

    Dois modelos so geralmente utilizados nos Fab Labs: a Roland Modela MDX-20 e sua irm maior, a MDX-40. A diferena est basicamente no espao detrabalho usinvel. A MDX-40 dispe tambm uma sonda que permite o esca-neamento dos objetos depositados na superfcie de trabalho. Este processo

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    permite reproduzir os objetos sem passar pela fase de concepo assistida porcomputador4. Estas duas mquinas custam entre 9.000 e 15.000 reais5.

    O CBA, atravs de seu desejo de reduzir a barreira nanceira criao deFab Labs, desenvolve um projeto de criao de mquinas no prossionais, ochamado Machine that Make.6A MTM7, por exemplo, uma fresadora de pre-ciso DIY (do it yourself), funcional, cujos planos (desenhos), lista de materiaise a lgica de utilizao so open source e livres. Esta mquina capaz de criarcircuitos impressos e pode ser construda por aproximadamente 500 reais8.

    Fresadora de Grande Formato

    A fresadora de grande formato dotada de uma cabea de corte mais pode-rosa e adequada usinagem de materiais densos (madeira macia ou com-posta) sobre grandes superfcies de trabalho (de um a mais de dois metros,geralmente). A maioria dos Fab Labs na Europa e EUA utiliza a marca Sho-pBot. No entanto, para este tipo de mquina existem bons fornecedores locais.

    Falando especicamente da ShopBot, ela est disponvel em duas verses:uma mais protegida, graas aos trilhos fechados; e outra um pouco mais ba-rata sem trilhos de segurana. Ambas permitem usinar grandes superfcies demadeira para projetos de arquitetura, de carpintaria, etc.

    O CBA-MIT j utilizou estas mquinas para projetos envolvendo habitaes,respondendo a situaes de crise como o furaco Katrina. Kits de casas demadeira foram fabricados unicamente a partir de mquinas ShopBot.

    De maneira geral, as fresadoras de preciso custam entre 45.000 e 100.000reais.9

    A fresadora de grande formato bastante visada por pessoas que queremconstruir sua prpria mquina, os chamados makers, envolvidos no movimen-

    4 Este processo lento, necessita de um computador de grande poder de processamento grco e geralmen-te precisa ser renado num software de impresso 3D, dependendo da complexidade da forma

    5 Valores relativos ao incio de 20136 Cf. mtm.cba.mit.edu7 Cf. http://mtm.cba.mit.edu/machines/mtm_az/index.html8 Valor relativo ao incio de 20139 Valores relativos ao incio de 2013

    Roland Modela MDX20, Roland Modela MDX40 e MTM

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    to DIY. Isto se d pela construo no ser to complicada, por existirem diver-sas pginas web na internet que disponibilizam a documentao e o passo apasso para constru-la e por suas peas serem fceis de serem compradas. tambm possvel comprar kits para sua construo, como a BlueChick10.

    Dica

    Na maioria dos Fab Labs visitados, a fresadora de grande formato anica mquina cujo acesso ao pblico bastante regulamentado. NoFab Lab Amsterdam, um Fab Manager deve, necessariamente, estarpresente para que funcione. No Fab Lab EDP, de Portugal, o projeto

    deve ser analisado pelos managers antes de ser utilizada. Esta mquina um dispositivo potencialmente perigoso, ela gera uma grande quanti-dade de p e lascas de madeira. Alguns laboratrios dispem tambmde uma sala individual fechada, em que o computador de comando caisolado da mquina. Outro ponto bastante importante que ela exigeque o usurio trace uma estratgia de fresagem, onde sero denidosos caminhos (toolpaths) que a fresa ir realizar, os tipos de fresa a serutilizados no projeto especco, sua velocidade, a quantidade de vezesque ir passar pelo mesmo ponto a m de fazer o corte, dentre muitosoutros detalhes. Por exigir uma estratgia de fabricao, esta mquina

    demanda um tempo maior de aprendizagem. Notadamente, os melhorestrabalhos so aqueles em que o usurio tem muito claro o processo decorte. E, no raro vericar nos Fab Labs, principalmente pelos usuriosiniciantes, estratgias que inviabilizam um objeto simplesmente porqueo usurio no previu o movimento exato da fresa durante o processo.

    Impressora 3D

    Ainda que as impressoras 3D sejam bastante populares nos Fab Labs, at o

    m de 2011, a lista ocial de mquinas do CBA-MIT no fazia meno a elas.Neil Gershenfeld, em seu recente artigo How to Make Almost Anything paraForeign Affairs11, explica sua reticncia com este tipo de mquina. E comple-

    10 Cf. http://buildyourcnc.com/DesktopCNCMachineKitblueChick.aspx11 Cf. http://www.foreignaffairs.com/articles/138154/neil-gershenfeld/how-to-make-almost-anything

    ShopBot e BlueChick

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    menta que as impressoras 3D comerciais mais queridas, como por exemplo,o modelo Dimension 1200es da Stratasys (aproximadamente 100.000 reais12)e similares, fazem uso de materiais extremamente caros e no adaptveisao uso coletivo. Ainda que o resultado seja perfeitamente assombroso, certasmaquetes complexas podem levar mais de 20 horas de execuo.

