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Externato Santo Antonio SUA HISTÓRIA E SUA HERANÇA Revista Comemorativa dos 80 Anos do ESA - Junho/2011

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Page 1: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

Externato Santo AntonioSUA HISTÓRIA E SUA HERANÇA

Revista Comemorativa dos 80 Anos do ESA - Junho/2011

Page 2: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

EXTERNATO SANTO ANTONIO- SUA HISTÓRIA E SUA HERANÇA -

é uma publicação comemorativaem alusão aos 80 anos do ESA.

www.externato.com.br

Projeto Gráfico, Arte e DiagramaçãoGrappa Editora e Comunicação

www.grappa.com.br

FotosArquivo ESALaborprime

SXC.HU

Page 3: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

Apresentação

O exercício da função social da escola é complexo. Precisa conjugar várias tarefas diferentes: possuir condições de infraestrutura que comportem corretamente as atividades educativas; selecionar profissionais certificados, com significativa inteligência e moral exemplar a fim de que exerçam a função de educadores com eficiência e competência; abrir suas portas para acolher crianças e jovens das famílias que compõem a comunidade na qual a instituição se encontra para compartilhar com os pais a responsabilidade da formação dos futuros cidadãos; proporcionar o desenvolvimento corporal, o conhecimento científico e o amadurecimento moral das crianças e jovens.

As incontáveis pressões do cotidiano, desde o desenvolvimento da tecnologia de informação e comunicação até as distâncias ideológicas que confluem das mais variadas classes sociais, costumam colocar à prova a capacidade institucional de promover um convívio de integração, amizade e inclusão.

Vemos, de maneira comum, escolas que se perdem no imediatismo e na superficialidade sem alcançar a solução destes desafios. Normalmente, enxergam o espaço da educação como um “mercado” no qual as aulas, as notas, as excursões, enfim, todas as suas atividades não passam de produtos a serem vendidos, supervalorizando as vontades dos consumidores, que tudo exigem, mas pouco se responsabilizam ou contribuem para os resultados. Uma escola que se alinha com este processo parece estar entregue à estrita lógica do mercado, que compromete o futuro da sociedade e da natureza porque estabelece uma forte concorrência entre os indivíduos em busca da acumulação desenfreada de dinheiro, tendência neoliberal deste início de século XXI, pouco ou nada se importando com o próximo, entendido como um concorrente e não como semelhante, ou com a natureza, observada como fonte inesgotável de matérias-primas e não como uma sensível criação de Deus, fonte de vida que precisa ser cuidada com carinho, respeito e conhecimento.

O Externato Santo Antônio chega aos oitenta anos com vitalidade porque sempre disse não a esta triste lógica. Desde os primeiros dias de existência, a Congregação das Irmãs da

Providência imprimiu como marca desta missão a educação de crianças e jovens, preparando-os, em comunhão com os pais, para transformá-los em adultos competentes na observação da sociedade e da natureza através do olhar científico, sensibilizados e atuantes no trabalho de construção da família e da sociedade, lutando pela justiça social, pela liberdade de iniciativa e pelo respeito à vida.

Isso foi possível porque sempre se uniram confiantes aos leigos que mantiveram a mesma esperança e crença na educação humana, desde o ano de 1931 até os dias de hoje. Baseados no exemplo de São Luis Scrosoppi, identificaram-se com os irmãos menos favorecidos e aceitaram sua situação como consequência da própria vida que os homens instituíram em sua História; portanto, implantar o Reino de Deus no Planeta Terra também é resultado de própria decisão de cada pessoa em construir uma História baseada na luta por uma vida fraterna a partir das palavras de Jesus Cristo, confiantes em Deus Providente, que nos concede ânimo devido à graça do Espírito Santo.

Esta edição comemorativa representa um precioso espaço aberto pelas Irmãs da Providência e pela Equipe Gestora para que toda a comunidade conheça não apenas o que fazem os professores e demais educadores de apoio no exercício educativo, mas também como e por que o fazem. É, também, uma oportunidade de se expressar a alegria de viver esta data comemorativa: quando uma pessoa faz aniversário, todos os que a amam tentam estar, de alguma forma, próximos a ela, com a intenção de demonstrar todo o seu amor e parabenizá-la sinceramente pela benção da vida; no caso dos 80 anos do Externato Santo Antônio, os que o amam são tantos e as formas de demonstrar o seu amor são tão variadas, que esta edição comemorativa se torna um presente singelo, mas precioso, de quem o mantém vigoroso em seus valores, em seu carisma e em sua excelência.

André Aparecido Bezerra ChavesProfessor de História do ESA

ESA 80 ANOS # 03

Page 4: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

04 # ESA 80 ANOS

Índice

Oração a São Luis Scrosoppi 06

Mensagem da Congregação das Irmãs da Providência 07

Mensagem da Direção Administrativa 08

Mensagem da Direção Pedagógica 09

Mensagem das Coordenadoras Pedagógicas,das Orientadoras Educacionais e daSupervisora do Integral 10

Mensagem dos Educadores de Apoio 11

Mensagem do NAFI -Núcleo de Animação da Filosofia Institucional 12

Externato Santo Antônio:80 anos de mãos dadas aos sulcaetanenses 13

BerçárioAcolhida aos pequeninos, em seus primeiros anos de vida 38

Educação InfantilOnde tudo começa 40

Ensino IntegralDo cuidado individual ao de-senvolvimento social e pedagógico 42

Ensino Fundamental IEnsino Religioso: a identidade cristã do Externato Santo Antonio 43

Palavra: um meio de expressar o amor 44

Por um mundo melhor 46

A humanidade que a matemática proporciona 47

Page 5: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

Ensino Fundamental IIO homem e a natureza: criações de Deus 48

História: o passado e o tempo presente 49

Organização e disciplina: a formação humana possibilitada pelo desenho geométrico 50

O uso da matemática na construção da cidadania 52

Aprendizagem significativa 53

Ensino MédioFilosofia e sociologia no Ensino Médio: outros horizontes 54

A história e a consciência dos jovens em sua missão 56

Um modo de enxergar a criação: as ciências físicas e biológicas 57

Educação e fé 58

A desmistificação da matemática: uma linguagem capaz de humanizar 59

As letras 59

O Ensino das artes 60

Artes plásticas 60

Educação musical 61

Dança 62

Teatro 63

Esportes 64

Tecnologia 65

Oração a Santo Antônio 66

ESA 80 ANOS # 05

Page 6: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

Oração a São Luis Scrosoppi

06 # ESA 80 ANOS

“Ó, Senhor Deus, que inflamou o coração de São Luís Scrosoppi sacerdote,

consagrando-o modelo de caridade trabalhadora à humanidade sofredora,

concede-nos, através de Tua intercessão, o amor aos nossos irmãos com coração

sincero e a procura diária do Reino de Deus e sua justiça”.

Page 7: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

Mensagem da Congregação das Irmãs da Providência

Ao longo da História, Deus suscita pessoas com carismas, dons específicos que contribuem para que a História seja mais humana e santa. São Luís Scrosoppi, fundador da Congregação das Irmãs da Providência, é um desses presentes de Deus para a humanidade. Mas, o que tem que ver São Luís Scrosoppi, um santo do norte italiano, nascido no século XIX, com os 80 anos do Externato Santo Antônio?

A resposta é simples: tudo! Esse homem de incomparável caridade cristã foi quem deu início a toda e qualquer História relacionada à ação das Irmãs da Providência. Padre Luís se tornou exemplo para toda a Igreja porque amou de modo heróico a Deus e ao próximo. O grande dom que o distinguiu, entre tantos outros homens de boa vontade, foi o seu abandono filial e incondicional nas mãos de Deus, fazendo-se instrumento de Providência e de caridade para quem se encontrasse necessitado.

Foi na Casa das Abandonadas, onde ele viveu praticamente toda a sua vida, que seu amor-caridade se concretizou na educação das órfãs, abandonadas e filhas de miseráveis. Seu método educativo, que será a característica fundamental do modo com que as Irmãs da Providência exercitam sua ação apostólica, é baseado no trinômio: Mãe, Mestra e Pastora. Este trinômio, que tem a “grande honra” de imitar Deus: Pai, Mestre e Pastor. Deus é Pai dos pobres

e dos órfãos; é Pastor bom, que cuida com carinho particular de cada uma de suas criaturas, o único guia seguro para os homens; finalmente, Ele é o Mestre, manso e humilde de coração, que convida sem obrigar, que solicita e espera com paciência. A essas características de sua caridade, São Luis Scrosoppi acrescentou a firmeza, temperando-a com muita ternura, e deixou como legado às suas filhas espirituais esse modo de educar e de realizar toda a atividade que a nós é confiada.

Assim, o Externato Santo Antônio, como missão apostólica das Irmãs da Providência, filhas de S. Luís Scrosoppi, juntamente com tantos e tantos leigos que desde o início fizeram e fazem parte desta história e que assimilaram esse jeito de educar, procuraram e procuram ao longo desses 80 anos seguir as indicações deixadas pelo nosso fundador. No início, era uma escola para os filhos dos operários, em grande parte imigrantes italianos. Por longos anos, foi lugar de formação humana e cristã para gerações de estudantes. O Externato Santo Antônio cresceu com a cidade de São Caetano do Sul a ponto de ser considerado parte integrante e significativa da História do município.

A História do Externato Santo Antônio é, para nós, uma história de Providência que Deus iniciou com a população de São Caetano do Sul em 1931. Várias gerações passaram pelos bancos desta escola; mais do que isso, passaram pela nossa vida de educadores cristãos comprometidos com a missão de educar segundo os valores que orientam nossa ação educacional:

•Acolhida, que se traduz em disponibilidade para receber e capacidade para doar;

•Diálogo, que se manifesta em abertura para o entendimento;

•Ternura e firmeza, que se manifestam em forma de amor e determinação no relacionamento pessoal;

•Conhecimento, que se torna sinônimo do saber a serviço do crescimento das pessoas e da sociedade.

Tudo isso para “proporcionar uma educação integral às crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando e envolvendo educadores e educandos com a promoção da vida dos menos favorecidos”.

Irmã Maria HelenaRepresentante da Congregação das Irmãs

da Providência

ESA 80 ANOS # 07

Page 8: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

Há dois anos, tive a felicidade de ser convidado a fazer parte da comunidade do Externato Santo Antonio (ESA) ocupando o cargo de Diretor Administrativo. Aos poucos, construiu-se uma amizade firme e sincera com as Irmãs da Providência, com o Corpo Pedagógico, Administrativo, com os Educadores de Apoio, com os alunos, com todas as empresas parceiras e com a comunidade em geral. Acredito que este laço de confiança ocorreu de maneira espontânea, graças a dois importantes acontecimentos: a convergência da minha fé em Jesus Cristo na missão do ESA - “Proporcionar educação integral às crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e educandos para a promoção da vida dos menos favorecidos”- e à minha vontade de oferecer uma administração transparente, que beneficie a todos os membros da comunidade do ESA igualmente, a fim de que cada ser humano que aqui estuda ou trabalha tenha prazer em compartilhar seu estudo ou atividade profissional com pessoas que sabem reconhecê-lo, formando uma identidade.

Foram, na verdade, minhas convicções que se integraram à filosofia do ESA com um amor e um respeito profundo. Com esta comunidade compartilho minhas convicções, principalmente a paz. Não vim só. Trouxe minha família (minha filha é aluna da Educação Infantil!) porque acredito que aqui ela terá contato com o respeito à vida e com a consciência de que precisamos buscar a verdade, bem como amar e servir às pessoas. Confio a esta instituição o que tenho de mais precioso (como tantos outros pais!), pois aqui se ensina que haja respeito e paz entre as pessoas, independente da religião, vivendo a experiência real de “irmãos entre irmãos”.

Há diferenças entre as pessoas, as famílias, as vocações políticas, mas, no íntimo de cada um de nós, existe um princípio comum, a partir do qual podemos construir um futuro para o nosso município, para o nosso país e para um mundo muito melhor. Neste ano, em que o ESA completa 80 anos de existência, a Campanha da Fraternidade nos lembra que a “Fraternidade e a Vida no Planeta” dependem de ações que adotamos cotidianamente: não apenas salvar a vida no nosso tão querido Planeta Terra, mas mantê-lo majestoso para as futuras gerações. Penso (acredito mesmo!) que a educação tem um papel fundamental nisso. É uma das primeiras vezes na História que vemos o empenho de várias parcelas da sociedade (governos, Organizações Não–Governamentais, empresas de comunicação, corporações etc.) envolvidas com a questão ambiental e com o respeito à vida.

O primeiro elemento que considero fundamental para que possamos atingir este objetivo é a consciência moral criada nas atitudes que o ESA ensina, combinadas com as atitudes da família no ambiente doméstico. Respeitar e proteger a vida é muito mais

que se resguardar da violência urbana; segue na direção do respeito e da ajuda aos nossos irmãos menos favorecidos enquanto “criaturas” de Deus; da proteção à fauna e à flora, enquanto “criações” de Deus. Portanto, economizar a água tratada, o papel, a energia elétrica, evitar o desperdício de alimentos, entre outras pequenas ações que podemos empreender cotidianamente, promovem a manutenção dos complexos naturais, dos nossos rios e aquíferos, impedem ou reduzem a derrubada de árvores, evitam a construção de novas hidrelétricas, cujos lagos inundam vários ecossistemas, etc.

Por essa razão, a constante modernização pela qual o ESA passou nos últimos anos proporciona o uso correto da água através de torneiras com temporizadores, de papel toalha reciclável, de produtos de limpeza biodegradáveis; disponibiliza aulas com equipamento digital; propicia um canal interativo com os pais pela Internet através do nosso novo site; oferece alimentos saudáveis e equilibrados na nossa cantina e no refeitório, que passou a servir o almoço dos alunos, entre outras iniciativas que se transformam em ações educativas.

O segundo elemento é que a paz e o conservacionismo são de responsabilidade humana, mas não conseguiremos atingir nossas expectativas se não confiarmos na Providência; é Ela que nos permite o milagre da vida a cada manhã, que nos oferece o local em que vivemos sem nos preocuparmos muito com sua preservação, que nos concede a sabedoria para corrigirmos nossos excessos.

Neste sentido, o Externato, nestes seus 80 anos, caminhou numa jornada que criou a consciência dos nossos limites humanos. Algumas vezes falhamos; outras, acertamos. Contudo, para acertar, mais que errar, devemos reafirmar que colocamos nosso futuro no conhecimento que Jesus Cristo nos deixou como herança nos Evangelhos e na emoção de nosso reencontro a cada manhã com o advento da vida. O que as Irmãs da Providência trouxeram ao construir essa missão há oitenta anos foi o exemplo, o qual todos podemos seguir. Exemplo de reconhecimento de nossas responsabilidades na conservação do mundo em que vivemos e de renovação do compromisso de trabalhar com coragem e inspiração na construção de um futuro mais justo, fraterno, amável e cheio de vida!

Agradeço primeiramente a Deus pela jornada que o Externato Santo Antonio iniciou há oitenta anos e pela presença e participação de cada membro de sua comunidade.

Que se renovem as esperanças por muitos outros anos de trabalho pela sua glória!

Orlando Alves ZotarelliDiretor Administrativo

08 # ESA 80 ANOS

Mensagem da Direção Administrativa

Page 9: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

Oitenta anos! Como escrever algo sobre 80 anos? Quanta responsabilidade, pois não são quaisquer 80 anos. São os 80 anos do Externato Santo Antonio.

Demorei-me bastante para registrar algumas poucas palavras, pois, diante da grandeza da comemoração, deveria ser algo muito significativo para quem escreve, mas principalmente para quem lê. Pensei em fazer uma retrospectiva dos fatos acontecidos ao longo da História da Educação e estabelecer paralelos com a educação nos dias de hoje, os novos modelos de família, as atuais estratégias e ferramentas pedagógicas. Não! Talvez, alguns anos atrás, estes registros fossem mais difíceis de serem encontrados. Hoje, bastam alguns cliques e temos em nossa “telinha” uma linha do tempo invejável e rica em detalhes.

O tempo passa e a sensação que tenho é de estar diante de um desafio cada vez maior. Começo a devanear. Minha imaginação me leva até o ano de 2091, quando o Externato Santo Antonio completará 160 anos. Quando tudo começou, em 1931, o ano de 2011 parecia tão longínquo e, zás-trás, estamos aqui em pleno século XXI. Pois bem, em 2091 também farei parte da rica história do Externato. Enxergo aceleradas tecnologias, ambientes ultramodernos, meios de transporte muito velozes, tudo muito evoluído. Presencio cenas parecidas àquelas de filmes futurísticos. Em meu sonho, começo a percorrer os espaços do Externato. Tudo muito progressista, maravilhoso. O que procuro mesmo são as crianças. Ah! Doces crianças. Como seriam? Pequenos robôs? Ouço um barulhinho... Lá estão elas! Lindas e, como sempre, CRIANÇAS, com os olhinhos curiosos, pesquisando com suas maquininhas algumas fotos, uniformes, fotos, vídeos, revistas para contarem a história dos 160 anos do Externato. De repente, uma criança encontra uma revista e sai correndo mostrando para as outras. Reconheci! É esta a revista encontrada. Ela começa a ler em voz alta para as demais crianças que ali se encontram:

“Daqui a alguns anos vocês lerão este artigo. Por isso, quis que fosse um artigo especial, que conseguisse reproduzir a magia destes primeiros 80 anos de Externato. Sempre fui partidária de que devemos escutar o nosso coração, e assim o fiz. Meu coração pediu para deixar registrado para todos que o futuro pode acontecer de maneira justa e solidária. Cada ação que tomamos proporciona uma reação.

Muitos cientistas foram céticos, não acreditando na sobrevivência do planeta e, consequentemente, da espécie humana. Se hoje vocês leem este artigo é porque as gerações anteriores se preocuparam em deixar um futuro melhor para vocês. No Externato, ao longo de décadas, contribuímos para que fossem formados cidadãos íntegros, autênticos e preocupados com o próximo. Dedicamo-nos muito às questões ambientais e sociais. Ensinamos a cuidar do planeta. Em 2011, fomos a primeira escola do município de São Caetano do Sul a fazer a coleta seletiva de lixo. Para vocês, do ano de 2091, isto é coisa

superada, porque o lixo é coisa do passado. Cada passo que demos em direção à posteridade foi marcado pela coragem, dedicação, acolhida e parceria entre a equipe de profissionais e as famílias que confiaram nos princípios humanos pelos quais cada atitude foi pautada dentro do Externato.

O maior legado que pudemos deixar para vocês, cidadãos do futuro, foi a confiança no ser humano, o respeito ao próximo e às diferenças, o sublime ensinamento de fazer sempre o bem, mantendo a verdade como um valor absoluto e, acima de tudo, acreditando que tudo é possível desde que tenhamos Deus no coração. Cuidem para que todos estes valores que foram transmitidos ao longo das gerações se perpetuem definitivamente. Agradeço pela oportunidade, que Deus colocou em minha vida, de poder compartilhar desta linda história de amor incondicional em que o Externato Santo Antonio foi edificado e consolidado.”

