excelentÍssimo senhor doutor juiz de direito de uma das varas da comarca de santa rita

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS DA COMARCA DE SANTA RITA - PB Os bancos levaram do povo brasileiro em 2008, R$148 bilhões de spread, mais R$114 bilhões pelos juros da dívida interna. O Poder Judiciário está com a palavra. SEBASTIÃO MARCELINO DA SILVA SAURO, brasileiro, casado, vigilante, residente e domiciliada em Santa Rita PB, à Rua Durval Falcão, 666, fone. 66617823; RG. 666 192 - SSP-PB, CPF.66619656881, FONE:; vem à presença de V. Exa. apresentar AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO E CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO, CC/ PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA, contra SUL FINANCEIRA S/A; Crédito, Financiamentos e Investimentos; C.N.P.J.: 92.764.489/0001-96; com endereço na Praça Pereira Parobé, 130 - Salas 703/705 - CEP: 90030-170 - Porto Alegre   RS; Telefax.: (51) 211-0600 - Fax: (51) 211-0600,; pelos fatos e fundamentos a seguir: O autor financiou um carro pelo banco demandado mediante um contrato de alienação fiduciária conforme documentação acostada. Através da demandada, o autor arrendou em 36 parcelas de R$198,17 um veículo nacional. O carro financiado é um VW Gol 19 87, cor marrom, placa MMO 3057 - PB, conforme documentação acostada. O valor financiado foi R$3.500,00 Depois de pagar 24 parcelas com grande dificuldade o autor sentiu o peso da crise bater à sua porta e está sem poder pagar, conforme provará. Afinal lá se foram R$4.756,08 do magro orçamento para alimentar uma dívida quase infinita, evidenciando o enriquecimento ilícito da ré. O carro por sua vez, vale hoje R$3.000,00 e o preço continua caindo, conforme provará na instrução. A quitação das 36 parcelas daria ao banco um total de R$ 7.134,12, uma imoralidade, já que veículo em face da superveniência da crise global e isenção do IPI, vale hoje no mercado 3 mil reais, no máximo, demonstrando o enriquecimento ilícito do banco. Vê-se Douto Julgador, que quanto mais o consumidor é pobre, maior a carga de juros que tem de carregar na cruel lógica que emana dos insidiosos planos de Wall Street. O autor, como se disse, acuado pela redução da renda pessoal, ficou sem ter como pagar as prestações e provará o alegado. Por isso o autor decidiu pedir em Juízo uma revisão do contrato, tudo nos termos do CODECON. O autor financiou o carro sem ler contrato, sem saber as condições, submetendo-se como um cordeiro em altar pagão, assinando uma rendição diante do credor. O autor não sabe qual a natureza do financiamento realizado. Não sabe o que é leasing, CDC, spread e outros termos do economês, dialeto criado para enganar o povo. Tornaram-se difíceis as condições de pagamento e o autor não pode pagar em dia as parcelas em face da onerosidade abusiva do negócio. O banco demandado é uma instituição financeira nacional, cuja lucratividade exacerbada fez com que apresentasse lucratividade recorde nos últimos anos tendo se tornado o segundo maior grupo financeiro do Brasil. Somente em spread, os bancos surrupiaram da população brasileira em 2008 a bagatela de R$

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS DA COMARCA DESANTA RITA - PB

Os bancos levaram do povo brasileiro em 2008, R$148 bilhões de spread, mais R$114 bilhõespelos juros da dívida interna. O Poder Judiciário está com a palavra.

SEBASTIÃO MARCELINO DA SILVA SAURO, brasileiro, casado, vigilante, residente e domiciliadaem Santa Rita – PB, à Rua Durval Falcão, 666, fone. 66617823; RG. 666192 - SSP-PB,CPF.66619656881, FONE:; vem à presença de V. Exa. apresentar AÇÃO REVISIONAL DE

CONTRATO E CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO, CC/ PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA, contraSUL FINANCEIRA S/A; Crédito, Financiamentos e Investimentos; C.N.P.J.: 92.764.489/0001-96;com endereço na Praça Pereira Parobé, 130 - Salas 703/705 - CEP: 90030-170 - Porto Alegre – RS; Telefax.: (51) 211-0600 - Fax: (51) 211-0600,; pelos fatos e fundamentos a seguir:

O autor financiou um carro pelo banco demandado mediante um contrato de alienaçãofiduciária conforme documentação acostada.Através da demandada, o autor arrendou em 36 parcelas de R$198,17 – um veículo nacional.O carro financiado é um VW Gol 1987, cor marrom, placa MMO – 3057 - PB, conformedocumentação acostada.O valor financiado foi R$3.500,00

Depois de pagar 24 parcelas com grande dificuldade o autor sentiu o peso da crise bater à suaporta e está sem poder pagar, conforme provará.Afinal lá se foram R$4.756,08 do magro orçamento para alimentar uma dívida quase infinita,evidenciando o enriquecimento ilícito da ré.O carro por sua vez, vale hoje R$3.000,00 e o preço continua caindo, conforme provará nainstrução.A quitação das 36 parcelas daria ao banco um total de R$ 7.134,12, uma imoralidade, já queveículo em face da superveniência da crise global e isenção do IPI, vale hoje no mercado 3 milreais, no máximo, demonstrando o enriquecimento ilícito do banco.Vê-se Douto Julgador, que quanto mais o consumidor é pobre, maior a carga de juros que temde carregar na cruel lógica que emana dos insidiosos planos de Wall Street.

