excelentÍssimo desembargador presidente do egrÉgio ... · contra o v. acórdão proferido pela...

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São Paulo R. Pe. João Manuel 755 19º andar Jd Paulista | 01411-001 Tel.: 55 11 3060-3310 Fax: 55 11 3061-2323 Rio de Janeiro R. Primeiro de Março 23 Conj. 1606 Centro| 20010-904 Tel.: 55 21 3852-8280 Brasília SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1 Ed. Libertas Conj. 1009 Asa Sul | 70070-935 Tel./Fax: 55 61 3326-9905 1 EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DA 4ª REGIÃO. Habeas Corpus nº 5071856-91.2017.4.04.0000 CRISTIANO ZANIN MARTINS e outros, impetrantes do writ acima identificado, em que figura como paciente LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, com fundamento no artigo 105, inciso II, alínea “a”, da Constituição Federal, bem como o artigo 30, da Lei nº 8.038/90 e artigo 297 do Regimento Interno deste Tribunal, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS contra o v. acórdão proferido pela Colenda 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que, por unanimidade, denegou a ordem de habeas corpus impetrado em face de ato coator praticado pelo MM Juiz da 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba-PR.

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São Paulo

R. Pe. João Manuel 755 19º andar Jd Paulista | 01411-001

Tel.: 55 11 3060-3310 Fax: 55 11 3061-2323

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EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO

TRIBUNAL REGIONAL DA 4ª REGIÃO.

Habeas Corpus nº 5071856-91.2017.4.04.0000

CRISTIANO ZANIN MARTINS e outros, impetrantes do writ

acima identificado, em que figura como paciente LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA,

com fundamento no artigo 105, inciso II, alínea “a”, da Constituição Federal, bem como

o artigo 30, da Lei nº 8.038/90 e artigo 297 do Regimento Interno deste Tribunal, vêm,

respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS

contra o v. acórdão proferido pela Colenda 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª

Região, que, por unanimidade, denegou a ordem de habeas corpus impetrado em face

de ato coator praticado pelo MM Juiz da 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de

Curitiba-PR.

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Requer-se, assim, seja o presente recurso regularmente recebido e

processado, encaminhando-se os autos ao C. Superior Tribunal de Justiça.

O presente feito, por se tratar de recurso em habeas corpus, é isento

de custas, conforme artigo 3º, inciso I, da Resolução STJ/GP n.º 02/2017. Ainda, como

o processo é eletrônico, é dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno

dos autos, conforme artigo 4º, caput do mesmo diploma normativo.

Termos em que,

Pede deferimento.

De São Paulo (SP) para Porto Alegre (RS), 30 de abril de 2018.

CRISTIANO ZANIN MARTINS

OAB/SP 172.730

VALESKA TEIXEIRA Z. MARTINS

OAB/SP 153.720

KAÍQUE RODRIGUES DE ALMEIDA

OAB/SP 396.470

PAMELA TORRES VILLAR

OAB/SP 406.963

SOFIA LARRIERA SANTURIO

OAB/SP 283.240

GABRIELA FIDELIS JAMOUL

OAB/SP 340.565

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RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS

Autos de Origem: Habeas Corpus nº 5071856-91.2017.4.04.0000

Juízo de Origem: Tribunal Regional Federal da 4ª Região

Paciente/Recorrente: Luiz Inácio Lula da Silva

EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA;

COLENDA TURMA JULGADORA;

EXCELENTÍSSIMO MINISTRO RELATOR;

Em que pese o indiscutível saber jurídico da C. 8ª Turma deste

Tribunal Regional Federal, não pode prosperar o v. acórdão que deixou de conhecer do

habeas corpus em tela, conforme razões a seguir expostas.

– I –

PRELIMINARMENTE

DA TEMPESTIVIDADE

Antes de apresentar as razões que deverão motivar a reforma do v.

acórdão impugnado, importante pontuar que o presente recurso é tempestivo.

As partes foram intimadas do v. acórdão, iniciando-se a contagem do

prazo no dia 24.04.2018, motivo pelo qual o termo final para interposição do recurso —

levando-se em consideração o quinquênio previsto no 30 da Lei nº 8.038/1990 —, seria

no dia 28.04.2018, um sábado, estendendo-se para o primeiro dia útil seguinte, ou seja,

a presente data de 30.04.2018.

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–II –

SÍNTESE DO NECESSÁRIO

O PACIENTE está sendo acusado pela prática de corrupção passiva

qualificada e lavagem de dinheiro, eis que, segundo as circunstâncias narradas na

denúncia ofertada pelo Ministério Público Federal, teria solicitado e aceitado de

promessa de vantagem indevida consistente em um imóvel para a instalação do Instituto

Lula. O valor utilizado para o pagamento dessa vantagem indevida, segundo afirmado

— mas não demonstrado — na exordial acusatória, seria proveniente de 08 (oito)

contratos firmados pela Petrobras.

