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EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL EUROPEIA Prof. Victor Creti Bruzadelli

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Page 1: EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL EUROPEIA · Expansão Marítima e Comercial Portuguesa Definição: Período, aproximadamente entre os séculos XV e XVI, em que as nações europeias

EXPANSÃO MARÍTIMA E

COMERCIAL EUROPEIA

Prof. Victor Creti Bruzadelli

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Expansão Marítima e Comercial

Portuguesa

Definição:

Período, aproximadamente entre

os séculos XV e XVI, em que as

nações europeias iniciaram um

processo de exploração e

conquistas em novos territórios,

que ampliou o mundo até então

conhecido.

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A Europa entre os séculos XIV e XV

Período de transição entre a Idade Média e Moderna;

Europa como periferia do mundo;

Época de crises: fome, epidemias, guerras, revoltas populares...

Comércio concentrado nas mãos de árabes, genoveses e venezianos.

“Foi só no fim do século XV que a

Europa se tornou uma incubadora de importantes avançosmilitares, políticos, econômicos e culturais. Entre 1500 e1750, a Europa Ocidental ganhou ímpeto e se tornousenhora do ‘Mundo Exterior’, ou seja, dos dois continentesamericanos e dos oceanos. Mas mesmo então a Europa nãoera páreo para as grandes potências da Ásia. Os europeusconseguiram conquistar a América e obter a supremacia nomar principalmente porque as potências asiáticasmostraram pouco interesse por eles. O início da eramoderna foi uma época de ouro para o Império Otomanono Mediterrâneo, o Império Safávida na Pérsia, o ImpérioMogol na Índia e as dinastias Ming e Qing na China. Essesimpérios expandiram consideravelmente seus territórios edesfrutaram de um crescimento econômico e demográficosem precedentes. Em 1775, a Ásia era responsável por80% da economia mundial. A economia combinada daÍndia e da China representava dois terços da produçãoglobal. Em comparação, a Europa era um anão econômico”

(HARARI, Yuval N. Sapiens

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Visão de mundo dos Europeus

Mundo conhecido

através:

Cartografia Greco-

romana;

Mercadores italianos;

Viajantes e aventureiros:

Marco Polo;

Imaginário medieval.

“A que chamam Grande Índia é a mais

importante das regiões. [...] É o reino das pérolas. O

rei anda todo nu, mas cobre sua virilidade com um

pano mais rico e usa um colar de ouro, que é uma fiada

de safiras, rubis, esmeraldas e outras pedras preciosas.

Também usa no pescoço um cordão com 104 pérolas

grandíssimas e rubis de grande valor. E são 104

pérolas e pedras, porque tem de dizer, todas as manhãs

e todas as noites, 104 preces ou invocações aos seus

ídolos. [...] Além disso, usa braceletes de ouro

cravejados de pedras grandes, de alto valor. Usa nas

pernas outros aros de ouro, também com pedras finas.

Nos dedos dos pés traz anéis com pedras muito

grandes. [...] Quando o rei morre, queimam o seu

corpo numa pira monumental; então, os vassalos da sua

corte lançam-se às chamas e ardem também, para lhe

fazer companhia no outro mundo.”

(POLO, Marco. O livro das maravilhas do mundo)

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Visão de mundo dos Europeus

Mapa-múndi de Henricus Martellus (1489)Mapa-múndi segundo Ptolomeu, redesenhado

no século XV.

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Visão de mundo dos Europeus

O Oceano Atlântico era conhecido como Mar Tenebroso, porque acreditavam que ele

guardaria abismos e monstros marinhos:

Nau de Rui Vaz Pereira levantada por

um monstro marinho

Representação de monstros marinhos

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Visão de mundo dos Europeus

O monstrengo

Fernando Pessoa

O monstrengo que está no fim do marNa noite de breu ergueu-se a voar;À roda da nau voou três vezes,Voou três vezes a chiar,

E disse: “Quem é que ousou entrarNas minhas cavernas que não desvendo,Meus tectos negros do fim do mundo?”E o homem do leme disse, tremendo:

“El-Rei D. João Segundo!”“De quem são as velas onde me roço?De quem as quilhas que vejo e ouço?”Disse o monstrengo, e rodou três vezes,

Três vezes rodou imundo e grosso.“Quem vem poder o que só eu posso,

Que moro onde nunca ninguém me visseE escorro os medos do mar sem fundo?”