O autor, como se disse, acuado pela redução da renda pessoal, ficou sem ter como pagar asprestações e provará o alegado.Por isso o autor decidiu pedir em Juízo uma revisão do contrato, tudo nos termos doCODECON.O autor financiou o carro sem ler contrato, sem saber as condições, submetendo-se como umcordeiro em altar pagão, assinando uma rendição diante do credor.O autor não sabe qual a natureza do financiamento realizado. Não sabe o que é leasing, CDC,spread e outros termos do economês, dialeto criado para enganar o povo.Tornaram-se difíceis as condições de pagamento e o autor não pode pagar em dia as parcelasem face da onerosidade abusiva do negócio.O banco demandado é uma instituição financeira nacional, cuja lucratividade exacerbada fez

com que apresentasse lucratividade recorde nos últimos anos tendo se tornado o segundomaior grupo financeiro do Brasil.Somente em spread, os bancos surrupiaram da população brasileira em 2008 a bagatela de R$

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148 bilhões de reais.Isso explica o excesso de lucro das instituições financeiras, enquanto vemos tanto desempregono Brasil, uma contradição que este Juizo pode mitigar mediante uma decisão favorável aopromovente no presente feito, fazendo com que as favelas do Rio de Janeiro pouco a poucodiminuam o seu tamanho agigantado.

Além disso, como é do conhecimento geral, o valor dos carros caiu assustadoramente, bemcomo as taxas de juros de financiamento, em face da crise mundial que solapou a confiança dopovo na economia e da isenção do IPI determinada pelo governo central.Tal medida ajudou as montadoras que estão sofrendo perdas no mundo inteiro, enquanto queno Brasil, trabalham no azul.Enquanto a GM amarga a insolvência no país sede, aqui ela estoura nas vendas, sempre compreços abusivos e juros escorchantes. Somente o Poder Judiciário, o mais ético, o maishonesto e resistente ao suborno, o mais brioso do país poderá dar um basta nissoTudo isto caracteriza o surgimento de fatos supervenientes, que dão azo a uma alteraçãocontratual de modo a trazer o equilíbrio entre as partes.O art. 6º do CDC é claro: Fatos supervenientes ensejam mudança contratual e isto é pacífico na

 jurisprudência e doutrina do Brasil.Deste modo, é necessário fazer uma revisão nos valores.Outro dado: quando paga atrasado, o autor paga mora abusiva, ensejando a repetição deindébito quanto a esses valores. O autor também paga pelos boletos que é ilegal, além da taxade abertura de credito.O que o autor pretende uma revisão do contrato nos termos das disposições do Judiciário e noprincipio da boa fé.DOS PRECEITOS LEGAIS AUTORIZADORES DA REVISÃO JUDICIAL DO CONTRATO ORA EMEXAMENa hipótese vertente há plena incidência da regra estatuída no art. 115 do Código Civilbrasileiro:

"São lícitas, em geral, todas as condições que a lei não vedar expressamente. Entre ascondições defesas se incluem as que privarem de todo o efeito o ato, ou o sujeitarem aoarbítrio de uma das partes".Manifestando-se uma unilateralidade no estabelecimento dos percentuais de reajuste, não édesarrazoada a pretensão de ver incidir a norma do art. 1.125 do Código Civil:"Nulo é o contrato ... quando se deixa ao arbítrio de uma das partes a taxação do preço".Logo, por tratar-se de ato ilícito, existem cláusulas contratuais nulas de pleno direito e, outras,anuláveis.

Do cotejo das quaestio facti com as alegações jurídicas ora expendidas é que irá transparecer ailegalidade, objeto de irresignação do postulante.

Os dois grandes princípios embasadores do CDC são os do equilíbrio entre as partes (não-igualdade) e o da boa-fé. Para a manutenção do equilíbrio temos dispositivos que vedam aexistência de cláusulas abusivas, por exemplo o art. 51, IV, que veda a criação de obrigaçõesque coloquem o consumidor em desvantagem exagerada. A definição de vantagem exageradaesta inserta no § 1º do artigo supramencionado.Esta excessiva onerosidade, tratada no inc. III, diz respeito a uma verdadeira desproporçãomomentânea à formação do contrato, como ocorre na clássica figura da lesão, especialmenteporque mencionado, no texto do CDC, a consideração às circunstâncias peculiares ao caso(2).Dentro deste parâmetro, a lesão é uma espécie da qual o gênero são as cláusulas abusivas.Espécie tão complexa que individualmente é capaz de ensejar a revisão dos contratos.A cláusula abusiva é considerada nula, justamente por isto é que não podemos falar em sua

sanação, característica da anulabilidade, devendo ser do contrato retirada. Aplica-se nestasituação o brocardo utile per inutile non vitiatur, o qual permite que se mantenha sadio ocontrato em tudo aquilo que restar. A abusividade de uma cláusula pode ser decretada pelo

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 juiz ex officio, pois trata-se de interesse de ordem pública, não sendo suscetível de prescrição.A disposição do art. 51 do CDC não deixa dúvidas quando à cominação de nulidade (de plenodireito), às cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (...) IV -estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor emdesvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade; (...).

Na mesma linha segue o escólio do sempre preciso PONTES DE MIRANDA:"No sistema jurídico do CPC/73, tal como antes, há distinção que está à base da teoria dasnulidades: nulidades cominadas, isto é nulidades derivadas da incidência de regra jurídica emque se disse, explicitamente, que, ocorrendo a infração da regra jurídica processual, a sançãoseria a nulidade (...).Nulidade cominada, pois, vem a ser aquela decorrente de infração à regra, onde,expressamente foi prevista como conseqüência.A abusividade de uma cláusula é detectada pela análise do conteúdo contratual, à luz da boa-fé, sob o ponto de vista objetivo. Vale transcrever os ensinamentos de CLÁUDIA LIMAMARQUES: "Na visão tradicional, a força obrigatória do contrato teria seu fundamento navontade das partes...A nova concepção de contrato destaca, ao contrário, o papel da lei. ... Aos

 juízes é agora permitido um controle do conteúdo do contrato".(...) Assim também a vontadedas partes não é mais a única fonte de interpretação que possuem os juízes para interpretarum instrumento contratual. A evolução doutrinária do direito dos contratos já pleiteava umainterpretação teleológica do contrato, um respeito maior pelos interesses sociais envolvidos,pelas expectativas legítimas das partes, especialmente das partes que só tiveram a liberdadede aderir ou não aos termos pré-elaborados".A atuação do juiz nesta situação deve seguir o disposto no art. 51, § 2º, do CDC, ou seja, eledeverá procurar utilizar-se de uma interpretação integradora da parte saudável do contrato.Tal exegese será norteada pelo princípio da boa-fé como norma de conduta. Aqui não existeuma vinculação, ou uma busca, da vontade das partes, e, sim, objetivamente, procura-seaquilo que se pode esperar como ideal dentro de um ajuste similar.

