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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DA FAZENDA PÚBLICA, FALÊNCIAS E CONCORDATAS DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITAVA DE CURITIBA - PR O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por seu Promotor de Justiça que ao final assina, no uso de suas atribuições, com fundamento nos artigos 129, III e 216 da Constituição Federal; Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, Lei Estadual nº 1.211 de 16 de setembro de 1953; Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 e demais dispositivos legais, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA de INDENIZAÇÃO POR DANO AO MEIO AMBIENTE, com preceito cominatório de OBRIGAÇÃO DE FAZER e de NÃO FAZER cumulada com REPETIÇÃO DE INDÉBITO em desfavor da COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARANÁ- SANEPAR - Sociedade Anônima de Economia Mista inscrita no CGC/MF sob o n.º 76.484.013/0001-45, com sede na Rua Engenheiro Rebouças, n.º 1376, Curitiba-PR, na pessoa de seu Diretor-Presidente, consoante as seguintes razões e fundamentos de fato e de Direito a seguir expendidos:

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DA FAZENDA PÚBLICA, FALÊNCIAS E CONCORDATAS DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITAVA DE CURITIBA - PR

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por

seu Promotor de Justiça que ao final assina, no uso de suas atribuições,

com fundamento nos artigos 129, III e 216 da Constituição Federal;

Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, Lei Estadual nº 1.211 de

16 de setembro de 1953; Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 e demais

dispositivos legais, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência

propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA de INDENIZAÇÃO POR DANO AO

MEIO AMBIENTE, com preceito cominatório de OBRIGAÇÃO DE

FAZER e de NÃO FAZER cumulada com REPETIÇÃO DE INDÉBITO em

desfavor da

COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARANÁ- SANEPAR -

Sociedade Anônima de Economia Mista inscrita no CGC/MF sob o n.º

76.484.013/0001-45, com sede na Rua Engenheiro Rebouças, n.º 1376,

Curitiba-PR, na pessoa de seu Diretor-Presidente, consoante as seguintes

razões e fundamentos de fato e de Direito a seguir expendidos:

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DOS FATOS

O Instituto Ambiental do Paraná enviou a essa Promotoria

de Justiça em 2004 cópia de Autos de Infração Ambiental em desfavor da

Companhia de Saneamento do Estado do Paraná – SANEPAR, que estaria

lançando, através da Estação de Tratamento de Efluentes Padilha do Sul,

efluentes líquidos no Iguaçu (corpos receptores) fora dos parâmetros

legais estabelecidos pelo órgão ambiental do Estado. A ETE localiza-se na

rua Pedrinha A. Costa, nessa Capital.

Com o fim de analisar a questão, instaurou-se nessa

Promotoria de Justiça o Procedimento Investigatório Preliminar nº 010-

0007/2004. No trâmite dos autos constam vários laudos de

monitoramento enviados pela Sanepar para o controle dos efluentes

lançados pela ETE de Padilha do Sul.

Da análise da documentação resultou um primeiro Relatório

Técnico do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Proteção ao

Meio Ambiente (CAOPMA), de novembro de 2009. A Sanepar foi instada a

responder e apresentar: 1) cópia dos laudos de monitoramento do

efluente final da ETE Padilha do Sul; 2) análise a montante e a jusante do

descarte; 3) cópia da Licença de Operação.

Após a análise da documentação entregue pela Companhia

de Saneamento, diversas irregularidades foram constatadas. Vejamos:

“Na Tabela 1 estão elencados os valores de DBO e DQO

acima do limite estabelecido pela Licença de Operação.

Ressalta-se que DBO não foi informada para as seguintes

datas: 09/01/09, 30/01/09, 19/02/09, 13/03/09,

29/05/09, 01/06/09, 03/06/09 e 28/06/09. Cabe ainda

salientar que no mês de maio todas as amostras

apresentadas para DQO e DBO estavam acima do limite

estabelecido pela supracitada Licença. Por sua vez, no mês

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de junho, observou-se que em 67 % das coletas

apresentadas, os valores de DQO estavam acima do valor

máximo e para DBO, em 78 % das coletas extrapolou-se o

limite.

(...)

Dos valores apresentados no relatório de automonitoramento

do Rio Iguaçu, corpo receptor da ETE Padilha Sul, no mês de

fevereiro, observou-se que a temperatura e o pH atenderam

ao limite máximo estabelecido pela Resolução Conama nº

357/05. Já a DBO extrapolou o limite máximo estabelecido: a

jusante do ponto de lançamento estava 38 mg/L O2 , enquanto

o limite é de 5 mg/L O2. O valor apresentado para oxigênio

dissolvido (4,23 mg/L) estava abaixo do limite mínimo

estabelecido pela referida norma (5 mg/L). Porém, a montante

da Estação, esses dois últimos apresentaram-se em

desacordo com a supracitada Resolução.

No automonitoramento do mês de abril, verificou-se que os

parâmetros pH e oxigênio dissolvido atenderam à Resolução

mencionada acima. Já a DBO extrapolou o limite máximo

estabelecido pela mesma: a jusante foi 22 mg/L O2 (limite é 5

mg/L O2). Quanto a esse último, a montante da Estação

também não atendeu ao estabelecido pela norma”.

A Demanda Química de Oxigênio (DQO) indica o consumo

de oxigênio ocorrido em função da oxidação química da matéria orgânica.

Pode-se considerar que este parâmetro indica de forma indireta o teor de

matéria orgânica presente. Por sua vez, a Demanda Bioquímica de

Oxigênio (DBO) pode ser definida como a quantidade de oxigênio

necessária para decomposição de matéria orgânica em uma forma

inorgânica estável, através de processos bioquímicos.

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Despejos predominantes orgânicos proporcionam aumentos

nos teores de DBO no corpo d’água e um elevado valor deste parâmetro

indica o incremento da microflora presente e interfere no equilíbrio da

vida aquática, além de produzir sabores e odores desagradáveis, podendo

ainda obstruir filtros de areia utilizados nas estações de tratamento de

água1. Um dos efeitos da poluição orgânica em cursos d’água é o

decréscimo do oxigênio dissolvido causado pela respiração de

microorganismos que se alimentam de matéria orgânica, tal situação

afeta de forma negativa os organismos aquáticos e interfere na cadeia

trófica.

Já para o parâmetro “sólidos suspensos” não há limite

estabelecido por legislação e na Licença de Operação. A alta quantidade

de material em suspensão indica baixa eficiência de tratamento. Ademais,

influencia na transparência da água, impedindo a penetração da luz.

O Relatório ainda destaca que de acordo com a Instrução

Normativa nº 002/2006-DIRAM, a qual estabelece o sistema de

automonitoramento de efluentes das atividades poluidoras no Estado do

Paraná, há outros parâmetros relevantes para a avaliação das Estações

de Tratamento de Esgoto sanitário, que não foram avaliados no presente

relatório da Sanepar, quais sejam: nitrogênio amoniacal total e fósforo

total. Tais indicadores estão relacionados à eutrofização das águas, entre

outros.

Colaciono ainda do Relatório de análise da documentação de

novembro de 2009:

“Montante e jusante observa-se que, no mês de outubro de

2008, os valores de oxigênio dissolvido estavam abaixo do

mínimo estabelecido pela Resolução CONAMA 357/05 para

águas doce classe II. A baixa quantidade de oxigênio

dissolvido pode prejudicar a depuração da matéria orgânica

1Curso de Gestão Ambiental – Controle Ambiental da Água, p. 81-99

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pelos microrganismos decompositores. Além disto, nota-se

que no mês de fevereiro de 2009 o corpo receptor apresentou

um aumento da DBO à jusante, extrapolando o permitido por

legislação. Entretanto, mesmo a montante da Estação, a DBO

está acima do estabelecido pela norma citada.

