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7ª Promotoria de Justiça de Goiânia Meio Ambiente, Patrimônio Cultural e Urbanismo Rua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Q.A-06 L.15-24, Sala 147, Jardim Goiás. p. 1 de 22 CEP 74805-100, Goiânia, Goiás. Telefone: (62) 3243-8460 EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DA COMARCA DE GOIÂNIA, ESTADO DE GOIÁS. URGENTE Urbanismo, Meio Ambiente e Saúde Pública. Transversalidade das Políticas Públicas. Epidemia de DENGUE. Fiscalização de posturas e ambiental. Omissão do Poder Público Municipal caracterizada. Ações preventivas de fiscalização e de limpeza. Indispensabilidade. Princípio Ambiental da Prevenção. Garantia dos espaços urbanos equilibrados e ordenados e da Saúde Pública. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por sua Promotora de Justiça que ao final assina, titular da 7ª Promotoria de Justiça de Goiânia, com atuação em matéria ambiental e urbanística, no uso de suas atribuições legais e institucionais e com fundamento nos artigos 1º, inciso IV, 5º e 21, todos da Lei nº 7.347/1985 (Lei de Ação Civil Pública), artigo 25, inciso IV, letra “a”, da Lei nº 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público), artigos 127 e 129, incisos II e III, da Constituição Federal, na Lei Complementar Municipal nº 014/1992 (Código de Posturas do Município de Goiânia) e respectivos Decretos Municipais regulamentadores – nº 1.818/2011 e nº 1.821/2011 – vem propor, na forma da legislação civil e processual em vigor, a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL com obrigação de fazer e de não fazer c/c antecipação de tutela em face de : MUNICÍPIO DE GOIÂNIA, pessoa jurídica de direito público interno, representado por seu Prefeito, instalado no Paço Municipal de Goiânia, sito à Av. do Cerrado, nº 999, Q. APM-9, Park Lozandes, nesta Capital; e

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7ª Promotoria de Justiça de Goiânia

Meio Ambiente, Patrimônio Cultural e Urbanismo

Rua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Q.A-06 L.15-24, Sala 147, Jardim Goiás. p. 1 de 22 CEP 74805-100, Goiânia, Goiás. Telefone: (62) 3243-8460

EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ª VARA DA

FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DA COMARCA DE GOIÂNIA, ESTADO DE GOIÁS.

U R G E N T E

Urbanismo, Meio Ambiente e Saúde Pública.

Transversalidade das Políticas Públicas. Epidemia

de DENGUE. Fiscalização de posturas e ambiental.

Omissão do Poder Público Municipal

caracterizada. Ações preventivas de fiscalização e

de limpeza. Indispensabilidade. Princípio Ambiental

da Prevenção. Garantia dos espaços urbanos

equilibrados e ordenados e da Saúde Pública.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por sua Promotora de

Justiça que ao final assina, titular da 7ª Promotoria de Justiça de Goiânia, com

atuação em matéria ambiental e urbanística, no uso de suas atribuições legais e

institucionais e com fundamento nos artigos 1º, inciso IV, 5º e 21, todos da Lei nº

7.347/1985 (Lei de Ação Civil Pública), artigo 25, inciso IV, letra “a”, da Lei nº

8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público), artigos 127 e 129, incisos II e

III, da Constituição Federal, na Lei Complementar Municipal nº 014/1992 (Código de

Posturas do Município de Goiânia) e respectivos Decretos Municipais

regulamentadores – nº 1.818/2011 e nº 1.821/2011 – vem propor, na forma da

legislação civil e processual em vigor, a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL

com obrigação de fazer e de não fazer

c/c antecipação de tutela

em face de :

MUNICÍPIO DE GOIÂNIA, pessoa jurídica de direito público interno,

representado por seu Prefeito, instalado no Paço Municipal de Goiânia, sito à Av. do

Cerrado, nº 999, Q. APM-9, Park Lozandes, nesta Capital; e

7ª Promotoria de Justiça de Goiânia

Meio Ambiente, Patrimônio Cultural e Urbanismo

Rua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Q.A-06 L.15-24, Sala 147, Jardim Goiás. p. 2 de 22 CEP 74805-100, Goiânia, Goiás. Telefone: (62) 3243-8460

AGÊNCIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE (AMMA), pessoa jurídica de

direito publico interno, representada por seu Presidente, sediada na Rua 75, esq. c/

Rua 66, nº 137, Centro, nesta Capital.

DOS FATOS

1) Da epidemia de DENGUE no Município de Goiânia

O Ministério Público do Estado de Goiás, em 16/04/2015, recebeu

denúncia e pedido de providências por meio de mensagem eletrônica (e-mail)

noticiando grave problema de saúde pública provocado pela epidemia de

DENGUE que assola o país. Referida notícia de fato foi registrada em autos

administrativos sob o nº 201500151184.

Notadamente, em que pese a notícia de fato em questão trazer à baila

as consequências sofridas pela população do bairro Jardim Petrópolis, nesta

Capital, na área da saúde pública, restou evidente que que sua causa está

diretamente relacionada aos diversos problemas de ordem urbanística que

acometem todo o perímetro urbano desta cidade.

Ademais, independentemente da notícia de fato acima referida, esta

Especializada vem acompanhando, desde o início do último período chuvoso, a

divulgação pela mídia impressa de diversos fatos e situações que atestam o

surgimento de uma epidemia de DENGUE em Goiânia e região metropolitana.

