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Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados Rua César Antônio Bosso, 277, e-mail: rodrigo@rodrigosekii.adv.br Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.br CEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330 Sumário: 1 – Introdução 2 – Diferenças fundamentais entre indignidade e deserdação 3 – Exclusão da capacidade sucessória por indignidade 4 – Causas que acarretam a indignidade 4.1 – Atentado contra a vida (inciso I) 4.2 – Ofensa à moral (inciso II) 4.3 – Atentado contra a liberdade de testar (inciso III) 5 – Prazo 6 – Efeitos da indignidade 6.1 – Efeitos exclusivamente pessoais 6.2 – Efeitos relativos aos demais herdeiros 6.3 – Efeitos relativos ao terceiro de boa-fé 6.4 – Reabilitação do indigno 7 – Exclusão da capacidade sucessória por deserdação 7.1 – Conceito de deserdação 8 – Causas que acarretam a exclusão da sucessão por deserdação 8.1 – Causas comuns 8.2 – Outras causadoras de deserdação 8.2.1 – Deserdação do descendente 8.2.1.1 – Ofensas físicas (inciso I) 8.2.1.2 – Injúria grave (inciso II) 8.2.1.3 – Relações ilícitas com madrasta ou padrasto (inciso III) 8.2.1.4 – Desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade 8.3 – Deserdação do ascendente 9 – Requisitos essenciais 10 – Prazo 11 – Jurisprudência 12 – Conclusão 13 – Referências bibliográficas. EXCLUSÃO DA CAPACIDADE SUCESSÓRIA: INDIGNIDADE E DESERDAÇÃO 1 – INTRODUÇÃO A idéia de sucessão vem desde a antiguidade, pois, desde o direito egípcio, hindu e babilônico, ou seja, bem antes da Era Cristã tem se a idéia de transmissão de bens do “de cujus”. Assim como há o direito sucessório, ou seja, o direito de transmissão dos bens “causa mortis”, temos hipóteses em que o herdeiro é excluído, se mostrando não merecedor da herança, “pois a sucessão hereditária assenta na afeição real ou presumida do defunto pelo sucessor, afeição que deve despertar nesse último um sentimento de gratidão. A quebra desse dever de gratidão acarreta a perda da sucessão; nisso se combinam a

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Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados

Rua César Antônio Bosso, 277, e-mail: [email protected] Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.brCEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330

Sumário:1 – Introdução 2 – Diferenças fundamentais entre indignidade e deserdação 3 – Exclusão da capacidade sucessória por indignidade 4 – Causas que acarretam a indignidade 4.1 – Atentado contra a vida (inciso I) 4.2 – Ofensa à moral (inciso II) 4.3 – Atentado contra a liberdade de testar (inciso III) 5 – Prazo 6 – Efeitos da indignidade 6.1 – Efeitos exclusivamente pessoais 6.2 – Efeitos relativos aos demais herdeiros 6.3 – Efeitos relativos ao terceiro de boa-fé 6.4 –Reabilitação do indigno 7 – Exclusão da capacidade sucessória por deserdação 7.1 – Conceito de deserdação 8 – Causas que acarretam a exclusão da sucessão por deserdação 8.1 – Causas comuns 8.2 – Outras causadoras de deserdação 8.2.1 – Deserdação do descendente 8.2.1.1 –Ofensas físicas (inciso I) 8.2.1.2 – Injúria grave (inciso II) 8.2.1.3 – Relações ilícitas com madrasta ou padrasto (inciso III) 8.2.1.4 – Desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade 8.3 – Deserdação do ascendente 9 – Requisitos essenciais 10 – Prazo 11 –Jurisprudência 12 – Conclusão 13 – Referências bibliográficas.