Neste instante, saio desta espécie de viagem ao futuro e deparo-me com muito trabalho, mas muito trabalho mesmo! A tarefa é árdua, mas não impossível. Preciso continuar minha missão no Externato, na vida e no mundo. Contribuir para que o futuro não seja apenas um sonho... Com muita humildade, estendo minhas mãos e todo meu coração para que juntos consigamos fazer do mundo um lugar muito melhor para se viver. Que as gerações futuras possam olhar para trás e sentir orgulho de nossas ações. Juntos, somos e faremos parte desta história de sucesso! Parabéns a todos pelos 80 anos do Externato Santo Antonio e que venham mais 80, 100, 200 anos!

Com muito carinho,

Roseli F. Brito Diretora Pedagógica

ESA 80 ANOS # 09

Daqui a alguns anos vocês lerão este artigo. Por isso, quis que fosse um artigo especial, que conseguisse reproduzir a magia destes primeiros 80 anos de Externato. Sempre fui partidária de que devemos escutar o nosso coração, e assim o fiz.

Mensagem da Direção Pedagógica

Page 10: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

Fazer parte da “família” do Externato Santo Antônio enche de orgulho a todas nós da Equipe Pedagógica. O fato de nossa instituição de ensino completar oitenta anos de História demonstra que trilhou um caminho iluminado, formando e informando crianças e jovens que se tornaram cidadãos comprometidos com a sociedade em que vivem.

Hoje o Externato Santo Antônio é reconhecido por sua excelência acadêmica e seu generoso acolhimento.

Aqui, vivenciamos no dia-a-dia a filosofia de São Luís Scrosoppi, “Ternura e Firmeza”, e seu ensinamento de confiança:

“Providência...

é Deus nos acontecimentos;

é gesto de Deus,

acompanhando a todos, mesmo quando não percebemos;

é visita amiga na dor;

é a palavra que dá luz na hora da treva”.

Fazer parte desta História de oitenta anos é continuar semeando valores difundidos pela Congregação das Irmãs da

Providência e contribuir para a transmissão do carisma de São Luís Scrosoppi na vida e na educação dos nossos alunos, através da nossa filosofia institucional: “Proporcionar educação integral às crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e educandos para a promoção da vida dos menos favorecidos”.

A Equipe Pedagógica exprime, neste momento de festa e comemoração, seus votos de muito sucesso, novas conquistas e vitórias.

Professora Patrícia Vanessa Aroni de BarrosCoordenadora Pedagógica da Educação InfantilProfessora Telma Peixinho BentoCoordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental IProfessora Priscilla Ortuño Orientadora Educacional do Ensino Fundamental IProfessora Leni Maria Silveira BenaventeCoordenadora Pedagógica do Ensino Fund. II e Ens. MédioProfessora Neli Padovan KawaguchOrientadora Educacional do Ensino Fund. II e Ens. MédioProfessora Milena Girtoto de SouzaSupervisora de Estudos

10 # ESA 80 ANOS

Mensagem das Coordenadoras Pedagógicas,das Orientadoras Educacionais e da Supervisora do Integral

Page 11: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

“O trabalho constitui o fundamento sobre a qual se edifica a vida familiar, que é um direito fundamental e uma vocação do homem. Estas duas esferas de valores – uma conjunta ao trabalho e a outra derivante do caráter familiar da vida humana – devem unir-se entre si e compenetrar-se de um modo correto”.

Beato Papa João Paulo II

Participamos da vida do Externato Santo Antônio sem estarmos em plena evidência. Enquanto as atividades educativas formais estão com contato permanente com os educandos, ajudamos a completar a formação das crianças e jovens através do nosso trabalho sereno e carinhoso na recepção, secretaria, limpeza, manutenção, suprimentos, marketing, relações públicas, cantina, refeitório e outros departamentos da escola.

Procuramos, em nosso cotidiano, servir da melhor maneira possível para que a Equipe Gestora, o Corpo Docente, o Corpo Discente e suas famílias tenham condições materiais, infraestrutura e tranquilidade adequadas para que possam, com esforços conjugados, continuar formando cidadãos conscientes de suas responsabilidades sociais.

Acreditamos na filosofia institucional do Externato Santo Antônio (“Proporcionar educação integral às crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e educandos

para a promoção da vida dos menos favorecidos”); por isso, nos realizamos em nosso trabalho, por mais modesto que possa parecer, e o fazemos com dedicação e amor.

É com grande felicidade que podemos confiar ao Externato Santo Antônio a educação dos nossos filhos, mas é infinita nossa emoção ao nos sentirmos pertencentes a uma família que herda dos seus antepassados a responsabilidade de manter sua missão, a fim de criar neste mundo um verdadeiro Reino de Deus baseado, sobretudo, no amor ao próximo!

Educadores de Apoio do ESA

ESA 80 ANOS # 11

ajudamos a completar a formação das crianças e jovens através do nosso trabalho sereno e carinhoso na recepção, secretaria, limpeza, manutenção, suprimentos, marketing, relações públicas, cantina, refeitório e outros departamentos da escola.

Mensagem dos Educadores de Apoio

Page 12: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

Cada um de nós já experimentou a felicidade de se sentir amado pelas pessoas que nos cercam, seja em família, entre os amigos, em clubes sociais ou outras organizações. Entre elas, a escola é um local onde se reúnem diariamente educadores e educandos que procuram se sentir pertencentes a uma comunidade educativa, uns para ensinar, outros para aprender, outros ainda para compartilhar. Não obstante, o cotidiano marcado pelas mais variadas atividades educativas (por exemplo, alfabetização, explicações de assuntos científicos, apresentação de trabalhos em grupo, exercícios de fixação, correção de exercícios, atividades de Educação Física, Esportes e Artes, pesquisas, avaliações etc.) parece criar uma relação imparcial entre todos devido à necessidade que têm de cumprir suas tarefas com zelo, concentração e competência.

A fim de manter o calor de nossa filosofia institucional (“Proporcionar educação integral às crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e educandos para a promoção da vida dos menos favorecidos”), o Externato Santo Antônio promove um trabalho especial; oferece um espaço onde se desenvolvem muitas atividades com os educadores, educandos e suas famílias: o NAFI – Núcleo de Animação da Filosofia Institucional -, organizado em janeiro de 2007.

Enquanto núcleo de animação, evita realizar sozinho as ações de pastoral escolar, mas promove a sensibilização da filosofia institucional entre educadores, educandos e familiares em suas atividades escolares, para que ela seja estendida a todas as atividades de suas vidas. O NAFI é responsável por manter em cada membro participante e colaborador desta instituição o espírito evangélico de São Luís Scrosoppi, de tal forma que a escola seja um sinal do Deus invisível na Terra.

Junto ao corpo discente, o NAFI apresenta uma proposta de práxis educacional interdisciplinar que possibilita o envolvimento de cada criança e jovem em ações concretas que favoreçam sua sensibilização para a tomada de ação humana perante as necessidades do próximo, ou seja, uma cidadania plena com virtudes cristãs. Para tanto, ajuda a equipe pedagógica com conteúdos pastorais que auxiliam na elaboração das aulas; promove encontros com as crianças e jovens sobre diversos temas que envolvem situações do seu cotidiano para que vivenciem nossos valores; propõe experiências em comunidades carentes nas “Férias Solidárias”; desenvolve campanhas anuais permanentes (do agasalho e outros donativos, de coleta de lacres de latinhas de alumínio etc.); promove o Esaj, integração dos alunos do Externato Santo Antônio (uma missão educativa das Irmãs da Providência em São Caetano do Sul) com o Externato São José (outra missão educativa, em Atibaia); promove a catequese para os alunos católicos que ainda não receberam o Sacramento da Eucaristia; colabora com as celebrações de Páscoa, Natal,

Formatura, Dia das Mães, Dia dos Pais, missas em louvor a Santo Antônio e São Luís Scrosoppi, entre outras, com a presença dos pais e da comunidade sulcaetanense.

Além disso, desenvolve junto aos educadores o FEC – Formação dos Educadores Cristãos -, cuja finalidade é oferecer subsídios teológicos e filosóficos para a melhoria da fluência da filosofia institucional em sua prática pedagógica; organiza encontros que discutem a composição teológica e projetos pedagógicos relacionados à CF – Campanha da Fraternidade; assessora o trabalho dos professores de Ensino Religioso, tanto em literatura teológica quanto na filosofia institucional; acolhe os novos educadores, apresentando-os à escola e a toda a comunidade educativa; homenageia os educadores que completam cinco, dez, quinze, vinte e vinte e cinco anos de trabalho dedicados ao Externato Santo Antônio; organiza confraternizações e retiros da equipe educativa.

A comunidade também é convidada a partilhar conhecimentos, refletindo sobre as Sagradas Escrituras na “Noite Teológica”, que ocorre em setembro, quando se comemora o “Mês da Bíblia”.

Diante das comemorações dos oitenta anos do Externato Santo Antônio, que coincidem com a Campanha da Fraternidade (cujo tema, neste ano, é “Fraternidade e a Vida no Planeta”), o Nafi confraterniza seus sentimentos de felicidade, realização e serenidade porque sente que cada membro desta “Grande Família” que se chama Externato Santo Antônio é uma personagem de luz que segue o chamado do Senhor para realizar, em todos os seus gestos, Seu maravilhoso projeto de zelar pela humanidade e Suas outras criações através do amor, devolvendo-as vivas e magníficas, conforme nos ensinam as palavras do Cristo: “Ama o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua mente, e ao teu próximo como a ti mesmo”.

Irmã Ivete Aparecida PaiolaSimone RoslekasCleverson Amaro de JesusProfessores de Teologia do ESA

12 # ESA 80 ANOS

(...) o NAFI apresenta uma proposta de práxis educacional interdisciplinar que possibilita o envolvimento de cada criança e jovem em ações concretas que favoreçam sua sensibilização para a tomada de ação humana perante as necessidades do próximo (...)

Mensagem do Nafi - Núcleo de Animação da Filosofia Institucional

Page 13: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

ESA 80 ANOS # 13

Oitenta anos de mãos dadas com os sulcaetanenses

São Caetano no Limiar dos Anos 1930

No início dos anos 1930, São Caetano era um “distrito de paz” do Município de São Bernardo. Uma região que ainda possuía muitas famílias que viviam de atividades econômicas ligadas ao campo (chácaras que forneciam verduras, frutas, leite, entre outros produtos agropecuários em pequena quantidade para consumo local); porém, já contava com um número crescente de indústrias (Cerâmica São Caetano, Fábrica de Louças Adelina, Produtos Químicos São Pedro, Companhia Metalúrgica Brasileira, Fábrica de Tecidos Pedro Giorgi, Curtume Matarazzo entre outras importantes corporações que ajudavam a edificar seu progresso) que demandavam um número cada vez maior de mão de obra. Além das famílias de imigrantes chegados nas décadas anteriores (especialmente italianos, espanhois e portugueses), famílias de várias outras partes do Estado de São Paulo (e até de outros

Estados da Federação) procuravam oportunidades para ganhar a vida neste distrito promissor.

O “centro” da ocupação urbana de São Caetano no século XIX (que depois nomeou o bairro) não comportava mais o estabelecimento de tantas famílias. Houve a necessidade de se ampliar o espaço urbano. Surgiram os bairros Santo Antônio, Santa Paula, Barcelona etc. A ampliação do núcleo urbano relacionava-se diretamente à demanda por serviços públicos. Nos transportes, a São Paulo Railway Company (em 1946 estatizada e rebatizada como Estrada de Ferro Santos-Jundiaí) era o principal meio para trazer aos locais de trabalho os moradores de outras localidades e escoar a produção; algumas linhas de ônibus “jardineiras” serviam como transporte para a maioria da população local em ruas recém-abertas; uma curta linha de bonde ligava a estação ao atual bairro Santa Maria. Mesmo chegando depois da ocupação humana, a infraestrutura construída pela

Externato Santo Antônio

Construção do novo prédio na Rua São Luis - 1954

Page 14: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

Prefeitura de São Bernardo promovia a expansão da rede elétrica com iluminação pública, o saneamento básico, o asfalto, entre outros serviços, oferecendo-os na medida das suas possibilidades de investimento.

A população poderia buscar os serviços de saúde em São Bernardo ou em outro município próximo, mas escolhia principalmente o trabalho dos médicos que atendiam em casa os componentes de sua família, do recém–nascido ao ancião, de ambos os sexos, acumulando as funções de clínico, cirurgião ou parteiro, e ainda mais, como conselheiros de problemas domésticos, já que o médico era considerado um homem “instruído”, “sabido”, um “bacharel”. Quando nenhuma dessas duas alternativas era possível, o enfermo era levado a um “benzedor” ou “curandeiro” que, com suas rezas, chás e outras orientações, tentava alijar o mal que atuava sobre a pessoa.

Com relação à educação, as dificuldades também existiam. As primeiras letras e noções de matemática eram ensinadas ainda em casa pelos pais que tivessem instrução básica; se as crianças fossem pertencentes às classes um pouco mais favorecidas economicamente (como comerciantes e profissionais liberais), os pais pagavam professores particulares. O Grupo Escolar Senador Fláquer (inaugurado em 1920 com o nome de Segundo Grupo Escolar de São Bernardo da Borda do Campo e rebatizado com o nome que é conhecido até hoje em 1927) era a única instituição capaz de oferecer ensino de qualidade aos pequenos cidadãos de famílias trabalhadoras. Entretanto, não conseguia suprir a demanda por “instrução primária”. Eram necessários novos investimentos nesta área, porém, os recursos públicos eram

14 # ESA 80 ANOS

escassos e as perspectivas não eram boas: havia outras obras em andamento em toda a região do município de São Bernardo que também eram consideradas “prioridades” pelo governo.

Foi então que os cidadãos mais influentes do distrito começaram a pensar em uma alternativa. O Padre Alexandre Gigolli, então vigário do distrito de São Caetano, encontrou uma saída através de um acontecimento inusitado.

O Caráter Missionário das Irmãs da Providência no Brasil

A congregação fundada pelo Padre Luís Scrosoppi (canonizado em 10 de junho de 2001 pelo Santo Padre, Papa João Paulo II), vice-diretor da “Casa das Derelitas”, instituição que acolhia meninas órfãs ou abandonadas e filhas de pessoas miseráveis de Údine, cidade situada no Friuli, região do norte italiano, iniciou seus trabalhos em 1º de fevereiro de 1847 como “Irmãs da Providência”, sob a proteção de São Caetano di Thiene. Essas irmãs optaram por viver na pobreza e com doação total de si mesmas em favor dos mais necessitados. Em poucos anos, elas já estavam prestando serviço aos mais carentes, principalmente às crianças, em várias cidades da Itália.

Em 1926, as superioras das instituições italianas administradas pelas Irmãs da Providência reuniram-se para um Capítulo Geral (assembleia representativa na qual se elegem os cargos administrativos da Congregação e se tomam as decisões pastorais), com a presença do bispo de Gorízia (cidadela próxima a Údine), Dom Francesco Sedei. Nessa reunião, elas deliberaram não apenas pela nomeação das novas encarregadas e da mudança da Casa

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Geral (sede da administração) para a localidade, mas lançaram também as primeiras ideias acerca do caráter missionário das religiosas fora de sua pátria mãe. O entusiasmo se apoderou do espírito de cada freira presente porque sua entrega ao Senhor, estabelecida por seus votos, implicava deixar sua família e amigos para se aventurar em outros países com outras culturas, línguas, tradições, a fim de seguir seus projetos e seus sonhos.

Não demorou e as Irmãs da Providência receberam um convite para o trabalho missionário. O Senhor Giovanni Motta, que conhecia os trabalhos das abnegadas irmãs na Itália por ter contato com familiares e amigos residentes naquele país, indicou-as a Dom José Carlos Aguirre, então bispo de Sorocaba. Sua Excelência Reverendíssima prontamente escreveu algumas cartas para a Superiora Geral, Madre Agnese Delugam, pedindo o serviço missionário das Irmãs da Providência para o trabalho social na cidade de Tietê. Após reuniões com as conselheiras,

foi autorizada a partida das primeiras oito irmãs missionárias e quatro postulantes (jovens que estão se preparando para ser freiras) para o Brasil.

No dia 31 de dezembro de 1926, as Irmãs da Providência partiram do porto de Gênova a bordo do navio “Taormina” em uma viagem transatlântica que duraria vinte dias, em direção ao Brasil, acompanhadas por quatro sacerdotes, seis Irmãs Marcelinas e quatro Irmãs de Santa Anna que vinham para outras missões delegadas por suas respectivas ordens religiosas. Chegaram ao porto de Santos em 20 de janeiro de 1926 e dois dias depois já eram recebidas em Tietê pelo Padre Gasparino Dantas, pelo professor João B. de Sanctis e pela população local; sem dúvida, estavam cansadas da viagem, mas prontas para o trabalho missionário. As Irmãs da Providência queriam se dedicar ao trabalho educativo, mas decidiram prestar serviços onde a urgência era maior. Ajudaram na Santa Casa de Misericórdia de

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Tietê desenvolvendo trabalhos técnicos de enfermagem e funções administrativas, ao mesmo tempo em que se dedicavam ao amparo espiritual dos doentes e junto à comunidade, como fizeram as madres Ermárgora e Ernestina no asilo que funcionava ao lado do hospital.

Poucas semanas bastaram para que o trabalho das Irmãs da Providência ficasse conhecido em várias cidades do interior. Em menos de um mês, a comunidade da cidade de Porto Feliz convidou-as para organizar a fundação de um projeto que visava implantar uma escola de trabalhos manuais para jovens, jardim da infância para as crianças e um programa de apoio às associações civis da comunidade, oratório festivo e catequese na paróquia. Duas irmãs e duas postulantes viajaram até Porto Feliz e começaram a planejar a obra. Foram arroladas as exigências do Governo Federal, as condições de investimento do município, o transporte público oferecido e se percebeu que as dificuldades eram tantas que inviabilizavam o projeto. Mesmo com o apoio da comunidade local e a determinação das irmãs em iniciar um trabalho na área de educação, sem a participação da prefeitura o projeto não teria êxito. Contudo, a ideia de uma missão na área de educação não fora descartada.

Em março de 1927, sob a liderança da Madre Geral Irmã Agnese Delugan, cinco religiosas partiram em direção a Tatuí, onde foram recebidas pelo vigário do município, padre Joaquim Canto, pelo Presidente da Santa Casa de Misericórdia, Carlos Orsi, e por colaboradores do hospital. Nos poucos dias em que passaram estudando as tarefas desta casa de saúde, integraram-se aos demais colaboradores e acabaram por se fixar em um serviço semelhante ao desenvolvido em Tietê.