Ressalte-se que, no ano de 2014, foram inúmeros os atendimentos

realizados no Ministério Público (Promotorias de Justiça com atribuição na defesa do

meio ambiente e urbanismo e da saúde pública) relativos a terrenos baldios com

lixo e mato acumulados e que, na maioria dos casos, os cidadãos relatavam que se

dirigiam à Prefeitura Municipal buscando uma solução para os casos junto aos

órgãos fiscalizador e ambiental competentes (Secretaria Municipal de Fiscalização -

SEFIS e AMMA), mas eram encaminhados ao Ministério Público para a resolução do

problema.

E, desde o início deste ano de 2015 viu-se aumentar vertiginosamente os

casos notificados de pessoas que contraíram a doença, com mais de 5.200 (cinco

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mil e duzentos) registros só em janeiro, e registros recentes noticiam que nos 04

(quatro) primeiros meses do ano os casos na Capital já somam mais de 38.000

(trinta e oito mil) ocorrências de DENGUE notificadas, de um total de 91.000

(noventa e um mil) casos em todo o Estado de Goiás.

No ranking nacional, Goiás é o segundo Estado com maior incidência de

DENGUE no Brasil, ficando atrás somente do Acre e superando o Estado de São

Paulo, o mais populoso do país! Os números indicam que a epidemia em Goiás

pode ultrapassar a que foi registrada em 2013, quando foram notificados quase

164.000 casos!

Assim, considerando que a população de Goiânia, segundo estimativa

para 2014, representa 21,65% da população total do Estado de Goiás, indiscutível

que estamos diante de uma grande epidemia de DENGUE na Capital, considerando

que 41,76% dos casos notificados no Estado são de pessoas residentes nesta

cidade.

Comparando-se as ocorrências em todo o Estado de Goiás no mesmo

período do ano anterior, é notícia corrente que os casos da doença constatados

entre janeiro e abril deste ano de 2015 já ultrapassam aqueles registros em mais de

60%. E até o mês de abril último passado foram confirmadas 18 mortes em todo o

Estado diretamente relacionadas com o DENGUE e outras 40 estão sob

investigação, sendo que na Capital foram 8 mortes e outras 13 estão sendo

investigadas.

Os casos graves da doença também sofreram aumento de quase 50%

em relação ao apurado no mesmo período mencionado.

A Organização das Nações Unidas (ONU) considera como epidemia a

taxa de incidência de 367,8 casos da doença a cada 100 mil habitantes e em

Goiás a incidência já ultrapassou 968 casos por 100 mil habitantes! QUASE 3X (três

vezes) O LIMITE CONSIDERADO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EPIDEMIA!

Não bastasse, somente na data de 11/05/2015, após o caos instalado

com o avanço da epidemia de DENGUE, o Departamento de Vigilância Sanitária e

Controle de Zoonoses, da Secretaria Municipal de Saúde, resolveu iniciar vistoria em

180 (cento e oitenta) imóveis abandonados na Capital, a começar pelas

imediações do bairro Jardim Novo Mundo.

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A partir destes singelos números, a epidemia de DENGUE está mais que

caracterizada, restando às autoridades competentes exercerem seu poder-dever

de polícia no combate à proliferação ao vetor transmissor, como veremos adiante.

2) Da incúria dos Réus MUNICÍPIO DE GOIÂNIA e AGÊNCIA MUNICIPAL DO MEIO

AMBIENTE (AMMA) na prevenção à DENGUE e da responsabilidade por

omissão

Pois bem. Considerando os efeitos deletérios sobre a saúde e o bem estar

dos residentes na Capital, verifica-se que uma das maiores causas para o

incremento de criadouros para o mosquito Aedes aegypti é o tratamento desidioso

dado pelos órgãos fiscalizadores e de manutenção às situações que importam em

aumento da proliferação do vetor transmissor do DENGUE, fatos que têm causado

danos ao meio ambiente, à ordem urbanística e à saúde pública.

Inconteste que os réus MUNICÍPIO e AMMA, em relação aos fatos

narrados, não podem obstarem-se às respectivas responsabilidades inerentes ao

dever de fiscalizar as atividades urbanas relativas às posturas municipais na

preservação do ordenamento da cidade e às questões de preservação do meio

ambiente, bem como ao dever de adotar providências suficientes ao combate à

configurada epidemia de DENGUE nesta cidade, conforme legislação instituída

pelo próprio réu MUNICÍPIO, como veremos adiante.

De pronto, calha observar, ainda que em um parênteses, que

inconcebível é qualquer justificativa dos órgãos sanitários e de saúde do réu

MUNICÍPIO, bem como da ré AMMA, no sentido de apontar o “clima goiano” ou as

chuvas de verão – que chegaram um tanto atrasadas – como grandes culpados

pelas elevadas posições do Estado e do Município de Goiânia no ranking de casos

notificados de DENGUE.

A omissão dos réus em relação às atividades fiscalizatórias e de

manutenção é patente, especialmente considerando que, de fato, há muito não

vêm cumprindo com suas obrigações administrativas mínimas, inclusive o

necessário poder-dever de polícia, considerando que:

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a) a limpeza urbana não tem sido regular e suficiente, vez que até

mesmo o número de trabalhadores nessa atividade é diminuto frente

à tarefa, a coleta do lixo não atende à população de forma

minimamente satisfatória, são inúmeras as “bocas-de-lobo” entupidas,

com mal funcionamento e acúmulo de água parada, entre tantas

outras falhas inerentes à limpeza urbana;

b) existem inúmeros imóveis fechados e áreas abertas desocupadas –

públicas e particulares – servindo de depósito e acúmulo de resíduos

mais diversos, muitas vezes encobertos por vegetação (mato alto), as

quais não sofrem fiscalização a compelir seus proprietários à devida

manutenção;

c) é necessário vistoriar milhões de imóveis ocupados e não é

disponibilizado contingente profissional (agentes de saúde, fiscais etc.)

em quantitativo suficiente;

d) a identificação, notificação e eventual punição (aplicação de multas)

às pessoas causadoras de situação de risco, pelos entes fiscalizadores

no exercício do poder de polícia (fiscalização de posturas e

ambiental), é ínfima e ineficaz;

e) em diversas situações é possível a Administração Municipal adotar

iniciativas e exercer atividades às expensas do contribuinte

responsável pela situação danosa, como a realização de limpeza em

terrenos baldios, a abertura de imóveis de imóveis desocupados e

fechados para vistoria etc.

