exposição "de ossos nas mãos"

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As aves são um grupo muito variado que desde

sempre fascinou o ser humano, tanto pela sua

extraordinária capacidade de voar, como pela

beleza dos seus cantos e plumagens. Cumprem um

papel fundamental nos ecossistemas naturais

sendo excelentes indicadores ambientais.

Todas as aves têm em comum características

relacionadas com o voo e isso é muito evidente na

morfologia dos seus ossos. Com o auxílio de uma

Osteoteca ou de uma Colecção de Referência de

Ossos, é possível compreender melhor a sua

biologia, hábitos alimentares e a sua própria

evolução. Os ossos das aves, através do estudo

de biometrias e anatomia comparada, são uma

ferramenta importante na diferenciação e

identificação de espécies, sexo e idades dos

indivíduos, entre outras informações relevantes.

A Exposição "De Ossos nas Mãos" apresenta ossos

de aves recolhidos durante os trabalhos de campo

do projecto Linhas Eléctricas e Avifauna dos

Açores, desenvolvido numa parceria da SPEA e da

EDA – Electricidade dos Açores. Foi igualmente

iniciada uma Colecção de Referência para apoio

a este projecto e que poderá ser consultada por

investigadores que desenvolvam outros estudos

relacionados com a avifauna dos Açores.

Da Colecção fazem parte mais de 20 espécies,

muitas delas presentes nesta exposição, como

por exemplo o milhafre (Buteo buteo rothschildi)

e o pombo-torcaz (Columba palumbus), cujos

esqueletos foram reconstituídos para esta exibição.

Vários dos exemplares foram recolhidos por sócios

e colaboradores.

Crânio de Bufo-pequeno, Asio otus

Da esquerda para a direita: Úmeros de Pardal, Passer domesticus; Estorninho-malhado, Sturnus vulgaris; Narceja, Gallinago gallinago; Pombo-das-rochas, Columba livia; Milhafre, Buteo buteo rothschildi e Gaivota-de-patas-amarelas, Larus michaellis atlantis

Crânios de Gaivota-de-patas-amarelas, Larus michaellis atlantis e Galinhola, Scolopax rusticola

De cima para baixo e da esquerda para a direita: Crânios de Melro, Turdus merula; Estorninho-malhado, Sturnus vulgaris; Pardal, Passer domesticus e Codorniz, Coturnix coturnix

O Crânio das AvesO crânio das aves é constituído por uma única peça óssea cuja maxila e mandíbula se transformaram num bico córneo. Embora no registo fóssil existam aves com dentes, as aves modernas perderam-nos, tornando as suas mandíbulas mais leves e desta forma mais adaptadas ao voo.

O pescoço das aves é a única excepção à tendência de redução do tamanho e fusão dos ossos, sendo extremamente flexível e alongado.Nos mamíferos, o número de vértebras cervicais é igual seja numa girafa ou num morcego (7 vértebras). As aves possuem um número variado, pelo que o tamanho do pescoço se deve ao aumento do número de vértebras cervicais que o constituem. Este pode variar entre 13 (gaviões, papagaios ou andorinhas) e 24 a 25 nos cisnes.

Crânios de Gaivota-de-patas-amarelas, Larus michaellis atlantis e Galinhola, Scolopax rusticola

Da esquerda para a direita: Crânios de Melro, Turdus merula; Estorninho-malhado, Sturnus vulgaris; Pardal, Passer domesticus e Codorniz, Coturnix coturnix

Diferentes tipos de bicosO bico é uma ferramenta indispensável para as aves e cuja morfologia varia de acordo com a sua ecologia alimentar e biologia, podendo também ser utilizada como arma de defesa ou utensílio de construção.Nos Açores, é possível encontrar aves com diferentes tipos de bicos.

Bico comprido e finoAtinge muitas vezes o dobro do tamanho total do crânio. Pode ser observado nas galinholas e narcejas, permitindo-lhes revolver o solo em busca de vermes, insectos, larvas ou moluscos.

Bico curto generalistaBicos curtos de tamanho semelhante ao comprimento total do crânio, zona orbital larga e proeminente. Está associado a aves com alimentação menos especializada e mais oportunista, como é o caso dos pombos.

Bico curto e finoCom um tamanho inferior ao comprimento total do crânio. Associado às aves insectívoras, como é o caso da toutinegra, estrelinha, estorninhos, pisco-de-peito-ruivo ou alvéola-cinzenta. O melro pode ser incluído nesta categoria embora a sua dieta alimentar inclua também pequenas bagas e vermes.

