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DIRETORIA EXECUTIVAPresidente:João Baptista Gomes ........ (l1)4604-3787 Vice-Pres: Waldemar Checchinato .... (11)4591-1192Secretário:Walter Figueiredo de Sousa..(31)3641-1172 Tesoureiro: Paulo Barbosa Mendonça..(l9)3542-3286Dir. Espir: Pe. Manoel F. dos Santos Jr .(11)3228-9988

CONSELHO FISCAL - TITULARJosé Carlos Ferreira ...........(l9)3541-0744José Barbosa Ribeiro........(35)3465-4761

CONSELHO FISCAL - SUPLENTECarlos Savieto ...................(l9)3671-2417Afonso Celso Meireles ......(l1)3384-7582

REGIONAIS Ibicaré André Mardula ..................(49)3522-0840São PauloMarcos de Souza...............(11)3228-5967CampinasJercy Maccari .......................(19)3871-4906CuritibaMarco Rossoni Filho ........ (41)3253-7135Pirassununga Renato Pavão .....................(19)356l-605lBauru Gino Crês..........................(14)3203-3577Itapetininga Sílvio Munhoz Pires .........(15)3272-2145S. José dos CamposNatanael Ribeiro de Campos..(l2)3931-4589Itajubá José Benedito Filho...........(35)3623-4878

COORDENADORIASBol.Inf. Inter ExJoão Baptista Gomes...........(11)4604-3787 (Cel)9976-1145

DIAGRAMAÇÃOMarcelo Silva Calixto.......(11)3476-9601

CARAVANAMoacyr Peinado Martin.....(11)6421-4460

ATOS RELIGIOSOS Daniel R Billerbeck Nery....(11)6976-5240Edgard Parada......................(16)3242-2406Lásaro A P dos Santos.........(11)3228-9988

REDATORES DESTA EDIÇÃOO Sombra, Vilmar Daleffe, Monello Biondo, Arlindo Giacomelli, Cláudio Carlos de Oliveira, Marco Rossoni Filho, Raimundo José Santana, Antônio Henriques, Gino

Crês, Alberto José Antonelli, Pe. José Roberto Bertasi, msc, João Costa Pinto.DESIGNER GRÁFICO Marcelo Silva Calixto (11)3476-9601

EXPEDIENTEASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS MSCEstr. Armando Barbosa de Almeida 1500

Residencial Rancho GrandeCx Postal 116 - Cep: 07600-000

Mairiporã-SPTel: 0xx11-4604-3787

Diretoria e Inter-Ex: [email protected]

EditorialEditorials nossas experiências passadas desempenham papel extremamente ambíguas em nossas vidas.

Umas servem de coragem, de força motriz, de incen-tivo para caminhar, crescer e abrir-se ao mundo e às pessoas. Outras paralisam, tornam-se muralhas in-transponíveis, inferiorizam as pessoas. A teia de ara-nha é tão densa que se torna difícil entender por onde passa o divisor de águas. Tal constatação vale para os ex-seminaristas. Entre eles existem desde

apáticos e revoltados contra a Associação, a Sociedade e a Igreja, carre-gando escuras manchas do tempo de seminário, até pessoas que se como-vem às lágrimas quando pensam nos idos da vida de seminário e clerical.

O presente editorial não tem a intenção de ofender e menos ainda de julgar e condenar a ninguém. A nossa pretensão é simples. Esse numeroso contingente de homens, hoje espalhado pelo país e fora dele, por profi s-sões e atividades bem diversas, merece atenção especial por parte dos bispos e dos responsáveis pelas Congregações Religiosas. Graças a Deus, através de um pequeno grupo de ex-alunos da Escola Apostólica de Piras-sununga, fundou-se a “Associação dos Ex-alunos dos MSC”. a exemplo de outras Congregações Religiosas e de diversas Dioceses. Através dos en-contros anuais, constatamos que, além das habilidades que adquiriram depois da saída do seminário, muitos conservam excelente formação re-ligiosa e profi ssional e que prestaria valiosa contribuição para a Associa-ção, Sociedade e comunidade eclesial.

Não temos a mínima ideia da riqueza humana e religiosa que os ex-seminaristas signifi cam. Talvez, o primeiro passo para tomar pé nesse enorme oceano humano consiste em buscar uma grande porção de ex-seminaristas que até hoje não estão conectados com a Associação. Inte-ressante também seria levantar os nomes e dados mínimos sobre a dupla experiência do tempo de seminário e depois dela. Acrescentar-se-ia a esse primeiro levantamento uma coluna de sugestões e de disponibilida-de para o bem da Associação, da sociedade onde vivem e das suas respec-tivas comunidades religiosas.

Que tal criar um site de ex-seminaristas atualizado onde a comunica-ção fosse mais assídua? Quantas propostas maravilhosas surgiriam!

Certas pessoas dispõem de potencial incalculável que, entretanto, não rende frutos por falta de ocasião ou de algum empurrãozinho inicial. Talvez nem lhes tenha ocorrido que, com a formação recebida no semi-nário diocesano ou religioso, contribuiriam altamente para o enriqueci-mento da vida da Associação, da Sociedade e da Igreja. Há campos espe-cífi cos – psicológicos, pedagógicos, jurídicos, técnicos e outros – onde nossos colegas poderiam atuar como voluntários. Certamente, encontra-ríamos inúmeras pessoas disponíveis que, além dos talentos profi ssionais, trazem experiências espirituais de valor.

Os seminários e a vida religiosa já viram passar por seus muros multi-dões inumeráveis de jovens que guardam recordações positivas e grati-dão pelo que receberam. Falta acordar sua memória e impulsionar-lhes o desejo de pôr em prática sonhos um dia acalentados.

“Mesmo em relação aos que sofreram traumas ou saíram marcados ne-gativamente, há espaço para a reconciliação. Os antigos já nos semearam a memória com ditos segundo os quais o tempo é ótimo juiz das coisas, cura as feridas, lapida as pedras, abranda o ódio, muda a si e a nós com ele” (Pe. João Batista Libanio,sj). Apostando no futuro, faz-se possível a dupla pastoral com os ex-seminaristas: de valorização de seu cabedal de riqueza espiritual, intelectual e humana e de “purifi cação da memória”.

Pe. José Roberto Bertasi, msc

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02/03 - José Murad ............................(19)3561-206703/03 - Benedito Coldibelli ..................(19)3223-090803/03 - Ricardo José dos Santos03/03 - Ricardo José Rosim ................(19)3561-648008/03 - Pe. Joaquim José dos Santos ..(19)3272-535309/03 - Norival José de Oliveira Paiva11/03 - Antônio Aparecido Marquetti ....(19)3572-216511/03 - Moacir Lobo ................................. 9911-575513/03 - José Claret da Silva ................(35)3623-766014/03 - Pe. Ildefonso Sigrist ...............(19)3226-868115/03 - Alfredo Martins Aguiar ............(51)3019-157217/03 - Pe. Sírio José Motter ...............(19) 471-136720/03 - Gaspar Ribeiro Rebelo ............(12) 262-485521/03 - Olivio Bedin ...........................(19)3869-864921/03 - Pe. Manoel F. dos Santos Jr ....(11)6211-044822/03 - Domingos Luiz Meneguzzi ......(19)3238-680422/03 - Wanderlei Vecchio24/03 - Helias Dezen .........................(65) 461-128430/03 - Benedito Augusto Gonçalves31/03 - Dom Ricardo Pedro Paglia ......(98) 381-1268

01/04 - Delfi m Pinto Carneiro .............(19)3881-236901/04 - Marco Aparecido Crepaldi .......(14) 232-684502/04 - Pe. Domingos H. Cruz Martins (85) 227-249703/04 - Isaias José de Carvalho ..........(35)3645-127604/04 - Renato Pereira Leite ...............(11)5584-794305/04 - José Irineu Baptistela .............(19)3561-376706/04 - Luiz Carlos Flach ....................(41)3527-553907/04 - Antoninho Hahn ...........................3385-027907/04 - Raimundo José Santana .........(11)6979-330308/04 - Pe. Air José Mendonça ............(39)6862-206110/04 - Marcos de Jesus Travagin .......(19)3571-555410/04 - Oswaldo Reno Campos ..........(35)3662-132111/04 - Marlinaldo de Andrade Freire ....(11)3831-203712/04 - José Carlos Ferreira ................(19)3541-074712/04 - Benedito Ronaldo Fernandes ...(35)9199-015812/04 - Pe. Godofredo Scheepers .......(19)3272-535312/04 - Carlos Hermano Cardoso .......(19)3239-119012/04 - José Roberto P. Carneiro ........(11)3872-010314/04 - Arlindo Giaccomelli .................(48)3247-424917/04 - Wilson D. Mendes .........................3565-168418/04 - Carlos Alberto Barbosa Lima18/04 - João Corrêa Filho ...................(35)3622-492520/04 - Sérgio Roberto Costa21/04 - Ivo Bottega ...........................(67) 321-6464

Março

Abril

Maio

Junho

22/04 - Pe. Ednei Antônio B. Rodrigues(14)3236-491123/04 - Antônio Altafi n .......................(19) 3434-759724/04 - Jorge Ferreira da Rosa25/04 - Pe. Walter Licklederer ............(85) 377-123426/04 - Ângelo Garbozza Neto ...........(41) 367-429226/04 - José Carlos Ferreira ...............(19)3541-074428/04 - Pedro Antonio Grisa ................(48)3249-626330/04 - Adelino Gouveia da Rocha ......(11)6973-6046

03/05 - Luiz Carlos da Costa ...............(12)3912-953704/05 - Alexandre Araújo Pereira ........(19)3232-661905/05 - Amilcar Monteiro Varanda .......(11) 287-371909/05 - Sílvio Munhoz Pires ................(15)3272-214509/05 - Delfi m Pinto Carneiro Jr .........(11)6916-728311/05 - José Benedito Filho13/05 - Luiz Henrique da Costa16/05 - Joaquim Rodrigues F Cortez ...(35)3624-147219/05 - Pe. Romeu Bortolotto .............(19)3561-177519/05 - Mario Ferrarezi .......................(19)3561-544319/05 - Francisco Levandowski ...........(46) 523-200919/05 - Romeu Dias da Silva ..............(35) 423-430920/05 - Pe. Jorge de O Gonçalves .......(97) 471-130921/05 - Edgard Parada .......................(16)3242-240623/05 - Mário Ferrarezzi24/05 - Moacyr Peinado Martin ...........(11)6421-446025/05 - Darci Donizette Ferreira

02/06 - Raul Carraro ..........................(19)3421-203306/06 - Pe. Edvaldo Rosa de Mendonça(35) 622-074906/06 - Pe. Nelson Ribeiro de Andrade (35)3624-110407/06 - Pe. Samuel Brandão de Oliveira (11)6674-355908/06 - Paulo Barbosa Mendonça .......(19)3542-853209/06 - Dimas Begalli de Figueiredo ...(35)3212-898110/06 - Mauro Pavão .........................(19)9829-851614/06 - José Barbosa Ribeiro ..............(35)3465-476117/06 - Tiago da Fonseca ...................(18)8143-699321/06 - Pe. Alex Sandro Sudre ...........(85) 227-249722/06 - Pe. Humberto Capobianco ......(19)3561-891424/06 - João Negri Sobrinho ...............(11)4612-406425/06 - Jones Fįbio de Lima25/06 - Cláudio Picolli25/06 - Pe. Ivo Trevisol ......................(92) 471-136729/06 - Edyr Borges da Silva ............. (19)3289-515230/06 - Eliseu Pavão ..........................(19)3561-5742

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Palavra do LeitorPalavra do LeitorAo receber pela primeira vez o Bole-

tim Informativo Inter-Ex, novamente me comovi. Isso já ocorrera quando estive no Encontro de Ibicaré, após 40 anos e pude rever amigos e colegas.

Foi demais! Relatei isso ao grande companheiro Dall’Acqua e ele me incentivou a escrever estas notas. Agradeço a ele, aos abnegados Mardulla, Piveta e a todos que lá deram um verdadeiro show. E a vocês, então? De São Paulo, de Mi-nas, que lição de amor, fraternidade e doação! Vieram de tão longe prestigiar esse encontro com todas as difi culdades do caminho. Vieram e voltaram. Nota 10, 100, 1000 pra vocês. Para-béns ao Informativo Inter-Ex, a Ibicaré com to-das as minhas lembranças e aos caros articulis-tas com todas as suas histórias e depoimentos. A minha massa cinzenta terá por muito tempo com que se comprazer no devaneio dos anos.

De 1965, quando ingressei no seminário de Ibicaré, até 1969, quando saí, mil coisas marca-ram minha vida e permanecem até hoje. Nos feriados e domingos pela manhã éramos acor-dados com suaves melodias que nos embala-vam e nos enlevavam para mundos distantes, desconhecidos e sonhávamos!... Saíamos dos vales de Ibicaré e ganhávamos um mundo que nossa imaginação criava. Que prazer inusitado, que momento absoluto e tenro vivido por cada um de nós! Família distante, amigos deixados para trás. Tudo isso girava naqueles discos de vinil. O Marco Rossoni, quando de sua crônica no Inter-Ex n° 118, parece ter lido meus pensa-mentos, pois relatou com perfeição as lembran-ças que guardo até hoje. Nos domingos de ma-nhã, aqueles altofalantes lá de cima do terceiro piso pipocavam marchas, bandas militares, clássicos, numa mistura de ritmos que provoca-vam alegria e uma languidez de felicidade. Toda Ibicaré era invadida e alegrada pelo som daque-las músicas que ecoavam em seus vales. Jamais esquecerei isso. Ainda hoje, quando me vejo to-mado de tristeza, saudade, solidão ou sei lá o quê, coloco a tocar meus velhos discos de vinil, resgatados e guardados com muito carinho, en-quanto fi co relembrando, tomado por uma em-briaguez de sonhos e saudade.