Com relação ao corpo receptor, na última informação

apresentada pela Sanepar, Ofício DP nº 1027/09, foi

apresentada cópia do relatório automonitoramento do rio

Iguaçu. Destaca-se que em uma informação anterior da

Sanepar, Ofício DP nº 879/08, os pontos variavam entre

1.200 a 50 m a montante do ponto de lançamento da Estação

no rio Padilha e entre 1.000 e 1.050 m a jusante desse ponto,

o último ponto refere-se ao “ponto de lançamento do rio

Padilha no rio Iguaçu” (fl. 46). Desta feita, é fundamental que

a Sanepar informe a localização dos pontos de amostragem,

com a distância dos mesmos do ponto de lançamento, bem

como que apresente eventual laudo de monitoramento do mês

junho de 2009. Conforme relatado acima, este mês

apresentou 67 % das amostras relativas à DQO e 78 % das

relativas a DBO acima do limite e estabelecido pela Licença

Ambiental supracitada”.

Após tais averiguações, a Sanepar foi instada a se

manifestar. Diante das novas informações prestadas pela Companhia de

Saneamento do Estado2, redigiu-se novo Relatório de Análise de

Documentação, de 12 de julho de 2010. Novamente se constatou que os

limites de DBO, DQO, Nitrogênio Amoniacal e Fósforo estavam acima dos

limites estabelecidos pela legislação ambiental, sobretudo a Resolução do

CONAMA nº 357/2005.

2 Ofício DP nº 170/2010.

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Conclui o relatório:

“Em atendimento às complementações requisitadas por esta

Promotoria, a SANEPAR apresentou relatório contendo os

parâmetros Nitrogênio Amoniacal e Fósforo Total do efluente,

relativos aos meses de novembro e dezembro e janeiro de

2010. Observa-se que não foi apresentado laudo de análises

do corpo hídrico referente ao mês de junho, conforme

solicitado por esta Promotoria.

Foi possível verificar que nos meses de novembro e

dezembro, os valores de Nitrogênio Amoniacal estavam acima

do limite máximo estabelecido pela Resolução Conama nº

357/2005.

Das análises no corpo receptor, realizadas em abril e agosto

de 2009, constatou-se que esses parâmetros (Nitrogênio

Amoniacal e Fósforo) estavam em desacordo com a Classe do

rio (SUREHMA nº 20/1992) mesmo antes da Estação,

entretanto, observa-se um aumento desses parâmetros a

jusante da ETE.

Ressalte-se ainda que conforme verificado

anteriormente pela equipe técnica desta Promotoria, os

parâmetros DBO e DQO, relativos ao efluente final da

ETE, encontravam-se acima do estabelecido pela

legislação vigente.” (grifo nosso)

Além de todo o problema ambiental gerado com o

lançamento de esgoto com tratamento precário em um recurso hídrico, a

companhia de saneamento cobra da população taxa de esgoto, que não

está sendo devidamente tratado pela ETE Padilha do Sul.

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Assim sendo, a presente Ação Civil Pública além de objetivar

a paralisação do lançamento de efluentes sem o devido tratamento

diretamente no rio Iguaçu, também visa conscientizar a SANEPAR acerca

do problema. Não se pode perder de vista que, apesar da combativa

atuação da SANEPAR, direitos dos consumidores estão sendo violados,

bem como danos estão sendo causados ao meio ambiente.

Cumpre ressaltar que tramitam nessa Promotoria de Justiça

inúmeros procedimentos que versam sobre a problemática do esgoto, seja

pelo mau funcionamento das ETEs seja pela falta de rede coletora, e a

Sanepar sempre alude – retoricamente - datas específicas para sanar a

questão, o que não se pode mais tolerar.

Por conseguinte, os contribuintes cujo esgoto seja

encaminhado para a ETE de Padilha do Sul devem ser compensados, pois

estão pagando por um serviço que não é prestado, devendo ser ressarcido

em dobro pelo que pagam, como determina a legislação adiante citada.

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DO DIREITO

A preocupação com o meio ambiente está expressa na

Constituição da República de 1988 em vários pontos, principalmente no

artigo 225:

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e

essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder

Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo

para as presentes e futuras gerações”.

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O que se busca com a presente ação é a restituição e

proteção do equilíbrio ecológico do meio ambiente, que foi alterado com

lançamento de efluente sem tratamento diretamente em corpo hídrico.

Causa-nos estranheza o fato de ser poluidora a empresa

responsável pela proteção e disponibilização dos recursos hídricos, que

deveria zelar pela qualidade da água. Segundo o Estatuto Social da

Sanepar:

“Art. 1º - A Companhia de Saneamento do Paraná - Sanepar,

constituída em 23 de janeiro de 1963, como sociedade por

ações, companhia aberta, de economia mista, será regida por

este Estatuto e pela legislação aplicável e destina-se a

exploração de serviços públicos e de sistemas privados de

abastecimento de água, de coleta, remoção e destinação final

de efluentes e resíduos sólidos domésticos e industriais e

seus subprodutos, de drenagem urbana, serviços

relacionados à proteção do meio ambiente e aos recursos

hídricos, outros serviços relativos à saúde da população,

prestação de consultoria, assistência técnica e certificação

nestas áreas de atuação e outros serviços de interesse para a

Sanepar e para o Estado do Paraná, dentro ou fora de seus

limites territoriais, podendo, para atingir tais fins, participar,

majoritária ou minoritariamente, de consórcios ou sociedades

com empresas privadas”.

A empresa requerida não se prontificou a solucionar o

problema; não há no caso em tela o cumprimento daquilo a que se

destina presente no estatuto social.

Da água disponível no planeta em torno de 97% encontram-

se no mar e somente 3% poderiam ser utilizados para consumo humano.

Destes 3% apenas uma pequena parcela está disponível em rios e lagos,

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representando ínfimos 0,02% do total. Estes dados dão a dimensão do

premente controle da qualidade da água.

Neste sentido a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei

9.433/1997) estabelece:

“Artigo 1° A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se

nos seguintes fundamentos:

I – a água é um bem de domínio público;

II – a água é um recurso natural limitado, dotado de valor

econômico;

Artigo 2° São objetivos da Política Nacional de Recursos

Hídricos:

I – assegurar à atual e às futuras gerações a necessária

disponibilidade de água, em padrões de qualidade

adequados aos respectivos usos;”

A Lei 11.445/2007, que estabelece diretrizes nacionais para

o saneamento básico:

“Art. 2o Os serviços públicos de saneamento básico serão

prestados com base nos seguintes princípios fundamentais:

(...)

III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza

urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas

adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente;

IV - disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços

de drenagem e de manejo das águas pluviais adequados à

saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público

e privado;

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(...)

XI - segurança, qualidade e regularidade;”

Dentre os princípios fundamentais desrespeitados pela

empresa está a inadequação da realização dos serviços com relação ao

meio ambiente e à saúde pública, tanto que a empresa foi autuada pelo

órgão ambiental competente.

Ademais, a Sanepar está desrespeitando bem público (água)

e o patrimônio privado. E a inércia no serviço, que causa tantos danos

ambientais, patrimoniais e à saúde pública, não deve ser definida como

de qualidade.

A proteção das águas é tema recorrente na jurisprudência:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DANO AO MEIO AMBIENTE –

ÁGUAS CONTAMINADAS – LANÇAMENTO DE POLUENTES

INDUSTRIAIS SEM TRATAMENTO POR EMPRESA –

COMPROVAÇÃO ATRAVÉS DE PERÍCIA –

RESPONSABILIDADE OBJETIVA – INDENIZAÇÃO DEVIDA –

SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO –

INTELIGÊNCIA DO ART. 14 DA Lei 6938/81. (Revista dos

Tribunais – Vol. 693 – PG. 104)

Acerca da questão, Resolução 357/2005 do CONAMA

estabelece parâmetros para a qualidade da água conforme sua utilização.

