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CENTRO-OESTE PAULO WHITAKER/REUTERS–29/1/2013 Brasil central busca eficiência Safra recorde enfrenta caos logístico Produtividade é perdida na estrada Agronegócio dá impulso à aviação executiva Borracha natural é promessa para o futuro Turismo rico em belezas naturais O agronegócio tem sido o pilar do crescimento da economia brasileira, com participação cada vez maior dos Estados do Centro-Oeste. Em plena sa- fra recorde, o País já projeta crescimento de mais 4,5% no agronegócio, ultrapassando a marca de 195 milhões de toneladas em 2014. Principal cultura, a soja deve avançar mais 10% e che- gar a 89,7 milhões de toneladas, consolidando o País co- mo o maior produtor do mundo, à frente dos Estados Unidos. Mas toda essa exuberância esbarra na falta de in- vestimentos em infraestrutura. Com participação de 10% no PIB do Brasil e de 41% na produção agrícola nacional, o Centro-Oeste é o maior re- fém da precariedade logística. Escoando a produção basi- camente por rodovias, a eficiência do produtor dentro das porteiras se perde no percurso até os portos. Esta edição especial traz o resultado dos debates duran- te o Fóruns Estadão Regiões/Centro-Oeste, promovi- do pelo Grupo Estado, onde o custo logístico foi aponta- do como o principal desafio. “Precisamos de portos, fer- rovias, hidrovias e aeroportos regionais para garantir a competitividade da nossa produção”, disse o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli. O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, Rui Prado, destacou que o Estado mais que duplicou a produção de grãos em quatro anos, mas pode crescer muito mais com transporte eficiente. H1 SEXTA-FEIRA, 11 DE OUTUBRO DE 2013 O ESTADO DE S. PAULO Click to buy NOW! P D F - X C h a n g e w w w . t r a c k e r - s o f t w a r e . c o m Click to buy NOW! P D F - X C h a n g e w w w . t r a c k e r - s o f t w a r e . c o m

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CENTRO-OESTEPAULO WHITAKER/REUTERS–29/1/2013

Brasil central busca eficiência● Safra recorde enfrenta caos logístico ● Produtividade é perdida na estrada ● Agronegócio dá impulsoà aviação executiva ● Borracha natural é promessa para o futuro ● Turismo rico em belezas naturais

O agronegócio tem sido o pilar do crescimento daeconomia brasileira, com participação cada vezmaior dos Estados do Centro-Oeste. Em plena sa-

fra recorde, o País já projeta crescimento de mais 4,5%no agronegócio, ultrapassando a marca de 195 milhões detoneladas em 2014.

Principal cultura, a soja deve avançar mais 10% e che-gar a 89,7 milhões de toneladas, consolidando o País co-mo o maior produtor do mundo, à frente dos Estados

Unidos. Mas toda essa exuberância esbarra na falta de in-vestimentos em infraestrutura.

Com participação de 10% no PIB do Brasil e de 41% naprodução agrícola nacional, o Centro-Oeste é o maior re-fém da precariedade logística. Escoando a produção basi-camente por rodovias, a eficiência do produtor dentrodas porteiras se perde no percurso até os portos.

Esta edição especial traz o resultado dos debates duran-te o Fóruns Estadão Regiões/Centro-Oeste, promovi-

do pelo Grupo Estado, onde o custo logístico foi aponta-do como o principal desafio. “Precisamos de portos, fer-rovias, hidrovias e aeroportos regionais para garantir acompetitividade da nossa produção”, disse o governadorde Mato Grosso do Sul, André Puccinelli.

O presidente da Federação de Agricultura e Pecuáriade Mato Grosso, Rui Prado, destacou que o Estado maisque duplicou a produção de grãos em quatro anos, maspode crescer muito mais com transporte eficiente.

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H10 Especial SEXTA-FEIRA, 11 DE OUTUBRO DE 2013 O ESTADO DE S. PAULO

Viagem

Andréa CarneiroESPECIAL PARA O ESTADO

Á reas de beleza naturalexuberante, com par-ques ecológicos, ca-

choeiras, abismos, cavernase fauna e flora riquíssimas, ga-rantem à Região Centro-Oes-te um futuro altamente pro-missor no turismo.

Os principais indicadoreseconômicos, como a geraçãode renda e emprego, mos-tram que a participação do se-tor turístico vem crescendona economia da região conhe-cida como o celeiro do Brasil.

Com os brasileiros viajan-do mais, a relação entre o con-sumo turístico e o ProdutoInterno Bruto (PIB) da re-gião Centro-Oeste chegou a

4,6%, de acordo com o Estudoda Demanda Turística Domésti-ca do Brasil - 2012.

A participação é maior do quea média nacional: o setor res-ponde atualmente por 3,7% doPIB do País, de acordo a pesqui-sa Economia do Turismo do Ins-tituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE).

Dois destinos da região se des-tacam entre os mais procura-dos do País em viagens domésti-cas: Goiânia (GO) e Brasília , pe-la importância política do Dis-trito Federal. Mas outros pon-tos turísticos ganham cada vezmais importância, como o Pan-tanal e a região de Bonito.

O Centro-Oeste era responsá-vel por 7% do emprego formaldo turismo no Brasil em 2011,de acordo com um estudo do

Instituto de Pesquisa Econômi-ca Aplicada (Ipea) divulgadoem junho deste ano.

Ao todo, 2,077 milhões de pes-soas estão empregadas em ativi-dades relacionadas ao turismono Brasil, o que representa 2,2%do total de ocupados. O Distri-to Federal respondia por 36%do total de empregos relaciona-dos ao turismo na região, Goiáspor 34%, Mato Grosso por 16% eMato Grosso do Sul por 14%.

Goiás. Com seu clima tropicalsemiúmido e temperatura mé-dia de 25˚C, Goiás recebeu em2012 cerca de 8 milhões de visi-tantes, 95% deles brasileiros.De janeiro a agosto de 2013,942.643 pessoas desembarca-ram no aeroporto Santa Geno-veva, em Goiânia (GO).

A movimentação total foi de1,8 milhão de passageiros. Jánas estações rodoviárias, em2011, foram realizados 2,1 mi-lhões de embarques e 2 milhõesde desembarques.

O Estado gerou 51.457 empre-gos formais pelas atividades ca-racterísticas do turismo em2011, 3,71% do total de empre-gos formais gerados no Estado.De 2006 a 2011, o número deempregados cresceu 40% no Es-tado, enquanto o turismo regis-trou incremento de 49%. Res-

taurantes e outros estabeleci-mentos de serviços de alimenta-ção e bebidas foram responsá-veis por 50% do pessoal ocupa-do em 2011; hotéis e similarespor 23%.

Além de ser o maior destinode águas termais do mundo,Goiás também oferece comoatrativos a pesca, o ecoturismoe o turismo religioso, com desta-que para a Romaria do DivinoPai Eterno.

Os destinos mais conhecidos

são Caldas Novas, Rio Quente,Pirenópolis, Goiânia, Cidadede Goiás, Região do Vale do Ara-guaia, Trindade e Chapada dosVeadeiros.

Já o estado do Mato Grossodo Sul, com sua enorme biodi-versidade, recebeu 1.603.722hóspedes em 2012, com perma-nência média de 2,3 dias. A taxamédia de ocupação das unida-des habitacionais disponíveis fi-cou em 51,40%. O Estado regis-tra crescimento médio de 10%

ao ano no número de visitan-tes. O último levantamentomostrou que, em 2009, o tu-rismo movimentou R$ 553milhões na economia do Es-tado.

Pantanal e Bonito com-põem os principais destinosde ecoturismo do Estado. OPantanal sul-mato-grossen-se atrai pela imensa diversi-dade, o Rio Paraguai e seusafluentes e as cidades tran-quilas que retratam em seusconjuntos arquitetônicoscostumes e lembranças dahistória do País.

Ainda em construção emCampoGrande (MS), o Aquá-rio do Pantanal abrigarámais de 350 espécies de ani-mais, entre répteis, crustá-ceos e moluscos, nos mais de10 mil metros quadrados. Oprojeto, assinado pelo reno-mado arquiteto Ruy Ohtake,ficará em uma das entradasdo Parque das Nações Indíge-nas, o principal parque urba-no da cidade.