EXCLUSÃO DA CAPACIDADE SUCESSÓRIA:

INDIGNIDADE E DESERDAÇÃO

1 – INTRODUÇÃO

A idéia de sucessão vem desde a antiguidade, pois, desde o direito

egípcio, hindu e babilônico, ou seja, bem antes da Era Cristã tem se a idéia de

transmissão de bens do “de cujus”. Assim como há o direito sucessório, ou seja, o

direito de transmissão dos bens “causa mortis”, temos hipóteses em que o

herdeiro é excluído, se mostrando não merecedor da herança, “pois a sucessão

hereditária assenta na afeição real ou presumida do defunto pelo sucessor,

afeição que deve despertar nesse último um sentimento de gratidão. A quebra

desse dever de gratidão acarreta a perda da sucessão; nisso se combinam a

Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados

Rua César Antônio Bosso, 277, e-mail: [email protected] Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.brCEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330

indignidade e a deserdação”1. Tais hipóteses decorrem de inúmeros fatores, dos

quais passaremos a analisar no decorrer de nosso estudo. Embora haja exclusão

da sucessão por premoriência, comoriência, renúncia, indignidade e deserdação,

passaremos a abordar somente os dois últimos por ser esse objeto de

apresentação em seminário.

A indignidade está prevista do art. 1.814 ao 1.818 e a deserdação nos

arts. 1.961 ao 1.965, ambos do diploma civil de 2.002.

Para darmos continuidade ao estudo em tela, é mister fazermos a

diferenciação entre capacidade de suceder com a capacidade civil, pois como

poderemos observar são institutos distintos e não podem ser confundidos, pois, a

capacidade civil diz respeito à aptidão que o individuo tem de exercer, por si, todos

os atos da vida civil, ou seja, seu campo de atuação no mundo jurídico. Já no que

se refere à capacidade sucessória, essa é a aptidão que o individuo tem de

receber os bens deixados pelo “de cujus”. Para melhor entendimento, Maria

Helena Diniz2 citando a obra de Caio Mario da Silva Pereira fala que: “uma pessoa

pode ser incapaz para praticar atos da vida civil e ter capacidade para suceder;

igualmente, alguém pode ser incapaz de suceder, apesar de gozar de plena

capacidade civil, como ocorre com o indigno de suceder, que não sofre nenhuma

diminuição na sua capacidade para os atos da vida civil...”.

1 Silvio Rodrigues, Direito Civil:Direito das Sucessões, Vol. 7, p. 66. 2 Curso de Direito Civil Brasileiro:Direito das Sucessões, Vol. 6, p. 47.

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Resta salientar que o novo Código Civil (art. 1.798) abandonou a

expressão “capacidade” para suceder, preferindo falar de “legitimação” para

suceder3.

A legitimidade do direito de suceder se inicia com a morte, e se perde

em decorrência de alguns casos, como por exemplo, a indignidade ou deserdação

que passaremos a examinar.

2 – DIFERENÇAS FUNDAMENTAIS ENTRE INDIGNIDADE E

DESERDAÇÃO

É de suma importância tal diferenciação, uma vez que em ambos os

casos surge a quebra do dever de gratidão, acarretando a perda do direito à

sucessão, quer por indignidade, quer por deserdação.

Embora esses casos acarretem a exclusão do herdeiro da sucessão

devido à demonstração de que ele não é digno à herança, a deserdação é

representada exclusivamente na sucessão testamentária, diferente da indignidade

que atinge tanto a sucessão legítima como a derivada de última vontade.

3 Direito Civil:Direito das Sucessões, Vol. 7, p. 67.

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Outro ponto que insta consignar é que a deserdação é um instrumento

utilizado pelo testador com o intuito de afastar da sucessão seus herdeiros

necessários, ao qual sejam seus descentes e/ou ascendentes. A indignidade

resulta da lei e priva da qualidade de herdeiro, tanto os necessários quanto os

legítimos e os testamentários. E, assim sendo, pode a exclusão por indignidade

ser pedida por terceiros interessados e concedida mediante sentença judicial,

diferente da deserdação que somente será feita pelo próprio testador e com

declaração de causa.

