excelentÍssimo(a) senhor(a) juiz(a) de direito da …º... · no cpf sob o nº 295.707.001-49,...

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA DA FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DA COMARCA DE GOIÂNIA-GO O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por intermédio da Promotora de Justiça titular da 50 a Promotoria de Justiça desta comarca, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 129, inciso III e 37, “caput”, e seu parágrafo 4º, da Constituição Federal; nos artigos 117, III e 92, “caput”, e seu parágrafo 4º da Constituição Estadual; na Lei nº 7.347/85; na Lei nº 8.429/92; e no artigo 25, IV, “a” e “b”, da Lei nº 8.625/93; na Lei nº 8.666/1993; na Lei nº 4.320/1964; no Decreto nº 93.872/1986; na Lei nº 9.790/1999; no Decreto nº 3.100/1999; e na Lei Estadual nº 15.731/2006, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA com pedido de tutela provisória de evidência, em face de 1) ANSELMO PEREIRA DA SILVA SOBRINHO, brasileiro, Vereador na Câmara Municipal de Goiânia, inscrito no CPF sob o nº 190.369.141-91, inscrito na 1-53 Edifício Sede do Ministério Público Rua 23 c/ Av. Fued José Sebba , QD.06 , LT. 15/24, Sala 321 - Jardim Goiás, Goiânia-GO. - CEP: 74.805-100 FONE - (62) 3243-8411 – E-mail ([email protected])

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA

DA FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DA COMARCA DE GOIÂNIA-GO

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por

intermédio da Promotora de Justiça titular da 50a

Promotoria de Justiça desta comarca, vem, respeitosamente,

à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos

129, inciso III e 37, “caput”, e seu parágrafo 4º, da

Constituição Federal; nos artigos 117, III e 92, “caput”,

e seu parágrafo 4º da Constituição Estadual; na Lei nº

7.347/85; na Lei nº 8.429/92; e no artigo 25, IV, “a” e

“b”, da Lei nº 8.625/93; na Lei nº 8.666/1993; na Lei nº

4.320/1964; no Decreto nº 93.872/1986; na Lei nº

9.790/1999; no Decreto nº 3.100/1999; e na Lei Estadual nº

15.731/2006, propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

com pedido de tutela provisória de evidência,

em face de

1) ANSELMO PEREIRA DA SILVA SOBRINHO,

brasileiro, Vereador na Câmara Municipal de Goiânia,

inscrito no CPF sob o nº 190.369.141-91, inscrito na

1-53

Edifício Sede do Ministério PúblicoRua 23 c/ Av. Fued José Sebba , QD.06 , LT. 15/24, Sala 321 - Jardim Goiás, Goiânia-GO. - CEP: 74.805-100

FONE - (62) 3243-8411 – E-mail ([email protected])

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OAB/GO sob o nº 6158, residente à Rua nº 260, quadra 38,

lote 8, nº 744, Setor Universitário, CEP 74.160-240, nesta

Capital, podendo ainda ser encontrado na Câmara Municipal

de Goiânia, situada na Av. Goiás, nº 2001, Setor Central,

Goiânia/GO, CEP: 74063-900, gabinete nº 35;

2) JÚLIO CÉSAR DA SILVEIRA PRADO, brasileiro,

servidor público, portador do RG nº 691710-SSP/GO,

inscrito no CPF sob o nº 213.287.061-68, residente à Rua

T-48, quadra 43, lote 13, nº 1076, Edifício Summerville,

Apto. 604, Setor Bueno, Goiânia/GO, CEP: 74210-190;

3) ANTÔNIO HENRIQUE GUIMARÃES ISECKE,

brasileiro, portador do RG nº 1408726 – DGPC-GO, inscrito

no CPF sob o nº 295.707.001-49, servidor público efetivo

na Câmara Municipal de Goiânia, residente à Avenida 85, nº

1300, Condomínio Itatiaia, Bloco D, Apto. 101, Setor

Marista, 74.160-010, Goiânia-GO;

4) LOURIVAL DE MORAES FONSECA JUNIOR,

brasileiro, advogado, portador do RG nº 3482255, inscrito

no CPF sob o nº 845.056.991-53, residente à Rua das

Helicôneas, quadra 18, lote 03, Jardins Verona,

Goiânia/GO, CEP 74.886-032;

5) IDEIA AMBIENTAL E CULTURAL, pessoa jurídica

de direito privado, qualificada como Organização da

Sociedade Civil de Interesse Público do Estado de Goiás -

OSCIP pelo Decreto Estadual nº 6.850 de 31/12/2008,

inscrita no CNPJ-MF sob o nº 05.640.298/0001-18, com sede

na Rua 1.112, nº 418, Setor Pedro Ludovico, nesta capital,

CEP: 77830-370, representada por seu Presidente Francisco

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Edifício Sede do Ministério PúblicoRua 23 c/ Av. Fued José Sebba , QD.06 , LT. 15/24, Sala 321 - Jardim Goiás, Goiânia-GO. - CEP: 74.805-100

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de Assis Gomes, brasileiro, separado judicialmente,

empresário, portador da Carteira de Identidade nº 173.713

SSP-GO, inscrito no CPF sob o nº 026.665.371-53, residente

à Alameda das Petúnias, quadra 11, lotes 01 e 02,

Condomínio Residencial Jardins Viena, Aparecida De

Goiânia/GO; e,

6) FRANCISCO DE ASSIS GOMES, brasileiro,

separado judicialmente, empresário, portador da Carteira

de Identidade nº 173.713 SSP-GO, inscrito no CPF sob o nº

026.665.371-53, residente à Alameda das Petúnias, quadra

11, lotes 01 e 02, Condomínio Residencial Jardins Viena,

Aparecida De Goiânia/GO, CEP: 74935-194;

pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa

a expor.

1) DOS FATOS

O Vereador Anselmo Pereira da Silva Sobrinho

ocupou o cargo de Presidente da Câmara Municipal de

Goiânia, eleito para Presidente da mesa na 17ª Legislatura

da casa, nos anos de 2013 a 2016.

Em 2015, o referido vereador decidiu

implementar, em conjunto com o Diretor Geral da Câmara de

Vereadores, Júlio César da Silveira Prado, o projeto da

Câmara Itinerante, denominado “Câmara e Governo Juntos de

Você”, composto por 12 sessões especiais da Câmara.

As edições, a serem realizadas mensalmente no

período de setembro/2015 a agosto/2016, em diversos

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Setores e Bairros de Goiânia, levariam, segundo fundamento

do Projeto, a Câmara para perto do povo, tendo por

parceiro o Estado de Goiás, e sendo os custos das sessões

financiados pelos cofres públicos exclusivamente com

verbas oriundas da Câmara de Vereadores (DVD 01- Alínea B-

01, págs. 04-05 e seguintes).

Referido Projeto foi Protocolado e registrado

sob o número nº 2015/0000626, datado de 23/04/2015, e foi

inaugurado pelo Memorando nº 2015/000276, por meio do qual

o requerido Vereador Anselmo Pereira, na condição de

Presidente da Câmara, determinou a Coordenadoria de

Compras da Câmara que efetuasse o levantamento dos custos

para a realização do Projeto.

No mesmo expediente, após cumprida a

providência pela Coordenadoria de Compras, o Vereador

Presidente determinou à Diretoria Financeira que

elaborasse estudo de verificação de impacto

orçamentário/financeiro, com posterior expedição de

declaração de disponibilidade orçamentária para as

despesas inerentes ao Projeto.

Seguiu-se às providências anteriores a

determinação do Presidente da Casa que o Projeto fosse

encaminhado à Procuradoria Jurídica para elaboração de

parecer acerca das medidas a serem adotadas para a

concretização do Projeto (DVD 01, Alínea B-01, págs. 02).

O objetivo do Projeto, conforme se lê da

narrativa da proposta, era prestar serviços e oferecer

estrutura para funcionamento das sessões itinerantes da

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Câmara, sendo assim disposto na redação: “serviços

oferecidos e estrutura para funcionamento” (DVD 01, Alínea

B-01, págs. 03/10 e Anexo I, intitulado Escopo do Projeto,

págs. 11/15). Continha o Projeto ainda: finalidade; prazo

de execução; objeto; justificativa, objetivos gerais e

específicos; infraestrutura e serviços mínimos (págs.

11/16).

Na apresentação, o Diretor Geral da Câmara

expôs que a finalidade do projeto que foi, aparentemente,

propiciar a integração das diversas macrorregiões da

cidade com a Câmara, em locais/setores apontados como

estratégicos, possibilitando a participação popular de

forma direta nas decisões da Câmara e aproximando os

vereadores da população.

O Projeto previu, ainda, a participação do

Estado de Goiás como parceiro, sem, contudo, haver

qualquer menção de coparticipação financeira do governo

Estadual.

Em acréscimo, o Projeto envolveu diversos

órgãos públicos, promovendo serviços públicos e ações

sociais de interesse da população, dentre eles: serviços

públicos; expedição de documentos públicos tais como

confecção de carteiras de identidade; CPF e carteiras de

trabalho; serviços de saúde (consultas, exames, entrega de

medicamentos e materiais de prevenção de doenças; cortes

de cabelo e fotografia; orientação jurídica; divórcio

consensual e casamento comunitário; atrações artísticas e

culturais (artesanato), educação ambiental e para o

trânsito; distribuição de mudas; atividades para crianças,

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e ainda, distribuição de material educativo.

Para a execução dos serviços, o Projeto do

então Presidente da Câmara Municipal, Vereador Anselmo

Pereira, estabeleceu previamente a utilização de

Organizações Sociais – OS´s, para a gerência do Projeto,

ao argumento de proporcionar melhor administração de

recursos, menor burocracia, e, maior agilidade dos

serviços, declarando a excelência das OS's na execução

deste tipo de ações.

O Projeto estabeleceu realização de 12 (doze)

sessões da Câmara, de forma Itinerante, alocando estrutura

e pessoal para os bairros, sendo a estrutura, locada, vide

(DVD01, Alínea B-01, págs. 08) com a seguinte composição:

várias tendas de dimensões diversas; cadeiras, a mesa

diretora itinerante; equipamentos eletrônicos(som,

projetores, e telão); piso encarpetado; banheiros

químicos; iluminação; geradores de energia; rede de

computadores, com estrutura lógica de rede; internet

móvel; equipamento para transmissão das sessões pela TV

aberta e Internet; móveis, material promocional (banners,

camisetas, panfletos); aparelhos de ar condicionado; e

móveis diversos; material de consumo, lanches para

colaboradores, e material de limpeza, foi especificado

pelo Projeto um total de 74 (setenta e quatro itens), e

ainda, pré determinava um layout para os eventos.

