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UFRJ 2010 Exemplos de territórios autônomos. Hugo Sanchez Cardoso

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UFRJ 2010

Exemplos de territórios autônomos.

Hugo Sanchez Cardoso

IntroduçãoO presente trabalho tem por objetivo esmiuçar a recente expansão do conceito mais

poderoso e violento da geografia, o território, através da análise sucinta das suas diferentes escalas, para facilitar sua compreensão e seu entendimento prático, relacioná-lo com o conceito de desenvolvimento e com o espaço metropolitano. Os territórios Autônomos são o foco desta análise, bem como as suas ocorrências na cidade do Rio De Janeiro que se dão nas ocupações urbanas cujas características são identidades singulares, porque não dizer, únicas. No estudo em questão, foram analisados aspectos da ocupação anarquista Flor Do Asfalto, localizada no cais do porto em frente ao Armazém 10, do Instituto Tamoio, ocupação indígena no Maracanã, onde se localizava o antigo museu do índio, e de uma das inúmeras ocupações ecológicas cuja proposta assemelha-se a uma horta urbana.

MetodologiaTrata-se aqui da abordagem. Essa foi feita através da leitura e análise de diversos

livros que se encontram na bibliografia bem como através captura das imagens presentes notexto e no filme, este ultimo vem a concretizar a segunda parte do trabalho.

Dos hábitos territoriais aos territórios cotidianos

Figura 1 pintura na ocupação flor do asfalto

Segundo os dicionários e a etimologia, é possível entender três significados para cotidiano ou quotidiano, tanto faz. O primeiro deles, mais objetivo, é a vida cotidiana, dos hábitos que se repetem de forma cíclica, já o segundo, carrega em si um fado, um peso, a conotação de monótono e banal, o que se vê em todos os dias, nada surpreendente. O terceiro e último, o mais subjetivo, nos remete a uma noção de evasão, o cotidiano é algo do que se escapa, um aborrecimento; a felicidade, a alegria e o desejo se dão fora dele. Claro, que quem adota um cotidiano de repetitivas atividades das quais não gosta, efetivara uma existência sofredora.

O Segundo significado, de banalidade, porém, atribui uma idéia errônea ao fato cotidiano, fica gravado o sentido de sem importância, não há fatos notáveis, grandiosos ou heróicos nesse âmbito da vida social. O cotidiano é o lócus da prática, nele se estabelecem as relações sociais através dos hábitos e costumes, não há nada indicando que ele deva se encaixar em uma obrigatoriedade submissa. Basta aguçarmos um pouco os nossos sentidos para se dar conta da importância que tem o cotidiano, os hábitos nos constroem como seres vivos e determinam as relações sociais.

Por exemplo, criou-se o hábito de fazer as refeições em grupo usando talheres ou então estiletes de madeira, embora a necessidades nutritivas possam ser satisfeitas comendo apenas com as mãos. Você passará por um bruto troglodita se assim fizer num refeitório. É inquestionável que os hábitos, se não determinam completamente nossas relações sociais, o fazem de forma parcial.

� nesse ponto que surge uma cr�tica ao planejamento urban�stico dos arquitetos como racionaliza��o do espa�o em “fun��o” “forma” e “estrutura”. Como escrito em “Direito a Cidade” de Lefebvre, “esses arquitetos constituem um corpo social que se liga a institui��es”, por n�o serem aqueles que v�o habitar o espa�o constru�do no futuro, n�o teriam como visualizar, com precis�o, as rela��es que se dariam no mesmo. Da mesma forma que os Planos Diretores de uma cidade n�o costumam ser dirigidos para esse enfoque das rela��es sociais. Falaremos melhor dos Planos Diretores mais a frente.

Outras duas id�ias que nos traz o cotidiano s�o o pragmatismo e o economicismo de tempo. Ao realizar as mesmas tarefas repetidas vezes, n�o h� uma demanda t�o grande delas pela nossa aten��o, n�o � preciso “pensar” em como realiz�-las, elas j� est�o automatizadas, e conseguimos uma grande efic�cia de tempo ao assimil�-las dessa forma. Por�m a aten��o � a mat�ria-prima da criatividade. Ao n�o pensar deixamos de lado a observa��o e a cr�tica quanto aos nossos h�bitos, isso pode resultar na aliena��o compuls�ria quanto a n�s mesmos, pode nos transformar em apenas mais um na sociedade, pode nos transfigurar no humano-gen�rico de Agnes Heller.