Enquanto prosseguiam os trabalhos na área da saúde em Tietê e Tatuí, o sonho do desenvolvimento de um projeto voltado para a educação iniciou-se no próprio município de Tietê sob a orientação de Dom José Carlos Aguirre. O Colégio Imaculada Conceição, de Tietê, foi planejado, organizado e aberto em tempo mínimo: pouco mais de um mês. As matrículas foram abertas em 5 de fevereiro e as atividades referentes à instrução e educação de jovens e adultos tiveram início em 15 de março de 1927. O sonho de uma missão educativa estava realizado, mas outro chamado insólito aconteceu.

Quando as Irmãs da Providência entraram em retiro no Colégio Imaculada Conceição, procuraram como orientador espiritual do evento o Padre Alexandre Grigolli Stigmatino, de Verona, que se encontrava no Brasil havia mais de dezoito anos e exercia o cargo de vigário no distrito de São Caetano. Os dias de oração e reflexão seguiram-se normalmente, porém, chuvas contínuas detiveram o padre em Tietê por mais de vinte dias, o que lhe possibilitou conhecer os trabalhos educativos que as irmãs ali desenvolviam. Acabou por convidá-las a edificar semelhante missão junto à sua comunidade. Ao retornar, o padre deixou uma boa contribuição para o colégio que visitara e reiterou o convite. Entretanto, as irmãs precisavam estudar com mais cuidado aquela nova empreitada, pois já eram responsáveis por três missões no Estado de São Paulo. Esta fase de amadurecimento da ideia de uma missão educativa no distrito de São Caetano levaria aproximadamente um ano e meio.

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A fundação do Colégio Santo Antônio

O pedido foi enviado à Itália para apreciação da Madre Geral, Agnese Delugan, e da Vice-Geral, Madre Crescenzia Tonini, e Madre Agnese, acompanhada da Madre Melânia Colussi, decidiu visitar as casas onde mantinham trabalhos na América. Após passar pelo Uruguai, as irmãs chegaram às casas brasileiras e aproveitaram para conhecer o distrito de São Caetano a fim de verificar a possibilidade da fundação da nova missão das Irmãs da Providência. Recebidas pelo Padre Alexandre Grigolli e acolhidas em casa pela dona Dolfina Cecato (benemérita da paróquia), as irmãs foram esclarecidas sobre o projeto e o apoio que as autoridades e a comunidade estavam dispostos a oferecer para sua concretização. Foram conhecer uma edificação localizada no “centro” do distrito, à Rua São Caetano (atual esquina da Avenida Conde Francisco Matarazzo com a Rua Manoel Coelho). Apesar das pequenas dimensões, o antigo prédio construído para ser um velho empório de vassouras poderia abrigar, com razoável conforto, a clausura e os espaços onde seriam desenvolvidos os trabalhos pedagógicos.

Após apreciar as condições oferecidas e o entusiasmo das autoridades e da comunidade sulcaetanense, as irmãs partiram para o “Colégio Rosa Mística” em Tietê (casa matriz da Congregação no Brasil, fundada em 6 de janeiro de 1931) com o objetivo de avaliar a disponibilidade de pessoas para o projeto. Rumaram para São Paulo e se apresentaram ao Cardeal Arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva com o pedido de abertura de sua nova missão, o que foi aprovado e encorajado por sua Eminência Reverendíssima.

Enquanto Madre Agnese Delugan retornava à Itália com algumas irmãs, outras assumiam os trabalhos para a inauguração da nova missão. As irmãs Lia Felicetti, Firmina Lubick, Massimiliana e Dionísia deram as mãos a toda a comunidade sulcaetanense e, em grande mobilização social, conseguiram preparar o prédio para receber o novo colégio. A Associação Antonina da Paróquia prontificou-se a arcar com as despesas dos primeiros meses de aluguel com um montante no valor de duzentos mil reis; em agradecimento, as irmãs propuseram que a escola recebesse o nome de Colégio Santo Antônio e fosse inaugurado na data em que se festeja o tão conhecido santo da Igreja Católica (13 de junho).

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No dia 11 de junho de 1931, chegaram representantes das outras missões das Irmãs da Providência para assistir às celebrações de inauguração e à benção do novo colégio sob a responsabilidade da Congregação. Dois dias depois, a inauguração contou com a presença de autoridades civis e eclesiásticas, bem como da comunidade sulcaetanense em massa. A belíssima imagem de Santo Antônio partiu da Igreja Matriz e percorreu em procissão várias ruas do distrito de São Caetano, com grande comoção popular, para ser colocada em um nicho externo da casa.

Entre diversos discursos, destacou-se o do Padre Alexandre Grigolli, que agradeceu a Deus e à mobilização de toda a comunidade, pedindo para que essa mesma comunidade, unida, tornasse possível a inauguração daquele importante estabelecimento, cuja função social voltada para educação era imprescindível.

As primeiras atividades: anos 1930 e 1940

As atividades educativas se iniciaram em 1º de julho de 1931, com mais de cinquenta crianças divididas em duas salas de aula de “jardim da infância”, no horário das 12 às 17 horas, sob a orientação das irmãs Lia e Firmina. Apenas dois meses depois, sob a orientação da madre Geralda, o Colégio Santo Antônio organizou a Escola de Corte e Costura e Trabalhos Manuais com cursos profissionalizantes muito procurados pelas moças sulcaetanenses da época, já que a maioria das roupas era feita sob encomenda (as lojas de roupas “prontas para vestir” chegariam apenas vinte anos depois) e muitos utensílios de casa oferecidos no mercado (finos bordados, delicadas rendas, etc.) eram totalmente artesanais. Em 1º de fevereiro de 1932, o colégio já contava com oitenta crianças e quinze jovens frequentando seus cursos.

Acompanhando o desenvolvimento das forças produtivas no distrito de São Caetano (com novos pontos de comércio, prestadores de serviços e indústrias, como a

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General Motors, que se instalou em 1930), as Irmãs Maximiliana Minezzini e Firmina passaram a oferecer aulas de alfabetização para trabalhadores, uma vez que, sem a certificação do diploma de ensino elementar, eles poderiam perder seus empregos.

A integração com a comunidade sulcaetanense se dava também nos fins de semana. Algumas irmãs e alguns voluntários leigos trabalhavam na catequese dos jovens na Igreja Matriz. A Cruzada Eucarística de São Caetano, nome dado às reuniões com leigos que esclareciam o Evangelho, foi liderada pelas irmãs Firmina e Maximiliana Minezzini até 1946, e depois, pelas irmãs Benigna e Ilda de Nadai, até sua extinção em 1960. O colégio ficava aberto para o Recreatório Festivo, cujo núcleo social se intitulava Rosa Mística. Faziam parte da recreação: cantos, jogos, gincanas e maratonas de conhecimentos bíblicos. Todas essas atividades eram realizadas com grande animação, o que atraía um número cada vez maior de jovens, mesmo com a concorrência de outras formas de lazer que já eram oferecidas na cidade, como os cinemas, existentes desde os anos 1920. Ainda neste período, cooperaram com os trabalhos de lazer e conscientização social e religiosa das Irmãs da Providência a Ação Católica Brasileira e a Juventude Operária Católica (JOC), agremiações juvenis muito influentes no distrito de São Caetano.

Com nove meses de funcionamento, houve muita negociação para que as Irmãs da Providência conseguissem permanecer no prédio alugado. Encerrava-se em 19 de março de 1932 o contrato de aluguel do imóvel onde funcionava o colégio. Conforme o acordo firmado na assinatura do contrato, terminado o prazo, o edifício deveria ser comprado pela Congregação. O valor acertado era de trinta contos de reis, mas havia somente vinte e cinco mil reis disponíveis no caixa; caso não houvesse o depósito de compra, o valor do aluguel seria reajustado. O restante do dinheiro para a compra deveria chegar da Itália, porém, o governo fascista de Benito Mussolini suspendeu toda e qualquer remessa de dinheiro para o exterior. Madre Lia e Dona Adolfina Cecato (benemérita da paróquia e grande colaboradora das Irmãs da Providência em São Caetano) procuraram o Senhor Giuseppe Prado, rico comerciante paulista, que as ouviu prontamente, mas não pôde auxiliá-las por falta de garantia de pagamento. As duas continuaram determinadas a encontrar outra solução: foram a uma casa bancária que tivesse contato frequente com a Itália; a única que conheciam era o Banco Ítalo Brasileiro. Dirigiram-se à sua agência mais próxima, em São Paulo, e após muita

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insistência, foram recebidas por um de seus diretores, o Senhor Alexandrini. Sem garantias do empréstimo que elas pediam, houve muita relutância em atender seu pedido; ele, porém, enviou um telegrama para o Banco Gorizia, no qual as Irmãs da Providência tinham depósitos na Itália, a fim de que fosse observado o saldo bancário e autorizada, pelo Governo Italiano, a remessa do montante requisitado para o Brasil. Ele solicitou às duas representantes do Colégio Santo Antônio que esperassem a devolutiva. Exatamente na data limite, um telefonema confirmou a remessa do dinheiro e assim as Irmãs da Providência adquiriram a propriedade do imóvel onde funcionava o colégio e fincaram raízes definitivas no distrito de São Caetano.

Entre julho e outubro de 1932, a Revolução Constitucionalista, articulada pela elite paulista que perdera o poder federal para Getúlio Vargas dois anos antes, mobilizou grande parcela da população para pegar em armas e lutar por uma nova Constituição, prometida, mas não realizada pelo Chefe do Governo Provisório Federal. Muitos combates foram travados em território paulista, o que diminuiu a frequência com que as Irmãs da Providência, instaladas em São Caetano, se comunicavam com as missões

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de Tietê e Tatuí. Entretanto, cumpriram seu dever de manter o funcionamento do Colégio Santo Antônio na mais completa normalidade e calma, orando pelas irmãs que recebiam os feridos no conflito nos hospitais em que trabalhavam. Terminada a “Guerra Paulista”, a vitória armada das forças leais ao Presidente da Republica não diminuiu o prestígio dos paulistas porque estes receberam a garantia da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte no ano seguinte, o que se confirmou e levou à promulgação da Constituição Democrática de 1934.

Tudo voltou à paz e normalidade, porém, a demanda por educação e cultura crescia. Foi necessária uma reforma na sede do Colégio Santo Antônio. O engenheiro Ângelo Raphael Pellegrino idealizou e acompanhou as obras de ampliação. Com a reorganização dos espaços, puderam ser criadas quatro salas de aula que passaram a oferecer maior conforto para os alunos e mais vagas para a população necessitada.

O início dos trabalhos de professores leigos se deu em 1934 com Dona Dolores Costa, pois a Secretaria Estadual de Educação exigia a experiência de uma lente não religiosa para lecionar no recém-criado curso primário (só para meninas) no horário de 7h30 às

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11h30. Dois anos depois, as irmãs Escolástica Maia e Cecília Simion prestaram exames a fim de conseguir habilitação para lecionar e, sendo aprovadas, se juntaram à missão sulcaetanense.

Em 1937, Getúlio Vargas estabeleceu uma ditadura denominada Estado Novo. Aboliu o cargo de Governador dos Estados da Federação que não o apoiaram e substituiu-os por Interventores nomeados, ou seja, fieis colaboradores de seu novo regime. O Estado de São Paulo foi um dos que foram colocados sob esta forma de governo. Em 30 de novembro de 1938, o Interventor Federal Ademar Pereira de Barros decretou a redução da categoria de São Caetano à Zona Distrital do Distrito de Paz da Sede do Município de Santo André. Seis anos mais tarde, o Interventor Federal Fernando de Sousa Costa rebaixou-o ainda mais, transformando-o em Segundo Subdistrito do Município de Santo André. Foi o início do Movimento Autonomista dos sulcaetanenses. Todos comungavam esta ideia, do mais humilde operário ao mais ilustrado bacharel. Liderados pela Sociedade Amigos de São Caetano, a luta pela emancipação da cidade demoraria mais quatro anos. Restabelecida a normalidade democrática do país em 1945, a mobilização para a realização de um plebiscito para a emancipação política de São Caetano tornou-se realidade em 9 de setembro de 1948, quando a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou sua realização em 24 de outubro. O resultado (8.463 votos a favor da emancipação, 1.029 contra) tornou possível a promulgação da Lei Estadual nº 233, de 24 e dezembro de 1948, que elevou o distrito à categoria de município, denominado São Caetano do Sul.

Diante de tamanha mobilização dos cidadãos, as Irmãs da Providência mantiveram sua postura de neutralidade política, porém, sempre exaltando os valores da igualdade, da moral e da ética

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através das práticas pedagógicas utilizadas no Colégio Santo Antônio, marcas que ficaram para sempre na alma da população. O trabalho educativo prosseguia com um número crescente de professores leigos, e seu sucesso era marcado pela demanda cada vez maior de crianças e jovens, cujas famílias procuravam uma formação não apenas técnica, mas também humana para seus filhos. Em 1941, após longa negociação e alto custo, foi adquirido um terreno na Avenida Goiás, Bairro Santo Antônio, bem como a maioria das casas que se encontravam no quarteirão, a fim de serem demolidas para que todo o espaço fosse ocupado pelo novo colégio. Enquanto não se construía a nova sede escolar, foram necessárias mais reformas de ampliação: em 1944 e em 1947, sob a orientação do engenheiro J. Santos Filho, com financiamento da Casa Geral da Itália e ajuda de colaboradores da sociedade civil. O Colégio Santo Antônio contava então com aproximadamente 700 alunos, mas a demanda não parava de crescer e a última reforma revelou o limite nas acomodações dos alunos e na adequação às exigências da Secretaria Estadual da Educação. Iniciaram-se os estudos para a construção do novo prédio, que deveria acontecer no ritmo em que as possibilidades financeiras permitissem.

A transferência para a nova sede e a mudança do nome para Externato Santo Antonio: anos 1950 e 1960

Para que a cerimônia de lançamento da pedra fundamental da nova sede escolar acontecesse, mais uma vez se conjugaram os esforços das Irmãs da Providência, das autoridades municipais e do povo sulcaetanense. No dia escolhido, 4 de abril de 1954, estiveram presentes no evento representantes das várias casas das Irmãs da Providência (como as Irmãs Luizetta Nami, Fides Tesolin, Terezina Della Bianca, Savina Baschiera, Carmem, Inês Bízio, Teodorica e Lizetta Simon), autoridades religiosas (como o Vigário Padre Ézio Gislimberti e o Padre Pedro Ballint) e municipais (como o Prefeito Anacleto Campanela), importantes representantes da sociedade civil (como os Senhores João Rela, Acácio Novaes, Mauro Corvello, Oswaldo Giampetro, Étore Dal’Mas e Durval Caperutto), além de grande número de munícipes.

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Todos apoiaram com zelo a iniciativa porque o novo município se consolidava como uma área urbanizada de grande importância industrial para o Estado de São Paulo. Portanto, era cada vez maior a demanda das empresas por colaboradores com qualificação técnica para o trabalho, sem perder de vista sua preparação para lidar com as pessoas de maneira ética e humana.

Madre Escolástica, acompanhada de leigas beneméritas amigas das Irmãs da Providência (como a Senhora Rosa do Nascimento) percorriam as ruas de São Caetano e de municípios vizinhos para pedir doações a fim de prosseguir com a obra. O Livro de Ouro e o Livro de Ofertas registram inúmeras doações para a construção da nova sede feitas por pessoas simples, que abriam mão do pouco que tinham em prol de tão nobre causa. Elas demonstram

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a mobilização e a generosidade dos sulcaetanenses ao longo dos anos em que as obras aconteceram. Vinham também contribuições da Itália, de outras comunidades das Irmãs da Providência no Brasil, doações de benfeitores, ajuda de familiares de alunos, além dos modestos rendimentos decorrentes das festas e quermesses ainda no antigo prédio. Não obstante, as Irmãs da Providência não podiam se descuidar da manutenção das atividades na sede antiga. Era um trabalho que exigia muito delas, mas nenhuma desistiu do projeto, pois cada sulcaetanese com quem conversavam sempre lhes oferecia uma palavra de incentivo e perseverança. A princípio, a madre Eduarda Tomé, depois com a ajuda da madre Otaviana de Oliveira, em sintonia com o Conselho Geral, acompanharam diariamente os trabalhos e optaram pela conclusão de uma primeira parte da obra, que foi denominada “primeiro bloco”, com frente para a Rua São Luís e entrada pela lateral, na Rua Marechal Deodoro.

Enquanto isso, a fim de atender as necessidades das famílias sulcaetanenses, foi instituído o curso primário para os meninos com uma classe de primeiro ano sob a responsabilidade da irmã Cecília de Nadai. Contudo, não havia mais espaço no antigo prédio; então, no ano seguinte, optou-se por transferir os novos alunos para o prédio ainda em construção, onde usaram salas de aula improvisadas também no horário entre 7h30 e 11h30. Na época, era importante que os desafios fossem vencidos para que as crianças tivessem acesso às atividades pedagógicas. Em quatro anos, o curso primário já possuía todas as séries, com

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quatro salas masculinas e quatro femininas, todas funcionando no novo prédio; para tanto, foi necessária a ampliação do quadro de professoras leigas. Em 1956, foi transferida para o novo prédio a Escola de Trabalhos Manuais e foi criado o Curso de Admissão ao Ginásio, um ano de preparação para exames oficiais que selecionavam os alunos para serem matriculados no ginásio. À medida que mais salas de aula eram terminadas, as séries de jardim da infância iam sendo transferidas para a nova sede.

Em pleno processo de mudança para a nova sede, em 13 de junho de 1956, comemorou-se o jubileu de 25 anos de existência da missão educativa em São Caetano do Sul com uma nova denominação para a escola: Externato Santo Antônio (ESA). O Padre Ézio Gislimberti celebrou a missa de Ação de Graças com a presença de representantes das Irmãs da Providência de várias missões do Brasil, autoridades municipais, pais e alunos, benfeitores e grande participação do povo sulcaetanense. Foi uma cerimônia na qual se lembrou o esforço de toda a comunidade do município em criar uma instituição educacional confiável que atendesse às suas necessidades, sem perder de vista a formação dos jovens, tendo que enfrentar desafios de toda natureza, mas sempre confiante na capacidade das pessoas envolvidas no projeto e o bondoso e providente cuidado de Deus.

Terminado o ano letivo de 1957, a antiga sede foi vendida e foi feita a mudança dos últimos materiais pedagógicos e de escritório para o novo prédio, concluído no dia 16 de dezembro. A missa campal que celebrou a finalização das obras da primeira ala da nova sede do Externato Santo Antônio foi celebrada pelo

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Padre Ézio Gislimberti no dia 8 do mesmo mês, contando com a participação de Irmãs da Providência de diversas comunidades no Brasil, autoridades civis (como o Prefeito Osvaldo Massei), dirigentes escolares, benfeitores e amigos, pais e alunos, além da comunidade sulcaetanense em geral.

Para proporcionar a locomoção dos alunos que moravam em bairros distantes (como o Bairro da Fundação), as Irmãs da Providência contaram com o apoio do Senhor Francisco Marinotti e da General Motors do Brasil para facilitar a aquisição de um ônibus “jardineira” adaptado para o transporte escolar.