A OSCIP vencedora do certame foi responsável

pela administração do evento, gestão dos recursos,

prestação de contas e por toda a estrutura a ser montada,

desmontada, transportada em cada sessão, aluguel dos

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equipamentos de empresas terceirizadas.

Após, foram providenciados 03 (três)

orçamentos que cobrissem os custos das 12 (doze) edições

do Projeto “Câmara e Governo Juntos de Você”; solicitados

e direcionados a 03 (três) empresas do setor de eventos

sendo eles:

01- TV Midia Ltda-ME, (DVD-01, Alínea B-01, págs.

22/28), com custo total de R$2.308.428,00, e cada edição

ao valor de R$192.369,00;

02- CNL Locações e Promoções de Eventos Eireli-ME,

(DVD-01, Alínea B-01,págs. 29/33), com custo total de

R$2.374.836,00, e cada edição ao valor de R$197.903,00; e;

03- Galpão Promoções e Eventos Ltda, (DVD-01, Alínea B-

01, págs. 34/40), no total de R$2.432.316,00, sendo cada

edição no valor de R$202.693,00.

A seguir, os autos foram encaminhados à

Procuradoria Jurídica da Câmara dos Vereadores, instada a

manifestar acerca do Projeto, (DVD 01, Alínea B-01, págs.

43/46), que exarou o parecer nº 531/2015, opinando pela

realização de procedimento licitatório para a consecução

do Projeto e sua submissão às diretrizes gerais de

contratação pelo Poder Público de obras, produtos e

serviços.

Afirmou ainda a Procuradoria, no parecer, que

nos autos inexistia qualquer: “solicitação ou indicativo

de exceção à regra do processo licitatório, seja pela

natureza dos objetos, serviços e pessoas jurídicas a serem

contratadas, seja pela existência de fornecedor único.”

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Concluiu o parecer pela adoção de procedimento

licitatório, pela observância dos requisitos pertinentes

já usualmente adotados pela Comissão de Licitação da

Câmara Municipal e destacou que a Comissão de Licitação

deveria justificar, fundamentadamente, o tipo de licitação

e os critérios de julgamento adotados (menor preço global,

menor preço por item ou lote etc), a fim de garantir o

maior número de interessados, terminando por mencionar o

parecer que:

“Os princípios gerais da Administração Pública, bem

como os princípios aplicáveis especificamente às

licitações, deverão ser rigorosamente observados em

todos os atos do processo”. (DVD01,Alínea B-

01,págs.45).

Referido Parecer foi acolhido pelo Procurador

Chefe da Câmara dos Vereadores, que determinou o

encaminhamento dos autos para a Comissão Permanente de

Licitação (DVD-01, Alínea B-01, págs. 46).

Seguem nos autos o Edital de Chamamento nº

001/2015-CMG/GO, também chamado de “Concurso de Projetos”,

págs. 47/69. Advém, então despacho do “pregoeiro”, págs.

70, encaminhando o Edital de Chamamento a Procuradoria

Jurídica, para emissão de parecer acerca do “Edital de

Chamamento - Concurso de Projetos”, informando o Pregoeiro

que a modalidade escolhida destinava-se a escolha de

OSCIP's, com cujo vencedor seria celebrado Termo de

Parceria com a Câmara Municipal de Goiânia para produção,

instalação, montagem e desmontagem do Projeto denominado

“Câmara e Governo juntos de você”.

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Afirma no despacho que a razão da escolha, a

exemplo de outras pastas, e da Secretaria de Educação,

Cultura e Esportes e do Estado de Goiás, é justificada

porque na modalidade a Coordenação fica a cargo do órgão

público e a execução é realizada “lado a lado” entre a

OSCIP e o órgão público.

Segue então o despacho de págs. 72/86,

recomendando diversas adequações ao Edital, especialmente

com relação aos critérios de avaliação das propostas.

Foi então publicado, aos 28/07/2015, o aviso

de licitação, Concurso de Projetos 001/2015, págs.

112/117, sendo a versão final do Edital de Chamamento,

págs. 87/109.

Aos 13/08/2015, págs. 120, a mesa Diretora da

Câmara de Vereadores de Goiânia, constituiu a Comissão

Julgadora do Concurso de Projetos nº 001/2015, nomeando os

servidores: Júlio César da Silveira Prado (ocupante de

cargo comissionado de Diretor Geral); Antônio Henrique

Guimaraes Isecke (ocupante de cargo de Técnico Auxiliar do

Legislativo, Nivel-I), e Aderilton Bezerra dos

Santos(ocupante de cargo efetivo de Agente Administrativo,

nivel-II).

Seguiu-se então a fase de habilitação, tendo

apenas duas OSCIPs participantes : o Instituto de

Desenvolvimento Econômico e Sócio-Ambiental-IDESA e,

IDEIA Ambiental e Cultural, sendo esta última, escolhida

vencedora, conforme Ata de Julgamento (DVD-01, Alínea-B-

03, págs. 520/522) do Projeto-Concurso nº 001/2015,

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referente ao Procedimento nº 20150000626, e, Ata de

Reunião de Comunicado de Resultado dos Projetos Concurso

nº 001/2015, de 17/08/2015, (DVD-01, Alínea-B-03, págs.

526).

Encaminhados os autos à Procuradoria Jurídica

para apreciação quanto a regularidade do Procedimento,

Licitatório, às págs. 528/531, emitiu-se parecer,

intitulado Despacho nº 745/2015, que considerou o

“cumprimento os requisitos legais e das normas do

Instrumento Convocatório”, manifestando pela homologação

do Procedimento Licitatório - Chamamento Público –

Concurso de Projeto nº 001/2015, págs. 531.

Ao parecer da Procuradoria, sucede termo de

Declaração do Presidente da Câmara de Vereadores, Anselmo

Pereira, págs. 532, no qual:

“DECLARA que a presente despesa relativa à

licitação-Concurso 001/2015, que tem por objeto a

produção, instalação, montagem e desmontagem do

Projeto Câmara e Governo Juntos de Você, em que foi

declarada vencedora a OSCIP IDÉIA Ambiental e

Cultural, CNPJ nº05.640.298/0001-18, conforme Ata

lavrada pela Comissão Julgadora do respectivo

Concurso (Portaria nº 461, de 13 de agosto de

2015), aos 14 dias do mês de agosto de 2015, págs.

520, e por atender às condições especificadas no

referido Edital.”

Adiante, vem o Memorando nº76/2015, págs. 534,

solicitando o envio dos autos à Diretoria Financeira para

emissão de nota de Movimentação Orçamentária e Financeira

- NMOF, objetivando cobrirem-se as despesas contraídas

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pela contratação, págs. 534, e 535, no valor de R$

2.308.428,00 (dois milhões, trezentos e oito mil,

quatrocentos e vinte e oito reais).

Sobreveio, então, às págs. 539, Nota de

Movimentação Orçamentária e Financeira, emitida aos

24/08/2015, dando conta da emissão das 04 (quatro)

primeiras parcelas do “Projeto”, referentes aos meses de

setembro, outubro, novembro e dezembro de 2015, no valor

idêntico cada uma de R$ 192.369,00 (cento e noventa e dois

mil, trezentos e sessenta e nove reais), totalizando R$

769.476,00 (setecentos e sessenta e nove mil, quatrocentos

e setenta e seis reais).

Seguem os autos com o Despacho nº 765/2015,

págs. 540/542, da lavra do Procurador Lourival de Moraes

Fonseca Júnior, manifestando pela impossibilidade do

Projeto se desenvolver no período que foi previamente

estipulado de 12(doze) meses, tendo em vista a ocorrência

de eleições municipais para vereador, no ano seguinte,

2016, e portanto opinando para que fosse limitada a

execução até junho/2016, e, ainda, opinou pelo pagamento

em apenas 02(duas) parcelas, págs. 541.

Com isso emitiu-se nova Nota de Movimentação

Orçamentária e Financeira-NMOF, datada de 26/08/2015,

págs. 543, no mesmo valor de R$ 769.476,00 (setecentos e

sessenta e nove mil, quatrocentos e setenta e seis reais).

Emitiu-se, então, aos 27/08/2015, págs. 545, a

nota de empenho no valor de R$ 1.154.214,00 (um milhão,

cento e cinquenta e quatro mil, duzentos e catorze reais).

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A seguir, vem a celebração do instrumento de

“Termo de Parceria nº 20/2015”, págs. 546/555, com data de

vigência 27/08/2015 a 30/06/2015, conforme disposto na

cláusula sétima deste Termo. Na Cláusula Quarta, págs.

550, consta previsão de pagamento do “contrato” em

02(duas) parcelas, a 1ª, em setembro de 2015; a segunda em

fevereiro de 2016.

Veio então a publicação do Extrato do Termo de

Parceria, págs. 356, e seguintes dos autos.

A OSCIP “IDEIA Ambiental e Cultural”, às págs.

566/572, junta documento intitulado de Regulamento de

Compras, Contratação de Obras e Serviços, e anexo I, págs.

573, estabelecendo na cláusula 4ª, que :

“A aquisição e alienação de bens e a contratação de

serviços e obras efetuar-se-ão mediante Seleção de

Fornecedores.”

Prosseguem os autos com o Parecer 049/2015, da

Diretoria de Controle Interno, págs. 576/603, no qual

menciona a Nota de Empenho NE 00 69 00, de 27/08/2015, no

valor de R$ 1.154.214,00 (um milhão, cento e cinquenta e

quatro mil, duzentos e catorze reais), págs. 598, e às

págs. 599. Estabelece o parecer que o pagamento ocorra em

02(duas) parcelas iguais no valor supra mencionado, a

primeira em setembro de 2015 e a segunda em fevereiro do

2016, relativos ao Termo de Parceria para a execução do

projeto “Câmara e Governo Juntos de Você”.

Nas folhas 600, consta do supra referido

parecer :

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“No que tange aos aspectos intrínsecos, verificou-

se que a regularidade do certame, conforme

assinalado pela douta Procuradoria Jurídica desta

Casa de Leis, por meio do Despacho nº 650/2015, de

21/07/2015 (págs. 72/86), de emissão do Procurador

Chefe, Dr. Lourival de Moraes Fonseca Júnior, o

qual manifestou pela juridicidade da fase prévia da

seleção, bem como da minuta do Edital de Chamamento

em análise, desde que rigorosamente observadas às

adequações declinadas.”

Adiante, no mesmo Parecer, págs. 601, 3º

parágrafo, está consignado, em negrito :

“Verificou-se que o Edital de Chamamento n 01/2015,

(págs. 87), não haver cláusulas que tenham o condão

de restringir a competitividade do certame, estando

alusivo através do Despacho nº 650/2015 (págs.

72/86), de emissão do Procurador Chefe, Dr.

