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1 EXPANSÃO DO AGRONEGÓCIO DO LEITE NO SUDOESTE DO PARANÁ: AS TECNOLOGIAS APLICADAS A PRODUÇÃO Pablo Jonas Camilo 1 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE [email protected] Resumo Este trabalho busca em um primeiro momento fazer uma breve descrição a cerca das mudanças ocorridas nos modos de produção agrícola com o surgimento do agronegócio. Tendo este entendimento como base para a explicação a cerca das mudanças ocorridas e o comportamento da produção de leite do Sudoeste de Paraná com a inserção de novas tecnologias. As observações a cerca de tais mudanças estão calcadas na ideia de que a produção de leite e como ela se apresenta no território não se da por si só, faz parte de uma ampla gama de estruturas relacionadas que compõem toda a cadeia produtiva de leite. Palavras-chave: Agronegócio. Leite. Território e tecnologia. Introdução O Sudoeste do Paranaense é uma região na qual a agricultura tem grande importância, atualmente com um destaque para o crescimento da produção leiteira o que tem transformado a região em uma importante área de captação e industrialização do leite. O entendimento desse processo em seu todo, pois o mesmo envolve uma gama de informações que precisam ser trabalhadas e bem interpretadas, sendo assim, a analise foi concentrada principalmente no processo de especialização do setor de produção e o papel das tecnologias, apresentando a possibilidade de um maior desenvolvimento econômico para a região. Aponta-se por tanto a agricultura familiar como principal característica do modo de produção agrícola do território e com ela esta mesclada ao agronegócio. Destacam-se os benefícios da formação de uma estrutura agroindustrial e os problemas criados a partir das dificuldades encontradas pelos produtores da região em se inserirem no agronegócio e utilizarem as tecnologias que potencializam a produção. Nesse sentido, compreender as transformações que vêm ocorrendo na região Sul do Brasil torna-se obrigatório para se analisar com maior precisão o verdadeiro papel de tais transformações em nível nacional. Nesse aspecto, a região tem um papel fundamental, por ser percussora dessa dinâmica onde estão ocorrendo os mais modernos investimentos, fornecendo um caráter especifico no modelo de produção.

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EXPANSÃO DO AGRONEGÓCIO DO LEITE NO SUDOESTE DO PARANÁ: AS TECNOLOGIAS APLICADAS A PRODUÇÃO

Pablo Jonas Camilo1 Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE

[email protected]

Resumo Este trabalho busca em um primeiro momento fazer uma breve descrição a cerca das mudanças ocorridas nos modos de produção agrícola com o surgimento do agronegócio. Tendo este entendimento como base para a explicação a cerca das mudanças ocorridas e o comportamento da produção de leite do Sudoeste de Paraná com a inserção de novas tecnologias. As observações a cerca de tais mudanças estão calcadas na ideia de que a produção de leite e como ela se apresenta no território não se da por si só, faz parte de uma ampla gama de estruturas relacionadas que compõem toda a cadeia produtiva de leite. Palavras-chave: Agronegócio. Leite. Território e tecnologia. Introdução O Sudoeste do Paranaense é uma região na qual a agricultura tem grande importância,

atualmente com um destaque para o crescimento da produção leiteira o que tem

transformado a região em uma importante área de captação e industrialização do leite. O

entendimento desse processo em seu todo, pois o mesmo envolve uma gama de

informações que precisam ser trabalhadas e bem interpretadas, sendo assim, a analise

foi concentrada principalmente no processo de especialização do setor de produção e o

papel das tecnologias, apresentando a possibilidade de um maior desenvolvimento

econômico para a região.

Aponta-se por tanto a agricultura familiar como principal característica do modo de

produção agrícola do território e com ela esta mesclada ao agronegócio. Destacam-se os

benefícios da formação de uma estrutura agroindustrial e os problemas criados a partir

das dificuldades encontradas pelos produtores da região em se inserirem no agronegócio

e utilizarem as tecnologias que potencializam a produção.

Nesse sentido, compreender as transformações que vêm ocorrendo na região Sul do

Brasil torna-se obrigatório para se analisar com maior precisão o verdadeiro papel de

tais transformações em nível nacional. Nesse aspecto, a região tem um papel

fundamental, por ser percussora dessa dinâmica onde estão ocorrendo os mais modernos

investimentos, fornecendo um caráter especifico no modelo de produção.

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O comportamento da agricultura frente ao desenvolvimento econômico. As criticas formuladas sobre modernização da agricultura nos remete a uma reflexão a

cerca da trajetória histórica da formação econômica e social do Brasil, considerando

que, este processo está diretamente relacionado a tal formação. Os estudos sobre as

teorias criadas por, Marx, Vladmir Lênin e Karl Kautsky que vão nortear as

interpretações de muitos estudiosos que assumem o compromisso de descrever o

processo de modernização da agricultura e seus efeitos sobre o desenvolvimento

econômico brasileiro, mas que também permitem percebermos como o modo de

produção agrícola sofreu transformações, dentre eles destacamos, José Graziano da

Silva, José Sidnei Gonçalves, Ignácio Rangel, ZanderNavarro entre outros.

