expressionismo

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EXPRESSIONISMO

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  • 1. EXPRESSIONISMO

2. A afirmao de uma ordem burguesa e suascontradies como, por exemplo, a difuso de umaideologia da liberdade em meio a tentativas deconfinamento dos homens s convenes dessemesmo ordenamento burgus, a perspectiva deprogresso e bem-estar humano produzidos pelodesenvolvimento tecnolgico e o seu contrapontonas guerras de destruio em massa possibilitadapela mesma tecnologia marcaram de vriasmaneiras o desenvolvimento do estilo de arteexpressionista que, embora apresentasse umanatureza internacional, destacou-se sobremaneira naAlemanha. 3. Sabe-se que o homem vem se valendo daarte ao longo do desenvolvimento dascivilizaes para expressar sua viso demundo, suas paixes, suas histrias,verdades e opinies, alegrias, dores,inquietaes, angstias, medos, credos,preconceitos e insatisfaes, e, para isso,utiliza-se de diferentes materiais,conceitos e princpios. 4. Vimos, anteriormente, que a passagem de umperodo artstico para outro transcorre de modogradativo, sutil, de forma lenta, sem datapreviamente estabelecida, e o desenvolvimentoartstico e cultural se constri acompanhando anatureza de transformao inerente ssociedades humanas e suas inquietaes, emresposta s mudanas e vicissitudes queenvolvem todas as dimenses da vida. 5. Nesse quadro complexo, comumencontrarmos diversos movimentos artsticosacontecendo simultaneamente no mesmo local(ou no) e poca, porm defendendo verdadesdistintas, apresentando diferentes formas deenxergar o mundo. Tambm comumencontrarmos um artista integrando mais de ummovimento ao longo de sua trajetria artstica. 6. Foi assim que, no incio do sculo XX,surgiram artistas europeus comprometidoscom a ruptura das agonizantes tradiesprocedentes do sculo XIX e dispostos aproduzir uma linguagem com umaproposta nova e moderna sobre a forma ea cor. 7. Diversas regies da Europa reagiram aessa busca, apresentando diferentesresultados estticos. Possivelmente, osestilos com maior notoriedade, no incioda arte moderna na Frana, sejam ofauvismo e o cubismo, porm, naAlemanha e ustria, surgiu oexpressionismo. 8. Ao acompanharmos o processo vivenciadopelas sociedades no final do sculo XIX e inciodo sculo XX, encontraremos o surgimento domovimento internacional expressionista (1905-1925) que tem suas primeiras aparies nocontexto tenso envolvendo o nacionalismo, oimperialismo e o belicismo dos paseseuropeus. Porm, irrompe de forma decisiva nopesado clima de abatimento em que seencontrava a Europa durante o perodo daPrimeira Guerra Mundial, produzindo umareao artstica de grande poder criativo queexecutou uma espcie de catarse, lanandomo de forte apelo emocional. 9. Seus artistas abrigavam ideais e valoresque buscavam romper com a limitaohabitual da sociedade burguesa. Seumaior interesse era expressar as emoese o interior de suas verdades psicolgicas,fazendo da subjetividade do artista a suafora de expresso e orientao. 10. O expressionismo reagiu contra a propostaimpressionista que tratou das impressesexternas e momentneas dos efeitos da luz eda cor, para estender seu olhar para dentro desi, do ser humano, retratando a subjetividadede seus sentimentos sem compromissonecessrio com a objetividade do real e, numprocesso de introspeco, representou omundo por meio de sua prpria verdade esensibilidade. 11. Efetivamente, suas origens estendem-sedo ps-impressionismo, especialmentepor meio de Vincent Van Gogh,perpassando por Edvard Munch e PaulKlee. 12. Edvard Munch Edvard Munch (1863-1944), o maispopular pintor noruegus, dominou astcnicas artsticas como pintura, gravura,gua-forte, litografia e xilogravura. considerado uma das influncias maisimportantes para o desenvolvimento doexpressionismo alemo e europeu. 13. Na tentativa de combater seus tormentose dificuldades que permearam toda suaexistncia, produziu um trabalho denso einspirador. 14. Edvard Munch - O Grito (1893).O original (91 x 73,5 cm) exploraa tcnica de leo e pastel sobrecarto. 