Lourival de Moraes Fonseca Júnior, o qual manifesta

pela juridicidade da fase prévia de seleção.”

Adiante consta do mesmo parecer, págs. 601 :

“Em análise do Procedimento, a Procuradoria

Jurídica, por meio do despacho 745/2015(págs.

528/531), de emissão do Procurador Chefe, Dr.

Lourival de Moraes Fonseca Junior, manifestando

pela homologação do Chamamento Público – Concurso

de Projeto nº 001/2015, considerando o cumprimento

dos requisitos legais e das normas do Instrumento

Convocatório.

Destarte, o Presidente desta Casa de Leis, Vereador

Anselmo Pereira, proferiu Declaração ao dia

24/08/2015 (págs. 532), DECLARANDO que a despesa

relativa a licitação – Concurso nº 001/2015, possui

adequação Orçamentária e Financeira com a Lei

Orçamentária Anual, a Lei de Diretrizes

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Orçamentárias e a Plano Plurianual. Tomando por

base as manifestações oriundas da Procuradoria

Jurídica, o Presidente deste legislativo emitiu,

ainda, TERMO DE HOMOLOGAÇÃO (págs. 533), também ao

dia 24/08/2015, a respeito do procedimento em

questão.”

Às págs. 605, consta ainda Nota de

Movimentação Financeira e Orçamentária - NMFO, Nota de

Empenho 0023 00, data de emissão 19/01/2016, no importe de

R$ 1.154.214,00 (um milhão, cento e cinquenta e quatro

mil, duzentos e catorze reais), em favor da OSCIP IDEIA

Ambiental e Cultural.

Posteriormente, às págs. 608/610, vem o

Parecer da Diretoria de Controle Interno - DCI, nº

029/2016, de 19/01/2016, certificando a nota de empenho

0023 00, e depois, às págs. 618, consta o Memorando

017/2016/DG, de 28/01/2016, no qual o Diretor Geral da

Câmara de Vereadores, Júlio César da Silveira Prado,

solicita o pagamento da Nota Fiscal nº 03, págs. 619,

acompanhada de Termo de Liquidação de Despesa, tendo por

beneficiária a OSCIP “IDEIA Ambiental e Cultural”, no

montante de R$ 1.154.214,00 (um milhão, cento e cinquenta

e quatro mil, duzentos e catorze reais).

Das págs. 621, 627 e 632, extrai-se que a

OSCIP recebeu, em depósito de conta corrente :

1 - aos 14/09/2015, o valor de R$ 1.154.214,00

(um milhão cento e cinquenta e quatro mil,

duzentos e catorze reais); e,

2 - aos 01/02/2016, o valor de R$ 1.096.503,30

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(um milhão e noventa e seis mil, quinhentos e

três reais), deduzidos o valor de R$ 57.710,70

(cinquenta e sete mil, setecentos e dez

reais,e setenta centavos), retidos referentes

ao ISSQN, conforme comprovantes de

transferências entre as contas correntes da

Câmara e da OSCIP IDEIA, ambas da caixa

econômica federal.

Requisitadas informações à Câmara de

Vereadores, por meio do Ofício nº 724/2015, e 749/2015,

foi enviada resposta de págs. 010/013, dos autos do ICP,

acompanhadas das informações págs. 015/16. Após, oficiou-

se novamente ao Presidente da Câmara de Vereadores, ofício

Requisição nº 139/2016, sendo encaminhada a resposta de

págs. 109/110, acompanhada de documentos págs. 112/174.

Após, foi encaminhado o Ofício Requisitório

nº 727/2016, requisitando informações e documentos acerca

do “Projeto” denominado “Câmara Itinerante”, intitulado

“Câmara e Governo Juntos de Você”, foram prestadas novas

informações pelo atual Presidente da Câmara de Vereadores

de Goiânia, legislatura 2017/2020.

Oficiou-se, por meio da Procuradoria-Geral de

Justiça, ao Tribunal de Contas dos Municípios solicitando

informações acerca das contas da Câmara Municipal de

Goiânia, dos anos de 2013 a 2016. Em resposta, o Tribunal

de Contas encaminhou o Ofício nº 326/2017, de 31/01/2017,

acompanhado de documentos, informando do julgamento das

contas dos exercícios 2013 e 2014, estando sob análise as

contas do exercício 2015, e que as de 2016 ainda estavam

em decurso de prazo para apresentação.

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Consta ainda dos autos a fotocópia do

documento de págs. 196/198, da OSCIP IDEIA Ambiental e

Cultural, informando saldo a devolver de R$ 100.642,01

(cem mil, seiscentos e quarenta e dois reais e um

centavo).

Por derradeiro, em 09/05/2017, encaminhou-se

ao atual presidente da Câmara de Vereadores Ofício

Requisitório 164/2017, requisitando-se cópias as notas

fiscais do 1º e 2º pagamentos realizados a IDEIA Ambiental

e Cultural, relativas a Licitação/Concurso 01/2015

(alusivo ao Termo de Parceria nº 20/2015); cópia dos

comprovantes de transferência entre a conta corrente da

Câmara de Vereadores e a entidade intitulada IDEIA

Ambiental e Cultural, e; cópia do comprovante de

transferência entre contas relativo a valores

eventualmente devolvidas pela IDEIA Ambiental e Cultural.

A resposta veio aos 19/05/2017, da lavra da

atual Procuradora Geral da Câmara de Vereadores,

encaminhando-se a documentação solicitada, contendo no

Anexo I, os 02 (dois) comprovantes de transferência entre

Contas da CAIXA-TEV; recibo da IDEIA Ambiental e Cultural

de recebimento de R$ 1.154.214,00 (um milhão, cento e

cinquenta e quatro mil, duzentos e catorze reais), datado

de 09/09/2015, dentre outros documentos; e, no Anexo II,

entre outros documentos, um comprovante de transferência

referente a devolução pela empresa MIDIA Link Ltda-ME, do

valor de R$ 100.642,01 (cem mil, seiscentos e quarenta e

dois reais, e um centavo), para os cofres da Câmara

Municipal de Goiânia.

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2) DO DIREITO

Discorrer-se-á nos tópicos a seguir : I- Do

Desvio De Finalidade das Funções Da Câmara De Vereadores

De Goiânia; II- Da Finalidade Eleitoreira E Auto

Promocional Do Projeto “CÂMARA E Governo Juntos De Você”;

III- Do Desvirtuamento Do Procedimento Licitatório e

Afronta a Modalidade Licitatória Prevista na Lei 8.666/93;

IV- Do Desvio de Finalidade da Oscip Vencedora; V- Do

Valor de Cada Edição da “CÂMARA Itinerante”( Da Cobrança

Superfaturada Por Cada Edição ); VI- Das Notas De Empenho,

Notas Fiscais e dos Pagamentos e; VII- Dos Atos Dolosos de

Improbidade.

2.1) DO DESVIO DE FINALIDADE DAS FUNÇÕES DA CÂMARA DE VEREADORES DE GOIÂNIA - (DESCABIMENTO DO PROJETO “CÂMARA E GOVERNO JUNTOS DE VOCÊ” )

A Separação dos Poderes é princípio basilar do

moderno Estado Democrático de Direito, seguido pela

Constituição Federal de 1988, que em seu Art. 2º,

estabelece a estrutura de Governo firmada em 03(três)

distintos Poderes: o Executivo, o Legislativo e o

Judiciário.

Ao discorrer sobre a separação dos Poderes na

Constituição Federal Brasileira, André Ramos Tavares in

Curso de Direito Constitucional, 11ª edição, 2013,

preceitua :

“Tradicionalmente, como se sabe, a incumbência de redigir e editar as leis gerais, que devem reger a sociedade, encontra-se atribuída ao Poder Legislativo.”(ob, cito pág. 961).

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Nesse sentido, seguindo a lição de Alexandre

de Morais, atual Ministro da Suprema Corte Brasileira, na

obra Direito Constitucional, 28ª ed., pág. 425, deve o

Estado obedecer a divisão dos Poderes e suas funções,

vejamos:

“A divisão segundo o critério funcional é a célebre “separação de Poderes”, que consiste em distinguir três funções estatais, quais sejam, legislação, administração e juridição, que devem ser atribuídas a três órgãos autônomos entre si, que as exercerão com exclusividade (...)”.

Adiante, o nobre doutrinador, Alexandre de

Morais, estabelece que:

“A Constituição Federal consagrou em seu art. 2º a tradicional tripartição de Poderes, ao afirmar que são Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Com base nessa proclamação solene, o próprio legislador constituinte atribuiu funções a todos os Poderes, sem, contudo caracterizá-la com exclusividade absoluta. Assim, cada um dos Poderes possuiu uma função predominante, que o caracteriza como detentor de parcela de soberania estatal, além de outras previstas no texto constitucional. São as chamadas funções típicas e atípicas.As funções típicas do Poder legislativo são legislar e fiscalizar, tendo ambas o mesmo grau de importância e merecedoras de maior detalhamento. Dessa forma, se por um lado a Constituição prevê regras de processo legislativo, para que o Congresso Nacional elabore as normas jurídicas, de outro, determina que a ele compete a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Executivo(CF,art. 70).As funções atípicas constituem-se em administrar e julgar. A primeira ocorre, exemplificadamente, quando o Legislativo dispõe sobre sua organização e operacionalidade interna, provimento de cargos, promoções de seus servidores; enquanto a segunda ocorrerá, por exemplo, no Processo e julgamento do Presidente da república por crime de responsabilidade.”GRIFAMOS

O doutrinador segue na mesma obra discorrendo

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sobre as funções do Poder Executivo, lecionando que :

“O Poder Executivo constitui órgão constitucional cuja função precípua é a prática dos atos de chefia de estado, de governo e de administração.”

Dessas alinhavadas lições, depreende-se que a

função do Poder Legislativo, primordialmente, é a edição

de Leis visando o bem estar da população e o aprimoramento

da cidade.

Contudo, a despeito dessas delimitações quanto

às atividades de cada Poder, o Projeto “Câmara e Governo

Juntos de Você”, também chamado de “Câmara Itinerante’,

evidencia, claramente, com seu objetivo, o desvio de

finalidade da função do Poder Legislativo ao promover

atividades essencialmente próprias do Poder Executivo,

utilizando-se de verbas públicas, em montante

considerável, R$ 2.308.428,00 (dois milhões, trezentos e

oito mil, quatrocentos e vinte e oito reais).

Assim, a execução do “Projeto Câmara

Itinerante” promoveu uma verdadeira intromissão do Poder

Legislativo na esfera da atuação do Poder Executivo, eis

que sequer nas funções atípicas do Poder Legislativo pode-

se enquadrar o projeto, em completo desvio de finalidade.