As condições históricas configuraram a economia do Brasil do sec. XV ao XIX com

aspectos agrários diretamente subordinados a metrópole a este período rotulou-se o

Brasil como agrário exportador. Nossa economia, portanto era quase que totalmente

baseada na produção agrícola para abastecer o mercado externo, não possuíamos uma

indústria nacional considerável a não ser por algumas manufaturas de bens primários e

um comercio não muito significante.

O complexo rural era ostentado por uma autossuficiência, ou seja, a grande maioria dos

agricultores era subsistente com algum excedente comercializável. Múltiplas atividades

eram efetuadas pela produção natural, na qual a agricultura era apenas mais uma dessas

atividades, o tempo era gasto com outras atividades como construção de casas,

ferramentas, confecção de roupas e utensílios domésticos. Podemos perceber que a

população Brasileira não era prejudicada pela situação de precariedade de uma indústria

e mercado, pois o complexo rural conservava resquícios feudais.

A partir dos anos 60 um forte debate a cerca do processo de modernização da

agricultura que visava à desagregação do complexo rural para o complexo

agroindustrial. O elemento central para essa passagem é o desenvolvimento interno de

um mercado capitalista que deveria surgir do fim da pequena produção mercantil e o

surgimento de uma produção voltada ao comércio. Via de regra isso não era difícil de

acontecer, pois o desenvolvimento capitalista não necessita de um mercado prévio, tal

mercado surge à medida que outros processos são criados, principalmente a divisão

social do trabalho. “Modificam-se, assim, as condições de vida da população, o que reflete na procura de bens e serviços de consumo “praticamente diferentes” dos antigos. Alem disso, para viabilizar o aumento do intercambio implícito na divisão

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social do trabalho, expandem-se os serviços de comercio, transporte e governo, o que supõe também uma procura de fatores maior e qualitativamente diferente da antiga”. RANGEL, 1955; Pág. 22

À medida que a divisão social do trabalho se intensifica o grau de especialização

também aumenta, a técnica é aperfeiçoada, as relações dos meios de produção são

otimizadas a produtividade aumenta e isso libera mão de obra do campo. Assim a

autossuficiência do complexo rural é comprometida com a desunião da agricultura e

artesanato e assim a agricultura passa a aproximar-se da indústria.

A indústria tem um conhecimento e controle maior sobre a natureza, aprodução deixa de

ser refém das forças da natureza, a agricultura transforma-se em um ramo de aplicação

de capital em geral, tornando-se subordinada ao capital, ocorrem mudanças nas relações

sociais e no nível técnico, onde todos os setores inclusive as políticas agrícolas estão

integrados a lógica do capital, assim não podemos entender a agricultura por ela mesma

faz-se necessário uma abordagem a cerca da ação da indústria sob o meio agrícola. Para

uma melhor consolidar tal expressão nos valemos do que já afirmou Marx, 1984: “se a

essência e aparência das coisas se confundissem irrelevante seria a ciência”.

Vale dizer que para produzir naagricultura contemporânea não basta mais ser apenas

proprietário de terras, em que pese ser este um dos pressupostos da produção; ocorre

que no movimento de reposição da produção agrícola deve-se levar em conta um certo

montante de bens de capital sem o qual a produção agrícola passa a ser

insustentável.Neste sentido, o trabalho agrícola mescla-secom o capital num contexto

marcado pela industrialização crescente da agricultura, processo no qual a terra- matéria

perde suas forças determinadoras das condições de produção em favor da terra capital.

As transformações ocorridas na forma de produção agrícola brasileira atingem todas as

camadas sociais, até mesmo aquelas que não se enquadram nas atividades agrícolas.

Resta aos produtoresagrícolas se inserirem na lógica do capital industrial e do mercado

adequando-se, adaptando-se, pois o aumento de produtividade significa redução de

preço, assim os produtores passam a buscar ganhos em escala. Procuram especializar-se

somente em poucas atividades rompendo sua autossuficiência e separando-se do agente

produtivo e do consumidor, logo a produção não é mais fruto da terra e do trabalho

humano, mas sim produto do capital.

Dentro de uma ótica Marxista a agricultura passa do processo de reprodução simples M-

D-M, caracterizada pela agricultura de subsistência e venda de excedentes, para um

processo de reprodução ampliada D-M-D’, agricultura como agronegócio onde o capital

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e aplicado para gerar uma mercadoria não para atender a necessidade básica do produtor

rural, mas para ser vendida e gerando mais capital. No Brasil intelectuais comoIgnácio

Rangel e José Graziano da Silva sustentam a ideia de que tanto o grande latifúndio com

a agricultura familiar ou patronal é gerido pela lógica de reprodução ampliada.

A partir da década de 1990 com a abertura econômica, o capital externo fez-se presente

na produção agrícola brasileira com mais intensidade via políticas neoliberais, com a

intenção de extrair o máximo possível deste ramo da economia, via processo de

integração ou fornecendo insumos e comprando a matéria prima. O termo agronegócio

passa a ser amplamente difundido e de forma radical e se formam os grandes complexos

agroindustriais que se apropriam da ciência, tecnologia, política (subsídios à produção)

e mercados consumidores que passam a ditar as normas para produção agrícola.

