exortação apostólica amoris laetitia a alegria do amor o amor na família papa francisco 2016

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APRESENTAÇÃO SINTÉTICA DA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL AMORIS LAETITIA (A Alegria do Amor) SOBRE O AMOR NA FAMÍLIA Papa Francisco – Ano 2016 –

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APRESENTAÇÃO SINTÉTICA DA

EXORTAÇÃO APOSTÓLICAPÓS-SINODAL

AMORIS LAETITIA(A Alegria do

Amor)SOBRE O AMOR NA

FAMÍLIAPapa Francisco – Ano 2016 –

Paz Espiritualidade FAMÍLIA Confiança MATRIMÔNIO Perdão Convivência Vocacão Oracão Deus Amor Diálogo Escuta

União Fé Amizade Igreja Vida Relacionamento Solidariedade Sofrimento Esperança Lar

O presente documento é volumoso: tem 325 parágrafos e mais de 200 páginas. Sua riqueza está intimamente relacionada à amplitude da abordagem do tema “Amor na Família”. Nestas páginas seguimos a estrutura do documento, condensando as reflexões e buscando preservar a essência das principais ideias. Espero que esse serviço lhe seja útil. Pode compartilhá-lo e usá-lo como lhe aprouver melhorando o que achar conveniente. Bom estudo!

Antônio de Assis Ribeiro – SDB (P. Bira).

NOTA:

INTRODUÇÃO (N. 1-7) Alegria do amor vivido na família é

também o júbilo da igreja. Apesar da situação de crise pela qual

passa hoje, as novas gerações acreditam na família.

A família é uma realidade muito complexa, ampla tem diversos aspectos: religiosos, políticos, culturais, econômicos, jurídicos.

A família é uma realidade poliédrica! A exortação apostólica recolhe contribuições de dois sínodos

sobre a família e aborda, com diferentes estilos, diversos temas; É preciso aprofundar pacientemente os diversos temas... Somos

chamados a cuidar com amor da vida das famílias... a família não é problema, mas uma oportunidade.

I CAPÍTULO:A FAMÍLIA À LUZ DA PALAVRA DE DEUS (N. 8-30)

• A família aparece abundantemente na Sagrada Escritura, que fala de gerações, de história de amor, de crises familiares, de violência familiar.

• Desde as primeiras páginas até o livro do Apocalipse, a realidade da família aparece.

O Salmo 128 (127) nos propõe alguns temas interessantes:“Feliz quem teme o Senhor e segue seus caminhos. Viverás do trabalho de tuas mãos, comerás feliz e satisfeito. Tua esposa será como uma vinha fecunda no interior de tua casa; teus filhos como brotos de oliveira ao redor de tua mesa. Assim será abençoado o homem que teme o Senhor. O Senhor te abençoe! Possas ver Jerusalém feliz todos os dias de tua vida; e veja os filhos de teus filhos. Paz sobre Israel”(Sl128/127,1-6).

a) Tu e a tua esposa No centro do Salmo encontramos o casal formado pelo pai e a mãe,

com toda a sua história de amor. Isto vai ao encontro das origens: “Deus criou o ser humano à sua imagem; à sua imagem Deus o criou, homem e mulher ele os criou” (Gn 1,27).

A Bíblia nos apresenta a fecundidade do casal humano, imagem viva e eficaz, sinal visível do ato do criador;

O casal que ama e gera vida, é capaz de manifestar Deus criador e Salvador. O amor fecundo é símbolo das realidades íntimas de Deus;

Deus no seu mistério mais íntimo não é solidão, mas uma família. Este amor na família divina é o Espírito Santo.

b) Os teus filhos como brotos de oliveira A expressão “brotos de Oliveira” nos fala de

energia e vitalidade: os pais são os alicerces da família e os filhos constituem as suas pedras vivas. A família, quando é espaço vital, transforma-se em Igreja doméstica. Dessa forma, pais tornam-se catequistas dos seus filhos...