Bico curto e forteBicos pequenos e robustos, muitas vezes com tamanho inferior ao comprimento total do crânio, associados às aves granívoras. O priolo, ave endémica de São Miguel, é um bom exemplo desta categoria e possuí um bico curto e robusto adaptado à sua alimentação variada (sementes, bagas, fetos, botões florais ou invertebrados). Este tipo de bico, pode ser, ainda, observado em passeriformes pequenos como o tentilhão, o pardal-comum e o canário-da-terra, cuja alimentação incluí sementes, bagas e frutos.

GL: comprimento total

Crânio de uma galinhola; vista lateral; GL=10,2 cm

Crânio de pombo; vista lateral; GL=5,5 cm

Crânio de estorninho; vista lateral; GL=5,3 cm

Crânio de pardal, vista lateral; GL=3 cm

Nas asas podemos encontrar ainda as penas escapulares que se encontram na zona do ombro e cobrem as asas quando a ave está em repouso.As rectrizes são as penas da cauda, cujo número pode variar entre 10 e 24 no caso do cisne-branco. No entanto, a maioria das aves possui 12 penas na cauda. A forma, coloração e tamanho da cauda são também extremamente variáveis e podem servir de diagnóstico para algumas espécies quando em voo. Existem aves com caudas longas (por exemplo, o pavão), espécies com caudas de tamanho reduzido (caso das espécies aquáticas como os patos e os mergulhões), caudas bifurcadas (como no pisco-de-peito-ruivo e das águias-de-asa-redonda), quadradas (como nos peneireiros), redondas (como nas limícolas), em leque (como no caso do peru).

A extraordinária variedade de plumagens nas aves deve-se à combinação de vários pigmentos produzindo cores e padrões que suplantam aqueles encontrados em outros vertebrados. Estas características fazem das aves um grupo que despertou desde sempre o interesse do ser humano, tendo sido capturadas não só para a alimentação mas também pela beleza das suas penas.

Para os investigadores, a existência de espécies com as mais variadas plumagens permite-lhes identificar mais facilmente as espécies bem como reconhecer o sexo das mesmas sem a necessidade de as manusear. A constituição de plumotecas é, neste sentido, uma ferramenta valiosa para o reconhecimento dos animais in situ, e na identificação de vestígios encontrados no campo como complemento por exemplo à identificação dos ossos.

Figura 2. Localização e nomenclatura das penas. Adaptado de Tracks & Signs of the Birds of Britain & Europe, Christopher Helm, London, 2003

Crânio de milhafre, vista lateral; GL=7,5 cm

Crânio de cagarro, vista lateral; GL=10,7 cm

Crânio de marrequinha, vista lateral; GL=7,2 cm

Diferentes tipos de bicosBico curto em ganchoBicos fortes e curtos em forma de gancho, curvados e afiados, atingindo, na maior parte dos casos, metade do comprimento total do crânio. Pode ser observado nas aves de rapina, como é o caso do milhafre e do mocho, cujos bicos estão especialmente adaptados a rasgar a carne das suas presas (pequenas aves, ratos, insectos ou vermes).

Bico comprido em ganchoBicos alongados e fortes, culminando num gancho afiado que atinge, nalguns casos, o mesmo tamanho do crânio. É o caso do bico das gaivotas e dos cagarros, que usam o seu bico robusto para capturar e cortar o corpo dos peixes, crustáceos e lulas, de se alimentam.

Bico de patoBicos achatados, na maioria dos casos, de tamanho semelhante ao comprimento total dos crânios. No caso dos patos, cumprem a função de pequenos coadores que filtram a água à procura de sementes, plantas e invertebrados.

GL: comprimento total

PlumotecaAs penas ou plumas derivam filogeneticamente das escamas dos répteis da Era Mesozóica. Inicialmente, surgiram como uma protecção para o corpo das aves, sendo um mecanismo muito eficaz na retenção de calor corporal. Algumas aves conseguem manter temperaturas corporais altas (por exemplo 40 a 44ºC), mesmo em temperaturas negativas. As penas possuem também uma função biológica importante no acasalamento e reconhecimento das espécies.

De acordo com o seu tamanho, as aves possuem um número variável de penas, desde 1500 em aves pequenas (como no caso da Estrelinha) a 25 000 no Cisne-pequeno (espécie que habita em ecossistemas frios pelo que possui um número muito superior de coberturas).A extraordinária variedade de plumagens nas aves deve-se à combinação de vários pigmentos produzindo cores e padrões que suplantam aqueles encontrados noutros vertebrados. Estas características fazem das aves um grupo que desde sempre despertou o interesse do ser

humano, tendo sido capturadas não só para a alimentação mas também pela beleza das suas penas.Para os investigadores, a existência das mais variadas formas de penas e colorações permite-lhes distinguir espécies bem como reconhecer o sexo e idade das mesmas, sem a necessidade de as manusear. A constituição de uma plumoteca é, neste sentido, indispensável para a identificação de vestígios encontrados no campo, sendo ainda um complemento à identificação através dos seus ossos.