Controle. A cidade de Boni-to, que impressiona turistasdomundo todo com sua natu-reza preservada, transfor-mou o turismo em sua princi-pal atividade econômica. Em2010, o setor de comércio eserviços já representava58,39% do PIB municipal; aagropecuária ficava com31,59% e a indústria, com10,03%.

O caso de Bonito tornou-se modelo mundial de plane-jamento turístico. Mais deum milhão e duzentas milpessoas já visitaram a regiãoe mais de três milhões e seis-centos mil passeios foramrealizados, de acordo com aSecretaria de Turismo do Ma-to Grosso do Sul.

O Conselho Municipal deTurismo – do qual partici-pam Prefeitura, associaçãode moradores e empresas –encontrou uma boa soluçãoao estabelecer uma políticade preservação dos seus atra-tivos turísticos sustentadosna capacidade de carga con-trolada.

“Não é turismo de massa,por isso não é barato”, avaliao diretor do Centro de Exce-lência em Turismo da Univer-sidade de Brasília (Unb),Neio Campos.

Com base em um sistemachamado de Voucher Único,todas as operadoras e o muni-cípio são informados assimque o passeio é vendido. Issopermite controlar, quantifi-car e também levantar os ín-dices de crescimento e sazo-nalidade das visitas às maisde 80 opções de passeio.

Nova classe média investe em imóveisAgronegócio e novas indústrias incentivam o mercado imobiliário na faixa do programa Minha Casa Minha Vida no Centro-Oeste

WANDER LIMA

RICO / DIVULGAÇÃO

REGIÃO É RICAEM DESTINOSTURÍSTICOSParticipação do setor de turismo na economiaregional é maior do que a média do País

Daniela RochaESPECIAL PARA O ESTADO

O desenvolvimento do agrone-gócio, a ampliação dos parquesindustriais e o fortalecimentodo comércio e serviços dão ca-da vez mais condições à popula-ção do Centro-Oeste para aqui-sição do primeiro imóvel ou pa-ra que possa conquistar novospatamares de moradia. Nessecenário, a nova classe média se-gue dando o tom ao mercadoimobiliário da região.

Em Mato Grosso do Sul, pas-sada a euforia entre 2008 e2010, o mercado imobiliáriotêm vivido uma fase de equilí-brio. “Principalmente em 2012e 2013, sentimos que há umaacomodação, inclusive de pre-ços”, diz Marcos Augusto Net-to, presidente do Sindicato daHabitação (Secovi-MS).

Por exemplo, em maio, duran-te uma grande feira do setor emCampo Grande, as promoçõesmarcaram as estratégias das em-presas. Segundo ele, isso é sinal

que setor avançou de um está-gio muito incipiente para um pa-tamar mais sólido.

“Hoje, o mercado imobiliárioexiste, é ativo. Assim como nalinha branca e em veículos, asconstrutoras e incorporadoraspassaram a oferecer bônus edescontos nos imóveis, apos-tam em algum tipo de diferen-cial”, comenta.

Em algumas regiões, para de-terminados tipos de apartamen-tos, há superoferta. É o caso dobairro Rita Vieira, com estoquealto de apartamentos entre R$185 mil e R$ 210 mil, permitindoque os clientes tenham maischances para negociar as melho-res oportunidades.

Contudo, em Mato Grossodo Sul, os empreendimentosdentro do programa do gover-

no federal Minha Casa MinhaVida são o destaque. A grandeprocura é por apartamentos en-tre R$ 110 mil e R$ 170 mil, de 45a 65 metros quadrados, comdois ou três quartos. “É onde ademanda está realmente maisaquecida”, enfatiza Netto.

Segundo ele, na capital, porexemplo, todos os bairros têmsido contemplados com o pro-grama.

No segmento comercial, oque chama a atenção é o grandenúmero de lojas de atacarejo,que vendem tanto no atacadocomo no varejo, acrescenta Net-to do Secovi-MS. “Todas as ban-deiras se estabeleceram aqui”,afirma.

Além do positivo desempe-nho do agronegócio na região,nos últimos anos o Estado têmatraído muitas indústrias, ala-vancando ainda mais a econo-mia, que já contava com comér-cio e funcionalismo público for-tes.

Crescimento. O Estado do Ma-to Grosso cuja produção degrãos dobrou nos últimos qua-tro anos, tem crescido acima doPIB do País. Cuiabá, a capital,foi escolhida como uma das se-des dos jogos da Copa e tem re-cebido muitos investimentosem infraestrutura. Por essesmotivos, o setor imobiliário vi-

ve clima positivo.Segundo levantamento do Se-

covi do Mato Grosso, este anoserão entregues 80 edifícios re-sidenciais. Em 2014, serão mais47 torres e, em 2015 estão previs-tas 49. Após ter passado por umperíodo de acomodação, o mer-cado imobiliário avança esteano.

“Estamos vendendo 15% amais do que 2012. Este é um anode recuperação”, destaca Rogé-rio Fabian Iwankiw, diretor re-gional do grupo Plaenge Cuia-bá. A construtora paranaenseque atua no Centro-Oeste – há30 anos em Cuiabá e há 25 anosem Campo Grande –, é conside-

rada uma das maiores da região.Em Cuiabá, o grupo está er-

guendo 20 torres, sendo 11 pelaVanguard Home, marca volta-da ao segmento de primeira mo-radia com apartamentos de R$250 mil, em média, em uma fai-xa superior ao Minha Casa Mi-nha Vida, e outras 9 torres pelaPlaenge, que comercializa imó-veis de R$ 250 mil a R$ 500 mil.

Já em Campo Grande, estãoem construção 27 edifícios resi-denciais, sendo 12 pela Van-guard Home e 15 pela Plaenge.“Ambos os segmentos estãoaquecidos”, avalia.

Os empreendimentos comer-ciais avançaram nos últimos

anos, mas em 2013 diminuiu oritmo de lançamentos. Porém,Cuiabá já conta com três shop-pings e está em andamento oprojeto de um quarto.

No Estado de Goiás, o MinhaCasa Minha Vida se expande nointerior. “Em Goiânia, os pre-ços dos terrenos inviabilizam oprograma”, explica MarceloBaiocchi Carneiro, presidentedo Sindicato da Habitação deGoiás.

Na capital, predominam asvendas de apartamentos entreR$ 150 mil a R$ 300 mil, de 50 a120 metros quadrados, comdois ou três quartos. Na GrandeGoiânia, ganham fôlego os em-preendimentos comerciais. Assalas em lançamento chegam acustar R$ 6 mil reais o metroquadrado.

Estabilização. No Distrito Fe-deral, de modo geral, é mais in-tensa a comercialização de imó-veis acima da faixa do Minha Ca-sa Minha Vida. “Porém, hoje, te-mos estoque, é possível encon-trar qualquer tipo de imóvel,coisa que há dois anos não acon-tecia. Não há queda abrupta depreço, apenas uma estabiliza-ção porque existe oferta, as pes-soas podem comprar com maistranquilidade”, ressalta CarlosHiram Bentes David, presiden-te do Secovi-DF.

DENILSON SECRETA ELIO TAVEIRA/DIVULGAÇÃO–18/3/2008

Torres. Grupo Plaenge constrói em Cuiabá e Campo Grande

Bonito. A flutuação no Rio da Prata é uma das atrações

● Demanda

15%é o crescimento de vendas regis-trado neste ano pela PlaengeCuiabá

20torres estão sendo construídaspela empresa em Cuiabá, comapartamentos a partir de R$ 250mil

Natureza. O Pantanal está entre os principais destinos de ecoturismo; em Campo Grande, está em construção um aquário que abrigará 350 espécies

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H2 Especial SEXTA-FEIRA, 11 DE OUTUBRO DE 2013 O ESTADO DE S. PAULO

● O senador Delcídio Amaral(PT-MS) ressaltou que a ineficiên-cia logística é um problema anti-go, mas não é o único desafioenfrentado pelos produtores doCentro-Oeste. Segundo ele, a de-marcação de terras indígenasameaça o potencial de cresci-mento da produção agrícola daregião, especialmente Mato Gros-so e Mato Grosso do Sul. “Preci-samos de uma saída urgente pa-ra essa questão das terras indíge-nas”, disse Amaral.