Na indignidade os fatos nem sempre são anteriores à morte do autor

da herança, sendo em caso da deserdação necessário que o fato tenha ocorrido

antes da morte do autor da herança, pois, como vimos, o autor da herança é o

único capaz de afastar o herdeiro pela deserdação mediante testamento com sua

causa fundamentada. E por último e, não mais importante atinente às distinções,

observa-se que a indignidade resolve uma vocação hereditária existente no

momento da abertura da sucessão, diferentemente a deserdação que acarreta a

privação de uma vocação legitimaria por uma vontade imperial de seu testador.

Assim, concluindo com o magistério de Silvio Rodrigues4:

“Exclusão por indignidade e deserdação, todavia, são

institutos paralelos, que remedeiam a mesma situação, visto

que por intermédio deles se afasta da sucessão o

4 Direito Civil:Direito das Sucessões, Vol. 7, p. 66.

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beneficiário ingrato, pois, como observa LACERDA DE

ALMEIDA, a sucessão hereditária assenta na afeição real ou

presumida do defunto pelo sucessor, afeição que deve

nesse último o sentimento de gratidão. A quebra desse

dever de gratidão acarreta a perda da sucessão; nisso se

combinam a indignidade e a deserdação.”

3 – EXCLUSÃO DA CAPACIDADE SUCESSÓRIA POR

INDIGNIDADE

3. 1. Conceito de indignidade

Conceitua Maria Helena Diniz5: “Instituto bem próximo da

incapacidade sucessória é o da exclusão do herdeiro ou do legatário, incurso em

falta grave contra autor da herança e pessoas de sua família, que o impede de

receber o acervo hereditário, dado que se tornou indigno”.

Assim, podemos observar que ela é atribuída mediante lei ao qual

desfavorece um herdeiro que fica impedido de suceder. Como o devido magistério

do Prof. Senise6:

“A indignidade é pena civil causada por ato reprovável

cometido contra o autor da herança, em desfavor do

5 Curso de Direito Civil Brasileiro:Direito das Sucessões, Vol. 6, p. 50.6 Manual de Direito Civil, Vol. 6, p. 438 e 439.

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herdeiro ou legatário, o que significa que poderá ser

aplicada tanto na sucessão legítima como na testamentária”.

4 – CAUSAS QUE ACARRETAM A INDIGNIDADE

Como já observamos no decorrer de nosso estudo, a indignidade

decorre de lei, sendo, portanto, taxativa as hipóteses que levam o herdeiro a ser

excluído da sucessão.

Tais motivos estão expostos no art. 1.814 do diploma civil que salienta

da seguinte forma:

“São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:

I – que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio

doloso, ou tentativa deste, contra pessoa de cuja sucessão se tratar, ou de seu

cônjuge ou companheiro;

II – que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da

herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou

companheiro;

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III – que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o

autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.”

Como observado em leitura ao dispositivo legal supra citado, podemos

concluir que tais causas podem ser resumidas em atentados contra a vida (inciso

I), a honra (inciso II) e a liberdade do “de cujus” (inciso III).

4. 1. – Atentado contra a vida (inciso I)

No que se refere ao inciso I, causa em que se exclui o indigno quando

esse cometer homicídio ou tentativa de homicídio, o Código não exige a

condenação. Caso seja ele absolvido por falta de provas, pode no caso de

declaratória de indignidade ocorrer essa prova e assim ser declarado indigno.

Mas, caso tenha a sentença penal o declarado inocente, baseada em excludente

de criminalidade, essa sentença também fará coisa julgada na esfera cível (art.

935, CC), ocasionando assim a inclusão do herdeiro antes considerado indigno.

Assim como o Código exclui da sucessão o que praticou crime contra

o próprio hereditando, como o homicídio doloso, ou a tentativa de homicídio, prevê

também a hipótese de ser considerado indigno caso incorra nessas praticas contra

o cônjuge, companheiro, ou familiares mais próximos do de cujus (ascendente

e/ou descendente). Acréscimo este que não previa a figura do cônjuge,

companheiro, ascendente ou descendente, no Código de 1.916.