Estrelinha, Regulus regulus Cisne-pequeno, Cygnus columbianus

Estrutura de uma penaUma pena é uma estrutura complexa, constituída pelas seguintes partes: cálamo, ráquis, bárbula e barbas (Figura 1).As aves possuem vários tipos de penas que de acordo com a sua estrutura e função podem ser divididas em: penas, propriamente ditas, longas e rígidas usadas para o voo e cobertura do corpo; plúmula, que fornece protecção térmica à ave e pode ser observada facilmente nas crias quando nascem; e filoplumas, que são penas sensoriais que desempenham um papel fundamental na detecção das correntes de vento.

As penas podem ser identificadas pela sua localização no corpo das aves (Figura 2). As rémiges primárias são um conjunto de penas que podem ser observadas nos contornos das asas. Na maioria das aves existem 10 penas primárias, embora nos mergulhões existam 11 primárias de proporções semelhantes. Noutras como gaivotas, algumas límicolas e patos é possível contar uma 11ª pena embora de pequenas dimensões. Todas as penas primárias possuem coberturas primárias localizadas imediatamente acima da sua zona de inserção.As rémiges secundárias estão localizadas na zona anterior das asas (o equivalente ao antebraço nos humanos). Existem em média 9 secundárias nos passeriformes mas este número pode variar até às 40 nos albatrozes. A maioria das aves possui 3 ou 4 penas inseridas na zona de um dos dígitos (análogo ao polegar dos humanos), que assumem a designação de alula. As penas secundárias podem possuir uma, duas ou mais séries de coberturas que, à semelhança das coberturas primárias, estão localizadas imediatamente acima destas.

Figura 1. Esquema da estrutura de uma pena. Adaptado de wordpress.com

O TóraxOs elementos do esqueleto torácico das aves também sofreram alterações ao longo da sua evolução. O tórax é uma estrutura compacta, ainda que flexível, que inclui vértebras intimamente articuladas e costelas com segmentos superiores e inferiores que ligam a zona dorsal com o externo.No esqueleto torácico, as modificações mais evidentes encontram-se ao nível do externo. Nas aves não voadoras o externo é liso e achatado (por exemplo na avestruz e na ema) mas na maioria das aves voadoras, o externo apresenta uma quilha mais ou menos pronunciada, de acordo com a espécie. O externo é um osso imprescindível para a sustentação dos músculos directamente relacionados com o voo, sendo possível relacionar a forma do externo com o tipo de voo praticado pelas diferentes espécies.

Externo de um bufo-pequeno; LM*=3,89 cm

Os coracoídes são dois ossos que se encontram na zona anterior do externo das aves, servindo como pilares de sustentação que o ligam com outros elementos ósseos do ombro (clavículas e escápulas) suportando o bater das asas quando em voo. As clavículas são reduzidas e encontram-se unidas formando a fúrcula (conhecido como o “osso da sorte”), podendo estar também ausentes em aves não voadoras.

Os ossos pélvicos (ilium, ischium e pubis) estão fundidos com as vértebras lombares e sacrais. A zona da coluna vertebral anexa a estes, assume a designação de synsacrum, compreendendo as últimas vértebras torácicas, lombares, sacrais e caudais anteriores.

As vértebras caudais posteriores são reduzidas e formam o pigóstilo, estrutura óssea que suporta as rectrizes (penas da cauda). Em alguns falconídeos, é possível encontrar ossos acessórios nesta zona permitindo uma maior sustentação dos músculos conferindo a estas espécies uma maior capacidade de manobra.

*LM: comprimento total

PlumotecaAs penas ou plumas derivam filogeneticamente das escamas dos répteis da Era Mesozóica. Inicialmente, surgiram como uma protecção para o corpo das aves, sendo um mecanismo muito eficaz na retenção de calor corporal. Algumas aves conseguem manter temperaturas corporais altas (por exemplo 40 a 44ºC), mesmo em temperaturas negativas. As penas possuem também uma função biológica importante no acasalamento e reconhecimento das espécies.

De acordo com o seu tamanho, as aves possuem um número variável de penas, desde 1500 em aves pequenas (como no caso da Estrelinha) a 25 000 no Cisne-pequeno (espécie que habita em ecossistemas frios pelo que possui um número muito superior de coberturas).A extraordinária variedade de plumagens nas aves deve-se à combinação de vários pigmentos produzindo cores e padrões que suplantam aqueles encontrados noutros vertebrados. Estas características fazem das aves um grupo que desde sempre despertou o interesse do ser

humano, tendo sido capturadas não só para a alimentação mas também pela beleza das suas penas.Para os investigadores, a existência das mais variadas formas de penas e colorações permite-lhes distinguir espécies bem como reconhecer o sexo e idade das mesmas, sem a necessidade de as manusear. A constituição de uma plumoteca é, neste sentido, indispensável para a identificação de vestígios encontrados no campo, sendo ainda um complemento à identificação através dos seus ossos.