    Nos Fab Labs pesquisados, os quais possuem impressoras 3D, as do tipo pro-ssionais so majoritariamente utilizadas para fabricao de moldes que exi-gem preciso ou modelos nais. J as no prossionais, largamente encontra-das, so utilizadas como forma de experimentao e fabricao de prottiposou moldes no precisos. Atualmente, apesar das consideraes feitas por NeilGershenfeld acerca da tecnologia de impresso 3D, o inventrio de mquinase componentes da rede recomenda a Replicator 2 da MakerBot.

    Assim como as fresadoras, mltiplos projetos propem impressoras 3D livrese open source. O mais conhecido o RepRap Projetc13, construo aberta ecoletiva da primeira mquina de fabricao 3D de auto-replicao que, graass numerosas iteraes pblicas por uma comunidade de apaixonados, reali-zaram e divulgaram a documentao de uma mquina barata (1.800,00 reais,aproximadamente). Pode-se dizer que o movimento RepRap foi o pai das im-

    pressoras 3D para uso domstico pois, como disponibilizou o cdigo de seuprojeto, possibilitou a criao de muitas outras14, dentre as quais os modelosda MakerBot, uma das empresas mais exitosas.

    Dica

    Um grande nmero de Fab Labs utilizam a RepRap como objeto peda-ggico. As ocinas de alguns dias, cujo objetivo pr a mo na mas-sa, permitem construir este tipo de mquina. A RepRap sendo capaz deimprimir certas peas que vo equipar outras RepRaps faz o custo sermuito baixo.

    12 Valor relativo ao incio de 201313 Cf. reprap.org14 Cf. http://reprap.org/wiki/RepRap_Family_Tree- Atravs deste grco, pode-se observar a evoluo tempo-

    ral e tcnica das impressoras 3D baseadas no modelo RepRap

    Dimension 1200es, Replicator2, RepRap e Ultimaker

    http://reprap.org/wiki/RepRap_Family_Treehttp://reprap.org/wiki/RepRap_Family_Tree
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    Outra mquina muito utilizada na rede a Ultimaker15. O projeto Ulti-maker surgiu no Protospace - Fab Lab Utrecht e tambm uma mquinabaseada nos cdigos da RepRap. No entanto, desenvolveu caracters-ticas prprias. Dentre elas, grande poder de preciso e rapidez. Alm

    disso, esmera-se por criar uma comunidade atuante para discusso emanter o hardware aberto, premissas que a inserem diretamente nosprincpios da rede Fab Lab.

    A tabela abaixo prope um resumo das cinco mquinas por comando numricorecomendadas pelo CBA-MIT para equipar um Fab Lab.

    Mquina Modelo sugerido peloCBA-MIT

    Valor (converti-dos para real)

    vendida no Brasil?

    Cortadorade Vinil

    GX-24Roland

    De 4.500 a 8.500reais

    Sim. A Roland Brasil comercializaesta mquina com preos espe-ciais para ns educacionais

    Cortadora aLaser

    Epilog Laser - Mini 24 x12 40W

    De 30.000 a90.000 reais, emfuno da po-tncia do laser erea de trabalho

    A marca Epilog vendida somen-te sob importao. Temos outrassimilares no Brasil mas necess-rio pesquisar e entender um poucosobre a qualidade e funcionamentodo laser porque muitas mquinasvendidas no Brasil so de baixs-

    sima qualidade. Existem alguns fa-bricantes nacionais, mas tambm necessrio vericar o laser, suaprocedncia e os demais compo-nentes -chave da mquina

    Fresadorade Preciso

    MDX-20 Roland De 9.000 a15.000 reais

    Sim. A Roland Brasil comercializaesta mquina com preos espe-ciais para ns educacionais

    Fresadorade GrandeFormato

    Shop Bot: Modelo 1 - Open Loop

    ShopBot: PRSstan-dard96 96x48x8in,220V 4HP spindle,Router Bit Starter Kit:195.00, E-Chain X96Kit - Cable carriersystem for 96-axisPRS tools

    Modelo 2 ClosedLoop ShopBot: CrtlBox 1 Spindle, HSD

    4HP 220V spindle,Router Bit Starter Kit:195.00

    De 45.000 a100.000 reais

    No existe revenda da ShopBot noBrasil, ela precisa ser importada.No entanto, possvel encontrarmquinas de boa qualidade noBrasil atravs de fornecedores lo-cais. Diferentemente da cortadoraa laser, por sua fabricao envolverpeas mais simples, as marcas na-cionais so boas opes

    15 Cf. http://www.ultimaker.com/

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    Impressora3D

    Replicator 2 MakerBot

    Aproximadamen-te 8.000 reais(no-prossio-nal)

    Ainda no possvel comprar qual-quer mquina da MakerBot dire-tamente no Brasil, ela precisa serimportada. Temos aqui algumas si-milares mas h dois problemas: oua impressora apresenta bom preo

    mas no tem a mesma qualidade,ou possui boa qualidade mas a umpreo 30% mais alto.

