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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO PARÁ EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA ___ VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO PARÁ. O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio da Procuradora da República que esta subscreve, no legítimo exercício das funções institucionais, com fulcro no disposto no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal de 1988; no artigo 6º, inciso VII, alínea d, da Lei Complementar nº 75/1993; e, ainda, nos artigos 1º, IV, e 5º, I, da Lei nº 7.347/85, vem, à ilustre presença de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA, COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, em face da UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público interno, representada pelo titular da Procuradoria da União no Estado do Pará, com endereço para citação na Avenida Boulevard Castilhos França, n.º 708, Edifício do Banco Central do Brasil – BACEN, quarto, quinto e sexto andares, Bairro do Comércio, Belém, Pará, fazendo-o com base nos fundamentos de fato e de direito adiante dispostos: Rua Domingos Marreiros, 690 – Umarizal – Belém/PA - CEP 66.055-210 - Fone: (91) 3299-0100 www.prpa.mpf.gov.br

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA NO PARÁ

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA ___ VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO PARÁ.

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio da Procuradora

da República que esta subscreve, no legítimo exercício das funções institucionais,

com fulcro no disposto no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal de 1988; no

artigo 6º, inciso VII, alínea d, da Lei Complementar nº 75/1993; e, ainda, nos artigos

1º, IV, e 5º, I, da Lei nº 7.347/85, vem, à ilustre presença de Vossa Excelência,

propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA,COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA,

em face da UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público

interno, representada pelo titular da Procuradoria da União no Estado do Pará, com

endereço para citação na Avenida Boulevard Castilhos França, n.º 708, Edifício do

Banco Central do Brasil – BACEN, quarto, quinto e sexto andares, Bairro do

Comércio, Belém, Pará, fazendo-o com base nos fundamentos de fato e de direito

adiante dispostos:

Rua Domingos Marreiros, 690 – Umarizal – Belém/PA - CEP 66.055-210 - Fone: (91) 3299-0100www.prpa.mpf.gov.br

1. DOS FUNDAMENTOS FÁTICOS

Foi instaurado, no âmbito da Procuradoria da República no Estado do

Pará, o Procedimento Administrativo (PA) nº 1.23.000.001719/2005-21, a partir do

Termo de Declarações prestadas pela Sra. Marlene Leite Afonso, servidora do

Ministério da Saúde, por meio das quais noticiou diversas irregularidades nas

condições de funcionamento do prédio onde está situada a representação do

Ministério da Saúde no Estado do Pará (fls. 02/05).

Aduziu que há mais de quatro décadas não é realizada nenhuma

reforma nas dependências do Órgão. Assim, em razão da falta de manutenção, o

prédio apresentaria problemas nas instalações elétricas (ocasionando risco de

incêndio), infiltrações, arquivos inadequados, precário funcionamento dos

elevadores, além da falta de higiene que facilitaria a proliferação de insetos e ratos

no local.

Tais irregularidades, portanto, representariam perigo à incolumidade

dos usuários dos serviços de saúde e dos servidores públicos que lá exercem suas

atividades.

Não bastasse o flagrante risco à integridade dos servidores, os fatos

narrados denotariam também a má prestação dos serviços públicos afetos ao

Ministério da Saúde, em face da suposta ausência de condições para o

funcionamento dos órgãos públicos instalados no referido imóvel, localizado à Rua

Manoel Barata, nº 869, nesta cidade de Belém.

Diante da situação inicialmente apresentada, este Órgão Ministerial

requisitou ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura & Agronomia do Pará

(CREA-PA) a realização de uma vistoria, objetivando a verificação in loco das

condições de funcionamento do prédio.

2

Em atendimento à requisição Ministerial, em 26/09/2005, uma equipe

de engenheiros conselheiros do CREA/PA realizou vistoria técnica no local, na qual

restou constatada a precariedade das instalações prediais, conforme parecer de fls.

12/22.

No ano de 2007, com vistas a verificar a permanência, ou não, das

irregularidades apontadas pelo Laudo de Vistoria Técnica do CREA/PA, o Parquet

encaminhou ofício à Chefia da Divisão de Convênios e Gestão do Núcleo Estadual

do Ministério da Saúde para que oferecesse esclarecimentos sobre o referido laudo

e indicasse as medidas adotadas para sanar as deficiências nele referidas.

Instado a se manifestar, o Chefe da Divisão de Convênios e Gestão do

Ministério da Saúde no Estado do Pará informou, em 05/11/2007, que se encontrava

em fase de conclusão um processo licitatório para aquisição de novos elevadores

para o prédio, bem como um outro para a sua reforma. Evidenciou-se, portanto, a

permanência das irregularidades apontadas pelo CREA/PA dois anos antes (fl. 31).

Ademais, documentos juntados aos autos por servidores do NEMS/PA

e pelo SINTPREVS - Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Previdência, Saúde,

Trabalho e Assistência Social no Estado do Pará ratificaram a subsistência das

deficiências das instalações e da manutenção predial, detectadas no local desde o

ano de 2005 (fls. 56/76 e 77/23)

A inviabilidade do funcionamento do prédio foi novamente constatada

em recentes inspeções realizadas pelo Departamento de Vigilância Sanitária da

SESPA (fls.135/137), Ministério Público Federal (fls. 152/159), Centro de Atividades

Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará (fls. 162/169), TV

Record (fls. 173/175), Departamento de Vigilância Sanitária da SESMA (fls. 176/178)

e Departamento de Vigilância à Saúde (fls. 193/196).

Em face, pois, das péssimas condições de funcionamento do prédio,

no início do mês de maio de 2008, os servidores do Núcleo Estadual do Ministério

da Saúde paralisaram suas atividades, condicionando o retorno ao trabalho à

3

adoção de medidas imediatas pelo Ministério da Saúde visando garantir mínimas

condições de segurança no local.

Exigem, ainda, que o Ministério da Saúde promova a locação (ainda

que provisória) de outro imóvel para a realocação do quadro de servidores até que

sejam finalizadas as reformas necessárias no prédio onde atualmente exercem suas

atividades.

Diante de todos os fatos até então constatados, o Ministério Público

Federal expediu a Recomendação nº 03/2008-Ofício 06/PR/PA (fls. 115/117), para

que o Ministério da Saúde promovesse a imediata realocação dos servidores para

outro local, até que se resolvessem os problemas físicos do prédio.