Além disso, é ele também acusado pelo cometimento do delito de

lavagem de dinheiro majorada, por 93 (noventa e três) vezes, porque, juntamente com

outras pessoas, teria – supostamente – dissimulado e ocultado a origem, a

movimentação, a disposição e propriedade de R$ 12.422.000,00 provenientes de crimes

de organização criminosa, cartel, fraude à licitação e corrupção praticados por

executivos do Grupo Odebrecht em detrimento da Petrobras, mediante sucessivas

transações concebidas para aquisição de um imóvel com vistas à instalação da sede do

espaço institucional em que o PACIENTE armazenaria e exporia os presentes e demais

itens recebidos durante seus mandatos presidenciais, bem como desempenharia suas

atividades após deixar a Presidência da República.

É acusado, ainda, pela prática do crime de lavagem de dinheiro

majorada, por uma vez, pois teria dissimulado e ocultado a origem, movimentação, a

disposição e a propriedade de R$ 504.000,00, provenientes de crimes de organização

criminosa, cartel, fraude à licitação e corrupção praticados pelos executivos do Grupo

Odebrecht, em detrimento da Petrobras, para a aquisição, em favor do PACIENTE, de um

apartamento localizado na Avenida Francisco Prestes Maia, nº 1501, em São Bernardo

do Campo – SP, mantido em nome de Glaucos da Costamarques.

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Pois bem.

Durante a instrução do referido processo, e apenas dois dias úteis

antes de seu interrogatório, o corréu colaborador Marcelo Bahia Odebrecht, sob a

alegação de que estaria reafirmando o seu compromisso com a Justiça e a efetividade de

seu acordo de colaboração premiada, promoveu a juntada de documentos que teriam

chegado “ao seu conhecimento durante a preparação para o interrogatório marcado

para o dia 04.09.2017”.

Na mesma ocasião, o Ministério Público Federal também anexou aos

autos documentos – alguns deles coincidentes com aqueles juntados pelo corréu-

colaborador – que teriam sido retirados de suposta cópia do sistema Drousys, um

sistema de comunicação do chamado Setor de Operações Estruturadas do Grupo

Odebrecht.

Diante da juntada desses novos documentos e da fundada dúvida sobre

a idoneidade do material, a Defesa do PACIENTE suscitou Incidente de Falsidade

Documental, autuado sob o nº 5037409-29.2017.4.04.7000, objetivando a apuração da

integridade dos documentos juntados nos autos da Ação Penal originária de nº 5063130-

17.2016.4.04.7000).

Após sucessivos indeferimentos de pedidos da Defesa para ter acesso

à íntegra das cópias dos supostos sistemas operacionais utilizados pelo aludido Setor de

Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht o MM. Juízo da 13ª Vara Federal da

Subseção Judiciária de Curitiba houve por bem determinar, de ofício, a realização de

prova pericial nos referidos sistemas.

Na oportunidade, o magistrado indicou a necessidade de que se

aguardasse o resultado desta perícia nos sistemas, a ser realizada no âmbito da Ação

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Penal, e determinou a intimação das partes para que indicassem outras provas a serem

produzidas e que fossem pertinentes à resolução do Incidente.

Seguindo-se o rito procedimental, o magistrado de primeiro grau

determinou a autuação apartada do incidente processual e intimou as partes para

apresentarem demais requerimentos de provas a serem produzidos para a sua solução.

As partes, então, foram intimadas a manifestarem-se sobre a

apresentação das vias físicas originais dos documentos impugnados, bem como sobre a

realização de perícias de natureza grafoscópica e documentoscópica.

O Ministério Público Federal e o corréu colaborador afirmaram que

não detêm as vias originais.

O Parquet requereu a produção de prova impertinente ao incidente,

como reconhecido por esta C. 8ª Turma1.

A Defesa, por seu turno, requereu em 27.11.2017 a oitiva de duas

testemunhas relevantes ao desfecho da ação incidental, a saber, Paulo Sérgio da

Rocha Soares, proprietário da empresa Draftsystems do Brasil, desenvolvedora do

sistema Drousys, e RODRIGO TACLA DURAN, ex- advogado da Odebrecht que afirmou

em depoimento à CPMI da JBS e em depoimento prestado aos advogados do PACIENTE

— registrado em ata notarial —, dentre outras coisas, que tem conhecimento de que

documentos da Odebrecht foram adulterados e não podem ter qualquer valor

probatório.

O MM. Juiz de Primeiro Grau decidiu deferir o depoimento apenas da

primeira testemunha arrolada pela Defesa do PACIENTE (Paulo Sérgio da Rocha

1 Correição Parcial nº 5067325-59.2017.4.04.0000/PR.

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Soares), o que ocorreu em audiência realizada em 13.12.2017. A oitiva da segunda

testemunha (RODRIGO TACLA DURAN) foi indeferida.

O indeferimento da oitiva da segunda testemunha arrolada pela Defesa

do PACIENTE foi assim fundamentado pela autoridade coatora:

“A palavra de pessoa envolvida, em cognição sumária, em graves crimes e desacompanhada de quaisquer provas de corroboração não é digna de crédito, como tem reiteradamente decidido este Juízo e as demais Cortes de Justiça, ainda que possa receber momentâneo crédito por matérias jornalísticas descuidadas e invocadas pela Defesa”.