Ademais, ao destinar verba orçamentária para a

execução da promoção dos representantes do povo da Casa de

Leis, efetuou gastos que deveriam ser implementados nas

finalidades do Poder Legiferante, conforme estabelece a

separação de poderes, ou em necessidades da própria Câmara

de Vereadores.

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De outro lado, caso não houvesse outra

aplicação para os recursos, deveriam eles ser mantidos em

caixa, ou resguardados em aplicação, para destinação

específica, ou, por economia que fosse, face a drástica

crise por que atravessa o país, também por razoabilidade,

tendo em vista a escassez de recursos, e o contribuinte já

demasiadamente sobrecarregado com impostos.

2.2) DA FINALIDADE ELEITOREIRA E AUTO PROMOCIONAL DO

PROJETO “CÂMARA E GOVERNO JUNTOS DE VOCÊ” - (propaganda

eleitoral antecipada)

De se observar também que todo o intento do

Projeto, arquitetado e articulado pelo Presidente da Casa,

Vereador Anselmo Pereira, em conjunto como o então Diretor

Geral da Câmara, Júlio César da Silveira Prado; e contando

ainda com a anuência do Procurador Geral da Casa, Lourival

de Moraes Fonseca Junior; com o pregoeiro da Comissão de

Licitação, Antônio Henrique Guimarães Isecke, e, ainda,

com o representante da OSCIP, Francisco de Assis Gomes.

Evidente o intuito auto promocional e

eleitoreiro porque O Projeto: “Câmara e Governo juntos de

Você”, foi estrategicamente dividido em 12 (doze)edições

quase mensais, a serem realizadas nas macroregiões de

capital, visando promover o Presidente da Casa, e seus

colaboradores nos diversos setores de Goiânia.

O custo do Projeto, melhor se diga, da

Promoção Eleitoreira, foi transferido, ficando às expensas

dos recursos financeiros da Câmara, com início em setembro

de 2015, e término das edições em junho de 2016, portanto,

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às vésperas das Eleições Municipais para Vereador,

marcadas para o ano de 2016.

A verdadeira finalidade de toda essa ação

cameral ao lançar o Projeto “Câmara Itinerante” era

aparentar uma fictícia aproximação dos representantes do

povo e promoção de atividades destinadas à população,

porém, sob esse manto de aparente legalidade, escondiam-se

motivos torpes, sendo um deles a verdadeira auto Promoção

Política, mediante uma edição mensal do Câmara Itinerante,

a fim de incutir na mentalidade e lembrança do eleitor a

fisionomia dos futuros “candidatos benfeitores”,

promotores dessas “ações sociais”, especialmente, a figura

de Anselmo Pereira, então presidente da Câmara, que a

todas as edições estava presente.

Dai, que o Projeto tinha notadamente função

eleitoreira, caracterizando por isso, propaganda eleitoral

antecipada, violando os termos do Art. 240, da Lei

4.737/65 (Código Eleitoral).

A autopromoção social da pessoa do Vereador

Anselmo Pereira, era evidente, eis que então Presidente da

Câmara de Vereadores de Goiânia, estava sempre presente no

início de cada edição, nas manhãs das 5ªs feiras, na

condição de Presidente da Casa, pois abria cada edição e

era um dos autores-pai do Projeto.

Depreende-se do edital quanto ao funcionamento

do Projeto que cada edição era realizada sempre às 5ªs e

6ªs feiras, transferindo-se a realização das sessões

ordinárias da Câmara. Disso observa-se que não houve real

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benefício à população, porquanto esta nos dias úteis

estava trabalhando e as crianças em horário escolar, só

houve proveito ao vereador Anselmo Pereira que às custas

do dinheiro público se auto promoveu com banners, farto

material de propaganda e marketing, tanto que foi reeleito

com a exposição e promoção pessoal que obteve, tendo sua

campanha antecipada e custeada dessa forma às expensas do

dinheiro público.

A Lei nº 13.800/2001, norma de repetição da

lei federal nº 9.784, de 29/01/1999, que regula o Processo

Administrativo no âmbito da Administração Pública

Estadual, estabelece em seu artigo 2º :

“Art. 2o – A Administração pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.Parágrafo único – Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:I – atuação conforme a lei e o direito;II – atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, ressalvadas as autorizadas em lei;III – objetividade no atendimento do interesse público;IV – atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;V – divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição Federal;VI – adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;(...)”

Disso decorre que ao se utilizar do

Projeto Câmara Itinerante para auto promoção, o Presidente

da Casa, violou os mais basilares princípios norteadores

da vida e da Administração públicas, conforme insculpidos

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na Constituição Federal em seu artigo artigo 37,

especialmente, a moralidade, a legalidade, e a

impessoalidade.

Ademais, não se pode olvidar que a

finalidade e a motivação são também princípios norteadores

dos atos da administração pública, sem esquecermos que a

Lei Estadual nº 13.800/2001, expressamente determina a

vedação de renúncia total ou parcial de poderes ou

competências.

2.3) DO DESVIRTUAMENTO DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO E

AFRONTA A MODALIDADE LICITATÓRIA PREVISTA NA LEI 8.666/93

A Lei 8.666/1993, assim como a Constituição

Federal, ao estabelecerem o modelo de licitação para a

realização de obras; aquisição de bens e serviços e

alienações, pretendiam as normas que o Estado efetuasse o

melhor e mais vantajoso negócio, visando com isso a

economia e a igualdade de participação; a impessoalidade;

a ampla concorrência e publicidade dos atos.

Assim, prescreveu a Carta Magna que :

“Art.37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: XXI-ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de

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qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.” (GRIFO NOSSO)

Para a realização do intitulado “Concurso de

Projeto nº 001/2015”, informalmente intitulado de “Câmara

Itinerante”, procedimento nº 2015/0000626, o que se

observa dos autos é uma verdadeira e intencional

orientação de todo o processo com a aparência de

escorreito procedimento licitatório, que visava na

essência, a prestação de serviços com a realização das

edições, mediante locação de estrutura, máquinas e

serviços.

O procedimento também estabelecia que apenas

OSCIPs participassem, e em particular, tudo foi orientado

para que a licitação fosse completamente desvirtuada para

modalidade “Concursos”, culminando que foi chamado de

Concurso de Projetos.

Dessa forma, foram excluídas as empresas

especialistas na locação de estruturas, máquinas e

serviços, e que poderiam oferecer melhores preços, a

licitação foi orientada a determinado setor, o 3º Setor,

transferindo para as OSCIP'S a Gestão dos Recursos

Públicos destinados ao Câmara Itinerante.

À OSCIP vencedora, então, caberia decidir e

escolher a quem e por quanto contratar para prestar os

serviços para a realização das edições. Impera dizer que

não houve qualquer forma de controle pelo Poder Público

quanto as empresas participantes, na condição de locadores

de bens, móveis, equipamentos e serviços, uma vez que o

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orçamento (contendo os valores de referência), igualmente,

foi escolhido arbitrariamente pela Direção da Câmara de

Vereadores.

Assim foi determinado pelo Presidente da

Câmara de Vereadores, e dessa forma se procedeu, reitere-

se sempre com o aval do Diretor Geral da Câmara; do

Procurador Geral da Câmara, e com a anuência do pregoeiro.

A par disso, a Lei de Licitações estabelece de

forma clara que em se tratando de prestação de serviços

para valores superiores a R$ 650.000,00 (seiscentos e

cinquenta mil reais), a modalidade obrigatória a ser

escolhida é da “Concorrência”.

A lei ainda estabelece qual seja o conceito,

para os efeitos da norma, do que vem a ser serviço.

Vejamos :

Art.6o Para os fins desta Lei, considera-se:

II-Serviço-toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais;

Adiante, a lei de licitações, estabelece no

“Capítulo II, Da Licitação, Seção I, Das Modalidades,

Limites e Dispensa” :

Art.22. São modalidades de licitação:I-concorrência;II-tomada de preços;III-convite;

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IV-concurso;V-leilão.

“§1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.”

“§4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco)dias.”

Veja-se ainda que :

“Art.23-As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:II-para compras e serviços não referidos no inciso anterior:c)concorrência-acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais).”

Ora, da análise do Edital de Chamamento nº

001/2015(referente ao Procedimento 20150000626) que

redundou no Termo de Parceria nº 020/2015, obviamente, se

constata que nenhum trabalho técnico, científico ou mesmo

artístico foi apresentado e que justificasse a presença de

OSCIPs. Ainda, facilmente se afere que sequer houve

qualquer concurso de projetos.

De consequência, não poderia ter sido esta a

modalidade “Concurso de Projetos”, a escolhida pelo

Presidente da Câmara, Vereador ANSELMO PEREIRA DA SILVA

SOBRINHO; em conjunto com o Diretor Geral da Casa, JÚLIO

CÉSAR DA SILVEIRA PRADO; e corroborada pelo Procurador

Geral da Câmara, LOURIVAL DE MORAES FONSECA JUNIOR;

ratificada pelo pregoeiro, HENRIQUE GUIMARÃES ISECKE, e

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pelo representante da OSCIP, ANTÔNIO FRANCISCO DE ASSIS

GOMES; pois evidentemente não se tratava de “Concurso de

Projetos”.

Ademais, o que se deu de forma efetiva foi uma

contratação de empresas, fornecedoras na forma de locação

de máquinas e de serviços, e aquisição de produtos

(banners, cartazes, folhetos, propaganda), por intermédio

de OSCIP, para a tudo dar aparência de legalidade.

Assim, patente a violação-fraude à Lei de

Licitações, tanto no quesito escolha da modalidade de

licitação adequada, quanto igualmente violada a lei em

relação a seu princípio mais basilar; o da ampla

concorrência, eis que a rigor, a modalidade de licitação

“concorrência” deveria ter sido a adotada, e, ao não fazê-

lo, causou graves prejuízos aos cofres públicos, porquanto

os custos foram superiores, e poderiam ser inferiores

acaso diversas empresas, com atuação específica no ramo de

locações de máquinas, estrutura e serviços pudessem ter

participado da licitação.

As planilhas de prestação de contas, as

informações prestadas pela OSCIP vencedora, e as

informações da Comissão de Avaliação, confirmam, extreme

de dúvidas, a violação do devido procedimento

administrativo licitatório.

Ademais, essas planilhas prestam informações,

vide DVD 08, dando notícias de que em todas as 09(nove)

edições, foram superiores os valores cobrados por cada

edição face ao valor previamente estabelecido no orçamento

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inicial apresentado.

Da mesma forma, se observa violação do

procedimento licitatório quando se constata que apenas

09(nove) edições foram realizadas, porém, o valor total

gasto é equivalente a se tivessem realizadas quase todas

as edições, ou seja, precisamente utilizou-se valores

suficientes para 11,5 (onze e meia) edições.