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Fica claro que para este dispositivo não poderá ser interpretado

analógicamente, uma vez que sua natureza é de pena civil, devendo, portanto,

prevalecer a máxima de que não há pena sem lei (nulla poena sine lege). Mesmo

com tal entendimento, já é passível considerar indigno o herdeiro que induz o

titular da herança ao suicídio, podendo esse ser equiparado ao próprio homicídio.

4. 2. – Ofensa à moral (inciso II)

Quanto a ofensa moral que diz respeito o inciso II, é importante

observar que a ofensa caluniosa só se caracterizará para motivo de decretação de

indignidade do agente, se esta for apresentada em juízo criminal, através de

queixa ou representação perante o Ministério Público, de maneira que não se

configura se o herdeiro acusar, caluniosamente o autor da herança em juízo civil.

Assim defende Silvio Rodrigues7:

“A jurisprudência tem entendido e proclamado que, para se

caracterizar a indignidade, com fundamento no art. 1.814, II,

primeira parte, do Código Civil, mister se faz que tenha havido

acusação caluniosa não apenas em juízo, mas em juízo criminal. Se

o herdeiro acusou caluniosamente o finado, mas o fez em juízo

civil, não se verifica a hipótese de indignidade (cf. acórdão do

7 Direito Civil: Direito das Sucessões, Vol. 6, p.69.

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Supremo Tribunal Federal, Arquivo Judiciário, 97/45, e do

Tribunal de Justiça de São Paulo, RT, 145/693)”.

No que se refere à segunda parte, que diz respeito a honra do cônjuge ou

companheiro ou hereditando do de cujus, Silvio Rodrigues8 continua:

“A segunda parte do dispositivo contempla a prática de crimes

contra a honra do hereditando, ou de seu cônjuge ou companheiro.

O Código Penal, nos arts. 138 a 140, regula os crimes contra a

honra: a calúnia, a difamação e a injúria. É óbvio que o crime só

ficará apurado se houver prévia condenação do indigno no juízo

criminal”.

4.3. – Atentado contra a liberdade de testar (inciso III)

Este inciso determina que sejam excluídos da sucessão aqueles “que por

violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor

livremente de seus bens por ato de última vontade”9.

O intuíto do legislador aqui é de assegurar e tutelar a liberdade de testar que

assiste toda pessoa com legitimidade ativa para tanto. Há de se proteger a última vontade do

testador. “Assim, se alguém se utiliza de algum meio violento ou fraudulento qualquer que

venha coibir a celebração ou execução de cédula testamentária formalmente válida, ver se

8 Direito Civil: Direito das Sucessões, Vol. 6, p.69.9 Inciso III, art. 1.814 do Código Civil.

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há excluído da sucessão”10. Mas, caso o testador consiga, posteriormente ao ato o coibiu,

fazer valer sua vontade, da forma pela qual se pretendia, não há de se falar na exclusão do

herdeiro legítimo, e nem mesmo do seu testamento contemplado por sua última vontade.

5 – PRAZO

Antes de discorrer sobre seus efeitos, insta consignar que a

propositura da indignidade deve ser demandada no prazo máximo 4 anos

contados a partir da abertura da sucessão, prazo esse de natureza decadencial do

direito de demandar a indignidade.

Conforme magistério de Giselda Hironaka11:

“O prazo de quatro anos traçado pela lei é decadencial, já

que o direito de requerer a exclusão do indigno, que nasce

para o interessado no momento da abertura da sucessão, é

o direito potestativo que a lei assegura, e é sabido que os

direitos potestativos sujeitam sempre a prazos decadenciais

para seu exercício”.

Assim sendo, tem o herdeiro ou o terceiro interessado, o prazo

decadencial de 4 anos da abertura da sucessão para demandar a indignidade. 10 Giselda M. F. N. Hironaka, Parte Especial do Direito das Sucessões, Vol. 20, p. 150. 11 Parte Especial do Direito das Sucessões, Vol. 20, p. 151 e 152.