E o homem do leme tremeu, e disse:“El-Rei D. João Segundo!”Três vezes do leme as mãos ergueu,Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:“Aqui ao leme sou mais do que eu:Sou um povo que quer o mar que é teu;E mais que o monstrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo,Manda a vontade, que me ata ao leme,De El-Rei D. João Segundo!”

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Visão de mundo dos Europeus

O desconhecimento do mundo, sobretudo do Oriente, misturado ao imaginário

medieval, fazia com que os homens imaginassem seres fantásticos e fabulosos.

Um dos seres mais comumente representados nos livros medievais eram os acéfalos,

seres sem cabeça e com o rosto no abdome.

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Contexto Histórico

“Entre 1315 e 1317 sucedem-

se pesadas chuvas por todo o norte da

Europa Ocidental, de forma tão

intensa e ininterrupta que os campos

são devastados e as colheitas perdidas,

gerando uma situação de calamidade

para o mundo camponês e que se soma

aos vários anos bons que haviam

levado o preço dos cereais a níveis

bastante baixos. Sem colheitas e sem

poupança, o mau tempo inaugura o

grande movimento de crise do século

XIV.”

(SILVA, Francisco C. Teixeira da. Sociedade feudal:

guerreiros, sacerdotes e trabalhadores)

Crises do século XIV: necessidade de buscar novas fontes de renda e moedas;

Formação dos Estados nacionais modernos;

Início do desenvolvimento capitalista e mercantilista;

Renascimento Cultural: nova forma de ver e pensar o mundo;

Busca de expandir a religião católica;

Busca de especiarias do Oriente.

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Pioneirismo Português

Posição geográfica privilegiada;

Guerra de Reconquista (XI-XV):

Expulsão dos mouros da Península Ibérica;

Apoio da Igreja e da população;

Doação de terras: Afonso VI, de Leão, para Henrique de Borgonha;

Unificação territorial e monárquica prematura com independência do Condado Portucalense, sob o governo de D. Afonso Henriques (1139);

Continuidade da expansão territorial ao sul.

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Pioneirismo Português

Demais potências envolvidas na Guerra dos Cem Anos;

Espírito cruzadístico português;

Revolução de Avis (1385):

Desenvolvimento de uma elite burguesa e mercantil no século XIV devido a Peste Negra e Guerra dos Cem Anos;

Morte de Fernando I: disputa sucessória (1383);

Divisão da sociedade portuguesa: D. João I (Castela) e D. João de Avis;

Apoio da burguesia a D. João de Avis;

Batalha de Albujarrota: vitória de D. João.

Mar Português

Fernando Pessoa

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal?

Por te cruzarmos quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu

Mas nele é que espelhou o céu

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Pioneirismo português

Escola de Sagres:

Criada por D. Henrique de Sagres, o Navegador;

Avanços técnicos:

◼ Bússola;

◼ Quadrante;

◼ Astrolábio;

◼ Balestilha;

◼ Portulanos;

◼ Caravela.

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:

“Navegar é preciso, viver não é preciso”

(PESSOA, Fernando. Navegar é preciso)

Terra Brasilis, Lopo Homem (1519)

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Pioneirismo português

Servindo de ligação, correioe abastecimento nas armadas dasÍndias, as caravelas eram os naviosque melhor podiam enfrentar osventos contrários, ofereciam pequenoalvo aos inimigos, eram ligeiras efáceis de manobrar, adaptando-seperfeitamente às viagens de‘descobrimento’, pois ‘demandavampouco fundo, podendo chegar-se bemà terra’, acompanhando com certafacilidade a sinuosidade das costas esofrendo menos com o entra-e-sainas enseadas e costas dos rios.

(MICELI, Paulo. O ponto onde estamos)Esquadra de Pedro Álvares Cabral,

representado no Livro das Armadas

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Etapas da expansão portuguesa

Ceuta (1415);

Ilha da Madeira (1418);

Açores (1427);

Périplo Africano (1434-1488);

Cabo das Tormentas, atravessado por Bartolomeu Dias, passando a se chamar Cabo da Boa Esperança (1488);

Calicute, por Vasco da Gama (1498);

América, por Pedro Álvares Cabral (1500).

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Expansão Espanhola

Guerra de Reconquista (XI-XV):

Iniciada pelos reinos de Leão, Navarra, Castela e Aragão;

Apoio da Igreja e da população;

Unificação do reino espanhol: Isabel de Castela e Fernando de Aragão (1479);

Conquista de Granada: demora da unificação territorial (1492);

Contratação de navegadores estrangeiros;

Busca de uma rota para às Índias pelo Oeste.