No transcorrer do ano de 1959, um grupo de pais de alunos manifestou-se perante a Madre Geral, Irmã Lia Felicetti, para que o Externato Santo Antônio também pudesse oferecer o curso ginasial, especialmente para as meninas. A equipe gestora da escola esforçou-se para solucionar os entraves burocráticos o mais rápido possível, conseguindo a façanha de preparar a documentação conforme as exigências da Secretaria Estadual

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da Educação graças à ajuda ímpar do Senhor Vicente Bastos, então Diretor do Instituto de Ensino de São Caetano do Sul. Sem demora, a escola conseguiu abrir vagas para o ginásio já no ano seguinte: em 3 de março de 1961, a irmã Araceli Luquesi se encarregou da coordenação do Ginásio Luís Scrosoppi. Tamanha era a empolgação com os estudos que, por iniciativa das próprias estudantes, surgiu o jornal escolar O Scrosoppinho, que não trazia apenas artigos que davam relevância à vida do então venerável padre Luís Scrosoppi, como também colocava em pauta artigos falando de eventos culturais na cidade, expunha trabalhos desenvolvidos no ESA, entre outras opções.

O Prefeito Anacleto Campanella doou instrumentos musicais para a formação de uma fanfarra em 1962. Várias jovens do ginásio passaram a se dedicar às aulas de música para representar, da melhor forma possível, o Externato Santo Antônio nas festividades civis do município, não deixando de envolver toda a comunidade escolar nesses eventos. O carinho com que a irmã Benigna ensinava música provocou nos jovens grande interesse não apenas pela fanfarra, mas também pelo coral escolar.

A partir de 1963, as festas juninas tornaram-se marca importante da história do Externato Santo Antônio. Com firme iniciativa, as jovens do ginásio e seus pais organizaram a primeira festa com doação de guloseimas e apresentações culturais variadas. Com o passar dos anos, as festas juninas se tornaram um evento tradicional da escola, atraindo um público cada vez maior e diversificando as apresentações de dança por série, especialmente das sempre aplaudidas “quadrilhas”.

Em 1º de abril de 1964, um golpe de estado instaurou uma ditadura militar no Brasil que perdurou por 21 anos. Mesmo com o controle rígido sobre a educação, as Irmãs da Providência mantiveram-se firmes no propósito da Igreja Católica da América

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Latina de formar, de maneira técnica, os alunos do Externato Santo Antônio (prerrogativa legal), sem deixar de lado sua formação humana, contribuindo para a consolidação dos valores de respeito ao próximo, tolerância às minorias e diferenças, além do trabalho social junto aos mais necessitados, muitas vezes enfrentando os desígnios ideológicos do estado de exceção instaurado. Talvez por isso, aproximou-se ainda mais da comunidade. Exemplo disso foi a formação, em 11 de abril de 1964, da Associação de Pais e Mestres (APM). Com a intenção de fortalecer os laços entre os

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pais e a escola, não apenas na promoção de eventos beneficentes (como festas dos dias das Mães e dos Pais, do Patrono da Escola, chás beneficentes a fim de arrecadar recursos para outras missões das Irmãs da Providência no Brasil, excursões e festas juninas), como também participar em conjunto da formação dos alunos, o que deixou grande marca na tradição da presença familiar na escola. Os trabalhos da APM se sucederam durante vários anos letivos, até o encerramento de suas atividades em 1996.

O segundo prédio com salas de aula do Externato Santo Antônio ficou pronto em 1965, juntamente com a obra do teatro, com amplo palco, iluminação, boa acústica, espaçosos banheiros, coxia, camarins e plateia com capacidade para mais de 700 lugares. Espetáculos de dramaturgia, dança, música, além de celebrações de missas (de Ação de Graças, em homenagem ao padroeiro da escola e aos formandos) e cerimônias (como as colações de grau) eram presenciadas pela comunidade sulcaetanense. Também foi concluída a construção do ginásio de esportes com arquibancada totalmente coberta para 400 espectadores, amplos vestiários e salas de aquecimento anexas, além de boa iluminação para a saudável prática de esportes. Ao lado do pátio, foi construída uma área de recreação para os alunos do jardim da infância, com piso de areia, contendo brinquedos como escorregador, gira-gira, gaiola e tanque de areia.

Para felicidade de toda a comunidade do ESA, em 18 de agosto de 1967 Dom Jorge Marcos de Oliveira consagrou o altar e celebrou a primeira missa da Capela Nossa Senhora das Graças, construída nas dependências da escola. Mais uma vez, estiveram presentes representantes de várias missões das Irmãs da Providência pelo Brasil, autoridades civis e religiosas, colaboradores, pais e alunos, além da comunidade. Esta obra não seria concluída em espaço de tempo menor que o previsto, não

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fossem as doações dos benfeitores do ESA, em especial, o casal Ângelo e Ruth Marinotti, que doou o altar (o qual foi transferido para o altar da capela Nossa Senhora de Fátima do Externato São José de Atibaia – outra casa mantida pelas Irmãs da Providência - onde se encontra até hoje, visto que, após o Concílio Vaticano II, encerrado em 1965, foi instituído o altar de celebração em forma de mesa voltado para os fieis).

A parceria de confiança entre o Externato Santo Antônio e os sulcaetanenses avançava e se consolidava. Algumas importantes mudanças aconteceriam nas décadas seguintes.

As diretrizes da Educação “Mecânica” e a luta pelas convicções: anos 1970 e 1980

O Governo dos Generais Presidentes iniciava a década de 1970 com a promessa de que o país poderia se desenvolver economicamente e melhorar a situação financeira da população sem precisar aderir ao socialismo. O desenvolvimento capitalista no Brasil fazia com que a economia do país crescesse 9% ao ano, em média, e o Governo precisava urgentemente desenvolver

tecnicamente a mão de obra. Para tanto, decretou a Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, que determinava as novas “Diretrizes e Bases da Educação”, a qual se caracterizava pelo utilitarismo compulsório porque determinava a qualificação especificamente técnica para a inserção imediata do aluno no mercado de trabalho após o ensino de Primeiro ou Segundo Grau. Entretanto, ela também era discriminadora, pois a oportunidade de estudo não implicava a garantia de emprego ou melhoria da sua condição social. Qualquer tipo de formação humana era francamente desencorajada pelo Estado e poucas escolas insistiam em sua realização.

O Externato Santo Antônio atendeu às exigências do Governo Federal, mas manteve-se firme em seu compromisso com a formação humana. Também é importante destacar o aumento das exigências do próprio Governo Federal para manter as escolas em funcionamento, como a deliberação que determinou o fim das classes isoladas de meninos e meninas. Foi necessária a adaptação da escola para atendê-la, o que aconteceu apenas no ano letivo de 1975, quando o corpo docente teve que ser ampliado, chegando a 32 professores leigos e 14 irmãs, sob a

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direção da irmã Cecília de Nadai. Com a ampliação do número de missões das Irmãs da Providência pelo Brasil, em 1980 decidiu-se pela entrega da Direção Pedagógica para os leigos e a Professora Darcy Rezende Guarez foi a escolhida para assumir esta tarefa; contudo, a Direção Administrativa continuou com as irmãs.

Em 1979, foi construída uma piscina, disponibilizada no ano letivo seguinte, que visava ampliar as possibilidades de atividades educativas para os alunos da Educação Infantil, uma vez que a equipe gestora da escola reconheceu que a prática da natação contribui para a melhora da saúde física e psíquica da criança, coopera com o processo normal de aprendizagem, desenvolve a autoestima relacionada ao esforço pessoal, a assiduidade e a solidariedade com os outros colegas no exercício do trabalho em conjunto.

O Jubileu de Ouro do Externato Santo Antônio foi comemorado em 1981 com uma trezena em louvor ao Patrono, Santo Antônio. O evento foi encerrado com uma missa em Ação de Graças concelebrada pelo Bispo Diocesano Dom Cláudio Hummes, Padre Ézio Gislimbertti, Cônego Tito de Vitta, Padre José Primo e Padre Márcio, com a presença de representantes das Irmãs da Providência de outras missões no Brasil, professores e educadores de apoio, alunos e ex-alunos com suas famílias, além de autoridades municipais, como o então Prefeito de São Caetano do Sul, Raymundo da Costa Leite, benfeitores, entidades que apoiavam a escola (Lions Club, Rotary Club etc.) e a comunidade sulcaetanense.

Diante do insistente pedido da comunidade para que fosse oferecido o Segundo Grau de modo que as alunas continuassem estudando no externato, o ESA abriu o Curso de Magistério em 1982, o qual preparava as jovens para se tornarem professoras de ensino infantil e primário no Primeiro Grau. O curso foi encerrado três anos depois devido a dificuldades econômicas e mudanças nas deliberações da Secretaria Estadual da Educação.

Ao perceber a necessidade de uma missão do Bairro da Prosperidade, as Irmãs da Providência criaram, em 25 de maio de 1986, a Casa do Menor Padre Luís Scrosoppi, uma “casa-irmã” auxiliada pelo Externato Santo Antônio. Passaram a atender crianças e jovens de famílias carentes, cujos pais ou responsáveis trabalham, deixando-os expostos aos riscos de sua ausência. Para enfrentar o desamparo econômico e afetivo por que passavam muitas das crianças e jovens atendidos, as Irmãs da Providência assumiram o compromisso de promover a esperança na vida daquelas crianças e jovens carentes, contemplando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para que seus direitos fossem preservados, preparando-os para enfrentar os desafios do mundo que se globalizava, educando-os para se inserir

de forma correta e humana neste mesmo mundo, oferecendo acompanhamento e reforço escolar, alimentação, artesanato, pintura em tela, música, marcenaria, informática, entre outras ações educativas; esportes, brinquedoteca e outras formas de lazer; acompanhamento psicológico individualizado ou em grupo, acompanhamento familiar, entre outros serviços que caracterizam as atividades desta preciosa missão, em atividade até hoje.

Em 1985, o país se redemocratizou; três anos depois, ficoupronta a tão esperada Constituição democrática, mas a educação precisou aguardar as mudanças legais para atualizar suas determinações até a promulgação da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabeleu as novas Diretrizes e Bases da Educação. Não obstante, as novas tecnologias digitais em informática começaram a chegar ao Brasil neste mesmo período e demonstravam os novos rumos que o conhecimento seguiria nas décadas seguintes. A Lei Federal 7.232/84 (comumente conhecida por Lei de Informática), que determinava a reserva de mercado para este ramo de atividade, foi extinta apenas em 1991 pela Lei Federal 8.248; dessa maneira, era necessário modernizar a relação entre ensino e aprendizagem a partir das novas exigências legais e sociais, especialmente com o uso de novas e definitivas tecnologias. Mais uma vez a comunidade do Externato Santo Antônio se mobilizou para atender a essa nova demanda social.

A modernização: anos 1990 e o século XXI Os anos 1990 marcam o ingresso do Brasil no mundo da

comunicação digital. Tornou-se necessário que se disponibilizasse primeiro no trabalho, depois em casa, inéditos equipamentos de informática. Aos poucos, a vida do povo brasileiro se envolvia irreversivelmente com todo tipo de aparelho eletrônico destinado à comunicação. Da comunicação de massa (televisão, rádio, jornais, revistas) à comunicação pessoal (telefone celular, computador pessoal) passou-se a oferecer grandes possibilidades de informação e conhecimento em tempo real devido à Internet.

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Portando, as escolas deveriam se adaptar a essa nova realidade e ensinar aos seus alunos, em particular, e à comunidade, em geral, o correto uso desta fantástica ferramenta a serviço do homem, com responsabilidade e ética. O Externato Santo Antônio não deixou de se atualizar neste sentido e começou uma grande jornada de reestruturação modernizadora, conjugando as iniciativas da Direção Administrativa com a coragem e competência dos professores leigos para viabilizar este importante projeto.

A irmã Benigna esteve à frente das aulas de música até 1995; no ano letivo seguinte, professoras leigas assumiram o ensino de violão, guitarra e flauta. Também passaram a ser oferecidos cursos de artes (artesanato e pintura) orientados por terceiros.

Neste mesmo ano, tem início o Programa de Intercâmbio Cultural Internacional para os alunos do Ensino Médio sob a coordenação da Professora Vera Biazzoto, que passou a proporcionar cursos intensivos de língua e cultura inglesa, além de viagens de turismo cultural nas férias de meio de ano (verão no hemisfério norte), em vários países como Canadá, Inglaterra, Escócia, Itália e França.

Para ampliar o número de estudantes e dinamizar ainda mais o acesso à escola, as Irmãs da Providência optaram por terceirizar o sistema de transporte escolar, aumentando o número de peruas e vans regularmente adaptadas para esta finalidade, criando a

possibilidade para que crianças e jovens de outros municípios ou outros bairros do município de São Caetano do Sul pudessem se integrar ainda mais à educação humana e de excelência que o Externato Santo Antônio oferece à comunidade.

Em maio de 1996, representantes da comunidade leiga de São Caetano do Sul reuniram-se com as Irmãs da Providência a fim de criar uma associação com a finalidade de desenvolver projetos de trabalho voluntário junto às comunidades missionárias coordenadas pela Congregação. Nasceu a Associação dos Leigos da Família Scrosoppiana (ALFAS), que desenvolve retiros espirituais, encontros anuais, trabalhos assistenciais, peregrinações, entre outros trabalhos, junto aos mais necessitados.

A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996), que valoriza as práticas democráticas da relação humana entre os educadores e educandos (igualdade de condições para acesso e permanência na escola; liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; respeito à liberdade e apreço à tolerância; coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; valorização do profissional da educação escolar; garantia de padrão de qualidade; valorização da experiência extra-escolar; vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais) nada mais fizeram do que coroar o trabalho que as Irmãs da Providência e os demais educadores do Externato Santo Antônio vinham desenvolvendo durante os 65 anos de valoroso trabalho realizado junto à população do município.

Duas grandes conquistas do ano de 1997 foram: a introdução do Ensino Médio regular, que veio satisfazer o desejo dos pais dos alunos que terminavam o Ensino Fundamental II em manter os filhos na excelência do ensino e da harmonia do ambiente escolar que o Externato Santo Antônio oferece e a parceria com o Sistema Anglo de Ensino, a fim de modernizar ainda mais o sistema de ensino, com a qualidade já reconhecida por aquela instituição.

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Na esperança de aproximar os interessados de toda a comunidade sulcaetanense com as modernas descobertas nos estudos bíblicos e teológicos, a partir de 1998 o Externato Santo Antônio passou a oferecer cursos livres de teologia para leigos, que estudavam Cristologia, História do Povo Hebreu, as cartas paulinas, entre outros temas de interesse geral.

Em 1999, o Externato Santo Antônio organizou o laboratório de informática, a fim de aproximar os alunos das novas tecnologias de informação que ganhavam cada vez mais espaço na sociedade. O colégio também ganhou a primeira sala específica para audiovisual, com 250 lugares confortáveis, completo sistema de som e acústica, telão e computador cujo acesso à Internet foi estabelecido em menos de dois anos e que foi batizada de Sala São Luís Scrosoppi, em homenagem à aprovação do processo de canonização do fundador da Congregação das Irmãs da Providência junto ao Vaticano.

Ainda naquele ano letivo, a pequena sala onde se realizavam experiências simples de ciências foi reformada e se transformou em um completo Laboratório de Experimentos Científicos, destinado ao estudo de Ciências, para o Ensino Fundamental II, e de Química e Física, para o Ensino Médio. Foi disponibilizada vidraria específica para experiências, equipamentos de laboratório, microscópios e outros aparelhos eletrônicos, em bancadas planejadas com pias, farta iluminação, tomadas elétricas, onde os alunos podem desenvolver seu conhecimento rigorosamente protegidos por vários equipamentos de segurança.

Duas reformas estruturais marcaram o ano de 2000: a cobertura de todos os pátios e da quadra externa da escola e a remoção da área de recreação para os alunos do jardim da infância, com piso de areia, para suprir a necessidade da construção de uma moderna praça de alimentação, que possibilitou o oferecimento de alimentação de qualidade na hora do almoço dos estudantes.

Quando, em 10 de julho de 2001, o Santo Padre, Papa João Paulo II, canonizou o Beato Padre Luís Scrosoppi, reconhecendo sua santidade no trabalho de ajudar a construir o Reino de Deus entre os homens ao confirmar sua intercessão na cura de um jovem soropositivo da África do Sul, o Externato Santo Antônio, enquanto missão das Irmãs da Providência, celebrou o evento com missa de Ação de Graças, festejos e até caravana para Roma, a fim de vivenciar aquele momento abençoado. Grande número de sulcaetaneneses esteve presente aos eventos, emocionados com a proximidade deste santo de raízes italianas.

Para atender aos pedidos dos sulcaetanenses que precisavam

trabalhar e deixar os filhos na escola por não ter a quem confiá-los, o Externato Santo Antônio disponibilizou uma equipe de experientes profissionais em educação a fim de oferecer, de maneira organizada, atividades educativas e recreativas, bem como alimentação, no turno oposto às aulas regulares, sendo criada em 2002 a Educação em Tempo Integral. Quatro anos depois, a fim de ampliar as possibilidades de recreação dos alunos pequenos que usam este serviço, foi construído um grande brinquedo para aprimorar sua coordenação motora e uma minicidade com teto retrátil, com o objetivo de ensinar vários aspectos da vida em sociedade, como o comércio, o voluntarismo, o respeito às leis de trânsito, etc.

Grande remodelação aconteceu no ano letivo de 2005 na área de esportes. Além das aulas de Educação Física, já havia treinos de futebol e handebol em turno oposto às aulas; então, foram sendo acrescentados gradativamente os treinamentos de voleibol, basquetebol, tênis de mesa, xadrez, dança, ginástica rítmica e treinamento para “cheerleaders”, com resultados vitoriosos nos torneiros escolares e amadores da região do Grande ABC.

Com o objetivo de garantir mais oportunidades de cursos profissionalizantes aos munícipes de São Caetano do Sul, o Externato Santo Antônio firmou parceria com o SENAC de Santo André para oferecer cursos técnicos e livres em áreas como finanças e contabilidade (Administração de Contas a Pagar, Receber e Tesouraria; Analista Fiscal; Assistente Fiscal; Escrituração

Fiscal; Fluxo de Caixa) ou finanças e comércio exterior (Compras e Administração de Materiais; Logística Integrada), a partir de 2006, no turno da noite.

Para o ano letivo de 2007 foi implantado o curso livre de teatro com professores com formação pedagógica e artística, tendo por objetivo promover junto aos alunos o desenvolvimento de sua socialização, seu vocabulário, a fala em público, bem como de sua personalidade, como a memorização e a criatividade.