A Defesa do PACIENTE pediu a reconsideração do aludido decisum,

demonstrando que a oitiva do Sr. RODRIGO TACLA DURAN é sobremaneira relevante para

o desfecho do Incidente de Falsidade em referência, na medida em que afirmara perante

a CPMI da JBS sobre a manipulação e a adulteração de documentos que estão em

discussão nesse evento processual.

Apesar disso, o Juízo a quo manteve o indeferimento, afirmando a

“ausência de qualquer elemento probatório mínimo que indique envolvimento

específico dele [Rodrigo Tacla Duran] nas operações que constituem objeto da

presente ação penal” — em clara confusão entre o objeto do Incidente de Falsidade e a

Ação Penal principal.

O habeas corpus em tela, então, foi impetrado diante da ilegalidade de

tais decisões, que impedem que o PACIENTE realize prova relevante sobre a falsidade de

documentos que estão sendo utilizados para sustentar uma acusação criminal que coloca

sua liberdade em risco.

Processado o writ, o eminente Desembargador Relator do Tribunal

Regional Federal da 4ª. Região indeferiu o pedido de liminar. Apresentado o parecer da

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douta Procuradoria Regional da República da 4ª Região, manifestando-se pela

denegação da ordem, o feito foi incluído em mesa para julgamento, o qual veio a

acontecer no dia 21.02.2018.

Com a antecipação necessária, a Defesa do PACIENTE juntou aos autos

o Parecer Pericial Documentoscópico, elaborado pelo renomado Dr. Celso Mauro

Ribeiro Del Picchia – membro Emérito da Associação dos Peritos Judiciais do Estado

de São Paulo, da Internacional Association of Forensinc Sciences (IAFS), da

Associação Brasileira de Criminalística (ABC) e da Asociación Latinoamericana de

Criminalística. Referido trabalho técnico reforçou a necessidade da produção da prova

testemunhal que se busca, haja vista a constatação da ocorrência de adulteração dos

documentos objeto da questão incidental, alegadamente extraídos do sistema Drousys.

No dia 21.02.2018, no entanto, a C. 8ª Turma do Tribunal Regional

Federal da 4ª Região decidiu pelo não conhecimento da ordem de habeas corpus

pleiteada, cujo acórdão foi assim ementado:

'OPERAÇÃO LAVA-JATO'. HABEAS CORPUS. EXAME DE PROVA. EXCEPCIONALIDADE. UTILIDADE DO PROCESSO. INEXISTÊNCIA DE PERTINÊNCIA MATERIAL. 1. A impetração de habeas corpus destina-se a corrigir eventual ilegalidade praticada no curso do processo, sobretudo quando houver risco ao direito de ir e vir do investigado ou réu. Significa dizer que o seu manejo, a fim de discutir questões processuais, deve ser resguardado para situações excepcionais, quando houver flagrante ilegalidade e que afete sobremaneira a ampla defesa. 2. O juízo de admissibilidade do habeas corpus para tratar de matérias outras não relacionadas ao direito de ir e vir deve levar em conta o princípio da proporcionalidade, a fim de evitar o comprometimento da ampla defesa e da utilidade da própria ação penal. 3. Inviável em sede de habeas corpus adentrar na pertinência ou não de determinada prova em incidente de falsidade, sob pena de a corte recursal incursionar em matéria afeta à instrução, de conhecimento exclusivo do juízo de primeiro grau. 4. O juiz é o destinatário da prova e pode recusar a realização daquelas que se mostrarem irrelevantes, impertinentes ou protelatórias, conforme previsão

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do artigo 400, §1º, do Código de Processo Penal. Hipótese em que o indeferimento de provas requeridas pela defesa foi devidamente fundamentado e a decisão impugnada não representa flagrante ilegalidade. 5. Não se conhece de questões trazidas após a impetração e que demandariam a apreciação de material probatório não submetido ao juízo de primeiro grau, instância onde deve ser realizado o contraditório sobre prova unilateral produzida pela defesa. Inviabilidade e ausência de utilidade no adiamento do julgamento do habeas corpus dada a impossibilidade de ampliação de seu objeto pelo Tribunal, como se juízo ordinário fosse. 6. Ordem de habeas corpus não conhecida. (TRF4, HABEAS CORPUS Nº 5071856-91.2017.404.0000, 8ª Turma, Des. Federal João Pedro Gebran Neto, por unanimidade, juntado aos autos em 22/02/2018).

Desse aresto foram opostos Embargos de Declaração pela presença de

contradição, haja vista que, inicialmente, se afirmou que o writ não seria conhecido,

mas, na sequencia, houve o enfrentamento do mérito da impetração. Também foi

apontada a ocorrência de omissão uma vez que a análise sobre a pertinência da oitiva da

testemunha não levou em consideração as declarações por ela prestadas perante CPMI

da JBS e, ainda, à defesa do PACIENTE, conforme Ata Notarial anexada à inicial.