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6 – EFEITOS DA INDIGNIDADE

6.1. – Efeitos exclusivamente pessoais

O herdeiro excluído pela indignidade é afetado pela sentença

declaratória de forma exclusiva, ou seja, será ele considerado como se morto

fosse conforme expressa a parte final do caput do art. 1.816 do CC12, devendo ao

seus descendentes a sua herança, mas caso ocorra de seus descendentes serem

incapazes, não poderá ele ser usufrutuário ou administrador dos bens que seus

sucessores couberem na herança (parágrafo único do art. 1.816 do CC), uma vez

que como visto, a indignidade tem natureza jurídica de pena e não seria justo que

este, declarado indigno, em decorrência de um fato imprevisível ou superveniente

venha a ter acesso aos bens que fora declarado não merecedor.

6. 2. – Efeitos relativos aos demais herdeiros

No que diz respeito aos demais herdeiros, a sentença declaratória de

indignidade, opera desde a abertura da sucessão, sendo seu efeito ex tunc, ou

seja, retroativo à data da abertura da sucessão, gerando as seguintes

conseqüências: em caso de exclusão do indigno, será chamado a suceder seus

12 Art. 1.816 do CC: São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.

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descendentes, por não ter este cometido os atos considerados ofensivos,

participará da sucessão como se morto fosse seu sucessor desde a abertura da

sucessão (art. 1.816, caput); outro efeito de caráter subjetivo é que os herdeiros

que tiverem substituído o excluído na aquisição da herança podem requerer

perdas e danos sempre que constatarem prejuízo em virtude da má administração

do sucessor excluído (art. 1.817, caput, parte final); por fim , os sucessores que

vierem a se beneficiar exclusão do indigno, fazem jus aos frutos e rendimentos

dos bens que lhe acrescerem ao seu patrimônio tiverem produzido durante o

período que estiveram sob o cuidado do indigno (parágrafo único do art. 1.817).

Insta consignar que somente farão jus às frutos e rendimentos, devendo restituir

ao indigno todas as despesas empreendidas para a conservação do bem, uma

vez que se assim não fizesse, ensejaria em enriquecimento sem causa.

6. 3. – Efeitos relativos ao terceiro de boa-fé

É de suma importância a observação de que a aquisição pelo terceiro

de boa-fé foi a título oneroso, pois caso isso ocorra, o negócio não poderá ser

desfeito (art. 1.817, caput, parte inicial).

Tal determinação caminha no sentido de privilegiar e proteger a boa-fé

daquele que pensando ser o indigno realmente o herdeiro, efetua um negócio

jurídico no sentido de este seja válido.

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Giselda Hironaka13 sustenta que: “Preservado o negócio jurídico

oneroso realizado sob a égide da boa-fé, poderão os sucessores prejudicados

intentar a cobrança de perdas e danos em face do sucessor indigno”.

6.4. – Reabilitação do indigno

De acordo com o direito brasileiro, é possível a reabilitação do indigno,

pois o Código Civil em seu art. 1.818 salienta da seguinte forma:

“Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da

herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver

expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato

autêntico”

Sendo assim, “o herdeiro que incorreu em indignidade poderá ser

perdoado pelo ofendido, porque ninguém melhor do que ele para avaliar o grau da

ofensa sofrida”14.

Como vimos na leitura do Código Civil, o art. 1.818 exige que esse

perdão seja de forma expressa, ou outro ato autêntico, uma vez que feita a

13 Parte Especial do Direito das Sucessões, Vol. 20, p.163.14 Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito das Sucessões, Vol. 6, p. 60.

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concessão, terá essa o caráter irretratável, não se podendo os demais co-

herdeiros reabrirem tal debate. Caso não seja expressamente obtida a concessão

do perdão, e o ofendido sabendo da causa da indignidade o contemple com um

testamento, poderá nestes casos subentender que o ofendido procedeu a

reabilitação tácita do indigno. Podendo nesse caso, o suceder no limite da

disposição testamentária (parágrafo único, art. 1.818 do Código Civil).