Neste mesmo ano, foi criado o Núcleo de Animação da Filosofia Institucional (NAFI). Tendo em vista a filosofia institucional do

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Externato Santo Antônio (“Proporcionar educação integral às crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e educandos para a promoção da vida dos menos favorecidos”) os educadores do NAFI passaram a desenvolver atividades com os alunos (prática educacional interdisciplinar com temas de relevância social, formação para a cidadania das crianças e dos jovens, campanhas permanentes para caridade em instituições sociais, trabalhos de voluntariado, celebrações e catequese), celebrações e atividades beneficentes junto aos pais. Continuaram

a oferecer os Cursos Livres de Teologia para Leigos e promoveram as Noites Teológicas, feitas normalmente em setembro (Mês da Bíblia), quando toda a comunidade sulcaetanense é convidada a compartilhar instrução e reflexão sobre os textos bíblicos.

A biblioteca “São Luís Scrosoppi” foi reinaugurada, depois da reforma de ampliação e modernização, em 14 de março de 2007 com a presença de alunos, professores, educadores de apoio, escritores e autoridades educacionais, como o Professor Doutor Márcio Magalhães Fontoura, então Vice-Diretor Geral Acadêmico da Faculdade Editora Nacional (FAENAC). Foram lidos textos feitos pelos alunos especialmente para a ocasião e foi distribuído o livreto de poemas em forma de cordel “O Encontro do Leitor com o Livro”, escrito pelo professor de História, André Aparecido Bezerra Chaves. Todo o acervo de livros, revistas, mapas e outros periódicos foi catalogado e atualizado, aumentando o número de exemplares à disposição dos alunos. Também foram disponibilizados aos alunos oito terminais de computadores com acesso

à Internet para a realização de pesquisas. Abriu-se uma sala de leitura de livros infantis para o Ensino Infantil e Fundamental II.

Também, atendendo à necessidade de muitos pais que tinham seus filhos no Externato Santo Antônio com irmãos em tenra idade, foi inaugurado em julho de 2007 o berçário, com o objetivo de oferecer aos bebês o estímulo necessário para garantir seu pleno desenvolvimento físico e emocional. O berçário oferece sala para sono (com berços individuais), solário, lactário, fraudário, refeitório, área para banho e higiene, ambulatório e espaço aberto para a amamentação pelas mães. Trabalham nessa seção profissionais das áreas de pedagogia, enfermagem e nutrição. Para conforto dos pais, a escola disponibilizou avançado sistema de monitoração via Internet.

Para ampliar e aperfeiçoar as possibilidades de conhecimento dos jovens alunos do Externato Santo Antônio em língua inglesa, tão importante em uma época de economia e comunicações globalizadas, foi firmado acordo com a Cultura Inglesa de Santo André, a fim de oferecer cursos complementares com professores especializados atuando nas dependências da escola.

A primeira Sala de Multimídia com lousa digital e interativa foi entregue para uso de toda a comunidade educativa no início do ano letivo de 2009, possibilitando a dinamização das aulas e a interação imediata com informações da Internet.

No ano seguinte, com a ampliação da cozinha e da praça de alimentação, o Externato Santo Antônio pôde oferecer almoço de qualidade aos estudantes que complementam seus estudos, participam das oficinas de arte ou desenvolvem seus treinamentos esportivos no turno da tarde. Além disso, cada uma das salas de aula vem sendo equipada com computadores interligados à Internet e projetores de alta resolução, capazes de dinamizar ainda mais as aulas, o que facilita o aprendizado dos alunos.

Oitenta anos depois de ser lançada sua semente, o Externato Santo Antônio continua vivo e em pleno crescimento. Adaptou-se às mudanças que o desenvolvimento de São Caetano do Sul, do Brasil e do mundo lhe impuseram e está disposto a continuar avançando. Manteve inabalada a crença em sua filosofia institucional por nunca deixar de confiar na Providência e no ser humano. Com a mesma esperança, confiança e doçura com que os sulcaetanenses estenderam as mãos ao trabalho educativo que as Irmãs da Providência vieram implantar em 1931, toda a comunidade educativa do Externato Santo Antônio hoje lhes retribui o carinho, o trabalho e a dedicação, ao oferecer os mesmos braços acolhedores que sempre estiveram abertos para o próximo. Mais páginas da História da união entre sulcaetanenses e as Irmãs da Providência serão escritas porque

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ambos compartilham do mesmo ideal quando o motivo são as futuras gerações: os valores na educação são a esperança de uma vida mais solidária, justa e harmoniosa neste amado município.

Bibliografia

• Martins, José de Souza – “São Caetano do Sul: IV Séculos de História”,

São Caetano do Sul, 1957.

• Médici, Ademir – “Migração e Urbanização: a Presença de São

Caetano na Região do ABC”, São Paulo, Editora Hucitec, 1993.

• Nadai, Cecília de – “Vida e Missão das Irmãs da Providência no

Brasil”, Itu, Editora Ottoni, 2010.

• Papàsogli, Maria & Papàsogli, Giorgio – “Para os Mais Pobres – Vida

do Bem-Aventurado Padre Luís Scrosoppi”, São Paulo, 1998.

• Souza, Monica de & Ramos, Adriana M. C. – “Cotidiano e História em

São Caetano do Sul”, São Paulo, Editora Hucitec, 1992.

• Xavier, Maria Elkizabete; Ribeiro, Maria Luiza; Noronha, Olinda

Maria – “História da Educação: A Escola no Brasil”, São Paulo, Editora

FTD, 1994.

• Xavier, Sônia Maria Franco – “Externato Santo Antônio, tudo

começou no jardim da infância...” in “Revista Raízes”, Ano VII, Número

14, São Caetano do Sul, Prefeitura de São Caetano do Sul, julho/1996.

Professor André Aparecido Bezerra ChavesProfessor de História do ESA

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Acolhida aos pequeninos, em seus primeiros anos de vida!

O berçário é uma seção do Externato Santo Antônio voltada para cuidar e, especialmente, educar os bebês, na medida em que incentiva variados aspectos do seu desenvolvimento. Dentro desta proposta educativa, divide-se em dois: Berçário I, planejado para bebês de quatro a dezoito meses, e Berçário II, destinado a bebês de dezoito meses a dois anos de idade.

Em conjunto, o espaço educativo do Berçário tem como objetivo oferecer um ambiente físico onde a criança vivencie as descobertas com criatividade, desafios e, principalmente, que

interaja vivamente com aqueles que a cercam, sejam outras crianças ou adultos.

Assim como os demais ciclos de ensino do Externato Santo Antônio, o Berçário é adequado para a faixa etária com a qual trabalha, o que permite que os bebês observem e explorem o ambiente, engatinhem, brinquem, interajam com outros, repousem, tomem banho, durmam, alimentem-se, satisfazendo, assim, suas necessidades.

As atividades do Berçário I focam ainda os cuidados materiais de

Berçário

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que os bebês tanto precisam para que possam ser desenvolvidas atividades que estimulem seus sentidos, como tocar, ver, ouvir e provar.

O Berçário II é voltado para o desenvolvimento das habilidades necessárias para o Minimaternal da Educação Infantil, a fim de facilitar a adaptação das crianças à nova rotina escolar. As atividades desenvolvidas envolvem o aprimoramento das funções motoras dos bebês, o respeito e a tolerância ao próximo, a capacidade de observação e o desenvolvimento do conhecimento.

Os bebês do Berçário do Externato Santo Antônio recebem atenção individual, necessária para o seu desenvolvimento devido à particularidade de suas características de personalidade. Para isso, cada berçarista é responsável pelo contato educativo mais aproximado com um grupo de no máximo três crianças. Outra forma de oferecer aos bebês o melhor ambiente possível para seu desenvolvimento é a existência do Lactário, onde se prepara o leite e as demais refeições com especial cuidado, carinho e higiene.

No momento em que o Externato Santo Antônio completa oitenta anos, as educadoras do Berçário sentem-se emocionadas e felizes por acolher os bebês das famílias da comunidade e

contribuir para a formação dessas crianças, de modo que elas continuem seus estudos nos ciclos de ensino seguintes com o melhor desempenho possível.

Cristiane Matos S. RotaBerçarista responsável pelo Berçário I do ESATamires Passori FattoriBerçarista Responsável pelo Berçário II do ESAFrancineide RochaEliana Costa SantanaShirlei de AzevedoBerçaristas do ESARose SavocaRegina de BritoDaniela Espinosa de AlencarSelmaAuxiliares do Berçário do ESA

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Onde tudo começa

Quando se fala em Educação Infantil, remete-se à construção de pilares primordiais para o desenvolvimento da criança.

Não há como falar de Educação Infantil sem buscar suas raízes. O Externato Santo Antônio começou a funcionar em junho de 1931 com pouco mais de cinquenta crianças. Os anos se passaram e aquele pequeno colégio se tornou uma instituição sólida, pois sua filosofia continua alicerçada sobre a mesma base educacional religiosa.

Os educadores de nossa escola sempre acreditaram que deveríamos iniciar o trabalho de ensino com o maior gesto de respeito ao ser humano: a acolhida. Dessa maneira, oferecemos atenção e dedicação a cada uma das crianças igualmente, com o mesmo amor. Uma vez incorporado à nossa comunidade educacional, nosso lema “Ternura e Firmeza” está presente em todos os momentos, a fim de que as crianças iniciem seu aprendizado amparadas pelos melhores recursos que possuímos: docentes e educadores de apoio comprometidos não apenas com o ensino dos conteúdos programáticos, mas com sua formação humana. Este trabalho simples, mas precioso, tranquiliza os corações das famílias.

Nossa equipe demonstra em cada gesto, em cada atividade, em cada aula, o olhar diferenciado que tem sobre a criança que inicia sua vida escolar. Sentimos as necessidades que cada uma demonstra em suas palavras, em seus trabalhos e em sua interação com os demais colegas. Acreditamos que tornamos nossa escola um “porto seguro” para as crianças e também para os seus pais porque nosso olhar volta-se para os laços afetivos que transcendem a educação formal: interagimos com todos, como uma “grande família”.

Mantemos a tradição na Educação Infantil pautada na confiança da qualidade de nosso trabalho técnico e no amor que temos por ele. Por isso, podemos nos dedicar com tanto empenho na relação com as crianças e com seus pais, nossos grandes parceiros na educação global dos pequenos.

Utilizamos vários métodos e instrumentos pedagógicos em nosso cotidiano escolar, tais como a exploração das virtudes das brincadeiras (atividades que constroem caminhos onde os alunos interagem em grupo, aprendendo a ter responsabilidade e cooperação para a criação coletiva do conhecimento), a moral envolvida em cada história que contamos, a descoberta do mundo em nossas saídas culturais, a alegria do aprendizado com a música, os momentos de formação cristã, entre outras práticas que garantirão um desenvolvimento integral de conhecimento e valores que se perpetuarão pelo resto da vida dos educandos.

Construímos nosso planejamento pedagógico com o objetivo de desenvolver nas crianças habilidades e competências de maneira equilibrada para que se sintam seguras, felizes e preparadas. Nosso trabalho viabiliza e incentiva a participação ativa de cada criança para nela despertar a sensibilidade para observar, o estímulo para manifestar sua curiosidade e a harmonia para desenvolver seu senso de convivência, conceitos básicos deste segmento.

Enfim, a Educação Infantil tem a intenção de educar segundo um contexto de investigação, criação, levantamento de hipóteses, reflexão e pesquisa, inerentes a um ambiente escolar moderno. Acreditamos alimentar o processo de construção de cada criança porque mediamos, de forma equilibrada, seu contato com as disciplinas escolares.

Educação Infantil

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Não obstante, também pensamos e trabalhamos o aprimoramento emocional, moral e ético dos pequenos, pois entendemos que o desenvolvimento integral de cada criança constitui-se na atenção aos aspectos físico, psicológico, cognitivo, sentimental, religioso e social, completando a ação da família e da comunidade.

A equipe da Educação Infantil celebra o marco do “Externato Santo Antônio: 80 Anos Misturando Vida e Educação” ao perceber a transparência de alegria, carinho, sinceridade e euforia que cada criança nos oferece em pequenos gestos, como um sorriso, um abraço, um agradecimento ou qualquer outra demonstração de satisfação e de felicidade ao perceber que conhece melhor o mundo que a cerca e se sente pertencente a esta comunidade.

Sentimo-nos honradas em participar da vida de todas essas crianças e de suas famílias; acima de tudo, em fazer parte da grande e generosa família ESA.

Professora Lígia Mello MoritaProfessora Rosana Batistucci ZontaProfessora Ana Lúcia Gonçalves de Figueiredo CiceroneProfessora Viviane de Laurentis SegantinProfessora Tainan Aparecida Bellotti LaraProfessora Roberta HeinrichProfessora Claudinete da Conceição S. SantosProfessora Mônica Peloche ArraziProfessora Anelise Delgado Godeguez Professora Karina Osti StrabeliProfessora Fabiana Silva Soares VieiraProfessora Alexandra de Assis Neves

Professoras da Educação Infantil do ESA

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Do cuidado individual ao desenvolvimento social e pedagógico

Desde que o Externato Santo Antônio implementou o Ensino Integral, esta possibilidade de acompanhamento pedagógico vem crescendo a cada ano com reconhecida excelência.

Focado nas necessidades individuais de nossas crianças em seus primeiros anos, trabalhamos não somente em prol do cuidado, mas também do desenvolvimento pedagógico e social dos educandos.

A reestruturação do segmento contou não somente com um aprimoramento da estrutura física; incluiu também a nomeação de uma nova coordenadora, que efetivou o reconhecimento do Ensino Integral como um segmento de importância equiparada aos demais ciclos de ensino e providenciou a contratação de pessoas qualificadas para o exercício pedagógico. Este aprimoramento vem sendo a mola mestra no trabalho da equipe, que mescla a inovação das tecnologias e teorias pedagógicas com o resgate dos valores pregados nestes 80 anos de Externato Santo Antônio.

“Ternura e Firmeza”, alguns dos valores pregados por esta instituição, norteiam nossas ações cotidianas: cultivamos o diálogo, o amor e a verdade, traços notórios de nossa acolhida, visando sempre o bem-estar da criança. No Ensino Integral, os alunos encontram não somente um apoio pedagógico, como

também um ambiente estruturado para lhes proporcionar desenvolvimento físico, afetivo e cognitivo.

Os conhecimentos são organizados de acordo com a faixa etária do aluno, já que atendemos a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, desenvolvendo atividades pedagógicas específicas que colocam o aluno como protagonista no processo educacional, contribuindo para que ele se torne um cidadão autônomo e consciente de seu papel na sociedade.

As situações de aprendizagem que os educandos vivenciam no Ensino Integral se processam também de forma lúdica e combinada com o Ensino Regular, trabalhando sempre de forma interdisciplinar a fim de fortalecer a parceria entre os segmentos.

O cultivo dos valores cristãos contribui para que trabalhemos de maneira unificada a tolerância e o respeito às diferenças, firmando assim nosso compromisso com o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que nos são confiados.

Em sua curta e bela História, o Ensino Integral vem “misturando vida e educação”, conforme os ensinamentos de São Luis Scrosoppi.

Ensino Integral

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Ensino Religioso: a identidade cristã do Externato Santo Antonio

Celebrar oitenta anos de uma instituição escolar já é um marco, ainda mais quando essa instituição possui uma identidade cristã e católica. O Externato Santo Antônio é um orgulho para a diocese de Santo André; aliás, o nosso colégio teve a sua criação antes mesmo do surgimento da nossa diocese, que foi criada apenas em 1954!

Nessa maravilhosa festa que estamos celebrando, penso ser importante apresentar uma característica e um diferencial que, ao longo dessas oito décadas, fez do Externato Santo Antônio uma das melhores instituições de ensino do Grande ABC.

Entre as diversas disciplinas ministradas no colégio, uma se destaca: o Ensino Religioso. Ao contrário do que pensam muitas pessoas, o Ensino Religioso sempre foi um valor importante, demonstrando a identidade cristã católica que o fundador da Congregação das Irmãs da Providência, São Luís Scrosoppi, pregou em cada dia de sua vida, instituição a qual temos imensa alegria por herdar.

Várias irmãs e professores leigos ministraram essa disciplina, sempre demonstrando que os grandes seres humanos também são formados pela ética e pelo espírito fraterno e amigo que o cristianismo católico ensina. É importante também lembrar que, apesar do Externato Santo Antônio ser um colégio confessional católico, isso nunca foi motivo para que alunos de outras denominações religiosas não estudassem ou se sentissem menos acolhidos em nossa escola.

O público discente do Externato Santo Antônio sempre contou com a presença de alunos e famílias de várias religiões, como evangélicos, judeus, muçulmanos, espíritas, Testemunhas de Jeová, umbandistas, entre outras expressões religiosas, e até mesmo de pessoas que começaram a valorizar a religião a partir da experiência vivida na escola. Com isso, temos a certeza de que o amor e a ternura ensinados por São Luís Scrosoppi estão acima de quaisquer diferenças no campo religioso, pois onde há amor, Deus aí está!

Vemos, portanto, que o Ensino Religioso desenvolveu um papel de formação e de evangelização que converge para o entendimento, o respeito e a paz entre as diversas opções religiosas ao longo desses oitenta anos e, com isso, temos a certeza de que a religião possui a missão de religar o ser humano ao Sagrado e não ser motivo de discussões ou distanciamento no campo escolar.

Não podemos terminar sem fazer uma consideração pelas várias Irmãs da Providência e diversos professores leigos que, ao longo desses anos, ensinaram os valores religiosos e provaram que o amor e a ternura são os maiores mandamentos deixados por Jesus Cristo.

Professor Ms. Renan Evangelista SilvaProfessor de Ensino Religioso do ESA

Ensino Fundamental I

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Quando os pais de uma criança escolhem o Externato Santo Antônio para confiar sua formação educacional formal, parecem ter em mente a ideia de que esta escola é uma instituição capaz de atender o desejo de oferecer bom conhecimento científico, mas também esperam que se desenvolvam atividades que promovam o fortalecimento dos vínculos familiares, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca, tornando seus filhos indivíduos preparados para o exercício da cidadania, pessoas amadurecidas e responsáveis em suas vocações profissionais e conscientes do seu compromisso com o trabalho e a justiça social.

Neste contexto, o trabalho desenvolvido pela disciplina de Língua Portuguesa inicia-se todas as vezes nas quais uma pessoa tenta se comunicar, reinventando a linguagem, envolvendo neste processo o uso da linguagem pública que a cerca, constantemente testada, modificada e aperfeiçoada.

Ao chegar à escola, os alunos já possuem hipóteses sobre leitura e escrita, pois se relacionam com esse tipo de comunicação há algum tempo, ainda que de forma assistemática.

Em ambiente escolar, eles aprendem a manifestar sua linguagem de maneira mais formal, como, por exemplo, ao expressar significados desde as séries iniciais, tendo esse aprendizado continuidade no Ensino Fundamental I através de propostas e projetos que viabilizam o processo de alfabetização, letramento e conhecimento das regras de funcionamento de nossa língua, especialmente na aplicação da leitura e da escrita em seu cotidiano.

Dentro desta proposta, ouvir histórias e conviver com livros é essencial no processo de aprendizagem em todas as idades, o que acontece nos movimentos discursivos: falando, ouvindo, lendo e escrevendo das mais variadas maneiras, de acordo com o que as circunstâncias sociais exigem.