Os aclaratórios, no entanto, foram desprovidos por meio de acórdão

assim ementado:

'OPERAÇÃO LAVA-JATO'. PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ART. 619 DO CPP. REQUISITOS. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. OBSCURIDADE OU AMBIGUIDADE. INEXISTÊNCIA. LIVRE APRECIAÇÃO. CONCLUSÕES DO ÓRGÃO JULGADOR. E PREQUESTIONAMENTO. DESCABIMENTO. 1. Os embargos de declaração têm lugar exclusivamente nas hipóteses de ambiguidade, omissão, contradição ou obscuridade da decisão recorrida, não se prestando para fazer prevalecer tese diferente daquela adotada pelo órgão julgador ou para reavaliação das conclusões surgidas da livre apreciação da prova. 2. A simples insurgência da parte contra os fundamentos invocados e que levaram o órgão julgador a decidir não abre espaço para o manejo dos embargos de declaração, devendo ser buscada a modificação pretendida na via recursal apropriada. 3. Por construção jurisprudencial, os embargos de declaração também podem ser opostos a fim de sanar erro material.

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4. Inviável em sede de habeas corpus adentrar na pertinência ou não de determinada prova em incidente de falsidade, sob pena de a corte recursal incursionar em matéria afeta à instrução, de conhecimento exclusivo do juízo de primeiro grau. Hipótese em que inexiste contradição no exame da matéria trazida ao Tribunal em sede de habeas corpus e o seu não conhecimento, quando imprescindível a aferição de eventual flagrante ilegalidade para aferição do juízo de admissibilidade da impetração. 5. Embargos de declaração improvidos. (TRF4, HABEAS CORPUS Nº 5071856-91.2017.404.0000, 8ª Turma, Des. Federal Nivaldo Brunoni, por unanimidade, juntado aos autos em 12/04/2018).

Com o devido respeito, esse entendimento não pode prevalecer.

O habeas corpus é o meio cabível para tutelar o devido processo legal

em ação penal e a oitiva do Sr. RODRIGO TACLA DURAN é relevante para o desfecho do

Incidente de Falsidade e, por conseguinte, para o desfecho da própria ação penal.

Senão, vejamos.

– III –

DO CABIMENTO

Primeiramente, apenas para fins de enfrentamento da matéria, é

necessário mencionar que o recurso ordinário é cabível contra o acórdão que denegar o

habeas corpus, em julgamento originário de tribunal e, de forma equivalente, daqueles

decididos em única ou ultima instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos

tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios.

A expressão denegatória, todavia, deve ser interpretada de forma

ampla, isto porque, é igualmente denegatória a decisão que julga a ação mandamental

em seu mérito, dando-o por improcedente.

É denegatória, portanto, a decisão que não conhece do mérito por

inadequação da vida eleita, principalmente em razão da limitação probatória.

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Assim, seja porque há constrangimento ou ameaça à liberdade de

locomoção ou porque há óbice processual, por inadequação da via eleita, a decisão é

considerada denegatória, admitindo-se o presente recurso.

À vista disso, sendo, portanto, indubitável a pertinência desta via,

passamos à análise das razões pelas quais o v. acórdão merece ser reformado.

– IV –

DAS RAZÕES DE REFORMA DO V. ACÓRDÃO

Eminentes Ministros, pretende-se por meio deste recurso a reforma da

decisão que, por unanimidade, deixou de conhecer de habeas corpus sob o fundamento

de que a decisão de primeiro grau não apresentaria ilegalidade latente “capaz de

autorizar a intervenção prematura do juízo recursal na instrução”.

A despeito de não ter conhecido do writ, a Corte Regional, ignorando

que, embora o instrumento jurídico seja adequado, pronto e eficaz para conjurar

qualquer ameaça de violência de supressão – imediata ou mediata – da liberdade de

locomoção por ilegalidade ou abuso de poder, não arredar vícios sanáveis também

atingem as liberdades individuais, afirmou que “no sistema vigente o juiz é destinatário

da prova e pode recusar a realização daquelas que se mostrarem irrelevantes,

impertinentes ou protelatórias, conforme previsão do art. 400, § 1º, do Código de

Processo Penal”.

Esse entendimento, com o devido acatamento, não pode prevalecer.

O habeas corpus é ação constitucional que tem por objetivo tutelar,

jurisdicional e concretamente, direitos e garantias fundamentais do indivíduo, estando

previsto no artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal:

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12

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

Essa ação mandamental estratifica a mais importante proteção

conferida pelo ordenamento jurídico ao jus libertatis, preceituando a Lex Mater ser este

o remédio adequado, pronto e eficaz, para conjurar qualquer ameaça de supressão

(imediata ou mediata) da liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de

poder.

Integrando a norma reitora, o Código de Processo Penal esmiúça as

hipóteses de sua pertinência e define as situações fáticas configuradoras de coação

ilegal, capazes de ensejar a impetração e concessão de habeas corpus:

Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: (...) VI – quando o processo foi manifestamente nulo (destacou-se).