Em atenção à aludida Recomendação, às fls. 148/151, a Chefia da

Divisão de Convênios e Gestão do Ministério da Saúde no Pará informou que tem

buscado solucionar a questão junto aos seus superiores hierárquicos, não

conseguindo obter avanços em razão de entraves burocráticos. Além disso, afirmou

não ser possível promover a realocação imediata dos servidores.

Outrossim, em atendimento à requisição ministerial, a Secretaria

Executiva do Ministério da Saúde ratificou as informações prestadas pelo Chefia da

DICON/MS/PA no decorrer do procedimento apuratório, informando que a instrução

processual relativa à reforma da edificação se encontra na fase interna de licitação,

sendo que os estudos técnicos preliminares apontaram pela conveniência

administrativa de restringir o escopo dos serviços que deverá compor o objeto

contratual às questões mais urgentes que comprometem a integridade do imóvel e,

assim, reduzir o valor da estimativa orçamentária (fl. 982 – Anexo V).

Quanto à locação de um novo prédio, a Secretaria Executiva do

Ministério da Saúde esclareceu que após prévia análise técnica das propostas

formalizadas por 5 (cinco) candidatos a locador, a DICON/MS/PA requereu à

Gerência Regional de Patrimônio da União no Pará a avaliação dos imóveis

disponíveis para locação imediata no mercado local, e que no momento aguarda a

4

emissão de Laudo Técnico de avaliação, a ser encaminhado pela GRPU/PA (fl. 982

– Anexo V).

Já a GRPU, em ofício colacionado à fl. 197, asseverou que realizou a

avaliação de um imóvel indicado pelo Ministério da Saúde, admitindo o valor locativo

médio de R$ 65.969,98 (sessenta e cinco mil novecentos e sessenta e nove reais e

noventa e oito centavos), sem acrescentar maiores informações acerca da avaliação

de outros imóveis.

Muito bem. O grande lapso temporal decorrido sem que se chegasse a

uma resolução para a questão culminou no agravamento da situação das condições

de funciomamento do prédio, que, comprovadamente, não oferece condições de

segurança e salubridade à população que necessita dos serviços prestados pelo

Órgão e aos servidores que lá trabalham.

A presente Ação Civil Pública objetiva, portanto, garantir a plena

continuidade dos serviços públicos prestados pelo NEMS/PA, tendo em vista que o

órgão desenvolve inúmeras atividades essenciais na área da saúde, sendo certo

que a paralisação de tais atividades configura flagrante violação a direitos do

cidadão.

2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

2.1. DA LEGITIMIDADE AD CAUSAM DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função

jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime

democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127, caput, da

CF/88). No artigo 129 da Constituição da República, estão previstas as suas

funções institucionais, dentre as quais se destacam “zelar pelo efetivo respeito dos

Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta

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Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia” (inciso II) e “promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio

público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”

(inciso III).

Em complemento à Constituição, foi editada a Lei Complementar nº

75/1993, que, tratando do Ministério Público da União, reafirmou, em seu artigo 1°,

as suas funções de guardião da ordem jurídica, do regime democrático e dos

direitos sociais e individuais indisponíveis e, no artigo 2º, dispôs incumbir-lhe a

adoção das medidas necessárias à garantia do respeito dos Poderes Públicos e dos

serviços de relevância pública aos direitos constitucionalmente assegurados.

Para tanto, essa lei conferiu-lhe o poder de empregar instrumentos

capazes de bem proporcionar o desempenho de seus misteres, dentre os quais o

inquérito civil e a ação civil pública, conforme se verifica no artigo 6º, in verbis:

“Art. 6º Compete ao Ministério Público da União:

(...)

VII – promover o inquérito civil e a ação civil pública

para:

a) a proteção dos direitos constitucionais;

(...)

c) a proteção dos interesses individuais indisponíveis,

difusos e coletivos, relativos às comunidades indígenas,

à família, à criança, ao adolescente, ao idoso, às

minorias étnicas e ao consumidor;

d) outros interesses individuais indisponíveis,

homogêneos, sociais, difusos e coletivos;” (sem grifos

no original)

Assim, a legislação pátria, ao tempo em que atribui ao Ministério

Público o poder-dever de proteger os direitos e interesses difusos e coletivos da

sociedade, proporciona aos seus integrantes o acesso ao mecanismo processual

talhado para tal finalidade, ou seja, a ação civil pública. Ação esta prevista na Lei nº

6

7.347/85 (principal lei de regência), com expressa previsão da legitimidade do

Ministério Público para sua promoção no artigo 5º, caput, e destinada, conforme o

artigo 1º, a tutelar o meio ambiente, o consumidor, os bens e direitos de valor

artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a ordem econômica e a

economia popular, a ordem urbanística e qualquer outro interesse difuso ou coletivo.

Ora, indubitavelmente, a presente demanda trata da violação de

direitos constitucionais do cidadão, haja a vista a paralisação de serviços públicos

essenciais, ocasionando grave prejuízo à coletividade.

Legítima será a atuação do Ministério Público na defesa dos direitos

transindividuais, aí incluída a tutela dos interesses lesados pela paralisação dos

serviços essenciais prestados pelo NEMS/PA.

A presente ação objetiva, portanto, tutelar uma série de direitos

transindividuais relativos à prestação dos serviços públicos prejudicados em

decorrência da paralisação dos servidores do NEMS/PA, ocasionada pela demora

da Administração Pública em oferecer a estes mínimas condições de saúde e

segurança para que exerçam suas atividades.

Dentre os direitos transindividuais que merecem proteção por

intermédio da presente ação estão incluídos a adequada prestação do serviço

público, sua continuidade e credibilidade, assim como os direitos da sociedade,

mais especificamente, dos destinatários diretos dos serviços essenciais na área da

saúde prestados pelo Órgão.

Igualmente merecedor de proteção pelo Parquet é o Direito ao Meio

Ambiente de Trabalho Seguro e Saudável, que também é transindividual, por ser

assegurado a todos os trabalhadores, indistintamente, e reconhecido pela

Constituição Federal como uma obrigação social do Estado. Trata-se de verdadeiro

interesse coletivo de determinado grupo de trabalhadores.

Percebe-se, pois, que o meio ambiente de trabalho está dentre os

7

objetos tutelados pela Lei nº 7.347/85, que em seu art. 1º, I, fixa a adequação da

Ação Civil Pública na proteção do meio ambiente e em seu inciso IV inclui também a

hipótese de danos causados a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.

Sendo assim, também será legítima a atuação do Ministério Público

Federal com vistas a resguardar o direito dos servidores públicos federais do

Ministério da Saúde a um ambiente de trabalho sadio e ecologicamente equilibrado,

em consonância com os preceitos do art. 225 da Carta Magna.