7 – EXCLUSÃO DA CAPACIDADE SUCESSÓRIA POR

DESERDAÇÃO

7.1. Conceito de deserdação

Conforme magistério de Silvio Rodrigues15: “Deserdação é o ato pelo

qual alguém, apontando como causa uma das razões permitidas em lei, afasta de

sua sucessão, e por meio de testamento, um herdeiro necessário”.

Assim explica o Prof. Senise16:

“Deserdação é o ato voluntário do testador de afastar o

herdeiro necessário do direito à sucessão, mediante

cláusula testamentária, por causa de infração grave por ele

cometida, prevista em lei”.

15 Direito Civil: Direito das Sucessões, Vol. 6, p. 254.16 Manual de Direito Civil: Direito de Família e das Sucessões, Vol. 6, p.444.

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Nesse sentido podemos concluir que a deserdação, nada mais é que o

ato de privar o testador da herança, com motivo justo, ascendentes ou

descendentes, nas situações previstas no diploma civil.

8 – CAUSAS QUE ACARRETAM A EXCLUSÃO DA SUCESSÃO

POR DESERDAÇÃO

8.1. Causas mais comuns

As causas mais comuns que acarretam a deserdação estão previstas

no art. 1.814 do Código Civil, atinentes à indignidade, objeto este que já

estudamos em páginas anteriores. Embora tal dispositivo legal esteja exposto em

parte que diz respeito à indignidade, poderá, conforme art. 1.961 do Código Civil17

ser utilizado também na configuração da deserdação.

8.2. Outras causadoras de deserdação

Além das causas supra citadas, existem outras previstas em lei que

devem ser observadas, pois causam da mesma forma a exclusão por deserdação.

17 “Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos da sucessão”.

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8.2.1. Deserdação do descendente

A causa de deserdação do descendente está prevista no art. 1.962 do

Código Civil, que salienta da seguinte forma:

“Art. 1.862. Além das causas mencionadas no art. 1.814,

autorizam a deserdação dos descendentes por seus

ascendentes:

I – ofensa física;

II – injúria grave;

III – relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;

IV – desamparo do ascendente em alienação mental ou

grave enfermidade”.

8.2.1.1. Ofensas físicas (Inciso I)

Estas ofensas podem ser de caráter leve ou grave, pois o que se

busca neste dispositivo é a “prova absoluta de falta de afeto, respeito ou gratidão

para com seu ascendente, não sendo justo, por isso que lhe suceda”18. Sendo

assim, a imposição dessa pena de caráter civil, independe de prévia decisão na

esfera criminal.

18Maria Helena Diniz, Manual de Direito Civil: Direito de Família e das Sucessões, Vol. 6, p.193.

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8.2.1.2. Injúria grave (inciso II)

A injúria, para ser caracterizado em caso de deserdação, “deverá

atingir seriamente a honra, a respeitabilidade, a dignidade do testador e não de

pessoas de sua família ou de seu consorte19”. O entendimento do que seja injúria

grave, ficará a cargo da minuciosa interpretação do magistrado.

8.2.1.3. Relações ilícitas com madrasta ou o padrasto (Inciso III)

Por serem tais relações tidas como incestuosas ou adúlteras, visto

que há um parentesco afim, em linha reta entre a madrasta e seu enteado e/ou

padrasto e enteada, como prevê o Código Civil (art. 1.595, § 2º) salientado que tal

parentesco não se extingue nem mesmo com a dissolução do casamento que lhe

deu origem, acarretando com isso, impedimento matrimonial entre essas pessoas

(art. 1.521, II do CC). Como podemos observar, tais atos de certa forma

“mancham a pureza do ambiente doméstico, legitimando assim a deserdação20”.

8.2.1.4. Desamparo do ascendente em alienação mental ou grave

enfermidade

19Maria Helena Diniz, Manual de Direito Civil: Direito de Família e das Sucessões, Vol. 6, p. 194.20 Maria Helena Diniz, Manual de Direito Civil: Direito de Família e das Sucessões, Vol. 6, p. 194.