Transformações profundas ocorrem nas atividades produtivas e indústrias e que

transformam as matérias-primas ou setores que apenas beneficiam os produtos

agrícolas. As melhorias nos meios de comunicação e transporte expuseram as bacias

leiteiras regionais à difusão de tecnologias industriais que lançaram os produtos

perecíveis ao mercado nacional. Assim são modificações tecno-econômicas somadas à

criação e ampliação da concorrência que estão diretamente relacionadas aos processos

de produção de leite na região.

Sinais da evolução tecnológica na cadeia produtiva de leite. Existem sinais claros de que o setor leiteiro nacional está evoluindo sob o ponto de vista

tecnológico, manejo e rebanho estão diretamente norteados por novas tecnologias.

Práticas desprovidas de embasamento técnico, conclusões sobre a produção via

experimentação já não são mais utilizadas, e o complexo de inferioridade do clima

tropical esta sendo substituído pela garantia que a tecnologia oferece para produzir leite

em regiões consideradas problemáticas.

Os temas de interesse da cadeia produtiva principalmente no setor produtivo passam a

ser: qualidade do leite, dietas balanceadas, melhoramento genético, manejo racional de

pastagens, reprodução, conforto animal, técnicas de gerenciamento da propriedade entre

outros fatores que podem auxiliar na condução de um sistema produtivo com o

conhecimento cientifico acumulado no mundo.

Antes o enfoque prioritário era para construções, maquinas e equipamentos, e os

programas de incentivo por meio de credito subsidiados priorizavam investimentos em

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recursos não produtivos. As ações técnicas priorizavam sempre o aumento de volume

produzido o que era enaltecido pelas políticas das indústrias de laticínios que

remuneram o produtor pelo volume entregue e não pela qualidade do leite.

O interesse crescente por temas relacionados com gerenciamento do processo produtivo

indica que uma nova concepção sobre economia de produção vem se consolidado no

meio rural. Assim o preço do leite deixa de ser o único fator de interesse, como se fosse

o realmente limitante para se obter rentabilidade. Controle de gastos e cálculos de custos

é aceitos com naturalidade, e aparecem com frequência solicitações para aquisições de

planilhas, a fim de facilitar a tarefa de estabelecer o controle do processo produtivo.

Discutem-se temas como investimento por vaca, por unidade de área e retorno sobre o

capital implantado, revelando leite como negócio. A preocupação com qualificação e

treinamento de mão de obra são, hoje, assuntos frequentes na administração de fazendas

leiterias2, indicando que novos conceitos estão sendo requisitados para a compreensão

da atividade produtiva. O conceito de leite como negocio não pode ser desvinculado do

uso de conhecimento técnico cientifico e estes de uma disposição de capital e mudança

de conceitos.

É valido perceber que utilizar o termo industrialização no campo serve para designar a

extensão do modo industrial de produzir na agricultura, cujas magnitudes e ritmos

dependem das condições de reprodução dos interesses dos grupos sociais que atuam

cadeia produtiva, neste caso, os produtores de leite, freteiros e indústrias de

beneficiamento, bancos para a ponte com o capital financeiro e fabricas de maquinas e

implementos; não deixando de considerar o papel do Estado. Neste sentido o termo

expressa independência da produção agrícola em relação às limitações naturais e do

trabalho humano.

“O longo processo de transformação da base técnica – chamado de modernização – culmina, pois, na própria industrialização da agricultura. Esse processo representa na verdade a subordinação da Natureza ao capital que, gradativamente, liberta o processo de produção agropecuária das condições naturais dadas, passando a fabricá-las sempre que se fizerem necessárias. Assim, se faltar chuva, irriga-se; se não houver solos suficientemente férteis, aduba-se; se ocorrerem pragas e doenças, responde-se com defensivosquímicos ou biológicos; e se houver ameaças de inundação, estão previstas formas de drenagem”. GRAZIANO, 1998;Pág.03.

Em alguns setores como os de mecânica, química rações e embalagens as

transformações são tão intensas que passam a atuar em mercados oligopolizados e que

passam a depender de ações do Estado no que diz respeito a políticas

creditíciasdirecionadasaos produtores rurais para que estes tenham acesso a tais

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mercadorias e as novas formas de produção. Estes fatos são reflexos das políticas

desenvolvimentistas de substituição de importações que acarretaram uma expansão e

diversificação do consumo de todos estes produtos.

Assim para estes setores se torna fundamental a expansão da industrialização do campo

levando a uma contradição de interesses entre campo e indústria ou em alguns casos a

somas de interesses para pressionar um terceiro agente, o Estado. As determinações que

unem interesses industriais e agrícolas e de exigências políticas e econômicas que os

levam a disputas pelos preços o qual o Estado esta presente ativamente.

Diante do exposto passamos a considerar que a dinâmica da produção de leite no

Sudoeste do Paraná esta vinculada a formação do complexo agroindustrial. Mas existem

alguns fatores que criam distorções nos processos difusores das novas tecnologias e das

novas formas de produção. Veremos isso no texto seguinte.

Fatores alterados na produção com o uso de tecnologias. Com base nas observações feitas nas propriedades do Sudoeste do Paraná destacamos

aqui alguns itens da produção de leite que sofreram mudança e que apresentaram

aspectos positivos àprodução.