A concepção de contrato, modernamente, é uma concepção social, em que avultam emimportância os efeitos do contrato na sociedade e onde são levados em consideração mais acondição social e econômica das pessoas nele envolvidas do que o momento da manifestaçãode vontades.À procura do equilíbrio contratual, a vontade manifestada pelos contratantes perde suacondição de elemento fundamental do ajuste para dar lugar a um elemento estranho àspartes, mas básico para a sociedade como um todo: o interesse social.Merece destaque a reflexão feita pelo Exmo. Sr. Min. MARCO AURÉLIO, do SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL, ao relatar a AOE 13-0-DF, publicada na ADV JUR 1993, p. 290:"Como julgador, a primeira coisa que faço, ao defrontar-me com uma controvérsia, é idealizara solução mais justa de acordo com a minha formação humanística, para o caso concreto.

Somente após recorro à legislação, à ordem jurídica, objetivando encontrar o indispensávelapoio".Como já asseverado amplamente na exordial, trata-se de contrato de adesão com cláusulasleoninas, mais a caracterização de usura e anatocismo.Logo, para o restabelecimento do equilíbrio contratual, deve sofrer o pacto a revisão judicial,inclusive, para que se tenha certeza jurídica, quanto às efetivas prestações obrigacionais, se éque existentes e diga-se mais, se é que o suposto débito não é inverso.Dentro da categoria dos contratos bilaterais e onerosos estabelece-se uma outra divisão,opondo-se os contratos comutativos aos aleatórios. Comutativo é o contrato bilateral eoneroso, no qual a estimativa da prestação a ser recebida por qualquer das partes pode serefetuada no ato mesmo em que o contrato se aperfeiçoa.

Na idéia de comutatividade se insere, de um certo modo, a de equivalência das prestações.Porque é normal que, nas convenções de intuito lucrativo, cada parte só consinta numsacrifício, se aquilo que obtém em troca lhe for equivalente. Aliás, é essa a antiga concepção

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que o CC Francês, inspirado em POTHIER, fornece. Diz o art. 1.104 daquele Código:"Art. 1.104 (O contrato) é comutativo quando cada uma das partes se obriga a dar ou fazeruma coisa que é encarada como equivalente daquilo que se lhe dá, ou daquilo que a ela sefaz".Logo, como se trata de contrato de cunho adesivo, com a inserção unilateral de cláusulas

leoninas, temos que, de início, a parte adversa já feriu o princípio da comutatividade doscontratos.Por conseguinte, deve a interação do Judiciário restabelecer, tanto o equilíbrio, quanto acomutatividade do contrato, garantindo à autora, entretanto, a efetividade do procedimento

 jurisdicional.A mora é do devedor ou do credor?Entendemos que quando há abusos e situações de irregularidades na hipótese de atraso depagamento com uma oneração excessiva, através de pesados encargos, taxas e multas, alémde uma exigência superior aos limites legais, assim considerados tanto normativos comoéticos, a mora deixa de ser do devedor e passa a ser do credor.Quando o adimplemento torna-se impossível por força da excessiva onerosidade imposta, que

exige da outra parte gasto absurdo, que o sacrifica inteiramente, sujeitando-o a perda materialintolerável, não ocorre mora por parte do devedor. O art. 955 do CC pátrio nos traz o conceitolegal da mora, a qual seria o inadimplemento de obrigação de pagamento no prazo, tempo,forma e lugar estipulados, tanto para o devedor como para o credor. A princípio poder-se-iaimaginar que somente inadimplida a obrigação nos termos do mencionado artigo estariaconfigurada a mora. Ledo engano. Isto não quer dizer que não devamos investigar a incidênciade culpa na mora.Como diz o mestre civilista J. M. CARVALHO DOS SANTOS:"Em qualquer das hipóteses (mora do devedor e do credor), a culpa é elemento essencial damora, pois se verifica, com a mora, a violação de um dever preexistente" (in CCB Interpretado,vol. XII).

Em alguns contratos bancários não ocorre a mora face à ausência de culpa do mutuário noeventual atraso nas prestações, posto que esta se dá ante a oneração excessiva do contratado,com lucros absurdos e cobranças abusivas por parte da instituição financeira, fatos que fogema possibilidade não somente do devedor mas de qualquer outro contratante.E considere-se que as condições verificadas em certos contratos não podiam ser antevistasquando da realização de tais pactos, eis que mascaradas através de fórmulas ininteligíveisinclusive para quem seja um expert.Por óbvio que em alguns contratos existe cobrança de juros extorsivos, ilegais e embutidos emcertas operações, cumulados com cobranças de correção monetária e comissão depermanência, esta, com a devida vênia de entendimentos contrários, é ilegal quando cobrada

 juntamente com a correção monetária.

Assim é que em determinados casos, ao contrário do que seria de se esperar, a mora é dopróprio credor, e não do devedor ou mutuário. Somente para ilustrar, traz-se à colação oquestionamento e lição conferida pelo insigne mestre J. M. CARVALHO DOS SANTOS, a tratarsobre a mora e as obrigações assumidas pelo credor:"Como não? cabe indagar. Então o credor não assumiu obrigação alguma? Pode não assumiruma obrigação explícita, mas implícita sempre assumirá, qual a de cooperar e facilitar o quedepender de si, para que o devedor execute normalmente a sua obrigação. Nem se conceberiaque o credor a isso não se obrigasse, embora sem cláusula expressa, por isso que a lealdade eboa-fé que devem inspirar e regular o modo de cumprir exatamente os contratos criam essaobrigação implícita, que uma vez violada estabelece uma presunção de culpa" (op. cit.).