Não restam dúvidas, portanto, de que o Parquet federal é dotado de

legitimidade ativa para propor a presente ação civil pública, sendo mais do que seu

poder, e sim verdadeiro dever funcional.

2.2. DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL

A Constituição Federal, no art. 109, I, determina a competência da

Justiça Federal para “processar e julgar as causas em que a União, entidade autárquica

ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes

ou opoentes (...)”.

Como já exposto anteriormente, a presente ação trata de interesse

público afeto à competência da Justiça Federal, na medida em que pretende o

Ministério Público Federal atuar legitimamente na defesa de interesses difusos

vinculados à regularidade e manutenção da prestação de serviços públicos

essenciais pelo Ministério da Saúde, afetados pela paralisação de seus servidores,

tendo em vista as péssimas condições de funcionamento do prédio do NEMS/PA.

Frise-se, ainda, que a presente ação visa assegurar direito

constitucionalmente garantido aos servidores públicos federais, qual seja, o direito

ao meio ambiente de trabalho seguro e saudável.

Em que pese o texto da Emenda Constitucional n.º 45/04, que

pretendeu retirar da Justiça Federal o julgamento das causas envolvendo servidores

8

públicos, o Supremo Tribunal Federal concedeu liminar, em 01.02.2005, na Adin

3.395, manifestando o seguinte entendimento:

“não há que se entender que a Justiça Trabalhista, a partir

do texto promulgado, possa analisar questões relativas aos

servidores públicos. Essas demandas vinculadas a questões

funcionais a eles pertinentes, regidos que são pela lei

8.112/90 e pelo direito administrativo são diversas dos

contratos de trabalho regidos pela CLT (...) em face dos

princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e ausência

de prejuízo, concedo a liminar, com efeito ‘ex tunc’. Dou

interpretação conforme ao inc. I do art.114 da CF, na

redação da EC n.º 45/04. Suspendo, ad referendum, toda e

qualquer interpretação dada ao inc. I do art. 114 da CF que

inclua na competência da Justiça do Trabalho, a

“...apreciação...de causas que...sejam instauradas entre o

poder público e seus servidores, a ele vinculados por típica

relação de ordem...” (Adin. 3.395, Rel. Min. Cezar Peluso,

Reqte. Associação dos Juízes Federais do Brasil – AJUFE).

Diante do exposto, verifica-se que a situação deve ser processada e

julgada pela Justiça Federal, único órgão jurisdicional dotado de competência para

tanto.

2.3. DAS RAZÕES QUE INDICAM A NECESSIDADE DA IMEDIATA REALOCAÇÃO DOS SERVIDORES DO NEMS/PA

A) Manutenção de Serviço Público Essencial

O primeiro ponto que cumpre ser observado é relativo ao caráter de

essencialidade do serviço público, que implica a necessidade de prestação

permanente desse serviço. A conceituação de serviço público essencial não se dá a

partir de um só diploma legal, mas se constitui de uma harmonização de diversos 9

parâmetros apontados pela legislação, e que tomam forma definitiva a partir da

análise sistemática.

A Lei n° 7.783/89, também chamada de Lei de Greve, é o diploma legal

que mais contribuiu para a sedimentação da noção de serviço público essencial.

Segundo o parágrafo único do seu art. 11, tem-se que:

“Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos,

os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de

comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos

serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades

inadiáveis da comunidade.

Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da

comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em

perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a

segurança da população.” - Destacou-se.

Ao contrário do que um raciocínio raso possa levar a concluir, o serviço

essencial não é aquele que só pode ser prestado diretamente pelo Estado. Em

verdade, a essencialidade reside na natureza da prestação. São, portanto, serviços

essenciais aqueles que, dentro da sistemática de garantias fundamentais, sejam

identificados como indispensáveis à vida digna do homem e, em última instância, à

simples subsistência.

Vale ressaltar que, a partir do momento em que o Estado elege

determinados meios para a realização dos fins fixados pela Carta Política, não pode

mais deixar de prestar os serviços cuja responsabilidade chamou para si, até

mesmo porque há milhões de brasileiros, cujos direitos fundamentais dependem da

execução das funções atribuídas ao Estado.

Delineada a noção de serviço público essencial, cabe verificar se os

serviços, ora paralisados, possuem esta característica limitadora do âmbito do

direito de greve (abstraindo-se, todavia, da discussão acerca da legalidade do

movimento paredista no serviço público).10

Muito bem. A Constituição Federal de 1988 deu um importante passo

na garantia do direito à saúde com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS).

Seus princípios apontam para a democratização nas ações e nos serviços de saúde

que deixam de ser restritos e passam a ser universais, da mesma forma em que

deixam de ser centralizados e passam a nortear-se pela descentralização. Ou seja,

o objetivo é capacitar os municípios a assumir suas responsabilidades e

prerrogativas diante do SUS, bem como desenvolver ações que dêem prioridade à

prevenção e à promoção da saúde.

Com efeito, no artigo 198, a CF/88 preceitua:

“Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram

uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um

sistema único, organizado de acordo com as seguintes

diretrizes:

I - descentralização, com direção única em cada esfera de

governo;

II - atendimento integral, com prioridade para as atividades

preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III - participação da comunidade.

§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos

do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade

social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, além de outras fontes. (...)”

Visando regulamentar o direito constitucional à saúde, o Congresso

Nacional editou a Lei n° 8.080/90, que assim estabeleceu:

“Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados

por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e

municipais, da Administração direta e indireta e das

fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema

Único de Saúde (SUS).

§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições

11

públicas federais, estaduais e municipais de controle de

qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos,

inclusive de sangue e hemoderivados, e de equipamentos

para saúde.

§ 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único

de Saúde (SUS), em caráter complementar.”

“Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única,

de acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal

sendo exercida em cada esfera de governo pelos seguintes

órgãos:

I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;

II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela

respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e

III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de

Saúde ou órgão equivalente.”