(a) Juves Giachin [email protected]

Quero agradecer e retribuir os vo-

tos de Boas Festas recebidos junto com o Boletim Informativo Inter-Ex, que continua cada vez melhor, gra-ças ao valoroso empenho seu e de

outros abnegados. Logo que recebi “devorei” todas as páginas, como sempre faço e agora estou relendo os artigos com mais calma. Gos-

taria de aproveitar a oportunidade para alguns comentários sobre este último número: (1): as ilustrações (fotos) estão, como sempre, exce-lentes. (2): Parabéns ao Junkes pelo seu depoi-mento (pg 14) sobre o padre Germano. Concor-do plenamente com a descrição feita pelo Afonso Bertasi, apesar de reconhecer que sentia sempre um “frio na espinha” toda vez que aque-le padre me olhava nos anos em que estive no seminário. (3): Quando li na pag 22 o título “Mein Papa”, artigo do Rossoni, lembrei da me-lodia imediatamente. Fantástica e emocionante sua lembrança. Você saberia me dizer em que ano foi tirada a foto aérea estampada na pági-na? Pelas características da ofi cina nos fundos e a situação do pátio lateral, creio ser próxima de 1960. (4): No belo texto “O último dos mohicanos”de autoria do Ézio (pg 28), conclui-se que o recentemente falecido Pe. Jansen, a quem não cheguei a conhecer, seria o último dos MSC oriundos da Holanda que restava vivo no Brasil. É isso mesmo? Ainda possuo uma foto do meu saudoso professor de Latim, o padre Jan Helder. Essa foto com anotações em holandês é uma lembrança de sua partida para o Brasil, em outu-bro de 1960. É certo que ele continua no Brasil e trabalhando numa paróquia no nordeste?

(a) Moacir C. Dacorégio [email protected]

Na última edição do Inter-Ex, ve-

mos o Amilcar Turim, o Walter Fi-gueiredo,, o Rubens Maia, o Valmor Junkes, o Pedro Grisa, todos enalte-cendo a atuação da presidência. Na

carta aos colegas, que acompanhou o exemplar do último Inter-Ex, você fala dos 65 anos de nossa Associação e diz que essa chegou a essa idade com o mesmo entusiasmo, graças ao co-lega que estava recebendo o Boletim. Nós é que temos a obrigação de agradecer a muitos de nossos colegas e especialmente a você que, en-quanto estiver à frente, a Associação prossegui-rá com o mesmo entusiasmo que demonstraram seus fundadores há mais de seis décadas atrás.

(a) João Costa Pinto [email protected]

Fiquei muito feliz ao receber sua

cartinha parabenizando-me pelo meu aniversário. Apesar da inefi ci-ência dos correios, em virtude des-sa maldita greve que tantos trans-

tornos nos trouxe, somente hoje recebi sua correspondência postada um mês atrás. Como o âmbito sobrenatural transcende o espaço de tempo, creio que suas boas vibrações irradiadas nesse dia, se irmanaram com nossos espíritos,

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já que seu pensamento estava volta-do para mim e meus familiares num congraçamento fraterno. Muito obri-gado.

(a) José Benedito Ribeiro (Bebé)

Sei que para muitos leitores causou estra-nheza o relato feito pelo Vilmar sobre a minha pessoa e a maneira inédita de como saí do se-minário, quando impus a condição de só ir embora de posse do certifi cado de conclusão do Clássico. O motivo de minha diferença com o padre Gusmão foi o seguinte: certo dia ele tomou a decisão de, defi nitivamente, terminar com a mania de apelidos que imperava entre os alunos. Foi perguntando a cada um se que-ria se ver livre do apelido, ao que, logicamen-te, todos concordaram. Quando chegou a mi-nha vez, e o meu apelido era “Alemão”, ele disse que alemão não era apelido, o que pro-vocou uma gargalhada geral. Ora, esse meu apelido soava pejorativamente no meio dos colegas, a maioria paulistas. Isso me irritou profundamente porque, enquanto iam desa-parecendo “pardal”, “cabide”, “mandureba”, “pescocinho”, etc, etc, o meu iria continuar? Foi a gota d’água. Quando expulso, junta-mente com Jorge Brunetta e Benedito Coldi-belli, recusei-me a sair e o padre Gusmão teve de me agüentar mais um mês, até a conclusão do curso. Saí-me melhor que os companheiros que voltaram para casa sem diploma. Anexo uma foto minha armado com a carabina com que caçava coelhos e pica-paus no sítio.

(a) Ernesto Schaffrath

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Reminiscências(Dedicado ao meu irmão Jair Antonelli)

Terezinha Antonelli

Pela pequena diferença de idade, pudemos compartilhar momentos preciosos em nos-sas vidas, e por isso desejo relembrar alguns fatos relacio-nados ao meu amado irmão. Em fevereiro de 1941, aos 11 anos de idade, Jair ingressou no Colégio de Pirassununga,

onde permaneceu por três anos. Seus pais e irmãos o visitavam mensalmente, viajando de trem pela Cia. Paulista de Estradas de Ferro, já que seu pai, ferroviário, tinha direito a bilhetes gratuitos.

Adaptando-se ao regime interno, Jair assimi-lou muito bem os ensinamentos recebidos, que

lhe foram úteis mesmo após sua saída do semi-nário. Freqüentemente lembrava-se de antigos professores, citando algumas de suas caracte-rísticas. Mencionava também com carinho anti-gos companheiros de classe. E sentia saudades da bela chácara de árvores frutíferas, do sítio onde nadava no rio, dos passeios pelos arredo-res, quando visitava entre outros, os sítios dos irmãos Bertazzi e do Batistela.

Na parte moral e religiosa sua formação foi excelente. Vindo de pais piedosos, por toda a vida praticou a religião que recebera. Na igreja paroquial São José, Campinas, ia à missa domi-nical, sentando-se sempre nos bancos da frente, para participar ativamente de todas as cerimô-nias. - De temperamento independente, nunca se casou. Tinha enorme prazer em conhecer no-vos lugares e, nos 32 anos em que trabalhou na Cia. Mogiana de Estradas de Ferro, na qual se aposentou, aproveitava as férias para viajar. Muito organizado, pode participar de várias ex-cursões ao exterior. A que mais gostava de citar, era a que lhe proporcionou conhecer o Papa e a cidade de Roma.

Nos últimos sete anos de sua vida, sofreu bas-tante com a fratura do osso fêmur, tornando-se dependente de uma cadeira de rodas para se lo-comover. Essa limitação de mobilidade não aba-lou seu espírito jovial, pois a aceitou serenamen-te. Jair mantinha uma relação tão intensa com Jesus e Maria, que parecia estarem presentes o tempo todo ao seu lado. Não podendo mais fre-qüentar a igreja, pela difi culdade de locomover-se, assistia todas as noites pela TV Rede Vida a missa, acompanhando as orações e cânticos. A comunhão ele a recebia semanalmente, trazi-da pela Sra. Antonia, ministra da Eucaristia da Igreja São José.

Durante muitos anos, compareceu aos Encon-tros dos ex-alunos em Pirassununga, lendo os boletins e comentando com seus irmãos Geraldo e Alberto, aos quais pedia notícias dos antigos colegas. – Na vida familiar, foi ótimo fi lho e ir-mão, e amava muito seus sobrinhos que sempre o visitavam.

Seus últimos momentos foram no Hospital Benefi cência Portuguesa, conde esteve interna-do por três meses, devido a uma infecção gene-ralizada. Recebeu a unção dos enfermos pelas mãos do Cônego Carlos Menegazzi, que gentil-mente lá compareceu para visitá-lo. Em primei-ro de janeiro de 2012, aos 82 anos de idade, Jair partiu para a eternidade. As saudades permane-cem, mas certamente poderia ser gravada em seu epitáfi o uma frase encontrada em túmulo de um cemitério europeu: “a única dor que ele algum dia causou, foi quando nos deixou”. Fique em paz, querido irmão.

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• A coluna do Leitor da edição 118 foi bastante concorrida e recheada. Essa coluna é para comen-tários e não para longas dissertações. Por favor, sigam o exemplo de Irinor Parisi, Pagé, Hélio Am-polini e outros, que são rápidos no gatilho.

• Rômulo França Cruz, você nunca esteve pre-

sente. Apareça por aqui e, já que mora no Pará, não esqueça uma sacola de castanhas. Queremos conhecê-lo porque foi dos MSC do Rio e deve ter muita história para contar.

• Esse negócio de dizer que o Ernesto Schaffrat

era bravo, revoltado, sangue quente, só porque carregava uma garruchinha no bolso, é puro papo furado. Conheci-o em Ibicaré e era mansinho como um cordeiro. A garruchinha deve ser dessas compradas nas casas de R$ l,99.

• Mal chegou e já foi pondo as manguinhas de

fora, né, Seu Alfredo Martins? Mal chegou a Piras-sununga e já foi assumindo a liderança da classe? É muito esnobe.

• Oi, Junkes, por que não registrou um BO após

aquele formidável tapa na sala de estudos? Agora não adianta reclamar. Dançou.

• Nossa! Um cara que estava desaparecido há

mais de 40 anos renasceu das cinzas. Seja bem vindo, Amilcar Turim. Venha contar melhor aquela história da pescaria. Lembra? Nem eu.

• Já se tornou tradição o almoço na mansão

do Paese quando dos encontros em Pirassununga. Curioso que os bicões são sempre os mesmos: Maccari, Ferron, Junkes e consorte, Waldemar, Frigo e Cia bela.

• Por falar no Junkes, esse barbicha que apare-

ce sempre na primeira fi la das fotos, é um gênio no “verborroski”, capaz de fazer Camões levantar do túmulo.

• Também a mim o padre Germano sempre pa-

receu um homem solitário e triste. Mas, éramos crianças e não tínhamos capacidade de avaliação. Vale, portanto, a opinião do ex-padre Afonso: era íntegro, honesto e sempre preocupado com o nosso bem estar.

• Se quiser ver todas as fotos dos Encontros de Ibicaré, desde os tempos do império, fale com o [email protected].

• Tem alguém que anda interessado em saber

se o Daleffe pinta os cabelos. Pelo que sei, o cara é diabético, hipertenso, cateterizado, angioplas-tiado, vasectomizado e outros ados. Com cabelos brancos viraria uma múmia. Então, deixa pintar.

• Está pintando mais um cronista: o Geraldo

Sigrist. Tem ares de bom, escreve bem e dá o recado com texto curto. Espero que tenha fôlego para muitas edições.

• O Raimundo Santana deveria seguir o exem-

plo do Antonelli, que vem dividindo sua “Missa no Cemitério” em vários capítulos. É o cuidado que ele vem tendo para não acordar nenhum defunto.

• A nova Regional de Curitiba já nasceu com

sorte. Tem na sua direção o Marco Rossoni, um líder nato.

• Por falar no Rossoni, admirável é a sua me-

mória ao nos resgatar o “Mein Papa”, tantas ve-zes ouvido na sala de estudos de Ibicaré. Ligando o computador, entrei no sítio por ele indicado e pude relembrar essa preciosidade na voz de Car-la Boni. Valeu.

• Através de escritos anteriores do Raimundo

Santana. já aprendera a admirar a fi gura do padre Adriano Iersel, esse pioneiro dos MSC no Brasil. Vem agora o Ézio esmiuçar ainda mais a vida san-ta desse sacerdote que, infelizmente, não conheci.

• Que terá acontecido com os meus fãs de car-

teirinha, Lupo, Biondo e outros, para estarem tão quietinhos? Se o milagre é muito grande, até o santo ...... Alguma coisa vem por aí.

• Não falem mal da página do Sombra. Quando

tem que pegar no pé, ele pega, principalmente daqueles cronistas que gostam de escrever ro-mances de setecentas páginas, não é senhor Rai-mundo?

• Tenho que parar por aqui para ser fi el aos

meus princípios, viu senhor Raimundo?

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O SombraEx de Ibicaré

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FotofofocandoVilmar Daleffe

Meus amigos e parceiros do Inter-Ex. Dacoreggio e eu resolvemos fazer um concurso de barbudos e barbichas. Não vamos identifi cá-los porque são todos muito conhecidos. Esses caras fi cam

velhos e relaxam com a aparência ou será um toque de charme que querem dar para compensar o estrago geral que o tempo faz? Será preguiça de

fazer a barba ou porque se fi liaram ao PT?Aguardamos sua opinião.

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té há poucos meses atrás as telas dos cine-mas brasileiros exibiam um fi lme que muito

deu o que falar. Muitos gostaram, muitos não gos-taram. Muitos criticaram, muitos elogiaram. Mui-tos aprovaram. Muitos desaprovaram. Muitos o assistiram. Muitos o ignoraram. Cada cabeça, cada sentença. A própria Mula Sem Cabeça for-mula sentença.