O presidente da Federação deAgricultura e Pecuária de Mato

Grosso (Famato), Rui Prado, re-forçou as declarações do sena-dor. Segundo ele, a área demar-cada para os índios no Estadochega a 3,5 milhões de hectares.“Não existe briga com índio, masessas demarcações reduzem anossa área de produção”, afir-mou Prado. “Não podemos dei-xar do jeito que está. É um temarelevante para o desenvolvimen-to do País”, disse o presidente daFamato. / R.C. e G.M.

“Precisamos deinvestimentos eminfraestrutura, maso Estado não temdinheiro”André PuccinelliGOVERNADOR DO MS

“Os transgênicoscontribuíram muitopara o aumento daprodutividade.”Leonardo BastosDIRETOR DE MARKETING DA

MONSANTO

“Da porteira paradentro temos altaprodutividade, que seperde no transporte.”Rui PradoPRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DA

AGRICULTURA E PECUÁRIA DO MT

‘Guerra fiscal tem deacabar’, diz Delcídio

“Incentivos fiscaissão um importanteinstrumento dedesenvolvimentoregional.”José Eliton de F. JúniorVICE-GOVERNADOR DE GOIÁS

“O agronegóciobrasileiro vai disputaruma maratona, mas ogoverno ainda estácaminhando.”Glauber SilveiraPRESIDENTE DA APROSOJA BRASIL

“Além da logística,nosso problema éagregar valor,verticalizar aprodução.”Silval da Cunha BarbosaGOVERNADOR DO MATO GROSSO

“A demarcação deterras indígenasameaça o potencialde crescimento daprodução na região.”Delcídio AmaralSENADOR (PT/MS)

EUCLIDES OLTRAMARI JR /FUTURA PRESS–15/4/2013Gargalo logísticoprejudicacompetitividadeLíder na produção agrícola, Região Centro-Oeste é maisafetada pela falta de estradas, ferrovias, hidrovias e portos

CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO

REFLEXÕES

Demarcação deáreas indígenas équestão urgente

Gabriela MelloRenan Carreira

“O desafio do Brasil é a logísti-ca.” A declaração do senadorDelcídio Amaral (PT-MS) fezeco entre os participantes doevento Fóruns Estadão Regiõessobre a Região Centro-Oeste,

realizado na quarta-feira no au-ditório do Grupo Estado.

É unânime a opinião, entrepolíticos, empresários e associa-ções de produtores, que esseproblema nacional é muitomais grave no Centro-Oeste, es-pecialmente no momento emque o País está prestes a passaros Estados Unidos como maiorprodutor mundial de soja.

“Precisamos de portos, ferro-vias, hidrovias, aeroportos re-gionais. Precisamos de investi-mentos em infraestrutura, maso Estado não tem dinheiro”, dis-se o governador de Mato Gros-so do Sul, André Puccinelli.

“O governo federal tem boasideias, Quer duplicar a chama-da ‘rodovia da morte’. Mas nãoqueremos que deleguem, quere-mos que façam a duplicação”,disse o governador. Mato Gros-so do Sul chegou a propor assu-mir o trecho da BR-163 que cor-ta o Estado.

Em 2007, apresentou ao go-verno federal uma proposta pa-ra a duplicação da rodovia, quese viabilizaria em 10 anos, com acobrança, segundo o governa-dor, do menor pedágio por eixodo País. A União não aceitou. Aestrada é a principal via de es-coamento de grãos da região e

está saturada há décadas.Para o presidente da Associa-

ção dos Produtores de Soja e Mi-lho do Brasil (Aprosoja Brasil),Glauber Silveira, o custo logísti-co abocanha a receita do agricul-tor e inibe o crescimento da pro-dução de grãos.

Silveira destacou que o Cen-tro-Oeste estaria colhendo 22milhões de toneladas a mais demilho, quase o dobro do volu-me atualmente produzido, nãofossem as limitações de escoa-mento. No caso da soja, Silveiracalculou que os gargalos de es-coamento reduziram em 10% amargem de lucro do produtordesde o ano passado.

Gargalos. O presidente da Fe-deração de Agricultura e Pecuá-ria de Mato Grosso (Famato),Rui Prado, disse que o Estadomais que duplicou a produçãode grãos em quatro anos, masos investimentos em infraestru-tura logística no País não acon-teceram na mesma velocidade.

Pela dimensão territorial doBrasil, são grandes as distânciasa serem percorridas pela produ-ção agrícola e o modal de trans-porte usado para isso não é apro-priado, ressaltou Prado.“As es-tradas que servem de corredorde escoamento são as mesmasde quase 30 anos atrás.”

O governador de Mato Gros-

so, Silval da Cunha Barbosa, des-tacou que o Arco Norte terá par-ticipação importante no escoa-mento da produção de grãos doEstado na safra 2013/14.

O Arco Norte de exportaçõesde grãos – que deve escoar cercade um terço de toda a produçãode soja e milho do País – é forma-do por quatro portos: Itaqui(Maranhão), Santarém (Pará),Porto Velho (Rondônia) e Ita-coatiara (Amazonas).

Já o vice-governador deGoiás, José Eliton Figuerêdo Jú-nior, observou que o Estado so-fre menos que os vizinhos comos gargalos logísticos, porquedispõede uma infraestrutura ro-doviária mais consolidada etem uma matriz de produção di-versificada.

Segundo ele, foram investi-dos cerca de R$ 3 bilhões na re-cuperação e construção de no-vas estradas.

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) disse na quarta-feira que“a guerra fiscal tem de acabar”.Após participar do Fórum Esta-dão Regiões sobre o Centro-Oeste, ele afirmou que um gru-po de trabalho foi criado pararetomar a proposta de reduçãogradual até 4% das alíquotas in-

terestaduais até 2028. Delcídiodisse que o grupo deve começara atuar esta semana e é formadopelos senadores Luiz Henrique(SC), Francisco Dornelles (RJ)e Armando Monteiro (PE).

Questionado sobre a atitudedo governador de Mato Grossodo Sul, André Puccinelli

(PMDB), ao dizer que o secretá-rio da Fazenda de São Paulo, An-drea Calabi, deveria se calar emvez de se posicionar contra osincentivos fiscais, Delcídio afir-mou que o momento é “delica-do” e, portanto, é preciso dialo-gar: “A gente encontra soluçõesconversando. Não adianta to-mar qualquer tipo de atitudemais radical”.

Durante o evento, Puccinelliparafraseou o rei espanhol JuanCarlos que, em 2007, pediu aoex-presidente venezuelano Hu-

go Chávez que se calasse. “Seráque 22 unidades da Federaçãoestão erradas ao apoiar os incen-tivos fiscais? (Calabi), 'por queno te callas'?”

O vice-governador de Goiás,José Eliton de Figuerêdo Jú-nior, também criticou o secretá-rio paulista. “Calabi está equivo-cado. Incentivos fiscais são umimportante instrumento de de-senvolvimento regional. Va-mos defender esse instrumen-to”, afirmou ele.

José Eliton disse ainda que a

economia de Goiás foi diversifi-cada com incentivos fiscais.“Os incentivos fiscais dimi-nuem a disparidade de competi-tividade entre os Estados.”

Ele afirmou que não dá parater um país rico e próspero noSul e Sudeste e pobre nas de-mais regiões. “O Calabi disseque Goiás abre mão de 51% doICMS. Mas ele esqueceu de di-zer que arrecadamos mais, a po-pulação tem mais emprego erenda.”

Por meio de nota, Calabi reba-

teu as críticas: “Para São Paulo,interessa apoiar o desenvolvi-mento nacional harmônico”.

Fronteiras. Delcídio disse ain-da que o Brasil não vai resolveros grandes problemas de violên-cia nas metrópoles se não resol-ver a questão das fronteiras. “OPaís precisa ter política de fron-teira”, afirmou o senador. Elecitou o Sistema Integrado deMonitoramente de Fronteiras(Sisfron) como um importantepasso nessa direção. / R.C. e G.M.