No Externato Santo Antônio, desde o 1º ano do Ensino Fundamental I, o projeto “Biblioteca da Escola” promove, uma vez por semana, atividades em nossa “Biblioteca São Luís Scrosoppi”, onde os alunos têm a oportunidade de retirar livros, realizar pesquisas, coletar informações, bem como ter contato com a diversidade de gêneros textuais, o que amplia sobremaneira o

repertório de leitura.A produção do texto escrito se realiza de acordo com o

trabalho conjunto dos professores com os alunos, envolvendo a compreensão de textos escritos e orais de gêneros variados.

Portanto, partindo da leitura, da produção de textos orais e escritos, além da constante análise da língua (eixos centrais de nossa proposta), os alunos são levados a se situarem cada vez mais no universo letrado do qual fazem parte desde que nasceram, encontrando instrumentos cada vez mais inteligentes para dominá-lo, modificá-lo e ampliá-lo através da prática constante e diversificada da língua na sala de aula e em projetos de pesquisa e de cunho social.

Neste ano, em que comemoramos os 80 anos do Externato Santo Antônio, os alunos se envolveram no projeto interdisciplinar “Fraternidade e Vida no Planeta”, referente à Campanha da Fraternidade 2011, que tem por objetivo contribuir para o aprofundamento do debate e para a busca de caminhos de superação dos problemas ambientais provocados pelo aquecimento global e seus impactos sobre as condições de vida no Planeta Terra. O texto torna-se uma importante ferramenta de conscientização ao materializar o pensamento, e compartilhá-lo significa o primeiro passo para a preservação. Assim, a sensibilidade que o ser humano possui, uma vez estimulada, pode se converter em ações verdadeiramente transformadoras; quando virtuosas, tornam o mundo melhor para ser vivido, especialmente com amor.

Ao longo desses oitenta anos, o Externato Santo Antônio proporcionou formação integral às crianças e jovens que por aqui passaram devido ao seu ambiente acolhedor e participativo, que permitiu a livre expressão de seus talentos e o amadurecimento de suas potencialidades.

Professora Maria Elizabeth AntunesProfessora Maria Gabriela Rodrigues CaparrósProfessora Vanessa FinckProfessoras do Fundamental I

Palavra: um meio de expressar o amor

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ESA 80 ANOS # 45

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O Externato Santo Antônio comemora seus 80 anos de total dedicação à educação de crianças e jovens de São Caetano do Sul, do Grande ABC e também de São Paulo, em uma época marcada por preocupações ambientais comuns a todo o mundo. Como escola preocupada em preparar os educandos para a vida, elaboramos constantemente projetos e atividades que visam desenvolver atitudes de respeito ao próximo e ao meio ambiente em busca de um mundo mais fraterno, solidário e justo.

O trabalho desenvolvido pelas Ciências Naturais, Biológicas e Sociais no Ensino Fundamental I de nossa escola não se limita a promover o desenvolvimento do conhecimento científico junto ao aluno a partir dos conteúdos obrigatórios; vai além. Provoca nos alunos uma tomada de consciência acerca da responsabilidade sobre cada recurso e elemento natural, tornando possível que, sensibilizados pelos temas em voga, eles utilizem os recursos naturais de forma sustentável, tendo em vista o bem de toda a humanidade, e não o prazer egoísta, a ambição de aumentar a riqueza e o bem-estar individual.

Todos os anos, a Equipe Gestora, em conjunto com o Corpo Docente do Externato Santo Antônio, coloca em prática projetos educacionais ligados à Campanha da Fraternidade que abordam temas fundamentais e atuais com a intenção de conscientizar as comunidades cristãs sobre situações sociais que preocupam. Tais projetos mobilizam toda a instituição escolar, dos pequenos alunos da Educação Infantil aos jovens do Ensino Médio, do Corpo Docente aos Educadores de Apoio. De forma especial, neste ano especial de 2011, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propôs como tema da Campanha da Fraternidade “Fraternidade e a Vida no Planeta”, que promoveu o lema “A Criação Geme em Dores de Parto”. A ideia é que as pessoas se sintam motivadas a participar de ações que preservem a vida no nosso Planeta Terra, pois todos são criações sagradas de Deus. Procura-se, então, ensinar tudo o que a sociedade e a natureza

podem ganhar quando cada pessoa, independente da idade, toma a decisão de executar gestos concretos como a redução do uso de copos descartáveis e papeis, reutilização e reciclagem de materiais, coleta do óleo de cozinha, plantio de mudas de árvores do nosso meio ambiente, entre outras pequenas ações que dão grandes resultados.

Fundamentados na vida de São Luís Scrosoppi, entendemos que cuidar dos recursos naturais é também um gesto de amor; quem não cuida da criação de Deus, despreza o que o Pai nos preparou com tanto carinho. Aquele que ama ao próximo, zela pelo espaço no qual vive e o respeita!

O olhar dessas disciplinas escolares não pode, portanto, estar fixado no passado, na forma como foram postulados seus princípios científicos. É preciso atentar no modo como a ciência explica o que acontece no presente. Como nossa formação é humanista, propomos atitudes morais, de base científica, para melhorar o espaço e as relações com as pessoas que nos cercam. Temos que olhar para o futuro que desejamos e colocar em prática desde já as atitudes que concretizam esse sonho. Acreditamos que é esta vivência e experiência que marcam a vida escolar e a personalidade de nossos alunos de forma positiva.

Pautados ainda nos ensinamentos bíblicos, acreditamos que fomos colocados no mundo para uma missão: “Crescei-vos e multiplicai-vos e aperfeiçoai a terra.” (Gn 1,28); dessa maneira, uma de nossas mais importantes tarefas é aperfeiçoar o Planeta Terra, combatendo a degradação atual nos espaços que ocupamos a partir de três ações: conscientizar, preservar e proteger.

Professora Eliana PagnotaProfessora Renata Soares LazzaratoProfessora Simone Martins de Souza Professora Thaís Sindice Fazenda CoelhoProfessoras do Fundamental I

Por um mundo melhor

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ESA 80 ANOS # 47

Acreditamos que a escola deve ser um espaço de tratamento, de organização e de mapeamento de informações relevantes à construção de significados e de conexões entre os diversos saberes.

A Matemática precisa, portanto, ser contextualizada de maneira significativa. O aluno deve aprender no ritmo certo e o conteúdo científico deve ser compreendido e utilizado de forma prática, jamais repetido mecanicamente. Comporta um amplo campo de relações, regularidades e coerências que devem despertar a curiosidade e instigar a capacidade dos alunos em generalizar, projetar, prever e abstrair, o que favorece a estruturação dos seus pensamentos e o desenvolvimento do raciocínio lógico.

Em seus oitenta anos de existência, o Externato Santo Antônio proporcionou a todos os alunos que por aqui passaram um espaço onde puderam desenvolver inúmeras atividades de raciocínio lógico a partir de situações-problema de sua época e de seu cotidiano além dos muros da escola: aprenderam a lógica em jogos, fizeram tabulações, perceberam os números em quantidades e em porcentagens, construíram modelos de raciocínio usando seus conhecimentos matemáticos e criatividade.

Para exemplificar uma ação prática dos nossos alunos em sua vida cotidiana, desenvolvemos neste ano um projeto pedagógico relacionado à Campanha da Fraternidade (“Fraternidade e Vida no Planeta – A Criação Geme em Dores de Parto”) junto aos

alunos do Ensino Fundamental I, no qual foram executadas várias atividades de sensibilização para que eles atuassem junto à comunidade e à natureza. Os alunos realizaram pesquisas de opinião, estimativas, tabulação de dados estatísticos que os fizeram perceber a importância da reciclagem dos resíduos de produtos utilizados pelas pessoas que estão à sua volta, como a coleta de óleo de cozinha usado e de latas de alumínio, bem como o consumo racional de água, o que pode criar uma prática moral e ética permanente.

Pensamos que o nosso diferencial é a tradição de ensinar aos nossos alunos que a Matemática faz parte da vida e que eles podem se tornar cidadãos versáteis, criativos e inteligentes.

Nossa missão é muito importante e, para estar à sua altura, temos que estar em movimento, aprendendo sempre e nos atualizando constantemente para podermos compartilhar novas descobertas e novos conhecimentos com nossos alunos, futuros cidadãos deste novo milênio.

Professora Erica Cristina de Souza SenaProfessora Fernanda Sanches de FrancescoProfessora Jéssica Prudenciano Machado Professora Maria Helena AP. Beraldi FurlanProfessoras do Fundamental I

A humanidade que a matemática proporciona

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48 # ESA 80 ANOS

O homem e a natureza: criações de DeusA Geografia busca estudar a relação da Humanidade com o

meio físico do Planeta Terra no qual vive e as transformações que consegue executar sobre ele a fim de transformá-lo conforme seus interesses. Dessa forma, nosso trabalho visa proporcionar ao jovem aluno a compreensão de informações científicas, a ampliação dos horizontes do seu conhecimento e, doravante, sua consciência crítica, especialmente sobre a problemática que envolve a vida do ser humano e de todos os outros seres vivos que dependem das condições do nosso planeta.

A partir dos conteúdos científicos apresentados pelo Sistema Anglo de Ensino, adotado no Externato Santo Antônio, podemos trabalhar as várias questões oriundas da ocupação do ser humano em cada região do Brasil e do mundo, dando ênfase às várias culturas e hábitos de cada povo, ao modo como enfrentam os desafios da existência, à relação com os espaços naturais e criados por nossa própria ação sobre o ambiente, ou seja, à formação do espaço geográfico.

Compreendendo as relações do homem com a natureza, o jovem aluno pode entender melhor as várias formas de exploração e uso dos recursos naturais. Diante disso, incentivamos sua conscientização acerca da preservação do meio ambiente. Enquanto uma escola confessional, neste ano em que completamos oitenta anos junto à comunidade sulcaetanense, a Campanha da Fraternidade vem nos auxiliar providencialmente: seu tema é “Fraternidade e a Vida no Planeta”. Podemos, portanto, pensar a natureza como uma criação de Deus que precisa ser cuidada de uma maneira diferente, com mais respeito e amor a cada ser vivo animal ou vegetal, inclusive na forma de explorarmos os recursos minerais de seus ecossistemas. Entretanto, esclarecemos em nosso trabalho cotidiano junto aos jovens alunos que não poderemos melhorar nosso mundo sem que aprendamos a melhorar nossas atitudes individuais, como o uso racional da água, a alimentação equilibrada e sem desperdício,

a seleção dos resíduos (comumente chamada de “lixo”) para sua reciclagem ou reutilização, entre outras. Também esclarecemos que a melhoria das condições de vida dos menos favorecidos é uma condição intrínseca à preservação ambiental porque muitas famílias, tanto nos centros urbanos quanto nas áreas rurais e de preservação ambiental, não possuindo boas condições de vida, rendem-se às pessoas que destroem as maravilhosas criações de Deus com o único fim de acumular dinheiro.

Analisando estas relações, baseadas nos índices econômicos e sociais (IDH e PIB), critérios adotados para avaliar o nível de desenvolvimento dos países, procuramos mostrar a importância dada ao meio ambiente pelos países subdesenvolvidos em quase contradição à valorização dada ao fator econômico adotada pelos países desenvolvidos. Demonstramos, assim, que o nosso País chegará a ser uma nação maravilhosa e promissora se construirmos um futuro mais solidário socialmente, justo economicamente e livre politicamente.

Com o uso de vídeo, informações da Internet, pesquisas locais, elaboração de maquetes, entre outros recursos, temos conseguido despertar de maneira criativa em nossos jovens alunos a percepção da necessidade de cuidarmos da preservação e conservação do nosso planeta dentro de uma perspectiva de desenvolvimento sustentável a fim de garantirmos às gerações futuras melhores condições de vida. O Externato Santo Antônio nos oferece essa oportunidade de ensinar, segundo nossa vocação moral, e sentimo-nos felizes em oferecer aos nossos jovens alunos um ensino de caráter global, pautado na formação humana e científica, ou seja, “misturando Vida e Educação”.

Professora Ana Maria StevanatoProfessora Roseli Rodrigues GonçalvesProfessoras de Geografia do ESA

Ensino Fundamental II

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ESA 80 ANOS # 49

A disciplina de História representa para os alunos do Ensino Fundamental II uma visão dos acontecimentos do passado e tem dupla função: desvendar as causas e as consequências desses acontecimentos (consciência científica), bem como discenir o que era certo e errado nas ações do cotidiano das pessoas que protagonizaram esses acontecimentos a fim de que os maus acontecimentos não se reproduzam (consciência moral).

Contudo, os professores aos quais o Externato Santo Antônio confia o ensino de História oferecem não apenas a exploração do conhecimento histórico em linguagem acessível e séria, mas aprimoram a discussão moral que as relações humanas apresentam ao longo da História passada para melhorar a formação dos jovens na História do tempo presente, com o intuito de termos melhores cidadãos no futuro.

Quais fatores contribuem para que os professores de História do Externato Santo Antônio consigam bons resultados escolares somados à formação ética, moral e fraterna? Parece que podemos salientar três considerações.

A História revela aos nossos alunos que as ações dos homens devem ser medidas pelas suas consequências: a razão (presente de Deus aos homens) deve ser sempre utilizada para ponderar se as ações que irão executar trazem benefícios ou não para seu semelhante. Dessa forma, as ações dos homens do passado devem ser referência na construção do caráter dos jovens em tudo que é bom, nobre, sadio, valoroso, refletindo-se na simplicidade da vida, no amor à natureza e à pátria, na importância da honra, no autocontrole, no devotamento ao serviço pelo outro com solicitude.

A História revela que houve grandes mudanças sociais, culturais, políticas e econômicas entre os mais variados povos; entretanto, as transformações que realmente construíram um mundo melhor foram aquelas que seguiram a ordem, a retidão ética, moral e fraterna no convívio social. Portanto, o idealismo de uma pessoa se relaciona à sua capacidade de transformar não apenas os seus sonhos em realidade, mas de tornar o mundo um

ambiente melhor para se viver, ou seja, a conquista individual deve estar sempre relacionada ao que vai trazer de melhoria para o conjunto social ao qual o indivíduo se insere, desde o caráter de sua função social e profissional até seu trabalho voluntário em prol dos menos favorecidos.

A História oferece a oportunidade de entender melhor a grande obra de Deus: a vida humana (das criaturas que são sua “imagem e semelhança”) relacionada ao que o Homem conseguiu construir com sua razão na cultura e ao que usou da natureza (outras criações divinas) ao longo do tempo. Desse modo, predispõe o jovem a descobrir todos os potenciais que possuímos (psíquico, financeiro, tecnológico etc.), para que nos esforcemos para corrigir eventuais erros ou abusos que nossos antepassados cometeram.

Fieis ao idealismo da nossa filosofia institucional (“Proporcionar educação integral às crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e educandos para a promoção da vida dos menos favorecidos”), podemos utilizar os ensinamentos de São Luís Scrosoppi como um importante instrumento de fé e análise histórica, pois, como ele observou: “No educar e servir os irmãos pobres, imitamos a paterna bondade e misericórdia com que Deus governa e conserva todas as criaturas...”

Tornamo-nos, pois, agentes de construção do projeto de Deus: transformar a História do tempo presente, aqui no Planeta Terra, em Seu reino de justiça e paz. Os oitenta anos do Externato Santo Antônio representam, portanto, muito mais que a certificação de inúmeros alunos na conclusão do ensino formal: significam a formação de pessoas que contribuem, em seus pensamentos, palavras e ações, para a construção de um mundo melhor para ser vivido por eles próprios e pelas gerações futuras.

Professora Denise Casarin NevesProfessora Ana Maria StevanatoProfessor Ms. André Aparecido Bezerra ChavesProfessores de História do ESA

História: o passado e o tempo presente

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50 # ESA 80 ANOS

Posso considerar um presente para mim e para os alunos do Externato Santo Antônio ter como disciplina da grade curricular o Desenho Geométrico, em uma época na qual poucas escolas reconhecem sua importância e oferecem este diferencial.

De uma maneira gradual e linear, como foi traçado o caminho do trabalho das Irmãs da Providência, a organização e a disciplina fazem com que os conceitos gerais da Matemática e da Geometria sejam melhor compreendidos.

Cientificamente, o Desenho Geométrico proporciona ao aluno condições para que desenvolva atividades que valorizam o raciocínio, estabeleça relações conceituais, avalie e resolva situações–problema através de conceitos de geometria plana e espacial. Este conhecimento pode ser estabelecido segundo a apresentação dos principais pensadores da História da Geometria, com a realização de atividades que estabelecem relações entre os conceitos teóricos e o cotidiano dos alunos, respondidas mediante argumentações e linguagem formal.

Entretanto, toda a formação humana é baseada no conhecer “o outro”, estabelecendo-se o respeito ao seu limite e ao seu tempo. Ao relacionar os instrumentos utilizados na construção geométrica (a régua, o lápis, o compasso, a borracha, o transferidor, o esquadro etc.) à vida, oferece-se ao aluno a possibilidade de desenvolver sua coordenação motora e visual, administrar melhor o tempo e cooperar na troca de conhecimentos, ou seja, uma habilidade utilizada no desenvolvimento da cidadania. Quero dizer com isso que o trabalho educativo desenvolvido pela disciplina do Desenho Geométrico no Externato Santo Antônio valoriza o aprimoramento

tanto do conhecimento científico quanto do desenvolvimento da cultura geral do aluno, o que resulta na formação integral do ser humano.

Quando me pediram que redigisse um relato sobre esta disciplina, fiquei um pouco apreensiva; porém, percebi que os pontos utilizados em desenho geométrico são uma expressão matemática dos pontos e metas que todo ser humano tem em sua vida e que as construções podem ser relacionadas com o caminho que percorremos: objetivos a serem alcançados, mudanças estratégicas de direção, desejo de perfeição, aceitação do erro, necessidade de seguir em frente!

A Congregação das Irmãs da Providência sempre almejou um ponto, ou melhor, vários pontos que ao longo de oitenta anos traçaram a construção sólida desta instituição de ensino de maneira ética e digna. As abnegadas irmãs sempre estiveram comprometidas com sua filosofia institucional: “Proporcionar educação integral às crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e educandos para a promoção da vida dos menos favorecidos”. Por isso, podemos confiar totalmente nessa filosofia.

Agradeço às Irmãs da Providência a confiança depositada em mim nos últimos dez anos na partilha da responsabilidade pela formação dos jovens, apenas mais um ponto desta infinita construção.