De se notar, ainda, a previsão do art. 25, itens 1 e 2, do Pacto de San

José da Costa Rica (Decreto 678/92), que garante ao jurisdicionado a existência e

análise de um meio eficaz a fim de garantir a proteção de seus direitos fundamentais:

1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos fundamentais reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais. 2. Os Estados Partes comprometem-se: a. a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sistema legal do Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que interpuser tal recurso; b. a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e c. a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competentes, de toda decisão em que se tenha considerado procedente o recurso.

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Vê-se, pois, que o arcabouço normativo – constitucional e legal –

prevê, categoricamente, o cabimento do habeas corpus também para conjurar

nulidade decorrente de ofensa a garantias fundamentais no âmbito de ação penal.

Oportuno, para o presente caso, trazer a lume a relevante advertência

de ALBERTO ZACHARIAS TORON:

“Preocupa-se tanto com o que o habeas corpus não deve ser, que se esqueceu do que ele é na sua essência histórica: um instrumento apto a coibir ilegalidades contra a liberdade do constrangido, sem qualquer entrave burocrático ou formalismo”2. (destacou-se)

Nessa linha, não há dúvida sobre o cabimento do habeas corpus no caso

vertente, em que a autoridade coatora, como demonstrado por prova pré-constituída,

violou uma garantia fundamental do PACIENTE durante a tramitação de ação penal em

que ele figura como réu — privando-o de fazer prova de que documento utilizado na

sua acusação é falso.

A verdade é que embora o Tribunal local tenha registrado que “não

conheceu” do presente writ, houve análise do mérito da impetração. Segundo os

eminentes Desembargadores, não teria sido demonstrada a imprescindibilidade do

depoimento do Sr. RODRIGO TACLA DURAN para o deslinde do Incidente de Falsidade.

Tal afirmação, porém, não guarda qualquer pertinência com os

elementos carreados aos autos pela Defesa do PACIENTE.

De fato, a peça exordial foi instruída com depoimento prestado pelo

Sr. RODRIGO TACLA DURAN à CPMI da JBS em 30.11.2017, durante o qual ele afirmou

e apresentou documentos que poderiam indicar a ocorrência de adulterações

2 TORON, Alberto Zacharias. Habeas corpus: controle do devido processo legal: questões controvertidas e de processamento do writ. 1ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017, p. 92.

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substanciais nos programas usados pelo Grupo Odebrecht, do qual foram

extraídos os documentos questionados no Incidente de Falsidade em questão.

Pede-se vênia para trazer a lume algumas perguntas formuladas por

Parlamentares naquela assentada, bem como as respostas apresentadas pelo Sr.

RODRIGO TACLA DURAN — a revelar que seu depoimento é imprescindível para o

desfecho do Incidente de Falsidade em questão:

Dep. Wadih Damous: Só para que nós tenhamos claro, senhor Rodrigo.

Esses documentos acostados em autos de processos, de inquéritos,

que foram obtidos mediante acesso a esse sistema Drousys. O senhor

afirma que a totalidade destes documentos é falsa, ou alguns

documentos são falsos? Só para que nós tenhamos isso claro. Esses

documentos eles serviram de prova para corroborar delações premiadas,

eles serviram de provas para condenar pessoas. Esclareça isso para nós.

Sr. Rodrigo Tacla Duran: Todos os documentos são falsos eu não sei,

porque estou me referindo aos documentos que eu tive acesso, que são

estes da denúncia do presidente Michel Temer porque citava o meu nome

e, por exemplo, também o que foi aportado pela Odebrecht no Inquérito

4435, que envolve o deputado Pedro Paulo e o ex-prefeito do Rio de

Janeiro, Eduardo Paes.

Esses extratos são falsos e já foram periciados. No caso da denúncia

do presidente Michel Temer, esses extratos que foram aportados, eles

demonstram que o sistema foi manipulado. A partir do momento em

que o sistema foi manipulado antes, durante e depois do bloqueio, as

provas, no meu entender, são viciadas. Todas as provas que saem

daquele sistema, a partir daí, são viciadas.

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[...]

Sr. Rodrigo Tacla Duran: Só para o senhor entender, houve uma

manipulação também no sistema do banco, para que não seja possível

determinar a origem e o destino dos recursos. Porque a lavagem de

dinheiro que eles praticavam, ela era feita em diversos níveis, só que

dentro do Meinl Bank Antígua através de transferências internas. Essas

transferências internas foram apagadas do sistema de uma forma que não

se identificasse o destinatário. Na verdade, é muito pouco provável que

se chegue a provar, por meio do sistema do Meinl Bank, que o dinheiro

que se originou na Odebrecht, na origem, se destinou a determinado

beneficiário.

[...]

Dep. Paulo Pimenta: [...] O senhor poderia explicar essa relação do

banco com a Odebrecht para a gente poder entender melhor? Por que que

o senhor diz “o banco da Odebrecht”, ou “do banco da Meinl Bank”?

Como é que funcionava essa operação, essa relação da Odebrecht com o

Meinl Bank?