Outrossim, a mesma lei estabeleceu as responsabilidades de cada

ente da Federação, dispondo sobre as atribuições administrativas comuns a todos

no artigo 15, e, nos seguintes, as competências incumbidas a cada um deles

separadamente. Veja-se o que estabelece o artigo 16 em relação à competência da

União:

“Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde

(SUS) compete:

I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e

nutrição;

II - participar na formulação e na implementação das

políticas:

a) de controle das agressões ao meio ambiente;

b) de saneamento básico; e

c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;

III - definir e coordenar os sistemas:

a) de redes integradas de assistência de alta

12

complexidade;

b) de rede de laboratórios de saúde pública;

c) de vigilância epidemiológica; e

d) vigilância sanitária;

IV - participar da definição de normas e mecanismos de

controle, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente

ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde

humana;

V - participar da definição de normas, critérios e

padrões para o controle das condições e dos ambientes

de trabalho e coordenar a política de saúde do

trabalhador;

VI - coordenar e participar na execução das ações de

vigilância epidemiológica;

VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de

portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser

complementada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios;

VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o

controle da qualidade sanitária de produtos, substâncias e

serviços de consumo e uso humano;

IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de

fiscalização do exercício profissional, bem como com

entidades representativas de formação de recursos humanos

na área de saúde;

X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na

execução da política nacional e produção de insumos e

equipamentos para a saúde, em articulação com os demais

órgãos governamentais;

XI - identificar os serviços estaduais e municipais de

referência nacional para o estabelecimento de padrões

técnicos de assistência à saúde;

XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e

substâncias de interesse para a saúde;

XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos

Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o

aperfeiçoamento da sua atuação institucional;

XIV - elaborar normas para regular as relações entre o

13

Sistema Único de Saúde (SUS) e os serviços privados

contratados de assistência à saúde;

XV - promover a descentralização para as Unidades

Federadas e para os Municípios, dos serviços e ações

de saúde, respectivamente, de abrangência estadual e

municipal;

XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema

Nacional de Sangue, Componentes e Derivados;

XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os

serviços de saúde, respeitadas as competências

estaduais e municipais;

XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no

âmbito do SUS, em cooperação técnica com os Estados,

Municípios e Distrito Federal;

XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e

coordenar a avaliação técnica e financeira do SUS em

todo o Território Nacional em cooperação técnica com

os Estados, Municípios e Distrito Federal. (Vide Decreto

nº 1.651, de 1995)

Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância

epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como

na ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam

escapar do controle da direção estadual do Sistema Único de

Saúde (SUS) ou que representem risco de disseminação

nacional.” - Destacou-se.

Verifica-se, portanto, a importância desempenhada pelo Ministério da

Saúde, a indicar a essencialidade das atividades desempenhadas pelo respectivo

Núcleo Executivo no Pará.

Ora, conforme informações prestadas à fl.184, o NEMS/PA é

responsável, entre outras coisas, pela manutenção local dos sistemas do DATASUS

– Departamento de Informática do SUS, que é essencial para a descentralização

das atividades de saúde e viabilização e controle social sobre a utilização dos

recursos disponíveis (fls.188/189).

14

Dentre estes sistemas, destaca-se a rede INFOSUS - Sistema

Integrado de Informações da Saúde, possuindo o NEMS/PA a respectiva matriz no

Estado, o qual é responsável, por exemplo, pelo cadastramento do cliente para

emissão do cartão de identificação SUS, pela marcação de consultas, pela emissão

de relatórios gerenciais a nivel local e municipal, pela reserva de leitos em hospitais

conveniados etc (fl. 191).

No mesmo prédio funciona, igualmente, a Divisão de Convênios e

Gestão, cujas funções são: - coordenar as ações relativas aos processos de

concessão de assistência financeira a Programas e Projetos dos órgãos do

Ministério da Saúde e da Fundação Nacional de Saúde com órgãos e entidades

governamentais e não governamentais, envolvendo a habilitação das entidades,

análise dos pleitos, acompanhamento da execução dos Convênios, análise e

emissão de parecer conclusivo de prestação de contas, orientação às entidades

conveniadas, procedimentos iniciais aos processos de tomada de contas especial; -

gerenciar as atividades do Núcleo Estadual, pertinentes às atividades de orçamento,

finanças, contabilidade, serviços gerais, patrimônio e recursos humanos; - praticar

os atos necessários ao desempenho das atividades referentes à área de recursos

humanos; - desenvolver atividades técnico-administrativas e de apoio logístico, e

praticar os atos necessários à atuação dos órgãos do Ministério da Saúde.

Outra importante atuação desempenhada na edificação do NEMS/PA é

a do Serviço de Auditoria, do Departamento Nacional de Auditoria do SUS -

DENASUS. Suas atribuições restaram fixadas pelo Decreto n° 4.726/2003, dentre

as quais ora se destacam: - auditar a regularidade dos procedimentos técnico-

científicos, contábeis, financeiros e patrimoniais praticados por pessoas físicas e

jurídicas no âmbito do SUS; - verificar a adequação, a resolubilidade e a qualidade

dos procedimentos e serviços de saúde disponibilizados à população; - promover o

desenvolvimento, a interação e a integração das ações e procedimentos de

auditoria entre os três níveis de gestão do SUS.

Também funciona naquele prédio o Setor de Recursos Humanos, que

presta atendimento a servidores ativos, aposentados e pensionistas do Ministério da

15

Saúde no Pará, e, em alguns casos, de outros Estados, além do Grupo de Perícia

Médica, que faz atendimentos referentes a perícias e juntas médicas, para

concessões de licenças médicas e aposentadorias por invalidez a todos os

servidores do NEMS/PA, Instituto Evandro Chagas, Centro Nacional de Primatas e

da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Pará.

Por tudo quanto delineado, verifica-se que o serviço prestado pelo

NEMS/PA não pode permanecer paralisado, dada a sua essencialidade.

B) Violação ao Princípio da Continuidade do Serviço Público

Em que pese a legitimidade das reivindicações motivadoras da

paralisação dos servidores do NEMS/PA, é certo que o serviço não pode deixar de

ser prestado, não apenas pelo seu caráter de essencialidade, mas também por

obediência ao princípio da continuidade do serviço público.

O princípio da continuidade dos serviços públicos determina que não

pode a Administração Pública deixar de desempenhar as funções de interesse

público que lhe foram atribuídas.

Constata-se, pois, que o princípio da continuidade está diretamente

vinculado ao princípio da indisponibilidade do interesse público. Acerca do assunto,

vejamos o entendimento de Celso Antônio Bandeira de Mello:

“O princípio da continuidade do serviço público é um

subprincípio, ou, se se quiser, princípio derivado, que decorre da

obrigatoriedade do desempenho da atividade administrativa. Esta

última, na conformidade do que se vem expondo, é, por sua vez,

oriunda do princípio fundamental da indisponibilidade, para a

Administração, dos interesses públicos.(...)