Em oposi��o a isso se encontra a aten��o e observa��o aplicada a n�s mesmos, aos grupos que nos ligamos, e aos pensamentos e a��es em geral que efetivamos. � a� que est� a potencialidade de transforma��o do cotidiano que assumimos, para a revaloriza��o do indiv�duo �nico que se encontra em cada um de n�s e, a partir da�, para a cria��o de sujeitoscoletivos conscientes de seus h�bitos e de seus territ�rios habitados. Cabe aqui uma nota de Mesquita: habitar, al�m do ato de morar, assume tamb�m o sentido de freq��ncia, que se aproxima de hábito; essas duas palavras compartilham o mesmo radical latino.

Mas o que fazer para acordar o homem do seu transe cotidiano? Algo inesperado, � claro! Surge a�, a id�ia de interven��o como algo que venha a despertar do presente nos prende e condena, para o presente que nos liberta. Aparece tamb�m a id�ia de espontaneidade como express�o l�dica do indiv�duo. Como dizia Mesquita:

… a semente do futuro, queira-se ou n�o, planta-se no presente com ou sem consci�ncia disso.

E isso envolve uma regularidade, filha do exerc�cio e da experimenta��o, do h�bito e do ritmo no cotidiano.

Os territ�rios

Os espa�os por onde circulamos, os que habitamos atrav�s de nossos hábitos s�o o que chamamos de territ�rios do cotidiano. como dizia Lefebvre: o espaço é a prisão original, o território; a prisão que os homens se dão. Novamente, surge a necessidade de se libertar do cotidiano. Assim, o territ�rio � o espa�o apropriado, no caso do cotidiano, por nossos h�bitos.

O primeiro a falar de territ�rio foi Ratzel, que o associava a id�ia de lebensraum –espa�o vital – ele se referia ao espa�o necess�rio para uma na��o se desenvolver. Ambientalista e naturalista, ele entendia o Estado como um organismo e argumentava que estes cresceriam suas fronteiras para aumentar seu tamanho e poder em fun��o do crescimento de sua popula��o, uma teoria desenvolvimentista. Essa id�ia foi usada para justificar a expans�o colonialista europ�ia. Em oposi��o a essa teoria desenvolvimentista, se encontra a teoria funcionalista associada a Hartshorne. Assume-se que o quanto mais espa�o o territ�rio cobrir, mais dif�cil ser� a sua administra��o, o que poder� resultar na separa��o do Estado. Para que isso n�o ocorra, torna-se necess�rio uma forte coes�o entre os elementos fundamentais de uma �nica na��o, uma coes�o entre as diferentes l�nguas, religi�es e etnias.

Em outras palavras, o povo precisa se sentir parte de um corpo coeso. Quanto mais forte for a concord�ncia entre na��o e Estado, mais est�vel este �ltimo ser�.

Cabe aqui uma r�pida distin��o entre esses �ltimos conceitos apresentados e tamb�m entre o conceito de governo.

ESTADO – � o aparelho administrativo das na��es.

NA��O – � a unidade coletiva vinculada ao territ�rio nacional atrav�s das ra�zes identit�rias criada com eles.

GOVERNO – detentor do poder administrativo do Estado. nos regimes totalit�rios, governo e estado se confundem.

INCUBENCIAS

Dentre as incumb�ncias dos aparelhos administrativos estatais, se encontram, de forma geral, o zelo pelos recursos nacionais, isto � , pelos patrim�nios nacionais e o zelo pela pr�pria popula��o. Cabe ainda ao Estado o papel de pessoa internacional para representar a comunidade nacional e seus direitos, al�m da defesa do territ�rio. Diversos s�o os componentes do Poder Estatal, segundo o Coronel A. De Lyra:

Área geográfica, natureza das fronteiras, número de habitantes, presença de matérias-

primas, desenvolvimento econômico e tecnológico, estabilidade política e espírito nacional. O

próprio poder Militar... é mais uma resultante do que uma componente.

Esse v�nculo restrito entre o Territ�rio e o Territ�rio nacional, foi severamente criticado. Outravis�o que tamb�m passou por muitas cr�ticas, inclu�da de Rafestin � a vis�o que faz uma analogia entre a territorialidade humana e animal como um mecanismo de sele��o natural: os membros mais fortes de uma popula��o realizam a conquista de um territ�rio e assumem sua defesa para eles mesmos e para sua descend�ncia. Por�m, o exemplo da UDR, Uni�o Democr�tica Ruralista, nos convida � reflex�o: essa organiza��o se op�e a reforma agr�ria protegendo as pr�prias terras. Outro exemplo significante � a mobiliza��o populacional na tentativa de impedir a entrada de migrantes “invasores”, “ladr�es de empregos,” em cidades no interior de S�o Paulo ou Bento Gon�alves.