Os pais têm o dever de cumprir com seriedade essa missão educativa, como ensinam frequentemente os sábios da Bíblia: os filhos são chamados a receber e a praticar o mandamento “honra teu pai e tua mãe” (Ex 20,12; Eclo 3,1-17).

Recordemos o Salmo 78/77que nos fala dos PAIS COMO CATEQUISTAS de seus filhos:

“O que nós ouvimos, o que aprendemos, o que nossos pais nos contaram, nós contaremos a nossos filhos.... Ele ordenou a nossos pais que ensinassem a seus filhos para que tomassem conhecimento...” (Sl 78/77,3-6).

A família é o lugar onde pais tornam-se os primeiros mestres da fé de seus filhos; é uma tarefa artesanal, pessoa a pessoa;

c) A experiência do sofrimento e sangue na família O Salmo 128 também fala de sofrimento na família; essa é uma

realidade presente na família desde as suas origens: Caim mata Abel e depois surgem outros conflitos; na família dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, Davi, Salomão, Tobias, Jó...

Em sua doença, desabafa Jó falando da sua família: “Meus irmãos me abandonam, e meus parentes me tratam como estranho...

meus familiares me esqueceram... A minha mulher tem nojo do meu hálito, e os meus irmãos têm nojo do meu cheiro... pessoas mais íntimas têm horror de mim...” (Jó 19,13-19).

Nos Evangelhos há muitos dramas familiares: a doença da sogra de Pedro, a morte de Lázaro, a morte da filha de Jairo, o drama da viúva de Naim, a falta de vinho no casamento em Caná da Galileia...

Nesses dramas familiares, também Jesus se fez presente!

A família na Bíblia não é abstrata: tem crises, sofrimentos, tribulações, fragilidades, dores, gritos...

O trabalho humano aparece desde as origens no livro do gênesis (cf. Gn 2,5);

É do trabalho que as famílias tiram seu sustento para viver com dignidade. O trabalho é uma necessidade: “quem não quer trabalhar, também não deve comer” (2Tess 3,10; 1Tss 4,11);  

Na Bíblia, o problema econômico que afeta a família é denunciado, gerando desequilíbrios e injustiças (cf. Gn 3,17-19; 1 Reis 21).

O desemprego e a precariedade no trabalho geram sofrimento para as famílias... São também problemas que aparecem na Bíblia (cf. Rute e Mt 20,1-16 – operários desocupados).

d) O trabalho e a família Outro elemento presente no Salmo 128

(V.2) é a experiência do trabalho: “viverás do trabalho de tuas mãos, comerás feliz e satisfeito”.

II CAPÍTULO:A REALIDADE E OS DESAFIOS DAS FAMÍLIAS (N. 31-57)

No capítulo II o papa Francisco, auxiliado pelos participantes do Sínodo, nos apresenta um vasto panorama dos problemas e desafios que atualmente atingem as famílias;

Não há a pretensão de ser uma análise exaustiva, nem de apresentar soluções para o problema da família;

Vivemos atualmente num contexto de profundas mudanças culturais, estruturais, organizacionais que atingem naturalmente a família.

Alguns fenômenos que tocam profundamente a família: o individualismo, as tensões

internas, o stress, a diminuição do número de matrimônios, a convivência sem aspecto legal;

a solidão, o narcisismo, a sexualidade vivida comercialmente, a comercialização do corpo, as separações, o divórcio, a queda demográfica, a mentalidade antinatalista;

as novas configurações de famílias, o avanço da biotecnologia, a revolução sexual, a esterilização (feminina e masculina), o aborto, o enfraquecimento da prática religiosa;

a pobreza, a falta de habitação digna, a carência de políticas adequadas voltadas para a família, a precariedade no trabalho;

Alguns fenômenos que tocam profundamente a família: a violência doméstica, o terrorismo, a toxicodependência,

a insegurança econômica, dependência televisiva, a dispersão das relações familiares ,o ressentimentos, o ódio nas relações familiares, o enfraquecimento dos vínculos familiares;

a poligamia, mutilação genital, a violência verbal, física e sexual, o abuso sexual, a discriminação, o feminismo, o machismo, a carência afetiva dos filhos, a ideologia de gênero...