Enfim, a cidade de Goiânia está literalmente abandonada pelo Poder

Público Municipal, visto que as parcas atividades desenvolvidas em relação à

limpeza urbana – em áreas públicas e privadas – e a insuficiente fiscalização de

posturas e ambiental são perceptíveis ao olhar de qualquer cidadão.

A limpeza da cidade, de um modo geral, é precária. A fiscalização de

posturas e ambiental permanece num estado incipiente há décadas, não são

dispensados os cuidados urbanísticos mínimos e essenciais para agregar ao

cidadão o sentimento de pertencimento ao espaço em que vive e circula etc.

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Não bastasse, o Poder Público Municipal, representado pelo réu

MUNICÍPIO, também tem abandonado à própria sorte as praças e espaços de

recreação destinados à frequentação dos cidadãos, vez que foram relatados

grandes focos de criatórios do mosquito transmissor da DENGUE em espaços

públicos, como a fonte d’água da Praça do Cruzeiro, no Setor Sul, e os espelhos

d’água da Praça do Chafariz, no cruzamento das avenidas T-63 e 85.

Ora, se o dito popular já diz que “para tudo há um limite”, para o

desmazelo dos réus MUNICÍPIO e AMMA também deverá haver um limite,

especialmente por implicar em prejuízos diretos à saúde humana – causando

mortes, inclusive – e ao bem estar dos cidadãos que, necessariamente, convivem

diuturnamente com a indiferença com que é administrada a municipalidade.

Portanto, deverão os réus serem responsabilizados por omissão em razão

de que seus agentes se omitiram – e ainda se omitem – em realizar as ações

fiscalizatórias e de manutenção urbanística necessárias ao eficaz combate ao

avanço da doença em questão, causando imenso prejuízo à saúde pública e ao

ordenamento urbano ao incorrerem no abandono da cidade de Goiânia.

DO DIREITO

1) Da legitimidade ministerial para propositura da presente ação civil pública

A Lei nº 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública – é clara ao dispor em seu

artigo 1º, inciso I, que:

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular,

as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:

l - ao meio-ambiente;

O Ministério Público está constitucionalmente legitimado para mover

ações civis públicas que visem tutelar o meio ambiente, conforme ressai de forma

literal do artigo 129, inciso III, da Constituição Federal de 1988:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

(...)

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III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do

patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos

e coletivos.

No mesmo sentido, o artigo 117, inciso III, da Constituição do Estado de

Goiás.

Luís Paulo Sirvinskas1 preconiza que “o Ministério Público e os co-

legitimados poderão agir para a defesa dos seguintes interesses transindividuais: a)

meio ambiente (...) É função do Ministério Público a promoção do inquérito civil e

da ação civil pública para a proteção do meio ambiente, dentre outros. Vê-se,

pois, que o Ministério Público tem legitimidade para defender o meio ambiente de

maneira expressa e clara”. Neste sentido, há muito assente a jurisprudência:

(STJ-174833) MANDADO DE SEGURANÇA. INQUÉRITO CIVIL. POSSIBILIDADE.

1. A Constituição Federal conferiu ao Ministério Público, no art. 129, III, a

função institucional de "promover inquérito civil e a Ação Civil Pública, para

a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros

interesses difusos e coletivos"...

(Recurso Especial nº 262186/MT (2000/0056029-4), 2ª Turma do STJ, Rel. Min.

Castro Meira. j. 05.04.2005, unânime, DJ 23.05.2005).

Portanto, comprovada está a legitimidade ministerial para promover a

presente ação civil pública objetivando a regularização dos serviços de fiscalização

e manutenção urbana que importem em ações preventivas à propagação do

DENGUE na Capital.

2) Da garantia do equilíbrio ambiental com reflexos no bem-estar da população

e na saúde pública

Em relação ao ordenamento urbanístico pátrio, nossa Constituição

Federal reza em seu artigo 182 que:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder

Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo

ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o

bem-estar de seus habitantes. (Grifamos)

1 SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. Saraiva. SP.

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As diretrizes gerais, conforme preceituado no artigo 182 supra, estão

dispostas na Lei nº 10.257/2001 (Estatuto das Cidades), que assim determina:

Art. 2º A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento

das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as

seguintes diretrizes gerais:

I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à

terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana,

ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as

presentes e futuras gerações; (Grifamos)

(...)

XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e

construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e

arqueológico;

O artigo 225, da Constituição Federal, por sua vez, preceitua que:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

(...)

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente

sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e

administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos

causados. (Grifamos)

A Lei Federal nº 6.938/1981, que trata da Política Nacional do Meio

Ambiente, dispõe que:

Art. 3º - Para fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - Meio Ambiente: o conjunto de condições, leis, influências e interações de

ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em

todas as suas formas:

II - Degradação da qualidade ambiental: a alteração adversa das

características do meio ambiente;

III - Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades

que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

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e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões

estabelecidos.

(...)

Artigo 14. Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal,

estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à

preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela

degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:

I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10

(dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro

Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme

dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido

aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios.

II e III - omissis;

IV - à suspensão de sua atividade.