Enfim, muitas foram as dimens�es dadas ao território, porem, Sodr�, citado por Bergson, que por sua vez, citado por Barcellus, chegou a uma classifica��o bastante ampla e ilustrativa:

1 – Territ�rio p�blico – que abrange ruas, pra�as, �nibus, teatros,etc.

2 – Territ�rio privado – espa�o particular da casa ou do trabalho.

3 – Territ�rio internacional – definido pelas �reas de acesso restrito a pessoas legitimadas.

4 – Territ�rio do corpo – relacionado com o espa�o pessoal, com o pr�prio corpo e o espa�o adjacente.

Os territ�rios cotidianos, ent�o, v�m nos clarear a respeito das formas de socialidade contempor�nea e sua rela��o com o espa�o. Eles nos apontam que, talvez, estejam mais pr�ximos de n�s, os instrumentos de mudan�a das condi��es de vida, do que pensamos.

Das identificações territoriais a consciência territorial

As pessoas tendem a criar laços com os lugares, a se identificar, geralmente, isso ocorre através de memórias felizes, como a do lugar em que se passou a infância, ou qualquer outro em que bons momentos tenham sido vividos. é a associação natural. Da mesma forma cria-se também a repulsa por outros lugares onde tenham sido vividas más experiências. Pode ocorrer também a identificação dos espaços através de símbolos que tenham significado para o observador, como a bandeira de uma organização, a cruz da Igreja ou um grafite na parede que indique a territorialidade de um grupo. Territorialidade é aqui assumida como a forma que a nossa identidade se projeta no território, ou seja, como somos ou estamos em determinado momento do tempo e em determinado território do espaço. Como não se fixam ordens de grandeza para estabelecer as fronteiras de territórios mais mutáveis, eles se estendem até onde vai sua territorialidade.

Esses símbolos são chave para a consciência territorial, que se vale de impulsos internos, raízes, conexões entre as pessoas e os espaços, e estímulos externos, antenas, sensibilidade para captar informações do espaço. essa consciência é caminho para a autonomia, mas também pode ser para a busca de posse e poder. A consciência territorial é a possibilidade de transformação em nós e no território, a partir de nosso próprio conhecimento.

Utilizando nossa consciência territorial, é possível analisar a divisão política dos territórios mundiais em dois fatores principais: o movimento, gerador de instabilidade, que inclui todas as trocas através do mundo, pessoas, mercadorias, ou idéias, arquivos e informações também pelo compartilhamento digital e a iconografia, geradora de estabilidade. geralmente, por serem os símbolos algo menos móvel, também se entende constituindo esse campo as barreiras e os muros, os obstáculos em geral. Também é possível analisar os territórios pelo âmbito familiar, ou seja, o que é nosso, e o que é dos outros. Estende-se essa análise até o que é de todos e o que não é de ninguém.

Da função sócia da propriedade a justiça social através da reutilização do espaço

Retomando um pouco a questão do Estado, é de competência deste garantir o direito a propriedade e a sua função social tal como descrito no artigo 5º da constituição de 88. Diversosoutros países também salientam para a função social da propriedade em suas constituições, Espanha, Itália, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Alemanha e Estados Unidos entre outros. Será garantido o direito a propriedade se essa cumprir sua função social, em caso contrário, as sanções podem variar desde o pagamento de multa até a desapropriação.

A função social não é devidamente definida, mas associam-se a ela uma economia coletiva, solidária, comprometida com os interesses da população. De uma forma geral, é a função para com o bem comum, não é definido um conteúdo mínimo para tal. é dito, apenas, que a propriedade cumpre sua função social quando atende as exigências fundamentais expressas no Plano Diretor das cidades. Dessa forma, cada cidade teria uma definição diferente de acordo com o seu estatuto

O Plano Diretor de uma cidade é um instrumento básico da política urbana, que deve contemplar também, as atividades econômicas necessárias ao desenvolvimento das cidades, prevendo equipamentos públicos para o suporte de políticas setoriais como hospitais, escolas, praças e delegacias. O plano diretor deve contemplar as aspirações dos municípios quanto ao progresso de suas cidades. Porém, essas duas noções apresentadas, desenvolvimento e

progresso, já foram criticadas por sua insustentabilidade e sua incompatibilidade com os recursos mundiais, não fazem parte da sociedade autônoma que queremos.