Sr. Rodrigo Tacla Duran: Bom, esse banco foi comprado pela, em

nome dos seis, né, no caso, foi comprado em nome dos quatro mas eram

seis sócios. Os acionistas que apareciam como, no banco eram Luiz

França, o Olívio Rodrigues, o Marco Bilinski e o Vinicius Borin. Fora

eles quatro, havia de sócios o Luiz Eduardo da Rocha Soares e o

Fernando Migliaccio, apesar de não aparecerem nos papéis do banco,

eles eram sócios também.

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Esse banco atuava, praticamente, exclusivamente à Odebrecht. O que não

era Odebrecht era vinculado à Odebrecht, né. Mas, 99% das operações

eram as operações da própria empresa e foi comprado com essa

finalidade.

Dep. Paulo Pimenta: O Meinl Bank é um banco em Antígua, através do

qual a Odebrecht fazia grande parte de suas operações. É isso?

Sr. Rodrigo Tacla Duran: Sim, tomei conhecimento dessas informações

que eu estou transmitindo justamente no meu trabalho como advogado,

fazendo a defesa, quando recebi essas informações dos seis.

Dep. Paulo Pimenta: Só quero entender uma coisa. Quem era o dono

desse banco?

Sr. Rodrigo Tacla Duran: A Odebrecht.

Dep. Paulo Pimenta: A própria Odebrecht era dona do banco?

Sr. Rodrigo Tacla Duran: É, uma parte. A outra parte é do Meinl Bank

Áustria.

Dep. Paulo Pimenta: Como?

Sr. Rodrigo Tacla Duran: 50% era do Meinl Bank Áustria.

Dep. Paulo Pimenta: Sim, mas era da Odebrecht ou de executivos da

Odebrecht?

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Sr. Rodrigo Tacla Duran: Seis executivos que eram laranjas e

movimentavam o banco em favor da Odebrecht. O Meinl Bank Áustria

não usava o banco.

Dep. Paulo Pimenta: Então, seis executivos da Odebrecht participaram

da compra de um banco em Antígua, mas essa participação desses seis

eram eles ou era a Odebrecht que era dona do banco? É isso que eu estou

querendo perguntar.

Sr. Rodrigo Tacla Duran: Eles compraram para uso da Odebrecht, o

banco. Agora, eles também faziam negócios deles dentro do banco.

Dep. Paulo Pimenta: Os extratos apresentados - pela Odebrecht na sua

delação e utilizados pelo Ministério Público nas denúncias – do Meinl

Bank, são extratos de um banco cujo dono é a própria Odebrecht. É isso

que o senhor está dizendo?

Sr. Rodrigo Tacla Duran: Eu não fiz delação, deputado. Os extratos

que eu apresentei aí na Comissão, periciados...

Dep. Paulo Pimenta: Eu estou perguntando o seguinte: boa parte das

denúncias são feitas a partir de extratos do Meinl Bank, as delações da

Odebrecht. Então, a Odebrecht apresenta extratos de um banco que ela é

a dona?

Sr. Rodrigo Tacla Duran: Sim.

Dep. Paulo Pimenta: E esses extratos que o senhor alega que foram

fraudados, foram manipulados? São extratos falsos, é isso que o

senhor afirma?

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Sr. Rodrigo Tacla Duran: Exato. Mais do que dona do banco, ela era

dona do sistema de informática do banco também. Ela que

controlava.

Dep. Paulo Pimenta: Então, o senhor tem como provar isso? O senhor

tem perícia disso?

Sr. Rodrigo Tacla Duran: Isso já está provado. O irmão do Luiz

Eduardo, o Paulo Sérgio da Rocha Soares era o responsável pela TI. Ele

já afirmou à Polícia Federal por escrito e, inclusive, na perícia que eu fiz

e que encaminhei à Comissão tem essa carta que ele assina, na qual ele

diz que os equipamentos foram apreendidos na Suíça, que ficavam no

mesmo datacenter e que ele ajudou a Polícia Federal a identificar quais

HDs eram do banco e quais eram da Odebrecht. Ficavam juntos,

administrados pelo mesmo administrador de rede, Paulo Sérgio.

[...]

A inicial deste writ também foi instruída com ata notarial e

gravação de depoimento coletada pela própria Defesa do PACIENTE.

Realmente, a Defesa providenciou, às suas expensas, para

demonstrar a necessidade e indispensabilidade da oitiva do Sr. RODRIGO TACLA DURAN

uma Ata Notarial – Escritura de Declaração, trazendo aos autos a confirmação — dada

pela própria testemunha arrolada — de que tem informações relevantes a prestar sobre o

objeto do Incidente de Falsidade em questão.

Confiram-se os seguintes excertos:

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Adv. Cristiano Zanin Martins: Eu, na verdade, dizia que nós tentamos

em três oportunidades ouvir o senhor como testemunha em uma ação

penal em que o ex-presidente Lula é acusado. O objetivo principal pelo

qual nós arrolamos o senhor era prestar esclarecimentos, contribuir para a

apuração da verdade dos fatos, notadamente em relação a documentos

que foram apresentados durante processo de colaboração premiada de ex-

executivos da Odebrecht e também no acordo de leniência da empresa.