Com efeito, uma vez que a Administração é curadora de

determinados interesses que a lei define como públicos e

considerando que a defesa, e prosseguimento deles, é, para ela,

obrigatória, verdadeiro dever, a continuidade da atividade

16

administrativa é princípio que se impõe e prevalece em quaisquer

circunstâncias”. (MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito

Administrativo. 13ª ed. São Paulo: Malheiros. 2001. p.41)

Diante disso, se o interesse público estiver envolvido na prestação do

serviço, não pode a Administração Pública, sob qualquer fundamento, deixar de

prestá-lo. Nas palavras de Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

“Por esse princípio entende-se que o serviço público, sendo a

forma pela qual o Estado desempenha funções essenciais ou

necessárias à coletivdade, não pode parar.” (DI PIETRO, Maria Sylvia

Zanella. Direito Administrativo. 11ª ed. São Paulo - Atlas. 1999. p.74).

A paralisação dos serviços prestados pelo NEMS/PA, ocasionada pelo

completo descaso da Administração Pública configura violação não apenas ao

princípio da continuidade do serviço público, como também aos demais princípios

fundamentais, individuais e sociais, violados a cada dia em que os utilitários destes

serviços não são atendidos.

Portanto, com vistas a restabelecer a continuidade da prestação do

serviço público, se faz necessário que a Administração Pública, que foi por tanto

tempo omissa, promova a imediata transferência do quadro de pessoal do NEMS/PA

para outro imóvel, cessando dessa forma, a paralisação dos servidores.

C) Violação ao Princípio da Eficiência

Toda atuação da Administração Pública deve estar pautada, por força

do que determina o art. 37, caput, da Constituição Federal, ao princípio da

eficiência. No desempenho de atividade pública (aí incluído o serviço público) deve

o Estado se empenhar em oferecer ao cidadão o melhor resultado faticamente

possível.

Conforme salienta a doutrina, impõe-se que “a atividade administrativa seja

exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional” (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito

17

administrativo brasileiro. 28a ed., São Paulo: Malheiros, 2003, p. 94).

O princípio em comento resulta da idéia de que os serviços e

atividades prestados pela Administração Pública são essenciais e decorrem, direta

ou indiretamente, do próprio texto constitucional. Logo, se a Carta Magna concede

status constitucional a um serviço ou a um direito, a Administração Pública se vê

obrigada a envidar todos os esforços necessários para oferecer esse serviço ou

proteger esse direito da forma mais perfeita possível.

Ao tratar sobre o princípio da eficiência, sob enfoque do texto

constitucional, José dos Santos Carvalho Filho assevera que:

“Não é difícil perceber que a inserção desse princípio revela o

descontentamento da sociedade diante de sua antiga impotência para

lutar contra a deficiente prestação de tantos serviços públicos, que

incontáveis prejuízos já causou aos usuários (...). Incluído em

mandamento constitucional, o princípio pelo menos prevê para o

futuro maior oportunidade para os indivíduos exercerem sua real

cidadania contra tantas falhas e omissões do Estado. Trata-se, na

verdade, de dever constitucional da Administração, que não poderá

desrespeitá-lo, sob pena de serem responsabilizados os agentes que

derem causa à violação.” (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual

de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2005,

p. 20/21).

Portanto, o princípio da eficiência que rege a conduta de toda a

Administração dita que os órgãos públicos ajam, em sua relação com o cidadão, da

forma mais pronta, útil e completa possível.

Da análise dos autos, contudo, constata-se violação a tal princípio,

causada, sobretudo, pelo descaso da Administração. Visível é a omissão do

Ministério da Saúde, uma vez que, decorridos quase 03 (três) anos da detecção das

primeiras irregularidades nas instalações do prédio, não foram adotadas quaisquer

medidas paliativas, e tampouco efetivas, para solucionar a situação.

18

Ressalte-se, ainda, que a falta de agilidade necessária da

Administração na resolução da questão agravou gradativamente as condições de

funcionamento do prédio. A situação se tornou insustentável, culminando na

paralisação dos servidores do NEMS/PA, atingindo diretamente os serviços

públicos, que têm sido prestados de forma deficiente, precária e improvisada, o que

finda por configurar flagrante e indevida penalização a toda coletividade.

Frise-se, também, que, antes mesmo do início da paralisação em

comento, a prestação adequada e eficiente do serviço público já estava seriamente

comprometida em razão da caótica situação do prédio, cujas instalações não

oferecem mínimas condições de segurança, higiene e salubridade.

Não restam dúvidas de que as precárias condições de funcionamento

do prédio representam risco real à integridade dos servidores públicos e cidadãos

utilitários do serviço público, o que afeta e compromete inteiramente todo o

atendimento prestado.

Contudo, é evidente que a inviablidade do funcionamento do imóvel e

conseqüente paralisação das atividades do órgão não pode repercutir

prejudicialmente na sociedade, que nada tem a ver com a situação.

Por conta disso, urgente se faz a restauração da eficiência necessária

e exigível da Administração Pública. Para tanto, considerando-se a essencialidade

do serviço prestado, é necessário que o Ministério da Saúde seja compelido a

restaurar a normalidade de seu atendimento em prazo razoável.

Impõe-se, pois, seja o Ministério da Saúde ordenado a restaurar sua

atividade normal, realocando seus servidores em outro imóvel, imediatamente, a fim

de que sejam concretizados os princípios da continuidade de serviço público

essencial e, especialmente, o de sua eficiência.

D) Direito ao Meio Ambiente de Trabalho Seguro e Saudável19

Completando o rol de razões que ensejam a imediata realocação do

quadro de servidores do NEMS/PA está o restabelecimento do direito ao meio

ambiente de trabalho seguro e saudável. Nítida violação a esse direito,

constitucionalmente assegurado a todos os trabalhadores, é demonstrada pelo rico

conjunto probatório carreado aos autos.

Antes de se demonstrar tal violação, é importante tecer algumas

considerações a respeito do tema, baseadas nos ensinamentos de alguns

doutrinadores pátrios.

Em definição sintética, Celso Antônio Pacheco Fiorillo e Marcelo

Abelha Rodrigues estabelecem que o Meio Ambiente de Trabalho “é o local onde se

exerce qualquer atividade laboral” (In Manual de Direito Ambiental e Legislação Aplicável. 2.ed.,

SãoPaulo: Max Limonad, 1999, p.35).