O bem da família é decisivo para o bem do mundo e da igreja (N. 31)...

Por isso... a família deve ocupar o centro da atenção missionária da Igreja (N.58).

III CAPÍTULO:O OLHAR FIXO EM JESUS: A VOCAÇÃO DA FAMÍLIA (N. 58-88)

Temos desafios no mundo da famílias: é preciso de novo o primeiro anúncio do Evangelho; O matrimônio e a família devem se inspirar e transfigurar-se à luz do anúncio da ternura e do amor que vem do Evangelho; precisamos ver o Cristo Vivo nas famílias deste mundo.

JESUS E AS FAMÍLIAS: Jesus olhou para as mulheres e os homens do seu tempo: encontrou-os com amor e ternura, acompanhou seus passos com verdade, paciência e misericórdia anunciando-lhes o Reino de Deus;

Jesus recupera e realiza plenamente o projeto de vida do Pai em relação ao matrimônio: recupera o dom do matrimônio; repropõe a indissolubilidade, restaura o projeto original de Deus sobre o matrimônio (cf. Mt 19,3-8);

O exemplo de Jesus é paradigmático para a igreja: ele iniciou sua vida pública (Caná da Galiléia), com num banquete de núpcias (cf. Jo 2,1-11);

Jesus compartilhou momentos frequentes de amizade com a família de Lázaro e suas irmãs (cf. Lc 10,3-8); com a família de Pedro (cf. Mt 8,1-); Jesus ouviu o pranto de pais, restituindo a vida aos seus filhos (cf. Mc 5,41; Lc7,14-15).

a) O sacramento do matrimônio: não é uma convenção social; é um dom para a santificação e a salvação dos esposos; é uma vocação, sinal do amor entre Cristo e a igreja; é um compromisso que só podem cumprir com ajuda da Graça; é o próprio Cristo (não é uma coisa!), que vem ao encontro dos cônjuges cristãos; O matrimônio cristão é sinal do amor de Cristo para com a sua Igreja;

uma aliança de amor selada com seu sangue na cruz; o matrimônio representa a aliança do filho de Deus com a natureza humana;

Os casais são chamados a responder ao dom de Deus com esforço, criatividade, perseverança, luta diária, oração...

Somente fixando o olhar em Cristo conhecemos profundamente a verdade sobre os relacionamentos humanos; por isso, o matrimônio deve ser visto numa chave cristocêntrica;

DIANTE DAS SITUAÇÕES DIFÍCEIS: é preciso usar o princípio do discernimento. O grau de responsabilidade não é igual para todos os casos;

É preciso evitar juízos que não levam em consideração a complexidade das situações;

É necessário prestar atenção ao modo como as pessoas vivem e sofrem por causa de sua condição.

b) A família e a transmissão da vida• O matrimônio é uma comunidade de vida; e o

amor conjugal, entre homem e mulher, está ordenado para a fecundidade;  

• A família é o santuário da vida, o lugar onde a vida é gerada e cuidada;

• É tão grande o valor de uma vida humana e é inalienável o direito à vida do bebê inocente, que cresce no ventre de sua mãe;

• A família protege a vida em todas as suas fases; a Igreja defende a morte digna, por isso rejeita o abuso terapêutico, a eutanásia, a pena de morte.

• Os esposos a quem Deus não concedeu ter filhos podem ter uma vida cheia de sentido (humana e cristãmente);

• É preciso rejeitar o impulso de se fechar em si mesmos, pois o amor está sempre aberto à fecundidade;

c) A família e a educação dos filhos• A família é o lugar do desafio educativo; os pais são

responsáveis pela promoção da educação integral dos seus filhos; a educação é um dever gravíssimo e direito primário dos Pais;

• Infelizmente hoje, abriu-se uma fenda entre família e sociedade, o pacto educativo quebrou-se, a aliança entre a sociedade e a família está em crise;

• A Igreja é chamada colaborar através da sua ação pastoral adequada ajudando os pais em sua missão educativa.