Maquinas e equipamentos: foram os primeiros a serinserida a produção de leite

influenciado por dois fatores. Primeiro porque como foi dito anteriormente os

programas de subsídios priorizavam a compra de tais mercadorias, segundo com a

formulação da instrução normativanº 51, do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária

e Abastecimento), que estabelece novas regras para a produção de leite onde o eixo

principal épadronizar normas de qualidade para o leite o qual seria alcançado apartir do

processo de granelizaçao do leite3. Rapidamente ocorreu uma ampla difusão de uso de

tanques resfriadores, ordenhadeiras, tanques isotérmicos rodoviários e ensiladeiras para

a produção de forragens e silagens. “Os resultados obtidos com o emprego de maquinas na agricultura evidenciam todas as características do progresso capitalista, com todas as contradições que lhe são inerentese, assim, comprovam as nossas afirmações. Se, até hoje, a agricultura esteve quase completamente marginalizada do processo de desenvolvimento social, graças amaquinas a produtividade do trabalho agrícola atinge um nível extremamente elevado” LENIN, 1982. Pág. 148.

O uso de tais equipamentos foi aquecido pela comodidade que oferece ao produtor rural

que não esbarra nas dificuldades físicas criadas pela ordenha manual, pelo uso

daordenha mecânica (por tanto a mais difundida entre os produtores) e pela vantagem

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de produzir um alimento (silagem) que pode ser armazenado e que garante a

alimentação do rebanho em condições climáticas adversas. Já o tanque de expansão (ou

refreador de leite) em um primeiro momento não teve grande aceitação, isso se deve ao

fato de que seu custo-benefício ainda é muito desproporcionais e muitos produtores não

são estimulados a adquirir tal equipamento por receberem o pagamento por volume e

não por qualidade. Muitos produtores usam o refrigerador domestico inclusive a

granel.Fato que pode ser observado nas imagens a seguir.

Fotos tiradas pelo autor em propriedades do sudoeste do Paraná.

Melhoramento genético do plantel: Este segundo fator tem grande significado para o

aumento da produção de leite na região Sudoeste. Agora que o problema com

alimentação, ordenha e armazenamentos estão resolvidos os produtores buscam seu

ganho em escala, ou seja, com o uso de novas tecnologias encontram a oportunidade de

produzir mais, e é com o uso de mais tecnologias que vão atingir tal objetivo.

O produtor Realcindo Leite de Salto do Lontra – PR com 59 vacas sendo 26 em

lactação passou por um processo de melhoria genética em seu rebanho, e alavancou de

forma expressiva sua produção, passando de uma média de 10 para 30 litros/vaca/dia

com duas ordenhas. Segundo Realcindo 60% deste aumento se deve a melhoria

genética. O restante ficou por conta da alimentação e do manejo que também foram

aperfeiçoados. Ele ainda afirma que foi um investimento que valeu a pena, apesar de ter

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demandado tempo e paciência. Hoje o rebanho é praticamente autossuficiente. “tenho

mantido o giro de animais somente com o que produzo, este ano já tenho bezerras

sobrando, que serão disponibilizadas para venda”, disse o produtor.

Manejo:No que diz respeito à ação do homem sobre os meios de produção de leite

alguns critérios são fundamentais para garantir o bom funcionamento do sistema

produtivo, dentre ele o uso correto dos recursos disponíveis e sua exploração máxima.

Para facilitar o esclarecimento do tema exposto dividimos os métodos de manejo em

três frentes. Primeiro o manejo de animas, segundo o manejo dos alimentos e terceiro o

manejo dos equipamentos e instalações.

A rápida difusão dos métodos de inseminação artificial que permitiram ao produtor um

aumento significativo na produtividade de leite culminou em um abandono do gado de

raça mestiço rústico e mais resistente a doenças (mastites) parasitas (carrapatos),

insuficiência alimentar e condições climáticas adversas, para a ampla utilização de raças

puras principalmente as Holandês e Jersey as quais apresentam um nível inferior de

resistência aos fatores relacionados acima, mas alta produtividade.

Para a grande maioria das propriedades familiares do Sudoeste do Paraná o uso de vacas

de raça pura e a falta de manejo adequado para estes animais acarretam problemas

frequentes como produtividade parcial, mortes precoces, gastos com medicamentos

veterinários.Resistência a novas técnicas de manejo são provocadas por resquícios

culturais de tempos passados onde o gado rústico era utilizado. Os produtores familiares

que apresentam essa resistência estão sob um regime de produção que se resume em

“tirar o leite e soltar a vaca no pasto” tal regime quando aplicado a vacas de raça pura

comprometem a produtividade.

Deficiência na difusão de programas de assistência técnica e treinamento de produtores

e ação das indústrias de laticínios que procuram apenas classificar o leite captando

somente o que estiver dentro das normas de qualidade sem preocupar-se com

proporcionar algum tipo de parceria ou integração com os produtores, demonstrando um

não envolvimento com o setor produtivo a não ser o de compra da mercadoria.