Há um incidente de falsidade que nós aqui apresentamos e que ele tem

por objeto documentos do Meinl Bank Antígua, dentre outros. Então, eu

queria saber se o senhor teria condições de prestar esclarecimentos a fim

de apurar a verdade dos fatos porque nós vamos insistir na sua oitiva. É

necessário, ao nosso ver, apurar a realidade dos fatos. Então, eu queria, se

o senhor pudesse, nos dizer se o senhor se sente em condições de prestar

depoimento como testemunha, notadamente para esclarecer fatos

relativos a esses documentos.

Sr. Rodrigo Tacla Duran: Só recapitulando, se eu tenho condições de

elucidar os documentos relativos ao Meinl Bank e do sistema Drousys?

Adv. Cristiano Zanin Martins: Isso, exatamente. São documentos que

são objeto de um incidente de falsidade.

Sr. Rodrigo Tacla Duran: Se esses documentos são relativos ao sistema

Drousys, que era a intranet da Odebrecht, e ao sistema do Banco,

propriamente dito, do Meinl Bank, eu tenho condições sim, dependendo

dos documentos, claro, e informações que são pertinentes a eles.

[...]

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Adv. Cristiano Zanin Martins: Doutor Rodrigo, como eu disse no

início, é a primeira vez que nós estamos conversando e eu percebi na sua

narrativa durante a CMPI da JBS que há uma situação de inclusive

perseguição aos familiares do senhor, houve até mesmo a necessidade de

mudança para o exterior, de alguns familiares do senhor. Eu gostaria de

saber se, a despeito dessa situação, se o senhor efetivamente estaria

disposto a prestar um depoimento como testemunha nas ações penais,

como testemunha que nós da Defesa do ex-presidente Lula pudéssemos

indicar? O senhor teria essa disponibilidade? O senhor entende que teria

condições de contribuir para a verdade dos fatos?

Sr. Rodrigo Tacla Duran: Cortou um pouquinho... se eu tenho a

disponibilidade de fazer ao Juízo um depoimento como testemunha no

processo do ex-Presidente Lula?

Adv. Cristiano Zanin Martins: Na verdade... vou repetir. Eu constatei

no seu depoimento à CPMI que o senhor narrou, inclusive, que há uma

perseguição em relação a familiares do senhor. Houve ate mesmo a

necessidade de mudança para o exterior. A despeito dessa situação toda,

o senhor teria disponibilidade para ser ouvido como testemunha em uma

ação penal que tramita na 13ª Vara Federal de Curitiba?

Sr. Rodrigo Tacla Duran: Sim, por videoconferência ou por uma carta

rogatória. Aqui na Espanha sem problema algum. Eu atendi... eu fui

testemunha... me chamaram como testemunha em assuntos do Equador,

por exemplo, hoje, que eu não tinha o menor conhecimento e eu até fui,

atendi, expliquei que eu não tinha conhecimento, não podia ajudar, mas,

no caso das suas perguntas eu entendo que é pertinente.

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21

Diante disso, há sólida prova nos autos sobre a pertinência do

depoimento do Sr. RODRIGO TACLA DURAN. Ele próprio confirmou, insista-se, que pode

contribuir para o desfecho do Incidente de Falsidade ora tratado e, por conseguinte, para

o desfecho da ação penal relacionado a esse evento.

A decisão que denegou o pedido, por óbvio, gera evidente prejuízo ao

PACIENTE, que se vê impedido de produzir prova essencial para demonstração da sua

inocência, embora não seja ônus que lhe caiba, em claro ato atentatório ao contraditório

à ampla defesa.

De completa relevância e potencial contribuição, RODRIGO TACLA

DURAN afirma categoricamente que o sistema de onde foram extraídas as

informações constantes no material entregue teria sido manipulado em variados

momentos pelos executivos do Grupo Odebrecht, com o objetivo de dar

sustentação e atender aos acordos que firmaram. Logo, as provas provenientes

daquele sistema seriam viciadas e não correspondestes ao original.

Por outro lado, é preciso lembrar, neste passo, que o Código de

Processo Penal estabelece, em seu artigo 202, que “toda pessoa poderá ser

testemunha”.

A valoração do depoimento de cada testemunha concerne ao

magistrado, não se pode, no entanto, excluir nenhuma pessoa desse contexto e nem

produzir efeito algum para impedir a sua participação.

Sobre o tema, oportuna é a lição de FERNANDO DA COSTA TOURINHO

FILHO:

“O princípio genérico adotado no Processo Penal é o de que toda pessoa poderá ser testemunha. Assim, qualquer pessoa física, independentemente da idade, sexo ou nacionalidade, pode ser testemunha. Não importam as imperfeições físicas, às vezes, até os estados contingentes de inconsciência.

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22

Não se levam em conta o estado social e a condição econômica da pessoa, bem como sua reputação ou fama (...)3”.