§1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o

poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar

ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por

sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade

para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados

ao meio ambiente. (Grifamos)

Já o Código de Posturas do Município de Goiânia – Lei Complementar

Municipal nº 014/1992 – por sua vez, determina que:

Art.1° - Este Código institui as normas disciplinadoras da higiene pública, do

bem-estar público, da localização e do funcionamento de estabelecimentos

comerciais, industriais e prestadores de serviços, bem como as

correspondentes relações jurídicas entre o Poder Público Municipal e os

munícipes.

Art. 2° - Todas as pessoas físicas e jurídicas são obrigadas a cumprir as

prescrições desta Lei, a colaborar para o alcance de suas finalidades e a

facilitar a fiscalização pertinente dos órgãos municipais.

TÍTULO I

DA HIGIENE PÚBLICA

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 3° - Compete ao Poder Executivo Municipal zelar pela higiene pública,

visando a melhoria do ambiente, a saúde e o bem-estar da população.

Art. 4° - Para assegurar as indispensáveis condições de sanidade, o Poder

Executivo Municipal fiscalizará a higiene:

I - dos logradouros públicos;

II - dos edifícios de habitação individual e coletiva;

III - das edificações localizadas na zona rural;

IV - dos sanitários de uso coletivo;

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V - dos poços de abastecimento de água domiciliar;

VI - dos estabelecimentos comerciais, industriais e prestadores de serviços;

VII - das instalações escolares públicas e particulares, hospitais, laboratórios e

outros estabelecimentos e locais que permitem o acesso do público em

geral.

Parágrafo único - Também serão objeto de fiscalização:

I - a existência e funcionalidade das fossas sanitárias;

II - a existência, manutenção e utilização de recipientes para coleta de lixo;

III - a limpeza dos terrenos localizados nas zonas urbana e de expansão

urbana.

Art. 5° - Verificando infração a este Código, o funcionário municipal

competente adotará as providências fiscais cabíveis ou apresentará relatório

circunstanciado sugerindo as medidas oficiais comportáveis.

Parágrafo único - Sendo essas providências da atribuição de órgãos de

outra esfera do Governo, o Poder Executivo Municipal encaminhará o

relatório referido à autoridade competente.

(...)

CAPÍTULO IX

DA LIMPEZA DOS TERRENOS LOCALIZADOS NAS ZONAS

URBANA E DE EXPANSÃO URBANA

Art. 32 - Os proprietários, inquilinos ou outros usuários dos terrenos não

edificados, localizados nas zonas urbana e de expansão urbana do

Município, deverão mantê-los limpos e isentos de quaisquer materiais e

substâncias nocivas à saúde da coletividade.

Parágrafo único - Nos terrenos referidos neste artigo não será permitido:

a) conservar fossas e poços abertos, assim como quaisquer buracos que

possam oferecer perigo à integridade física das pessoas;

b) conservar águas estagnadas;

c) depositar animais mortos.

(...)

Art. 225 - O Chefe do Poder Executivo Municipal fará publicar anualmente

cartilha contendo as seguintes especificações;

I - os locais para onde serão removidos os restos de materiais de construção

ou de demolição;

II - as prescrições da Lei de Edificações e da ABNT para construção de fossas

sépticas;

III - os locais para lançamento dos dejetos coletados em fossas sépticas;

IV - as normas, do órgão responsável pela limpeza urbana, sobre o

acondicionamento, o horário da coleta e o destino final do lixo;

V - as exigências próprias para expedição de cada licença;

VI - outras informações de interesse geral da comunidade. (Grifamos)

A fiscalização mencionada no referido código de posturas foi objeto de

regulamento próprio em dois seguimentos: Fiscalização de Posturas em Geral e

7ª Promotoria de Justiça de Goiânia

Meio Ambiente, Patrimônio Cultural e Urbanismo

Rua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Q.A-06 L.15-24, Sala 147, Jardim Goiás. p. 11 de 22 CEP 74805-100, Goiânia, Goiás. Telefone: (62) 3243-8460

Fiscalização Ambiental, respectivamente pelos Decretos Municipais nº 1.818/2011 e

nº 1.821/2011, conforme excertos a seguir:

DECRETO Nº 1.818, DE 01DE JUNHO DE 2011.

REGULAMENTO DA FISCALIZAÇÃO DE ATIVIDADES URBANAS – ATIVIDADES

ECONÔMICAS, POSTURAS E ABASTECIMENTO

CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

(...)

Art. 3º A Fiscalização de Atividades Urbanas - Atividades Econômicas,

Posturas e Abastecimento tem por finalidade disciplinar as atividades que

possam afetar, negativamente, os interesses coletivos de modo que o

servidor fiscal deverá orientar as pessoas para o cumprimento da legislação

pertinente e, se for o caso, aplicar aos infratores as penalidades previstas em

Lei.

§ 1º As Chefias deverão estabelecer planejamento por metas objetivando o

atendimento do disposto neste artigo.

§ 2º Compete ao servidor fiscal, através do poder de polícia administrativa,

exercer as atividades de planejamento, inspeção, supervisão, controle e

execução de fiscalização inerentes às posturas municipais e legislação

complementar, bem como a preservação do ordenamento da cidade, no

que diz respeito à moralidade e comodidade públicas, ocupação de

logradouros públicos, localização e funcionamento de atividades

econômicas em geral.

DECRETO Nº 1.821, DE 01 DE JUNHO DE 2011.

REGULAMENTO DA FISCALIZAÇÃO DE ATIVIDADES URBANAS – MEIO AMBIENTE

(...)

CAPÍTULO III

DAS ATRIBUIÇÕES FISCAIS

(...)