É por esse motivo, e pela ineficácia do aparelho estatal em fazer cumprir a função social da propriedade. Alias, função vem do latim functio que quer dizer cumprir ou efetuar uma atividade ou uma tarefa. que se criou a oportunidade para a própria população construir o seu planejamento urbano, fazer uma cidade do povo para o povo. Essa política se deu através da reutilização espacial das ocupações autônomas da cidade. A atuação de grupos organizados, com objetivos comuns, viabilizou esse projeto. Tratarei aqui de alguns exemplos urbanos, e também do grande exemplo de territorialidade autônoma encontrada nos Zapatistas.

Os Zapatistas

É tido como grande exemplo de território autônomo, localizado no sudeste mexicano, na região de Chiapas, em meio rural, junto à selva da Locadona. Esse é habitado pelas comunidades indígenas Zapatistas que me são inspiradoras por gerirem seu próprio sistema de saúde, defesa e educação. Isso os torna autônomas ao pé da letra, independentes do governo mexicano.

Para explicar melhor: Os zapatistas se organizam em torno das juntas de bom governo, que realiza assembléias periódicas com a comunidade, suas decisões são tomadas em função do consenso. Essas juntas, onde o povo manda e o governo obedece, são as responsáveis por gerir os municípios autônomos, funcionam na base da autogestão e da democracia direta.

Na profundidade de seu território se desenvolve a união entre produtores e comerciantes, parte de um projeto de economia solidária que caminha ao lado de uma política de soberania alimentar, produção orgânica de qualidade agroecológica, que se opõe a antiquada política de segurança alimentar. Ainda é implantada a prática do auxilio mútuo nos mercados indígenas, chamados tianguis.

Ilustração 1: Chiapas, território Zapatista, México

A autonomia dos Zapatistas consiste no resgate da própria identidade, pelo requerimento de sua própria cultura, dos seus direitos e de suas estruturas político-administrativas frente a um mundo globalizador e aculturador. Também consiste na resistência frente ao modelo de desenvolvimento forçado pelo governo mexicano e pelas corporações capitalistas. De uma forma geral, a autonomia -- regência pelas próprias leis -- é definida como a capacidade de um indivíduo, governo, nacionalidade, povo ou qualquer outra entidade assumirem seus interesses e ações segundo a própria normativa, opostos, por conseqüência, a qualquer dependência ou subordinação heterônima.

Para ilustrar melhor quero citar aqui a fala do subcomandante Marcos do EZLN (ejército zapatista de libertación nacional): a autonomia é tão importante que não podemos deixá-la nas mãos dos políticos profissionais. A autonomia também trata de olhar com autocrítica seu próprio ambiente, pretende recriar a democracia através do dialogo, da tolerância e da escolha racional.

Então, no atual contexto fornecido pelo modelo econômico vigente, os Estados-nação soberanos foram enfraquecidos, o que abriu espaço para a insurgência de novos projetos autônomos que tem como horizontes uma civilização diferente da que prevalece hoje, como no projeto Zapatista, que pretende formar uma nação onde caibam todos os mundos.

Ilustração 3: Sub

comandante Marcos.

Ilustração 2: Placa de sinalização de

fronteira Zapatista

Ilustração 4: Propaganda Zapatista.

Instituto Tamoio

Figura 2 declaração da ocupação

A declaração acima, assinada por Afonso Pereira Apurinã, ocupante do local, já fala por si só. o espaço em que existia o antigo museu do índio, depois da transferência para Botafogo, caiu em desuso, o que abriu espaço para a construção de um território autônomo, em especial,há um aspecto na construção da autonomia desse espaço que merece nota: a busca do auto cultivo, pela prática da agricultura, para o funcionamento da cozinha comunitária. Além da proposta de autonomia, a ocupação carrega a missão de revitalizar o museu, porém os ocupantes entenderam a velha lógica dos museus do passado, aquela coisa antiquada, cheirando a mofo, sem nenhum dinamismo, nada realmente cativante foi superada, o espaço vem se transformando num verdadeiro museu vivo, repleto de atividades, como contos de histórias, cursos das culinárias, línguas e das simbologias indígenas, loja de artesanatos, pintura corporal e fogueiras rituais. Também é buscada uma maior visualização da causa indígena.