    Maquinrio Complementar

    Em funo das especicidades e dos facilitadores, pode-se encontrar outrostipos de mquinas em um Fab Lab. Por exemplo, no Fab Lab Amsterdam en-

    contramos mquinas de costura, no Fab Lab Barcelona uma mquina de bor-dar (tambm usada para bordados com linhas que conduzem eletricidade),enquanto o Fab Lab Groningen dispe de mquinas para prototipar circuitosimpressos. Estes equipamentos complementares so interessantes na medidaem que o Fab Lab vai descobrindo sua personalidade e seu foco. Isto trazalgumas necessidades em maquinrio e equipamentos que devem ser adicio-nadas lista bsica disponibilizada pelo CBA-MIT.

    Componentes EletrnicosVamos descobrir dentro de um Fab Lab uma gama de eletrnica que vai des-de microcontroladores, resistores, diodos at sensores de toda natureza. Oaprendizado e prtica da eletrnica importante tanto no sentido de conhecermelhor a base da fabricao digital, quanto no sentido de utiliz-la nos proje-tos que na maioria da vezes pedem certa interao ou inteligncia. Comovisto acima, no texto dedicado descrio das mquinas de um Fab Lab, afresadora de preciso auxilia nesta funo, fresando placas de cobre que se-ro posteriormente soldadas e programadas. Tambm encontramos nos FabLabs plataformas de prototipagem eletrnica do tipo Arduino16e seus diversosclones. Arduino um circuito impresso open source sobre o qual se encontraum microcontrolador que pode ser programado para analisar e produzir sinaiseltricos de maneira a realizar tarefas diversas como o controle de chips e sen-sores permitindo, por exemplo, o desenvolvimento de um crebro de um rob,a gesto de iluminao etc. Inclusive, dentro do Fab Lab foi criada uma versochamada Fabduino17, a m fabricar estas placas de maneira mais econmica,aprendendo e executando todas as fases do processo.

    16 Cf. http://www.arduino.cc/17 Cf. http://fabacademy.org/content/projects/barduino/index.html

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    Sistema de Videoconferncia

    De extrema importncia o sistema integrado de videoconferncia que todosos Fab Labs devem possuir. Esta a forma mais simples de comunicar-se comoutros laboratrios, de sanar dvidas sobre processos e participar de palestras

    e cursos online, como o Fab Academy18

    . Conceitualmente, o sistema de video-conferncia a janela que os laboratrios tm para a rede. Os laboratriosse conectam diariamente atravs de um canal dedicado que serve como umapoio, por exemplo, a situaes onde usurios que estejam utilizando algumamquina ou processo e tenham alguma dvida. Caso ela no possa ser res-pondida localmente, o Fab Manager, tendo a viso geral das habilidades decada laboratrio, pode auxiliar na comunicao com outros Fab Labs, os quaispodero ajudar na resoluo do problema via videoconferncia. Esta no anica forma de comunicao entre laboratrios. A troca de e-mails, conversas

    mais focadas por Skype ou Google Hangout, as visitas e a participao nosencontros anuais mundiais da rede so tambm de extrema importncia paraque as pessoas se conheam e os laos entre os laboratrios se fortaleam.O sistema de videoconferncia atua, portanto, como a forma mais simples dever o que os outros esto fazendo. Muitas vezes, pela simples observao darotina de um outro laboratrio se aprende muito. Muito interessante tambma forma como alguns usurios se apropriam deste meio para compartilhar al-gum projeto que foi nalizado com xito, mostrando em tempo real como elese comporta. Estes pequenos detalhes fazem a rede se tornar mais unida e o

    conhecimento distribudo.Tecnicamente, o sistema funciona atravs de uma unidade de controle multi-ponto19comandada pelo CBA-MIT. Cada Fab Lab possui equipamento e sof-tware dedicado ao mesmo, e existem diferentes canais, alguns abertos paraeste acesso dirio e outros fechados para reunies entre um nmero reduzidode Fab Labs, a m de discutir algum projeto especco ou para cursos comoo Fab Academy.

    Demais acessrios e consumveisResumimos abaixo alguns outros acessrios e consumveis necessrios parao bom funcionamento de um Fab Lab. Mas ressalta-se a importncia em con-sultar o inventrio completo, que contm detalhes sobre quantidade, modelose marcas.