Quando me assento à escrivaninha, mesmo para uma leitura relâmpago, vejo no alto daquela parede da Sala de Estudos, um pouco acima da cátedra onde o Irmão Chico marcava o ponto dia-riamente, aquele quadro (uma reprodução da obra do alemão Hofmann) representando um garoto de seus doze anos. Um retrato meio-corpo enquadra-do por uma moldura escura larga que fazia a ima-gem vir para a frente. Pela queda do panejamento percebia-se que o menino tinha um dos braços apoiado em algo que não aparecia totalmente na pintura reproduzida. Trajava uma bata em tom pastel, um branco pérola ligeiramente rosado. Ca-belos negros e curtos, o olhar calmo demonstran-do seriedade e placidez habituais que as circuns-tâncias exigiam.

Eu passava um bom tempo em contemplação quando fi xava meu olhar naquele rosto cativante. Por sua vez ele olhava também por sobre aquelas dezenas de cabeças juvenis, a grande maioria re-gulando com sua idade. Durante seis longos e profícuos anos nossos olhares se encontraram centenas de vezes. Toda vez era uma vez dife-rente. Nossos silêncios se entendiam falando mutuamente.

Esse menino retratado já dera o que falar, es-pecialmente para seus pais naquela fatídica pere-grinação a Jerusalém. Desaparecera misteriosa-mente da companhia dos peregrinos, deixando-se fi car propositadamente no Templo em um con-fronto intelectual com os doutos e experts “Douto-

O FILHO do carpinteiro

res da Lei”. Causou assombro aos venerandos eru-ditos, causou desespero lacrimoso a sua mãe e silêncio causticante ao humilde carpinteiro. Vol-tando a Nazaré, continuou sendo o mesmo meni-no de sempre, curtindo sua meninice com os me-ninos da vizinhança, seus colegas e companheiros. Cresceu como todos crescem, mas em especial na Sabedoria do Alto, naquela sabedoria só dele e de seu pai. Cresceu também no corriqueiro de cada dia, aprendendo a mesma profi ssão de seu tutor. Cresceu em obediência, especialmente àquela a quem nunca fez esperar quando solicitado. Moço feito, pôs em ação o propósito de sua vocação es-

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pecial. Na sinagoga de sua aldeia assumiu, em um certo sábado, o posto que lhe estava reservado desde tempos imemoriais. Falou aos seus conter-râneos e conhecidos explicando-lhes o sentido verdadeiro das palavras do profeta Isaías. Citou outros profetas do passado distante, atualizando-os para os tempos presentes. De tal maneira atin-giu a todos, que o evangelista Lucas assim con-cluiu: “...A tais palavras, todos os que se achavam na sinagoga, tomados de cólera, levantaram-se e puseram-no fora da cidade, conduzindo-o até o topo da colina sobre a qual se erguia a cidade, a fi m de o precipitarem dali...(Lc. IV, 28-30)”.

Poucos anos depois foi ele novamente conduzi-do até o alto de um outro monte. Dessa vez de maneira diferente, carregando nos ombros aquele mesmo material que por tantas vezes já o carre-gara em suas mãos, a madeira. Uma grande mul-tidão também o acompanhava novamente. Muitos enraivecidos pelo que ele dissera e fi zera nesses poucos anos. Outros, porém, condoídos e contri-tos pelo muito que ouviram e presenciaram nesse mesmo decorrer de tempo. Aquelas suas palavras especiais agora se cumpriam, quando dissera em certa ocasião: “...e quando eu for elevado sobre a terra atrairei todos a mim...”

Naquela parede frontal da nossa Sala de Estu-dos, no alto, elevado bem acima de nossas cabe-ças lá estava ele, sustentado por um prego, o qual segurava a madeira que o enquadrava na moldura. Diariamente fomos atraídos por seu olhar seguro e calmo, mas determinado. Fomos incitados a crescer na Sabedoria que vem do Alto e na Graça do viver o quotidiano na obediência da simplicidade.

Os tempos mudaram e a mentalidade hodierna difere muito daquela dos nossos outros tempos. A nossa Sala de Estudos já não é mais a mesma. Ninguém sabe onde foi parar aquele quadro tão inspirador. Na tela de nossas memórias rodam aquelas mesmas imagens de outrora. O fi lho do carpinteiro passa como em um fi lme, lembrado por muitos, esquecido por outros. No alto daquele monte sagrado o madeiro continua plantado. Bem disse Sto. Agostinho: A cruz está plantada em torno da qual gira o mundo. Fincado no solo da História ergue-se a grande longitude que liga o “Meio-Dia” ao Setentrião, passando pela Estrela Polar rumo ao Infi nito. Apoiando–se na mesma di-mensão, a latitude humana vem de Leste a Oeste na alternância aurora/crepúsculo, sempre ilumi-nada pelo Grande Sol da Vida. “... O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para levar a boa nova aos pobres, anunciar aos cativos a libertação e aos cegos a restauração da vista, dar liberdade aos oprimidos, proclamar o ano de graça do Senhor. (apud Isaías in Lucas IV, 18-19)”. E ... “Jesus, no entanto, passando por entre eles, seguiu o seu caminho (id et Ib, in fi ne)”.

A sineta sobre a cátedra da Sala de estudos, soa secamente.

O Irmão Chico dobra o jornal (por trás do qual costuma esquadrinhar a nós todos através de um pequeno orifício propositadamente feito), esvazia

o resto das cinzas de seu inseparável cachimbo e posta ereto diante da mesma cátedra.

Todos se levantam. Fim da hora de estudos. Acabou o cinema. Volta à realidade. O Sub tuum praesidium (Sob tua proteção) de

sempre é recitado como forma de agradecimento ao dom divino do aprendizado.

Todos se encaminham ao refeitório, para o chá da noite.

Depois o último recreio. Depois a oração da noite na capela. As três palmadas do Irmão Chico ecoam pela

amplidão do dormitório. As três últimas Ave Marias. Apagam-se as luzes. Cai o silêncio... os meninos cresceram, nesse

dia que se fi nda, em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens, assim como cresceu o Filho do Carpinteiro.

Monello Biondo, novembro de 2010.

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Arlindo Giacomelli

or ocasião de Finados, estive em Ibicaré, em cujo cemitério foram sepultados os corpos de meus

pais, do padre Irineu e dos pais dele. Já que estava ali, resolvi procurar pelo Agostinho Buzanello que passou pelo seminário local e pelo de Pirassununga.

Nos últimos encontros em Ibicaré, sua ausência tem sido sentida e comentada, considerando-se que ele reside ali pertinho, a uns seis ou sete kms da pequena cidade. Perguntei na lanchonete do Dalolmo sobre as condições da estrada de terra por onde não passava desde minha infância e fui em frente. Claro que o encontrei. Todos da família fi caram contentes com minha visita, especialmen-te ele, hoje com oitenta anos, que me reconheceu pela voz, pois está cego.

O nome de família Giacomelli ainda está bem vivo na memória daquela gente. Isso porque pas-sei alguns anos de minha infância, dos quatro aos nove, morando ali perto da capela, a uns mil me-tros da casa dos Buzanello. Ficaram muito admi-rados porque eu ia dizendo onde morava cada tio da esposa do Agostinho, assim como de todos os moradores da região, mesmo os mais antigos. O avô da esposa dele chamava-se Lourenço, e tenho perfeita lembrança do dia em que morreu, isso porque, para o seu velório, veio um grupo de can-tores de uma colônia não muito próxima, todos a cavalo, e fi zeram toda uma cantoria em Latim. Eu, claro, não entendia nada. Uns vinte anos mais tar-de, fui professor de Latim. Ficou combinado com os fi lhos dele que, no próximo encontro de ex, al-guém irá buscá-lo e ele irá nem que seja amarra-do no portamalas do carro. Sua esposa e fi lhos são gente muito simples e riem muito

A comunidade lá das montanhas praticamente se acabou. Atualmente moram lá só umas quatro ou cinco famílias. Na minha infância era uma co-munidade populosa e próspera de descendentes de italianos vindos do Rio Grande do Sul. Os avós do Agostinho vieram da Itália, da província de Bérgamo, com um dialeto interessante. Meu pai foi líder e professor dessa comunidade. Era a úni-ca pessoa que sabia ler e escrever corretamente. Assim ele cuidava da documentação das famílias,

Uma história puxa outraUma história puxa outra

do registro das crianças e era o porta voz junto ao padre, prefeito, delegado, etc. Entendia o dialeto “bergamasco”. Chefi ava os mutirões para abertura de estradas com pá e picareta e fê-los vencer a praga de gafanhotos.

Eu teria uns seis anos quando isso aconteceu. Numa tarde ensolarada vi chegarem várias nu-vens de gafanhotos enormes e marronzados. Nin-guém entendia como aquilo podia ser possível. Em poucos dias devoraram tudo o que fosse ver-de, fi cando a terra nua. Papai foi a cavalo a Tanga-rá para saber na Prefeitura o que fazer. Voltou com a orientação de não fazer nada por enquanto.

Os gafanhotos logo começaram a botar seus ovos semelhantes a grãozinhos de arroz no chão duro e quente das terras limpas. Isso lá pelo mês de novembro. Pouco tempo após a postura, morriam. Uns dez dias depois nasciam os fi lho-tes parecidos com grilinhos, mas sem asas. Na medida em que iam nascendo, mudavam de cor. Então papai montou a cavalo e foi novamente a Tangará. Na prefeitura obteve a seguinte orien-tação: dissolver em água, açúcar, arsênico e pulverizar as moitas onde ainda houvesse folha verde. Os gafanhotinhos comiam e morriam em quantidade impressionante. Além disso, meu pai organizou mutirões de quatro ou cinco homens e de oito a dez moças e crianças. Os homens, com picaretas e pás, iam abrindo valetas compridas e, com ramos de mato, as moças e crianças aju-davam a tocar os gafanhotinhos que iam pulan-do e caindo na valeta. A seguir, as valetas eram soterradas. Dessa forma, a comunidade, assim organizada, venceu a praga de gafanhotos sem poluir o meio ambiente.

Naquela época, como eu era pequeno e não po-dia trabalhar na roça, era escalado para moinhei-ro, isto é, ia a cavalo ao moinho, uns dez quilôme-tros de distância, trocar trigo por farinha, milho por fubá e arroz em casca por arroz descascado. Fazia isso para toda a vizinhança. Já era um bom cavaleiro. Saímos de lá quando eu estava na me-tade do segundo ano primário. Foi naquela escoli-nha que comecei a aprender a falar Português. Hoje, aquelas montanhas estão cobertas de pinus ou de mata nativa que se rege

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Algumas recordações

Cláudio Carlos de Oliveira (1959 - 1965)

imagem que ainda guardo do padre Mário Pennock coincide perfeitamente com a descri-

ta pelo bom observador Raimundo José Santana, em seu artigo “Esses meninos de Itchiubá”. Assim era realmente o seu sotaque. Fui seu aluno nas séries fi nais do ginásio, no IPN. Era professor de Inglês e muitas vezes costumava interromper as aulas para contar fatos de sua família deixada na longínqua Holanda.

Revelou-nos, certa vez, que tinha mais seis ir-mãos padres e uma irmã freira., pertencentes às mais diversas ordens religiosas: OFM – cap, CSsR, MSC, SDB. Por tamanha fecundidade vocacional numa só família, os Pennocks foram recebidos e homenageados pelo Papa Paulo VI, no Vaticano. Deu-nos uma foto desta homenagem, que ainda guardo com carinho.

Além de conhecedor de várias línguas, possuía inconfundível voz de barítono e tocava muito bem violino. Sua iniciativa e espírito de liderança nos proporcionaram agradáveis férias em Piranguçu, cidade onde foi vigário por muito tempo.

Graças a sua amizade com os proprietários ru-rais da região, pudemos fazer muitos passeios aos pomares de pera e maçã, frutas lá facilmente culti-vadas por causa do clima frio. Geralmente, os pas-seios pacífi cos e bucólicos feitos durante o diater-minavam em disputas bélicas durante a noite, pois parte das peras colhidas era guardada secretamen-te entre as roupas no dormitório, visando a uma possível ceia noturna e garantir munição para uma arriscada contenda às escuras, pondo em prática o velho e conhecido princípio dos romanos “ se vis pa-

cem, para bellum” ( Se que-res a paz, prepara-te para a guerra). O Irmão Francisco Strackx rezava as últimas orações da noite e fazia a ronda fi nal pelos corredores entre as camas e se retirava para os seus aposentos. O barulho da porta que se fe-chava, indicando sua saída do recinto, soava aos nossos ouvidos, ainda bem acordados, como o último toque da trombeta do Apocalipse. Uma vez relaxada a vigilância, inicia-va-se a batalha com peras inteiras ou aos pedaços voando sem direção pela escuridão. Quem recebia o impacto, sentia-se no direito de devolver na mes-ma moeda, ou melhor, na mesma pera. Assim, por alguns minutos, o espaço aéreo do dormitório era tomado por uma chuva de projéteis vindos de todas as direções. O silêncio de todos e a escuridão im-pediam que fossem identifi cados os comandantes da batalha. Terminado o embate, o sono reparador tomava conta dos beligerantes, que, na manhã do dia seguinte, comentavam com risadas o ocorrido, sempre bem longe do Irmão Franciscopara evitar represálias.