As novas raças devem estar associadas a alguns critérios de cuidado básicos como: água

potável e em abundancia (recomenda-se que a mesma água que o produtor utiliza em

sua residência seja disponibilizada para os animais), sombra nas áreas abertas de

pastagens que pode ser de arvores ou coberturas construídas – conforto térmico é um

fator importante para animais da raça Holandês, segundo Medico Veterinário Fernando

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Ferreira Pinheiro “a temperatura ideal para as vaca fica em torno de 05 a 25 graus”,

considerando que o verão da região Sudoeste apresenta temperaturas superiores a estas,

facilmente se observa animas com respiração ofegante e espuma ou baba em excesso

que são características de desconforto térmico que vai acarretar na diminuição de

ingestão de alimentos e consequentemente à diminuição na produção.

A limpeza da sala de espera de ordenha e do espaço para semi-confinamento4 é

fundamental para assegurar manutenção de sistema imunológico saudável. A utilização

de pastejo rotacionado com transferência periódica dos animais para diferentes piquetes

impede a degradação física do ambiente e diminui a formação de lama. O contato dos

tetos com a sugeria é um fator que vai contribuir para a proliferação de mastites,

infecções e problemas no casco que quando submetido a ambientes muito úmidos

tendem a amolecer e se danificar.

Foto tirada pelo autor em propriedades rurais do Sudoeste do Paraná.

Outro elemento que passou a ser amplamente utilizado pelos produtores são as rações e

concentrados para incrementarão da alimentação animal. A utilização de rações reflete

diretamente na produção de leite de animais de raças puras, isso faz com que oprodutor

se aproxime ainda mais das agroindústrias via processo de substicionismo5·.Assim

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Kautsky afirma que “No fim a indústria até chega a produzir, ela mesma, os materiais

que antes eram fornecidos pela agricultura, ou a substituí-los, de forma a tronar

supérfluos por esta ultima”. (KAUTSKY, 1986 Pág.248). Um dos problemas criados

com a utilização das rações é o seu uso irracional, a quantidade de ração consumida pelo

animal deve estar relacionada com o volume de produção, que apresenta variações

durante a lactação, muitos produtores não fazem este controle e fornecem um quantia

excessiva de ração para um animal que não dão retorno em relação aos custos.

Tais custos podem apresentar um dos principais entraves para o desenvolvimento

econômico do setor, observamos isso em uma pesquisa feita pelo Milk Point

perguntando aos seus leitores quais seriam os principais desafios para a produção

leiteira em 2012. A enquete contou com a participação de produtores de diversas regiões

do Brasil, e 36% das respostas apontaram os custos de produção como a maior

preocupação em 2012, mais até do que o preço do leite. A preocupação com os custos

dos insumos implica no uso eficiente dos recursos utilizados para a produção.

Monitoramento do mercado, atividade bem programada, com possibilidades de compra

de insumos em momentos estratégicos, redução do desperdício e aumento da eficiência

de produção.

Desafios para a produção de leite em 2012

Elaborado Equipe Milk Point

Qualidade e Quantidade:A introdução de novas tecnologias a produção de leite

permitiram aumentos significativos no volume produzido, basicamente os estimulantes

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de investimento por parte dos produtores são o aumento de produção, considerando sua

remuneração feita por volume e redução da mão de obra empregada, mas um terceiro

fatoresta encontrando dificuldades para se inserir na pauta de prioridade nas

propriedades familiares da região, a qualidade do leite. Ao contrario de que muitos

pensam o uso de ordenhadeira mecânica, resfriadores e uma total granelizaçao do leite

não garantem a qualidade do leite e muitas vezes com falta de cuidados no manejo e

limpeza de tais equipamentos podem transforma-los em difusores de agentes

contaminantes.

Em reportagem para a Folha de São Paulo no dia 21 de junho de 2005,Leandro Ponchio,

pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da

ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), afirma que o produtor

deverá oferecer leite de qualidade e constância no volume ofertado. Ponchio diz que o

produtor, além de volume, deve produzir também um leite com maior teor de gordura.

Adir Salla, diretor-presidente da Cativa (Cooperativa Agropecuária de Londrina Ltda.),

diz que essa qualidade virá com a IN 516, que também exige o resfriamento do leite na

propriedade agrícola e coleta a granel do produto.

São as melhorias nas técnicas de produção associadas ao aumento da renda da

população que possibilitam as empresas criar novos produtos derivados de leite que

exploram diferentes nichos de mercado, produtos dos mais simples, aos mais

complexos, com valor agregado que exigem matéria prima de alta qualidade. “Dentro deste setor, o produtor de leite típico do Brasil ainda trabalha com uma escala reduzidíssima e em condições muito além dos padrões técnicos aconselhados. A sinalização do mercado, porém é cristalina: vai permanecer na atividade aquele que for um profissional do leite. Nesta perspectiva, a qualidade do leite cru passa a ser o melhor termômetro das mudanças que estão ocorrendo no setor uma vez que a conquista da qualidade do leite só acontece mediante à profissionalização da cadeia como um todo”. DÜRR, 2004. Pág. 43.