O JUDICIÁRIO ESTÁ IMPEDINDO QUE A USURA ESCRAVIZE CIDADÃOS COMO O AUTOR:(VERBIS)

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PODER JUDICIÁRIOComarca de Conceição do Coité - Ba.Juizado Especial de Defesa do Consumidor

Processo Número: 01397/06

Autor: S A CRéu: B I S ARevisão Contratual. Possibilidade. Contrato de financiamento de veículo com cláusula dealienação fiduciária. Vulnerabilidade científica e fática do consumidor em face do contato deadesão. Onerosidade excessiva. Função social e boa-fé objetiva. Redução dos juroscompensatórios a 12% ao ano. Re-equilíbrio contratual.Dispensado o Relatório. (art. 38, Lei nº 9.099/95).Trata-se de Ação Revisional de Contrato Bancário c/c Anulatória de Cláusulas c/c Repetição deIndébito em que alega o autor a cobrança de juros e taxas muito superiores ao que lhe forainformado, causando-lhe sérios prejuízos.Juntou os documentos de fls. 19 a 24.

O despacho de fls. 26 concedeu a medida liminar em parte e deferiu o pedido de inversão doônus da prova, determinando que o acionado apresentasse o instrumento do contrato objetoda discussão.Não houve conciliação.O acionado ofereceu resposta escrita e, preliminarmente, alegou a inépcia da inicial pormotivo de impossibilidade jurídica do pedido. No mérito, defendeu a legalidade das cláusulasquestionadas, mas não apresentou cópia do contrato celebrado com o autor.Nova manifestação do autor às fls. 106 alegando a intempestividade da resposta e requerendoa decretação de revelia do acionado, bem como o descumprimento da inversão do ônus daprova.A petição inicial não é inepta, pois preenche os requisitos legais e também não é o caso de

impossibilidade jurídica do pedido, conforme será demonstrado na apreciação do mérito.Em face do princípio da informalidade, recebo a contestação e deixo de aplicar a pena derevelia.Passemos, portanto, a decidir.I – Do contrato clássico ao contemporâneoEm excelente texto sobre a reconstrução do conceito de contrato, Roxana Cardoso BrasileiroBorges, professora adjunta de Direito Civil da UFBA e UNEB, professora da UCSal, Doutora emDireito das Relação Sócias pela PUC/SP e Mestre em Instituições Jurídico-Políticas pela UFSC,fez síntese comparativa e extremamente objetiva sobre o conceito clássico de contrato e oconceito contemporâneo.[1]No antigo conceito de contrato, enquanto acordo de vontade entre interesses opostos, em

antagonismo, imperavam os princípios da intangibilidade e do “pacta sunt servanda” e o papeldo Estado era simplesmente garantir seu cumprimento, pois que necessariamente justo.Contemporaneamente, no entanto, no novo conceito, prevalece a noção de contrato comovínculo de cooperação e a percepção da necessidade de atuação cooperativa entre os pólos darelação contratual.Pois bem, desse novo conceito algumas conseqüências jurídicas decorrem de imediato: aproteção da confiança no ambiente contratual, a exigência da boa-fé e a observância dafunção social do contrato.Nesse novo conceito, o papel do estado será sempre no sentido de superar, também, a noçãode igualdade formal pela igualdade substancial, permitindo aos juízes interferir no contrato erelativizar o “pacta sunt servanda,” aplicando os princípios consagrados na Constituição

Federal e no Código Civil.Completamente fora de moda, conseqüentemente, o discurso de que a intervenção judicialnos contratos é fator de insegurança jurídica e de um suposto “custo Brasil”, como alardeiam

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os porta-vozes do empresariado nacional e estrangeiro, pois sobre a suposta segurança jurídica deve prevalecer, sobretudo, a justiça contratual.A revisão contratual, portanto, não tem o objetivo de ultrapassar a vontade das partes e gerarinsegurança ao vínculo contratual, mas re-equilibrar o contrato com a finalidade de preservá-lo, com a possibilidade de satisfação dos interesses legítimos em jogo, buscando, por assim

dizer, o cumprimento re-equilibrado.II – Vulnerabilidade do ConsumidorO artigo 4º, I, do Código de Defesa do Consumidor, que trata da Política Nacional de Relaçõesde Consumo, reconhece, expressamente, a condição de vulnerabilidade do consumidor nomercado de consumo. Segundo a doutrina[2], esta vulnerabilidade pode ser classificada daseguinte forma:a) Técnica – quando o consumidor não possui conhecimentos específicos sobre o objeto queestá adquirindo ou sobre o serviço que lhe está sendo prestado;b) Científica – a falta de conhecimentos jurídicos específicos, contabilidade ou economia;c) Fática ou sócio-econômica – quando o prestador do bem ou serviço impõe suasuperioridade a todos que com ele contrata, fazendo valer sua posição de monopólio fático ou

 jurídico, por seu grande poder econômico ou em razão da essencialidade do serviço.Além disso, sabe-se que atualmente a maioria dos contratos de consumo é de “adesão”, onde

o banco ou financeira já possui um contrato padrão previamente elaborado, cabendo aoconsumidor apenas aceitá-lo em bloco sem discussão, seja em face da sua vulnerabilidadetécnica, seja em face da falta de alternativa.Por fim, o princípio da vulnerabilidade do consumidor não pode ser visto como mera intenção,ou norma programática sem eficácia. Ao contrário, “revela-se como princípio justificador daprópria existência de uma lei protetiva destinada a efetivar, também no planoinfraconstitucional, os princípios e valores constitucionais, em especial o princípio da dignidadeda pessoa humana (art. 1º, III), da isonomia substancial (art. 5º, caput) e da defesa doconsumidor (art. 5º, XXXII).”*3+ 