Art. 8º As atribuições da Fiscalização de Atividades Urbanas – Meio

Ambiente, dentro de suas finalidades e competências legais, sem prejuízo de

outras previstas na legislação, ficam assim definidas:

I a XXII – (omissis)

XXIII - fiscalizar a limpeza e a conservação dos terrenos e logradouros

públicos; (Grifamos)

Acerca do desempenho da função de fiscalizar a política pública

ambiental no Município de Goiânia, a Lei Complementar Municipal nº 8.537/2007

dispõe que:

7ª Promotoria de Justiça de Goiânia

Meio Ambiente, Patrimônio Cultural e Urbanismo

Rua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Q.A-06 L.15-24, Sala 147, Jardim Goiás. p. 12 de 22 CEP 74805-100, Goiânia, Goiás. Telefone: (62) 3243-8460

Art. 27. Fica criada a Agência Municipal do Meio Ambiente - AMMA,

autarquia integrante da administração indireta do Município de Goiânia,

dotada de personalidade jurídica de direito público interno, com autonomia

administrativa, financeira e patrimonial, sede e foro na Cidade de Goiânia,

prazo e duração indeterminado, com a finalidade de formular, implementar

e coordenar a execução da Política Municipal do Meio Ambiente, voltada

ao desenvolvimento sustentável, no âmbito do território municipal,

competindo-lhe especificamente:

I - o licenciamento, controle, monitoramento e fiscalização de todas as

atividades, empreendimentos e processos considerados, efetiva ou

potencialmente poluidores, bem como daqueles capazes de causar

degradação ou alteração significativa do meio ambiente, nos termos das

normas ambientais vigentes;

(...)

VII - o desenvolvimento de ações que visem a adequada destinação

dos resíduos sólidos gerados no território do município;

VIII - a aplicação de penalidades aos infratores da legislação ambiental

vigente, inclusive definindo medidas compensatórias, bem como exigindo

medidas mitigadoras, de acordo com a legislação ambiental vigente; –

(Grifamos)

Ao seu turno, sobre a atividade de fiscalização, o Decreto Municipal nº

2.149/2008, estabelece que:

Art. 1º Adota-se, no que couber, o Decreto Federal n.º 6.514, de 22 de julho

de 20082, ressalvadas e resguardadas as competências, atribuições das

unidades da Estrutura Organizacional da Prefeitura de Goiânia, na sua

plenitude, a fim de se estabelecer os procedimentos, as infrações e sanções

administrativas municipais para proteção do meio ambiente.

Art. 2º Deverão ser utilizadas, quando couber, outras legislações ambientais

que estabeleçam sanções mais restritivas sobre determinados ilícitos

ambientais que, porventura, venham a ocorrer no Município de Goiânia.

Ademais, imperioso ressaltar que a saúde é um direito fundamental do

cidadão, devendo o Poder Público prover condições indispensáveis à prevenção

de doenças e ações eficazes à proteção da saúde, questões diretamente

relacionada ao meio ambiente urbano equilibrado, conforme preconiza a

Constituição Federal entre o rol dos direitos fundamentais.

2 Dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal

para apuração destas infrações, e dá outras providências.

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Inconteste que a demanda impõe a necessária aplicação da

transversalidade das políticas públicas – urbanismo, meio ambiente, saúde pública –

vez que todos os cidadãos possuem direito ao espaço urbano ordenado também

como garantia ao direito da saúde.

Neste sentido, é imprescindível que o provimento jurisdicional seja

direcionado a impedir que se continue com a gestão deficitária da limpeza urbana

e da fiscalização de posturas e ambiental no Município de Goiânia, a fim de evitar

a propagação de vetores do DENGUE e restabelecer, em prol do bem-estar

coletivo e da saúde pública, a qualidade sanitária e ambiental perdidas sob o

efeito da administração pública negligente.

Dessarte, inconteste, também, o nexo causal entre as condutas omissivas

e comissivas dos Réus MUNICÍPIO e AMMA e os danos sofridos pelo meio ambiente e

pela população (saúde pública).

3) Da responsabilidade dos réus MUNICÍPIO e AMMA em fiscalizar o

cumprimento da legislação pertinente

É dever do Poder Público defender o meio ambiente e preservá-lo para

as presentes e futuras gerações, como determina a Carta Magna em seu artigo

225, § 3º.

Observa-se no presente caso que os réus MUNICÍPIO e AMMA, seja por

ação deficitária ou por omissão, tratam a limpeza urbana como um todo com

tamanho descaso como nunca antes se tenha presenciado no passado recente,

situação que os sujeitam a reparar os danos causados e, ainda, a sanções penais e

administrativas.

Aqui não é demais ressaltar que, nos termos do artigo 14, § 1º, da Lei nº

6.938/1981, a responsabilidade dos réus para obstar e interromper ações e omissões

que importem em risco ambiental e à saúde da coletividade é objetiva, isto é,

independe da existência de culpa.

Nesse sentido tem-se posicionado os nossos Tribunais, senão vejamos:

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APELAÇÃO CÍVEL EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MEIO AMBIENTE. DIREITO

INDISPONÍVEL. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO. LEGITIMIDADE DA AGÊNCIA

MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE - AMMA - PARA DISPOR QUANTO ÀS NORMAS