No IPN, o dormitório dos alunos fi cava no pri-meiro andar, portanto, numa altura que desen-corajava qualquer aluno mais afoito a pular de lá. Embora para nós tal façanha parecesse im-possível, certo dia, um de nossos colegas, ainda novato, vindo da região de Delfi m Moreira, apa-receu como braço engessado. Questionado como se acidentou, revelou-nos o inacreditável:havia pulado do dormitório. Não acreditando em sua versão do fato, fomos nos informar com os pa-dresque, certamente, dariam uma explicação mais verdadeira e confi ável. Disseram-nos que o tal colega não era nenhum Batman disfarça-do de seminarista, massofria de sonambulismo, doença que o fez andar meio sonolento pelo dor-mitório e se jogar pela janela. Na época, essa versão foi aceita como a verdadeira ,mesmo achando muito improvável que alguém que pu-lasse, à noite, daquela altura , sofresse apenas uma fratura num dos braços.

Soube, há alguns dias, pelo noticiário de tele-visão, que duas moças de Itajubá se afogaram no rio Sapucaí. Lembrei-me, então, das muitas tardes de sábado e domingo que passávamos nadando nas prainhas do referido rio. Vez ou outra, éramos surpreendidos por um colega gritando por socorro.

Itajubá – Passeio à pedra vermelha (1962)

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Nessa situação, o Pe. Antônio Cortês mostrava todo a sua calma e serenidade, pois ao primeiro sinal de emergência, ele começava a desabotoar a batina, que tinha uma infi nidade de botões, e dizia com voz baixa e olhando para o rio: “ih!!! Olha lá o menino!” Diante da demora para se desvencilhar da batina, tirar os sapatos e a emergência da situação, ao co-legas tomavam a iniciativa de se atirarem na água e salvarem aquele que estava prestes a se afogar.

Naquela época, já sabíamos que o leito do Sa-pucaí era bem irregular, exigindo cuidado redo-brado de quem nele fosse nadar. Infelizmente, as moças do noticiário não sabiam disso.

Nos passeios pelos arredores de Itajubá, àsve-zes, éramos surpreendidos por alguma situação de perigo, como a que ocorreu na escalada do morro da Pedra Vermelha. Já tendo vencida grande parte

Diretor da Regional: Marco Rossoni Filho

(1961-1967)

a noite de 22 de dezembro, na casa paroquial do Santu-

ário de Nossa Senhora do Sagra-do Coração, no bairro do Pinheiri-nho, em Curitiba (PR), fi zemos

fi nalmente a nossa reunião com o Pe. Getúlio Sa-gin. Estavam presentes os membros da diretoria aclamados em 25.09.11 por ocasião da fundação da regional, mais o Angelo Garbossa Neto, gran-de mentor e uma espécie de presidente honorá-rio. Estava também o Pe. Vieira, que fora presen-ça importante na assembléia de setembro.

A conversa, iniciada na sala de estar da casa, teve seu prosseguimento ao redor da mesa de jantar, onde consumimos uma substanciosa e sa-borosa sopa (sons sibilantes como a sopa sorvida com satisfação), preparada com muita maestria pelo Pe. Getúlio, e regada com um bom vinho tin-to, gentileza do Bernardo. Vocês sabem que qual-quer reunião, para ser produtiva, deve ser prece-dida de uma refeição revigorante... E o vigor preparatório foi iniciado com a leitura e reza de trechos escolhidos do Manual de Orações MSC.

(E aqui cabe um importante parêntese. Go-mes, você sabia da existência desse Manual de Orações MSC? Eu nunca ouvira falar, até que me deparei com ele na sala de estar do Santuário. Impresso em 2003, foi apresentado pelo Pe. Tarcísio Machado, Provincial, como a NOVA edi-ção do Manual. Será que é proibido para os ex-seminaristas? Entendo que seria um ótimo elo de união com a Congregação. Através do Manual de Orações MSC, rezaríamos juntos as mesmas preces, reforçando o espírito devocional MSC. Sugiro que você pense no assunto e, se achar válido, converse com seus contatos na Ponte Pe-quena, em cuja Gráfi ca e Editora Chevalier foi impresso. Poderia ser disponibilizado para aqui-sição nos encontros.)

da íngreme subida, desceu, repentina e inespera-damente, uma avalanche de terra úmida e grama que, ao se encontrar com os “alpinistas” amado-res, arrastou um de nossos colegas na direção do penhasco, cujas paredes de pedra avermelhada davam nome ao local. Por sorte ou graças à prote-ção dos anjos, a avalanche enroscou em algumas árvores que ainda restavam antes da beirada do penhasco, permitindo que nosso colega Raimundi-nho saísse ileso, porém coberto de barro e folhas do meio da avalanche.

Terminando, recordo-me do Pe. José Maria de Beer, apaixonado por teatro e selos, que também pronunciava Itajubácom sotaque: “Itijubá”. Tão diversas como as mateiras de pronunciar Itajubá, são também as recordações que guardo dos anos que lá passei acolhido mineiramente por ela.

Regional Curitiba - Reunião de Diretoria 22 de Dezembro de 2011Regional Curitiba - Reunião de Diretoria 22 de Dezembro de 2011

Desde a primeira conversa com o Pe. Getúlio, ele mencionara seu desejo de reunir a Família Chevalier ao redor do Santuário, e que, para isso, precisava contar também com os egressos do seminário. Então, a nossa preocupação maior era entender o que signifi ca a Família Chevalier, o que se espera de ex-seminaristas nesta família e se existe alguma literatura ou manual orientativo. O padre informou que não há nada por escrito, e que a Família Chevalier está andando e rezando, fazendo seu caminho e se descobrindo enquanto anda. Ficamos do mesmo tamanho com que entramos. Como po-deríamos ver e sentir a idéia da Família? E como colaborar? Combinamos, então, que faremos uma Tarde de Meditação sobre a Família Cheva-lier, no seminário dos fi lósofos, no domingo, dia 25 de março. Os padres cuidarão da organiza-ção e das palestras, e nós buscaremos fazer contato com egressos dos seminários residen-tes em Curitiba e região, para participarem desse encontro. Para tanto, o Pe. Getúlio fi cou de fornecer-nos uma relação tão atualizada quanto possível desse pessoal. Anotamos tam-bém, em nossa agenda de compromissos, as seguintes datas:

- 27 de maio – Dia de N. Sra. do Sagrado Cora-ção, com festa no Santuário.- 05 de agosto – Festa no Seminário- Outubro (ainda sem dia marcado) – Congres-so da Família Chevalier.

Dependendo de como for a Tarde de Medita-ção, repetiremos a experiência, preparando-nos para o Congresso de outubro. Para fi nalizar a reu-nião, o Bernardo surpreendeu-nos, sacando sua harmônica (“gaitinha de boca”) do bolso, e delei-tou-nos com algumas músicas, inclusive de sua autoria. Com a Oração da Noite, a bênção do Pe. Getúlio e um exemplar cada um do Manual de Orações MSC, voltamos aos nossos lares com os corações leves e felizes.

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Quando a vida imita a arteRaimundo José Santana (54-61)

ão consigo me lembrar do ano em que, pela primeira vez, me encontrei com o Mário Jus-

tino Gomes aqui em São Paulo: talvez tenha sido lá pela década de 1980. Como ele morava também no Bairro Santana, volta e meia nos encontrávamos por aí, às vezes no Metrô, às vezes na feira de sá-bado na rua de casa. Quando isso acontecia, nos esquecíamos das horas: perdíamos, claro, o horá-rio do serviço ou, então, nem fazíamos feira. O assunto, em geral, era o mesmo: os nossos anos de IPN na década de 1950. E vinham estórias e mais estórias...algumas até bem macabras, qual-quer coisa parecida com aqueles contos de Álvares de Azevedo no “Noite na Taverna”, com a diferença de que nossos contos não eram de fi cção como os do poeta: eram estórias vividas naquela época mas vívidas para sempre em nossa memória.

Algumas delas vão aqui.O Mário nasceu na terra do pé-de-moleque, Pi-

ranguinho (cidadezinha a uns 10km de Itajubá), de família numerosa e de pouca renda, como a maioria das famílias dos seminaristas em geral. Se Ponce de Leon não achou, ele, Mário, deve ter

achado a fonte da juventude, pois conseguiu man-ter, mesmo já entrado em anos, a mesma cara e o mesmo corpo: nenhum cabelo branco, nenhuma ruga. Manso e humilde como um S. Francisco, um manto de seda no trato com gente e animais. De-pois que se aposentou então, nem é bom falar: camisa abotoada até o queixo numa pudicícia de congregado mariano, ia ele todos os dias, na parte da manhã, alimentar os pássaros da Praça da Re-pública com pedacinhos de mamão e banana, um hábito sagrado, como o do lendário e metódico Kant que, quando passava por certas ruas, propi-ciava aos cidadãos a oportunidade de acertar os relógios tamanho o seu compromisso com a preci-são do tempo. Mário viveu discretamente como um monge solitário e silenciário a vida toda. Temia incomodar e odiava ser incomodado e também ser alvo de atenções. Pálido como um nabo, sempre; desde os tempos de seminário, tinha um tiquezi-nho nervoso: a qualquer frase dita, ria, encostan-do os cotovelos na barriga e levando as mãos à boca como que tentando esconder o riso e, dada a timidez, também o corpo.

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E olhem que a vida lhe pregou poucas e boas.No IPN, ele e eu fôramos encarregados pelo Pa-

dre Adriano Van Iersel de, nas horas vagas, ajudar nos trabalhos da enfermaria. Certa feita, baixou lá um sujeitinho arreliado, briguento, olhinhos vivos e apertadinhos de serelepe, de nome Dinarte Sil-va, recém chegado da Fazenda do Cengó, municí-pio de Delfi m Moreira. O menino era um azougue, tinha um apetite de leão e uma saúde de ferro; quando pegava uma coxa de galinha, esbrugava o osso até não fi car um fi apinho de carne. Mas che-gou à enfermaria, naquele dia, todo espandonga-do, ardendo em febre; dizia que estava meio cam-baio, com o corpo meio surrado mas que não ia perder por nada a partida de futebol que estava acontecendo naquele momento, apesar da chuva intensa e da lameira do campo. Nós o advertimos de que ele deveria tomar um banho, tomar um antitérmico e ir para a cama descansar. Mas numa pequena distração nossa, cadê o dunguinha? Es-cafedeu-se, foi para o campo enlameado, onde di-vidia todas as bolas com os adversários; ele entra-va, de carrinho, na canela dos outros; se houvesse bola muito que bem, se não houvesse, não perdia a viagem, acertava as pernas mesmo, como se aquele jogo fosse uma fi nal de copa do mundo. A torcida o aplaudia pela raça portenha, e quanto mais o fazia mais ele se estiraçava e se espolinha-va, como um porco, naquele imenso lodaçal. Só conseguimos tirá-lo do campo no fi m do jogo: era um espantalho, com barro dos pés à cabeça. Lim-par aquele traste só com o emprego de um esgui-cho! Foi o que fi zemos. O Pe. Adriano chegou quando o colocávamos na cama, agora já menos encardido. O bichinho rangia os dentes e tiritava. O Padre medicou-o, recomendando-lhe repouso absoluto. A febre não cedia. O Padre lhe preparou

ainda mais alguma tisana no dia seguinte e nada de o moleque melhorar. Propusemos ao diretor que a família fosse chamada. Isso foi feito e seus pais o levaram para casa. Umas duas semanas depois soubemos que ele falecera. Foi um “auê” danado entre os colegas! Que é que ele tivera? Por que morrera? Como fora possível? Um mole-que de treze anos, forte, sadio, um gato de sete vidas, morrer assim estupidamente, sem mais nem menos?

Nunca soubemos de fato o porquê dessa morte.Aquilo nos chocou bastante mas não chocou

tanto como o fato narrado a seguir.As irmãs Gomes, família do Mário, eram muito

amigas das irmãs da família Simões, ali da Vila dos Remédios, em Itajubá. Se não me engano, eram professoras, em sua maioria. O Mário J. Go-mes veio para o seminário num ano; daí a um tempo, da outra família, veio o Sérgio Simões. Como as famílias já eram amigas, nem é preciso dizer que os dois continuaram muito amigos tam-bém no seminário. Uns dois ou três anos depois, Sérgio deixou o nosso convívio; logo a seguir, o Mário. Passado certo tempo, fi camos sabendo de mais uma triste notícia: o Sérgio Simões se suici-dara na cozinha de sua casa. Uma tragédia: o sui-cídio de um ex-seminarista!

Outro “auê” danado em nossa comunidade! Que é que ele tivera? Por que morrera? Como fora pos-sível?

Mas... passaram-se algumas décadas.Mário J. Gomes e eu, já ambos adultos e apo-

sentados, nos encontramos, certa ocasião, em São Paulo. O Mário estava nervoso; já não ria mui-to nem conseguia retirar o polegar direito da boca. Tremia bastante. Disse-me gaguejando:

-Santana, meu velho, estou com um remorso danado! Não sei o que faço. Matei minha irmã mais velha!

-Que estória é essa? Calma, meu amigo, você está até se parecendo com o Dmitri Karamázov do Dostoievski? Conte isso direito!