O rio Iguaçu enquadra-se como corpo hídrico de classe II:

“Artigo 4° As águas doces são classificadas em:

(...)

III – classe 2: águas que podem ser destinadas:

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a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento

convencional;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui

aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA 274, de

2000;

d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques,

jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público

possa vir a ter contato direto; e

e) à aqüicultura e à atividade de pesca”.

Pela análise dos laudos apresentados pela própria Sanepar

fica evidente a presença de esgoto do corpo receptor, o que compromete

todas as utilidades inerentes do rio Iguaçu.

Da Responsabilidade Civil Objetiva em matéria ambiental

Não devem ser aceitos quaisquer argumentos da Companhia

de Saneamento do Paraná que visam o afastamento de sua

responsabilidade.

Desde 1934 o Código de Águas – Decreto 24.643/34 já

imputava a responsabilidade pelos danos aos recursos hídricos:

“Artigo 109. A ninguém é lícito conspurcar ou contaminar as

águas que não consome, com prejuízo de terceiros.

Artigo 110. Os trabalhos para a salubridade das águas

serão executados à custa dos infratores, que, além da

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responsabilidade criminal, se houver, responderão pelas

perdas e danos que causarem e pelas multas que lhes forem

impostas nos regulamentos administrativos”.

A responsabilidade civil objetiva em matéria ambiental foi

instituída pela lei 6938/81, que preleciona:

“Art. 14 – (...)

§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas

neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da

existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos

causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua

atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá

legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e

criminal, por danos causados ao meio ambiente.

“Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou

privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade

causadora de degradação ambiental”;

O doutrinador Yussef Said Cahali3 entende que a inclusão

das pessoas jurídicas de direito público na definição de poluidor do artigo

acima “para compelir o Poder Público a ser prudente e cuidadoso no vigiar,

orientar e ordenar a saúde ambiental nos casos em que haja prejuízo para

as pessoas, para a propriedade ou para os recursos naturais, o Poder

Público deve responder como particular”. Assim, a Sanepar deve ser

responsabilizada pelos danos que vem causando.

3 CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade Civil do Estado. 2. ed. ampli., rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 1996. p. 405.

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A responsabilidade objetiva baseia-se na teoria do risco, em

que o agente assume os encargos pelos eventuais danos que causar.

Desta forma, “é irrelevante a demonstração do caso fortuito ou da força

maior como causas excludentes da responsabilidade civil por dano

ecológico”4.

Neste sentido posicionou-se o Egrégio Tribunal de Justiça do

Paraná:

Note-se que, tratando-se de danos ambientais, não se

aplica a teoria do risco administrativo, mas a do risco

integral, onde, além de ser afastada a análise da culpa,

são também afastadas as causas excludentes da

responsabilidade civil, como o caso fortuito, força maior

e do fato de terceiro, restando, tão somente, o dano e o

nexo de causalidade para serem analisados; observado

esses elementos no caso concreto, exsurge o dever de

indenizar. (TJPR - 10ª C.Cível - AC 0529085-5 - Paranaguá

- Rel.: Des. Arquelau Araujo Ribas - Unanime - J.

11.12.2008)

Fica evidente, desta forma, a obrigação de reparação do

dano por parte da Sanepar, com relação tanto à qualidade da água, não

havendo a possibilidade de alegar qualquer excludente.

Dessume-se do artigo 196 da Constituição Federal, in verbis:

“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,

garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem

à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,

proteção e recuperação”.

4 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 7. ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 91.

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Nesse contexto, pode-se afirmar que "as normas

constitucionais assumiram a consciência de que o direito à vida, como

matriz de todos os demais direitos fundamentais do homem, é que há de

orientar todas as formas de atuação no campo da tutela do meio

ambiente".5

Desse modo, resta caracterizada a violação de um Princípio

Constitucional norteador e de fundamental importância no direito

ambiental, assim sendo, de grande relevância ressaltar os ensinamentos

do Insigne Jurista e Professor Celso Antônio Bandeira de Mello a respeito

da violação de princípios:

“Violar um princípio é muito mais grave do que transgredir

uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa não a

um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema

de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou

inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio

atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema,

subversão de seus valores fundamentais”.

Ademais, a Carta Constitucional de 1988 dispôs em seu

artigo 225, §1º, inciso V, que para assegurar o direito a um meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e

essencial à sadia qualidade de vida, incumbe ao Poder Público:

“V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de

técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a

vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”.

5 SILVA José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 9° ed.. São Paulo, Malheiros, 1992, p.719.

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Nesse mesmo sentido é a Lei Federal nº 6938/81, que trata

da Política Nacional do Meio Ambiente:

“Art. 2º A Política Nacional do Meio Ambiente tem por

objetivo a preservação, a melhoria e recuperação da

qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar,

no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos

interesses da segurança nacional e à proteção da

dignidade humana, atendidos os seguintes princípios:

(...)

V – controle e zoneamento das atividades potencial ou

efetivamente poluidoras;”(grifo nosso)

Entenda-se por degradação ambiental toda a alteração

adversa das características do meio ambiente (Art. 3º, inciso II da Lei

6.938/81).

Nesse contexto o lançamento de efluente com parâmetros

totalmente fora do disposto na legislação pertinente no rio Iguaçu, como

cabalmente demonstrado pelos documentos acostados, decorrente de

falhas de planejamento da Companhia de Saneamento do Estado.

Desse modo, diante de todos os fatos apurados, resta

caracterizada a poluição oriunda da degradação da qualidade ambiental

promovida pela inércia da Sanepar, uma vez que, consoante o disposto no

artigo 3º, incisos II e III da Política Nacional do Meio Ambiente, assim é

definido degradação e poluição:

“Art. 3º Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

(...);

II – degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa

das características do meio ambiente;

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III – poluição, a degradação da qualidade ambiental

resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da

população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e

econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio

ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os

padrões ambientais estabelecidos;”

Assim há o risco de se perpetuar a poluição de referido corpo

hídrico, uma vez que não estão sendo atendidas todas as exigências

legais. Todos os padrões técnicos estão fora dos limites estabelecidos em

lei.

A documentação acostada aos autos é incisiva no que tange

a contaminação certa do rio Iguaçu, o que enseja na responsabilização da

Companhia de Saneamento do Paraná, visto que foi comprovada a

emissão de efluentes fora dos padrões estabelecidos em lei.

DO TRIBUTO:

A Constituição Federal estabelece em seu art. 145:

"Art. 145. A União, Estados, o Distrito Federal e os Municípios

poderão estabelecer os seguintes tributos:

II - Taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela

utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos,

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específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à

sua disposição" (sublinhei).

A taxa, portanto, é um tributo que tem como fato gerador o

exercício do poder de polícia ou a utilização efetiva ou potencial de

serviços públicos específicos e divisíveis prestados ao contribuinte. É o

que dispõe o artigo 77, do Código Tributário Nacional, in verbis que:

"As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito

Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas

atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do

poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de

serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte

ou posto à sua disposição".

Difere a taxa, do preço público ou tarifa, pelo fato de que a

primeira é decorrente de um serviço público necessário, posto à

disposição ou prestado especificamente ao contribuinte, derivado de uma

atividade tipicamente estatal, sendo compulsório o seu pagamento. O seu

regime é de direito tributário. O preço público ou a tarifa é a

contrapartida de uma prestação contratual voluntária, posto que,

somente paga o preço público ou a tarifa quem efetivamente utiliza-se de

serviço público posto à sua disposição. Ocorre, que esta utilização é

facultativa, ou seja o serviço é posto à disposição do indivíduo que o

utiliza ou não; caso utilize, paga o preço; caso não utilize, não paga nada

e nem a isto está obrigado (CF/88, art. 5º, II).