Segundo estes doutrinadores, o objeto da tutela ambiental não é

propriamente a situação de trabalho, ou seja, o direito ao trabalho igualmente

assegurado como direito social fundamental pelo art. 6º da CF/88, mas sim a saúde e a segurança do trabalhador, que também é titular do direito à sadia qualidade de

vida, necessitando ser protegido, “enquanto ser vivo, das formas de degradação e poluição do

meio ambiente onde exerce o seu labuto, que é essencial à sua qualidade de vida” (Ob.cit., p.70).

José Afonso da Silva afirma que é no meio de ambiente de trabalho “que se desenrola boa parte da vida do trabalhador, cuja qualidade de vida está, por isso, em íntima

dependência da qualidade daquele ambiente”. (Direito Ambiental Constitucional. 3.ed., SãoPaulo:

Malheiros, 2000, p.23).

Trata-se pois, de um ambiente artificial, cuja relevância está consignada

na Constituição Federal. A tutela mediata do meio ambiente de trabalho se encontra

no art. 225 da CF/88:

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e

20

essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder

Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo

para as presentes e futuras gerações”.

Já a tutela imediata do meio ambiente do trabalho reside no art. 200,

inciso VIII da CF/88, que estabelece como uma das atribuições do sistema único de

saúde, nos termos da lei, a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

A Carta Magna também tutela o meio ambiente de trabalho

imediatamente, de modo expresso, no art. 7º, inc. XXII, assegurando entre os

direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, “a redução dos riscos inerentes ao

trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”, direito que

por força da norma contida no art. 39, § 3º da CF é extensivo aos servidores

ocupantes de cargo público1.

Ao analisar o texto constitucional, Celso Antônio Pacheco Fiorillo

destaca que “a proteção do meio ambiente de trabalho tem natureza vinculada à proteção da

saúde que, sendo direito de todos, está tutelada pelas normas instrumentais destinadas à proteção

dos interesses difusos” (FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Os Sindicatos e Defesa dos Interesses

Difusos no Direito Processual Civil Brasileiro. SãoPaulo: RT, 1995, p.98).

Ressalta que a norma contida no art. 7º, inc. XXII, da CF/88, “mais do

que mera hipótese de proteção dos trabalhadores”, “ilumina todo um sistema normativo que hoje se

encontra delimitado” nas Constituições dos Estados e na legislação infraconstitucional.

Estas regras estariam em conformidade com os fundamentos da dignidade da

pessoa humana, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, princípios

basilares do ordenamento jurídico brasileiro, com vistas a garantir a todas as

pessoas, indistintamente, condições de trabalho satisfatórias, amenizando ou

eliminando os riscos peculiares dos variados tipos de funções executadas,

objetivando a proteção do bem jurídico de maior relevância, que é o direito à saúde

e a própria vida humana (FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Os Sindicatos e Defesa dos

1 O artigo 185. I, “h” da Lei nº 8112/90 (Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União) estabelece que devem ser asseguradas aos servidores públicos federais “condições individuais e ambientais de trabalho satisfatórias”.

21

Interesses Difusos no Direito Processual Civil Brasileiro. SãoPaulo: RT, 1995, p.96-97).

Verifica-se, desta maneira, que o direito ao meio ambiente de trabalho

seguro e saudável ocupa em nosso ordenamento jurídico verdadeiro status de

direito fundamental positivado na Constituição Federal (artigos 7º, XXII, 200, VIII e

225) e que os fundamentos constitucionais da proteção ao meio ambiente de

trabalho derivam diretamente do princípio da dignidade da pessoa humana.

Assim, é dever primordial do Estado zelar pela preservação da

qualidade do meio ambiente do trabalho, de forma a criar boas condições de bem-

estar para a pessoa humana no exercício de suas atividades laborais.

Acerca do tema, destaca-se o entendimento de Evanna Soares:

“E o que significa dizer que o meio ambiente de trabalho é um

direito humano fundamental? Significa que esse direito deve ter tratamento

prioritário para tutela tanto material como processual pelo Poder Público, e

que deve ser defendido por todos os segmentos envolvidos, notadamente

os trabalhadores e empregadores, não podendo ser colocado em segundo

plano nas ações governamentais nem pelos particulares”. (SOARES, Evanna.

Ação Ambiental Trabalhista. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Ed.. 2004,

p.75).

Constitui, portanto, verdadeira obrigação da Administração Pública

promover a preservação do meio ambiente laboral equilibrado, zelando pelas

condições de salubridade e segurança do trabalho, objetivando sobretudo a

proteção da saúde dos trabalhadores.

Os elementos técnicos trazidos aos autos, demonstram, contudo,

nítida omissão estatal, conforme se verá adiante:

A primeira vistoria técnica no prédio onde funciona a representação do

Ministério da Saúde no Estado do Pará foi realizada por uma equipe de engenheiros

do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Pará, no dia 27

22

de setembro de 2005.

Já naquela primeira ocasião, a equipe responsável pela verificação in

loco das condições do prédio, constatou a precariedade de suas instalações e

funcionamento, atestando a falta de reformas por prolongado período de tempo,

problemas nas instalações elétricas, infiltrações, falta de higiene, precário

funcionamento dos elevadores, além da existência de perigo de incêndio.

Destacaram, também, dentre as irregularidades encontradas: a) a

existência de infiltrações generalizadas, oriundas dos aparelhos de ar condicionado

e tubulações dos sanitários, ocasionando o comprometimento significativo de partes

da estrutura do prédio, rebocos e demais instalações e b) o deslocamento de reboco

do teto em algumas salas do prédio, representando iminente risco a integridade dos

servidores e do público em geral.

Ao final da inspeção, a equipe do CREA/PA concluiu que as deficiências de instalações e manutenção encontradas tornam o uso do prédio inadequado às funções que lhe são atribuídas, tornando-se necessária a adoção

de providências e procedimentos minuciosos de revisão geral das instalações

elétricas, rede de lógica, telefônicas, ar condicionado, hidro-sanitárias, revitalização

e adequação dos elevadores, adequação da caixa de escada, pintura geral e

impermeablização das cisternas e caixa d´água (fl.14).

Resultado similar foi apresentado pelo Laudo Pericial da Comissão de

Insalubridade/Periculosidade do NEMS/PA, subscrito por médicos do trabalho, que

atestaram a existência de deficiências marcantes nas instalações prediais e no sistema de manutenção, bem como das condições básicas de higiene e segurança, sugerindo a interdição do prédio até a realização das reformas necessárias (fl. 47).

Nos dias 25 e 28 de janeiro de 2008, uma equipe de servidores do

próprio Ministério da Saúde realizou nova vistoria no prédio, constatando a

subsistência das irregularidades encontradas no local pelo CREA/PA, dois anos

23

antes.