    Computadores Para controlar as mquinas, trabalhar os arquivos e projetos

    Softwares Open Source Software: Fab Modules - Kokompe, Inkscape,

    Blender, Gimp, Wings3d, Autodesk123D, entre outros. Softwares Proprietrios: Pacote Adobe, Rhinocerus, Rhino-

    CAM, Grasshopper, Google Sketchup, entre outros.

    18 Maiores detalhes sobre o Fab Academy no captulo 5 deste livro19 Cf. http://video.cba.mit.edu/

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    Materiais MDF, acrlico, vinil, papelo, placa de cobre, adesivo de cobre,espuma, silicone, dentre outros

    Material de segurana eoutros

    culos de segurana, aspiradores, extintor de incndio, kit deprimeiros socorros

    Materiais de bancada detrabalho Furadeira, parafusos, ferramentas diversas, plaina de madeira,dentre outros

    Biblioteca Pequena biblioteca com algumas obras gerais sobre fabricaodigital, bricolagem, programao, eletrnica

    Recursos Humanos

    Em qualquer Fab Lab uma equipe-tipo se esboa. Esta equipe muito impor-

    tante e ir dar personalidade e vida ao laboratrio, sendo responsvel pelacoordenao e realizao das atividades. O nmero de pessoas para cadaposio varia de acordo com o tamanho do laboratrio, a quantidade de pes-soas que recebe e suas atividades. Geralmente, o padro : 1 Diretor, 1 FabManager, 1 Guru e 3 Estagirios.

    Alguns laboratrios possuem conguraes diferentes, como o Protospace -Fab Lab Utrecht. Este laboratrio possui 1 Diretor Geral, 1 Diretor Criativo, 1Fab Manager, 1 Guru, 1 Fab Lab Manager Junior, 1 Communication Manager e1 Ofce Manager (administrao e nanas). O volume de pessoas atendidas,projetos e atividades deste laboratrio grande e justica a equipe ampliada.Durante a pesquisa notou-se que este Fab Lab um dos mais organizados noque tange facilidade de uso, entendimento de processos e autonomia dosusurios, visto que todas as informaes so claras e diretas e os novos usu-rios se adaptam rapidamente dinmica. Todos os processos so bem reali-zados, desde a discusso do projeto at a documentao, o que se concretizaatravs de uma boa recepo e encaminhamento inicial, chas tcnicas deexplicao de uso das mquinas, formulrios para preenchimento de uso dematerial e plataforma fsica e online facilitada para documentao.

    Posio Tarefas Observaes Dedicao

    Diretor planeja a estratgia doFab Lab, os grandeseixos de ao

    busca nanciamento busca parcerias

    Em muitos Fab Labs, ele, mesma vez, diretortambm da estrutura quenancia o Fab Lab ouprofessor responsvel nauniversidade

    No possui um ho-rrio xo de trabalhopois geralmente sedivide entre outrasfunes

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    Fab Manager gesto do laboratrio acolhida e mediao contato com imprensa organizao do labo-

    ratrio responsabilidade pelo

    bom desenvolvimentodas atividades

    coordena a realiza-o dos projetos comparceiros

    O Fab Manager muitoimportante, ele o homemque faz tudo no Fab Lab.Interessante notar quemuitas vezes os Fab Labsacabam se confundindo

    com a personalidade dosFab Managers, por estesestarem no espao o tempotodo e auxiliarem em todasas funes (veja quadroexplicativo adiante)

    40 horas semanais

    Guru apoio em geral ao FabManager

    assistncia em todos osprojetos

    manuteno e reparodas mquinas instrutor em cursos e

    workshops

    O Guru uma pessoaespecialista e muitocuriosa. Mas, dentro deum Fab Lab, especialista

    signica dizer que ele temconhecimentos acerca deeletrnica, programao efabricao digital

    40 horas semanais

    Estagirio auxilia o Fab Managerem tarefas correntes

    acolhe o pblico participa do laboratrio

    segundo suas compe-tncias

    Em alguns laboratrioseles recebem um salrioou bolsa de estudos, mas muito comum encon-trar voluntrios que alitrabalham recebendo em

    troca a possibilidade deuso, o contato direto com arede e o aprendizado dosprocessos

    20 horas semanais

    Esta equipe se completa s vezes com membros da estrutura que suporta oFab Lab. No Fab Lab Amsterdam, uma pessoa dotada de um quarto de tempose ocupa das tarefas administrativas ligadas ao Fab Lab e passa o resto do

    tempo na Waag Society, organizao que apoia o Fab Lab Amsterdam. NosFab Labs dentro das universidades, so frequentes os professores, tcnicose alunos que disponibilizam tempo parcial para organizao do laboratrio. OFab Lab LCCC (Lorain Country Community College) funciona unicamente comvoluntrios e neste laboratiro, o Fab Manager um professor aposentado,que auxiliado pelos estudantes, nas atividades do espao.