-Alguns meses atrás, Santana, bateu-me um banzo, uma saudade de minhas irmãs, sobretudo da mais velha que mora em Recife. Esta irmã, quando fi quei órfão, foi a mãe que eu perdera quando criança; foi ela, praticamente, que me criou; devo tudo a ela. Como você sabe, nossa família nunca teve posses; essa mais velha, so-bretudo, ganha muito pouco. Acho que um pou-quinho mais que um salário mínimo. Então pen-sei: sou um mal agradecido, um desnaturado, preciso ajudar essa irmã, que nunca mais vi; mas não vou dar-lhe simplesmente dinheiro porque ela vai fi car vexada e, briosa como é, não vai aceitar nada de minha parte. Fui ao meu Banco e perguntei o que deveria fazer para dar uma apo-sentadoria decente a uma irmã. O Banco fez lá várias contas e me disse que se eu depositasse R$200.000,00 numa determinada conta vincula-da, dada a idade de minha irmã, trinta dias de-pois seria possível começar a pagar à benefi ciária uma pensão de R$1.500,00 por mês até à sua morte. Pois bem, vendi uma casa aqui em São

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Paulo e depositei os R$200.000,00 no Banco, so-licitando que eu queria, pessoalmente, levar à minha irmã, em Recife, o primeiro pagamento por meio de um cheque visado. Trinta dias de-pois, lá fui eu para Recife com o cheque em mãos e contei à velha irmã a estória dessa aposentado-ria. Depois de uns bons minutos de choro, minha irmã fez um bolo para comemorar essa “santa visita” e ainda todo emocionada convocou as co-madres e vizinhas da rua para participarem do maravilhoso evento e conhecerem o seu “santo irmão de São Paulo” . Santana, a alegria dela foi tanta que aconteceu o inimaginável: ela sofreu um enfarte e morreu! Por que eu fui inventar essa maldita aposentadoria?

E o Mário parecia até usar as mesmas palavras do Dmitri Karamázov: “Eu mesmo estou estupefa-to até a epiderme, porque, enfi m, quem neste caso a teria matado senão eu? Não é verdade? Se não fui eu, então quem é que foi?”

E ele não se consolava.Numa outra ocasião, pela primeira e única vez,

o Mário veio-me visitar em casa, trazendo em mãos alguns jornais. Chegou logo dizendo:

-Sei que, se você não ler, não vai acreditar. Esta notícia aqui saiu também na TV. Trata-se de um colega de serviço, José Carlos Batista, que, numa noite de sábado, perdeu seus dois únicos fi lhos: um rapaz de 18 e uma moça de 16 anos, em dois tiroteios diferentes num intervalo de trinta minu-tos. O rapaz encomendou uma “pizza” para a fa-mília e, enquanto todos esperavam o motoqueiro, ele foi colocar um pouco de gasolina no carro do pai. Houve um assalto no posto de gasolina: che-gou a polícia e, no tiroteio, ele levou uma bala perdida. A moça, no mesmo momento, enquanto também esperava pela “pizza” fora abraçar uma colega aniversariante, na rua de trás: outros ban-didos assaltavam a casa; chegou a polícia e, no tiroteio, ela também levou uma bala perdida. Dois eventos violentos diferentes no mesmo instante! Uma família destruída! Que fatalidade, meu Deus! Meu amigo José Carlos Batista e a mulher fi caram em estado de choque. O motoqueiro, ao saber do ocorrido, nem entregou a “pizza”, é claro. A sorte é que essa família é espírita e os espíritas, creio

eu, sabem lidar um pouquinho melhor com esse assunto “morte”!

Lida e relida a notícia do jornal, o Mário fi loso-fava: “Santana, por que a morte não é um grande evento, que nós pudéssemos comemorar com fo-guetório, champanhe e balões coloridos e de que pudéssemos ser levados ao céu, num carro de fogo, como o profeta Elias?”

- Ora, Mário, disse-lhe eu, não sei o que seria melhor! Quem sou eu para ter uma resposta! O nascer, o viver, o morrer, eis aí uma questão sobe-jamente intrincada que é um tremendo desafi o para mim e, creio, para toda a humanidade, mas, tímido e encafuado como você é, tenho absoluta certeza de que você seria o primeiro a renegar essa idéia do carro de fogo! Mas, como diz um certo autor: “Nós vamos morrer e isso nos torna afortunados. A maioria das pessoas nunca vai morrer porque nunca vai nascer!”

Algum tempo depois dessa discussão, ainda en-cafi fado com o tema (ah! Essas vãs fi losofi as!), tentei ligar várias vezes ao Mário. Ninguém aten-dia. Resolvi procurar seu prédio ali na Garção Ti-noco, no Alto de Santana. E vejam o que os por-teiros me disseram:

- O Sr. Mário ia sagradamente tratar dos passa-rinhos todos os dias na Praça da República. Um dia desses, ele não desceu do apartamento. Fomos lá, tocamos a campainha. Como ele não abrisse, ar-rombamos a porta. Ele estava sentadinho num sofá, morto, e a sala estava cheia de pedacinhos de banana e mamão!

Fiquei pasmo. No entanto, acho que, se assim podemos dizer, foi a morte mais adequada a ele: quietinho, sozinho, como lhe apetecia, sem abor-recer ninguém, sem ser aborrecido por ninguém. Nada de carro de fogo nem de foguetórios! Partiu dali, nobre, empertigado e solene como o Presi-dente Abraham Lincoln, numa pose de quadro a óleo! Que Deus o tenha!

As estórias de Mário Justino Gomes, tendo como temas recorrentes “doença e morte”, me sugerem, de certa forma, com a apresentação dessa dura realidade da vida, traços reverberantes dos capí-tulos de fi cção macabra de nosso Álvares de Aze-vedo em “Noite na Taverna”.

É a vida imitando a arte.

Recordação - Peça Sabotagem - 1948

Na mesa Chico PaivaEm pé João Gomes e

Eugênio Sarmento

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Respingos Retóricos Antonio Henriques (37-52)

samba, em consonância com Noel Rosa, não se aprende na escola. De certa forma,

a Retórica também não se aprende nos bancos escolares. Há uma Retórica natural, inserida na linguagem do ser humano. A arte de persuadir transparece no dia a dia do convívio social na feira, na escola, na igreja e por aí vai.

As estratégias argumentativas, as formas de argumentar, os tipos de argumentos, isso apren-demos na escola. No rol de argumentos ofereci-dos pela ars rethorica, destacamos, agora, o ar-gumento ad personam, distinto do argumento ad hominem, ambos mais apropriados ao discurso confl itual.

O argumento ad hominem visa à desqualifi ca-ção do conteúdo do discurso do adversário; um discurso opõe-se a outro discurso. Já o argumen-to ad personam desqualifi ca a pessoa do oponen-te, ataca-lhe a identidade, construindo-lhe outra identidade. Salta aos olhos que o argumento ad personam é agressivo; ofende a pessoa, dá-lhe uma bofetada no rosto. Contrapõe-se, dessarte, às palavras de Sto. Agostinho: “ataca-se o peca-do, mas absolve-se o pecador”.

Enquanto o argumento ad hominem se rela-ciona ao lógos, o ad personam está afi nado ao páthos, isto é, à paixão e pode comportar uma aura de vingança. Lutero, por exemplo, não se limitava em mostrar possíveis contradições nos discursos dos papas, mas denegria-lhes as pes-soas.

“O papa Vos estisDeus est testis Teterrima pestis.”Também Erasmo foi vítima de Lutero que cha-

mava a ele (Erasmo) de Errasmus ou Eras mus. Os amigos de Erasmo o defendiam com a mesma forma de argumento:

“Quem não gosta de Erasmo Ou é frade ou é asno.”Nas paginas do “Inter-Ex” depara-se toda es-

pécie de argumentos o ad personam inclusive. Em nosso entendimento confi gura-se o argu-mento ad personam quando se fala que um alu-no era “prego torto”; ao se chamar, por mais de uma vez, o Pe. Donato de “anão narigudo”; ao se considerar o Pe. Germano “embrutecido”, “carrasco”, “desequilibrado”, “perigoso psicopa-ta”; ao se tachar o Pe. Adriano van Seelen disto ou daquilo.

A todos nós, é evidente que nos assiste o di-reito de criticar ao revolver os cacos do passado. Melhor fora não revolvê-los, mas onde enterrá-los, os cacos do passado? Verdade é que as críti-cas aguçam o espírito, mas est modus in rebus.

Os nossos mestres, alvos de críticas-pertinen-tes ou impertinentes; tempestivas ou intempes-

O tivas -, estão mortos e, assim não lhes é dado o direito de responder. Como fi ca então, o audiatur et altera pars, um dos princípios básicos do Di-reito? Outro princípio fundamental no Direito é o in dubio pro reo que exige prova plena e inarre-dável para condenar-se quem quer que seja; não basta a quase certeza de culpabilidade.

Não soa estranho encontrar-se nas páginas do “Inter-Ex” o argumento ad personam presente em toda forma de discurso seja religioso, políti-co, pedagógico, jornalístico e não sabemos mais o quê.

Entendemos que a boa crítica do passado deve levar em conta os critérios então vigentes. Os ex-seminaristas, vivíamos todos em uma época, cujo paradigma era o rigor, o autoritaris-mo, o dura lex sed lex e, ainda hoje, lei não se discute, cumpre-se. Nos dias de antanho não havia o Tratado da argumentação de Perelman, nem o dialogismo de Bakhtin.

Em tal contexto pode-se explicar – sem justi-fi car – até mesmo o bater de um superior num inferior. A propósito, em nossos seis anos de Pi-rassununga e outros tantos no escolasticato nunca correu a notícia de que alguém tivesse levado alguma palmada.

No mesmo contexto, pode-se explicar na Igre-ja o recurso ao argumento “terrorista”, isto é, o apelo ao medo do inferno. A pastoral do medo permaneceu na Igreja até o Concílio Vaticano II; graças à Teologia da Libertação, foi substituída pela “Pastoral da Esperança”. O recurso ao medo é aplicado ainda hoje em todas as esferas so-ciais. A propaganda contra o cigarro e as drogas, por exemplo, é sustentada pelo medo; o próprio Direito socorre-se do medo em expressões como “afi xe-se e cumpra-se”, “intime-se”, “conduzir sob vara” e outras tantas.

A Retórica (antiga e nova) ensina que, na con-clusão, se retoma o assunto. Nesse sentido, o leitor percebeu que Lutero construiu nova identi-dade para Erasmo, transformando-lhe o nome em Eras mus (eras rato). O “Estadão”, em tem-pos idos, não citava o nome de um ex-governa-dor de São Paulo, mas o tornava conhecido por improbus administrator. A gíria nas prisões não conhece as pessoas, mas, o “cara de cavalo”, o “coice de mula”, o “Chico Picadinho” e etc. E haja argumento ad personam.

Dissemos que o critério de crítica de hoje não vale para o ontem. Como por exemplo, a recém-criada “Lei da Palmada”.

Procuramos tecer esse pequeno texto com o fi o do lógos, com objetividade, fugindo, enquan-to possível, do páthos. Gostaríamos, como re-mate, de citar um ditado de sabor eclesiástico: in necessariis, unitas; in dubiis, libertas; in om-nibus, charitas.

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arodiando a poesia “Vou-me embora para Pa-sárgada” do grande poeta Manuel Bandeira,

sou induzido pela memória sem a preocupação da rigidez histórica e da ordem cronológica dos fatos a mergulhar num passado que relembra lugares, coisas, pessoas que realmente existiram e com as quais convivemos. Despeço-me do presente para partir pelos caminhos da memória para um passa-do tão saudoso.

Vou-me embora pro passado. Lá no Seminá-rio da Raia, em Pirassununga, havia coisas puras, saudosas que faziam bem ao nosso coração pue-ril. Lá o nosso universo não era tão grande, mas era o nosso pequeno grande mundo, povoado de sonhos, muitas atividades e esperanças. A vida corria risonha pelo pátio, onde se achava o espa-ço para os jogos e brincadeiras. No pátio, reser-vado a maiores e menores, jogávamos vôlei após o almoço e o jantar, bolinha de gude, pião, fi ncão, dama, xadrez,baralho e muitos outros jogos.

Tínhamos, no Seminário da Raia, o nosso que-rido Irmão Francisco que além da vigilância de 24 horas, dava vida a nossas recreações, inventando mil maneiras de nos ocupar. Do seu “store” ou almoxarifado mágico, saía ele sobraçando caixas de jogos, papel, varetas, linha para pipas, uma infi nidade de coisas. Aquela fi gura alta, todo im-pertigada, mãos nos quadris e cachimbo na boca,

Gino Crês (1948-1953)

DivagandoVou-me embora pro passadoVou-me embora pro passadoGino Crês(1948/1953)

vibrava ao contemplar aquelas pipas multicolori-das enfeitando o céu azul de Pirassununga!

O “Stratego” um jogo vindo da Holanda, hoje conhecido no Brasil como “Combate”, nos encan-tava a todos, durante as férias escolares de 20 dias em julho. Nessas férias, o Irmão Francisco se remoçava e esbanjava energia naqueles passeios a pé, em média 20 quilômetros ida e volta ao sítio do Batistela, do Bertasi e do Andreeta. Os semina-ristas, munidos de todos os apetrechos de caça e pesca, capitaneados pelo Irmão, chapéu de palha, guarda-pó branco sobre a batina preta, lá íamos nós felizes da vida, enfrentando a poeira da estra-da em busca de novas aventuras.