A conclusão do Relatório Preliminar das Condições Estruturais, Físicas

e Ergonômicas da Ambiência Laboral dos Trabalhadores do NEMS/PA noticia que o prédio apresenta estrutura física bastante comprometida, expondo servidores e usuários do órgão a riscos biológicos, físicos, ergonômicos, de acidentes típicos e doenças do trabalho. Além disso, verificou-se que o prédio apresenta

ambiência laboral insalubre e periculosa, principalmente àqueles que nele exercem suas atividades laborais (fl. 106).

Em 28 de maio de 2008, o Ministério Público Federal, por sua vez,

realizou nova inspeção nas dependências do órgão, para averiguar as condições

físicas do prédio, detectando que o mesmo se apresenta em condições precárias de conservação, com riscos de acidente e até mesmo de contágio das pessoas que lá interagem com o ambiente perigoso em relação a acidentes e propício a proliferação de doenças.

As conclusões do Relatório de Vistoria do MPF (fls. 152/159) seguem a

linha dos laudos técnicos anteriormente emitidos, demonstrando que o prédio

apresenta uma série de problemas, levando os seus ocupantes e a vizinhança a

ficarem expostos a perigo e vulneráveis a acidentes e doenças, e ratificando a

existência de diversos problemas tais como: excesso de umidade, infiltrações, lixo e água de consumo mal acondicionados, fiações de energia expostas e até sendo envolvidas por água, elevadores danificados ou funcionando precariamente.

Outrossim, atendendo à solicitação deste Órgão Ministerial, os

Departamentos de Vigilância Sanitária da SESPA e da SESMA também

inspecionaram o local, constatando irregularidades e recomendando a adoção de

uma série de providências urgentes, tendo em vista a situação de precariedade do

prédio (fls. 136/137 e 176177, respectivamente).

Outro documento juntado aos autos comprova a violação ao direito ao 24

meio ambiente de trabalho seguro e saudável dos servidores públicos que exercem

suas atividades no NEMS/PA. Trata-se do Parecer Técnico nº 016/2008, emitido

pelo Centro de Atividades Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do

Pará (fls. 163/169).

Segundo a conclusão do referido documento, em razão dos problemas

estruturais e de instalações elétricas, torna-se inviável o funcionamento do prédio para os fins a que se destina, recomendando o retorno das atividades normais do órgão somente quando os problemas identificados na inspeção forem sanados, com a finalidade de evitar maiores danos às pessoas que freqüentam a edificação, assim como ao próprio imóvel.

Para soterrar quaisquer dúvidas sobre a inviabilidade de

funcionamento do imóvel onde está localizada a representação do Ministério da

Saúde no Pará, basta analisar as imagens exibidas em matéria veiculada

recentemente pela Imprensa Local (fls. 173/175).

Sem emitir qualquer juízo de valor, a reportagem se limita a

demonstrar objetivamente os fatos noticiados até aqui, dando conta, inclusive, do

Relatório de Visita Técnica emitido pelo Departamento de Vigilância à Saúde da SESMA (fl. 194), que detectou focos do mosquito transmissor da dengue na garagem e em seis dos treze andares do edifício, snedo, portanto, mais um fator

que evidencia os riscos a que estão submetidos os servidores do NEMS/PA.

Diante do vasto conjunto probatório carreado aos autos, resta

cabalmente demonstrada a necessidade de realocação dos servidores públicos do

Ministério da Saúde para outro imóvel, em face da inviabilidade de funcionamento

do prédio do NEMS/PA, que não oferece condições de segurança, higiene e

salubridade, representando perigo real à saúde e a própria vida daqueles que lá

trabalham e aos usuários dos serviços.

Resta, ainda, clarividente a lesão ao direito assegurado a todos os

trabalhadores pela Constituição Federal, conseqüência direta da omissão da

25

Administração no cumprimento de sua obrigação de zelar pela preservação de um

meio ambiente de trabalho equilibrado (seguro e saudável), com vistas a garantir a

proteção do direito à saúde de seus servidores.

2.4. DA NECESSIDADE DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

A situação em tela exige resposta judicial urgente, posto que

inadmissível a manutenção das atividades dos servidores do Ministério da Saúde no

prédio em enfoque, em face dos fatos remansosamente abordados na presente

exordial.

Desse modo, exsurge a necessidade de utilização do instrumento

processual da tutela antecipada, no intuito de impedir a manutenção da condição de

ilegalidade e a ampliação dos prejuízos verificados, isto porque, à evidência,

encontram-se presentes os seus respectivos requisitos, conforme prevê o art. 273,

inc. I, do CPC.

Nos termos do art. 273, do Código de Processo Civil, a antecipação,

total ou parcial, dos efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, depende, dentre

outros requisitos, de prova inequívoca dos fatos aduzidos, possibilitando ao

Magistrado o convencimento acerca da veracidade das alegações, com o simples

manuseio dos autos.

Exige-se, também, a presença de fundado receio de dano irreparável

ou de difícil reparação, nos termos de seu inciso I, haja vista a excepcionalidade da

medida.

In casu, a análise, ainda que perfunctória, dos pareceres constantes do

Procedimento Administrativo anexo, acerca do estado de péssima conservação do

prédio em apreço, são prova, mais do que robusta, de sua atual condição, eis que

flagrante o descaso para com a coisa pública.

Evidente, pois, que a manutenção de servidores do Ministério da 26

Saúde no prédio em enfoque inviabilizará a continuidade adequada dos serviços ou

mesmo permitirá o seu sobrestamento. Aliás, como já informado alhures, atualmente

os referidos servidores paralisaram parcialmente suas atividades, em uma tentativa

de sensibilizar a Administração Pública a solucionar o problema. Embora não seja

oportuno, neste momento, tecer considerações acerca do movimento dos

servidores, posto que refoge da finalidade perquirida, fato é que tal fato evidencia

um grave risco à manutenção do serviço público.

Ora, indiscutível que serviços como o de alimentação do Sistema

INFOSUS, a realização de auditorias pelo DENASUS e a operacionalização da

Central de Transplantes e da Central de Leitos, dentre outros, SÃO ESSENCIAIS

PARA A O DESENVOLVIMENTO REGULAR DE POLÍTICAS DE SAÚDE. O

princípio da continuidade do serviço público é garantia que se impõe ao Estado,

além de ser direito subjetivo do cidadão. Por sua essencialidade natural, não se

admite a paralisação do serviço público, sobretudo quando a causa da paralisação

decorre, exclusivamente, de conduta omissiva da Administração Pública em

promover todos os meios necessários à manutenção de suas atividades.