O papel das cooperativas e das associações de produtores Em contra ponto a ação direta as indústrias de laticínios que buscam constantemente

adquirir maiores volumes de produto com qualidade e a preço baixo, os produtores

rurais passam a se organizar via sistema de cooperativas e associações e assim adquirem

um maior impacto sobre os agentes da cadeia, inclusive sob as ações do Estado.

Os produtores que seguem certas regras da agroindústria, mas que possuem parte do

domínio sobre os canais de comercialização e que fazem isso apartir de organizações

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institucionais (grupos, associações e cooperativas) tornam capazes de participar na

determinação de preços. Podem ser vistos como integrantes de mercados oligopolísticos

ou regionais com caráter competitivo. Como a concentração técnica e tecnológica,

grandes e pequenos produtores vão se distinguir de acordo com o volume de produção,

a e a capacidade de determinação do preço dos produtos adquiridos e vendidos, pois

passam a fazê-lo com volumes maiores por tanto mais significativos. Em um nível

menor os produtores organizam grupos onde o volume de leite produzido pelos

integrantes é somadoe lançado à venda em nome de um produtor apenas, o qual recebe

o pagamento e distribui entre as partes7.Negocia-se somente o montante total, em um

modelo de pagamento por volume praticado por muitas empresas a formação de grupos

permite um poder de barganha muito maior aos produtores e assim a obtenção de preços

melhores pagos por litro de leite.

Outra situação pode ser observada, quando os produtores formam associações

legalmente organizadas e burocratizadaspermitindo-lhes auxílios por parte dos poderes

públicos na aquisição de maquinas equipamentos e resfriadores de grande porte, o leite

e captado pelos próprios produtores e posto no resfriador comunitário que também lhes

permite vantagens na negociação do preço de leite.

Já se tratando de uma escala maior temos a formação de cooperativas, instituições tão

organizadas que acabam se apropriando de um numero e volume muito maior de

produtores de leite entrando no mercado SPOT ou adquirindo plantas industriais, veja o

que diz Kautsky “Mais para a agricultura que para a indústria, no entanto, as

cooperativas se configuram como instrumento vigoroso a serviço do desenvolvimento

econômico e para a transição do pequeno para o grande estabelecimento”(KAUTSKY,

1986. Pág. 359.) O exemplo mais expressivo da região Sudoeste é a formação de CLAF

– COOPERATIVA DE LEITE DA AGRICULTURA FAMILIAR, a nível nacional

temos as cooperativas ocupando os primeiros lugares no ranking de maiores

indústriascaptadoras do Brasil.

A formação destas associações nos levam a concluir que, as condições que determinam

a reprodução de cada unidade produtiva de leite não se detêm apenas a cada unidade

particular, mas à organização em que ela faz parte, seja esta de caráter direto produtor

indústria ou produtor – cooperativa – indústria.

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As múltiplas determinações da região Sudoeste do Paraná A pequena propriedade familiar rural que caracteriza a estrutura do campo no

Sudoeste do Paraná quando analisados macroeconomicamentedentro de um livre

mercado concorrencial faz com que pensamos nas suas limitações produtivas e de

inserção aos novos parâmetros de modernização, logo somos levados a concluir que

tal estrutura não poderá ostentar-se em meio às novas formas de produção voltadas

aindústria. Tais conclusões são adquiridas quando não levamos em conta a presença de

subsídios, incentivos, as cooperativas, as lutas institucionais, os interesses

socioeconômicos ligados aos principais produtos agrícolas que se fortalecem a medida

que o empreendimento capitalista esta sob fase de adaptação e muitas vezes ainda

inviável de aplicar-se.

Segundo a reportagem exibida na Gazeta do Povo no dia 30/06/2009 escrita por

Deonir Spigosso, sobre os motivos do avanço da produção na região, o agrônomo da

Emater Regional de Francisco Beltrão e coordenador da Via Tecnológica, Orley

Lopes, aponta a união de vários fatores, desde 1999. “O Sudoeste é formado por

pequenas propriedades que estão aderindo ou ampliando o rebanho leiteiro8. Em

paralelo, está sendo desenvolvido o trabalho de orientação pelos técnicos da Emater e

das prefeituras estimulando o aumento da produção por animal.” O manejo e a

tecnologia fizeram com que a média de produção subisse de 4 litros por dia por vaca

para 6 litros. A meta da Emater é fazer com essa média dobre, elevando

consideravelmente a produção regional.

Um exemplo é o programa Balde cheio, idealizado pela Embrapa Gado de Leite é uma

metodologia inédita de transferência de tecnologia que contribui para o

desenvolvimento da pecuária leiteira em propriedades familiares. Seu objetivo é

capacitar profissionais de extensão rural e produtores, promover a troca de

informações sobre as tecnologias aplicadas regionalmente e monitorar os impactos

ambientais, econômicos e sociais, nos sistemas de produção que adotam as tecnologias

propostas. A capacitação e a troca de informações acontecem na propriedade rural,

que se torna uma sala de aula, chamada de unidade demonstrativa (UD), alem dissoa

programação inclui aulas teóricas e praticas aos produtores, nas propriedades

selecionadas. Os municípios do Sudoeste do Paraná integrados ao programa Balde

Cheio subsidiam cerca de 50 % dos custos do programa, mas o numero de produtores

inseridos ainda é muito reduzido, em Dois Vizinhos são apenas 30 produtores, em

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Nova Prata do Iguaçu são cerca de 40. Por não abranger todas as unidades produtoras

a região apresenta um grande potencial ainda não explorado.