Quantas coisas, lugares e pessoas, este passa-do nos traz à memória, só que os 45 dias de férias de dezembro e mais referências ao Irmão Francis-co fi cam para o próximo “Divagando”. Há muito a se narrar a respeito do passado...

*Lendo o último Inter-ex, no. 118, o “Sombra”, na página 11, parabenizou-nos pela foto histórica com o título “cada batina é uma história”, pág. 23. Em seguida acrescentou: consiga outras.

“Sombra”, seu pedido é uma ordem. Segue uma foto retratando um grupo de escolásticos de 1958 que passaram pela Escola Apostólica de Pirassununga.

“Sombra”, apenas um alerta: “às vezes, você pega pesado! Vá devagar!

1- Ézio Monari2- Nivaldo Bortoliero3- Tomás de Jesus Beckman (Pe.)4- José Quirino dos Santos de Paula5- João José de Almeida (Pe.)6- Paulo de Castro Moreira7- José Augusto dos Santos8- Edmundo Cortez9- Genésio Geraldo Ginês10- Humberto Capobianco (Pe.)11- Almir Silva (Pe.)12- Berje Raphaelian13- Benedito Tarcísio de Lima (Pe.)14- Laureano Marques (Pe.)15- César Augusto Machado16- José Maria de Paiva17- Sebastião Cardillo

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Encontro com os crentesAlberto José Antonelli (1944 - 1950)

o Inter–Ex anterior tentei narrar como foi a missa no cemitério de Pirassununga. O Supe-

rior da casa, Pe. Antonio van Es ofi ciou a cerimônia do dia de Finados e nós, alunos, cantamos alguns cânticos defronte à capela. No fi m, a multidão pre-sente se espalhou e o grupo de menores recebeu autorização para passear um pouco, enquanto o padre fazia bênçãos nos túmulos. A turma dos se-minaristas maiores voltou para o colégio com o padre Henrique.

Gorduchinho, sardento, nariz arrebitado, dois anos mais velho que eu, o Salvador Andreetta an-dava aí por perto, tendo ao lado um colega da sexta. Sempre tivemos muita convivência, prin-cipalmente nos anos da Filosofi a e Teologia. Ele convidou-me: “venha conosco até o túmulo onde estão enterrados os meus parentes”. Uma única vez, em criança, estive na casa deste colega. Foi num passeio com o Irmão Francisco Stracks. Jun-to acompanhava-nos o seu irmão Aldo, também seminarista em Pirassununga. Caminhada longa, mais de uma hora, pela estrada empoeirada que seguia adiante até a cidade, então abandonada e pobre, de Cascavel. Hoje chama-se Aguai, municí-pio progressista, servido por excelente rodovia as-faltada. Todos gostaram do sítio com plantações, frutas, um poço fundo de onde tirávamos a água para o café e os refrescos no almoço. Já não tenho certeza do nome daquele outro colega, um dos vinte que haviam entrado no ano de 1944 comi-go no Seminário. Acho que ele voltou para casa

no mês seguinte, após os exa-mes. – No cemitério, andamos em zig-zag por entre os túmu-los durante uns dez minutos. Distraídos, em determinado momento nos encontramos envolvidos numa aglomeração de crentes da Assembléia de Deus. Percebemos isto ao che-gar perto de um senhor mo-reno, de palitó e gravata, bí-blia na mão, que subiu numa pequena elevação de tijolos e começou a falar bem alto. Mu-lheres de vestido até o tornozelo, cabelos longos soltos ou presos em cocuruto atrás da cabeça, re-petiam inúmeras vezes: “amem! Aleluia!” Canta-vam forte, abanavam os braços. Achei estranho, não estava acostumado. Anos mais tarde, como padre em paróquias, eu os encontrei muitas ve-zes. Admirava a devoção e seriedade com que re-zam, lêem a bíblia, obedecem àquelas prescrições severas que sua religião lhes impõe (bebida, ci-garro, dança, roupas, etc). Dei-me bem com seus pastores, conversávamos, fi zemos cultos ecumê-nicos, nossos corais se entrosavam para abrilhan-tar as cerimônias. O Concílio Vaticano II recomen-dou que as religiões procurassem se compreender e ajudar, já que temos todos um Pai em comum. - Nesta manhã em Pirassununga, forçamos a pas-sagem, mais uns passos à frente e chegamos à

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Pe. Antonio Van Es

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sepultura desejada. No granito marron lia-se: Eu-gênio Andreetta, Rosa Andreeta. “São da minha família”, disse o Salvador. Cada um de nós deve ter feito uma pequena oração e um sinal da cruz. Sem comentários voltamos a circular pelo cemi-tério colorido pelas fl ores que havia em cada tú-mulo. Velas queimavam em profusão e em alguns lugares a estearina derretida traçava riachos no chão. A fumaça me irritava o nariz: procurei não chegar perto. Os muros, postes, troncos de árvo-res, as guias de sarjeta pintados recentemente de branco, ofuscavam a vista sob o sol que nos queimava a cabeça. “Protetor solar?”, ninguém ja-mais ouvira falar. Quadra cinco, quadra seis, como é grande este local! “Aqueles devem ser parentes do Luiz Batistela”, falou o colega ao ler em voz alta o nome de um túmulo. “Quem é mesmo?”, perguntei. “Aquele grandão magricela da Tércia”, respondeu. Eu não o conhecia então. Poucos anos depois, tornou-se um dos meus melhores compa-nheiros no Escolasticado. Sendo o Batistelão encar-regado da horta e eu da parte elétrica, freqüen-temente tínhamos que trabalhar juntos na solução dos problemas com as máquinas usadas em Vila Formosa. Eu lhe emprestava chaves e ferramen-tas e ajudava a consertar tudo que enguiçava. De

um modo especial, dava trabalho aquele trator de duas rodas, útil para revirar a terra adubada da horta, lá em baixo, ao lado do poço. E, numa deliciosa conspiração, ele, fi lho de sitiante, com prática nestas coisas, ao meu pedido, ia buscar a mula La Belle no pasto, e ma entregava às quar-ta-feiras à tarde, para que praticasse equitação, na parte alta do terreno, onde jogávamos futebol. Tudo isto, “c´est clair, Monsieur!”, escondido dos olhos desconfi ados do Superior Pe Vermin. - Nes-te momento, em nossa frente, três senhoras, ao lado da sepultura baixa, conversavam e rezavam, juntinhas uma da outra. De onde estava, consegui ler a placa: Família Baptistella. Provavelmente nem eram da família do nosso amigo, já que a grafi a do nome não coincidia. Em outro túmulo, o Salvador leu e comentou: ”Germano Dix e Sara Arantes”. Estes são os pais do médico que vinha em casa, cuidar quando havia alguém doente”. Eu também algumas vezes, e penso que muitos alunos do meu tempo, um dia ou outro, passamos pelas mãos competentes do Dr. Eitel Arantes Dix. Foi o médico dedicado do seminário - para nós, ele não cobrava o serviço. Ou então com certeza baixava os preços, quando não havia outro jeito na Santa Casa local.

- Continua no próximo número.

Adelar Ponsoni, Ademar Pivetta, Adeval Romano, Afonso Peres da Silva Nogueira, Alberto Maria da Silva, Alfredo Martins Aguiar, Amaro de Jesus Gomes, André Mardula Filho, Ângelo Garbossa Neto, Ângelo Osmar Giombelli, Antoninho Marchesini, Antonio Altafi m, Antonio Henri-ques, Antonio Sérgio Marchi, Antonio Parolin, Ademar Antonio Galvan, Antonio Valmor Junkes, Aparício Cel-so da Silva, Armindo Dotta, Benedito Antunes Pereira, Benedito Ignácio, Bernardo Levandowski, Bonifácio Eu-frausino Barbosa, Bruno Vilibaldo Neuvalt, Carlos Alber-to Barbosa Lima, Carlos Hermano Cardoso, Carlos Mag-no Antunes Pereira, Carlos Savietto, Cláudio A Magna Bosco, Cônego Carlos Menegazzi, Dagmar Roque Sotier, Dalmo Gazzoni, Daniel Canale, Daniel Ricardo Billerbek Nery, Dimas Begalli de Figueiredo, Dolores Peters, Do-mingos Luiz Meneguzzi, Douglas Dias Ferreira, Edmundo Vieira Cortez, Edo Galdino Kirsten, Edwardus Martins Mechtilda Vande, Ênio José Correa de Moura, Erci Fri-go, Francisco Geraldo Rosário Filho, Geraldo Luiz Sigrist, Gerard Gustav Josef Banwart, Gervásio Canevari, Getú-lio Gonçalves, Gilberto Faria de Azevedo, Hildeu Borges de Figueiredo, Hamilton Soares Costa, Hélio Ampolini, Irinor Pedrinho Parise, Isaias José de Carvalho, Itelvino Giacomelli, Ivo Bottega, Ivo Luiz Bortolazzi, Jorônimo Alvim Rocha, João Costa Pinto, José Agostinho Buzza-nello, José Antonio Camargo R de Souza, José Benedito Filho, José Benedito Ribeiro II, José de Albuquerque, José Ércio Raimundo, Ernesto Schaffrath, José Gaspar de O Nascimento, José Genésio Fernandes,, José Gomes Alves Correa, José Luiz Zambiazzi, José Manoel Lopes Filho, José Maria Aguiar Santana, José Maria de Paiva, José Mauro Pereira, José Murad, José Possebon, José Quirino dos Santos, José Rimundo Soares, José Roberto P Carneiro, José Valentim Módena, Junes Giachin, Laer-te Costa de Toledo, Lázaro Antonio Pereira dos Santos,

Relação dos contribuintes de 2011Relação dos contribuintes de 2011Leonardo Mendonça Pinto, Leonildo Pedrinho Dal’osco, Licínio Poerch, Lucrécia Renó Ribeiro, Luiz Carlindo Ma-ziviero, Luiz Carnelós, Luiz Gonzaga de Almeida, Luiz Zagonel, Luiz Xavier Peres, Manoel dos Santos Ribeiro Pontes, Marcos de Souza, Marcos Mendes Ribeiro, Maurí-cio Cinotti Jordão, Mário Ferrarezzi, Mauro Pavão, Mau-ro Sérgio de Souza (Pe), Mauro Soares Freitas, Moacir Cristaldo Dacoregio, Nelson Pierdoná, Nilo Jorge F da Cruz, Odalécio Gazílio Scopel, Odilon Luiz Áscoli, Os-valdo Renó Campos, Paulo Babosa Mendonça, Paulo José S Peixoto, Pedro Tramontina, Raimundo José Santana, Raul Carraro, Raulino Bettoni, Rubens Dias Maia, Sebas-tião Mariano F de Carvalho, Sérgio José Sfredo, Sérgio Luiz Dall’Acqua, Sueli Pamplona Sarmento, Therezinha Antonelli, Valdemar Maganhoto, Valdir Luiz Pagnoncelli, Valdir Rebelatto, Wanderlei de Marque, Vanderlei dos Reis Ribeiro, Vitorino Alexandre Oro, Waldemar Chechi-natto, Walter Figueiredo de Souza.

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O homem de Roterdã e de La Douce France

Raimundo José Santana (54-61)

epois de minha saída do Noviciado, em Ita-petininga, em 1961, me afastei da Congrega-

ção dos MSC por, aproximadamente, quarenta e cinco anos. Hoje, já quase setentão, me arrepen-do. Deveria ter mantido contato não só com os an-tigos companheiros como também com os antigos mestres. Poderia ter acompanhado sua trajetória de vida para ter aprendido ainda mais com eles, desde aquela época até ao encerramento da jor-nada defi nitiva, a “aposentadoria no céu sereno” de que nos fala Camões. Dos mestres, quase to-dos já se foram; dos companheiros, muitos; os que fi camos, também já começamos a ouvir, à distância , o toque de recolher.

Especifi camente, esse homem do título vi-o, pela última vez, em 1960. Uma pena, porque privei com ele por sete anos e o tinha como um grande mestre e amigo. Uma fi gura singular, pouco com-preendida pela comunidade, a meu ver, pois, em-bora amigo de todos, havia nele um ar de reserva que o mantinha um tanto afastado dos alunos e dos padres: talvez um misto de respeito, idéias fi xas, timidez, ou, quem sabe, até um pouquinho de ar-rogância. Nunca soube precisar exatamente o que havia de errado com ele. Na época, ele me passa-va a impressão de que amava a sua cidade natal, amava muito a sua mãe e amava muito a Deus, mas vivia embirrado com a humanidade, numa espécie de sutil misantropia, algo parecido com as “delicadezas” de um certo general presidente que, por estas plagas, costumava dizer que preferia o cheiro dos cavalos ao cheiro dos homens. Não que ele não tentasse uma aproximação. Vez ou outra, até calçava chuteiras e chegava a participar de al-guma partida de futebol: arrepanhava a batina, prendendo-a com o cordão à altura do joelho e se isolava lá na ponta direita com aquele seu jeitão amargo e casmurro característico (num distancia-mento meio brechtiano do resto do time).