    Profsso Fab Manager

    O Fab Manager a pessoa que faz tudo em um Fab Lab. Ele respons-vel por acolher o pblico, por sua mediao, pela gesto, manuteno ereparo das mquinas, organizao do laboratrio, assistncia aos usu-rios e coordenao da equipe. ele tambm quem tem a viso geral so-bre os softwares, hardwares, os processos que permitem utilizar um FabLab, customizando-os de acordo com a comunidade local para o melhor

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    uso do laboratrio e xito dos projetos. Ele tambm auxilia o Diretor naproposta de atividades e executa parcerias.

    Os primeiros Fab Labs se apoiaram sobre as competncias dos estudan-tes do MIT e estes so considerados os primeiros Fab Managers. Eles,

    inicialmente, iam at os diferentes pases, passavam alguns meses ali etreinavam a equipe local para que esta pudesse continuar a funo in-dependentemente. Com o desenvolvimento da rede ao redor do mundo,este trabalho comeou a car invivel e os Fab Managers locais comea-ram a aparecer. A auto-formao, o reparo das mquinas, a reviso e agesto dos processos se obtinha por tentativas, delineando o perl destaprosso: pessoas polivalentes e ativas.

    Para auxiliar em sua formao e respaldar algumas atividades, passou-se a indicar o Fab Academy20como um curso preparatrio para os FabManagers e tambm para os Gurus. Ainda assim, pelas atividades rea-lizadas por um Fab Manager serem muito amplas, necessrio que seencontre o perl certo de pessoa para esta funo, a m de que o FabLab caminhe de maneira estruturada e realmente conectada.

    Valor do Investimento

    Para criar um Fab Lab, o investimento inicial em mquinas, componentes eacessrios por volta de 300.000 reais. Este valor compreende a integralidade

    do inventrio proposto pelo CBA-MIT. Deve-se adicionar um valor para treina-mento da equipe e manuteno mensal do Fab Lab. Estes gastos variam bas-tante segundo a cidade e o modelo do Fab Lab mas pode-se dizer que estesitens chegam a dobrar o valor inicial, em alguns casos, durante o primeiro ano.

    Importante ressaltar que tanto o valor inicial quanto os custos de capacitao emanuteno mensal variam tambm de acordo com o modelo de Fab Lab. OsFab Labs prossionais, por exemplo, exigem mquinas mais precisas e pro-ssionais especializados para auxiliar nas dvidas tcnicas, reserva extra dematerial, dentre outros pontos. J o Fab Lab Social tende a possuir mquinas

    menores, fceis de serem transportadas, o que pode reduzir o valor, em algunscasos. Portanto, pode-se dizer que, dependendo do modelo de Fab Lab e doconhecimento tcnico do comprador, fornecedores e processos, este valor ini-cial pode sofrer uma variao de 30% para menos ou para mais.

    Aqui esto exemplos de valores21de investimentos iniciais em alguns labora-trios da rede. Estes valores integram:

    A eventual compra/locao/reforma de um espao

    A compra das mquinas e outros materiais

    As taxas do primeiro ano (salrio da equipe, reparo das mquinas, eletricida-de, internet, aquecimento, gua, luz, materiais e consumveis bsicos)

    20 Curso online da rede, ministrado pelo prprio Neil Gershenfeld. Maiores detalhes no capitulo 5 deste livro21 Valores referentes ao primeiro semestre de 2011

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    Barcelona Manchester Groningen Cape Town

    500.000 reais 360.000 reais 600.000 reais 360.000 reais

    Modelo EconmicoAs discusses acerca dos diferentes modelos econmicos permitiram-nosidenticar algumas maneiras de criao de um Fab Lab, as quais so discuti -das na sequncia.

    Uma organizao fnancia o Fab Lab

    No primeiro caso, uma organizao (pblica ou privada universidade, em-

    presa, museu, dentre outros) assegura a integralizao do suporte. O nancia-mento s vezes indireto. Por exemplo, uma universidade oferece mquinasj existentes, espao, pagamento das pessoas que iro gerir o Fab Lab oumesmo a compra de novas mquinas ( o caso do Fab Lab Barcelona cujasmquinas j faziam parte do IaaC, organizao que o sedia). Outras vezes oinvestimento direto, como o caso do EDP Fab Lab de Lisboa, integralmentenanciado pela empresa EDP (Eletricidade de Portugal) e os ainda em planeja-mento FABLAB Cit des Sciences et de lIndustrie em Paris e o MUSE Fab Labem Trento, ambos nanciados por museus de cincia e indstria.

    Uma rede nacional de Fab Labs nos EUA e apoio aos laboratriosna Frana

    Recentemente, duas iniciativas vm abrindo espao para a criao deuma rede pblico-privada de Fab Labs nacionais. Tanto o governo dosEUA quanto o da Frana tm percebido o valor e as possibilidade do pro-jeto propondo apoio a um maior nmero de laboratrios em seus pases.