Cabe ainda salientar, e dos autos consta que

ao determinar o levantamento de orçamentos, o Diretor

Geral da Câmara, obteve 03 (três) orçamentos direcionados,

e dentre eles, ratificou como o menor orçamento o

fornecido pela empresa TV Midia Ltda.

O que não se pode esperar em uma contratação

de R$ 2.308.428,00 (dois milhões, trezentos e oito mil,

quatrocentos e vinte e oito reais) é que se restrinja o

fornecimento de orçamentos a apenas 03 (três).

No caso, ao agirem confeccionando o Edital, e

dando andamento no procedimento administrativo licitatório

com essa prática, o Presidente da Câmara; o Diretor Geral;

o pregoeiro e ratificando todas as irregularidades, ainda

o Procurador Geral da Câmara, impediram que a ampla

concorrência pelo menor preço se estabelecesse, atacando a

lei, fazendo-a por letra morta.

Ferida, portanto, a norma constante do Art. ,

da Lei 8.666/1993,

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2.4) DO DESVIO DE FINALIDADE DA OSCIP VENCEDORA

As OSCIP's, estabelecidas pela Lei 9.790/99,

que dispôs sobre a qualificação de pessoas jurídicas de

direito privado, sem fins lucrativos, são pois entidades

do terceiro setor, reconhecidas por ato do Poder

Executivo, para atuarem em parceria com o estado,

auxiliando nas atividades estatais, conforme rol das

descritas no artigo 3º, da lei 9.790/99, sem auferirem

lucro.

Vejamos :

Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, ob-servado em qualquer caso, o princípio da universa-lização dos serviços, no respectivo âmbito de atua-ção das Organizações, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lu-crativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:

I - promoção da assistência social;II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organiza-ções de que trata esta Lei;IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei;V - promoção da segurança alimentar e nutricional;VI - defesa, preservação e conservação do meio am-biente e promoção do desenvolvimento sustentável;VII - promoção do voluntariado;VIII - promoção do desenvolvimento econômico e so-cial e combate à pobreza;IX - experimentação, não lucrativa, de novos mode-los sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais;XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tec-nologias alternativas, produção e divulgação de in-

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formações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo.XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte. Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedi-cação às atividades nele previstas configura-se me-diante a execução direta de projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins lucrativos e a ór-gãos do setor público que atuem em áreas afins.

No rol do artigo 3º, supra referido, não

consta nenhuma atividade da OSCIP afim à prestação de

serviços, ou ainda, para a locação de produtos e serviços,

tal como a natureza das atividades desenvolvidas na

realização do “Câmara e Governo Juntos de Você”,

denominada de “Câmara Itinerante”.

A Presidência da Câmara, ao usar de OSCIP

para a gestão, realização, coordenação, contratação de

serviços, máquinas e estrutura, incorreu em violação e

desvio de finalidade da existência da OSCIP, e no caso da

OSCIP IDEIA Ambiental e Cultural, mormente porque a

natureza inicial de seu estatuto constitutivo não era nem

poderia ser de acordo com Lei, voltada à prestação de

serviços.

A promoção e defesa do Meio Ambiente sempre

foi a atividade orientadora da OSCIP IDEIA Ambiental e

Cultural, conforme estatuto social. No entanto, ao incluir

em seu estatuto atividades de prestação de serviços,

desvirtuou sua existência, coadunando com atividades de

cunho comerciais, e, portanto, caracterizando-se como uma

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OSCIP de aparência, e empresa na essência.

A prestação de serviços e a locação de

produtos foram atividades incluídas no Estatuto Social da

OSCIP IDEIA Ambiental e Cultural, objetivando participar

de licitações e obter lucro, págs. 282/286, dos autos.

Estrategicamente essa foi a intenção da IDEIA ao

participar da licitação, modalidade “Concurso de

Projetos”, como veremos.

Essa descaraterização de atividade, de uma

entidade sem fins lucrativos, OSCIP, com fins a promoção

de atividades culturais, desvirtuando completamente para a

atividade empresarial, in casu, com efetiva atividade de

prestação de serviços(locação de máquinas, produtos e

serviços), atividade típica de empresas, ficou

evidentemente caracterizada verdadeira afronta ao

princípio da legalidade, à Lei das OSCIP's, ao devido

processo administrativo, o que também configura

desvirtuamento do procedimento licitatório, sendo que a

participação voluntária da OSCIP IDEIA Ambiental e

Cultural no processo licitatório, evidenciou a obtenção de

lucro.

Esse desvio de finalidade teve por objetivo a

participação da IDEIA Ambiental e Cultural, como se

verdadeira empresa fosse, tanto é verdade, que a OSCIP

efetuou contratos de prestação de serviços com diversas

empresas, sem nenhum critério ou imparcialidade, a fim de

atender aos objetivos escusos do Projeto “Câmara

Itinerante”, com o fim certo de auferir lucro, e

beneficiar determinadas empresas, participantes e

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prestadores de serviço.

Ou seja, a OSCIP se transformou em

atravessadora, intermediadora dos serviços que a Câmara

irregularmente pretendia e conseguiu contratar para a

promoção pessoal do Presidente da Câmara, e seu próprio

enriquecimento ilícito e de outros interessados.

2.5) DO VALOR DE CADA EDIÇÃO DA “CÂMARA ITINERANTE” - (DA

COBRANÇA SUPERFATURADA POR CADA EDIÇÃO )

Consta que o Valor Total do Edital de

Chamamento, do Projeto intitulado “Câmara e Governos

Juntos de Você”, foi orçado inicialmente em

R$2.308.428,00(dois milhões, trezentos e oito mil,

quatrocentos e vinte e oito reais), conforme planilha de

orçamento tomada por referência e juntada aos autos,

emitido pela empresa TV Midia Ltda, CNPJ nº

04.854.464/0001-16, págs. 22/28.

Nessa mesma planilha de orçamento, ficou

estipulado o valor por edição orçado em R$ 192.369,00

(cento e noventa e dois mil, trezentos e sessenta e nove

reais).

Implementadas investigações acerca das

irregularidades apontadas, e, conforme resposta aos

Ofícios Requisitórios nº 727/2016; 792/2016; 795/2016, o

atual Presidente da Câmara de Vereadores confirmou que

ocorreram apenas 09 (nove) das 12 (doze) edições previstas

do Projeto.

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Essas informações foram corroboradas por

outras prestadas pela própria OSCIP, quando encaminhou as

planilhas de prestação de contas, DVD-08, e constam também

da resposta ao Ofício Requisição nº 164/2017, da lavra da

atual Procuradora Chefe da Câmara Municipal de Goiânia.

Na resposta, a Procuradora Geral também fez

constar planilha encaminhada pela OSCIP, datada de

26/08/2016, a qual afirma que o valor total utilizado para

as 09 (nove) edições foi de R$ 2.207.785,99 (dois milhões,

duzentos e sete mil, setecentos e oitenta e cinco reais, e

noventa e nove centavos).

Ora, cada edição “deveria” ter custado o valor

original fixado no “orçamento aprovado”, orçado em R$

192.369,00 (cento e noventa e dois mil, trezentos e

sessenta e nove reais). No entanto, cada edição custou aos

cofres públicos em média 24% (vinte e quatro por cento) a

mais do que o valor originalmente previsto, vide planilhas

de prestação de contas elaboradas unilateralmente pela

OSCIP, e sem nenhum acompanhamento pela Comissão de

Avaliação da Câmara ao projeto, vide DVD-08.

Confrontadas ainda as informações constantes

dos autos (“Comprovantes de transferência entre as contas

da CAIXA-TEV”, entre a conta da Câmara e da OSCIP), com as

informações do “Portal de Transparência”, e ainda,

consoante as informações prestadas pela OSCIP IDEIA

Ambiental e Cultural, chega-se ao valor total recebido

pela IDEIA Ambiental e Cultural no montante de:(R$

1.154.214,00 + R$ 1.096.503,30). Somados, obtêm-se o valor

total pago de R$ 2.250.717,30(dois milhões, duzentos e

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cinquenta mil, setecentos e dezessete reais, e trinta

centavos).

Esse valor difere diametralmente do que a

OSCIP afirma ter sido gasto e realizado no evento, de R$

2.207.785,99 (dois milhões, duzentos e sete mil,

setecentos e oitenta e cinco reais, e noventa e nove

centavos).

De outro lado, o valor total do denominado

Projeto estava previsto em R$ 2.308.428,00 (dois milhões,

trezentos e oito mil, quatrocentos e vinte e oito reais).

Ao se analisar todo o Projeto, há de se

considerar que os custos eram fixos, pois todas as edições

contaria com a mesma estrutura, equipamentos, logística de

transporte e pessoal que seriam e foram disponibilizados

em todas as ocasiões.

Porém, o custo total das 09 (nove) edições

ficou em torno de 24% (vinte e quatro por cento) em média

mais cara que o originalmente orçado, valores

injustificáveis tendo em vista que, como dito, a estrutura

era a mesma, e, portanto, os custos os mesmos, não havendo

pois razoabilidade para uma elevação de valores que foram

efetivamente pagos.

Pior, é se constatar que a Comissão de

Avaliação da Câmara ratificou e anuiu com os valores de

custos a maior apresentados pela OSCIP, em todas as

09(nove) edições realizadas da Câmara Itinerante. “Vide

DVD nº 08, “Relatórios/Prestação de Contas das 9 edições”.

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Observa-se ainda que não houve por parte dessa

Comissão qualquer avaliação direta da realização do

Projeto, quer fosse em relação ao número de pessoas

beneficiadas ou, com relação aos custos majorados

apresentados, sem justificativa detalhada. Dos autos se

extrai que toada a avaliação da Comissão da Câmara ocorreu

a partir das planilhas apresentadas pela OSCIP.

Dessa forma, a IDEIA Ambiental e Cultural

apresentou dados de forma unilateral, sem que houvesse

conferência ou medição por parte da Comissão de Avaliação

da Câmara.

2.6) DAS NOTAS DE EMPENHO; NOTAS FISCAIS E DOS PAGAMENTOS

É importante salientar que a regra da

contratação pelo Poder Público, nos ditames da Lei de

Licitação e demais regulamentadoras da matéria, estabelece

que a contratação pública segue 03(três) etapas :

Orçamentação(Empenho); liquidação e pagamento.

No intercurso entre a liquidação e o

pagamento, há se de averiguar se da fato houve o devido

fornecimento do produto ou serviço, de forma a garantir

que o pagamento seja devido, não ensejando embaraços à

Administração Pública com relação a eventual restituição

de valores, que obrigatoriamente obedecerão ao devido

processo administrativo e judicial.

De se ver que ambas as duas notas de empenho

irregulares, assim como os “Comprovantes de Transferência

entre contas da CAIXA-TEV” foram assinadas das pelo

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requerido ANSELMO PEREIRA DA SILVA SOBRINHO.