• O Estado deve oferecer um serviço educativo de maneira subsidiária;

• Os pais têm direito de escolher o tipo de educação que querem dar aos seus filhos de acordo com suas convicções;

• A escola não pode substituir os pais, pois serve de complemento;

d) A família e a Igreja A família é chamada a ser igreja doméstica, a permanecer

fiel aos ensinamentos dos Evangelhos; A família é chamada a amadurecer a experiência eclesial

de comunhão entre as pessoas: comunhão, perdão, ternura, amor fraterno...Oração!

A Igreja é família de famílias; A Igreja é um bem para a família

e a família é um bem para a igreja! O amor vivido nas famílias é uma força permanente para vida da igreja.

IV CAPÍTULO:O AMOR NO MATRIMÔNIO (N. 89-164)

Neste IV capítulo, o Papa apresenta uma visão teológica do Amor no matrimônio e na família comentando o hino do amor:

“O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se

ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu

próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a

injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo

espera, tudo suporta” (1Cor 13,4-7).

a) A paciência: a paciência não é simplesmente suportar tudo; a paciência não é deixar que os outros nos maltratem, nem tolerar agressões físicas, nem deixar-se tratar como objeto;

b) Atitude de serviço: trata-se de uma relação dinâmica e criativa perante a necessidade dos outros; o amor é beneficente, promove os outros; o amor é benfazejo; faz o bem; o amor não é apenas um sentimento, mas é a capacidade de fazer o bem. c) Alegrar com o bem alheio: no amor não há espaço para o desgosto em relação ao outro; a inveja significa tristeza em relação ao bem alheio; quem é invejoso demonstra que não se interessa pela felicidade dos outros; o verdadeiro amor aprecia o sucesso alheio, não o sente como uma ameaça; o amor aprecia sinceramente cada ser humano e lhe reconhece o seu direito à felicidade.

Uma pessoa mostra-se paciente quando não se deixa levar pelos próprios impulsos interiores;

Paciência é não reagir com violência diante da fraqueza dos outros. Faz parte da paciência não deixar- se vencer pelo mal e nem esmorecer na prática do bem.

d) O orgulho: o orgulho não combina com o Amor; o orgulho é desejo de glória e de se manifestar superior aos outros, para impressionar; O amor não é arrogante, não se engrandece diante dos outros, mas é sutil; A ciência incha, ao passo que o amor constrói: o amor compreende, cuida, integra, está atento aos fracos; os arrogantes são insuportáveis!

e) Amabilidade: o amor não reage de modo rude, de forma inconveniente; o amor não se mostra duro no trato; O amor assume gestos agradáveis: não ásperos, nem rígidos; A cortesia é uma escola de sensibilidade e altruísmo; ser amável não é

um estilo de vida que o cristão possa escolher ou rejeitar, faz parte das exigências do amor; para um verdadeiro encontro com o outro é necessário um olhar amável. Um olhar pessimista, que logo evidencia defeitos, erros e os limites alheios, é prejudicial;

Jesus animava as pessoas... Ele dizia: “Coragem filho, os teus seus pecados” (Mt 9,2); “Grande é a tua fé” (Mt5,28); “Levanta-te e anda”(Mc 5,41); “Vai em paz”