    Nos EUA, em 20 de maro de 2013, o deputado Bill Foster introduziu o

    National Fab Lab Act, que criaria uma carta federal para uma organi-zao sem ns lucrativos chamada The National Fab Lab Network22(NFLN). NFLN agiria como uma parceria pblico-privada cujo objetivoseria fornecer o acesso da comunidade a ferramentas de fabricaoavanadas para a aprendizagem de competncias, o desenvolvimentode invenes, criao de empresas e produo de produtos persona-lizados. Na Frana, o governo lanou uma proposta de apoio a labo-ratrios de fabricao digital do tipo Fab Lab23. Em forma de chamadade propostas, o projeto visa apoiar Fab Labs j existentes e aqueles aserem criados, no intuito de capacit-los a fazer os investimentos de-

    senvolverem seus negcios e aumentar seu impacto sobre o pblico emgeral e empresas. O objetivo que estes atores tenham uma melhorvisibilidade e seu valor reconhecido, especialmente entre a comunidade

    22 Cf. http://www.gpo.gov/fdsys/pkg/BILLS-113hr1289ih/pdf/BILLS-113hr1289ih.pdf23 Cf. http://www.dgcis.gouv.fr/secteurs-professionnels/economie-numerique/aide-au-developpement-des-ate-

    liers-fabrication-numerique

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    empresarial. Na prtica, o projeto nanciar adio de novas mquinas,substituio do equipamento existente por equipamentos mais ecien-tes, expanso das instalaes existentes e prestao de servios.

    Nos casos em que uma organizao nancia um Fab Lab, a comunidade deusurios , ao menos nos primeiros meses, muito ligada a estas organizaes.Ou seja, se uma universidade nanciou um Fab Lab, os primeiros usurios cer-tamente sero os estudantes e professores, os quais utilizaro o laboratrio ese familiarizaro com a rede. Mas, o processo no deve nalizar neste ponto.Os Fab Labs devem ultrapassar esta fase de maneira breve e abrir suas por-tas a diferentes usurios, a m de aportar novas competncias e saberes. Porexemplo, na Holanda, o concurso Open Design Contest24foi concebido para

    que todos conhecessem melhor os Fab Labs holandeses, buscando a aberturapara alm da comunidade de usurios.

    O Fab Lab SP

    No Brasil, o primeiro laboratrio associado rede, o Fab Lab SP, se-gue este modelo de nanciamento pela universidade. A Faculdade deArquitetura, Urbanismo e Design da Universidade de So Paulo (USP)comprou as mquinas e cedeu o espao para que o Fab Lab se instalas-se. Sob a coordenao do Prof. Paulo Eduardo Fonseca de Campos, ogrupo de estudos Digi-Fab foi o responsvel pela criao e manutenodo laboratrio nos primeiros meses de funcionamento e o coordena athoje. Durante o primeiro ano de funcionamento o laboratrio recebeumuitos estudantes e comunidade em geral em workshops abertos e gra-tuitos realizados atravs de projetos de extenso. A prxima etapa serabrir mais suas portas atravs da estruturao de uma pgina web infor-mativa, criaao de jornadas Open Lab (dias abertos comunidade) eda parceria com prossionais de design, engenharia, arquitetura e artes;permitindo a estes que utilizem o espao durante um tempo determinadopor projeto. O Fab Lab SP, por estar dentro da USP no permite queos usurios paguem pelo uso. A contrapartida sempre o auxlio emworkshops, a apresentao e documentao de seus projetos ou mesmoo auxlio na instruo de novos usurios. Ou seja, no Fab Lab SP a moe-da de pagamento o conhecimento e a vontade de colaborar.

    Um Fab Lab bottom up

    Em alguns casos, um grupo de pessoas est interessado em abrir um FabLab mas no possui uma organizao de suporte para tal. Geralmente, este

    grupo est conectado com o movimento maker e DIY e so engenheiros, de-signers, artistas, hackers ou entusiastas; pessoas que j possuem intimidadecom este tipo de tecnologia. Este grupo de pessoas comea, ento, a produzirou adaptar suas prprias mquinas de comando numrico, encontra um es-

    24 Cf. http://opendesigncontest.org/

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    pao emprestado ou a um valor bastante baixo, e so eles mesmos que irogerir o Fab Lab. Na Holanda existe um movimento intitulado Grassroots FabLab25que rene grupos interessados em criar um espao do tipo Fab Lab masque no possuem o investimento total para tanto. Este grupo divulga maneirasalternativas de se abrir um Fab Lab, faz alguns encontros e esto conectados

    rede mundial.Muito interessante tambm o movimento de alguns Fab Labs franceses e ita-lianos que se formaram como uma associao de pessoas e, atravs da ajudados membros (que se associam via pagamento de uma mensalidade) estoconcretizando o projeto. O processo nestes casos mais lento e depende dasoportunidades que este grupo encontra. Alguns, por realizarem atividades deinteresse para a comunidade, acabaram sendo incubados dentro de centrosculturais ou museus. o caso do Fab Lab Lyon - Fabrique dObjets Libres26,que hoje funciona em uma sede inicial com uma estrutura reduzida (impres-sora 3D, componentes eletrnicos, fresadora de preciso27), e que possui umbrao adicional dentro de um centro cultural, o qual lhes ofereceu espao ecomprou uma cortadora a laser. Este Fab Lab vem demonstrando grande po-der de conexo com a comunidade e inovao atravs de workshops criativospara um pblico bem diferenciado.