Estrelinha, Regulus regulus Cisne-pequeno, Cygnus columbianus

Uma biblioteca feita de penasAs aves fascinam o ser humano desde sempre, em grande parte pelas suas plumagens exuberantes e coloridas.

A plumagem é o conjunto de penas que cobre o corpo de uma ave, com o seu padrão, cor e arranjo. Varia grandemente entre espécies, subespécies e, mesmo numa só espécie, pode variar consoante a idade e o sexo da ave, podendo ainda variar com as estações do ano ou a fase do ciclo reprodutor dos indivíduos.

A plumagem tem funções diversificadas como a protecção do corpo das aves a agressões físicas e químicas, a impermeabilidade, a camuflagem, ou ainda na atracção sexual, especialmente em aves onde existe dimorfismo sexual, como no caso da ave-do-paraíso ou do pavão.

As diferenças na plumagem são utilizadas pelos ornitologistas e observadores de aves de modo a distinguir espécies entre si.

As penas recolhidas no campo, podem ser organizadas numa colecção designada plumoteca, onde se podem ordenar por espécie, e sempre que possível por sexo e idade dos indivíduos.

Na elaboração destas colecções são recolhidas penas de vários locais do corpo da ave: cabeça, pescoço, manto, dorso, abdómen, peito, escapulares, alula, rectrizes e coberturas supracaudais, infracaudais, primárias, secundárias e subalares.

A existência de plumotecas, permite então aos investigadores, identificar espécies por comparação com as penas arquivadas. São úteis ainda na identificação de vestígios encontrados no campo e como complemento à identificação através de ossos.No âmbito do Projecto Linhas Eléctricas e Avifauna dos Açores, desenvolvido numa parceria da SPEA e da EDA – Electricidade dos Açores, a SPEA iniciou uma plumoteca, que pretende, não só, dar apoio a este projecto, como também a qualquer pessoa que desenvolva estudos nesta área.

Da plumoteca fazem parte espécies como marrequinha, codorniz, narceja, galinhola, bufo-pequeno, pisco-de-peito-ruivo, toutinegra, tentilhão, priolo, frulho e cagarro.Sempre que mais aves sejam recolhidas e apresentem condições, poderão, a qualquer momento, integrar esta plumoteca, aqui presente em formato de livro, mas também disponível em formato digital.

Alguns dos exemplares foram recolhidos por sócios e colaboradores, a quem a SPEA agradece. Caso deseje colaborar com este projecto ou consultar a plumoteca entre em contacto com SPEA Açores – [email protected]

Membros anterioresA estrutura do esqueleto dos membros anteriores das aves também se encontra altamente adaptada ao voo, principalmente nas zonas distais. A ulna (osso onde se inserem as penas secundárias) sofreu um alongamento e os ossos do pulso foram reduzidos para apenas 2.

As aves possuem apenas 3 metacarpos, tendo perdido o primeiro e último metacarpo existentes nas patas dos animais quadrúpedes. Nas aves, o terceiro e quarto metacarpos estão fundidos, formando um osso único designado por carpometacarpo e o segundo metacarpo é uma estrutura óssea muito rudimentar. As falanges que constituem os dígitos são igualmente pouco desenvolvidas, sendo que as falanges do segundo dígito formam a alula, correspondente ao polegar nos humanos e intimamente relacionada com o voo nas aves.

Membro anterior de uma ave

PlumotecaAs penas ou plumas derivam filogeneticamente das escamas dos répteis da Era Mesozóica. Inicialmente, surgiram como uma protecção para o corpo das aves, sendo um mecanismo muito eficaz na retenção de calor corporal. Algumas aves conseguem manter temperaturas corporais altas (por exemplo 40 a 44ºC), mesmo em temperaturas negativas. As penas possuem também uma função biológica importante no acasalamento e reconhecimento das espécies.

De acordo com o seu tamanho, as aves possuem um número variável de penas, desde 1500 em aves pequenas (como no caso da Estrelinha) a 25 000 no Cisne-pequeno (espécie que habita em ecossistemas frios pelo que possui um número muito superior de coberturas).A extraordinária variedade de plumagens nas aves deve-se à combinação de vários pigmentos produzindo cores e padrões que suplantam aqueles encontrados noutros vertebrados. Estas características fazem das aves um grupo que desde sempre despertou o interesse do ser

humano, tendo sido capturadas não só para a alimentação mas também pela beleza das suas penas.Para os investigadores, a existência das mais variadas formas de penas e colorações permite-lhes distinguir espécies bem como reconhecer o sexo e idade das mesmas, sem a necessidade de as manusear. A constituição de uma plumoteca é, neste sentido, indispensável para a identificação de vestígios encontrados no campo, sendo ainda um complemento à identificação através dos seus ossos.