Debate. André Puccinelli (MS), Silval Barbosa (MT) e José Eliton (GO) no painel sobre o panorama econômico e político do Centro-Oeste, mediado pelo jornalista Cley Scholz, do ‘Estadão’

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O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 11 DE OUTUBRO DE 2013 Especial H3

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H4 Especial SEXTA-FEIRA, 11 DE OUTUBRO DE 2013 O ESTADO DE S. PAULO

Fátima LessaESPECIAL PARA O ESTADO / CUIABÁ

A falta de infraestrutura de lo-gística e de transportes resultana ineficiência e na perda decompetitividade, o que tem co-mo consequência um efeito cas-cata de aumento de custos nacadeia produtiva. A opinião é dopresidente da Federação deAgricultura e Pecuária de MatoGrosso (Famato), Rui Prado.

Estudos encomendados pe-

los setores produtivos da Re-gião Centro-Oeste apontamque a falta de infraestrutura im-pacta em perdas de até 30% nolucro final do produtor.

Dados de associações de pro-dutores da região apontam per-das entre 10% a 12% no pós- co-lheita por causa das péssimas si-tuações das estradas e da faltade armazéns. Para eles, essa de-satenção com o setor tambémtrava o desenvolvimento doPaís e causa prejuízos em toda a

cadeia produtiva. Estradasruins causam prejuízos aos pro-dutores e aos consumidores e oproduto final que chega ao su-permercado precisa ser mais ba-rato para quem compra ao mes-mo tempo que deve remunerarde forma justa quem produz.

A principal via de escoamen-to de grãos passa pela BR-163,que está saturada há décadas.“É um problema que se arrastahá mais de 25 anos”, diz o depu-tado federal Nilson Leitão

(PSDB/MT). Para os produto-res, a duplicação melhoraria emmuito a condição da BR-163,mastambém são necessárias ou-tras ações como recapeamentoe manutenção da rodovia atéSantarém, no Pará.

O presidente da Famato afir-ma que o Estado tem condiçõesde usar outros modais para de-safogar o trânsito de cami-nhões e carretas nas estradas.Uma das melhores opções seriaa hidrovia. Há investimentos

em projetos da Hidrovia TelesPires-Tapajós, Arinos-Juruena-Tapajós, Tocantins-Araguaia eParaguai-Paraná. Só com a Te-les Pires-Tapajós seria possívelreduzir o custo do frete em60%, levando a produção do Ma-to Grosso para os portos de San-tarém e Miritituba no norte.

A chegada da malha ferroviá-ria da Ferronorte até Rondonó-polis, este ano, deve melhorar oescoamento da produção até oPorto de Santos. Os produtoresesperam que novas obras saiamdo papel, como a Ferrovia de In-tegração do Centro-Oeste (Fi-co) até Lucas do Rio Verde.

Desatenção com infraestrutura causa prejuízo

● O diretor de marketing da em-presa da Monsanto, LeonardoBastos, apontou, no evento Fó-runs Estadão Regiões sobre oCentro-Oeste, o papel dos trans-gênicos, introduzidos há 10 anosna agricultura brasileira. “Ostransgênicos permitiram a redu-ção do consumo de água, ativosquímicos, óleo diesel e trouxe-ram sustentabilidade ao campo.”

A empresa de biotecnologialançou este ano sua primeira tec-nologia de soja desenvolvida ex-clusivamente para o Brasil, a In-tacta RR2. Bastos reforçou queos transgênicos já respondempor quase 90% do plantio de sojano País e os benefícios proporcio-nados pela Intacta foram bemrecebidos pela cadeia produtiva.

Para o presidente da Aprosoja-Brasil, Glauber Silveira, seria pru-dente o produtor semear pelomenos 20% da área de soja comsementes convencionais, a fimde evitar que pragas e doençasse tornem resistentes às tecnolo-gias transgênicas. Hoje o cultivode variedades convencionais ocu-pa cerca de 10% da área semea-da. / GABRIELA MELLO

Eficiênciana produçãoé perdida notransporteCusto operacional da soja do Centro-Oesteé 20% maior do que o dos Estados Unidos

NACHO DOCE/REUTERS

Transgênico garantesustentabilidade,afirma Monsanto

Márcia De Chiara

Às vésperas de o País atingir opódio na produção e exporta-ção mundial de soja e pela pri-meira vez desbancar os Estados

Unidos, os agricultores brasilei-ros, especialmente os do Cen-tro-Oeste, veem mais uma vez ariqueza do campo, obtida comganhos invejáveis de produtivi-dade, se perder entre a porteirada fazenda e o porto de exporta-ção.

Uma saca de soja produzidano Mato Grosso chega ao Portode Paranaguá (PR) ou Santos(SP) a um custo operacional, in-cluindo despesas com frete, deUS$ 8,20. A mesma saca de sojaproduzida nos Estado de Illi-

nois nos Estados Unidos e trans-portada em balsas pelo Rio Mis-sissipi até o Golfo do Méxicocusta US$ 6,20.

“A nossa soja tem um custooperacional 20% superior aogrão produzido nos EUA, mes-mo com produtividade maior”,afirma Nery Ribas, diretor técni-co da Associação dos Produto-res de Soja do Mato Grosso(Aprosoja -MT). Ele explicaque o custo de transporte deuma tonelada do grão nos EUAé de US$ 20 por tonelada, emqualquer percurso. Já o custodo frete entre Mato Grosso eSantos e Paranaguá é de US$150 a tonelada no pico da safra.“O nosso gargalo continua sen-do o mesmo: a falta de infraes-trutura e não houve melhoriasdo ano passado para cá. Imagi-na você produzir mais soja semporto, hidrovia e ferrovia?”

Na última safra, o Mato Gros-so respondeu por quase 30%(23,6 milhões de toneladas) daprodução nacional de soja, quefoi de 82,1 milhões de tonela-das. A produtividade média doMato Grosso é de quase 3 milquilos por hectare. “O MatoGrosso é de longe o Estadomais importante na produçãode soja brasileira, com a vanta-gem de ter um clima bastanteregular, em relação aos Estadosdo Sul e do Nordeste. Isso garan-te a produtividade elevada”, ob-serva o diretor de Produção da

consultoria Safras & Mercado,Luiz Fernando Gutierrez.

Para a próxima safra, que jácomeçou a ser plantada no Cen-tro-Oeste, a área do Mato Gros-so deve crescer 5%, subindo pa-ra 8,7 milhões de hectares, se-gundo projeções do InstitutoMato-Grossense de EconomiaAgropecuária (Imea). A expan-são da área plantada ocorre so-bre as áreas de pastagem. A ex-pectativa é que produção de so-ja do Mato Grosso em 2014 atin-ja 25 milhões de toneladas, pre-vê o superintendente do Imea,Otávio Celidonio.

Latifúndio. “O produtor doCentro-Oeste é latifundiáriopor uma questão de sobrevivên-cia”, afirma Celidonio. Ele expli-ca que, para compensar as defi-ciências logísticas que encare-cem o custo de produção da so-

ja, mesmo com uma produtivi-dade alta, os produtores do Ma-to Grosso têm de plantar umaárea duas vezes maior em rela-ção aos sojicultores do Paranápara manter as margens.

Na avaliação de Gutierrez, daSafras & Mercados, o grandeproblema da última safra foiuma grande produção de sojacombinada com uma safra re-corde de milho. “A grande ofer-ta quase simultânea desses pro-dutos entupiu nossos estradase portos, que por si só são pro-blemáticos”, diz o consultor.

Para a próxima safra, como aprodução de milho, especial-mente a safrinha que é colhidano segundo semestre, não deveser tão grande por causa dos pre-ços baixos, “a princípio, os pro-blemas de logística tendem anão ser tão expressivos comoem 2013. Mas claro que eles exis-tirão”, observa Gutierrez.