(Lc 7,50); “Não tenhas medo” (Mt14,27);

f) Desprendimento: para amar os outros é preciso amar a si mesmo, todavia o amor não procura seus próprios interesses; é preciso desapego... “Não cuide somente do que é seu, mas também daquilo que é dos outros” (Fl2,4). g) A prática do perdão: significa não levar em conta o mal; Trata-se de assumir uma atitude positiva que procura compreender a fraqueza alheia e encontrar uma desculpa para ela; assim fez Jesus: “Pai perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem” (Lc23,34); Para podermos perdoar precisamos passar por uma experiência libertadora; h) Alegrar-se com os outros: O amor se rejubila com a verdade: o amor se alegra com bem do outro, reconhecendo sua dignidade, suas capacidades, suas boas obras;

i) O Amor tudo desculpa: o amor não danifica a imagem do outro; não descarrega sentimentos; é preciso cuidar da língua... (cf. Tg 3,6-8); Os esposos devem aprender a falar bem um do outro; O Amor acolhe o que nos incomoda, convive com a imperfeição, desculpa e sabe guardar silêncio perante os limites do ser amado. j) O amor confia: Não é necessário controlar o outro, seguir minuciosamente seus passos, para evitar que fuja dos meus braços; O amor confia, deixa liberdade, renuncia a controlar tudo, a possuir e dominar o outro.

ESSAS ATITUDES COMO dinâmica DE CRESCIMENTO sob o impulso da Graça (Deus que Santifica!) É A VIVÊNCIA DA CARIDADE CONJUGAL!

O matrimônio e a virgindade O amor se expressa de diversos modos e estilos de vida, de

acordo com as vocações; As pessoas que não se casam, consagram sua vida a serviço

de Cristo e de seus irmãos. A igreja e a sociedade são enriquecidas pela dedicação deles; o celibato (virgindade) é uma forma de amor; é um dom de Deus (cf. 1Cor 7,7);

Não há superioridade e nem inferioridade entre o matrimônio e o celibato;

As duas vocações são complementares: a virgindade é um sinal escatológico de Cristo ressuscitado e o matrimônio é um sinal histórico para nós que caminhamos na terra, um sinal de Cristo terreno que aceitou unir-se a nós e se deu até o derramamento de sangue;

As pessoas celibatárias são convidadas a viver a sua dedicação ao Reino de Deus com generosidade e disponibilidade.

V CAPÍTULO:O AMOR QUE SE TORNA FECUNDO (N.165 -198)

O amor sempre está aberto para acolher uma nova vida, o amor sempre dá vida; a família é o lugar da geração, mas também do acolhimento da vida; Cada nova vida, chega como um presente de Deus;

Os esposos devem ter a liberdade inviolável na responsabilidade da procriação;

Se uma criança chega em circunstâncias não desejadas, os pais e a família devem fazer o possível para aceitá-la como dom de Deus e assumir a responsabilidade de acolhê-la com magnanimidade e carinho;

A cada mulher grávida quero pedir afetuosamente: cuide da sua alegria, que nada lhe tire a alegria interior da maternidade, tua criança merece a tua alegria!

A maternidade colabora com Deus para o milagre de uma nova vida: “Tu me teceste no seio de minha mãe” (Salmo 139,13); “Antes que te formasse no seio de tua mãe, eu te conhecia e antes de saíres do ventre materno, eu te consagrei” (Jr 1,5).

Respeitar a dignidade de uma criança significa afirmar a sua necessidade e o seu direito natural de ter um pai e de ter uma mãe;

Juntos, pai e mãe ensinam o valor da reciprocidade, do encontro de seres diferentes, cada um contribui com sua própria identidade;

CRISE DA PATERNIDADE: hoje sentimos a ausência dos pais, enfraquecimento da presença materna, crise da paternidade;

A crise da paternidade se manifesta de diversos modos: na ausência, na atitude de pai-patrão, no autoritarismo, na prepotência, na dispersão...

É muito importante que o pai esteja próximo à esposa para compartilhar com ela: alegrias, dificuldades e esperança, acompanhando o crescimento dos filhos...

Amor de pai e de mãe Toda criança tem direito de receber o amor de uma mãe e de um

pai; ambos necessários para seu amadurecimento íntegro e harmonioso;

A família alargada A maternidade não é uma realidade exclusivamente

biológica, mas se expressa de diversas maneiras, como por exemplo: no ato da adoção – adotar é um ato de amor, na abertura indo ao encontro dos abandonados, na luta pela justiça, na manifestação de solidariedade para com os pobres...