O que distingue o preço público da taxa é a natureza do

serviço posto à disposição: se derivado de atividade tipicamente estatal, a

remuneração do serviço far-se-á através de taxa, pois de utilização

compulsória; se contudo, o serviço é público, mas não diz respeito às

atividades estatais propriamente ditas, então sua utilização é facultativa e

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a remuneração é feita por preço público por quem efetivamente os utilize.

O uso efetivo ocorre quando o serviço publico, mesmo que

não seja de fruição obrigatória, seja utilizado pelo contribuinte. Enquanto

que o uso potencial decorre da simples colocação à disposição do

contribuinte, de um serviço cuja fruição seja de caráter compulsório, ou

seja, cuja utilização seja obrigatória. Para o já lembrado mestre Aliomar

Baleeiro, no caso do serviço público de potencial utilização:

"o contribuinte pede o serviço, ou é obrigado a utilizá-

lo, ou o tem a sua disposição" (ob. cit. p. 352). E

arremata o tributarista:

"O indivíduo racional quer e pede os serviços propícios à

higiene, à saúde pública, à incolumidade pública, da

família ou de terceiros etc. Mas se irracionalmente os

recusa ou os negligencia, a lei pode obrigá-lo ao uso de

tais serviços, até no interesse da coletividade. Certos

serviços trazem vantagem pela sua existência mesma, na

previsão de que possam ser indispensáveis numa

emergência, como os de combate a incêndio, o de

ambulâncias de pronto socorro etc. Se permanecerem de

prontidão, noite e dia, representam vantagem efetiva

para quem pode dispor deles numa vicissitude, que

pende sobre a cabeça de todos. O custo seria esmagador

se fosse cobrado de cada um que a eles tivesse que

recorrer. Cobrado pelo uso potencial, assemelha-se a um

seguro ou previdência contra o risco certo quanto à sua

probabilidade e incerto quanto à pessoa que vá sofrê-lo.

(ob. cit., p. 352). Como se vê, no caso da utilização

potencial, a compulsoriedade do serviço decorre da Lei,

decorre do interesse público, do interesse da

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coletividade, interesse este respaldado na própria

Constituição. Quer significar que, em sendo obrigatória,

por lei, a prestação ou a colocação do serviço à

disposição do contribuinte (neste caso há o uso

potencial), sua remuneração far-se-á por taxa, e não por

tarifa (caso do serviço de saneamento).

A taxa deriva de atividade tipicamente estatal, colocada à

disposição do contribuinte e por ele efetivamente usufruída, ou de

atividade estatal cuja fruição seja de caráter compulsório (mesmo que não

haja a efetiva utilização se caso de uso potencial) e derive de lei.

Segundo lição inesquecível de Geraldo Ataliba ("Pedágio

Federal", in Revista de Direito Tributário, Ano 14, n° 53, 1990, RT, p. 90):

"O que o Texto Magno quer significar - quando

menciona "utilização potencial de serviço público" (ou a

circunstância de ser "posto à disposição" do

contribuinte) - é que a lei administrativa, por razões,

constitucionalmente amparadas, de interesse público,

pode tornar obrigatórios certos serviços públicos, como

o de esgoto, de sepultamento, de vacinação, etc. Nesses

casos, a eventual circunstância de o contribuinte não

usar efetivamente o serviço não o eximirá de seu

custeio. Mas tais hipóteses são excepcionais.

Não significa que a lei tributária possa exigir

arbitrariamente de quem não usa serviços públicos em

geral, o pagamento de taxas. A regra, pois, é a utilização

efetiva para exigibilidade de taxa".

Assim, a lei pode e deve obrigar os administrados a fruírem

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dentre outros, dos serviços públicos de vacinação, de coleta de esgotos,

de coleta domiciliar de lixo, de fornecimento domiciliar de água potável.

Por quê? Porque, nestes casos, está em jogo a saúde pública, um dos

valores que a Constituição brasileira prestigiou.

Em contrapartida, a lei não pode obrigar os administrados a

fruírem dos serviços públicos de telefone, de gás, de conservação de

estradas de rodagem, etc. É que, embora estes serviços devam ser

prestados pelo Estado (daí serem públicos), não realizam valores

constitucionalmente consagrados. São serviços públicos de fruição

facultativa. De fato, ninguém pode ser compelido a ter telefone em sua

residência, a servir-se do gás canalizado que o poder público coloca à sua

disposição, a viajar e assim por diante.

Muito bem. Apenas a disponibilidade dos serviços públicos

de utilização compulsória autoriza o legislador da pessoa política

competente a exigir a taxa de serviço fruível. Exemplificando, a lei pode

obrigar o administrado a pagar taxa, pelo serviço posto à sua disposição,

de coleta domiciliar de lixo, ainda que ele não o utilize, por se encontrar

viajando. A lei, todavia, não pode compelir os administrados que forem

proprietários de veículos automotores a pagarem pedágio (taxa de

serviço), exatamente porque a Constituição não permite obrigá-los à

"utilização de vias conservadas pelo Poder Público". Só quem efetivamente

utilizar a rodovia conservada pelo Poder Público poderá ser obrigada a

pagar o pedágio.

O que o Poder Público não pode é instituir a taxa tendo

como fato gerador a utilização potencial de algo que não seja de utilização

compulsória. Para Hely Lopes Meirelles (in Direito Municipal Brasileiro -

Malheiros Editores, 7ª ed., pp. 262/263):

"Serviços compulsórios: são todos aqueles que o Poder

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Público, reconhecendo a sua essenciabilidade e

necessidade em prol da segurança, da saúde e da higiene

da comunidade, impõe o seu uso pelos administrados

nas condições estabelecidas em lei. Tais serviços

geralmente são gratuitos ou remunerados por taxas

módicas, ao alcance de todos os usuários, mas nunca por

tarifa".

Necessário, portanto, para a cobrança de preço público ou

tarifa que o serviço não seja de utilização compulsória, que não decorra

de uma atividade tipicamente estatal, que não decorra do jus imperii. Não

será tarifa, mas sempre taxa, se este serviço for essencial ou necessário

em prol da segurança, da saúde, da higiene ou incolumidade pública.

No caso vertente, o serviço de tratamento de água e esgoto é

atividade tipicamente estatal, pois concernente à higiene, à saúde pública

e à incolumidade própria, da família e de terceiros.

"A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido

mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do

risco de doença, sendo de relevância pública as ações e serviços de

saúde" (CF., arts. 196 e 197).

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede

regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizada

de acordo com as diretrizes preconizadas no artigo 198 da Carta Magna.

Ainda de acordo com a Lei Maior, ao SUS compete: "participar da

formulação da política e da execução das ações de saneamento básico"

(art. 200, IV).

A Lei Complementar Estadual n° 04/75 (Código Sanitário do

Estado), nos termos do artigo 24, inciso XII, da Constituição Federal,

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como forma de proteção e defesa à saúde, estipula em seu artigo 8° a

obrigatoriedade da utilização do serviço de esgoto, onde haja rede, por

todo e qualquer prédio:

"Todo prédio destinado a habitação ou para fins comerciais

ou industriais, deverá ser ligado às redes de abastecimento

de água e de remoção de dejetos, quando a exploração dos

sistemas for estadual, municipal ou concedida."

O Decreto Estadual n° 3.641/77, que regulamenta o Código

Sanitário do Estado, reafirma, igualmente, a obrigatoriedade da utilização

do serviço em seu artigo 7º, da seguinte forma:

"Todos os prédios residenciais, comerciais, industriais ou

instalações em logradouros públicos, localizados em áreas

servidas por sistema de abastecimento de água e coleta de

esgotos, serão obrigados a fazer as respectivas ligações aos

sistemas, aterrando os poços ou fossas existentes."