PROTETIVAS AMBIENTAIS. APLICAÇÃO DA INSTRUÇÃO NORMATIVA AMMA N°

007/2005. INOFENSIVIDADE NÃO COMPROVADA. NECESSIDADE DE

LICENCIAMENTO AMBIENTAL PARA INSTALAÇÃO DE ESTAÇÕES DE RÁDIO BASE

DE TELEFONIA MÓVEL NO PERÍMETRO URBANO DA MUNICIPALIDADE. 1. O

direito ao meio ambiente saudável está constitucionalmente previsto,

incumbindo a todos, Poder Público e cidadãos, a sua preservação,

porquanto sua proteção é também garantida às gerações futuras e se

confunde, em verdade, com a preservação não apenas da vida humana,

mas de todas as espécies; 2. Do poder-dever do Estado de garantir um meio

ambiente equilibrado e em atenção ao Princípio da Precaução, decorre a

necessidade de adotar não apenas medidas coercitivas, mas também

preventivas, a fim de que sejam evitados possíveis danos ambientais, ainda

que signifique impor restrições às atividades econômicas; 3. A Constituição

Federal, atenta às inúmeras peculiaridades regionais existentes em um “país

continental”, também conferiu competência para os Municípios legislarem

sobre questões ambientais; 4. Considerando a Instrução Normativa AMMA n°

007/2005, a sua aplicação é medida que se impõe, porquanto suas

exigências objetivam um bem maior, qual seja, a integridade ambiental e a

melhor qualidade de vida, eis que as atividades em comento são

potencialmente poluidoras, o que demanda a fiscalização estatal.

Apelação conhecida e provida. Sentença reformada. (TJGO, APELACAO

CIVEL 155686-35.2002.8.09.0051, Rel. DES. FLORIANO GOMES, 3A CAMARA

CIVEL, julgado em 11/10/2011, DJe 934 de 03/11/2011). (Grifamos)

AGRAVO REGIMENTAL. APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL.

CERCEAMENTO DEFESA. INOCORRÊNCIA. MEIO AMBIENTE. PRINCÍPIO DA

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. ARTIGO 225 DA CF. LANÇAMENTO DE IODO

NO SOLO. DANO POTENCIAL. FISCALIZAÇÃO MUNICIPAL. 1 - (omissis). 2 -

(omissis). 3 - (omissis). 4 - Nos termos do artigo 225 da Constituição Federal,

“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de

uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao

poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as

presentes e futuras gerações, de modo que deve imperar o resguardo do

princípio da dignidade da pessoa humana, sob todas as vertentes, de forma

a preservar a vida de forma lato, como direito fundamental, e neste se inclui

a efetividade do gozo de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, o

que impõe a adoção de medidas práticas e eficazes, para que se dê

veemente afastamento de condutas danosas, ou mesmo com potencial de

vir a sê-las. 5 - Nos termos dos artigos 23 e 24 da Carta Magna, os entes

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federados são competentes concorrentes e materialmente, cada qual no

âmbito de seus interesses, no combate a todas as formas de poluição, e tal

se faz por meio de políticas ambientais, e ainda através do exercício do

poder de polícia em detrimento aos direitos individuais em prol dos coletivos,

materializando-se por atos fiscalizatórios ou mesmo sancionatórios. 6 -

(omissis). 7 - A ausência de legislação local acerca da matéria não subtrai

do município, o dever de aplicar a pertinente à especie, já que deverá se

valer dos normativos sejam de índole estadual ou mesmo federal, para

expurgar quaisquer práticas desagregadoras do meio ambiente equilibrado,

seja à título de dano efetivo ou mesmo potencial. 8 - (omissis). Recurso

conhecido e improvido. (TJGO, APELACAO CIVEL EM PROC. DE EXEC. FISCAL

225898-03.2010.8.09.0051, Rel. DR(A). DELINTRO BELO DE ALMEIDA FILHO, 4A

CAMARA CIVEL, julgado em 13/12/2012, DJe 1253 de 28/02/2013).

(Grifamos)

Repise-se, a responsabilidade administrativa, conforme artigo 37, § 6º, da

Constituição Federal, é, em regra, objetiva por ação dos agentes públicos que

causam danos a terceiros. Trata-se de responsabilidade fundamentada na teoria

do risco administrativo.

O Poder Público Municipal, ao anuir com a omissão de seus agentes

públicos, cujo resultado é capaz de causar danos à saúde e comprometer a sadia

qualidade de vida, bem como o ambiente ecologicamente equilibrado, torna-se

responsável administrativa e ambientalmente e está obrigado a reparar o dano

pela sua (in)ação irregular, mediante a interrupção da conduta lesiva à

coletividade e a adoção das medidas cabíveis.

Cristalina, pois, é a obrigação do Poder Público Municipal de preservar o

meio ambiente, bem como de reparar os danos causados pela deficitária gestão

da limpeza urbana como um todo e da fiscalização municipal, seja a de posturas

ou a ambiental.

Dessa feita, demonstra-se o cabimento da presente ação civil pública,

em razão do objeto que se pretende tutelar, qual seja, o meio ambiente equilibrado

e a manutenção da atual ordem urbanística, bem como do dano atual que

referido objeto vem sofrendo em razão das ações e infrações promovidas pelos

réus.

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DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

Em acordo com os termos do artigo 12, da Lei nº 7.347/1985, é permitido

ao Juiz o poder de conceder medida liminar, com a possibilidade de cominar multa

para o descumprimento (§ 2º), objetivando evitar dano irreparável ou ameaça de

danos.

Na verdade, trata-se de verdadeira medida antecipatória do provimento

do mérito, tal qual nas liminares de procedimento especial, e não mera providência

cautelar, perfeitamente possível, compatível e autorizada por lei, podendo ser

concedida nos próprios autos da ação civil pública3.

O Código de Processo Civil, em aplicação subsidiária, é determinante:

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou

parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que,

existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou

II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito

protelatório do réu.

Dessarte, verifica-se, neste caso, a presença dos requisitos necessários,

tais como o fumus boni iuris, o periculum in mora, a prova inequívoca da

verossimilhança dos fatos demonstrados e a manifesta e injustificável inércia do

Poder Público Municipal, representado pelos réus MUNICÍPIO DE GOIÂNIA e AMMA,

em promover a regular gestão da limpeza urbana como um todo e da fiscalização

municipal, tanto a de posturas quanto a ambiental.