Já para o superintendente doImea, a situação do Centro-Oes-te não é mais tranquila por cau-sa da produção menor de mi-lho. “Os armazéns estão cheiode milho”, diz Celidonio. Eleconta que, diante do baixo pre-ço do milho, os produtores doCentro-Oeste não querem ven-der o grão. “O governo tem aju-dado a escoar o produto, pagan-do um prêmio, mas o processo élento.” Ele destaca que, apesarda ajuda, o setor quer ter boasestradas para escoar os grãos.

Gargalo. BR-163 conhecidacomo ‘Estrada da Morte’

● Comparação

US$ 20é o custo do transporte portonelada de soja nos EstadosUnidos em qualquer percurso

US$ 150é o custo do frete por toneladade soja entre Mato Grosso eSantos e Paranaguá no picoda safra

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O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 11 DE OUTUBRO DE 2013 Especial H5

FONTE: IBGE

● A região, formada por três Estados e o Distrito Federal, tem forte participação na produção agrícola nacional

O CENTRO-OESTE EM NÚMEROS

2003 2002

12,6129,6

● A região, formada por três Estados e o Distrito Federal, tem forte partticicipipação na prprodo ução agrg ícola nacional

2003 2002

12,6129,6

BASEALPE

PBRN

CE

PI

MA

RSSC

PR

SPMS

GO

TORO

AM

AC

RR

MT

RJ

ES

PA

AP

MG

DF

População Total

MILHÕES DE HABITANTES EM MILHÕES

2013 2030 2010

15,0

18,3 350,5PIB Regional

PIB Per Capita

201024.953

ÁREA(KM2)

POPULAÇÃO 2O13(EM MILHÕES DE HABITANTES)

RENDA PER CAPITA 2010*(EM REAIS)

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTOHUMANO MUNICIPAL (IDHM)**

PIB*(R$ BILHÕES)

DISTRITO FEDERAL

5.779

2,8

58.489,56

0,824

149,9

GOIÁS

340.111

6,4

16.251,70

0,735

97,6

MATO GROSSO

903.366

3,2

19.644,09

0,725

59,6

MATO GROSSO DO SUL

357.145

2,6

17.765,68

0,729

43,5

INFOGRÁFICO/EDMILSON SILVA/ESTADÃO

*Contas Regionais do Brasil 2010; **PNAD 2011

Goiás tem projeto paraprodução de terras raras

Danielle VillelaThiago Mattos

Com 9,3% de participação noPIB nacional, o Centro-Oesteaparece à frente de todas as de-mais regiões quando o assuntoé o agronegócio. Os Estados doCentro-Oeste foram detento-res do maior volume de produ-ção e da maior área de cultivo naúltima safra recorde de grãos de2012/2013.

Foram 20,6 mil hectares culti-vados, resultado em 77,6 mi-lhões de toneladas de produtos,aponta a Companhia Nacionalde Abastecimento (Conab). Ovolume representa 38,6% daárea cultivada e 41% do total pro-duzido pelo agronegócio no Bra-sil. “Se não fosse o crescimentodo agronegócio, nem ‘pibinho’nós teríamos. É o que está segu-

rando a economia brasileira”,afirma Marcelo Dourado, supe-rintendente da Superintendên-cia do Desenvolvimento doCentro-Oeste (Sudeco).

Oitavo PIB entre os Estadosbrasileiros, o Mato Grosso res-ponde sozinho por quase 25%da produção nacional. Já Goiáse Mato Grosso do Sul contri-buem com 9% e 7%. O DistritoFederal acrescenta ainda 0,4%

dos produtos.“Com uma base agropecuária

se modernizando e custos deprodução competitivos devidoà ampla produção de grãos,grandes empresas dos setoresagroindustriais foram para es-sas unidades da federação como objetivo de aproveitar o poten-cial de matérias-primas oferta-das”, diz Murilo Pires, técnicodo Instituto de Pesquisa Econô-

mica Aplicada (Ipea).O avanço se dá especialmen-

te nos setores relacionados à so-ja, leite e carnes. “Observam-setransformações importantesna estrutura de produção e gera-ção de emprego, em particular,nos municípios que estão dire-tamente relacionados com a cul-tura da soja”, completa.

Memória. Nem sempre foi as-

sim. Na série iniciada pela Co-nab em 1976, a Região Sul apare-ce na liderança em área cultiva-da e produção agrícola no Paísaté 2011, quando foi ultrapassa-da pelo Centro-Oeste.

“A estratégia adotada pelo go-verno federal de incrementar aparticipação da produção agro-pecuária e da indústria extrati-va na pauta de exportações bra-sileiras tem contribuído signifi-

cativamente para incrementaro dinamismo econômico doCentro-Oeste”, diz Pires.

Entre 2002 e 2010, o PIB daregião quase triplicou, passan-do de R$ 129,6 milhões para R$350,5 milhões. A expansão de170% na economia do Centro-Oeste só não foi maior do que oregistrado no Norte do Brasil(190%), segundo as Contas Re-gionais 2010, do Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística(IBGE).

Social. A pujança do agronegó-cio e da economia do Centro-Oeste se reflete também nos in-dicadores sociais do Índice deDesenvolvimento Humano(IDH).Entre 1991 e 2010, os qua-tro Estados da região registra-ram crescimento médio de 49%no IDH e avançaram no rankingnacional. Apenas o Mato Gros-so do Sul caiu da 8ª colocaçãopara a 10ª, enquanto o DistritoFederal manteve a liderança, se-guido por Goiás (8.ª) e MatoGrosso (11º).

Levantamento do Ipea, emparceria com o Programa dasNações Unidas para o Desenvol-vimento (Pnud), observou queos municípios produtores de so-ja, além de obterem IDH supe-rior aos não produtores, apre-sentaram crescimento relativomaior entre 1991 e 2010.

● ExtensãoNa safra 2012/2013, a RegiãoCentro-Oeste teve 20,6 mil hecta-res cultivados (38,6% da áreacultivada do País), com produçãode 77,6 milhões de toneladas(41% do total nacional).

● CompetitividadeCom uma base agropecuária emmodernização, os Estados doCentro-Oeste atraíram empresasdo setor, com o objetivo de apro-veitar o potencial do mercado de

matérias-primas. Os principaisavanços foram nos setores desoja, leite e carnes.

● Qualidade de vidaO avanço do agronegócio teveimpacto positivo nos indicadoressociais do Índice de Desenvolvi-mento Humano (IDH). Os municí-pios produtores de soja, além deapresentarem um IDH maior queos não produtores, tiveram umcrescimento relativo maior nosindicadores de 1991 a 2010.

Região é responsável por 41%da produção agrícola do País

Pecuária passa por transformaçãoCom mais tecnologia, nova geração de criadores aumenta os índices de produtividade e de rentabilidade no Centro-Oeste

“Integraçãocom aagriculturapropiciouotimizaçãodo solo”Eduardo Riedel,presidente da Famasul

SERGIO NEVES/ESTADÃO–15/12/2010

TIAGO ORIHUELA–4/1/2013

Chico SiqueiraESPECIAL PARA O ESTADO

A introdução de um pacote tec-nológico por uma nova geraçãode criadores é responsável pelatransformação da pecuária naRegião Centro-Oeste. A ativida-de que até há pouco tempo erapraticada de forma extensiva,necessitando de grandes áreasde terras, agora é baseada no au-mento de produtividade, na sus-tentabilidade ambiental e emnovas práticas de manejo e desanidade do rebanho.

O presidente da Federaçãoda Agricultura e Pecuária do Ma-to Grosso do Sul (Famasul),Eduardo Riedel, disse que, ape-sar da redução do rebanho bovi-no, Mato Grosso do Sul melho-rou a eficiência e aumentou osíndices de produtividade e derentabilidade de sua pecuária.

Segundo Riedel, a atividadepassou a ser mais rentável de-pois que os criadores fizeram aintegração da pecuária com aagricultura e introduziram no-vas práticas de nutrição e de sa-nidade genética.

Riedel lembrou que o reba-nho de gado de corte caiu de 24

milhões para 21 milhões de cabe-ças. A queda é explicada pelocrescimento da industrializa-ção, puxada pelos setores de pa-pel e celulose, mineração, meta-lomecânico e sucroenergético.

“Houve redução dos pastos eaumento das florestas para in-dústria e do cultivo de outrasculturas, como cana-de-açúcar,soja e milho”, disse.