Mas isso não fi cava só no futebol; era em tudo: nas aulas, no teatro, nas apresentações lítero-musicais, o que, a meu ver, muitas vezes, acabava gerando um estresse gratuito para ele e para os que estavam próximos. Essas coisas eu não entendia nele! Por que sofrer por algo que, a rigor, nem deveria ter existido? Para tudo era meio burocrata e conservador, mas, contrariando suas próprias convicções (O essencial, costuma-va repetir, é tudo; o acessório é um nada e, em sendo nada, é desnecessário) vivia sofrendo por causa dos acessórios. Era um homem pensativo, olhar mortiço de candeia, ar de preocupação con-

stante, culto, pertinaz e, muitas vezes, irônico – uma ironia um tanto difusa e abrangente, de que ele se utilizava, acredito, como autodefesa, para não se meter em encrencas diretas com ninguém. O diabo, porém, é que não conseguia aprender com os fatos (às vezes de conseqüências desas-trosas) que sua imperícia ou falta de sensibilidade criavam. Como não permitia a aproximação dos outros, ensimesmava-se, guardava para si o que podia ser esclarecido num diálogo franco.

Quantas vezes, em sala de aula, se, por acaso, ele percebesse que estava, como o Batista, pre-gando no deserto para uma turma desatenta ou se algum aluno mais indisciplinado o incomodasse, fi cava possesso, mas não indigitava o desafeto, não apontava o Herodes adúltero, não individual-izava o erro; pelo contrário, socializava a culpa e, bufando e espumando, atrabiliariamente mirava a linha do horizonte como um ator dramático shake-speariano e, tal qual Hamlet, apostrofava o visível e o invisível, trovejando “potverdomen” para to-dos os lados. Cessada a borrasca, vinha a calm-aria, mas ele, ainda rezingando um pouco, pálido pelo desgaste, fi cava amuado e retornava ronceiro e cabisbaixo para seu quarto. Tenho certeza de que ele sofria muito com isso.

Gostávamos de suas aulas porque ele fugia do “script”, divagava muito: a matéria podia ser o emprego dos pronomes relativos “que” e “qui” em Francês, ele dava um jeitinho de fugir para Molière, Alphonse Daudet e, sobretudo, Paul Claudel. Es-sas fugas nos acabavam atiçando o gosto pela Literatura Francesa. Podia ser aula de Música ou de Gramática, terminava sempre com Paul Clau-del. Enchia a boca também e seus olhos brilha-vam quando falava de sua cidade natal, Roterdã: “que era isso, que era aquilo e inclusive ... o maior porto da Europa”.

Certa vez, nos preparou umas canções natalinas. Fomos até ao asilo dos velhos fazer uma “apresen-tação”. Lá, ele, amigavelmente convidou os “vel-hinhos” para cantarem também as músicas con-hecidas. Porém, houve um (o Zangado da turma), já beirando os noventa anos, corcunda, queixo en-costado ao peito, torto, torto como um ponto de interrogação, que nem quis sair da cama tamanha sua fraqueza. Nosso maestro vai até ele e diz:

-Amigo, faça uma forcinha, venha participar, venha cantar com a gente!

-Que amigo coisa nenhuma! Que forcinha? Que palhaçada é essa! Não te conheço! Não sou teu amigo! Não sou palhaço!

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E o velhinho “ponto de interrogação”, destem-perado, soltou o verbo! Achei que iria presenciar uma crise de apoplexia e ouvir alguns “potverdo-men”. Mas, não! Pelo contrário, nosso regente, muito sem graça e triste, ignorou a ofensa e, hu-milde, voltou a cantar com a gente o “Noite Feliz”. Talvez um efeito do Natal!

E as apresentações da orquestrinha e do coral do IPN? Nosso homem de Roterdã , num tempo em que não havia xérox, se entregava de corpo e alma, noite e dia, ao trabalho beneditino de co-piar partituras e partituras para cada instrumento. Uma piramidal dedicação! Todos notavam isso. Mas fazia poucos ensaios para a apresentação, às vezes apenas um e, assim mesmo, com muitos desajustes. Apenas um ensaio! Não sei o que ele pensava: esquecia-se de que nós éramos meros aprendizes, autodidatas diletantes que tentáva-mos aprender sozinhos cada instrumento, à base da mais pura curiosidade? Ninguém tinha um pro-fessor para seu instrumento. Não éramos a Fi-larmônica de Berlim e ele não era o Herbert Von Karajan, e os cantores não eram os Meninos de Viena. Bem, o resultado já era mais do que previ-sível: uma apresentação sofrível, e, como conse-qüência, um profundo estresse para todo o mundo . Nada pior do que um violino mal tocado! Não adiantava ele franzir o cenho, esbugalhar os olhos e chacoalhar nervosamente as mãos, com esgares simiescos e uma carantonha danada, implorando àqueles fajutos e abnegados músicos que subis-sem um quarto de tom. Aí já era tarde. O estrago estava feito. Inês já era morta!

Mas o que eu achava incrível é que o fi asco não servia de lição. Ninguém tinha coragem de falar com ele sobre as difi culdades de se tocar um vio-lino, uma clarineta ou uma fl auta sem professor. Próximo evento, próximo fi asco. E nada mudava! Só ele não via que suas noites de insônia, seu ár-duo trabalho, ia tudo para o beleléu! Era procurar sofrer de graça! Um exercício gratuito de autofl a-gelação em público.

Nunca me conformei com isso.Descobri, com o tempo, que, para as apresen-

tações de piano a quatro mãos, ele improvisava uma “mise-em-scène” bastante convincente: colocava o piano perto de uma janela aberta; a qualquer contratempo - um compasso descasado, uma pausa mal contada, um esbarro indevido nas teclas - interrompíamos imediatamente a música, soprando, disfarçadamente juntos e a plenos pul-mões, a partitura em direção ao chão, ao tempo em que nos levantávamos atabalhoadamente e ele, após um bem sonoro “potverdomen!” fechava com estardalhaço a bendita janela “causadora” do erro. A platéia nos perdoava, achando que a culpa era do vento. Fechada a ”corrente de ar”, começá-vamos tudo de novo, fazendo um “da capo”.

Eu percebia que ele sofria com esses artifícios, mas, ao mesmo tempo, me perguntava por que é que não ensaiávamos mais? Por que apenas fazer um ensaio às pressas e, depois, fi carmos todos nervosos?

Passadas as agruras, nos dias seguintes ele se voltava normalmente para as rotinas diárias e bu-rocraticamente tocava a vida, só se empolgando mesmo, nas aulas, se o assunto era Roterdã , “La Douce France” ou a música (“De la musique avant toute chose”, costumava repetir) . Então, mirava os alunos interessados nesses assuntos extracur-riculares e fantasiosos não mais com aquele olhar sofrido de Verônica, mas com um olhar brilhante, de verruma, e tome “Molière”, “Paul Claudel”, “Bach”, “Beethoven”, “Mozart” .

Embora um tanto paradoxal (tendo em vista seus ímpetos de cólera), tenho para mim que ele foi, à semelhança de seu famoso concidadão, o Erasmo, um genuíno preceptor humanista, sen-hor de uma elegância moral e uma polidez indis-sociáveis na cultura que nos transmitiu visando a nos fazer homens verdadeiramente Homens.

Quem esteve no IPN na década de 1950 sabe que estou falando - Potverdomen! - do ínclito e saudoso Padre Henrique Alofs!

Recordação - Peça O Martírio de São Genésio em 1951

HUGO, CELSO, ÉZIO, GERALDO SILVA, MOACIR, GERALDO PAIVA, PADRE HUMBERTO, FREI MAURO PASQUARELLI, NELSON ALTRAN, DURVAL CHECCHINATO, MELO E ANTONIO RI-BEIRO NA PEÇA – A GRAÇA ATRÁS DA MÁSCARA

- O MARTÍRIO DE SÃO GENÉSIO EM 1951

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João Costa Pinto (1953-1966)

Notícias da Província de São Paulo

I N T R O D U Ç Ã ONa introdução às Comunicações da Província (set/out), o Provincial, Pe. Ma-

noel, fala das fortes experiências que marcaram os últimos tempos em razão das enfermidades de alguns confrades e o acompanhamento dos seus funerais, refe-rindo-se aos padres Arlindo, Francisco Janssen, José Maria e Romeo e ao Ir-mão Antônio. De tudo o que fi zeram, fi cou o essencial, o amor que praticaram e a experiência que fi zeram de Deus. Disse também o Pe. Manoel da importância da Pastoral Vocacional e que 2012 será um Ano Vocacional. Mencionou a cele-bração da Semana Chevalier em alguns lugares e deu a notícia de que o Pe. Che-valier pode ser chamado “Servo de Deus”, pois o processo de sua beatifi cação foi acolhido e iniciado pela Santa Sé. Nas Comunicações da Província (nov-dez), duas informações muito signifi cativas estão contidas nas Nomeações 2012. Ses-senta anos de sacerdócio do Pe. João Crisóstomo Neto estarão completos em 20 de dezembro próximo e já estão sendo festejados. Primeira profi ssão religiosa, renovação dos três votos, profi ssão perpétua e ordenação de dois diáconos trouxeram animação e entusiasmo à Província.

VII Assembléia das Fraternidades Leigas MSC

A VII Assembléia das Fraternidades Leigas MSC aconteceu em Campinas, na casa de retiros Éremon, de 14 a 16 de outubro último. Presentes os padres Abimael, Lucemir e Valmir, o Fr. Otacílio, os semi-naristas da Filosofi a (Campinas), a assessora Irmã Rita Petra Kallabis e 90 participantes leigos das di-versas “fraternidades” da Província de São Paulo, vindos de São Paulo, Campinas, Itajubá, Marmelópo-lis, Bauru e Fortaleza-CE. Pretendendo dar início a sua Fraternidade Leiga, Bauru enviou 4 representan-tes. O tema da assembleia foi Justiça, Paz e Integrida-

de da Criação-JPIC, desenvolvido pelo Pe. Abimael, a partir de refl exões bíblicas, expondo que o conceito tem raiz no próprio Deus. A Ir. Rita, Missionária de Cristo, discorreu sobre o tema salientando os cuida-dos com o meio ambiente. A próxima assembléia, a VIII, deverá ocorrer em outubro de 2012, em São Paulo, e será organizada pelas fraternidades da Vila Formosa e de São Benedito das Vitórias. No fi nal da assembléia, o Superior Provincial, Pe. Manoel, apre-sentou uma síntese do Capítulo Geral e sublinhou a importância dos leigos na Família Chevalier.

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O diácono vem para servir

Encontros Vocacionais - Esperança vivaNo segundo semestre do

ano passado em quatro casas da Província, São Luís, Forta-leza, Campinas e Itajubá, fo-ram realizados Encontros de muitos jovens dispostos a sondarem seus corações, num clima de convivência espon-tânea e alegre, buscando ou-vir o chamado para a messe do Senhor. Falei em muitos jovens, pois são mais de se-tenta (70), o que é um fato promissor e de grande espe-rança para a Congregação.

No Santuário de N. Sra. do Sagrado Coração, dia 23 de outubro passado, Dom Agenor José Girardi, bispo MSC, conferiu a ordenação diaconal a Jackson Douglas Furtado Soares e José Saraiva Júnior, que já haviam recebido as Ordens Menores (Leitorado e Acolitato) em março de 2011. Dom Agenor salientou que o diaconato inspira-se nas virtudes do Coração de Cristo, “que veio para servir e não para ser servido.”

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Vocação indígena

Segue relato do Pe. Reuberson sobre ordenação diaconal de Sérgio de Jesus, no Amazonas. A celebra-ção eucarística é precedida de um ritual indígena, após o qual irrompe o solene canto de abertura. Está-se ini-ciando a ordenação diaconal de Sérgio de Jesus, jo-vem seminarista da etnia Tukana. É por demais valori-zada a ordenação de novos sacerdotes com o rosto e fi sionomia dos nativos da região de São Gabriel da Ca-choeira-AM. Eles poderão assumir com menor difi cul-dade o trabalho evangelizador nesse contexto de mis-são, às margens do Rio Negro, em meio a mais de 23 etnias e 18 línguas. “Durante a celebração, elementos indígenas se mesclam com os da liturgia romana. A en-trada da palavra é precedida de um rito local: casais com um guizo preso ao pé avançam pelo corredor cen-tral da nave da igreja, pisando fi rme no chão, provo-cando um som estridente e entoando som de beleza rara. As leituras são proclamadas em Tukano, Portu-

Evento de grande importância foi o 24º. Capítulo Geral (uma espécie de assembleia geral da Congrega-ção, com representantes de todas as províncias espa-lhadas pelo mundo), realizado na Espanha, em setem-bro de 2011, no El Escorial, cidade dos reis católicos. (Ver NR 3) Na pauta, os seguintes temas: Re-estrutu-ração: É preciso harmonizar a situação de cada pro-víncia às necessidades de toda a Congregação. Elei-

Capítulo Geral

ção do novo Pe. Geral: o atual, Pe. Mark McDonald, foi re-eleito e o Pe. Rafael Rodrigues, da República Dominicana, fi cou como vice. Tri-generalato: sinto-nia na direção geral das congregações MSC e das que foram criadas por um MSC. Vários artigos da Consti-tuição passam a tratar do Tri-generalato, prevendo-se encontros e cooperação entre os Conselhos Gerais: MSC, FDNSC e Irmãs MSC. Justiça, Paz e Integri-

guês e Baniwa. Ao ser chamado para apresentar-se ao bispo, o futuro diácono responde em sua língua “A´to nii”, ou, Presente! Na prece da ladainha, o ordenando prostra-se sobre um tapete feito de palhas nativas. Finda a liturgia da palavra, as preces são rezadas em 5 línguas, o que evidencia a diversidade cultural desse povo. Após a ordenação, o diácono fez seu agradecimento, que soou como verdadeira prece a Deus. Saudou o bispo, os pa-dres e os não indígenas que estavam presentes. Em Tukano, falou diretamente ao coração do seu povo, pe-dindo ajuda para ser fi el e feliz na missão que Deus lhe confi ou. E avisa que sua nova posição não lhe confere privilégios, mas, antes, o coloca a serviço do povo de Deus.” Um novo operário acabara de chegar para somar forças e dar assistência a mais de seiscentas comunida-des ribeirinhas. (Síntese, com adaptações, do texto do Pe. Reuberson Ferreira, MSC, publicado nos Anais de N. Sra. do Sagrado Coração, janeiro-2012).