Não resta dúvida, portanto, que a utilização do serviço de

esgoto é compulsória, e não facultativa.

Paga-se, deste modo, pela efetivação do serviço público de

saneamento básico, taxa, não tarifa ou preço público, embora, muitas

vezes, os dispositivos legais que regulamentem a matéria façam menção à

cobrança de tarifa ou preço público, por mero equívoco.

Diógenes Gasparini, em sua obra Direito Administrativo (Ed

.Saraiva, 1993, 3° ed. p. 233) ensina que:

"Os serviços públicos são remunerados por taxa ou

tarifa. São remunerados por taxa sempre que sua

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utilização pelo administrado for obrigatória, não

importando, neste caso, se há, ou não, efetiva utilização.

Basta, então, que sejam postos à sua disposição (art.

145, 11, da CF). Assim, os serviços de coleta de esgoto

sanitário e os de distribuição de água domiciliar, ambos

de fruição compulsória, se postos à disposição dos

usuários, serão custeados por taxa, sejam ou não

efetivamente utilizados. Por tarifa ou preço público são

remunerados os serviços facultativos, ou seja, os

oferecidos aos utentes para que estes os utilizem e

quando os utilizem se e quando desejarem. Mediante

tarifa são custeados os serviços de telefonia, os de

distribuição de energia elétrica domiciliar e tantos mais.

De sorte que não pode a entidade estatal, titular do

serviço, escolher para correspondente remuneração a

taxa ou tarifa. Aquela está adstrita aos serviços

compulsórios; esta aos facultativos" (RF, 280: 137).

Em sendo taxa de esgoto - e não tarifa de esgoto - a natureza

jurídica da contraprestação feita pelo contribuinte à SANEPAR pelo

serviço de esgoto, por ser um tributo está adstrito aos mandamentos

constitucionais pertinentes à espécie. Assim, sua instituição e cobrança

devem ser autorizadas por lei, nos exatos termos do artigo 150, inciso I,

da Constituição Federal.

A Lei Federal n° 6.528/78, que dispõe "sobre as tarifas dos

serviços públicos de saneamento básico e dá outras providências" é o

estatuto que disciplina a atuação da SANEPAR. Referido diploma legal

está regulamentado pelo Decreto n° 82.587/78. Os serviços públicos de

saneamento básico estão definidos no aludido decreto de uma maneira

cristalina e de fácil compreensão:

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"Art. 2º ...

...

§ 2º - Os serviços públicos de saneamento básico

compreendem:

a) os sistemas de abastecimento de água, definidos como o

conjunto de obras, instalações, que tem por finalidade captar,

aduzir, tratar e distribuir água;

b) o sistema de esgoto, definidos como o conjunto de obras,

instalações, equipamento, que tem por finalidade coletar,

transportar e dar destino final adequado às águas

residuárias ou servidas".

Como já se disse e resta assaz demonstrado, o serviço de

esgoto faz parte do serviço de saneamento básico, que é serviço público

por excelência. Assim sendo, paga-se a taxa pela efetiva ou potencial

utilização do serviço posto à disposição do contribuinte.

O serviço de esgoto, de acordo com a norma acima citada,

compreende a coleta, transporte e destino final adequado às águas

residuárias ou servidas.

As águas residuárias ou servidas simplesmente são

despejadas, desrespeitando padrões estabelecidos em lei, no rio Iguaçu,

como se infere dos documentos acostados aos autos.

Por esta razão, Preclaro Magistrado, devido a prestação do

serviço de maneira precária, pela não colocação deste serviço necessário à

disposição do contribuinte, não se pode cobrar a malquista e tão elevada

taxa de esgoto. A taxa pode ser cobrada pela utilização efetiva ou

potencial de serviço público necessário (de fruição obrigatória) colocado à

disposição do contribuinte. Se o serviço não existe, não se pode cobrar o

tributo.

Na hipótese, não há como estabelecer a base de cálculo da

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taxa de esgoto, já que não existe o serviço. Se o serviço não existe, é

impossível quantificar o seu custo. Por conseguinte, também sob este

prisma, a cobrança da taxa de esgoto malfere a Constituição e o Código

Tributário Nacional.

Este também é o entendimento do Tribunal de Justiça do

Rio Grande do Sul, manifestado no julgamento de ação ajuizada contra a

Companhia Riograndense de Saneamento - CORSAN:

“CORSAN. COBRANÇA DE TAXA DE ESGOTO.

Reconhecida a ausência de prestação do serviço de

esgoto, procede o pedido de devolução da cobrança

indevida. Sentença reformada em parte". (Rel. Des. Elyas

Manssour, 2,5.89, in RJTJRGS 139/269).

A requerida sabia, portanto, de antemão, que tinha o dever

de investir alto, como, aliás, sempre tem procurado fazer. No entanto,

Excelência, o que tem feito não basta. O serviço de esgoto não existe por

completo e não é justo a SANEPAR receber por um serviço que, na

prática, não é executado. Afinal, o artigo 964, do Código Civil dispõe que:

"TODO AQUELE QUE RECEBEU O QUE NÃO LHE ERA

DEVIDO FICA OBRIGADO A RESTITUIR".

A mesma obrigação vale para a tributação indevida, nos

termos do artigo 165, inciso I, do Código Tributário Nacional:

"Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente

de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo,

seja qual for a modalidade de seu pagamento, ressalvando o

disposto no § 4º, do Art. 162 ( aquisição de estampilha), nos

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seguintes casos:

I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido

ou maior que o devido em face da legislação tributária

aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato

gerador efetivamente ocorrido".

Por oportuno, vale frisar, ainda, que os serviços públicos são

também objeto do Código do Consumidor, aplicando-se as regras deste

diploma legal aos referidos serviços, pois na lição de Diógenes Gasparini:

"O art. 3º do Código do Consumidor (Lei Federal n.º

8078, de 11-9-1990, que dispõe sobre a proteção do

consumidor) estabelece que fornecedor é 'toda pessoa

física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou

estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que

desenvolvem atividades de produção, montagem,

criação, construção, transformação, importação,

distribuição, comercialização de produtos ou prestação

de serviços'.

...Vê-se, assim, que a Administração Pública, em

qualquer de suas manifestações (federal, estadual,

distrital, municipal), sempre que em razão de seu

comportamento, puder ser havida como fornecedor,

subsume-se inteiramente às disposições do Código.

Assim é, se o município, por exemplo for o prestador dos

serviços dos transportes de passageiros ou o executor

dos serviços de captação, tratamento e distribuição de

água domiciliar ou explorador dos serviços funerários.

Nesse particular a Administração Pública equipara-se ao

fornecedor particular". (ob. cit, p. 238).

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Frise-se que com o ajuizamento da presente Ação Civil e o

conhecimento de seus termos por parte da requerida SANEPAR, toda e

qualquer eventual cobrança efetuada a título de serviço de esgoto, quer a

título de taxa ou de tarifa, deverá ser restituída aos consumidores (cujo

esgoto é encaminhado para a ETE Padilha do Sul) em dobro, pois

decorrente esta cobrança de propósito deliberado ou de culpa

(imprudência ou negligência) por parte da concessionária ré.

DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL

O dano moral coletivo, hoje perfeitamente aceito pela nossa

doutrina e jurisprudência, tem como principal aplicação os casos de

danos a bens de interesse difuso ou coletivo.

Em se tratando de direito ambiental e do resguardo à saúde

humana a repercussão dos danos se reflete no cível, no crime e

administrativamente. Trata-se de esferas independentes entre si, mas

todas importantes quanto aos objetivos que visam.