Autor: Rodrigo Takatsugu Silva Sekii Sócio-Titular de Rodrigo Sekii Advogados

Rua César Antônio Bosso, 277, e-mail: [email protected] Saúde, São Paulo, Capital – Brasil Site: www.rodrigosekii.adv.brCEP.: 04153-140 Tel./Fax.: 55 11 3453-3330

Considera estas, conseqüências de deserdação, pois mostram

claramente um desapego ao autor da herança. A falta de solidariedade com o

autor da herança, principalmente em momento em ele mais necessita, são razões

mais do que justas para caracterização da deserdação.

8.3. Deserdação do ascendente

Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814,

autorizam a deserdação dos ascendentes pelos

descendentes:

I – ofensa física;

II – injúria grave;

III – relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho

ou a do neto, ou com o marido ou companheira da filha ou

da neta;

IV – desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou

grave enfermidade.

Para o estudo em tela, fica evidente ser desnecessária a análise

exaustiva de todos os incisos previstos deste artigo, uma vez que a ideologia é a

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mesma explicada no item anterior, mudando somente os sujeitos ativos e

passivos.

9 – REQUISITOS ESSENCIAIS

Para que seja efetivada a deserdação, é imprescindível a presença de

certos requisitos tidos como essenciais, são eles:

a) Exigência de testamento válido com expressa declaração do fato determinante da deserdação.

Art. 1.964. Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser ordenada em testamento.

b) Fundamentação em causa expressamente prevista pela lei

Considerada nula é a cláusula de testamento que o testador vir a

deserdar descendente, sem o devido fundamento.

Maria Helena Diniz21 afirma que “a lei (CC, arts. 1.814, 1.862 e 1.863)

retira do arbítrio do testador a decisão quanto aos casos de deserdação, devido à

gravidade desse ato, não admitindo interpretação extensiva e muito menos o

emprego da analogia”.

21 Manual de Direito Civil: Direito de Família e das Sucessões, Vol. 6, p. 193.

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c) Existência de herdeiros necessários

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.

d) Comprovação do motivo alegado pelo testador

Ensina Maria Helena Diniz22:

“Se provar cabalmente o fato, a sentença privará o herdeiro de sua legítima. Se não se conseguir provar a causa da deserdação, ficará sem efeito a instituição de herdeiro e todas as disposições que prejudicarem a reserva legitimária do deserdado (RT 181:708); logo, a falsidade da causa alegada ou a ausência de comprovação de sua veracidade, autorizará o herdeiro à receber o que tem direito; mas, se se tratar de legado, cumprir-se-á a liberalidade que comporte a quota disponível”.

10 – PRAZO

Assim como na indignidade o prazo para a deserdação é de 4 anos,

contados a partir da abertura da sucessão.

Maria Helena Diniz23, citando Parecer de Vicente Arruda que assim

esclarece:

22 Manual de Direito Civil: Direito de Família e das Sucessões, Vol. 6, p. 193.23 Manual de Direito Civil: Direito de Família e das Sucessões, Vol. 6, p. 193.

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“O herdeiro instituído é o decorrente de testamento. Sendo assim, o prazo deve ser contado a partir da abertura do testamento. Por outro lado, o prazo de quatro anos está acorde com o art. 1.815”). Se o herdeiro não intentar ação judicial nesse prazo de decadência, não mais terá o direito de movê-la. O testamenteiro não beneficiado pela deserdação não pode propor essa ação, apesar de poder propugnar a validade do testamento (CC, art. 1.981)”.

11 – JURISPRUDÊNCIA

1. Indignidade

• SUCESSÃO —EXCLUSÃO DO HERDEIRO POR INDIGNIDADE - AÇÃO PROPOSTA CONTRA O FILHO DO FALECIDO SOB ALEGAÇÃO DE QUE APÓS A MORTE DO PAI APOSSOU-SE DE SUAS EMPRESAS, COM ALTERAÇÃO DOS ESTATUTOS - FATO PRATICADO NA LUTA PELO DOMÍNIO DA HERANÇA QUE NÃO CARACTERIZA A INDIGNIDADE PREVISTA NO ART. 1.595, III, DO CC [ART. 1.814, CC/2002] - IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. O fato de ter o filho, após a morte do pai, se apossado de suas empresas com alterações dos estatutos não constitui a indignidade prevista no art. 1.595, III, do CC [art. 1 .814, III, CC/2002], nem qualquer outra que possa ser oposta em termos de exclusão da sucessão, por se tratar de ato praticado na luta pelo domínio da herança (TJSP — 6. Câm.Cív. —AC 92.311-1 —rel. Des. Garrigós Vinhaes —j. 07.04.1988).