O Instituto Tamoio dos Povos Originários, que já conta 4 anos, foi idealizado e criado por diversas etnias para ser um centro de representação da cultura indígena dentro da cidade do Rio de Janeiro. Índios das etnias Guajajara, Fuilini-ô, Pataxó, Guarani, Xavante, Kamaiurá, Tucano, Krenak, e Apurinã fundaram a nova tribo Maracanã e criaram esse espaço para que a sociedade possa ter a experiencia direta da cultura dos nativos brasileiros. A ocupação está aberta a visitas diariamente e possui toda uma programação com eventos que é distribuída no local para quem quiser.

Figura 3 pintura feita por uma das crianças da ocupação

Flor do Asfalto

A Ocupação squat Flor do Asfalto surgiu em outubro de 2006 na zona portuária do Rio de Janeiro, em frente ao armazém 10, inspirada nas idéias anarquistas, não deixa de ser uma aplicação pratica dessa mesma ideologia. O Espaço se diferencia das outras ocupações por carregar a proposta de construção das suats, que é mais do que uma luta apenas por moradia:é uma luta de combate ao sistema e a cultura de massa. Encontram-se ocupações desse tipo em vários locais do mundo. As squats são centros de convergências e de difusão das idéias libertárias que se auxiliam mutuamente, servindo de porto seguro para os moradores de outras ocupações similares que estejam em viagem.

Ilustração 5: obra de arte de um dos ocupantes

Figura 4 pintura feita no muro da flor do asfalto

Nesse espaço, além da divulgação de um modo auto-sustentável, acontecem diversas atividades e projetos: funciona uma biblioteca popular, uma cozinha internacionalista, que conta com as receitas vegetarianas de diversas nações latinas, funciona a academia da auto disciplina, que conta com equipamentos para o exercício dos moradores e há também uma agro floresta que é adubada pela compostagem do lixo produzido no próprio local.

Todo ultimo domingo do mês, ocorrem eventos abertos para todos, com atividades programadas pelos moradores, que incluem oficinas de grafite, pintura, xilogravura, circo,plantio entre muitas dentre muitas outras que se queira compartilhar. Acontecem também seções de cinema com a exibição de filmes libertários, seguidos de debates, se assim for do interesse dos que assistem. A ocupação é uma visita Indispensável para todos aqueles que simpatizam com as idéias autônomas.

Figura 5 cartaz na ocupação

Ocupação Ecológica

Figura 6 placa informativa da ocupação

Como já ilustrado na placa informativa, a proposta da ocupação é criar um espaço de vegetação auto sustentável, similar a um sistema agro florestal. Até o dia 19 de maio de 2010, o terreno baldio situado na Rua prefeito João Felipe em Santa Teresa era repleto de lixo e entulho, que, retirado pelos ocupantes, abriu trinta metros quadrados para o cultivo inicialmente.

No local já se encontra uma composteira para adubação e diversas mudas de origem nativa, como pau Brasil, urucum, pitanga e muitas outras. A proposta do espaço, a princípio,parece inocente, mas aponta para uma verdadeira reforma urbana: implantando-se a prática de horta urbana em todos os terrenos baldios da cidade, presume-se uma redução no gasto de compras do gênero alimentício e uma revitalização da cidade, com a presença de Árvores que podem até substituir os projetos paisagísticos que conhecemos hoje.

Figura 7 espaço de trabalho

Bibliografia

BARCELLOS, Jorge Alberto Soares. Territórios do cotidiano: introdução a uma abordagem teórica contemporânea.

CARA, Roberto Bustos. Territorio de lo cotidiano (puntos de partida para la reflexión).

CAMPOS, Beatriz Santamarina. Del desarrollo sostenible a la sostenibilidad del desarrollo. Un análisis sobre las estrategias políticas del desarrollo. Sostenible.

CANUTO, elza alves. Direito a moradia.

CORONEL A. De Lyra Tavares. Território Nacional.

COSTA, wanderley messias da. Geografia pol�tica e geopil�tica: discursos. sobre territ�rio e poder.

SOUZA, marcelo jos� lopes de. Sobre espa�o e poder, autonomia e desenvolvimento.

HAESBAERT, rog�rio. Territ�rios alternativos.

LEFEBVRE, henry. Direito a cidade.

MESQUITA, Zil�. Cotidiano ou quotidiano?

___. Do territ�rio a consci�ncia territorial.

RIVAS, gilberto lopes y. Teses em torno da autonomia dos povos indios.

STOREY, David. Territory – the claming of space.