O fumus boni juris está materializado nos fundamentos de direito expostos,

que demonstram de forma inequívoca a obrigação legal e constitucional do réu

MUNICÍPIO DE GOIÂNIA, titular das políticas públicas envolvidas no combate à

epidemia de DENGUE, de realizar a regular gestão da limpeza urbana e da

fiscalização de postura e ambiental no município, com o fim de proteger e

preservar o necessário equilíbrio ambiental e a saúde pública. Da mesma forma,

está demonstrada a proibição legal aos réus de gerar os danos ao meio ambiente

e à coletividade exaustivamente descritos.

3 Cf. RTJ - JESP 113/312.

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Já o periculum in mora materializa-se no contínuo agravamento dos

danos ocasionados à coletividade (saúde pública) e ao meio ambiente urbano

decorrentes da omissão e ineficiência administrativas por parte dos réus que, ao

longo dos últimos meses, têm contribuído para a sistemática degradação da

qualidade do meio ambiente urbano e ao grave comprometimento da saúde

pública frente à constatada epidemia de DENGUE, conforme amplamente

noticiado pela mídia.

Forçoso ressaltar que a continuidade das omissões dos réus, constatadas

claramente ao olhar do leigo, além de agravar os efetivos danos ao meio ambiente

urbano e à saúde pública, importa no aumento da dificuldade de combate aos

criatórios do vetor da doença.

Ademais, a relevância do fundamento da demanda encontra-se na

franca e manifesta irreversibilidade do dano à saúde de cada cidadão infectado

pela doença. Os efeitos deletérios no corpo físico do ser humano a cada nova

incidência da doença pode, não raras vezes, culminar em fatalidade mais gravosa:

a morte. Assim, eventual responsabilidade civil, especialmente quando se trata de

mera indenização, será sempre insuficiente e de utilidade duvidosa.

A defesa do meio ambiente é regida por princípios próprios, dentre os

quais encontra-se o princípio da prevenção ou também denominado de princípio

da cautela, da prudência, o qual exige, quando exista perigo grave ou irreversível

ao meio ambiente, que não se imponha a certeza instrumental como meio de se

postergar a adoção de medidas eficazes para o seu impedimento.

Dessarte, conclui-se que a concessão da antecipação de tutela ora

reclamada encontra respaldo no efetivo perigo de dano que a demora

representaria para o meio ambiente urbano e à saúde pública e, ainda, sob o

fundamento do Princípio Ambiental da Prevenção, que exige a adoção de

medidas acautelatórias que eliminem ou minimizem os danos, ou seja, que tratem

as causas da epidemia de DENGUE e não somente suas consequências.

A pretendida antecipação de tutela também deverá ser analisada e

apreciada prevalentemente em razão dos interesses difusos ora defendidos, sob a

forma da indispensável proteção ao Meio Ambiente Urbano, o que está expresso

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na Constituição Federal, como uma das formas de combate à malfadada

epidemia, devendo sobrepor-se a qualquer outra argumentação.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS requer:

1) Seja a presente ação recebida, autuada e processada na forma e no

rito preconizados;

2) Seja concedida, initio litis, a tutela antecipada dos pedidos

relacionados às obrigações de fazer e de não fazer formulados, com fundamento

no artigo 273, do Código de Processo Civil, observada a regra do artigo 2º, da Lei nº

8.437/1992, especificamente, quanto ao prazo de 72 horas para a resposta

preliminar;

3) A citação dos Réus MUNICÍPIO DE GOIÂNIA e AGÊNCIA MUNICIPAL DO

MEIO AMBIENTE (AMMA), para, querendo, virem responder aos termos da presente

ação, no prazo legal, sob pena de aplicação das penalidades contidas no artigo

319, do CPC, o primeiro, através da Procuradoria Geral do Município, localizada na

Av. do Cerrado, nº 999, 1º andar, Park Lozandes, Paço Municipal, nesta Capital, e a

segunda, por seu Presidente, o Sr. Pedro Wilson Guimarães, com sede à Rua 75

esquina com Rua 66, n.º 137, Centro, também nesta Capital;

4) Sejam os Réus MUNICÍPIO DE GOIÂNIA e AGÊNCIA MUNICIPAL DO MEIO

AMBIENTE (AMMA) condenados na obrigação de fazer conjunta consubstanciada

em aprimorar o exercício do Poder de Polícia Administrativa inerente aos órgãos e

departamentos respectivos, como determina a legislação municipal pertinente e

consequentes regulamentos acerca da fiscalização urbana e ambiental,

adotando, para tanto, as seguintes providências:

4.1) CRIAR e IMPLEMENTAR, no prazo de 30 (trinta) dias, protocolo de

atendimento aos cidadãos que solicitarem a atuação fiscal da Administração

Municipal em todos os terrenos vagos e construções desocupadas, públicas ou

particulares, que apresentem a existência de lixo, entulhos e vegetação alta, para o

efetivo cumprimento do Código Municipal de Posturas e legislação correlata;

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4.2) ORIENTAR, no prazo de 10 (dez) dias, por meio de Memorando

Interno, a todos os atendentes dos órgãos da Administração Municipal, em todas as

plataformas de atendimento ao cidadão, a darem completo atendimento às

reclamações, incluindo registro por meio de protocolo e orientação por meio de

informações acerca dos órgãos que atuarão diretamente no caso, as fases e os

prazos mínimo e máximo para efetiva solução do problema apontado;