No entanto, segundo ele, aspráticas de integração lavoura-pecuária-floresta, adotadas nosúltimos anos, permitem que oEstado tenha potencialidade pa-ra aumentar seu rebando de for-ma significativa sem a necessi-dade de ocupar novas áreascom pastagens.

Ele lembrou que hoje os cria-dores podem plantar e colher asoja e o milho no mesmo soloem que plantam o pasto e colo-cam o gado de corte para se ali-

mentar.“A integração da pecuária

com a agricultura propiciou aosprodutores rurais uma otimiza-ção do solo”, afirmou. “Issoveio acompanhada de melho-rias na nutrição e sanidade gené-tica.”

Segundoele, foram introduzi-das tecnologias de reprodução,como a inseminação artificial,que originaram um animal demelhor qualidade. “Além da re-forma de pasto, há uma estraté-gia de suplementação mais efi-ciente com a introdução de con-finamentos e semiconfinamen-tos que ao longo do tempo enco-brem as diferenças causadaspor ausências proteicas e ener-géticas durante o período de en-gorda, propiciando um animalque ganha maior peso em me-nos tempo”, explicou Riedel.

Profissionalização. Segundo opresidente da Federação daAgricultura e Pecuária de Goias(Faeg), José Mário Schreiner,as novas gerações de pecuaris-tas estão mais preocupadas embuscar informações e em profis-sionalizar a atividade.

“Enquanto no passado secriava um animal por hectare,hoje os novos pecuaristascriam de três a quatro animaisno mesmo espaço”, disse. “Atéhá pouco tempo, a idade médiapara abate de um animal era detrês anos a três anos e meio. Ho-je já está abaixo de dois anos. Osprodutores investiram em tec-

nologia e obtiveram maior ren-tabilidade.”

Mas tanto Riedel quanto Sch-reiner chamam atenção para osproblemas de relacionamentoentre produtores e frigoríficos.“Os produtores ainda cobrammais transparência para ques-tões de comercialização do seu

rebanho. A relação está movidahoje pela desconfiança e essa di-vergência precisa ser sanada pa-ra que toda a cadeia possa lu-crar com o desenvolvimento dapecuária”, disse Schreiner.

Os pecuaristas reclamam dasistemática de precificação dacarne vendida aos frigoríficos.

A região conta mais de 60 abate-douros, metade destinada paraexportação. De janeiro a setem-bro, Goiás, Mato Grosso do Sule Mato Grosso, que possuemum rebanho de 70,2 milhões decabeças, exportaram 252 mil to-neladas de carne, com um fatu-ramento de US$ 1,6 bilhão.

GOIÂNIA

De 2013 até 2016, Goiás deve re-ceber 22 investimentos na área

da mineração, que ultrapassamR$ 8 bilhões. Um dos principaisprojetos é da Mineração SerraVerde (MSV), subsidiária do

Grupo Mining Ventures Brasil,que está pronta para produzirterras raras críticas.

Com grande demanda mun-dial pelo setor de alta tecnolo-gia, esses minérios são encon-trados com teor próximo de100% na cidade de Minaçu, nonorte do Goiás.

As terras raras contém 17 ele-mentos químicos minerais, uti-lizados em vários setores parafabricação de vidro, cerâmica,computadores, tablets, smart-phones e automóveis. As terrasraras críticas são compostaspor elementos muito escassos(praseodímio, neodímio, euró-pio, gadolínio, térbio, disprósioe ítrio), que têm demanda cres-cente e previsão de escassezmundial em 2016.

A exploração das terras rarasé polêmica, por conta dos cuida-dos ambientais exigidos porpossíveis teores radioativos.Sua exploração vinha sendo mi-nimizada desde a década de1990. O único país a exportaresses minérios é a China, mas asvendas estão em retração.

Andreas Sprecher, presiden-te do Grupo Mining Ventures,afirma que a jazida de Minaçuserá um centro atrativo para em-preendimentos que processemas terras raras. “Com isso, o Bra-sil deixará de ser um mero ex-portador de matérias-primas,para se colocar na vanguardadessa tecnologia de ponta, comamplos benefícios para sua eco-nomia.” / MARÍLIA ASSUNÇÃO,

ESPECIAL PARA O ESTADO

Criação. Rebanho de gado de corte caiu de 24 milhões para 21 milhões de cabeças

Cultivo. A produção de cana veio se somar à soja em Goiás

Mato Grosso respondepor 25% da produção doagronegócio nacional,Goiás por 9,0% e MatoGrosso do Sul por 7,0%

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H8 Especial SEXTA-FEIRA, 11 DE OUTUBRO DE 2013 O ESTADO DE S. PAULO

Usinas decana seinstalamna regiãoSegundo maior produtor de etanol ecana no País, região atrai investimentos

3

220Chico SiqueiraESPECIAL PARA O ESTADO

A indústria da cana-de-açúcarcontinua em expansão na Re-gião Centro-Oeste, apesar dacrise que atinge o setor. A previ-são para a safra de 2013/2014 éde crescimento de 14% no volu-me de cana processada emGoiás e 10% no Mato Grosso doSul. Mas poderia ser de 20%,não fosse a ocorrência de geadaque prejudicou a produção dasafra atual e da próxima safra.

O Centro-Oeste é hoje o se-gundo maior produtor brasilei-ro de cana e etanol, atrás apenasdo Estado de São Paulo. Em1999, era apenas o sexto.

A expansão num momentode aumento de custos de produ-ção, baixa remuneração e indefi-nição política para o setor, ocor-re porque, mesmo com a crise,as companhias continuam in-vestindo na formação e manu-tenção dos canaviais e na insta-lação de novas unidades.

A Odebrecht Agroindustrial,por exemplo, anuncia investi-mentos de R$ 1 bilhão nas áreasagrícola e industrial para au-

mentar a produção. Ao mesmotempo, a SJC Bionergia colocaem funcionamento uma usinadeetanol, que segundo a compa-nhia, será a mais moderna doPaís, num investimento de R$500 milhões, em CachoeiraDourada (GO).

Com 13 mil funcionários e se-te unidades industriais no MatoGrosso, Mato Grosso do Sul eGoiás, a Odebrecht produz e co-mercializa etanol, açúcar e ener-gia elétrica a partir do bagaço dacana. De acordo com o presiden-te da companhia, Luiz de Men-donça, o investimento de R$ 1bilhão será usado no plantio de100 mil hectares de cana-de-açúcar e para concluir a expan-são da indústria.

A previsão é de que na próxi-ma safra, de 2014/2015, a compa-nhia tenha um crescimento17,6% no volume de processa-mento de cana, passando de 25milhões para 29,4 milhões de to-neladas. Desse total, 21,1 mi-lhões de toneladas serão moí-das nas sete unidades da compa-nhia no Centro-Oeste.

Na região, o incremento dovolume de cana deverá ficar em12,2%. A produção de etanol de-ve subir 20%, de 1,5 bilhão delitros na safra atual para 1,8 bi-lhão de litros na próxima safra.A produção de energia deveráaumentar 14% e a de açúcar 7%no mesmo período.

De acordo com Mendonça, aOdebrecht pretende atingir a

capacidade de 40 milhões de to-neladas de cana por safra – 31milhões no Centro-Oeste – den-tro de quatro anos.

Quando isso ocorrer, a com-panhia, que tem a colheita100% mecanizada, estará pro-duzindo 3 bilhões de litros deetanol, com os quais serão fabri-cadas 700 mil toneladas de açú-car e cogerados 3,1 mil giga-watts/hora (GWh) por safra.

Desde 2007, quando foi inau-gurada, a companhia investiumais de R$ 9 bilhões em instala-ção e compra de unidades indus-triais e no plantio de cana. A em-presa começou a atuar no Cen-tro-Oeste em 2008, mas o retor-no dos investimentos só deveocorrer, segundo Mendonça,em oito ou nove anos.

“Sabemos que o momentonão é acolhedor, mas não pode-mos deixar o etanol passar. Pre-cisamos fazer com que a indús-tria do etanol volte a ser pujan-te”, diz Mendonça. Mas, para is-so, segundo o presidente daOdebrecht Agroindustrial, o go-verno precisa estabelecer re-gras para o setor, cujo cenárioele considera complicado.