Professora Andréa AraújoProfessora de Desenho Geométrico do ESA

Organização e disciplina: a formação humana possibilitada pelo desenho geométrico

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ESA 80 ANOS # 51

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52 # ESA 80 ANOS

A sala de aula é um ambiente onde os alunos passam muito tempo de sua semana: são 36 horas-aula de 50 minutos; isto significa 25 horas ou 1500 minutos. É um longo período em que cada aluno se encontra inserido em um convívio social. Para aprender os conceitos da linguagem matemática, o aluno precisa prestar atenção nas explicações dos professores e treinar com concentração; para isso, é necessário que o ambiente seja tranquilo, tanto no aspecto físico, com uma sala arejada, com boa iluminação, espaço suficiente e material adequado, como no aspecto humano, com a boa relação do aluno com os outros alunos e com os professores, com silêncio e respeito entre todos.

Os professores se preparam e se atualizam para oferecer o acolhimento ideal dos alunos todos os dias: explicam os fundamentos matemáticos de maneira contextualizada para que eles possam conjugar esses fundamentos aos diversos problemas que atingem seu cotidiano; com acompanhamento individualizado, encaminham os alunos com dificuldades, as quais são pontuadas graças ao seu olhar atento, aos plantões de dúvidas e apoios pedagógicos semanais; utilizam recursos didáticos alternativos como data show, construção de sólidos geométricos com uso de cartolina, elaboração de gráficos, pesquisas quantitativas de campo e na Internet etc. Além disso, procuram lidar com a relação interpessoal dos alunos, conduzindo as atividades que

propõem com “Ternura e Firmeza”, a fim de obter os melhores resultados possíveis.

Quanto às avaliações, os professores procuram elaborá-las de maneira que investiguem as habilidades e competências dos alunos quanto a soluções de exercícios-problema (normalmente de seu cotidiano) que expressam o que aprenderam em aula; também preparam avaliações diferenciadas para alunos com habilidades especiais.

É incentivada a participação dos alunos em Olimpíadas de Matemática, gincanas e passeios culturais.

Portanto, os professores de Matemática entendem que cada aluno é um cidadão do futuro, que fará parte de uma sociedade globalizada, onde novos desafios são impostos diariamente. Quando bem orientada, a Matemática deixa de ser uma matéria entediante e monótona, transformando-se numa disciplina que empolga os alunos no desenvolvimento da capacidade de analisar dados, relacionar, abstrair e generalizar informações quantitativas, preparando-os tecnicamente para sua integração social e seu comprometimento com a solidariedade e a justiça no mundo em que vivem.

Professora Maria Angélica de SousaProfessora Cássia FiorelliProfessoras de Matemática do ESA

O uso da matemática na construção da cidadania

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ESA 80 ANOS # 53

Segundo David Ausubel, psicólogo da aprendizagem, o principal fator no processo de ensino é que a aprendizagem seja significativa: o material a ser aprendido precisa fazer algum sentido para o aluno. Isto acontece quando a nova informação “ancora-se” nos conceitos relevantes já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz.

Quando o material a ser aprendido não consegue ligar-se a algo já conhecido, ocorre o que Ausubel chamou de aprendizagem mecânica (“rote learning”): a pessoa decora fórmulas, leis, macetes para as provas e os esquece logo após a avaliação.

O processo de ensino de Ciências Físicas e Biológicas no Externato Santo Antônio incorpora este conceito de aprendizagem significativa em suas atividades.

Há trinta anos, nem se imaginava o fenomenal avanço da informática; hoje, contamos com inúmeros recursos que esta ferramenta oferece para incentivarmos nossos alunos a aprenderem a buscar, selecionar e organizar novos conhecimentos.

Contando com moderno laboratório, pode-se aplicar uma aprendizagem por redescoberta: com a orientação do professor e a disponibilização de farto material de experimentação, cabe ao aluno o esforço de redescobrir verdades científicas.

Com tudo isso, tentamos, da melhor forma possível, cumprir os objetivos gerais do Ensino de Ciências Físicas e Biológicas:

• Desenvolver a capacidade de observação, o conceito da vida

e as noções de espaço, tempo e causalidade (interação) no que diz respeito à matéria, energia e suas transformações resultantes da ação integrada de determinantes físicos, químicos, biológicos, geológicos, tecnológicos, sociais, econômicos e culturais;

• Compreender a relação entre desenvolvimento científico e desenvolvimento econômico-social;

• Compreender e utilizar os procedimentos de investigação, em especial, de caráter científico;

• Perceber as dimensões históricas, sociais e éticas do processo de produção da ciência e da tecnologia;

• Analisar criticamente o papel da ciência e da tecnologia na real melhoria das condições de vida das populações;

• Interferir na realidade visando melhoria nas condições de vida da população.

Esperamos, desta forma, demonstrar que, no ensino de Ciências Físicas e Biológicas no Externato Santo Antônio, o aluno é colocado como protagonista no processo, como uma pessoa que cria e que é avaliada de maneira individual (até com avaliações diferenciadas para os alunos com habilidades especiais), e, principalmente, que ele percebe e compreende o mundo pela perspectiva ética, moral e científica.

Professora Izabel Cristina CabreraProfessora Mara Lúcia Martins MelatiProfessoras de Ciências Físicas e Biológicas do ESA

Aprendizagem significativa

A aprendizagem significativa nas ciências físicas e biológicas

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Filosofia e Sociologia no Ensino Médio: outros horizontes

Os cursos “Introdução à Filosofia” e “Introdução à Sociologia”, ministrados ao longo do Ensino Médio, visam horizontes bem mais longínquos que os exames vestibulares; aliás, oficialmente, estas duas disciplinas importantíssimas para a observação, análise e compreensão da sociedade e do mundo em que os jovens vivem não constam na maioria dos exames de admissão ao curso superior.

Mesmo diante desta estranha exclusão, estas duas disciplinas são demasiado importantes para a formação humana das pessoas porque oferecem textos de pensadores que questionam as ações humanas a fim de verdadeiramente compreender o significado e a importância da consciência da cidadania e da participação política, para que o cidadão formado segundo essas bases tenha um caráter de sólidas bases éticas e morais, com ampla visão comunitária e não individualista.

O jovem aluno do Externato Santo Antônio, naturalmente aberto às mudanças, encontra nos textos e nas discussões de Filosofia e Sociologia um instrumento poderoso para superar a mediocridade na qual boa parte da sociedade contemporânea se afunda dia a dia, a exemplo da audiência sempre elevada dos “reality shows”, os mais diferentes tipos de “Big Brothers”, nas mais variadas emissoras, inclusive por assinatura!

A Filosofia e a Sociologia são ofertadas como instrumentos de fortalecimento do caráter e da verdadeira opção política e democrática; entretanto, a opção pelo uso desses instrumentos é de iniciativa e de responsabilidade individual, pois sair ou não do lamaçal da mediocridade é um ato de vontade, de decisão e de ação, principalmente quando suas conclusões objetivam valorizar o próximo, com respeito e amor.

Pensar sociologicamente não é apenas solucionar problemas coletivos com o objetivo de restabelecer o bom funcionamento de um grupo social, mas contribuir teoricamente para que o indivíduo realize mudanças possíveis e positivas, dentro do grupo das pessoas com que mantém relações e participação política consciente na escolha de seus representantes no Estado.

Filosofar também é uma escolha de cada um; porém, enquanto seres políticos, na medida em que analisamos conscientemente e escolhemos nossos representantes com conhecimento e sabedoria, deixamos de ser vítimas da iniquidade de “políticos profissionais” ou de cidadãos sem escrúpulos. Pensar e refletir sobre quem somos e como nos relacionamos com os outros é o primeiro passo para a promoção da cidadania.

É a exercícios como estes que o Externato Santo Antônio abre espaço: em nossas aulas, convidamos os jovens a filosofar e a pensar sociologicamente; é um pequeno espaço de tempo, mas acreditamos que é uma semente forte, é o incentivo necessário para que os jovens possam levar o gosto pelo saber às últimas consequências, comprometidos positivamente com as transformações da nossa sociedade.

O pensamento e a reflexão são lentos, levam tempo para amadurecer, mas, em uma época em que quase ninguém tem tempo para fazer isso, nossa confiança na Providência nos faz ter esperança de que germinem a sabedoria e a paz.

Professor Renato RibeiroProfessor de Filosofia, Sociologia e História do ESA

Ensino Médio

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ESA 80 ANOS # 55

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56 # ESA 80 ANOS

Como é do conhecimento de nossa comunidade, o Externato Santo Antônio utiliza o Sistema Anglo de Ensino, com seus recursos e material didático, no Ensino Médio; por conseguinte, o ensino de História pauta seu conteúdo científico neste material. Devido à qualidade das apostilas e dos livros, bem como da dinâmica imposta pelos professores nas aulas, o sucesso nos resultados que anualmente temos alcançado no ENEM e nos principais vestibulares do País demonstra que a implantação do Sistema Anglo de Ensino em nosso colégio funciona bem.

Não obstante, constatamos que nossos alunos possuem algo mais que apenas o conhecimento técnico-científico proveniente deste método. Aqui na escola eles recebem valores que exprimem o mais importante dos sentimentos de nossa existência: o amor.

Em cada aula de História, os alunos obtêm grande esclarecimento sobre as contradições sociais que existiram nas sociedades do passado, suas causas e suas consequências. Isto possibilita a compreensão de que a evolução do funcionamento das sociedades relaciona-se diretamente aos interesses divergentes de indivíduos e classes econômicas. Nesta luta constante, sempre serão prejudicados os mais fracos, os menos favorecidos.

Há dois mil anos, os ensinamentos de Jesus Cristo libertaram os homens desta lógica ao nos mostrar que somos todos iguais e que podemos construir um mundo melhor para ser vivido se traduzirmos em palavras e ações razoáveis a defesa dos interesses que são pertinentes a todos os seres humanos, independente de

classe social, princípios políticos ou identidade cultural. A fim de resumir seus ensinamentos em uma palavra, ele nos fez conhecer o verdadeiro significado do amor.

O amor deve ser a lei que resume todas as outras. Nele, podemos sentir o prazer que em nossos corações brota ao fazermos o bem; podemos enxergar no sofrimento do outro, nosso sofrimento; na alegria do outro, nossa alegria; podemos tudo conseguir através da boa vontade; podemos lembrar e ajudar os esquecidos; podemos dormir em paz ao observar o sono tranquilo dos nossos iguais.

Este precioso ensinamento é lembrado por pessoas iluminadas que se tornaram referência pela sua vida e pelo seu carisma, como foi São Luís Scrosoppi; mas ele chama a cada um para exercer sua santidade com sentimento de amor em seus corações, com boas e simples ações executadas em seu cotidiano, o que dissolve a ira, o rancor, a impaciência, o desrespeito, a imoralidade e a vingança em seus corações.

Os corações dos professores de História parecem perceber que os nossos jovens do Ensino Médio respondem positivamente a este chamado.

Professor Renato RibeiroProfessor Ms. André Aparecido Bezerra ChavesProfessores de História do ESA

A história e a consciência dos jovens em sua missão

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ESA 80 ANOS # 57

Os últimos anos do curso de Biologia do Ensino Médio vêm proporcionando aos nossos alunos uma formação integral e atualizada, preparando-os para o ENEM e para os principais vestibulares; contudo, não perdemos o foco nos valores institucionais que humanizam as relações sociais, a fim de sensibilizá-los perante as necessidades dos nossos semelhantes, especialmente os menos favorecidos, e das outras criações de Deus.

Nas aulas de Física e Química nossos alunos podem vivenciar, através de inúmeros exercícios, a aplicação de vários postulados, desmistificando-os enquanto compreendem melhor o mundo onde vivem.

Seguindo estas premissas, as aulas ministradas diariamente trazem um conteúdo completo, atual e sincronizado com as principais tendências dos vestibulares, potencializado por práticas pedagógicas variadas, incluindo a utilização de recursos tecnológicos que facilitam a compreensão e despertam a atenção dos nossos alunos. Entre esses recursos, podem-se destacar o uso de nossa lousa interativa, sites específicos utilizados no Laboratório de Informática, vídeos técnicos, WebQuest, Desafio Nacional Acadêmico – DNA, Olimpíadas de Biologia, Olimpíada Brasileira de Física – OBF, Olimpíada Brasileira de Astronomia – OBA - e gincanas culturais que exploram todo o conteúdo teórico de forma dinâmica e participativa.

As aulas realizadas no Laboratório de Física, Química e Biologia levam nossos alunos à experimentação dos conteúdos científicos apresentados em sala de aula, através do uso de apostilas desenvolvidas especificamente para a aplicação de técnicas laboratoriais, auxiliando-os no aprimoramento de suas habilidades e competências segundo reproduções controladas de fenômenos naturais.

No intuito de formar nossos alunos para a vida, durante o Ensino Médio são desenvolvidas atividades que possibilitam a

concretização dos conteúdos científicos aprendidos na escola através de passeios culturais que garantem o contato com novas experiências de vida, seja pelo conhecimento de outras formas de realidade social, seja pela aproximação com a natureza. Para isso, contamos com visitas – por exemplo, ao Parque Estadual e Turístico do Vale do Ribeira – PETAR -, onde são desenvolvidas atividades diversas, como espeleologia. Nesses passeios, são ressaltados conteúdos de História, Geografia, Química, Física e Biologia em meio a uma das maiores áreas de Mata Atlântica ainda preservadas e onde podemos presenciar o modo de vida e a organização social de remanescentes quilombolas na região há mais de 300 anos. A visita-estudo a Paraty garante contato com comunidades caiçaras e a chance de conhecer um pouco mais sobre a História do Brasil, a geografia local e, durante a atividade de mergulho autônomo, conceitos de Física, Química e Biologia Marinha.

Todo esse processo tem como base o cumprimento dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) de modo que as competências e habilidades em Física, Química e Biologia sejam desenvolvidas pelos nossos alunos no intuito de formar cidadãos que compreendam, debatam e apliquem os conhecimentos científicos contemporâneos em seu cotidiano; mais que isso, procuram disseminar os valores da acolhida, do diálogo, da força transformadora do conhecimento e da “Ternura com Firmeza”.

Professora Thaís RochaProfessora de Física do ESAProfessora Vilma Malvezi Eslava SantucciProfessora de Química do ESAProfessor Fabiano PassosProfessor de Biologia do ESA

Um modo de enxergar a criação: as ciências físicas e biológicas

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58 # ESA 80 ANOS

Ao analisar a história do processo educacional no Brasil, percebe-se uma grande quantidade de transformações ocorridas em função das modificações sociais. Sendo assim, pensar de forma pragmática na funcionalidade e na aplicação de cada disciplina, nada mais é do que desmerecê-la, pois se trata de um conhecimento valioso por si mesmo e que pode dar respostas atitudinais aos indivíduos diante de algumas situações do cotidiano.

Entre essas diversas modificações relacionadas aos objetivos do ensino na sociedade, existe a situação na qual seu sentido encontra-se refém da avaliação para a universidade. Ou seja, uma aprendizagem terá maior ou menor importância de acordo com a quantidade de questões cobradas no vestibular.

Ante o quadro supracitado, falar sobre o Ensino Religioso nas escolas é um desafio que perpassa não somente o âmbito educacional e a assimilação de um conhecimento, mas mexe, inclusive, com questões subjetivas de convicções pessoais embasadas em experiências familiares e culturais.

Nesse sentido, apesar de ser amparado por uma lei, a qual regulamenta o ensino da disciplina nas escolas, os assuntos que envolvem o Ensino Religioso vão além do banco escolar e confrontam com a forma de vida das pessoas e com a organização política e moral da população. Somente para citar dois exemplos: pode-se ressaltar a divisão social da Índia, a qual diferencia as pessoas pelo sistema de “castas”, cuja organização está embasada no Hinduísmo. Outro exemplo são as guerras constantes no Mundo Árabe, principalmente entre judeus e palestinos, guerras estas que possuem fatores ideológicos religiosos, pois é a tão sonhada “Terra Prometida” para os judeus, os quais sempre lutarão por seu espaço nas terras historicamente ocupadas pelos árabes.

Dito isto, pode-se perceber o desafio presente na disciplina de

Ensino Religioso, a qual deve lidar com a indiferença de alguns educandos pelo quadro pragmático anteriormente citado, e com a necessidade de compreensão da mentalidade e das características religiosas presentes na sociedade. Esse, talvez, seja o grande desafio do Ensino Religioso nas escolas.

No entanto, não é nossa intenção falar de modo genérico sobre o ensino das religiões nas instituições, mas destacar a contribuição dada pelo Externato Santo Antonio - ESA – à divulgação da disciplina e do seu valor intrínseco e extrínseco, quando se refere à sociedade. Assim como sociedade e educação transformaram-se no intuito de adequar um ensino significativo aos educandos, o ESA modificou seu ensino e suas aplicações a fim de abranger o maior número possível de pessoas. No entanto, a intenção fundamental e que motiva as Irmãs da Providência a continuarem com seu trabalho é a de formação integral da pessoa humana favorecendo o intelectual, o afetivo e o espiritual.

Engana-se quem pensa na educação do Externato Santo Antônio no âmbito puramente intelectual ou em uma formação exclusivamente católica. São oitenta anos de abertura ao diferente, de busca por compreender realidades desafiadoras e de tentativa de oferecer uma educação que consiga dialogar com os conteúdos acadêmicos e a formação de valores essenciais para a vida em sociedade.

Sendo assim, acreditar em um futuro diferente não é manter-se estagnado em um sentimento estéril, mas agir comprometidamente consigo mesmo, com o outro e com o mundo. Nesse ponto, o Externato Santo Antônio, com o apoio das aulas de Ensino Religioso, em seus oitenta anos, vem lutando por uma visão ampla e crítica da realidade.

Professor Lucas RégisProfessor de Ensino Religioso do ESA

Educação e fé

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ESA 80 ANOS # 59

A área de exatas, especialmente a de Matemática, nem sempre é vista de maneira atraente pelos alunos. Historicamente, é a área na qual se encontra o maior número de notas abaixo da média e, por conseguinte, mais recuperações. Diante deste quadro, as aulas de Matemática do Externato Santo Antônio são marcadas pela dedicação e esforço dos educadores em desmistificar este amargo retrospecto.

O salutar envolvimento do corpo docente e discente promove, com disciplina, organização e respeito, um ambiente favorável aos desafios impetrados pelo conteúdo científico ensinado ao longo do ano. Esta prática pedagógica tem como objetivo atingir metas de desenvolvimento de habilidades e competências dos alunos para atingirem o nível ideal de forma que possam competir em provas seletivas e classificatórias, como ocorre com os vestibulares.

Nós, educadores do Externato Santo Antônio, desenvolvemos um olhar diferenciado em relação aos alunos que possuem necessidades especiais, oferecendo-lhes aulas de apoio, métodos avaliativos de acordo com cada necessidade específica.

Portanto, a grande missão em cada sala de aula é buscar sempre a melhor forma de comunicação, que atinja cada um dos alunos em suas particularidades, desenvolvendo atitudes positivas, pensando o mundo com um olhar matemático, sem deixar de sensibilizá-los para responsabilidades e projetos não apenas individuais, mas sociais, que não estão preocupados apenas com o presente, mas com a construção de um futuro melhor.