III - Onerosidade ExcessivaO Código de Defesa do Consumidor, ao definir os direitos básicos do consumidor, artigo 6º, V,permite a modificação de cláusula contratual que estabelece prestação desproporcional ousua revisão em razão de fato superveniente que a torne excessivamente onerosa.A interpretação da norma não remete para o antigo conceito da teoria da imprevisão nosentido da exigência da previsibilidade inequívoca do acontecimento, ou seja, basta agora aocorrência, mesmo na origem, da lesão ou onerosidade excessiva.“O Código de Defesa do Consumidor assumiu uma postura mais objetiva no que diz respeito à

revisão contratual por circunstâncias supervenientes. Basta uma breve análise do artigo quepostula tal possibilidade, para perceber que este não menciona qualquer requisito além daexcessiva onerosidade presente: não se fala em previsibilidade ou imprevisibilidade, não há

questionamentos acerca das intenções subjetivas das partes no momento da contratação.”*4+ Vê-se, portanto, que a onerosidade excessiva pode ser originária, ou seja, desde a formação docontrato, pois a condição de vulnerabilidade do consumidor não lhe permite a compreensãoda vantagem manifestamente excessiva em favor do fornecedor do crédito.Este princípio tem por fundamento, principalmente, a igualdade substancial nas relaçõescontratuais e, por conseqüência, o equilíbrio entre as posições econômicas dos contratantes.Ao contrário do equilíbrio meramente formal, busca-se agora que as prestações em favor deum contratante não lhe acarretem um lucro exagerado em detrimento do empobrecimento dooutro contratante.Assim, “em face da disparidade do poder negocial entre os contratantes, a disciplinacontratual procura criar mecanismos de proteção da parte mais fraca, como é o caso do

balanceamento das prestações.”*5+ IV - Função Social do ContratoA nova compreensão do Direito Privado sobrepõe a perspectiva funcional dos institutos

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 jurídicos à análise meramente conceitual e estrutural. Não se indaga mais, simplesmente, àcerca dos elementos estruturais com compõem o conceito do contrato, por exemplo, mas se asua finalidade está sendo cumprida, pois “na perspectiva funcional, os institutos jurídicos sãosempre analisados como instrumentos para a consecução de finalidades consideradas úteis e

 justas.”*6+ 

As transformações sofridas pelo Direito Privado em face da aplicação dos princípiosconstitucionais, de caráter normativo[7], bem como dos princípios estabelecidos no NovoCódigo Civil, principalmente a “função social do contrato” prevista no artigo 421, do CC,

permitem ao Judiciário a intervenção no contrato para restabelecimento do seu equilíbrio.O antigo princípio do “pacta sunt servanda”, portanto, precisa sofrer as adaptações da

principiologia axiológica da CF de 1988 e do CC de 2002, ou seja, os contratos devem visar umafunção social e a satisfação dos interesses das partes contratantes, em cooperação.Assim, quando o contrato satisfaz apenas um lado, prejudicando o outro, o pacto não cumpresua função social, devendo o Judiciário promover o re-equilíbrio contratual através da revisãodas cláusulas prejudiciais a uma das partes.Na teoria contemporânea do Direito das Obrigações, impõe-se uma mudança radical na leitura

da disciplina das obrigações, que não pode mais ser considerada apenas como garantia docredor: “a obrigação não se identifica no direito ou nos direitos do credor; ela configura-secada vez mais como uma relação de cooperação.... A cooperação, e um determinado modo deser, substitui a subordinação e o credor se torna titular de obrigações genéricas ou específicasde cooperação ao adimplemento do devedor.” *8+ Mais que isso, o contato não pode mais ser concebido como uma relação jurídica isolada dacomunidade social e que só interessa às partes contratantes, como se impermeável àscondições sociais que o cerca e que lhe afetam.III – A Boa-fé objetivaA boa-fé, entendida como elemento meramente subjetivo, situação ou fato psicológico, deulugar ao princípio da boa-fé objetiva.

Agora, “o princípio da boa-fé impõe um padrão de conduta a ambos os contratantes, nosentido da recíproca cooperação, com consideração dos interesses um do outro, em vista dese alcançar o efeito prático que justifica a existência jurídica do contrato celebrado.”*9+ Neste sentido, o artigo 51, IV, do CDC, considera nulas as cláusulas contratuais relativas aofornecimento de produtos e serviços que sejam incompatíveis com a boa-fé.Ainda em termos de legislação, o artigo 422, do Código Civil Brasileiro, estabelece que oscontraentes são obrigados a guardar os princípios da probidade e da boa-fé.Em conseqüência, distanciando-se da subjetividade do antigo conceito, a boa-fé objetiva exigeum dever de conduta, de ética, lealdade e de colaboração na execução do contrato.Não se pode dizer, portanto, que está presente a boa-fé objetiva em um contrato que permitevantagens e lucros exorbitantes a um dos contratantes, resultantes de estipulação de taxas de

 juros em muito superiores ao razoável de uma economia estabilizada e com baixos índices deinflação.Por fim, o Juiz não pode se esquivar do seu papel de criação do Direito, pois “a boa fé opera

uma delegação ao juiz para, à luz das circunstâncias concretas que qualificam a relaçãointersubjetiva sub judice, verificar a correspondência do regulamento contratual, expressão daautonomia privada, aos princípios aos quais esta última deve ser funcionalizada. Tal delegação,prevista legislativamente, faz com que determinadas concepções acerca do papel do juiz aindahoje sustentadas se tornem anacronismos com um sentido claramente retrógrado.”*10+ IV – Os JurosA Emenda Constitucional nº 40, de fato, revogou o § 3º, artigo 192, da Constituição Federal,que limitava a taxa de juros a 12% ao ano. Aliás, antes mesmo da revogação através de

Emenda Constitucional, o STF já havia decidido pela necessidade de regulamentação do artigo.Dessa forma, pode se dizer que o dito § 3º “foi sem nunca ter sido.”