Estrelinha, Regulus regulus Cisne-pequeno, Cygnus columbianus

Membros posterioresA estrutura do esqueleto dos membros posteriores das aves também sofreu alterações, com a fusão de vários ossos. É o caso dos ossos que constituem o calcanhar, onde os tarsos proximais se encontram fundidos com a tíbia, formando o tibiotarso e os tarsos da zona proximal estão unidos com os ossos do metatarso, formando um único osso na perna, designado tarsometatarso.

Normalmente, as aves possuem 4 dedos nas patas o que facilita empoleirarem-se. No entanto, o número de dedos varia de acordo com os diferentes modos de locomoção. A avestruz, uma espécie caracteristicamente corredora, possui apenas dois dedos nas patas.

Membro posterior de uma ave

Membros posterioresA estrutura do esqueleto dos membros posteriores das aves também sofreu alterações, com a fusão de vários ossos. É o caso dos ossos que constituem o calcanhar, onde os tarsos proximais se encontram fundidos com a tíbia, formando o tibiotarso e os tarsos da zona proximal estão unidos com os ossos do metatarso, formando um único osso na perna, designado tarsometatarso.

Normalmente, as aves possuem 4 dedos nas patas o que facilita empoleirarem-se. No entanto, o número de dedos varia de acordo com os diferentes modos de locomoção. A avestruz, uma espécie caracteristicamente corredora, possui apenas dois dedos nas patas.

Membro posterior de uma ave

Evolução das AvesSegundo a literatura existente, as aves derivam dos répteis, tendo-se os especialistas baseado não só na sua anatomia e embriologia mas também na existência de fósseis que relacionam os dois grupos. As aves e os répteis coexistiram na Era Mesozóica há mais de 100 milhões de anos atrás, sendo o grupo Pseudosuchia (falsos crocodilos) apontado como o ancestral de todos os dinossau-ros do Jurássico e Cretáceo, dos répteis modernos e das aves.Os primeiros registos de aves reportam-se ao período Jurássico (cerca de 130 milhões anos atrás) sendo o fóssil mais antigo encontrado em 1861 na Bavaria (Alemanha), de uma espécie que ficou conhecida por Archaeopterix (do grego, asa antiga).

Era uma ave de tamanho médio com uma cauda longa, semelhante à de um lagarto, mas com penas na sua zona lateral, algo nunca observado nas aves modernas. Possuía asas arredondadas e curtas sendo capaz de efectuar pequenos voos, com limitado bater de asas. Tinha ainda garras nas asas o que sugere que esta ave teria hábitos arborícolas. Ao contrário das aves modernas, possuía apenas 3 dedos. Apresentava ainda outras características de réptil como ossos pélvicos não fundidos e um bico com dentes. Reconstruções mostram que o seu corpo estaria coberto de penas sendo a cabeça e o pescoço cobertos com escamas.O registo fóssil referente ao período do Eoceno (60 milhões de anos) inclui espécies que ainda persistem hoje em dia, como as garças, patos,

abutres, falcões, lagopos, grous, galinhas-d’água, galeirões e algumas limícolas, não existindo registos de aves modernas em Eras anteriores.As aves colonizaram grande parte dos ecossistemas existentes no nosso planeta e o seu sucesso evolutivo deve-se, em grande parte, à sua capacidade de voar. Esta adaptação a um novo modo de locomoção reflectiu-se em mudanças estruturais profundas no arranjo e morfologia do seu esqueleto. Desta forma, os seus ossos são leves e possuem cavidades pneumáticas que se estendem por todo o seu esqueleto. Ao longo da sua evolução, as aves perderam alguns ossos e outros sofreram redução ou fusão.

Fóssil de Archaeopterix

Fonte: fossilmuseum.net

PlumotecaAs penas ou plumas derivam filogeneticamente das escamas dos répteis da Era Mesozóica. Inicialmente, surgiram como uma protecção para o corpo das aves, sendo um mecanismo muito eficaz na retenção de calor corporal. Algumas aves conseguem manter temperaturas corporais altas (por exemplo 40 a 44ºC), mesmo em temperaturas negativas. As penas possuem também uma função biológica importante no acasalamento e reconhecimento das espécies.

De acordo com o seu tamanho, as aves possuem um número variável de penas, desde 1500 em aves pequenas (como no caso da Estrelinha) a 25 000 no Cisne-pequeno (espécie que habita em ecossistemas frios pelo que possui um número muito superior de coberturas).A extraordinária variedade de plumagens nas aves deve-se à combinação de vários pigmentos produzindo cores e padrões que suplantam aqueles encontrados noutros vertebrados. Estas características fazem das aves um grupo que desde sempre despertou o interesse do ser

humano, tendo sido capturadas não só para a alimentação mas também pela beleza das suas penas.Para os investigadores, a existência das mais variadas formas de penas e colorações permite-lhes distinguir espécies bem como reconhecer o sexo e idade das mesmas, sem a necessidade de as manusear. A constituição de uma plumoteca é, neste sentido, indispensável para a identificação de vestígios encontrados no campo, sendo ainda um complemento à identificação através dos seus ossos.