No cível a reparação pode ser não apenas dos danos

materiais, mas também morais, estes são compensáveis e aqueles

indenizáveis.

Dizem-se indenizáveis aqueles danos em que a vítima pode

ser restituída ao estado anterior à ocorrência do dano. Já os

compensáveis são aqueles em que a vítima não tem como ser restituída

ao estado em que se encontrava antes, porém, lhe é entregue certa

quantia em dinheiro ou coisa como forma de amenizar o ocorrido.

Na aplicação do dano moral ambiental deve ser considerado

e interpretado de forma sistêmica o artigo 225 da Constituição Federal

com o ordenamento jurídico, pois ocorrendo lesão ao equilíbrio ecológico,

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este afetará a sadia qualidade de vida e à saúde da população. Rompido o

equilíbrio do ecossistema todos correm risco.

Nesta seara é o ensinamento do ilustre jurista Carlos Alberto

Bittar6:

“A nosso ver, um dos exemplos mais importantes de

dano moral coletivo é o dano ambiental, que consiste

não apenas na lesão ao equilíbrio ecológico, mas também

na agressão à qualidade de vida e à saúde. É que esses

valores estão intimamente inter-relacionados, de modo

que a agressão ao ambiente afeta diretamente a saúde e

a qualidade de vida da comunidade (CF, art. 225).

O dano ambiental é particularmente perverso porque

rompe o equilíbrio do ecossistema, pondo em risco todos

os elementos deste. Ora, o meio ambiente é

caracterizado pela interdependência e pela interação dos

vários seres que o formam (Lei Federal nº 6.938/81, art.

3º, I), de sorte que os resultados de cada ação contra a

Natureza são agregados a todos os danos ecológicos já

causados.

O instrumento processual que se presta por excelência à

defesa dos valores coletivos em geral, na hipótese de

dano, é a ação civil pública, em virtude da regra aberta

acolhida pelo artigo 1º, IV, da Lei 7.347/85. Aliás, com a

modificação realizada pela Lei Federal 8.884/94, o artigo

1º, caput, da Lei 7.347/85 passou a prever, expressis

verbis, a possibilidade de propositura de ações de

responsabilidade por danos morais de ordem coletiva. A

6 Procurador do Estado de São Paulo - Doutor em Direito pela Universidade de São Paulo. Artigo extraído do site http://www.sitiopaineiravelha.com/2002/fev.

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responsabilidade pela produção do dano ambiental é

objetiva – ou seja, independe da prova de culpa – por

duas razões fundamentais: a) esse dano tem um caráter

moral, decorrendo da própria ação lesiva ao ecossistema;

b) no Direito Ambiental, há o princípio do poluidor-

pagador, consagrado em nosso ordenamento jurídico (Lei

Federal nº 6.938/81, art. 14, § 3º), pelo qual é o poluidor

obrigado, independentemente da existência de culpa, a

indenizar ou reparar os danos causados ao meio

ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”.

Carlo Castronovo7 preleciona:

“Um dos mais importantes e significativos exemplos de

dano moral coletivo é o dano ambiental, pois o

'ambiente', como 'paisagem', como 'habitat', como

'belezas naturais', é categoria relacional que exprime a

mútua colocação de uma série de elementos que, em seu

conjunto, constituem um valor que transcende a sua

mera soma, valor esse que não pode ser traduzido

mediante parâmetros econômicos. O dano ambiental não

consiste apenas na lesão ao equilíbrio ecológico,

prejudicando também outros valores fundamentais da

coletividade a ele vinculados: a qualidade de vida e a

saúde. É que esses valores estão profundamente unidos,

de maneira que a agressão ao ambiente atinge

diretamente a saúde e a qualidade de vida da

comunidade”.

7 CASTRONOVO, Carlo. La Nuova Responsabilità Civile - Regola e Metafora, Milão, Giuffrè, 1991.

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A jurisprudência por reiteradas vezes tem aceitado e

concedido a compensação por danos morais em matéria ambiental.

É o teor dos artigos da Lei 7347/85 - Lei de Ação Civil Pública:

“Artigo 3º - A ação civil pública poderá ter por objeto a

condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de

fazer ou não fazer.”

Em comentários ao referido artigo dizem Nelson Nery Júnior

e Rosa Maria de Andrade Nery8:

“1. Condenação em dinheiro. A aferição do quantum

indenizatório nas ações coletivas com a finalidade de

reparação do dano difuso ou coletivo é questão de difícil

solução. Poderão ser utilizados os critérios de

arbitramento ou de fixação da indenização com base no

valor do lucro obtido pelo causador do dano com sua

atividade. É possível a cumulação da indenização por

danos patrimoniais e morais (STJ 37; CDC 6º VI).”

Os nossos Tribunais têm se manifestado neste sentido:

“POLUIÇÃO AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA

FORMULADA PELO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.

POLUIÇÃO CONSISTENTE EM SUPRESSÃO DA

VEGETAÇÃO DO IMÓVEL SEM A DEVIDA AUTORIZAÇÃO

MUNICIPAL. CORTES DE ÁRVORES E INÍCIO DE

CONSTRUÇÃO NÃO LICENCIADA, ENSEJANDO MULTAS

E INTERDIÇÃO DO LOCAL. DANO À COLETIVIDADE COM

A DESTRUIÇÃO DO ECOSSISTEMA, TRAZENDO

8 NERY JUNIOR, Nelson. Código de processo civil comentado e legislação civil extravagante em vigor. 5ª ed. ver. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2001, p. 1529.

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CONSEQÜÊNCIAS NOCIVAS AO MEIO AMBIENTE, COM

INFRINGÊNCIA, ÀS LEIS AMBIENTAIS, LEI FEDERAL

4.771/65, DECRETO FEDERAL 750/93, ARTIGO 2º,

DECRETO FEDERAL 99.274/90, ARTIGO 34 E INCISO

XI, E A LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DO RIO DE

JANEIRO, ARTIGO 477. CONDENAÇÃO A REPARAÇÃO

DE DANOS MATERIAIS CONSISTENTES NO PLANTIO DE

2.800 ÁRVORES, E AO DESFAZIMENTO DAS OBRAS.

REFORMA DA SENTENÇA PARA INCLUSÃO DO DANO

MORAL PERPETRADO A COLETIVIDADE.

QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL AMBIENTAL

RAZOÁVEL E PROPORCIONAL AO PREJUÍZO COLETIVO.

A IMPOSSIBILIDADE DE REPOSIÇÃO DO AMBIENTE AO

ESTADO ANTERIOR JUSTIFICAM A CONDENAÇÃO EM

DANO MORAL PELA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

PREJUDICIAL A COLETIVIDADE. PROVIMENTO DO

RECURSO.” (TJRJ - 2.ª Câmara Cível - Apelação Cível n.º

2001.001.14586 - Rel.: Desa. Maria Raimunda T. de

Azevedo - J. 07/08/2002)

E mais:

“DANO AO MEIO AMBIENTE. DERRAMAMENTO DE

ÓLEO NA BAÍA DE GUANABARA. RESSARCIMENTO DE

DANOS MATERIAIS E MORAIS. DANO EMERGENTE.

LUCRO CESSANTE. DANO MORAL DE PESSOA

JURÍDICA. POLUIÇÃO NAS PRAIAS. PREJUÍZO DO

COMÉRCIO LOCAL. DESVALORIZAÇÃO DO PONTO

COMERCIAL. 1. Comprovado o dano ao meio ambiente,

decorrente do vazamento de óleo na baía de Guanabara,

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proveniente das instalações da empresa, cabe o pedido

de reparação dos prejuízos individualmente causados. 2.