Observação complementar: Como visto, a indignidade é numerus clausus, ou seja,

somente a lei determina as suas hipóteses. Vide página 06.

2. Deserdação

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• INVENTÁRIO – TESTAMENTO – DESERDAÇÃO – CAUSA – PROVA – ÔNUS DA HERDEIRA A QUEM A DESERDAÇÃO APROVEITA – NECESSIDADE DE RECURSO A AÇÃO PRÓPRIA – IMPROVIMENTO AO AGRAVO – APLICAÇÃO DOS ARTS. 1.743 E 178, § 9.°,IV, DO CC [ART. 1.965, CC/2002]. A causa da deserdação, que o testador invocou, tem de ser provada, em ação própria, pelo herdeiro instituído, ou por aquele a quem a deserdação aproveite, sob pena de nulidadeda instituição e da cláusula que prejudique a legítima do deserdado (TJSP — 2.° CDPriv. — AI 205.486-4/6 — rel. Des. Cezar Peluso —j. 19.02.2002).

Observação complementar: Conforme análise em matéria já abordada, podemos concluir

que, caso seja declarada a deserdação por testamento ao ingrato, esta deverá ter sua causa

sempre fundamentada. Vide página 22.

3. Deserdação x Indignidade

• HERANÇA - DESERDAÇÃO E EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE - DISTINÇÕES -INTELIGÊNCIA DO ART. 1.595 DO CC [ART. 1.814, CC/2002] - AÇÃO PARA EXCLUIR O PAI DO DE CUJUS- IMPROCEDÊNCIA -APELAÇAO IMPROVIDA. Deserdação e exclusão da sucessão por indignidade são institutos que não se confundem. A deserdação depende de ato da vontade do autor da herança. A exclusão da sucessão por indignidade é disciplinada no art. 1.595 do CC [art. 1.814, CC/2002j (TJRJ 6.l Câm.Cív. —AC 8.810—rel. Des. Fonseca Passos —j. 17.06.1979).

Observação complementar: Como estudado, embora sejam paralelos os institutos da

indignidade e deserdação, estas não podem ser confundidas, pois são institutos distintos.

Vide página 03.

12 – CONCLUSÃO

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Como vimos no decorrer de nosso estudo, tanto a indignidade como a

deserdação tem o mesmo objetivo, ao qual seja a punição de quem ofendeu o de

cujus, mas, embora tenha essa semelhança, são institutos bem distintos, pois

como vimos, a indignidade funda-se com exclusividade nos casos expressos no

art. 1. 814, do Código Civil, ao qual a deserdação repousa na vontade exclusiva

do autor da sucessão, que demonstra ao ingrato, em seu ato de última vontade,

seu desejo de que, fundado em motivo legal não é ele merecedor de tal benefício.

Própria da sucessão legítima, a indignidade alcança também os

herdeiros testamentários e os legatários, enquanto na deserdação afasta da

sucessão somente os herdeiros necessários, através da manifestação de última

vontade, que pode ser obtida mediante testamento válido.

13 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

vol. 6.

HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Comentários ao código civil: parte

especial do direito das sucessões. São Paulo: Saraiva, 2003. vol. 20.

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LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil: direito de família e das sucessões. 3ª ed.

São Paulo: RT, 2004. vol. 5.

RODRIGUES, Silvio. Direito civil: direito das sucessões. 26ª ed. atual. por Zeno Veloso.

São Paulo: Saraiva, 2006. vol. 7.