Mas o ex-presidente da Associação dos Sindicatos Rurais do Sudoeste do Paraná

(Assinepar) e atual presidente do Sindicato Rural de Francisco Beltrão, Aryzone

Mendes de Araújo, atesta que a liderança da produção de leite já é do Sudoeste.

“Percorremos todos os municípios da região, laticínio por laticínio, e por isso posso

afirmar que de fato, a maior bacia leiteira do Estado está aqui.”

Aspectos relevantes da produção de leite no sudoeste do Paraná A bacia leiteira do Sudoeste do Paraná apresenta alguns aspectos que vão refletir

diretamente na alavancagem da produção de leite contribuindo para a o surgimento de

especificidades e minimizando os aspectos negativos apresentados acima como a

resistência a inserção tecnológica e o mau uso das tecnologias já difundidas.

O uso da mão de obra familiar que não é contabilizado nos custos de produção

representa uma grande vantagem para a produção. O emprego do trabalho nas

propriedades familiares e realizado por todos os integrantes da família, desde crianças a

idosos que participam da atividade de alguma forma organizados a partir de uma divisão

das tarefas. Tal trabalho não é remunerado em forma de salário por conta do caráter da

produção familiar possuir a hierarquia na família, onde o pai determina a distribuição

dos afazeres e onde os lucros serão gastos. “Adicionalmente, não se deve desprezar, na explicação da “importância” do trabalho “familiar” na agricultura moderna, a presença de um não desprezível grau de exploração dessas “famílias”. Não se trata, evidentemente, de justificar sua sobrevivência pelo reduzido consumo, pela miséria, pois, afinal, se esta tratando de estabelecimentos agrícolas dinâmicos. Trata-se, sim, de ressaltar que a tão louvada diligencia dessas famílias, trabalhando mais horas e mais intensamente que as famílias assalariadas nasindústrias e nos serviços, sem a correspondente remuneração,é uma forma de exploração porque é uma forma de entregar parte do seu trabalho gratuitamente para outrem, mesmo a família “dinâmica”, portanto, muitas vezes, é explorada por outros, mesmo não havendo assalariamento formal”. SOARES, 1999. Pág. 17.

É preciso por tanto deixar claro que a mão de obra não remunerada não se apresenta

como uma vantagem competitiva frente às grandes corporações, pois ela não deixa de

ser uma forma de exploração, mas ela tem sua representatividade como fator favorável a

este modo de produção quando comparado as grandes fazendas produtoras que

necessitam de mão de obra contratada.

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Os aspectos físicos da região e a integração lavoura pecuária apresentam benefícios à

produção de leite, dentre muitos podemos destacar o regime pluviométrico bem

distribuído durante o ano e recursos hídricos disponíveis que possibilitam a implantação

do sistema de irrigação nas propriedades de pecuária intensiva. A topografia que não

impede, mas dificulta a formação de latifúndios.

Agricultura familiar apresenta-se como aspecto positivo?

O entendimento a cerca da cadeia produtiva de leite do sudoeste do Paraná demanda

por uma analise profunda, temos que considerar que uma cadeia produtiva é formada

por múltiplas determinações e que estas podem ter maior ou menor presença quando

comparados as diferentes regiões produtoras de leite no Brasil, são as política publicas

(subsídios,financiamentos, tributos e tarifas alfandegárias) índice de industrialização,

fatores históricos como a cultura dos colonizadores, fatores naturais como o clima e o

solo, nível de distribuição de renda o que reflete no consumo, indústria e infraestrutura

presentes.

Isso imprime no território brasileiro algo que Rangel destaca como problemas de

superprodução e superpopulação e como estes se destacam na realidade: “O problema

regional. Isso tem a ver com a construção da nação e dá contornos mais graves a

questão agrária. A disparidade regional com o aprofundamento do processo de

industrialização produziria como consequência um aprofundamento nos desequilíbrios

regionais, e como os níveis de renda já concentrados e dispares ganhariam contornos

extremos de gravidade” (RANGEL, 1962. Pág.).

Tal exposição nos leva a perceber que não podemos usar termos abrangentes para

definir modelos de produção agrícola, em outras palavras, o uso do termo agricultura

familiar exige uma definição mais minuciosa, pois ela se apresenta de varias formas

pelo Brasil. Logo não podemos comparar a agricultura familiar do Nordeste Brasileiro

que esta fundamentada sob as múltiplas determinações daquela região, com a

agricultura familiar do Sul do Brasil e até mesmo da região Sudoeste do Paraná.