É da PETROBRÁS o dever de cuidar para que não ocorra

qualquer dano ao meio ambiente. 3. Dano é o gênero, do

qual são espécies o dano material e o dano moral. 4. N

dano material, por seu turno, se subdivide em danos

emergentes e lucros cessantes. 5. Dano emergente é o

que importa em efetiva diminuição no patrimônio da

vítima, em razão do ato ilícito. 6. Lucro cessante é o

reflexo futuro no patrimônio da vítima. 7. A honra

subjetiva é exclusiva do ser humano e se caracteriza pelo

decoro e auto-estima. 8. A honra objetiva é comum à

pessoa natural e à pessoa jurídica e se reflete na

reputação, no bom nome e na imagem perante a

sociedade. 9. Desprovimento dos recursos.” (TJRJ - 8.ª

Câmara Cível - Apelação Cível n.º 2002.001.09351 - Rel.:

Desa. Letícia Sardas - J. 17/12/2002)

A empresa requerida de maneira reiterada vêm

desrespeitando as leis ambientais e do consumidor, conforme atesta a

instrução do presente. Há lançamento irregular de efluentes em corpo

hídrico em desconformidade com as normas pré-estabelecidas, sendo sua

condenação a indenização por danos morais, a ser arbitrada por este

Douto Juízo, medida que se impõe.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

A inversão do ônus da prova é perfeitamente cabível no caso

em discussão. O artigo 21 da Lei 7.347/85 determina que se aplica à

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defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que

tenha cabimento, os dispositivos do Código de Defesa do Consumidor.

O artigo 6º, inciso VIII, da Lei 8.078/90 é expresso ao

admitir a inversão do ônus da prova em causa fulcrada no Código de

Defesa do Consumidor, na medida em que hipossuficiente o autor,

segundo as regras comuns da experiência como bem esclarece o texto

legal, in verbis:

“Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

(...)

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a

inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,

quando, a critério do Juiz, for verossímil a alegação ou

quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias

de experiência;(...)”

Tal dispositivo, certamente, tem aplicação também ao

âmbito de proteção ao meio ambiente, pois o Ministério Público ao

ajuizamento de ações civis públicas está em franca desvantagem perante

os demandados.

Assim, cabe a empresa requerida demonstrar que estavam

com suas atividades inteiramente regulares perante os órgãos

competentes, dentre outras, atendem as determinações legais.

Aliás, no sentido de pagamento de honorários periciais

pelos demandados já se manifestou a jurisprudência:

“7.3.2. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA E A ATRIBUIÇÃO

DOS CUSTOS DA PERÍCIA PELO DEMANDADO.

Admissibilidade nas demandas que envolvam a proteção ao

meio ambiente. Ministério Público e demais co-legitimados

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ao ajuizamento de ações civis públicas que estão em franca

desvantagem perante os demandados.

Ementa: Tratando-se de demanda que envolva a proteção ao

meio ambiente, é cabível a inversão do ônus da prova e a

atribuição dos custos da perícia, pois o Ministério Público e

demais co-legitimados ao ajuizamento de ações civis

públicas estão em franca desvantagem perante os

demandados. Edcl 70002338473 - 4ª Cam. Civ. - TJRS - j.

04.04.2001 - rel. Des Wellington Pacheco Barros.

Conclui-se, portanto, pelo cabimento da inversão do ônus da

prova.

DO PEDIDO LIMINAR

Considerando presente e demonstrado o binômio do fumus

boni juris e do periculum in mora, bem como o disposto no artigo 12 da Lei

de Ação Civil Pública (7.347/85) acredita-se na possibilidade fática e

jurídica da concessão de medida liminar, com ou sem justificação prévia.

I - Da taxa/tarifa de esgoto:

Em sede de liminar requer-se, pois, que se digne V. Exª. em

conceder a medida, sem justificação prévia, determinando-se que a

SANEPAR se abstenha de cobrar a Taxa/Tarifa de esgoto, enquanto não

forem tratados devidamente os efluentes da ETE Padilha do Sul,

permitindo-lhe somente a cobrança da taxa/tarifa pelo fornecimento de

água.

O perigo da demora na concessão da medida resulta do fato

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de que os consumidores/contribuintes continuam e continuarão a serem

lesados pela ilegal e injusta cobrança do serviço de esgoto por parte da

requerida, quiçá de forma irremediável.

Como se vê, a não concessão da liminar poderia provocar

um maior gravame aos consumidores/contribuintes de vez que o valor

das importâncias pagas a título de contraprestação pelos serviços de

esgoto dificilmente será totalmente reembolsada pela entidade pública,

até mesmo porque, neste caso, eventual execução do indébito deverá ser

promovida individualmente e de forma bastante custosa, já que o

Ministério Público somente tem legitimidade para a ação de

conhecimento, cabendo a cada um dos beneficiados por esta ação

executar a sentença, no que lhe for favorável, posteriormente.

Ainda assim, aqueles que não executarem a sentença a

contar um ano do trânsito em julgado, correm o risco de terem seus

créditos convertidos ao fundo de que trata a Lei 7.347/85, por força da

execução coletiva a ser promovida pelo requerente, nos termos do artigo

100 do Código de Defesa do Consumidor.

Por outro lado, prejuízo algum redundará à requerida se,

deferida a liminar, vier a ser julgada improcedente a ação. Neste caso,

bastará que o ente público efetue a cobrança dos valores constantes nas

faturas de água/esgoto, cuja cobrança tenha sido obstada pela medida

liminar postulada.

A concessão da cautela pleiteada em nada afetará o

julgamento final da lide e tampouco caracterizará a antecipação da

própria decisão de mérito.

É preciso ter-se em mente que estamos em sede de proteção

de interesses difusos e coletivos, não inter-subjetivos. Assim sendo, o que

interessa é evitar o dano, até porque, como já se viu, este é insuscetível,

pelas características da lide, de reparação pecuniária a curto prazo e

quiçá a longo, nem de reparação integral ou completa a todos.

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Necessária, portanto, diante da aparência do bom direito e

do perigo da demora no julgamento da causa, que seja determinada a

suspensão liminar da cobrança do serviço de esgoto pela SANEPAR,

determinando-se que doravante, somente seja cobrado dos

consumidores/contribuintes (cujo esgoto é encaminhado para a ETE

Padilha do Sul) a taxa/tarifa de água, excluindo-se qualquer cobrança

a título de esgoto.

II – Da poluição hídrica

Em se tratando como no caso em tela, de providência

pública incumbida de zelar pelo bem-estar social e pelas condições

ambientais.

O perigo da demora na concessão também da presente

medida resulta do fato de que ocorreram, ocorrem e ocorrerão danos ao

meio ambiente, cuja reparação muitas vezes é difícil, demorada e quiçá

impossível.

Com o objetivo de fazer cessar a agressão ao recurso hídrico

sob análise - que afeta diretamente qualidade dos recursos ambientais da

comunidade - deve-se demonstrar a presença de dois requisitos

essenciais: o fumus boni iuris e o periculum in mora.

O fumus boni iuris pode ser definido como a verossimilhança

dos fatos alegados com o direito invocado ou a probabilidade de

veracidade dos elementos apresentados.

Com base nos documentos acostados aos autos, com laudos

encaminhados pela própria Companhia de Saneamento, com ainda Auto

de Infração encaminhado pelo IAP, fica evidenciado o dano ao meio

ambiente por parte da Sanepar. Há também a plena subsunção do fato à

norma, no tocante à responsabilidade objetiva de reparação dos prejuízos

causados.

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Quanto ao periculum in mora é notória a urgência de se ter

uma solução, ainda que provisória, para o caso apresentado. Não é

possível que se mantenha o lançamento de esgoto in natura, com os

padrões de DBO, DQO, nitrogênio, etc, extrapolados até que a empresa

saia da inércia.