Desta forma, a fecundidade do amor se alarga!

A mística do Sacramento do matrimônio tem uma dimensão social;

Participam do amor da família: os pais, tios, primos, vizinhos, sogro, sogra, parentes dos cônjuges...

VI CAPÍTULO:ALGUMAS PERSPECTIVAS PASTORAIS (N. 199-258)

É preciso uma evangelização que denuncie os desafios e condicionamentos culturais, sociais, políticos e econômicos da atualidade; deve-se apresentar valores!

A contribuição da Igreja para com a família passa pela pastoral familiar:

A pastoral familiar precisa formar agentes leigos, psicopedagogos... É importante a assessoria de médicos da família, assistentes sociais, advogados de menores e de famílias; acolher a contribuição da psicologia, da sociologia, da sexologia, do aconselhamento de profissionais...

A pastoral familiar deve organizar itinerários e cursos em preparação ao matrimônio considerando as situações emergenciais, a necessidade da orientação espiritual e de orientação nos sacramentos;

É preciso promover a formação mais adequada de presbíteros, diáconos, religiosos, catequistas e ministros;

Os ministros ordenados carecem de uma formação adequada para tratar os problemas complexos atuais da família;

Os seminaristas deveriam ter acesso a uma formação interdisciplinar mais ampla sobre o namoro, matrimônio... Não só doutrina;

É preciso apostar numa formação para promoção do equilíbrio psíquico; É importante a presença feminina na formação sacerdotal e combinar

tempos de vida no seminário e experiência pastoral, contato com as famílias;

A preparação dos noivos ao matrimônio É preciso ajudar os jovens a descobrir o valor e a riqueza do

matrimônio através do processo de preparação dos noivos. É preciso renovar o anúncio do querígma: trata-se de iniciação ao

sacramento do matrimônio; é importante promover as famílias missionárias;

É importante recorrer aos recursos da pastoral popular: dia dos namorados (São Valentim); é preciso criatividade dos pastores;

A preparação ao matrimônio não pode ser um simples curso; mas o verdadeiro processo de formação de conscientização ampla.

Os noivos precisam ser conduzidos no processo de preparação para assumirem o matrimônio como vocação;

A pastoral pré-matrimonial deve ser uma pastoral do vínculo, oferendo ajuda aos noivos em vista do amadurecimento no amor, para superar momentos duros; eles precisam de orientação psicológica.

A preparação da celebraçãoTantas vezes, os noivos chegam exaustos à celebração do matrimônio, porque se preocupam com muitas coisas materiais. O processo de preparação ao matrimônio implica também reflexão e aprofundamento da dimensão litúrgica:

― Para compreenderem o significado dos gestos e dos ritos celebrativos;

― Para perceberem o peso teológico e espiritual da promessa de fidelidade para toda a vida;

― Para meditarem sobre as leituras bíblicas e compreenderem melhor seu significado profundo;

― Para lhes favorecer a experiência da oração.

 Acompanhamento dos primeiros anos de vida matrimonial A pastoral familiar deve acompanhar os novos casais para que não

caiam na ilusão de que já está tudo pronto, acabando com o caminho de crescimento; com o tempo a atração física tende a diminuir;

Encorajar os esposos a serem generosos na comunicação no dia a dia da vida;

A paternidade e maternidade responsável A paternidade e maternidade devem ser escolhas responsáveis;

isso pressupõe formação da consciência dos esposos; eles são chamados a recorrer a métodos naturais, programando o número de filhos;

É importante estimular a espiritualidade familiar através da oração, da participação na Eucaristia dominical, da orientação espiritual, da participação em retiros, da leitura Orante da Palavra de Deus;

Os casais são chamados a preservar certos ritos diários: o beijo da manhã, esperar um pelo outro, saída juntos, compartilhar tarefas domésticas, vencer a rotina com a festa...