O requerido, de comum acordoo com o Diretor da

Câmara, ainda determinou a antecipação dos dois

pagamentos, sendo o primeiro, em 14/09/2015, antes mesmo

de ser prestado qualquer serviço, e o segundo, pago em

01/02/2016, ainda pendente várias edições do “Câmara

Itinerante”, prática vedada pelo ordenamento jurídico.(Lei

de Licitações; Lei 4.320/64; Decreto nº 93.872/1986.

Veja que com relação ao princípio da

legalidade, que vincula a Administração Pública, e é

importante assinalar que a atividade administrativa se

rege integralmente por ele, tal como previsto nos arts.

5º, inc. II, e 37, caput, ambos da Constituição Federal de

1988.

Torna-se claro, dessa forma, que toda a

atividade licitatória e contratual realizada na gestão da

máquina pública deve, imprescindivelmente, sujeitar-se à

ordem jurídica. Registre-se, neste ponto, que a atuação da

Administração Pública está cercada de competências

vinculadas e discricionárias.

A competência discricionária ocorre quando a

norma não é exaustiva, ou seja, ela permite ao agente

público o exercício do poder jurídico de escolher entre as

diversas alternativas cabíveis, incumbindo-lhe a avaliação

dos critérios de conveniência e oportunidade.

Por outro lado, a competência vinculada não dá

essa margem ao administrador, pois a norma legal já

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confere o resultado jurídico a que se deverá chegar num

determinado caso concreto. Como salienta Marçal Justen

Filho, in verbis:

“A competência vinculada significa que a norma legal restringe a autonomia do agente. Nesses casos, a norma legal já contempla uma escolha em abstrato e antecipada sobre a decisão a ser adotada no caso concreto. Ao aplicar a norma, o agente deve apenas verificar a presença dos pressupostos previstos na norma, não sendo admitida inovação proveniente de juízo pessoal de conveniência e oportunidade do agente.”

Assim, de antemão, se pode afirmar que a

antecipação de pagamento pela Administração Pública antes

da efetiva prestação dos serviços contratados por ela

encontra óbice nas disposições contidas nos arts. 62 e 63

da Lei nº 4.320, de 1964, in verbis:

“Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação.Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.§ 1° Essa verificação tem por fim apurar:I - a origem e o objeto do que se deve pagar;II - a importância exata a pagar;III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base:I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;II - a nota de empenho;III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.” (Grifo nosso).

Ou seja, só poderá haver o pagamento da

despesa após o implemento da obrigação do credor, levando-

se em consideração o contrato e os comprovantes da efetiva

prestação do serviço, a fim de se apurar o quantum a ser

pago. Observe-se que a norma não confere

discricionariedade ao gestor público.

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Com efeito, o art. 38 do Decreto nº 93.872, de

1986, veda a antecipação de pagamento pela execução de

obra, ou prestação de serviço, excetuando-se, apenas, o

pagamento de parcela contratual na vigência do respectivo

contrato, obedecendo-se à forma nele estabelecida e no

edital de licitação. Confiram-se os seus termos, in

verbis:

“Art. 38. Não será permitido o pagamento antecipado de fornecimento de materiais, execução de obra, ou prestação de serviço, inclusive de utilidade pública, admitindo-se, todavia, mediante as indispensáveis cautelas ou garantias, o pagamento de parcela contratual na vigência do respectivo contrato, convênio, acordo ou ajuste, segundo a forma de pagamento nele estabelecida, prevista no edital de licitação ou nos instrumentos formais de adjudicação direta.”

O dispositivo transcrito supra nada mais é que

consectário dos princípios da vinculação ao instrumento

convocatório, insculpido no art. 3º da Lei de Licitações

(Lei nº 8.666, de 1993).

A única exceção que a lei e a doutrina

abalizam se dá quando a fixação do pagamento após a

prestação de serviço ensejar ônus que impeça a maior

participação de interessados, ou seja, a ampla

concorrência.

Essa situação excepcional, prevista no

ordenamento jurídico, evidentemente, não se aplica no caso

em tela, porquanto, o injustificado direcionamento para a

participação de OSCIP's já por si só já excluiu

sobremaneira várias empresas prestadoras de serviços, as

quais poderiam oferecer a mesma qualidade de equipamentos

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e serviços prestados a preços inferiores, uma vez

instalada a concorrência/competição de interessados, sendo

essa a finalidade do procedimento licitatório,

proporcionar a Administração Pública economia e

imparcialidade com a ampla concorrência de interessados.

De se ver que as notas de empenho nº 0069 00,

datada de 27/08/2015 e a nota de empenho nº 0023 00, de

19/01/2016, foram assinadas pelo requerido vereador

Anselmo Pereira, conforme págs. 545 e 605, dos autos do

procedimento administrativo nº 0626/2015.

Com isso configurada a determinação de

pagamento pelo requerido, que agiu com dolo consciente de

efetivar o “Câmara Itinerante”, a todo custo.

De igual forma, foram pelo requerido Anselmo

Pereira, assinadas e autorizadas em favor da OSCIP IDEIA

Ambiental e Cultural, as transferências bancárias datadas

de 14/09/2015, no valor de R$ 1.154.214,00 (um milhão,

cento e cinquenta e quatro mil, duzentos e catorze reais)

e, a segunda, datada de 01/02/2016, no valor de R$

1.096.503,30 (um milhão, noventa e seis mil, quinhentos e

três reais, e trinta centavos).

Assim, dos autos se extrai que a OSCIP recebeu

os pagamentos, antes de prestados os serviços, e em

valores superiores aos estabelecidos no orçamento, embora

com previsão em edital que deve, a toda prova, ser

declarado nulo.

Destarte, fica configurada a conduta dolosa de

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improbidade pelos requeridos ao darem início e andamento a

todo o procedimento licitatório.

2.7) DOS ATOS DOLOSOS DE IMPROBIDADE

Pelos fatos narrados, verifica-se que os

requeridos, Vereador e então Presidente da Câmara ANSELMO

PEREIRA DA SILVA SOBRINHO; em conjunto com JÚLIO CÉSAR DA

SILVEIRA PRADO, então Diretor da Câmara; LOURIVAL DE

MORAES FONSECA JUNIOR, então Procurador Geral da Câmara, e

HENRIQUE GUIMARÃES ISECKE, pregoeiro; e FRANCISCO DE ASSIS

GOMES, Presidente da OSCIP IDEIA Ambiental e Cultural, e

também sócio proprietário da Midia Link Ltda-ME, violaram

normas Constitucionais e infra legais, incorrendo em atos

de Improbidade Administrativa, ao frustrarem a

regularidade e licitude do procedimento licitatório;

modalidade de licitação; enriquecimento ilícito, e

atentando, dessa forma, contra os princípios que regem a

atividade estatal.

Assim, os requeridos incorreram na prática dos

atos de improbidade administrativa, com a seguinte

dinâmica:

O Presidente da Câmara, Vereador Anselmo

Pereira; de comum acordo com o Diretor Geral da Casa,

Júlio César, na condição de criadores do Projeto; o

Procurador Geral da Câmara, Lourival de Moares, que

proferiu parecer endossando o procedimento e modalidade

licitatórios; os três ainda contando com a participação do

Presidente da Comissão Permanente de Licitação, Henrique

Isecke, que proferiu despacho justificador da escolha da

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modalidade de licitação, e ainda contando com o Presidente

da OSCIP IDEIA Ambiental e Cultural, Francisco de Assis

Gomes, arquitetaram o projeto “Câmara e Governo Juntos de

Você”, com o objetivo cada qual de defender interesses

próprios, e com isso, fraudaram a licitação, e auferiram

lucros e auto promoveram-se politicamente.

Os atos de improbidade estão previstos no

artigo 10, caput e inciso VIII, e no artigo 11, caput,

ambos da Lei nº 8.429/1992, in verbis:

Art. 10-Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:(…)VIII- frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: (…)

Na mesma esteira, preceitua a Lei 8.666/93,

Lei de Licitações, quando discorre :

Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art. 121 desta Lei:Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.

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Segundo preceitua a doutrina e a

jurisprudência, a Lei de Improbidade Administrativa visa à

tutela do patrimônio público – que é o conjunto de bens e

interesses da Administração Pública, não só de natureza

patrimonial, mas também moral –, impondo aos agentes

públicos e aos particulares um padrão de comportamento

probo, honesto, íntegro1.

Sobre o dever do agente público de agir com

respeito à moralidade administrativa, discorre Emerson

Garcia:

A moralidade limita e direciona a atividade administrativa, tornando imperativo que os atos dos agentes públicos não subjuguem os valores que defluam dos direitos fundamentais dos administrados, o que permitirá a valorização e o respeito à dignidade da pessoa humana. Além de restringir o arbítrio, preservando a manutenção dos valores essenciais a uma sociedade justa e solidária, a moralidade confere aos administrados o direito subjetivo de exigir do Estado uma eficiência máxima dos atos administrativos, fazendo que a atividade estatal seja impreterivelmente direcionada ao bem comum, buscando sempre a melhor solução para o caso.A correção dessas conclusões, no entanto, pressupõe que um caminho mais árduo e tortuoso seja percorrido: a necessária conscientização de todos os setores da sociedade de que devem zelar pela observância do princípio da moralidade. O controle sobre os atos dos agentes públicos deve ser rígido e intenso, o que permitirá um paulatino aperfeiçoamento da atividade estatal e, o que é mais importante, a necessária adequação dos agentes públicos aos valores próprios de um Estado Democrático de Direito, no qual o bem comum representa o pilar fundamental.(ALVES, Rogério Pacheco e GARCIA, Emerson. Improbidade Administrativa. 6ª Edição. P 90. Editora Lumen Juris, Rio de Janeiro: 2011.)

Ora, indiscutivelmente, vulnera a moralidade

1 REsp 1075882/MG, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/11/2010, DJe 12/11/2010.

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administrativa e a lealdade a conduta dos requeridos de

fraudar o processo licitatório, emitindo notas de empenho

em nome de credores antes mesmo da efetiva prestação de

serviço, em prejuízo da Administração Pública, da

sociedade e do interesse público.

Ademais, os requeridos ANSELMO PEREIRA DA

SILVA SOBRINHO; ANTÔNIO HENRIQUE GUIMARÃES ISECKE; JÚLIO

CÉSAR DA SILVEIRA PRADO; LOURIVAL DE MORAES FONSECA JUNIOR

e FRANCISCO DE ASSIS GOMES, incorreram na prática de atos

de improbidade administrativa, sabedores e conhecedores da

lei e dos adequados procedimentos legais estabelecidos.