“O setor não tem uma políti-ca de longo prazo, falta um mar-co regulatório. Estamos espe-rando que seja estabelecido opapel do etanol na matriz ener-gética do País e isso não ocorree também não há uma políticade preços para a energia”, co-menta. “O setor requer um in-vestimento de alto capital. Esta-mos investindo porque temosuma visão de longo prazo e nos-so desafio é manter esta novafronteira de crescimento nestaregião, que apresenta excelentelogística, climatologia e tradi-ção agrícola”.

Usina. Com investimentos deR$ 500 milhões, a SJC Bioner-gia – joint venture formada pelaCargill e pelo grupo sucroener-gético USJ – inaugurou no co-meço de outubro a usina RioDourado, instalada no municí-pio de Cachoeira Dourada(GO). Segundo Marcelo Andra-de, diretor da unidade de negó-cios de açúcar e etanol da Car-gill, a nova unidade é a mais mo-derna usina de etanol no Brasile irá ajudar a SJC Bioenergia aampliar sua presença no merca-do sucroenergético, obtendo aescala necessária para o aumen-

to de sua eficiência.De acordo com Andrade,

além da colheita 100% mecani-zada, todos os processos produ-tivos da usina são automatiza-dos e controlados 24 horas pordia por um centro de opera-ções. Com isso, todas as etapasde produção industrial poderãoser acompanhadas e operadasem tempo real, permitindo ajus-tes necessários em curto prazode tempo. “Com essa usina, aSJC Bioenergia consolida a es-tratégia do Grupo USJ, de criarum polo de desenvolvimentode projetos industriais com es-cala competitiva e potencial decrescimento”, disse a presiden-te do Grupo USJ, Maria Caroli-na Fontanari.

A usina, que vai se dedicar ex-clusivamente à produção de eta-nol e energia, terá capacidadede produzir 220 milhões de li-tros de etanol por ano. A produ-ção de etanol anidro, por exem-plo, será feita por meio de umsofisticado sistema de desidra-tação via peneira molecular.Além disso, a usina vai cogerar230 mil megawatts/hora(MWh) por ano, dos quais 150mil MWh, excedentes, serão co-mercializados.

“O empreendimento traz de-senvolvimento e trabalho paraa região. Estamos concretizan-do a integração campo-indús-tria, que fortalecerá o municí-pio de Cachoeira Dourada. Achegada da cana-de-açúcar na

região ocupou importante áreade cultivo, trazendo assim gran-de desenvolvimento e manten-do a produção de outras cultu-ras na região”, comenta o dire-tor responsável pela SJC Bioe-nergia, Ingo Kalder.

Safra de cana. A previsão daConab é de que a safra de canana região Centro-Oeste cresça10% em área plantada, de 1,5 mi-lhão de hectares na safra2012/2013 para 1,7 milhão na sa-

● Maior produtor de grãos doPaís, o Centro-Oeste brasileirose prepara para assumir o postode maior produtor de borrachanatural, o que deve acontecer até2020, quando a região estarácom 60 milhões de seringueirasproduzindo 200 mil toneladas delátex por safra. Até lá, a regiãovai ultrapassar São Paulo, queterá dobrado o tamanho de suafloresta atual de 25 milhões depés, para produzir algo em tornode 150 mil toneladas/safra. OPaís produz atualmente cerca de140 mil toneladas de borracha,destinada principalmente paraindústria de pneus. / C.S.

JUVENAL PEREIRA/WWF-BRASIL–17/9/2007

Até 2020, liderançana produção deborracha natural

● MaturaçãoMesmo semnovos projetosde usinas, aprodução decana do MatoGrosso do Suldeve crescer,segundo a Bio-sul, associa-ção de produto-res do Estado.

bilhões de litrosde etanol porsafra deve ser aprodução daOdebrechtAgroindustrialem quatro anos

milhões delitros de etanolserá a capacida-de de produçãoda usinaRio Dourado,da USJ

Expansão. Região deve chegar a 2020 com 60 milhões de seringueiras

● Projeção

● Usina

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O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 11 DE OUTUBRO DE 2013 Especial H9

Aviação executiva

Marina Gazzoni

OCentro-Oeste é a re-gião brasileira commaior crescimento

na frota de aeronaves priva-das. No ano passado, a regiãorecebeu 217 novas aeronavese alcançou 3.076 aviões regis-trados, um salto de 8%, aci-ma da média nacional (de6,65%), segundo dados doanuário da Associação Brasi-leira de Aviação Geral(Abag).

Os três Estados da região eo Distrito Federal somam asegunda maior frota privadado País, atrás apenas da Re-gião Sudeste.

O destaque é o Mato Gros-so, que tem 1.152 aeronavesparticulares registradas,atrás apenas de São Paulo(3.835) e Minas Gerais(1.214) no ranking estadual,de acordo com o anuário daAbag.

O agronegócio é o grande

propulsor da aviação executivana região. “O avião traz ganhode produtividade para o empre-sário do agronegócio. É comouma colheitadeira”, explica Phi-lipe Figueiredo, diretor comer-cial da Líder Aviação, represen-tante no Brasil das aeronavesBombardier e Beechcraft.

Um produtor de soja com-prou um avião na Líder paratransportar os engenheirosagrônomos em uma fazenda de80 mil hectares na região. “Émuito difícil gerenciar umaárea dessas sem um avião”, dizFigueiredo.

Além de sobrevoar as planta-ções, os empresários do setorinvestem em aeronaves pró-prias para chegar e sair rápidode fazendas e cidades do inte-rior.

Só 15 cidades da Região Cen-tro-Oeste são atendidas porvoos regulares das companhiasaéreas brasileiras, segundo da-dos de 2012 da Agência Nacio-nal de Aviação Civil (Anac).

Para atender a esse seg-mento, as empresas ofere-cem principalmente aerona-ves a pistão e turboélices, ca-pazes de pousar em pistascurtas e não asfaltadas, co-mo muitas das construídasem fazendas.

Na TAM Aviação Executi-va, o modelo mais vendidona Região Centro-Oeste é omonomotor Cessna 206 Sta-tion Air, que custa cerca deUS$ 650 mil, e pode levar umpiloto e cinco passageiros.

Dólar. A região é uma dasapostas das empresas paraaumentar as vendas em 2013.Como o preço da aeronave éatrelado ao dólar, a mudançacambial neste ano tornoumais cara a compra de aero-naves para os brasileiros.

“Em momento de dólar al-to, procuramos setores quese destacam nesse contexto,principalmente os exporta-dores. O agronegócio é umdeles”, diz Leonardo Fiuza,diretor comercial da TAMAviação Executiva.

A empresa estima que cer-ca de 15% de suas vendas noano passado foram para em-presários de agronegócios, amaioria na região Centro-Oeste.

1,7

Chico SiqueiraESPECIAL PARA O ESTADO

Um dos principais parques fa-bris do Centro-Oeste o polo deindústrias de Três Lagoas é res-ponsável por mais da metadedo volume de exportação indus-trial do Mato Grosso do Sul.

De US$ 1,2 bilhão em produ-tos industriais exportados peloEstado entre janeiro e agostodeste ano, as empresas da re-gião exportaram US$ 715 mi-lhões, 10% mais que os US$ 645milhões exportados nos 12 me-ses do ano passado. Dos US$715 milhões exportados nesteano, o setor de papel e celuloserespondeu por US$ 646 mi-lhões (94,5%).

Não é à toa que Três Lagoaspassou a ser chamada de Rainhada Celulose. Em seus domíniosestão instaladas três gigantesdo setor: a multinacional Inter-national Paper, fabricante de pa-pel; a Fíbria, dona de fábricasem São Paulo, Bahia e EspíritoSanto e maior produtora domundo de celulose de eucalip-tos; e a Eldorado Brasil, dona damaior planta contínua de produ-ção de celulose do planeta.

Nos últimos 13 anos, Três La-goas recebeu R$ 24 bilhões deinvestimentos na instalação denovas unidades e na expansãodas indústrias locais. Até o fimdos anos 90, o município era do-no do maior plantel de bovinosde corte do País e tinha na pe-cuária sua principal atividadeeconômica.