    O Artilect - Fab Lab Toulouse

    Este Fab Lab igualmente surgiu atravs da constituio de uma asso-ciao por apaixonados de eletrnica e robtica, os quais criaram aassociao Artilect. Eles iniciaram as atividades de construo de suasmquinas dentro de uma sala emprestada por uma universidade e, logodepois, passaram a pertencer rede, sendo este o primeiro Fab Labfrancs. Hoje ele um espao aberto e acolhe um pblico novo e gran-de. Recentemente, este laboratrio francs recebeu o apoio da empresaAirBus, a qual cedeu-lhes um imenso hangar e apoio nanceiro. Em tro-ca, a AirBus usa o espao para criao de prottipos e para car maisprxima dos criativos, os quais lhes aportam ideias inovadoras.

    Os modelos econmicos emergentes

    A questo dos modelos econmicos dentro da rede recorrente. Como noexiste uma resposta concreta e nica sobre o tema, cada Fab Lab precisa,de alguma maneira, criar o seu prprio modelo. Os relatos e modelos doslaboratrios mais experientes ajudam sobremaneira e, estas informaes sosempre compartilhadas. Mas, cada pas ou cada cidade possui suas especi-cidades, o que exige um trabalho extra de criatividade, conhecimento da rede,

    25 Cf. http://www.fablabamersfoort.nl/downloads/fablab-instructable.pdf26 Cf. http://www.fablab-lyon.fr/27 A fresadora de grande formato utilizada em parceria com um outra ocina de madeira que funciona no

    mesmo espao onde a sede do Fab Lab Lyon est instalada

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    apoio de pessoas experientes, boas parcerias e uma gesto estruturada.

    As discusses com membros de equipe de diversos Fab Labs nos aponta-ram que a sustentabilidade nanceira completa, pelo menos nos trs primeirosanos, no possvel; sendo bem vinda uma subveno durante este tempoinicial. Isto se d pelo fato do Fab Lab ser um modelo ainda pouco conhecido,bem como a tecnologia que ele utiliza, necessitando de mais tempo para quese fortalea e encontre a gama de servios perfeita para uma comunidadeespecca. Com relao aos servios oferecidos por cada um dos Fab Labs,os quais podem gerar receita, o que se nota que no existe uma direonica , mas uma mescla delas, as quais se baseiam em cobrana de horas deuso de mquinas e ampliao da renda com workshops, cursos e atividadesprogramadas. Soma-se a isto, o fato dos Fab Labs possurem dias em que acomunidade de usurios no paga pelo uso das mquinas (ou paga um valorreduzido), o que faz parte dos princpios da rede e apoiada fortemente pelosFab Managers, que entendem o papel que o Fab Lab tem na democratizaoda tecnologia; o que prejudica de certa maneira o fechamento das contas.

    Dois modelos alternativos: Protospace - Fab Lab Utrecht e GaragemFab Lab

    O Protospace / Fab Lab Utrecht uma iniciativa conjunta da prefeitura eindstrias da cidade de Utrecht. Ele possui um modelo econmico mis-to. Apesar de ter sido nanciado pelos rgos acima citados, possui a

    misso de se sustentar economicamente depois dos dois primeiros anosde apoio. Ele situa-se na zona industrial da cidade de Utrecht e est to-talmente conectado com startups, empresas da regio e estudantes deuniversidades da cidade. Sua agenda est dividida entre Open Lab Dayse dias regulares de uso do laboratrio. Durante os Open Lab Days todosos usurios so obrigados a documentar seus projetos em uma plata-forma criada pelo prprio Protospace - Fab Lab Utrecht, chamada FabMoments28 (existe um totem com um computador para tal na sada doespao, o que auxilia este processo). A receita deste laboratrio provmde pagamento por uso de mquinas, cursos, aluguel de todo o Fab Lab

    por empresas que desejam desenvolver projetos, e tambm da parceriacom empresas que foram incubadas por este Fab Lab, como o caso daUltimaker, j comentado neste livro.