15. O expressionismo alemo apresenta doisimportantes grupos: Die Bruck (A Ponte) eBlau-Reiter (Cavaleiro azul). O expressionismo pode ser considerado umdos frutos, no campo das artes, das discussesem torno dos valores da cultura ocidental. O ponto de partida foram os escritos do filsofoalemo Nietzsche sobre a modernidade que aassocia decadncia cultural de umasociedade burguesa industrial. 16. Esse pensador do sculo XIX afirmou, em seusescritos, a possibilidade de superar essequadro de decadncia por processos dialticosde revalorizao e de autossuperao.Transcender o condicionamento econmico-socialsignificava descobrir outras formas deexpresso e sentido. Para tanto, o indivduodeveria se insurgir contra os valoresdominantes ao superar seus constrangimentospor novas liberdades. A busca da autenticidadedo homem poderia ter como inspirao asformas de expresso primitivas. A fora doprimitivismo destruiria a cultura burguesadecadente. 17. Os primeiros a se envolverem com talpensamento foram jovens universitriosalemes que ficaram conhecidos como ospintores Die Brucke, entre os quais se incluamErnst-Ludwig Kirchner, Erich Heckel, Fritz Bleyle Karl Schmidt-Rottluff. Em 1906, esses artistasrealizaram sua primeira exposio em Dresden,apresentando o seguinte manifesto: 18. Com f no progresso e numa nova gerao decriadores e expectadores, reunimos toda ajuventude. Como jovens, somos portadores dofuturo e queremos criar para ns liberdade devida e de movimento contra as foras maisantigas h muito estabelecidas. Reivindicamoscomo nossos todos aqueles que reproduzam oque os leva criao imediatez eautenticidade. 19. A maior preocupao do expressionismo, peloexposto, est em aflorar o ser, o indivduo, livredas amarras das convenes, das tradiescastradoras, visando ao exerccio pleno de suafora interior. Assim, os pintores expressionistascomunicavam em suas obras as emoes e assensaes diretamente sem a preocupaocom o exterior, com as convenes, com osacademicismos da arte. 20. Seu estilo caracterizava-se por pinceladasaparentes nas telas, utilizao de cores quefugiam a certas representaes de temas,distorcendo, de alguma forma, o tratamentoconvencional dos temas abordados, em umarejeio clara das formas at entoconsideradas sofisticadas de competnciaartstica. Dessa forma, realizavam a busca deuma expresso direta dos sentimentos, ficandoconhecidos por expressionistas. 21. A Blau-Reiter sucedeu a Die Bruck e foicomposta por um grupo de artistas que, almda experimentao, anunciava o direito a umacriao autnoma, propondo a segurana deum espao livre de limitaes artsticas onde aexpresso individual fosse expressa erespeitada. Eram desprovidos de formalidadese mais intelectualizados. Vasily Kandinsky,Agosto Macke, Franz Marc e Paul Kleepertenciam ao grupo. 22. Nessa busca, o artista expressionista no sepreocupava com a forma e sua harmonia, poisseu interesse residia na intensidade daexpresso esttica de suas sensaes, que seapresentavam por meio das caractersticas dostraos distorcidos, das cores intensas aplicadaspelas pinceladas agitadas e pastosas de tinta,da densidade da atmosfera densa e carregada,do afastamento do figurativismo e daproximidade com o primitivismo. 23. No expressionismo encontraremos nomescomo Oskar Kokoschka, Agosto Macke, FranzMarc, Vasily Kandinsky, Karl Schmidt-Rottluff,Emil Nolde, Ernst-Ludwig Kirchner, Fritz Bleyl eErich Heckel, Paul Klee, Otto Muller, ChaimSoutine entre outros. 24. Os artistas alemes da Die Bruck, aodesenvolverem a influncia da arte fauvee de artistas como Munch, exploravamperspectivas da composio, da forma eda cor por meio da produo de imagenscom estilo de vida da contemporaneidade,como podemos observar na obra deKirchner, a seguir. 25. Paul Klee - Senecio (1922). leo sobre tela demadeira, (40,5 x 38 cm). 26. Karl Schmidt-Rottluff O pintor e desenhista alemo KarlSchmidt-Rottluff (1884-1976), um dosmembros fundadores da Die Bruck, eraestudante de arquitetura em Dresden. Seutrabalho recebeu notoriedade por suaproduo de nus e paisagens. 