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Cristóvão Colombo: um homem entre

dois tempos

Pensamento Medieval Pensamento Moderno

“Descobri que o mundo não era redondo da

maneira como é descrito, mas da forma de uma

pêra que seria toda bem redonda, exceto no local

onde se encontra a haste. Estou convencido de que

aqui é o paraíso terrestre, onde ninguém pode

chegar se não for pela vontade divina”

Carta aos reis de Espanha (1498)

“Ninguém deveria ter medo de lançar qualquer

empreendimento em nome do Senhor, desde que tal

empreendimento seja correto e unicamente para

Sé, santo serviço. O Senhor confiou a execução de

cada atividade a indivíduos, mas tal acontece de

acordo com Sua vontade soberana, embora Ele dê

conselhos a muitos.”Livro das profecias (1500)

“Mas uma coisa ouso afirmar, porque há muitos

testemunhos, e é que vi nesta terra de Veragua

(Panamá) maiores indícios de ouro nos dois

primeiros dias do que na Hispaniola em quatro

anos, e que as terras da região não podem ser

mais bonitas nem mais bem lavradas. Ali, se

quiserem podem mandar extrair à vontade”Carta aos reis de Espanha (1503)

“Eu fui para o mar quando ainda muito jovem e

até hoje continuo a navegar. A arte da

navegação favorece àquele que deseja ter

conhecimento dos segredos deste mundo. Por 40

anos tenho estado a navegar. Naveguei em águas

dantes nunca navegadas... Nosso Senhor tem feito

prosperar este meu desejo e concedeu-me o

espírito de inteligência para tal.”O livro das profecias (1500)

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As viagens espanholas

1492: Cristóvão Colombo chega à América;

1499: Alonso Ojeda, Venezuela;

1500: Vicente Iañes Pinzón, rio Amazonas (Mar Dulce);

1513: Vasco Nunes Balboa, alcança o Pacífico;

1519: Fernão de Magalhães e Sebastião del Cano, viagem de circum-navegação;

1531: Francisco Pizarro, conquista do Peru;

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Relações entre Portugal e Espanha

Tratados náuticos:

Bula Inter Coetera (1493):

criação de um meridiano a

100 léguas de Cabo Verde,

ficando os territórios à leste

para Portugal e à oeste para

Espanha;

Tratado de Tordesilhas (1494):

revisão do primeiro tratado

alterando o meridiano para

370 léguas de Cabo Verde.

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Consequências da Expansão

Migrações e mestiçagens;

Integração dos mercados

econômicos mundiais;

Ascensão e

desenvolvimento da

burguesia;

Transculturação com

prevalência da cultura

europeia.Comércio Triangular entre Europa Ocidental,

África e Américas.

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(UNESP)

Ó mar salgado, quanto do teu salSão lágrimas de Portugal!Por te cruzarmos, quantas mães choraram,Quantos filhos em vão rezaram!Quantas noivas ficaram por casarPara que fosses nosso, ó mar!Valeu a pena? Tudo vale a penaSe a alma não é pequena.Quem quer passar além do BojadorTem que passar além da dor.Deus ao mar o perigo e o abismo deu,Mas nele é que espelhou o céu.

(Fernando Pessoa. Mar Português. Obra poética, 1960. Adaptado.)

Entre outros aspectos da expansão marítima portuguesa a partir do século XV, o poema menciona

Aplicação

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a) o sucesso da empreitada, que transformou Portugal na principal potência europeia por

quatro séculos.

b) o reconhecimento do papel determinante da Coroa no estímulo às navegações e no

apoio financeiro aos familiares dos navegadores.

c) a crença religiosa como principal motor das navegações, o que justifica o reconhecimento

da grandeza da alma dos portugueses.

d) a percepção das perdas e dos ganhos individuais e coletivos provocados pelas

navegações e pelos riscos que elas comportavam.

e) a dificuldade dos navegadores de reconhecer as diferenças entre os oceanos, que os

levou a confundir a América com as Índias.

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a) o sucesso da empreitada, que transformou Portugal na principal potência europeia por

quatro séculos.

b) o reconhecimento do papel determinante da Coroa no estímulo às navegações e no

apoio financeiro aos familiares dos navegadores.

c) a crença religiosa como principal motor das navegações, o que justifica o reconhecimento

da grandeza da alma dos portugueses.

d) a percepção das perdas e dos ganhos individuais e coletivos provocados pelas

navegações e pelos riscos que elas comportavam.

e) a dificuldade dos navegadores de reconhecer as diferenças entre os oceanos, que os

levou a confundir a América com as Índias.