Nas paróquias promova-se: reuniões de vizinhos, amigos, retiros, conferências, centro de aconselhamento conjugal, formação de missionários e agentes da pastoral familiar, escola de formação, visita às famílias, benção nas casas, retiro para casais...

 VII CAPÍTULO:REFORÇAR A EDUCAÇÃO DOS FILHOS (N. 259-290)

Os pais incidem sempre, para o bem ou para o mal, no desenvolvimento moral dos seus filhos. É uma responsabilidade complexa.

Educar é gerar processo de amadurecimento da liberdade; educar é promoção do crescimento integral, cultivo de autêntica autonomia.

A educação dos filhos envolve a tarefa de promover a liberdade responsável...

A formação moral deve ser realizada com métodos positivos, diálogo educativo que integra a sensibilidade;

A educação moral e cívica cultiva a liberdade através de propostas, motivações, aplicação de práticas, prêmios, exemplos, modelos, símbolos, reflexões, exortações, lições, modos de agir...

A FORMAÇÃO ÉTICA DOS FILHOS Cabe também aos pais a promoção da formação ética dos seus filhos. A

formação moral não pode ser delegada a outros; Faz parte da educação moral o desenvolvimento de hábitos bons... Educar a vontade, cuidar das dependências afetivas;

A educação sexual deve ajudar os jovens a aceitar o próprio corpo de modo que a pessoa não precisa cancelar a diferença sexual porque já não sabe confrontar-se consigo mesma;

Ser masculino e feminino não é uma questão puramente biológica ou genética, para isso concorre uma multiplicidade de elementos... a diferenciação sexual (ser masculino e ou feminino) é uma obra de Deus.

Hoje há uma obsessão que reduz a sexualidade aos órgãos genitais; é preciso não enganar os jovens, a educação sexual deve incluir respeito e valorização pela diferença; o amor se expressa de muitas formas que inclui também o cuidado, a ternura, a comunicação rica de sentido;

A educação sexual A educação sexual deve chegar ao

momento apropriado; adequada à fase;

A transmissão da Fé Os pais também têm a responsabilidade da

transmissão da fé para seus filhos; a família deve continuar a ser o lugar onde se ensina a perceber as razões e a beleza da fé;

É muito bonito quando as mães ensinam seus filhos, desde pequenos, a rezar, a mandar um beijo a Jesus ou a Nossa Senhora: quanta ternura nisso!

A transmissão da fé pressupõe que os pais vivam uma experiência real de confiança em Deus, que o procuram e precisam Dele.

Os pais são responsáveis pela transmissão da fé a seus filhos: “cada pai há de contar a seus filhos teus gestos de amor sempre fiel” (Isaías 38,19);

As crianças precisam de símbolos, gestos, narrações... É fundamental que os filhos vejam de maneira concreta a experiência de fé e de oração de seus pais.

VIII CAPÍTULO:ACOMPANHAR, DISCERNIR E INTEGRAR A FRAGILIDADE

N. 291-312)A igreja deve acompanhar A Igreja é solícita no processo de acompanhamento das famílias,

infundindo nelas a confiança e a esperança... Mas há também famílias feridas, e por isso muitas vezes, o trabalho da igreja é semelhante ao de um hospital de campanha;

É preciso usar a lei da gradualidade (processos) na ação pastoral; é preciso uma pastoral misericordiosa, encorajadora, de diálogo, de discernimento...

Hoje muitos preferem a simples convivência por causa da mentalidade geral... É preciso acompanhá-los com paciência e delicadeza como fez Jesus com a mulher samaritana;

A lei da gradualidade, proposta de S. João Paulo II, (Carta Familiaris Consortio, 34) nos diz que o ser humano que tem consciência, conhece e ama, é capaz de cumprir

o bem moral, seguindo tapas de crescimento... Fazendo processo!