O MM Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, ao indeferir a oitiva, no

entanto, atacou a credibilidade da testemunha, revelando que considera que o objetivo

das declarações seriam o de “afastar este julgador”. Faz-se importante a transcrição

deste trecho do despacho:

“O objetivo claro das declarações públicas de Rodrigo Tacla Duran são, como ele mesmo chegou a admitir, afastar este julgador, que decretou a sua prisão preventiva, do processo pelo qual responde, não sendo ele, no contexto e sem a mínima corroboração, pessoa digna de qualquer credibilidade, com o que seu depoimento em nada contribuiria para a apuração dos fatos na presente ação penal, máxime quando, como adiantado, sequer participou dos fatos que constituem objeto da ação penal”.

O simples fato de a pessoa ser acusada de eventual envolvimento em

crimes, fundamento também utilizado para indeferir o pedido, não pode ser usado como

argumento para impedir o seu testemunho, nem pode o juiz obstá-lo apenas por

entender, a seu critério e imaginação, sua falta de contribuição para o esclarecimento da

verdade dos fatos.

De mais a mais, se existe alguma situação concreta que permita

discutir o afastamento do juiz do caso diante do depoimento – como aventado na

decisão que indeferiu a oitiva – isso só poderá ser aferida após a oitiva.

Somente após a coleta do depoimento é que o magistrado, como

destinatário da prova, pode verificar sua utilidade e sua valoração como prova.

Não se pode criar a figura de pessoa absolutamente impedida de depor

por critérios subjetivos das autoridades envolvidas no caso concreto.

3 in Código de Processo Penal Comentado, volume 1, 15ª. edição, Saraiva, p. 678.

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23

A lei, frise-se, autoriza o depoimento de qualquer pessoa que possa

contribuir para o esclarecimento da verdade (CPP, art. 202) e a Constituição Federal

(CF/88, art. 5º, inciso LVI) permite o uso de todas as provas lícitas – como é o caso do

depoimento requerido.

Ademais, compete ao juiz dar ampla liberdade de produção de provas

às perspectivas da acusação e da defesa, cabendo-lhe indeferi-las, se fosse o caso,

apenas se a produção mostrar-se protelatória, impertinente ou irrelevante à busca da

verdade, o que não ocorre no caso destes autos, uma vez que a prova oral postulada

demonstra-se de plano imprescindível.

Note-se, por oportuno, que o regramento inserto no artigo 222-A, do

Código de Processo Penal, com redação dada pela Lei nº 11.900/2009, onera à parte

interessada a prévia demonstração da imprescindibilidade da pretendida oitiva, aqui,

sendo demonstrado modo bastante robusto e com justificativa razoável.

Assim, diante do cerceamento de defesa e da negativa de prestação

jurisdicional, socorre-se o PACIENTE a este Egrégio Superior Tribunal de Justiça, a fim

de ver respeitados os seus direitos, de modo que se possa produzir a prova pretendida,

eis que não cabe ao julgador, a sua própria conveniência e baseado num juízo sem

concretude, embasar o seu indeferimento em elementos não previstos pela lei

processual.

Além disso, emerge com nitidez que a Egrégia 8ª Turma do Tribunal

Regional Federal da 4ª Região apreciou o mérito do habeas corpus em tela e, na

verdade, denegou a ordem à revelia do acervo probatório existente nos autos, que revela

a imprescindibilidade da oitiva do Sr. RODRIGO TACLA DURAN.

Como já mencionado, a testemunha deu claros sinais que poderá

comprovar a veracidade da tese defensiva, notadamente as alegações de que o sistema,

não era, de fato, confiável. A insistência em ouvi-lo, além de essencial para a solução da

lide, se dá em razão dele ter afirmado conhecer das adulterações no sistema.

Page 24: EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO ... · contra o v. acórdão proferido pela Colenda 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que, por unanimidade,

São Paulo

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24

De rigor, pois, seja reformado o aresto recorrido, para o fim de

conceder a ordem e determinar a oitiva do Sr. RODRIGO TACLA DURAN, ou, então,

subsidiariamente, para o fim de determinar que o Tribunal local julgue o mérito da

impetração, diante do manifesto cabimento do writ.

– V –

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se seja conhecido e provido o presente

recurso, para que seja reformado o v. acórdão recorrido para o fim de conceder a ordem

vindicada e determinar a oitiva do Sr. RODRIGO TACLA DURAN, ou, então,

subsidiariamente, para o fim de determinar que o Egrégio Tribunal Regional Federal da

4ª. Região julgue o mérito da impetração, diante do manifesto cabimento do writ.

Termos em que,

Pede deferimento.

São Paulo, 30 de abril de 2018.

CRISTIANO ZANIN MARTINS

OAB/SP 172.730

VALESKA TEIXEIRA Z. MARTINS

OAB/SP 153.720

KAÍQUE RODRIGUES DE ALMEIDA

OAB/SP 396.470

PAMELA TORRES VILLAR

OAB/SP 406.963

SOFIA LARRIERA SANTURIO

OAB/SP 283.240

GABRIELA FIDELIS JAMOUL

OAB/SP 340.565