Estrelinha, Regulus regulus Cisne-pequeno, Cygnus columbianus

O TóraxOs elementos do esqueleto torácico das aves também sofreram alterações ao longo da sua evolução. O tórax é uma estrutura compacta, ainda que flexível, que inclui vértebras intimamente articuladas e costelas com segmentos superiores e inferiores que ligam a zona dorsal com o externo.No esqueleto torácico, as modificações mais evidentes encontram-se ao nível do externo. Nas aves não voadoras o externo é liso e achatado (por exemplo na avestruz e na ema) mas na maioria das aves voadoras, o externo apresenta uma quilha mais ou menos pronunciada, de acordo com a espécie. O externo é um osso imprescindível para a sustentação dos músculos directamente relacionados com o voo, sendo possível relacionar a forma do externo com o tipo de voo praticado pelas diferentes espécies.

Externo de um bufo-pequeno; LM*=3,89 cm

Os coracoídes são dois ossos que se encontram na zona anterior do externo das aves, servindo como pilares de sustentação que o ligam com outros elementos ósseos do ombro (clavículas e escápulas) suportando o bater das asas quando em voo. As clavículas são reduzidas e encontram-se unidas formando a fúrcula (conhecido como o “osso da sorte”), podendo estar também ausentes em aves não voadoras.

Os ossos pélvicos (ilium, ischium e pubis) estão fundidos com as vértebras lombares e sacrais. A zona da coluna vertebral anexa a estes, assume a designação de synsacrum, compreendendo as últimas vértebras torácicas, lombares, sacrais e caudais anteriores.

As vértebras caudais posteriores são reduzidas e formam o pigóstilo, estrutura óssea que suporta as rectrizes (penas da cauda). Em alguns falconídeos, é possível encontrar ossos acessórios nesta zona permitindo uma maior sustentação dos músculos conferindo a estas espécies uma maior capacidade de manobra.

*LM: comprimento total

PlumotecaAs penas ou plumas derivam filogeneticamente das escamas dos répteis da Era Mesozóica. Inicialmente, surgiram como uma protecção para o corpo das aves, sendo um mecanismo muito eficaz na retenção de calor corporal. Algumas aves conseguem manter temperaturas corporais altas (por exemplo 40 a 44ºC), mesmo em temperaturas negativas. As penas possuem também uma função biológica importante no acasalamento e reconhecimento das espécies.

De acordo com o seu tamanho, as aves possuem um número variável de penas, desde 1500 em aves pequenas (como no caso da Estrelinha) a 25 000 no Cisne-pequeno (espécie que habita em ecossistemas frios pelo que possui um número muito superior de coberturas).A extraordinária variedade de plumagens nas aves deve-se à combinação de vários pigmentos produzindo cores e padrões que suplantam aqueles encontrados noutros vertebrados. Estas características fazem das aves um grupo que desde sempre despertou o interesse do ser

humano, tendo sido capturadas não só para a alimentação mas também pela beleza das suas penas.Para os investigadores, a existência das mais variadas formas de penas e colorações permite-lhes distinguir espécies bem como reconhecer o sexo e idade das mesmas, sem a necessidade de as manusear. A constituição de uma plumoteca é, neste sentido, indispensável para a identificação de vestígios encontrados no campo, sendo ainda um complemento à identificação através dos seus ossos.

Estrelinha, Regulus regulus Cisne-pequeno, Cygnus columbianus

Uma biblioteca feita de penasAs aves fascinam o ser humano desde sempre, em grande parte pelas suas plumagens exuberantes e coloridas.

A plumagem é o conjunto de penas que cobre o corpo de uma ave, com o seu padrão, cor e arranjo. Varia grandemente entre espécies, subespécies e, mesmo numa só espécie, pode variar consoante a idade e o sexo da ave, podendo ainda variar com as estações do ano ou a fase do ciclo reprodutor dos indivíduos.

A plumagem tem funções diversificadas como a protecção do corpo das aves a agressões físicas e químicas, a impermeabilidade, a camuflagem, ou ainda na atracção sexual, especialmente em aves onde existe dimorfismo sexual, como no caso da ave-do-paraíso ou do pavão.

As diferenças na plumagem são utilizadas pelos ornitologistas e observadores de aves de modo a distinguir espécies entre si.

As penas recolhidas no campo, podem ser organizadas numa colecção designada plumoteca, onde se podem ordenar por espécie, e sempre que possível por sexo e idade dos indivíduos.