Neste sentido, discorre o artigo 3º da Lei nº

8.429/1992:

Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

Pelo exposto, os requeridos devem ser sofrer

as sanções nos termos do artigo 12, incisos II e III da

Lei nº 8.429/1992, in verbis:

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas, previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações:

(...)

II – na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais

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ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;

III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.

A participação irregular da OSCIP IDEIA

Ambiental e Cultural pode ser aferida em todo o irregular

“procedimento licitatório” ad initio, conforme já

amplamente comprovado.

Porém, a sua intentada ímproba se afigura mais

evidente quando se observa que ela aponta ter a devolver o

valor de R$ 100.642,01 (cem mil, seiscentos e quarenta e

dois reais, e um centavo).

Consta da documentação encaminhada pela

Procuradoria da Câmara que a OSCIP informa ter sido

depositado na conta da Câmara o valor supra referido.

Contudo, ao se analisar a documentação,

constata-se que foi a empresa Midia Link Ltda – ME, CNPJ

nº 02.445.548/0001-70, quem efetuou o depósito.

Ao se apurar no site da Receita Federal quem

são os sócios da empresa referida, constata-se que

FRANCISCO DE ASSIS GOMES, presidente da OSCIP IDEIA

Ambiental e Cultural também é o sócio majoritário da

referida empresa (participação societária de 80% oitenta

por cento) mesma empresa que procedeu a devolução dos R$

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100.642,01 (cem mil, seiscentos e quarenta e dois reais, e

um centavo).

Disso se extrai que a OSCIP nada mais atuou

como sendo uma intermediadora para captar os serviços e

valores da “Licitação da Câmara”, servindo pois como

entidade de fachada para que a empresa MIDIA LINK LTDA, de

propriedade do requerido FRANCISCO DE ASSIS GOMES

obtivesse livremente o contrato e recebesse de forma

escusa e irregular, em violação às diretrizes da Lei de

Licitações.

Constatada então, inquestionavelmente, a fraude a licitação.

3) DA TUTELA PROVISÓRIA DE EVIDÊNCIA - Pedido de Liminar

inaudita altera pars

Para concretização de parte da providência

jurisdicional pedida, calcada no art. 5º da Lei

8.429/1992, afigura-se imprescindível a concessão de

tutela provisória de evidência consistente no bloqueio de

bens dos requeridos, conforme pedidos formulados,

lastreado no que dispõem o art. 37, § 4º, da Constituição

Federal, art. 7º da Lei 8.429/1992 c/c arts. 294, caput,

297, 311, II e IV, do CPC/2015.

É preciso ter presente que a decretação de

indisponibilidade de bens inaudita altera pars em Ações de

Improbidade Administrativa não viola o art. 17, § 7º, da

Lei 8.429/1992, podendo ser deferida antes mesmo da

notificação prévia. Eis o entendimento, pacífico, do

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Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INDISPONIBILIDADE DE BENS. DEFERIMENTO SEM AUDIÊNCIA DA PARTE ADVERSA. POSSIBILIDADE. MEDIDA ACAUTELATÓRIA.1. É pacífico nesta Corte Superior o entendimento segundo o qual, ante sua natureza acautelatória, a medida de indisponibilidade de bens em ação de improbidade administrativa pode ser deferida sem audiência da parte adversa e, portanto, antes da notificação a que se refere o art. 17, § 7º, da Lei n. 8.429/92. Precedentes.2. Recurso especial provido.(REsp 862.679/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/09/2010, DJe 04/10/2010)

A possibilidade de concessão de tutela

provisória de evidência inaudita alter pars foi consagrada

no art. 9º, parágrafo único, II, e art. 311, parágrafo

único, do CPC/2015, razão por que não há nenhum óbice para

o deferimento da medida pleiteada pelo autor sem a ouvida

dos requeridos.

Por outro lado, é cediço que as medidas

antecipatórias, em regra, exigem, para a sua concessão, o

cumprimento de dois requisitos: o fumus boni iuris

(plausibilidade do direito alegado) e o periculum in mora

(fundado receio de que a outra parte, antes do julgamento

da lide, cause ao seu direito lesão grave ou de difícil

reparação).

No caso da medida de indisponibilidade de

bens, prevista no art. 7º da Lei 8.429/1992, não se

vislumbra uma típica tutela de urgência, mas sim uma

tutela de evidência, uma vez que o periculum in mora não é

oriundo da intenção do agente dilapidar seu patrimônio e,

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sim, da gravidade dos fatos e do montante do prejuízo

causado ao erário, o que atinge toda a coletividade.

O próprio legislador dispensa a demonstração

do perigo de dano, em vista da redação imperativa da

Constituição Federal (art. 37, § 4º) e da própria Lei de

Improbidade Administrativa (art. 7º).

Cumpre observar que para o deferimento da

indisponibilidade de bens em Ações de Improbidade

Administrativa não é preciso demonstrar que o requerido

esteja dilapidando seu patrimônio ou na iminência de fazê-

lo, uma vez que o periculum in mora encontra-se implícito

no art. 37, § 4º, da Constituição Federal e no art. 7º da

Lei 8.429/1992.

Depois de muitos julgados, o Superior Tribunal

de Justiça, conforme noticiado no Informativo STJ n.º 547,

de 8 de outubro de 2014, por meio de sua PRIMEIRA SEÇÃO,

que congrega as duas Turmas de Direito Público da Corte,

em processo submetido ao rito dos recursos repetitivos

(art. 543-C, CPC/1973 e art. 1.036 e ss do CPC/2015),

pacificou o tema em aresto paradigmático, in verbis:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. APLICAÇÃO DO PROCEDIMENTO PREVISTO NO ART. 543-C DO CPC. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CAUTELAR DE INDISPONIBILIDADE DOS BENS DO PROMOVIDO. DECRETAÇÃO. REQUISITOS. EXEGESE DO ART. 7º DA LEI N. 8.429/1992, QUANTO AO PERICULUM IN MORA PRESUMIDO. MATÉRIA PACIFICADA PELA COLENDA PRIMEIRA SEÇÃO.1. Tratam os autos de ação civil pública promovida pelo Ministério Público Federal contra o ora recorrido, em virtude de imputação de atos de improbidade administrativa (Lei n. 8.429/1992).2. Em questão está a exegese do art. 7º da Lei n. 8.429/1992 e a possibilidade de o juízo decretar,

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cautelarmente, a indisponibilidade de bens do demandado quando presentes fortes indícios de responsabilidade pela prática de ato ímprobo que cause dano ao Erário.3. A respeito do tema, a Colenda Primeira Seção deste Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso Especial 1.319.515/ES, de relatoria do em. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Relator para acórdão Ministro Mauro Campbell Marques (DJe 21/9/2012), reafirmou o entendimento consagrado em diversos precedentes (Recurso Especial 1.256.232/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19/9/2013, DJe 26/9/2013; Recurso Especial 1.343.371/AM, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 18/4/2013, DJe 10/5/2013; Agravo Regimental no Agravo no Recurso Especial 197.901/DF, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 28/8/2012, DJe 6/9/2012; Agravo Regimental no Agravo no Recurso Especial 20.853/SP, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 21/6/2012, DJe 29/6/2012; e Recurso Especial 1.190.846/PI, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 16/12/2010, DJe 10/2/2011) de que, "(...) no comando do art. 7º da Lei 8.429/1992, verifica-se que a indisponibilidade dos bens é cabível quando o julgador entender presentes fortes indícios de responsabilidade na prática de ato de improbidade que cause dano ao Erário, estando o periculum in mora implícito no referido dispositivo, atendendo determinação contida no art. 37, § 4º, da Constituição, segundo a qual 'os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível'. O periculum in mora, em verdade, milita em favor da sociedade, representada pelo requerente da medida de bloqueio de bens, porquanto esta Corte Superior já apontou pelo entendimento segundo o qual, em casos de indisponibilidade patrimonial por imputação de conduta ímproba lesiva ao erário, esse requisito é implícito ao comando normativo do art. 7º da Lei n. 8.429/92. Assim, a Lei de Improbidade Administrativa, diante dos velozes tráfegos, ocultamento ou dilapidação patrimoniais, possibilitados por instrumentos tecnológicos de comunicação de dados que tornaria irreversível o ressarcimento ao erário e devolução do produto do enriquecimento ilícito por prática de ato ímprobo, buscou dar efetividade à norma afastando o requisito da demonstração do periculum in mora (art. 823 do CPC), este, intrínseco a toda medida cautelar sumária (art. 789 do CPC), admitindo que tal requisito seja presumido à preambular garantia de recuperação do patrimônio do público, da

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coletividade, bem assim do acréscimo patrimonial ilegalmente auferido".4. Note-se que a compreensão acima foi confirmada pela referida Seção, por ocasião do julgamento do Agravo Regimental nos Embargos de Divergência no Recurso Especial 1.315.092/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, DJe 7/6/2013.5. Portanto, a medida cautelar em exame, própria das ações regidas pela Lei de Improbidade Administrativa, não está condicionada à comprovação de que o réu esteja dilapidando seu patrimônio, ou na iminência de fazê-lo, tendo em vista que o periculum in mora encontra-se implícito no comando legal que rege, de forma peculiar, o sistema de cautelaridade na ação de improbidade administrativa, sendo possível ao juízo que preside a referida ação, fundamentadamente, decretar a indisponibilidade de bens do demandado, quando presentes fortes indícios da prática de atos de improbidade administrativa.6. Recursos especiais providos, a que restabelecida a decisão de primeiro grau, que determinou a indisponibilidade dos bens dos promovidos.7. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e do art. 8º da Resolução n. 8/2008/STJ.(REsp 1366721/BA, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe 19/09/2014)

O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás foi

provocado por diversas vezes quanto ao tema e, bem por

isso, já consolidou seu entendimento através de todas as

Câmaras Cíveis, confiram-se: AI 130178-60.2013.8.09.0000,

Rel. Des. Luiz Eduardo Sousa, 1ª CÂMARA CÍVEL, julgado em

17.09.2013 e publicado em 26.09.2013; AI 139597-

36.2015.8.09.0000, Rel. Des. Carlos Alberto França, 2ª

CÂMARA CÍVEL, julgado em 26/05/2015, DJe 1796 de

03/06/2015; AI 386988-76.2010.8.09.0000, Rel. Des.

Floriano Gomes, 3ª CÂMARA CÍVEL, julgado em 15.05.2012 e

publicado em 29.05.2012; AI 381408-31.2011.8.09.0000, Rel.

Des. Kisleu Dias Maciel Filho, 4ª CÂMARA CÍVEL, julgado em

09.02.2012 e publicado em 07.03.2012; AI 35215-

94.2012.8.09.0000, Rel. Des. Alan S. de Sena Conceição, 5ª

CÂMARA CÍVEL, julgado em 25.10.2012 e publicado em

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28.11.2012; AI 352511-90.2011.8.09.0000, Rel. Des. Camargo

Neto, 6ª CÂMARA CÍVEL, julgado em 08.05.2012 e publicado

em 25.05.2012.