Da mesma forma não devemos atribuir o mérito dos índices de produção apresentados

somente a formação da agricultura familiar e a maneira com que se apresenta. A

consolidação da cadeia produtiva de leite da região sudoeste se deve a formação de um

grande completo agroindustrial que organiza-se tanto a montante quanto a jusante 9 da

produção e que mutuamente condiciona a produção de acordo sua característica mais

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marcante – a pequena propriedade familiar. Assim temos uma produção altamente

capitalizada, produzindo para o mercado e sob uma lógica de reprodução de capital. “Neste sentido, a alegada importância qualitativa da agricultura “familiar” cumpre contrapor que a modernização da agricultura não é fruto da dinâmica da família, mas é fruto do desenvolvimento da produção mercantil e do capitalismo. A “família” modernizou-sepor que foi submetida ao mercado e as contradições da economia mercantil. A concorrência leva a especialização, ao crescimento das cidades, que expande o mercado e a demanda para a produção agrícola, e à grande produção, que expande e diversifica a oferta de produtos agrícolas”. SOARES, 1999 Pág. 16

Dito isto atentamos ao fato de que o Agronegócio e a modernização da agriculturanão é

de forma alguma um entrave ao modelo de produção familiar e que este deve preservar

o caráter de subsistência como forma de resistência ao novos padrões de produção

capitalista.

Conclusão Os processos de formação do complexo agroindustrial deverão ser considerados como

desenvolvimento e as inter relações de inúmeros ramos da agropecuária e industria. E

no que diz respeito à parte histórica da industrialização da agricultura, não bastará

perceber as mudanças nas técnicas, maquinários e tecnologias mas tão fundamental é

perceber os fatores que condicionam a sua adoção em larga escala.

É possível que muitas pessoas assumam uma opinião contraria ao uso de tecnologias na

produção de leite que proporcionou uma concentração na produção, uma seletividade

nos produtores e permitiu somente aos produtores capitalizados se inserirem as novas

regras do mercado.

Sob um ponto de vista diferenciado e uma análise mais criteriosa sob as transformações

ocorridas na produção de leite na região Sudoeste é inegável que tais tecnologias

permitiram um aumento significativo da produção e que a ações de agentes públicos e

financeiros permitem aos pequenos produtores o acesso a tais tecnologias (vale ressaltar

que estas estão adaptadas para atender as necessidades tanto do grande produtor quanto

do pequeno com preços diferenciados) os problemas ocorrem quando estas tecnologias

não são utilizadas da forma correta, comprometendo sua ação, funcionamento, retorno e

criando capacidadeociosa na propriedade rural e custos elevados para a produção. “O menor custo se deve à maior eficiência na produção de leite que é consequência de um rebanho com genética apurada para leite, da boa fertilidade dos solos, do baixo custo dos insumos usados, da excelente

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qualidade da alimentação e da boa disponibilidade das pastagens naturais, além de um manejo adequado. Os produtores devem ser mais especializados e ter melhor conhecimento tecnológico”. (MONDAINI, 1996)

E melhor produzir 10 litros a custo de 4 litros do que produzir 15 litros a custo de 10

litros, esta talvez devesse ser uma das questões levantadas pelos produtores da região.

Considerando as melhorias tecnológicas quando usadas racionalmente, possibilitam um

aumento de quantidade com qualidade e eficiência.

Notas _______________ 1 Aluno do Programa de Pós Graduação em Geografia nível Mestrado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. O presente trabalho faz parte da produção de dissertação com data prevista para conclusão em julho de 2013. 2 Em visita a propriedade do Sr Arno Thaler produtor de leite na cidade de Treze Tílias ele relatou que uma de suas maiores dificuldades na produção de leite é encontrar mão de obra qualificada e que aceite as condições de horários e dias de trabalho, considerando que a ordenha tem que ser feita3 vezes todos os dias do ano. 3 Entende-se como granelizaçao do leite não somente o uso de resfriadores na propriedade rural, mas também a coleta e transporte até a indústria de laticínios também passa a ser feita em tanques isotérmicos (não resfriam o leite, mas conservam a temperatura, aproximadamente 4 graus). 4 Sala de espera – onde as vacas ficam antes da ordenha. semi confinamento e o procedimento utilizado na maioria das propriedades rurais familiares produtoras de leite que consiste basicamente em deixar os animas algumas horas presos e recebendo alimentação no cocho e o restante do tempo soltos no pasto. 5 Processo em que a indústria se apropria de funções que antes eram estritamente do meio rural, industrializando mercadorias que antes eram produzidas pela agricultura. Temos como exemplo o uso de fertilizantes em substituição do esterco animal. 6 A instrução normativa 51 obriga, entre outras exigências, os produtores e as indústrias de beneficiamento a submeter, mensalmente, seus produtos a análises laboratoriais. 7Em muitos casos é o freteiro quem auxilia para a manutenção do grupo, captando o leite individualmente em cada propriedade, mas lançando na planilha de coleta somente o total em nome do representante do grupo. 8 Segundo a EMATER atualmente existem pelo menos 35 mil propriedades rurais no Sudoeste. 9 Refiro-me aqui aos produtos, maquinas e tecnologias criados pela agroindústria que possibilitam a produção a montante como tratores, sementes, genética. E a jusante, as fabrica de laticínios, transporte do leite etc. Referências DÜRR, J. W. Programa nacional de melhoria da qualidade do leite: uma oportunidade única. In: DÜRR, J. W.; CARVALHO, M. P. de; SANTOS, M. V. (Org.). O compromisso com a qualidade do leite no Brasil. 1. ed. Passo Fundo: UPF, 2004. p. 38 – 56.

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