Mas, a partir dos anos 2000,passou a conviver com florestasde eucaliptos, que substituíram

os pastos, e com grandes indús-trias dos setores de alimentos,calçados, têxtil, papel e celulo-se, siderurgia e de metalomecâ-nica, atraídas pela oferta de ma-téria-prima, facilidades logísti-cas e política de incentivos fis-cais.

O município doa a área, isen-ta o pagamento de IPTU por cin-co anos e dá isenção de ISS du-rante o período de construçãoda indústria.

O secretário de Desenvolvi-mento Econômico de Três La-goas, Luciano Dutra, diz que amudança da matriz econômicamelhorou as condições de vidada população. “O poder públicofez, e continua fazendo, investi-mentos em obras de infraestru-tura, como saneamento, asfal-to, habitação, saúde e educa-ção. A mudança também au-mentou a geração de emprego emelhorou a renda da nossa po-pulação.”

Melhora. Entre 2000 e 2012, onúmero de habitantes aumen-tou 39%, de 79 mil para 110 milmoradores em 2012. A rendamédia do trabalhador local deuum salto de 185% em sete anos,de R$ 650 em 2005 para R$1.850 em 2012; e a renda per capi-ta subiu 270%, de R$ 750 em

2005 para R$ 2.774 em 2012.O município conta hoje com

54 grandes empresas instaladasem três distritos industriais.Num deles está sendo instaladaa unidade de fertilizantes nitro-genados da Petrobrás, que seráa maior da América Latina, numinvestimento de US$ 2,5 bi-lhões, prevista para se entregueaté o fim de 2014.

“Ela vai produzir ureia e amô-nia num volume suficiente parasuprir 35% do consumo internobrasileiro, reduzindo a depen-dência de importações neste se-tor”, diz Dutra.

Mas, além da Petrobrás, umgrande investimento vem sen-do feito pela Eldorado Brasil Ce-lulose, que está fechando o pa-cote para captação de R$ 7 bi-lhões para instalação de uma se-gunda linha de produção.

A companhia, que pertenceao grupo financeiro J&F Investi-mentos, controlador da JBS, jáé dona da maior linha única decelulose do planeta, instaladaem Três Lagoas. Inauguradaem novembro de 2012 com in-vestimentos de R$ 6,2 bilhões,ela atingiu em julho a capacida-de de produção, de 1,5 milhãode toneladas/ano.

“Os recursos serão investi-dos na instalação da nossa se-gunda linha de produção, comcapacidade de 2 milhões de to-neladas. Nossa expectativa é deatingir, em 2017/2018, a capaci-dade de 4 milhões de toneladasanuais. Seremos o maior com-plexo industrial de produção decelulose do mundo”, afirma opresidente da Eldorado, JoséCarlos Grubisich.

Para bancar o projeto, a Eldo-rado pleiteia recursos no BancoNacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES),no Fundo de Desenvolvimentodo Centro-Oeste (FDCO) e emagências de crédito, além estu-dar aumento de capital. / C.S.

fra 2013/2014.A produção de cana para pro-

cessamento da indústria devecrescer 14%, de 106 milhões detoneladas para 121 milhões detoneladas no mesmo período.Desse total, Mato Grosso doSul e Goiás vão produzir 105 mi-lhões de toneladas na safra2013/2014 ante aos 90 milhõesde toneladas da safra de2012/2013, um crescimento17%. A produção de etanol naregião será a segunda maior doPaís, com 7 bilhões de litros aofinal dessa safra.

Atratividade. “Goiás vem ba-tendo recordes de produçãopassando a ser o segundo maiorprocessador de cana e produtorde etanol do País, ficando atrásapenas de São Paulo. Passamoso Paraná, o Nordeste e MinasGerais, nas últimas safras”, fes-teja o presidente do Sindicatodas Indústrias de Fabricação deAçúcar e Etanol de Goiás (Si-faeg), André Luiz Baptista LinsRocha.

Segundo ele, a qualidadesdas terras, planas e com preçosatrativos; as boas condições cli-máticas, que garantem boa pro-dutividade; e um programa deforte incentivo fiscal atraíramos investimentos. “Goiás tinhaapenas 11 usinas na safra1999/2000; hoje são 37”, diz.

Nem mesmo a crise de 2008,que se propagou para os anosseguintes, afastou o crescimen-to. Na safra de 2009/2010, com33 usinas, Goiás processou 40milhões de toneladas de cana,subiu para 52,7 milhões na safrade 2012/13 e vai para 61,2 mi-lhões de toneladas na safra2013/2014.

“Temos expectativa de cres-cimento maior nas próximas sa-fras com o uso de variedades decana adaptadas para o cerrado,e as usinas que se instalaramnos últimos anos só agora estãoentrando no pico de produção.A cana não afastou a diversida-de de outras culturas agrícolase ainda levou desenvolvimentoao campo, onde também houveum melhor desempenho dascommodities. O resultado des-te crescimento, a gente observano interior do Estado, onde ascondições de vida melhoraram,a renda foi mais distribuída e oIDH cresceu acima da média”,completa.

Fábricas transformam TrêsLagoas na ‘Rainha da Celulose’

Dois fundos de incentivo, patroci-nados pelo governo federal, vãoinjetar neste ano cerca de R$ 8,5bilhões para empreendimentosdo setor produtivo na região.

● FDCOPela primeira vez, desde que foicriado há quase cinco anos, oFundo de Desenvolvimento doCentro-Oeste vai operar linhasde crédito para as empresas inte-ressadas em se instalar ou ex-pandir suas operações na região.Criado em 2009, o fundo sai pelaprimeira vez do papel. O Conse-lho Monetário Nacional (CMN)aprovou a regulamentação, masainda não definiu as condiçõesde pagamento, como taxas dejuros e prazos, que devem sairainda em outubro. Os recursosdevem ser investidos na amplia-ção da Ferronorte, no trecho en-tre Rondonópolis-Cuiabá, na ins-talação de um veículo leve sobretrilhos entre Brasília e Luziânia, ede um trem médio entre Brasíliae Goiânia, cujos projetos estãoem fase de Estudos de Viabilida-de Técnica, Econômica e Ambien-tal.

● FCOJá o Fundo Constitucional doCentro-Oeste foi criado em 1989com o objetivo de contribuir parao desenvolvimento econômico esocial da região, por meio de exe-cuções de programas de financia-mento aos setores produtivos. OFCO oferece 20 linhas de finan-ciamentos, com taxas de jurosreduzidas (0,5% a 10% ao ano) elongos prazos de pagamento ecarência (até 20 anos) para bene-ficiar atividades de agropecuária,de indústria e de comércio e ser-viços. Empresas de todos os por-tes e empreendedores indivi-duais podem pleitear os recur-sos, que financiam desde despe-sas de custeio à compra de maté-ria-prima e expansão do negócio.O teto de financiamento vai atéR$ 20 milhões para cada toma-dor. Os recursos são oriundos doImposto de Produtos Industriali-zado e do Imposto de Renda, naproporção de 0,6% de cada um.Em 24 anos de atividade, o FCOinjetou na economia da regiãomais de R$ 41 bilhões.

ADRIANO FALEIROS/ESTADÃO–17/6/2010

SERGIO NEVES/ESTADÃO–14/12/2010

“Seremos omaiorcomplexoindustrial decelulose domundo.”José Carlos Grubisich,presidente da Eldorado

milhão de hec-tares é a previ-são para a áreaplantada decana no Centro-Oeste na safra2013/2014

● RankingGoiás é o Esta-do que maisvende etanolpara outrasunidades dafederação.Com a 9ª frotado País, é osegundo con-sumidor deetanol.

AVANÇA FROTA DEAVIÕES PRIVADOSCrescimento é maior que a média nacional

Polo é responsávelpor mais da metade dovolume de exportaçãoindustrial do MatoGrosso do Sul

Estratégia. Três Lagoas oferece incentivos tributários para a instalação de indústrias

● Safra

Produção.Usina decana daCosan emJataí, Goiás

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