Sobre a tutela provisória de evidência, diz o

CPC/2015, verbis:

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:(...)II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;(...)Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.

Destarte, as alegações de fato do Ministério

Público estão embasadas em provas documentais produzidas

em sede do Inquérito Civil nº 201500436908, cópia em

anexo. Em tais autos foi constatada a situação ilegal

discorrida na presente ação civil pública por ato de

improbidade administrativa.

Ademais, há tese firmada pelo Superior

Tribunal de Justiça em recurso repetitivo sobre

indisponibilidade de bens em ações fundadas na Lei Federal

8.429/1992 (REsp 1366721/BA, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES

MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro OG FERNANDES,

PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe 19/09/2014).

Bem por isso, estão preenchidos os requisitos

previstos no art. 311, II e parágrafo único, do CPC/2015

para concessão liminar de bloqueio de bens do requerido.

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Outrossim, o fumus boni iuris se encontra

presente, notadamente nos fatos e fundamentos jurídicos

esgrimidos nesta petição inicial, embasados, inclusive, em

informações e documentos extraídos dos autos do Inquérito

Civil Público 201500436908, cuja cópia segue em anexo a

esta petição.

O dano provocado ao erário foi no montante

totalizado de R$ 2.150.075,29 (dois milhões, cento e

cinquenta mil, setenta e cinco reais e vinte e nove

centavos), a serem devidamente corrigidos e atualizados.

Contudo, é cediço que a indisponibilidade de

bens deve recair sobre o patrimônio de modo suficiente não

só a garantir o integral ressarcimento do prejuízo ao

erário, mas também, considerando o valor de possível multa

civil como sanção autônoma. Bem por isso, devem ser

bloqueados tantos bens quantos forem bastantes para dar

cabo da execução em caso de procedência da ação.

Outrossim, tendo em vista que a OSCIP realizou

apenas 09 (nove) edições do “Câmara e Governo Juntos de

Você - Câmara Itinerante”, porém, recebeu pela quase

totalidade das 12(doze) edições inicialmente previstas,

deverá a IDEIA Ambiental e Cultural restituir aos cofres

da Câmara de Vereadores de Goiânia, o valor indevidamente

recebido, considerado enriquecimento ilícito, no montante

de R$ 318.112,28 (trezentos e dezoito mil, cento e doze

reais e vinte e oito centavos), já deduzidos os R$

100.642,01 (cem mil, seiscentos e quarenta e dois reais e

um centavo) devolvidos.

51-53

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Considerando, ainda, o art. 12, caput, I, da

Lei 8.429/1992, está a requerida OSCIP IDEIA Ambiental e

Cultural sujeita, dentre as demais cominações estabelecidas

por lei, ao pagamento de multa civil, de até 3 (três)

vezes o valor do acréscimo patrimonial indevido, logo, o

valor da multa poderá alcançar o montante de até R$

954.336,84 (novecentos e cinquenta e quatro mil, trezentos

e trinta e seis reais e oitenta e quatro centavos).

Assim, da OSCIP deverá ser bloqueado o montante

total de R$ 1.272.449,12 (um milhão, duzentos e setente e

dois mil, quatrocentos e quarenta e nove reais, e doze

centavos), referentes ao enriquecimento ilícito, somados ao

valor total da multa.

Assim, a determinação de bloqueio de bens dos

requeridos se impõe, porquanto constatada a presença dos

requisitos legais autorizadores.

A indisponibilidade deve se dar em contas

bancárias e/ou aplicações financeiras dos requeridos,

sendo as constrições realizadas por meio do sistema

BacenJud 2.0, porquanto possível o uso da penhora on line

de forma acautelatória e não somente na fase de

execução/cumprimento de sentença, o que inegavelmente

geraria efetividade ao processo, evitando-se a dilapidação

do patrimônio dos requeridos.

Caso o bloqueio de valores acima referido não

alcançar o montante de R$ 1.272.449,12 (um milhão, duzentos

e setenta e dois mil, quatrocentos e quarenta e nove reais,

e doze centavos), referentes a ao dano causado pela OSCIP;

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e o montante de R$ 2.150.075,29( dois milhões, cento e

cinquenta mil, setenta e cinco reais e vinte e nove

centavos), referentes ao ato ímprobo praticado pelo

Vereador Anselmo, requer seja decretada a

indisponibilidade de bens imóveis e veículos dos

requeridos, com expedição de comunicado eletrônico à

Central Nacional de Indisponibilidade de Bens – CNIB

(www.indisponibilidade.org.br), nos termos do Provimento

CNJ n.º 39/2014, para averbação na matrícula dos imóveis

cuja propriedade lhes pertença, bem como o bloqueio de

veículos registrados em nome dos requeridos por meio do

sistema RENAJUD.

Frise-se que o art. 835, I, do CPC/2015 dispõe

que a penhora recairá preferencialmente sobre o dinheiro,

em espécie, ou em depósito ou aplicação em instituição

financeira, sendo desnecessário buscar outros bens antes

de se efetuar o bloqueio via BacenJud, conforme restou

definido pela Corte Especial do Superior Tribunal de

Justiça ao julgar o REsp 1.112.943/MA, Rel. Ministra NANCY

ANDRIGHI, julgado em 15/09/2010, DJe 23/11/2010

(Informativo STJ n.º 447, de 13 a 17 de setembro de 2010).

É necessário registrar que o bloqueio de bens

aqui pleiteado não se afigura como antecipação de

aplicação de sanções aos requeridos, mas tão somente meio

de assegurar o resultado útil do processo, instaurado em

defesa do patrimônio público e dos princípios da

Administração Pública.

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4) DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, o Ministério Público

requer:

1) o deferimento da tutela provisória de

evidência inaudita altera pars;

2) a notificação dos requeridos para

ofertarem, caso queiram, defesa preliminar no prazo de 15

(quinze) dias, conforme dicção do artigo 17, § 7º, da Lei

n.º 8.429/92;

3) apresentada ou não a defesa, o recebimento

da petição inicial;

4) a citação dos requeridos para que tomem

ciência da demanda e, caso queiram, contestem o pedido,

nos termos do artigo 246 do CPC, sob pena de confissão e

revelia;

5) a intimação da Câmara de Vereadores de

Goiânia, situada na Avenida Goiás Norte, nº 2001, nesta

Capital, na pessoa de seu representante legal, nos termos

do art. 17, § 3º, da Lei nº 8.429/1992;

6) a produção de toda a prova em direito

admitida;

7) a procedência do pedido, por infringência

do Art. 10, VIII, a fim de que os requeridos : ANSELMO

PEREIRA DA SILVA SOBRINHO; ANTÔNIO HENRIQUE GUIMARÃES

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ISECKE; JÚLIO CÉSAR DA SILVEIRA PRADO; e LOURIVAL DE

MORAES FONSECA JUNIOR, sejam condenados como incursos nas

penas do artigo 12, inciso II, da Lei nº 8.429/1992,

determinando-se a perda da função pública que atualmente

ocupem, e a suspensão dos direitos políticos por oito

anos, e a Inelegibilidade do Vereador Anselmo Pereira da

Silva Sobrinho;

8) a procedência do pedido, por infração do

Art. 11, a fim de que o requerido ANSELMO PEREIRA DA SILVA

SOBRINHO, seja condenado nas penas do artigo 12, inciso

III, da Lei nº 8.429/1992, a fim de devolver todo o

montante do valor pago pelo “Projeto” intitulado “Câmara e

Governo juntos de Você”, no montante de R$ 2.150.075,29

(dois milhões, cento e cinquenta mil, setenta e cinco

reais e vinte e nove centavos);

9) o bloqueio de valores do requerido ANSELMO

PEREIRA DA SILVA SOBRINHO, com ou tantos bens quanto

bastem para suprir o montante contratado do “Projeto

Câmara Itinerante”, no valor de R$ 2.150.075,29 (dois

milhões, cento e cinquenta mil, setenta e cinco reais e

vinte e nove centavos), procedendo-se a busca no cartório

de registro de imóveis de Goiânia, considerando que já

foram devolvidos aos cofres da Câmara, R$ 100.642,01 (cem

mil, seiscentos e quarenta e dois reais e um centavo);

10) a condenação da OSCIP IDEIA Ambiental e

Cultural a pagar todo o montante indevidamente recebido,

conforme o excedente ao valor do orçamento de referência

para cada edição correspondente a R$ 192.369,00 (cento e

noventa e dois mil, trezentos e sessenta e noventa reais),

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totalizando R$ 318.112,28 (trezentos e dezoito mil, cento

e doze reais e vinte e oito centavos), devidamente

corrigidos e atualizados, a serem devolvidos para os

cofres da Câmara Municipal de Goiânia, uma vez que já

deduzidos R$ 100.642,01 (cem mil, seiscentos e quarenta e

dois reais e um centavo);

11) a condenação da OSCIP IDEIA Ambiental e

Cultural ao pagamento de multa civil, de até 3 (três)

vezes o valor do acréscimo patrimonial indevido, logo, o

valor da multa poderá alcançar o montante de até R$

954.336,84 (novecentos e cinquenta e quatro mil, trezentos

e trinta e seis reais e oitenta e quatro centavos),

mediante o bloqueio cautelar desse montante;

12) seja a IDEIA Ambiental e Cultural

condenada a perda de sua qualificação como OSCIP, nos

termos do Art.8, da Lei 9.790/1999; e proibição de

contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou

incentivos fiscais ou creditícios, direta ou

indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica

da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;

13) alternativamente, caso prejudicado o

pedido 10, que seja condenado o requerido FRANCISCO DE

ASSIS GOMES, efetuando o bloqueio de valores ou tantos

bens pessoais quanto bastem para suprir o montante

totalizado R$ 318.112,28 (trezentos e dezoito mil, cento e

doze reais e vinte e oito centavos); devidamente

corrigidos e atualizados, restituídos aos cofres públicos,

tendo em vista ser sócio proprietário de empresa que foi

irregularmente contratada pela OSCIP para prestar serviços

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ao Projeto “Câmara e Governo Juntos de Você” - Câmara

Itinerante, em violação às normas de moralidade públicas;

14) a condenação dos requeridos ao pagamento

de custas e emolumentos processuais e ônus de sucumbência;

Dá-se a causa o valor de R$2.308.428,00(dois

milhões, trezentos e oito mil, quatrocentos e vinte e oito

reais).

Termos em que pede deferimento.

Goiânia, 31 de maio de 2017.

LEILA MARIA DE OLIVEIRAPromotora de Justiça

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