Despicienda, assim, a análise de eventual direito à paralisação dos

servidores, embora, a princípio, não se possar exigir o regular desempenho de suas

funções em condições tais quais as apresentadas no decorrer da presente exordial.

Deve-se, em verdade, vislumbrar que as chances de paralisação total dos serviços é

concreta, situação inconcebível, diante da essencialidade natural dos trabalhos

desenvolvidos.

No outro vértice, é evidente o periculum in mora incidente na

manutenção da situação como posta atualmente. Em não havendo remanejamento

imediato dos servidores para prédio que ofereça condições mínimas de salubridade,

incalculáveis prejuízos continuarão a ocorrer.

É, em verdade, intuitivo o prejuízo da sociedade como um todo diante

da situação atual. A interpretação da disposição constitucional que consigna a saúde

como um direito fundamental deve ser interpretada de forma elástica, de modo que

27

alcance todos os efeitos perseguidos pelos princípios constitucionais. O Sistema

Único de Saúde opera de modo sistemático, compondo-se de órgãos vitais para o

seu regular funcionamento. O NEMS/PA, como órgão vivo e salutar desta

engrenagem, precisa ser, de imediato, transplantado, eis que permanece pulsando

em corpo moribundo!!!

Note-se que a população – especialmente a mais carente – é a maior

vítima da atual situação. Se os serviços de saúde são importantes, são sempre mais

essenciais para os mais pobres e para os idosos, que, em regra, não têm outra

fonte de recursos, nem outra condição para enfrentar suas despesas normais.

Destarte, os danos que a manutenção dos servidores no prédio em

questão vem causando – e poderá continuar a causar – à regular execução dos

serviços de saúde são, desse modo, graves, evidentes e irreparáveis, evidenciando,

assim, o requisito imposto no art. 273, inc. I, do CPC.

Por fim, insta dizer que a concessão da medida antecipatória não

gerará, de modo algum, perigo de irreversibilidade do provimento (art. 273, § 2o, do

CPC). O deslocamento dos servidores para outro prédio é medida que, jamais

poderá ser considerados como irreversíveis. Ao contrário, na hipótese de haver

decisão final de improcedência da pretensão inicial – o que se admite apenas para

argumentar – será perfeitamente possível o retorno dos servidores para a atual sede

do NEMS/PA.

Não há, pois, qualquer óbice à concessão da medida urgente

pretendida, sendo ela perfeitamente admissível sob a ótica vigente na atualidade.

Em vista disso, requer-se, com fulcro no art. 273, e seu inc. I, do CPC,

a concessão de liminar antecipatória, a fim de ordenar à UNIÃO que providencie,

pelos meios legais possíveis, a URGENTE TRANSFERÊNCIA, em prazo não superior a 30 (trinta) dias, de todos os servidores que ainda exercem suas atividades no prédio do NEMS/PA, para outro imóvel, público ou particular, até que sejam concluídas as reformas previstas para aquele; e que promova, no novo imóvel, todas as

28

adequações técnicas e logísticas necessárias à garantia do pleno e rápido funcionamento de todos os programas da Rede INFOSUS.

3. DOS PEDIDOS

Forte no vasto conjunto probatório constante dos autos, o Ministério

Público Federal, visando à manutenção dos serviços públicos essenciais prestados pelo

NEMS/PA, mas num ambiente laboral que garanta a seus servidores dignas e seguras

condições de trabalho, requer a Vossa Excelência que se digne em:

3.1. DE INÍCIO, com fulcro no artigo 12 da Lei nº 7.347/85 e no artigo 84, §

3º, da Lei nº 8.078/90, conceder medida liminar, inaudita altera pars (dada a urgência da

questão), para o fim de determinar à requerida:

3.1.1. que providencie, pelos meios legais possíveis, a URGENTE TRANSFERÊNCIA, em prazo não superior a trinta dias de todos

os servidores que ainda exercem suas atividades no prédio do

NEMS/PA, para outro imóvel, público ou particular, até que sejam

concluídas as reformas previstas para aquele; e

3.1.2. que promova, no novo imóvel, todas as adequações técnicas e

logísticas necessárias à garantia do pleno e rápido funcionamento de

todos os programas da Rede DATASUS;

3.2. AO FINAL, julgar a demanda procedente, com a confirmação da liminar, de modo a:

3.2.1. condenar a União na obrigação de fazer, consistente na

transferência de todos os servidores que ainda exercem suas

atividades no prédio do NEMS/PA, para outro imóvel, público ou

particular, até que sejam concluídas as reformas que serão feitas

naquele, ou em definitivo, caso a administração repute a referida

reforma como inviável, sob pena de imposição de sanção pecuniária

a ser definida por esse Juízo, com reversão para o Fundo de Defesa

dos Direitos Difusos, previsto nos artigos 13 e 20 da Lei nº 7.347/85

e regulamentado pelo Decreto nº 1.306/94;

3.2.2. determinar à União que adote medidas efetivas com vistas a

concluir, com celeridade, as reformas previstas para o prédio do 29

NEMS/PA, caso as mesmas sejam consideradas convenientes e

oportunas ao interesse público, pela administração, após a

transferência dos servidores para outro local.

4. DOS REQUERIMENTOS

Ainda, o Ministério Público Federal requer à Vossa Excelência:

4.1. a citação da União para, querendo, contestar o presente feito,

sob pena de sofrer os efeitos da confissão e da revelia, nos termos

dos artigos 297 a 322 do Código de Processo Civil;

4.2. a produção de todas as provas admitidas em direito, em

especial a oral e a documental;

4.3. a dispensa do pagamento de custas, emolumentos e outros

encargos, conforme o artigo 18 da Lei 7.347/85;

4.4. a condenação da ré no pagamento de eventuais custas e outras

despesas processuais decorrentes da sucumbência;

4.5. a aplicação dos benefícios previstos no artigo 172, § 2º, do

Código de Processo Civil;

4.6. a juntada dos autos do Procedimento Administrativo nº

1.23.000.001719/2005-21, composto por 1 (um) volume e 5 (cinco)

anexos, acostado à exordial.

Dá-se à causa, para fins meramente fiscais, o valor de R$ 1.000,00 (mil

reais).

Belém/PA, 23 de junho de 2008.

Ana Karízia Távora TeixeiraPROCURADORA DA REPÚBLICA

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