Pois bem, o Código de 1916 estabelecia que a taxa de juros moratórios seria de 6% ao ano

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quando não convencionada de outra forma pelos contratantes. (cf art. 1.062, do CC de 1916).Já o novo Código Civil, em seu artigo 406, estabelece que se tais juros serão fixados segundo ataxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.A discussão pretoriana e doutrinária atual diverge em relação à aplicação da SELIC ou doCódigo Tributário Nacional, artigo 161, § 1º:

.“Se a Lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de 1% (um porcento) ao mês.” O Min. DOMINGOS FRANCIULLI NETTO, do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp215.881-PR, assim se posicionou:“A Taxa Selic para ser aplicada tanto para fins tributários como para fins de direito privado,deveria ter sido criada por lei, entendendo-se como tal os critérios para a sua exteriorização.Atenta contra o comezinho princípio da segurança jurídica a realização de um negócio jurídicoem que o devedor não fica sabendo na data da avença quanto vai pagar a título de juros, pois,não terá bola de cristal para saber o que se passará no mercado de capitais, em períodossubseqüentes ao da realização do negócio, se repisado o aspecto de que os juros são

entidades aditivas ao principal e não mera cláusula de readaptação do valor da moeda”. Arrematou seu voto o ilustre Ministro defendendo a aplicação do CTN:“a mora referida na segunda parte do art. 406 do CC/2002 somente pode ser composta com os

 juros previstos no art. 161, §1º, do Código Tributário Nacional (Lei n. 5.172, de 25/10/66), istoé, 1% ao mês ou 12% ao ano”. Na mesma linha, o Enunciado nº 20, aprovado na Jornada de Direito Civil promovida peloCentro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal, sob a coordenação científica doentão Ministro Ruy Rosado, do STJ, nos seguintes termos:20 - Art. 406: a taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 é a do art. 161, § 1º, doCódigo Tributário Nacional, ou seja, 1% (um por cento) ao mês.Por fim, os juros legais e moratórios sobre obrigações inadimplidas depois da vigência do

Código Civil de 2002, segundo entendimento deste juízo, é a de 1% ao mês, excluída aaplicação da taxa SELIC, mesmo que momentaneamente estipulada abaixo desse patamar.Com relação aos juros convencionais, o limite tem sido regulado pelo dos juros legais, uma vezque o Dec. n. 22.626, de 7 de abril de 1933, ainda em vigor, estabelece:"Art. 1º. É vedado, e será punido nos termos desta lei, estipular em quaisquer contratos taxasde juros superiores ao dobro da taxa legal (Código Civil, art. n. 1.062)."De outro lado, permitir taxas de juros no patamar do dobro da taxa legal, considerando aestabilidade da economia brasileira e as baixas taxas de inflação, estaríamos permitindo que ocapital se transfira da esfera produtiva para a especulativa, tornando mais interessante auferir

 juros do capital do que investir e produzir, contrariando a função social do instituto de mútuobancário, bem como indo de encontro aos objetivos constitucionais de "garantir o

desenvolvimento nacional" (art. 3°, II, CF) e "erradicar a pobreza e a marginalização e reduziras desigualdades sociais e regionais" (art. 3°, III, CF).Esta prática tem permitido, por fim, que os bancos apresentem lucros cada vez maiores,disputando recordes de lucratividade e subvertendo a lógica de uma economia que urgedesenvolver-se e permitir que a República alcance seu objetivo: “construir uma sociedade

livre, justa e solidária,” conforme previsto no artigo 3º, I, da Constituição Federal.Depreende-se, portanto, que os juros convencionais não podem superar, no caso de umaeconomia estabilizada e baixos índices de inflação, sob pena de onerosidade excessiva edesequilíbrio contratual, também o patamar de 12% ao ano, sob pena de abusividade porparte do agente financeiro.V – A Jurisprudência

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, apreciando os pontos em discussão na presentelide, inclusive com relação à capitalização de juros e comissão de permanência, decidiurecentemente:

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APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTOGARANTIDO COM CLÁUSULA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESADO CONSUMIDOR. Sendo o crédito fornecido ao consumidor pessoa física para a sua utilizaçãona aquisição de bens no mercado como destinatário final, o dinheiro funciona como produto,implicando o reconhecimento da instituição bancária/financeira como fornecedora para fins

de aplicação do CDC, nos termos do art. 3º, parágrafo 2º, da Lei nº 8.078/90. Entendimentoreferendado pela Súmula 297 do STJ, de 12 de maio de 2004. DIREITO DO CONSUMIDOR ÀREVISÃO CONTRATUAL. O art. 6º, inciso V, da Lei nº 8.078/90 consagrou de forma pioneira oprincípio da função social dos contratos, relativizando o rigor do “Pacta Sunt Servanda” e

permitindo ao consumidor a revisão do contrato em duas hipóteses: por abusocontemporâneo à contratação ou por onerosidade excessiva derivada de fato superveniente(Teoria da Imprevisão). Hipótese dos autos em que o desequilíbrio contratual já existia à épocada contratação uma vez que o fornecedor inseriu unilateralmente nas cláusulas gerais docontrato de adesão obrigações claramente excessivas, a serem suportadas exclusivamentepelo consumidor. TAXA DE JUROS REMUNERATÓRIOS. Ausente qualquer justificativa por partedo fornecedor para a imposição ao consumidor de taxa de juros excessiva como obrigação

acessória em contrato de consumo, o restabelecimento do equilíbrio das obrigações exige aredução da taxa de juros remuneratórios fixada em contrato de adesão. Juros reduzidos para12% (doze por cento) ao ano, com fundamento exclusivamente no disposto no art. 52, inciso IIc/c os arts. 39, inciso V e 51, inciso IV, todos da Lei nº 8.078/90. Desnecessário examinarargumentos constitucionais sobre o tema. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. No caso concreto trata-se de contrato de financiamento firmado já na vigência do Novo Código Civil. Assim, havendoautorização expressa em lei, a incidência da capitalização dos juros remuneratórioscontratados não vai afastada, sendo, entretanto, permitida apenas em periodicidade anual.COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. Obrigação acessória que vai afastada, na esteira de

 jurisprudência consolidada. A correção monetária é suficiente, e mais confiável, para servircomo fator de recomposição da perda do valor real da moeda, corroída pela inflação.

ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. Fixado o IGP-M/FGV como índice de correção monetária, eis que a jurisprudência indica ser o que melhor reflete a real perda inflacionária. JUROS MORATÓRIOS.Mantidos em 1% (um por cento) ao mês. MULTA MORATÓRIA. Mantida em 2% (dois porcento), porém, sobre o valor da parcela em atraso, nos termos do art. 52, parágrafo 1º, da Leinº 8.078/90. COBRANÇA DE TARIFA E/OU TAXA NA CONCESSÃO DO FINANCIAMENTO.ABUSIVIDADE. Encargo contratual abusivo, porque evidencia vantagem exagerada dainstituição financeira, visando acobertar as despesas de financiamento inerentes à operaçãode outorga de crédito. Inteligência do art. 51, IV do CDC. IOF. ABUSIVIDADE QUANTO À FORMADE COBRANÇA. A cobrança do tributo diluído nas prestações do financiamento se afigura comocondição iníqua e desvantajosa ao consumidor (CDC, art. 51, IV). DIREITO À COMPENSAÇÃO DECRÉDITOS E À REPETIÇÃO DE INDÉBITO. Sendo apurado a existência de saldo devedor, devem

ser compensados os pagamentos a maior feitos no curso da contratualidade. Caso, porém, severifique que o débito já está quitado, devem ser devolvidos os valores eventualmente pagos amaior, na forma simples, corrigidos pelo IGP-M desde o desembolso e com juros legais desde acitação. APELO DO BANCO PROVIDO EM PARTE E RECURSO ADESIVO DO AUTOR PROVIDO.(Apelação Cível Nº 70020790275, Décima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,Relator: Angela Terezinha de Oliveira Brito, Julgado em 29/08/2007)Entre nós, a 4ª Turma Recursal dos Juizados Especiais decidiu pela Competência dos JuizadosEspeciais e pela aplicação da taxa de juros em 12% ao ano.Contrato de financiamento de veículo. Competência dos juizados especiais nas ações quediscutem ilegalidade de juros. Contrato de adesão. Consumidor envolvido em juros eacréscimos exorbitantes. Princípio da boa fé objetiva. Impossibilidade de cobrança.

Manifestação de cláusula contratual exagerada. Ofensa aos art. 51, IV, do CDC. Aplicação doart. 406 do CC c/c art. 161, § 1º do CTN. Juros limitados a taxa de 12% ao ano. Capitalização de juros Vedada pelo ordenamento jurídico (Súmula 121 do STF). Recurso reconhecido e

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parcialmente provido. Sentença modificada.(4ª Turma Recursal dos Juizados Especiais. Processo nº: JPCDT-TAT-00339/2004. Recorrente:José Anselmo da Cunha. Recorrido: Banco ABN Amro Real S/A. Relatora: Juíza Dinalva GomesLaranjeira Pimentel)Mais recentemente ainda, a mesma 4ª Turma ratificou o ampliou o entendimento:

54858-8/2005-1 CV(10-5-5) Recorrente: Dilson Rocha dos Santos Advogados(as): FabianoSamartin Fernandes OAB/BA 21439 Recorrido: Banco Bradesco S/A (Setor Jurídico)Advogados(as): Jamile Sandes Pessoa da Silva OAB/BA 17567 Juiz(a) Relator(a): Dinalva GomesLaranjeira PimentelEmenta: RECURSO INOMINADO. CONTRATO DE CRÉDITO. PRINCÍPIO DA BOA FÉ OBJETIVA.IMPOSSIBILIDADE DE COBRANÇA DE JUROS ILIMITADOS e ALTERADOS UNILATERALMENTE.MANIFESTAÇÃO DE CLAUSULA CONTRATUAL EXAGERADA. OFENSA AO ART. 51, IV DO CDC.JUROS LIMITADOS A TAXA DE 12% AO ANO. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS VEDADA PELOORDENAMENTO JURÍDICO. CABÍVEL REPETIÇÃO DO INDÉBITO DOS VALORES PAGOS A MAIOR.RECURSO CONHECIDO e PROVIDO.Decisão: Decidiu, à unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, reformando a

sentença a quo para proceder à revisão dos contratos celebrados entre as partes, em face daabusividade da cláusula contratual, determinando que a Recorrida aplique sobre a dívida doRecorrente taxa de juros no percentual de 12% (doze por cento) ao ano e de multa de mora nolimite de 2% (dois por cento), dando-lhe, se for o caso, quitação do débito com devolução emdobro de eventual excesso cobrado corrigido a partir da citação válida. Custas processuais ehonorários sucumbenciais pelo recorrido, estes arbitrados em 15%, sobre o valor total dacondenação, a teor do que dispõe o art. 55, da Lei 9099/95.Acompanhando a decisão, a 5ª Turma Recursal referendou:JDCSE-TAM-00411/04-1 CV(2-4-3) Recorrente: Banco Bradesco S.A Advogados(as): MarcusLeonis Lavigne OAB/BA 10943 Recorrido: Helene de Araujo Santos Advogados(as): IsraelCordeiro Neto OAB/BA 6924 Juiz(a) Relator(a): João Lopes da Cruz

Ementa: REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS QUE ESTIPULAM OS ÍNDICES DE JUROS,MULTAS e ENCARGOS ACIMA DO PATAMAR LEGAL. OBRIGATORIEDADE DO BANCO ACIONADOEM APRESENTAR PLANILHA DETALHADA, REFAZENDO OS CÁLCULOS PARA INCIDIR JUROS DE1% AO MÊS, MULTA DE 2%, CORREÇÃO MONETÁRIA PELO INPC e SEM A INCIDÊNCIA DECOMISSÃO DE PERMANÊNCIA. VALORES PORVENTURA REMANESCENTES DEVERÃO SERRESTITUIDOS À PARTE AUTORA, DE FORMA SIMPLES. ART. 515, § 3º, DO CPC. JULGAMENTODA LIDE, MATÉRIA EXCLUSIVAMENTE DE DIREITO. PRELIMINARES REJEITADAS. COMPETÊNCIADOS JUIZADOS ESPECIAIS AO JULGAMENTO DA MATÉRIA. RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE.SENTENÇA REFORMADA PARA CONDENAR A ACIONADA A APRESENTAR PLANILHADETALHADA, REFAZENDO OS CÁLCULOS PARA INCIDIR JUROS DE 1% AO MÊS, MULTA DE 2%,CORREÇÃO MONETÁRIA PELO INPC e SEM A INCIDÊNCIA DE COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. OS