Assim, REQUER-SE a concessão da medida liminar

consistente na descontaminação da água por parte da empresa

poluidora (Sanepar). Deve, portanto, a Sanepar ser impelida de promover

a reestruturação da ETE Padilha do Sul.

Necessária, portanto, diante da aparência do bom direito e

do perigo da demora no julgamento da causa, que seja determinada à

SANEPAR a OBRIGAÇÃO DE FAZER, consistente em ajustar, no prazo

máximo de 60 (sessenta dias) contado da citação/intimação, o tratamento

de efluentes na Estação Padilha do Sul, no Município de Curitiba - PR,

sob pena do pagamento de uma multa diária a ser arbitrado por V. Exª.

No que tange ao pleito liminar, atento aos dizeres no artigo

2º, da Lei n.º 8.437/92, requer-se, desde já, a intimação da requerida

para, no prazo de três dias, manifestar-se sobre os pedidos liminares.

Aliás, sobre o tema, importante colacionar decisão liminar

recente proferida pelo D. Juíza de Direito da Vara Cível da Comarca de

Colombo em ação civil pública (autos nº 0006427-59.2010.8.16.0028),

em 29 de julho de 2010, similar à presente:

“... os consumidores estão sendo lesados mensalmente

com a cobrança em questão, sendo certa a necessidade

de suspensão imediata desta, sob pena de difícil

repetição de indébito futuramente.

Portanto, DETERMINO que a requerida suspensa

imediatamente a cobrança da taxa referente ao esgoto

em relação às unidades consumidoras do Jardim

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Palmas.

No que diz respeito ao pedido liminar para que a

Sanepar promova a reestruturação da rede coletora de

esgoto o mesmo também merece deferimento, isto

porque não é possível admitir que a requerida continue

jogando esgoto sem tratamento no Rio Palmital,

contrariando as leis de proteção ambiental. Por outro

lado, há fortes indícios referentes a veraciadade dos

fatos alegados pelo Ministério Público, ante a

documentação juntada com a inicial”.

DO REQUERIMENTO FINAL

Diante de todo o exposto e com base na legislação

colacionada, requer-se de Vossa Excelência:

I - a isenção de custas e emolumentos nos termos do artigo

18 da Lei 7.347/85;

II - a confirmação dos pedidos liminares anteriormente

expostos;

III - a procedência da ação em todos os seus termos,

condenando-se a requerida ao pagamento das despesas processuais e

verba honorária de sucumbência, cujo recolhimento deste último deve ser

feito ao Fundo Especial do Ministério Público do Estado do Paraná, criado

pela Lei Estadual n. 12.241, de 28 de julho de 1998 (DOE n. 5302, de 29

de julho de 1.998), nos termos do artigo 118, inciso II, alínea “a”, parte

final da Constituição do Estado do Paraná;

IV - a condenação da Sanepar na obrigação fazer,

consistente na descontaminação do rio Iguaçu que está recebendo

efluente sem tratamento;

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V - a condenação da Sanepar na obrigação fazer, consistente

na reestruturação da ETE Padilha do Sul;

VI - a cominação de multa diária, consoante o disposto no

artigo 11 da Lei 7.347/85, em caso de descumprimento por parte da

Sanepar das adequações necessárias;

VII - a citação da Requerida Sanepar, nos termos do artigo

221, inciso II do Código de Processo Civil Brasileiro, para responder aos

termos da presente ação, com as advertências da revelia, devendo o

pedido ser julgado procedente, condenando os réus ao ônus de

sucumbência, honorários periciais e demais cominações legais;

VIII - a notificação da SANEPAR, no caso de indeferimento

da liminar de suspensão da cobrança da taxa/tarifa de esgoto, a fazer a

juntada de demonstrativo mensal dos valores arrecadados com a

cobrança do serviço de esgoto a partir da propositura da presente

demanda;

IX - para prevenir futura alegação de nulidade, requer-se

que seja publicado edital no órgão oficial, nos termos do artigo 94 do

Código de Defesa do Consumidor, dando conta do ajuizamento da

presente medida, a fim de que os eventuais interessados possam intervir

como litisconsortes.

X - a citação e/ou intimação do Município de Curitiba,

pessoa jurídica de direito público interno, na pessoa de seu representante

legal: Prefeito ou Procurador (CPC., art. 12, II), para, no prazo legal,

habilitar-se como litisconsorte ativo ou passivo, se quiser, nos termos do

artigo 5º, § 2º, da Lei 7.347/85, combinado com o artigo 94, do Código de

Defesa do Consumidor e, por aplicação analógica dos artigos 50 e

seguintes, do Código de Processo Civil, sob pena de preclusão ou revelia.

XI - condenar-se a SANEPAR na OBRIGAÇÃO DE NÃO

FAZER, consistente na cessação de toda e qualquer cobrança pelo serviço

de esgoto, seja a título de taxa ou a título de tarifa, até que os efluentes

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lançados pela ETE Padilha do Sul atendam aos ditames legais, e assim

passe a se dar o destino final adequado às águas lançadas no rio Iguaçu,

prestando-se, efetivamente o serviço de esgoto; ou

XII - pretende-se, sucessivamente, nos termos do artigo 289

do CPC, em não sendo acatado o primeiro reclamo, seja a SANEPAR

condenada na OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER, consistente na abstenção de

cobrar a parte do serviço de esgoto referente à destinação final e

adequada do efluente lançado no rio Iguaçu, cujo percentual haverá de

ser apurado em execução de sentença; ou

XIII - condenar-se a SANEPAR à devolução, a cada um dos

consumidores/contribuintes (cujo esgoto doméstico seja destinado à ETE

Padilha do Sul), do dobro dos valores percebidos a título de remuneração

pelos serviços de esgoto, a contar da propositura da presente medida,

indevidamente por ela recebida a este título.

XIV - ou, sucessivamente (CPC, art. 289), condená-la a

devolver a cada um dos consumidores/contribuintes (cujo esgoto

doméstico seja destinado à ETE Padilha do Sul) o dobro dos valores

recebidos, após o ajuizamento da ação, a título de remuneração do

serviço de esgoto, indevidamente cobrado a este título, em valor a ser

apurado em liquidação de sentença.

XV - requer-se, ainda, a condenação da SANEPAR na

OBRIGAÇÃO DE FAZER consistente em ajustar, num prazo máximo

fixado por este D. Juízo, contados da citação/intimação, os emissários de

efluentes, adaptando-os aos padrões e ou recomendações técnicas dos

órgãos competentes, ou seja, mediante o lançamento final do esgoto no

Rio Iguaçu – Município de Curitiba – PR, cessando qualquer atividade

poluidora ou degradadora sobre o Rio, sob pena de pagamento de uma

multa diária no valor que V. Exª. houver por bem em fixar.

XVI - a condenação da requerida ao pagamento de

indenização pelos danos causados ao meio ambiente e que forem

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apurados em regular perícia técnica ou que forem apurados em

liquidação de sentença ou que forem arbitrados por V. Exª. na sentença

civil condenatória, a ser revertida em favor do fundo previsto no artigo 13

da Lei n.º 7.347/85;

XVII - a condenação da empresa requerida ao pagamento de

indenização pelo dano moral ambiental, a ser liquidada em processo de

execução, valor este a ser destinado ao Fundo Estadual do Meio

Ambiente, instituído pela Lei Estadual nº 12.945, de 05 de setembro de

2000;

XVIII - a produção de todo gênero de prova em direito

admitido, mormente a documental, pericial e testemunhal;

Dá-se à presente causa, para os fins legais, o valor de R$

1000,00 (mil reais).

Termos em que.

Pede Deferimento.

Curitiba, 25 de agosto de 2010.

SÉRGIO LUIZ CORDONI

Promotor de Justiça