27. Atreveu-se ao aplicar na tela a discordnciadas cores de sua paleta juntamente com usode formas irregulares, o que caracterizou oamadurecimento de seu trabalho. Entretanto,sua mudana para Berlim, na dcada de 1910,apresentar sua produo com inclinao aocubismo africano, tanto na pintura quanto naxilogravura. 28. No ano de 1937, mesmo aps seutrabalho se fazer mais convencional, osnazistas confiscaram nos museus mais de600 obras de Schmidt-Rottluff, que foramexpostas numa exposio de artedegenerada. 29. Com o fim da guerra, passou a ministraraulas na Universidade de Artes de Berlime retomou sua pintura, porm, seutrabalho jamais recobrou a fora de seubrilho. 30. Karl Schmidt-Rottluff, Casas nanoite (1912). leo sobre tela, (95,6 x87,4 cm). 31. Ernst-Ludwig Kirchner Ernst-Ludwig Kirchner (1880-1938) foi umdos mais fecundos pintores doexpressionismo alemo, no qual integroua liderana do Die Bruck. Produziupinturas, aquarelas, desenhos, gravuras eesculturas que dialogavam num processoengenhoso de criao. Assim como outrosartistas que foram seus contemporneos,tambm teve seu trabalho rotulado de artedegenerada pelos nazistas. 32. O expressionismo no se restringiu sartes visuais e se manifestou comotendncia tambm no cinema, naliteratura, no teatro e na dana. 33. No Brasil o expressionismo revelouextraordinrios nomes como Lasar Segall,Osvaldo Goeldi e Anita Malfatti. 34. Kirchner, - Street (1913) 35. Lasar Segall O pintor, escultor, desenhista e gravadorlituano, naturalizado brasileiro, LasarSegall (1891-1957), residente em SoPaulo, Brasil, desde a dcada de 1920, foiuma figura fundamental para odesenvolvimento do expressionismobrasileiro, alm de colaborardecisivamente para a introduo domodernismo no Brasil. 36. Seu trabalho, que apresentava forte influnciada Die Bruck, aps aportar em terrasbrasileiras, passou a retratar mulatas,marinheiros, prostitutas, negros, bananeiras efavelas. Agora sua produo apresentavacontornos mais amenos nos ngulos e commenor tenso continua, representandomagistralmente a fora da arte expressionista,porm com a inspirao da nossa atmosfera debrasilidade. 37. A casa em que Segall viveu em So Paulo, nobairro da Vila Mariana, onde funcionavatambm o ateli do artista, abriga desde 1967 oMuseu Lasar Segall, que, alm do acervomuseolgico, oferece um centro com atividadesculturais, com cursos de gravura, fotografia ecriao literria, projeo de cinema e umaampla biblioteca especializada em artes doespetculo e fotografia. 38. Lasar Segall - Interior depobres II. Pintura a leosobre tela, 1921. Em seuperodo alemo, Segallretrata o sentimento dederrotismo e ceticismovivido na dura realidadetrazida pela guerra e nosconflitos internos quedesbancavam aspossibilidades pessoaisde sonhos e esperana. 39. Anita Malfatti inegvel a constatao de que o trabalho deAnita Malfatti (1889-1964), pintora, desenhista egravadora brasileira, tenha deflagrado avanguarda do movimento modernista brasileiro.Anita desenvolveu fecunda produo artstica quechoca e levanta polmica especialmente por meiodas crticas proferidas por Monteiro Lobato em seuimpiedoso artigo intitulado Paranoia oumistificao, no qual compara o trabalho da artistaaos desenhos dos internos dos manicmios.Sofreu inmeras perseguies por conta de suapintura. 40. Entretanto, a determinada e brava artistaseguiu na busca de sua esttica, sem seimportar com a opinio alheia aos seuspropsitos artsticos. Antes de conhecer oexpressionismo e seu significado, j produziatrabalhos expressionistas a despeito dadivergncia que teve a esse respeito. Anita foi,sem dvida, uma artista revolucionria e muito frente de seu tempo. 41. Aps morar na Alemanha entre 1910 e 1914 eestudar com nomes importantes doexpressionismo alemo, inclusive tendocursado a Academia Imperial de Belas Artes deBerlim durante um ano, seu trabalho estcarregado da forte influncia expressionista.Teve ainda oportunidade de estudar em NovaYork e Paris. 42. Em 1922, participou da Semana de ArteModerna, ao lado de Tarsila do Amaral, Mriode Andrade, Oswald de Andrade e Menotti delPicchia, integrando o famoso Grupo dos Cinco. 43. Anita Malfatti - A boba(1915/16). leo sobretela (61 x 50,6 cm).