Na elaboração destas colecções são recolhidas penas de vários locais do corpo da ave: cabeça, pescoço, manto, dorso, abdómen, peito, escapulares, alula, rectrizes e coberturas supracaudais, infracaudais, primárias, secundárias e subalares.

A existência de plumotecas, permite então aos investigadores, identificar espécies por comparação com as penas arquivadas. São úteis ainda na identificação de vestígios encontrados no campo e como complemento à identificação através de ossos.No âmbito do Projecto Linhas Eléctricas e Avifauna dos Açores, desenvolvido numa parceria da SPEA e da EDA – Electricidade dos Açores, a SPEA iniciou uma plumoteca, que pretende, não só, dar apoio a este projecto, como também a qualquer pessoa que desenvolva estudos nesta área.

Da plumoteca fazem parte espécies como marrequinha, codorniz, narceja, galinhola, bufo-pequeno, pisco-de-peito-ruivo, toutinegra, tentilhão, priolo, frulho e cagarro.Sempre que mais aves sejam recolhidas e apresentem condições, poderão, a qualquer momento, integrar esta plumoteca, aqui presente em formato de livro, mas também disponível em formato digital.

Alguns dos exemplares foram recolhidos por sócios e colaboradores, a quem a SPEA agradece. Caso deseje colaborar com este projecto ou consultar a plumoteca entre em contacto com SPEA Açores – [email protected]

PlumotecaAs penas ou plumas derivam filogeneticamente das escamas dos répteis da Era Mesozóica. Inicialmente, surgiram como uma protecção para o corpo das aves, sendo um mecanismo muito eficaz na retenção de calor corporal. Algumas aves conseguem manter temperaturas corporais altas (por exemplo 40 a 44ºC), mesmo em temperaturas negativas. As penas possuem também uma função biológica importante no acasalamento e reconhecimento das espécies.

De acordo com o seu tamanho, as aves possuem um número variável de penas, desde 1500 em aves pequenas (como no caso da Estrelinha) a 25 000 no Cisne-pequeno (espécie que habita em ecossistemas frios pelo que possui um número muito superior de coberturas).A extraordinária variedade de plumagens nas aves deve-se à combinação de vários pigmentos produzindo cores e padrões que suplantam aqueles encontrados noutros vertebrados. Estas características fazem das aves um grupo que desde sempre despertou o interesse do ser

humano, tendo sido capturadas não só para a alimentação mas também pela beleza das suas penas.Para os investigadores, a existência das mais variadas formas de penas e colorações permite-lhes distinguir espécies bem como reconhecer o sexo e idade das mesmas, sem a necessidade de as manusear. A constituição de uma plumoteca é, neste sentido, indispensável para a identificação de vestígios encontrados no campo, sendo ainda um complemento à identificação através dos seus ossos.

Estrelinha, Regulus regulus Cisne-pequeno, Cygnus columbianus

Estrutura de uma penaUma pena é uma estrutura complexa, constituída pelas seguintes partes: cálamo, ráquis, bárbula e barbas (Figura 1).As aves possuem vários tipos de penas que de acordo com a sua estrutura e função podem ser divididas em: penas, propriamente ditas, longas e rígidas usadas para o voo e cobertura do corpo; plúmula, que fornece protecção térmica à ave e pode ser observada facilmente nas crias quando nascem; e filoplumas, que são penas sensoriais que desempenham um papel fundamental na detecção das correntes de vento.

As penas podem ser identificadas pela sua localização no corpo das aves (Figura 2). As rémiges primárias são um conjunto de penas que podem ser observadas nos contornos das asas. Na maioria das aves existem 10 penas primárias, embora nos mergulhões existam 11 primárias de proporções semelhantes. Noutras como gaivotas, algumas límicolas e patos é possível contar uma 11ª pena embora de pequenas dimensões. Todas as penas primárias possuem coberturas primárias localizadas imediatamente acima da sua zona de inserção.As rémiges secundárias estão localizadas na zona anterior das asas (o equivalente ao antebraço nos humanos). Existem em média 9 secundárias nos passeriformes mas este número pode variar até às 40 nos albatrozes. A maioria das aves possui 3 ou 4 penas inseridas na zona de um dos dígitos (análogo ao polegar dos humanos), que assumem a designação de alula. As penas secundárias podem possuir uma, duas ou mais séries de coberturas que, à semelhança das coberturas primárias, estão localizadas imediatamente acima destas.

Figura 1. Esquema da estrutura de uma pena. Adaptado de wordpress.com

Diferentes tipos de bicosO bico é uma ferramenta indispensável para as aves e cuja morfologia varia de acordo com a sua ecologia alimentar e biologia, podendo também ser utilizada como arma de defesa ou utensílio de construção.Nos Açores, é possível encontrar aves com diferentes tipos de bicos.