VALORES REMANESCENTES DEVERÃO SER RESTITUIDOS À PARTE AUTORA, DE FORMASIMPLES.Decisão: Decidiu, à unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO,reformando a sentença para condenar a acionada a apresentar planilha detalhada, refazendoos cálculos para incidir juros de 1% ao mês, multa de 2%, correção monetária pelo inpc e sem aincidência de comissão de permanência, mantendo a devolução de valores remanescentes àparte autora, de forma simples. Custas processuais pela acionada. Sem honoráriosadvocatícios.VI - O Caso e o JulgamentoTem-se nos autos que o autor, de fato, celebrou contrato de financiamento no valor de R$9.000,00 (nove mil reais) para pagamento em 48 parcelas de R$ 381,25 (trezentos e oitenta e

um reais, vinte e cinco centavos), totalizando R$ 18.300,00 (dezoito mil e trezentos reais), ouseja, mais que o dobro do valor financiado, demonstrado, de logo, visível vantagem financeirapara o acionado.

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Somente a vulnerabilidade do consumidor/autor, tanto científica quanto fática em face docontrato de adesão, não lhe permitiu a compreensão da vantagem manifestamente excessivaem favor do fornecedor do crédito.Acrescente-se, além disso, que o acionado sequer apresentou aos autos o instrumento docontrato para análise de suas cláusulas, descumprindo a determinação de inversão do ônus da

prova.Reconheço, portanto, que o contrato celebrado entre as partes não atende mais as exigênciasdo contrato contemporâneo e que fere os princípios constitucionais e contratuais acimadiscutidos, devendo ser revisto e atualizado.Do exposto, por tudo o mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a Ação paradeterminar a revisão do contrato celebrado entre as partes para estabelecer a taxa de jurosconvencionais, bem como moratórios, em 1% ao mês, excluindo-se também os valoresreferentes à capitalização mensal e comissão de permanência e, por fim, adotar-se comovalores das prestações mensais aqueles indicados na planilha de fls. 22 e 23.Da mesma forma, JULGO PROCEDENTE o pedido de Repetição do Indébito no valor de R$619,96 (seiscentos e dezenove reais e noventa e seis centavos), cujo valor deverá deduzido das

parcelas vincendas.Com efeito, segundo o disposto no artigo 884, do Código Civil, sem correspondência emrelação ao Código de 1916, “aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem,

será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valoresmonetários.” Intime-se o acionado para promover a alteração do contrato em seus sistemas, bem comoconfeccionar carnê de pagamentos nos termos da presente decisão.Por fim, fica autorizado o levantamento dos valores depositados pelo autor em favor doacionado.Sem custas e sem honorários.Publique-se. Registre-se. Intime-se.

Conceição do Coité, 12 de dezembro de 2007Bel. Gerivaldo Alves NeivaJuiz de Direito

Vê-se que a cobrança de juros sobre juros deve ser repelida, porque atenta contra a lei maior:A lei da sobrevivência.Ao decidir o magistrado não pode se ater somente à lei e à frieza glacial das planilhas, mas aolatejar de um coração humano que sofre sob o tacão do poder econômico.Quando falta recursos e servidores no Judiciário muitos podem alegar que foi isso, foi aquilo. Omotivo, no entanto é um só. O país está drenando suas energias financeiras para o cofre dosbanqueiros, em detrimento dos direitos da população.

DOS PEDIDOS:

Diante dos fatos e fundamentos apresentados, requer O autor:

PELIMINARMENTE, o deferimento da TUTELA ANTECIPADA, nos moldes do art. 273 CPC paradeterminar à instituição financeira demandada que exiba em Juízo o contrato definanciamento celebrado com o autor e suspenda todo tipo de coação contra o promovente,

enquanto este consignar por qualquer meio a parte incontroversa da dívida.Que V. Exa. determine à demandada que se abstenha de inserir o nome do autor em quaisquerdos órgãos de proteção ao crédito ou ajuizar ação de reintegração de posse até o final da

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presente ação, enquanto este consignar por qualquer meio lícito a parte incontroversa dadívida.

NO MÉRITO REQUER:Que V. Exa. Receba esta como uma ação revisional complexa e necessária para

restabelecimento do Estado de Direito.Que V. Exa. mande citar a parte demandada no endereço assinalado acima para contestar apresente sob pena de revelia e confissão.Requer a e nomeação de perito contábil para levantamento de planilha detalhada.Requer o julgamento pela procedência do pedido em todos os seus termos, com a condenaçãodo banco na revisão do valor das parcelas e do montante do débito, adequando à realidade domercado financeiro internacional e ao constitucional patamar de 12% anuais.Requer a condenação na repetição de indébito sobre eventuais cobranças de TAC, moraabusiva e cobrança de boleto bancário.Requer a condenação do demandado no pagamento de reparação por danos morais a seremdeduzidos no valor do debito remanescente.

Requer a condenação na quitação do contrato, isentando o autor de qualquer ônus doravantee liberação de qualquer gravame.Requer a condenação do demandado no pagamento de custas e honorários.Requer o deferimento de todos os meios de prova em direito admitidos. Requer juntada de rolde testemunhas.Requer Justiça Gratuita.Dá à causa o valor de R$ R$3.000,00

Espera Deferimento.

João Pessoa, 10 de setembro de 2009.

AMÉRICO GOMES DE ALMEIDA – OAB – PB 8424

ROL DE TESTEMUNHAS – NÃO PRECISA INTIMAR:

Winston dos Santos Silva – 

Maria do Espírito Santo Ribeiro.