4.3) REGULAMENTAR, imediatamente, o procedimento para manutenção

e limpeza compulsória, bem como a cobrança pela realização destes serviços,

sobre os terrenos vagos, públicos ou particulares que se encontrarem com acúmulo

de lixo, entulhos e vegetação alta, ou seja, em condições propícias ao incremento

da epidemia de DENGUE em curso na Capital, situação que implica em riscos à

saúde, além de prejuízos à segurança pública, de terceiros ou de seus bens, nos

termos da legislação municipal pertinente;

4.4) REGULAMENTAR, imediatamente, o procedimento para demolição

das edificações abandonadas e/ou inacabadas em terrenos particulares que se

encontrarem em situação de ruína ou sob ameaça de desmoronamento,

implicando em riscos à saúde e à segurança pública, de terceiros ou de seus bens,

nos termos da legislação municipal pertinente;

5) Seja o Réu MUNICÍPIO DE GOIÂNIA condenado na obrigação de fazer

consubstanciada em IMPLEMENTAR a atualização do Cadastro Imobiliário para fins

de ADOÇÃO DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS NECESSÁRIAS e de efeito concreto,

tais como:

5.1) ATUAÇÃO FISCAL pelos departamentos responsáveis pela

fiscalização de posturas, em regime de urgência e com efetiva aplicação de multa,

em prazo exíguo, aos infratores;

5.2) MANUTENÇÃO E LIMPEZA COMPULSÓRIAS em terrenos vagos,

públicos ou particulares, que se encontrarem com acúmulo de lixo, entulhos e

vegetação alta, ou seja, em condições propícias ao incremento da epidemia de

DENGUE em curso na Capital, também em regime de urgência;

5.3) COBRANÇA das despesas com a realização de manutenção e

limpeza referidas no item “5.2”, de forma imediata ou por lançamento junto à

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cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), a critério discricionário da

Administração Municipal;

6) Seja a Ré AGÊNCIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE (AMMA)

condenada na obrigação de fazer consubstanciada em ADOTAR MEDIDAS

ADMINISTRATIVAS de efeito concreto, tais como:

6.1) ATUAÇÃO FISCAL pelos departamentos responsáveis pela

fiscalização ambiental, em regime de urgência e em prazo exíguo, com efetiva

aplicação de multa aos infratores;

7) Cumpridos os itens “5” e “6” acima, sejam os Réus MUNICÍPIO DE

GOIÂNIA e AGÊNCIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE (AMMA) condenados na

obrigação de fazer conjunta consubstanciada em apresentar mensalmente a este

Juízo, pelo período subsequente de 12 (doze) meses, relatórios técnicos e

informativos contendo a relação das multas aplicadas e das cobranças efetuadas

de acordo com a legislação pertinente aplicável, devendo, após esse período,

incorporar as obrigações anteriores à rotina administrativa de seus órgãos e

departamentos, ou seja, instituindo-se atividades fiscalizatórias perenes, afastando

as omissões gravosas até então identificadas.

8) Seja o Réu MUNICÍPIO DE GOIÂNIA condenado na obrigação de fazer

consubstanciada em PUBLICAR, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, na forma

impressa e no sítio eletrônico da Prefeitura Municipal de Goiânia na internet, cartilha

contendo todas as informações necessárias ao cidadão para acesso aos serviços a

serem implementados e incrementados nos moldes dos pedidos anteriores, como

determina especificamente o artigo 225, do Código de Posturas do Município de

Goiânia, como por exemplo:

- as normas do órgão responsável pela limpeza urbana, sobre o

acondicionamento, o horário da coleta e o destino final do lixo;

- informações de interesse geral da comunidade, abrangendo

especialmente os pontos abrangidos por esta demanda;

9) Seja o Réu MUNICÍPIO DE GOIÂNIA condenado na obrigação de fazer

consubstanciada no dever de inserir no orçamento do Município o valor financeiro

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suficiente para custear as despesas necessárias à consecução das ações

requeridas na presente ação civil pública;

10) A procedência, in totum, dos pedidos ao final, com o atendimento

dos objetivos elencados na presente demanda;

11) A publicação de edital para dar conhecimento a terceiros

interessados e à coletividade, considerando o caráter erga omnes da Ação Civil

Pública;

12) Protesta provar o alegado, por todos os meios de prova em direito

admitidos, pleiteando, desde já, a juntada da documentação anexa como meio

de prova dos fatos expostos;

13) Protesta, ainda, por possível emenda ou retificação à presente inicial,

caso seja necessário;

14) Sejam os Réus condenados ao pagamento de custas e demais

cominações legais, em sendo o caso;

15) Requer, desde já, a produção de prova pericial, bem como de todos

os demais meios de prova permitidos em lei, além das já produzidas nos Autos

Administrativos nº 201500151184 e nas matérias jornalísticas divulgadas em mídia

impressa, que instruem esta inicial;

16) Requer a imposição de multas diárias, no valor de R$ 5.000,00 (cinco

mil reais), em face do Réu MUNICÍPIO DE GOIÂNIA, e no valor de R$ 3.000,00 (três mil

reais), em face da Ré AGÊNCIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE (AMMA), pelo

descumprimento das obrigações de fazer e não fazer impostas na sentença a ser

prolatada, que poderá, inclusive, incidir sobre as pessoas físicas dos administradores,

ou servidores públicos responsáveis por órgãos específicos diretamente ligados às

obrigações, na hipótese de desobediência à ordem judicial, a serem revertidas,

respectivamente, ao Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano e ao Fundo

Municipal de Meio Ambiente;

17) Requer, por fim, a imposição das medidas utilitárias que assegurem o

resultado prático equivalente a efetivação da tutela específica, nos termos do

artigo 461, do CPC.

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Observando as determinações da legislação processual, dá-se à causa o

valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Termos em que

Pede deferimento.

Goiânia, 11 de maio de 2015.

Alice de Almeida Freire

Promotora de Justiça