Bico comprido e finoAtinge muitas vezes o dobro do tamanho total do crânio. Pode ser observado nas galinholas e narcejas, permitindo-lhes revolver o solo em busca de vermes, insectos, larvas ou moluscos.

Bico curto generalistaBicos curtos de tamanho semelhante ao comprimento total do crânio, zona orbital larga e proeminente. Está associado a aves com alimentação menos especializada e mais oportunista, como é o caso dos pombos.

Bico curto e finoCom um tamanho inferior ao comprimento total do crânio. Associado às aves insectívoras, como é o caso da toutinegra, estrelinha, estorninhos, pisco-de-peito-ruivo ou alvéola-cinzenta. O melro pode ser incluído nesta categoria embora a sua dieta alimentar inclua também pequenas bagas e vermes.

Bico curto e forteBicos pequenos e robustos, muitas vezes com tamanho inferior ao comprimento total do crânio, associados às aves granívoras. O priolo, ave endémica de São Miguel, é um bom exemplo desta categoria e possuí um bico curto e robusto adaptado à sua alimentação variada (sementes, bagas, fetos, botões florais ou invertebrados). Este tipo de bico, pode ser, ainda, observado em passeriformes pequenos como o tentilhão, o pardal-comum e o canário-da-terra, cuja alimentação incluí sementes, bagas e frutos.

GL: comprimento total

Crânio de uma galinhola; vista lateral; GL=10,2 cm

Crânio de pombo; vista lateral; GL=5,5 cm

Crânio de estorninho; vista lateral; GL=5,3 cm

Crânio de pardal, vista lateral; GL=3 cm

PlumotecaAs penas ou plumas derivam filogeneticamente das escamas dos répteis da Era Mesozóica. Inicialmente, surgiram como uma protecção para o corpo das aves, sendo um mecanismo muito eficaz na retenção de calor corporal. Algumas aves conseguem manter temperaturas corporais altas (por exemplo 40 a 44ºC), mesmo em temperaturas negativas. As penas possuem também uma função biológica importante no acasalamento e reconhecimento das espécies.

De acordo com o seu tamanho, as aves possuem um número variável de penas, desde 1500 em aves pequenas (como no caso da Estrelinha) a 25 000 no Cisne-pequeno (espécie que habita em ecossistemas frios pelo que possui um número muito superior de coberturas).A extraordinária variedade de plumagens nas aves deve-se à combinação de vários pigmentos produzindo cores e padrões que suplantam aqueles encontrados noutros vertebrados. Estas características fazem das aves um grupo que desde sempre despertou o interesse do ser

humano, tendo sido capturadas não só para a alimentação mas também pela beleza das suas penas.Para os investigadores, a existência das mais variadas formas de penas e colorações permite-lhes distinguir espécies bem como reconhecer o sexo e idade das mesmas, sem a necessidade de as manusear. A constituição de uma plumoteca é, neste sentido, indispensável para a identificação de vestígios encontrados no campo, sendo ainda um complemento à identificação através dos seus ossos.

Estrelinha, Regulus regulus Cisne-pequeno, Cygnus columbianus

Nas asas podemos encontrar ainda as penas escapulares que se encontram na zona do ombro e cobrem as asas quando a ave está em repouso.As rectrizes são as penas da cauda, cujo número pode variar entre 10 e 24 no caso do cisne-branco. No entanto, a maioria das aves possui 12 penas na cauda. A forma, coloração e tamanho da cauda são também extremamente variáveis e podem servir de diagnóstico para algumas espécies quando em voo. Existem aves com caudas longas (por exemplo, o pavão), espécies com caudas de tamanho reduzido (caso das espécies aquáticas como os patos e os mergulhões), caudas bifurcadas (como no pisco-de-peito-ruivo e das águias-de-asa-redonda), quadradas (como nos peneireiros), redondas (como nas limícolas), em leque (como no caso do peru).

A extraordinária variedade de plumagens nas aves deve-se à combinação de vários pigmentos produzindo cores e padrões que suplantam aqueles encontrados em outros vertebrados. Estas características fazem das aves um grupo que despertou desde sempre o interesse do ser humano, tendo sido capturadas não só para a alimentação mas também pela beleza das suas penas.

Para os investigadores, a existência de espécies com as mais variadas plumagens permite-lhes identificar mais facilmente as espécies bem como reconhecer o sexo das mesmas sem a necessidade de as manusear. A constituição de plumotecas é, neste sentido, uma ferramenta valiosa para o reconhecimento dos animais in situ, e na identificação de vestígios encontrados no campo como complemento por exemplo à identificação dos ossos.

Figura 2. Localização e nomenclatura das penas. Adaptado de Tracks & Signs of the Birds of Britain & Europe, Christopher Helm, London, 2003