Professor José Ribeiro JúniorProfessor Luiz Ciresa TavaresProfessores de Matemática do ESA

A desmistificação da matemática: uma linguagem capaz de humanizar

Há oitenta anos, o Externato Santo Antônio tem sido referência para as famílias da nossa cidade como exemplo de ensino de qualidade, acolhimento e cidadania. A missão das Irmãs da Providência e dos educadores sempre foi proporcionar, norteada por valores cristãos, amor à verdade, ternura e firmeza.

O diferencial para o desenvolvimento dos educandos para a vida é, sem dúvida, a influência e o conhecimento da Língua Portuguesa e das Línguas Espanhola e Inglesa. No mundo globalizado em que vivemos, os idiomas significam um fator determinante para o sucesso. Não saber falar, escrever ou se comunicar impossibilita o crescimento profissional em qualquer área.

Entretanto, não se aprende a sistematização de uma língua de um dia para o outro. É necessário uma programação adequada, organização e muito estudo. A demanda do mundo moderno e a nossa preocupação em acompanhar a evolução dos nossos alunos fazem com que utilizemos os recursos tecnológicos oferecidos para desenvolver projetos contextualizados e interdisciplinares, que englobem também os valores sociais, como a Campanha da Fraternidade.

Todo esse processo educacional só é possível quando acompanhado de profissionais engajados, bem preparados e em constante atualização. As profissionais da área estão sempre sintonizadas com as melhores propostas de ensino das línguas, visando à completa formação dos nossos alunos.

Professora Esli LimaProfessora Patrícia BrichesiProfessora Thayse CarriçoProfessoras de Língua Portuguesa do ESA

Professora Patrícia DaneluciProfessora Renata FerreiraProfessora Vera Lúcia BiazzotoProfessoras de Língua Inglesa do ESA

Professora Priscila SanchezProfessora de Língua Espanhola do ESA

As letras

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60 # ESA 80 ANOS

O Externato Santo Antônio é uma instituição que valoriza o ensino das artes plásticas (pintura, escultura, desenho) ao aluno porque acredita que, ao compreender, criar ou trabalhar essas modalidades artísticas, ele valoriza o sentimento de todo ser humano ao representar em figuras seu cotidiano, o espaço onde vive, os valores em que acredita, a crítica silenciosa em relação ao que discorda, a interação com o que é belo, ou seja, explora emoções humanas naturais em cada um dos alunos e abre espaço para que as manifeste.

Importantes se tornam os temas que são oferecidos para que os alunos manifestem-se artisticamente. Ao apresentá-los de forma racional, incentivamos os educandos a os conceberem mentalmente e despertarem sua emoção ao representá-los; o ser humano torna-se uma dicotomia entre razão e emoção!

O pensamento se soma à sensibilidade e à técnica para que os alunos aprendam a importância da cultura artística em seus mais variados níveis. Além disso, permitem que a realidade seja reinventada, construindo um mundo melhor em seus trabalhos. É a apresentação, a discussão final sobre o resultado obtido que transforma esta reconstrução em um aprendizado que também pode edificar um mundo real melhor, através de pequenas atitudes éticas e morais de seu cotidiano.

A grande missão dentro da sala de aula é buscar uma interação, desenvolvendo uma comunicação pessoal e coletiva, sensibilizando o educando para um projeto que não está preocupado apenas com o presente, mas com a construção de um futuro melhor.

A fim de ampliar as possibilidades dos alunos no ato de criação, usamos tanto os materiais convencionais (tintas, papeis especiais, massas de modelar, telas, etc.) quanto os criativos, principalmente os que podem ser reutilizados ou reciclados (caixas de papelão,

garrafas pet, latas de alumínio, jornais velhos, etc.).Essa expectativa de aprendizagem será alcançada por intermédio

de conteúdos e temas relevantes da Arte Plástica, selecionados e ordenados de modo que os alunos possam compreender a relação dessa arte com a sociedade onde vivem, em suas diferentes linguagens e segundo suas próprias experiências, com forte interação com os conteúdos desenvolvidos.

Com isso, ensinamos que a Arte Plástica não é uma criação para poucos “gênios”, mas é a representação da vida, mesmo de pessoas que não tenham pretensão de se profissionalizar nesse campo, que apenas queiram compreender como essa linguagem se relaciona com sua própria vida.

Enquanto educação da sensibilidade e da técnica do ser humano, abre a possibilidade da pessoa se tornar um cidadão melhor, aberto a mudanças e capaz de influenciar na transformação positiva de outras pessoas. Nas aulas e nos cursos livres conseguimos esses objetivos.

Parabéns, Externato Santo Antônio, pelos seus oitenta anos de dedicação ao ensino, ao diálogo, ao conhecimento e ao amor à verdade!

Professora Adriana Lúcia de LiraProfessora Arlete Santos UchiyamaProfessoras de Artes Plásticas do ESA

O ensino das artes

Artes plásticas

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ESA 80 ANOS # 61

Nada melhor para exemplificar o Ensino de Música no Externato Santo Antônio do que um trecho de seu hino: “Jovem, nossa mensagem é pra você, nosso cantar quer oferecer a vontade de amar, de sorrir e vencer...”.

Foi assim que uma das precursoras das aulas de música, a Irmã Benigna, quis firmar o estudo de uma disciplina tão importante para a formação da criança. Formação essa dividida em três eixos: pessoal, cultural e social.

O enfoque no aprendizado pessoal, nas aulas de música, contribui para o desenvolvimento da coordenação sócio-motora: educar os sentimentos cívicos e sociais; além disso, associada a outras disciplinas, a música proporciona um aprendizado mais abrangente e integrado.

Na formação cultural, estimula e desenvolve a sensibilidade musical baseada no ritmo, no som e na palavra; desperta a criatividade; faz com que o aluno aprecie as realizações do mundo artístico nos diversos canais de comunicação.

Na formação social, propicia o convívio coletivo e o trabalho em equipe, confraterniza escolares e comunidade, desperta o nacionalismo e desenvolve a cultura nacional.

Hoje, em nossa escola, a música atua desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental I. A partir de 2012, estará presente também no Ensino Fundamental II. Isso demonstra que o Externato Santo Antônio sempre teve interesse em manter o Ensino de Música na grade curricular como uma disciplina indispensável.

Os alunos podem desfrutar de um espaço específico para as aulas de música, com profissionais capacitados para diversificar o ensino, com instrumentos rítmicos (“bandinha rítmica”), jogos de musicalização (“kit de musicalização”), salas de multimídia e instrumentos para iniciação musical como flauta, teclado, violão e guitarra.

Howard Gardner cita a Inteligência Musical como uma das múltiplas inteligências e aponta para a capacidade que a música tem de influenciar o ser humano física e mentalmente, podendo contribuir para a harmonia pessoal, o que facilita a integração e a inclusão social.

As aulas de música no Externato Santo Antônio também têm a preocupação de fazer a inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais, utilizando o lúdico e a livre expressão; sem apresentar pressões nem cobranças de resultados, são uma forma de aliviar e relaxar a criança, auxiliando na desinibição, contribuindo para o desenvolvimento social, despertando noções de respeito e de consideração ao outro e abrindo espaço para outras aprendizagens.

Enfim, a música se apresenta, no Externato Santo Antônio, como na frase de São Luís Scrosoppi: “Fazer o bem sempre, o bem a todos; o mal, nunca, a ninguém!”.

Professora Rosana Salaorni CamargoProfessora Tatiane ArgasukuProfessoras de Música do ESA

O ensino das artes

Educação musical

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62 # ESA 80 ANOS

“Quando você dança, seu propósito não é chegar a um determinado lugar. É aproveitar cada passo do caminho.”

Wayne Dyer

Segundo o Dicionário Completo da Língua Portuguesa, o significado do termo “dança” se resume da seguinte forma: “DANÇA, s. f. 1. Sequência de movimentos e passos rítmicos, executados geralmente ao som de uma música, por uma pessoa só ou por parceiros”.

Contudo, para nós, do Externato Santo Antônio, a dança significa muito mais do que uma sequência ritmada: ela atua como uma atividade extracurricular, desde o Maternal até o Ensino Médio, como complemento na educação das nossas alunas.

Na Educação Infantil, compõe a grade curricular como “balé”. Nessa faixa etária, a dança busca, de forma lúdica e divertida, o aprimoramento e o desenvolvimento físico e artístico da criança.

A partir do Ensino Fundamental I, as alunas podem escolher em qual modalidade esportiva gostariam de participar; a dança é uma opção de atividade física oferecida pela escola. Para tanto, do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, ela se apresenta como um curso livre que se baseia na técnica do jazz. Porém, o objetivo mantém-se semelhante ao da Educação Infantil: contribuir para o desenvolvimento integral das alunas, caracterizado pela demonstração das diferenças e semelhanças entre os indivíduos, as limitações e o potencial de cada um, a superação dos desafios, o respeito às diferenças, a sociabilização e a exploração da criatividade.

Contamos atualmente com aproximadamente duzentas alunas participando das aulas de dança. Ao final de cada ano, a maioria participa do nosso Espetáculo de Dança. Partindo de um tema escolhido, preparam-se coreografias para cada turma. Ao final do Espetáculo de Dança, todas as alunas sobem ao palco do teatro do Externato Santo Antônio a fim de agradecerem a presença

dos amigos, familiares e membros da comunidade pela presença, pelo reconhecimento do projeto e pelo prestígio ao seu esforço.

Em 2010, nossas alunas do Ensino Médio participaram de duas competições escolares na modalidade de dança. Com a coreografia “Presepada”, em estilo livre, conquistaram medalha de prata em ambas as competições.

Partindo desse sucesso, neste ano de 2011 contamos com uma novidade no ensino dessa modalidade artística no Externato Santo Antônio: o projeto do Grupo de Dança. Iniciamos com os grupos infantil, juvenil e amador, mas já há planos para a organização de um grupo juvenil.

Além de oferecer informações direcionadas à modalidade de dança, os Grupos de Dança contribuem para a formação de cidadãos conscientes e aptos a participar ativamente da vida cultural e social do país. O ensino dessa disciplina trabalha aspectos importantes como competitividade, criatividade, espontaneidade, concentração, dedicação, esforço e reconhecimento. A proposta de participar de um Grupo de Dança tem por objetivo que as alunas adquiram experiências e entrem em contato com outros participantes, de diferentes gêneros e tipos de composição coreográfica, musical e técnica. Este contato “externo” possibilita a construção de um pensamento crítico e comparativo. Além disso, as apresentações dos Grupos de Dança incentivam o aprimoramento das alunas em suas aulas de dança e se tornam um excelente meio de divulgar as atividades desenvolvidas pela escola para a comunidade.

Assim segue o Ensino de Dança no Externato Santo Antônio, aprimorando-se a cada ano a fim de melhorar a formação cultural e social das nossas alunas.

Professora Beatriz Basoti VassolérProfessora de Dança do ESA

O ensino das artes

Quem dança seus males espanta!

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ESA 80 ANOS # 63

O teatro, no Ensino Fundamental II e no Ensino Médio, é muito importante porque as aulas são estruturadas a partir de exercícios que estimulam a interpretação de textos, expressão cultural, percussão rítmica, canto e musicalidade. Os alunos têm a oportunidade de explorar suas capacidades artísticas, desenvolvendo melhor a comunicação e a articulação corporal, deixando o cotidiano mais dinâmico através da investigação teatral.

Os jovens perdem a timidez e aprendem a se relacionar melhor com outras pessoas; saber ouvir e aceitar uma opinião diferente são características exploradas no trabalho em grupo no palco. Os lados intuitivo e perceptivo são equilibrados pelo treinamento, aprimorando-se os sentimentos, criando maior campo de visão e auto-estima no ser humano.

O teatro proporciona uma atividade cultural que aproxima o jovem de textos clássicos de dramaturgos prestigiados e a criação de novas peças, o que desperta neles o gosto pela leitura de textos e pela interpretação da realidade, o exercício de recriação da realidade humana na cena e de manifestação das emoções. É uma atividade que proporciona ao aluno o encontro com a alegria porque seu exercício é essencialmente agradável.

A apresentação é o momento no qual os alunos se sentem mais fortes na medida em que compreendem melhor as relações humanas, seja em comédias, seja em tragédias.

O teatro contribui para a formação humanista do jovem, aumentando a expressividade de sua comunicação, favorece a produção coletiva do conhecimento e proporciona o fortalecimento dos valores sociais.

O Externato Santo Antonio, neste momento em que completa oitenta anos, demonstra que mantém sólidas suas convicções

na formação espiritual, emocional e intelectual como modo de contribuir para a formação de um mundo melhor. Desejamos muitos e muitos anos de sucesso e arte a todos!

Caio Artieri Rímoli

Orientador de Teatro do ESA

O ensino das artes

Teatro

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64 # ESA 80 ANOS

A História da Educação Física começa quando o homem primitivo sentiu necessidade de lutar, fugir ou caçar para sobreviver. À luz do que revela a Ciência, o homem executa os seus movimentos corporais mais básicos e naturais desde que se colocou de pé: corre, salta, arremessa, empurra, puxa, entre muitos outros.

A evolução da Educação Física ocorreu conforme as necessidades das mais variadas culturas: primeiro, com finalidades militares; depois, ligada à estética e à saúde.

Nós, professores de Educação Física e Esportes do Externato Santo Antônio, trabalhamos com a proposta humanista em sua formulação cristã, através da qual os alunos sejam capazes de participar de atividades que trabalham o corpo, ajudem, no respeito ao próximo, a repudiar a violência, a adotar hábitos saudáveis de higiene e de alimentação, além de criar um espírito crítico em relação à imposição de padrões de beleza e estética em detrimento da saúde.

Acreditamos que o esporte resgata valores, sem discriminação, seja de raça, credo ou qualquer tipo de limitação, sempre acolhendo e educando, trabalhando a favor da construção coletiva do conhecimento, da integração e do desenvolvimento

motor da criança e do jovem, que levará consigo essas experiências por toda a vida.

Com o objetivo de desenvolver estas propostas e a sociabilidade das crianças e dos jovens, o Externato Santo Antônio avança a cada ano, oferecendo um número cada vez maior de atividades esportivas, além das aulas de Educação Física: basquete, “cheerleaders”, futsal, ginástica rítmica, handebol, judô, natação, tênis de mesa, vôlei, xadrez e outras recreações.

Vale ressaltar que, no âmbito competitivo, as equipes de crianças e jovens participam com destaque de várias competições, tais como os Jogos Escolares de São Caetano do Sul, Circuito Escolar do ABC, Copa NET, entre outras.

Nosso objetivo é participar de um número cada vez maior de eventos e que mais e mais alunos integrem nossas equipes.

Faça parte deste time você também!

Professor Edson Luiz BuscariolliProfessora Luciana de Moraes Sartori Professora Ana Paula Marchi SilvaProfessor Leonardo Dau SeinProfessores de Educação Física e Esportes do ESA

A Educação Física e os esportes

A formação humanista dos esportes

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ESA 80 ANOS # 65

Sabe-se que a tecnologia é antiga. Com o uso de sua inteligência, o ser humano criou ferramentas como extensão do próprio corpo com o objetivo de facilitar suas tarefas na Pré-História.

Milhares de grandes invenções surgiram ao longo da História e chegamos ao século XXI com a influência geral da Tecnologia Digital em nossas vidas (a Internet, os computadores pessoais, os telefones celulares, as televisões por assinatura, etc.), principalmente ligadas ao processo de comunicação. Por conseguinte, esta tecnologia representa um aspecto relevante também no cenário educacional, não apenas porque tais recursos podem ser aproveitados como instrumento de aprendizagem, mas também porque melhoram o resultado do trabalho nos setores administrativos e de gestão.

No Externato Santo Antônio, a Tecnologia Digital está presente a partir da portaria, tanto no sistema de comunicação quanto no de câmeras de segurança. O sistema de telefonia foi digitalizado, o que agiliza o contato entre os educadores e as famílias. Este contato também foi facilitado no monitoramento dos bebês pelos pais através da Internet. A secretaria e os outros departamentos da Equipe Gestora estão conectados por um eficiente sistema de gerenciamento da vida acadêmica dos alunos e da própria administração da instituição.

Não muitos anos atrás, houve debates sobre a necessidade ou não de se utilizar recursos tecnológicos em ambiente escolar e restringia-se o seu uso pelo medo de prejudicar a criatividade e a pesquisa. Porém, sabe-se atualmente que sua utilização aumentou as possibilidades de aproveitamento dessas tecnologias pelos professores com o objetivo de melhorar a comunicação com os alunos, o entendimento do conteúdo científico e aprimorar o desenvolvimento da pesquisa, segundo orientações pré-estabelecidas.

No Externato Santo Antonio, a Tecnologia Digital é oferecida para agilizar este processo de ensino, permitindo a professores e alunos o acesso a um mundo repleto de conhecimentos, que dificilmente seria tão bem explorado sem a utilização de recursos como a Internet. Desde a Educação Infantil ao Ensino Médio, recursos como data show, computador, TV e DVD estão disponíveis também nas salas de aula.

Os alunos participam das aulas de Informática e Robótica Pedagógica desde o Maternal, e na Educação Infantil, manipulando computadores e peças de encaixe como engrenagens, eixos e polias. As atividades realizadas nas aulas complementam os conteúdos estudados em sala de aula, oferecendo aos educandos diferentes formas de compreender um mesmo conceito. A partir do 4º ano do Ensino Fundamental I, eles já manipulam mecanismos com motor nas aulas de Robótica e realizam pesquisas, criam apresentações, geram gráficos utilizando o laboratório de Informática, equipado com trinta computadores conectados na Internet e um telão de projeção com data show. A partir do 5º ano, os alunos podem participar do curso de Robótica Aplicada, com programação de mecanismos motorizados. O desafio é constante nestas aulas que estimulam a criatividade, o raciocínio lógico e a dinâmica de trabalho em grupo.

Acompanhando a evolução da Tecnologia Digital, as Irmãs da Providência também têm se empenhado para se manterem conectadas entre si e com todas as suas sedes e missões no Brasil e no mundo. Dessa maneira, a tradição e a modernização constituem uma marca significativa dos oitenta anos do Externato Santo Antônio.

Professora Taís Espigares SanchesProfessora de Tecnologia do ESA

Tecnologia no Externato Santo Antonio

Tecnologia a serviço da educação

Page 66: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

Oração a Santo Antônio

“Senhor nosso Deus, nós vos pedimos que, pela intercessão de Santo Antônio,

sejamos defendidos de todos os males e perigos e tenhamos proteção em nossos

lares e empreendimentos.

Sejamos, também, fortalecidos na prática do bem, da paz e da justiça,

especialmente, perdoando e partilhando essas bênçãos com nossos irmãos para,

assim, alcançarmos a vida eterna”.

Amém!

66 # ESA 80 ANOS

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Page 68: Externato Santo Antonio - revista comemorativa de 80 anos

Externato Santo AntonioRua São Luiz, 80 - São Caetano do Sul - SP - CEP 09541-460

Tel. (0xx11) 4227-9999 - FAX. (0xx11) 4224-1871www.externato.com.br