Os divorciados e recasados não devem se sentir excomungados... Mas podem viver e amadurecer como membros vivos da igreja;

Aos sacerdotes cabe acompanhar, promover o discernimento compreendendo o grau de responsabilidade que não é igual para todos;

A imputabilidade e a responsabilidade de um ato podem ser diminuídas, ou até anuladas, pela ignorância, pela inadvertência, pela violência, pelo medo, pelos hábitos, afeições desordenadas e outros fatores psicossociais;

A caridade fraterna é a primeira lei dos cristão; é a lógica da misericórdia pastoral! A missão dos pastores é escutar com carinho, acolher o drama das pessoas e

compreender seu ponto de vista. A misericórdia não exclui a justiça e a verdade.

Discernimento de situações Aos pastores cabe o discernimento das várias

situações; Ninguém deve ser condenado... Somos chamados ao usar a pedagogia divina.

A lógica do acompanhamento requer integração dos casais na vida da comunidade; é necessário distinguir casos;

IX CAPÍTULO:A ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR (N. 313-325)

O amor tem matizes diferentes segundo o estado de vida a que cada um foi chamado. A espiritualidade dos leigos deverá assumir características próprias;

A presença do Senhor habita na família real e concreta com seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos...

Quando se vive em família é difícil fingir e mentir, não podemos mostrar uma máscara; o amor gera autenticidade;

A espiritualidade matrimonial é uma espiritualidade do vínculo habitado pelo amor divino. A comunhão familiar é bem vivida como caminho de santificação na vida diária...

Unidos pela Luz da Páscoa Quando a família se concentra em Cristo, Ele unifica e ilumina toda vida

familiar com seus problemas e sofrimentos; assim se evita a ruptura. A oração em família é um meio privilegiado para exprimir e reforçar a fé

Pascal;

Espiritualidade da solicitude e da consolação Os esposos cristãos são cooperadores de Deus... Deus convida os esposos a

gerar e a cuidar de toda a vida da família; é um pastoreio misericordioso; A pessoa amada merece toda atenção; Jesus é modelo: quando dele se

aproximava alguém para falar, Jesus olhava-o com amor (cf. Mc 10,21); suscitava no outro a alegria de se sentir amado;

Nenhuma família é uma realidade perfeita, por isso se requer um progressivo amadurecimento na capacidade de amar;

Espiritualidade do amor exclusivo No matrimônio, os esposos vivem o sentido

de pertencer plenamente a uma única pessoa, assumindo o desafio e o anseio de envelhecerem juntos;

Cada cônjuge se torna outro sinal e instrumento da proximidade do Senhor: “eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 20);

Cada família deve viver constantemente este estímulo:

avancemos famílias! continuemos a caminhar... não percamos a esperança por causa dos nossos limites... não renunciemos a procura da plenitude do amor e nem a

comunhão que nos foi prometida.

Uma palavra de otimismo e Esperança:

Sagrada Família de Nazaré, tornai também as nossas famílias lugares de comunhão e cenáculos de oração, autênticas escolas do Evangelho e pequenas igrejas domésticas.

Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais haja nas famílias episódios de violência, de fechamento e divisão; e quem tiver sido ferido ou escandalizado, seja rapidamente consolado e curado.

Sagrada Família de Nazaré, fazei que todos nos tornemos conscientes do carácter sagrado e inviolável da família e da sua beleza no projeto de Deus. Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei a nossa súplica. Amém!

Papa Francisco – Ano da Misericórdia, 19 de março de 2016.

CONCLUSÃO:ORAÇÃO À SAGRADA FAMÍLIA

Jesus, Maria e José, em vós contemplamos o esplendor do verdadeiro amor e, confiantes, a vós nos consagramos.

Todos

Juntos!

Obrigado!Deus abençoe

nossas Famílias!RESUMO E EDIÇÃO:

Antônio de Assis Ribeiro (Pe. Bira) – SDBEmail: [email protected]

• Coordenador da Comissão Nacional da Pastoral Juvenil SDB

• Coordenador Inspetorial da Pastoral Juvenil e Vocacional

www.isma.org.br