    J o Garagem Fab Lab, segundo laboratrio da rede no Brasil, situa-seno centro de So Paulo e possui um modelo baseado em um kit de m-quinas que segue o inventrio do CBA-MIT, mas com a caracterstica deserem mveis, para utilizao em atividades tambm fora do laboratrio.Este novo espao (foi aberto em junho de 2013) atua nos seguintes ei-xos de ao: Workshops (cursos e wokshops nos mais variados temas),Fab Lab Kids (ocinas para crianas e jovens); Make Innovation (desen-volvimento de processo inovadores via estratgias hands on e kits demquinas e acessrios, direcionado a empresas) e Open Lab Days (diastotalmente abertos e gratuitos comunidade). Ele foi criado por pessoasque acreditam no conceito da rede Fab Lab e, por ser uma experincia

    28 Cf. http://www.protospace.nl/fabmoments

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    independente, precisa buscar sua sustentabilidade nanceira. Para tal,sua receita no provm de uma troca direta entre um pblico que pagapelo uso das mquinas. O modelo mais complexo e a receita vem dediferentes lugares: parcerias com empresas, participao em editais de

    rgos pblicos, alm das atividades pagas.

    A maioria dos Fab Labs mesclam estes diferentes recursos: nanciamentospblicos (municipal, estadual, nacional, provenientes de editais) e privados(parceiros, trabalho coletivo, apoio). Neste sentido, constata-se dois blocos deservio com destaque:

    Uma oferta de servios que compreende a locao do espao e/ou das m-quinas, oferecendo ainda conselhos personalizados de um Fab Manager ou

    Guru, a m de auxiliar a realizao dos projetos. O Fab Lab Manchester seapoia sobre este modelo por estar direcionado a empresas e startups, auxi-liando-os no processo de inovao

    A formao outro servio que observa-se dentro destes laboratrios. Elabaseia-se tanto em formao elementar (como o uso das mquinas e ele-trnica bsica), como em cursos mais especcos e aprofundados (temasespeccos, aprendizagem sob medida, Fab Academy, Fab Lab Kids, dentreoutros)

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    CAP

    TULO.

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    ProjetosTipologia

    Diferentemente de uma grande fbrica que trabalha baseada em produo emgrande escala, um Fab Lab um centro de produo personalizado ou de pro-duo em pequena escala, atividade esta que no deve entrar em conito comoutras atividades tambm importantes em um Fab Lab, que nomeadamenteso: funo educacional e de pesquisa e compromisso social com impactolocal. Esta armao est baseada tanto na Fab Charter como em relatos deFab Managers, dentre eles Tomas Diez, do Fab Lab Barcelona. Segundo To-mas, um Fab Lab pode crescer e possuir mquinas dedicadas produo emsrie, desde que no perca seu compromisso com as atividades de formaoe impacto social.

    Para tanto, e atravs das diferentes visitas nos Fab Labs, traamos uma tipolo-gia dos projetos realizados. Esta tipologia mostra a diversidade de uso dos FabLabs e um caminho de como este espao pode auxiliar diferentes indivduos eempresas que optarem por modelos de negcios alternativos grande escalae/ou que queiram utilizar o poder da rede para projetos colaborativos.

    Para melhor entendimento das diversas maneiras de se trabalhar em um FabLab, categorizou-se as tipologias em duas diferentes modalidades:

    A primeira diz respeito a um indivduo ou empresa que utiliza o Fab Lab para

    realizao de seu projeto, fazendo uso dos benefcios de estar conectado aum rede mundial, mas trabalhando de maneira mais individual; o que chama-mos de Fabricao Pessoal e em Pequena Escala.

    A segunda categoria diz respeito a projetos totalmente em rede, envolvendomais de um Fab Lab, criando assim a possibilidade de um ecossistema de pro-duo colaborativa, utilizando estratgias baseadas em modelos de negcios

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    inovadores e abertos, tais como o open design1, produo distribuda, licenasabertas e compartilhadas com resultados e benefcios aparentes para todos osenvolvidos. Estamos chamando esta categoria de Fabricao Colaborativa.

    Veja abaixo o quadro explicativo:Modalidade Tipo Objetivo

    FabricaoPessoal e emPequena Escala

    Prototipagem, prova deconceito

    testar uma ideia ou um conceito conceber um primeiro prottipo ou uma

    prova de conceito produzir uma primeira verso funcio-

    nal

    Fabricao

    Pessoal e emPequena Escala

    Pequena srie, produtos

    para mercado de nicho,fabricao por demanda

    dar continuidade a fase de prototipagem testar um mercado local atravs de algumas

    peas fabricar uma pequena serie para mercados

    de nicho produzir por demanda customizar objetos de maneira extremamen-

    te personalizados

    FabricaoPessoal e em

    Pequena Escala

    Projeto nico Projetos artsticos Projetos acadmicos de estudantes

    Projetos realizados para uso prprio (poramadores ou entusiastas, geralmente) Reparos em geral

    FabricaoColaborativa

    Projetos entre Fab Labs Prttipos ou pequena escala fabricao distribuda criao colaborativa (co-design ou op