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Formação Permanente

Semana Chevalier - II

Unifi cação do Postulantado

dade da Criação-JPIC: tema que faz parte da essên-cia da missão e não é algo periférico. Meios de Co-municação Social: incentivo para a missão. Irmãos é preciso incentivar a vocação dos Irmãos. (Nota da Re-dação: trata-se dos Irmãos Leigos que todos nós Ex-Alunos, conhecemos (P. ex.: Ir. Forgeron, Ir. Chico, Ir. Antônio) Leigos: deixar que sigam seu caminho e apoiá-los na missão. Formação: acolher melhor os seminaristas, que devem sentir-se amados por Deus e chamados a servir aos irmãos. Comunidades Interna-cionais: adotar o exemplo do Equador, onde trabalham MSC de vários países. h) Abuso de Menores: tema abordado com amplitude. Obediência: tema de desta-que que ocupou 3 dias de refl exão. Obedecer a Deus é o primeiro passo para assumir a identidade MSC.

De 12 a 15 de setembro PP, em Araruama-RJ, estive-ram reunidos MSC das três províncias, de São Paulo: Tarcísio, Jênisson Lázaro S. de Jesus e Lucemir Alves Ribeiro; da Pró-Província do Rio: Átila e Luis Otávio, anfi triões, Jean e Ricardo de Vila Velha, João, de Ri-beirão das Neves, Humberto, de Juiz de Fora e Marcio José, de Redenção (Pará). E fi nalmente da Pró-Provín-cia de Curitiba: Edson de Capanema e Cícero, todos eles recentemente elevados ao presbiterato, exceto o Pe. Átila. Momentos de convivência, confraternização, for-mação e espiritualidade. (Ver NR 2)

No mês de outubro de 2011 foram feitas duas ho-menagens ao Pe. Chevalier. A primeira teve lugar du-rante a semana que precedeu o dia 21 de outubro, dia do falecimento do fundador, nas escolas MSC, o Ex-ternato N. Sra. do Sagrado Coração, na Vila Formosa, em São Paulo, o Colégio Pe. Júlio Chevalier, na Vila Industrial, em Campinas e o Colégio John Kennedy, Unidade I (Pirassununga) e Unidade II (Porto Ferrei-ra-SP. Intensa participação de professores e alunos, com momentos de espiritualidade. Foi posta em rele-vo a importância do trabalho em equipe e de uma sau-

Semana Chevalier - I

dável competição entre os estudantes. A Escola em Pastoral é um processo educativo humanizante, ins-pirado na visão integral da pessoa, que oferece o en-sino e a evangelização. Pelos alunos houve apresen-tação de trabalhos como vídeos, poesias, paródias, visitas a asilos, muita música, propiciando grande animação em todas as escolas.

A outra homenagem ao fundador aconteceu na Re-gião Nordeste, de 17 a 21 de outubro, no Seminário Pe. Júlio Chevalier, em São Luís-MA, no qual foram realizados também um Encontro Vocacional e o im-portante Encontro do Setor Nordeste. Presença maci-ça dos MSC da Região, padres Francisco Tarcísio e João Crisóstomo (anfi triões) Domingos Higino, Mauro Fernando Ferreira, Jênisson Lázaro, Hu-bert Kilga, João Helder, Valdeci, superior de Ae-rolândia, e do Provincial, Pe. Manoel.

Por orientação do Capítulo Provincial, a partir de 2013 haverá um único Postulantado, que será cursado em São Luís-MA. Os três seminaristas que vão fazer em 2012 o primeiro ano do Postulantado em Campinas, já cursarão o segundo ano em São Luís, ano que vem.

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A Província de São Paulo está presente em pontos extremos do Brasil e conduz também a Missão no Equador, em campos distantes entre si, Quito, a capi-tal, Tixán-Palmira e Chunchi, nas encostas da Cordi-lheira dos Andes, e Puerto Viejo, banhado pelo Pacífi -co. Na paróquia Santa Narcisa de Jesus, fi cam o Pe. Antonio Carlos de Meira e o professo Gabriel En-rique Peña Vicente, com votos renovados por mais um ano. Periferia pobre, formada ao impulso de ocu-pações, terra sem assistência do poder público. Mas o povo vai aos poucos respondendo ao chamado. Há iniciativas boas e esperançosas. As capelas vão me-lhorando graças a pequenas atividades para arrecadar fundos. A quantidade de catequistas não dá conta do grande número de crianças. Fica-se distante dos ou-tros MSC da região serrana. Encontros só a cada três meses. O Pe. Alex retornou ao Brasil e o grupo de mis-sionários vai fi cando menor, mas os trabalhos prosse-guem. Vem sendo mantido o objetivo inicial que é a opção pelo mundo indígena (quíchua) e o auxílio nas dioceses onde faltam agentes de pastoral. Gabriel, o primeiro MSC equatoriano, tem tido um papel impor-tante de solidariedade e elo comunitário. Outros vêm sendo preparados. O Pe. Antonio lembra os 15 anos da Missão em solo equatoriano e sua experiência com três culturas do país: a mestiça, a indígena e a costenha, pas-sando da neblina e do frio da cordilheira ao calor do lito-ral. E acrescenta: “Creio que não podemos temer a mis-são e os lugares de desafi os missionários.” (Nota da Redação - Achei oportuno ressaltar a pastoral em Puer-to Viejo, um autêntico ministério em terra de missão.)

Foram as primeiras nomeações feitas pelo novo Provincial. Pe. Lucemir - Do Postulantado em Cam-pinas vai para o Propedêutico em Pirassununga, ca-bendo-lhe ainda administrar o Colégio JK. - O Pe. Humberto permanece como Diretor Geral do Colé-gio JK. - Pe. Tarcísio Machado - Será o pároco de Santa Rita em Pirassununga e Diretor do Colégio-Ex-ternato. - O Pe. Alex, voltando do Equador, será o administrador paroquial da Paróquia São José, em Campinas e Diretor do Colégio Júlio Chevalier. - Di-ácono Júnior Saraiva - Será o Formador do Postu-lantado, em Campinas e Diretor da Pequena Obra, residindo junto com o Pe. Alex. - Pe. João José - Será vigário paroquial em Delfi m Moreira, ajudando o Pe. Geraldinho (Alves Cassiano) na missão de atender as inúmeras comunidades da Serra da Mantiqueira. - Pe. Rosário - Vigário em Itajubá, residindo no IPN, no Noviciado. Pe. Cortez - Após experiência de três meses na África, será o novo Mestre de Noviços. Di-

Passos numa fronteira missionária

Nomeações 2012

ácono Jackson - Vai trabalhar em Piranguçu junto com o Pe. Nelson. O Pe. Gilberto saindo de Pari Ca-choeira segue para São Gabriel da Cachoeira e vai tra-balhar com os padres Jorge e Reuberson. Terá tam-bém o encargo de formador da diocese. - Pe. Ivo fi cará em Pari Cachoeira junto com o diácono Sérgio, da diocese de São Gabriel. – O Fr. Girley de Oliveira Reis continuará seus estudos teológicos e será o coor-denador da Pastoral Vocacional no sudeste. - Pe. Hen-rique Baptista Roberto - Está voltando à Província e será vigário paroquial na Paróquia São José, em Cam-pinas. - Fr. Fernando Clemente - Será o secretário provincial. - Pe. Air José - Assume a coordenação dos Primeiros Cinco Anos (Sacerdotes com até cinco anos de ordenação) - Pe. Vamir Teixeira - Segue como Ecô-nomo e será o Formador na Casa de Teologia. - O Pe. Joaquim dos Santos Filho continuará como pároco de São Benedito das Vitórias e irá morar na casa paroquial de Vila Formosa. - Pe. Mauro Sérgio de Souza - Tam-bém está voltando à Província e vai trabalhar no Santu-ário das Almas, na Ponte Pequena. - Pe. Eugênio Luís de Barros - Permanece na casa provincial e continuará atendendo a população carcerária.

Aos 20 de dezembro de 1952, o jovem João Crisós-tomo era ordenado presbítero. A data de 20 de dezem-bro de 2011 foi o início do ano jubilar dos seus 60 anos de sacerdócio, na pujança dos seus 85 anos de idade. Exerce seu ministério sacerdotal presentemente no Se-minário Pe. Júlio Chevalier, em São Luís, no Mara-nhão, onde também atende quatro paróquias. Dom Ri-cardo P. Paglia presidiu solene celebração eucarística, concelebrada pelo jubilando, pelo padres Higino, Luís Risso, Francisco Tarcísio e pelo padre diocesano Ma-noel Jr. Felicitações chegaram de toda parte do Brasil, da Casa Geral, da Província da Indonésia, onde o Pe. João trabalhou por vários anos, e do Pe. Mauro Pas-quarelli. Ao fi nal foi cantado com emoção o “Te Deum laudamos, Te Dominum confi temur”.

Pe. João Crisóstomo Neto60 anos de sacerdócio

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Votos Perpétuos

Votos Renovados

Primeiros Votos Religiosos

NR 1 - A fonte principal desta coluna do In-ter-Ex foram as Comunicações 614 e 615 da Província de São Paulo, período setembro a dezembro, com relatos do Pe. Provincial e ou-tros religiosos, preciosa ajuda do Lasinho, as-sim como notícias do Portal MSC (www.msc.com.br), da Revista Anais de N. Sra. do S. Co-ração, do site da Casa Geral e dados da inter-net. Ao transcrever as matérias veiculadas, meu objetivo é deixar os Ex-Alunos informa-dos sobre a Província. Inevitável às vezes a reprodução parcial de texto. Com espaço grá-fi co reduzido, as notícias seguem resumidas.

NR 2 – “Pró-Província” é uma província em formação ou ainda sem uma estrutura completa.

NR 3 - El Escorial - EspanhaEl Real Sítio de San Lorenzo de El Escorial

é um grande complexo que inclui palácio, mos-teiro, museu e biblioteca, localizado em San Lorenzo de El Escorial, município situado a 45 km de Madri. O mosteiro tem dimensões im-pressionantes. Fica num dos pontos mais al-tos da cidade, podendo ser visto mesmo antes de se chegar ao perímetro urbano. Sua super-fície é de 33.327 m2. Dispõe de 16 pátios, 88 fontes, 13 oratórios, uma basílica, 15 claus-tros, 86 escadas, 9 torres, 1200 portas e 2673 janelas. Isso sem contar os magnífi cos jardins externos e o bosque que o circunda. O nome de El Escorial vem de antigos depósitos de es-cória, procedentes de uma ferraria alí existen-te, que deram nome à aldeia situada nas pro-ximidades. O mosteiro-palácio está situado no pequeno município de El Escorial, distinto do de San Lorenzo de El Escorial, surgido poste-riormente junto ao monumento. Esse comple-to monumental, situado junto ao monte Aban-tos, na Serra de Guadarrama, foi construido a mando do rei Filipe II da Espanha, para come-morar a vitória na Batalha de San Quintin, em 10 de Agosto de 1557, sobre as tropas de Henrique II, rei de França, e para sepultura dos seus pais, o Imperador Carlos I e Isabel de Portugal, assim como dos seus próprios e dos seus sucessores. A planta do edifício, com as suas torres, recorda a forma de uma grelha, dizendo a tradição que assim foi feita em hon-ra a São Lourenço, diácono martirizado em Roma, no ano 258, no suplício da grelha e cuja festividade celebra-se em 10 de agosto, dia da Batalha de San Quintin.

No fi nal do ano passado, em 27 de novembro de 2011, os teologantes do 4º. Ano Ailton Rodrigues Damasceno, de Floriano-PI, e Michel dos Santos, de Campinas-SP, em solene celebração no Santuário de Vila Formosa, fi zeram sua Profi ssão Perpétua.

Na igreja São Benedito das Vitórias, Vila Formosa, os religiosos “Fratres” Fernando Clemente dos San-tos, Otacílio Barreto F. Jr., Girley de Oliveira Reis e Rodrigo Aparecido Domingues, renovaram, no dia 2 de dezembro último, seus votos sagrados de pobre-za, castidade e obediência.

Iniciando-se na vida religiosa e ingressando na Congregação, três jovens, Adeílson Carlos, Luiz Deivys da Silva e Marcelo Ascentales, professaram pela primeira vez os conselhos evangélicos, no dia 8 de dezembro, no Noviciado, em Itajubá. Os dois pri-meiros são da Pró-Província do Rio de Janeiro, e o terceiro, Marcelo, natural do Equador, está vinculado à Província de São Paulo.

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